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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Unidade II
5 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA AVALIAÇÃO COM O MONITORAMENTO E
O PLANEJAMENTO SOCIAL

A avaliação será tratada como elemento essencial no processo de gestão. Serão, no primeiro
momento, abordados os conceitos e as finalidades da avaliação propriamente dita, e, depois, os da
avaliação no planejamento. Também vamos tratar de exemplos de instrumentos, da apresentação
de resultados e da análise de um especialista em gestão sobre a importância do monitoramento. No
segundo momento, vamos abordar a integração entre monitoramento e avaliação, como estratégia
para um bom resultado.

5.1 Conceito e finalidade da avaliação

Avaliar é o ato de calcular, de formar um juízo crítico de valor sobre determinada condição, a qual
pode ser melhorada por meio de uma gestão pública eficiente. Estamos usando esse entendimento para
iniciarmos a discussão sobre a avaliação de planos, programas e projetos.

Utilizando a ideia de Magalhães (2006), vamos trazer o exemplo de uma avaliação informal:

Um musicista poderá avaliar aspectos de um concerto de piano que passa


despercebido a um mero apreciador e, de certa forma, estará julgando-o
com base na sua formação musical. Outro espectador, cujo conhecimento
não implique formação específica na área da música, irá ao concerto
somente para deleitar-se, sem os olhos de um julgador. A não ser que a
orquestra desafine de forma gritante, pequenos senões nem serão notados.
Sua apreciação tem o olhar (ou o ouvido) apenas do senso comum, do gosto.
Já um terceiro personagem, que não aprecie esse tipo de evento, sequer irá
ao concerto e, de pronto, já fez a sua avaliação com base em seus valores e
interesses (MAGALHÃES, 2006, p. 37).

Os três exemplos foram expostos para mostrar que nosso ato tem sempre um cunho avaliativo. No
primeiro, a avaliação do concerto baseou-se em um saber, mesmo que o objetivo de assisti-lo fosse
apenas entretenimento; nos dois últimos, os avaliadores foram levados pelo senso comum, pela sensação
do “gosto, não gosto” ou do “vi e não gostei” (o que, neste último caso, leva à suposição de um perfil de
fundamentação crítica).

Outra questão apresentada pelos expectadores é a sua sociabilidade com a música, bem como o seu
grau de criticismo, seu interesse e sua formação, demonstrando suas escolhas e seu juízo de valor.

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Unidade II

Diferentemente do caso anterior, na avaliação formal o senso comum não pode estar presente em nenhum
momento. Para tanto, na modalidade formal, pressupõe objetivos e direcionamento teórico‑metodológico
escolhido e definido já no planejamento.

As escolhas teórico-metodológicas dos profissionais estão relacionadas aos valores e à visão de cada
um. Para Magalhães (2006), uma avaliação formal traz consigo o estabelecimento de critérios. Estes
servem de ponto de referência à leitura que o profissional faz do objeto.

Nesse sentido, podemos afirmar que a avaliação formal depende da capacitação do profissional e/ou
da equipe envolvida no processo de planejamento, execução, monitoramento e avaliação da gestão.

Em síntese, “a avaliação é um substantivo plural, dada a sua multidimensionalidade. É o resultado


de um estudo, de um diagnóstico, por meio dos quais se abrem possibilidades de novos caminhos”
(CARVALHO, 2005, p. 43).

O avaliador deve estar disposto a colher as informações sem julgamento prévio. Para Magalhães
(2006), o compromisso está na capacidade técnica, instrumental e ética dos profissionais.

A postura ética do profissional, bem como sua disponibilidade em acolher, em instrumentalizar‑se


tecnicamente e em realizar autocrítica são fatores propícios ao aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido
e das interações socioprofissionais, haja vista as relações de força que lhes são inerentes. Quanto maior
for a instrumentalidade teórica e técnica, mais fácil será impor-se profissionalmente, no sentido de
fazer-se entender no âmbito da área de competência da profissão.

Lembrete

Avaliar é o ato de calcular, de formar um juízo crítico de valor sobre


determinada condição, a qual pode ser melhorada por meio de uma gestão
pública eficiente.

Princípios Fundamentais do Código de Ética dos Assistentes Sociais

• Reconhecimento da Liberdade como valor ético central e das demandas políticas a


ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais.

• Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo.

• Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade,


com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras.

• Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação


política e da riqueza socialmente produzida.

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• Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure a universalidade


de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como
sua gestão democrática.

• Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito


à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão
das diferenças.

• Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes


e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual.

• Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma


nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero.

• Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem


dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores.

• Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o


aprimoramento intelectual, nas perspectiva da competência profissional.

• Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de
inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e
condição física.

Fonte: CFESS (1993, p. 23-4).

Observação

O Código de Ética do Profissional dos Assistentes Sociais materializa‑se pela


Resolução CFESS nº 273/1993. Foi aprovado em 15 de março de 1993, com as
alterações introduzidas pelas Resoluções CFESS nº 290/1994 e 293/1994.

O processo avaliativo exige do profissional um papel demasiadamente importante, pois tem


o compromisso de acolher a singularidade de determinadas realidades, bem como de colher dados
relevantes para o que se deve avaliar. Esse entendimento faz do avaliador um técnico que precisa ter
clareza de que o resultado de sua avaliação expressará uma particularidade, condições que podem
implicar a necessidade de uma intervenção, assim como de expressar um resultado positivo ou negativo
de um trabalho e/ou de um investimento. No caso da política social, pode demonstrar o uso dos
recursos públicos na resolução de carências sociais destinados certamente a uma população em
condições de vulnerabilidade.

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Baptista (2007) vai além ao afirmar a necessidade de o profissional utilizar um conhecimento


acumulado sobre o objeto e o processo de avaliação, mostrando-nos que o avaliador deverá ser um
especialista no assunto.

5.2 Avaliação no planejamento

Partimos do entendimento de Baptista (2007) de que a avaliação é parte do processo de planejamento.


Muitas vezes, os profissionais responsáveis pela execução das políticas não estão preparados para dar
visibilidade a esse processo, mas é importante destacar que essa dificuldade tem limitado os resultados
das políticas sociais.

No entendimento da autora:

A avaliação está presente dialeticamente em todo o processo de planejamento:


quando se inicia a ação planejada, inicia-se concomitantemente sua
avaliação, independentemente de sua formalização em documentos. Não
é, portanto, o seu momento final, mas aquele em que o processo ascende
a outro patamar, reconstruindo dinamicamente seu objeto, objetivos e
procedimentos (BAPTISTA, 2007, p. 114).

Elementos da dialética são reconhecidos no processo de avaliação, utilizando as ideias da autora,


que os destaca:

• dimensão do futuro: a avaliação permite que se faça no presente uma


análise crítica do passado;

• dimensão da historicidade: não se faz apenas com a recuperação


do processo histórico, mas na sua recuperação e reconstrução na
particularidade da intervenção;

• dimensão da contradição: a avaliação é um questionamento do


planejamento, uma vez que se coloca em questão a proposta, bem
como sua execução e seus resultados. Nessa dimensão é perceptível
que nenhuma solução pareça boa; sempre haverá sugestões novas,
condições alteradas e, por fim, novas alternativas;

• dimensão do enfrentamento da reificação: a avaliação do desempenho


do planejado dependerá da capacidade de resolução do imediato, do
planejador e do executor. A avaliação permite que se faça no
presente uma análise crítica do passado, o que não se faz apenas
com a recuperação do processo histórico, mas na sua recuperação e
reconstrução na particularidade da intervenção. Durante a avaliação
ocorrem questionamentos do próprio planejamento de contribuir
para ajustes e resolução dos problemas (BAPTISTA, 2007, p. 79).
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De acordo com as análises de Baptista (2007), podemos afirmar que o planejamento é a etapa
de maior questionamento e ocorre a partir de critérios determinados e de variáveis, condições que
permitem detectar erros e bloqueios que podem dificultar os resultados.

Principais problemas que podem ser encontrados no planejamento de questões da área social:

• precariedade dos processos científicos e metodológicos de mensuração de dados sociais,


principalmente os de natureza qualitativa;

• ausência de um referencial de estudos que permita determinar os efeitos de medidas macrossociais


em todas as dimensões do sistema;

• dificuldade para estabelecer a natureza estatística de relação entre indicadores, principalmente


quando o processo envolve muitas espécies de mudanças, algumas a curto, outras a médio ou
longo prazo, as quais estão naturalmente relacionadas;

• preocupação com resultados imediatos, que na área social, muitas vezes, são mais significativos
que as respostas de longo prazo, e menos tangíveis.

Devemos levar em conta, no processo de avaliação, que as mudanças nas condições trabalhadas se
alteram pela ação dos instrumentos mobilizados na sua realização pelas forças internas (organizações)
e na conjuntura histórica em que a realidade é inserida. Para Baptista (2007):

As diversidades e benefícios não previstos, provocados por essas


determinações, podem enviesar o curso do processo, modificando seus
resultados, tanto em termos da eficiência da ação, quanto de sua eficácia
para o alcance dos objetivos e da efetividade da resposta idealizada
(BAPTISTA, 2007, p. 116).

Descrição do projeto
(resultados, procedimentos Parâmetros (metas)
e registro)

Confronto (metas e análises


da eficiência, eficacia e Descrição dos dados
efetividade)

Sugestões de realinhamento

Figura 6 – Principais itens do documento de avaliação

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De acordo com os dados anteriores, compreendemos que o documento de avaliação de um projeto


deve trazer os seguintes elementos:

• descrição;

• análise das metas (alcançadas ou não) em tempo, volume e espaço;

• demonstrativo do processo de monitoramento e sua frequência;

• confronto e análise dos indicadores de eficácia, eficiência e efetividade;

• sugestões de aperfeiçoamento.

5.2.1 Principais indicadores de avaliação: eficiência, eficácia e efetividade

Para Baptista (2007), os critérios mais usados em avaliação são aqueles relacionados à eficiência,
à eficácia e à efetividade da ação. Acredita a autora que um planejamento comprometido tenha de
desenvolver formas de ação com esses propósitos.

Eficiência

Eficácia

Efetividade

Figura 7 – Critérios usados em avaliação

5.2.1.1 Avaliação da eficiência

A avaliação da eficiência tem como objetivo obter maior resultado com menores custo e esforço.
“Deve ser necessariamente crítica, estabelecendo juízo de valor sobre o desempenho e os resultados que
o mesmo propicia” (BAPTISTA, 2007, p.117).

Sabe-se que são critérios da eficiência aqueles relacionados com o rendimento administrativo e técnico
de uma ação. Nesse processo incluem-se a otimização dos recursos e os resultados de maior qualidade.

Essa avaliação crítica da execução da ação planejada é tão mais importante


quanto maior for o número de participantes na intervenção: as interpretações
sobre o processo e os resultados das ações podem ser bastante diferentes e
constituírem-se em vieses na execução. A correção desses desvios pode ser
feita retomando o planejamento e o ocorrido, analisando suas carências,

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tomando como base as evidências percebidas, compatibilizando as atividades


que se realizam separadamente, mas que têm objetivos comuns: visão das
ações realizadas se funde com a preparação de novas ações, novas políticas,
novos planos (BAPTISTA, 2007, p. 117-8).

5.2.1.2 Avaliação da eficácia

A avaliação da eficácia está relacionada aos objetivos (gerais e específicos), estabelecendo o grau de
alcance desses objetivos e, quando houver fracasso, compreendendo suas razões.

São avaliados os efeitos diretos e indiretos da ação, incluindo aqueles que não foram previstos,
mas que a ação levou a resultados contrários. Exemplo: a gestão municipal da assistência social lança
um projeto de qualificação profissional para produtores de doces artesanais que atinge número de
qualificados significativo.

A segunda etapa é a inclusão, no mundo do trabalho, desses egressos; porém, com o passar do tempo,
foi verificado que esses qualificados passaram a concorrer, no mercado de trabalho de produtores de
doces artesanais, com os já existentes, mas, diante de uma demanda de produtores maior que a oferta
dos consumidores, alguns produtores, principalmente os mais velhos, perderam sua clientela.

Como resultado, houve o desemprego de um número significativo dos produtores de doces, uma vez
que foi verificado que a demanda de consumidores permaneceu a mesma, enquanto a de produtores
dobrou, e, assim, 50% dos velhos e novos produtores ficaram sem clientes, situação que levou ao
desemprego dos velhos e a não inclusão, no mundo do trabalho, de egressos do curso.

A conclusão é que faltou, nesse projeto, um levantamento do mercado consumidor, etapa feita no
planejamento, e, com o resultado de sua eficácia, é possível afirmar que seus objetos foram contrários
aos esperados.

A respeito disso, Baptista (2007) afirma:

Nesse sentido, em uma avaliação, a compreensão desses aspectos deve estar


sempre presente, para que não se analise a intervenção em si, esquecendo
suas determinações: é importante ressaltar que não é só a intervenção
programada nem o cotidiano previsto e conhecido que irão determinar o
desenvolvimento e os resultados da ação, existem eventos não previstos que
influenciam substancialmente os resultados de uma ação programada. Essas
determinações poderão estar em diferentes níveis: poderão ser internas
à ação, estar relacionadas à organização onde a ação opera ou ainda à
sociedade (BAPTISTA, 2007, p. 118).

Especialistas afirmam que na avaliação da eficácia o mais importante é analisar os efeitos da


ação, ou seja, a ação e o produto. Isso exige o estabelecimento de instrumentos de controle, bem
como o acompanhamento do trabalho e dos rendimentos. Para Baptista (2007, p. 119): “É importante
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operacionalizar os aspectos fundamentais da proposição, de forma a permitir seu acompanhamento e


avaliação de seu alcance”.

5.2.1.3 Avaliação da efetividade

A avaliação da efetividade diz respeito aos impactos do planejamento sobre uma dada realidade, ou
seja, sobre o objeto. “Nessa perspectiva, o ponto de vista da avaliação é o da totalidade e a questão é
vista como uma totalidade parcial integrada em totalidades mais amplas” (BAPTISTA, 2007, p. 120).

Sabe-se que a avaliação da efetividade questiona a proposta, os objetivos e as ações desenvolvidas


em sua capacidade de dar respostas, de resolução de problemas.

5.2.1.4 Avaliação do Plano Municipal de Assistência Social

É elemento estratégico para a implantação de um sistema, define os objetivos, o foco e a


intencionalidade das ações e permite a articulação antecipada dos resultados e dos impactos,
possibilitando antever aquilo que se quer alcançar. (BRASIL, 2008).

O Plano de Assistência Social é um instrumento de planejamento estratégico que organiza e regula


a execução da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) na perspectiva do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS).

A responsabilidade pela elaboração do PMAS (Plano Municipal de Assistência Social) é do órgão


gestor, e a aprovação cabe ao Conselho de Assistência Social.

Elaboração
(órgão gestor)

Aprovação
(Conselho
Municipal)
PMAS

,
Figura 8 – Definição da elaboração do PMAS

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O Plano de Assistência Social deve ser elaborado pelo gestor nas três esferas de governo, devendo
ser construído para uma gestão e ser submetido à aprovação do conselho.

Para superar a prática conservadora assistencialista e clientelista que marca o início da assistência
social, o Plano da Assistência Social é compreendido pelo SUAS como:

Instrumento fundamental para a construção de uma política planejada,


efetiva e de impacto sobre as situações de vulnerabilidade e risco sociais
identificadas nos territórios;

Parâmetro básico para a democratização do processo decisório;

Mecanismo para viabilizar a inserção da assistência social ao sistema de


planejamento global do município, bem como aos sistemas de planejamento
da assistência social nos âmbitos estadual e federal (BRASIL, 2008, p. 30).

De acordo com o Suas, o plano é mais que uma ferramenta técnica: é essencialmente político, pois
processa conhecimento da realidade social e mobiliza forças políticas. Assim, quanto mais democrática
e participativa for a construção do plano, mais apoio e consenso terá para a sua execução.

Essas informações têm como objetivo chamar a atenção do leitor para a importância dessa ferramenta
no processo de gestão da política social. A partir de agora, vamos adentrar a avaliação do PMAS.

O plano de assistência social requer avaliação e reajustes constantes, seja em face de novos
acontecimentos ou situações, seja para correção dos objetivos e de estratégias anteriormente definidas
ou realizadas ao longo de sua implementação.

A avaliação do plano pode obedecer a critérios e perspectivas diferentes; isso dependerá de quem a realiza,
de quais são as intenções na avaliação e do contexto da realidade. Esses são alguns dos condicionantes.

Analistas de políticas públicas definem a avaliação como instrumento político-gerencial, requisitado


para melhorar a ação existente e contribuir para aprimorar o conhecimento sobre uma realidade,
possibilitando a continuidade e a permanência da política, rompendo com a descontinuidade desta.
Também possui imperativo ético, demonstrando os critérios e o uso dos recursos, privilégio da
transparência da aplicação dos recursos públicos pelo plano, bem como a importância da qualidade e
da participação da sociedade.

A avaliação é instrumento estratégico para a execução do plano, pois torna possível identificar seus
ganhos e perdas, além de sustentar agentes sociais de informação que contribuam para o seu ajuste,
aperfeiçoamento e o exercício do controle social.

A configuração do Suas exige, para garantia do direito, atuação permanente e contínua. Com esse
formato, a avaliação é fundamental para o alcance de ações autônomas com a participação dos
seus usuários.

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A geração da informação, operando as estratégias de produção, armazenamento, organização,


classificação e disseminação de dados por meio das ferramentas tecnológicas disponíveis e em
desenvolvimento, é elemento fundamental a ser devidamente incorporado na cultura institucional
vigente (BRASIL, 2008, p. 65).

Formulação do plano: na avaliação inicial


(ex-ante), propicia a definição das questões a
serem tomadas, bem como o balanço dos fatores
complicadores e facilitadores em relação às
condições de exequibilidade e viabilidade.

Execução do plano: a avaliação e o


monitoramento assumem uma retroalinhadora
do plano e acompanham os avanços, os ajustes e
as adequações necessárias.

Avaliação final do plano: avaliação (ex-post),


momento de coletar e analisar informações que
formulem juízo de valor em relação ao resultado
final e seus efeitos sobre a condição inicial e a
população.

Figura 9 – Fases de execução do plano

Lembrete

As etapas do plano devem ser construídas coletivamente, contando


com a participação de usuários e de parceiros, num espaço pedagógico que
possibilite o aprendizado.

