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O QUE É GUERRA CIBERNÉTICA?


Prof. Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge

07/01/2022
14h00min
SUMÁRIO
SUMÁRIO
• Ponto de Partida.
• A Evolução do Fenômeno da Guerra de
Acordo com a Teoria das Gerações da
Guerra.
• Breve Histórico da Guerra Cibernética.
• Os Múltiplos Significados de Guerra
Cibernética.
• Referências Bibliográficas.
PONTO DE PARTIDA
PONTO DE PARTIDA
• O Paulo Brito está escrevendo um livro sobre Hackers.
• Em 30/12/2021, convidou o Prof. Bernardo Wahl para
uma entrevista sobre o tema das guerras cibernéticas
(os hackers dos Estados).
• A ideia inicial era uma breve conversa de 10 a 15min.
• Foi agendada a data de 07/01/2022, às 14h00min.
• Assim o Prof. Bernardo Wahl poderia se organizar para a
entrevista (revendo as leituras que já fez à respeito,
revisitando as aulas que já lecionou sobre o assunto e
relendo os artigos que já escreveu sobre o tema).
PONTO DE PARTIDA
• O que inicialmente era para ser uma
entrevista, acabou se transformando em
uma espécie de aula!
• Assim surgiu a ideia desta live!
• Feita esta explicação, vamos então ao
assunto!
• O que é guerra cibernética?
• Boa pergunta!
PONTO DE PARTIDA
• Trata-se de uma questão desafiadora!
• É possível escrever uma tese de doutorado
sobre isso!
• Então essa apresentação não pretende esgotar
o assunto.
• Durante essa semana, foi realizado um
levantamento e revisão da literatura científica
nacional e internacional acerca do assunto, não
toda, obviamente, mas o que foi possível e
aquilo que pareceu ser o mais relevante.
A Evolução do Fenômeno da
Guerra de Acordo com a Teoria
das Gerações da Guerra
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra
• Primeira Geração.
• Guerras baseadas no princípio da massa.
• Agregar os efeitos do poder de combate esmagador no lugar e no momento decisivos.
• Da Paz de Vestfália (1648) até aproximadamente a Guerra Civil Americana (1861-1865).
• Segunda Geração.
• Guerras centradas no poder de fogo.
• É a capacidade militar de direcionar a força contra um inimigo.
• O poder de fogo envolve toda a gama de armas potenciais.
• Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
• Terceira Geração.
• Guerras baseadas no movimento e na manobra.
• Busca-se derrotar o inimigo incapacitando sua tomada de decisão por meio de choque e perturbação.
• Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
• Blitzkrieg (Guerra Relâmpago).
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra
• Quarta Geração.
• Guerras baseadas na tecnologia (computador, internet, pulsos eletromagnéticos, robótica,
espacial e cibernética).
• Guerra do Golfo (1991).
• Ademais, organizações terroristas adicionam um quadro de fricção assimétrica e irregular.
• Seria a maior mudança na guerra desde Vestfália, pois há muitas entidades lutando a guerra
além dos Estados.
• Quinta Geração.
• Conflitos que transcendem os espaços geográficos, transbordando fronteiras virtuais,
cibernéticas e sociais.
• Cenários de guerra e não guerra.
• Drones, biotecnologia, nanotecnologia, etc.
• Florescimento do conceito de guerra híbrida.
• Guerra na Síria (2011) e contra o Estado Islâmico (2014).
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra

Fonte: SANTOS, Daniel Mendes Aguiar; MALTEZ, Marcelo Monteiro; GOMES, Túlio Endres da Silva; FREITAS, Gerson de Moura.
“A arte da guerra no século XXI: avançando à Multi-Domain Battle”. Coleção Meira Mattos, v. 13, n. 46, janeiro/abril 2019, pp.
83-105. Disponível em: <http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/download/1644/1761/>.
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra

Fonte: NISAR, Maaz. 5 GW and Hybrid Warfare Its Implications and Response Options. ECEME,
Monografia, 2018. Disponível em: <https://bdex.eb.mil.br/jspui/handle/123456789/2827>.
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra
O Prof. Bernardo Wahl trabalhou este assunto neste artigo:

https://www.cisoadvisor.com.br/security-room-posts/o-ataque-contra-a-solarwinds-pela-otica-das-
relacoes-internacionais/
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra
Interpretações Iniciais
• A guerra cibernética pode ser entendida a
partir de uma leitura tradicional clausewitziana
(conforme será visto mais à frente).
• Ou pode ser compreendida a partir de uma
interpretação da guerra híbrida, expressão em
destaque na atualidade, significando
basicamente a dissolução das fronteiras entre
política, guerra e paz.

