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AGÊNCIA GERAL DAS COLÔNIAS


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*
O I M P É R I O
COLONIAL
PORTUGUÊS
SECRETARIADO DA PROPAGANDA NACIONAL

O I M P É R I O

COLONIAL
PORTUGUÊS

AGÊNCIA GERAL DAS COLÔNIAS

L I S B O A I 1 9 4 2
O IMPÉRIO COLONIAL
COMO RESULTANTE DA VIDA
HISTÓRICA PORTUGUESA
é
\

1 — A história, como compreensão


do presente

grandeza do passado histórico português tem ser­


A vido .muitas vezes para, comparando-o com ela,
rebaixar e lamentar o presente, Duas atitudes,
igualmente erradas e nefastas, se manifestaram no sé­
culo xix e até há bem pouco em quási todos sos espíritos,
lias obras de história como nas de pensamento político.
E ambas derivam dessa errada comparação embora divir­
jam na'conclusão que dela tiram para o presente e o
futuro nacionais.
Uma, exalta os chamados «séculos áureos» dos des­
cobrimentos e conquistas como época de apogéu de um
povo que, depois disso, nada mais tem que fazer do que
glorificar o que foi e viver como guardião de um museü
de inultrapassáveis glórias, Outra, talvez por não sentir
terminado o nosso -destino histórico mas incapaz de o
compreender, nega a virtude criadora desse passado glo­
rioso, considera-o uma «aventura» sem consequências ou
apenas com o mau resultado de nos iludir sôbre as nossas
possibilidades.
Levadas às suas extremas conseqüências por espíritos

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*!■;

doutrinários, incapazes de sentir e compreender as reali­


dades de uma vida histórica, ou glorificando ou despre­
zando o passado, ambas serviram de obstáculo psicológico
— o mais perigoso — para uma consciente cooperação da
nossa época na vida profunda, nunca interrompida,
mesmo em momentos de desastre, que constitue a ver­
dade da nossa história.
Em muitos autores, com igual sinceridade e desejo
de acertar, mas em muitos outros como simples e torpe
meio de explorar, ao sabor -das «modas» c paixões de
momento, a fácil e falsa glória literária, vemos por igual,
na negação do passado ou na sua excessiva exaltação
para deminuir o presente e sobretudo a obrigação de
trabalhar para uni futuro que êlc permita, um vício
mental que impede a compreensão das realidades.
Esse vício mental chegou aos maiores êrros e verda­
deiros crimes contra a inteligência do que é português.
Sem base na realidade, sem conhecimento verdadeiro da
nossa evolução histórica e da sua relação com a história
universal, sem conhecimento mesmo das qualidades fun­
damentais e permanentes do nosso povo, é a obra dos
«intelectuais)) no século xix, salvo raras e honrosas
excepçoes, bem tímidas, no entanto, nas afirmações con­
trárias. É-o ainda hoje em muitos que dessa palavra
«intelectuais» fizeram bandeira de oposição ao nacional
e às realidades que toem de compreender-se e não emen­
dar por abstracções e doutrinarkmos.
E não é apenas o respeito pelo passado que tem de
exigir-se aos que erradamente o negam. Gomo não é
também só o respeito pela obra contemporânea e o
presente de altas realidades o que tem de exigir-se aos
que se servem da exaltação do passado como meio de
amesquinhar a obra actual e as suas reais directrizes
para uma maior grandeza.

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Uma e outra exigência seriam ímprofícuas para se
conseguir o que é essencial — que se tome consciência
de uma continuidade histórica em que o presente cola­
bora com grandeza que se tornará maior se tivermos
a consciência da sua filiação «directa nos séculos passados
e do seu prolongamento no futuro, em possibilidades
que existem mas cuja realização depende do nosso esfôrço
colcctivo.
Ê tio certo que aquelas duas exigências de respeito
pelo passado e pelo presente mão bastam que vemos, por
exemplo, e repetido, num mesmo autor, ontem o mais
criminoso denegrir dos Reis que ajudaram a fazer a
nossa grandeza, hoje a sua exaltação sem crítica, ou o
contrário. Isto ao sabor das «modas» ou em obediência
a paixões colectivas de momento.
Não importariam estes erros se fôssem jogos4*acadê­
micos sem conseqiiências. Mas não. Dêles, resulta o pior
dos males — o impedir que a Nação tenha a consciência
firme e constante da sua vida profunda, o sentimento
de uma continuidade histórica que o presente serve com
grandeza e que exige de todos os portugueses o maior
esfôrço para que seja no futuro ainda maior do que foi
no mais esplendoroso passado.
Porque a reacção necessária e justa contra êsses erros
se fêz já em obras que, tendo a exacta compreensão da
nossa vida histórica ligada à história universal, mostra­
ram o nosso direito e dever de Império, é também- já
hoje possível mostrar em síntese o que deve ser a nossa
consciência de Nação, do seu passado e do seu presente,
não diferentes na grandeza nem divergentes nas direc-
trizes que marcam ao nosso futuro.
A História que interessa, a que nos faz compreender
a nós mesmos, não pode continuar a ser, em exaltação
exclusiva do passado ou em seu rebaixamento, u«n obstá-

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culo à compreensão da obra actual e da existência real
de um grande Império.
Se encararmos a História é para que ela nos diga
a realidade de uma vida que tem oito séculos que não
é -menos digna hoje do que foi em qualquer dos seus
melhores momentos e que, em vez de nos mostrar atin­
gido já no passado o apogeu, no-lo indica como possível
no futuro.
Esta compreensão da história portuguesa exige de nós
todos maior esfòrço; o da justiça para com o presente,
sempre difícil, o de constante actividade para realizar
no futuro o que ó virtualidade de um grande e glorioso
passado c da actual renovação do Estado e da sua
administração.
Mas é precisamente ésse maior esforço, essa dedicação
a servir o Império, o que se pretende criar com esta
compreensão da realidade que é o nosso Im pério Colo­
nial Português. E a prim eira condição para que essa
compreensão seja exacta é sabermos todos que, em ver­
dade, o actual Império nasceu e se desenvolveu de acôrdo
com as mais constantes e fecundas fôrças actuantes da
nossa história.
Sabermos também que, na realidade, ele não é um
«resto mínimo» de um Im pério «mundial» nem o que
«podemos salvar da herança imensa do apogeu da expan­
são» mas sim uma criação e engrandecimento do que,
tendo raízes nesse passado, veio crescendo até ao pre­
sente. Nem há deseontinutdade nem lenta ou catastró­
fica dexninuíção. Antes uma continuidade absoluta do
que de melhor criámos no passado e seu progressivo
e igualmente glorioso engrandecimento.
Erro e nefasta ilusão seria negar as crises que, por
várias vezes, sofreu a evolução histórica portuguesa na
construção do seu Império, como o carácter prejudicial
e mesmo desastroso de algumas delas. Mas pior erro é
atribuir a qualquer delas o aspecto de uma decadência
nacional quando, mesmo as que não foram derivadas
de erros não nossos mas europeus, mesmo as que impli­
cara condenação de uma ou outra geração ou momento
da nossa história, não revelam nunca a deminuíção do
nosso potencial de Nação viva e forte.
Quási sempre essas crises foram impostas por faltas
de uma história europeia que não encontrou o equilíbrio
que nós lhe apontámos na fecunda e harmônica expansão
colonial. Mas mesmo as que tgera causas que a nós pró­
prios temos de atribuir e dentro da nossa própria história
julgar, condenando os erros ou os homens ou as paixões
erradas que as determinaram, não revelam uma inter­
rupção duradoura da nossa continuidade histórica. Sem­
pre como hoje um movimento imediato de reaeção as
venceu. O que elas nos ensinam é que um grande des­
tino histórico não se realiza fataknente mas pelo esforço
continuado de tôdas as gerações e de todos os homens
da Nação, e particularmente dos seus chefes espirituais
e políticos, dos seus pensadores e governantes.
Ensinam-nos que ela é tuna virtualidade que só um
grande e constante esforço realiza. E que ante ela tornada
realidade, a mais forte e bela, de oito séculos de vida
nacional é que se pode julgar a obra de cada geração
que passa. A comparação a fazer para avaliar qualquer
dos momentos da nossa história, e o presente como tal,
não é com um momento dessa história mas com a con­
tinuidade viva que a unifica, com o dinamismo latente
em toda a nossa vida histórica. E a primeira condição
para que a nossa época corresponda a tôdas as possibili­
dades de grandeza que lhe foram deixadas pelo passado
é tomarmos consciência plena e segura da verdade viva
da nossa história, das fôrças que criaram o presente e
das directrizes— únicas fecundas — que apontam ao
nosso erfôrço para que se realize o futuro de acôrdo
com o que tem raízes verdadeiras no passado.
Um povo que sabe o que é, não só pelo que foi
mas pelo que êsse passado requere que seja. Um povo
que sabe o que qucre, não por fantasia e ilusão de
momentânea paixão colectiva preparada por falsas pro­
pagandas, mas porque o seu querer corresponde à com­
preensão da realidade histórica que é sempre o produto
dc muitos séculos de vida nacional. £ isto o que a
propaganda honesta deseja que seja tornado consciência
de todos, depois de ter sido a verdade compreendida
pelos melhores.
A nossa propaganda não querc ilu dir o povo com
mentiras geradoras dc mitos que exaltam o orgulho
para, ao revelarem-sc errados, o deixarem entregue à
catástrofe moral. A nossa propaganda, baseada numa
política de verdade,: quere apenas que seja d ara e justa
a compreensão da história nacional e dentro dela do
presente para que todos, conhecendo o seu dever de
nela cooperar, lhe dê-em o melhor do seu esforço. Tam ­
bém para que os estranhos possam ver e respeitar um
Império, que não nasceu do acaso ou dc um esplendor
momentâneo mas de uma constante e viva evolução
histórica. >
Muito há que fazer neste campo mas é já possível
indicar nas suas grandes linhas a formação do Império
Colonial Português, tal como é e o presente soube defi­
nir e está desenvolvendo. E assim o passado, mesmo nas
suas épocas mais gloriosas, deixará de ser o têrmo de
comparação que amesquinha o presente para ser na
consciência de todos o que é na realidade: a raiz da
nossa actual grandeza, a exigência de maior grandeza
futura.
2 —A continuidade histórica portuguesa

Poucos povos mostrarão na sua evolução histórica


uma tão impressionante fôrça de continuidade. Não é
a Nação Portuguesa uma simples abstracção dos histo­
riadores. Não é um desses Estados que por um momento
(lònge ou breve) podem ter esse nome sagrado de Nação
e representam mesmo um papel na História Universal
para se desfazerem depois ou reaparecerem com longos
períodos de intervalo.
A Nação Portuguesa é mais claramente do que
nenhuma Nação do mundo, um grande ser, vivo e
forte, cuja evolução é representada pela sua história.
É uma vida contínua, que não se revela menos real
e forte mesmo, por vezes, nos momentos de sacrifício
e padecimento do que nos momentos de glória e es­
plendor,
•É essa continuidade viva o que interessa compreen­
der para que em toda a sua verdade se entenda o que
nela representa o seu estado presente: o da formação
do Império Colonial Português.
Já entre nós foi demonstrado, sem qualquer possível
objecção de valor, como a expansão portuguesa para o
mar por meio dos descobrimentos nasceu orgânicamente
dos séculos anteriores da formação do Estado Nacional.
Isto não implica deminmçâo do homem de gênio — o
Infantè D. Henrique — que sôbre uma natural tendên­
cia e sôbre as directrizes naturais da expansão realizou
a obra consciente c voluntária que traçou, não só todo
o nosso futuro como a transformação da história do
mundo.
Precisamente foi êle um gênio político porque pelo
seu pensamento e vontade fez das únicas possibilidades
reais o início de unia obra que constitue a obra da
Nação Portuguesa no mundo e a sua vida superior e
profunda.
Àtó 1580, e sem interrupção nem decadência, a vida
nacional segue uma linha de expansão, sucessivamente
alterada ante as realidades geográficas e históricas dos
mundos que fomos descobrindo mas que mantém uma
continuidade fundamental. Qual seja ela, é que é preciso
definirmos aqui — embora em esquema — para que se
compreenda esse século de extraordinária grandeza mas
também o futuro que dêle não desmereceu.
Pode em síntese definir-sc a fôrça contínua da nossa
expansão nesse século por uma frase — expansão colont-
zadora.
É ela a que, com o campo cada vez mais vasto, aberto
sucessivamente pelos nossos descobrimentos, marca as
fases de progressivo engrandeeimento do ser vivo que
é a Nação Portuguesa.
Essa expansão colonizadora, com impressionante con­
tinuidade e crescente fôrça realizada, tem a colaboração
de todos os portugueses. Desde os Reis, numa sucessão
de altíssimos valores em tôda a Dinastia de Aviz, até
ao mais humilde soldado de aventura, todos os portu­
gueses souberam conscientemente viver a realidade pro­
funda que era 0 próprio ser de Portugal. As etapas
sucessivas que marcam essa continuidade podem indi­
casse em esbòço pelos inícios da obra de colonização:

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da Madeira com o Infante D. Henrique; dos Açôres
com D. Afonso V; das ilhas do Atlântico central com
D. João II e D. Manuel; do Brasil com D. João III;
de Angola com D. Sebastião.
Mas a par dessa obra de expansão colonizadora,
demográfica, pGrtuguesa, há outra que, -pela conquista
ou o protectorado, de um e de outro modo pela expan­
são dominadora sôbre outros povos a completava permi­
tindo a formação de um Império mais vasto.
Também em esquema a poderemos definir pelo iní­
cio das ocupações e a formação dos pontos de- apoio
para a formação de territórios do Império: de Marrocos
com D. João I; da Guiné, Mina e Congo com D. João II;
de Moçambique e índia e Malaca com D. Manuel I;
de Angola e interior de Moçambique (o Monomotapa)
com D. Sebastião.
Estes esquemas induziria-m em erro se não se acrescen­
tasse que nenhuma das bases lançadas para a expansão
deixou de ser considerada e reforçada pelos sucessores
dos que nelas iniciaram, a obra portuguesa.
Se um êrro pudesse ser apontado à nossa expansão,
seria precisamente o de não se concentrarem tòdas as
actividades num menor campo geográfico. Mas em ver­
dade não se trata de um êrro mas de uma natural (e
futuramente benéfica) consequência da característica do
nosso Império de então, baseado no domínio do mar e
alargado sucessivamente a todo o glôbo pela acção dos
nossos próprios descobrimentos, dos novos mundos que
íamos dando ao mundo,
O que podemos dizer é que, pela acção dêsse século
de desproporcionado alargamento da expansão a todo o
glôbo, preparámos não só o seguimento da nossa expan­
são real, colonizadora, mas a de todos os povos marítimos
da Europa, e mesmo de outros não marítimos que por

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momentos esqueceram a sua mesquinhez continental
para seguirem as rotas marítimas de grandeza eumpeia.
O que importa, porém, para a compreensão do pre­
sente e da continuidade da nossa história nacional, não
como povo missionário, mas criador de Impérios (os dois
destinos não se opuseram nunca na nossa vida histó­
rica) o que importa é compreender quais os pontos em
que o domínio marítimo deixou as bases permanentes
para uma progressiva ocupação colonizadora. E foram:
as Ilhas Atlânticas; o Brasil; Angola; Moçambique; e
Gôa, na península Industânica. Foi também, como ten­
tativa de uma vitória que seria a de toda a Cristandade,
Marrocos, onde a perda de uma batalha e a morte de
um grande R ei fechou o ciclo da expansão geográfica
quási sem limites que fora conseqüência do descobri­
mento do mundo feito exclusivamente por nós.
Quando a usurpação da Coroa portuguesa pela dinas­
tia Austríaca, de tão* nefasta acção em Espanha como em
Portugal, fêz a momentânea união das Coroas de Portu­
gal e Espanha, disso resultou uma conseqücncia quási
imediata que anulou parte da nossa força — a da hege­
monia marítima no Atlântico e nos mares do Oriente.
É esta a primeira crise que atravessou a vida histó­
rica de Portugal. Não será nunca demais o lembrá-la,
sobretudo para que se sintam as catastróficas conse-
qüências da ligação do nosso destino, exclusivamente
marítimo e colonizador, com outro qualquer, europeu
e ambicioso de unificação continental.
Foi isso o que nos pôs cm oposição, não natural,
a outros povos marítimos da Europa — a Holanda e a
Inglaterra — e o que, no sacrifício das nossas forças
marítimas nas inúteis tentativas para essa impossível
unidade europeia, determinou a sucessiva perda da
nossa hegemonia naval.
Mas lembrado que seja isto, com as conseqüências
de um fatal recuo na expansão marítima e daí na vas­
tidão dos pontos ocupados por todo o glôbo, há que
considerar se houve interrupção verdadeira da vida
nacional, E sem temor de séria oposição «podemos afir­
mar que não existiu essa interrupção na obra crescente
da formação do Império,
Mesmo através de tôdas as nefastas conseqüências da
usurpação da Coroa portuguesa — nessa «independência
constantemente ameaçada» que dela resultou durante
sessenta anos — a obra da ex-pansão colonizadora conti­
nuou e progrediu. Mesmo durante o período da dinastia
Austríaca, pelo menos no seu começo, fêz-se o alarga­
mento da conquista em Angola e no Brasil.
Eram fatais conseqüências da perda da hegemonia
naval o recuo em muitos pontos do Império marítimo
do Oriente, Mas como já foi mostrado entre nós, bem
recentemente, as bases fundamentais do futuro Império
resistiram a todos os males de usurpação, às convulsões
do movimento restaurador da plena independência por­
tuguesa, aos ataques dos outros povos marítimos. Resis­
tiram além das Ilhas Atlânticas, o Brasil, Angola e
Moçambique, e, no Oriente, aquela parte do Império
marítimo que chegara já a transformar-se em verdadeira
colônia, em novo estado formado pela nossa expansão
colonizadora.
Em nenhum momento do longo período, que vai de
1640 à separação entre Portugal e o Brasil, houve um
recuo da obra histórica nem mesmo da expansão terri­
torial, antes o seu alargamento sucessivo em tôdas as
quatro bases indicadas do nosso Império.
Mesmo no Oriente com as Novas Conquistas, o terri­
tório ocupado efectivamente se tornou maior do que
antes era, concentrado em volta de Gôa (e também em
Tim or) o que antes fòra simples posse dc. bases navais
que só viviam de uma hegemonia, marítima e que só
para ela serviam.
Mas a obra realizada no Brasil, com raiz na obra
iniciada pelo grande R e i que £oi D. Jo io III, é precí-
samente neste período que vem a atingir tôda a sua
grandeza,
E cm face d a continuidade essencial da história, por­
tuguesa êsse período de quási dois séculos alcançou uma
realização efectiva em nada menor do que o anterior
século de preponderância marítima, de descobrimentos e
conquistas.
Menos imediatas as suas benéficas conseqüências para
a História Mundial não foram menores como já hoje
se revelam na existência de um grande Império de civi­
lização lusíada, o mais vasto e o de m aior futuro do Novo
Continente — o Brasil.
Para a nossa vida colonial (e repete-se que não houve
nunca oposição entre ela e a obra missionária que exe­
cutou na história universal) as suas conseqüências foram
melhores, mais vastas c mais imediatamente perceptíveis.
Melhor se dirá que elas foram o alargamento grandioso
do que mais propriamente nacional se realizara no ante­
rior período da nossa história. O que fora realizado naS;
Ilhas Atlânticas teve uma continuidade, magniíicamente
alargada, no Brasil. À expansão colonizadora encontrara
e soube manter o território suficientemente vasto para
fazer um mundo português. E ele foi lenta e progressi­
vamente construído com uma continuidade no dina­
mismo criador que não desmerece cm nada da obra
anterior, Tam bém neste período, quer os chefes da
Nação e tôda a Dinastia de Bragança, quer os mais
humildes elementos do seu povo, souberam dar,, o seu
esfÔrço a. uma obra que foi possível c grande precisa-.

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$•
mente porque não foi a aventura de uma geração mas
a continuidade de uma. vida nacional expansiva e forte;
Compreende-se por isso mesmo quanto a separação
dos dois Impérios que haviam alcançado já o perfeito
equilíbrio expresso pela fórmula política ((Reino Unido
de Portugal e Brasil», quanto a separação política tam­
bém da Independência Brasileira deixaria sujeita a nova
e grave crise a nossa vida nacional.
Portugal achava-se de repente, e não naturalmente,
separado do que era a sua principal obra de dois séculos,
a obra que era a própria finalidade de tôda a sua história-
anterior, o seu alargamento pela expansão colonizadora
além mar, num mundo português.
E, no entanto, em face das ideologias e dos maus
exemplos estrangeiros dêsse momento histórico, essa sepa­
ração, tal como se deu, representa ainda não um desastre
que por virtude delas pareceria fatal, mas uma simples
crise, com males e erros de momento, com benefícios
mediatos e que já hoje se revelam. * •.
Poderia é certo a evolução natural para a formação
do Estado Brasileiro e a sua independência política ter
sido mais perfeita e, afinal, não mais demorada. O mau1
exemplo americano por um lado, o péssimo- exemplo-
francês por outro, o primeiro ali, o segundo aqui, não
o permitiram. Mas, superior a êles, a consciência nacional
comum e a boa e prudente actuação dã Dinastia fizeram
com que a natural divisão de metrópoles dos dois Impé^
rios cm formação não fôssé em prejuízo de ambos uma
separação de hostilidade. E os 'próprios, contemporâneos
compreenderam que o Brasil, vastíssimo Império, careciã
de um govêrno independente que cóhtinuasse -e alargasse
no NoVo Continente á obra de expansão-colonizadora -da
nossa raça eomo o fez e continuá fazétido com inegúaláveh
esplendor. .v , :
Compreenderam também, embora parciahnente, al­
guns contemporâneos da separação (c entre êles é de
citar a Marquesa dc Alorna) q u e a obra de expansão
cm Á frica exigia demasiada atenção da primeira metró­
pole colonizadora — Portugal — para que êste pudesse
continuar a ser a metrópole do outro Império que só
por si tinha tão vasta obra de expansão a executar;
o Brasil.
Compreendêmo-Io melhor hoje olhando o passado
e reconhecendo que na história viva de uma Nação nem
sempre os melhores resultados vem dos mais voluntários
e conscientes actos políticos dos seus governantes. Se uma
Nação é verdadeiramente viva e forte, se nunca perde
a consciência do seu destino, mesmo os acontecimentos
alheios à sua vontade imediata ou que, mesmo, parecem
contrariar por fôrças vindas do estrangeiro a sua conti­
nuidade, podem vir a ser-lhes úteis. Foi-o de todos os
modos no futuro de então como já na nossa época o
podemos verificar essa separação dos dois Reinos Unidos
de Portugal e Brasil.
Mas no momento cm que ela se realizou era fatal
que, por suas conseqíiências «nais ainda do que por
muitos outros motivos de desordem interna, Portugal
sofreria uma crise antes que reencontrasse as bases segu­
ras de uma nova c fecunda actividade.
'N o va não quere dizer que seja outra e diferente.
É nova porque uma maior intensidade de uma acção lhe
deu um aspecto novo. Mas a sua raiz está no passado não
só naquele em que se criou mais directamente o Brasil
como naquele anterior em que se iniciou a expansão.
A obra renovada do Império — agora em África
— continuava, sem interrupção grave, e com prodigiosa
intensificação, o plano do Im pério na África Austral
lançado pela Dinastia de Aviz.
3 — 0 Império Africano de Angola
e Moçambique

