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MINIONU

A Guerra na Ucrânia e tensões na Síria e Afeganistão

Dàjiā hǎo, wǒ shì zhōngguó dàibiǎo, jīntiān wǒ yào tán tán wǒ de guójiā.

1. Apresentação geral do país;

 Oficialmente chamada de República Popular da China;


 Milenar (por volta de 5000 a.C);
 Porção oriental do continente asiático;
 Vasto território (terceiro maior do mundo);
 Faz fronteira com 14 países asiáticos (22 mil km de fronteiras);
 Banhada pelo oceano pacífico;
 Capital é Pequim (Beijing);
 Cidade mais habitada Xangai;
 O país tem como língua oficial o Mandarim;
 Cima temperado;
 Vegetação ( floresta temperada, vegetação desértica, de coníferas, de
estepes)
 Relevo planícies e planaltos baixos ao leste e planatos elevados e
montanhas no oeste.
 Rio amarelo e Yang-tzé (rio azul)
 A moeda utilizada é o Renminbi ;
 É dividida entre: Regiões autônoma (5), municípios (4), províncias
(23) e regiões administrativas especiais (RAE) (2);
 5.000 ilhas (Taiwan é a maior)
 Uma das maiores construções do mundo ( a muralha da china, com
mais de 21.000 kl de extensão, 220 a.C e 206 a.C)
 Era baseado em um sistema de dinastias (dinastia Qing, a última,
durou mais de 260 anos);
 Guerra Civil Chinesa (1946-1949) – (nacionalistas x comunistas);
 Mao-Tsé-Tung fundou a República Popular da China e governou
até falecer em 1976;
 Atualmente, a China é liderada por Xi Jinping;
 República Socialista Unipartidária (Partido Comunista Chinês o
único partido); 
 Bandeira vermelha com cinco estrelas amarelas (a maior
representa o partido comunista e as pequenas a população)
 É o país que possui um dos maiores índices de crescimento
econômico;
 É a segunda maior economia do mundo ficando atrás apenas dos
Estados;
 O país está em primeiro lugar no ranking de exportações e ocupa o
segundo lugar no ranking de importações;
 Principais atividades econômicas: indústria de bens de consumo,
agricultura, mineração, indústria tecnológica e setor de serviços;
 Potencial para exportação de manufaturados;
 O produto interno bruto (PIB) cresce cerca de 10% ao ano e as
riquezas produzidas somam mais de US$ 12 trilhões;
 É uma das melhores opções para quem deseja fazer investimentos
estrangeiros;
 A China é o país mais populoso do mundo;
 Cerca de um 1,4 bilhão de habitantes (cerca de um quinto da
população mundial);
 Por causa do crescimento populacional passou a ter sérios problemas
urbanos: aumento da poluição do ar, devastação do meio
ambiente, escassez de recursos minerais e alto índice de
ocupação das províncias (aumentando a desigualdade social);
 Política de filho único (1980);
 Baixa natalidade e envelhecimento da população;
 A maioria do povo chinês pertence à etnia han, porém em todo o
território foram identificadas mais de 56 etnias diferentes;
 Organizações mundiais: Organização Mundial do
Comércio (OMC), Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
(APEC), BRICS, Organização das Nações Unidas (ONU);
 É o país que mais polui no mundo, não possui políticas ambientais
estabelecidas, mas é o país que mais investe na questão ambiental,
energia limpa e desenvolvimento sustentável;
2. A posição de cada país durante a Guerra Fria;

Após a Segunda Guerra Mundial, a China - que havia tido parte do seu
território ocupado pelo Japão - foi dividida por uma guerra civil. De um
lado do conflito, estava o Partido Comunista, que criticou a grande
desigualdade social existente no país e, com isso, ganhou milhões de
adeptos entre os camponeses; do outro lado, estava o Partido Nacionalista,
que, além de desaprovar o comunismo por ser uma ideologia contrária aos
valores tradicionais chineses, tinha o apoio dos Estados Unidos, que
temiam a expansão da influência da URSS na Ásia.

Mesmo sem contar com o apoio direto da União Soviética, os comunistas


chineses, liderados pelo jovem Mao Tsé-Tung, tomaram o controle do país
em 1949. Para que isso fosse possível, os comunistas procuraram mobilizar
os camponeses, que, partindo da zona rural, cercaram as principais cidades
do país, forçando as lideranças do Partido Nacionalista a fugirem do
território chinês. Muitas dessas lideranças acabaram indo para a Taiwan,
ilha que se declarou independente e foi considerada inimiga por parte do
governo chinês.