Ver: LEIRNER, Piero C. O Brasil no Espectro de uma Guerra Híbrida: Militares, Operações Psicológicas e Política em uma Perspectiva Etnográfica. São Paulo: Alameda,
2020, Cap. 2 (“O lugar da guerra: problemas conceituais e terminológicos”).
A Evolução do Fenômeno da Guerra de Acordo
com a Teoria das Gerações da Guerra
Interpretações Iniciais
• Pode-se usar partes do artigo de Bernardo Wahl “O
contra-ataque israelense ao Irã e o novo paradigma
da guerra cibernética”, publicado no CISO Advisor
em 22/05/2020 como exemplos de um recorte de
guerra híbrida para explicar a guerra cibernética.
• “... nova realidade de guerra cibernética constante”.
• “O principal erro que as pessoas cometem com defesa
cibernética e dissuasão é tentar dividir tudo em tempos
de paz e tempos de guerra. Deve-se evitar essas escolhas
binárias e, em vez disso, preparar-se para um constante
combate cibernético de baixa intensidade. O conflito
cibernético é uma batalha sem fim. Um lado está
sempre jogando xadrez com o outro lado.”
Ver: <https://www.cisoadvisor.com.br/security-room-posts/o-contra-ataque-israelense-ao-ira-e-o-novo-paradigma-da-guerra-cibernetica/>.
BREVE HISTÓRICO DA
GUERRA CIBERNÉTICA
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
Esta parte é baseada neste artigo:

Fonte: GREENBERG, Andy. “The WIRED Guide to Cyberwar”. Wired, 23/08/2019. Disponível em: <https://www.wired.com/story/cyberwar-guide/>.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• A expressão guerra cibernética passou por
décadas de evolução, havendo diferentes
significados para ela.
• O termo guerra cibernética apareceu pela
primeira vez no artigo “Robotic Warriors Clash
in Cyberwars”, de Owen Davies, publicado na
edição de janeiro de 1987 da revista Omni (pp.
76-88).
• Descrevia futuras guerras travadas com robôs
gigantes, veículos voadores independentes e
sistemas de armas autônomos.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Mas essa ideia de guerra
cibernética robótica no estilo do
filme o “Exterminador do Futuro”
deu lugar, na década de 1990, a
algo que se concentrava mais nos
computadores e na Internet, que
estavam transformando cada vez
mais a vida humana.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Artigo “Cyberwar Is Coming!” (1993).
• Escrito por dois analistas do think tank RAND: John
Arquilla e David Ronfeldt.
• Descreveu como em breve os hackers militares
seriam usados não apenas para reconhecimento e
espionagem de sistemas inimigos, mas também para
atacar e fazer parar de funcionar os computadores
que um oponente usava para comando e controle.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Alguns anos depois os analistas da RAND
perceberam que hackers militares não
necessariamente limitariam seus ataques a
computadores militares.
• Eles poderiam atacar os elementos computadorizados
e automatizados da infraestrutura crítica de um
inimigo, com consequências potencialmente
desastrosas para os civis.
• Em um mundo cada vez mais dependente de
computadores, isso pode significar sabotagem contra
ferrovias, bolsas de valores, companhias aéreas e até
a rede elétrica que sustenta muitos desses sistemas
vitais.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Os hackers não precisariam ficar confinados a
alguma tática na periferia da guerra: os ataques
cibernéticos poderiam ser o aspecto central da
guerra.
• Desde então, a definição de guerra cibernética se
tornou mais clara com o livro Cyber War (2010),
escrito por Richard Clarke e Robert Knake.
• Clarke e Knake definiram a guerra cibernética como:
• Ações de um Estado-nação para penetrar nos
computadores ou redes de outra nação com o objetivo
de causar danos ou interrupções.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Prof. Bernardo Wahl com Richard A.
Clarke!
• Contexto: III Seminário de Defesa
Cibernética do Ministério da Defesa,
realizado no QG do Exército Brasileiro,
em Brasília (26/10/2012).
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Simplificando, a definição de Clarke e Knake
abrange aproximadamente as mesmas coisas
que sempre foram identificadas como "atos de
guerra”, só que agora realizada por meios
digitais.
• Mas como o mundo estava aprendendo
quando Clarke e Knake escreveram essa
definição, os ataques digitais têm o potencial
de ir além de meros computadores para ter
consequências reais e físicas.
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Em uma visão alternativa, Thomas Rid, autor de
Cyberwar Will Not Take Place (artigo e livro), afirma que
ataques cibernéticos são meramente versões sofisticadas
de três atividades tão antigas quanto a própria guerra:
• Sabotagem, espionagem e subversão.
• A sabotagem é uma tentativa deliberada de enfraquecer ou destruir
um sistema econômico ou militar.
• A espionagem é uma tentativa de penetrar um sistema adversário
com o objetivo de extrair informação sensível ou protegida.
• A subversão é a tentativa deliberada de minar a autoridade,
integridade e a constituição de uma autoridade ou ordem
estabelecida, podendo o objetivo último ser a derrubada de um
governo estabelecido.
• O mundo nunca teria experimentado um ato de guerra
cibernética.
• O qual teria que ser violento, instrumental e politicamente atribuído
(na linha de Clausewitz, conforme será visto mais à frente).
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA

