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em face de
ESTADO DO ....... - pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Rua .....,
n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ..... , ....., brasileiro (a), (estado civil),
profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º .....,
residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado .....
e ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º .....,
Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
DOS FATOS
No entanto, foi declarado pelo representante do DEFAP que "a área tem
importância ambiental em face do banhado e da vegetação identificada. Em caso de
eventual rezoneamento, a proposta do DEFAP é no sentido de que a área continue
na Unidade de Conservação" (fl. 149).
Saliente-se que esta área é circundada por uma grande ocupação clandestina, mas
apresenta peculiaridades exatamente em virtude da situação de risco enfrentada
pelos moradores, pois a área do Campo Sossega Leão é um banhado que sofre
cheias e alaga completamente as edificações. Daí que, mesmo na hipótese de a
ocupação ser, no futuro, objeto de regularização fundiária, as edificações situadas
sobre o Campo deverão ser removidas, pois constituem áreas de risco.
O DIREITO
O art. 225, "caput", da Constituição Federal de 1988, afirma que: "todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".
No seu parágrafo 1º, inciso III, prevê a Carta que para assegurar o direito
fundamental ao meio ambiente, incumbe ao Poder Público "definir, em todas as
unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção".
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d' água, qualquer
que seja a sua situação topográfica num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de
largura";
(....)
Por fim, a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre prevê no seu art. 245:
"Art. 245 - Consideram-se de preservação permanente:
(...)
Pelo fato de ser área de preservação permanente, o campo "Sossega Leão" não
poderia ser objeto de assentamento humano, já que tal atividade implica na
supressão da vegetação, o que é vedado pelo art. 4º do Código Florestal Federal.
Parágrafo único - A supressão da vegetação de que trata este artigo deverá ser
compensada com a preservação de ecossistema semelhante em área que garanta a
evolução e a ocorrência de processos ecológicos."
O autor elucida que "as áreas de preservação permanente constituem, com efeito,
limites intrínsecos ao direito de propriedade, operando seus reflexos no próprio
núcleo definidor do mesmo. Esse direito não pode dissociar-se de seu conteúdo
funcional, ditado por vontade expressa da Constituição. Atuando internamente
como um atributo ambiental da propriedade, as áreas de preservação permanente
penetram na substância do domínio, para estabelecer, na expressão de Flávio Dino,
uma idéia de 'propriedade intrinsecamente limitada".
Importa sublinhar, como referido, que o Campo Sossega Leão é uma área alagadiça
que representa risco para a saúde da população invasora, pelo que, mesmo na
hipótese de futura regularização fundiária da ocupação em seu todo maior, o trecho
compreendido pelo Campo não tem condições de ser objeto de assentamento
humano em caráter definitivo. Para manter as pessoas, o Poder Público teria que
patrocinar o aterramento total do banhado, o que consistiria em ilegalidade, por
expressa violação da legislação acima invocada, produzindo completa
descaracterização do ecossistema.
O Estado do Rio Grande do Sul criou o Parque Estadual Delta do Jacuí através do
Decreto nº 24.385, de 14 de janeiro de 1976, o qual prevê que "as terras, a flora, a
fauna e as belezas naturais da área abrangida..." ficariam "... sujeitas ao regime
especial de proteção do Código Florestal em vigor e outras leis específicas,
concernentes à matéria" (artigo 4o.).
Para tal desiderato, considerou o Decreto que:
"... as ilhas situadas no Delta do Rio Jacuí constituem uma área verde próxima a
parte mais maciçamente edificada e povoada da Capital;
"... as ilhas contribuem para manter o grau de potabilidade das águas do Guaíba
e ... participam, ainda, dos mecanismos de manutenção de bons níveis de
produtividade de pescado;
"... elas oferecem condições básicas para propiciar lazer à população da Capital;
"... cabe ao Poder Público criar Parques Estaduais e Reservas Biológicas com a
finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção
integral da flora, da fauna e das belezas naturais, com a utilização para objetivos
educacionais, recreativos e científicos, de acordo com o disposto no art. 5o., alínea
a, do Código Florestal".
4.- Zonas de Uso Restrito - ZUR, correspondentes a áreas que, por suas
características naturais e pela tolerância do ecossistema às interferências humanas,
admitem a liberação de funções, quer para a atividade do próprio Parque como
para determinados tipos de ocupação particular (§ 4o. do art. 2o.).
A área invadida situa-se em Zona de Reserva Natural, pelo que lhe incidem as
restrições previstas nos arts. 6º e seguintes do Decreto Estadual nº 28.436/79, os
quais prevêem que:
"Art. 6º - Nas Zonas de Reserva Natural somente serão permitidos, além das
atividades agrícolas e zootécnicas já existentes em escala reduzida (ao tempo da
edição do Decreto), os seguintes usos:
embarcadouros;
-postos meteorológicos".