Após ser nomeado líder da República Popular da China, Mao Tse-Tung


adotou medidas que visavam a aumentar o controle do Estado sobre a
produção. Dessa forma, o líder chinês assumiu o controle sobre algumas
empresas privadas, realizou uma reforma agrária e criou metas a serem
atingidas pelos camponeses do país. Além disso, promoveu uma reforma
educacional que objetivava orientar os jovens do seu país a seguirem o
governo maoísta. Tal reforma fazia parte de uma série de medidas, que
incluía forte propaganda pró-governo, denominadas Revolução Cultural,
que visava a neutralizar qualquer tipo de oposição. Se, em um primeiro
momento, a vitória dos comunistas na China parecia ter representado a
expansão da influência da URSS, logo no final da década de 1950, essa
impressão se desfez. Isso porque chineses e soviéticos tinham planos
econômicos diferentes, disputavam pelo protagonismo de país referência do
comunismo e discordavam em estratégias de posicionamento internacional.
Essas divergências ficaram mais evidentes após a morte de Stálin em 1953.
Essa ruptura acabou fazendo mal ao bloco comunista em sua totalidade,
afinal, as duas maiores nações orientadas pela ideologia comunista não
conseguiam auxiliar uma à outra, tornando-se vulneráveis às pressões do
bloco capitalista.

3. As causas do conflito na Ucrânia de acordo com a visão


de cada país;

"Em face das mudanças do mundo, dos tempos e da história, a China


trabalhará com a Rússia para cumprir suas responsabilidades como grandes
nações e desempenhar um papel de liderança em injetar estabilidade em um
mundo de mudanças e de desordem", acrescentou Xi.

A China se absteve de condenar a operação da Rússia contra a Ucrânia ou


chamá-la de “invasão”, em linha com o Kremlin, que classifica a guerra
como “uma operação militar especial”.

Embora a Rússia e a China tenham sido rivais no passado e tenham


travado guerras, Putin e Xi compartilham uma visão de mundo que vê o
Ocidente como decadente e em declínio, assim como a China desafia a
supremacia dos Estados Unidos.

“Diante das mudanças no mundo, em nossos tempos e na história, a


China está disposta a trabalhar com a Rússia para desempenhar um papel
de liderança na demonstração da responsabilidade das grandes potências
e instilar estabilidade e energia positiva em um mundo em turbulência”,
Xi disse a Putin.

A China assinou, nesta quarta-feira (16), uma declaração da cúpula do


G20 que “condena veementemente” a guerra na Ucrânia, em mais um
ato de distanciamento de Pequim em relação a Moscou. (novembro)

“A maioria dos membros condenou veementemente a guerra na


Ucrânia e enfatizou que ela está causando imenso sofrimento humano e
exacerbando as fragilidades existentes na economia global”, diz o texto.

Ainda nesta semana, o autocrata chinês, Xi Jinping, já tinha dado indício de


afastamento da Rússia, em reunião bilateral com o presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, paralela ao G20.
Segundo nota oficial da Casa Branca, Xi e Biden “reiteraram seu acordo
de que uma guerra nuclear nunca deverá ser lutada” e “sublinharam a sua
oposição ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia”.

Na ONU, a larga maioria dos países condenou a Rússia e sublinhou o risco


que a guerra na Ucrânia representa para a paz mundial. A China absteve-se.
Expressando preocupações com a expansão da NATO e a segurança
fronteiriça da Rússia, afirma-se neutra. A principal razão radica num desejo
de catalisar a mudança para um mundo no qual os EUA deixem de ser a
superpotência preeminente. E, quanto maior for o foco dos EUA na Europa,
menos tempo devotarão ao Extremo-Oriente, diminuindo destarte a pressão
para travar a ascensão da China. Existe ainda a tentação de aproveitar a
situação de fragilidade económica do seu "principal parceiro
estratégico" para fazer entrar capital chinês em relevantes empresas russas
de petróleo, gás, cobre, níquel, alumínio e outras.

4. Posicionamento de cada país na Guerra na Síria;

A China tem se mantido reservada na tensão internacional em torno da


ameaça de lançamento de mísseis sobre alvos sírios, em retaliação a um
ataque com gás tóxico contra a população civil, supostamente ordenado
pelo presidente Bashar al-Assad.

