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APLICAÇÕES DAS FUNÇÕES

TÓPICO
TRIGONOMÉTRICAS
Gil da Costa Marques

9.1 Medidas de distância-Triangulação


9.2 Movimento Ondulatório e Movimento Harmônico Simples (MHS)
9.3 Velocidade e Aceleração no Movimento Harmônico Simples
9.4 Movimento Ondulatório: Ondas Harmônicas Unidimensionais
9.4.1 Ondas estacionárias
9.5 Corrente Alternada
9.6 Circuito LC
9.7 Ressonância

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9.1 Medidas de distância-Triangulação


Medir é comparar. No cotidiano, a medida de distâncias é feita através de uma medida direta, isto
é, comparando-se as dimensões de algo com uma unidade padrão. Usualmente, adotamos o metro
como unidade padrão. Na Astronomia utilizamos outras unidades, as quais serão aqui apresentadas.
Medidas diretas são inviáveis na Astronomia. Por isso, no caso dos objetos localizados fora da
Terra, as medidas são efetuadas de maneira indireta.
Um dos métodos indiretos mais antigos de determinação das distâncias é o uso da triangulação.
Na figura abaixo esboçamos o esquema básico do uso da triangulação para determinar a altura
(h) do monte. Ele requer a determinação de um ângulo (θ), entre as direções da base e do cume
do monte, e da distância (d ) entre o observador e o monte; θ e d podem ser medidos facilmente.
Na determinação de distâncias, algumas vezes utilizamos as semelhanças entre triângulos.

h
tg θ = ou h = d × tg θ 9.1
d

Um dos registros mais antigos do uso desse método indireto é o


atribuído a Tales de Mileto (625 – 558 a.C.), que teria determinado
a altura da pirâmide de Gizé a partir da determinação da dimensão
da sombra projetada no solo. Tomou o cuidado de efetuar a medida
no exato momento em que a sombra de Tales projetada no solo era
igual à altura do mesmo. Nesse momento, o tamanho da sombra é
Figura 9.1 Determinação da altura do
igual à altura da pirâmide. monte por triangulação. / Fonte: Cepa

A seguir apresentaremos quatro casos de uso do


método da triangulação na determinação de distân-
cias astronômicas.
Na Figura 9.2 está representada a configuração de
uma estrela, vista da Terra em duas posições diametral-
mente opostas no seu movimento de translação e o
Sol. A paralaxe estelar é o desvio aparente da estrela em
relação às estrelas de fundo. O ângulo de paralaxe é p.

Figura 9.2: Paralaxe estelar. / Fonte: Cepa


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As posições aparentes da estrela podem ser registradas em imagens da região do céu, obtidas em
épocas diferentes. A estrela mais próxima do Sol (Próxima Centauro) tem paralaxe 0,77 segundo
de arco (2 décimos milésimos de grau). Estrelas mais distantes têm paralaxes menores ainda.
O método da paralaxe trigonométrica introduziu na Astronomia uma nova unidade de
comprimento: o parsec (distância produzida por uma paralaxe anual média de um segundo de
arco). Um parsec é equivalente a 3,26 anos-luz ou 206.264 unidades astronômicas, ou ainda 31
trilhões de quilômetros. Nessa unidade, as estrelas mais brilhantes visualmente ficam a distâncias
entre 1,3 pc (α-Centauri) e 800 pc, excluindo-se evidentemente o Sol.

=D ( UA ) 1=
/ p ( rad ) ; D ( parsec ) 1 / p ( segundo de arco ) 9.2

Experimente escrever essas distâncias em km; você vai ter de escrever muitos números! Um
parsec = 206.265 U.A. Uma unidade astronômica, por sua vez, é equivalente a 1,49108 km.

