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Unidade II
5 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA AVALIAÇÃO COM O MONITORAMENTO E
O PLANEJAMENTO SOCIAL
A avaliação será tratada como elemento essencial no processo de gestão. Serão, no primeiro
momento, abordados os conceitos e as finalidades da avaliação propriamente dita, e, depois, os da
avaliação no planejamento. Também vamos tratar de exemplos de instrumentos, da apresentação
de resultados e da análise de um especialista em gestão sobre a importância do monitoramento. No
segundo momento, vamos abordar a integração entre monitoramento e avaliação, como estratégia
para um bom resultado.
Avaliar é o ato de calcular, de formar um juízo crítico de valor sobre determinada condição, a qual
pode ser melhorada por meio de uma gestão pública eficiente. Estamos usando esse entendimento para
iniciarmos a discussão sobre a avaliação de planos, programas e projetos.
Utilizando a ideia de Magalhães (2006), vamos trazer o exemplo de uma avaliação informal:
Os três exemplos foram expostos para mostrar que nosso ato tem sempre um cunho avaliativo. No
primeiro, a avaliação do concerto baseou-se em um saber, mesmo que o objetivo de assisti-lo fosse
apenas entretenimento; nos dois últimos, os avaliadores foram levados pelo senso comum, pela sensação
do “gosto, não gosto” ou do “vi e não gostei” (o que, neste último caso, leva à suposição de um perfil de
fundamentação crítica).
Outra questão apresentada pelos expectadores é a sua sociabilidade com a música, bem como o seu
grau de criticismo, seu interesse e sua formação, demonstrando suas escolhas e seu juízo de valor.
63
Unidade II
Diferentemente do caso anterior, na avaliação formal o senso comum não pode estar presente em nenhum
momento. Para tanto, na modalidade formal, pressupõe objetivos e direcionamento teórico‑metodológico
escolhido e definido já no planejamento.
As escolhas teórico-metodológicas dos profissionais estão relacionadas aos valores e à visão de cada
um. Para Magalhães (2006), uma avaliação formal traz consigo o estabelecimento de critérios. Estes
servem de ponto de referência à leitura que o profissional faz do objeto.
Nesse sentido, podemos afirmar que a avaliação formal depende da capacitação do profissional e/ou
da equipe envolvida no processo de planejamento, execução, monitoramento e avaliação da gestão.
O avaliador deve estar disposto a colher as informações sem julgamento prévio. Para Magalhães
(2006), o compromisso está na capacidade técnica, instrumental e ética dos profissionais.
Lembrete
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
• Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de
inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e
condição física.
Observação
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Unidade II
No entendimento da autora:
De acordo com as análises de Baptista (2007), podemos afirmar que o planejamento é a etapa
de maior questionamento e ocorre a partir de critérios determinados e de variáveis, condições que
permitem detectar erros e bloqueios que podem dificultar os resultados.
Principais problemas que podem ser encontrados no planejamento de questões da área social:
• preocupação com resultados imediatos, que na área social, muitas vezes, são mais significativos
que as respostas de longo prazo, e menos tangíveis.
Devemos levar em conta, no processo de avaliação, que as mudanças nas condições trabalhadas se
alteram pela ação dos instrumentos mobilizados na sua realização pelas forças internas (organizações)
e na conjuntura histórica em que a realidade é inserida. Para Baptista (2007):
Descrição do projeto
(resultados, procedimentos Parâmetros (metas)
e registro)
Sugestões de realinhamento
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Unidade II
• descrição;
• sugestões de aperfeiçoamento.
Para Baptista (2007), os critérios mais usados em avaliação são aqueles relacionados à eficiência,
à eficácia e à efetividade da ação. Acredita a autora que um planejamento comprometido tenha de
desenvolver formas de ação com esses propósitos.
Eficiência
Eficácia
Efetividade
A avaliação da eficiência tem como objetivo obter maior resultado com menores custo e esforço.
“Deve ser necessariamente crítica, estabelecendo juízo de valor sobre o desempenho e os resultados que
o mesmo propicia” (BAPTISTA, 2007, p.117).
Sabe-se que são critérios da eficiência aqueles relacionados com o rendimento administrativo e técnico
de uma ação. Nesse processo incluem-se a otimização dos recursos e os resultados de maior qualidade.
68
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
A avaliação da eficácia está relacionada aos objetivos (gerais e específicos), estabelecendo o grau de
alcance desses objetivos e, quando houver fracasso, compreendendo suas razões.
São avaliados os efeitos diretos e indiretos da ação, incluindo aqueles que não foram previstos,
mas que a ação levou a resultados contrários. Exemplo: a gestão municipal da assistência social lança
um projeto de qualificação profissional para produtores de doces artesanais que atinge número de
qualificados significativo.
A segunda etapa é a inclusão, no mundo do trabalho, desses egressos; porém, com o passar do tempo,
foi verificado que esses qualificados passaram a concorrer, no mercado de trabalho de produtores de
doces artesanais, com os já existentes, mas, diante de uma demanda de produtores maior que a oferta
dos consumidores, alguns produtores, principalmente os mais velhos, perderam sua clientela.
Como resultado, houve o desemprego de um número significativo dos produtores de doces, uma vez
que foi verificado que a demanda de consumidores permaneceu a mesma, enquanto a de produtores
dobrou, e, assim, 50% dos velhos e novos produtores ficaram sem clientes, situação que levou ao
desemprego dos velhos e a não inclusão, no mundo do trabalho, de egressos do curso.
A conclusão é que faltou, nesse projeto, um levantamento do mercado consumidor, etapa feita no
planejamento, e, com o resultado de sua eficácia, é possível afirmar que seus objetos foram contrários
aos esperados.
A avaliação da efetividade diz respeito aos impactos do planejamento sobre uma dada realidade, ou
seja, sobre o objeto. “Nessa perspectiva, o ponto de vista da avaliação é o da totalidade e a questão é
vista como uma totalidade parcial integrada em totalidades mais amplas” (BAPTISTA, 2007, p. 120).
Elaboração
(órgão gestor)
Aprovação
(Conselho
Municipal)
PMAS
,
Figura 8 – Definição da elaboração do PMAS
70
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
O Plano de Assistência Social deve ser elaborado pelo gestor nas três esferas de governo, devendo
ser construído para uma gestão e ser submetido à aprovação do conselho.
Para superar a prática conservadora assistencialista e clientelista que marca o início da assistência
social, o Plano da Assistência Social é compreendido pelo SUAS como:
De acordo com o Suas, o plano é mais que uma ferramenta técnica: é essencialmente político, pois
processa conhecimento da realidade social e mobiliza forças políticas. Assim, quanto mais democrática
e participativa for a construção do plano, mais apoio e consenso terá para a sua execução.
Essas informações têm como objetivo chamar a atenção do leitor para a importância dessa ferramenta
no processo de gestão da política social. A partir de agora, vamos adentrar a avaliação do PMAS.
O plano de assistência social requer avaliação e reajustes constantes, seja em face de novos
acontecimentos ou situações, seja para correção dos objetivos e de estratégias anteriormente definidas
ou realizadas ao longo de sua implementação.
A avaliação do plano pode obedecer a critérios e perspectivas diferentes; isso dependerá de quem a realiza,
de quais são as intenções na avaliação e do contexto da realidade. Esses são alguns dos condicionantes.
A avaliação é instrumento estratégico para a execução do plano, pois torna possível identificar seus
ganhos e perdas, além de sustentar agentes sociais de informação que contribuam para o seu ajuste,
aperfeiçoamento e o exercício do controle social.
A configuração do Suas exige, para garantia do direito, atuação permanente e contínua. Com esse
formato, a avaliação é fundamental para o alcance de ações autônomas com a participação dos
seus usuários.
71
Unidade II
Lembrete
Na avaliação do plano, é importante buscar mais que resultados quantitativos, pois esta deve ser
vista como um processo que traz resultados que vão além da análise do alcance dos objetivos e das
metas. Deve-se analisar se houve mudanças no comportamento da população, se ocorreu contribuição
para a intersetorialidade etc.
72
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Saiba mais
Para saber mais, não deixe de consultar:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
CapacitaSuas. Planos de Assistência Social: diretrizes para elaboração.
Brasília: SNAS/IEE-PUCSP, 2008. v. 3. Disponível em: https://www.mds.
gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/SUAS_Vol3_
planos.pdf. Acesso em: 21 jun. 2020.
O relatório é um dos instrumentos mais utilizados para a apresentação dos resultados de uma
avaliação, que pode ser de um projeto, de um programa, de um plano e até mesmo de indicadores de
desenvolvimento humano.
6.1 Instrumento
Vamos apresentar o Relatório Anual de Gestão, que se destina a registrar e sintetizar as informações
sobre os resultados alcançados na política de assistência social, bem como a probidade de seus gestores
em nível nacional, estadual, municipal e no Distrito Federal.
