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qualquer caso, denotamos o número de elementos de um Uma vez que essa situação (de conjuntos com elementos
conjunto nito A escrevendo |A| ou #A. Por exemplo, em comum) é muito frequente, declaramos a interseção
se A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {1, 2, 7, 8}, então |A| = 6 e dos conjuntos X e Y como o conjunto formado pelos ele-
#B = 4. mentos comuns a X e Y. Em particular, na gura anterior,
Conjuntos que não são nitos são ditos innitos. a curva que limita a região em azul é o diagrama de Venn
Alguns exemplos de conjuntos innitos são N, Z, Q, da interseção dos conjuntos A e B.
{x| x é inteiro par}. Empregaremos o sı́mbolo ∩ para representar a operação
de interseção entre dois conjuntos. Assim, temos a especi-
cação:
2 Diagramas de Venn X ∩ Y = {a| a ∈ X e a ∈ Y }.
Já aprendemos que podemos representar um conjunto des- Por exemplo, em relação à gura anterior, temos A ∩ B =
crevendo seus elementos entre chaves. Outra forma de re- {1, 2}.
presentar um conjunto é através de um desenho conhecido
como diagrama de Venn. Nesse tipo de representação, 2.1 Casos especiais de interseção
utilizamos um cı́rculo (ou outra curva simples fechada
qualquer) para substituir os parênteses, especicando ou Agora, vamos considerar dois casos especiais da interseção
listando os elementos do conjunto numa das porções do entre conjuntos e aproveitá-los para apresentar novas
plano delimitadas pela curva (usualmente, escolhemos a denições úteis.
região limitada; em particular, no caso de a curva traçada
ser um cı́rculo, listamos os elementos no disco correspon- I. Primeiro caso: quando dois conjuntos A e B não pos-
dente). Por exemplo, os conjuntos suem elementos em comum, temos A ∩ B = ∅. Neste
caso, é usual que os diagramas de Venn para A e B se-
A = {estados do Brasil} jam dois cı́rculos sem sobreposição. É o que ocorre quando
A = {1, 3, 5} e B = {2, 4, 6}:
e
C = {1, 2, 3, 4}
podem ser representados pelos diagramas de Venn a seguir:
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Dados dois conjuntos A e B, é um axioma1 da teoria dos o conjunto com um único elemento, o conjunto vazio. Em
conjuntos que uma das duas possibilidades a seguir ocorre: particular, verique que
B ⊆ A ou B 6⊆ A.
P ({∅}) = {∅, {∅}}.
Além disso, essas possibilidades são mutuamente excluden-
tes, quer dizer, não podem ocorrer simultaneamente. Isto
porque, para que B ⊆ A, todo elemento de B também Na próxima aula, mostraremos como calcular o número
deve ser elemento de A; por outro lado, para que B 6⊆ A, de elementos de P (A), para um conjunto nito A.
deve existir um elemento x de B tal que x ∈ / A. Ora, se
um tal x existe, então ele evita que tenhamos B ⊆ A.
Um caso muito importante de inclusão, que em princı́pio
pode parecer muito estranho, é dado pela seguinte 4 Outras operações com conjuntos
Proposição 2. Para todo conjunto A, temos ∅ ⊆ A.
Na seção anterior, aprendemos uma operação básica entre
Prova. Já sabemos que ou ∅ ⊆ A ou ∅ 6⊆ A, e que tais dois conjuntos, a interseção. Nesta, aprenderemos outras
possibilidades são mutuamente excludentes. Assim, basta operações, a complementação de conjuntos, a união de con-
mostrarmos que não é possı́vel termos ∅ 6⊆ A. juntos e a diferença de conjuntos. Antes disso, contudo,
Para que ∅ 6⊆ A ocorra, deve existir um elemento x tal precisamos denir o conceito de conjunto universo pra um
que x ∈ ∅ e x ∈ / A. Mas, como ∅ não tem elementos, um certo contexto.
tal x não pode existir.