Como em outras oportunidades, o Ministério do Exterior em Pequim se


manifestou "fundamentalmente contra o emprego de violência na solução
de conflitos internacionais", além de exigir uma "investigação justa e
objetiva" sobre a eventual ofensiva com armas químicas.

No tocante à Síria, o Conselho de Segurança da ONU se vê dividido entre


Rússia e Estados Unidos. A China, por sua vez, tem apoiado os vetos
russos para evitar sanções contra Assad, quer abstendo-se, quer com seu
próprio veto.

Mesmo após o ataque com gás tóxico ao enclave rebelde de Duma, a


nordeste de Damasco, no último fim de semana, pelo qual o Ocidente
responsabiliza Assad, nesta terça-feira (10/04) os chineses se posicionaram
do lado de Moscou no Conselho de Segurança.
"A Rússia iniciou uma investigação independente no Conselho de
Segurança, também apoiada pela China. Na iniciativa dos EUA, a China se
absteve, pois não tem conhecimento sobre o que está acontecendo
exatamente na Síria", afirma Yin Gang.

Ainda assim, segundo o especialista, Pequim vai "se empenhar pela justiça
no contexto das Nações Unidas, por exemplo, quando se tratar de armas
químicas", mas somente se houver "provas claras" da utilização destas.

O governo chinês também se pergunta se, do ponto de vista de Assad, faria


sentido empregar armas químicas numa área onde está prestes a assumir o
controle total.

Segundo o especialista da CASS, Pequim não é nem participante nem tem


interesses no conflito da Síria. "Para que fique claro: a China não está em
condições nem vê necessidade de participar da solução."

Entretanto, em agosto de 2016 pareceu ocorrer uma virada na política


chinesa de manter-se fora do conflito: a visita à Síria de uma delegação
militar de alto escalão, liderada pelo contra-almirante Guan Youfei,
surpreendeu observadores internacionais. Na ocasião, assegurou-se ajuda
militar reforçada ao Exército sírio.

Com isso, a teimosa insistência chinesa em apoiar Assad também se provou


um sucesso, no fim das contas. Um motivo para essa política - além dos
investimentos chineses na indústria petrolífera e infraestrutura, entre outros
setores - poderia ser o papel do dirigente sírio na luta contra "terroristas".

Segundo diversas fontes, vários milhares de uigures de Xinjiang se


encontrariam na Síria, fugindo de represálias chinesas. Outros, porém,
estariam preparando ataques contra alvos da China a partir do país árabe.
Assim, o atentado suicida contra a embaixada chinesa no Quirguistão em
setembro de 2016 seria obra de uigures operando na Síria. Segundo o New
York Times, o ataque teve apoio financeiro da facção dissidente da Al
Qaeda Jabhat Fatah al-Sham (antiga Frente Nusra).

Em todo caso, Pequim aposta em Assad, de seu ponto de vista o chefe de


governo "legítimo", que não deve ser derrubado com violência armada.

"A oposição síria esteve em Pequim, vários anos atrás. Eram, por exemplo,
professores convidados nos EUA, Reino Unido, França, representantes de
ONGs, e assim por diante. Eles não tinham nada a ver com armas. Nenhum
deles tinha influência sobre a ocorrência ou não de uma guerra. Hoje, a
China não convida mais esses representantes, ela suspendeu a cooperação."

5. Posicionamento de cada país nas recentes tensões no


Afeganistão;

“Os talibãs no Afeganistão representam uma força política e militar


fundamental e desempenharão um papel importante no processo de paz,
reconciliação e reconstrução”, disse Wang em um comunicado distribuído
por seu ministério.

O titular das Relações Exteriores reiterou o que Pequim espera dos talibãs:
que contenham o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM na
sigla em inglês), um grupo radical uigur que a China acusa de estar ativo na
região de Xinjiang e de querer perpetrar atos terroristas para conseguir a
independência desse território, lar dessa minoria étnica de religião
muçulmana. O ETIM, enfatiza o comunicado, representa uma “ameaça
direta à segurança nacional da China”.

