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OS EFEITOS DA MISTURA DE LUBRIFICANTES


EM EQUIPAMENTOS MÓVEIS E INDUSTRIAIS
Um dos conceitos que resistem ao tempo é a de que óleos e graxas lubrificantes
podem ser misturados sem as devidas considerações técnicas. Se esta forma de
pensar é a da empresa em que você trabalha em função de problemas de ordem
financeira ou visando redução imediata de custos com a manutenção, pode-se ter
graves e custosos problemas com indisponibilidade de equipamentos e sérios
danos mecânicos em maquinários móveis ou industriais ao se adotar tal forma de
pensar.

Entre os profissionais da área de manutenção mecânica é de amplo conhecimento


que a mistura de óleos e graxas lubrificantes de diferentes composições ou de
diferentes fornecedores sem o devido conhecimento das composições dos
produtos a serem misturados, sem testes laboratoriais de compatibilidade e sem
o devido planejamento técnico, em princípio, não é uma boa ideia.

Figuras 1/2 – A mistura de óleos e graxas lubrificantes


deve ser alvo de critérios e motivos bem definidos

A seguir, serão abordadas, a título de exemplo, as consequências resultantes da


mistura de óleos lubrificantes em distintas situações:

1. OS PROBLEMAS DECORRENTES DA ALTERAÇÃO NA VISCOSIDADE


CINEMÁTICA DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES QUANDO MISTURADOS

A mistura de óleos lubrificantes de mesma aplicação e de diferentes Viscosidades


Cinemáticas terá impacto imediato na Viscosidade Cinemática do óleo lubrificante
que está em serviço no maquinário e a Viscosidade Cinemática resultante
dependerá dos fluidos misturados e da proporção da mistura.

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Ou seja, ao se misturar produtos de diferentes Viscosidades Cinemáticas, ainda
que de mesma aplicação, será alterada a Viscosidade Cinemática do produto
resultante e corre-se o risco de haver alteração na condição de operação do
maquinário ( ex. elevação de temperatura de serviço; desgaste por ruptura de
película lubrificante que separa superfícies metálicas em movimento relativo ).

Figuras 3/4 – A mudança da Viscosidade Cinemática do fluido


em serviço pode ter consequências variadas

A Viscosidade Cinemática do óleo lubrificante que será aplicado em determinado


equipamento é determinada por estudos tribológicos com vistas a determinar-se
a espessura do filme de óleo lubrificante para aquela aplicação específica. O filme
de óleo lubrificante proverá a separação, por exemplo, entre os elementos rolantes
e os anéis interno e externo em mancais de rolamento sendo fatores importantes
que afetam a espessura da película de óleo lubrificante a rotação do elemento de
máquina, a carga imposta ao eixo e a Viscosidade Cinemática do fluido
lubrificante.

Figuras 5/6 – Falha em mancal de rolamento por deficiência de lubrificação

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Se a Viscosidade Cinemática do fluido lubrificante após a mistura for
excessivamente baixa, o resultante filme de óleo lubrificante não terá espessura
suficiente para prover a adequada separação das superfícies metálicas em
movimento relativo ( ex. entre elementos rolantes e pistas dos anéis externos e
internos em mancais de rolamento ou entre os colos da árvore de manivelas e os
mancais de deslizamento em motores de combustão interna Ciclo Otto/Ciclo
Diesel 4T ).

Figuras 7/8 – A espessura do filme de óleo lubrificante deve ser robusta


o suficiente para separar as superfícies metálicas em movimento relativo

Caso o óleo lubrificante não tenha Viscosidade Cinemática para formar película
de óleo lubrificante com espessura do filme de óleo lubrificante suficiente, o
desgaste terá início até que venha a culminar com falha catastrófica. E se a
Viscosidade Cinemática do fluido lubrificante após a mistura for excessivamente
elevada para a aplicação? Teríamos maior consumo de energia elétrica ou de
combustível, elevação da temperatura de serviço, geração de calor e, até mesmo,
desgaste acelerado dos componentes móveis em função do óleo lubrificante não
penetrar nas folgas dinâmicas dos elementos de máquina e promover a devida
separação das superfícies metálicas em movimento relativo.

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Podemos assemelhar a operação do maquinário quando do aumento não avaliado
ou imprevisto da Viscosidade Cinemática do fluido lubrificante a se mover
circularmente uma colher em um copo com água e em um copo com mel. O
esforço mecânico e o dispêndio de energia serão bem maiores no copo com mel
tendo em vista a Viscosidade Cinemática do mel ser bastante superior à da água.

Figuras 9/10 – Aumento indevido da Viscosidade Cinemática: dispêndio de


energia, geração de calor, elevação da temperatura de serviço e desgaste

O uso de óleos lubrificantes com Viscosidade Cinemática excessivamente


superior em relação à recomendada pelo OEM poderá elevar a temperatura de
serviço do maquinário e, com isto, acelerar o seu processo de oxidação com a
consequente formação de borras, verniz e lacas que interferirão na operação de
equipamentos móveis e industriais em face do funcionamento deficiente de servo-
válvulas, válvulas proporcionais etc. e poderão levar, até mesmo, a avarias
catastróficas em função da obstrução de filtros de óleo lubrificante.