Logo, a possibilidade ∅ 6⊆ A não ocorre, e resta somente Em um certo contexto, que supomos xado, o conjunto
a possibilidade ∅ ⊆ A, que deve ser verdadeira. universo é o conjunto que contém todos os elementos per-
tinentes ao contexto. Por exemplo, se estivermos pensando
em um problema que envolve apenas os números natu-
3 A famı́lia das partes de um con- rais menores do que 10, o conjunto universo será repre-
sentado por U = {1, 2, 3, 4, . . . , 9, 10}. Assim, os conjun-
junto tos A = {1, 3, 5, 9, 10} e B = {2, 3, 4, 5} são representados
Os elementos de um conjunto podem ser outros conjuntos. usando o seguinte diagrama de Venn (observe que alguns
Isso é o que ocorre, por exemplo, com elementos estão de fora dos dois cı́rculos que representam
os conjuntos A e B):
A = {{1, 2}, {1, 3}, {2, 3}}.
P (∅) = {∅}.
Assim, no caso em que U = {1, 2, 3, 4, . . . , 9, 10} e A =
Note que ∅ 6= {∅}, uma vez que a primeira notação re- {1, 3, 5, 9, 10}, temos Ac = {2, 4, 6, 7, 8}.
presenta o conjunto vazio, enquanto a segunda representa Utilizando o diagrama de Venn, o conjunto complemen-
1 EmMatemática, um axioma é um fato aceito como verdadeiro tar é representado pela região do conjunto universo que
sem justicativa. ca fora de A.
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A \ B = A ∩ Bc.
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4.3 A diferença simétrica entre dois con- considerar (B ∩ C) e A ∩ (B ∩ C), e observações análogas
juntos valem para (A ∪ B) ∪ C e A ∪ (B ∪ C).
Agora, mostremos (2), deixando a checagem da validade
Outra operação que pode ser aplicada em dois conjuntos é de (3) a cargo do leitor:
a diferença simétrica A∆B (lê-se “A delta B” (se você já
estudou equações do segundo grau, chamamos sua atenção (A ∩ B) ∩ C = {x| x ∈ A ∩ B e x ∈ C}
para o fato de que esse sı́mbolo ∆ não tem nada a ver com o = {x| (x ∈ A e x ∈ B) e x ∈ C}
discriminante de um trinômio de segundo grau). Denimos = {x| x ∈ A e (x ∈ B e x ∈ C)}
A∆B = (A \ B) ∪ (B \ A). = {x| x ∈ A e x ∈ B ∩ C}
= A ∩ (B ∩ C).
Em palavras A∆B é o conjunto dos elementos que perten-
cem a exatamente um dos conjuntos A, B. Por exemplo, Graças a (2) e (3), dados conjuntos A, B e C, podemos
se A = {2, 3, 4} e B = {2, 5, 6}, temos que denir a interseção A ∩ B ∩ C e a união A ∪ B ∪ C de
maneira não ambı́gua pondo
A∆B = (A \ B) ∪ (B \ A) A ∩ B ∩ C = (A ∩ B) ∩ C
= {3, 4} ∪ {5, 6}
(ou A ∩ (B ∩ C), tanto faz!) e
= {3, 4, 5, 6}.
A ∪ B ∪ C = (A ∪ B) ∪ C.
A diferença simétrica está ilustrada na região destacada no (Ou A ∪ (B ∪ C); novamente, tanto faz!) Por exemplo, se
seguinte diagrama de Venn: A = {1, 2}, B = {2, 3}, C = {3, 4, 5}, então
A ∩ B ∩ C = (A ∩ B) ∩ C = {2} ∩ {3, 4, 5} = ∅
e
A ∪ B ∪ C = (A ∪ B) ∪ C
= {1, 2, 3} ∪ {3, 4, 5}
= {1, 2, 3, 4, 5}.