9.2 Movimento Ondulatório e Movimento


Harmônico Simples (MHS)
O movimento oscilatório (e, portanto, periódico) mais simples é o de dispositivos denominados
osciladores harmônicos simples. Na mecânica, o movimento harmônico simples de uma partícula
de massa m é definido como aquele em que a força que age sobre a partícula tem a forma

F ( x ) = − kx 9.3

ou seja, a força é proporcional ao deslocamento, mas no sentido oposto a ele. A constante k é


denominada constante elástica.
Um exemplo simples desse tipo de força ocorre no caso em que procuramos deformar uma
substância elástica (como um elástico comum, por exemplo). Enquanto a deformação não for
muito grande a força é proporcional ao deslocamento (ou à deformação imposta), mas atua
sempre no sentido contrário ao dele. É uma tendência ou reação natural, no sentido de buscar
a restauração da forma original. Por isso, a constante k é referida como a constante elástica.
A lei de Newton se escreve, no caso do M.H.S.:

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ma = − kx 9.4

A solução geral para a equação de Newton (9.3) pode ser escrita sob a forma de uma das
funções trigonométricas (seno ou cosseno). Escrevemos:

x ( t ) A cos(ωt + θ 0 )
= 9.5

ou, analogamente,

( t ) A[cos(ωt )cos(θ0 ) − sen(ωt ) sen(θ0 )]


x= 9.6

Trata-se de uma solução que envol-


ve três parâmetros desconhecidos ( A,
ω, θ0 ) que serão determinados como se
mostra a seguir.
Observe primeiramente que a solução
proposta (9.5) é tal que o valor máximo
do deslocamento xm será dado por:

xm = A 9.7

O parâmetro A é, portanto, a ampli-


Figura 9.3: Força elástica em ação. / Fonte: Cepa
tude do movimento. A constante θ0 é
uma fase que, por enquanto, é considerada como uma constante arbitrária. Como veremos
depois, as constantes A e θ0 podem ser determinadas a partir das condições iniciais, isto é, a
partir da posição e da velocidade iniciais:

=x ( 0 ) x=
0 v ( 0 ) v0 9.8

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Analisaremos agora a constante ω. Pode-se verificar que a solução proposta envolvendo a


função cosseno é uma solução se ω for dado por:

k
ω= 9.9
m

E, portanto, a constante ω depende da massa e da constante elástica da mola. Veremos, a


seguir, que essa constante está também relacionada com o período do movimento.
Como dito anteriormente, o movimento do oscilador harmônico é periódico. O período é
determinado a partir da condição bastante geral enunciada na introdução e que, nesse caso, é:

x (t + T ) =
x (t ) 9.10

Da solução proposta em 9.5 resulta que o período do movimento será dado através da relação

ωT = 2 π 9.11

Portanto, de acordo com 9.9 e 9.11, o período do movimento harmônico simples é dado por:

2π m
T= = 2π 9.12
ω k

A frequência, sendo o inverso do período, será dada pela expressão:

1 ω k 1
f= = = 9.13
Τ 2π m 2π

A frequência do oscilador harmônico depende, portanto, da massa da partícula e da


constante elástica k.

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9.3 Velocidade e Aceleração no Movimento


Harmônico Simples
Pode-se mostrar que, num movimento harmônico simples, a velocidade da partícula em
função do tempo, e para x dado pela expressão, é dada por

v ( t ) = − Aωsen(ωt + θ0 ) 9.14

onde as constantes A, ω, θ0 são aquelas definidas anteriormente.


A aceleração varia, igualmente, com o tempo. Sua variação é análoga à da posição:

a ( t ) = −ω2 A cos(ωt + θ0 ) 9.15

onde, de novo, se aplicam as definições de A, ω, θ0 já dadas.