O plano imperial da Dinastia de Aviz na África


Austral já esboçado por D, Manuel e D. João III tem
um primeiro realizador em D. Sebastião. Quaisquer que
sejam as objecções que em nome da compreensão da
nossa história (não da sua negação, que é ponto de vista
inaceitável) se possam pôr ao sacrifício do imediato inte-
rêsse nacional de 6 conservar vivo por um Rei que lhe
sobrepôs a grandeza humana do herói, não podemos
deixar de considerar, para ser justos, que tanto em
Moçambique como em Angola, e mais particularmente
nesta província, as bases do futuro Império foram lança*
das por D. Sebastião, com .Francisco Barreto em Moçam­
bique e Paulo Dias de Novais em Angola,
O nosso Império em África não nasce de ontem. Além
das naturais resultantes da nossa hegemonia naval na
rota da índia há que atribuir às penetrações de conquista
do interior, iniciadas no reinado de D. Sebastião, a base
sólida dos dois futuros Impérios de Moçambique e de
Angola,
E tão forte foi êsse início que apesar de todos os
erros, momentâneos desastres em luta com gentio nume­
roso e aguerrido, ataques do exterior e convulsões inter­
nas, sempre essa ocupação se manteve e foi progredindo.
Realizada a separação em dois Impérios do Reino
U nidovde Portugal e Brasil, convulsionada a antiga
metrópole por sucessivas guerras civis, desvirtuada em
muitos a consciência do nosso destino histórico pela
influência da crise de dissolução do antigo regime
monárquico na Europa, dq que sofremos os reflexos,
nem com tudo isso a nossa continuidade expansiva de
carácter colonizador pôde ser interrompida.
O Irmpério Africano atravessou ainda no seu início
a primeira crise da Nação quando da usurpação da
Corôa Portuguesa pelos Áustrias, e persistiu. Atravessou
a. segunda crise prineipalmcnte determinada pela nova
tentativa de hegemonia europeia, prim eiro revolucioná­
ria, depois militar, quê partiu de França e teve como
chefe de guerra Napoleão, e persistiu.
Sofreu sem dúvida as conseqüências de üm falso
idealismo político que sobrepunha à Nação uma ideo­
logia. e p a r^ d e la se aproximar negava a nossa principal
razão de ser histórica v - mas persistiu.
; Desde os próprios que intervieram na guerra civil
(Sá d a :Bandeira e Garrett) até aos que viveram a poste­
rior e precária estabilidade política (Andrade Corvo e
Antônio Enes) e aos que pretenderam criar uma nova
ordem (D. Carlos e Ayrcs de Ornelas) sempre e em todas
as gerações houve quem, mais ou menos consciente da
nossa continuidade histórica, a auxiliasse e permitisse
a mais recente renovação do seu esplendor. Nem as novas
convulsões políticas que sobrevieram nem os piores erros
e deficiências de administração puderam interromper
por forma duradoura aquela expansão colonial que
encontrara nova actividade pela sua intensificação na
área territorial fixada como base de Império desde o
século xvi.
Pode mesmo dizer-se em síntese — demasiado simpli­
ficada mas não errônea — que durante um século de
vida política cormilsionada periòdicaménte por lutas
civis, «de sucessivas fases de ordem precária ou de desor­
dem trilinfante, durante um século começado em 1820
e, sobretudo no seu último terço (de 1890 à 1926) a
verdadeira vida nacional esteve mais na expansão que
se realizava em África do què ' na vida interna da
metrópole.
Quanto à obra de acção e de govêrno, entende-se,
porque nem aquela acção seria possível se não conti­
nuasse a mesma, e superior a tôdas as desordens internas
uma vida nacional forte e criadora.
É mesmo um dos paradoxos aparentes da nossa his­
tória Contemporânea que tenha sido possível fazer-se uma
tão grande obra de expansão colonial através de um
período de má administração, de imperfeita organização
do Estado Nacional e «mesmo (o que é mais estranho)
de predominante negação do nosso destino por parte dós
«intelectuais». Ainda está por fazer a verdadeira história
de Portugal contemporâneo e só ela nos permitiria dar
desde já aqui a explicação dêste fenômeno. Mas uma
conclusão pode tirar-se desde já. É que as forças pro­
fundas da Nação não foram tocadas nem pela desordem
política nem pela pior desnacionalização e desordem de
alguns «dos seus condutores espirituais. Poderá ver-se tal­
vez um dia dessa análise necessária se a influência destes
maus condutores da Nação não conseguiu dominar a de
óutrós, mais modestos mas melhores, ou se ela foi, apesar
dó esplendor provindo do seu auto-reclamo, bem menor
do que sé supôs.
Talvez tivéssemos de acrescentar também quê alguns
profundos elementos de renovação nacional se manifes­
taram mesmo através dos erros e paixões que dificultaram
a reintegração do Estado Português na sua plenitude
nacional.
Más o que sem dúvida podemos desde já afirmar
é que nem lios piores momentos da nossa vida política
durante êsse século — os de revolução como os de esta­
gnação, os dc falsa ordem como os dc desordem — nem
nas piores manifestações da nossa vida intelectual — as
da negação do passado como as de ceticismo de negadores
da vida — deixou de manifestar-se sempre uma consciên­
cia nacional que a esses erros e males venceu.
Podemos dizer que a inicial base geográfica do Impé­
rio correspondeu uma base moral também vinda de
longe que não permitiu se pervertesse nunca inteira­
mente a consciência nacional.
Pensadores, homens de governo e heróis de conquista
~ os melhores, não sempre os mais glorificados — tive­
ram, a sobrepôr-se aos erros do momento e às más
influências estrangeiras c desnacionalizantes, uma base
moral que lhes vinha do exemplo vivo do passado de
descobrimentos e conquistas e da primeira criação do
Im pério territorial no Brasil.
O movimento de recuperação nacional ao abrir da
segunda década do século actual e que triunfa com a
Revolução de Maio tem raízes profundas no melhor e
mais nacional de quanto, mesmo no século anterior de
desordem política, sempre persistiu.
E a futura história dêsse século deixando cair no maior
castigo — o do desprezo e do esquecimento — quanto con­
trariou a verdadeira existência nacional ou prejudicou a
sua grandeza poderá apontar como, a-pesar-de tudo se
manteve a continuidade da mais profunda vida histórica
portuguesa — a da sua expansão colonizadora cuja fina­
lidade foi a formação do actual Império Colonial Por­
tuguês.
Tentemos, por agora, indicar (sem julgamento defini­
tivo, que a história futura fará, dos que a auxiliaram

24
ou contrariaram) a obra dessa continuidade histórica em
África,
Depois dos actos de conquista inicial do interior
(Francisco Barreto em Moçambique, Paulo Dias de
Novais no Reino de Angola, Manuel Cerveira Pereira
no Reino de Benguela) depois da obra da Restauração
em que cumpre salientar os nomes de Salvador Corrêa
de Sá, João Francisco Vieira, André Vidal de Negreiros
e Luiz Lopes de Sequeira pela sua acção na, mais amea­
çada, colônia de Angola e a-pesar-de uma acção admi­
nistrativa por vezes superior como a de D, Francisco
Inocêncio de Sousa Coutinho em Angola e de um domí-
nio mantido c até alargado, as duas grandes províncias
africanas estavam por ocupar na sua inteira vastidão e
com efectiva continuidade.
Não quere isto dizer por forma alguma que tivesse
havido um abandono de soberania ou um desinteresse
administrativo.
Mas absorvidas as nossas melhores energias na for­
mação do Brasil, condicionada mesmo ao seu progresso
a administração das colônias africanas, o ritmo da pro­
gressão ali foi lento.
A separação do Brasil veio na realidade pôr em tôda
a sua magnitude o problema da nossa continuidade his­
tórica através da expansão na África.
Mas a mesma separação veio pôr os espíritos tímidos
e incapazes de compreender que aquela separação polí­
tica não afectava cm nada a grandeza nacional e a
continuidade da história, comum já então, de Portugal
e Brasil, perante o temor de sacrificar a vida e riqueza
da metrópole ao desenvolvimento de colônias que, pelo
mesmo processo histórico, suposto fatal, amanhã se tor­
nariam independentes.
Cabe a glória entre os melhores a Garrett e a Sá da
Bandeira de terem reagido contra essa mentalidade de
desistentes com um novo sonho de grandeza.
Sonho de grandeza e verdadeiro plano imperial foi
o que atravessou todo o Liberalism o até 1890 e se
concretizou naquêle projecto chamado Mapa Côr de
Rosa — um império a realizar que unisse Angola a
Moçambique através do interior africano.
Á realização dêsse Império, possível se tivesse sido
executado desde logo, veio, porém, a encontrar o obstá­
culo de outra linha de expansão, esta britânica, que, do
Sul, -caminhava através do interior africano para o Norte.
Foi 0 conheci-do plano de Cecil Rhodes dc uma conti­
nuidade imperial britânica do Cairo ao Cabo.
Então como sempre não serve apenas pôr um plano
nem trabalhar dentro dêle com actos isolados mesmo do
maior esplendor. É preciso uma continuidade de acção
e o não demorar o seu início como o não esquecer nunca
as suas exigências. 7
Não era a vida política portuguesa de então propícia
à determinação rápida de uma acção que teve possibili­
dade num momento histórico que se deixou passar, nem
a manter a sua continuidade depois dc iniciada. Não
era também a vida da Europa de então, com o apareci­
mento de rivalidades coloniais qúe tinham por principal
objecto a África e com a preparação, por vezés incons­
ciente, de novas tentativas de hegemonia continental,
aquele que perm itiría o acordo, possível, para a defini­
ção do espaço imperial assegurado à expansão portuguesa.
Consideradas estas duas realidades históricas não é 0
que deixou de fazer-se na completa realização do «mapa
côr de rosa», mas o que se fez efcctivamente, o que
impressiona.
Através das rivalidades coloniais, sustentadas por
grandes potências europeías, houve a superior inteli-
gência de assegurar à expansão portuguesa dois campos
vastíssimos de acção; Através de uma vida política sem
continuidade pôde esta assegurar-se a uma intensa expan­
são colonial.
A partir preeisamente do momento em que teve de
considerar-se inexequível o plano (e simples plano era)
do «mapa cor de rosa» a acção efectiva de ocupação
intensificou-se. E é esta que mais do que todos os planos
importa, quer como afirmação de uma continuidade
histórica, quer como efectiva realização da obra do nosso
poder expansivo e colonizador.
De 1890 até ao presente a obra de expansão coloni-
zadora portuguesa não teve unia interrupção e, 0 que é
mais, não sofreu qualquer recuo antes, dentro dos cam­
pos de acção que pôde assegurar-se e tinham uma base
tradicional* foi sempre em progressão,
A sua fase ■ de aberta conquista pelas armas eonstitue
uma epopeia tão alta como as maiores do mais longínquo
passado.
Embora falte ainda a alguns, senlo a todos, dos seus
heróis o prestígio da distância do tempo, embora de
alguns a vida posterior possa ter suscitado paixões que
não permitem sempre o seu sereno julgamento, a verdade
é que dêsses homens, nossos contemporâneos, o valor e a
obra real não aparece já menor do que foram o valor
e obra dos homens extraordinários do século xvi.
Uma justa história contemporânea tem cie, baseada
nessa realidade admirável, explicar como ela revela á
permanência de todas as qualidades fundamentais da
raça na nossa vida contemporânea. Ela fará justiça a
um por um dos soldados, administradores, exploradores,
missionários e colonos-pioneiros que estabeleceram o
Império Colonial Português.
Aqui basta-nos concluir retinindo as suas glórias na
d aq u ae nome que serviram e os representa a todos
— Portugal — que não foi menor «do que cm nenhum
dos períodos mais altos da nossa .história a sua grandeza
no período que veio a culm inar pelo movimento dc
Recuperação Nacional e em parte o determinou.
O Império Colonial Português, com raízes no mais
longínquo passado, é também obra da nossa história
contemporânea. Através de muitos e muitos erros da
vida política interna da metrópole, reflectidos por vezes
na vida administrativa colonial, foi possível esta resul­
tante magnífica que através deles e contra êles se impôs,
a formação de um vasto Império Colonial e a ocupação
efectiva, sobre as bases deixadas pelas épocas anteriores,
de um mais vasto domínio territorial. Mais vasto do que
foi o do passado se excluirmos o Brasil, Império que
pode dizer-se quási feito a par com o desenvolvimento
da restante expansão portuguesa c nela colaborando,
País que pela sua independência necessária não se afastou
de uma história super-nacional (melhor poderiamos es­
crever «nacional» no sentido perfeito da palavra) que nos
é comum.
Êsse .era o Império já realizado. A sua separação
política — não nacional — não implica deminuíção do
mundo «português.
Antes, poderemos dizer com o mesmo orgulho do que
se a obra fòsse directa mente nossa que, depois da separa­
ção, a obra brasileira de ocupação territorial no século xix
e no actual é a mais admirável das afirmações das quali­
dades da raça e do seu carácter fundamental na vida
de acção a expansão colonizadora. Para ela, aliás, sem
interrupção continuou e continuará coniribuindo com
os seus emigrantes a antiga metrópole.
Mas o que anda mais esquecido, a-pesar-de ser bem
recente a epopeia africana, é que esta nos deu um domí-
nio territorial mais vasto do que nunca o fôra na África
e nò Oriente. Muitas vezes mais vasto.
Estável na índia e em Macau (simples pôr to cedido
pela China) não alargado mas mais efectivamente ocupado
em Timor, o nosso território -de Império era na África,
no início da nova fase de ocupação, pràticamente a do
domínio da costa com linhas de penetração mais ou menos
extensas mas sem efectiva ocupação do vasto território
que elas atravessavam.
Era três décadas o território efectivamente ocupado
veio a cifrar-se por dois milhões de quilômetros quadra­
dos, apenas uma quarta parte do Império do Brasil
talhado sem tão forte competição alheia num Continente
Novo, por nós descoberto.
A expansão colonial portuguesa mantendo as posi­
ções geográficas da índia (alargada territorialmente no
século xvm), de Macau e de Timor, construiu dois vas­
tos Impérios, Angola e Moçambique, e alargou o terri­
tório da Guiné.
Sôbre bases marítimas tradicionalmente portuguesas,
em territórios nos quais, «desde os anteriores períodos da
nossa história, iniciamos a penetração, mas que à obra
contemporânea deve a sua realização grandiosa. Produto
de uma continuidade histórica não interrompida a sua
grandeza deve-se à acção de Portugal do imediato passado
— o dos nossos pais — e de hoje.
A Nação que alguns diziam decadente e fraca, a
Pátria destinada a findar em catástrofe ou deliqüescente
abandono, reafirmou-se, como sempre no passado, além
do mar e desprezando os erros da sua vida política
construiu um vasto Império Colonial.
E dessa obra veio afinal o anseio de uma recuperação
se realizou e que, ao fazer-se, pôde
consagrar pela fórmula política justa e grande do Império

*9
Colonial Português o que fora criado pela actividade de
um período revolto da nossa vida nacional.
Criado e defendido a-pesai*-de muitos erros, enfim
consagrado e compreendido em toda a sua grandeza e
desenvolvido pela obra do Estado Novo,
T a l é o Império Colonial Português — fórmula polí­
tica nova correspondendo a uma realidade grandiosa
-— filho de toda a nossa história, produto de uma epopeia
nossa contemporânea, finalidade, entre outras, e uma das
mais fecundas, de uma continuidade histórica nunca
interrompida que é a própria vida de Portugal.

.I ..

..i i .,


II

s ín t e s e g e o g r á f ic a

DO IM P É R IO C O L O N IA L
PORTUGUÊS

*
s
V
1 — Posição geográfica do Império

o nosso passado histórico» não o acaso nem a


E fantasia de um momento» o que explica as posi­
ções geográficas ocupadas pelo Império Colonial
Português.
Não são as colônias portuguesas, como o foram algu­
mas de outros países, talhadas ficticiamente no mapa
e só mantidas enquanto o foram, ou possam ainda ser,
pelo prestígio e a força das metrópoles.
Não são também, nem mesmo no Oriente, os «restos»
ocasionalmente salvos do vasto Império Marítimo do
século xvi.
São a manutenção voluntária e trabalhosa, mas firme,
de tôdas as posições geográficas em que mais efectiva-
mente se apoiou êsse Império marítimo. Salvas duas
excepções — Ormuz e Malaca— dependentes em absoluto
da hegemonia naval e que, com ela, desapareceram, as
bases da expansão anterior são ainda nossas e as colônias
de hoje. Tão grande foi a persistência da nossa ocupação
que mesmo algumas bases meramente criadas para a
hegemonia marítima e que' para esta foram criadas, se
mantiveram a-pesar dela nos ter sido arrancada desde
o final do século xvi.
Damão, D iu e Macau, mesmo de certo modo T im or
embora não criada por ela ou pat'a ela mas pela acção
missionária, religiosa, mantiveram-se portuguesas. Gôa,
a-pesar-de perdida a sua principal razão de ser, a de
centro de um Império Oriental baseado no poder marí­
timo, «manteve-se e alargou o seu território já no fim do
século xvn i, tão português era o Estado da índia, o novo
reino edificado no longínquo Oriente.
Analisemos primeiro a posição geográfica e o valor
no todo do Império das actuais três colônias que cons­
tituem o conjunto das possessões portuguesas do Oriente.
O Estado da índia — compreendendo os territórios
de Gôa, com a ilha de Angediva; Damão com os enclaves
de Dodrâ e Praganã de Nagar-Avely; e D iu, é constituído
por três posições diferentes mas tôdas elas de pequena
extensão territorial na costa ocidental da grande penín­
sula kidustânica. A sua valia depende, mais do que do
desenvolvimento das suas riquezas locais, da navegação
mundial portuguesa ou conjuntamente portuguesa e
brasileira que venha a realizar-se. O território de Gôa,
no entanto, com 3.857 kms nos 4.297 que constituem
a superfície total do Estado da índia, é, como diremos,
pela sua população e riquezas naturais susceptível de um
desenvolvimento próprio. Nem mesmo êle, porém, encra­
vado como está num grande Império, pode ser a base
de u m . desenvolvimento autônomo, independente em
absoluto dos destinos de toda a índia.
O seu valor 110 conjunto do Im pério depende em
grande parte da directriz que êle tomar. Se, só por si ou
em conjunto e acordo com o Brasil, se fizer um grande
Im pério marítimo é indiscutível o alto valor para a sua
navegação dos pontos de apoio que a ín dia nos oferece
no Oriente. O mesmo e, aqui mais exelusivamente, pois
apenas se trata de um pôrto, poderemos dizer quanto
a Macau, situado na China entre o rio de Cantão e o rio
de Oeste, 11a pequena península de Ngaoman.
O mesmo ainda, mas com a correcção do seu maior
valor territorial e consequentes possibilidades de desen­
volvimento interno, da colônia de Timor, parte oriental
da ilha do mesmo nome, a mais ao Oriente fica do ar­
quipélago de Sunda e na vizinhança da costa norte da
Austrália.
A sua maior etxensão territorial (superfície total de
18.989 ktnS) podería dar-lhe só por si grande importância
no conjunto do Império se não constituísse a metade
apenas de uma ilha e colocada dentro da área de dois
grandes Impérios: o da Insulíndia Holandesa e o da
Austrália, de cujos destinos, por isso, em grande parte
depende especialmente ante as ameaças que contra a
.expansão europeia e seus Impérios se levantaram 110
Extremo Oriente.
Produtos directos ou indirectos de uma hegemonia
naval portuguesa no Oriente, mantidos depois de ela ter
desaparecido, (pela resistência a outras hegemonias navais
de origem europeia que nela se afirmaram, no acordo
com elas, não em oposição a elas, aliás improvável e
inútil, podem subsistir.
O seu desenvolvimento é condicionado pelo valor da
•sua posição geográfica e este existe apenas em correlação
com o desenvolvimento da nossa navegação.
É esta a posição geográfica e o valor principal das
colônias do Oriente 110 conjunto do Império Português,
e, mais latamente, do Mundo Lusíada, que devemos
compreender em toda a sua clareza para que as decisões
que tenhamos que tomar para seu aproveitamento não
dependam dc fantasias e miragens históricas mas do
conhecimento real da história e da geografia, bases da
evolução política que se está dando e possa, no futuro,
vir a dar-se.
Não são estas colônias simples padrões de uma sobe­
rania anterior nem museus de glórtas passadas. São
possibilidades presentes e futuras da mesma actividade
marítima que as criòu. Dela depende essenciaímente a
sua manutenção e desenvolvimento.
Êste que tem sido progressivamente intensificado tem
por principal base ainda q u er na ín d ia *(o pôrto de
Mormugãò) quer em Macau, a valorização da sua posi­
ção geográfica marítima. Em T im o r o desenvolvimento
de produtos de exportação absorvidos pelo conjunto
econômico extremo-oriental e australiano.
Outra e mais segura é a posição geográfica das restantes
colônias portuguesas.
O arquipélago de Cabo Verde prolonga para o sul,
e na rota do Brasil e de Angola, a posição geográfica,
essencial, das ilhas Atlânticas que já constituem terri­
tório adjacente da Metrópole, os arquipélagos dos Açôres
e da Madeira.
Mais para o sul ainda, e tocado pela linha equatorial,
o arquipélago de S. Tom é e Príncipe é do mesmo modo
uma base geográfica necessária à nossa vida essencial­
mente atlântica.
São estas colônias insulares de Cabo Verde e S. Tom é.
tão essenciais para o Império Português Atlântico como
para o Brasil.
Totalm ente portugueses, Cabo Verde inteiramente
nacionalizado, S. Tom é altamente desenvolvido e exclu­
sivamente pelo esfôrço e o capital português, os dois
arquipélagos representam, no conjunto do Império Colo­
nial, os elos de ligação com a grande província de Angola
e, no conjunto Lusíada de Brasil e Portugal, pontos neces-

36
sários à sua finalidade de um natural predomínio no
Atlântico Sul.
De não menor importância é, sob estes dois aspectos,
.a colônia da Guiné. Base essencial como Gabo Verde
das rotas aéreas do Atlântico Sul, é em particular a
Guiné a garantia de uma defesa da própria costa brasi­
leira colocada àquem do Atlântico como sentinela vigi­
lante na costa ocidental da África. Fica situada entre
os rios Casamansa e Gompony, tendo ao norte o Senegal
e ao sul a Guiné Francesa. A sua superfície, de 36.125 kTU2,
embora pequena e bem menor do que deveria ser naquela
região do globo -descoberta e secularmente explorada por
Portugal, é, no entanto, suficiente para permitir o seu
desenvolvimento em inteira independência dos territórios
que com ela confrontam no continente africano. Êsse
valor territorial e as riquezas naturais que nela abundam
reforçam o valor da sua excepcional posição geográfica.
A tardia ocupação efectiva do conjunto do seu terri­
tório explica em parte que ela não tenha alcançado os
seus limites geográficos naturais. Não dcminuc isso o
valor de uma obra de ocupação quási nossa contempo­
rânea e que teve como principal realizador a grande
figura militar do capitão João Teixeira Pinto. E se toda
e vastíssima costa, que nós chamámos da Guiné, tinha
por direito de descobrimento e efectiva actividade e
predomínio marítimo a possibilidade de constituir um
vasto império português na Guiné, verifiquemos que foi
ainda onde êsse domínio lançou a sua mais efectiva base
de comércio e domínio (em Bissau) que se veio a alargar
ura território colonial com condições dc vida própria.
As mesmas antigas linhas de expansão portuguesa nas
rotas do Oriente e em correlação, a primeira, com a acção
no Brasil, explicam a realização das duas grandes colônias
portuguesas de Angola e Moçambique.

3 7
Êsse motivo inicial -da sua éscôlha vem a ser reforçado
oelo plano <le domínio na África Austral iniciado pela
tríplice expedição ordenada por D. Sebastião: a de Fran­
cisco de Gouveia, no Congo, a de Paulo Dias de Nova is,
em Angola, a dc Francisco Barreto, cm Moçambique,
Mantido sempre esse plano a própria continuidade his­
tórica determinou, desde um longo passado anterior, a
natural área geográfica em que uma e outra colônia se
haviam de expandir.
A diferença entre as diferentes actividades marítimas
de uma e outra costa, a de Moçambique e a de Angola,
de certo modo explicam que delas mais cedo se não
pensasse em fazer a união através do centro africano que
tem como eixo fundamental o curso do Zambeze. Angola
viveu, até à separação de Portugal e Brasil, mais para
a actividade econômica deste do -que para a sua própria.
Moçambique, por outro lado, ponto de apoio fundamen­
tal da navegação para a índia, durante muito tempo
dependeu do seu govêrno e da actividade marítima
comercial, base econômica do Império Português no
Oriente.
E não é indiferente considerarmos o valor da posição
geográfica das duas colônias de Angola e Moçambique
mesmo que o façamos independentemente da sua vasti­
dão territorial.
O nosso Império, como toda a vida de conjunto do
Mundo Lusíada, esteve e estará sempre ligado à vida
marítima que liga entre si os blocos que o constituem.
Não é como o mundo hispano-americano o império de
um só continente. O seu eixo é o mar. Entre a antiga
metrópole (raiz europeia da sua raça mãe) e o Brasil
e Angola, balizado pelas posições insulares portuguesas,
há o mar Atlântico. É ele o eixo da nossa vida de
conjunto, No Atlântico Sul, em que dominamos por
toda a costa do Brasil na sua parte oriental, esse
domínio seria incompleto sem a posse de toda a costa
de Angola.
Para o predomínio e até para a liberdade de actividade
marítima (fundamental) do Mundo Lusíada a costa de
Angola é condição essencial. Ela é também, ocupada pelos
portugueses, a garantia de segurança da costa do Brasil.
Em mãos inimigas seria a sua ameaça constante.
O Brasil ajudando no século xvn a restauração de
Angola parece ter tido desta realidade geográfica e his­
tórica a consciência verdadeira com aquela intuição
superior que permite a formação das grandes Nações.
E para o Brasil, tanto ou mais ainda do que para
Portugal, a posse da costa africana de Angola por por­
tugueses foi, é e será um factor primordial da sua
segurança.
A costa de Moçambique representou no passado unja
das bases do Iimpério marítimo oriental, Hoje, na con­
corrência mundial, pacífica ou guerreira, que abrange
todos os mares, a costa de Moçambique volta a ser a
base fundamentai de uma grande actividade marítima
quer de Portugal e do seu Império Colonial, quer no
futuro, e mais largamente, do duplo Império que cons-
titue o Mundo Lusíada.
Posições fundamentais para uma livre e intensa vida
mundial, neoessàriamente baseada na actividade marí­
tima, as colônias portuguesas teeni assim aquela posição
geográfica que requere um grande Império marítimo.
Dêle nasceu no passado. Imensas possibilidades lhe
oferece no futuro.
Não nascido do acaso mas da -obra dos navegadores
que descobriram o mundo, garante aos navegadores, que
sempre teremos de ser, as posições no inundo necessárias
para dentro dêle sermos livres na grandeza.

