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Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto

AFRICAN PARKS NETWORK

PARECER JURÍDICO

Para: Governo do Distrito de Vilankulo (Localidade de Vilankulo sede)

Da: Jurista do PNAB

Assunto: Legalização do Terreno sito em Benguérua a pedido do Sr. Arsénio João Zivane

Exma. Sra. Auneta João Sidumo Chauque

Conforme solicitado, procedemos a dissertação relativa a Legalização do espaço físico sito na


Ilha de Benguérua, requerido pelo Sr. Arsénio João Zivane, respondendo à questão por si
colocada.

Para elaboração do presente parecer consultou-se as seguintes legislações:

 Constituição da República de Moçambique;


 Lei n° 10/99 de 7 de Julho (Lei de Floresta e Fauna Bravia)
 Lei n° 19/97 de 1 de Outubro (Lei de Terras);
 Lei 20/97 de 1 de Outubro (Lei do Ambiente);
 Lei 5/2017 de 11 de Maio (Lei da Proteção, Conservação e Uso sustentável da
Diversidade Biológica);
 Regulamento da Lei n.º 16/2014, de 20 de Junho, alterado e republicado pela Lei n.º
5/2017, de 11 de Maio, Lei da Protecção, Conservação e Uso Sustentável da
Diversidade Biológica;
 Código Civil;
Parecer Jurídico

1. De acordo com a legislação Moçambicana, propriamente a Constituição da República,


no seu n°1 do artigo 109 conjugado com a Lei de Terras nos seus artigos 3°, 6° e 7°
dispõem que a Terra é propriedade do Estado. A terra e os recursos naturais são nos
termos da Constituição da República propriedade do Estado (n.º 1 do Artigo 98
CRM). Para além da propriedade do Estado existe o domínio público do Estado que
são áreas de exclusivo interesse do Estado. As áreas de conservação estão incluídas
como áreas de domínio público do Estado. Sendo assim, são do domínio público do
Estado as zonas de proteção total e parcial.

Considera-se zonas de protecção total as áreas destinadas a actividade de Conservação


ou preservação da natureza e de ecossistemas frágeis ou de espécies animais ou
vegetais (n° 1 do artigo 10 da Lei 10/99 de 7 de Julho conjugado com o artigo 13 e 14
da Lei 5/2017 de 11 de Maio e o artigo 5 e 6 do Regulamento da Lei 16/2014, de 20
de Junho, alterada e republicada pela Lei 5/2017 de 11 de Maio). Sendo que PNAB
alberga dentro de si a Ilha de Benguérua, como sendo uma componente do Parque,
que por sinal é uma zona de protecção total, não pode ser adquirido direitos de uso e
aproveitamento da terra (DUAT), podendo, no entanto, ser emitidas licenças especiais
para o exercício de actividades determinadas, conforme prevê o artigo 9° da Lei de
Terras. Não sendo também, permitida a construção de casas ou de estruturas novas
dentro de uma área de assentamento designada, sem autorização da Administração do
Parque e muito menos arrendar ou dar título empréstimo para aos visitantes que vem
por razões de emprego ou comércio (n°2 do art. 26 da Lei de Conservação).

Portanto, segundo o que dispõem os artigos 483 n°1 do Código Civil conjugado com
o n°1 do artigo 53 da Lei de Conservação, havendo uma violação ilícita de um direito
ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios com dolo ou mera
culpa, sem prejuízo da responsabilidade criminal e multa correspondente, fica
obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.

Este é, pois, o nosso parecer.


O mesmo é emitido para aclarar alguns aspectos em relação a Legalização do terreno
da Ilha de Benguérua, devendo considerar-se como data da elaboração abaixo
mencionado.
Ficando a disposição para o esclarecimento de quaisquer questões que julgue
pertinente, subscrevemo-nos atentamente.

Melhores Cumprimentos

Rose Duarte
_______________________

(Jurista do PNAB)

Vilankulo, a 31 de Março de 2023

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