Deve ser previsto um sistema de acompanhamento e avaliação para o Plano


como um todo, através de indicadores comuns a todos os programas como,
por exemplo, acesso a serviços, protagonismo, autonomização, participação,
engajamento comunitário, etc., e indicadores específicos para cada programa
e ações, adequados aos objetivos que se quer atingir em cada um, como
ganho de habilidades específicas, ampliação da renda e outros. É importante
definir claramente o objeto da avaliação e seus focos de concentração, ou
seja, sob que ângulos, espaços e temporalidade serão avaliados (BRASIL,
2008, p. 65-6).

Na avaliação do plano, é importante buscar mais que resultados quantitativos, pois esta deve ser
vista como um processo que traz resultados que vão além da análise do alcance dos objetivos e das
metas. Deve-se analisar se houve mudanças no comportamento da população, se ocorreu contribuição
para a intersetorialidade etc.

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Saiba mais
Para saber mais, não deixe de consultar:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
CapacitaSuas. Planos de Assistência Social: diretrizes para elaboração.
Brasília: SNAS/IEE-PUCSP, 2008. v. 3. Disponível em: https://www.mds.
gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/SUAS_Vol3_
planos.pdf. Acesso em: 21 jun. 2020.

6 INSTRUMENTO, APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS, ANÁLISE DE UM


ESPECIALISTA EM AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E
ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE PLANO E PROJETO

O relatório é um dos instrumentos mais utilizados para a apresentação dos resultados de uma
avaliação, que pode ser de um projeto, de um programa, de um plano e até mesmo de indicadores de
desenvolvimento humano.

6.1 Instrumento

Vamos apresentar o Relatório Anual de Gestão, que se destina a registrar e sintetizar as informações
sobre os resultados alcançados na política de assistência social, bem como a probidade de seus gestores
em nível nacional, estadual, municipal e no Distrito Federal.

O relatório tem também a função de divulgar às instâncias formais e de controle da Assistência


Social, ao Ministério Público, ao Poder Legislativo e à sociedade os resultados alcançados e a
regularidade da gestão.

Como demonstra o modelo de instrumento exposto a seguir (Gestão 2011), os aspectos avaliados são:

• identificação;
• precisão orçamentária da assistência social para o ano;
• gestão dos recursos financeiros do cofinanciamento estadual;
• quantidade de trabalhadores alocados no Órgão da Assistência Social no Cras e no Creas;
• rede socioassistencial, de acordo com as proteções sociais;
• detalhamento das ações realizadas.

Como pode ser verificado no modelo de instrumento utilizado para o registro dos dados a
serem avaliados, o que buscamos apresentar foi o cumprimento das realizações e dos resultados,
em virtude das metas priorizadas e estabelecidas no Plano de Ação Anual, bem como a aplicação
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Unidade II

dos recursos em nível nacional, estadual e municipal, no exercício daquele ano. Esse relatório será
elaborado pelo gestor e submetido ao conselho seguindo padrões e determinações da Política
Nacional da Assistência Social.

6.2 Resultados de avaliação

Para mostrar resultados, apresentamos duas avaliações: a primeira traz um relatório da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o qual aponta que obras consideradas prioritárias para a garantia
de fornecimento de energia nas cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, estão
atrasadas. O segundo exemplo apresenta partes do relatório que trata da demonstração dos resultados
da evolução do financiamento da assistência social.

Ambos são considerados exemplos de resultados, o que implica a demonstração em partes, sem
compromisso, da apresentação.

Exemplo 1. Veja esta notícia:

Ministério nega risco de falta de energia durante a Copa de 2014

O Ministério de Minas e Energia divulgou nesta terça-feira (22) nota em que nega risco
de faltar energia nas cidades do país que vão sediar os jogos da Copa de 2014. “As reuniões de
acompanhamento, coordenadas pelo MME, permitem afirmar, com absoluta segurança, que
não há risco de desabastecimento durante a Copa”, diz a nota.

Um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta que obras


consideradas prioritárias para a garantia de fornecimento de energia nas cidades-sede
dos jogos da Copa de 2014 estão atrasadas. De acordo com o documento, publicado em
dezembro, Porto Alegre é a cidade onde a situação mais preocupa. A fiscalização da agência
aponta que estão atrasadas 96% das obras tocadas pela CEEE, concessionária de distribuição
de energia na capital do RS.

Reportagem publicada nesta terça pelo jornal Folha de S. Paulo, com base no relatório,
diz que “o fornecimento de luz para a Copa do Mundo de 2014 está ameaçado em boa parte
das cidades-sede, diferentemente do que vem sustentando o governo”.

De acordo com o ministério, um grupo de trabalho “acompanha e monitora”, desde 30


de agosto de 2010, as obras prioritárias para garantir o fornecimento de energia no país
durante a competição. A nota aponta ainda que, ao contrário do que afirma a reportagem,
o relatório da Aneel conclui que “a maioria desses atrasos não oferece risco iminente ao
abastecimento de energia para a Copa de 2014”.

Obras complementares

O diretor-geral da Aneel, Nelson Hübner, disse que a maior parte das obras do setor de
energia voltadas para a Copa é destinada apenas ao reforço das instalações. Segundo ele,
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o Brasil já teria, hoje, condições de sediar o mundial, com a sua demanda por energia, com
baixíssimos riscos de falha no fornecimento.

“A grande maioria delas é de obras complementares. São obras de confiabilidade, que a


Fifa exige”, disse ele, citando como exemplo a necessidade de instalação de dupla estrutura
para alimentação de energia nos estádios da Copa.

Hübner afirmou que obras desse tipo, na área de distribuição de energia, são realizadas
rapidamente e os atrasos constatados pelo relatório podem ser revertidos em poucos meses.
Ele voltou a negar risco de falha no fornecimento de energia nas cidades-sede.

De acordo com ele, um novo relatório da fiscalização da agência com informações atualizadas
sobre o andamento das obras voltadas para a Copa deve sair em cerca de três semanas.

Fonte: Amato (2013).

Exemplo 2. Veja partes deste relatório:

Os dados a seguir são do relatório de avaliação do financiamento da assistência social, retirado do


Caderno SUAS (BRASIL, 2011).

Para melhor compreensão, vamos apresentar partes desse relatório para clarear o entendimento
sobre a construção dessa avaliação.

Partimos do entendimento de que a introdução é a parte do relatório que tem a finalidade de


apresentar o que será tratado no documento.

Na Introdução, encontram-se os conteúdos do relatório, os procedimentos metodológicos adotados


e os elementos de análise. Leia:

O relatório em questão apresenta dados sobre o financiamento da Assistência Social


no período de 2002 a 2010, com enfoque nos dois últimos exercícios. São apresentados
gráficos, mapas e tabelas que demonstram a evolução do financiamento e da cobertura
das ações na área de assistência social ofertadas pelo setor público no período analisado.
Considerando que a provisão da proteção social brasileira é de corresponsabilidade das três
esferas de governo, o relatório aponta como os recursos são executados e se distribuem
regionalmente e ao longo do tempo, o grau de cofinanciamento de estados, Distrito Federal
e municípios e a contribuição da União para a consecução dessa política.

De modo a auxiliar a compreensão do leitor, são descritos os procedimentos metodológicos


que orientaram a definição da fonte de informações, o recorte dos dados orçamentários e a
adoção do índice de inflação. Inicialmente, é retratada a evolução dos recursos da Assistência
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Social na União, indicando o nível de crescimento desses recursos no período analisado, além de
uma análise de sua evolução frente ao gasto social federal.

Em seguida, analisa-se a evolução do montante investido e do número de beneficiários


dos três principais programas do MDS: Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa
Bolsa Família (PBF) e Acesso a Alimentação, responsáveis pelo elevado incremento dos
recursos destinados à Assistência Social, especialmente a partir de 2004.

Por fim, são apresentados gráficos que ilustram a participação dos entes federados no
financiamento da política de Assistência Social, identificando o grau de participação da
União, dos estados, [do] Distrito Federal e dos Municípios, bem como procedendo à análise
da totalidade dos recursos destinados à Função 08 (Assistência Social) frente ao Produto
Interno Bruto (PIB). Nos anexos são expostas as tabelas com o detalhamento dos dados que
subsidiaram o Caderno SUAS.
Fonte: Brasil (2011, p. 11).

As Notas Metodológicas têm a função de apresentar para o leitor os objetivos do relatório, as


variáveis e as principais estratégias utilizadas:

O presente relatório tem como objetivo consolidar os dados para o mapeamento e [o]
monitoramento do financiamento da Assistência Social no Brasil no período de 2002 a
2012, em atendimento ao inciso VI do artigo 11 da Portaria MDS nº 329, de 11 de outubro
de 2006, que institui e regulamenta a Política de Monitoramento e Avaliação do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Para elaboração deste Caderno, foram consideradas como financiamento da Assistência


Social as despesas classificadas pelos entes na função orçamentária “Assistência Social”
(Função 08). Por função orçamentária entende-se o maior nível de agregação das diversas
áreas de despesa que competem ao setor público, como Saúde, Educação, Previdência
(Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999).

Os dados do orçamento da União e dos repasses do Fundo Nacional de Assistência


Social (FNAS) aos estados, Distrito Federal e municípios nos anos analisados foram extraídos
do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Os recursos
dos exercícios anteriores (2002 a 2012) correspondem aos valores liquidados na execução
orçamentária de cada ano.

Em relação ao exercício corrente, a dotação autorizada, isto é, dotação inicial (Lei nº 12.381,
de 9 de fevereiro de 2011) acrescida de créditos adicionais, refere-se à data de 30/06/2011.
Os valores de 2012 correspondem ao Projeto de Lei Orçamentária Anual – PLOA 2012,
encaminhada ao Congresso Nacional no final do mês de agosto (PL nº 28/2011-CN), e os
dados relativos aos recursos de 2012-2015 constam da Proposta de Plano Plurianual (PPA),
Projeto de Lei nº 29/2011-CN.
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Quanto à evolução financeira dos recursos da União com a Assistência Social, são apresentadas
duas análises de dados: a primeira considera as despesas gerais, o que inclui serviços, programas,
projetos e benefícios da Assistência Social, e a segunda considera apenas os serviços e projetos,
subtraindo os benefícios destinados às seguintes ações de transferência de renda: Renda Mensal
Vitalícia (RMV), Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa Bolsa Família (PBF), bolsa do
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e bolsa do Agente Jovem (AJ).

Na análise do Programa Fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social foi utilizada,


para facilitar a compreensão, uma classificação extraoficial que segrega os gastos em três
grandes linhas, que resumem as formas de atuação da Secretaria Nacional de Assistência
Social (SNAS): a) serviços socioassistenciais; b) apoio à gestão; e c) transferência de renda.

As atualizações monetárias dos recursos de 2002 a 2012 foram realizadas utilizando-se


o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IPCA/IBGE), índice oficial do Governo Federal, com data base em 31 dez. 2012.

Em relação à evolução do Benefício de Prestação Continuada (BPC), os dados atualizados


são disponibilizados mensalmente pelo Departamento de Benefícios Assistenciais da
Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), no portal do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (www.mds.gov.br). Os dados relacionados ao Programa Bolsa
Família foram disponibilizados pelo Departamento de Operações da Secretaria Nacional de
Renda de Cidadania (Senarc) e os dados orçamentários do programa Acesso à Alimentação
foram extraídos do SIAFI, enquanto os dados físicos foram fornecidos pela Secretaria
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS. Os valores considerados
foram liquidados na execução dos Programas em cada ano. Com o intuito de facilitar a
comparação entre os exercícios, os gráficos da evolução dos recursos do BPC, PBF e Acesso
à Alimentação também foram corrigidos pelo IPCA-IBGE.

Na análise da participação dos entes federados no cofinanciamento da Assistência


Social foram utilizados dados extraídos do Siafi (União) e do Sistema de Coleta de Dados
Contábeis dos Estados, Distrito Federal e Municípios (SISTN). Contabilizaram-se como
repasses da União aos estados, Distrito Federal e municípios tanto aqueles realizados pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome via Fundo Nacional de Assistência
Social (FNAS/MDS), como também pela Administração Direta do MDS, inclusive os referentes às
ações do Programa Segurança Alimentar e Nutricional, entre os quais: construção de cisternas,
aquisição de alimentos da agricultura familiar, implantação de banco de alimentos, educação
alimentar e nutricional, instalação de restaurantes e cozinhas populares.

Para os estados e o Distrito Federal, o relatório utilizado foi o da Execução Orçamentária dos
Estados, do SISTN. Já no caso dos municípios, as informações são provenientes do banco de dados
Finanças do Brasil (Finbra – Dados Contábeis dos Municípios), atualizados até o mês de agosto de
2013, com dados de 2012. Embora tais demonstrativos sejam declarados pelos entes da Federação
com a ratificação dos prefeitos e governadores, é comum apresentarem erros de preenchimento
ou de classificação, e até mesmo ausência de registro de informações.
77
Unidade II

Cabe ressaltar, também, que os dados do Finbra não incluem a totalidade dos municípios
do país, sendo os seguintes quantitativos de municípios que tiveram suas informações
contábeis validadas pela STN: 4.825 municípios em 2002, 4.769 em 2003, 3.429 em 2004,
4.355 em 2005, 4.807 em 2006, 5.295 em 2007, 5.050 em 2008, 5.247 em 2009, 5.048 em
2010 e 4.814 em 2011. Quanto a 2012, foram disponibilizados pela STN dados sistematizados de
4.581 municípios até o mês de agosto de 2013 ou seja, 82,2% dos 5.570 municípios brasileiros.

Por fim, considera-se cofinanciamento o valor executado, conforme declarado pelo ente,
subtraído do valor repassado pela União, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (FNAS e outras despesas classificadas como Função 08). É possível
que existam gastos com Assistência Social classificados de forma indevida pelos entes em
outras funções, em virtude de dispositivos constitucionais e legais que exijam percentuais
mínimos de gastos nessas áreas. Além disso, como ainda não é possível identificar nos sistemas
informatizados federais ora existentes os recursos transferidos dos estados aos municípios,
eventualmente pode existir dupla contagem dos gastos declarados por estes entes.
Fonte: Brasil (2013, p. 11-33).

Nesse relatório as análises foram apresentadas, em sua maior parte, por meio de gráficos. Geralmente,
o uso de gráfico é adotado para fazer comparações e avaliações – nesse caso, para apresentar uma
análise da evolução do financiamento da assistência social durante um período de onze anos.

Vamos aos exemplos:


70
Assistência Social - valores nominais 62,8
Assistência Social - valores corrigidos pelo IPCA-IBGE até 30.12.12
60 56,6

48,2
50
44,1
39,8 45,6
R$ bilhões

40 35,9 39,1
32,5
29,7 33,3
30
22,4 28,8
20,8 24,7
20 21,6
13,6
11,5 15,8
13,9
10
8,4
6,5
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013

Figura 10 – Evolução dos recursos da união na assistência social (Função 8), 2002-2013

78
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

9,0
8,2
8,0 Assistência Social - valores nominais
Assistência Social - valores corrigidos pelo IPCA-IBGE até 30.12.12
7,0
R$ bilhões
6,0 5,8

5,0
4,0
3,8
4,0
3,3 3,3 3,8
3,1 3,0
3,0 2,6 3,4
2,5
2,1 2,6 2,8
2,0 1,7 2,3
2,2
1,8
1,6 1,4
1,0
0,9
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013

Figura 11 – Evolução dos recursos da união na assistência social (Função 8),


exclusive transferências de renda, 2002-2013

Agora veja estes exemplos:


12%

10% 9,42% 9,57%

8,20% 8,54%
8% 7,49% 7,75% 7,78%
7,09%
5,99% 5,97%
6%

4,13%
4% 3,71%
3,07%
2,71% 2,88%
2,59%
2,09% 2,29% 2,35%
2% 1,53% 1,82%
1,43%
0,96% 0,96%

0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
% orçamento total % da seguridade social

Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013

Figura 12 – Evolução da participação relativa da Assistência Social (Função 8)


nos gastos da União e da Seguridade Social, 2002-2013

79
Unidade II

100%
14% 19% 10% 11% 10% 9% 9% 8% 9% 8% 10% 13%
90% 91% 91% 92% 91% 92%
90% 89% 90% 90% 87%
80% 86%
81%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
% transferência de renda % demais ações

Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013

Figura 13 – Evolução do percentual das despesas com transferências de renda e demais ações na
execução orçamentária e Assistência Social (Função 8), 2002-2013

450
Assistência Social
400
400 Previdência Social
Saúde 360
350
Trabalho 327
300 Demais funções Seguridade social
R$ Bilhões

291
259
250 234
213
200 189
166
150 145
123
100 72 80

50 58 62 57
50 36 41 40 39 46 36 43
25 27 33 29 33 31
7 8 12 8 9 13 14 11 8 16 13 11 22 17 12 25 20
11
23
12
2917 18 20 22
-
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS

Figura 14 – Execução orçamentária da Seguridade Social por função, 2002-2012

80
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

100% 4 4 4 3 3 4 4 4 4
7 6
5 5 5 6 6 7 7 7 7
90% 5 5
4 4 6 6 7 7 8 8 8 9 9
80%
70%
60%
50% 70 71 72 71 70 71 69 68 68 67 67
40%
30%
20%
10%
14 13 14 14 13 12 13 14 13 14 13
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Saúde Previdência Social Assistência Social Trabalho Demais

Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS

Figura 15 – Participação relativa das funções no financiamento da Seguridade Sociai, 2002-2012

As figuras anteriores apresentam a evolução do financiamento da assistência social: destacam


o percentual do aumento dos recursos anualmente; o aumento dos recursos da união para serviços,
programas e projetos da assistência social; o aumento em relação à seguridade social; a trajetória dos
gastos sociais; e a composição do gasto social federal por área de atuação.

Podemos verificar que os gráficos representados nessas figuras buscaram apresentar indicadores de
análise que nos levam a uma leitura do grau de evolução dos recursos nos dez anos demonstrados
no relatório.