3 9
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2—A vastidão Imperial dos territórios
africanos

As duas grandes colônias portuguesas na África


(Angola e Moçambique) foram, até quási ao final do
século xix, domínios mais ou menos limitadamente
costeiros. Eram, no entanto, já as bases para um alar­
gamento no interior. Este fêz-se com definitiva ocupação
no fim do século xix e no princípio do actual século
e nessa ocupação ambas as colônias tenderam para os
seus limites naturais sem os poderem, no entanto, atingir
comptetamente.
Realízam-se, porém, dois vastos domínios territoriais.
Um, Angola, na costa ocidental da África, ao sul do
Equador, entre a embocadura do rio Zaire e a do
Cunene, tendo ainda ao norte daquêle rio o território
de Cabinda, conta uma superfície aproximada de um
milhão duzentos e cinqüenta mil quilômetros quadrados.
O outro, Moçambique, situado na costa oriental da
África, entre a foz do rio Rovuma, ao norte, e a Ponta
do Ouro, ao sul, tem superfície de setecentos e setenta
e um mil cento e vinte c cinco quilômetros quadrados.
As seguintes comparações mostrarão melhor do que
estes números a grandeza dos dois territórios coloniais
de Moçambique e Angola.
Moçambique é maior do que qualquer dos maiores
territórios nacionais europeus excepto a Rússia. Maior
\

do qúe a Alemanha ou a França quási de mais 50 %~


Maior, quási o dôbro, da Inglaterra e maior três vezes
a Itália.
Angola na mesma relação é maior do que o dôbro
da Alemanha ou da França, três vezes o território d a
Espanha, quási quatro vezes o território das Ilhas B ri­
tânicas, mais de cinco vezes a Itália.
Em relação a Portugal, Nação-Mãe que as ocupou
e está colonizando, Moçambique é aproximadamente
maior oito vezes, Angola quatorze vezes maior.
No seu conjunto, as duas grandes colônias africanas
com mais de dms milhões de quilômetros quadrados,
representam mais de vinte e duas vezes o território*
metropolitano, aquilo a que no seu conjunto poderia­
mos chamar a capital do Império.
Se fizermos agora a comparação dos dois domínios,
portugueses de África e futuros países do grande con­
junto Im perial Português, com os países construídos
pela colonização na América a conclusão é ainda mais.
sugestiva.
Em relação à superfície -dos países da América do
Sul, Moçambique ocuparia o sétimo lugar, com uma
superfície superior à do Chile; Angola o terceiro lu gar
com um a superfície apenas inferior à do Brasil, que só*
por si ocupa quási metade da Arfiérica do Sul, e à.
Argentina.
Consideradas ainda no seu conjunto seria, ainda em
relação à América do Sul, o mesmo terceiro lugar como»
superfície, 0 que mostra a vastidão daquêles Estados,
mas superior de quási o dôbro de qualquer dos outros,
grandes países da América do Sul, ou sejam o Peru, a
Bolívia ou a Colombia. Em relação ao único grande país
da América Central — o México — o conjunto im perial
de Angola e Moçambique é-lhe superior em superfície*

42
Todos os outros países retinidos da América Central teenu
urtia superfície conjunta inferior à de Moçambique.
Êvidentemerite, a comparação não se põe com os dois;
imensos territórios da América do Norte, Canadá e
Estados Unidos da América, pois das suas superfícies o»
conjunto das nossas colônias africanas representa uma
superfície entre 1/ 40 1/5. Ou antes põe-se ainda essa
comparação porque essa proporção relativamente a tão*
Vastos territórios é ainda sugestiva da grandeza territorial
dos territórios do Império Português da África Austral..
E para que a mesma sugestão de grandeza resulte,,
como é em verdade, engrandeeedora também, da obra*,
portuguesa no Novo Continente, diga-se que a mesma
proporção aproximada existe em relação ao Brasil e que*
sendo este um dos três grandes países de todo o Novo-
Continente (mais de metade da América do Sul ou*
quási metade da América do Norte) é êle que representa,
no conjunto do Mundo Lusíada, o factor de equilíbrio*
com as duas grandes pátrias saídas da expansão inglêsa,
e com toda a Hispano-América em conjunto que, de não*
muito, lhe é superior em superfície.
As comparações com as divisões territoriais do con­
tinente africano são também sugestivas.
Moçambique é de superfície quási igual a tôda a-
Abíssínia. Angola é-lhe superior de mais 50 %. Em rela­
ção a Marrocos, comparação que interessa para se ver­
em relação ao Império perdido o que vale o Império*
realizado, Moçambique é-lhe superior de quási o dôbro,.
Angola quási três vezes maior, mesmo considerando todo*
o território aetual de Marrocos (440.000 k,u2).
A comparação com os domínios ou possessões euro­
péias da África não pode, para boa compreensão do valor
relativo das superfícies, ser feita apenas nos grandes,
conjuntos.

4 *
Mesmo em relação a êles, porém, pode dizer-se, desde
j á , que o conjunto do Im pério Colonial Português em
Á frica apenas fica distanciado dos conjuntos britânico e
francês, É de superfície aproximadamente igual à do
Congo Belga e à do antigo domínio italiano na África,
não incorporada a Abissínia. Em relação às superfícies
totais dos territórios britânicos e franceses na Á frica é de
aproxim adam ente 1/5 a do nosso dom ínio africano.
Mas a comparação é mais sugestiva se fôr feita com
os verdadeiros territórios coloniais entre si. Para se per-
•ceber como só esta comparação nos indica o verdadeiro
valor dos territórios como base real de Impérios, basta
«dizer que a Argélia, pròpriamente dita, tem apenas
19 9 .9 7 1km%, mas que é aumentada nas superfícies indi­
cadas na generalidade geográfica po r %.700.000 do
-Sahará argelino, ou seja por imensa região desértica.
Assim, os territórios da África do Norte francesa
(Argélia e T u n ísia e m conjunto, 324.971 *“ *) é apenas
d e uma superfície de menos de metade de Moçambique.
Acrescendo àquela Á frica Francesa do Norte todo o ter­
ritório de Marrocos (aproximadamente 440,000 kma) a sua
totalidade é de superfície sensivelmente igual á de
Moçambique. E também Madagascar (592.000 km2) é de
superfície inferior de mais de têrço a esta colônia.
São estas comparações que tornam claro o valor do
«espaço im perial que possuímos em África,
Porque a Á frica é um continente em que aproxima-
durante um têrço de tôda a sua superfície é ocupada
pelo «Grande deserto)) (Sahará), o maior do mundo, com
uma superfície entre 8 a 10 milhões de quilômetros
•quadrados. Excluído êsse imenso território desértico que
é, salvo um 011 outro ponto mínimo de exploração, apenas
•como um grande «mar» e que como o mar só interessa
pelas linhas de comunicação entre os territórios que

-44
separa, a comparação com os verdadeiros territórios de-
colonização franceses e italianos, é bem diferente e
engrandecedora da vislo do campo da expansão coloni-
zadora que talhámos em África.
Já a fizemos com a África do Norte. Tomemos outro*
exemplo— o da África Equatorial Francesa (1.733.888 kma)
que é inferior ao conjunto territorial português em<
África. Só o conjunto da África Ocidental Francesa
(incluindo vastas regiões sub-desérticas) se aproxima,
mas é inferior à sua superfície total, aproximadamente
1,800.000 k“* para-mais de 3.000.000kma.
A 'comparação deve ser feita finalmente quanto à*
África com as outras regiões da África Central do Sul'
(como os geógrafos costumam classificar a zona em que
estão colocadas as nossas duas grandes colônias) e conr
a África Austral.
Na África Central do Sul, ou Zambézia, em aproxi­
madamente três milhões e meio de quilômetros quadra­
dos, mais de dois milhões são portugueses. O resto,,
compreende as três Rodésias e o país do Niassa, tudo'
território britânico.
É superior mas não de muito à colônia de Angola-
sòmente.
Na África Austral a União Sul Africana (1.976.355 k“a)
é de superfície total inferior ao do conjunto imperial
português. Para lhe ser superior carece de englobar na.
sua totalidade o Sudoeste Africana (Damalândia e Nama-
lândia, com uma superfície total de 835.100k3üi). Mas
para a África Austral no seu conjunto há que considerar
também a grande superfície do Kalahari, desértíca, em
menor grau embora do que o Sahará.
Outro conjunto geográfico, o da África Oriental, ou
região dos grandes lagos, tem uma superfície pouco supe­
rior ao total do Império Africano Português. O mesmo*

4S
lítconteáe com o bloco do Sudão Anglo-Egípcio. Outro
bloco territorial, o cia Etiópia, aumentada das três Somá-
lias e da Eritréia, é apenas igual à superfície dc Angola.
Finalmente a comparação resulta ainda mais sugestiva
quando feita com a superfície da grande nação livre da
África, o Egipto, com 640.000*“ *, mas dos quais somente
32.200 são habitados.
Esta última comparação esclarece o que dissemos
quanto ao real valor como espaço geográfico de Angola
c Moçambique. Elas são constituídas por terras 11a sua
quási totalidade habitáveis e mesmo excluídas uma parte
da União Sul Africana e a África Mediterrânica, as de
melhores condições para a colonização da raça branca.
Sugere ainda como e com que largo espaço vital para
o seu desenvolvimento cada um a dessas colônias (Angola
•e Moçambique) -pode scr o centro futuro de uma grande
Nação portuguesa em África.
Não menos sugestiva é a comparação eom os terri­
tórios do maior dos continentes: a Ásia. Excluído por
excessivo o tênno de comparação com o imenso Mundo
russo que forma um conjunto, só na Ásia, de dezasseis
milhões de quilômetros quadrados. Excluída também a
•comparação com todo o Império Chinês, na sua totalidade
maior e mais povoado do que a Europa inteira, podemos,
em síntese, mostrar o nosso conjunto imperial africano
como igual a -mais de metade da índia, quási metade de
todo o Império das índias. Igual em superfície aproxi­
madamente ao Império da Insulíndia holandesa, ou a
tòda a península Indo-chinesa, compreendendo as posses?
soes britânicas, as francesas e o Sião. Só Moçambique é
superior em superfície a qualquer dos três Estados asiá­
ticos Japão, Afganistão e Sião. Angola aproxima-se na
sua superfície da que engloba toda a Pérsia. As duas
colônias de Angola e Moçambique, no seu conjunto, além

.46
do Mundo Russo e do Mundo Chinês, ao conjunto
britânico dos domínios e possessões asiáticas, O mesmo
acontece em relação à Austrália (que inclue, no entanto,
-outra vastíssima região desértica) região equivalente no
seu conjunto ao grande Império do Brasil.
Não é por mera curiosidade que se fazem estas com­
parações, nem para despertar um vão orgulho que se
•deseja que todos os portugueses as tenham presentes ao
seu espírito.
É para que todos os portugueses sintam grande, como
•é na vastidão do mundo, o território imperial da Nação
Portuguesa.
É para que vejam que é possível e necessária a obra
•que faça dos espaços vitais que souberam conquistar e
desenvolver com o esforço de muitas gerações o Império
de muitas outras e sucessivas gerações de colonizadores.
O Mundo Lusíada com o Império já realizado e
independente mas irmão do Brasil, e com o Império
Colonial Português já firmado em basexS estáveis e em
pleno desenvolvimento é, mestno pela sua grandeza terri­
torial, compensação bastante a toda a nossa história
passada, campo imenso aberto a toda a nossa obra futura.
Ê-o, em relação à nossa história da expansão fora do
Novo Continente como ao nosso esforço actual e à gran­
deza futura, só por sí o Império Colonial Português.

47
%
s
3 — Informação geográfica sobre as Colônias
Portuguesas

Para todos os portugueses são essenciais as duas noções


seguras que esclarecemos anteriormente: a da posição do
Império Colonial Português no mundo e a da vastidão
territorial que nele ocupam as duas grandes colônias de
Angola e Moçambique.
Corroboram-nas e informam sucintamente sôbre o que
são, sob o ponto de vista geográfico, as informações que
damos a seguir.
Para maior clareza agruparemos os territórios compo­
nentes do Império nos quatro blocos que efectivamente
formam. Êsse agrupamento está de acôrdo com o desen­
volvimento histórico do Império e com a sua natural
divisão actual.
As distâncias que separam entre si as colônias compo­
nentes do primeiro e último grupos não impedem que
elas no seu conjunto formem um todo, como semelhança
de problemas, e uma unidade que resulta da actividade
marítima que delas depende e as faz de certo modo entre
si dependentes.
Seguimos aliás a tradicional reiinião em grandes
govérnos,
O primeiro grupo compreende as colônias atlânticas
que balizam o caminho de Angola e do Brasil (em

49
4
seguimento dos arquipélagos adjacentes dos Açôres e
Madeira) e estão entre si ligadas por muito do que as
caracteriza, e pela vida de relação entre elas. Pode
mesmo dizer-se que elas nascem de um núcleo inicial
constituído pela prim eira delas, a, já nacionalizada, de
Cabo Verde, verdadeiro e pròximamente futuro arqui­
pélago ((adjacente» da Metrópole. Em si próprio, Cabo
Verde é para os mares do Sul, nacionalizado, bem por­
tuguês, um centro comandando as outras colônias deste
grupo como foi no passado a base dessa expansão.
Compreende êste primeiro grupo o arquipélago de
Cabo Verde; a colônia da G uiné e o arquipélago de
S. Tom é e Príncipe com o forte de A judá na costa
africana.
Demos a seguir as indicações geográficas necessárias
de cada uma dessas colônias.

I — GRUPO DAS COLÔNIAS AFRICANAS DA SENEGÁM-


BIÁ E GOLFO DA GUINÉ

i — CABO VERDE

Situação e área — O arquipélago de Cabo Verde


acha-se situado no Oceano Atlântico, a 455 quilômetros
da costa ocidental da África e a 2.889 quilômetros de
Lisboa, entre os paralelos 17» 13 ' e 14» 18 ’ de latitude
norte e entre os meridianos 22° 42* e 25o 22* de longitude
O. de Greenwich. É formado por 10 ilhas e 5 ilhotas,
distribuídas em dois grupos, chamados de Barjavento e
Sotavento.
A superfície total do arquipélago é de 4,033 quilô­
metros quadrados.
Orografia— A orografia de todas as ilhas é bastante
acidentada, apresentando a sua topografia aspectos extre­
mamente irregulares. As ilhas com acidentes orográficos
mais salientes: são as de Fogo, Santiago, S. Nícolau
e Santo Antao.
A do Fogo pode ser considerada tôda ela um grande
vulcão, sendo a única que, depois de descoberta, mani-
festou até hoje actividade vulcânica. As suas Vüthnas
erupções tiveram- lugar em 1853 e 1857. O seu pico
eleva-se a 5.829 metros. Na ilha de Santiago o ponto
mais alto, com 1.395 metros de altitude, denomina-se
0 Pico da Antónia. Na ilha de Santo Antão há uma alta
montanha vulcânica chamada o Tope da Corôa, com
1.979 metros: o dorso das montanhas da ilha prolonga-se
110 sentido Este, acabando no Pico da Cruz, com 1.584
metros.
A àlha de S. Nicolau é dominada por uma longa .
crista sinuosa, donde se recortam os picos do Deserto,
Tôpo do Matim, Monte Gordo, etc. As ilhás do Sal,
Boa Vista e Maio, chamadas salineiras, são aquelas cujo
relevo é menos pronunciado. Assim, a maior altitude
da ilha da Boa Vista não ultrapassa 369 metros.
Hidrografia— A hidrografia das ilhas de Cabo Verde,
como é natural, deriva das condições de relevo do terreno
e do clima. Os cursos de água são numerosos em quási
tôdas as ilhas, mas na sua maior parte não teem caudal
permanente.
Portos — M a rítim o s: O arquipélago possue, além de
pequenos portos -destinados à cabotagem, dois portos
muito freqüentados pela navegação transatlântica de
longo curso: Porto Grande de S, Vicente e Praia.
O primeiro é situado a noroeste da ilha de S. Vicente
e é um dos mais importantes do Império Colonial
Português, em consequência da sua excelente posição
geográfica e do seu movimento marítimo. Colocado em

5 /
pleno Oceano Atlântico, no sentido das grandes linhas
de navegação entre a Europa e a América do Sul, bem
como entre o Oeste africano e a Am érica do Norte, êste*
grande pôr to dispõe de condições estratégicas excepcio-
nais como base de reabastecimento e de operações em
caso de guerra e bem assim as melhores condições para
poder servir, em tempo de paz, os navios que por êle-
fizerem escala, no que diz respeito ao fornecimento d e
água, carvão e óleos combustíveis.
A sua superfície é de 700 hectares, dos quais 500 t0em
uma profundidade superior a 5 metros, o que permite-
ancorar para cima duma centena de navios de grande-
calado.
O ipôrto de S. Vicente tem, na sua maior largura,
3.600 metros e um comprimento de cerca de 3.700’
metros.
Seja qual fôr o estado do mar, a calma do pôr to é
constante, porque a ilha de Santo Antão, localizada em
frente da baía, cobre a de S. Vicente numa distância,
superior a 60 quilômetros, com altitudes muitas delas-
superiores a 1.500 metros, o que constitue uma excelente-
barreira a proLeger o pôr to.
A aparelhagem dêste está sendo consideravelmente
aumentada, dentro de um importante programa, que
compreende a construção do cais, de docas e da instalação'
do material necessário à exploração, que se encontra em
estudo ç em via de execução.
Praia, na ilh a de Santiago, é o segundo pôrto do*
arquipélago. Entre outros, os paquetes portugueses das.
linhas d a Guiné e Á frica Ocidental fazem escala por flle
(bem como por S. Vicente). Um brilhante futuro está
reservado ao pôrto da Praia logo que entrem em activí-
dade os 'serviços da aviação comercial, a levar a efeito»
por companhias concessionárias.
Geologia — Todas as ilhas do arquipélago são de natu­
reza vulcânica; mas entre elas, Santo Antão e o Fogo,
são exclusivam-ente compostas de cinzas e lavas. Nas
■outras existem rochas de cristais, de granito, sienites,
mármores, metamórficos e rochas sedimentares, sustidas
por um nó basáltico, As «coulées», manchas de lava, são
visíveis em tôdas as ilhas.
Climatologia — Ás condições atmosféricas do arquipé­
lago variam muito de ilha para ilha, tão fortemente
■influenciadas são elas, não só pela vegetação, como ainda
pela orientação dos massiços orográficos. Enquanto umas
apresentam um carácter tropical, outras há, como Santo
Antão, Fogo, Brava e S. Vicente, cujo clima, benigno e
salubre, é parecido com o da Madeira e o das Canárias.
As chuvas são irregulares e várias; há anos em que
não chove senão em certas ilhas; nas outras quando chove,
chove pouco e fora da estação própria (Agôsto a Outu­
bro), que é exactamente a estação mais doentia.
A temperatura máxima é ordinàriamente de 32o e a ’
mínima de 19o, sendo a média de 25o,8.
Flora — Équási insignificante a arborizaçao. Algumas
das ilhas encontram-se perfeitamente nuas.
O aspecto das costas é árido.
Em todo o arquipélago a produção principal é a da
p u rg u e ira, a que se segue a cana sacarina, o feijão, o
tabaco e a batata doce,
As regiões elevadas produzem tôdas as plantas ali­
mentares do continente, bem como a vin h a que 6e
desenvolve com facilidade.
Fauna — Era tôdas as ilhas do arquipélago se cria o
gado das espécies .bovina, cavalar, ovina, caprina e suína,
A fa u n a m arítim a conta uma grande riqueza de
exemplares e em muita abundância, incluindo a b a leia .

53
A exploração ictiológica foi rcccntcmcntc iniciada com
a salga de peixe e a conserva enlatada de albacom
(atum).

2 — GUINÉ

Situação e á re a — A G uiné Portuguesa, situada na


costa ocidental de África, está envolvida, ao norte, a este
e ao sul, pelos territórios que fazem parte da África
Ocidental Francesa, tendo as suas fronteiras sido fixadas
em 1906 por um tratado concluído entre Portugal e a
França.
Os pontos extremos da Colônia são, ao norte, o Cabo
Roso e ao suJ, a Ponta Cajet, ligados aos" marcos lim í­
trofes que envolvem todo o território.
Esta «Colônia é constituída por uma parte continental
e outra insular; a esta última pertencem o arquipélago
dos Bijagós, as ilhas de Bolama, Bissau, Pecixe, Jata, etc.
A superfície total da Guiné Portuguesa é dc 36.125,
quilômetros quadrados.
Limites — A o norte o paralelo 12 o 40* e ao sul o de
10o 58*. Bolama, a capital da Colônia, está situada a
n ° 35' N. por 15o 29" W. Greenwich.
Orografia— O território desta Colônia apresenta uma
disposição quási horizontal. As suas elevações de terreno»
são pouco sensíveis, atingindo o máximo de 225 metros,
de altitude no Sudoeste, região de Dandum, ou seja,
no último contraforte de Futa-Djallon.
Geologia — As aluviões de origem laterítica, cuja
rocha fundamental é o granito porfiroide, a argila mar-
nosa e outras espécies, constituem a quási totalidade do
solo da Guiné.
Hidrografia — O litoral da Guiné é baixo, cntrocortado
por diversos braços de m ar c por um grande núm ero

54
de canais» constituindo uma espécie de rede aquática,
que ainda é enriquecida por alguns rios, cujo compri­
mento atinge o extremo oposto da Colônia.
O rio Cacheu, ao Norte, o canal de Geba, ao centro
e ao Sul, os canais de Orango e Canhabaque, são as
principais vias fluviais de penetração no interior da
Colônia.
Portos — M a rítim o s: Os principais portos servidos
pela navegação de longo curso são quatro; Bissau,
Bolama» Bubaque e Cacheu.
O mais importante é o de Bissau, pelo qual passa
a maior percentagem do comércio exterior, o que é
devido principalmente à sua excelente posição geográ­
fica. Possue uma ponte-cais de cimento armado onde
podem acostar navios de 8.000 toneladas.
F lu v ia is : Para a cabotagem existem ainda os seguintes
portos: Bafatá, Farim, Buba, Cacine, S, Domingos, Xitoli,
Cachungo, Bula e Bissoram.
Climatologia — Existem nesta Colônia duas estações
bem definidas; a estação sêca ou fresca, que vai de
Dezembro a Abril, preferível para a entrada de europeus
que se destinem a trabalhar na Colônia, e a estação das
chuvas, de Maio a Novembro, durante a qual a tempe­
ratura média se mantém à roda de 29o à sombra.
Em Bolama, a temperatura varia durante o ano, cm
média de 25 a 30ocentígrados à sombra, baixando quando
da aproximação dos («tornados». Em Bissau a média
é de a6o.
Os meses mais quentes são: Maio (28°,?) e Junho
(28o, 1). Os meses mais frescos são: Dezembro (35o,7) e
Janeiro (25o). Os mais húmidos são Julho (579,3Mm) e
'Agôsto (830,3““).
Durante o ano há, em média, 113 dias de chuva.

55
A parte oriental da Colônias, por via da sua disposição
orográfica, é a anais salubre.
Fauna — O recenseamento de animais, realizado em
1933, acusou as seguintes existências:

Bois ......... 91,298


Cavalos ........... 3$7
Burros «e mulas 3.011
Carneiros ....... 45-*5i
Cabras ............ 98.311
Porcos .............. 79-843

To tal (cabeças)........... 318,101

Flora — A Guiné é uma colônia muito produtiva, para


o que contribue consideràvelmentc a densidade da sua
população indígena, 11a sua maioria, dedicada à cultura
da terra.
O coconote, a mancarra e o arroz são os produtos
.agrícolas mais cultivados. Outros produtos, 110 entanto,
são objecto da cultura indígena e da dos caboverdeanos
e europeus que se instalaram na Colônia, como, por
exemplo, a cana do açúcar (para o fabrico de aguardente),
a qual absorve uma considerável actividadc em alguns
centros do interior da Colônia, prinopalmentc em
Bafatá e Farim,
Em menor escala explora-se ainda o milho, a man­
dioca, a bananeira, a laranjeira e o mangueiro.
O tabaco c a cola, produtos cuja importância é
essencial para o consumo dos indígenas, dá-se muito bem
na Guiné e a sua cultura oferecería, por conseqüência,
um grande interesse.
O coconote provém em grande parte do arquipélago
de Bijagôs. Imensos palmares da excelente E la e ís g u i -
neensis existem nesta Colônia, susceptíveis de produzir
dez vezes tnais «que a exportação média de 1925 a 1939,
a qual foi de pouco mais que 10.000 toneladas.

3 — S. TOMÉ E PRÍN CIPE

A Colônia de S. Tomé e Príncipe compreende, como


divisão territorial e administrativa do Império Colonial
Português, os territórios da Ilha de S. Tomé, da Ilha
do Príncipe, dos seus respectivos ilhéus, incluindo as
Pedros Tinhosas, e o Forte de S, João Baptista de Ajudá.
A sua capital é a cidade de S. Tomé, 11a ilha do mesmo
nome. A Colônia constitue um organismo administrativo
c financeiro autônomo sob a finalização da Metrópole.
Tem de superfície 996 quilômetros quadrados.
Montes — Os mais importantes na ilha de S. Tomé
são: 0 P ic o de S. T o m é , com a altitude «de 2.024 metros;
C a lvá rio , com 1.600 metros; P ico A n a Chaves, com 1.636
metros; e o P ico C a b u m b é, 1.403 metros. Na ilha do
Príncipe: o P ico do P r ín c ip e , com 1.000 metros; e o P ic o
Papagaio, com 893 metros.
Ribeiras — A g u a G r a n d e A g u a Izé, M a n u el Jo r g e ,
A b h a d e, l ó G ra n d e, C antador e R io do O uro, na ilha
de S. Tomé; e, na do Príncipe; Papagaio e R ib e ir a dos
F ra d es .
O litoral destas ilhas é muito recortado mas não. tem ■
nenhum pôrto natural amplo e de boas condições para
a navegação. O melhor é 0 da Baía de Oeste 11a ilha
do Príncipe. Os dois portos «comerciais são o da Baía de
A n a de Chaves, 11a ilha de S. Tomé e 0 de Santo A n tô n io ,
no Príncipe.
Climatologia — A zona baixa e costeira não tem bom
clima mas 110 interior e sobretudo 11a zona mais elevada
•é melhor.

^7
Da flora de S. Tom é, muito rica, interessa, principal-
mcnte, por se encontrar tôda em exploração, indicar os
principais gêneros da sua produção agrícola, ou sejam:,
o cacau, o café, o coconotc e a quina•

lí — AMGOLA

Angola pela vastidão do seu território só por si cons-


titue (e mesmo administra ti vamente) um «govêrno geral».
É um verdadeiro território de Império.
Indiquemos tanto quanto possível sumàriamente as.
características geográficas que definem este território.