http://www.eb.mil.br/web/imprensa/resenha/-/journal_content/56/18107/1422020
BREVE HISTÓRICO DA GUERRA CIBERNÉTICA
• Documentário: The Perfect Weapon (2020, dir.
John Maggio) [A Arma Perfeita, em português].
• Sinopse: Baseado em um livro best-seller do
correspondente de segurança nacional do The
New York Times David E. Sanger, The Perfect
Weapon explora o surgimento do conflito
cibernético como a principal forma pela qual as
nações agora competem e sabotam umas às
outras.
• Teaser: <https://youtu.be/xEFdF0KCEMI>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS
DE GUERRA CIBERNÉTICA
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Um conflito pode ser entendido como o
choque de duas ou mais vontades
discordantes, sem necessariamente
envolver violência aberta.
• A maioria das atividades que constituem
conflitos cibernéticos variam:
• Desde jovens hackers demonstrando suas
habilidades, passando por protestos e
dissidência política online (o chamado
hacktivismo), atividade criminal, espionagem
etc.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• O conflito é uma característica quase sempre
presente do ciberespaço, porém não são
todos (quiçá algum) os conflitos que se
caracterizam como guerra no sentido
clausewitziano.
• Carl von Clausewitz (1780-1831) – livro Da
Guerra (1832) – clássico pensador do fenômeno
da guerra:
• “A guerra é a continuação da política por outros
meios”.
• “A guerra é um ato de força para compelir nosso
inimigo a fazer a nossa vontade”.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Uma revisão da literatura demonstrou
que não existe uma definição
amplamente aceita de guerra cibernética
(ROBINSON; JONES; JANICKE, 2015: 74).
• A questão se a guerra cibernética é
simplesmente uma forma de guerra de
informação não é clara (Idem: 72).

