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DOS RESULTADOS DO RRF DE 2017

Em 2017 o estado do Rio de Janeiro habilitou-se à adesão do Regime de


Recuperação Fiscal (RRF) aprovado pela Lei Complementar Federal n° 159 de 2017

MEDIDAS DE AJUSTE

As medidas de ajuste perfazem os efeitos financeiros imputados em


decorrência do conjunto de leis que o Estado precisou aprovar para adesão ao RRF, bem
como, alguns outros efeitos tais quais o da redução de dívida previsto no art. 9° e a
suspensão da execução de contragarantias constante no art. 17, ambos, da LCF n°
159/2017.

Assim, para melhor organização, as medidas de ajuste foram categorizadas


em 3 grupos, sendo eles:

A. Medidas condicionantes a adesão ao RRF: trata-se das leis e obrigações de


fazer do Estado previstas no § 1° do art. 2º da LCF n° 159/2017;

B. Medidas adicionais: medidas adicionais necessárias ao alcance do equilíbrio


fiscal, tal como previsto no art. 17 do Decreto n° 9.109/2017;

C. Suspensão do pagamento de dívidas: refere-se à redução extraordinária de


que trata o art. 9° da LCF n° 159/2017 e da suspensão da execução de
contragarantias prevista no art. 17 da mesma lei. Também estão incluídas
neste grupo as operações de crédito previstas no art. 11 da LCF n° 159/2017.
A título ilustrativo, trouxemos a tabela a baixo para que fique claro quais
medidas se encaixam em cada categoria supramencionada.
DAS MEDIDAS A SEREM IMPLEMENTADAS: EXPECTATIVAS X
REALIDADE

De um total de R$ 37,4 bilhões em medidas de ajuste fiscal pactuadas no


Plano de Recuperação Fiscal, o estado do Rio de Janeiro implementou medidas com
impacto declarado de R$ 27,6 bilhões.
DAS MEDIDAS IMPLEMENTADAS

No mais, observa-se na tabela abaixo , o impacto obtido das medidas de


acordo com plano de recuperação fiscal era superior aos resultados esperados pela
execução do mesmo (3,7% acima do esperado), demonnstrando assim um exito no
tocante a execução das medidas do RRF.
DAS MEDIDAS NÃO IMPLEMENTADAS

Porém, a partir da análise da tabela posterior, observa-se que o conjunto das


medidas não implementadas gerou uma frustração total de R$ 10.771,2 milhões no
período de agosto de 2017 a maio de 2021, conforme a Tabela 4 abaixo:

RESULTADO NOMINAL

É a Diferença entre as receitas totais (inclusive de aplicações financeiras) e


as despesas totais (inclusive despesas com juros), em determinado período. 

Entre 2017 e 2020, o estado cumpriu as metas de resultado nominal para


todos os exercícios, exceto para 2019, conforme apresentado no Gráfico 6 abaixo.
DAS VEDAÇÕES

Dito isso, considerando os resultados das medidas do regime até agora


apresentados, o Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal do estado do
Rio de Janeiro (CSRRF-RJ) concluiu que o estado do Rio de Janeiro gerou uma
quantidade suficientemente satisfatória de compensação financeira para os atos que
violaram as vedações dispostas no art. 8° da Lei Complementar n° 159, de 2017,
compreendidos no período entre 5 de setembro de 2020 e 4 de junho de 2021, conforme
análise realizada no Processo SEI n° 12105.100305/2021-64.

DO ESTOQUE DE RESTOS A PAGAR

Os Restos a Pagar são despesas que já foram empenhadas, só que ainda


não foram pagas até o dia 31 de dezembro, ou seja, já tem o empenho, só falta o
pagamento. Ou seja, os restos a pagar são produtos e serviços recebidos que ainda não
foram pagos.

Podemos concluir que o estoque de RP diminuiu no período de vigência do


RRF passando de cerca de R$ 20,0 bilhões, em 2017, para cerca de R$ 14,4 bilhões em
2020

DA DÍVIDA CONSOLIDADA LIQUIDA

No entanto, o bom desempenho em alguns aspectos não foi suficiente para


reduzir os níveis de DCL (Dívida Consolidada Líquida) nem da relação DCL/RCL,
resultado de não pagamento dos encargos. A Dívida Consolidada Líquida do estado do
RJ passou de R$ 106 bilhões, em 2016/17, para R$ 172 bilhões em abril de 2021.
DA SUSPENSÃO AO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS: EXPECTATIVAS X
REALIDADE

Para fins de análise, optou-se por desagregar os valores referentes a


suspensão do pagamento de dívidas, ainda que constem como medida de ajuste de
grande impacto no equilíbrio fiscal no Plano de Recuperação Fiscal homologado.

De acordo com a Tabela abaixo, o Plano de Recuperação Fiscal previa como


medida de ajuste fiscal a suspensão do pagamento da dívida com a União e dívidas
garantidas pela União em cerca de R$ 29,3 bilhões, contudo, observou-se a suspensão
do pagamento de dívida em R$ 60 bilhões.

A diferença de R$ 30,7 bilhões se deveu a

A. imputação de multa e juros da decorrentes de renúncia pelo estado do Rio de


Janeiro ao direito em que se fundavam as ações judiciais que discutiam as suas
dívidas, obrigação prevista no § 3° do art. 3° da LCF n° 159/2017 para que
aderisse ao RRF e ao

B. descumprimento do teto de gastos previsto no art. 4° da Lei Complementar n°


156, de 28 de dezembro de 2016.
DA CONCLUSÃO DOS RESULTADOS DO RRF (2017)

Por fim, de acordo com o Relatório de Encerramento apresentado pelo


Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal do estado do Rio de Janeiro
(CSRRF-RJ), o mesmo concluiu que o Plano de Recuperação Fiscal homologado em 5
de setembro de 2017 atingiu parcialmente seus objetivos.