Situação e área— Angola fica situada na costa oci­


dental do Continente Africano, ao sul do Equador,
estendendo-se desde os paralelos 40 2 1 ’ 26' c 18o 02’ 10”
de latitude Sul. Fica compreendida entre a embocadura
do rio Zaire c a do Cunene, tendo ainda ao norte
do primeiro distes rios os territórios do Enclave de
Cabinda, que defrontam ao N. do Chiloango com o
Congo Francês e ao S. e L. com Congo Belga. A super­
fície da Colônia 6 de 1.246.700 quilômetros quadrados.
Limites — Angola, no sul do Zaire, é lim itada, ao
norte e oriente, com o Congo Belga e pela Rodésia do
Norte, ao sul pelo antigo Sudoeste Africano e a ocidente
pelo Oceano Atlântico.
Angola divide-se sob o ponto de vista orográfico em
três regiões: a do litoral, baixa; a intermédia, monta­
nhosa; e a dos planaltos.
A região de transição para os planaltos c muito
acidentada, com altitudes que atingem 1,900 metros nos
pontos «de contacto com a orla do planalto de Benguela.
A região -dos 'planaltos divide a província em três
regiões orográficas. Dividem-na também cinco grandes
bacias hidrográficas: a do Zaire» a do Cuanza, a do
Cunene, a do Lubango e a do Zambeze. O regime
hidrográfico tem .particular importância futura pela
exploração possível das quedas de água.
Acrescentaremos apenas o que se refere aos portos
marítimos.
Hidrografia — Portos m arítim os: Cabinda, Santo An­
tônio do Zaire» Ambriz» Ambrizete, Luanda, Porto
Am-bokn, Novo Redondo, Benguela, Lobito» Mossâme-
des» Pôrto Alexandre, Baía dos Tigres, Landan, Guio,
Capulo, Lucira, Baía Farta e Baía dos Elefantes. Des­
crevemos os mais importantes:
P o rto de L u a n d a : Tem a superfície ancorável de 887
hectares, com fundos que vão de 7 a 57 metros, É bela­
mente abrigado, podendo acomodar grande número de
navios. Iniciou-se já o serviço de um plano inclinado,
que» -permitindo vistorias e reparações em embarcações de
cabotagem, evita essas reparações no Congo Belga, Come­
çaram a ser iniciados os trabalhos p relim in a res da ponte-
-cais de Luanda. O pôrto possue já um desembarcadouro
flutuante para passageiros e um muro-cais acostável de
400 metros em fundo. É testa do caminho de ferro
de Luanda a Malange, que atravessa uma vasta zona
de grande produção de gêneros tropicais: café, oleagino­
sas, algodão, etc.
P ôrto A m b o im : É a antiga Benguela-Velha. Pequeno
pôrto com bons fundos, constitue a testa do caminho
de ferro que serve presentemente as ricas regiões do
Amboim, Seles e Libôlo, produtoras e exportadoras de
café e oleaginosas. Mais tarde com a sua penetração ser­
virá a maior parte do distrito Cuanza-Sul, bem como a da
zona colonizável da Quibala,

* 9
\
Pôrto do Lobito: Análogo em configuração ao de
Luanda, tem a área ancorável de 45*9 hectares com
fundos que vão de 5,60 a 36 metros, podendo dar abrigo
a elevado número de navios.
Possue um cais acostável para atracação de navios de
;grande tonelagem, que, cm Março de 1528 era de 22 5
metros e actualmentc de 853 metros, «dispondo o pôrto
■ de grandes armazéns de betão armado, uma estação
-carvoeira e, uma vez terminado o seu apctrechamento,
passará a ser um pôrto com todos os requisitos modernos
<ç som dúvida alguma o primeiro pôrto de tôda a costa
ocidental africana.
O Estado dispendeu já no pôrto do Lobito mais de
800 m il libras. Só as obras realizadas de 1930 a 1934
custaram 58 inil contos.
£ testa do Caminho de Ferro de Bengucla (Lobito
.a Katanga-Congo Belga).
No plano de fomento jâ elaborado, conta-sc a repara­
ção e construção de cais acostáveis nos portos cie Novo
Redondo, Mossâmedes c Enclave de Gabincla.
Pôrto de Mossâmedes — É uma soberba baía com dois
iundeadouros. T e m uma superfície ancorável dc 399
hectares, com fundos de 4,5 a 33 metros, mas com vários
baixos de rocha e bancos de areia. Dá fundeadouro para
muitos navios. Como testa dó caminho de ferro de pene­
tração, êste pôrto é dos que menos possibilidades próximas
possue.
Pôrto da Baia dos Tigres: T em a superfície de 33.163
hectares, com fimdos de 5,50 a 36 metros, podendo dar
abrigo a milhares de navios. Como área c o maior pôrto
da costa, e um idos mais yastos de África. Não é susceptível
esta circunstância de lhe dar importância econômica,
~a qual «depende, entre outros factores, da sua função
comercial, quási por enquanto é nula. Acresce que a água

S o
potável de que dispõe, tem de ser captada do rio Coroe®
ou do Cunene.
Geologia e minas — Em 1933 foi publicada pelo Mi­
nistério das Colônias a primeira carta geológica de An­
gola, na escala de 1/5.000.000 com uma memória descri­
tiva, realizada pelos engenheiros Fernando Mouta e
Henrique 0’Donnell.
E m exploração: Na Colônia de Angola poucos jazigos,
minerais se encontram em exploração,
D iam an tes: Existem em Lunda, nos numerosos
afluentes do Chicapa, explorados pela Companhia dos.
Diamantes de Angola, Produção em 1939: 690477 qui­
lates,
C o b re: No distrito do Congo, as M in as do B e m b e
são exploradas pela Companhia de Minas do Cobre do-
Bembe, actualmente paralisada.
É conhecida a existência de cobre em vários pontos
do distrito do Congo (Bembe e Cuemba), na regilo do
Alto Zambeze e no interior do distrito de Mossâmedes.
Embora várias companhias tenham,- nestas três regiões,,
efectuado estudos e pesquisas, ainda até hoje não foram
exploradas minas com intensidade.
Em 1936, 1937 e 1938, o produto do trabalho de
pesquisa e reconhecimento foi de 350 toneladas.
P etró le o : Sôbre todo o litoral, mas principalmente ao*
N, de Benguela-Velha e Cacoba a Companhia de Petró-
leos de Angola tem efectudo trabalhos de pesquisa e-
sondagens.
C arvão: São conhecidos afloramentos de carvão asfál-
tico na região do Zenza, 'do Itombe, Calucala e Dondo.
JEnxofre: No Cabo Leio (Cuanza Sul) e principalmente
11a região do Guio e Dombe Grande, onde foram em
tempo exploradas.
O u ro : Os mais conhecidos são os jazigos de Cassinga
^Huíla}, mm há também ocorrências no -rio -Lombige
(Dembòs) e no interior de Mossârnedes.
Ferro: Aparece um pouco por tôda a parte, sendo
m ais conhecidos os jazigos de Mombassa e Bailundo.
Climatologia — Há, em Angola, duas estações bem
distintas, a quente ou das chuvas, e a fresca ou cacimbo,
caracterizando-se aquela por temperatura mais elevada e
por chuvas mais ou menos copiosas.
A das chuvas abrange os meses que vão de Setembro
•ou Outubro a A bril ou Maio e a de cacimbo os meses
-restantes,
A umidade relativa, a julgar pelo que se observa em
Luanda, apresenta o máxim o em plena estação de
cacimbo.
A temperatura decresce da zona baixa do litoral para
3 plánáltica e de Norte para SuL
É geralmente nas zonas planálticas que se encontram
as melhores condições para a colonização europeia,
A altitude destas zonas varia, em regra, de m il a m il
e oitocentos metros.
Fauna — A fauna da Colônia de Angola é riquíssima
e variada. Existem- em grande número, elefantes, búfalos,
leopardos, gato bravo, hiena, raposa, lontra, hipopótamo,
-cefos, palancas, pacaças, rinocerontes, zebras, javalis,
macacos, chacais, leões, onças, antílopes de todos os tama­
nhos, aves, palmípedes de tôdas as espécies, e uma grande
variedade de réptis, em especial cobras, crocodilos, ser­
pentes, etc.
Encontra-se também a palanca preta, a girafa, o rino­
ceronte branco e a zebra kuaça ou zebra das pedras, cuja
caça é proibida em todo o território da Colônia, por ser
Tara esta espécie de animais. Os galináceos existem em
grande quantidade e variedade. As aves domésticas da
Europa, que mais úteis são na alimentação, dão-se em
esplêndidas condições, Nas diferentes espécies pecuárias,
é muito rica a Colônia estando distribuídas por quási
todo o território, especialmente nos planaltos, e em
grande quantidade, a espécie bovina, que constitue uma
das grandes riquezas.
Outras espécies, como a ovina e caprina, suína, cavalar
e asinina, se -propagam em óptimas condições. A pesca é
abundante muito especialmente na costa Sul da Colónda,
considerada muito semelhante à costa da Mauritânia-
-Sahariana, quer pela abundância de peixe quer pela
semelhança da fauna. São dignos de menção os cinco
principais centros de pesca; Pôrto Alexandre, Baía dos
Tigres, Mossâmedes, Lucira e Baía Forte, onde a indús­
tria da pesca entrou mim período floresecente.
Distinguem-se entre os peixes de í.* qualidade, 19
variedades principais, e de s.* 18, havendo igualmente
grande quantidade de marisco, chôco, polvo e lula.
Entre os peixes de i.a qualidade, citam-se o pungo,
a corvina, o cherne, a garoupa, a tainha, a pescada, a
anchova, 0 peixe espada e o safio.
Entre os de 2.% o sarrajão, a sardinha, a cavala, a
savelna, o cação, o galhudo e o xarrôco.
A secagem, conserva e salga de peixe, exerce-se nos
cinco centros já citados, em grande escala, constituindo
o principal ramo da exportação do distrito de Mossâ­
medes.
Em; Benguela, Porto Arnboim e Luanda, tem a indús­
tria de secagem de peixe adquirido, nos últimos anos,
uma importância considerável.
Flora — A flora da Colônia de Angola é uma das mais
ricas da África Ocidental, em madeiras de construção e
marcenaria, produtos florestais, como sementes oleagi­
nosas, íesinas, gomas, cascas, frutos e sementes, contendo
princípios essenciais, fibras, etc. Merecem menção espe-

63
ciai os £leos e as sementes oleaginosas de várias palmeiras,,
especiálmentc «Dendem», fibras dé fôllias e de cascas
(Sansevierias, Imbondeiros, algumas ouLras Lakváceas),
etc., (musgo, urzelas e sucedâneos), gomas (copai e suas
variantes), borracha (das ervas, ide algumas Ficás, da
lianas e Funtumias), gutas, cero-resinas e ainda outros
produtos dc menos importância.
As riquezas latentes, estão representadas na cultura
do solo virgem que, em grandes extensões, se oferece por
todo o território da Colônia, com variadas aptidões agrí­
colas, o que permite a escôlha segundo os fins que se
tenham em vista.
Em Angola, há enormes «hinterlands», chegando nal-
guns pontos a ultrapssar em muito os i .000 quilômetros
de largura, pontos extremos ainda muito além dos «ter-
minus» actuais dos caminhos de ferro; as explorações
econômicas a essas distâncias dos portos de embarque,
t?cm de scr forçosamente muito reduzidas, apenas permi-
tindo a exploração dos produtos ricos de extracção ou
de grande e rendoso consumo local, como sejam os gados
e os mantimeiuos para alimentação de tôda a popu­
lação.
Quere dizer, os tipos de exploração agrícola tfem de
subordinar-se à distância a que estão da costa, à facilidade
ou dificuldade de comunicações e transportes e, ao mesmo
tempo, às possibilidades da zona em que se localizem.
Descriminamos as principais culturas de Angola:
Plantas ricas — Café: A sua cultura atinge a maior
intensidade nos distritos da Cuanza-Norte e Cuanza-Sul
e em certas manchas no de M alanje, estendendo-se na
direcção Norte até à margem esquerda do Zaire, q u e
ultrapassa, para reaparecer no enclave de Cabinda e espe­
cialmente no Maiombc, constituindo o seu principal pro­
duto de exportação.

64
É ainda possível cultivar econòmicamente o café nou­
tras zonas da Colônia.
Palmeira: Encontram-se grandes variedades em muitos
massiços florestais de Angola, nomeadamente no litoral.
É cultivada e explorada a do «Dendem» («Elaeis gui-
neensis»), que fornece o óleo de palma e o coconote,
produtos de grande valor.
Algodoeiros: Cultura de largo futuro, grandes rendi­
mentos, pratica-se com êxito em vários pontos, podendo
ampliar-se enormemente em toda a Colônia, excepto nas
regiões demasiado altas, desde que se escolham terrenos
apropriados.
Cana sacarina: Cultivada como produtora de açúcar,
pode a sua cultura alargar-se por todos os terrenos aluvio-
nais desde Nóqui até ao Cunene e da costa às regiões mais
internadas, excluindo apenas as regiões áridas e altas
onde não pode chegar a água de irrigação. Constitue já
hoje uma das explorações mais importantes da Colônia,
havendo algumas fábricas açucareiras apetrechadas com
maquinaria moderna.
Tabaco: Esta «Nicociana» desenvolve-se com exube­
rância, podendo Angola vir a.ser um grande centro pro-
dutor da piedosa fôlha. Produz-se já hoje em quanti-
dades apreciáveis.
Borrachiferas: A dispersão das borrachíferas introdu­
zidas em Angola é grande, encontrando-se na zona das
florestas e também vegetando bem em todas as outras,
mesmo em terreno sêcos, contanto que sejam permeáveis.
Cacau: As experiências feitas demonstram a viabili­
dade da sua cultura numa parte da região do Golungo
Alto, no Amboim e no Maiombe,
A sua cultura está mais desenvolvida nesta última
região (Enclave de Cabinda).
Mandioca: É cultivada em tòda a Colônia.

65
5
Como produtos derivados da mandioca, são notáveis a
«farinha de pau», a «tapioca», c ainda a «pérola», a
({goma de amido» e a «farinha de água».
A sua cultura é grandemente remunerada e econômica,
mesmo cm anos -de estiagem-, devido á sua manifesta resis­
tência à falta .de chuvas.
G êneros pobres — T rigo: J á entrou em cultura regular
lios planaltos de Benguela, Bié, Malangc e Huíla.
Arroz: A sua cultura, tanto do aquático como do de
sequeiro (ou de montanha), pode vir a ser um a das de
maior futuro na Colônia de Angola.
M ilhos: Cultiva-se em tôda a Colônia num grande
número de variedades, sendo a capacidade da sua pro­
dução demais conhecida pela sua exportação.
Plantas fibrosas: É vastíssima a possibilidade de terre­
nos em Angola para a cultura das agaves, tanto o sizal
como a furcroia, existindo já algumas plantações com as
respectivas oficinas de desfibração e tecelagem.
A m en d o im — É de grande riqueza a sua cultura pela
percentagem do seu óleo e pelo valor da sua extracção.
R ícin o — H á plantações desta oleaginosa no planalto
de Benguela, no Libôlo, Amboim, etc. É planta que se
adapta quási a todas as regiões da Colônia; encontra-se
nas lavras indígenas e até ladeando estradas sôbre terra
proveniente da abertura das valetas.
Centeio, A veia, Cevada e Sarraceno: A sua cultura
pratica-se nas regiões planálticas, no último período da
época das chuvas, sendo notáveis as produções de centeio,
de aveia e do sarraceno; êste pode dar, em virtude do seu
rápido desenvolvimento, duas culturas por ano, no mesmo
terreno.
Culturas fruticolas: Entre as muitas e variadas que
se praticam, devem mencionar-sc a banana, que pode
classificar-se como cultura industrial, não só para o

66
fabrico de massas alimentares, secas e até como farinha
extreme, mas também como planta fibrosa (sêda de
Manila) e produtora de excelente celulose. O ananás,
que pode ser exportado para ser consumido «en nature»
ou sob a forma de conservas e compotas, dá-se em quási
toda a Colônia e é de fácil cultura.
Podem fazer-se também pomares, alguns já existindo,
de muitas árvores de frutos da Europa, sendo notável
a adaptação dos cítricos (limões, laranjas e tanjerinas),
das maçãs, peras, pêcegos, nêsperas e ameixas, que além
do consumo na Colônia, podem ser exportadas para o
Congo Belga.
Produtos horticolasi Além de todos os tubérculos ali­
mentares, todas as hortaliças se dão em várias épocas do
ano, sendo a sua cultura já hoje vulgar nas zonas pia-
nâltieas.

III — M O Ç A M B IQ U E

Também a colônia de Moçambique é um vasto ter rí--


tório de Império que só por si deve ser considerado como
uma das quatro divisões do Império Colonial Português.
Indiquemos as suas características geográficas:
i

Situação e área— A Colônia de Moçambique está


situada na costa oriental da África. Banhada pelo Oceano
Índico, é limitada ao N. pela foz do rio Rovuma e ao
S. pela Ponta do Ouro, abrange uma extensão de 2.600
quilômetros, A superfície total do tôda a Colônia regula
por 771.125 quilômetros quadrados e está compreendida
entre os paralelos 10o 27' (S.) ao norte e 26o 5 1' (S.)
ao Sul.
Limites — A Colônia é limitada ao Norte pelo terri­
tório de Tanganika, 680 quilômetros; ao Sul pela
Suazilândia e Natal, 180 quilômetros; a Oeste pela
Niassalândia e Rodésia, 2.600 quilômetros, c Transvaal,
3.300 quilômetros; a Leste pelo Oceano Índico.
Orografia — As serras e montes mais importantes da
Colônia, de sul para norte, são:
Lourenço Marques — A Cordilheira dos Libombos,
dividida em; Grandes Libombos, com a altitude de 8041
metros, em Lmponduine, separando o distrito de Lou­
renço Marques da Suazilândia, e Pequenos Libombos,
com a altitude máxima de 275 metros.
Quelimane — Serra Manga , com 1.500 metros de alti­
tude; Montes Namuli, destacando-se 0 Pico Namuli, com
2.700 metros e os Picos Malenási, Merúli, Merési, etc.,
com elevações entre 2.000 e 2.500 metros; Montes
Milange, na fronteira da Rodésia, o Pico Tumbiné, com
1.600 metros; Serra Derre, com 1.4 15 nietros; Serra Mor -
rumbala , com 225 metros, nas regiões de Massingire. e
Zambeze, c Seira Chiperone, com 2.150 metros.
Tete — Monte Pocoruê, com 1.540 metros; Monte
sLumbe , na fronteira da Rodésia, ao norte, 1.300 metros;
Serra Mepanha, na região da Angónia, com 1.800 metros
no Pico M epulo; a Serra da Lupata , com 800 metros; a
Serra Fingoé , com a altitude de 1.540 metros no Monte
Tanzamba e a Serra Chiputo , com 1.672 metros.
Moçambique — Serra de Chinga, com 1.500 metros;;
Serra Cucuteia , 1.400 metros; Serra Inago, 1.300 metros;
Serra M anrimê, 900 metros; Serra Merripa, 1.000
metros; e Serra Ribaué, com 1.800 metros; Montes A jaus,
11a confluência do rio Rovum a com o Messinge, com a
altitude de 2.000 metros e os Montes Mecula, com 1.286
metros de altitude.
Pôrto Amélia — Montes Meconga e Merendane; Pla­
nalto dos Macondes, na região do mesmo nome e Planalto
de Mama, próximo do delta do Rovuma.

68
Território de Manica e Sofala — Planalto de Manica,
a leste da fronteira da Rodésia, sobressaindo o Monte
Massurusero, com 2,700 metros, o Monte Panga, com
1,990 metros, Monte Vengo, com 1,767 metros e Monte
Gorógué, com 1.830 metros; Serra da Gorongosa, tendo
ao Norte a região do Baixo Barué, com o Monte Miranga,
de 2.000 metros e os Picos Nhaíete e Gogogo, respectiva­
mente com 1.850 e 1800 .metros «de altitude, e o Planalto
do Barué, situado entre a região do Bonga, nascente do
rio Pompui, rio Luenha e fronteira da Rodésia.
Hidrografia — Rios: Os principais dos da Colônia de
Moçambique sao:
Lourenço Marques:
R io Incomati, nasce 110 Transvaal e desemboca 110
Indico, em frente às ilhas da Xefina 'pequena, Xefina
grande e Bengalane. Atravessa as circunserições de Marra-
cuene, Manhiça, Magude e Sabie. Os seus afluentes prin­
cipais são o Lomáti, Uanetze e Massitonto.
Rio Espírito Santo, em cuja «margem esquerda está
situada a cidade de Lourenço Marques, é formado pela
reünião dos três rios Tembe, Umbeluzi e Matola.
Rio Mopato9 que nasce na Suazilândia e atravessando
a circunserição do mesmo nome, vem desaguar na baía
de Lourenço Marques.
Rio Umbeluzi, nasce na Suazilândia e tem a sua foz
no estuário do Espírito Santo, a 5 quilômetros a montante
de Lourenço Marques.
R io Limpopo, que nasce próximo de Pretória, no
Transvaal, e desagua no Índico, ,atravessando as terras
de Gaza. Os seus principais afluentes são o Rio dos
Elefantes e o Ghengane,
Inhambane:
Rio Save, nasce próximo de Emerendolas (Rodésia do
Sul), e vai desaguar próximo de Mambone, 20 quilóme-
tros ao norte de Bartolomeu Dias. Lim ita o território de
■* Ma nica e Sofala com a Província do Sul do Save,
R io Inharrim e, que nasce na linha de lim ite entre
as «circunscrições de Inharrime, Muchopes e Zavala, vai
desaguar numa lagoa «que comunica com o mar (lagoa
Poeleia) c atravessa parte de Inhambane de oeste para
leste. Os seus principais afluentes são o Mocu-mbi, Chi-
como, Chongone e Inhamitando.
R io M utam ba ou rio de Inham bane, que nasce pró­
ximo de Inharrime. É navegável em parte, (É o antigo
rio do Cobre ou rio dos Reis), Desagua na baía dc
Inhambane.
R io Govuro, que nasce em Vilanculos, indo desaguar
na baía de Bartolomeu Dias.
R io Inhaliave, «que nasce em Homoine, atravessa o
distrito no sentido leste-oeste e vai desaguar no rio
Inhatócíié, na extinta circunscriçao de Panda,
Quelim anc:'
R io Molôcuèj que nasce no Alto Molócuè, desaguando
no Índico. Forina no seu percurso uma queda dc água
no Monte Ecupra, de uns 30 metros de altura, aproxima­
damente. Desagua a 30 «quilômetros ao norte de Moebaze.
R io M elela, que nasce no Alto Molócuè, desaguando
por meio duma rede de canais que o ligam aos rios Inse
e Moebaze. O seu principal afluente é o Mutisse,
R io T ejungo, que nasce nuina planície, entre os postos
de M urrua e Mulevala, desaguando no porto de Pebanc.
R io R a n g a , -que nasce perto de Mugeba. O seu prin-
cipal afluente é o Nipiode. Desagua a 35 quilômetros ao
norte de Mutiba.
R io Licungo, que nasce 11a vertente oeste de Nam uli.
Os seus principais afluentes são o Luo, Lugela e Nha-
Macurra. O percurso do Licungo é de cerca de 300 qui­
lômetros. Desagua próximo dc Porto Belo,


Rio dos Bons Sinais ou de Qtielimane, em cuia
margem esquerda está situada a vila de Quclixnane. Os
seus principais afluentes são o Licuare, o Lua-Lua e o
Mecambeze.
Rio Zambeze, que limita o distrito de Quelimane
com a Companhia de Moçambique. Nasce no Monte
Gaomba (próximo da fronteira de Angola), segue através
do .centro de África, 'correndo de oeste para leste, despe-
nha-se nas Cataratas da Vitória — as maiores do mundo:
200 metros de altura por 1.650 de largura — entra em
território português pelo Zumbo, e seguindo a jusante
de Cachombo, despenha-se nas cachoeiras de Queruabassa,
seguindo até ao Índico, fazendo 110 total um percurso de
Jt.soo quilômetros. Os seus afluentes principais são: na
margem direita, Panhame, Mufa, Luenha, Sangadze,
Mongola, Mepuze, Zanque e Mupa; 11a esquerda, Aruân-
gua -Grande, Mutâmbua, Macomba, Aruângua Pequeno,
Lina, Mavuzi, Revugue, Inhagombe, Muani, Ziud-Ziud,
Luenho, Mazaro, Chire e outros de menor importância,
Desagua em delta, ficando a foz do braço principal a
60 quilômetros do sul do Chinde.
R io Chinde, que nasce no' Zambeze à entrada do delta,
e desagua no Chinde (uma das bocas do Zambeze).
Rio Chire, é o afluente principal do Zambeze. Nasce
na parte sul do lago Niassa. O seu principal afluente
é o Ruo.
T ete: 9
Rio Zambeze.
R io Ántângua Grande, afluente do Zambeze. Nasce
a ocidente do Lago Niassa. Atravessa a Rodésia do Norte.
Recebe na margem bastante afluentes.
Rio Luia, afluente do rio Mazoe, que por sua vez o é
do rio Luenha, e êste do Zambeze. Nasce na Rodésia
do Sul é corta a fronteira sul do distrito de Tete. Recebe
nas suas margens grande número de afluentes.
R io M avuzi, afluente da margem esquerda do Zam-
beze. Nasce na Macanga.
R io Revugtte, afluente da margem esquerda do Zam-
beze. Nasce no extremo N. E. de Tete, atravessa a
Angónia e a Macanga.
R io Ziud-Ziud, liga o rio Zambeze ao rio Chire,
R io Panhame, afluente da margem* direita do Zam­
beze. Nasce na Rodésia do Sul.
R io M ufa, afluente da margem direita do Zambeze.
Nasce no monte Inhamatondo. T e m vários afluentes,
R io Luenha, afluente da margem direita do Zambeze.
Nasce na Rodésia do Sul, corta a fronteira E. do T e rri­
tório da Companhia de Moçambique. T e m bastantes
afluentes.
M oçam bique:
R io Ligonha, nasce na vertente sul da Serra do Inago,
Os seus principais afluentes são o Nam irruè e o Muli-
gudge. O Ligonha separa o distrito de Moçambique do
de Quelimane.
R io M ecuburi, que nasce na Serra de Ghinga e desa-
gua na baía de Memba.
R io M elú li, ou rio de Angoche, que nasce na Serra
de Chinga e desemboca no Canal de Moçambique.
R io Lotina, afluente da margem direita do rio Lúrio,
Nasce nos picos de Mamuli.
R io L ú rio , rio lim ítrofe do distrito de Moçambique
e do território do Niassa. Nasce próximo do lago Chirua,
na vertente setentrional do Monte Molumbo e vai desa-
guar na baía que tomou o seu nome. T em por afluente
o rio Malema, que nasce próxim o dos Picos Numuli e
da povoação de Paiva de Andrade.
Rio Lorde, nasce 11a Serra Chalúa ao $. do distrito;
desagua na costa sul de Angoche.
Pôrto Amélia:
Rio Rovuma, qúe nasce perto do Niassa — Tanganica
— desaguando ao norte do Gabo Delgado. É o limite
norte da Colônia e o rio mais importante da Província
do Niassa. Tem 850 quilômetros de extensão, dos quais
730 dentro da Colônia. T em por afluente o rio Lugenda,
que nasce no lago Chiuta e atravessa 0 lago Amaramba.
Rio Montepuez, nasce no monte Coronge e vai desa-
guar 11a Baía de Montepuez.
R io Messalo, nasce na serra Mepalama em Metarica,
atravessa a região dos Macondes e vem desaguar no litoral
próximo do Quiterajo.
Rio Megarma, nasce a N. E. no monte Mecumbe, e
vai desaguar na baía do Lúrio, Tem bastantes afluentes,
sendo os principais o Maracotela, o Luleio, o Bandar, o
Namope, o Lotiua e outros.
Lagos (mais importantes) — Lago Niassa, na fronteira
do distrito de Moçambique com a Niassalândia, Tem
uma superfície de go.ooo quilômetros quadrados. É de
grande profundidade, fàcilmente navegável. É o terceiro
dos grandes lagos africanos. Tem próximo de 600 quilô­
metro de comprimento e a sua largura varia entre 31
e 1x7 quilômetros.
Lago Chirua, que tem o comprimento de 56 quilôme­
tros e a largura de 28. Fica situado no extremo sudoeste
do distrito de Moçambique à entrada do rio Chire.
Lago Chiuta, está situaclo na fronteira do distrito
de Moçambique com a Niassalândia. O seu comprimento
é de 56 quilômetros e a largura de 4 a 16.
Há, além dêstes, outros lagos de menor importância
e uma série de lagoas nos vários distritos da Colônia.