Como demonstra o modelo de instrumento exposto a seguir (Gestão 2011), os aspectos avaliados são:
• identificação;
• precisão orçamentária da assistência social para o ano;
• gestão dos recursos financeiros do cofinanciamento estadual;
• quantidade de trabalhadores alocados no Órgão da Assistência Social no Cras e no Creas;
• rede socioassistencial, de acordo com as proteções sociais;
• detalhamento das ações realizadas.
Como pode ser verificado no modelo de instrumento utilizado para o registro dos dados a
serem avaliados, o que buscamos apresentar foi o cumprimento das realizações e dos resultados,
em virtude das metas priorizadas e estabelecidas no Plano de Ação Anual, bem como a aplicação
73
Unidade II
dos recursos em nível nacional, estadual e municipal, no exercício daquele ano. Esse relatório será
elaborado pelo gestor e submetido ao conselho seguindo padrões e determinações da Política
Nacional da Assistência Social.
Para mostrar resultados, apresentamos duas avaliações: a primeira traz um relatório da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o qual aponta que obras consideradas prioritárias para a garantia
de fornecimento de energia nas cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, estão
atrasadas. O segundo exemplo apresenta partes do relatório que trata da demonstração dos resultados
da evolução do financiamento da assistência social.
Ambos são considerados exemplos de resultados, o que implica a demonstração em partes, sem
compromisso, da apresentação.
O Ministério de Minas e Energia divulgou nesta terça-feira (22) nota em que nega risco
de faltar energia nas cidades do país que vão sediar os jogos da Copa de 2014. “As reuniões de
acompanhamento, coordenadas pelo MME, permitem afirmar, com absoluta segurança, que
não há risco de desabastecimento durante a Copa”, diz a nota.
Reportagem publicada nesta terça pelo jornal Folha de S. Paulo, com base no relatório,
diz que “o fornecimento de luz para a Copa do Mundo de 2014 está ameaçado em boa parte
das cidades-sede, diferentemente do que vem sustentando o governo”.
Obras complementares
O diretor-geral da Aneel, Nelson Hübner, disse que a maior parte das obras do setor de
energia voltadas para a Copa é destinada apenas ao reforço das instalações. Segundo ele,
74
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
o Brasil já teria, hoje, condições de sediar o mundial, com a sua demanda por energia, com
baixíssimos riscos de falha no fornecimento.
Hübner afirmou que obras desse tipo, na área de distribuição de energia, são realizadas
rapidamente e os atrasos constatados pelo relatório podem ser revertidos em poucos meses.
Ele voltou a negar risco de falha no fornecimento de energia nas cidades-sede.
De acordo com ele, um novo relatório da fiscalização da agência com informações atualizadas
sobre o andamento das obras voltadas para a Copa deve sair em cerca de três semanas.
Para melhor compreensão, vamos apresentar partes desse relatório para clarear o entendimento
sobre a construção dessa avaliação.
Social na União, indicando o nível de crescimento desses recursos no período analisado, além de
uma análise de sua evolução frente ao gasto social federal.
Por fim, são apresentados gráficos que ilustram a participação dos entes federados no
financiamento da política de Assistência Social, identificando o grau de participação da
União, dos estados, [do] Distrito Federal e dos Municípios, bem como procedendo à análise
da totalidade dos recursos destinados à Função 08 (Assistência Social) frente ao Produto
Interno Bruto (PIB). Nos anexos são expostas as tabelas com o detalhamento dos dados que
subsidiaram o Caderno SUAS.
Fonte: Brasil (2011, p. 11).
O presente relatório tem como objetivo consolidar os dados para o mapeamento e [o]
monitoramento do financiamento da Assistência Social no Brasil no período de 2002 a
2012, em atendimento ao inciso VI do artigo 11 da Portaria MDS nº 329, de 11 de outubro
de 2006, que institui e regulamenta a Política de Monitoramento e Avaliação do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Em relação ao exercício corrente, a dotação autorizada, isto é, dotação inicial (Lei nº 12.381,
de 9 de fevereiro de 2011) acrescida de créditos adicionais, refere-se à data de 30/06/2011.
Os valores de 2012 correspondem ao Projeto de Lei Orçamentária Anual – PLOA 2012,
encaminhada ao Congresso Nacional no final do mês de agosto (PL nº 28/2011-CN), e os
dados relativos aos recursos de 2012-2015 constam da Proposta de Plano Plurianual (PPA),
Projeto de Lei nº 29/2011-CN.
76
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Quanto à evolução financeira dos recursos da União com a Assistência Social, são apresentadas
duas análises de dados: a primeira considera as despesas gerais, o que inclui serviços, programas,
projetos e benefícios da Assistência Social, e a segunda considera apenas os serviços e projetos,
subtraindo os benefícios destinados às seguintes ações de transferência de renda: Renda Mensal
Vitalícia (RMV), Benefício de Prestação Continuada (BPC), Programa Bolsa Família (PBF), bolsa do
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e bolsa do Agente Jovem (AJ).
Para os estados e o Distrito Federal, o relatório utilizado foi o da Execução Orçamentária dos
Estados, do SISTN. Já no caso dos municípios, as informações são provenientes do banco de dados
Finanças do Brasil (Finbra – Dados Contábeis dos Municípios), atualizados até o mês de agosto de
2013, com dados de 2012. Embora tais demonstrativos sejam declarados pelos entes da Federação
com a ratificação dos prefeitos e governadores, é comum apresentarem erros de preenchimento
ou de classificação, e até mesmo ausência de registro de informações.
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Unidade II
Cabe ressaltar, também, que os dados do Finbra não incluem a totalidade dos municípios
do país, sendo os seguintes quantitativos de municípios que tiveram suas informações
contábeis validadas pela STN: 4.825 municípios em 2002, 4.769 em 2003, 3.429 em 2004,
4.355 em 2005, 4.807 em 2006, 5.295 em 2007, 5.050 em 2008, 5.247 em 2009, 5.048 em
2010 e 4.814 em 2011. Quanto a 2012, foram disponibilizados pela STN dados sistematizados de
4.581 municípios até o mês de agosto de 2013 ou seja, 82,2% dos 5.570 municípios brasileiros.
Por fim, considera-se cofinanciamento o valor executado, conforme declarado pelo ente,
subtraído do valor repassado pela União, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (FNAS e outras despesas classificadas como Função 08). É possível
que existam gastos com Assistência Social classificados de forma indevida pelos entes em
outras funções, em virtude de dispositivos constitucionais e legais que exijam percentuais
mínimos de gastos nessas áreas. Além disso, como ainda não é possível identificar nos sistemas
informatizados federais ora existentes os recursos transferidos dos estados aos municípios,
eventualmente pode existir dupla contagem dos gastos declarados por estes entes.
Fonte: Brasil (2013, p. 11-33).
Nesse relatório as análises foram apresentadas, em sua maior parte, por meio de gráficos. Geralmente,
o uso de gráfico é adotado para fazer comparações e avaliações – nesse caso, para apresentar uma
análise da evolução do financiamento da assistência social durante um período de onze anos.
48,2
50
44,1
39,8 45,6
R$ bilhões
40 35,9 39,1
32,5
29,7 33,3
30
22,4 28,8
20,8 24,7
20 21,6
13,6
11,5 15,8
13,9
10
8,4
6,5
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013
Figura 10 – Evolução dos recursos da união na assistência social (Função 8), 2002-2013
78
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
9,0
8,2
8,0 Assistência Social - valores nominais
Assistência Social - valores corrigidos pelo IPCA-IBGE até 30.12.12
7,0
R$ bilhões
6,0 5,8
5,0
4,0
3,8
4,0
3,3 3,3 3,8
3,1 3,0
3,0 2,6 3,4
2,5
2,1 2,6 2,8
2,0 1,7 2,3
2,2
1,8
1,6 1,4
1,0
0,9
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013
8,20% 8,54%
8% 7,49% 7,75% 7,78%
7,09%
5,99% 5,97%
6%
4,13%
4% 3,71%
3,07%
2,71% 2,88%
2,59%
2,09% 2,29% 2,35%
2% 1,53% 1,82%
1,43%
0,96% 0,96%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
% orçamento total % da seguridade social
Fonte: SIAFI
Elaboração: coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013
79
Unidade II
100%
14% 19% 10% 11% 10% 9% 9% 8% 9% 8% 10% 13%
90% 91% 91% 92% 91% 92%
90% 89% 90% 90% 87%
80% 86%
81%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013*
% transferência de renda % demais ações
Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
* LOA 2013 + Créditos Adicionais em 30/06/2013
Figura 13 – Evolução do percentual das despesas com transferências de renda e demais ações na
execução orçamentária e Assistência Social (Função 8), 2002-2013
450
Assistência Social
400
400 Previdência Social
Saúde 360
350
Trabalho 327
300 Demais funções Seguridade social
R$ Bilhões
291
259
250 234
213
200 189
166
150 145
123
100 72 80
50 58 62 57
50 36 41 40 39 46 36 43
25 27 33 29 33 31
7 8 12 8 9 13 14 11 8 16 13 11 22 17 12 25 20
11
23
12
2917 18 20 22
-
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
80
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
100% 4 4 4 3 3 4 4 4 4
7 6
5 5 5 6 6 7 7 7 7
90% 5 5
4 4 6 6 7 7 8 8 8 9 9
80%
70%
60%
50% 70 71 72 71 70 71 69 68 68 67 67
40%
30%
20%
10%
14 13 14 14 13 12 13 14 13 14 13
0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Saúde Previdência Social Assistência Social Trabalho Demais
Fonte: SIAFI
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Podemos verificar que os gráficos representados nessas figuras buscaram apresentar indicadores de
análise que nos levam a uma leitura do grau de evolução dos recursos nos dez anos demonstrados
no relatório.