DA PERSPECTIVA FUTURA (NOVO RRF)

Conforme visto anteriormente, o RRF apesar de não ter ocorrido da maneira


como planejada inicialmente, e levando em conta ser um projeto novo no qual o estado
do rio de janeiro foi o pioneiro e único a aderir no ano de 2017 até 2020, teve impactos
positivamente significativos.

Somente Após o término da vigência do citado RRF por ser uma medida
totalmente nova, foi possível verificar e apurar alguns ajustes e correções a serem feitos
com relação as medidas e vedações do regime para que dessa maneira ele pudesse vir a
ser mais benéfico para o estado que o aplicou.

Dito isso, em virtude do regime anterior não ter sanado todos os problemas
financeiros do estado, o Governo do Estado do Rio de Janeiro apresentou nova versão
do Plano de Recuperação Fiscal (PRF).
DAS MUDANÇAS DO NOVO RRF

No dia 14 de janeiro de 2021 foi publicada a Lei Complementar 178/2021


que, entre outros dispositivos, altera a Lei Complementar 159/2017 e estabelece uma
série de novas regras e mudanças ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) dos estados.

Entre as principais alterações ao RRF introduzidas pelo LC 178, e que


tornam sua execução, a priori, viável, estão:

A. a ampliação do prazo de vigência do regime, passando de três anos


(prorrogáveis por mais três) para até nove anos (sem necessidade de
prorrogação);

B. o alongamento do prazo de pagamento da conta gráfica para 360 meses;

C. criação da figura da “inadimplência”, o que torna mais difícil a não execução


de medidas de ajuste previstas no PRF;
D. a necessidade de implementar medidas obrigatórias visando reformas
estruturais (entre as quais destacam-se a previdenciária, a administrativa e a
criação de um teto de gastos estadual) e;

E. a maior flexibilidade para afastar as vedações impostas pelo regime, desde que
haja previsão no PRF.

Dessa forma, considerando as novas alterações conferidas pela supracitada


LC, os estados em situação fiscal crítica ganham um novo horizonte para o ajuste de
suas contas.

DO NOVO PRF

A nova versão do PRF contém indicadores de equilíbrio fiscal mais


condizentes com os propósitos do RRF que a versão anterior. O aperfeiçoamento em
relação ao anterior apresentado anos antes se deu em duas alterações:

A. retirou-se a previsão de revisão geral anual (RGA) dos salários dos servidores
estaduais a partir de 2023 e

B. deixou-se de prever inscrição substancial de restos a pagar no último ano do


Regime, como resultado do espaço fiscal aberto pela menor previsão de
despesas com o funcionalismo.
DA APROVAÇÃO DO NOVO PRF

A STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e o Conselho de Supervisão para o


RJ (CSRRF) aprovaram a nova versão do PRF, porém com ressalvas no seguinte
sentido:

1. o Plano precisará ser revisto para incluir novas medidas de ajuste, caso ocorram
desvios significativos nas trajetórias de receita ou de despesa previstas, incluídas
ações judiciais pendentes de julgamento;
2. pelo PRF, o equilíbrio das contas ocorre no último ano de vigência do Regime
de Recuperação Fiscal (RRF), decorrente de diminuição considerável dos
investimentos;
3. o Plano se fundamenta tanto em margem pequena de segurança das projeções,
capazes apenas de absorver pequenos desvios negativos das variáveis
macroeconômicas, quanto em ausência de correção monetária de salários após
2023;
4. o fluxo de caixa durante a vigência do RRF depende do êxito da estratégia de
securitização da dívida ativa do Estado e do acréscimo da receita proveniente do
ICMS, dos royalties e das participações especiais decorrentes de maior
fiscalização de empresas do setor petrolífero, cujo resultado é incerto.
 

Divergindo da avaliação feita pela STN, a Procuradoria-Geral da Fazenda


Nacional (PGFN) acabou por concluir que a nova versão do PRF não atendia requisitos
legais do RRF, uma vez que a legislação estadual carecia de mais alterações para fins
de:

A. eliminar o adicional por tempo de serviço do Regime Jurídico dos Servidores


Estaduais, e;

B. eliminar exceções de despesas primárias não previstas na legislação federal, a


exemplo de investimentos. 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?
p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO_ANEXO:14060

https://blogdoibre.fgv.br/posts/regime-de-recuperacao-fiscal-dos-estados-alteracoes-
feitas-pela-lc-178-e-suas-implicacoes

https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/estados-e-municipios/regime-de-
recuperacao-fiscal-rrf

https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/estados-e-municipios/regime-de-recuperacao-
fiscal-rrf/notas-de-imprensa/analise-da-nova-versao-do-plano-de-recuperacao-fiscal-do-
rio-de-janeiro-pelo-tesouro-nacional-1
https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/estados-e-municipios/regime-de-recuperacao-
fiscal-rrf/planos-de-recuperacao-fiscal-dos-estados/novo-plano-de-recuperacao-fiscal-
do-rio-de-janeiro/informacoes-gerais

https://www.cnnbrasil.com.br/business/rio-de-janeiro-e-uniao-assinam-acordo-de-
recuperacao-fiscal/

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/cdf/article/view/59553

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