73
4
Poríbs — Marítimos. Os principais portos da Colônia
de Moçambique, são:
Lourenço M arques, Inham bane, Beira, Chinde, Qttetí-
mane, M oçam bique, Ib o e Pòrto Am élia.
O pòrto clc Lourenço M arques c o melhor de toda a
costa sueste da África e o de m aior importância comercial,
e melhor apctrechado, dando entrada ao comércio para
o Transvaal e Suazilândia. T em aproximadamente um a
m ilha de comprido e capacidade suficiente para acomo­
dai', ao mesmo tempo, 12 navios dc alta tonelagem*
Existem nêle 1 1 grandes armazéns para depósito das car­
gas a sair e a entrar. A máxima largura da baía é de 36
quilômetros, c 0 máximo comprimento é de 24 quilôme­
tros. O ancoradouro tem uma superfície dc 30 quilóme-
tros e um a extensão de 14.
Para o serviço de cargas e descargas, hâ 38 guindastes
eléctricos, sendo 23 até cinco toneladas, 10 de três, 1 de
oitenta, 2 . dé dez, 1 de quinze, 1 até 8 toneladas; além
dêstes, há mais 10 automóveis, sendo 6 para o máximo
dc duas toneladas e 4 para o máximo de cinco toneladas.
Dispõe o pôrto de 3 rebocadores, sendo um de alto
mar, possuindo todos bombas para extinção de incêndio.
T e m um a doca seca com capacidade para navios de
1 .200 toneladas c 11 pés de calado, tendo de comprimento
262,6 pés, e de largura 44,6 pés; possuc também duas
bombas centrífugas que a esvasiam numa hora.
Esta doca custou cêrca de £ 50.000 e constituo, sem
dúvida, um dos mais importantes melhoramentos feitos
no pòrto,
O de Inham bane, situado a 2 14 m ilhas ao N. de Lou­
renço Marques, tem um abrigo seguro para os navios de
cabotagem, medindo 15 quilômetros de comprimento por
8 de largura. T em uma ponte acostável para navios cora
menos de 6,5 metros de calado.
O da Beira} está situado na margem esquerda do Rio*
Pungué .e é a entrada para a região inglêsa dos campos
auríferos de Maehona, da Niassalândía e da África
Central.
Nesse porto existem dois cais, o «Pungué)) e o «Chi-
veve». O primeiro tem 458 metros de comprimento e
está apetrechado com 15 guindastes eléctricos e o segundo
tem 450 metros de 'comprimento e está equipado -com 15
guindastes a vapor de 3 a 20 toneladas.
O de Chinde9 que dá acesso ao rio Zambeze, cujas
águas atravessam o território português desde o Zumbo
ao Canal de Moçambique. '
O de QuelimanCj que está situado na foz do Rio dos
Bons Sinais. Tornar-se-á de grande importância logo que
esteja desenvolvido o caminho de ferro do mesmo nome,
de que é «terminUs». O porto é bastante abrigado e a
altura das águas na barra é de 6,5 metros durante as
marés altas.
O de Moçambique, situado na ilha do mesmo nome
é inteiramente abrigado e era onde os antigos portu­
gueses da descoberta faziam porto de abrigo nas suas
viagens para a índia. É uni dos portos mais cômodos e
mais acessíveis da Colônia.
O do ZumbOj situado 11a baixa do Mossuril. É testa
do caminho de ferro do distrito de Moçambique.
O do Ibo, na ilha do mesmo nome e que dá fácil
comunicação com a vila.
O de Porto Amélia, de grande profundidade, onde
podem ancorar barcos de grande tonelagem, será da
maior importância quando estiver construído o projec-
tado caminho de ferro que o liga ao Lago Niassa, numa
distância de cêrca de 863 quilômetros.
Existem também, com uma importância limitada, os
portos de Chiloane, Bazaruto, Bartolomeu Dias (Compa-
aihia de Moçambique), Mocambo, Gondúcia, Fernão
Veloso, Nacala, Tim gue, Quionga, etc.
Cabos — Os principais são;
Cabo de Santa M aria, ao sul da ilha da Inhaca (na
península).
Cabo da Inhaca, à entrada da baía de Lourcnço Mar-
ques, na ilh a do mesmo nome.
Cabo das Correntes, ao sul do pôr to de Inhambane.
Cabo Bazaruto, ao norte d a ilha de Bazaruto.
Cabo da Barra,, ao norte da entrada da baía de
Inhambane.
Ponta da Barra Falsa, no litoral de Inhambane.
Cabo de S. Sebastião, ao norte de Inhambane.
Cabo de Bartolomeu Dias, no território da Compa­
nhia de Moçambique.
Ponta M rn iq u e , que separa a embocadura do lio
Fungue do pôr to da Beira (Companhia de Moçambique).
Ponta M itahone, no litoral de Quelimanc, limitando
a barra do Chinde.
Ponta de Tangalane, à entrada da baía de Quelimane,
.a leste.
Ponta do Cavalo M arinho, limitando a baía dc Que­
lim ane, a oeste.
Cabo da Cabaceira, ao sul da ilha de Moçambique.
Ponta Bajone, limitando a baía de Mocambo (Moçam­
bique).
Ponta Velhaca, na baía de Mossuril (Moçambique).
Cabo L eguno, ao sul da baía de Memba (Moçam­
bique).
Ponta Serissa, ao sul da baía do Lú rio (Cabo Del­
gado).
Cabo Delgado, ao norte da Colônia (Cabo Delgado).
Ilhas — As principais ida Colônia são:
Ilhas da Inhaca, dos Portugueses ou dos Elefantes^
à entrada dà baía de Lourenço Marques,
Arquipélago do Bazaruto, a nordeste de Inhambane-
e a sudeste da Companhia de Moçambique.
Ilha de Chiloane, ao norte de Quiteve (Companhia
de Moçambique).
Ilhas de Angoche e Mafamede, a este do distrito de-
Moçambique.
Ilha de Moçambique, a este do distrito do mesmo*
nome.
Ilha do Iho, defrontando o distrito de Porto Amélia..
Ilhas Moâjumbié e Tambuzi, à entrada de Mocimboa.
da Praia.
Clima — Tôda a zona litoral da Colônia de Moçam­
bique é baixa, arenosa e coberta de pântanos e lagoas,
possuindo as características dos 'países sujeitos às febres,
palustres. Para a aclimatação de europeus é melhor o
interior, sobretudo as regiões montanhosas dos Libombos,.
Barué, Manica, Mossurize, Niassa, etc., onde o clima é*
incontestàvelmente saüdável.
A temperatura média nos diversos distritos está com­
preendida entre 22o a 26o. Só em Tete se tem registado*
temperaturas de 45o à sombra.
Os meses mais quentes são os de Novembro, Dezem­
bro, Janeiro e Fevereiro, e mais frescos os de Junho,.
Julho e Agôsto. A época das chuvas pode dizer-se que
vai de Dezembro a Março, quási sempre acompanhadas,
de grandes trovoadas e vento forte.
Fauna — A fauna da Colônia de Moçambique é varia-
díssima e bastante rica, À excepção da raça cavalar, quási
todos os animais domésticos da Metrópole habitam estas-
paragens. Possue grande diversidade de animais selva­
gens, tais como: leões, leopardos, búfalos, hipopótamos,.

77
chacaisf> rinocerontes, elefantes, girafas, macacos, hienas,
raposas, íontras, cabritos do mato, bois-cavalos, gazelas,
impalas, inhalas, cudos, javalis, capricórnios, gatos bravos,
cães roedores c zebras; e na classe dc réptis há grande
variedade dc cobras, crocodilos, etc.
Das aves, abundam a garça, o grou, a avestruz, a per­
diz, a rôla, o pombo, a galinha da índia, a codorniz, o
ganso do Egipto c o marabu.
A costa é abundantíssima em peixe, encontrando-se
ainda toninhas, baleias c o «am ífero siremfdeo, conhe­
cido por dugango, que em Moçambique tem o nome
d e peixe homem e peixe mulher.
- Flora — Nos distritos dc Lourenço Marques e Inham-
bane abundam as essências espinhosas, várias espécies de
.acácias e ainda a trepadeira da borracha (Landolphia).
Existem árvores que dão madeiras muito procuradas
para a indústria de m obiliário e construção, como sejam
a chanfuta, mbila, etc. A flora dos disLritos de Quelimane
•e T ete tem a característica das regiões tropicais.
' N o distrito de Moçambique, encontram-se em abun­
dância 'madeiras como o mecrusse, a m bila, o jombire,
etc., que são próprias para construções e mobiliário.
N a Província do Niassa a flora é duma riqueza
enorme, havendo boas madeiras, tais comtí: sândalo, pau-
-ferro, teca, cajü, etc., algumas das quais são de difícil
trabalho em virtude da sua dureza.
Em tôda a Colônia e principalm cnte nas planícies
e margens alagadiças dos rios crescèm abundantemente
gramíneas.
As culturas cm grande escala, quer feitas pelos euro­
peus, quer pelos indígenas, são; milho, feijão, amen­
doim, gergelim, tabaco, algodão, sizal, rícino, borracha,
coqueiro, cana sacarina, citrinas, bananas, etc,, que cons­
tituem a maior riqueza dos territórios.
xv _ grupo das colônias do oriente

O mesmo -critério que presidiu ao agrupamento das


colônias africanas de menor expansão que, de um modo
geral e segundo a denominação tradicional poderiamos
chamar da Guiné, pode ser a*plicado ao agrupamento
das colônias portuguesas do Oriente.
A tradição histórica é a da reünião de todas as posses­
sões no Oriente num vice-reinado. Embora muito distante
entre si as colônias que compõem o nosso domínio no
Oriente, o agrupamento é também natural se olharmos
às suas semelhantes características e à sua pendência do
mesmo fàctor — a actividade comercial marítima.
Indiquemos as características de cada uma delas.

i — ím iA

Situação e área — O Estado da índia Portuguesa cons-


titue hoje o conjunto de três distritos: o de Gôa, na
costa do Malabar; o de Damão, na costa do gôlfo de
Cambaia; c o dc Diu, na costa de Guzeratc.
Gâa — O distrito dc Gôa e a região da costa do
Malabar, situado no extremo sudoeste da província de
Bijapur, Presidência de Bombaim, estando compreendida
entre os paralelos de 15o 48* c 14" 53* 30” de latitude N.
-e entre os meridianos de 73° 45’ e 74o 34’ de longitude E.
de Greenwieh, e abrange a superfície de 3.983 quilô­
metros quadrados.
Fazem parte do distrito as ilhas de Angediva, S. Jorge
e Morcegos, espalhadas no Oceano Índico, a pequena
distância da costa.
Damão— O distrito de Damão, situado na costa oci­
dental do Índico, a E. do gôlfo de Cambaia, 50 milhas
ao S. db Surra te, entre as latitudes de 20o 30 " e 20o 28' N.
e longitude E. de Greemvich 72o 49' 40” e 73o 1 3 ’ 10 ” .
Compreende as seguintes áreas: Damao grande, 157
quilômetros; Damão pequeno, 7,5 quilômetros; Praganá
Nagar A veli, 290 quilômetros.
D iu — O distrito de D iu fica situado no ângulo onde
o Oceano Índico se bifurca em dois gôlfos; o de Cambaia
e o da Pérsia. T em a área de 37 quilômetros quadrados.
CompÕe-se de três partes distintas:
I — Ilh a de D iu — Sede do distrito, situada na porção
meridional da península de Guzerate. As suas coorde­
nadas geográficas são: Latitude N. 20o 43* e Longitude E.
de Greenwich 720
II — A ldeta C ogolá— Situada em frente da cidade
de D iu e separada pelo esteiro ou ribeiro de Chassy, é
orientada no sentido do seu comprimento de S, W . a N . E .
e no de largura de N . E. a S. E., tendo a área de 2 q u i­
lômetros quadrados e o comprimento de 2 quilômetros.
I I I — Sim bor — Pequeno território na enseada do
mesmo nome, a 25 kls. de distância para o nascente de
Diu, onde existe um fortim (Pani Kota). Ê constituído
por uma ilhota e por duas faixas de terreno interceptadas
por um riacho ou esteiro conhecido pelo nome de «R io
Vançoso». O forte de Simbor acha-se circundado por um
pequeno terreno arenoso, muito freqüentado por pesca­
dores catiavarenses, chamados mackins, que lá vão secar
as suas rêdes e salgar o peixe.
Limites — Gâa — Confina ao N. com o território do-
Estado Nativo de Saunto Varim ou Savant-vadi, do qual
o separa o rio Arandem ou T irace; a W. com o Oceano
Índico, ou mais pròpriamente com o M ar Arábico; ao-
sul com a porção setentrional do Canará, e a leste com
a cordilheira dos Gates, que separa o nosso território
dos distritos britânicos de Belgão e Canará do Norte.
O seu maior comprimento do norte ao sul é de 105
quilômetros e a maior largura de leste a oeste é de t5o
quilômetros.
A baía de Gôa, formada pelos dois promontórios de
Bardez e Salcete, constitue um dos melhores portos de
abrigo na costa do Industão, banhada pelo mar da Ará­
bia. Entre os dois promontórios'jaz a ponta denominada
«Cabo».
O esporão saliente formado pelas elevações do Cabo
e Taleigão divide a baía em dois ancoradouros, o de
Aguada e o de Mormugão, ambos capazes de abrigarem
navios de alto calado.
O ancoradouro de Aguada é impraticável durante a
monção de S. W., isto é, ordinariamente durante o
período que decorre de 20 de Maio a fins de Setembro,
quer devido aos ventos e rebentações fortes, quer devido
k formação de bancos de areia no ancoradouro do rio de
Mandovi, que desagua em Aguada.
O mesmo não sucede, porém, com 0 porto de Mormu­
gão que é acessível ainda durante a monção. Êste porto
é um dos mais importantes da costa, testa da linha férrea
que, atravessando o território de Gôa, nos concelhos de
Mormugão, Salcete, Quepem e Sanguera, vai fazer parte
integrante do sistema ferroviário da índia Britânica.
Defronte de Mormugão fica a notável baía de
D. Paula, que é utilizada pelos passageiros que transitam
entre Nova Gôa e Mormugão, principalmente durante
o período do ano em que fica fechada a barra de
Aguada.
Damão — Pertence geogràficamente ao Guzerate e
divide-se em três praganas: Damão grande, situado na
porção meridional, com 26 aldeias e mais a Praça. Damão
pequeno, situado na parte setentrional, abrangendo os
territórios de Dadrá, Demni e Tiará; Praganá Nagar-

81
6
-Aveli/colocado ao S. E. das precedentes, compreendendo
37 aldeias.
As duas primeiras divisões acham-se situadas ao norte
do rio Calém, que serve de linha fronteiriça entre o
território de Damâo c o Colectorado de 7 'hanã, ao sul
do rio Coileque, que é a linha demarcatória entre o
Da mão e o Colectorado de Surra te. É confrontado pelo
E. com o território britânico e pelo W. com o Oceano
Indico (Golfo -de Cambaia).
A terceira, a mais vasta dc todas — a Praganá Nagar-
-A v a li— confinando ao nascente com o território do
Estado nativo de Dharanipur; ao poente com o rio que
de Gambirgad vai até Volgão; ao norte com os Colecto-
rados dc Thanã e Surrate e ao sul coín o Colectorado
de Thanã.
D iu — Limita-se p or E. S. e O. pelo dito Oceano
Índico e por N. com os tevritórios do distrito de Katiawar,
do R ajá dc Jamnagar. .
Orografia — O aspecto orográfico do território de Gôa
lembra um anfiteatro com declive suave para a costa.
A direcção da costa é obllquamente encaminhada
para o N. W. As grandes elevações que constituem a
região montanhosa de Gôa ficam situadas, na sua tota­
lidade, na zona leste, junto à cordilheira dos Gates, seiido
pequenas as elevações dos montes do litoral onde o
terreno é freqüentemente plano com ondulações mais
ou menos pronunciadas.
A orografia de Gôa explica, iperfeitamentc, na sua
maior parte, a sua rêde hidrográfica. A maior parte dos
cursos de água que banham o território de Gôa teem a
sua origem nos Gates.
Portos — M arítimos; D iu — Costa da Península de
Guzerate no Golfo dc Cambaia. É freqüentado ipor
embarcações veleiras e por vapores dc grande cabota-
gem. Nos últimos anos, tem sido demandado, raras
vezes, por barcos de longo curso,
Brancovará—-Tem insignificante movimento, sendo
antes um local de carga e descarga.
Shnbor — Situado ao nascente de Diu. Muito fre­
quentado por embarcações de pesca.
Fluviais: Monnugão — Na costa do Malabar — Oceano
Indico. — Situado à entrada e na margem esquerda do
rio Zuari. É o único porto aberto à navegação de longo
curso, sendo freqüentado durante todo o ano e constitue
ura dos melhores iportos de Malabar. É testa do caminho
de ferro «que põe em comunicação riquíssimas regiões
da índia Inglesa com o Oceano Índico. O seu movimento
tem aumentado sensivelmente a-pesar da grave crise
econômica mundial,
Nova Góa — Costa do Malabar — Oceano Índico.
— Fica situado na margem esquerda do rio Mandovi;
durante a monção S. W. (Junho a Setembro) está fechado.
Durante o restante tempo é muito freqüentado pelas
embarcações veleiras e pelos vapores da carreira’ entre
Nova Gôa e Bombaim.
Chaporã — Costa do Malabar — Oceano Índico. — Si­
tuado na margem esquerda do rio Chaporá. É freqüen-
tado por embarcações à vela de pequena cobatagem e
raras vezes pelas de grande cabotagem. É impraticável
durante a monção S. W.
Betul — Costa do Malabar — Oceano Índico. — Si­
tuado na margem esquerda do rio de Sal, É freqüentado
apenas por embarcações à vela de pequena tonelagem
e é impraticável durante a monção.
Talpona — Costa do Malabar — Oceano Índico. — Si­
tuado na margem esquerda do rio Talpona. É freqüentado
apenas por embarcações à vela de pequena tonelagem
e é impraticável durante a monção.
Tiracol — Costa do M alabar — Oceano Índico. — Si­
tuado na margem direita do Tiracol, que serve de fron­
teira no extremo norte do «distrito de Gôa. £ acessível
às embarcações de pequena tonelagem, sendo imprati­
cável durante a monção. O seu movimento é quási nulo.
Slnq uirim — C o s t a do M alabar — Oceano Índico,
— Situado na foz do rio Sinquirim , Antiga sede da
Capitania dos Portos, de 1856 a 1887. Actualmentc 6
freqüentado apenas por embarcações veleiras que aí se
vão abrigar dos ventos N . W, principalmente nos meses
de A b ril e Maio e ainda para fazerem a respectiva
aguada.
Damão — Costa de Damão c Golfo de Cambaia,
Situado na foz do rio San dal calo, è demandado por
embarcações veleiras. Desde o ano findo tem sido fre­
qüentado, raras vezes, por vapores de longo curso. O seu
movimento, porém, é muito pequeno.
Geologia — Segundo o interessante Anuário do Estado
da índia, relativo u 1930, a idade geológica do território
supõe-se pertencer à era terciária com ligação para o
cretácico superior.
Fauna — Caça: Encontram-se com abundância os se­
guintes animais: tigre, leopardo, onça, lince, gato bravo,
chacal., hiena, raposa, búfalo, urso, javali, macaco.
Grande variedade dc réptis c de aves.
Pesca: O mar que banha o território da índia Portu­
guesa é abundante em várias espécies de peixes, que
constituem uma parte importante da alimentação da sua
população e emprega-se também como adubo das terras.
A época ttiais própria para a pesca é a que vai de Setem­
bro a Maio, sendo geralmente feita por rêdes de várias
qualidades, c nos rios por armações fixas (estacadas).
O número de indivíduos registados na Capitania que
se .empregam nos vários serviços marítimos, anda cêrca
de 11,000. .....'• ? .
Flora — As regiões mais densamente arborizadas de
Gôa são Satari, Embarbacem, Pondá, Quepem e Canácona.
As Velhas Conquistas e Pernem são as menos -arbo­
rizadas.
Dêste facto resulta que a pluviosidade é fraca nestas
últimas regiões, ao passo que se toma manifestamente
elevada naquelas.
As principais culturas são o coco, o arroz e algumas
árvores frutíferas, dando-se também cereais, legumes,
plantas oleaginosas e cana de açúcar. 1

-1— MACAU

Situação e área — À península de Macau está situada


na Ásia, no extremo sul da ilha de Chung-Shan* (anterior­
mente Heung-Shan), também conhecida por ilha de
Macau, junto da costa oriental 'da China, no meio do
delta formado pelos rios do Oeste e de Cantão. A área
da península de Macau tem o máximo de 4.400 metros
de comprimento (Ponta da Barra à Ponta do C.êrco), por
3.300 de largo (extremo leste da Ilha Verde ao extremo
sul do Atêrro de Cacilhas), e é toda ocupada pela cidade
que é a capital da província; a superfície da parte
ocupada, península, ilhas de Taipa e Coloane, é de 14
quilômetros quadrados, dos quais cêrca de 5,247 quilô­
metros são pertencentes à cidade de Macau. Entre os
bons edifícios (públicos e particulares) de que a cidade
de Macau é dotada deve citar-se o' dos Correios, Telé­
grafos e Telefones, o do Palácio do Govêrno cora a sua
nova fachada, o do Comissariado da Polícia, o da Estação
Central do Corpo de Salvação Pública, a Ermida da
Penha, o Paço Episcopal e a residência do sr. F. J.

85
Gellioii, etc., pelas suas linhas arquitectónicas. Possue
também magníficas avenidas e ruas (asfaltadas umas,
cimentadas outras), templos e hotéis de prim eira ordem,
tanto para europeus como para chineses. A-cidade está
dividida em 1 1 bairros, que são: os da Sé, de Santo
Antônio, de S. Lázaro, de Monghá, do Sacong, do Sankin,
de S. Miguel, do Patane, Tam agnini Barbosa e 28 de
Maio, que è o mais recente e é habitado quási exclusi-
vamente pelos operários pobres.
A cidade de Macau pode equiparar-sc a qualquer
europeia, em tudo quanto diga respeito às comodidades
da civilização
* moderna. Assim, além das boas e lindas
avenidas c ruas bem pavimentadas, possue ela cabo
submarino, telegrafia sem fios, telefones automáticos,
elevadores nos edifícios altos, serviços de auto-omnibus,
de camionagem, de automóveis de passageiros, elcctri-
cidade para iluminação c indústria, água canalizada,
armazéns, estabelecimentos comerciais e bancários, fábri­
cas, hospitais, asilos, colégios, escolas, serviço de abaste­
cimento de água potável, devendo brevemente ficar
completa a réde de esgôtos.
Orografia —M onte: o da Guia, com 99 metros de
altitude.
Hidrografia — Portos: Exterior, destinado aos vapores
de grande cabotagem e de alto mar. Interior, destinado
aos vapores e barcos fluviais e de pequena cabotagem.
E o da Areia Preta, destinado aos barcos de pesca.
R io— Cantão, que a separa da ilha da Lapa.
Ilhas — Ilha da Taipa . Ilha de Coloane. Em litígio:
Ilha da Lapa. Ilha de Dom João (onde ainda mantemos
uma gafaria e uma escola municipal). Ilha da Montanha
ou Tai Vong Come, e um grupo de ilhas sem nome,
situado a sudeste de Coloane. Estas ilhas são estratègica-

86
mente de capital importância para a defesa e integridade
desta Colônia,
Clima— A temperatura média de Macau é cêrca de
18o, sendo a máxima de 34.0 e a mínima de 2°. Os dias
de calma são raros: as chuvas, abundantes no Verão,
repetidas na Primavera, e m ais. raras no Outono e
Inverno,

3— TIMOR

A Colônia de Timor compreende, como divisão terri­


torial e administrativa do Império Colonial Português,
os territórios constituídos pela parte oriental da ilha de
Timor, pelo território de Ocusse e Amheno, pela ilha de
Atauro e pelo ilhéu de Jaco, tendo por limites o Oceano
Índico e as fronteiras terrestres designadas na convenção
luso-holandesa de 1 de Outubro de 1904 e sentença
arbitrai de 25 de Junho de 1914. A sua capital é a cidade
de Dilly.
Situação e área— Situada entre as latitudes 8P 20’ e
io° 22' sul e as longitudes 132° 37’ e 136® 50’ Este (meri­
diano de Lisboa), ao nortê da Austrália. A Portugal
pertence a parte oriental — superfície: 18.990 quilôme­
tros quadrados.
Montes — É atravessada por uma cordilheira de eleva­
das montanhas, indicando o pico mais elevado 2.950
metros de altitude (Tata mai lati).
Ribeiras — Lacló, Laleia, Lôis, Batuto, B ui, Mota
Sahe, Ne Lulic e Massin.
Lagoas — Runecla e Bé Matai.
Portos de mar — D illy, Manatuto, Laleia> Venassi,
Bancan, Laga, Luivai, Lautém, Larê, Betano, Mamefai,
Suai, Liquiça, Manbera, Batugade e Ponte Mananar.
N

O clima de T im o r na região elevada, que nalguns


pontos se avizinha do litoral, c bom.

