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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE .....

, ESTADO
DO .....

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ........, por seus promotores ao final assinado,


por especial designação do Excelentíssimo Senhor Procurador Geral de Justiça, com
fundamento nos artigos 129, III e 216 da Constituição Federal; artigo 120, III, 191 e 207
da Constituição Estadual; Lei 4771/65; Lei 6938 de 31 de agosto de 1981; Lei 7347 de
24 de julho de 1985; Lei Estadual 1211 de 16 de setembro de 1953; Decreto Lei n° 25
de 30 de novembro de 1937; Portaria n° 887 de 15 de julho de 1990 e demais
dispositivos legais, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência promover:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS AO MEIO


AMBIENTE em face de ....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º
....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP .....,
representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado
civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ..... e ..... ,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua .....,
n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu
(sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área
de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito
a seguir aduzidos.

I - DOS FATOS
A empresa .............., cujo proprietário é o Senhor .............., vem desobedecendo
princípios e normas relativas ao meio ambiente.
Os requeridos iniciaram impiedoso e ilegal desmate em área no entorno da ..............,
local tombado pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado do Paraná por
ser a maior gruta do Estado, com aproximadamente 1.700 metros. Antigamente a
gruta era usada pelos padres capuchinhos como local de meditação. Hoje é visitada
por estudantes, montanhistas, espeleólogos e turistas. No seu interior corre um trecho
de aproximadamente 500 metros do rio ............., além de conter vulcões, os quais são
espeleotemas raríssimos encontrados somente no Brasil. São encontrados ainda
animais trogloxenos, como, morcegos, anuros e tartarugas, troglófilos, como aranhas.
As cavernas são importantes para o equilíbrio do meio ambiente, pois constituem por
si próprias ecossistemas. Elas também são um rico manancial de informações
científicas, geológicas, paleontológicas, gemorfológicas e arqueológicas, possuindo
também importância biológica, pois a fauna e flora são peculiares, adaptadas a um
ambiente sem luz e muito úmido. Na geologia, as grutas ajudam a resolver problemas
estratigráficos de uma região, pois possuem cortes mostrando contatos de formação e
evidenciando estruturas geológicas. Além de mostrar evidências de paleongeografia,
paleoclimatologia e são importantes na busca de água em regiões calcárias.
As cavernas sempre foram objetos de fascinação e mistério para os homens, desde os
mais remotos tempos até os dias atuais.
O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e dos Recursos Naturais Renováveis)
expediu auto de infração n° ............ referente ao desmate de 10 ha de bracatinga, com
a extração de 2.000 metros cúbicos de lenha nas proximidades da .............., em data
de 05.07.92.
A empresa .............. foi atuada novamente pelo mesmo órgão, no auto de infração
n° ........., por exercer atividade potencialmente degradadora ao meio ambiente em
área tombada pelo Patrimônio Histórico e Natural do Estado do Paraná,
desrespeitando os regulamentos instituídos para as áreas de conservação, além de
causar degradação ambiental mediante o corte de mata ciliar ao longo do Rio Ribeirão
das Lanças, causando erosão e assoreamento em seu leito, numa extensão de
aproximadamente 150m.
A autoridade florestal expediu ainda o termo a Apreensão e Depósito n° 190209 o qual
deteve a lenha de Bracatinga extraída das proximidades da Gruta em 1992.
A área em questão foi embargada pelo órgão competente para que as atividades no
local fossem suspensas. Porém, a empresa não respeitou a ordem e continuou o
desmate indiscriminado nos arredores da Gruta como constata-se pelos registros de
ocorrência da Polícia Militar do Paraná. No dia 27 de julho de 1992, o motorista da
empresa ..............., foi surpreendido, carregando lenha de Bracatinga da área
embargada.
No dia 29 de julho do mesmo ano, uma patrulha da Polícia Militar novamente
presenciou o carregamento de 3 (três) caminhões com lenha de Bracatinga, sendo que
todas as pessoas que estavam no local eram empregados da empresa ...............,
demonstrando os réus total desrespeito para o embargo e principalmente, para com o
meio ambiente.
A Polícia Militar do ...... conforme se depreende das fichas de atendimento de
ocorrência n° .........., ............, .......... e ......., todas de .......... de .........., percebe-se que
as atividades de extração de espécies vegetais continuam a ocorrer, não obstante a
área estar embargada pelo órgão competente. Além da área outrora devastada, os
requeridos recentemente promoveram o corte de mais 3 ha., de árvores do entorno
da ...............
Se tudo isso não bastasse, os requeridos vêm se utilizando de queimadas no local para
que haja a regeneração da Bracatinga, fato reprovável, visto que esta prática contraria
a legislação ambiental vigente.
Sabe-se que a vegetação é, dentre os elementos que compõe o meio, sensível
indicador dos fatores ecológicos vigentes num dado local, espelhando as condições do
clima, dos solos, da morfologia e hidrografia. O desmate desvairado ocasiona início de
erosão, assoreamento dos córregos, e com os efeitos das chuvas há a degradação do
solo, acelerando assim, a destruição do ecossistema, de conseqüências catastróficas,
com intensidade e freqüência imprevisíveis para o futuro.
Os requeridos, além de desmatar o entorno da caverna, vêm cortando a vegetação
existente na superfície da .............., a qual propicia a instabilidade do terreno,
garantindo a existência da caverna, sem a qual se inicia o seu processo de destruição.
Outra irregularidade presente na região, é a existência de estradas acima da Gruta,
onde há a circulação de caminhões pesados, o que compromete a sua estrutura.
Há o perigo de desabamento da .............., face às atividades ilegais que vêm sendo
praticadas, pondo em risco a vida de várias pessoas que visitam o local diariamente.
O fato da Gruta situar-se em terras de empresa mineradora .............., cujo proprietário
é o Sr. .............., não justifica as atividades ilícitas ocorridas no local por serem as
cavidades subterrâneas, patrimônio pertencentes à União, devendo portando, serem
respeitados e preservados de acordo com a lei vigente.
O meio ambiente é um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e
protegido, e toda a sociedade é prejudicada pela supressão dos recursos ambientais. A
proteção das formas de vegetação constitui um fator relevante na qualidade da vida,
pela função social que representa equilíbrio ecológico.
Não resta dúvida quanto à ilegalidade da atividade empreendida pelos requeridos
degradando o meio ambiente, sendo desnecessárias quaisquer considerações do
caráter culposo deles.
É da Política Nacional do Meio Ambiente, impor ao predador que agir contrariamente
as condições ambientais, degradando reservas ecológicas, a obrigação de recuperar
e/ou indenizar danos causados ao meio ambiente. A responsabilidade da empresa
requerida, praticando as ações anteriormente expostas, ocasionou danos seríssimos ao
patrimônio ambiental.
Portanto, ao proceder o desmate em área tombada pelo Patrimônio Histórico e
Natural do Estado do Paraná, os réus contrariam a legislação, praticando dano
ambiental, ensejando, pois, a devida reparação.