A apresentação da figura a seguir tem como objetivo demonstrar a evolução do recurso do programa
de transferência de renda Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Veja o exemplo:

81
Unidade II

16.000
14.630

14.000
12.741
11.747
12.000 5.801
10.313
10.000 5.039
8.855
Em milhões

4.639

7.896
8.000 4.054
7.043
3.481
4.459
6.000 5.755 3.117

4.951 2.800 3.897


4.505 3.603

3.840 2.321 3.164


4.000 2.032
2.704
1.888 2.394 1.695
1.648 2.142 1.476
1.357
1.752 1.186
1.504
2.000 1.364
756
875
1.004
1.324
1.522
1.161 1.223
597 950 1.087
433 496 861
350 514 762
374 454 515 1.005 1.153
583 649 716 821 925
0 307 365 404 471

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Nordeste Sudeste Sul Norte Centro-Oeste
Fonte: Departamento de Benefícios de Assistência Social
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA/IBGE de 31 de dezembro de 2012

Figura 16 – Gráfico sobre evolução dos recursos executados por região, 2002-2012 (pessoa com deficiência)

14.000
12.805

12.000 11.448
10.915

10.000 9.814 4.990

4.457
8.312 4.251
Em milhões

8.000 7.334 3.826

6.345 3.222
6.000 2.838
4.099
4.926 3.660
2.473 3.477
3.117
4.000 3.772 1.935
2.649
2.814 1.472 1.263
2.338
2.209 2.010
1.072 1.125
1.103 968
2.000 1.201
1.547
730
829 1.225
854 632 1.108
910 984 1.074
382 759 849
729 496 661
277 388 512 1.098 1.229
211 275 669 764 920 1.041
217 436 569
0 198 249 330
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Nordeste Sudeste Sul Norte Centro-Oeste
Fonte: Departamento de Benefícios de Assistência Social
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA/IBGE de 31 de dezembro de 2012

Figura 17 – Gráfico sobre evolução dos recursos executados por região, 2002-2012 (pessoa idosa)

82
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Esse relatório também traz indicadores de avaliação do recurso de transferência de renda repassado
aos beneficiários do Bolsa Família, um programa que tem a finalidade de transferir renda às famílias
em condições de vulnerabilidade e risco social. É considerado um dos melhores exemplos do mundo de
combate à miserabilidade. A avaliação dos resultados desse programa tem levado o Brasil a patamares
de desenvolvimento mais elevados nos últimos anos.

Leia o texto a seguir.

Evolução do Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência de renda com


condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por
pessoa de R$ 70 a R$ 140) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 70).

No ano de 2012 foi investido o total de R$ 20,5 bilhões no atendimento a 13,9 milhões
de famílias, o que representou um aumento de 186,9% no volume de recursos aplicados e
de 111,5% no número de famílias atendidas em relação ao ano de 2004 [...].

O Programa Bolsa Família apresentou no período 2004-2012 um crescimento tanto


no número de famílias beneficiadas quanto nos recursos aplicados, embora o ritmo tenha
variado ao longo da série. A evolução crescente da execução orçamentária está relacionada
ao aumento da cobertura do Programa e aos reajustes dos benefícios. Entre os fatores que
colaboraram para esse crescimento destacam-se as atualizações do valor de referência para
caracterização da condição de pobreza (linha de pobreza para concessão do benefício),
mudanças na legislação no sentido de torná-la menos restritiva, o que permitiu ampliar o
público-alvo, bem como o valor médio do benefício; e uma maior efetividade no alcance
dos potenciais beneficiários, em razão da estratégia de Busca Ativa.

Fonte: Brasil (2013, p. 35-36).

83
Unidade II

22.000
20.530
20.000

18.000 17.616

16.000 15.169
10.692
14.140
14.000 13.103
9.143
Em milhões

12.000 11.547
7.302
10.552 7.456
10.000 9.066 6.987

6.103
8.000 7.156 5.511
4.799
4.709 4.150
6.000 3.755
3.979
3.083 3.291
4.000 2.541 2.734
2.413
2.246 1.772 2.045
1.599 1.613
2.000 806
1.026 1.217 1.448
1.440 1.343 1.540
616 951 941 989 1.090
669 897
617 690 900 936 1.085
0 293 498 494 553
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Nordeste Sudeste Norte Sul Centro-Oeste


Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA/IBGE de 31 de dezembro de 2012
Figura 18 – Gráfico sobre evolução dos recursos executados por região, 2004-2012 (Bolsa Família)

O relatório que estamos apresentando traz indicadores de um entendimento ampliado da evolução


do financiamento, além de gráficos que demonstram os resultados da participação dos entes federados
no cofinanciamento da assistência social.
100%
14,1% 14,8% 15,5% 14,2% 14,4% 13,7% 15,5%
90% 16,0% 13,8%

9,7% 8,3% 7,4% 7,8% 7,1% 7,1% 6,6%


80% 8,5% 7,0%

70%
60%
50%
40% 77,9% 77,5% 78,0% 78,5% 79% 77,9%
75,5% 76,5% 77,6%
30%
20%
10%
0%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
União Estados e Distrito Federal Municípios
Fonte: SIAFI (União) e SISTN/STN (estados, Distrito Federal e municípios)
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS

Figura 19 – Gráfico participação dos entes federados no financiamento da Assistência Social, 2004-2012

84
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Julgamos importante trazer o exemplo das Considerações Finais, muito usadas para apresentar um
posicionamento crítico do estudioso ou do especialista responsável pela avaliação. Esse é também o
espaço adequado para apresentação de sugestões e recomendações.

Decorridos sete anos de implantação do Sistema Único de Assistência Social, conquista


do processo democrático e participativo, materializado nas conferências e nos conselhos,
e, ainda, principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada
em caráter extraordinário em dezembro de 2003, pode-se dizer que muito já se avançou
na construção de um modelo que contempla mudanças não apenas no modo de operar,
mas, também, no modo de financiar a política de Assistência Social. Trata-se de um marco
importante na história recente das políticas sociais brasileiras, institucionalizado pela
Lei nº 8.742/93, alterada pela Lei nº 12.435/2011, que concebeu efetivamente à Assistência
Social o status de política pública, de acordo com a Constituição Federal vigente.

No âmbito da gestão de uma política pública, a destinação orçamentária e a sua


execução, ou seja, seu efetivo financiamento, constituem importantes indicadores das
prioridades de atuação e intervenção do setor público. Conhecer as dotações envolvidas, as
escolhas feitas no âmbito da política e seus avanços e/ou desafios compõe uma importante
ferramenta para o exercício do controle social do Estado pelo cidadão, compreendendo o
Estado a serviço do interesse público.

Nesse sentido, este trabalho vem cumprir com uma importante tarefa para esta
discussão: o monitoramento do volume de recursos apontados pelo Governo Federal,
estados, Distrito Federal e municípios na política de Assistência Social. Após análise
dos dados apresentados, pode-se afirmar que houve no período de 2002 a 2010 um
claro comprometimento com a agenda social e, em especial, a partir de 2005, com a
concretização de um sistema descentralizado, territorializado e cofinanciado, pautado
pela corresponsabilidade entre as esferas de governo na provisão da Assistência Social
como política pública.

Houve uma clara expansão dos recursos principalmente no nível federal, o que
representou incremento tanto em relação ao orçamento da Seguridade Social quanto
em relação ao orçamento total e ao Gasto Social Federal. Tal incremento dos recursos
relaciona‑se principalmente à ampliação da cobertura e do valor dos benefícios dos
programas de transferência de renda, em especial o BPC e o Programa Bolsa Família, benefícios
socioassistenciais que têm contribuído com a redução da extrema pobreza no país.

Ainda, a evolução dos recursos totais contabilizados na Função Assistência Social


(União + cofinanciamento dos estados, Distrito Federal e municípios) frente ao PIB indica
a prioridade macroeconômica dada a essa política nos últimos anos, na medida em que
revela a proporção do gasto efetivo na política diante do total de recursos mobilizados pelo
Governo Federal.
85
Unidade II

À União cabe a maior parcela no financiamento da Assistência Social, se consideradas


as transferências realizadas diretamente aos cidadãos. Por outro lado, o tímido aumento
na participação dos municípios no cofinanciamento da política em 2010 demonstra a
necessidade de se avançar na municipalização das ações da Assistência Social, sobretudo
no que se refere à prestação dos serviços socioassistenciais de caráter continuado.

Fonte: Brasil (2011, p. 39).

Saiba mais

Para ler mais sobre esse assunto, acesse:

BRASIL. Secretaria Especiall do Desenvolvimento Social. Caderno Suas VI:


financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/Cadernos/Suas_Financiamento_VI.pdf. Acesso em: 21 jun. 2020.l.
Acesso em: 21 jun. 2020.

6.3 Entendimento de especialista sobre a avaliação da assistência social

Vamos apresentar uma reflexão de Ana Fonseca, gestora e pesquisadora da política social do
governo Lula:

O Brasil não conta com um sistema de avaliação e monitoramento das políticas


sociais. Os ministérios setoriais (saúde, educação) têm suas secretarias ou
diretorias e suas bases de dados. No âmbito dos Estados, o procedimento não
é muito diferente, contando também com instituições de pesquisas. Mesmo
assim, o Brasil não é um país com vasta tradição na discussão sistemática de
políticas públicas. Os centros de reflexão que tratam do assunto são poucos.
Os governos costumam ter uma atitude de desconfiança em relação a este
tipo de estudo em função do temor de críticas. A burocracia tende a definir
uma política pública como uma combinação de uma legislação setorial e
uma alocação de recursos. E, infelizmente, até recentemente a avaliação de
políticas públicas era apenas um componente compulsório nos empréstimos
internacionais, uma exigência dos órgãos financiadores internacionais. Este
quadro vem mudando lentamente nos últimos anos, em paralelo com a
consolidação do regime democrático no país. Na esfera federal, instituições
como o Ipea buscam reorganizar-se para ocupar esta lacuna. ONGs e empresas
de consultoria passaram a desenvolver estudos avaliativos para instituições de
caráter público e privado, nacionais e internacionais. Empresas e consultores
privados começaram a ocupar este mercado. E mesmo no plano estadual e
local organizações públicas e privadas começam a investir mais na avaliação
de políticas de governo (FONSECA, [s.d.]).

86
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

A reflexão de Fonseca ([s.d.]) traz uma crítica importante na discussão da avaliação das políticas
sociais: a de que o Brasil não tem a cultura de avaliar os resultados das ações do Estado. Essa posição é
alvo de inquietações daqueles que buscam medir e conhecer o alcance da gestão e dos investimentos
públicos para o acesso aos direitos sociais e à cidadania.

Curiosamente a preocupação que ganha a atenção da mídia é a avaliação


das políticas e seus resultados. Não há uma equivalente atenção para com
os processos de formulação de políticas. E aqui cabe uma diferenciação
importante: formulação (ou desenho) de políticas públicas não é uma
área onde estamos tão bem assim. A administração pública federal ainda
enfrenta severos déficits de capacidades, em especial, nas áreas relacionadas
com quadros técnicos capazes de proporem métodos consistentes que
traduzam as prioridades do governo. Portanto quando falarmos de avaliação
de políticas públicas é importante termos em mente os contextos de sua
formulação (FONSECA, [s.d.]).

Ainda sobre o interesse em conhecer os resultados alcançados com as políticas sociais, a análise
demonstra que está concentrado somente nos resultados, e não no processo de formulação. Considerando
que o resultado de uma política está intimamente ligado ao seu processo de formulação, temos a
preocupação de não sabermos cobrá-los daqueles que têm nas mãos a execução desse bem público.

Nos livros-texto sobre políticas públicas o capítulo dedicado à avaliação


de políticas em geral faz menção a várias modalidades de avaliação. Esta
seção costuma vir na sequência de uma discussão sobre monitoria, o
acompanhamento de como uma política está sendo implementada, ou seja,
o monitoramento [no correto desempenho das tarefas].

Na avaliação são comuns os recortes. Um recorte, por exemplo, é a diferenciação


da avaliação em ex-ante, ex-post e em processo. Outra diferenciação importante
é a das metodologias quantitativas e qualitativas (FONSECA, [s.d.]).

No entendimento de Fonseca ([s.d.]), a avaliação é tratada nas obras sobre políticas públicas como
um elemento que deve subsidiar a avaliação. No sentido de demonstrar o entendimento que se tem
sobre o assunto, ela apresenta os principais recortes que se fazem.

As avaliações ex-ante, como o nome diz, são avaliações que antecedem a


implementação de uma política. Frequentemente fazem parte de diagnósticos
que podem ou não dar origem, na sequência, a políticas públicas.

Estas avaliações às vezes estão presentes em documentos internacionais


como os Relatórios das Agências das Nações Unidas como os produzidos
pelo PNUD sobre Desenvolvimento Humano, pela Unicef sobre a situação da
criança e pela OIT sobre a situação das relações de trabalho.

87
Unidade II

Noutros casos, as avaliações constam em textos que subsidiaram a


elaboração de programas de partidos que disputam o governo, como no
caso das contribuições do Instituto da Cidadania, do Instituto Teotônio
Vilela ou da Fundação Tancredo Neves (FONSECA, [s.d.]).

Conforme a autora, a avaliação ex-ante é utilizada como elemento de diagnóstico que pode dar
origem a um programa ou projeto e até mesmo a propostas de campanhas partidárias.

Instituições financeiras como o Banco Mundial e o Banco Interamericano


de Desenvolvimento costumam incluir nos empréstimos um percentual
de recursos, mesmo que pequeno, para avaliar os resultados dos seus
financiamentos. Organizações que trabalham com cooperação técnica
internacional como o DFID (Ministério do Desenvolvimento Britânico), a Cida
(agência de cooperação técnica para o desenvolvimento canadense), a GTZ
alemã ou a Sida sueca, assim como ONGs internacionais como a Fundação
Ford também costumam investir na avaliação de políticas e programas,
embora em escala menor, local ou regional.

Avaliações em processo são fundamentais para a introdução da correção


de rumos no decorrer do processo de implementação de políticas públicas.
Elas ajudam a fazer a coisa certa. São as avaliações feitas, por assim dizer,
“em tempo real”. E elas são mais sensíveis politicamente, porque afetam
diretamente os responsáveis políticos e técnicos pela condução das políticas.

Diferentemente dos processos de monitoramento, a avaliação em processo


destina-se a problematizar, em profundidade, a direção, os produtos e
os resultados que a política esteja produzindo enquanto ela está sendo
implementada (FONSECA, [s.d.]).

No entendimento da autora, a avaliação em processos pode ser mais adequada e eficaz, uma vez que
avalia em tempo real a execução, os resultados e seus responsáveis. Mas, para uma boa execução, requer
alguns cuidados, como a incorporação dos resultados na implementação da política pública.

Neste sentido é importante que as pessoas e/ou instituições que a conduzam sejam
ao mesmo tempo independentes [...] do governo em função do distanciamento
necessário requerido, mas também profissionalmente respeitadas pelo governo
e parceiros responsáveis pela implementação da política, de modo a assegurar
que as conclusões da avaliação sejam incorporadas ao processo decisório afeto à
implementação do programa (FONSECA, [s.d.).

A respeito do entendimento sobre os aspectos quantitativos e qualitativos explorados nas


pesquisas, Fonseca ([s.d.]) destaca as dificuldades que os órgãos responsáveis pela gestão da
informação enfrentam no governo federal, mas que também é dos Estados e dos municípios,
uma vez que a ausência ou a falta de levantamento dos resultados alcançados ou a demora na
disponibilidade desses dados não tem permitido que gestores e equipes que atuam na política
social tenham informações que possam orientar os rumos a serem tomados nas próximas etapas.
88
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Corroborando a exposição da autora, temos o entendimento de que o sistema de informação,


monitoramento e avaliação dos governos estão bastante aquém das necessidades de gestão das políticas
públicas. Nesse assunto, o Brasil precisa caminhar com mais compromisso e estudo. Embora sejam
visíveis algumas iniciativas, muito pouco se tem avançado nesse sentido.

A outra diferenciação mencionada envolve a ênfase em aspectos


quantitativos e qualitativos. Cada vez mais os métodos quantitativos
ganham prestígio e notoriedade em função de sua universalidade
metodológica. Há quem diga que “o que não se mede não tem como ser
avaliado”. Mas as coisas não são bem assim. Naturalmente, quanto mais
dados disponíveis em tempo real se tiver para avaliações sobre o que está
se passando, melhor. Mas os órgãos públicos que trabalham com bases
de dados, como o IBGE, a Fundação Seade, as Secretarias de Educação e
Saúde, entre outros, enfrentam problemas graves de disponibilização de
estatísticas de forma confiável e tempestiva. Assim sendo, o resultado é
que as avaliações quantitativas acabam se restringindo a situações onde
os dados estejam disponíveis, geralmente com alguns anos de atraso, isto
é, avaliações ex-post ou ex-ante.

Avaliações qualitativas geralmente são mais pragmáticas no sentido de não


aspirarem a grandes representações do conjunto da realidade. Costumam ser
desenvolvidas sob a forma de estudos de casos com a finalidade de produzir
insights. Envolvem trabalho de campo, verificação in loco do que está se
passando, valorização de entrevistas e métodos de observação como formas
de coleta de evidência empírica. E trabalham com dados também, mas os
disponíveis in loco combinados com os agregados das grandes bases. Não
produzem necessariamente generalizações, mas subsidiam a identificação
de problemas que permitem correções tempestivas de rumos (FONSECA, [s.d.]).

Observação

Não restam dúvidas de que existem dificuldades de produção de


avaliação da política social com apresentação do seu resultado qualitativo
no Brasil, ou seja, daquele que busque apresentar os impactos, a reflexão
histórica e a totalidade. Um resultado que nos remete ao método dialético.

Veja a seguir a avaliação sobre o governo Lula e seus investimentos na política de assistência
social, especialmente no programa de transferência de renda Bolsa Família para combater a fome e
a extrema pobreza.

Os desafios do Governo Lula na área social são públicos: combater a fome e


a pobreza extrema (o Objetivo do Milênio Número um, conforme Declaração
dos Dirigentes Mundiais presentes na chamada Cúpula do Milênio das
Nações Unidas), promover a inclusão social, aumentar a eficiência do gasto

89
Unidade II

social, promover a segurança alimentar e combater a desigualdade do país


[...] O método de avaliação que estamos privilegiando – em especial no
caso do programa Bolsa Família – é o chamado de rapid assessment
approach (abordagem da avaliação rápida) que valoriza aspectos
qualitativos e quantitativos, mas que valoriza mais o primeiro aspecto
porque o desafio de produzir feedbacks em tempo hábil é levado em
consideração com maior frequência.

Como se pode observar [...], o Governo Lula está fazendo um esforço


significativo para aumentar os gastos com a área social, em que pese a
política de austeridade fiscal em execução. Estamos pilotando um dos
maiores programas de transferência de renda do mundo, que foi construído
sem interromper programas fragmentados que estavam em execução
de forma desarticulada e ineficiente, processo este determinado pelo
Presidente Lula.

A preocupação maior do governo é a de atingir as populações mais


carentes do país, sempre que possível, em parcerias pactuadas com os
Estados e municípios que desenvolvem iniciativas semelhantes. São práticas
profundamente inovadoras com as quais o país não está acostumado, onde
o ganho político é compartilhado pelos três entes da federação brasileira.
E está funcionando, como demonstra a experiência em Estados como São
Paulo, Rio de Janeiro e Ceará (FONSECA, [s.d.]).