As. indicações sucintas que foram dadas bastarão, e


apenas a isso se destinam, para indicar os quadros geo­
gráficos gerais, e características mais salientes de tôdas
as nossas colônias. Evidentemente, as condições geográ­
ficas valem sobretudo pelo seu aproveitamento pela acti-
vidade humana.
Não sc olhe à desproporção entre as indicações gen-
gráficas referentes a Moçambique e Angola por um lado
c às referentes às outras Colônias. Em verdade, para se­
rem perfeitas as indicações geográficas como tudo o que se
refere àqueles dois vastos territórios carece de um estudo
àparte (indiquem-se desde já para Angola, como bons
auxiliares, os livros: «Geogragia de Angola» e «Clima de
Angola» de José R ibeiro da Cruz, para Moçambique as
publicações oficiais da Colônia) que para cada uma delas
mostre a todos os portugueses o que é a vastidão e o
complexo geográfico dêsses dois grandes domínios colo­
niais.
Visão de conjunto, esta apenas pretendeu indicar,
quanto a estas duas colônias, a sua grandeza.

88
III

GEOGRAFIA HUMANA E
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRA­
TIVA DO IMPÉRIO COLONIAL
N
V
1 — Política de cooperação racial

início, a nossa política de expansão colonial


D
esde
foi baseada num grande princípio rie respeito
humano -pelos povos colonizados. A sua definição
mais exacta é talvez a de cooperação racial se acrescen­
tarmos que. uma finalidade, mais alta ainda, a caracteriza
especialmente, a finalidade de uma crescente nacionali­
zação de tôdas as populações das nossas colônias.
Essa 'política tem uma base moral fortíssima e sempre
mantida, a d a Religião Católica, verdadeiramente sentida
e vivida com a mais humana compreensão »por todos os
portugueses.
Separar a nossa expansão colonizadora da ide ia mis­
sionária, Católica, que sempre a acompanhou seria negar
a realidade. Seria também tornar incompreensível quanto
fizemos e fazemos mais que nenhum outro povo coloni­
zador para a elevação das populações dos territórios
coloniais a que, por definição, por definição jurídica,
chamamos «indígenas)).
Não foi, até hoje, o que podemos chamar a «política
jurídica» tradicional dos portugueses e constante na sua

gr
expansão além-mar, suficientemente estudada, embora
sob aspectos parciais seja conhecida e sempre pelos que
da nossa obra têem consciência lembrada e louvada.
Esperemos para breve o longo estudo que requere tão
importante aspecto da nossa expansão. Importante, mais
ainda, porque marca uma das características da base da
formação do vasto mundo lusíada.
Êste carácter da nossa expansão colonizadora não é
desconhecido; mas, em verdade, -no seu conjunto não está
estudado e ' esclarecido. Sem isso há, evidentemente, o
perigo de se cair em erro pôr exagero, para menos ou
para mais, na consideração de cada um dos seus elemen­
tos eonstituitivos ou aspectos parciais. O melhor estudado
é sem dúvida o da acção missionária rejigiosa, destinada
a propagar a Fé Católica. Só êste intuito seria bástante
para tornar grande sob o aspecto humano, universal, tôda
a expansão portuguesa de que resulta prim eiro o Brasil,
depois, e hoje, o Império Colonial Português.
Um povo qu e se expande não levado principalmente
, de intuitos econômicos, embora não possa nem deva des­
prezá-los é nunca o tenha feito, um povo missionário e
que acompanhou com a sua acção a obra missionária
da Igreja não constrói o seu Império do mesmo modo
que outros cuja base do domínio é quási, senão exclusi-
vamente, uma actividade econômica.
A expansão marítima no Oriente (a do Prim eiro
Grande Império, marítimo, do século xvi) embora de
largos intuitos econômicos e baseada na fôrça de uma
grande economia comercial, subordinou êste aspecto ao
intuito mais vasto e mais humano da propagação da Fé
e- da defesa da Cristandade — d que chamamos «a obra
da Fé e do Império».
Muitos obstáculos foram criados ao nosso Império
no Oriente por êste superior intuito missionário. Talvez

92
entre as densas populações orientais, imbuídas de religiões
já superiores, a fórmula de fácil cooperação racial fôsse
mais do que um respeito pelas suas crenças, uma deter­
minação firme de as conservai'. O exemplo do Império
holandês da Insulíndia é bem claro. Mas a êle opômos
o nosso exemplo não só pela grandeza maior do intuito
moral que nos guiaVa como pelo resultado obtido de
uma verdadeira nacionalização, mesmo no Oriente, de
numerosa população de indianos, chins e tlmorenses.
É difícil dizer se êste caminho de nacionalização e
cristianização no Oriente se poderia estender a grandes
territórios e numerosa população e se seria mesmo em
absoluto benéfico, sob o ponto de vista geral da Civili­
zação. Por forte formação moral católica não poderiamos
ter usado de outro e uma longa tradição obriga-nos
mesmo ali ao cumprimento de uma lei moral que faz
parte da nossa continuidade histórica. Isto basta para
opôr a quaisquer objecções.
E isto nos deu — e é o que importa principalmente
— o carácter especial que atingiu resultados perfeitos e
em tudo admiráveis no Brasil e nas nossas colônias
africanas. Possivelmente, êste carácter nacional na expan­
são colonizadora estabelece maior eficiência na coope­
ração cora os povos gentios do que com os fiéis de
religiões missionárias também.
De qualquer modo o que importa aqui concluir é que
o carácter missionário foi, para a acção em África, o ins­
trumento perfeito de uma política de cooperação racial.
E não só elas mas o nosso carácter, provindo da formação
moral católica como de uma ingénita qualidade racial
revelada na própria conquista do território metropolitano.
Ambos fizeram dessa cooperação mais e melhor do que
isso uma fôrça assimiladora de outras raças, pelo espírito,
pela simpatia e pelo sangue.

9 3
s
Unia população portuguesa inicial mínima pôde assim
absorver outras -massas humanas, por vezes bem maiores.
E o altíssimo grau dêste poder de absorção é o que
caracteriza fundamentalmente a nossa raça portuguesa.
É uma das suas maiores forças e é tuna fôrça sem igual
em qualquer outro povo. Um português difícil e rara­
mente se deixa absorver. E posto em contacto com um
núcleo, ás vezes bem pequeno, de população portuguesa,
qualquer elemento estranho, de raça branca ou de côr,
de um grande ou de um pequeno país, será por êle
absorvido, as mais das vezes logo na prim eira geração.
Explicar tão alto poder da qualidade fundamental
dum povo colonizador que nos é própria e mais completa
e forte do que a qualquer outro povo, não cabe nos
estreitos limites dêste trabalho, que é e deve ser apenas
de conclusões. Mais do que as explicações teóricas é,
aliás, a sua demonstração por utna longa história colonial,
A unidade perfeita da população metropolitana é disso
um exemplo. E, no entanto, ela absorveu massas impor­
tantes mouriscas e judaicas, como de colonos nórdicos.
Na colonização das ilhas do Atlântico Norte (Açôres e
Madeira) também muitos elementos de populações nór-
dicas e outras, em menor escala, foram aproveitados e
pela fôrça absorvente da nossa raça com ela inteiramente
unificados.
O mesmo fenômeno em larguíssima escala se daria
no Brasil. Êle é, em constante formação, uma raça histó­
rica feita de diversas etnias. O produto moral e físico
tende sempre para uma unidade de tipo brasileiro, irmão
do português. Mesmo que cessasse a emigração portu­
guesa para o Brasil (e evidentemente, também, todas as
outras correntes emigratórias) a raça teria o cunho daquela
grande Pátria feita a-par-da expansão para o mar da
antiga Pátria sua raiz.

94
Uma raça portuguesa, raça histórica mas também de
crescente absorpçao no tipo antropológico português, é a
base da unidade brasileira, A mútua compreensão de
a manter e de apressar essa evolução está na base de todos
os necessários acordos que mantenham e intensifiquem
a emigração portuguesa para o Brasil.
Isto foi dito para que da obra realizada no Novo
Continente se perceba a que está em realização em
África.
Os elementos étnicos também alí se fundem numa
unidade a que o elemento português da Mãe-Pátria dá
o elemento absorvente.
O exemplo de Cabo Verde é dos máis claros. Pelas
condições geográficas o povoamento fêz-se ali principal-
mente com gente de raça negra.
Não foi numerosa a fixação de elementos raciais da
Metrópole. E no entanto aquelas ilhas não são de modo
algum, hoje, ilhas negras mas sim ilhas crioulas. São
Uucidativos os números referentes à sua população (1939),
que por isso indicamos desde já:

Brancos .................................. .......... 7,017


Pretos ............ ................................ 38.956
Mestiços .......: ................................... 128430

Mas há a acrescentar que mesmo a sua população


negra está nacionalizada, elevada moralmente à mais
íntima cooperação com a raça colonizadora. Há, sobre-
tudo, que fazer notar que aquêles mestiços caboverdeanos
são, em tildo e por tudo, e particularmente nos altos
valores intelectuais e morais que têem revelad.o, inteira­
mente dignos da melhor população branca e seus iguais
comòv resultante étnica c de carâcter estruturalmente
português,
Estes factos valem mais do que tôdas as teorias
ccraciais» sem base científica e contrárias a tôda a moral
humana que possam querer opôr-selhes. E elas são,
afinal, apenas a defesa de raças sem a mesma força íntima
e o mesmo poder de absorpção e que temem perder-se
na fusão com outras raças.
O problema poe-se, quer moral quer racialmeotc,
com maior importância nas duas grandes Colônias
africanas: Angola e Moçambique; A intensificação da
colonização branca, indispensável, virá a pôr o problema,
espcriano-Lo, com os mesmos benéficos resultados de
absorpção moral c racial dc tôda a população daquèles
territórios. É cedo para sobre ele concluir. A criação de
uma população civilizada não se faz nem por teorias nem
por acções bruscas — é o produto espontâneo, natural
c lento da obra das gerações sucessivas. O que podemos
desde jâ dizer é que, mesmo não absorvidas pelo sangue,
as populações indígenas o estão sendo e serão completa-
mente por uma assimilação crescente da nossa capacidade
civilizadora. Elas terão a mesma religião fundamental da
«Mãe-Pátria» da Metrópole. Elas terão como ela e de
acôrdo com ela um espírito c um caracter que será o
de portugueses. Nenhuma outra colônia africana pode
dc igual modo contar como as nossas desde já com tôda
a população indígena na defesa do caráctcr nacional e do
domínio português. Isto é também o resultado dc uma
política administrativa que não separa as sociedades indí­
genas da sociedade colonial dominadora, mas também
não as considera desde logo ((assimiladas» aos nacionais
por m era abslracção administrativa. Estas duas tendên­
cias divergentes que representam dois exagêros (o pri­
meiro seguido princtpalmente pela colonização britânica,
o segundo pela colonização francesa) estão por igual longe
da humana e equilibrada e constante actuaçao da admi­
nistração portuguesa,
O indígena não assimilado tem um código próprio
por que se rege e as suas autoridades também, mas lim i­
tadas as suas regras a pequenos núcleos de população e
não tendentes a formar poderosas sociedades indígenas.
E esse «Código Indígena)) não fixa necessariamente numa
sociedade aparte — e de qualquer modo submetida e
mantida em inferioridade — as populações aborígenes.
Prepara sim, através da disciplina da sua vida actual a
sua posterior elevação, Os assimilados — mesmo se racial­
mente diferentes do português colonizador, deixam de ser
legalmente considerados como «indígenas», São, embora
não absorvidos pelo sangue, portugueses, pois absorvidos
e elevados foram pela acção espiritual,
Esta política de cooperação racial e de finalidade
unificadora é a única que justifica inteiramente, e fora
de qualquer egoismo e interêsse da Metrópole, a reali­
zação da obra colonial.
O futuro, estamos em crer, mostrará como esta polí­
tica, que é da nossa própria tradição, fará, mais pronta­
mente e mais ricas dc qualidades humanas, duas grandes
nações africanas, do que qualquer outra obra colonial em
África.
De qualquer modo desde já prepara uma unificação
de cada colônia, uma unidade de todas entre si e com a
Metrópole que será indestrutível.
N ão. surgirão nelas (como não surgiram no Brasil
nem na Hispano-Ámérica) problemas de oposição de
duas populações convivendo em hostilidade no mesmo
território.
E da actual transformação por que passa o Mundo
surgirá com mais evidência ainda a necessidade de uma

97
7
fundamental fraternidade humana acompanhada de uma
mais urgente necessidade de nacionalização das popula-
ções de cada Império e da sua unificação moral e mesmo
racial. Tam bém dessas directrizes do Mundo futuro
teremos nós sido, como de tantas outras, os verdadeiros
criadores.
2 —Administração e Economia Civilizadoras

Entre os inúmeros problemas que suscita o estado


desta realidade admirável que é o Império Colonial
Português, um falta apenas entre aquêles poucos, mas
fundamentais, que escolhemos para dar uma visão d ara
da sua grandeza. É o que se refere ao earácter civilizador
da nossa administração, quer na sua estrutura quer na
sua actuação, e mesmo das actividades econômicas que
naturalmente realizamos,
Todos podem e devem conhecer os órgãos de admi­
nistração e também os resultados da sua actividade que
exporemos mais directamente ao encarar a obra do
Estado Novo nas Colônias porque ela emendou erros,
consagrou o que havia de bom e deu a necessária estru­
tura política e administrativa ao que fora antes obra de
conquista e de ocupação.
Poucos, no entanto, terão considerado o earácter fun­
damental da administração colonial portuguesa, Ela não
se destina à exploração mais ou menos inteligente, mais
ou menos egoista das colônias para enriquecimento exclu­
sivo c unilateral da Metrópole, Não foi essa nunca a
nossa tradição histórica. Mesmo no Império Marítimo e
Comercial do Oriente (no século xvi), onde a natural
tendência da actividade exercida levaria ao enriqueci­
mento exclusivo da Metrópole, não se deu.

99
»

Sirva de exemplo Gôa, enriquecida ela própria e os


seus habitantes, coberta de igrejas, de obras de arte,
outra Lisboa em tudo. Sirva de exemplo, também, Macau,
onde, a-pesar da sua pequenez territorial, sc construiu
uma cidade portuguesa rica das obras da sua civilização.
E não queremos dar como exemplo, e seria grandioso,
o Brasil, quási desde o início possuidor de núcleos de
alta cultura, de uma vida igual à melhor de Portugal
c de uma riqueza própria.
Encaremos as nossas colônias actuais c particularmente
as africanas. De tôdas elas só uma, e por condições geo­
gráficas que a tal limitam o seu caráctcr, é caracteristi*
camente uma colônia dc exploração, fazenda (e modelar)
na qu al a finalidade é o enriquecimento das empresas
metropolitanas que a exploram. É S. Tom é e Príncipe.
E mesmo nesta (como dc certo modo na Guiné, da qual
por ser recente a ocupação não poderemos tirar conclu-
soes), à-par dessa exploração há um enriquecimento que
sc fixa nos seus territórios e uma administração que vigia
os seus directos interesses e ao lado da protecção do traba­
lho indígena, nativo ou dc importação por contrato, mais
perfeita do que em qualquer outra colônia estrangeira,
Êste carácter da nossa administração revela-se melhor,
porém, nas duas grandes colônias dc Angola c Moçam­
bique como nas ilhas de Cabo Verde. Nestas, as condições
climatéricas nefastas à vida e desenvolvimento da sua
população (pela carência de chuvas e sua total falta
periódica) nem sempre tfíem permitido que se torne
cfcctiva a finalidade espontânea da nossa administração.
Mas a-pesar-de tudo criou-se uma população que tem
todos os direitos e deveres da população metropolitana,
a sua cultura, e que por isso pôde dar altos valores ao
Império. Isto quanto u população, sem esquecer que
a-par-de uma pobreza filha do clima em certas ilhas, há

100
uma riqueza noutras que não é drenada para a Metrópole,
mas ali sc fixou.
Quanto às grandes colônias de Angola e Moçambique
embora a riqueza metropolitana em grande parte dependa
da sua exploração inteligente, esta, porque o é, tem fixado
mais riqueza ali do que a canalizada para a Mãe-Pátria.
Uma grande parte das obras de fomento não sc destina
a uma imediata produtividade para a Metrópole. É fix a ­
ção da riqueza e desenvolvimento daquêles mesmos terri­
tórios, dos seus colonos e das suas populações. Em poucast
décadas as cidades desenvolvidas ou fundadas são em
número impressionante. O rápido desenvolvimento de
Luanda e de Mossâmedes; de Lourenço Marques e da
Beira, para só referir as maiores dentre elas, fá-las iguais
às melhores cidades metropolitanas, excluindo como é
óbvio, Lisboa, centro vivo da Metrópole.
E não ré apenas um desenvolvimento no que se limita
às condições da vida de relação com o exterior c mais
importaria à riqueza da Metrópole. É o desenvolvimento
prodigioso, a renovação ou a fundação de verdadeiros
núcleos urbanos que vivem já de uma vida própria,
moral e material, base de' uma grandeza futura.
Por igual é a acção nos vastos territórios do interior.
Criação de riqueza local. Criação de uma vida moral
de earácter português, pela instrução, pela obra missio­
nária, pela fundação de núcleos de desenvolvimento
interno.
Tudo isto que seria longo de exemplificar se mostra
pelos mais variados aspectos — na própria orgânica admi­
nistrativa, na obra de instrução e de assistência médica,
no fomento agrícola e pecuário, no desenvolvimento das
explorações mineiras, nos caminhos de ferro e estradas,
na farolagem das costas e, finalmente, no que mais que
tudo importa, na nascente fixação ali de uma população

101
\

V
branca. Esta finalidade colonizadora em desenvolvimento
crescente revela-se já na percentagem de população
branca que é a maior de tôdas as colônias da mesma
região inter-tropical da África.
A população branca m s colônias do continente afri­
cano, quási totaknente portuguesa, passa de noventa mil
indivíduos.
A percentagem em relação à sua população total é
assim desde já de 1,14 %, o que parece pouco, mas é
seis vezes superior à percentagem de população branca
das colônias britânicas, francesas ou belgas da mesma zona
geográfica.
Em relação à área territorial, só ás Rodésias com mais
fáceis condições eliiuatéricas, teem uma população branca
como a das nossas colônias.
Mas a esta população branca há que acrescentar uma
numerosa população mista, que representa 2 % da popu­
lação total dessas colônias africanas. Os nativos assimi­
lados (que 11a índia e Macau são quási totalidade da
população não mestiça ou branca), são muitos nas colô­
nias do continente africano. Assim, mais de 5 % da
população á já hoje verdadeiramente portuguesa. Trans­
crevemos por justas e equilibradas as palavras dc alguém
que dircctamente «de visu», colheu a impressão dessa
obra civilizadora, filha do caracter racial mas também
da finalidade voluntária c bem conduzida da nossa
administração.
«Quando se percorre o sul de Angola e nos planaltos,
em Nova Lisboa, em Sá da Bandeira, nas pequenas
povoações da H uíla, ou em Mossâmedes e em Porto
Alexandre, por tôda a parte, se veem homens brancos
de Portugal, e não apenas funcionários ou comerciantes,
mas colonos, pescadores e agricultores, trabalhando ao
sol da África, mede-se ainda melhor o valor do esfôrço

102
do povo português. E quando, alguma vez, se viram as
eseolas cheias de crianças brancas já nascidas em África,
compreende-se fàcilmente que os portugueses metropoli­
tanos não estão nas Colônias de passagem, como tantos
outros europeus, e sim prolongando Portugal para sempre
no continente negro»,
Tudo ista leva a uma conclusão: a de que as colônias
portuguesas são territórios em crescente e progressiva
nacionalização. E tem uma explicação — o carácter civi­
lizador que domina tôda a administração colonial por­
tuguesa, tendente a formar países num grande todo
Imperial e não a manter campos de exploração para ã
Metrópole.
Ela mesma se imporia às nossas actividades econômi­
cas para as tornar, não empresas de mera exploração
em benefício da Metrópole, mas também de enriqueci­
mento local.
Nos seus contratos com as grandes emiprêsas êsse tem
sido o seu constante cuidado. Mas, na verdade, não era
em absoluto necessária a imposição desse intuito da nossa
administração. O próprio carácter do português, mesmo
ao dar-se às actividades econômicas o mais exclusiva­
mente, tem levado a nossa própria actividade econômica
a ser fixadora da riqueza nas colônias, tanto pelo gênero
da exploração preferida como pelo emprego dos seus
lucros em grande parte no território onde foram obtidos.
Correspondendo à fixação populacional nos territórios
coloniais e reforçando o seu poder civilizador é esta uma
tendência que vemos desde sempre na nossa história da
expansão.
Podemos dizer sem receio que se a nossa grandeza
e fôrça econômica dependem em muito das colônias,
muito mais, e às vezes com o mais pesado sacrifício,
tem dado a Metrópole às Colônias para seu engrandeci-

i o3
>
mento e evolução progressiva para uma civilização igual
àquela de que somos o núcleo criador.
E quaisquer que sejam os obstáculos e ameaças sabe*
mos que com o nosso esfôrço e mantendo as altas direc-
trizes da nossa acção colonizadora muito própria, faremos
do Império Colonial aquilo que é a sua grandiosa fina­
lidade futura: um Império Português.

104
3 “ A lg u m a s in d ic a ç õ es s o b r e vid a
econômica, população e administração
das Colônias Portuguesas

Alguns dados bastarão para corroborar as afirmações


anteriores e para completar a visão clara do que é o
Império Colonial Português.
Como para os anteriores índices geográficos, agrupa­
remos as nossas colônias nas quatro grandes divisões:
Colônias Africanas do Atlântico Central; Angola; 3yio-
çambique; e Colônias .do Oriente, A justificação destes
agrupamentos está feita e melhor resulta ainda a sua
realidade das indicações sobre a sua economia e orga­
nização administrativa.

