Você está na página 1de 8

1 Introdução Para muitos propósitos, é conveniente termos à dis-

posição a noção de um conjunto sem elementos, ao qual


Intuitivamente, podemos entender um conjunto como uma nos referiremos como o conjunto vazio. Ele pode ser pen-
coleção de objetos, sendo esses objetos reais ou abstratos. sado como o resultado de uma especicação de elementos
Alguns exemplos de conjuntos são: contraditória, como por exemplo
• O conjunto de todos os estados do Brasil. {inteiros que são pares e ı́mpares}.
• O conjunto das estrelas de uma constelação. Denotaremos o conjunto vazio por ∅ ou { }.

• O conjunto de todos os estudantes da sua escola.


1.1 Equivalência e igualdade entre dois
• O conjunto de todos os inteiros pares. conjuntos
Observe que os três primeiros exemplos tratam de objetos Dois conjuntos são iguais se tiverem exatamente os mes-
que existem no mundo real, enquanto os objetos do quarto mos elementos. Por exemplo, os conjuntos
exemplo são abstrações. Os objetos de um conjunto são
A = {inteiros múltiplos de 2}
seus elementos.
Podemos descrever um conjunto de duas formas: ou e
especicando seus elementos, como zemos nos exemplos B = {2k | k ∈ Z}
acima, ou listando seus elementos. Por exemplo, podemos
nos referir ao conjunto formado pelos números 1, 2, 3, 4. são iguais, uma vez que têm os mesmos elementos.
Para denotar um conjunto, utilizamos uma letra latina Se os conjuntos X e Y forem iguais, escreveremos X =
maiúscula (A, B, C, D,...); também, especicamos ou lis- Y; se não forem iguais, escreveremos X 6= Y e diremos
tamos seus elementos entre chaves ”{ }”. Por exemplo, que são diferentes ou distintos. Nesse caso, observe que
pelo menos um, dentre X e Y, precisa ter um elemento que
A = {estados do Brasil}; não pertence ao outro, como em X = {1,2,3} e Y = {1,
2}: temos X 6= Y , pois X tem um elemento (o 3) que não
B = {inteiros pares}; pertence a Y.
Por outro lado, dizemos que dois conjuntos são equiva-
C = {1, 2, 3, 4}. lentes se seus elementos puderem ser colocados em cor-
Uma maneira mais formal de declarar os dois primeiros respondência biunı́voca, isto é, se pudermos associar cada
conjuntos acima seria escrever elemento de um desses conjuntos a um único elemento do
outro, e vice-versa, de forma que elementos diferentes do
A = {x| x é estado do Brasil}; primeiro conjunto são associados a elementos diferentes do
segundo conjunto.
B = {x| x é inteiro e par}. Para entender o conceito de equivalência de conjuntos,
No contexto de conjuntos, o sı́mbolo | deve ser lido como note que os conjuntos C e D dados por
“tal que” ou “tais que”. Assim, declarando A e B como C = {a, b, c, d, e} e D = {1, 2, 3, 4, 5}
acima, lemos
são equivalentes. Realmente, uma possı́vel correspondên-
A é o conjunto dos x tais que x é estado do Brasil cia biunı́voca entre seus elementos é:
e 1 ↔ a, 2 ↔ b, 3 ↔ c, 4 ↔ d, 5 ↔ e.
B é o conjunto dos x tais que x é inteiro e par. (Há outras! Você é capaz de listar uma?)
Utilizamos a notação x ∈ K (lê-se x pertence a K ) Como no exemplo acima, escreveremos C ↔ D para
quando x é um dos elementos do conjunto K; por exemplo, denotar a equivalência entre os conjuntos C e D.
sendo B e C os conjuntos que descrevemos logo acima, Observe que dois conjuntos iguais são equivalentes, mas
temos que 28 ∈ B e 2 ∈ C. Por outro lado, escrevemos dois conjuntos equivalentes não são necessariamente iguais.
x∈ / K (lê-se x não pertence a K ) quando x não é um À primeira vista, a denição de equivalência entre con-
elemento do conjunto K; por exemplo, para os mesmos juntos pode parecer “boba”, mas ela é fundamental para
conjuntos B e C, temos 5 6∈ B e 6 6∈ C. denirmos o que é um conjunto nito.
Dizemos que um conjunto A é nito se A é vazio ou
Observação 1. Conjuntos não enxergam elementos repe- equivalente a um conjunto da forma {1, 2, 3, . . . , n}, para
tidos. Assim, tanto faz escrevermos C = {1, 1, 2, 3, 4} algum n ∈ N. Se A for vazio, diremos que tem 0 elemen-
quanto C = {1, 2, 3, 4}. Em ambos os casos, ca suben- tos; se A for nito e equivalente a {1, 2, 3, . . . , n}, dire-
tendido que 1 é elemento do conjunto C uma única vez. mos que A tem n elementos ou cardinalidade n. Em