A autora chama a atenção para a importância dada pelo governo Lula ao programa de transferência
de renda Bolsa Família e o apresenta com otimismo em seu processo de iniciação, quando foi respeitada
a continuidade de benefícios já existentes, não deixando a população desprovida de seus direitos.

O MDS foi criado para dar vertebração à política de desenvolvimento


social do governo. Sob sua jurisdição encontram-se políticas e programas
específicos do ministério e/ ou que envolvem coordenação interministerial.
A gestão transversal, interinstitucional e intergovernamental é um dos
maiores desafios de nossas práticas de gestão pública. Para este trabalho
o governo precisa [...] de avaliações ex-ante e ex-post que nos orientem e
conduzam. Mas para enfrentar o desafio de mudar a realidade de miséria
extrema que o país enfrenta, não é possível esperar avaliações de caráter
mais acadêmico tipo ex-post.

O Cadastro Único com o qual o governo trabalha possui uma série de


problemas e comporta muitos aperfeiçoamentos ainda. Os recursos gastos
com as políticas sociais são ainda insuficientes, mas precisam também ser
mais bem-gerenciados para que os ganhos de eficiência produzidos possam
ser alocados no atendimento de mais famílias.

90
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

A gestão das condicionalidades de alguns programas recentemente foi


estruturada, mas ainda há muito que ser feito para que seja realizada com
a flexibilidade e precisão requeridas. Há todo um esforço em curso para se
produzir ganhos de produtividade na gestão dos gastos sociais. E é isso que
dá credibilidade à demanda por mais recursos para combater a pobreza.
O Estado não tem o direito de ser ineficiente, nem para com os cidadãos
contribuintes, nem para com os cidadãos que dele dependem para ter
assegurada a proteção social e até para sobreviver (FONSECA, [s.d.]).

Nesse momento, é dado destaque à criação de condicionalidades de alguns programas, as quais


têm o objetivo de contribuir para uma gestão pública sem desperdício do dinheiro público e com maior
possibilidade de atendimento aos seus usuários.

“O MDS atribui tanta importância ao tema que criou uma secretaria para dedicar-se especialmente
a ele – primeiro no âmbito do MDS e posteriormente no âmbito do conjunto do governo –, em parceria
com órgãos como o Ipea e o IBGE” (FONSECA, [s.d.]).

A autora enfatiza a criação da avaliação pelo MDS em parceria com órgãos como o IBGE e o Ipea, a
fim de contribuir para o processo de avaliação da política de assistência social.

A construção de uma cultura de avaliação depende, no entanto, de um


maior foco em uma discussão mais estruturada do processo de políticas
públicas desde sua entrada na agenda até sua implementação, passando
pelos momentos da formulação e tomada de decisão. Para isso temos que
formar quadros que, na esfera dirigente, na burocracia, nos três níveis
de governo, nas ONGs, na mídia, no Congresso e no Judiciário, procurem
abordar a problemática da ação governamental dentro de um horizonte
mais amplo: o do interesse público. (FONSECA, [s.d.]).

6.4 Roteiro de avaliação: plano e projeto

Para a apresentação desses roteiros, utilizamos como base a obra de Baptista (2007). Com o intuito
de tornar mais adequado ao nosso propósito, utilizamos o termo avaliação no lugar de análise.

Quadro 5 – Roteiro da avaliação de um plano

Apresentação Apreciação sobre:


• a redação
• a distribuição gráfica
• a clareza e a distribuição das ilustrações
Estrutura • O documento inclui todas as partes integrantes do
plano?
• Há equilíbrio, inter-relação orgânica e coerência entre
os diversos itens?

91
Unidade II

Análise de conteúdo • Qual a natureza do plano?


• Qual a natureza da ação?
• Qual a natureza da intervenção?
• Qual a natureza das diretrizes?
• O conteúdo refere-se a todo o sistema ou a parte dele?
• Existe equilíbrio entre as diferentes partes; do sistema?
• Essa abordagem se faz integrada ou justaposta?
• Esse conteúdo é aplicável no nível decisório do órgão?
• É viável política, técnica e economicamente, ou sua
viabilidade depende de fatores não controláveis?
• O conteúdo é coerente entre a dimensão do plano e a
dimensão da situação a que ele se refere?
Avaliação técnica: • Devem-se incluir na identificação do plano os
elementos indispensáveis para diferenciá-lo em relação
à entidade e à equipe.
• identificação
• A justificativa deve ser esclarecedora quanto à
• justificatia pertinência da realização do plano: se realmente há
• diagnóstico fundamentação que priorize o plano ou esclareça a
prioridade da escolha.
• objetivos
• É importante que o diagnóstico apresente os principais
• política de ação elementos que compõem a questão, oferecendo dados
• estratégias que cubram suficientemente a problematização;
questione se a avaliação esteve fundamentada em
uma teoria e se contou com indicadores e parâmetros
estabelecidos no planejamento; avalie se os elementos
que compõem a questão foram suficientemente
analisados e correlacionados; e traga resultados
de avaliação que indiquem os elementos que
fundamentaram as prioridades e escolhas.
• Deve responder se objetivos e metas foram definidos
com clareza e precisão; se são operacionáveis ou
foram operacionados; se as metas foram quantificadas
(espaço, tempo e volume); questionar e responder se
objetivos e metas são compatíveis, complementares e
coerentes com as finalidades da instituição e da política.
• Verificar se a política de ação adotada corresponde
aos objetivos e metas definidos no planejamento, e se
possibilita número maior de beneficiários e menores
custos.
• Avaliar se as estratégias são adequadas e suficientes, e
se proporcionam maior aceitação do plano.
Avaliação dos recursos: • Avaliar se os recursos financeiros foram explicitados por
região e por área de atividade; se foram indicados os
prazos, as fontes e para onde vão os recursos; saber se
• financeiros as verbas estão adequadas ao diagnóstico social e se o
• humanos plano é coerente com o montante dos recursos.
• institucionais • Saber se a distribuição dos recursos humanos é
suficiente em quantidade e qualidade.
• Verificar se nos recursos institucionais estão previstos
os instrumentos legais, indispensáveis à execução do
plano.

92
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Quadro 6 – Roteiro de avaliação de um projeto

Identificação Apresentação sobre:


• redação
• disposição gráfica
• clareza e precisão (ilustrações e referências)
Análise de conteúdo: • Quanto à estrutura, o documento deve incluir todas as partes
que integram o projeto; verificar se existe equilíbrio e relação
• estrutura entre os itens.
• prioridade e alternativa • A respeito de prioridade e de alternativa, a abordagem é
importante no momento da proposta, pois trazem contribuições
relevantes para o tratamento do problema. É importante
questionar se há coerência entre a dimensão do problema e a
dimensão do projeto, e quais efeitos podem gerar.
Análise técnica: • Partir da identificação do projeto: os elementos essenciais para
identificá-lo e situá-lo em relação à entidade e à equipe; o
• identificação título deve ser coerente com o conteúdo.
• objetivos e metas • A respeito de objetivos e metas, averiguar se há coerência
• justificativa entre a finalidade do projeto e a instituição; se os objetivos
são ou não adequados ao problema abordado; se as metas
• detalhamento do projeto foram quantificadas; e se metas e objetivos foram definidos
• recursos claramente e com precisão.
• medidas de implementação • A justificativa deve esclarecer a importância do projeto;
trazer os principais elementos que cubram suficientemente
o problema a ser enfrentado; e apresentar as demandas
detectadas, as técnicas adequadas etc.
• O detalhamento do projeto necessita deixar claras as suas
ações, se os resultados previstos no planejamento foram
alcançados; deve apresentar se as técnicas, os instrumentos,
o local, o momento e os responsáveis pelo resultado foram
adequados; requer apresentação de indicadores de resultados,
em planilhas, por exemplo.
• Os recursos devem ser previstos no projeto; ter indicação da
fonte, ser especificado e oferecer possibilidade de cálculo.
• Avaliar se os recursos humanos correspondem ao indicado
em quantidade e qualidade; se as instalações previstas são
suficientes para a realização do projeto.
• Avaliar, para as medidas de implementação, como os
instrumentos legais, administrativos e técnicos foram previstos,
bem como analisar se os trâmites legais foram equacionados.

Após a discussão sobre avaliação, a partir de agora temos como objetivo trazer uma análise sobre a
integração do monitoramento e da avaliação com o planejamento social.

Integração do monitoramento e da avaliação com o planejamento social

A partir de agora você poderá vivenciar o entendimento da integração entre o monitoramento e a


avaliação, como fruto oriundo do planejamento social.

Dois assuntos serão privilegiados ao trabalharmos a temática ora empreendida: os desafios do


monitoramento e da avaliação e os benefícios gerados no processo de gestão.

93
Unidade II

No primeiro momento, ao adentrar o terreno de discussão sobre os desafios do monitoramento


e da avaliação, teremos como um dos eixos norteadores a discussão de desafios que se
materializam na dificuldade de participação da sociedade civil, de forma geral, nas ações oriundas
do planejamento social.

Observação
Não se trata de mostrar a participação como único desafio no âmbito do
planejamento social, mas de tratar a questão como um desafio importante
a ser enfrentado pelo gestor social que, algumas vezes, neutraliza a
potencialidade dos movimentos de reconstrução de algumas ações e
políticas públicas.

Destacamos, em especial, a importância do compromisso do profissional de Serviço Social, na


lógica de fomentar a participação dos sujeitos coletivos e, assim, dar luz ao seu projeto profissional,
ou Projeto Ético-Político Profissional. Nesse item, cumpre destacar a importância do assistente social
também quando do empreendimento de ações que combatam a potencialização da Questão Social e
de suas expressões. Nessa medida, o profissional deve propiciar ações que combatam a banalização da
pobreza, da ausência de participação, de interesses individuais em detrimento de interesses coletivos.
O assistente social, nesse processo, poderá oportunizar condições por meio da empreita de ações que
visem à inclusão social e ao combate às desigualdades, frutificando, assim, estratégias de fortalecimento
e desenvolvimento local.

No segundo momento, ao tratar dos benefícios gerados pelo monitoramento e pela avaliação no
processo de gestão, será possível vivenciar reflexões sobre a importância do papel da gestão social e seus
principais desafios.

Sabemos que a gestão social, como fruto pensado à luz do planejamento social, muito tem a contribuir
para a construção de novas realidades e, logo, de novas condições de vida em sociedade. Embora tenhamos
inúmeros projetos societários, para o Serviço Social, a vocação da gestão social deve sempre nos conduzir ao
rompimento de paradigmas e ainda à construção do protagonismo dos sujeitos sociais.

O monitoramento e a avaliação, nesse momento, devem ser visualizados como aliados da gestão
social, logo devem determinar novos horizontes à sociedade, sobretudo, no que se relaciona às
políticas públicas.

O assistente social inserido nas equipes de planejamento e gestão social deve posicionar-se de
forma que faça a leitura da realidade e, em consequência, ofereça subsídios capazes de fomentar novas
propostas e diretrizes em que se efetive o protagonismo do sujeito social.

Trata-se de entender a profissão imbuída do compromisso com a causa da classe que vive do trabalho,
ou, ainda, daqueles que estão destituídos do usufruto do direito.

94
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Esse processo se constrói a partir de ações cotidianas que operam mudanças significativas na vida
da sociedade, por meio da dedicação a projetos comprometidos com uma nova ordem societária. Muito
há para ser trabalhado, construído. Motivados pelas inspirações de Paulo Freire, conforme Oliveira (2011)
nos apresenta:

Paulo Freire combateu ainda o discurso fatalista de que a sociedade é


para ser assim como está e que não há nada a fazer. Contrapunha-se ao
mal-estar produzido pelo enaltecimento do mercado e, contrapondo‑se
a isso, anunciava a solidariedade como um compromisso histórico
do homem. Defendeu, a todo o momento, uma prática educativa em
favor da autonomia, mas como liberdade, espaço de crescimento do
homem e potencial para desenvolvê-lo no sentido universal, isto é,
para humanizá-lo e também para “humanizar” a sociedade humana. Ele
detinha a confiança na capacidade dos homens para a construção e uma
nova organização social e dizia que isto requer: ousadia, perseverança,
postura problematizadora da realidade e inquietude frente ao real.
Pensar, decidir e optar por uma ação transformadora, eis a questão.
O(a) educador(a) (sempre que falo educador, leia-se também assistente
social) sobre o qual discorre Paulo Freire tem consciência do seu papel
transformador (OLIVEIRA, 2011, p. 252).

Como será possível apreender, muitos são os desafios a serem vencidos e muitos são os benefícios
frutos da vivência desse processo. Façamos, pois, como o grande educador, com “ousadia, perseverança,
postura problematizadora da realidade e inquietude frente ao real. Pensar, decidir e optar por uma ação
transformadora, eis a questão” (OLIVEIRA, 2011, p. 252).

7 DESAFIOS DO MONITORAMENTO E DA AVALIAÇÃO

Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.


(Sócrates)

Para adentrarmos as discussões acerca dos desafios do monitoramento e da avaliação, faz‑se


necessária a abordagem do planejamento social. Para o assistente social, na sua lida cotidiana
nos espaços sócio-ocupacionais, apreender o planejamento social como elemento essencial se faz
absolutamente necessário.

Planejar deve constituir-se de atividade presente no trabalho do profissional de Serviço Social,


inclusive amparado pela Lei de Regulamentação da Profissão nº 8.662/1993, a qual define com precisão
as atribuições e competências do profissional de Serviço Social, trazendo vários direcionamentos às
ações de gestão, administração, implementação e avaliação de políticas sociais por meio de planos,
programas ou projetos em que haja especificidade da matéria.

Conforme poderá ver a seguir, a Lei 8.662/1993 requisita que os profissionais possam apropriar-se
de suas especificidades e dar materialidade às ações cotidianas da intervenção aos diversos espaços
sócio-ocupacionais.
95
Unidade II

Cabe acrescentar a necessidade de a categoria profissional, mais que se apropriar dos


conteúdos de que trata a referida lei, materializá-la à luz da realidade vivida, questão que sempre
pode permear a ação profissional. Na dúvida ou na dificuldade de conduzir um trabalho na área
de Serviço Social, um bom caminho é que o assistente social possa retomar o que a nossa Lei de
Regulamentação nos coloca como possibilidades, ou, de forma direta, o que constitui a atribuição
e competência profissional.

Sabemos, pois, que muitas vezes não é fácil dar o efetivo encaminhamento às ações de forma breve
e imediata, mas isso se explica pela dificuldade que ainda temos, na categoria profissional inserida
numa sociedade de classes, de nos desvincularmos das formas conservadoras de definição do Serviço
Social como profissão. Ainda encontramos essa definição fortemente vinculada às ações caritativas e
filantrópicas, ou seja, “a assistente social como a mocinha boazinha que o governo paga para ter dó dos
pobres” (ESTEVÃO, 2006, p. 7).Ora, é preciso quebrar esse paradigma. É preciso que a sociedade entenda
o que efetivamente o assistente social tem como competência, e um bom caminho é evocá-lo como
profissional que se coloca na linha de frente, em defesa do direito do cidadão. O caminho para que esse
processo se estabeleça é a publicização, sobretudo, por meio de ações efetivas, do seu trabalho, de suas
atribuições e de sua competência.

Para Iamamoto (2018),

[...] o Serviço Social é um trabalho especializado, expresso sob a forma de serviços,


que tem produtos: interfere na reprodução material da força de trabalho e no
processo de reprodução sociopolítica ou ideopolítica dos indivíduos sociais.
O assistente social é, nesse sentido, um intelectual que contribui, junto com
inúmeros protagonistas, na criação de consensos na sociedade. Falar em consenso
diz respeito não apenas à adesão ao instituído: é consenso em torno de interesses
de classes fundamentais, sejam dominantes ou subalternas, contribuindo no
reforço da hegemonia vigente ou criação de uma contra-hegemonia no cenário
da vida social (IAMAMOTO, 2018, p. 69)

Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia:
IAMAMOTO. M. V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e
formação profissional. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2018.

Um elemento essencial a ser destacado é a profissão colocada como mecanismo de


enfrentamento das desigualdades estabelecidas, não deixando de ser reconhecida como aquela
que trabalha em benefício do ser humano, estando este inserido em qualquer classe social. Ou seja,
o Serviço Social é uma profissão que trabalha com pessoas, e não com pobres, conforme visões
distorcidas, embora reconheçamos que o usufruto do direito pelo cidadão que vive à margem da
sociedade, sobretudo, a partir da perspectiva econômica, constitui-se em desafio constante.

96
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

A partir desse cenário, as ações de planejamento social se fazem cada vez mais essenciais, inclusive
para a materialização do direito do cidadão. Nessa linha, o controle social deve estar sempre presente
na sociedade e no panorama da ação profissional, pois, de forma direta, fomentará e oportunizará a
condição do cidadão em ter acesso às políticas públicas, bem como o seu usufruto.

Cabe aos gestores um olhar apurado em torno dos encaminhamentos que visem à participação do
cidadão, afinal, a figura do gestor deve ser entendida como um mecanismo de efetivação, garantia e
defesa do direito em sociedade. Ao gestor, como representante do público ou do terceiro setor, não
cabem atitudes arbitrárias e destituídas de liberdade e equidade, mas sim o papel de “ouvidor” e, nesse
sentido, de empreendedor das ações que possam trazer, de forma direta, melhor condição de vida em
sociedade. Não se trata de se deixar abater pelos limites, mas de empreender ações em nível de gestão
que possibilitem os elementos ora destacados.

São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários (CFESS, 1993):

a) contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária


nas decisões institucionais;

b) garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidade e


consequências das situações apresentada, respeitando democraticamente
as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às
crenças individuais dos profissionais [...];

c) democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no


espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação
dos usuários;

d) devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no


sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses;

e) informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro


audiovisual e pesquisas a elas referentes e a formas de sistematização de
dados obtidos;

f) fornecer à população usuária, quando solicitado, informações concernentes


ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões, resguardado
o sigilo profissional;

g) contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a


relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados;

h) esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a


amplitude de sua atuação profissional (CFESS, 1993, p. 29-30).

97
Unidade II

Observação
O gestor deve estar atento, cotidianamente, aos movimentos da
realidade que são plenos de reivindicação. Assim, as ações de planejamento
social devem ocupar-se de fazer a leitura crítica da realidade e, logo, do
controle social.

O planejamento social deve ser entendido como um elemento que contribui para a efetivação do
controle social. É um movimento que fomenta a ação que constrói novos cenários e, por consequência,
o surgimento e a edificação de novos projetos societários.