A apresentação da figura a seguir tem como objetivo demonstrar a evolução do recurso do programa
de transferência de renda Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Veja o exemplo:
81
Unidade II
16.000
14.630
14.000
12.741
11.747
12.000 5.801
10.313
10.000 5.039
8.855
Em milhões
4.639
7.896
8.000 4.054
7.043
3.481
4.459
6.000 5.755 3.117
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Nordeste Sudeste Sul Norte Centro-Oeste
Fonte: Departamento de Benefícios de Assistência Social
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA/IBGE de 31 de dezembro de 2012
Figura 16 – Gráfico sobre evolução dos recursos executados por região, 2002-2012 (pessoa com deficiência)
14.000
12.805
12.000 11.448
10.915
4.457
8.312 4.251
Em milhões
6.345 3.222
6.000 2.838
4.099
4.926 3.660
2.473 3.477
3.117
4.000 3.772 1.935
2.649
2.814 1.472 1.263
2.338
2.209 2.010
1.072 1.125
1.103 968
2.000 1.201
1.547
730
829 1.225
854 632 1.108
910 984 1.074
382 759 849
729 496 661
277 388 512 1.098 1.229
211 275 669 764 920 1.041
217 436 569
0 198 249 330
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Nordeste Sudeste Sul Norte Centro-Oeste
Fonte: Departamento de Benefícios de Assistência Social
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Nota: Valores corrigidos pelo IPCA/IBGE de 31 de dezembro de 2012
Figura 17 – Gráfico sobre evolução dos recursos executados por região, 2002-2012 (pessoa idosa)
82
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Esse relatório também traz indicadores de avaliação do recurso de transferência de renda repassado
aos beneficiários do Bolsa Família, um programa que tem a finalidade de transferir renda às famílias
em condições de vulnerabilidade e risco social. É considerado um dos melhores exemplos do mundo de
combate à miserabilidade. A avaliação dos resultados desse programa tem levado o Brasil a patamares
de desenvolvimento mais elevados nos últimos anos.
No ano de 2012 foi investido o total de R$ 20,5 bilhões no atendimento a 13,9 milhões
de famílias, o que representou um aumento de 186,9% no volume de recursos aplicados e
de 111,5% no número de famílias atendidas em relação ao ano de 2004 [...].
83
Unidade II
22.000
20.530
20.000
18.000 17.616
16.000 15.169
10.692
14.140
14.000 13.103
9.143
Em milhões
12.000 11.547
7.302
10.552 7.456
10.000 9.066 6.987
6.103
8.000 7.156 5.511
4.799
4.709 4.150
6.000 3.755
3.979
3.083 3.291
4.000 2.541 2.734
2.413
2.246 1.772 2.045
1.599 1.613
2.000 806
1.026 1.217 1.448
1.440 1.343 1.540
616 951 941 989 1.090
669 897
617 690 900 936 1.085
0 293 498 494 553
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
70%
60%
50%
40% 77,9% 77,5% 78,0% 78,5% 79% 77,9%
75,5% 76,5% 77,6%
30%
20%
10%
0%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
União Estados e Distrito Federal Municípios
Fonte: SIAFI (União) e SISTN/STN (estados, Distrito Federal e municípios)
Elaboração: Coordenação Geral de Planejamento e Avaliação SPO/MDS
Figura 19 – Gráfico participação dos entes federados no financiamento da Assistência Social, 2004-2012
84
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Julgamos importante trazer o exemplo das Considerações Finais, muito usadas para apresentar um
posicionamento crítico do estudioso ou do especialista responsável pela avaliação. Esse é também o
espaço adequado para apresentação de sugestões e recomendações.
Nesse sentido, este trabalho vem cumprir com uma importante tarefa para esta
discussão: o monitoramento do volume de recursos apontados pelo Governo Federal,
estados, Distrito Federal e municípios na política de Assistência Social. Após análise
dos dados apresentados, pode-se afirmar que houve no período de 2002 a 2010 um
claro comprometimento com a agenda social e, em especial, a partir de 2005, com a
concretização de um sistema descentralizado, territorializado e cofinanciado, pautado
pela corresponsabilidade entre as esferas de governo na provisão da Assistência Social
como política pública.
Houve uma clara expansão dos recursos principalmente no nível federal, o que
representou incremento tanto em relação ao orçamento da Seguridade Social quanto
em relação ao orçamento total e ao Gasto Social Federal. Tal incremento dos recursos
relaciona‑se principalmente à ampliação da cobertura e do valor dos benefícios dos
programas de transferência de renda, em especial o BPC e o Programa Bolsa Família, benefícios
socioassistenciais que têm contribuído com a redução da extrema pobreza no país.
Saiba mais
Vamos apresentar uma reflexão de Ana Fonseca, gestora e pesquisadora da política social do
governo Lula:
86
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
A reflexão de Fonseca ([s.d.]) traz uma crítica importante na discussão da avaliação das políticas
sociais: a de que o Brasil não tem a cultura de avaliar os resultados das ações do Estado. Essa posição é
alvo de inquietações daqueles que buscam medir e conhecer o alcance da gestão e dos investimentos
públicos para o acesso aos direitos sociais e à cidadania.
Ainda sobre o interesse em conhecer os resultados alcançados com as políticas sociais, a análise
demonstra que está concentrado somente nos resultados, e não no processo de formulação. Considerando
que o resultado de uma política está intimamente ligado ao seu processo de formulação, temos a
preocupação de não sabermos cobrá-los daqueles que têm nas mãos a execução desse bem público.
No entendimento de Fonseca ([s.d.]), a avaliação é tratada nas obras sobre políticas públicas como
um elemento que deve subsidiar a avaliação. No sentido de demonstrar o entendimento que se tem
sobre o assunto, ela apresenta os principais recortes que se fazem.
87
Unidade II
Conforme a autora, a avaliação ex-ante é utilizada como elemento de diagnóstico que pode dar
origem a um programa ou projeto e até mesmo a propostas de campanhas partidárias.
No entendimento da autora, a avaliação em processos pode ser mais adequada e eficaz, uma vez que
avalia em tempo real a execução, os resultados e seus responsáveis. Mas, para uma boa execução, requer
alguns cuidados, como a incorporação dos resultados na implementação da política pública.
Neste sentido é importante que as pessoas e/ou instituições que a conduzam sejam
ao mesmo tempo independentes [...] do governo em função do distanciamento
necessário requerido, mas também profissionalmente respeitadas pelo governo
e parceiros responsáveis pela implementação da política, de modo a assegurar
que as conclusões da avaliação sejam incorporadas ao processo decisório afeto à
implementação do programa (FONSECA, [s.d.).
Observação
Veja a seguir a avaliação sobre o governo Lula e seus investimentos na política de assistência
social, especialmente no programa de transferência de renda Bolsa Família para combater a fome e
a extrema pobreza.
89
Unidade II
A autora chama a atenção para a importância dada pelo governo Lula ao programa de transferência
de renda Bolsa Família e o apresenta com otimismo em seu processo de iniciação, quando foi respeitada
a continuidade de benefícios já existentes, não deixando a população desprovida de seus direitos.
90
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
“O MDS atribui tanta importância ao tema que criou uma secretaria para dedicar-se especialmente
a ele – primeiro no âmbito do MDS e posteriormente no âmbito do conjunto do governo –, em parceria
com órgãos como o Ipea e o IBGE” (FONSECA, [s.d.]).
A autora enfatiza a criação da avaliação pelo MDS em parceria com órgãos como o IBGE e o Ipea, a
fim de contribuir para o processo de avaliação da política de assistência social.
Para a apresentação desses roteiros, utilizamos como base a obra de Baptista (2007). Com o intuito
de tornar mais adequado ao nosso propósito, utilizamos o termo avaliação no lugar de análise.
91
Unidade II
92
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Após a discussão sobre avaliação, a partir de agora temos como objetivo trazer uma análise sobre a
integração do monitoramento e da avaliação com o planejamento social.
93
Unidade II
Observação
Não se trata de mostrar a participação como único desafio no âmbito do
planejamento social, mas de tratar a questão como um desafio importante
a ser enfrentado pelo gestor social que, algumas vezes, neutraliza a
potencialidade dos movimentos de reconstrução de algumas ações e
políticas públicas.