“A delegação afirmou à China que não permitirá que ninguém use o


território afegão contra a China”, declarou o porta-voz do Talibã,
Mohammed Naeem, citado pela agência Reuters. “A China também
reiterou seu compromisso de continuar sua assistência aos afegãos e disse
que não interferirá nos assuntos do Afeganistão, mas ajudará a resolver os
problemas e o restabelecimento da paz no país”.

O interesse de Pequim é duplo. Um Afeganistão desestabilizado pode servir


de refúgio para radicais uigures, como já aconteceu no passado, e facilitar
que grupos terroristas possam cometer atentados em Xinjiang,
precisamente quando a China considera que o sucesso de sua campanha de
reeducação entre a minoria muçulmana, que vem realizando desde 2016,
permitiu que não fossem detectados atos de violência extremista naquela
região nos últimos cinco anos. O atentado no início deste mês contra um
ônibus em que morreram nove engenheiros chineses que trabalhavam na
construção de uma barragem no Paquistão aumentou essas preocupações.

A China, que já está construindo ali uma rodovia entre Peshawar, na


fronteira paquistanesa, e Kandahar, poderia assim conectar Cabul ao
projeto mais importante da iniciativa, o Corredor Econômico China-
Paquistão, e abrir uma via de acesso terrestre a mercados como Irã,
Turquistão e Uzbequistão, na Ásia Central.

A China propôs um plano de paz de três pontos para o Afeganistão, e na


semana passada nomeou um novo enviado especial para as negociações, o
diplomata Yue Xiaoyong, em um sinal de que pretende um papel de maior
relevância no processo. O plano quer evitar uma escalada do conflito no
país da Ásia Central, restabelecer as negociações entre as facções afegãs
para conseguir a reconciliação política e evitar que grupos terroristas
possam tirar proveito da situação para se estabelecerem em seu território,
como fez a Al Qaeda nos anos noventa.

6. Crime de Guerra e Direitos Humanos;

A Comissão de Direitos Humanos da ONU publicou nesta quarta-feira (31)


um relatório em que afirma que houve graves violações dos direitos
humanos da minoria étnica uigure na China e que crimes contra a
humanidade podem ter ocorrido no país. O relatório foi publicado no
último dia em que a comissária Michelle Bachelet esteve à frente da
entidade.
A publicação do documento foi encarada com "extrema insatisfação" pelos
chineses. "O relatório é baseado na suposição de culpa, usa informações
falsas e é uma farsa planejada pelos Estados Unidos, nações ocidentais e
forças anti-China", disse Liu Yuyin, porta-voz da Missão Permanente em
Genebra, em comunicado.
Em 2018, uma fonte anônima entregou documentos a um investigador alemão,
Adrian Zenz, que fez acusações contra o governo chinês em que afirmava que
mais de um milhão de uigures haviam sido internados em centros de reeducação
política.
Segundo o jornal “New York Times”, o regime restringe o tipo de língua que
pode ser falada, a religião e a cultura, e há discriminação contra minorias, que têm
mais dificuldades para conseguir empregos.
Há cerca de 12 milhões de uigures, a maioria muçulmanos, vivendo em
Xinjiang. A ONU disse que membros não-muçulmanos da etnia também
podem ter sido afetados pelos abusos apontados no relatório.
No início deste ano, a BBC teve acesso a arquivos que revelaram um
sistema organizado de estupro em massa, abuso sexual e tortura contra
muçulmanos uigures em campos de detenção.

O governo chinês, que teve acesso ao relatório da ONU com antecedência,


nega as acusações e argumenta que os campos de detenção são uma
ferramenta para combater o extremismo islâmico. Pequim acusa militantes
uigures de planejarem a formação de um Estado indepedente através de
bombardeios, sabotagem e distúrbios cívicos.
A China também rejeita as acusações de que está tentando reduzir a
população uigur por meio de esterilizações em massa e diz que as
alegações de que a minoria sofre trabalho forçado são "completamente
fabricadas".

7. Consequências globais (economia) das Guerras atuais;

Ucrânia

O jornal britânico The Guardian enumerou como principais inquietações


dos chineses a crise econômica deflagrada pelo conflito e a ameaça de
Moscou lançar uma guerra energética total contra a Europa.

Ainda assim, Pequim está perturbada com o impacto na economia global


e tem tido o cuidado de não dar apoio material à Rússia que possa
desencadear sanções ocidentais à própria economia chinesa.