Algo a ser destacado no processo de controle social é a importância da circulação de informações,


dos instrumentos que devem ser criados para a implementação das ações de publicização das metas e
resultados, materializados nas diversas dimensões dos espaços de vida dos sujeitos sociais. A sociedade
deve construir seu protagonismo.

Conforme Mendonça, Kauchakje e Garcias (2012):

[...] os meios de informação e de comunicação estão sendo revolucionados


e abrem perspectivas impressionantes para a racionalização das atividades
econômicas e sociais. As mais diversas instituições, como IBGE, Seade, Ipea,
os ministérios, os hospitais, as empresas, as organizações da sociedade civil,
todos produzem rios de informação. Temos as tecnologias e a informação de
base, mas não se formaram ferramentas de conhecimento organizado para
a ação cidadã. Entre compêndios de estatísticas e o dilúvio de informações
fragmentadas na mídia, continuamos essencialmente confusos. Trata-se de
identificar instrumentos concretos de informação para a cidadania, a ser
sistematizada segundo as necessidades de participação dos diversos atores
sociais (MENDONÇA; KAUCHAKJE; GARCIAS, 2012, p. 9).

Um exemplo interessante de como obter informações das mobilizações é acessar canais de TV,
sites e links que possam oportunizar conhecimento acerca de programas e projetos bem-sucedidos
em diversas comunidades. Uma dica é assistir aos programas de canais educativos e comunitários,
uma vez que estes têm, em sua filosofia constitutiva, previsões de oferta de programas educativos
e de conscientização. São programas destinados a propiciar informações, conteúdos e orientações
que devem se materializar no cotidiano do telespectador de forma que contribuam para sua
formação cidadã. Em muitas situações, tais programas são colocados como de responsabilidade
social, cumprindo, inclusive, regulamentações específicas dessa ordem.

Exemplo de Aplicação

Assista a alguns programas em canais educativos e comunitários e reflita sobre seu conteúdo,
estabelecendo relação com a profissão de assistente social.

98
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Saiba mais

Há uma regulamentação específica acerca da responsabilidade


social das empresas de telecomunicação, sobretudo no que se refere às
instituições que têm em sua filosofia de criação o princípio da utilidade
pública, o sentido educativo, enfim, que têm como objetivo central de
criação o princípio público.

Conheça mais em:

SALES, F. A. Responsabilidade social das empresas de telecomunicação


em face do meio ambiente cultural: o problema da televisão no Brasil. Jus
Navigandi, Teresina, jul. 2012. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/22148/
responsabilidade-social-das-empresas-de-telecomunicacao-em-face-do-
meio-ambiente-cultural-o-problema-da-televisao-no-brasil. Acesso em:
21 jun. 2020.

Embora tenham liberdade de expressão, as emissoras de TV deveriam dar preferência aos


programas de caráter educativo, promovendo a cultura e respeitando os valores éticos e sociais.

A televisão me deixou burro, muito burro demais,


Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais.
(Titãs – Televisão,1985, 3min40s).

Saiba mais

Como você poderá verificar, há várias possibilidades de acesso,


como o caso da TV Brasil, que oferta uma série de programas regulares
mostrando exemplos de ações de mobilização, projetos implantados
e seus caminhos e percursos. Propostas dessa natureza nos trazem
elementos para enriquecimento das ações de monitoramento e, logo,
de controle social.

Ações que visem implementar a mobilização do cidadão paras as causas sociais podem melhorar
as condições de vida em sociedade. Sabemos dos desafios que se estabelecem nas ações cotidianas
e remontam à dificuldade de organização, contudo a apropriação de instrumentos nos mostra a
possibilidade de construir uma sociedade melhor, ampla de condições de vida dignas e em que o cidadão
é respeitado e tem garantido o seu direito.

99
Unidade II

Nessa medida, observamos a importância de conhecimento para a apropriação e, por conseguinte, de


usufruto de direitos. Vários podem ser os mecanismos de busca e empoderamento do cidadão, e,
de forma direta, está presente a necessidade de o assistente social estar capacitado para fomentar
esses mecanismos.

No meio virtual há vários cursos oferecidos por instituições de formação que promovem conhecimentos
e capacitação para a apreensão de conteúdos que desenvolvem a consciência crítica do cidadão e,
assim, a aquisição de elementos que oportunizam o movimento da participação consciente e efetiva.
É preciso utilizar as ferramentas virtuais, como cursos de especialização, capacitação, aprimoramento
e aperfeiçoamento, em diversas áreas do conhecimento, que têm conteúdos pertinentes a vários
segmentos da vida social, referências para apropriação de elementos que permitirão a participação
consciente e oportuna nos diversos espaços de interlocução das políticas públicas.

Saiba mais

Alguns exemplos e referências a serem acessados para apropriação


de conhecimentos:

https://ead.ufsc.br/

http://www.unifesp.br/index.php?pag=ead.php

http://www5.usp.br/tag/ead/

http://www.unicamp.br/EA/

Como é possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação contidas no processo de controle


social dependem sobremaneira da participação do cidadão nas ações empreendidas, sejam elas promovidas
pelo Estado, pelo setor privado ou pela iniciativa da sociedade civil, por meio das Organizações Não
Governamentais (ONGs). De qualquer forma, estar atento aos mecanismos de acompanhamento é o que
irá garantir a efetividade e a eficácia dessas ações.

Conforme destacado anteriormente, muitos são os desafios a serem vencidos no que se refere
ao controle social, sobretudo, no que se refere diretamente às ações, mas cabe aos profissionais
comprometidos com a construção de uma sociedade melhor empreender esforços, técnicas e táticas
para que esta seja efetiva no cotidiano.

Trata-se de um processo. Contudo, há de se registrar a importância de investimentos, tanto dos


profissionais quanto das instituições responsáveis e representativas do cidadão, para que o processo
cresça na direção de uma sociedade melhor, equitativa e democrática.

100
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Destacamos aqui a importância da construção de espaços convidativos de participação cidadã.


Trata-se de empreender ações que possam ser acessíveis à comunidade de forma geral, desde aqueles
que têm acesso a metodologias interativas, como ao espaço virtual, espaços públicos de grande vulto,
até aqueles que ainda constituem segmentos excluídos do espaço virtual e de outros considerados de
participação popular.

Logo, o Serviço Social deve traçar caminhos no sentido de empreender ações que se coadunem com
o fomento à participação. Essa é também uma demanda específica da profissão, ou seja, empreender
mecanismos que oportunizem a participação popular, uma vez que esta fomentará o surgimento de
novas propostas e, assim, de ações renovadas.

Conforme Iamamoto (2018):

Uma das condições do exercício democrático, como já dizia Gramsci, é


captar os reais interesses e necessidades das classes subalternas, sentir com
ela suas paixões para que possa efetuar a crítica do senso comum e da
herança intelectual acumulada – papel da “filosofia da práxis”. Segundo
Ernesto Cardeal, é este o papel do intelectual: “desenvolver claramente às
massas o que delas recebeu confusamente”. Supõe conhecimento crítico do
universo cultural das classes subalternas, contribuindo para a ultrapassagem
de seus elementos opacos, que vedam o descortinar dos horizontes coletivos
(IAMAMOTO, 2018, p. 77).

Assim, como profissionais, temos uma formação que nos capacita para essa trajetória. Conforme
Abreu (2011) acrescenta:

A mobilização e a educação popular constituíram eixos centrais nas propostas


pedagógicas que respaldaram os avanços e a consolidação do projeto ético-político
profissional nos anos 1980, pautado na perspectiva da emancipação da classe
trabalhadora – base da emancipação de toda a humanidade –, que passa pelas conquistas
democráticas no campo dos direitos sociais. São relevantes as experiências acadêmicas
respaldadas metodologicamente na pesquisa-ação junto a processos organizativos e de
luta da classe trabalhadora, e em articulação ao redirecionamento político do trabalho
profissional em espaços socioinstitucionais tradicionais, principalmente nos campos da
educação, da habitação e da saúde. Destaca-se também a participação de assistentes
sociais mediada pelas entidades de representação e organização política da categoria,
como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Conselhos Regionais de Serviço
Social (Cress), a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e
dos estudantes através da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso),
em grandes mobilizações políticas, seja em torno da própria organização e questões
específicas da profissão, seja em relação a questões mais amplas no âmbito da luta social,

101
Unidade II

como as direcionadas para a elaboração das emendas populares no processo constituinte


que culmina com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em que demandas
da classe trabalhadora foram incorporadas sob a forma de direitos. Particularmente em
relação à assistência, a categoria dos(as) assistentes sociais se sobressai pelo aporte
intelectual e articulação política desde o movimento constituinte, e depois na elaboração
e implementação da Lei Orgânica da Assistência Social/1993 (Loas) e do Sistema Único
de Assistência Social/2005 (Suas), envolvendo os processos específicos no movimento
constituinte em relação às questões da criança, do adolescente e do idoso, e a elaboração
e implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e do Estatuto do Idoso;
essas e outras conquistas requisitam luta cotidiana na contracorrente neoliberal com
vista à sua implementação e ampliação.
Fonte: Abreu (2011, p. 230-1).

Assim, vemos o quanto a profissão tem a contribuir nos processos de planejamento social. A categoria
profissional tem, na sua construção histórica, profundas relações com os sentidos de mobilização e
participação. Nessa medida, oportunizar condições e instrumentos para que o processo se efetive à luz
da vida concreta é um desafio.

Observação

O acesso à informação também é determinante para as ações de


monitoramento e avaliação, logo, de controle social.

As informações agregadas pelas ações de participação compõem um constructo de conhecimento


capaz de fazer a sociedade agregar-se em torno de objetivos comuns. Não raro, podemos observar que
pequenas ações de participação ganham vulto e se consubstanciam em grandes ações de mobilização
capazes de modificar realidades. Esta é também função do público: construir espaços de participação
que sejam de fácil acesso aos cidadãos que se consubstanciarão em mecanismos de construção de uma
nova ordem societária.

Especificamente destacando o caso do Serviço Social e a realidade brasileira, Netto (2009), ao abordar
a questão dos projetos societários na atualidade, coloca de forma clara e objetiva um panorama que
implica diretamente uma proposta de sociedade cujos resultados ainda dependem de ações propositivas
e de muitos embates e lutas para a garantia do direito do cidadão no Brasil. Contudo, na medida em que
no Brasil tornam-se visíveis e sensíveis os resultados do projeto societário inspirado no neoliberalismo –
privatização do Estado, desnacionalização da economia, desemprego, desproteção social, concentração
exponencial da riqueza etc. –, nesta mesma medida, fica claro que o projeto ético-político do Serviço
Social tem futuro, porque aponta precisamente para o combate (ético, teórico, ideológico, político e prático
social) ao neoliberalismo, de modo que preserve e atualize os valores que, como projeto profissional, o
informam e o tornam solidário ao perfil de sociedade que interessa à maior parte da população.

102
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

À sociedade devem ser empreendidas ações que possibilitem o protagonismo dos sujeitos sociais, e,
nesse sentido, o Serviço Social tem importante papel. Ao tomar consciência de sua força, a sociedade
passa a se organizar de forma que empreenda, cada vez mais, ações que se constituam em monitoramento
e avaliação de ações políticas e programas públicos.

Organizada, a sociedade fortalece sua capacidade de controle das políticas públicas, inclusive definindo
suas demandas e prioridades e, assim, empreendendo ações que contribuam para a construção de novos
referenciais acerca das políticas púbicas a serem usufruídas pelo cidadão. Nessa medida, destaca-se o
acompanhamento das políticas públicas, desde a origem das proposituras, seus objetivos, público-alvo,
intercorrências, imprevistos até, e sobretudo, os frutos dos resultados.

Esse é o caminho do monitoramento e da avaliação das políticas públicas.

Acessar as informações das políticas públicas e as ações decorrentes destas é o caminho que
poderá se consubstanciar em novas ordens societárias e, de forma direta, em uma sociedade melhor.
Propiciar mecanismos que frutifiquem em ações de vida melhor deve ser o objetivo central da gestão
pública. Esse percurso será, invariavelmente, o do desenvolvimento da cidadania e do gozo do
direito social do cidadão. O controle social como mecanismo de confirmação do direito do cidadão
é a construção de ambientes democráticos, de participação, de promoção e construção de locus de
expressão da cidadania e, logo, da democracia.

Com o lema “País rico é país sem pobreza”, o governo Dilma Rousseff está organizado em quatro
grandes fóruns temáticos que estruturam sua administração. São eles:

• desenvolvimento econômico;

• gestão, infraestrutura e PAC;

• desenvolvimento social e erradicação da miséria;

• direitos e cidadania.

O Fórum Direitos e Cidadania [...] é a instância que promove a articulação


política e gerencial, no âmbito do governo federal, das prioridades para a
garantia e expansão dos direitos que materializam, fortalecem e ampliam
a cidadania brasileira. Tem por finalidade debater, propor e articular ações
de governo relacionadas à redução da desigualdade, à valorização da
diversidade sociocultural e étnica, à garantia dos direitos humanos e ao
fortalecimento dos valores de cidadania e da autonomia das pessoas com
vistas ao fortalecimento de suas capacidades para o exercício dos seus
direitos. Compete ao Fórum [...] promover a pactuação de prioridades e
monitorar o alcance das metas do governo associadas a essa temática para
o período 2011-2014 (BRASIL, 2011).

103
Unidade II

A partir do comando da presidente Dilma de que “um governo tem que falar para o conjunto da
sociedade. E falar para o conjunto da sociedade é necessariamente levar em conta toda a sua diferença, o
que a sociedade tem de diferente, de específico, de instigante”, expresso durante a reunião de instalação
do Fórum (BRASIL, 2011), este vem desenvolvendo suas atividades com foco em duas linhas de trabalho.
A primeira é voltada para a definição das ações que integrarão a Agenda Direitos e Cidadania, que está
estruturada em quatro eixos:

• participação social e democratização da gestão pública;

• Brasil de paz, sem violência;

• igualdade, diversidade e garantia de direitos;

• desenvolvimento, sustentabilidade e cidadania (BRASIL, 2011).

A segunda está relacionada ao aprofundamento do debate sobre os valores de cidadania e à nova


classe média diante das mudanças recentes na realidade socioeconômica brasileira: os valores e as
expectativas que movem a sociedade em nossos dias, bem como as demandas e prioridades impostas
ao Estado em decorrência desses valores e expectativas. Uma pauta de debates com estudiosos e
representantes governamentais é uma das ferramentas de trabalho do fórum.

São diretrizes fundamentais do Fórum Direitos e Cidadania no desenvolvimento dos seus trabalhos:

• consolidar a cidadania para todos, priorizando ações que promovam


a autonomia dos cidadãos e fortaleçam suas capacidades para o
exercício pleno dos seus direitos;

• promover a participação social garantindo amplo debate com os


diversos segmentos da sociedade;

• elaborar uma agenda de ações transversais que aponte soluções para


os problemas que impedem a consolidação da cidadania brasileira,
com foco e escala;

• garantir que a agenda parta de uma perspectiva humanista e esteja


fundamentada em valores éticos e democráticos (BRASIL, 2011).

O fórum é coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, de forma compartilhada com


as Secretarias de Direitos Humanos, de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para as
Mulheres, e pelos Ministérios da Cultura e do Esporte. É composto, além daqueles citados anteriormente,
por 15 ministérios (Justiça; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Educação; Desenvolvimento
Agrário; Saúde; Trabalho e Emprego; Cultura; Meio Ambiente e Agricultura, Pecuária e Abastecimento),
seis empresas estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, Petrobras, Eletrobras e Correios), bem como pela Fundação Nacional do Índio, pela
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas/MJ e pelo ”Sistema S” (BRASIL, 2011).
104
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

A agenda prioritária do fórum está estruturada em quatro eixos:

• Participação social e democratização da gestão pública: neste eixo deverão ser incentivados a
realização de conferências nacionais, o apoio aos conselhos setoriais, a participação social na
elaboração e no monitoramento do PPA 2012-2015, bem como a criação de mecanismos de
fortalecimento e ampliação da transparência na gestão pública.

• Igualdade na diversidade: contempla ações e temas voltados para o envelhecimento saudável, a


igualdade de gênero e raça, juventude, empregabilidade das pessoas com deficiência, bem como
cultura e educação em direitos humanos.

• Um Brasil de paz, sem violência: serão discutidas e apontadas soluções para o enfrentamento de
várias violências, a exemplo da violência contra os jovens negros, contra a mulher, da exploração
sexual e maus-tratos contra crianças e adolescentes, além da questão das drogas no Brasil.

• Desenvolvimento e cidadania: são propostas ações para a garantia dos direitos de cidadania nas
obras do PAC, em especial naquelas voltadas para a Copa e as Olimpíadas.

O direito e a cidadania são elementos que devem andar juntos. Conforme destacado pela Secretaria
Nacional de Direitos Humanos em sua agenda de prioridades e encaminhamentos, o país deve estar
atento às políticas que possibilitam o cidadão de fazer usufruto desses elementos. Sabemos, pois, que
isso não é tarefa fácil. Muitos são os desafios, os entraves e os embaraços desse processo, mas cabe ao
Estado oportunizar as condições de participação, usufruto e gozo do direito pelo cidadão.

Assim, é possível perceber que os espaços que efetivam o controle social devem ser usufruídos pelo
cidadão, mas, para que seja possível a participação efetiva, são necessários a apreensão e o conhecimento
de conteúdos pertinentes à ação, à política e sua execução, ao monitoramento e ao controle.

Na medida em que o controle social for efetivo por meio da participação de todos os protagonistas
do processo, a promoção de novas políticas públicas e sociais será uma consequência que assegurará
melhores condições de vida à população. Assim, zelar pelas ações de monitoramento e avaliação passa
a ser requisito imprescindível à construção de uma sociedade melhor.

Para que esse processo ocorra de forma que traga benefícios para a sociedade, é preciso entender
que as ações de monitoramento e avaliação não são (nem devem ser) entendidas como mecanismos
de patrulhamento de ações, de cerceamento de liberdade. Não raro, ainda nos deparamos com uma
grande confusão nesse cenário, ou seja, monitorar e avaliar são entendidos como elementos de controle
das liberdades em sociedade, e não como momentos privilegiados de construção de novas rotas, novos
caminhos e novas proposituras de políticas e ações que efetivam direitos.

