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EAE1102 Princı́pios de Macroeconomia

Aula 10: Inflação

Felipe Shalders
FEA-USP, Brasil
fshalders@usp.br

Setembro 2022
Objetivos

I Até agora: sistema monetário e financeiro, multiplicador


bancário.

I Hoje:

I teoria quantitativa da moeda;

I algumas consequências da inflação;

I curva de Phillips.

I Depois: mais inflação.


Equação quantitativa da moeda

MV = PT
ou
MV = PY

I Mais uma identidade.


Ortodoxos vs heterodoxos

I Ortodoxos: emissão controlada de moeda, a fim de evitar


instabilidade monetária.
Emissão injustificada de moeda é sempre ruim.

I Heterodoxos: em momentos de desemprego e capacidade ociosa,


emissão de moeda para financiar gastos do governo é benéfica,
pois gerará produção adicional.
Equação quantitativa da moeda

MV = PY

I Mais uma identidade.

I Mais uma contraposição entre ortodoxos e heterodoxos.

I OBS.: var. exógenas e endógenas.

I exógenas: aquelas que não estão sob o controle dos agentes;

I endógenas: as que são escolhidas pelos agentes.


Equação quantitativa da moeda
Equação quantitativa da moeda e demanda por
moeda

MV = PY

I A eq. quantitativa é uma identidade que tem que valer sempre.

I A função de demanda por moeda incorpora uma teoria. Ex.:


d
M

= kY,
P
onde k é uma constante.

I O lado esquerdo da equação acima é chamado de demanda por


encaixes reais.

I Claro que V = 1k .
Equação quantitativa da moeda:
uma interpretação possı́vel

1
MV = M = PY
k

I Argumenta-se que, no curto prazo, V é constante.

I Inovações tecnológicas como caixas eletrônicos podem


reduzir k (ou aumentar V).

I Fatores de produção e tecnologia determinam Y.

I Então aumentos da oferta de moeda pelo Banco Central geram


aumentos proporcionais em P.
Equação quantitativa da moeda:
outra interpretação possı́vel

1
MV = M = PY
k

I Argumenta-se que, no curto prazo, V é constante.

I Produção Y abaixo do que poderia ocorrer.

I Então aumentos da oferta de moeda pelo Banco Central podem


gerar aumentos em Y sem alterar P.
Equação quantitativa da moeda:
mais interpretações possı́veis

1
MV = M = PY
k

I 1. V não é constante.

I 2. Fazer hipóteses sobre V não é o caminho certo. Por exemplo:

2 √
F= P log(Y + 1)/ M.
π

Ou seja, sem saber como M, P e Y são definidos, fazer hipóteses


sobre V é inútil.
Motivos

I Uma hipótese razoável é que, se M constante, então P


”constante” (flutua em torno de uma média).

I Por que então o governo iria aumentar M?

I Senhoriagem: receita obtida com a impressão de moeda.

I Emissão de moeda funciona como um imposto inflacionário.

I Desejável?

I Depende das outras fontes de financiamento do governo:

I impostos, e

I dı́vida.
Consequências da inflação

1. Aumento no custo de oportunidade de se reter moeda.


2. Custos de reimpressão de moeda.
3. Custos de remarcação dos preços (custos de menu).
4. Custos ”sola de sapato”.
Consequências

5. Equação de Fisher: i = r + π.1

I i = r + E(π).

I Inflação antecipada versus não antecipada.

I Contratos em geral especificam um valor dos pagamentos


futuros.

I Inflação inesperada beneficia ”aleatoriamente” uma das


partes.

6. De onde vem E(π)? Quanto custa prever π?

1 Na verdade, 1 + i = (1 + r)(1 + π).


Consequências

7. New Keynesian models: modelos de competição imperfeita e


rigidez de preços.
I Competição imperfeita: firmas possuem poder de mercado.

I Rigidez de preços: os preços não podem ser ajustados


imediatamente.

8. Inflação inercial: inflação no futuro é mais alta porque foi alta no


passado.

I alguns contratos são escritos desta forma, e

I como formar E sobre π?


Curva de Phillips

I Imagine que, por algum motivo, aumente a demanda por bens e


serviços.

I os preços aumentam, e

I a produção aumenta.

I No curto prazo, existiria um trade-off entre salários e taxa de


desemprego.

I Ou: uma relação negativa entre inflação e desemprego.


Curva de Phillips

I No curto prazo, existiria um trade-off entre inflação e


desemprego.

Fig. 5.1 de Champs, Freeman and Haslag


Curva de Phillips

I No curto prazo, existiria um trade-off entre inflação e


desemprego.

Fig. 5.1 de Champs, Freeman and Haslag


Curva de Phillips

I No curto prazo, existiria um trade-off entre baixa inflação e


produto.
Y − Ȳ = α(P − E(P)),
onde Ȳ é o produto potencial (aquilo que a economia consegue
produzir na média) e E(P) é o nı́vel de preços normal.

α > 0 é uma constante.

I Conclusão similar pode ser resultado de problemas


informacionais.
Curva de Phillips

Fig. 5.2 de Champs, Freeman and Haslag

I Tal trade-off desaparece depois dos anos 70.


Curva de Phillips

Fig. 5.3 de Champs, Freeman and Haslag

I Tal trade-off desaparece depois dos anos 70.


Próximos passos

I Leitura sugerida:

I Paulani e Braga, ou

I Mankiw (Macroeconomia, 10a ed. em pt, cap. 5), ou

I qualquer livro introdutório de macro.

I Próxima aula: mais sobre inflação (a dicotomia clássica).

I Depois: números-ı́ndices.

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