O documento ainda afirma que o conflito está “restringindo o crescimento,


aumentando a inflação, interrompendo as cadeias de abastecimento,
aumentando a insegurança energética e alimentar e elevando os riscos à
estabilidade financeira”.

A invasão da Ucrânia pela Rússia  afetará toda a economia global ao


desacelerar o crescimento e aumentar a inflação, e pode remodelar
fundamentalmente a ordem econômica global a longo prazo, disse
o Fundo Monetário Internacional (FMI)  na última terça-feira (15).

Além do sofrimento humano e dos fluxos históricos de refugiados,


a guerra está elevando os preços de alimentos e energia, incitando a
inflação e corroendo o valor da renda, ao mesmo tempo em que afeta o
comércio, as cadeias de suprimentos e as remessas em países vizinhos à
Ucrânia, afirmou o FMI em um post em seu site.

Também está minando a confiança empresarial e provocando incertezas


entre os investidores, o que reduzirá os preços dos ativos, apertará as
condições financeiras e poderá desencadear saídas de capital de mercados
emergentes, acrescentou.

A guerra na Ucrânia está a prejudicar economicamente a China. A China


importa mais petróleo do que qualquer outro país e o conflito na Ucrânia
elevou os preços para os níveis mais altos desde 2008. E precisa de energia,
metais e minerais, bem como de produtos agrícolas para a sua economia.
Quer a Rússia quer a Ucrânia são grandes fornecedores de trigo e outros
produtos alimentares; a ONU alertou que, dependendo de quanto tempo
durar, a guerra pode elevar os preços dos alimentos entre 8% e 20% este
ano. Todos estes produtos de base encareceram com a guerra.

Em termos de trocas internacionais, em 2021 o comércio da China atingiu


756 mil milhões de dólares (mM$) com os EUA e 828 mM$ com a UE, e
apenas 147 mM$ com a Rússia. A globalização foi benéfica para o
desenvolvimento económico da China. Não obstante o crescimento do
mercado doméstico, a economia chinesa continua muito dependente dos
mercados de exportação. Além disso, as empresas americanas e europeias
continuam a ser uma importante fonte de investimento, fornecendo ainda
acesso a inovação e tecnologia de vital importância para a China.

A disrupção desta guerra no funcionamento do corredor terrestre euro-


asiático da BRI não será pequena. Se a opinião pública europeia percecionar
a China como aliado ou protetor da Rússia, as consequências disso para as
empresas chinesas e os produtos chineses nos mercados europeus podem ser
graves.

Esta guerra veio confirmar que a UE é um dos polos essenciais do mundo.


A sua relevância económica e financeira é clara. O seu soft power é grande,
a atratividade como modelo de sociedade é enorme. O aumento das
despesas militares nos próximos anos transformá-la-á numa superpotência
militar. As sanções ora aplicadas à Rússia mostram que no plano financeiro
o mundo está longe de ser multipolar e alguns bancos e empresas estatais
chinesas entenderam bem os riscos subjacentes.

Com as opiniões públicas europeia e americana incendiadas com a agressão


da Rússia à Ucrânia, talvez seja o momento de a China ponderar se deve
prolongar esta situação de neutralidade colaborante com a Rússia. É que
tem muito a perder e pouco a ganhar.

 A atividade econômica na Ucrânia provavelmente se contrairá em mais de


um terço neste ano, agravando a crise humanitária em rápida escalada. A
guerra já causou mais de 750 baixas civis e levou 1.5 milhão de ucranianos
a fugir para países vizinhos, com outros milhões em movimento
internamente.
Embora a Rússia não esteja enfrentando sofrimento humano em larga
escala ou destruição física, sua economia deverá também se contrair em
cerca de um terço, devido à severidade sem precedentes das sanções sob as
quais se encontra agora. Em particular, o congelamento dos ativos do banco
central e a exclusão do Swift, de bancos russos selecionado, o sistema de
mensagens financeiras que permite a maioria dos pagamentos bancários
internacionais, estão deixando a economia de joelhos, com “autossanções”
por parte de famílias e empresas, da Apple à British Petroleum, agravando
o dano.
A Rússia está agora caminhando na direção de severas restrições cambiais,
escassez maciça de bens, um rublo em colapso, atrasos crescentes e a
expectativa entre as famílias de que as coisas vão piorar antes de melhorar. 