Tal situação pode ser explicada pela história da sociedade brasileira, em que as ações de monitoramento
eram vistas como patrulhamento, e a avaliação, como momento de punição de culpados. Desse modo,
conforme anunciado anteriormente, os sentidos de participação e de política ainda se vinculam a

105
Unidade II

partidarismos e adesões particulares a projetos também particulares. Ora, a dimensão política está
sempre vinculada às nossas ações.

Netto (2009), ao tratar do Projeto Ético-Político do Assistente Social, traz uma descrição clara que
nos direciona ao entendimento da profissão na sua lida cotidiana. Assim, temos:

A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona


a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização
do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a
ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como
garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras.
Correspondentemente, o projeto se declara radicalmente democrático –
considerada a democratização como socialização da participação política e
socialização da riqueza socialmente produzida (NETTO, 2009, p. 16).

Não se trata de ver e viver a realidade à luz de paradigmas destituídos de liberdade, mas de explicitar
um convite ao cidadão para que possa participar e para que esses paradigmas frutifiquem resultados
práticos no dia a dia. Eis um dos grandes desafios e também uma dos sabores da profissão.

Para entender, os termos monitoramento e avaliação podem ser utilizados numa variedade
de cenários e situações, reivindicando, assim, uma adequada proporcionalidade, de acordo
com a situação. O monitoramento e a avaliação podem dar enfoque específico aos aspectos
estratégicos, numa dinâmica macro. Podem também enfocar os resultados obtidos por meio do
uso de determinados objetivos.

Como é possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação podem estar vinculadas a uma
gama de quesitos, dependendo da intencionalidade da proposição, e muito distantes de ações de
patrulhamento, ou, ainda, punição de sujeitos. Portanto, o profissional deve estar atento aos mecanismos,
conforme destacado anteriormente, para que o exercício de monitoramento e avaliação possa favorecer
um processo dinâmico e em diálogo com a realidade e com os aspectos advindos da vida real dos
sujeitos envolvidos.

Nessa medida, as ações de planejamento devem ser embasadas em pressupostos teórico-


metodológicos e marcadas pela propriedade de referenciais imprescindíveis ao sucesso dos processos
de monitoramento e avaliação.

Baptista (2007, p. 115) coloca:

No planejamento de questões da área social, os problemas para a montagem


de sistemas de avaliação encontram-se principalmente:

1) na precariedade dos processos científicos e metodológicos de mensuração


de dados sociais, principalmente os de natureza qualitativa;

106
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

2) na ausência de um referencial de estudos que permita determinar os


efeitos de medidas macrossociais, em todas as dimensões do sistema;

3) na dificuldade para estabelecer a natureza estatística de relação entre os


indicadores, principalmente quando o processo envolve muitas espécies de
mudanças, algumas a curto, outras a médio ou a longo prazo, as quais estão
naturalmente relacionadas;

4) na preocupação por resultados imediatos, enquanto na área social, muitas


vezes, são mais significativos os resultados de longo prazo e menos tangíveis
(BAPTISTA, 2007, p. 115).

Conforme a autora aponta, há uma série de desafios a serem enfrentados nos processos de
planejamento que, invariavelmente, colocam novos desafios aos profissionais envolvidos, em especifico,
aos de Serviço Social.

Segundo Iamamoto (2018),

Pode-se concluir que articular a profissão e a realidade é um dos maiores


desafios, pois [se] entende que o Serviço Social não atua apenas sobre
a realidade, mas atua na realidade. Nessa perspectiva, compreende-se
que as análises de conjuntura – com o foco privilegiado na Questão
Social – não são apenas o pano de fundo que emoldura o exercício
profissional; ao contrário, são partes constitutivas da configuração
do trabalho do Serviço Social, devendo ser apreendidas como tais. O
esforço está, portanto, em romper qualquer relação de exterioridade
entre a profissão e realidade, atribuindo-lhe a centralidade que deve ter
no exercício profissional (IAMAMOTO, 2018, p. 55).

Com efeito, cabe destacar que as ações de monitoramento e avaliação devem ser complementares,
ou seja, devem trazer em si importante interdependência. O monitoramento propicia a realização da
avaliação de forma que esta possa promover ações renovadas no âmbito da promoção de políticas
públicas que deem conta de responder às necessidades do cidadão. Nessa medida, o planejamento deve
constituir-se em processo dialético e facilitador de ações renovadas.

Assim, para melhor entendimento, a dialética pode ser definida como processo de contradições que,
a partir de teses e antíteses, faz frutificar o novo ou a ação renovada, conforme segue:
Do grego dia, expressando o sentido de dualidade, e lektikos, que oferece
significado à condição e aptidão de falar. Trata-se de evidenciar o ato da
discussão que promove a mudança de conceitos – um diálogo que implica
por si só a necessidade de pontos de vista diferentes, tensões inerentes aos
processos de debate em defesa do que se acredita (SOUZA, 1995, p. 90).

A dialética tem sua expressão no método do materialismo histórico, que empreende ações de movimento
dinâmico ocorrentes na natureza em geral, cuja coerência se traduz no condicionamento, na reciprocidade

107
Unidade II

dos fenômenos e, na mesma medida, em constante estado de mudança, tanto do ponto de vista quantitativo
como do qualitativo. Há um dinâmico processo de acumulação e de renovação, uma vez que o movimento
também é dinâmico e traz consigo processos contraditórios e geradores de novas opiniões.

No movimento dialético o fato é colocado como fenômeno que traz consigo um lado negativo
e, ao mesmo tempo, um lado positivo. A partir do embate que se estabelece entre os contrários, são
geradas novas formas de análise dos fatos e, por consequência, novas configurações do entendimento
da realidade.

Segundo Souza (1995, p. 90), a dialética se fundamenta em duas proposições básicas:

Identidade do real ao racional: “O que é racional é real e o que é real é


racional”, na medida em que todo real é justificado racionalmente, já que
a razão é movimento, é pensamento que se concretiza numa sucessão de
ideias, origem da realidade e da história;

A contradição como motor propulsor do desenvolvimento do pensamento e


da história: “O ser e o nada são uma só e a mesma coisa”, ou seja, o pensamento
é dinâmico e se processa através de contradições que são sistematicamente
superadas e substituídas por novas contradições, resultado de um embate
permanente entre o ser e o não ser presentes em cada coisa que existe no
mundo entre as ideias que se opõem, revelando o caráter processual da
própria realidade em que se manifesta a história (SOUZA, 1995, p. 90).

Assim, é no movimento da contradição, do diálogo entre os diferentes, que a realidade sofre mutações,
que os homens passam a render homenagens aos desafios, apreender na convivência com o diferente e
a pluralidade de pensamentos e ações da vida cotidiana.

Esses, por assim dizer, podem traduzir os movimentos da realidade. É no diálogo das opiniões
contrárias que serão geradas novas opiniões, novos posicionamentos e novas proposituras. Esse processo
só será possível quando tivermos a presença das categorias monitoramento e avaliação colocadas de
forma que promovam o debate de ideias.

Saiba mais
Para você saber mais sobre a dialética inserida no momento
contemporâneo, destacamos o seguinte artigo:
SALATIEL, J. R. Marx – Teoria da Dialética: contribuição original à filosofia
de Hegel. UOL Educação, São Paulo, 27 out. 2008. Disponível em: https://
educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-
contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm. Acesso em: 21 jun. 2020.

108
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Figura 20 – Karl Marx

Em sua maior parte, a doutrina marxista é de “segunda mão”, ou seja, originária de interpretações
dadas por dirigentes soviéticos, como Lênin, Trotsky e Stálin, ou o chinês Mao Tsé-Tung. Poucos, na
verdade, se aventuraram a desbravar a obra de Marx, que trouxe contribuições originais para a Filosofia,
a Sociologia, a Economia Política e a História.

Abordaremos apenas a Teoria da Dialética, de Marx. Para tanto, leia o texto a seguir, de Salatiel (2008).

Método dialético

Para os filósofos gregos, dialética era a arte do diálogo. Para um dos filósofos mais
influentes na carreira de Marx, Hegel, dialética é uma forma de pensar a realidade em
constante mudança por meio de termos contrários que dão origem a um terceiro que os concilia.

A dialética é composta por três termos:

• tese;
• antítese;
• síntese.

Tese é uma afirmação; antítese é uma afirmação contrária; e síntese, como o nome
indica, é o resultado entre as duas primeiras. A síntese supera a tese e a antítese, portanto é
algo de natureza diferente, ao mesmo tempo que conserva elementos das duas e conduz à
discussão, nesse estágio, a um grau mais elevado. Na sequência, dá origem a uma nova tese
que inicia novamente o ciclo.

Por exemplo, eu tenho uma ideia a respeito de algo. Esta é a minha tese: “Países com climas
quentes são melhores para se viver”. Meu interlocutor não concorda e contra‑argumenta:
109
Unidade II

“Não, são países com climas frios que são melhores para se viver”. Esta é a antítese. Depois de
alguma discussão, chegamos a uma conclusão, que é a síntese: “Países com climas amenos
são mais agradáveis para se morar”.

Pode parecer bobagem, mas é justamente assim que, em nosso cotidiano, usamos a
dialética, mesmo sem saber, toda vez que conciliamos ideias opostas em casa, no trabalho,
na comunidade, em assuntos diversos. É por isso que, nos jornais que lemos, costumamos
encontrar, no mínimo, dois pontos de vista divergentes sobre um determinado tema, para
que possamos fazer uma síntese do que cada um deles nos apresenta de melhor.

A originalidade de Hegel foi fazer dessa lógica dialética uma lógica do ser, isto é, que
rege o próprio modo de ser das coisas que, para ele, é um perpétuo “vir a ser”, um realizar‑se
contínuo. Assim também a própria história, em que o Estado moderno seria a síntese de
interesses do conflito entre família e sociedade civil, segundo Hegel.

Ditadura do proletariado

Para Marx, a dialética de Hegel estava de “cabeça para baixo”, e era preciso corrigi-la.
Isso porque Hegel era idealista, isto é, via a razão como determinante da realidade objetiva,
enquanto Marx era materialista e pensava justamente o contrário: que era o mundo material
que condicionava a ideia que fazíamos dele. Por isso, ele desenvolveu uma interpretação que
ficou conhecida como materialismo dialético.

O que Marx trouxe de original foi uma análise dialética das relações sociais e econômicas
(as bases materiais e concretas da sociedade), as quais formavam uma estrutura que
explicava fatos históricos e culturais. Diferentemente de Hegel, ele escrevia em meio à
Revolução Industrial, quando trabalhadores viviam em condições deploráveis nas grandes
cidades, o que estimulava o crescimento de movimentos socialistas e anarquistas em toda a
Europa. A sociedade capitalista, segundo Marx, funcionava com base no antagonismo entre
duas classes: a burguesia, que detinha os modos de produção (fábricas, empresas, terras,
comércio etc.) e o proletariado, trabalhadores que vendiam sua força de trabalho.

Na dialética marxista, a burguesia seria a tese, e o proletariado, sua antítese. A síntese


seria a superação da sociedade de classes por uma sem classes, o comunismo.

As crises do capitalismo, então, decorreriam dos conflitos entre burguesia e proletariado


e seriam o prenúncio de uma superação dialética da economia política. Ao assumirem seu
papel histórico e dialético, os trabalhadores instituiriam, no lugar do sistema capitalista, a
ditadura do proletariado, que seria um Estado provisório a ser superado pelo comunismo.
Na prática, no entanto, a ditadura do proletariado não passou de ditadura. Hoje, apesar de a
sociedade comunista não ter advindo, em parte porque os trabalhadores constituíram uma
nova classe – a classe média – e vivem mais preocupados em conseguir um bom emprego,
casa, carro e luxos da vida moderna, as teorias de Marx preservam muito de sua força.
Fonte: Salatiel (2008).

110
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Figura 21 – Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Saiba mais

Leia as seguintes obras:

KONDER, L. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 1981. (Primeiros


Passos, v. 23).

MARX, K. Marx. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os Pensadores, v. 35).

MARX, K. O capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. 3 v.

MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998.

Assim, podemos dizer que o monitoramento e a avaliação constituem-se em elementos que se


complementam. Sem o momento privilegiado do monitoramento, a avaliação perde a possibilidade
de construção de um de seus principais elementos: a reconstrução de velhos paradigmas e ainda o
surgimento de novas ações revigoradas.

Lembrete

Os termos monitoramento e avaliação podem ser utilizados numa


variedade de cenários e situações, reivindicando, assim, uma adequada
proporcionalidade, de acordo com a situação.

O monitoramento torna-se cada vez mais necessário, mas, por si só, não se configura como suficiente
para germinar as várias possibilidades aguardadas e que só se consubstanciam na presença de um
processo fidedigno de avaliação e envolvimento de seus sujeitos.

111
Unidade II

Podemos dizer com tranquilidade que o monitoramento faz o processo de avaliação ser facilitado.
Da mesma forma que temos como dever destacar que a avaliação deve buscar quantos elementos
existirem para dar luz aos resultados, numa relação direta, a avaliação também deve buscar em outros
fatores adicionais informações acerca do processo. Isso equivale a um procedimento que certamente
poderá levar a resultados fecundos e potencialmente passíveis de serem empreendidos por meio de
ações renovadas. A profissão tem sido requerida a dar respostas.

Como exemplo, podemos destacar os programas Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa
Família e outros que utilizam os dados dos cidadãos como indicadores de novas propostas de planos e
ações que retornem de forma imediata para a população usuária.

O Benefício de Prestação Continuada origina-se da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), nº 8.742,
de 7 de dezembro de 1993. Segundo o artigo 20 dessa lei.

O Benefício de Prestação Continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo


mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e
nem de tê-la provida por sua família (BRASIL, 1993b).

Podemos destacar também, conforme as palavras de Mota (2011):

A partir dos anos iniciais da década de 1990, e prolongando nos anos 2000,
décadas que materializam um novo ciclo da dinâmica capitalista, o debate
sobre a Assistência Social se ampliou para além da ruptura com o paradigma
do assistencialismo, do voluntarismo e da filantropia, afirmando-se como
uma temática afeta ao campo dos direitos. E mais: o que em certo período
histórico foi concebido como um campo de intervenção profissional ou do
trabalho do(a) assistente social, na atualidade é, senão a principal, uma das
mais destacadas temáticas de pesquisa da nossa área de conhecimento.
Nossa produção ultrapassou a produção de conhecimentos aplicados ao
planejamento e execução dessa política, transformando o tema numa
questão de políticas. E o Serviço Social o fez historicizando a existência da
Assistência Social e identificando suas particularidades no interior de uma
totalidade social, no âmbito dos mecanismos de produção e reprodução da
sociedade. Em resumo, para além da importância social e histórica de uma
Política de Assistência Social no Brasil, outras questões e dimensões a ela se
adensaram (MOTA, 2011, p. 66).

Vemos que a profissão empreendeu uma série de investimentos para angariar conhecimentos
e bagagem que possibilitam (e possibilitaram) não somente a proposição, mas a implementação, a
avaliação e contribuições para novos referenciais às políticas.

Um desafio importante a ser destacado é a utilização de dados de monitoramento e avaliação para


fins clientelísticos.
112
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Não é difícil encontrar notícias de que determinado programa foi utilizado para atender a
determinados interesses. Encaminhar benefícios de forma particular equivale a destituir a ação do
princípio do bem comum, que deve ser norteador da gestão pública. Atender a um determinado
interesse em detrimento do interesse comum equivale a privar o cidadão dos seus direitos, que, em
muitos casos, relacionam-se de forma direta à dignidade, à vida etc.

Diante de tal situação, deflagra-se de forma clara a destituição do princípio da gestão pública.
Desviando-se desse direito, institui-se um processo de distanciamento dos objetivos da gestão
pública, logo, em prejuízo estão os resultados advindos do monitoramento e da avaliação.

Contudo, sabemos que muitos são os desafios, em especial os do assistente social, conforme o texto
a seguir.

Orientar o trabalho nos rumos aludidos requisita um perfil de profissional culto, crítico e
capaz de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para a progressiva democratização das
relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso ético-político com os valores democráticos e
competência teórico-metodológica na teoria crítica, em sua lógica de explicação da vida social.
Esses elementos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam decifrar as situações particulares
com que se defronta o assistente social no seu trabalho, de modo a conectá-las aos processos
sociais macroscópicos que as geram e as modificam. Mas requisita, também, um profissional
versado no instrumental técnico-operativo, capaz de potencializar as ações nos níveis de
assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladora da participação dos
sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos
meios de exercê-los... Faz-se necessário, pois, elucidar o exercício profissional nas particulares
condições e relações de trabalho em que se inscreve, reconhecendo tanto suas características
enquanto trabalho concreto (e avançando na leitura das competências e atribuições privativas
do assistente social, tais como se forjam na atualidade) quanto sua dimensão de trabalho
humano abstrato, em seus vínculos com o processo de produção e/ou distribuição da riqueza
social. Isso remete ao enfrentamento dos dilemas do trabalho produtivo e/ou improdutivo, cuja
caracterização depende das relações estabelecidas com específicos sujeitos sociais, na órbita das
quais se realiza o trabalho do assistente social. O desdobramento necessário dessa proposta de
análise do trabalho do(a) assistente social é tratá-lo de forma indissociável dos dilemas vividos
pelo conjunto dos trabalhadores – e suas lutas – que sofrem perdas decisivas em suas conquistas
históricas nesse tempo de prevalência do capital que rende juros articulados ao grande capital
produtivo internacionalizado. Este é um dos desafios importantes da agenda profissional, o que
requer dar um salto de profundidade na incorporação da Teoria Social Crítica no universo da
profissão aliada à acurada pesquisa sobre as condições de trabalho e as respostas profissionais
acionadas para fazer frente às expressões da Questão Social nos diferenciados espaços
ocupacionais do(a) assistente social na sociedade brasileira.
Fonte: Iamamoto (2012, p. 37).

Assim, eis o desafio...


113
Unidade II

8 BENEFÍCIOS GERADOS PELO MONITORAMENTO E PELA AVALIAÇÃO NO


PROCESSO DE GESTÃO

Conforme já destacado, o monitoramento e a avaliação constituem elementos relevantes para as


políticas públicas, bem como importantes aliados nos processos de gestão.

Nessa medida, os benefícios oriundos desses elementos para os processos de gestão demonstram-se
mais intensos. Cada vez mais, somos requisitados a compor comissões planificadoras e, assim, a elaborar
os processos de monitoramento e avaliação das políticas públicas.

Cabe destacar que o assistente social tem vivenciado, sobretudo a partir da década de 1980, papel
relevante na construção de políticas públicas e, por conseguinte, de seus planos, programas e projetos que
ganharam destaque no processo de empreita de estratégias utilizadas pelos governos, principalmente
no que se refere à melhoria e ao aprimoramento das etapas de monitoramento e avaliação.