II - DO DIREITO
A Constituição Federal, estatui:
"Artigo 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem:
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaço
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico e científico".
"Artigo 20 - São bens da União:
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e
pré-históricos;
"Artigo 129 - São funções institucionais do Ministério:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos".
No mesmo sentido estabeleceu a Constituição Estadual em seu artigo 120, inciso III.
Ainda na Constituição Estadual encontramos:
"Artigo 191 - Os bens materiais e imateriais referentes às
características da cultura, no Paraná, constituem patrimônio
comum que deverá ser preservado através do Estado com a
cooperação da comunidade".
"Artigo 207 - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
gerações presentes e futuras, garantindo-se a proteção dos
ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais.
§ 1 - Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a
efetividade deste direito:
XV - Proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural,
artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico,
arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico
e científico paranaense, prevendo sua utilização em condições
que assegurem a sua conservação".

A Lei n° 1211 dispõe sobre o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Estado do


Paraná.
"Artigo 1° - Constitui o Patrimônio Histórico, Artístico e Natural
do Estado do Paraná conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no Estado e cuja conservação seja de interesse
público, que por sua vinculação e fatos memoráveis da história
do Paraná, quer por seu excepcional valor arqueológico ou
etnográfico ou artístico, assim como os monumentos naturais, os
sítios e paisagens que importa conservar e proteger pela feição
notável que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados
pela indústria humana".
A Lei n° 6938/81, dispõe:
"Art. 2° - A Política nacional do Meio Ambiente tem por objetivo
a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições do
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos
os seguintes princípios:
I - Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;
II - Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
V - Controle e zoneamento das atividades potencial ou
efetivamente poluidoras;
VIII - Recuperação de áreas degradadas;
(...)
IX - Proteção de áreas ameaçadas de degradação".
"Artigo 3° - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - Meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - Degradação da qualidade ambiental; a alteração adversa das
características do meio ambiente;
III - Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
c) afetem desfavoravelmente a biota;