I — C O L Ô N IA S A F R IC A N A S DO A T L Â N T IC O CENTRAL

i — CABO VERDE

População — Pelos números estatísticos de 1939 a po­


pulação total do arquipélago era de 174.703 habitantes,
assim distribuídos:

Brancos 7.017
Pretos 38-956
Mestiços 128.730

10S
N *
y *

A população de Cabo Verde, distribuída pelas ilhas,


consta do seguinte quadro, também relativo a 1939:
Ilhas Brancos Mestiços Pretos Totais
Boa V is t a ............ 44 «*559 689 2.922
Brava .................. 2-397 7.017 482 9.896
Fogo ................... 43 ° 18 .J9 7 4.170 22.897
M a io ..................... 2 923 1.16 7 2.092
Santo Antão ...... 850 27.628 5*192 35.670
Santiago ............. 1.20 1 44.854 22.629 68.684
Sal ........................ 82 1.058 524 I.664
S. Nicolau ........ 4 31 14 .112 463 15.OO6
S. Vicente .......... 1.580 12.282 I.640 15.503

7.017 128,730 38-596 174.403

Vias de comunicação— Vias marítimas: O arquipé­


lago é servido, nas suas relações com a Metrópole, pelas
companhias portuguesas Nacional de Navegação e Colo­
nial de Navegação, bem como pela companhia inglesa
M ala Real. Outras companhias estrangeiras também fre-
qüentam o pôr to de S. Vicente.
Estradas — O número de estradas do arquipélago tem
sofrido últimamente grande desenvolvimento.
Em 1939, as estradas para automóveis atingiram 396
quilômetros, aos quais convém juntar 700 quilômetros
de outros caminhos carreteiros, repartidos, na sua quási
totalidade, pelas ilhas mais populosas: Santo Antão, San­
tiago e Fogo.
Comunicações telefônicas — Por fios: A colônia possue
uma rede telefônica com a extensão de 3 19 quilômetros
de linhas telegráficas ou telefônicas com 23 postos pú­
blicos e duas centrais manuais com 103 subscritores,.
Sem fios: Tôdas as ilhas estão dotadas de estações
radioeléctricas que permitem as comunicações telefônicas

x 06
entre elas, tendo a estação da Praia potência bastante para
garantir as comunicações telefônicas com a Metrópole.
Comunicações telegráficas — Por cabos submarinos;
Existem na Ilha de S, Vicente duas estações de cabos
submarinos, uma que centraliza o tráfego permutado pela
«The Eastern And Western Telegraph C° Ltd.» e a
outra pertencente à Companhia Italiana Dei Cavi Tele-
grafici Sotomarini.
Sem fios: Existem na colônia onze estações radioeléc-
tricas localizadas nas diferentes ilhas, destinadas às comu­
nicações telegráficas entre si, sendo as comunicações com
a Colônia da Guiné feitas por intermédio da estação da
Praia. Além destas, está instalada na Praia uma estação
radioeléctrica da Companhia Portuguesa Rádio Marconi,
que assegura as comunicações com a Metrópole, outras
colônias e estrangeiro.
Comunicações radiotelegráficas — Possue a colônia
duas estações radiotelegráficas situadas respectivamente
em S. Vicente e Cidade da Praia e que são destinadas a
assegurar o serviço de navegação marítima. Para o serviço
de navegação aérea estão instaladas ainda duas estações,
uma em S. Vicente e outrá na ilha do Sal, esta última
explorada pela «Ala Littoria».
Serviços Aéreos — Pelo aeródromo da Achada Grande,
perto da cidade da Praia, passam normalmente os aviões
da «Air France», empregados no serviço postal Europa-
-América do Sul.
A ilha do Sal estava, em 1940, sendo utilizada pela
companhia «Ala Littoria», na exploração das suas carrei­
ras aéreas para o Brasil. O movimento dos aviões italianos
foi, nesse ano, 0 seguinte:

Entrados ................................................ 101


Saídos ............... ............ ........... ........... 103

/o 7
\

Dentro de pouco tempo a Aero Portuguesa em serviço


combinado com aquela companhia francesa, iniciará com
regularidade a exploração da linha Cabo Verde-Lisboa,
bem como estabelecerá ligações com as demais colônias
portuguesas de África.
Situação econômica — Cabo Verde não atingiu ainda
todas as suas possibilidades na agricultura e na indústria,
No que respeita à agricultura nas ilhas ocidentais
há uma notável tendência para maior desenvolvimento de
várias culturas.
O nativo procura «tirar da terra o indispensável para
as suas necessidades: o milho, a mandioca, a batata doce
e o feijão.
Quanto à indústria existe já : a das conservas de
peixe, nas ilhas de Santiago, Santo Antao, S. Nicolau,
Boa Vista e Sal; destilação de aguardente de cana, prin­
cipalmente em Santiago e Santo Antão; de tabacos,
sabões e refrigerantes, em S. Vicente; do fabrico de cal,
na Boa Vista; de extracçao e exportação de sal, nas do
Sal e Maio, etc,
O comércio faz-se quási exclusivamente com a Me­
trópole,
Divisão adm inistrativa — A Colônia de Cabo Verde
está dividida em doze concelhos, sendo dois de i.a classe
(Praia e S. Vicente), quatro de s .a classe (Fogo, Brava,
R ibeira Grande e S. Nicolau) e seis de 3 / classe (Santa
Catarina, T arrafal, Maio, Paúl, Sal e Boa Vista).
A principal autoridade nos concelhos é 0 adminis-
trador. Os concelhos são divididos em freguesias, tendo,
como chefes, delegados administrativos (regedores).
Divisão eclesiástica — A Colônia tem um Bispado,
cuja sede é S. Nicolau.
Ensino prim ário — Em 1939, existiam na colônia 15

j oS
escolas centrais e 94 postos de ensino primário oficial,
com 147 professores, que tiveram o seguinte movimento:

Alunos

Matriculados ......................... 5.936


Saíram durante 0 ano ........................ 792
Chegaram ao ano findo ................... 5.144

Ensino secundário — Existe um liceu que 110 mesmo


ano de 1939 teve o seguinte movimento:

Alunos (matriculados)

i.° ciclo ............ .................................. *73


» ............................ ..................... 10*
3 * » *........................................*........ 13

Total . 388
GUINÉ
População — A sua distribuição rácica, é a que segue:

Brancos ................... ...................... 5-648


Mestiços _
Negros ) ........... ’ ............................. 3+5-627

T o t a l........ 351.275

Sob o ponto de vista de nacionalidades a distribuição é:

Portugueses (dos quais 533 origi­


nários da Metrópole ou oriun­
dos de outras colônias portu-
" ■guesas) 340.159
Estrangeiros...................................... 304
340.463

1 og
Vias de comunicação — Vias marítimas: Está a G uiné
em ligação com a Metrópole por carreiras da Companhia
Colonial de Navegação (passageiros e carga).
Os cargueiros da Sociedade Geral de Comércio» Indús­
tria e Transportes» Ld.% também ligam Lisboa com Bissau
e Bolama; porém, tais barcos não recebem normalmente
nem carga nem passageiros de conta alheia.
Vias fluviais — A Guiné acha-se cortada, em todos os
sentidos, por linhas de água, canais ou braços de mar,
que no seu conjunto oferecem uma rêdc navegável
computada em 3.800 quilômetros.
Estradas — Segundo os dados oficiais, em 1937, havia
já 11a Guiné uma rede de estradas com um desenvolvi­
mento de 3.341 quilômetros. Estas estradas cortam a
Guiné em todos os sentidos, comunicando ainda com
o Senegal e a Guiné Francesa, mas, sobretudo, ligando
entre si os centros agrícolas e comerciais.
Desta forma a vasta rede fluvial é admiràveknente
secundada por estradas, na sua maioria muito bem con­
servadas, o que contribue eficazmente para o desenvol­
vimento econômico da Colônia.
C o r r e i o s e telégrafos — Comunicações telefônicas
— For fios: A Colônia possue uma rede telefônica com
a extensão de 989 quilômetros de linhas telefônicas ou
telegráficas com uma central manual de 19 subscritores.
Sem fios: Existem duas estações radioeléetricas; uma
situada em Bissau e outra em Bolama, que permitem
estabelecer entre si ligações telefônicas. A estação de Bis­
sau permite também estabelecer as comunicações telefô­
nicas com Cabo Verde e a Metrópole.
Comunicações telegráficas — For cabos submarinos:
Existem na Colônia duas estações de cabos submarinos
em Bissau e Bolama que são exploradas pela «West Afri-
can Telegraph Company Ltd,».

1 1o
Por fios: Existe uma rede telegráfica com dezanove
estações ao longo das linhas cuja extensão é de 989 quilô­
metros.
Sem fios: Existem três estações radioeléctricas situadas
em Bissau, Bolama e Bubaque, destinadas a assegurar as
comunicações telegráficas entre si e comunicando ainda
a de Bissau com a colônia de Cabo Verde.
Comunicações radiotelegráficas — Existem duas esta­
ções radio telegráficas situadas em Bissau e Bolama desti­
nadas exclusivamente ao serviço da navegação marítima.
A de Bolama faz ainda comunicações com as aeronaves
c 0 serviço meteorológico.
Navegação aérea — A cidade de Bolama é ponto de
escala das carreiras de navegação aérea entre New-York
e Lisboa, exploradas pela companhia «Pan American
Airways)).
E s t a t í s t i c a — Movimento comercial — A balança
comercial da Guiné pode ser considerada, a partir de
1919, como equilibrada, uma vez que, aos valores men­
cionados pela estatística alfandegária e respeitantes à
exportação, juntarmos os que são deminuídos nas habi­
tuais declarações dos exportadores. Estes últimos devem,
segundo a opinião expressa do director dos Serviços
Alfandegários da Colônia nos seus relatórios oficiais,
subir a 25 %.
Segundo os últimos elementos estatísticos, do ano de
1941, a importação para consumo e a exportação nacional
e nacionalizada totalizaram 114.618 contos, assim distri­
buídos:
Importação g eral................ 49,621 contos
Exportação g eral............ 64.997 w
Navios de longo curso nacionais entrados em 1941:
53; estrangeiros entrados: 4.

111
Indústrias — Além de pequenas indústrias de carácter
urbano e nas mãos de europeus, uma fábrica de tejolos
e tres fábricas dc descasque de arroz com os maquinLsmos
mais aperfeiçoados e modernos, e algumas cerralharias,
há digna de nota uma fábrica de extracção de óleo de
palma, no arquipélago de Bijagós.
Entre os indígenas existem diversas pequenas indús­
trias, como as de cerâmica, ourivesaria, trabalhos de
coiros, panos, etc.
Missões — Católicas: T e m actualmente a Guiné cinco
missões religiosas, tôdas católicas, a saber:
Missão Central dc Santo Antônio de B ula (Bissau),
compreendendo dois internatos, um masculino, outro
feminino.
Missão Central de Bolama (S. José de).
Missão Sucursal dc N .a S.a da Natividade de Cacheu.
Missão Sucursal de N .a S.8 da Candelária dc Bissau.
Missão dc N.a S.a da Graça de Gêba.
A Missão Central dc Bula, a dc Bolama, e a Sucursal
de Cacheu estão a cargo das Missões Franciscanas Por­
tuguesas; a dc Bissau a padres seculares.
A paróquia de Farim c assistida pela Missão dc Santo
Antônio dc Bula.
Divisão adm inistrativa.

Concelhos Circtmscrições Postos


Cubisseque
B olam a ...............................................................................................................................
Falacunda
Biombo
B issau ......................................................................................................................................
Saíim
Bambadinca
Bafa tá Cpntubo — El
Gêba
Concelhos C ir c u n s c r iç õ e s Postos

Bissau
Canhabaque
Caravela
Bijagós........................... -
Formosa
(Sede: Bubaque)
Uno
Cacine
1Catió
Btiba............... .................
|Xitoli
Mampatá
Bula
Caio
Calequisse
Canchungo
Cacheu..................
Pecíxe
S, Domingos
Sedengal
t Suzam
l Bijine
Farim ...................... .—
1Mansabá
• ( Madina
Gabú ................................. } Pitche
(Sede: Sara) ( Sonaco
[ Binar
' Bissoram
Mansôa.............................
) Cumerá
f Eoxalé

A Guiné é uma Prefeitura Apostólica com sede em


Bolama.

11 3
3 — S. TOMÉ E PRÍNCIPE

População— Em 1940, 60.490 habitantes, assim dis­


tribuídos;

.................. 995
Amarelos ................... 13
Estrangeiros
Indianos .................... 12
f Mestiços ..................... 2.804
| Negros ....................... 56.66G

Divisão administrativa — Compreende dois concelhos,


o de S. Tom é c 0 do Príncipe, e a residência de S. João
Baptista de Àjudá.
Judie ial — Pertence à Relação de Luanda, com uma
comarca em S. Tom é e um julgado instrutor no Príncipe.
Militar — Corpo de Polícia indígena.
Eclesiástica — Vicariato da Arquidiocese de Luanda.
Estradas — O tráfego de pessoas e de produtos, 110 ter­
ritório da ilha de S, Tom é, é efectuado por estradas públi­
cas, caminhos municipais e particulares, e por caminhos
de ferro tipo «Dccauville»; os numerosos rios existentes,
de natureza torrencial, dadas as características topográfi­
cas da ilha, com forte relêvo orográfico, não permitem
a sua utilização como excelentes c econômicas vias de
comunicação, que geralmentc são em territórios de pla­
nície,
É interessante a disposição daquelas vias de comunica­
ção terrestre, no território da ilha.
Como se sabe, a principal riqueza da Colônia, reside
na produção e exportação do cacau, café e oleaginosas.
Estes produtos agrícolas são cultivados e recolhidos cm
tôda a superfície da ilha, c seguidamente drenados pelas
colectoras de tráfego terrestre citadas para a grande via

114
de circulação que é o mar, com destino ao centros consu­
midores da Europa e da América.
Em 1940 era de 305 quilômetros a extensão das estra­
das da Colônia,
C o r r e i o s e telégrafos— Comunicações telefônicas
— Por fios: A Colônia possue uma rede com a extensão
de 339 quilômetros de linhas telefônicas 011 telegráficas,
com treze postos públicos e uma central manual com
158 subscritores.
Sem fios: Estão a ser montados dois postos radioeléc-
tricos, um em S. Tomé e outro no Príncipe, que permiti­
rão estabelecer as comunicações telefônicas entre as duas
ilhas. Além dêsses dois postos estão encomendados mais
seis: três para S. Tomé e três para o Príncipe, permitindo
o posto destinado a S. Tomé as comunicações telefônicas
com Angola e a Metrópole.
Comunicações telegráficas — Por cabos submarinos:
Existem duas estações, uma em S, Tomé e outra na Ilha
do Príncipe pertencentes à «West African Telegraph
Company Ltd.» e que servem para as comunicações entre
estes pontos.
Por fios: Existe uma rêde telegráfica com três estações
ao longo da linha cuja extensão é de 339 quilômetros.
Sem fios: Existe em S. Tomé uma estação radioeléc-
trica destinada às comunicações com a colônia de Angola
e por intermédio desta com o exterior.
Está em montagem uma estação radioeléctrica no Prín­
cipe e dentro de menos de um mês essa ilha estará em
ligação telegráfica com S, Tomé pelos nossos próprios
meios» Para a estação de S. Tomé foram encomendados
mais três postos, um dos quais com potência suficiente
para estabelecer as comunicações telegráficas com Luanda,
Cabo Verde e Metrópole.

1 rS
Tahibém para o Príncipe foram encomendados mais
três postos, esperando-se que pelo menos dois dos enco­
mendados estejam já montados para garantia da explo­
ração das suas estações antes do aparecimento desta
publicação.
Comunicações radiotelegráficas — É a estação radio-
eléctrica instalada em S. Tom é que assegura o serviço
com a navegação marítima,
A estação que está a ser montada no Príncipe permi­
tirá o serviço com a navegação que sc dirige para aquela
ilha.

II — ANGOLA

População — Raças e tríbus: Em Angola podem con­


tar-se duas raças indígenas, os Boximanes, actuais repre­
sentantes dos aborígenes, e a grande fam ília «Bântu».
A raça Roximane encontra-se localizada no distrito
de Mossâmedes e bacia inferior do Cunene. A esta per­
tencem as tríbus dos bacuissos, ba-cubais, ba-coxocas,
ba-euandos c ba-cassequeres, apresentando todos os mes­
mos caracteres etnográficos: vida errante, não cultivando»
a terra e vivendo da caça.
A raça «Bântu», fixada em quási toda a Colônia,,
pode dividir-se nas seguintes tríbus: Cabinda, Mussuron-
gos, Ba-congos; Eschi-Congos, Holos-Ambaquistas, Dem-
bos, Quissamas, LLbolos, Amboins, Musscles (região do*
Seles), Holos, Bangalas, Lusukus, Lundas, Quiôcos, G in­
gas, Bailitndos, Sambos» Biénos, Quimbundas, Lutchazes,
Lobalcs, Ambuelas e Ganguela, Mondombos, Banhanéca,.
Ban-cunibi, Cuamatos, Cuanhamas.

i 16
E sta tística — À população in dígen a, em 1934, tinha a
seguinte formação:

Negra .................... ...................... 3.147.045


Mista ................. ........................ 19.872

N ã o in d íg en a ■
— Branca:

Nacionais ................ 56.256


Estrangeiros ............ . 1.842
--------- 58.098

3.225.015

Pela última estatística, o total de habitantes de Angola


è de 3.738.010.
Indústrias indígenas — Com caráeter ainda primitivo
e com pouca duração existem as seguintes: oleiros, ouri­
ves, cesteiros, ferreiros e trabalhadores em marfim.
Vias de comunicação—-V ias f lu v ia is — As principais
vias praticáveis para barcos de im,20 de calado são:
R io s C h iloango e L u a li — No território de Gabinda.
Têem 60 quilômetros navegáveis.
R io Z a ire — Na margem portuguesa, tem 120 quilô­
metros, nos quais é praticável a navegação oceânica.
R io L o g e — É navegável em 100 quilômetros do seu
percurso.
R io B en g o — Tem 40 quilômetros navegáveis.
R io Cuanza — É navegável em 100 quilômetros do seu
percurso.
Além destes, há outros rios navegáveis para pequenas
embarcações de calado não superior a 0^40, de entre
os quais merecem menção o Cuango, o Luachimo, o
Lungué-Bungo, o Cunene, o Cubango, o Cuito e o
Guando.

1 1 7
Estradas — Existiam em 1925-1936: 2 4 .118 quilôme­
tros. Construíram-se em:
Quilômetros
1936' 192*7 .................................. 1.552
19*7-1928 ..................................... i.*66
1928-1929 ........................................... 1.8l6
ig^CJ-iggO ............................................... I.l8 6
I 93OI 93I ............................................... 1.729
1 931 - 193» ............................................. 1.398
1 93 2- i 933 ............................................. 1-379
1934-1936 ............................................... 1-337

U.663

Em 1940 era de 37.050 quilômetros a extensão das


estradas da Colônia,

Caminhos de ferro — Número de quilômetros existen­


tes nos seguintes anos:

1888 ................ 45
1 8 9 9 ........................................................... 363
1 9 0 7 ........................................................... 5 15
19*3 .............................................. !-104
1926 ........................................................... 1.676
1934 a 1937 ................................. »-3'8

Em 1939, a extensão de linhas férreas atingiu 2.323


quilômetros.
C o r r e i o s e telégrafos — Comunicações telefônicas
— Por fios: A Colônia possue uma rede com a extensão
de 10.685 quilômetros de linhas telefônicas com cinco
postos públicos e dezasseis estações manuais com 973
subscritores.

/ 1 <V
Sem fios: Estão a ser m ontadas vin te e um a novas
estações radioeléctricas q u e p erm itirão as com unicações
telefônicas entre os p rin cip ais centros de actividad e d a
C olônia, podendo a estação de L u a n d a co m u n icar directa-
m ente com a M etrópole.
Comunicações telegráficas — P o r cabos subm arinos:
E x iste m na C o lô n ia três estações da «W est A fric a n T e le -
graph C om p an y L td ,» , situadas em L u an d a , B en g u ela
e M ossâm edes, q u e servem para as com unicações e n tre
estes pontos e tam bém para as com unicações com o
exterior.
P o r fios: E x iste um a rêde com 233 estações telegráfi­
cas ao longo das lin h as cu ja extensão é de 10.685 q u ilô ­
metros.
Sem fios: H á treze estações radioeléctricas do Estado,
situadas em diversos pontos da colônia, p a ra assegurar
as com unicações internas com S. T o m é e u m a estação
da C o m p an h ia P ortuguesa R á d io M arconi, situada em
L u an d a, para as com unicações com o exterior.
Comunicações radiotelegráficas — E xistem n a C o lôn ia
seis estações rad iotelegráficas, situadas em C ab in d a,
L u an d a, M ossâmedes, N ovo R ed on d o e B a ía dos T ig re s ,
destinadas exclu sivam en te às com unicações com a n a v e ­
gação m arítim a. *
Estão a ser m ontadas seis estação radiogoniom étricas,
em L u an d a , L o b ito , M ossâmedes, N ova L isb o a e V ila
H e n riq u e de C arvalh o , para assegurarem os serviços de
navegação aérea. E stá tam bém em curso a m ontagem de
vin te e um a novas estações radioeléctricas, q u e assegura­
rão as com unicações telegráficas d en tro da C o lô n ia e com
S. T o m é e P rín cip e.
A estação de L u a n d a terá potência bastante p a ra
estabelecer as com tm icações telegráficas directas com a
M etrópole,

* ' 9
\
I

Serviços aéreos — C a rre ira s R a n d -W in d h o c k -L u a n d a ;


L u a n d a -W in d lio c k -R a n d .
D ivisão ad m in istrativa — Província de Luanda (sede;
L u a n d a ) — D istrito s d e : L u a n d a (sede: L u a n d a ) ; G a b in d a
(sede: C a b in d a ); C o n g o (sede: M a q u e la do Zom bo);
C u a n z a N o rte (sedei V ila Sal az ar); Z a ire (sede: V ila d e
S a n to A n tô n io do Z aire),
Província de Benguela (sede: B e n g u e la )— D istrito s de:
"Benguela; C u a n z a S u l (sede: N o v o R e d o n d o ); H u a m b o
(sede: N o v a L isb o a).
Província do B ié (sede: S ilv a P ô rto) — D istrito s d e:
B ié (sede: S ilv a Pôrto); M o xirn o (sede: V ila L u so ).
Província da H uíla (sede; S á d a B a n d e ira ) — D istrito s
d c : H u íla (sed e:"S á d a B a n d e ira ); M ossâm ed es; M a la n je ;
L u iu la (sede: V ila H e n r iq u e de C a rv a lh o ).

Ensino primário

N ú m e ro dc escolas .................................. G7
» » postos escolares ................ 11
» » professores ..................... .. 13 4
» » alu n o s ............................. 5 .5 5 3

Ensino prefission a l

E sco las o fic in a s .......................................... 6


N ú m e ro de professores ....................... 20
)) » alu n o s ............................. . 889

Escolas agrícolas primárias

N iu n e ro ........................................................ 6
» de professores .......................... 9
» » alunos ........................ 179

12 0
Escola elementar profissional de artes e ofícios da
«Casa dos pobres de Luanda»

N ú m ero de alunos ................................. 54

Escola prática de pesca e comércio de Mossâmedes

N ú m ero de alunos ................................. 53

Escola primária superior do Barão de Mossâmedes

N ú m ero de alunos ................................ 17

Liceus
Nacional de Salvador Correia
N ú m ero de alunos . . .............................. 438

Nacional de Diogo Cão

N ú m ero de alunos ...................... .......... 195

M ovim ento c o m e rcia l— A n gola é das nossas p ro v ín ­


cias u ltram arin as a q u e efectua com a M etrópole m ais
activo com ércio. O total a tin g iu 110 ano de 1940, 4 12 m il
contos, sendo 284 m il de im portações m etropolitanas e
1 2 7 m il de exportações.
A b alan ça com ercial de A n g o la tem m arcado, sem
interrupção, desde 1 9 3 1 , saldos positivos qu e se acentuam
sobretudo a p a rtir de 19 36 .
N o ano de 1940 a exportação su b iu a 372.56 6 contos
e a im portação fo i de 2 2 8 .3 3 1 contos. A v u lta m entre os
produtos exportados os diam antes, com mais de 93.000
contos, o açúcar com m ais de 42.000 contos, o m ilh o com
uns 50,000 contos, o café com 27.000 contos, pescarias e
seus derivados ao red o r de 17.000 contos, e ain d a o algo­
dão, sisal, fe ijão , m andioca, rícin o, eoconote, etc.

1 2 1
Divisão eclesiástica — Arquidiocese de Luanda, Dio­
cese de Nova Lisboa e Diocese Silva Pôrto,

III — MOÇAMBIQUE

População — Raças — A raça <que habita a Colônia de


Moçambique é a «Bântu», que se divide em grupos ou
sub-raças, assim especificadas: Rongas e T o n g a s— Lou-
renço Marques, Gaza e Inhambane; Shopes e Sengas
—r Territórios de Manica e Sofala; Angónis — Tete;
Macúas — Quelimane, Moçambique e Niassa; Iaus ou
Ajauas — Niassa.
Indígenas — A população indígena de tòda a Colônia
de Moçambique, segundo o censo de 1930, era 3,960,361,
sendo 1.896.981 varões e 3,063.380 fêmeas, incluindo
as crianças de ambos os sexos, o que dá uma densidade
de população, incluindo a não indígena, de 5,3 habitantes
por quilômetro quadrado.
A distribuição dos seus habitantes, segundo o censo
de 1940, é a seguinte:
Indígenas Não indígenas
Lourenço Marques ... 7'78. i 83 39.039
ínhambane ................. 43*494 4.13 3
Quelimane ................... 1.433.103 4.984
T ete .............................. 482.364 1.842
Moçambique .............. 1.433.103 4.984
Pôrto Am élia ............. 475453 1-557
Manica e Sofala ....... 424.897 9.821

População indígena ....... 5.035.815


» não indígena 55451

5.081,366

122
Divisão e c le siá stic a — A rquidiocese de Lou ren ço M a r­
ques, Diocese da B e ira e D iocese de M anipula.
Indústrias indígenas — O laria. T ra b a lh o s de p alh a:
cêstos, sacos, esteiras, etc.
T ra b a lh o s de m adeira: pratos, gam elas, copos, tra ­
vesseiros, bengalas e trabalhos de escultura, nos q u ais são
exím ios os ma condes.
T ra b a lh o s de ferro: enxadas e ferros p ara flechas
e zagaias.
D iversas in dústrias: carvão vegetal, sal, óleo de rícin o ,
cera, cordas, preparação *de peles, tintas, etc.
A p esq u isa de ouro de alu vião só é conhecida dos
indígenas da Zam bézia, Zum bo, M asoé, L ú rio , etc.
Vias de comunicação — Vias fluviais — O Zam beze é
único rio da C o lô n ia que com porta navegação im portante
e regular.
Form a o porto m arítim o do C h in d e e por êle saiem
alguns produtos das regiões m ais rem otas cia C o lôn ia,
como sejam as do d istrito de T e te .
As em prêsas q u e fazem a exploração dos transportes
flu viais neste rio, desde o C h in d e a T e te , cap ital do
distrito, c en tre as localidades m ais im portantes do
mesmo rio são: C o m p an h ia da Zam bézia, A F lu v ia l, N .
V ladescu e S en a Su gar States, etc.
A navegação no L im p o p o , q u e se faz para o serviço d e
cabotagem entre V ila de Jo ã o B elo e L ou ren ço M arques,
deverá au m en tar consideravelm ente, q u an d o fô r feita a
exploração econôm ica do vale do L im p o p o , c u jo projecto
de irrigação já foi aprovado pelo G overno da M etrópole.
Estradas — A C o lôn ia de M oçam bique possue h o je
um a rêde de estradas 'muito com pleta, que não só esta­
belecem as ligações internas d e d istrito para distrito e
de circunscrição para circunscrição, m as ain d a com o
T ra n sv a a l, Suazilân d ia, R o d ésia N orte, R o d ésia S u l,

/ 23
\

y
Niassalândia, etc., cm número de quilômetros apreciá­
vel e em boas condições de conservação. O número de
automóveis e camiões vai aumentando de dia para dia,
sendo já hoje de alguns milhares em toda a Colônia.
Desta forma acabou o uso da onachila e outros trans­
portes primitivos.
O número de quilômetros de estradas que permitem
o trânsito a automóveis era, em 1940, de 59.260.
Caminhos de ferro — A rêde ferroviária em 1941, da
Colônia de Moçambique, com urna extensão de 1.503
quilômetros, dos quais 649 são explorados por emprêsas
particulares, é hoje muito importante, principalmentc a
de Lourenço Marques, que liga esta cidade ao Transvaal
e Suazilândia, e a de Moçambique, linha de penetração,
que se dirige ao Lago Niassa. Outros traçados estão em
via de estudo e conclusão, no distrito de Lourenço Mar­
ques e nos distritos dc T ete e Moçambique. Os caminhos
de ferro da Colônia, administrados pelo Estado, estão
subordinados à Direcção dos Serviços dos Portos, Cam i­
nhos de F en o e Transportes.
C o r r e i o s e telégrafos — Comunicações telefônicas
— Por fios: A Colônia possuc actualmente uma rêde com
a extensão de 10.130,9 quilômetros de linhas telegráficas
ou telefônicas com três postos públicos e 16 centrais
manuais com 1.995 subscritores, dos quais 1.739 estão
ligados dircctamente às respectivas centrais.
Comunicações telegráficas — Por fios: Existe uma rêde
telegráfica, não incluindo os territórios de Manica e So-
fala, para as comunicações internas e com os países lim í­
trofes, com cento e noventa e cinco estações ao longo das
linhas, cuja extensão é de 5.393 quilômetros na província
do Sul do Save e 7.737,9 quilômetros nas províncias da
Zambézia e Niassa, ou seja no total dc 10,130,9 quilô­
metros.