Não raro, o assistente social é protagonista de ações de impacto para o enfrentamento da banalização
da pobreza e da miséria, do analfabetismo, do desemprego e do subemprego, do trabalho infantil e
escravo, e, nessa linha, dos frutos e expressões da Questão Social. Trata-se de empreender ações que
garantam a inclusão dos cidadãos, que possam capacitá-los ao exercício do protagonismo social. Os
desafios ainda são muitos, mas a profissão tem se colocado disponível à construção de ações que
deságuem no oceano da inclusão social pela via de uma nova ordem societária, por meio de seu projeto
profissional de inclusão, liberdade, autonomia e protagonismo.

Com isso em mente, leia o texto que segue.

Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor
central – a liberdade concebida historicamente como possibilidade de escolha entre alternativas
concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos
indivíduos sociais. Consequentemente, este projeto profissional se vincula a um projeto societário
que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia
e gênero. A partir destas opções que o fundamentam, tal projeto afirma a defesa intransigente
dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o
pluralismo, tanto na sociedade como no exercício profissional... Em especial, o projeto prioriza uma
nova relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu componente
elementar o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, aí incluída a
publicidade dos recursos institucionais, instrumento indispensável para a sua democratização
e universalização e, sobretudo, para abrir as decisões institucionais à participação dos usuários.
Enfim, o projeto assinala claramente que o desempenho ético-político dos assistentes sociais
só se potencializará se o corpo profissional articular-se com os segmentos de outras categorias
profissionais que compartilham de propostas similares e, notadamente, com os movimentos que
se solidarizam com a luta geral dos trabalhadores.
Fonte: Netto (2009, p. 15).

114
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Assim, podemos assistir ao Serviço Social figurando como uma das profissões que, comprometidas
com a causa dos trabalhadores, dos sujeitos em situação de risco e vulnerabilidade social, colocam-se à
frente como profissão cuja formação direciona a esse norte, aliada das causas sociais.

Destacamos que, em se tratando de formação profissional, o Serviço Social oportuniza reflexões e


apreensões de conteúdos para capacitar a ação profissional rumo à leitura crítica da realidade. Ainda nesse
sentido, ao apropriar-se das dimensões teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas, o
assistente social poderá oportunizar muito mais que contribuições imediatas e figurar como um importante
aliado nos processos de gestão das ações e políticas públicas, as quais devem garantir o processo de
edificação de uma sociedade alicerçada na liberdade, na equidade e na justiça social.

Segundo Koike (1999):

Os processos educativos demandados por essa sociedade tanto devem


conduzir às qualificações técnicas requeridas pelo trabalho reestruturado
quanto produzir uma subjetividade adequada à nova forma de organização
social do capitalismo atual. Na base dessas transformações está o movimento que
emerge dos modos flexíveis de acumulação do capital caracterizado por Harvey
(1993) “de rápida destruição-reconstrução de habilidades, gerando processo de
desqualificação, requalificação, nova qualificação da força de trabalho”.

[...]

As alterações na configuração sociotécnica da profissão evidenciam ser a


formação profissional um processo dinâmico, continuado, inconcluso, em
permanente exigência de apropriação e desenvolvimento dos referenciais
críticos de análise e dos modos de atuação na realidade social [...] e o ato
de avaliar a profissão (formação e trabalho profissionais) em suas conexões
com as necessidades sociais – de onde derivam as demandas ao Serviço
Social – expõe com radicalidade as exigências de uma profunda, cuidadosa
e continuada capacitação profissional. Essa realidade marcou o processo de
construção das novas diretrizes curriculares que se inicia com a definição de
critérios norteadores do trabalho coletivo (KOIKE, 1999, 103; 107).

No texto a seguir, Koike (1999) lista os elementos que constituem esse processo.

• Garantia de direção social ao processo e revisão curricular: como é sabido, é competência


da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) assegurar
direção intelectual e política ao projeto de formação profissional. Como organização que
congrega as unidades formadoras, é sua função prover a construção de um significado
teórico-instrumental e político-ideológico para a formação profissional, imprimindo-lhe
uma determinada relação histórica com a sociedade. Essa expectativa em torno do papel
115
Unidade II

da entidade pode ser resultante da decisão dos primeiros cursos em criar, em 1946, a
Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (Abess), posteriormente denominada
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss), com objetivos
sempre voltados ao aperfeiçoamento da formação dos assistentes sociais. Isso define
o ato fundador da entidade e legitima sua atuação perante as unidades de ensino e o
conjunto da categoria profissional, bem como sua interlocução com entidades congêneres
existentes na sociedade.

• Incorporação dos avanços do currículo de 1982: o processo de elaboração das


diretrizes curriculares deveria preservar as positividades do currículo vigente,
superando suas debilidades. Este critério já apontava a necessidade não apenas
de um diálogo crítico com o projeto curricular de 1982, mas de uma avaliação
abrangente de seus desdobramentos na condução da formação profissional, nas
duas últimas décadas. Foi indicada a constituição de um grupo de consultores com a
finalidade de assessorar o processo revisional substituindo-o, teórica, metodológica
e pedagogicamente.

• Estabelecimento de um processo coletivo de trabalho: os critérios anteriores ficariam


comprometidos sem uma prática democrática no processo de elaboração do novo
projeto curricular que pudesse garantir o pluralismo do debate e sua socialização
entre as escolas, com docentes, discentes e supervisores, com a representação
dos profissionais, na identificação das necessidades da profissão perante as novas
exigências feitas à formação profissional. A forma encontrada para garantir essa
construção democrática foi estruturar o processo mediante a organização de
oficinas locais (promovendo a discussão em cada curso), regionais (aprofundando o
debate acerca das questões que particularizam a formação nas diferentes regiões)
e nacionais (abordando a formação em sua macrovisão nacional). Assim, foram
realizadas aproximadamente 292 oficinas com participação das unidades de ensino,
associadas ou não.

• Capacitação no processo de construção do projeto curricular: a elaboração de


diretrizes deveria propiciar atualização e aprendizagem aos que dela participassem,
preparando, desse modo, o processo de implantação das referidas diretrizes, devendo
permanecer como capacitação continuada.

Fonte: Koike (1999, p. 108).

O profissional de Serviço Social deve oportunizar o encaminhamento de ações cotidianas oriundas da


gestão social, bem como ser capaz de conduzir a leitura precisa da realidade social e a intervenção nesta,
de forma que tal realidade possa sofrer mudanças que significarão, no limite, processos revigorados.
Não falamos aqui de facilidades, e sim de processos que podem ser carregados de tensões, conflitos e
complexidades (como todo processo dinâmico), mas que devem ser monitorados e avaliados à luz da
realidade e, como tais, são contraditórios e estão em constante transformação, mas devem frutificar o
novo, o diferente, o equânime. Conforme Baptista (2007):

116
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

O estabelecimento de modificações operacionais do dia a dia requer


decisões que podem ser bastante complicadas. Elas se apoiam na ideia
da revisão como dimensão contínua e sistemática do planejamento,
como respostas dinâmicas às situações permanentemente detectadas
pelo controle e pela avaliação, que baseiam as decisões diárias e corrigem
o curso das ações. Essa característica lhe permite tirar vantagem das
oportunidades que surgem, de potencializar pontos fortes e superar suas
fraquezas [...] (BAPTISTA, 2007, p. 122).

O acionamento da retomada dinâmica do processo é que permite ao planejador garantir a


perspectiva dialética de reflexão e permanente confronto com a realidade, por ocasião de novas
tomadas de decisão.

Lembrete
O Serviço Social oportuniza reflexões e apreensões de conteúdos para
capacitar a ação profissional rumo à leitura crítica da realidade.

O profissional deve, assim, ofertar subsídios para os processos de retroalimentação das políticas
públicas e, nessa diretriz, ser um importante aliado da gestão social.

Como traz Iamamoto (2018):

Os assistentes sociais, ao realizarem suas ações profissionais, seja ao nível


das Secretarias de Governo, dos bairros, das instâncias de organização e
mobilização da população, das organizações não governamentais (ONGs),
exercem a função de um educador político; um educador comprometido
com uma política democrática ou um educador envolvido com a política dos
“donos do poder”. Mas é nesse campo atravessado por feixes de tensões que
se trabalha, e é nele que são abertas inúmeras possibilidades ao exercício
profissional (IAMAMOTO, 2018, p. 79).

Nesse sentido, o assistente social tem sido requisitado a oferecer indicadores e conteúdos frutos
dos processos de monitoramento e avaliação, os quais devem garantir a dinâmica e adequada
operacionalização das ações públicas, e ainda subsídios para a compreensão da realidade cotidiana
dos sujeitos sociais usufrutuários das políticas públicas. Deve também participar na implementação e
no monitoramento, de forma que apreenda essa realidade, bem como nos processos de avaliação, com
vistas à apreensão acerca do cumprimento das metas previstas na origem das ações.

Cabe destacar a importância dos benefícios da permanente presença do monitoramento e da avaliação


como processos integrantes do planejamento social, inclusive em virtude da necessária transparência
que deve prevalecer em todo momento da ação ou política pública. Prestar contas dos resultados à
sociedade é algo que transcende o mero ato em si, vivificando a importância do empreendimento de
novas ações sociais norteadas pelas demandas dos sujeitos sociais.
117
Unidade II

A respeito desse processo, Mendonça, Kauchakje e Garcias (2012) afirmam:

Cabe lembrar que em sua estratégia social o governo federal atual enfatiza
o aprimoramento da gerência e avaliação do impacto e desempenho
dos programas sociais quando procura garantir a esses programas apoio
para gerenciamento dinâmico e adequado, monitoramento regular
da implementação e avaliação periódica do cumprimento das metas
preestabelecidas. Ressalta-se, porém, que a exigência por avaliação
permanente da utilização de recursos públicos e sua tradução em ações
e consequências sobre a melhoria das condições das pessoas e do espaço
urbano são imperativas, sinais de transparência da ação pública (MENDONÇA;
KAUCHAKJE; GARCIAS, 2012, p. 5).

Atualmente os governos têm depositado elevadas expectativas no profissional de Serviço Social, o


que se justifica tanto pela sua formação profissional, conforme destacado anteriormente, quanto pela
capacidade de leitura da realidade.

Saiba mais

Para saber mais acerca das atribuições e competências do profissional


de Serviço Social, acesse:

CFESS. Código de ética do assistente social – Lei 8.662/93. 10. ed. Brasília:
CFESS, 1993. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-
SITE.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.

Como poderá verificar, os elementos contidos na Lei de Regulamentação


da Profissão (nº 8.662/1993) poderão nortear a ação profissional a partir das
exigências da contemporaneidade, bem como oferecer informações acerca de
nortes oportunos para atender às expectativas dos espaços sócio‑ocupacionais.

Podemos considerar que o assistente social tem muito a contribuir para o entendimento da realidade
social, e isso se processa uma vez que a profissão tem importante inserção nos espaços sócio-ocupacionais,
bem como nos segmentos da comunidade. Esses segmentos ora se colocam como operacionalizadores
das ações e políticas públicas, ora figuram como agentes de reivindicação ou porta-vozes do cidadão
tensionado para que o seu direito seja respeitado e confirmado por meio de ações cotidianas. Esse
tensionamento deve estar direcionado à proposição e à implementação de planos, programas e projetos
que vivifiquem a condição de pertencimento do cidadão.

Via de regra, os programas e projetos precisam estar comprometidos com a concretização de


novas possibilidades, ou seja, é necessário efetivar alterações no panorama social. Podemos dizer
que um dos maiores benefícios do processo pode residir na materialização de mudanças, que

118
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

passam a garantir à população usuária dos serviços sociais condições de inclusão ou a minimização
da exclusão social.

Como benefício, destacamos ainda os processos avaliativos, como possibilidade de construção de


conhecimento e novos saberes. Trata-se de um processo pedagógico em que todos ganham, inclusive os
usuários das políticas sociais, na medida em que efetivam a participação e, por conseguinte, se inserem
nos espaços de interlocução de monitoramento e avaliação.

Outro benefício a ser destacado é a possibilidade de construção de novos referenciais, pois à medida
que os programas e projetos são colocados à prova, um novo cenário se descortina e, de forma direta,
passa a motivar e inspirar espaços e realidades que clamam pelo novo.

No âmbito da gestão pública, ao empreender ações que têm como norte oportunizar o sentido de
pertencimento da população, surgem possibilidades de enfrentamento das expressões da Questão
Social. Eis aqui um benefício importantíssimo que destaca de forma relevante a importância do
monitoramento e da avaliação das ações e políticas públicas. Assim, ao oportunizar novos olhares
acerca da realidade, a gestão social ganha espaço privilegiado como protagonista na oferta de
benefícios que à luz da realidade cotidiana se expressa por melhores condições de vida e atende
aos anseios da população.

Corrobora Kauchakje (2012) quando nos lembra de que a gestão pública possui sua história ancorada
no princípio de atender às demandas da população e pode advir tanto do setor público quanto da
iniciativa da sociedade civil:

Gestão social é a gestão de ações sociais públicas para o atendimento de


necessidades e demandas dos cidadãos, no sentido de garantir os seus
direitos por meio de políticas, programas, projetos e serviços sociais [...]
é a gestão de ações sociais públicas, o que não significa exclusivamente
ações sociais do Estado, pois estas podem tanto ser realizadas por órgãos do
governo dos municípios, dos Estados e da União como pelas organizações da
sociedade civil (KAUCHAKJE, 2012, p. 22).

Ações sociais
públicas

Setor público Sociedade civil


(Estado)

Figura 22 – Divisão das ações sociais públicas

Assim, a gestão pública, segundo a autora, deve percorrer seu caminho objetivando o atendimento
das demandas. Nesse sentido, Kauchakje (2012, p. 23) considera que a gestão social deve levar em
conta que “Necessidades são próprias da condição humana, ou seja, os homens necessitam de alimento,
abrigo, reprodução e saúde, além de autonomia e liberdade”.
119
Unidade II

Demandas são produtos das relações sociais e estão ligadas às carências. Por exemplo, todas as
pessoas têm necessidade, regularmente, de alimento de qualidade, no entanto algumas são carentes
de alimentos, e isso decorre das estruturas econômicas e das políticas nacionais e internacionais que
causam graves desigualdades no tocante à distribuição da riqueza produzida socialmente, bem como ao
acesso a esta e aos recursos sociais, culturais e naturais.

Nessa medida, podemos dizer que a gestão social, ao assumir seu papel de mediadora entre o
Estado e o sujeito de direito, faz cumprir sua função social, logo traz benefícios diretos à sociedade.
Cabe acrescentar que esses benefícios são oriundos de processos de monitoramento e avaliação
comprometidos com o bem comum.

É um processo que permite reflexões que levam ao entendimento não somente dos aspectos do
ponto de vista descritivo, mas, sobretudo, das consequências oriundas da ação propositiva. Isso é de
extrema relevância e se configura como um benefício direto aos envolvidos. Trata-se de um momento
privilegiado em que é possível confirmar a presença da efetividade como categoria que direciona um
todo permeado de tensões, contradições e, sem dúvida, potencialidades. A presença do monitoramento
e da avaliação torna possível perceber como a ação se processou e, assim, dota a realidade social de
informações e conteúdos que traduzem os ganhos que esta conquistou. Essa conquista é de todos, ou
seja, a realidade deve ser entendida como um todo articulado. As reflexões advindas da vida concreta,
bem como os saltos qualitativos experienciados pelos sujeitos sociais são o que traduz o objetivo da
profissão como projeto ético-político.

Ações sociais comprometidas com a alteração da realidade social que tem um rebatimento
direto na vida do cidadão qualificam a sociedade e são condutoras de promoção social, prevenção
de situações de risco e vulnerabilidade social e, assim, oportunizam o enfrentamento das expressões
da Questão Social.

A Política Nacional da Assistência Social converte ações que são empreendidas para reduzir o risco
e a vulnerabilidade social por meio de serviços advindos de programas e projetos. As ações sociais
empreendidas pela PNAS têm como meta o atendimento de demandas que visem à prevenção, à
promoção e à proteção dos sujeitos. Destaca-se ainda a presença constante da preocupação em ofertar
atendimento aos aspectos emergenciais da vida do sujeito, seja por meio de ações de oferecimento
de recursos, seja por meio do empreendimento de mecanismos que garantam liberdade, autonomia e
pertencimento ao cidadão.

No texto a seguir, você conhecerá algumas ações sociais.

Benefício de Prestação Continuada (BPC): concessão e revisão de benefício


assistencial não contributivo no valor de um salário mínimo no caso dos idosos acima de
70 anos e de pessoas com deficiência com renda per capita de até um quarto de salário e
que comprovem não ter condições de prover sua própria subsistência ou de tê-la provida
por sua família.
120
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Transferência de renda: ações relacionadas à transferência de renda por meio de bens


e benefícios, sem necessidade de contrapartida, mas por critérios de elegibilidade vinculada
à renda e ao acesso familiar.

Atendimento sociofamiliar: atendimento aos grupos familiares em situação de


vulnerabilidade social, possibilitando-lhes a construção de vínculos sociais e a participação
em projetos coletivos.

Enfrentamento da fome: ações relativas à segurança alimentar no que diz


respeito à qualidade nutricional, à frequência e à continuidade da oferta alimentar e
à segurança sanitária.

Capacitação cidadã e profissional: ações ligadas ao aprendizado, à formação cidadã


e à capacitação profissional.

Geração de trabalho e renda: ações desenvolvidas de forma articulada entre grupos


sociais e instituições para a geração de espaços de trabalho e de obtenção de renda.

Grupos de produção: ações que promovem o incentivo à organização de grupos


com propostas de desenvolvimento econômico por meio de diversas modalidades
(cooperativismo, economia solidária etc.) na perspectiva da autonomia e da
solidariedade política.

Abordagem de rua: atendimento que busca estabelecer contato direto da equipe


técnica com pessoas que morem, trabalhem ou tenham trajetória na rua, permitindo
conhecer as condições em que vivem as relações sociais estabelecidas. Os objetivos
são inseri-las em grupos e instituições e, quando possível, restabelecer os vínculos
familiares e comunitários com a construção de projeto de vida que viabilize uma
proposta de saída definitiva das ruas.

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti): programa de transferência de


renda para famílias de crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos envolvidos no
trabalho precoce, em atividades consideradas perigosas, penosas, insalubres ou degradantes.
Com o objetivo de retirar esses meninos e meninas da situação de trabalho, há a concessão
de uma bolsa às famílias, as quais, em contrapartida, devem matricular seus filhos na escola
e também inscrevê-los em ações socioeducativas, assegurando, assim, o direito à educação
e ao desenvolvimento integral.