5 Leitura complementar
John Venn (1834 - 1923) foi um matemático inglês que -
Esse diagrama também deixa claro que A∆B pode ser cou conhecido por introduzir de maneira formal diagramas
denida por geométricos para representar conjuntos. Venn desenvolveu
esses diagramas em um trabalho de 1881, baseando-se na
A∆B = (A ∪ B) \ (A ∩ B). teoria de George Boole sobre como representar algebrica-
mente as operações da lógica proposicional.
Realmente, se pintarmos, as porções do diagrama de Venn
Embora representações similares aos diagramas de Venn
para os conjuntos A e B correspondentes aos conjuntos
já fossem utilizadas por outros matemáticos, como Leibniz,
(A \ B) ∪ (B \ A) e (A ∪ B) \ (A ∩ B), então teremos
o próprio Boole, de Morgan e Euler, o método de Venn era
pintado exatamente as mesmas porções do diagrama.
mais claro e simples. Além disso, Venn foi o primeiro a
utilizar estes diagramas em problemas gerais envolvendo
4.4 Extensões a mais de dois conjuntos mais de dois conjuntos.
As operações de união e interseção podem ser facilmente
estendidas a mais de dois conjuntos, graças às seguintes
identidades:
(A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (2)
e
(A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C). (3)
Para vericá-las, observe inicialmente que os dois mem-
bros de ambas têm sentido: uma vez que sabemos formar
a interseção de dois conjuntos, podemos considerar o con- Figura 1: Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/
junto A∩B e, então, (A∩B)∩C; da mesma forma, podemos John_Venn
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Em 04/08/2014 o Google lançou um doodle em homena-
gem ao 180o aniversário de John Venn. Você pode conferi-
lo no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=
sZwCCTRKUO4
6 Sugestões ao professor
Professor, a teoria dos conjuntos é central em Matemática
e alicerça muitos conceitos que serão apresentados durante
todo o Ensino Médio, como funções, métodos de contagem,
probabilidade e Estatı́stica. Dessa forma, é de extrema
importância que os alunos compreendam a linguagem que
foi apresentada neste material, pois ela será recorrente ao
longo de todo o Ensino Médio.
A apresentação inicial da teoria dos conjuntos pode
torna-se tediosa para alguns alunos, devido à grande quan-
tidade de denições e notações que devem ser introduzidas
antes de propor exercı́cios minimamente interessantes. O
professor pode quebrar a monotonia pedindo que os alunos
participem da aula, criando seus próprios exemplos para
as operações básicas ou contando a história do matemático
Venn quando seus diagramas forem apresentados.
Recomendamos que o material apresentado neste mate-
rial seja ensinado em dois encontros de 50 minutos cada.
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Conjuntos Exercı́cio 2. Ana e Bruno são irmãos gêmeos e convi-
Noções Básicas daram alguns amigos para sua festa de aniversário na
qual apenas estariam os aniversariantes, seus amigos
e algumas pessoas acompanhando os convidados. O
1 Exercı́cios Introdutórios diagrama abaixo enumera aqueles que são amigos só
de Ana, só de Bruno, de ambos e alguns que foram
Exercı́cio 1. Analise o diagrama abaixo e conclua acompanhando os convidados, mas não eram amigos
como verdadeira ou falsa cada uma das proposições de nenhum dos aniversariantes.
seguintes justicando as falsas: Ana Bruno
U
A B A B
r s v
6 5 9
q u
n t 4
m
o Pessoas que não eram amigos dos
aniversariantes, mas que
k acompanhavam os convidados.
a i z
j l Sendo assim, responda:
d) (..........) Há exatamente dois elementos comuns aos d) Quantas pessoas estavam na festa?
três conjuntos. Exercı́cio 3. Observe o diagrama abaixo com a região
e) (..........) Três elementos são exclusivos de A em pintada ( A − B) e depois represente novos diagramas
relação a B e C. com o que for pedido.
f) (..........) r ∈ A. A B
g) (..........) s ∈ ( A ∩ B).
h) (..........) {m, n} ⊂ ( A ∩ B ∩ C ).
j) (..........) ∅ ⊂ B. a) ( B − A).
k) (..........) |( A ∪ B) − C | = 7 b) ( A ∩ B).
l) (..........) C − B = { a, i, j, k, l }. c) ( A ∪ B).
n) (..........) ( A ∩ C ) − B = ∅. e) ( A ∪ B).