Fonte: ROBINSON, Michael; JONES, Kevin; JANICKE, Helge. “Cyber warfare: Issues and challenges”. Computers and Security, Volume 49, March 2015, pp. 70-94.
Disponível em: <https://www.tech.dmu.ac.uk/~rgs/ACECSR_publications/HelgeJanicke.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• No artigo científico “Cyber warfare:
Issues and challenges” (2015), que é
uma referência importante da área de
segurança cibernética (é bastante
citado em outros artigos), os autores
reúnem uma série de significados de
guerra cibernética, ao mesmo tempo
apontando limitações em tais noções
e propondo um modelo próprio
baseado na identificação de atores e
intenções.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Apesar de ter emergido na consciência pública na
década de 1980, não há uma definição largamente
aceita de guerra cibernética. Existem inúmeras
noções diferentes e muitas vezes contraditórias,
que vão desde a inexistência da guerra cibernética
até a guerra cibernética como uma ameaça
existencial (ASHRAF, 2021: 274).
• Há uma ambiguidade em termos de definição da
guerra cibernética (Idem).
Fonte: ASHRAF, Cameran. “Defining cyberwar: towards a definitional framework”. Defense and Security Analysis, Vol. 37, No. 3, 2021, pp. 274-294.
Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14751798.2021.1959141>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Por quase trinta anos, os estudiosos têm
oferecido definições variadas de guerra
cibernética, e a contínua falta de clareza
demonstra que os esforços para
estabelecer uma definição singular não
tiveram sucesso. É improvável que
apareça uma definição acadêmica
absolutamente aceita de guerra
cibernética (ASHRAF, 2021: 286).

Fonte: ASHRAF, Cameran. “Defining cyberwar: towards a definitional framework”. Defense and Security Analysis, Vol. 37, No. 3, 2021, pp. 274-294.
Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14751798.2021.1959141>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Demonstrando a amplitude da ambiguidade definicional, Hughes e
Colarik (2017) analisaram 159 publicações e identificaram 56
definições explícitas e 103 implícitas de ciberguerra atualmente em
uso.
• As definições foram consideradas explícitas quando um artigo apresentava
uma concepção de guerra cibernética distinta, claramente declarada e
inequívoca (HUGHES; COLARIK, 2017: 17).
• A categoria de definição implícita foi usada para agrupar as concepções de
guerra cibernética apresentadas nos artigos em que uma definição explícita
não estava presente. As definições implícitas podem ser inferidas a partir dos
textos (Idem).
Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• As cinco definições de guerra cibernética mais
essenciais e influentes (pela quantidade de vezes que
foram citadas) são (HUGHES; COLARIK, 2017: 25-26):
• (1) (830 citações) “Guerra cibernética é a penetração não
autorizada – por, em nome de ou em apoio a um governo
– de um computador, ou uma rede de computadores, de
outra nação, ou qualquer outra atividade que afete um
sistema de computador – atividade esta na qual o objetivo
é adicionar, alterar ou falsificar dados, ou causar alguma
ruptura ou dano a um computador, a algum dispositivo de
rede ou aos objetos controlados por um sistema de
computadores” (CLARKE; KNAKE, 2010, Cap. 7).
Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• As cinco definições de guerra cibernética mais
essenciais e influentes (pela quantidade de vezes
que foram citadas) são (HUGHES; COLARIK, 2017:
25-26):
• (2) (655 citações) “Guerra cibernética refere-se à
condução e preparação para conduzir operações
militares de acordo com os princípios relacionados à
informação” (ARQUILLA; RONFELDT, 1993)

Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.

Fonte: ARQUILLA, John; RONFELDT, David. Cyberwar is Coming! 1993. Disponível em: <https://www.rand.org/pubs/reprints/RP223.html>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• As cinco definições de guerra cibernética mais essenciais
e influentes (pela quantidade de vezes que foram
citadas) são (HUGHES; COLARIK, 2017: 25-26):
• (3) (225 citações) “Um ato de força instrumental e político
potencialmente letal conduzido por meio de código
malicioso” (RID, 2012).
• Como mostrado anteriormente, Rid é um cético para quem a guerra
cibernética não irá acontecer.
• Os conflitos cibernéticos são apenas versões mais sofisticadas de
atividades tão antigas quanto a própria guerra: sabotagem,
espionagem e subversão.
Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.

Fonte: RID, Thomas. “Cyber War Will Not Take Place”. Journal of Strategic Studies, Vol. 35, Issue 1, 2012. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01402390.2011.608939>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• As cinco definições de guerra cibernética mais
essenciais e influentes (pela quantidade de vezes que
foram citadas) são (HUGHES; COLARIK, 2017: 25-26):
• (4) (173+ citações) “Operações de Redes de Computador
(ORC) incluindo Ataque à Rede de Computador (ARC),
Defesa de Rede de Computador (DRC) e Exploração de
Rede de Computador (ERC)” (DEPARTAMENTO DE DEFESA
DOS EUA, 2010-2012 apud HUGHES; COLARIK, 2017: 26).
• O Pentágono tem um dicionário de termos militares e lá não há
um verbete específico de “guerra cibernética”!
Ver: <https://www.jcs.mil/Portals/36/Documents/Doctrine/pubs/dictionary.pdf>.

Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Os militares dos EUA começaram a se referir à guerra cibernética
como um componente das Operações de Informação.
• Na conferência Black Hat de 2014, o General Keith Alexander,
então diretor da NSA, usou a frase Operações de Redes de
Computadores (ORC).
• ORC é o termo abrangente para os diferentes componentes
envolvidos na guerra cibernética tradicional.
• Existem três componentes que compõem o ORC:
• Defesa de Redes de Computadores (DRC).
• Exploração de Redes de Computadores (ERC).
• Ataque à Redes de Computadores (ARC).
• ORC pode ser sinônimo de guerra cibernética.

Ver: WINKLER, Ira; GOMES, Araceli Treu; SHACKLEFORD, Dave. Advanced Persistent Security. Cambridge, MA: Elsevier, Syngress, 2017, Cap. 2 (“Cyberwarfare Concepts”).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• As cinco definições de guerra cibernética mais
essenciais e influentes (pela quantidade de
vezes que foram citadas) são (HUGHES;
COLARIK, 2017: 25-26):
• (5) (65 citações) “Ações hostis no ciberespaço que
têm efeitos que amplificam ou são equivalentes a
uma grande violência cinética” (NYE JR., 2011).

Fonte: HUGHES, Daniel; COLARIK, Andrew. “The Hierarchy of Cyber War Definitions”. Pacific-Asia Workshop on Intelligence and Security Informatics (Springer, 2017), 15–33.
Disponível em: <https://www.andrewcolarik.com/docs/The%20Hierarchy%20of%20Cyber%20War%20Definitions.pdf>.

Fonte: NYE JR., Joseph S. “Nuclear Lessons for Cyber Security?”. Strategic Studies Quarterly, Vol. 5, No. 4, Winter 2011, pp. 18-38. Disponível em:
<https://dash.harvard.edu/bitstream/handle/1/8052146/Nye-NuclearLessons.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas
pelo Prof. Bernardo Wahl pesquisando na
internet de autores que ele já conhecia e/ou
escolhidas com base em seu julgamento):
• “A guerra cibernética é o uso de ataques digitais
contra um Estado inimigo, causando danos
comparáveis à guerra real e/ou interrompendo
os sistemas de computadores vitais” (SINGER;
FRIEDMAN, 2014).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas
pelo Prof. Bernardo Wahl pesquisando na
internet de autores que ele já conhecia e/ou
escolhidas com base em seu julgamento):
• “A guerra cibernética é uma extensão da política
por ações realizadas no espaço cibernético por
atores estatais ou não estatais que constituem
uma séria ameaça à segurança de uma nação ou
são conduzidas em resposta a uma ameaça
percebida contra a segurança de uma nação”
(SHAKARIAN et. all., 2013: 2).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas pelo
Prof. Bernardo Wahl pesquisando na internet de
autores que ele já conhecia e/ou com base em
seu julgamento):
• [Inspirada na anterior] “A guerra cibernética é uma
extensão da política por ações tomadas no
ciberespaço por atores estatais (ou por atores não
estatais com orientação ou apoio estatal significativo)
que constituem uma séria ameaça à segurança de
outro Estado, ou uma ação da mesma natureza
tomada em resposta a uma séria ameaça à segurança
de um Estado (real ou percebida)” (GREEN, 2015: 2).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas pelo Prof.
Bernardo Wahl pesquisando na internet de autores que ele
já conhecia e/ou com base em seu julgamento):
• “O que constitui um ato de guerra pode ser definido de três
maneiras: universalmente, multilateralmente e unilateralmente.
Uma definição universal é aquela que todos os Estados aceitam. O
análogo mais próximo de “cada Estado” é quando as Nações
Unidas afirmam que algo é um ato de guerra. O próximo análogo
mais próximo é se um número suficiente de nações assinou um
tratado que diz isso. No que diz respeito à guerra cibernética, não
existe tal declaração das Nações Unidas e nenhum tratado diz
isso. Pode-se argumentar que um ciberataque é como outra coisa
que é claramente um ato de guerra, mas a menos que haja um
consenso global de que tal analogia é válida, o ciberataque não
pode ser definido como um ato de guerra” (LIBICKI, 2009: 179).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas pelo Prof.
Bernardo Wahl pesquisando na internet de autores que
ele já conhecia e/ou com base em seu julgamento):
• “Guerra cibernética é iniciada por um ator político usando
meios cibernéticos com uma intenção coercitiva por meio da
interrupção, manipulação, degradação ou destruição de
informações, sistemas e processos baseados em informações
ou objetos controlados ciberneticamente para atingir
objetivos táticos, operacionais ou estratégicos contra um ator
político para alcançar um fim político” (HUGHES, 2017: 80).