Serviço de atenção às vítimas de violência, abuso e exploração sexual e comercial:


serviços de atendimento social, psicológico e jurídico destinados a crianças, adolescentes e
mulheres (bem como aos seus familiares) vítimas de violência, abuso e exploração sexual e
comercial, violência doméstica.

121
Unidade II

Projetos de enfrentamento à pobreza: projetos que se articulam a outras ações


da rede social com o objetivo de implementar ações cooperativas no âmbito da
erradicação da fome, da educação (com a erradicação do analfabetismo e a melhora da
qualidade de ensino), da qualificação profissional, da criação do emprego e da geração
de trabalho e renda, bem como de promover estratégias para o desenvolvimento local,
com a participação dos sujeitos envolvidos. Tais ações têm uma dimensão política,
intencionando especialmente a não naturalização da pobreza e a inserção desse
aspecto na agenda das políticas públicas.

Centro-Dia para idoso e pessoa com deficiência: local de atendimento integral a


pessoas idosas ou com deficiência que, por suas carências familiares, sensitivas e funcionais,
não podem ser atendidas em seus próprios domicílios ou por serviços comunitários.

Centro de Referência de Assistência Social (Cras): unidade descentralizada para o


atendimento da população que vive em áreas com maior concentração de pobreza. São
realizadas atividades de proteção social básica com o objetivo de inclusão em políticas e
programas sociais, bem como de fortalecimento dos vínculos de pertencimento comunitário
e familiar.

Albergue: oferece acolhimento provisório para pessoas em situação de rua. Provê


orientação socioeducativa, regularização de documentos, cuidados primários e inserção
à rede social. Em condição de consentimento ativo e esclarecido, visa contribuir na
reconstrução de projetos de vida e de vínculos de pertencimento.

Fonte: Kauchakje (2012, p. 111).

Assim, por vários mecanismos, as ações sociais podem ocorrer tanto com origem nas ações do
espaço público quanto no âmbito da sociedade civil organizada.

Dois programas importantes são o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o Bolsa
Família, descritos a seguir.

O Peti, em parceria com diversos setores dos governos Estaduais e municipais e da


sociedade civil, busca eliminar o trabalho infantil e manter as crianças e adolescentes na
escola por meio da complementação da renda familiar.

[...]

O Bolsa Família é um programa que está pautado na articulação de três dimensões


essenciais à superação da fome e da pobreza:

• promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda


à família;
122
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

• reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por
meio do cumprimentos das condicionalidades, o que contribui para que as famílias
consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações;

• coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento


das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de
vulnerabilidade e pobreza.

Fonte: BOLSA... ([s.d.]); PETI... ([s.d]).

Saiba mais
Conheça mais sobre esses programas em:

BOLSA família. Caixa, Brasília, [s.d.]. Disponível em: http://www.caixa.


gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/Paginas/default.aspx.. Acesso em:
15 jun. 2020.

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Caixa, Brasília, [s.d.].


Disponível em: http://www.caixa.gov.br/poder-publico/programas-uniao/
desenvolvimento-social/peti/Paginas/default.aspx. Acesso em: 15 jun. 2020.

Ao se comprometer com a realidade social e os sujeitos que a ela pertencem, a gestão social
qualifica‑se empreendendo modificações que se consubstanciam em ações renovadas.

Nesse sentido, a socialização dos resultados e dos processos de avaliação retroalimenta e inspira
novos olhares para a realidade, fazendo, assim, cumprir um dos objetivos da gestão social.

Cabe destacar a importância do cuidado na leitura dos resultados, ou seja, os dados devem ser
efetivamente avaliados à luz de sua realidade, distante de interesses individuais e particulares que,
dotados de intenções de vaidade, nem sempre permitem que o real apareça.

Não raro, munidos de nosso compromisso profissional, será necessário tensionar espaços, para que
o real seja publicizado com base na verdade e na ética. Para isso, é de fundamental importância a
necessária apropriação do real por parte dos sujeitos.

Como foi possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação são essenciais ao trabalho
cotidiano do assistente social, no âmbito privado ou protagonizando a efetivação das políticas públicas
e sociais. Trata-se de um desafio contínuo que se estabelece no cotidiano profissional, nos diversos
espaços sócio-ocupacionais. Tal desafio constitui-se em objeto de enfrentamento pelo assistente social,
conforme destacado anteriormente, e reside na dificuldade de efetivar a participação, elemento gerador
da (e na) construção de estratégias de intervenção e, portanto, de transformação.

123
Unidade II

Conforme vimos, participar não é somente estar presente em determinado espaço físico ou marcar
presença em determinada situação, mas equivale a inferir opiniões, bem como trazer informações
relevantes acerca de processos, ações, políticas, entre outros. Não é “qualquer” participação que equivale
a mudanças ou transformações sociais, mas aquela que transcende e rompe paradigmas e se traduz na
salvaguarda do direito social.

A participação consciente é fruto de processos educativos, participativos e coletivos que geram


conhecimento e mudança.

Podemos dizer que para o processo de consciência se estabelecer são necessárias aproximações
contínuas das regulamentações que norteiam as políticas. O processo pode ser definido como político.
Não se trata de destacar questões de ordem político-partidária ou que se remetam somente às ações
dos partidos políticos, mas de articular várias modalidades de aproximações que se consubstanciam em
conhecimento. Este, por sua vez, é elemento essencial às ações de controle social e de monitoramento
e avaliação das políticas públicas.

O dramaturgo alemão Berthold Brecht define, em sua obra O Analfabeto Político, o perfil do cidadão
desprovido de conhecimento e consciência para com a realidade. Leia:

O analfabeto político

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa
dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato, do remédio
depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil
que da sua ignorância política
nascem a prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e
multinacionais.
Fonte: Brecht (2001)

124
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Assim, a participação que fomenta o debate público deve trazer à luz novas condições de vida,
sobretudo àqueles que vivem desprovidos do usufruto da cidadania plena. O profissional de Serviço Social
tem nesse cenário um de seus grandes desafios: implementar formas de participação que corroborem
a construção de espaços de debate, e que destes frutifiquem ações que possam colaborar com as ações
de controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas que, numa razão direta, possam dar
novos significados à vida em sociedade.

Aqui reside uma grande e efetiva contribuição do Serviço Social. Já anunciamos o importante papel
da profissão e sua inserção nos diversos espaços sócio-ocupacionais e no cenário da vida cotidiana
dos usufrutuários das políticas públicas. Nesse sentido, ainda temos a profissão comprometida com a
construção de projetos societários que visem ao extermínio da exclusão. No entanto, ainda são muitos
os desafios, seja no âmbito endógeno da profissão, seja no âmbito da realidade social em que estamos
inseridos. Nas palavras de Netto (2009):

Esta constatação, no entanto, não significa afirmar que tal projeto esteja
consumado ou que seja o único existente no corpo profissional. Por uma
parte, ainda não se desenvolveram suficientemente as suas possibilidades –
por exemplo, no domínio dos indicativos para a orientação de modalidades
de práticas profissionais; neste terreno, ainda há muito por fazer-se. Por
outra parte, a ruptura com o quase monopólio do conservadorismo no
Serviço Social não suprimiu tendências conservadoras ou neoconservadoras
– e, como se viu acima, a heterogeneidade própria dos corpos profissionais
propicia, em condições de democracia política, a existência e a concorrência
entre projetos diferentes (NETTO, 2009, p. 17).

O que nos traz, além do desafio presente na empreita de uma sociedade construída à luz do direito,
da equidade, da liberdade e da justiça social, a necessidade de constante vigilância dos princípios
norteadores do Projeto Ético-Político Profissional. Será possível, por meio dos elementos contidos na
sua proposta, pensarmos em momentos que nos conduzam a novos referenciais de entendimento de
democracia, de cidadania e, sobretudo, de ser humano.

Revi madrugar, quando esbarramos na beira duma vereda pagã, por


repouso. Aurora: é sol assurgente – e os passarinhos arrozeiros. Cá o céu
tomou as tintas. Aí retoquei minha lembrança madraça, como se estivesse
no antigamente... medito como aos poucos e poucos um passarinho maior
ia cantando esperto e chamando outros e outros, para a lida deles, que se
semelha trabalho. Me passavam inveja, de como deveria ser o ninho que
fizessem – tão reduzido em artinha, mas modo mandado cabido, com os
aos-fins-de-fatos (ROSA, 2001, p. 703).

125
Unidade II

Resumo

Nesta unidade você teve a possibilidade de adentrar o universo do


monitoramento como importante instrumento do planejamento social.
Assim, as discussões trazidas remontam à importância do monitoramento
como aliado do assistente social, quando empoderado da atribuição de
empreender ações específicas de avaliação de planos, programas e projetos.
Nessa medida, foi possível entender o que o monitoramento, aliado
à avaliação de políticas públicas e sociais, pode trazer como ganhos ao
cidadão e, logo, à sociedade.

Você pôde constatar que as ações de monitoramento transcendem o


exercício de ações puramente empreendidas por um ou outro conselho de
direitos, validado como espaço de controle social. Além disso, aprendeu que
o monitoramento deve ser entendido como todo equipamento coletivo
que possa garantir o acompanhamento da direção do investimento
público, que, no seu limite, deve sempre primar pela garantia dos direitos
do cidadão, seja pela execução de políticas que promovam sua existência
com dignidade, seja pela condição do usufruto do seu direito. Como
processo dialético, o monitoramento deve ser pensado de forma dinâmica
para atender às demandas da sociedade e, em especial, promover ações
que garantam a presença da voz do povo. Portanto, deve estar sempre
aberto a novas provocações e proposições. Um desafio se estabelece
nessa ordem: a efetiva participação. Sabemos do desafio de o cidadão
aceitar o convite à participação, dada a herança histórica de nosso país,
fortemente vinculada a regimes ditatoriais. Logo, participar é algo ainda
a ser apropriado pelo povo brasileiro. Assim, você aprendeu nesta unidade
que é essencial apreender os indicadores do planejamento, como eficácia,
eficiência e efetividade, que irão sempre abastecê-lo para o entendimento
na realidade cotidiana, bem como os instrumentais do monitoramento, e,
assim, verificar a importância da participação, conforme destacado. Além disso,
os mecanismos contidos no planejamento social possuem uma dinamicidade
capaz de oportunizar a mudança de realidade e, ainda, estão em constantes
transformações; basta que tenham como luz motora a possibilidade de
construção de uma sociedade melhor, e sejam plenos de condições de garantias
do direito do cidadão.

Você aprendeu que a atitude de planejar deve ser uma constante e


estar sempre presente no cotidiano do profissional de Serviço Social.
Verificou que essa premissa está contida na Lei de Regulamentação
da Profissão (nº 8.662/1993), o que traz de forma direta a descrição

126
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

das competências e atribuições privativas do assistente social. Nesse


sentido, aprendeu que a profissão passa a ter um fio condutor que
direciona as ações profissionais e, assim, faz um delineamento da
inserção profissional, dando especial destaque à gestão de políticas
públicas e de administração e planejamento das ações, bem como à
importância dos planos, programas e projetos demandados pelos
espaços sócio-ocupacionais.

Você viu que o assistente social passa a ser o profissional a


operacionalizar as ações do planejamento social e, em consequência,
o mediador entre o direito e o cidadão. Aprendeu que, por meio
do controle social, as políticas públicas ganham materialidade, à
luz do interesse e da necessidade do cidadão, logo são dotadas de
potencialidade de transformação. Assim as ações de planejamento, a
partir da leitura crítica da realidade, materializam-se de forma que
alcancem a realização de novos projetos societários, cuja tônica deve
ser vinculada à defesa da liberdade, da igualdade e da justiça social, e
que sua concretização constitui um dos principais desafios profissionais
e, logo, do controle social, do monitoramento e da avaliação.

Você também verificou que as ações de monitoramento e avaliação


são essenciais ao trabalho cotidiano do assistente social, no âmbito privado
ou protagonizando a efetivação das políticas públicas e sociais. Trata-se de
um desafio contínuo que se estabelece no cotidiano profissional, nos
diversos espaços sócio-ocupacionais. Esse desafio constitui-se em objeto de
enfrentamento pelo assistente social, conforme destacado anteriormente, e
reside na dificuldade de efetivar a participação, elemento gerador da (e na)
construção de estratégias de intervenção e, portanto, de transformação. Nesse
instante, o conhecimento passa a ser o principal aliado do profissional, bem
como do cidadão, pois oportuniza ultrapassar a ausência do direito e alcançar
sua implementação e confirmação. Assim, as ações de monitoramento
e avaliação presentes no controle social dependem, de forma direta, da
participação do cidadão, e este, por sua vez deve estar sempre atento aos espaços
de participação. Nessa medida, você observou o quanto a profissão contribui
para o planejamento social e para a edificação das políticas públicas, numa
construção histórica fortemente vinculada aos movimentos de participação e
construção de uma nova ordem societária. Eis o desafio.

127
Unidade II

Exercícios

Questão 1. Considere a notícia a seguir:

Avaliação de Projetos Sociais

A avaliação de projetos sociais e políticas públicas é um tema que, cada vez mais, ganha destaque
e importância na busca de aprimoramento das ações e investimentos sociais. Nesse contexto,
ganha também relevância a avaliação econômica, instrumento importante para subsidiar a gestão
e aprimoramento dos projetos, otimizar a alocação dos recursos e propiciar a prestação de contas a
financiadores, participantes e sociedade em geral [...].
Fonte: Disponível em: http://www.fundacaoitausocial.org.br/temas-de-atuacao/avaliacao-de-projetos-sociais/.
Acesso em: 11 jun. 2015.

Quanto à avaliação de projetos sociais:

A) é vedada ao Assistente Social, tendo em vista que fere a resolução CFESS 273/1993.

B) é um processo de avaliação qualitativa e deve abdicar do embasamento em indicadores quantificáveis.

C) é condição fundamental que o projeto já tenha sido executado em sua totalidade.

D) exige um profissional que acolha a singularidade de determinadas realidades e que seja capaz de
colher dados relevantes sobre o que será avaliado.

E) em um projeto social a avaliação acontece apenas com a finalidade de pontuar a eficácia da ação.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a resolução CFESS 273/1993 instituiu o Código de Ética do Assistente Social. Nesse documento,
a avaliação de planos, programas e projetos emerge como uma competência do Assistente Social.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: todas as informações são importantes em um processo de avaliação, quer seja no


plano, no programa ou no projeto. Assim, dados estatísticos ou numéricos são importantes no processo
de avaliação, à medida que podem ilustrar a realidade e facilitar a compreensão. A identificação dos
dados quantitativos torna possível a construção de conceitos, de sentidos e de significados sobre a
intervenção avaliada.
128
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a avaliação acontece por meio de um processo dialético e que está presente em todos
os momentos, desde o início de sua execução. É errônea a perspectiva de que a avaliação só acontece
quando o projeto for executado em sua totalidade, ou seja, não é preciso esperar a conclusão da ação
para depois avaliá-la.

D) Alternativa correta.

Justificativa: a avaliação de planos, programas ou projetos demanda um profissional diferenciado.


Esse profissional deverá possuir ou desenvolver habilidades que permitam a ele captar a totalidade de
informações contidas na realidade sob a qual a avaliação incidirá. Para a apreensão dessa realidade também é
necessário que o profissional consiga colher dados, fundamentando assim o processo de avaliação.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a eficácia de uma ação é mensurada para que seja possível estabelecer se a relação
idealizada entre os resultados obtidos e os objetivos propostos foi alcançada. No entanto, um processo
de avaliação não se respalda apenas na mensuração da eficácia da ação, mas também na efetividade e
na eficiência da intervenção desempenhada.

Questão 2. (Enade 2007 – Adaptada) Dentre suas atribuições, o assistente social enfrenta o desafio
de elaborar planos, programas e projetos para a área social. Observe o quadro a seguir, que explicita os
diferentes níveis do planejamento social.

Quadro 7 – Plano, programa e projeto

I II III

Plano Programa Projeto


Menor nível de
abrangência que o Menor abrangência que
Maior nível de plano, setorialização do o plano e o programa, e
abrangência do planejamento social e maior detalhamento de
planejamento social menor detalhamento que ações de execução das
o projeto. políticas sociais.

A análise do quadro permite assegurar que está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) contida(s)
na(s) coluna(s):

A) I, apenas.
B) II, apenas.

C) III, apenas.

129
Unidade II

D) I e II, apenas.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das afirmativas

I) Afirmativa correta.

Justificativa: o plano é parte integrante do planejamento e constitui o espaço de delimitação das


ações. Como no plano devemos definir as linhas gerais de nossa atuação, podemos considerá-lo como
o nível amplo de abrangência do planejamento. O plano enfatiza as decisões a serem assumidas em
caráter geral.

II) Afirmativa correta.

Justificativa: o programa tem a finalidade de detalhar algum aspecto específico do plano, que não
é tão minucioso quanto o projeto. Pode ser entendido como um ponto de encontro de vários projetos e
apresenta apenas menções gerais a cada um deles.

III) Afirmativa correta.

Justificativa: é no projeto que temos a definição detalhada e específica das ações propostas. Nele
devemos indicar os mecanismos que serão usados para a realização das ações, bem como as técnicas
adotadas para a intervenção. O projeto precisa exemplificar o detalhamento, o passo a passo das
ações propostas.

130
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 5

BAPTISTA, M. V. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras, 2007. p. 16.

Figura 6

BAPTISTA, M. V. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras, 2007. p. 49.

Figura 9

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CapacitaSuas. Planos de Assistência


Social: diretrizes para elaboração. Brasília: SNAS/IEE-PUCSP, 2008. v. 2. p. 65.

Figura 10

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 14.

Figura 11

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 16.

Figura 12

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 17.

Figura 13

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 18.

Figura 14

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 19.

Figura 15

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 20.
131
Figura 16

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 32.

Figura 17

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 34.

Figura 18

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 36.

Figura 19

BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 46.

Figura 20

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Figura 21

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http://www.unifesp.br/index.php?pag=ead.php

138
Exercícios

Unidade I – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Exame


Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2010: Serviço Social. Questão 22, p. 12. Disponível
em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2010/servico_social_2010.pdf.
Acesso em: 31 out. 2013.

Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Exame


Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2007: Serviço Social. Questão 19, p. 10. Disponível
em: http://download.inep.gov.br/download/enade/2007/provas_gabaritos/prova.SS.pdf. Acesso em: 31
out. 2013.

139
140
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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