No segundo momento, ao tratar dos benefícios gerados pelo monitoramento e pela avaliação no
processo de gestão, será possível vivenciar reflexões sobre a importância do papel da gestão social e seus
principais desafios.
Sabemos que a gestão social, como fruto pensado à luz do planejamento social, muito tem a contribuir
para a construção de novas realidades e, logo, de novas condições de vida em sociedade. Embora tenhamos
inúmeros projetos societários, para o Serviço Social, a vocação da gestão social deve sempre nos conduzir ao
rompimento de paradigmas e ainda à construção do protagonismo dos sujeitos sociais.
O monitoramento e a avaliação, nesse momento, devem ser visualizados como aliados da gestão
social, logo devem determinar novos horizontes à sociedade, sobretudo, no que se relaciona às
políticas públicas.
O assistente social inserido nas equipes de planejamento e gestão social deve posicionar-se de
forma que faça a leitura da realidade e, em consequência, ofereça subsídios capazes de fomentar novas
propostas e diretrizes em que se efetive o protagonismo do sujeito social.
Trata-se de entender a profissão imbuída do compromisso com a causa da classe que vive do trabalho,
ou, ainda, daqueles que estão destituídos do usufruto do direito.
94
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Esse processo se constrói a partir de ações cotidianas que operam mudanças significativas na vida
da sociedade, por meio da dedicação a projetos comprometidos com uma nova ordem societária. Muito
há para ser trabalhado, construído. Motivados pelas inspirações de Paulo Freire, conforme Oliveira (2011)
nos apresenta:
Como será possível apreender, muitos são os desafios a serem vencidos e muitos são os benefícios
frutos da vivência desse processo. Façamos, pois, como o grande educador, com “ousadia, perseverança,
postura problematizadora da realidade e inquietude frente ao real. Pensar, decidir e optar por uma ação
transformadora, eis a questão” (OLIVEIRA, 2011, p. 252).
Conforme poderá ver a seguir, a Lei 8.662/1993 requisita que os profissionais possam apropriar-se
de suas especificidades e dar materialidade às ações cotidianas da intervenção aos diversos espaços
sócio-ocupacionais.
95
Unidade II
Sabemos, pois, que muitas vezes não é fácil dar o efetivo encaminhamento às ações de forma breve
e imediata, mas isso se explica pela dificuldade que ainda temos, na categoria profissional inserida
numa sociedade de classes, de nos desvincularmos das formas conservadoras de definição do Serviço
Social como profissão. Ainda encontramos essa definição fortemente vinculada às ações caritativas e
filantrópicas, ou seja, “a assistente social como a mocinha boazinha que o governo paga para ter dó dos
pobres” (ESTEVÃO, 2006, p. 7).Ora, é preciso quebrar esse paradigma. É preciso que a sociedade entenda
o que efetivamente o assistente social tem como competência, e um bom caminho é evocá-lo como
profissional que se coloca na linha de frente, em defesa do direito do cidadão. O caminho para que esse
processo se estabeleça é a publicização, sobretudo, por meio de ações efetivas, do seu trabalho, de suas
atribuições e de sua competência.
Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, leia:
IAMAMOTO. M. V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e
formação profissional. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
96
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
A partir desse cenário, as ações de planejamento social se fazem cada vez mais essenciais, inclusive
para a materialização do direito do cidadão. Nessa linha, o controle social deve estar sempre presente
na sociedade e no panorama da ação profissional, pois, de forma direta, fomentará e oportunizará a
condição do cidadão em ter acesso às políticas públicas, bem como o seu usufruto.
Cabe aos gestores um olhar apurado em torno dos encaminhamentos que visem à participação do
cidadão, afinal, a figura do gestor deve ser entendida como um mecanismo de efetivação, garantia e
defesa do direito em sociedade. Ao gestor, como representante do público ou do terceiro setor, não
cabem atitudes arbitrárias e destituídas de liberdade e equidade, mas sim o papel de “ouvidor” e, nesse
sentido, de empreendedor das ações que possam trazer, de forma direta, melhor condição de vida em
sociedade. Não se trata de se deixar abater pelos limites, mas de empreender ações em nível de gestão
que possibilitem os elementos ora destacados.
São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários (CFESS, 1993):
97
Unidade II
Observação
O gestor deve estar atento, cotidianamente, aos movimentos da
realidade que são plenos de reivindicação. Assim, as ações de planejamento
social devem ocupar-se de fazer a leitura crítica da realidade e, logo, do
controle social.
O planejamento social deve ser entendido como um elemento que contribui para a efetivação do
controle social. É um movimento que fomenta a ação que constrói novos cenários e, por consequência,
o surgimento e a edificação de novos projetos societários.
Um exemplo interessante de como obter informações das mobilizações é acessar canais de TV,
sites e links que possam oportunizar conhecimento acerca de programas e projetos bem-sucedidos
em diversas comunidades. Uma dica é assistir aos programas de canais educativos e comunitários,
uma vez que estes têm, em sua filosofia constitutiva, previsões de oferta de programas educativos
e de conscientização. São programas destinados a propiciar informações, conteúdos e orientações
que devem se materializar no cotidiano do telespectador de forma que contribuam para sua
formação cidadã. Em muitas situações, tais programas são colocados como de responsabilidade
social, cumprindo, inclusive, regulamentações específicas dessa ordem.
Exemplo de Aplicação
Assista a alguns programas em canais educativos e comunitários e reflita sobre seu conteúdo,
estabelecendo relação com a profissão de assistente social.
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MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Saiba mais
Saiba mais
Ações que visem implementar a mobilização do cidadão paras as causas sociais podem melhorar
as condições de vida em sociedade. Sabemos dos desafios que se estabelecem nas ações cotidianas
e remontam à dificuldade de organização, contudo a apropriação de instrumentos nos mostra a
possibilidade de construir uma sociedade melhor, ampla de condições de vida dignas e em que o cidadão
é respeitado e tem garantido o seu direito.
99
Unidade II
No meio virtual há vários cursos oferecidos por instituições de formação que promovem conhecimentos
e capacitação para a apreensão de conteúdos que desenvolvem a consciência crítica do cidadão e,
assim, a aquisição de elementos que oportunizam o movimento da participação consciente e efetiva.
É preciso utilizar as ferramentas virtuais, como cursos de especialização, capacitação, aprimoramento
e aperfeiçoamento, em diversas áreas do conhecimento, que têm conteúdos pertinentes a vários
segmentos da vida social, referências para apropriação de elementos que permitirão a participação
consciente e oportuna nos diversos espaços de interlocução das políticas públicas.
Saiba mais
https://ead.ufsc.br/
http://www.unifesp.br/index.php?pag=ead.php
http://www5.usp.br/tag/ead/
http://www.unicamp.br/EA/
Conforme destacado anteriormente, muitos são os desafios a serem vencidos no que se refere
ao controle social, sobretudo, no que se refere diretamente às ações, mas cabe aos profissionais
comprometidos com a construção de uma sociedade melhor empreender esforços, técnicas e táticas
para que esta seja efetiva no cotidiano.
100
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Logo, o Serviço Social deve traçar caminhos no sentido de empreender ações que se coadunem com
o fomento à participação. Essa é também uma demanda específica da profissão, ou seja, empreender
mecanismos que oportunizem a participação popular, uma vez que esta fomentará o surgimento de
novas propostas e, assim, de ações renovadas.
Assim, como profissionais, temos uma formação que nos capacita para essa trajetória. Conforme
Abreu (2011) acrescenta:
101
Unidade II
Assim, vemos o quanto a profissão tem a contribuir nos processos de planejamento social. A categoria
profissional tem, na sua construção histórica, profundas relações com os sentidos de mobilização e
participação. Nessa medida, oportunizar condições e instrumentos para que o processo se efetive à luz
da vida concreta é um desafio.
Observação
Especificamente destacando o caso do Serviço Social e a realidade brasileira, Netto (2009), ao abordar
a questão dos projetos societários na atualidade, coloca de forma clara e objetiva um panorama que
implica diretamente uma proposta de sociedade cujos resultados ainda dependem de ações propositivas
e de muitos embates e lutas para a garantia do direito do cidadão no Brasil. Contudo, na medida em que
no Brasil tornam-se visíveis e sensíveis os resultados do projeto societário inspirado no neoliberalismo –
privatização do Estado, desnacionalização da economia, desemprego, desproteção social, concentração
exponencial da riqueza etc. –, nesta mesma medida, fica claro que o projeto ético-político do Serviço
Social tem futuro, porque aponta precisamente para o combate (ético, teórico, ideológico, político e prático
social) ao neoliberalismo, de modo que preserve e atualize os valores que, como projeto profissional, o
informam e o tornam solidário ao perfil de sociedade que interessa à maior parte da população.