Fonte: HUGHES, Dan. A Discourse in Conflict: Resolving the Definitional Uncertainty of Cyber War. Thesis, Master of Arts in Defence and Security Studies, Massey University, Albany,
New Zealand, 2017. Disponível em: <https://mro.massey.ac.nz/bitstream/handle/10179/12989/02_whole.pdf>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas pelo Prof. Bernardo
Wahl pesquisando na internet de autores que ele já conhecia
e/ou com base em seu julgamento):
• (Documento Oficial Nacional) (Ministério da Defesa do Brasil) (Glossário
das Forças Armadas) “GUERRA CIBERNÉTICA – Corresponde ao uso
ofensivo e defensivo de informação e sistemas de informação para negar,
explorar, corromper, degradar ou destruir capacidades de C² [comando e
controle] do adversário, no contexto de um planejamento militar de nível
operacional ou tático ou de uma operação militar. Compreende ações
que envolvem as ferramentas de Tecnologia da Informação e
Comunicações (TIC) para desestabilizar ou tirar proveito dos Sistemas de
Tecnologia da Informação e Comunicações e Comando e Controle (STIC2)
do oponente e defender os próprios STIC2. Abrange, essencialmente, as
Ações Cibernéticas. A oportunidade para o emprego dessas ações ou a
sua efetiva utilização será proporcional à dependência do oponente em
relação à TIC” (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2015).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Outras definições (que foram selecionadas pelo Prof. Bernardo Wahl
pesquisando na internet de autores que ele já conhecia e/ou com
base em seu julgamento):
• (Literatura nacional) (Artigo acadêmico encontrado pelo Google Scholar)
“Guerra Cibernética é o conjunto de ações ofensivas, defensivas e ou
exploratórias, realizadas no espaço cibernético, que buscam negar seu uso
pelo inimigo e garantir o uso, a segurança, a confiança, a integridade, a
rapidez e o sigilo das informações, existentes em computadores, redes e
sistemas de informação, em proveito próprio, tanto na área militar quanto na
área civil” (LEITE DA SILVA, 2014).
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Ashraf (2021) considera que é improvável que surja uma definição
acadêmica amplamente aceita de guerra cibernética.
• Para abordar essa questão, em vez de oferecer uma nova definição, o
autor ofereceu uma estrutura para a compreensão das definições
acadêmicas de guerra cibernética, com foco em três temas
identificados em uma ampla pesquisa interdisciplinar da literatura: as
visões alarmista, cética e realista.
• Ele subdividiu essas visões em cinco variáveis identificadas: atores,
ações, geografia, alvos e efeitos.