http://matematica.obmep.org.br/ 1 matematica@obmep.org.br
qualquer caso, denotamos o número de elementos de um Uma vez que essa situação (de conjuntos com elementos
conjunto nito A escrevendo |A| ou #A. Por exemplo, em comum) é muito frequente, declaramos a interseção
se A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {1, 2, 7, 8}, então |A| = 6 e dos conjuntos X e Y como o conjunto formado pelos ele-
#B = 4. mentos comuns a X e Y. Em particular, na gura anterior,
Conjuntos que não são nitos são ditos innitos. a curva que limita a região em azul é o diagrama de Venn
Alguns exemplos de conjuntos innitos são N, Z, Q, da interseção dos conjuntos A e B.
{x| x é inteiro par}. Empregaremos o sı́mbolo ∩ para representar a operação
de interseção entre dois conjuntos. Assim, temos a especi-
cação:
2 Diagramas de Venn X ∩ Y = {a| a ∈ X e a ∈ Y }.
Já aprendemos que podemos representar um conjunto des- Por exemplo, em relação à gura anterior, temos A ∩ B =
crevendo seus elementos entre chaves. Outra forma de re- {1, 2}.
presentar um conjunto é através de um desenho conhecido
como diagrama de Venn. Nesse tipo de representação, 2.1 Casos especiais de interseção
utilizamos um cı́rculo (ou outra curva simples fechada
qualquer) para substituir os parênteses, especicando ou Agora, vamos considerar dois casos especiais da interseção
listando os elementos do conjunto numa das porções do entre conjuntos e aproveitá-los para apresentar novas
plano delimitadas pela curva (usualmente, escolhemos a denições úteis.
região limitada; em particular, no caso de a curva traçada
ser um cı́rculo, listamos os elementos no disco correspon- I. Primeiro caso: quando dois conjuntos A e B não pos-
dente). Por exemplo, os conjuntos suem elementos em comum, temos A ∩ B = ∅. Neste
caso, é usual que os diagramas de Venn para A e B se-
A = {estados do Brasil} jam dois cı́rculos sem sobreposição. É o que ocorre quando
A = {1, 3, 5} e B = {2, 4, 6}:
e
C = {1, 2, 3, 4}
podem ser representados pelos diagramas de Venn a seguir:

Quando dois conjuntos têm interseção vazia, dizemos


que eles são disjuntos.

II. Segundo caso: quando os conjuntos A e B são tais


A vantagem de usar diagramas de Venn é que eles que todos os elementos de A também são elementos de
tornam muito mais fácil entender as relações entre B os diagramas de Venn correspondentes são tais que um
conjuntos distintos. Por exemplo, se quisermos ressal- está contido no interior do outro. Esse é o caso quando
tar que 1 e 2 são elementos de ambos os conjuntos A A = {1, 3, 5} e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, conforme mostrado a
= {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {1, 2, 7, 8}, podemos com- seguir.
por diagramas de Venn para A e B como ilustrado a seguir:

Quando um caso como este ocorre, dizemos que A é


um subconjunto de B ou que A está contido em B,
Na gura acima, veja que os elementos 1 e 2, por per- e utilizamos a simbologia A ⊆ B. Também podemos dizer
tencerem aos dois conjuntos, foram representados na região que B contém A, em cujo caso escrevemos B ⊇ A. Como
interior aos dois cı́rculos. caso particular importante, note que sempre temos A ⊆ A.

http://matematica.obmep.org.br/ 2 matematica@obmep.org.br
Dados dois conjuntos A e B, é um axioma1 da teoria dos o conjunto com um único elemento, o conjunto vazio. Em
conjuntos que uma das duas possibilidades a seguir ocorre: particular, verique que