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Exercı́cio 4. Marcela pesquisou a preferência de seus Exercı́cio 7. Em uma travessa há 40 salgadinhos de
colegas de classe em relação aos gêneros musicais MPB, mesmos formato e tamanho: 26 deles contêm queijo, 22
Rock e Axé. Dos 38 entrevistados, temos que: são de palmito e alguns com queijo e palmito no recheio.
Qual a probabilidade de retirar aleatoriamente um sal-
• 18 gostam de MPB; gadinho dessa travessa que contenha apenas queijo no
• 19 de Rock: recheio?
Exercı́cio 8. Em uma orquestra de cordas, sopro e per-
• 14 de Axé:
cussão, 23 pessoas tocam instrumentos de corda, 18
• 7 gostam de MPB e Rock; tocam instrumentos de sopro e 12 tocam instrumentos
de percussão. Nenhum de seus componentes toca os
• 5 gostam de Rock e Axé; três tipos de instrumentos, mas 10 tocam instrumen-
• 3 de MPB e Axé; e tos de corda e sopro, 6 tocam instrumentos de corda
e percussão e alguns tocam instrumentos de sopro e
• 2 dos três gêneros. percussão. No mı́nimo, quantos componentes há nessa
orquestra?
Ao sortear um desses entrevistados, qual é a probabili-
dade de que ele: Exercı́cio 9. A quantidade de n carros saem do ponto
M, conforme a gura 2 e, sem passar duas vezes pelo
a) goste somente de Axé? mesmo ponto, chegam ao ponto P. Sabe-se que 17
carros passaram por A, B e C; 25 carros passaram por
b) não goste de MPB?
A e C; 28 carros passaram por B e C. Qual o valor de n?
Exercı́cio 5. Em uma empresa multinacional, traba-
lham 45 funcionários que falam Inglês ou Espanhol, dos
quais 40 sabem falar inglês e 25 sabem falar inglês e es-
panhol. Escolhendo-se aleatoriamente um funcionário
dessa empresa, qual a probabilidade de que ele fale
inglês e não fale espanhol? Quantos falam apenas Espa-
nhol?
Figura 2
2 Exercı́cios de Fixação
Exercı́cio 6. O diagrama abaixo destaca a união das Exercı́cio 10. Numa sala de aula com 60 alunos, 11
regiões exclusivas dos conjuntos A, B e C em relação jogam xadrez, 31 são homens ou jogam xadrez e 3
aos outros dois. mulheres jogam xadrez. Calcule o número de homens
que não jogam xadrez, o número de homens que jogam
xadrez e o número de mulheres que não jogam xadrez.
A B
Exercı́cio 11. Divida os números 1, 2, 3, 4, 5 em dois
conjuntos quaisquer. Prove que um dos conjuntos
contém dois números e sua diferença.
Exercı́cio 12. Seja A um subconjunto de X =
{1, 2, 3, . . . , 100} com exatamente 90 elementos e S a
soma dos elementos A. Quantos são os possı́veis valo-
C
res de S?
Usando o mesmo modelo de três conjuntos entrelaçados, Exercı́cio 13. João fez um curso de verão com carga
destaque as regiões: horária de 21 horas aula, sendo que nos dias em que
tinha aula, João tinha somente 1 hora aula. Quantos
a) ( A ∩ C ) − B dias durou o curso, sabendo que as aulas ocorriam
exclusivamente no perı́odo da manhã ou no perı́odo da
b) ( B ∩ C ) ∪ A
tarde e houve 15 tardes e 16 manhãs sem aula durante
c) [C − ( A ∪ B)] ∪ [( A ∩ B) − C ] o referido curso?
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