ASHRAF, Cameran. “Defining cyberwar: towards a definitional framework”. Defense and Security Analysis, Vol. 37, No. 3, 2021, pp. 274-294. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14751798.2021.1959141>.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• No livro The Virtual Weapon and International Order
(2017), Lucas Kello propôs um novo termo – "Unpeace" –
para denotar ações cibernéticas altamente prejudiciais
cujos efeitos não violentos não chegam ao nível da guerra
tradicional.
• Essas ações não são nem de guerra nem de paz.
• Embora não sejam violentas e, portanto, não sejam atos
de guerra, seus efeitos prejudiciais sobre a economia e a
sociedade podem ser maiores do que alguns ataques
armados.
• Este termo está intimamente relacionado com o conceito
de "zona cinzenta" que ganhou destaque nos últimos
anos, descrevendo ações que ficam abaixo do limiar
tradicional da guerra.
OS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DE GUERRA
CIBERNÉTICA
• Até aqui, o Prof. Bernardo Wahl se referiu à “literatura científica
internacional”, mas ele não sabe se ela é realmente “internacional”
ou mais anglo-saxã e/ou ocidental, e se capta o que entendem por
guerra cibernética os russos, chineses, entre outros.
• Ademais, a literatura brasileira sobre o assunto é relevante e poderia
ter sido mais explorada (mas como foi dito inicialmente, o Paulo Brito
queria apenas uma entrevista, e não uma tese de doutorado!).
• Isso tudo mostra como o tema é amplo!
• De qualquer forma, através desta apresentação, foi possível ter uma
noção da complexidade do assunto!
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• ARQUILLA, John; RONFELDT, David. Cyberwar is Coming! 1993. Disponível em:
<https://www.rand.org/pubs/reprints/RP223.html>.
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Defense and Security Analysis, Vol. 37, No. 3, 2021, pp. 274-294. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14751798.2021.1959141>.
• CLARKE, Richard A.; KNAKE, Robert K. Cyberwar: The Next Threat to National
Security and What to Do About It. HarperCollins e-books, 2010.
• Obs: há edição em português deste livro.
• GREEN, James A. (Ed.). Cyber Warfare: A multidisciplinary analysis. London:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: <https://www.wired.com/story/cyberwar-guide/>.
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Cyber War. Thesis, Master of Arts in Defence and Security Studies, Massey
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Psicológicas e Política em uma Perspectiva Etnográfica. São Paulo: Alameda,
2020.
• LEITE DA SILVA, Júlio Cezar Barreto. “Guerra Cibernética: A Guerra no Quinto
Domínio, Conceituação e Princípios”. Revista da Escola de Guerra Naval, Vol. 20,
No. 1, jan./jun. 2014, pp. 193-211. Disponível em:
<https://revista.egn.mar.mil.br/index.php/revistadaegn/article/view/194>.
• LIBICKI, Martin C. Cyberdeterrence and Cyberwar. RAND Project Air Force, 2009.
Disponível em:
<https://www.rand.org/content/dam/rand/pubs/monographs/2009/RAND_MG8
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• MINISTÉRIO DA DEFESA. Glossário das Forças Armadas. 5ª Edição. 2015.
Disponível em:
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• NISAR, Maaz. 5 GW and Hybrid Warfare Its Implications and Response Options.
ECEME, Monografia, 2018. Disponível em:
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• NYE JR., Joseph S. “Nuclear Lessons for Cyber Security?”. Strategic Studies
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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• ROBINSON, Michael; JONES, Kevin; JANICKE, Helge. “Cyber warfare: Issues and
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Disponível em:
<https://www.tech.dmu.ac.uk/~rgs/ACECSR_publications/HelgeJanicke.pdf>.
• SANTOS, Daniel Mendes Aguiar; MALTEZ, Marcelo Monteiro; GOMES, Túlio
Endres da Silva; FREITAS, Gerson de Moura. “A arte da guerra no século XXI:
avançando à Multi-Domain Battle”. Coleção Meira Mattos, v. 13, n. 46,
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<http://ebrevistas.eb.mil.br/index.php/RMM/article/download/1644/1761/>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• SHAKARIAN, Paulo; SHAKARIAN, Jana; RUEF, Andrew. Introduction to
cyber-warfare: A multidisciplinary approach. Waltham, MA: Elsevier,
Syngress, 2013.
• SINGER, Peter W.; FRIEDMAN, Allan. Cybersecurity and Cyberwar:
What Everyone Needs to Know. New York: Oxford University Press,
2014.
• WINKLER, Ira; GOMES, Araceli Treu; SHACKLEFORD, Dave. Advanced
Persistent Security. Cambridge, MA: Elsevier, Syngress, 2017.
OBRIGADO!
Bernardo Wahl Gonçalves de Araújo Jorge

https://bernardowahl.wordpress.com
bernardowahl@gmail.com

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