B ⊆ A ou B 6⊆ A.
P ({∅}) = {∅, {∅}}.
Além disso, essas possibilidades são mutuamente excluden-
tes, quer dizer, não podem ocorrer simultaneamente. Isto
porque, para que B ⊆ A, todo elemento de B também Na próxima aula, mostraremos como calcular o número
deve ser elemento de A; por outro lado, para que B 6⊆ A, de elementos de P (A), para um conjunto nito A.
deve existir um elemento x de B tal que x ∈ / A. Ora, se
um tal x existe, então ele evita que tenhamos B ⊆ A.
Um caso muito importante de inclusão, que em princı́pio
pode parecer muito estranho, é dado pela seguinte 4 Outras operações com conjuntos
Proposição 2. Para todo conjunto A, temos ∅ ⊆ A.
Na seção anterior, aprendemos uma operação básica entre
Prova. Já sabemos que ou ∅ ⊆ A ou ∅ 6⊆ A, e que tais dois conjuntos, a interseção. Nesta, aprenderemos outras
possibilidades são mutuamente excludentes. Assim, basta operações, a complementação de conjuntos, a união de con-
mostrarmos que não é possı́vel termos ∅ 6⊆ A. juntos e a diferença de conjuntos. Antes disso, contudo,
Para que ∅ 6⊆ A ocorra, deve existir um elemento x tal precisamos denir o conceito de conjunto universo pra um
que x ∈ ∅ e x ∈ / A. Mas, como ∅ não tem elementos, um certo contexto.
tal x não pode existir.
Logo, a possibilidade ∅ 6⊆ A não ocorre, e resta somente Em um certo contexto, que supomos xado, o conjunto
a possibilidade ∅ ⊆ A, que deve ser verdadeira. universo é o conjunto que contém todos os elementos per-
tinentes ao contexto. Por exemplo, se estivermos pensando
em um problema que envolve apenas os números natu-
3 A famı́lia das partes de um con- rais menores do que 10, o conjunto universo será repre-
sentado por U = {1, 2, 3, 4, . . . , 9, 10}. Assim, os conjun-
junto tos A = {1, 3, 5, 9, 10} e B = {2, 3, 4, 5} são representados
Os elementos de um conjunto podem ser outros conjuntos. usando o seguinte diagrama de Venn (observe que alguns
Isso é o que ocorre, por exemplo, com elementos estão de fora dos dois cı́rculos que representam
os conjuntos A e B):
A = {{1, 2}, {1, 3}, {2, 3}}.

Um conjunto cujos elementos são outros conjuntos é geral-


mente denominado uma famı́lia.
Um caso especialmente importante de famı́lia ocorre
quando consideramos um conjunto A e, a partir dele, for-
mamos a famı́lia cujos elementos são os subconjuntos de
A. Denotamos essa famı́lia por P (A), e dizemos que se
trata da famı́lia das partes de A. Assim,

P (A) = {B| B ⊆ A}.


Em geral, dados um conjunto universo U e um subcon-
Para um exemplo, se A = {1, 2, 3}, temos junto A de U, o conjunto de todos os elementos de U que
não estão em A é o complementar de A em U , o qual
P (A) = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}. é representado por Ac , sempre que U estiver subentendido
(o que será sempre o caso). Em sı́mbolos,
Um exemplo interessante é P (∅), a famı́lia das partes do
conjunto vazio. Como ∅ não possui elementos, seu único
subconjunto é ele mesmo. Assim, Ac = {x| x ∈ U e x ∈
/ A}.

P (∅) = {∅}.
Assim, no caso em que U = {1, 2, 3, 4, . . . , 9, 10} e A =
Note que ∅ 6= {∅}, uma vez que a primeira notação re- {1, 3, 5, 9, 10}, temos Ac = {2, 4, 6, 7, 8}.
presenta o conjunto vazio, enquanto a segunda representa Utilizando o diagrama de Venn, o conjunto complemen-
1 EmMatemática, um axioma é um fato aceito como verdadeiro tar é representado pela região do conjunto universo que
sem justicativa. ca fora de A.

http://matematica.obmep.org.br/ 3 matematica@obmep.org.br
A \ B = A ∩ Bc.