1 24
Sem fios; E x iste m n a C o lô n ia dezasseis estações rad io-
eléctricas fixas, situadas em diferentes pontos para asse­
gu rarem as com unicações entre si e tendo como cen trali­
zadora de todo o tráfego a estação de L o u ren ço M arques,,
que tam bém com unica direetam ente com a Ín d ia P o rtu ­
guesa. A lé m destas, q u e são do Estado, possue a C o m ­
pan h ia P ortuguesa R á d io M arcon i um a estação em
L o u ren ço M arques p ara com unicações a longas distâncias
e destinada exclu sivam en te p ara o serviço com o e x ­
terior.
Comunicações radiotelegráficas — E xistem na C o lô n ia
três estações radiotelegráficas situadas na B eira, L o u ren ço
M arques "e M oçam b iq u e, destinadas ao serviço e segu­
ran ça da navegação m arítim a.
Dotadas de radiogonióm etros encontram-se tam bém j á
instaladas na C o lô n ia seis estações radioeléctricas qu e asse­
gu ram o serviço da navegação aérea. Estas estações estão
localizadas em L o u ren ço M arques, In h am b an e, B e ira ,
Q u elím ane, M oçam b iq u e e T e te .
Serviços aéreos — C arreiras L ou ren ço M arq u es-R an d .
C arreiras L o u ren ço M arques-Pôrto A m élia.
Situação financeira — E m 31 de D ezem bro de 1958,
os fundos existentes nos diferentes cofres do Estado,
ascendiam a 14 5.4 8 0 lib ras e 2 7 5 .9 12 contos, No an o
econôm ico de 19 3 7 , as receitas foram d e 7 13 .7 4 2 contos
e 2 7 1.8 5 9 lib ras.
A despesa foi de 188.674 contos, não in clu in d o a
despesa da D irecção dos Serviços dos Portos, C am in h os
de F erro e T ran sp o rtes, nem as da Com issão de B e n e fi­
cência e A ssistência P ú b lica.
E m 3 1 de D ezem bro daquêle ano, a libra-ouro estava
cotada, oficialm en te, a 1 7 7 ^ 8 . A s transferências sô b re
Lon d res faziam-se com um prêm io de dois p or cento,
e as transferências sôbre L isb o a pagavam um prêm io d e

125
y
dois »por cento. A taxa de -desconto era de nove por
cento (Banco Nacional Ultramarino).
A receita arrecadada em 1935-1936 foi classificada
pela forma seguinte:
Contos Libras

Impostos d irecto s............ I I I .8 5 4 3 3 4 -5 5 8


Impostos indirectos ....... 6 1.5 5 6 10 1.0 0 3
Indústrias em regime tri- *

butário especial ....... 10.360 5 7 -5 6 i


T a x as— Rendimentos de
diversos serviços ....... 22.077 393-916
Domínio privado, emprê-
sas e indústrias do
Estado, participação
de lu c ro s..................... 10.567 I6 .4 7I
Reembôlsos e reposições IO.816 9 -1 5 7
Consignações de receitas 14.6 3* 2.076
Receita extraordinária... 2 9 -9 1 7

Total.......... 271.839 713*743

No mesmo período a despesa do Estado teve a dis­


tribuição que segue:
C o n to s

Govêrno da Colônia e representa­


ção n a c io n a l.......... ...................... 1.760
Administração geral e fiscalização G1.573
Serviços de fazenda ......................... 21.473

A transportar............ 84.805
C o n to s

Transporte,.,........ 84.805
Serviços de ju stiça ............................ 3765
Serviços d e fo m e n to ......................... 34707
Serviços m ilitares ...... ........................ 14.904
Serviços d e m a r in h a ......................... ,4 .18 4
Aposentações, jubilações, pensões e
1'eform as ............ ................... 10.974
Encargos gerais ................................... 2 1.9 3 8
E xercícios findos ............................... 7 34
Despesas extraord in árias .................. 3.547
D ívid a da C olônia ............ . 13 5

T o t a l............ 188.673

Movimento comercial —■À exportação atingiu a cifra


de 171,136 contos em 1940 e a importação foi de 431,891
contos no mesmo ano,
A percentagem de troca com a Metrópole subiu em
relação aos anos anteriores.
As principais mercadorias-exportadas no ano de 1940
foram: açúcar com 49,531 contos, algodão com mais de
38.500 contos, copra com 17.814 contos, castanha de cajú
com 15.330 contos, sisal com 10.833 contos e o amendoim
com 10,900 contos.
Das mercadorias importadas no mesmo ano sobressaem
o arroz com 6.946 contos, a farinha de trigo com 9,571
contos, os tecidos de algodão com 65.313 contos e vinhos
com mais de 33.000 contos.
Divisão, administrativa — P ro vín cia do S u l cio Save
— Distritos dc: Lourenço Marques e Inhambane.
P ro vín cia do N i assa - - Distritos de Moçambique e
Porto Amélia.

12/
\

Vias fluviais — P o r d ecreto d e 2 0 -3-9 0 6 fo i co n sid erad o


m o n o p ó lio d o E stad o a n a v e g a çã o a v a p o r nos rios d e
G ôa. A e x p lo ra çã o é fe ita p elo s S e rviço s A u tô n o m o s d a
N avegação F lu v ia l, sob a su p e rin te n d ê n c ia d o ca p itã o
dos portos. E stão estabelecidas as segu in tes c a rre ira s q u e
dão se rv e n tia aos p rin cip a is pon tos d o d istrito d e G ô a
e o n de são transportados a n u a lm e n te c e r c a d e 90 0.000
passageiros:
Carreira de D. Paula-Mormugão-Vasco da Gama — São
feitas v á ria s carreiras d u ra n te o d ia , lig a n d o os con celh os
das Ilh a s e M o rm u g a o . O seu h o rá rio é In tim am en te
lig a d o ao h o rário do co m b ó io W . I. P . R l y .
E s ta c a rre ira suspende-se, o rd in à ria m c n te , e m 1 de
J u n h o , d e vid o à m o n çã o S. W . e re co m e ça e m p rin cíp io s
d e S e te m b ro .
Carreira Pangim-Sanvordem — Uma c a rr e ir a d iá ria
p e lo can al de C a m b a r ju a . E s ta c a r r e ir a se rv e m u ito s
pontos in te rm e d iá rio s dos con celh o s das Ilh a s, P o n d á,
Salsete e Q u e p e m .
Carreira Pangim-Beíim-Verem — T e m v á ria s caTreiras
d e h o ra a hora. U m a o u tra c a rre ira su b sid iá ria fo i re­
c en te m e n te e stab elecid a e n tre P a n g im e B e tiin , fazendo
se rv iço no in te rv a lo d a q u e la c a rre ira .
Carreira Pangim-Peligão-Volvoi — S e rv e v á rio s p o n to s
e n tre P a n g im e V o lv o i, fazendo escala e m d iverso s lu g a ­
res d o r io M a n d o v i e c a n a l d e N a ro a .
Carreira Pangim-Aldonã — S e rv e tôdas as povoações
no rio de M a p u ç a e n tre P a n g im e A ld o n ã .
O s S erviço s A u tô n o m o s d e N avegação F lu v ia l pos­
su e m seis lan ch as a v a p o r e u m «fe rry -b o a t» a gasolina.
E m b re v e d eve m ser re ce b id a s d u as lan ch as c o m m o to r
« D ie se l» e d o is gasolin as.
Estradas — T ê e m tido ú U im a m e n te g ra n d e d esen vol­

/ 3 o
vimento, A sua extensão em 1940 atingiu 663 quilôme­
tros, assim distribuída:
572 quilômetros no distrito de Gôa
70 » » » » Damão
21 » » » » Diu
C am inhos de fe rro — Extensão: 82,220 quilômetros
explorados.
C o r r e i o s e telégrafos — Com unicações telefônicas
— Por fios: O Estado da índia possue uma rêdc com a
extensão de 502 quilômetros de linhas telefônicas ou
telegráficas para as comunicações internas e com os paí­
ses limítrofes, com cinco 'postos públicos e uma central
manual com i 12 subscritores, dos quais 103 estão ligados
directamente à respectiva central.
C om unicações telegráficas — Por fios: Existe uma
rêde para o serviço interno c com a índia Britânica,
compreendendo sessenta e sete estações telegráficas ao
longo das linhas cuja extensão 6 de 529 quilômetros.
Sem fios; Para as comunicações directas com Moçam-
mique, Metrópole e Macau e por intermédio desta com
Timor, possue o Estado da índia uma estação radioeléo
trica instalada cm Mormugão, a qual está dotada de
aparelhagem própria para as comunicações radiotelegrá-
ficas com a navegação marítima.
P rin c ip a is p ro du çõ es — Manganês, vinhos e espíritos
nativos, pesca, arroz, coqueiros, sal, madeiras.

In dú stria s — Em 1938:

Minério de manganês ... 9.478 toneladas


Sal ............ ................... 29.061 »
Espíritos nativos de cajú 152.323 galões a)

a) Galão 4,543 L.
Agricultura — Em 1938:

Área de ciiluira Produção


Produtos
Hectares Q u in ta is

A rro z ...................... 4 1.3 76 737-940


Coco ......... 30,600 1 14.750.OOO
Arcca ............ 1.537 12.838
Castanha de cajú 26.9G4 40.252

D ivisão adm inistrativa

Distritos Concelhos Sedes

1 Ilhas de -Gôa...... Cidade de Nova


Gôa
Bar-dez...... .......... Cidade de Mapuçá
Canácona............. Chauri
Mormugão........... Cidade de Vasco
t A
Croa................. da Gama
(Nova Gôa) j Pcrném................ Vila de Pcrném
Pondá................... Vila de Pondá
Quepém............. . Quepém
Salsete......... Cidade dc Margao
Sanguém............. Vila de Sanguém
Sanquelim........... Vila de Bicholim
| Satari............. Vila 'de Valpoi
| Damão........ Cidade dc Damão
Da mão.
j Nagar-Avcly..... . Vila de Sílvassá
Diu....................... Cidade dc Diu

Divisão eclesiástica— P a d w a d o P o rtu g u ê s do O rie n te


Constitue uma província eclesiástica, composta de:

1 32
arquidiocese de Gôa e Damão; bispado de Cochira,
Macau, S. Tomé de Meliapor e Prelazia de Moçambique.

Arquidiocese de Gôa e Damão:

P aróq uias ...... ......................................... .. 114


ISIiss^^es si9
Sucursais ........ 95
M issionários e párocos ........................... 150
A u x ilia re s .................................................... 500
Igrejas ..................... 142
C apelas ..1... ••<••<>•♦ •«>•>» 4^5

Estabelecimentos de ensino católico:


Alunos
A u las filiais do Sem in ário d e R ach o l,
em M apnçâ ......................................... 45
Sem in ário m enor em D am ão ............... 40
7 colégios-liceus p arà rapazes (língua
inglêsa) ....... 4.699
30 colégios-liceus p ara m eninas (lín­
gu a inglêsa) ...... t. ............................. 4*225
O rfanato (escola) de artes e ofícios ... 40
O rfanatos ..................................................... 4 15
In stitu to ide N .a S.a de F átim a (m eni­
nas) ......................................................... 40

Escolas paroquiais em tôdas as paróquias onde se


ensina a ler, escrever, canto, violino e catecismo.
Divisão, judiciai — O Estado da índia, que faz parte
do distrito judicial de Nova Gôa, com sede em Pangirn,
onde funciona um tribunal de s.a instância, a Relação de
Nova Gôa, divide-se em seis comarcas e três julgados
municipais especiais.

133
Initruçio pública — Em 1939, o movimento nds di­
versos estabelecimentos, foi;

Escola Mêdico-Cirúrgica de Nova Gôa

a) Curso de Medicina C irú rg ic a ................ 72 alunos


ú) Curso de F a rm á c ia .............................................. 54 »

Liceus .
M unicipal de D. Francisco de A lm eid a... 383 alunos
» » D. João de Castro .............. 444 »

Escola N orm al «Luiz de Camõesn

Número de alunos ....................................... 23


» » professores ................................ 4

Ensino primário oficial da língua portuguesa

Sexo masculino ................................................. 6.842 alunos


» feminino .................................................. 4.092 alunas

Ensino profissional (Escola dc Artes e Ofícios,


Satari)
Número de alunos ....................................... 29
» » professores ............................. 4
MACAU

População — População de facto na ocasião do último


r-ecenseamento: 377.737 habitantes, assim divididos;

............................................... 2-037
A m a re lo s ................................................ 3 6 9 .7 1 6
Indianos ............................................. 419
Mestiços ............................................. 2.204 •
Negros ........ 361
Em 1938, foram registadas, segundo a estatística da
Polícia Administrativa de Macau, 1.651.065 entradas ,de
passageiros por via terrestre e 803.131 por via marítima,
e 1411.671 saídas por via terrestre e 900,580 por via
marítima.
Vias de com unicação — "Navegação (entre Macau e
portos vizinhos) — Carreiras diárias de manhã e de tarde
entre Macau e Hong-ICcmg e vice-versa, gastando cerca
de quatro horas; Macau-Cantão e vice-versa, carreira diá­
ria, gastando cerca de oito horas; e carreiras diárias de
«Tous» ou «Lorchas», entre Macau e Kongmun, e
Macau e Siacqui, ambas em oito horas. Para ICong-Choa-
-Van, há vapores de pequena cabotagem que fazem car­
reiras entre os dois portos em trinta horas. De quando
em quando, 0 porto de Macau é visitado pelos vapores
japoneses e noruegueses de grande cabotagem, que trazem
carvão, sal e álcool.
Semanalmente, tocam em Macau os aviões da Pan-
-América Airways C0,, que fazem a viagem de S. Fran­
cisco da Califórnia a Macau com escala por Honolulu,
Wake, Guam e Manila.
Estradas — Em 1940 era de 20 quilômetros a exten­
são das estradas na Colônia.
C o r r e i o s e telégrafos — Comunicações telefônicas
— Por fios: A Colônia possue uma rêde com a extensão
de 148,5 quilômetros de linhas telefônicas ou telegráficas
para 0 serviço interno com um posto público, uma cen­
tral automática na cidade de Macau, uma central semi-
-automática na Vila da Taipa e uma manual em
Coloane, compreendendo entre tôdas 1.183 subscritores.
C om unicações teleg rá fica s — Por fios e sem fios: Para
as comunicações internas existe a rêde telegráfica e para
as comunicações com o exterior encontra-se instalada em

j3 5
Macau uma estação radiotelegráfica que comunica di-
rectamente com a índia, Timor e a Metrópole.
Divisão administrativa—-Constituída pelo concelho de
Macau e concelho das Ilhas da Taipa e Coloane.
Instrução pública — Possue 138 escolas, sendo 5 do
Govêrno, 7 subsidiadas pelo mesmo, 4 missionárias,
5 municipais, 115 particulares, 1 seminário, 1 escola
comercial e 1 liceu. No ano lectivo de 1939-1940, a fre­
quência, nos diversos estabelecimentos dc ensino, foi de
25.584 alunos.
Divisão eclesiástica — Constitue um bispado, sufra-
gâneo do arcebispado de Gôa.
M is s õ e s — O território chinês, que-ocupa 13 distritos
e possue uma população de 5 milhões de habitantes,
forma um Viçariato Geral, dividido em 5 vicariatos forâ-
neos com perto de 200 núcleos dc cristãos.
Singapura c Malaca constituem outro Vicariato Geral
com duas missões.
Divisão judicial — Pertence à Relação de Gôa, tem
uma comarca.
Principal comércio— Vinhos europeus c chineses,
licores europeus, louças, fósforos, peixe fresco e salgado,
cimento, pivetes insecticidas, panchoes (estalos chineses),
carvão mineral, madeira, óleos de sementes oleaginosas,
farinha de trigo, açúcar, óleo de cassia (que é principal-
mente empregado na fabricação de produtos medicinais,
sendo uma parte exportada para França, que emprega
êsse óleo na fabricação de perfumes), fios de algodão,
charão, sal, chá, arroz, etc.
Principais indústrias — Tecidos, artefactos de malha
(exportados principalmente para a índia e América do
Sul, produzindo esta indústria artigos de valor aproxima­
damente de ,$1.000.000 ou sejam cêrca de 10.000 contos),
conservas de frutas, marisco e peixe, cal de ostras, pan-

/ 36
choes (ou estalos chineses) cuja exportação anual atinge
mais de $1,000.000 (cerca de 10.000 contos), insecti-
cidas e fogos de artifício (de que existem oito fábricas
na cidade de Macau e três na vila da Taipa) trabalhos
litográficos (grande parte dos quais são em execução das
encomendas provenientes das outras cidades e portos da
China), fósforos (duas fábricas), tabacos, construções navais
chinesas (juncos ou lorchas), pivetes e seus similares (que
são exportados em grandes quantidades), tejolos, calçado
europeu e chinês, gelo e indústria do frio, etc. Porém,
a sua «maior indústria é a da pesca, que emprega mais
de mil juncos e uma população tão numerosa como a de
uma cidade, podendo Macau orgulhar-se de ser 0 mais
importante pôrto de pesca de todo o Extremo Oriente,
incluindo o Japão. A produção da indústria de pesca
atinge o valor de $5.000.000, ou sejam eêrca de 50.000
contos.
Saúde e higiene — Hospitais: Geral do Governo;
S. Rafael; Keng-Wu (chinês); Santa Infância. Lepro-
sarias: D. João; Ká-Hó.

3- T IM O R

População — O censo de 1955 é de 460.655, sendo:


branca, 510; negra, 153; mixta, 667; amarela, 5.587; e
oceânica, 456.753. Em 1936, o total da população era
de 463.996.
Carreiras marítimas — F reqüentam 0 pôrto de D ili,
em dias certos, vapores d a C om panhia H olandesa, q u e
fazem carreira entre os portos das ín d ias O rientais e
Holandesas. H á ain d a serviço de cabotagem feito pelo
vapor Okussi, d e 80 toneladas, ad qu irid o pelo Govêrno
da Colônia.
Divisão administrativa— Compreende 0 concelho de
4

D ili, ás circunscrições de Lautem, S. Domingos, Mana-


tuto, Suro, Fronteira, Ocussi e Ambeno.
Divisão eclesiástica — Compreende uma diocese. O mo*
vimento dos alunos no ano de 1937 foi de «-543.
Divisão, judiciai — Pertence à Relação de Côa, e tem
uma comarca.
Instrução pública — Existem nesta Colônia as seguin­
tes escolas:

Liceu Nacional ........................................... t


Escolas masculinas ..................................... 29
Escolas femininas ....................................... 12

V ia s de co m u n icação — Estradas — E r a de 1 . 1 2 8 q u i-
ló m etro s a exten são das estradas d a C o lô n ia e m 1 9 3 7 .
Correios e te lég rafo s — Comunicações telefônicas
— P o r fios: Á C o lô n ia possue u m a rê d e co m a exten são
de 2 .0 9 4 q u ilô m e tro s de lin h as te leg ráficas o u telefônicas
com 91 postos p ú b lico s e 7 cen trais m a n u a is co m 87
sub scritores. P a ra o serviço in te r-u rb a n o e xiste e m D ili
u m q u a d ro co m u ta d o r m a n u a l p a ra 6 0 lin h as.
Comunicações telegráficas — P o r fio s: A C o lô n ia é
se rv id a p o r 2 1 estações telegráficas n a su a rê d e c u ja e x ­
tensão c de 2 .0 9 4 q u ilô m etro s,
S e m fio s: A s com u n icaçõ es c o m o e x te rio r são feitas
p o r in te rm é d io d e M a ca u p elo posto ra d io telegráfico q u e
se e n co n tra in stalad o c m D ili. E sta estação faz tam b ém
o serviço d e radiocom un icaçÕ es co m a n avegação ,

A estes elem entos q u a lq u e r estu dioso p o d e c d eve


acrescen tar as in d icaçõ e s co n stan tem en te actu alizad as do
B o le tim do In stitu to N a c io n a l de E sta tístic a re fe re n te ao
Im p é r io C o lo n ia l.

i38
Mas a tudo isto há qüe acrescentar e servirá de
conclusão que o Império Colonial Português tera uma
unidade, uma administração central eficiente e vigilante,
que procura não só mantê-lo mas fazê-lo progredir.
Do que ela tem sido desde a vitória do movimento
de recuperação nacional na formação do Estado Novo
é ao analisar a obra dêste nas Colônias que compete
esclarecer.

M IN IS T É R IO DAS C O L Ô N IA S

Gabinete do Ministro.
Secretaria Geral.
Direcção Geral de Administração Política e Civil
—. Repartição do pessoal civil colonial; Repartição dos
serviços de saúde e higiene; Repartição de justiça, ins­
trução e missões; Repartição dos negócios políticos e de
administração civil.
Inspecção Superior de Administração Colonial.
Direcção Geral de Fomento Colonial — Repartição
dos serviços geográficos, geológicos e cadastrais; Repar­
tição dos serviços econômicos; Repartição de obras públi­
cas, portos e viação; Repartição dos correios, telégrafos
e electricidade.
Direcção Geral de Fazenda das Colônias — Reparti­
ção de fazenda; Repartição de contabilidade das Colô­
nias; Repartição das alfândegas coloniais.
Repartição M ilitar das Colônias — Secção Militar,
Secção da Marinha, Secção dos Serviços de Saúde Mili­
tar Colonial.
Conselhos e organismos dependentes — Conselho do
Império Colonial — Secretaria do Conselho; Conselho
Superior de Disciplina das Colônias; Conselho Superior
de D is c ip lin a M ilit a r C o lo n ia l; J u n t a das M issões G e o ­
g rá fic a s e de In v e stig a çã o C o lo n ia is; C o n se lh o T é c n ic o
de F o m e n to C o lo n ia l; In sp e cção S u p e rio r das A lfâ n d e *
gas C o lo n ia is; C o n se lh o S u p e rio r T é c n ic o das A lfâ n d e g a s
C o lo n ia is je C o m issão R e v is o ra das P a u ta s A d u a n e ir a s
C o lo n ia is; Ju n ta C e n tr a l de T r a b a lh o e E m ig r a ç ã o ;
A g ê n c ia G e r a l das C o lô n ia s; A r q u iv o H istó rico C o lo n ia l;
E sc o la S u p e rio r C o lo n ia l; H o s p ita l C o lo n ia l d e L is b o a ;
D e p ó sito M ilit a r C o lo n ia l; J a r d im C o lo n ia l; M u seu
A g r íc o la C o lo n ia l; In stitu to U ltra m a r in o ; In stitu to de
M e d ic in a T r o p ic a l.
Organismos de coordenação econômica — Ju n ta de
E x p o rta ç ã o do C a f é C o lo n ia l; J u n t a d c E x p o rta ç ã o dos
C e re a is das C o lô n ia s; J u n t a de E x p o rta ç ã o de A lg o d ã o
C o lo n ia l.
Órgãos temporários — C o n fe rê n cia s d c go ve rn ad o res
co lo n iais; C o n fe rê n c ia s econôm icas.
D a o b r a d o M in isté rio das C o lô n ia s c u m p r e estu d o
àp arte e su ficie n te m e n te d ese n vo lvid o . E la tem sido,
% desde o in ício do E stad o N o v o , em três fases sucessivas:
a d a d e fin içã o p p lític a (com J o ã o B e lo e o D o u to r O l i ­
v e ira Salazar), a d a o rd en ação fin a n c e ir a e a d m in istra tiv a
(com o D o u to r A r m in d o M o n te iro ) e a d o fo m en to m o ral
e eco n ôm ico (com o D o u to r F ra n c isco M a ch a d o ), a p ro ­
gressiva fix a ç ã o d a e stru tu ra d o Im p é rio e s u a crescen te
n acio n alização .
O Im p é r io C o lo n ia l P o rtu g u ê s, co m raízes n o passado
e n a e p o p e ia d e co n q u ista e o cu p ação , é já h o je , p e la
o b ra do E stad o N o v o , e fectivam en te u m Im p é rio .

14 0
ÍNDICE

P ág.:

I — O Império Colonial gomo resultante da vida


HISTÓRICA PORTUGUESA ........................................ ... 5

1 — A história como compreensão do presente ... ' 7


2 — A continuidade histórica portuguesa .............. 13
3 ■— O Im pério Africano d e A ngola e Moçam-
br ^//e ** ■ < » » . . * * é t i * * * * > • * * * * * * i 4 4 1 21

II — Síntese geográfica do Império Colonial Por­


tuguês ................... ....................... . ... ... 31
1 — Posição geográfica do Im pério ................... 33
2 — A vastidão Im perial dos territórios africanos 4l
3 — Inform ação geográfica sobre as Colônias Por­
tuguesas....................... . ......... ... ... ... 49

III — Geografia humana e organização administra­


tiva do Império Colonial .................. ... 89
1 — Política d e cooperação ra c ia l ......................... 91
2 — Administração e Economia C ivilizado ras ........ 99
3 — A lgum as indicações sobre vida econômica,
população e administração das Colônias
P o rtu gu esas .................................. .. ....... 105

I41
Ê ste livro, realizado fe ia E d ito ­
rial Á tica, Lim itada, R ua das
C hagas, 23 a z j , Lisboa, fo i
com posto & im presso durante
o mês d e Á g â sto d e 19^2

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