Observe que, de 9.5 e 9.15, podemos tirar uma relação entre a aceleração e a posição de
uma partícula, a qual é:

k
a ( t ) = −ω2 x ( t ) = − x (t ) 9.16
m

Essa relação decorre de uma propriedade geral do movimento harmônico simples. De fato,
essa propriedade é uma forma de definir o MHS.
Observando as expressões 9.14 e 9.15, notamos que os valores máximos para a velocidade
e a aceleração são:

vm = ωA
9.17
am = ω2 A

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No Gráfico 9.1, apresentamos os gráficos de a(t ),


v(t ) e x(t ) do movimento harmônico simples. Como
se vê, trata-se de gráficos de funções trigonométricas.
Observe que, quando o móvel atinge os valores
máximo (x = +A) e mínimo (x = −A), a velocidade
do móvel é nula. Nos pontos de maior velocidade
(em qualquer direção), o valor de x (e o da aceleração)
é igual a zero.
Gráfico 9.1: Gráficos de a(t), v(t) e x(t) do movimento
harmônico simples. / Fonte: Cepa

9.4 Movimento Ondulatório: Ondas Harmônicas


Unidimensionais
As ondas harmônicas se constituem num tipo mui especial de ondas. Elas são caracterizadas
por uma função que descreve o perfil da onda da forma seno ou cosseno, ou seja, para uma onda
harmônica unidimensional, escrevemos:

x − vt ) A cos ( k ( x − vt ) )  A sen ( k ( x − vt ) ) 
y(= 9.18

onde A é a amplitude da onda, pois é o máximo da função y, e k é uma constante que carac-
teriza a onda harmônica e que é conhecida pelo estranho nome de vetor de onda. Uma outra
forma de escrever a expressão acima, e que é bastante comum, é:

( x − vt ) A cos ( kx − ωt )  A sen ( kx − ωt )


y= 9.19

A expressão acima parece introduzir uma nova constante para descrever a onda (a constante k).
Esse, no entanto, não é o caso, uma vez que essa constante se relaciona com as demais de acordo
com a expressão:

kv = ω 9.20

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O que é notável, observando-se 9.19, é uma onda harmônica ter um perfil que se repete no
espaço e no tempo. Isso decorre do fato de que, depois de um intervalo de tempo T conhecido
como o período da onda harmônica, dado por:

ωT = 2 π 9.21

a onda se torna indistinguível da onda inicial.


Portanto, de 9.20 e de 9.21, resulta que o período é dado, em função de k e v, por

2π 2π
T
= = 9.22
ω kv

Define-se a frequência ( f ) da onda como o inverso do período:

1 kv
f ≡ = 9.23
T 2π

A unidade de frequência mais utilizada para ondas em geral é o Hertz, definido como o
inverso do segundo.
Depois de percorrido um intervalo de distância no espaço, denominado um comprimento
de onda (aqui representado pela letra λ), a onda se torna indistinguível daquela de quando se
iniciou o percurso. Isso ocorre para valores de λ tais que:

kλ = 2π 9.24

Assim, o comprimento de onda nada mais é do que a distância


entre, por exemplo, dois máximos da onda (vide Figura 9.4).
De 9.23 e 9.24, nota-se que existe uma relação bem simples
Figura 9.4: Comprimento de onda λ.
entre a velocidade da onda, a frequência e o comprimento de onda: O período T é o tempo que a ondula-
ção leva para percorrer a distância λ.
/ Fonte: Cepa

v = λf 9.25

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9.4.1 Ondas estacionárias

O estudo das ondas estacionárias é relevante para o entendimento dos sons produzidos
pelos diferentes instrumentos musicais, quer sejam eles de sopro ou instrumentos de corda.
Ao dedilhar um instrumento de cordas, produzimos
uma onda que se propaga até o ponto no qual ela está
presa. Nesse ponto, ela volta, levando-nos a analisar a
superposição de duas ondas propagando-se em senti-
dos opostos.
Consideremos o caso de duas ondas que se pro-
pagam em sentidos opostos. A onda resultante é dada
como uma soma das duas ondas. Escrevemos assim:

=y y1 ( t ) + y2 ( t ) 9.26

E, portanto, a onda resultante de duas ondas harmô-


Gráfico 9.2: Gráfico da propagação de duas ondas em
sentidos opostos. / Fonte: Cepa nicas viajando em sentidos opostos é dada pela soma:

y ( x, t ) Asen ( kx − ωt ) + Asen ( kx
= = + ωt ) 2 Asenkx cos ωt 9.27

Temos, assim, que uma onda estacionária pode ser escrita como uma onda cuja amplitude
varia da posição do espaço e depende do tempo sob a forma de uma função seno:

y ( x, t ) A( x)senωt
= 9.28

Assim, cada ponto da corda executará um movimento harmônico simples com uma ampli-
tude que depende do ponto do espaço:

A( x) = 2 Asenkx 9.29

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Da solução acima, percebemos que teremos, na corda, a formação de pontos em que a


amplitude resultante se anula. Formam-se pontos fixos na corda, que não se movimentam:
a posição desses pontos se relaciona com o comprimento da corda de tal sorte que os nós
ocorrem para valores indexados por um número inteiro xn de modo que:

senkxn = 0 9.30

Tais valores correspondem aos zeros da função seno, os quais são expressos, genericamente,
pela condição:

2π  2n + 1 
kxn
= = xn  π =n 0,1, 2,3, ⋅⋅⋅⋅⋅⋅ 9.31
λ  2 

Donde inferimos que os nós podem ocorrer para valores dados por

λ λ λ λ
=x 1 ;3 ;5 ; ⋅⋅⋅ ( 2n + 1) 9.32
4 4 4 4

Os pontos de amplitude máxima (denominados antinós) são


aqueles para os quais:

senkxm = 1 9.33

Figura 9.5: Ilustração de nós e sua


Tais valores correspondem aos zeros da função seno, que são localização e antinós das cordas. /
Fonte: Cepa
assim expressos:


kxm= xm= mπ m= 1, 2,3, ⋅⋅⋅⋅⋅⋅ 9.34
λ

9.4.2 Sons dos Instrumentos Musicais


A seguir, consideraremos os possíveis sons produzidos por uma corda de um violão ou de
qualquer instrumento de corda.

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Primeiramente, lembramos que existem três parâmetros relevantes no entendimento dos


sons produzidos ao estimarmos uma corda: o comprimento da corda (L), sua densidade linear
( μ) e a tensão (T ) à qual a corda está sujeita. Assim, a velocidade com que uma onda se propaga
numa corda depende da tensão aplicada a ela (a qual provoca uma ligeira elongação da corda) e
da densidade linear. Escrevemos a velocidade em termos desses parâmetros como:

T
v= 9.35
µ

Assim, as possíveis frequências dos sons emitidos por uma corda são dadas por:

1 T
f = 9.36
λ µ

O modo correspondente à menor frequência, dita fundamental, é aquele para o qual os nós
estão separados pelo comprimento da corda. Nesse caso, o comprimento de onda é o máximo
possivel. De 9.31 e 9.36 resulta que a frequência fundamental é:

1 T
f = 9.37
2L µ

Figura 9.6: Ondas sonoras produzidas por uma corda de


violão. / Fonte: Cepa

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9.5 Corrente Alternada


Denominamos corrente alternada aquela que depende do tempo, de acordo com uma
função seno ou cosseno. Assim, a expressão geral para tal corrente é:

I (t ) I 0sen ( ωt + δ )
= 9.38

Assim, os elétrons que se movimentam ao longo de um circuito mudam de sentido perio-


dicamente. O período de alternância do movimento é dado por:


T= 9.39
ω

e a frequência é:

1 ω
f= = 9.40
T 2π

A energia elétrica que chega às nossas casas produz correntes elé-


tricas alternadas. A frequência, nesse caso, varia entre 50 e 60 hertz.

Gráfico 9.3: Corrente em função do


tempo. / Fonte: Cepa

9.6 Circuito LC
Nesta seção, analisaremos um circuito composto apenas por uma
indutância e um capacitor. Tal circuito é apresentado na figura ao
lado.Veremos que a corrente resultante é uma corrente alternada. Figura 9.7: Circuito LC. / Fonte: Cepa
No circuito LC mais simples admitimos apenas um indutor caracterizado por uma indutân-
cia L e um capacitor de capacidade C. Esses componentes do circuito podem estar ligados em
série ou em paralelo. Consideraremos aqui apenas o primeiro caso. O circuito será fechado num
instante de tempo t = 0; o capacitor está carregado com uma carga cujo valor é Q0.