4.2 A união de dois conjuntos


Além da interseção, outra importante operação envolvendo
conjunto é a união. Antes de deni-la, cumpre fazermos a
seguinte observação: no contexto de teoria dos conjuntos,
sempre que escrevemos x ∈ A ou x ∈ B, assumimos que
esse “ou” é inclusivo, isto é, permite que as possibilidades
x ∈ A, x ∈ B ocorram simultaneamente.
4.1 A diferença entre dois conjuntos Dados dois conjuntos A e B, sua união, denotada por
Quando temos dois conjuntos A e B, também podemos A ∪ B é denida como o conjunto de todos os elementos
denir a operação de diferença entre esses conjuntos, cujo que estão no conjunto A ou no conjunto B:
resultado é denotado por A−B ou A\B (ambas as notações
são muito utilizadas). De maneira informal, A \ B é con- A ∪ B = {x| x ∈ A ou x ∈ B}.
junto formado por todos os elementos A que não estão B;
ou seja, Visualmente, utilizando diagramas de Venn, a união
A \ B = {x| x ∈ A e x ∈ / B}. é representada pela junção dos diagramas que repre-
sentam os conjuntos A e B. Por exemplo, na gura a
Por exemplo, se A = {2, 3, 4} e B = {2, 5, 6}, temos que
seguir, A∪B é representado pela porção azul do diagrama.
A \ B = {3, 4}. Em termos visuais, podemos representar
esse exemplo através do diagrama de Venn a seguir:

Se A e B são conjuntos nitos, não é difı́cil o leitor se


convencer de que A ∩ B e A ∪ B também são nitos. Nesse
O exemplo acima também mostra que os conjuntos A\B caso, o diagrama de Venn de A ∪ B permite estabelecer a
e B \ A não são iguais. De fato, B \ A = {5, 6}. seguinte relação simples entre as cardinalidades de A, B,
A ∩ B e A ∪ B:

|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|. (1)

Isso ocorre pois, ao escolhermos um elemento x do con-


junto A ∪ B temos três possibilidades:

(i) O elemento x está em A, mas não está em B.

(ii) O elemento x está em B, mas não está em A.

Se A e B forem subconjuntos de um universo U , então (iii) O elemento x está simultaneamente em A e B.


x∈
/ B é o mesmo que x ∈ B c . Portanto,
Assim, quando escrevemos |A ∪ B| = |A| + |B|, estamos
B c = U − B. cometendo o erro de contar os elementos que pertencem à
Ainda nesse caso, temos, mais geralmente, que interseção de A e B duas vezes: uma quando contamos os
elementos de A, outra quando contamos os elementos de
A \ B = {x| x ∈ A e x ∈
/ B} B. Para corrigir este erro, devemos descontar os elementos
= {x| x ∈ A e x ∈ B c } de A ∩ B uma vez, resultando na fórmula acima.
= A ∩ Bc. Exercitaremos a aplicação de (1) na próxima aula.

http://matematica.obmep.org.br/ 4 matematica@obmep.org.br
4.3 A diferença simétrica entre dois con- considerar (B ∩ C) e A ∩ (B ∩ C), e observações análogas
juntos valem para (A ∪ B) ∪ C e A ∪ (B ∪ C).
Agora, mostremos (2), deixando a checagem da validade
Outra operação que pode ser aplicada em dois conjuntos é de (3) a cargo do leitor:
a diferença simétrica A∆B (lê-se “A delta B” (se você já
estudou equações do segundo grau, chamamos sua atenção (A ∩ B) ∩ C = {x| x ∈ A ∩ B e x ∈ C}
para o fato de que esse sı́mbolo ∆ não tem nada a ver com o = {x| (x ∈ A e x ∈ B) e x ∈ C}
discriminante de um trinômio de segundo grau). Denimos = {x| x ∈ A e (x ∈ B e x ∈ C)}
A∆B = (A \ B) ∪ (B \ A). = {x| x ∈ A e x ∈ B ∩ C}
= A ∩ (B ∩ C).
Em palavras A∆B é o conjunto dos elementos que perten-
cem a exatamente um dos conjuntos A, B. Por exemplo, Graças a (2) e (3), dados conjuntos A, B e C, podemos
se A = {2, 3, 4} e B = {2, 5, 6}, temos que denir a interseção A ∩ B ∩ C e a união A ∪ B ∪ C de
maneira não ambı́gua pondo
A∆B = (A \ B) ∪ (B \ A) A ∩ B ∩ C = (A ∩ B) ∩ C
= {3, 4} ∪ {5, 6}
(ou A ∩ (B ∩ C), tanto faz!) e
= {3, 4, 5, 6}.
A ∪ B ∪ C = (A ∪ B) ∪ C.
A diferença simétrica está ilustrada na região destacada no (Ou A ∪ (B ∪ C); novamente, tanto faz!) Por exemplo, se
seguinte diagrama de Venn: A = {1, 2}, B = {2, 3}, C = {3, 4, 5}, então
A ∩ B ∩ C = (A ∩ B) ∩ C = {2} ∩ {3, 4, 5} = ∅
e
A ∪ B ∪ C = (A ∪ B) ∪ C
= {1, 2, 3} ∪ {3, 4, 5}
= {1, 2, 3, 4, 5}.

