Você está na página 1de 2

TIETA DA AGRESTE

“Fogosa pastora de cabras e namoradora de homens, a adolescente Tieta é


surrada pelo pai e expulsa de Santana do Agreste graças à delação de suas
aventuras eróticas por parte da irmã mais velha, a pudica e reprimida Perpétua.
Um quarto de século depois, rica quarentona, Tieta retorna em triunfo ao vilarejo,
no interior da Bahia. Com dinheiro e influência política, ajuda a família e traz
benefícios à comunidade, entre eles a luz elétrica.
Para os parentes e amigos de Agreste, Tieta enriqueceu no sul ao se casar com
um industrial e comendador. Mas aos poucos o narrador vai plantando no leitor
a dúvida, o descrédito, até revelar a história oculta da protagonista: Tieta se
prostituíra e virara cafetina em São Paulo, razão de sua riqueza e de seu trânsito
entre os poderosos. Nesse acerto de contas com o passado, ela acaba se
envolvendo na acirrada disputa em torno do futuro do lugarejo.
Publicado em 1977, o romance foi adaptado com sucesso para a televisão e o
cinema. A narrativa descontínua, feita de avanços, recuos e mudanças do ponto
de vista, atesta a maturidade literária de Jorge Amado e mantém até hoje o
impacto e o frescor.”

Tieta do Agreste, publicado em 1977, é uma das mais populares obras de Jorge
Amado, autor baiano, que criou personagens sensuais engajando críticas
político-sociais sobre o cenário nacional e especial baiano, seja na capital
baiana, Salvador, ou no interior do estados nos campos cacaueiros,
exportando a cultura nacional, a partir daí considerado “embaixador
simbólico do Brasil”.

Antonieta Esteves Cantarelli, apelidada de Tieta, era pastora de cabras


quando foi expulsa pelo seu pai e volta ao lar anos depois, como é dito na
sinopse, em busca de redenção e justiça, para fazer as pazes com a
família, incluindo Perpétua, sua irmã gananciosa e beata solteirona.

A chegada de Tieta na pequena cidade de Santana do Agreste vai gerar grande


rebuliço, Tieta tem grandes pretensões: levar luz elétrica para a cidade, já
que esta era considerada” viúva” rica vinda de Sampa.

Um dos temas fortes no livro é meio-ambiente e desenvolvimento, em um


certo momento da história a Brastânio, uma empresa de dióxido de titânio,
ameaça se instalar nos arredores de Mangue Seco (praia próxima à
cidade) e destruir os manguezais, a população se divide e discussões
políticas começam, retratando as peculiaridades da política nacional como
um todo e em plena ditadura Jorge dá alfinetadas ao regimento militar.

Antonieta criou um próprio personagem para a sua vida, viúva rica,


enquanto na verdade é dona de um bordel, ela precisa desse disfarce para
se aproximar de sua família. Configurando assim, uma das críticas de Jorge
quanto a autoaceitação. Além disso, Tieta volta a povoar as fantasias dos homens
e vive uma relação incestuosa com seu sobrinho, o seminarista Ricardo.

Nesse extenso panorama de costumes e de aceleradas transformações,


muitas histórias, vividas por numerosos personagens, somam-se à trama central.
A narrativa inclui intervenções do autor, diálogos apimentados que
registram a fala da região e descrições de hábitos e histórias tradicionais.
Relações de poder e corrupção, religiosidade, liberação sexual, moda
e consumo, conflito entre progresso e preservação ambiental são assuntos
que, incorporados ao enredo do livro, ganham tratamento crítico bem-
humorado. Essa combinação faz de Tieta uma narrativa experimental e
inovadora.

Você também pode gostar