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Ao fecharmos o circuito, a carga elétrica no capacitor se torna função do tempo, pois ela
fluirá pelo mesmo, alterando assim a carga elétrica no capacitor (em cada uma das suas placas).
Ao fluir gera-se a corrente elétrica no circuito. Assim, depois de fechado o circuito, tanto a carga
quanto a corrente dependem do tempo:

=Q Q0sen ( ω0t + δ ) 9.41

Para a solução acima a corrente elétrica será dada por:

I = I 0 cos ( ωt + δ ) = ωQ0 cos ( ωt + δ ) 9.42

onde

ω0 = LC 9.43

Um caso mais geral é aquele em que o circuito é alimentado por uma bateria ou por um
gerador de corrente. As fontes de corrente podem ser, portanto, fontes de corrente contínua ou
fontes de correntes alternadas.

9.7 Ressonância
Um dos aspectos interessantes desse tipo de circuito é a possibilidade de ocorrer o fenômeno
da ressonância. Tal fenômeno ocorre para circuitos de corrente alternada, quando a frequência
da corrente que alimenta o circuito se aproxima da frequência na-
tural de oscilação do sistema. Isso acarreta um grande número de
aplicaçoes desses circuitos. No caso de circuitos elétricos, podemos
fazer uso de um tal dispositivo para sintonizar uma estação de rádio,
amplificando o sinal através da variação da frequência natural de
Figura 9.8: Esquema de um Circuito
LC forçado. / Fonte: Cepa oscilação de um capacitor de capacitância variável.

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Suponhamos que uma fonte de tensão seja incorporada ao circuito. Admitamos que essa fonte
forneça uma tensão sob a forma:

V ( t ) V0 cos ( ωt + ϕ )
= 9.44

Nessas circunstâncias, decorrido algum tempo, a solução para a carga elétrica no capacitor
será da forma:

V0 1
=Q (t ) sen ( ωt + δ ) 9.45
L ω − ω0 2
2

enquanto a corrente elétrica no circuito depende do tempo de acordo com a expressão:


V0 ω 1
=I (t ) cos ( ωt + δ ) 9.46
L ω − ω0 2
2

Observe que, nesse caso, o sistema exibe oscilações forçadas.


Uma das consequências mais interessantes dos circuitos RLC alimentados por uma fonte é
a possibilidade de existir o fenômeno da ressonância.
Muitas vezes, a resposta de um sistema depende de uma forma crítica de determinadas
grandezas físicas. Algumas dessas grandezas são próprias do sistema (por exemplo, a frequência
natural com que ele oscila). Outras grandezas estão associadas a fatores externos (como a frequ-
ência de oscilações da fonte de corrente alternada). Muitas vezes, podemos alterar essas grande-
zas físicas de forma que maximize a resposta do sistema. De maneira geral, um sistema entra em
ressonância quando, ao variarmos o valor de uma determinada grandeza física, amplificamos
(ou maximizamos) a resposta do sistema.
Um sistema RLC exibe o fenômeno da ressonância, isto é, para
um determinado valor da frequência, o sistema responde de tal forma
que a corrente assume valores muito altos. No caso de um sistema
ideal (sem Resistência), a corrente seria infinita. Para sistemas reais a
amplitude é finita.
Figura 9.9: Esquema de um Circuito
RLC alimentado por uma fonte. /
Fonte: Cepa

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Admitimos, para simplificar, que inicialmente a carga no capacitor é nula e que nesse instan-
te uma corrente percorre o circuito. Nessas condições, temos:

Q0 ( 0 ) = 0
ωV0 1 9.47
=I (0) = IM
(
L ω0 − ω2
2
)

Vemos que, à medida que o valor da frequência da fonte se aproxima da frequência natural
de oscilação do sistema,

ω → ω0 9.48

a corrente máxima tende a infinito:

IM → ∞ 9.49

Dizemos que o sistema entrou em ressonância, pois nesse caso a corrente máxima atingiu o
valor máximo possível que as grandezas físicas poderiam permitir.

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