5 Leitura complementar
John Venn (1834 - 1923) foi um matemático inglês que -
Esse diagrama também deixa claro que A∆B pode ser cou conhecido por introduzir de maneira formal diagramas
denida por geométricos para representar conjuntos. Venn desenvolveu
esses diagramas em um trabalho de 1881, baseando-se na
A∆B = (A ∪ B) \ (A ∩ B). teoria de George Boole sobre como representar algebrica-
mente as operações da lógica proposicional.
Realmente, se pintarmos, as porções do diagrama de Venn
Embora representações similares aos diagramas de Venn
para os conjuntos A e B correspondentes aos conjuntos
já fossem utilizadas por outros matemáticos, como Leibniz,
(A \ B) ∪ (B \ A) e (A ∪ B) \ (A ∩ B), então teremos
o próprio Boole, de Morgan e Euler, o método de Venn era
pintado exatamente as mesmas porções do diagrama.
mais claro e simples. Além disso, Venn foi o primeiro a
utilizar estes diagramas em problemas gerais envolvendo
4.4 Extensões a mais de dois conjuntos mais de dois conjuntos.
As operações de união e interseção podem ser facilmente
estendidas a mais de dois conjuntos, graças às seguintes
identidades:

(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (2)

e
(A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C). (3)
Para vericá-las, observe inicialmente que os dois mem-
bros de ambas têm sentido: uma vez que sabemos formar
a interseção de dois conjuntos, podemos considerar o con- Figura 1: Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/
junto A∩B e, então, (A∩B)∩C; da mesma forma, podemos John_Venn

http://matematica.obmep.org.br/ 5 matematica@obmep.org.br
Em 04/08/2014 o Google lançou um doodle em homena-
gem ao 180o aniversário de John Venn. Você pode conferi-
lo no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=
sZwCCTRKUO4

6 Sugestões ao professor
Professor, a teoria dos conjuntos é central em Matemática
e alicerça muitos conceitos que serão apresentados durante
todo o Ensino Médio, como funções, métodos de contagem,
probabilidade e Estatı́stica. Dessa forma, é de extrema
importância que os alunos compreendam a linguagem que
foi apresentada neste material, pois ela será recorrente ao
longo de todo o Ensino Médio.
A apresentação inicial da teoria dos conjuntos pode
torna-se tediosa para alguns alunos, devido à grande quan-
tidade de denições e notações que devem ser introduzidas
antes de propor exercı́cios minimamente interessantes. O
professor pode quebrar a monotonia pedindo que os alunos
participem da aula, criando seus próprios exemplos para
as operações básicas ou contando a história do matemático
Venn quando seus diagramas forem apresentados.
Recomendamos que o material apresentado neste mate-
rial seja ensinado em dois encontros de 50 minutos cada.

http://matematica.obmep.org.br/ 6 matematica@obmep.org.br
Conjuntos Exercı́cio 2. Ana e Bruno são irmãos gêmeos e convi-
Noções Básicas daram alguns amigos para sua festa de aniversário na
qual apenas estariam os aniversariantes, seus amigos
e algumas pessoas acompanhando os convidados. O
1 Exercı́cios Introdutórios diagrama abaixo enumera aqueles que são amigos só
de Ana, só de Bruno, de ambos e alguns que foram
Exercı́cio 1. Analise o diagrama abaixo e conclua acompanhando os convidados, mas não eram amigos
como verdadeira ou falsa cada uma das proposições de nenhum dos aniversariantes.
seguintes justicando as falsas: Ana Bruno

U
A B A B
r s v
6 5 9
q u
n t 4
m
o Pessoas que não eram amigos dos
aniversariantes, mas que
k acompanhavam os convidados.
a i z
j l Sendo assim, responda:

a) Quantas pessoas presentes na festa eram amigas


C exclusivamente de Ana?

b) Quantas pessoas presentes na festa eram amigas


a) (..........) O conjunto A tem cinco elementos.
exclusivamente de Bruno?
b) (..........) O conjunto B tem exatamente três elementos. c) Quantas pessoas presentes na festa eram amigas de
c) (..........) Há três elementos comuns entre B e C. ambos?

d) (..........) Há exatamente dois elementos comuns aos d) Quantas pessoas estavam na festa?
três conjuntos. Exercı́cio 3. Observe o diagrama abaixo com a região
e) (..........) Três elementos são exclusivos de A em pintada ( A − B) e depois represente novos diagramas
relação a B e C. com o que for pedido.