102
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
À sociedade devem ser empreendidas ações que possibilitem o protagonismo dos sujeitos sociais, e,
nesse sentido, o Serviço Social tem importante papel. Ao tomar consciência de sua força, a sociedade
passa a se organizar de forma que empreenda, cada vez mais, ações que se constituam em monitoramento
e avaliação de ações políticas e programas públicos.
Organizada, a sociedade fortalece sua capacidade de controle das políticas públicas, inclusive definindo
suas demandas e prioridades e, assim, empreendendo ações que contribuam para a construção de novos
referenciais acerca das políticas púbicas a serem usufruídas pelo cidadão. Nessa medida, destaca-se o
acompanhamento das políticas públicas, desde a origem das proposituras, seus objetivos, público-alvo,
intercorrências, imprevistos até, e sobretudo, os frutos dos resultados.
Acessar as informações das políticas públicas e as ações decorrentes destas é o caminho que
poderá se consubstanciar em novas ordens societárias e, de forma direta, em uma sociedade melhor.
Propiciar mecanismos que frutifiquem em ações de vida melhor deve ser o objetivo central da gestão
pública. Esse percurso será, invariavelmente, o do desenvolvimento da cidadania e do gozo do
direito social do cidadão. O controle social como mecanismo de confirmação do direito do cidadão
é a construção de ambientes democráticos, de participação, de promoção e construção de locus de
expressão da cidadania e, logo, da democracia.
Com o lema “País rico é país sem pobreza”, o governo Dilma Rousseff está organizado em quatro
grandes fóruns temáticos que estruturam sua administração. São eles:
• desenvolvimento econômico;
• direitos e cidadania.
103
Unidade II
A partir do comando da presidente Dilma de que “um governo tem que falar para o conjunto da
sociedade. E falar para o conjunto da sociedade é necessariamente levar em conta toda a sua diferença, o
que a sociedade tem de diferente, de específico, de instigante”, expresso durante a reunião de instalação
do Fórum (BRASIL, 2011), este vem desenvolvendo suas atividades com foco em duas linhas de trabalho.
A primeira é voltada para a definição das ações que integrarão a Agenda Direitos e Cidadania, que está
estruturada em quatro eixos:
São diretrizes fundamentais do Fórum Direitos e Cidadania no desenvolvimento dos seus trabalhos:
• Participação social e democratização da gestão pública: neste eixo deverão ser incentivados a
realização de conferências nacionais, o apoio aos conselhos setoriais, a participação social na
elaboração e no monitoramento do PPA 2012-2015, bem como a criação de mecanismos de
fortalecimento e ampliação da transparência na gestão pública.
• Um Brasil de paz, sem violência: serão discutidas e apontadas soluções para o enfrentamento de
várias violências, a exemplo da violência contra os jovens negros, contra a mulher, da exploração
sexual e maus-tratos contra crianças e adolescentes, além da questão das drogas no Brasil.
• Desenvolvimento e cidadania: são propostas ações para a garantia dos direitos de cidadania nas
obras do PAC, em especial naquelas voltadas para a Copa e as Olimpíadas.
O direito e a cidadania são elementos que devem andar juntos. Conforme destacado pela Secretaria
Nacional de Direitos Humanos em sua agenda de prioridades e encaminhamentos, o país deve estar
atento às políticas que possibilitam o cidadão de fazer usufruto desses elementos. Sabemos, pois, que
isso não é tarefa fácil. Muitos são os desafios, os entraves e os embaraços desse processo, mas cabe ao
Estado oportunizar as condições de participação, usufruto e gozo do direito pelo cidadão.
Assim, é possível perceber que os espaços que efetivam o controle social devem ser usufruídos pelo
cidadão, mas, para que seja possível a participação efetiva, são necessários a apreensão e o conhecimento
de conteúdos pertinentes à ação, à política e sua execução, ao monitoramento e ao controle.
Na medida em que o controle social for efetivo por meio da participação de todos os protagonistas
do processo, a promoção de novas políticas públicas e sociais será uma consequência que assegurará
melhores condições de vida à população. Assim, zelar pelas ações de monitoramento e avaliação passa
a ser requisito imprescindível à construção de uma sociedade melhor.
Para que esse processo ocorra de forma que traga benefícios para a sociedade, é preciso entender
que as ações de monitoramento e avaliação não são (nem devem ser) entendidas como mecanismos
de patrulhamento de ações, de cerceamento de liberdade. Não raro, ainda nos deparamos com uma
grande confusão nesse cenário, ou seja, monitorar e avaliar são entendidos como elementos de controle
das liberdades em sociedade, e não como momentos privilegiados de construção de novas rotas, novos
caminhos e novas proposituras de políticas e ações que efetivam direitos.
Tal situação pode ser explicada pela história da sociedade brasileira, em que as ações de monitoramento
eram vistas como patrulhamento, e a avaliação, como momento de punição de culpados. Desse modo,
conforme anunciado anteriormente, os sentidos de participação e de política ainda se vinculam a
105
Unidade II
partidarismos e adesões particulares a projetos também particulares. Ora, a dimensão política está
sempre vinculada às nossas ações.
Netto (2009), ao tratar do Projeto Ético-Político do Assistente Social, traz uma descrição clara que
nos direciona ao entendimento da profissão na sua lida cotidiana. Assim, temos:
Não se trata de ver e viver a realidade à luz de paradigmas destituídos de liberdade, mas de explicitar
um convite ao cidadão para que possa participar e para que esses paradigmas frutifiquem resultados
práticos no dia a dia. Eis um dos grandes desafios e também uma dos sabores da profissão.
Para entender, os termos monitoramento e avaliação podem ser utilizados numa variedade
de cenários e situações, reivindicando, assim, uma adequada proporcionalidade, de acordo
com a situação. O monitoramento e a avaliação podem dar enfoque específico aos aspectos
estratégicos, numa dinâmica macro. Podem também enfocar os resultados obtidos por meio do
uso de determinados objetivos.
Como é possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação podem estar vinculadas a uma
gama de quesitos, dependendo da intencionalidade da proposição, e muito distantes de ações de
patrulhamento, ou, ainda, punição de sujeitos. Portanto, o profissional deve estar atento aos mecanismos,
conforme destacado anteriormente, para que o exercício de monitoramento e avaliação possa favorecer
um processo dinâmico e em diálogo com a realidade e com os aspectos advindos da vida real dos
sujeitos envolvidos.
106
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Conforme a autora aponta, há uma série de desafios a serem enfrentados nos processos de
planejamento que, invariavelmente, colocam novos desafios aos profissionais envolvidos, em especifico,
aos de Serviço Social.
Com efeito, cabe destacar que as ações de monitoramento e avaliação devem ser complementares,
ou seja, devem trazer em si importante interdependência. O monitoramento propicia a realização da
avaliação de forma que esta possa promover ações renovadas no âmbito da promoção de políticas
públicas que deem conta de responder às necessidades do cidadão. Nessa medida, o planejamento deve
constituir-se em processo dialético e facilitador de ações renovadas.
Assim, para melhor entendimento, a dialética pode ser definida como processo de contradições que,
a partir de teses e antíteses, faz frutificar o novo ou a ação renovada, conforme segue:
Do grego dia, expressando o sentido de dualidade, e lektikos, que oferece
significado à condição e aptidão de falar. Trata-se de evidenciar o ato da
discussão que promove a mudança de conceitos – um diálogo que implica
por si só a necessidade de pontos de vista diferentes, tensões inerentes aos
processos de debate em defesa do que se acredita (SOUZA, 1995, p. 90).
A dialética tem sua expressão no método do materialismo histórico, que empreende ações de movimento
dinâmico ocorrentes na natureza em geral, cuja coerência se traduz no condicionamento, na reciprocidade
107
Unidade II
dos fenômenos e, na mesma medida, em constante estado de mudança, tanto do ponto de vista quantitativo
como do qualitativo. Há um dinâmico processo de acumulação e de renovação, uma vez que o movimento
também é dinâmico e traz consigo processos contraditórios e geradores de novas opiniões.
No movimento dialético o fato é colocado como fenômeno que traz consigo um lado negativo
e, ao mesmo tempo, um lado positivo. A partir do embate que se estabelece entre os contrários, são
geradas novas formas de análise dos fatos e, por consequência, novas configurações do entendimento
da realidade.
Assim, é no movimento da contradição, do diálogo entre os diferentes, que a realidade sofre mutações,
que os homens passam a render homenagens aos desafios, apreender na convivência com o diferente e
a pluralidade de pensamentos e ações da vida cotidiana.
Esses, por assim dizer, podem traduzir os movimentos da realidade. É no diálogo das opiniões
contrárias que serão geradas novas opiniões, novos posicionamentos e novas proposituras. Esse processo
só será possível quando tivermos a presença das categorias monitoramento e avaliação colocadas de
forma que promovam o debate de ideias.
Saiba mais
Para você saber mais sobre a dialética inserida no momento
contemporâneo, destacamos o seguinte artigo:
SALATIEL, J. R. Marx – Teoria da Dialética: contribuição original à filosofia
de Hegel. UOL Educação, São Paulo, 27 out. 2008. Disponível em: https://
educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-
contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm. Acesso em: 21 jun. 2020.