Figuras 11/12– Temperaturas elevadas: formação de borra, laca e verniz

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2. PROBLEMAS DECORRENTES DA MISTURA DE ÓLEOS E GRAXAS
LUBRIFICANTES DE DIFERENTES FORMULAÇÕES EM:

2.1. ÓLEOS LUBRIFICANTES COM ADITIVAÇÃO EP PARA ENGRENAGENS

Os óleos e graxas lubrificantes são formulados de maneira customizada, com


propriedades específicas para o atendimento aos níveis de desempenho
demandados pelos OEMs de equipamentos móveis ou industriais. Como exemplo,
podemos citar o uso de aditivação sulfo-fosforosa ( P e S ) de Extrema-Pressão
( EP ) na lubrificação de caixas de engrenagens.

Figura 13 - O calor gerado pelo atrito entre superfícies metálicas


quando da lubrificação limítrofe dá início à ação do aditivo EP

A aditivação sulfo-fosforosa de Extrema-Pressão ( EP ) tem sido amplamente


utilizada em caixas de engrenagens de dentes retos, dentes helicoidais, dentes bi-
helicoidais, dentes cônicos, engrenagens hipoidais etc.

Figura 14 – Aditivação EP: eficiente para lubrificação de engrenagens

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A configuração de engrenamento em que se recomenda um maior estudo quando
do uso da aditivação de Extrema-Pressão ( EP ) é a que utiliza de parafuso sem-
fim e coroa. Nestes casos, em função do elevado atrito de deslizamento e pelo
fato de, geralmente, a coroa ser usinada em bronze ou algum outro tipo de metal
amarelo macio, tem-se verificado que óleos compostos tem apresentado melhor
desempenho e proporcionado maior vida útil ao conjunto em serviço.

Figuras 15/16 – Engrenamento do tipo parafuso sem-fim e coroa

Como a extensão do contato entre os dentes do parafuso sem-fim e da coroa é


longo, gera-se muito mais calor e pressão que o necessário para ativar a aditivação
EP existente no óleo lubrificante. Em função disto, há certo risco que a aditivação
EP, caso leve em sua composição enxofre ( S ) ativo, ao invés de formar um
composto saponáceo dúctil, não corrosivo e que sirva como proteção adicional ao
desgaste por micro-soldagem venha a causar desgaste corrosivo ao metal
amarelo macio da coroa de bronze.

Da mesma forma, o uso de óleos lubrificantes com aditivação EP em mancais de


deslizamento confeccionados de metal amarelo ( ex. bronze ) deverá ser realizado
após estudos minuciosos em vistas das situações adversas, anteriormente
citadas para conjunto de engrenamento com coroas de metal amarelo
( ex. bronze ), que possam vir a ocorrer.

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Em função da complexidade que envolve o assunto, é redundante mencionar que
a mistura de óleos lubrificantes com aditivação EP de diferentes origens deve ser
alvo de prévias considerações técnicas. Caso haja necessidade de ser realizada a
mistura de óleos lubrificantes para engrenagens de diferentes fornecedores
recomenda-se efetuar algum tipo de TESTE DE COMPATIBILIDADE entre os
produtos a serem misturados em face dos potenciais danos aos maquinários que
possam advir da mistura aleatória desses produtos.

Figuras 17/18 – Em mancais de deslizamento confeccionados em bronze


o uso de aditivação EP, também, deve ser motivo de estudos técnicos

2.2. ÓLEOS LUBRIFICANTES PARA SISTEMAS HIDRÁULICOS COM ADITIVAÇÃO


ANTIDESGASTE ( AW )

Em sistemas hidráulicos de equipamentos móveis e industriais faz-se uso de


fluidos hidráulicos com aditivação antidesgaste ( anti-wear ) em lugar da
aditivação para Extrema-Pressão ( EP ).

Figuras 19/20 – Sistemas hidráulicos: aditivação antidesgaste

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Nos fluidos para uso em sistemas hidráulicos a aditivação antidesgaste ( AW )
é de primordial importância. O aditivo antidesgaste ( AW ), sob condições de
lubrificação limítrofe, forma uma camada sacrificial sobre as superfícies
metálicas dos componentes móveis como forma de reduzir o desgaste por atrito.
Ao longo de décadas, a tradicional e eficiente aditivação antidesgaste em óleos
lubrificantes para sistemas hidráulicos tem sido o ZDDP ( dialquilditiofosfato de
zinco ) que além de ser eficiente aditivo antidesgaste desempenha funções
adicionais como, por exemplo, a de antioxidante. Porém, em função de diversos
novos materiais metálicos que vem sendo introduzidos na fabricação de
componentes móveis de sistemas hidráulicos ( ex. metais amarelos ) ou por
questões de ordem ambiental ( melhor biodegradabilidade e menor toxidez em
caso de contaminação da água ), alguns OEMs de equipamentos móveis e
industriais passaram a demandar fluidos hidráulicos com aditivação isenta de
zinco ( zinc-free ).