IV - Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;
V - Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo,
o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora".
"Artigo 4° - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com
a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
ecológico;
III - A definição com área se padrões da qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.
VI - À preservação e restauração dos recursos ambientais com
vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente,
concorrendo para manutenção do equilíbrio ecológico propício à
vida;
VII - A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos".
"Artigo 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela
legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade
ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1° - ... indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros afetados por sua atividade..."
A Lei n° 4771/65 institui o Novo Código Florestal:
"Artigo 1 - As florestas existentes no território nacional e as
demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras
que revestem, são bens de interesse comum a todos os
habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com
as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei
estabelecem".
"Artigo 3° - Consideram-se, ainda, de preservação permanente,
quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e
demais formas de vegetação natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras;
b) a fixar as dunas;
c) a formar as faixas de proteção ao longo das rodovias e
ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional, a critério das
autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou
histórico;
f) asilar exemplares da fauna ou fauna, ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações
silvícolas;
h) a assegurar condições de bem estar público.
§ 1° - A supressão total ou parcial de florestas de preservação
permanente só será admitida com prévia autorização do Poder
Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras,
planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse
social.
"Artigo 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três
meses a um ano de prisão simples ou multa de um a cem vezes o
salário-mínimo mensal do lugar e data da infração ou ambas as
penas cumulativamente:
a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la em
infringência das normas estabelecidas ou previstas nestas Leis;
b) cortar árvore em florestas de preservação permanente, sem
permissão da autoridade competente;
c) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas, sem exigir a
exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
competente e sem munir-se da via que deverá acompanhar o
produto, até final beneficiamento;
d) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros
produtos procedentes de florestas, sem licença válida para todo
o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela
autoridade competente".

"Artigo 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais


formas de vegetação".

Da análise do ofício n° 032/92 da FADA - Força, Ação e Defesa Ambiental, percebe-se


que a requerida se utilizou da prática de queimadas para favorecer a germinação e
desenvolvimento de Baracatinga, suprindo assim outras espécies vegetais nativas da
região.
Portaria n° 887 de 15 de junho de 1990.
"Artigo 3° - Limitar o uso das cavidades naturais subterrâneas
apenas a estudos de ordem técnico-científico, bem como
atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, turístico,
recreativo e educativo.
§ 1° - As atividades ou pesquisas que possam ser lesivas as
cavidades naturais subterrâneas ou que impliquem em coleta de
vegetais, captura de animais e/ou apanha de material natural
das mesmas, dependerão de prévia autorização do IBAMA, ou de
instituição por ele credenciada, nos termos da legislação em
vigor, devendo o pedido de autorização receber resposta formal
no prazo máximo de 90 (noventa) dias, a partir da data de
entrada do processo".
§ 2° - Qualquer uso das cavidades naturais subterrâneas poderá
ser suspenso, restringido ou proibido, a qualquer tempo, no seu
todo ou em parte, naquelas em que se verificar alterações não
autorizadas a sua integridade física ou a seu equilíbrio ecológico,
ou estarem estes sob risco de degradação em decorrência dessas
atividades".
"Artigo 4º. - Declarar a obrigatoriedade de elaboração de estudo
de Impacto Ambiental para as ações ou empreendimentos de
quaisquer naturezas, ativos ou não, temporárias ou
permanentes, previstos ou existentes em áreas de ocorrências de
cavidades naturais subterrâneas ou de potencial espeleológico,
que direta ou indiretamente possam ser lesivos a essas
cavidades".
"Artigo 5º. - Proibir desmatamentos, queimadas, uso de solo e
subsolo ou ações de quaisquer naturezas que coloquem em risco
as cavidades naturais subterrâneas e sua área de influências, a
qual compreenda ou recursos ambientais, superficiais e
subterrâneos, dos quais dependem sua integridade física ou seu
equilíbrio ecológico".
§ 1º. - Ações ou omissões consideradas nocivas ao patrimônio
espeleológico, constituem-se em atividades potencialmente
degradadoras do meio ambiente, sujeitando os infratores as
penalidades previstas na legislação administrativa, civil e penal,
sem prejuízo do dever de reparação do dano".
"Artigo 10 - Para efeitos desta Portaria:
I - Cavidade natural subterrânea: todo e qualquer espaço
subterrâneo penetrável pelo homem, com ou sem abertura
identificada, popularmente conhecida como caverna, incluindo
seu ambiente, seu conteúdo e mineral e hídrico, a fauna e a flora
ali encontrada e o corpo rochoso onde as mesmas as inserem,
desde que sua formação tenha sido por processos naturais,
independentemente de suas menções ou tipo de rocha
encaixante. Nesta designação estão incluídos todos os termos
regionais, como gruta, lapa, toca, abismo, furna, buraco, etc.
II - Patrimônio espeleológico: conjunto de elementos bióticos e
abióticos, socioeconômicos e histórico-culturais, superficiais e/ou
subterrâneos, representados ou associados às cavidades naturais
subterrâneas.
III - Áreas de potencial espeleológico: área que, devido a sua
constituição geológica e geomorfológica, sejam suscetíveis ao
desenvolvimento de cavidade naturais subterrâneas, como, por
exemplo, as de rochas calcáreas.
IV - Espeleotemas: disposições minerais em cavidades naturais
subterrâneas que se formam, basicamente, por processos
químicos, como exemplo as estalactites e as estalaagmites.
V - Atividade espeleológica: ações desportivas ou técnico-
científicas de prospecção, mapeamento, documentação e
pesquisa que subsidiem a identificação, o cadastramento, o
conhecimento, o manejo e a proteção das cavidades naturais
subterrâneas".
Dispõe o artigo 14, da Lei 1211/53:
"Artigo 14 - As coisas tombadas não poderão em caso nenhum
ser destruído, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia
autorização do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do
Paraná, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de
multa de cinquenta por cento do dano causado.
Parágrafo Único - Tratamento de bens pertencentes ao Estado
ou ao Municípios, a autoridade responsável pela infração do
presente artigo incorrerá pessoalmente na multa".