108
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Em sua maior parte, a doutrina marxista é de “segunda mão”, ou seja, originária de interpretações
dadas por dirigentes soviéticos, como Lênin, Trotsky e Stálin, ou o chinês Mao Tsé-Tung. Poucos, na
verdade, se aventuraram a desbravar a obra de Marx, que trouxe contribuições originais para a Filosofia,
a Sociologia, a Economia Política e a História.
Abordaremos apenas a Teoria da Dialética, de Marx. Para tanto, leia o texto a seguir, de Salatiel (2008).
Método dialético
Para os filósofos gregos, dialética era a arte do diálogo. Para um dos filósofos mais
influentes na carreira de Marx, Hegel, dialética é uma forma de pensar a realidade em
constante mudança por meio de termos contrários que dão origem a um terceiro que os concilia.
• tese;
• antítese;
• síntese.
Tese é uma afirmação; antítese é uma afirmação contrária; e síntese, como o nome
indica, é o resultado entre as duas primeiras. A síntese supera a tese e a antítese, portanto é
algo de natureza diferente, ao mesmo tempo que conserva elementos das duas e conduz à
discussão, nesse estágio, a um grau mais elevado. Na sequência, dá origem a uma nova tese
que inicia novamente o ciclo.
Por exemplo, eu tenho uma ideia a respeito de algo. Esta é a minha tese: “Países com climas
quentes são melhores para se viver”. Meu interlocutor não concorda e contra‑argumenta:
109
Unidade II
“Não, são países com climas frios que são melhores para se viver”. Esta é a antítese. Depois de
alguma discussão, chegamos a uma conclusão, que é a síntese: “Países com climas amenos
são mais agradáveis para se morar”.
Pode parecer bobagem, mas é justamente assim que, em nosso cotidiano, usamos a
dialética, mesmo sem saber, toda vez que conciliamos ideias opostas em casa, no trabalho,
na comunidade, em assuntos diversos. É por isso que, nos jornais que lemos, costumamos
encontrar, no mínimo, dois pontos de vista divergentes sobre um determinado tema, para
que possamos fazer uma síntese do que cada um deles nos apresenta de melhor.
A originalidade de Hegel foi fazer dessa lógica dialética uma lógica do ser, isto é, que
rege o próprio modo de ser das coisas que, para ele, é um perpétuo “vir a ser”, um realizar‑se
contínuo. Assim também a própria história, em que o Estado moderno seria a síntese de
interesses do conflito entre família e sociedade civil, segundo Hegel.
Ditadura do proletariado
Para Marx, a dialética de Hegel estava de “cabeça para baixo”, e era preciso corrigi-la.
Isso porque Hegel era idealista, isto é, via a razão como determinante da realidade objetiva,
enquanto Marx era materialista e pensava justamente o contrário: que era o mundo material
que condicionava a ideia que fazíamos dele. Por isso, ele desenvolveu uma interpretação que
ficou conhecida como materialismo dialético.
O que Marx trouxe de original foi uma análise dialética das relações sociais e econômicas
(as bases materiais e concretas da sociedade), as quais formavam uma estrutura que
explicava fatos históricos e culturais. Diferentemente de Hegel, ele escrevia em meio à
Revolução Industrial, quando trabalhadores viviam em condições deploráveis nas grandes
cidades, o que estimulava o crescimento de movimentos socialistas e anarquistas em toda a
Europa. A sociedade capitalista, segundo Marx, funcionava com base no antagonismo entre
duas classes: a burguesia, que detinha os modos de produção (fábricas, empresas, terras,
comércio etc.) e o proletariado, trabalhadores que vendiam sua força de trabalho.
110
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Saiba mais
MARX, K. Marx. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os Pensadores, v. 35).
Lembrete
O monitoramento torna-se cada vez mais necessário, mas, por si só, não se configura como suficiente
para germinar as várias possibilidades aguardadas e que só se consubstanciam na presença de um
processo fidedigno de avaliação e envolvimento de seus sujeitos.
111
Unidade II
Podemos dizer com tranquilidade que o monitoramento faz o processo de avaliação ser facilitado.
Da mesma forma que temos como dever destacar que a avaliação deve buscar quantos elementos
existirem para dar luz aos resultados, numa relação direta, a avaliação também deve buscar em outros
fatores adicionais informações acerca do processo. Isso equivale a um procedimento que certamente
poderá levar a resultados fecundos e potencialmente passíveis de serem empreendidos por meio de
ações renovadas. A profissão tem sido requerida a dar respostas.
Como exemplo, podemos destacar os programas Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa
Família e outros que utilizam os dados dos cidadãos como indicadores de novas propostas de planos e
ações que retornem de forma imediata para a população usuária.
O Benefício de Prestação Continuada origina-se da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), nº 8.742,
de 7 de dezembro de 1993. Segundo o artigo 20 dessa lei.
A partir dos anos iniciais da década de 1990, e prolongando nos anos 2000,
décadas que materializam um novo ciclo da dinâmica capitalista, o debate
sobre a Assistência Social se ampliou para além da ruptura com o paradigma
do assistencialismo, do voluntarismo e da filantropia, afirmando-se como
uma temática afeta ao campo dos direitos. E mais: o que em certo período
histórico foi concebido como um campo de intervenção profissional ou do
trabalho do(a) assistente social, na atualidade é, senão a principal, uma das
mais destacadas temáticas de pesquisa da nossa área de conhecimento.
Nossa produção ultrapassou a produção de conhecimentos aplicados ao
planejamento e execução dessa política, transformando o tema numa
questão de políticas. E o Serviço Social o fez historicizando a existência da
Assistência Social e identificando suas particularidades no interior de uma
totalidade social, no âmbito dos mecanismos de produção e reprodução da
sociedade. Em resumo, para além da importância social e histórica de uma
Política de Assistência Social no Brasil, outras questões e dimensões a ela se
adensaram (MOTA, 2011, p. 66).
Vemos que a profissão empreendeu uma série de investimentos para angariar conhecimentos
e bagagem que possibilitam (e possibilitaram) não somente a proposição, mas a implementação, a
avaliação e contribuições para novos referenciais às políticas.
Não é difícil encontrar notícias de que determinado programa foi utilizado para atender a
determinados interesses. Encaminhar benefícios de forma particular equivale a destituir a ação do
princípio do bem comum, que deve ser norteador da gestão pública. Atender a um determinado
interesse em detrimento do interesse comum equivale a privar o cidadão dos seus direitos, que, em
muitos casos, relacionam-se de forma direta à dignidade, à vida etc.
Diante de tal situação, deflagra-se de forma clara a destituição do princípio da gestão pública.
Desviando-se desse direito, institui-se um processo de distanciamento dos objetivos da gestão
pública, logo, em prejuízo estão os resultados advindos do monitoramento e da avaliação.
Contudo, sabemos que muitos são os desafios, em especial os do assistente social, conforme o texto
a seguir.
Orientar o trabalho nos rumos aludidos requisita um perfil de profissional culto, crítico e
capaz de formular, recriar e avaliar propostas que apontem para a progressiva democratização das
relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso ético-político com os valores democráticos e
competência teórico-metodológica na teoria crítica, em sua lógica de explicação da vida social.
Esses elementos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam decifrar as situações particulares
com que se defronta o assistente social no seu trabalho, de modo a conectá-las aos processos
sociais macroscópicos que as geram e as modificam. Mas requisita, também, um profissional
versado no instrumental técnico-operativo, capaz de potencializar as ações nos níveis de
assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladora da participação dos
sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos
meios de exercê-los... Faz-se necessário, pois, elucidar o exercício profissional nas particulares
condições e relações de trabalho em que se inscreve, reconhecendo tanto suas características
enquanto trabalho concreto (e avançando na leitura das competências e atribuições privativas
do assistente social, tais como se forjam na atualidade) quanto sua dimensão de trabalho
humano abstrato, em seus vínculos com o processo de produção e/ou distribuição da riqueza
social. Isso remete ao enfrentamento dos dilemas do trabalho produtivo e/ou improdutivo, cuja
caracterização depende das relações estabelecidas com específicos sujeitos sociais, na órbita das
quais se realiza o trabalho do assistente social. O desdobramento necessário dessa proposta de
análise do trabalho do(a) assistente social é tratá-lo de forma indissociável dos dilemas vividos
pelo conjunto dos trabalhadores – e suas lutas – que sofrem perdas decisivas em suas conquistas
históricas nesse tempo de prevalência do capital que rende juros articulados ao grande capital
produtivo internacionalizado. Este é um dos desafios importantes da agenda profissional, o que
requer dar um salto de profundidade na incorporação da Teoria Social Crítica no universo da
profissão aliada à acurada pesquisa sobre as condições de trabalho e as respostas profissionais
acionadas para fazer frente às expressões da Questão Social nos diferenciados espaços
ocupacionais do(a) assistente social na sociedade brasileira.