Figuras 21/22 - Componentes de sistema hidráulico de equipamentos móveis

A formação de borras e vernizes em sistemas hidráulicos é bastante indesejável


tendo em vista causar lentidão nos movimentos de válvulas proporcionais e
direcionais, servo-válvulas etc. chegando ao ponto de causar-lhes emperramento.

Figuras 23/24 - Êmbolos de válvulas proporcionais com verniz

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Em face do exposto, determinados OEMs passaram a recomendar em seus
manuais de serviço o uso, nos sistemas hidráulicos de seus equipamentos
móveis, fluidos hidráulicos com aditivação livre de zinco em sua composição
( zinc-free ) e que possuam elevada resistência à oxidação de forma a se evitar
desgaste corrosivo em peças compostas por ligas metálicas sensíveis ao zinco e
a formação de depósitos em forma de verniz.

Figuras 25/26 – O uso de fluido hidráulico "zinc-free"


tem sido demandado em algumas situações

As demandas dos OEMs por fluidos hidráulicos está se tornando cada vez mais
customizada e complexa. Em face disto, a aquisição de fluidos hidráulicos deve
ter como critério principal os níveis de desempenho necessários para uso nos
maquinários, não devendo o critério “preço” ser o balizador determinante na
seleção de tais produtos sob pena de custosos reparos e indisponibilidade de
maquinário.

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2.3. GRAXAS LUBRIFICANTES

Bastante resumidamente podemos dizer que o processo de manufatura de graxas


lubrificantes consiste em se adicionar fluidos lubrificantes a espessantes em
proporção tal que se possa alcançar o grau de consistência desejado. Para um
melhor entendimento do que constitui uma boa graxa devemos nos concentrar
nas propriedades de seus componentes: espessantes, fluidos lubrificantes,
aditivos e, em alguns casos “fillers” ( ex. grafite, MoS2, PTFE ).

Figuras 27/28 – Graxas: espessantes, fluidos lubrificantes, aditivos, “fillers”

Ao selecionarmos uma graxa, devemos levar em consideração a aplicação e as


condições de serviço em que ela irá trabalhar, sendo necessário analisar-se
cuidadosamente os seguintes itens:

1. O tipo de óleo básico.

2. O tipo do espessante.

3. A Viscosidade Cinemática do óleo básico que compõe a graxa.

4. Aditivos ou “fillers” utilizados na formulação.

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A mistura de graxas sem estudos técnicos pormenorizados pode causar
problemas de incompatibilidade e suas consequências, tais como:

Figuras 29/30 – Graxa é graxa, certo ? Errado !

1. Perda de consistência e escorrimento pelo selo da caixa do mancal de


rolamento.

2. Separação entre o fluido lubrificante e espessante tendo, como resultado, uma


massa endurecida e não lubrificante no interior da caixa do mancal de rolamento.

3. O fluido lubrificante decorrente da mistura ser de Viscosidade Cinemática


superior ou inferior à aplicação especificada ou de natureza não adequada ao uso
pretendido.

Figuras 31/32 – Uso de graxas lubrificantes sem o devido


estudo pode ser causa de avarias catastróficas

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O mundo ideal seria aquele em que uma única graxa lubrificante pudesse ser
utilizada em todas as aplicações em plantas industriais e sites de equipamentos
móveis. Infelizmente, esse mundo utópico não existe e as recomendações
individualizadas de graxas pelos OEMs será a realidade. Ou seja, vamos ter que
conviver com uma diversidade cada vez maior de tipos de graxas lubrificantes e
efetuar-se a substituição ou misturas sem critérios técnicos bem fundamentados
poderá ser a causa de desnecessárias avarias catastróficas.

3. CONCLUSÃO

Fato que deve ser frisado a despeito de ser amplamente mencionado e conhecido
no meio da manutenção de equipamentos móveis e industriais é que misturar-se
óleos e graxas lubrificantes sem critérios muito bem estudados e visando, apenas,
uma imediata redução de custos ou em virtude de falta de planejamento de
demanda é a receita certa para custosas avarias, indisponibilidade de maquinário
e perdas no processo produtivo.

Figuras 33/34 – A mistura de óleos e graxas lubrificantes, se necessário, não


pode ser prática arbitrária e deve ser motivo de estudos técnicos competentes

Vale a pena meditar um pouco mais neste assunto antes de se proceder à mistura
indiscriminada de óleos e graxas lubrificantes sejam mesmo que as justificativas
para tal ação possam parecer válidas.

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