f) (..........) r ∈ A. A B
g) (..........) s ∈ ( A ∩ B).

h) (..........) {m, n} ⊂ ( A ∩ B ∩ C ).

i) (..........) O conjunto A tem 26 subconjuntos.

j) (..........) ∅ ⊂ B. a) ( B − A).

k) (..........) |( A ∪ B) − C | = 7 b) ( A ∩ B).

l) (..........) C − B = { a, i, j, k, l }. c) ( A ∪ B).

m) (..........) ( A ∩ B) − C é um conjunto unitário. d) A∆B = ( A − B) ∪ ( B − A).

n) (..........) ( A ∩ C ) − B = ∅. e) ( A ∪ B).

http://matematica.obmep.org.br/ 1 matematica@obmep.org.br
Exercı́cio 4. Marcela pesquisou a preferência de seus Exercı́cio 7. Em uma travessa há 40 salgadinhos de
colegas de classe em relação aos gêneros musicais MPB, mesmos formato e tamanho: 26 deles contêm queijo, 22
Rock e Axé. Dos 38 entrevistados, temos que: são de palmito e alguns com queijo e palmito no recheio.
Qual a probabilidade de retirar aleatoriamente um sal-
• 18 gostam de MPB; gadinho dessa travessa que contenha apenas queijo no
• 19 de Rock: recheio?
Exercı́cio 8. Em uma orquestra de cordas, sopro e per-
• 14 de Axé:
cussão, 23 pessoas tocam instrumentos de corda, 18
• 7 gostam de MPB e Rock; tocam instrumentos de sopro e 12 tocam instrumentos
de percussão. Nenhum de seus componentes toca os
• 5 gostam de Rock e Axé; três tipos de instrumentos, mas 10 tocam instrumen-
• 3 de MPB e Axé; e tos de corda e sopro, 6 tocam instrumentos de corda
e percussão e alguns tocam instrumentos de sopro e
• 2 dos três gêneros. percussão. No mı́nimo, quantos componentes há nessa
orquestra?
Ao sortear um desses entrevistados, qual é a probabili-
dade de que ele: Exercı́cio 9. A quantidade de n carros saem do ponto
M, conforme a gura 2 e, sem passar duas vezes pelo
a) goste somente de Axé? mesmo ponto, chegam ao ponto P. Sabe-se que 17
carros passaram por A, B e C; 25 carros passaram por
b) não goste de MPB?
A e C; 28 carros passaram por B e C. Qual o valor de n?
Exercı́cio 5. Em uma empresa multinacional, traba-
lham 45 funcionários que falam Inglês ou Espanhol, dos
quais 40 sabem falar inglês e 25 sabem falar inglês e es-
panhol. Escolhendo-se aleatoriamente um funcionário
dessa empresa, qual a probabilidade de que ele fale
inglês e não fale espanhol? Quantos falam apenas Espa-
nhol?

Figura 2
2 Exercı́cios de Fixação
Exercı́cio 6. O diagrama abaixo destaca a união das Exercı́cio 10. Numa sala de aula com 60 alunos, 11
regiões exclusivas dos conjuntos A, B e C em relação jogam xadrez, 31 são homens ou jogam xadrez e 3
aos outros dois. mulheres jogam xadrez. Calcule o número de homens
que não jogam xadrez, o número de homens que jogam
xadrez e o número de mulheres que não jogam xadrez.
A B
Exercı́cio 11. Divida os números 1, 2, 3, 4, 5 em dois
conjuntos quaisquer. Prove que um dos conjuntos
contém dois números e sua diferença.
Exercı́cio 12. Seja A um subconjunto de X =
{1, 2, 3, . . . , 100} com exatamente 90 elementos e S a
soma dos elementos A. Quantos são os possı́veis valo-
C
res de S?

Usando o mesmo modelo de três conjuntos entrelaçados, Exercı́cio 13. João fez um curso de verão com carga
destaque as regiões: horária de 21 horas aula, sendo que nos dias em que
tinha aula, João tinha somente 1 hora aula. Quantos
a) ( A ∩ C ) − B dias durou o curso, sabendo que as aulas ocorriam
exclusivamente no perı́odo da manhã ou no perı́odo da
b) ( B ∩ C ) ∪ A
tarde e houve 15 tardes e 16 manhãs sem aula durante
c) [C − ( A ∪ B)] ∪ [( A ∩ B) − C ] o referido curso?

http://matematica.obmep.org.br/ 2 matematica@obmep.org.br

Você também pode gostar