Fonte: Iamamoto (2012, p. 37).
Nessa medida, os benefícios oriundos desses elementos para os processos de gestão demonstram-se
mais intensos. Cada vez mais, somos requisitados a compor comissões planificadoras e, assim, a elaborar
os processos de monitoramento e avaliação das políticas públicas.
Cabe destacar que o assistente social tem vivenciado, sobretudo a partir da década de 1980, papel
relevante na construção de políticas públicas e, por conseguinte, de seus planos, programas e projetos que
ganharam destaque no processo de empreita de estratégias utilizadas pelos governos, principalmente
no que se refere à melhoria e ao aprimoramento das etapas de monitoramento e avaliação.
Não raro, o assistente social é protagonista de ações de impacto para o enfrentamento da banalização
da pobreza e da miséria, do analfabetismo, do desemprego e do subemprego, do trabalho infantil e
escravo, e, nessa linha, dos frutos e expressões da Questão Social. Trata-se de empreender ações que
garantam a inclusão dos cidadãos, que possam capacitá-los ao exercício do protagonismo social. Os
desafios ainda são muitos, mas a profissão tem se colocado disponível à construção de ações que
deságuem no oceano da inclusão social pela via de uma nova ordem societária, por meio de seu projeto
profissional de inclusão, liberdade, autonomia e protagonismo.
Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor
central – a liberdade concebida historicamente como possibilidade de escolha entre alternativas
concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos
indivíduos sociais. Consequentemente, este projeto profissional se vincula a um projeto societário
que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia
e gênero. A partir destas opções que o fundamentam, tal projeto afirma a defesa intransigente
dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o
pluralismo, tanto na sociedade como no exercício profissional... Em especial, o projeto prioriza uma
nova relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu componente
elementar o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, aí incluída a
publicidade dos recursos institucionais, instrumento indispensável para a sua democratização
e universalização e, sobretudo, para abrir as decisões institucionais à participação dos usuários.
Enfim, o projeto assinala claramente que o desempenho ético-político dos assistentes sociais
só se potencializará se o corpo profissional articular-se com os segmentos de outras categorias
profissionais que compartilham de propostas similares e, notadamente, com os movimentos que
se solidarizam com a luta geral dos trabalhadores.
Fonte: Netto (2009, p. 15).
114
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Assim, podemos assistir ao Serviço Social figurando como uma das profissões que, comprometidas
com a causa dos trabalhadores, dos sujeitos em situação de risco e vulnerabilidade social, colocam-se à
frente como profissão cuja formação direciona a esse norte, aliada das causas sociais.
[...]
No texto a seguir, Koike (1999) lista os elementos que constituem esse processo.
da entidade pode ser resultante da decisão dos primeiros cursos em criar, em 1946, a
Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (Abess), posteriormente denominada
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss), com objetivos
sempre voltados ao aperfeiçoamento da formação dos assistentes sociais. Isso define
o ato fundador da entidade e legitima sua atuação perante as unidades de ensino e o
conjunto da categoria profissional, bem como sua interlocução com entidades congêneres
existentes na sociedade.
116
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Lembrete
O Serviço Social oportuniza reflexões e apreensões de conteúdos para
capacitar a ação profissional rumo à leitura crítica da realidade.
O profissional deve, assim, ofertar subsídios para os processos de retroalimentação das políticas
públicas e, nessa diretriz, ser um importante aliado da gestão social.
Nesse sentido, o assistente social tem sido requisitado a oferecer indicadores e conteúdos frutos
dos processos de monitoramento e avaliação, os quais devem garantir a dinâmica e adequada
operacionalização das ações públicas, e ainda subsídios para a compreensão da realidade cotidiana
dos sujeitos sociais usufrutuários das políticas públicas. Deve também participar na implementação e
no monitoramento, de forma que apreenda essa realidade, bem como nos processos de avaliação, com
vistas à apreensão acerca do cumprimento das metas previstas na origem das ações.
Cabe lembrar que em sua estratégia social o governo federal atual enfatiza
o aprimoramento da gerência e avaliação do impacto e desempenho
dos programas sociais quando procura garantir a esses programas apoio
para gerenciamento dinâmico e adequado, monitoramento regular
da implementação e avaliação periódica do cumprimento das metas
preestabelecidas. Ressalta-se, porém, que a exigência por avaliação
permanente da utilização de recursos públicos e sua tradução em ações
e consequências sobre a melhoria das condições das pessoas e do espaço
urbano são imperativas, sinais de transparência da ação pública (MENDONÇA;
KAUCHAKJE; GARCIAS, 2012, p. 5).
Saiba mais
CFESS. Código de ética do assistente social – Lei 8.662/93. 10. ed. Brasília:
CFESS, 1993. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-
SITE.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.
Podemos considerar que o assistente social tem muito a contribuir para o entendimento da realidade
social, e isso se processa uma vez que a profissão tem importante inserção nos espaços sócio-ocupacionais,
bem como nos segmentos da comunidade. Esses segmentos ora se colocam como operacionalizadores
das ações e políticas públicas, ora figuram como agentes de reivindicação ou porta-vozes do cidadão
tensionado para que o seu direito seja respeitado e confirmado por meio de ações cotidianas. Esse
tensionamento deve estar direcionado à proposição e à implementação de planos, programas e projetos
que vivifiquem a condição de pertencimento do cidadão.
118
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
passam a garantir à população usuária dos serviços sociais condições de inclusão ou a minimização
da exclusão social.
Outro benefício a ser destacado é a possibilidade de construção de novos referenciais, pois à medida
que os programas e projetos são colocados à prova, um novo cenário se descortina e, de forma direta,
passa a motivar e inspirar espaços e realidades que clamam pelo novo.
No âmbito da gestão pública, ao empreender ações que têm como norte oportunizar o sentido de
pertencimento da população, surgem possibilidades de enfrentamento das expressões da Questão
Social. Eis aqui um benefício importantíssimo que destaca de forma relevante a importância do
monitoramento e da avaliação das ações e políticas públicas. Assim, ao oportunizar novos olhares
acerca da realidade, a gestão social ganha espaço privilegiado como protagonista na oferta de
benefícios que à luz da realidade cotidiana se expressa por melhores condições de vida e atende
aos anseios da população.
Corrobora Kauchakje (2012) quando nos lembra de que a gestão pública possui sua história ancorada
no princípio de atender às demandas da população e pode advir tanto do setor público quanto da
iniciativa da sociedade civil:
Ações sociais
públicas
Assim, a gestão pública, segundo a autora, deve percorrer seu caminho objetivando o atendimento
das demandas. Nesse sentido, Kauchakje (2012, p. 23) considera que a gestão social deve levar em
conta que “Necessidades são próprias da condição humana, ou seja, os homens necessitam de alimento,
abrigo, reprodução e saúde, além de autonomia e liberdade”.
119
Unidade II
Demandas são produtos das relações sociais e estão ligadas às carências. Por exemplo, todas as
pessoas têm necessidade, regularmente, de alimento de qualidade, no entanto algumas são carentes
de alimentos, e isso decorre das estruturas econômicas e das políticas nacionais e internacionais que
causam graves desigualdades no tocante à distribuição da riqueza produzida socialmente, bem como ao
acesso a esta e aos recursos sociais, culturais e naturais.
Nessa medida, podemos dizer que a gestão social, ao assumir seu papel de mediadora entre o
Estado e o sujeito de direito, faz cumprir sua função social, logo traz benefícios diretos à sociedade.
Cabe acrescentar que esses benefícios são oriundos de processos de monitoramento e avaliação
comprometidos com o bem comum.
É um processo que permite reflexões que levam ao entendimento não somente dos aspectos do
ponto de vista descritivo, mas, sobretudo, das consequências oriundas da ação propositiva. Isso é de
extrema relevância e se configura como um benefício direto aos envolvidos. Trata-se de um momento
privilegiado em que é possível confirmar a presença da efetividade como categoria que direciona um
todo permeado de tensões, contradições e, sem dúvida, potencialidades. A presença do monitoramento
e da avaliação torna possível perceber como a ação se processou e, assim, dota a realidade social de
informações e conteúdos que traduzem os ganhos que esta conquistou. Essa conquista é de todos, ou
seja, a realidade deve ser entendida como um todo articulado. As reflexões advindas da vida concreta,
bem como os saltos qualitativos experienciados pelos sujeitos sociais são o que traduz o objetivo da
profissão como projeto ético-político.
Ações sociais comprometidas com a alteração da realidade social que tem um rebatimento
direto na vida do cidadão qualificam a sociedade e são condutoras de promoção social, prevenção
de situações de risco e vulnerabilidade social e, assim, oportunizam o enfrentamento das expressões
da Questão Social.