Por sua vez, a Rússia terá muita dificuldade em restabelecer os vínculos


econômicos, financeiros e institucionais com o mundo exterior,
particularmente com o Ocidente. 
O Ocidente já começou a sentir a reação “estagflacionária”. As pressões
inflacionárias existentes serão agravadas pelo aumento dos preços das
commodities, incluindo energia e trigo. Enquanto isso, começou outra
rodada de interrupções na cadeia de suprimentos e os custos de transporte
estão aumentando novamente. Rotas comerciais interrompidas
provavelmente atrasarão ainda mais o crescimento.

No geral, os EUA terão desempenho melhor que a Europa, que


provavelmente entrará em recessão, devido à maior resiliência e agilidade
interna da economia americana.
As perdas financeiras serão maiores na Europa, com certos setores —
notadamente alguns bancos e empresas de energia — sendo duramente
atingidos.
Alguns produtores de commodities podem ganhar o suficiente com os
preços mais altos de exportação para compensar as perdas causadas pelo
menor crescimento global. Mas um número muito maior de países
enfrentará pressão de várias fontes, incluindo adversos termos de comércio,
fluxos migratórios, dólar americano fortalecido, demanda global reduzida e
instabilidade do mercado financeiro.
Os importadores de commodities terão dificuldades para lidar com os
súbitos e generalizados aumentos de preços, que são difíceis de repassar
aos consumidores e de subsidiar. O potencial impacto poderia incluir mais
reestruturações de dívidas. A menos que os formuladores de políticas
busquem respostas oportunas, as economias mais fracas enfrentam a
perspectiva de conflitos para obter alimentos.

Afeganistão

Além dos interesses econômicos no Afeganistão - a China ainda tem


esperança de extrair cobre na região de Mes Aynak, no Afeganistão -,
Pequim também teme que grupos islâmicos que operam na região de
Xinjiang, no oeste da China, ganhem força.
"Os chineses estão interessados em fazer contraterrorismo no Afeganistão,
devido às atividades de grupos extremistas uigures em Xinjiang e no
Partido Islâmico do Turquestão (uma organização islâmica fundada por
jihadistas uigures)", explica Seth Jones.

A China, que compartilha uma pequena fronteira com o Afeganistão, teme


que, com o Talebã assumindo o controle de todo o país, grupos islâmicos se
fortaleçam e possam cruzar a fronteira, criando ainda mais problemas na
província de Xinjiang.
Nos últimos anos, Xinjiang ganhou as manchetes por acusações de
genocídio contra o povo uigur - denúncias que Pequim chamou de
absurdas.
Mas, além das preocupações com a segurança, a China há muito mostra
interesse em fazer contrapeso aos Estados Unidos na região.
"A saída dos EUA do Afeganistão, junto com seus drones e seu aparato de
inteligência, é boa notícia para os chineses, porque significa uma coisa a
menos com que se preocupar", diz Jones.

Desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em abril


a retirada total das tropas americanas do Afeganistão, tem-se falado muito
sobre como a China poderia aproveitar o momento para preencher o vácuo
deixado pelos Estados Unidos e expandir sua presença e influência ali.

Wang declarou que o Talibã “desempenharia um papel importante no


processo de reconciliação pacífica e reconstrução no Afeganistão”.

Mas para a China, os desafios de segurança colocados pelo retorno


abrupto do Talibã são muito mais prementes do que quaisquer interesses
estratégicos no futuro.

“A China não tende a ver o Afeganistão pelo prisma das oportunidades;


trata-se quase inteiramente de administrar ameaças”, disse Andrew Small,
pesquisador do German Marshall Fund em Washington, em entrevista ao
Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Há muito tempo Pequim desconfia da presença militar americana no


Afeganistão, que compartilha uma fronteira de 80 quilômetros com a
região oeste da China de Xinjiang, no final do estreito Corredor Wakhan.

A China está particularmente preocupada com a possibilidade de o


Afeganistão se tornar uma base para terroristas e extremistas que lutam
pela independência da região predominantemente muçulmana de
Xinjiang. Em resposta, o Taleban prometeu que “nunca permitiria que
nenhuma força usasse o território afegão para se envolver em atos
prejudiciais à China”.

Nos últimos anos, a China investiu pesadamente na Ásia Central por meio
de seu programa de infraestrutura e comércio de Belt and Road. Um efeito
de transbordamento da ascensão do Talibã ao poder sobre os militantes
islâmicos poderia ameaçar os interesses econômicos e estratégicos
chineses na região em geral.