Tendo em vista que os réus vêm, sistematicamente, desobedecendo a legislação


ambiental, não cumprindo os embargos administrativos, bem como prosseguem
cortando as árvores no local, prejudicando o ecossistema tão sensível do patrimônio
espeleológico, vêm provocando a destruição de bem tombado pelo patrimônio natural
do Estado do ........... caracterizando o "periculum in mora", pois a cada dia que passa
as condições ecológicas do local vão se agravando, além do risco iminente como
trânsito de veículos pesados sobre a estrada que passa sobre a gruta, contrariando a
legislação ambiental em vigor, requer-se a concessão de MEDIDA LIMINAR para que se
faça cessar qualquer atividade degradadora do meio ambiente na Gruta de Lancinhas e
o, entorno que a compõe, e impedindo o trânsito de veículos no local, que põe em
risco a estrutura da caverna e em perigo as pessoas que nela adentram, por parte dos
réus, fixando-se a multa diária nos termos do artigo 11, da Lei 7347/85, para o caso de
descumprimento, com a retirada de homens e equipamentos que se encontrem no
local, sob pena de desobediência.

III - DOS PEDIDOS


Requer-se a completa recuperação da área degradada, na forma estabelecida pela
perícia, restabelecendo-se as condições anteriores natural, e em caso de
impossibilidade de recuperação, sejam os réus condenados a indenizar os danos
causados ao meio ambiente, na forma determinada pela perícia, além da multa de 50%
sobre o valor do dano, nos termos da Lei nº 1211/53.
Caso haja o descumprimento por parte dos requeridos, no prazo fixado por Vossa
Excelência para a cessação das atividades por ocasião da sentença, requer-se a
cominação de multa diária, consoante dispõe o artigo 11 da Lei 7.347/85.
A citação da requerida nos termos do artigo 221, inciso III do Código de Processo Civil,
para responder aos termos da presente ação, com as advertências da revelia, devendo
o pedido ser julgado procedente, condenando-se os réus ao ônus da sucumbência,
honorários periciais e demais cominações legais.
Protesta-se todos os meios de provas em direito admitidos, inclusive depoimento,
juntada de documentos e perícia.

Dá-se a causa o valor de R$ ......

Nesses termos, pede e aguarda deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura]

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