A Política Nacional da Assistência Social converte ações que são empreendidas para reduzir o risco
e a vulnerabilidade social por meio de serviços advindos de programas e projetos. As ações sociais
empreendidas pela PNAS têm como meta o atendimento de demandas que visem à prevenção, à
promoção e à proteção dos sujeitos. Destaca-se ainda a presença constante da preocupação em ofertar
atendimento aos aspectos emergenciais da vida do sujeito, seja por meio de ações de oferecimento
de recursos, seja por meio do empreendimento de mecanismos que garantam liberdade, autonomia e
pertencimento ao cidadão.
121
Unidade II
Assim, por vários mecanismos, as ações sociais podem ocorrer tanto com origem nas ações do
espaço público quanto no âmbito da sociedade civil organizada.
Dois programas importantes são o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o Bolsa
Família, descritos a seguir.
[...]
• reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por
meio do cumprimentos das condicionalidades, o que contribui para que as famílias
consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações;
Saiba mais
Conheça mais sobre esses programas em:
Ao se comprometer com a realidade social e os sujeitos que a ela pertencem, a gestão social
qualifica‑se empreendendo modificações que se consubstanciam em ações renovadas.
Nesse sentido, a socialização dos resultados e dos processos de avaliação retroalimenta e inspira
novos olhares para a realidade, fazendo, assim, cumprir um dos objetivos da gestão social.
Cabe destacar a importância do cuidado na leitura dos resultados, ou seja, os dados devem ser
efetivamente avaliados à luz de sua realidade, distante de interesses individuais e particulares que,
dotados de intenções de vaidade, nem sempre permitem que o real apareça.
Não raro, munidos de nosso compromisso profissional, será necessário tensionar espaços, para que
o real seja publicizado com base na verdade e na ética. Para isso, é de fundamental importância a
necessária apropriação do real por parte dos sujeitos.
Como foi possível perceber, as ações de monitoramento e avaliação são essenciais ao trabalho
cotidiano do assistente social, no âmbito privado ou protagonizando a efetivação das políticas públicas
e sociais. Trata-se de um desafio contínuo que se estabelece no cotidiano profissional, nos diversos
espaços sócio-ocupacionais. Tal desafio constitui-se em objeto de enfrentamento pelo assistente social,
conforme destacado anteriormente, e reside na dificuldade de efetivar a participação, elemento gerador
da (e na) construção de estratégias de intervenção e, portanto, de transformação.
123
Unidade II
Conforme vimos, participar não é somente estar presente em determinado espaço físico ou marcar
presença em determinada situação, mas equivale a inferir opiniões, bem como trazer informações
relevantes acerca de processos, ações, políticas, entre outros. Não é “qualquer” participação que equivale
a mudanças ou transformações sociais, mas aquela que transcende e rompe paradigmas e se traduz na
salvaguarda do direito social.
Podemos dizer que para o processo de consciência se estabelecer são necessárias aproximações
contínuas das regulamentações que norteiam as políticas. O processo pode ser definido como político.
Não se trata de destacar questões de ordem político-partidária ou que se remetam somente às ações
dos partidos políticos, mas de articular várias modalidades de aproximações que se consubstanciam em
conhecimento. Este, por sua vez, é elemento essencial às ações de controle social e de monitoramento
e avaliação das políticas públicas.
O dramaturgo alemão Berthold Brecht define, em sua obra O Analfabeto Político, o perfil do cidadão
desprovido de conhecimento e consciência para com a realidade. Leia:
O analfabeto político
O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa
dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato, do remédio
depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil
que da sua ignorância política
nascem a prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e
multinacionais.
Fonte: Brecht (2001)
124
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Assim, a participação que fomenta o debate público deve trazer à luz novas condições de vida,
sobretudo àqueles que vivem desprovidos do usufruto da cidadania plena. O profissional de Serviço Social
tem nesse cenário um de seus grandes desafios: implementar formas de participação que corroborem
a construção de espaços de debate, e que destes frutifiquem ações que possam colaborar com as ações
de controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas que, numa razão direta, possam dar
novos significados à vida em sociedade.
Aqui reside uma grande e efetiva contribuição do Serviço Social. Já anunciamos o importante papel
da profissão e sua inserção nos diversos espaços sócio-ocupacionais e no cenário da vida cotidiana
dos usufrutuários das políticas públicas. Nesse sentido, ainda temos a profissão comprometida com a
construção de projetos societários que visem ao extermínio da exclusão. No entanto, ainda são muitos
os desafios, seja no âmbito endógeno da profissão, seja no âmbito da realidade social em que estamos
inseridos. Nas palavras de Netto (2009):
Esta constatação, no entanto, não significa afirmar que tal projeto esteja
consumado ou que seja o único existente no corpo profissional. Por uma
parte, ainda não se desenvolveram suficientemente as suas possibilidades –
por exemplo, no domínio dos indicativos para a orientação de modalidades
de práticas profissionais; neste terreno, ainda há muito por fazer-se. Por
outra parte, a ruptura com o quase monopólio do conservadorismo no
Serviço Social não suprimiu tendências conservadoras ou neoconservadoras
– e, como se viu acima, a heterogeneidade própria dos corpos profissionais
propicia, em condições de democracia política, a existência e a concorrência
entre projetos diferentes (NETTO, 2009, p. 17).
O que nos traz, além do desafio presente na empreita de uma sociedade construída à luz do direito,
da equidade, da liberdade e da justiça social, a necessidade de constante vigilância dos princípios
norteadores do Projeto Ético-Político Profissional. Será possível, por meio dos elementos contidos na
sua proposta, pensarmos em momentos que nos conduzam a novos referenciais de entendimento de
democracia, de cidadania e, sobretudo, de ser humano.
125
Unidade II
Resumo
126
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
127
Unidade II
Exercícios
A avaliação de projetos sociais e políticas públicas é um tema que, cada vez mais, ganha destaque
e importância na busca de aprimoramento das ações e investimentos sociais. Nesse contexto,
ganha também relevância a avaliação econômica, instrumento importante para subsidiar a gestão
e aprimoramento dos projetos, otimizar a alocação dos recursos e propiciar a prestação de contas a
financiadores, participantes e sociedade em geral [...].
Fonte: Disponível em: http://www.fundacaoitausocial.org.br/temas-de-atuacao/avaliacao-de-projetos-sociais/.
Acesso em: 11 jun. 2015.
A) é vedada ao Assistente Social, tendo em vista que fere a resolução CFESS 273/1993.
D) exige um profissional que acolha a singularidade de determinadas realidades e que seja capaz de
colher dados relevantes sobre o que será avaliado.
E) em um projeto social a avaliação acontece apenas com a finalidade de pontuar a eficácia da ação.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a resolução CFESS 273/1993 instituiu o Código de Ética do Assistente Social. Nesse documento,
a avaliação de planos, programas e projetos emerge como uma competência do Assistente Social.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a avaliação acontece por meio de um processo dialético e que está presente em todos
os momentos, desde o início de sua execução. É errônea a perspectiva de que a avaliação só acontece
quando o projeto for executado em sua totalidade, ou seja, não é preciso esperar a conclusão da ação
para depois avaliá-la.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a eficácia de uma ação é mensurada para que seja possível estabelecer se a relação
idealizada entre os resultados obtidos e os objetivos propostos foi alcançada. No entanto, um processo
de avaliação não se respalda apenas na mensuração da eficácia da ação, mas também na efetividade e
na eficiência da intervenção desempenhada.
Questão 2. (Enade 2007 – Adaptada) Dentre suas atribuições, o assistente social enfrenta o desafio
de elaborar planos, programas e projetos para a área social. Observe o quadro a seguir, que explicita os
diferentes níveis do planejamento social.
I II III
A análise do quadro permite assegurar que está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) contida(s)
na(s) coluna(s):
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
129
Unidade II
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
I) Afirmativa correta.
Justificativa: o programa tem a finalidade de detalhar algum aspecto específico do plano, que não
é tão minucioso quanto o projeto. Pode ser entendido como um ponto de encontro de vários projetos e
apresenta apenas menções gerais a cada um deles.
Justificativa: é no projeto que temos a definição detalhada e específica das ações propostas. Nele
devemos indicar os mecanismos que serão usados para a realização das ações, bem como as técnicas
adotadas para a intervenção. O projeto precisa exemplificar o detalhamento, o passo a passo das
ações propostas.
130
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 5
BAPTISTA, M. V. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras, 2007. p. 16.
Figura 6
BAPTISTA, M. V. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras, 2007. p. 49.
Figura 9
Figura 10
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 14.
Figura 11
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 16.
Figura 12
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 17.
Figura 13
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 18.
Figura 14
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 19.
Figura 15
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 20.
131
Figura 16
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 32.
Figura 17
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 34.
Figura 18
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 36.
Figura 19
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social.
Caderno Suas VI: financiamento da assistência social no Brasil. Brasília: MDS/Sagi/SNAS, 2013. p. 46.
Figura 20
Figura 21
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http://observatoriosocialmaringa.org.br
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138
Exercícios
139
140
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000