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Não puna seus filhos por seus comportamentos

É isto mesmo. Não há erro no título, nem na intenção da frase:

NÃO PUNA SEUS FILHOS POR SEUS COMPORTAMENTOS.

Este texto tem por objetivo atuar como um alerta!

A partir de um breve apanhado dos conceitos de genética, epigenética, teoria de


aprendizagem e do mecanismo de projeção psicológico venho chamar a sua atenção aos seus
comportamentos para que a tempo os corrija em si mesmo e não naqueles que o imitam,
neste caso, os seus filhos.

Vamos lá!

Os filhos herdam a genética de seus pais, suas cargas estruturais biológicas, e também, tão
importante quanto, a sua epigenética, a carga cognitiva e comportamental constituidora da
personalidade que diz respeito ao modo de um indivíduo interpretar o mundo e lidar com a
vida.

As teorias de aprendizagem de Piaget e Vigostky demonstram ser a imitação um dos


mecanismos de aprendizagem mais primários e ininterruptos que existem, ou seja, até mesmo
os adultos continuam aprendendo por imitação. Além disto, quanto mais afeto envolvido,
maior aprofundamento do registo na memória.

Então, imaginem vocês, como esse processo de aprendizagem se dá nas crianças, totalmente
disponíveis a receber informação?

A natureza humana exige o aprendizado por meio da referência de seus pais-cuidadores, o


instinto é imitar . Assim, crianças imitam tudo a todo tempo, pois lhe é vital como
mecanismo de sobrevivência biológica e social.

Crianças imitam tudo, e quando digo tudo, é tudo mesmo, até aquilo que você não sabe
existente, mas se presente, será imitado.

E por que isto acontece?

Porque crianças ainda não têm filtros racionais para discernir o que lhes cabe, e, sensivelmente
captam o entorno, neste caso, o contexto emocional do ambiente onde vive e, principalmente
o âmago afetivo-comportamental de seus cuidadores, que são para eles a fonte são a fonte
referencial de adequação à vida.

Com isto posto preciso que fique claro que a sistemática toda de espelhamento, o tal
mecanismo de projeção que citei no início do texto, é profundamente orgânica. Vejam!

O estímulo do entorno é captado pela rede neural da criança que irá sendo formada cada vez
mais a partir de um referencial afetivo com seus pais-cuidadores. Estímulo a estímulo, os
neurônios montando novas redes de informação que estruturarão e modelarão a elétrica
orgânica, sde modo que as sinapses contribuam com as respostas deste indivíduo ao
ambiente, e estes dizem respeito aos movimentos concretos de corpo no que concerna
principalmente ao sistema nervoso e imunológico. Assim, fala, tom de voz, aptidão, agilidade,
emoção e comportamentos serão consequências de estímulos específicos captados em
profundidade nuclear, ou seja, as crianças contém em si o âmago desses padrões
comportamentais por eles estarem instalados em sua cognição (mente e psique) de forma
vital. E é assim que repetem/repetimos, como que por instinto, alguns comportamentos.

‘A brincadeira da vida é séria’. E a responsabilidade aos nos tronarmos pais, imensa!

Bom, e é aqui que a sistemática de aprendizagem acaba, invariavelmente por gerar um


espelhamento natural e orgânico entre pais e filhos, reforçado cada vez mais pela tendência
genética.

O entendimento desta dinâmica toda é essencial para que possamos conduzir uma educação
mais sincera e humana. Pois, sem esta consciência, o que normalmente ocorre na educação
familiar é a punição e reprovação de comportamentos. A falta de acolhimento e aceitação da
natureza humana evidenciada nos filhos. Vemos, assim, ineficientemente pais condenarem e
culparem seus filhos por atitudes, hábitos, vícios e cultura transmitidas aos seus filhos pelo
exemplo que eles mesmos dão. Querem interromper algo enquanto alimentam aquilo.

Precisamos de uma nova consciência para este novo mundo.

Mas, você me pergunta, principalmente aqueles que ainda não tem filhos: Não é obvio?
Perceber que os pais executam o mesmo que condenam?

E eu te digo: NÃO!

E você: Mas, por quê?

Porque a maior parte de nossos comportamentos reside em nossos inconscientes. Grande


parte do que se ensina é transmitido de forma inconsciente.

E inconscientes, os pais somente irão enxergar os comportamentos que racionalmente não


aprovam, quando seus filhos os reproduzem. A sensação é de incomodo. Lembrem-se,
sensação de incômodo é sempre um sinal de alerta, indicando oportunidade de reavaliação
interna.

E, quando criança incomoda, o que acontece segundo a cartilha da velha educação? Uma
intervenção ‘punitiva’, ao invés do acionamento do mecanismo reflexivo sobre a real origem
daquele comportamento.

Mas como aplicar uma nova educação?

É preciso que a dinâmica natural de espelhamento fique clara aos pais para que eles, se
revisitando, modifiquem em si mesmos aquilo que esperam alterar em seus filhos. Essa é a
sistemática dos relacionamentos. Não há outra via para uma educação mais coerente e efetiva,
e relações mais saudáveis entre os entes queridos.

Precisamos de uma nova educação para um novo mundo.


Pais-cuidadores, seus filhos são consequências de suas estruturas biológicas, cognitivas e
comportamentais. Atentem-se principalmente as crianças de até 07 anos de idade, nos quais o
espelhamento fica mais evidenciado, por eles ainda não contam com repertório de máscaras
sociais e disfarces emocionais.

Pais, seus filhos entendem o estímulo punitivo quando bem aplicado, mas não o repudio por
meio delas ao que vocês são e praticam. Isto gera revolta!

Pais, não adianta ‘secar o chão e não fechar a torneira’. É preciso que atentem-se à vocês!

Olhar-se no espelho a todo o momento é o convite feito por nossos filhos com suas
existênicas. Consideremos como algo insuportavelmente oportuno, pois, eles facilitam, se
aproveitarmos, o nosso desenvolvimento proporcionando a maior chance de obtermos clareza
sobre nós mesmos para ajustarmos o que for preciso.

Aproveitem a quarentena e a proximidade para revisitarem-se! Paciência.

Pais-cuidadores, peço, atentem-se à vocês!

A eficiência da mudança comportamental está na autoconsciência, na ampliação de percepção


sobre si mesmo, na aplicação da força de ação sobre as escolha que se faz perante a própria
vida. Cuidem de suas tendências genéticas e epigenéticas. Explorem-as e, principalmente
conversem com seus filhos sobre a dinâmica inevitável do espelhamento, incentivando-os aos
comportamentos que julgam os melhores, os frutíferos.

A educação efetiva e verdadeira mudança dos filhos exigirá a mudança de suas fontes
constituintes referenciais.

Andréa Bello
www.synaptyco.com
Terapeuta Integrativa Sistêmica, Cognitiva-Comportamental, Coach e Master em Hipnose.
Minha matéria-prima é o desenvolvimento-humano.
Atendimento online e presencial para individualmente, casais, famílias e grupos de pais e
mulheres.

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