(...)
Art. 20. Toda e qualquer forma de utilização dos lotes deverá ser feita de modo a
não modificar a paisagem típica das ilhas, devendo as construções se integrar
paisagisticamente no conjunto.
Art. 27. Nenhuma forma de utilização poderá ser feita nas Zonas de Uso Restrito,
Zonas de Reserva Natural e Zona de Ocupação Urbana sem prévia liberação por
parte do órgão administrativo do Parque Estadual Delta do Jacuí e posterior
aprovação da Prefeitura Municipal competente.
O art. 3º, inc. IV, da Lei 6938/81, conceitua por poluidor "a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental".
Por sua vez, o art. 14, parágrafo 1º, da mesma lei, estabelece que "Sem obstar a
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente".
Frise-se que o fato de serem pessoas pobres não os exime do dever de reparar os
danos e, especialmente, do dever de não agravá-los, o que se requer em caráter de
antecipação de tutela, para que os réus se abstenham de efetuar cortes de
vegetação, deposição de lixo e novas construções no local.
Apenas para argumentar, deve-se perceber que o eventual direito à moradia destas
pessoas não pode conduzir ao sacrifício do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Nesta linha, MIRRA assevera que "nem mesmo sob
aquele argumento tradicionalmente utilizado, de que se pretende a satisfação de
necessidades de igual relevo, porém mais imediatas, se pode admitir o abandono,
sequer temporário, da proteção do meio ambiente. A opção fundamental da
sociedade foi pela preservação do meio ambiente desde logo, tendo em vista as
necessidades das gerações futuras. E essa opção deve ser respeitada pelos agentes
do Poder Público e pelos particulares"
"Art. 26 - Incluem-se entre os bens dos Estados as ilhas fluviais e lacustres não
pertencentes à União".
Prevê o art. 186, inc. II, da Constituição Federal de 1988, que "a função social é
cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente".
Por seu turno, José Robson da SILVA refere que "o sujeito titular de um patrimônio,
seja ele constituído por bens imóveis rurais ou urbanos, é obrigado a contribuir
para o equilíbrio ambiental. A situação proprietária inclusive irradia obrigações
propter rem, as quais apanham o sujeito, mesmo ele não tendo praticado
determinado dano ambienta. O fato de ser titular de um imóvel degradado impõe a
este a obrigação de recuperar o dano" .
(...)
Daí que não cabe ao Estado do Rio Grande do Sul alegar ausência de recursos
humanos suficientes para a fiscalização das ocupações no Parque como justificativa
para sua omissão.
1.É parte legítima para figurar no pólo passivo da ação civil pública, solidariamente,
o responsável direto pela violação às normas de preservação do meio ambiente,
bem assim a pessoa jurídica que aprova o projeto danoso.
2.Na realização de obras e loteamentos, é o Município responsável solidário pelos
danos ambientais que possam advir do empreendimento, juntamente com o dono
do imóvel.
3.Se o imóvel causador do dano é adquirido por terceira pessoa, esta ingressa na
solidariedade, como responsável.
"Ação civil pública. Meio Ambiente. Danos. Aterramento de uma nascente d' água.
Responsabilidade da empresa ré por ato comissivo. Responsabilidade solidária do
Município, proprietário do imóvel, que não tomou atitude concreta para preservação
do local. Apelos improvidos. Sentença mantida em grau de reexame necessário.
Comprovando, suficientemente, o dano ambiental praticado pela empresa
requerida, consistente no aterramento de uma nascente d' águas, impõe-se a sua
condenação na reparação do dano causado 'ex-vi' do disposto no art. 225,
parágrafo 3º, da Constituição Federal, responde solidariamente, pela mesma
reparação, o Município, proprietário da área que, embora ciente da degradação
feita pela co-ré, nenhuma providência eficaz tomou para impedi-la.
Daí que, se a remoção total das residências, com a recuperação integral do dano se
revelar irreversível, parcial ou totalmente, deverão os requeridos ser condenados,
solidariamente, à obrigação de fazer consistente em "preservar ecossistema
semelhante em área que garanta a evolução e a ocorrência de processos
ecológicos" (art. 23, parágrafo único, do Código Florestal Estadual).
5. A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
O art. 273, do Código de Processo Civil estabelece que "o juiz poderá, a
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação".
Por sua vez, o art. 461, do mesmo diploma, institui que "na ação que tenha por
objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela
específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento". No seu parágrafo
3º, refere que "sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu" (...)
Por fim, seu parágrafo 5º, afirma que "para a efetivação da tutela específica ou
para obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a
requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa
por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além de requisição de
força policial".
DOS PEDIDOS
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Assinatura]