“O governo chinês teme o efeito inspirador de seu sucesso no


Afeganistão para a militância em toda a região, incluindo o Talibã do
Paquistão.”

Mas Pequim também sinalizou que não tem intenção de enviar tropas ao
Afeganistão para preencher o vácuo de poder deixado pelos EUA, como
sugeriram alguns analistas.

“O máximo que a China pode fazer é evacuar os cidadãos chineses se


ocorrer uma crise humanitária maciça, ou contribuir para a reconstrução e
o desenvolvimento pós-guerra, impulsionando projetos sob a proposta da
China Belt and Road Initiative (BRI) quando a segurança e a estabilidade
forem restauradas no país dilacerado pela guerra “.

“Esta derrota dos EUA é uma demonstração mais clara da impotência dos
EUA do que a Guerra do Vietnã – os EUA são de fato como um ‘tigre de
papel’.”

Em vez de seguir os passos dos EUA, a China provavelmente adotará uma


abordagem pragmática em relação ao Afeganistão. Ao divulgar a visita da
delegação do Talibã à China no mês passado, Pequim está enviando a
mensagem de que está disposta a reconhecer e negociar com um governo
talibã, desde que seja adequado aos seus interesses.

Nesta segunda-feira (16), o Ministério das Relações Exteriores da China


disse que espera que o Talibã possa cumprir suas promessas de garantir a
“transição suave” da situação afegã e “conter todos os tipos de atos
terroristas e criminosos”.
“A situação no Afeganistão sofreu grandes mudanças, nós respeitamos a
vontade e a escolha do povo afegão”, disse o porta-voz do ministério Hua
Chunying em uma entrevista coletiva.

Siria

A Guerra Civil Síria tem mais de 10 anos de duração, e a extensão desse


conflito tem deixado o país em ruínas. A infraestrutura básica do país,
como estradas, rede de hospitais, escolas, entre outros, foi destruída. Isso
afeta diretamente a economia e a qualidade de vida da população síria.
Milhões de pessoas ficaram sem acesso a um sistema de saúde e milhões de
crianças abandonaram as escolas, prejudicando o seu futuro.
Além da destruição material, é importante mencionar
o empobrecimento da população, que, em um país arrasado pela guerra,
viu sua situação de vida se degradar cada vez mais. Além disso, mais da
metade da população do país hoje depende de ajuda humanitária para
sobreviver, pois itens básicos à sobrevivência, como alimentos, estão em
falta.
A guerra também causou milhares de mortos e fala-se que, até o final de
2020, quase 600 mil pessoas morreram. Além disso, outras 13 milhões de
pessoas abandonaram suas casas para garantir sua sobrevivência. Mais da
metade delas migraram de região na própria Síria, e mais de 5 milhões de
pessoas fugiram do país.
Não se sabe quando a guerra terá fim, uma vez que as intervenções
estrangeiras seguem alimentando o conflito. Além disso, nenhum dos lados
envolvidos parece disposto a baixar armas, o que deixa a Síria com o seu
futuro bastante ameaçado.
8. Conclusão: parcerias e alianças para soluções (ODS 16 da
Agenda 2030).
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso àjustiça para todos e todas e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

Meta 16.1. Reduzir significativamente todas as formas de violência e as


taxas de mortalidade relacionada em todos os lugares

Meta 16.2. Acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de


violência e tortura contra crianças

Meta 16.3. Promover o Estado de Direito, em nível nacional e


internacional, e garantir a igualdade de acesso à justiça para todos

Meta 16.4. Até 2030, reduzir significativamente os fluxos financeiros e de


armas ilegais, reforçar a recuperação e devolução de recursos roubados e
combater todas as formas de crime organizado

Meta 16.5. Reduzir substancialmente a corrupção e o suborno em todas as


suas formas

Meta 16.6. Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes


em todos os níveis 30

Meta 16.7. Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa


e representativa em todos os níveis

Meta 16.8. Ampliar e fortalecer a participação dos países em


desenvolvimento nas instituições de governança global

Meta 16.9. Até 2030, fornecer identidade legal para todos, incluindo o
registro de nascimento

Meta 16.10. Assegurar o acesso público à informação e proteger as


liberdades fundamentais, de acordo com a legislação nacional e os acordos
internacionais.

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