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UNIVERSIDADE WUTIVI

Ensino Superior a Distância

MÓDULO DE ECONOMIA I

Curso de Gestão de Empresas e Liderança

Moçambique
FICHA TÉCNICA

Maputo, Julho de 2015

© Guia de Estudo para o Curso de Gestão de Empresas e Liderança


(Ensino a Distância)

Todos os direitos reservados a Universidade Wutivi


Título do módulo: Introdução à Economia I
Edição: 1ª

Organização e Edição
Universidade Wutivi (Ensino Superior à Distância)
Autor: Estrela Eduardo Soda Charles
Revisor de EaD: Lina Sara Chovano do Rosário
Revisor linguístico: Emília Morais
Revisor científico: Constantino Marrengula

ii
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA .................................................................................................................... ii

Apresentação ............................................................................................................................ ix

Introdução do Módulo................................................................................................................1

Objectivos do Módulo................................................................................................................2

Recomendações para o Estudo...................................................................................................2

Ícones da Actividade ..................................................................................................................3

Dicas de Apoio ...........................................................................................................................4

Tempo para o Estudo .................................................................................................................4

Testes/Avaliações ......................................................................................................................4

Unidade Didáctica nº 1: Introdução ao Estudo da Economia ....................................................5

Introdução ..................................................................................................................................5

Objectivos da Unidade ...............................................................................................................5

Desenvolvimento do Conteúdo ..................................................................................................6

1. Importância do Estudo da Economia..................................................................................6

2. Surgimento da Economia ...................................................................................................7

3. Definição de Economia ......................................................................................................8

4. Tipos de Economia .............................................................................................................9

5. Necessidades Humanas e os Bens e serviços ...................................................................10

5.1. Tipos de Necessidades ..................................................................................................10

5.2. Tipos de Bens ................................................................................................................11

6. Problemas Económicos ....................................................................................................12

Tarefas......................................................................................................................................16

Exercícios de Auto-avaliação ..................................................................................................16

Chave- de-correcção ................................................................................................................17

Resumo ....................................................................................................................................18

iii
Bibliografia ..............................................................................................................................19

Unidade Didáctica nº 2: A Fronteira de Possibilidades de Produção ......................................20

Introdução ................................................................................................................................20

Objectivos da Unidade .............................................................................................................20

Desenvolvimento do conteúdo .................................................................................................20

1. Factores de Produção........................................................................................................20

2. Escassez, Escolha e Custos de Oportunidade ...................................................................23

3. Fronteira de Possibilidades de Produção ..........................................................................23

4. Custo de Oportunidade na FPP ........................................................................................27

5. Deslocações da FPP..........................................................................................................28

5.1. Deslocações para cima ou para a Direita ......................................................................28

5.2. Deslocações para Baixo ou para a Esquerda.................................................................30

5.3 Alteração de cada um dos Factores de Produção ...............................................................31

5.4 Deslocações ao Longo da FPP ...........................................................................................32

Tarefas......................................................................................................................................33

Exercícios de Auto-avaliação ..................................................................................................33

Chave-de-correcção .................................................................................................................35

Resumo ....................................................................................................................................36

Bibliografia ..............................................................................................................................37

Unidade Didáctica nº 3: Procura e Oferta de Bens e Serviços.................................................38

Introdução ................................................................................................................................38

Objectivos da Unidade .............................................................................................................38

Desenvolvimento do Conteúdo ................................................................................................39

1. Mercados ..........................................................................................................................39

2. Função Procura .................................................................................................................39

2.1 Factores que Justificam a Inclinação Negativa da Curva da Procura ................................43

iv
2.2 Determinantes da Curva da Procura ..................................................................................43

2.3 Deslocações da Curva da Procura para Fora e para Dentro ...............................................44

2.4 Deslocações ao Longo da Curva da Procura......................................................................49

3. Função Oferta ...................................................................................................................50

3.1 Determinantes da Oferta ....................................................................................................52

3.2 Deslocações da Curva da Oferta ........................................................................................54

3.3 Deslocações ao Longo da Curva da Oferta ........................................................................57

4. Equilíbrio entre a Procura e a Oferta ................................................................................57

4.1 Excedentes e Escassez de Bens e Serviços ........................................................................58

4.2 Equações da Procura e da Oferta .......................................................................................60

4.3 Determinação do Preço e da Quantidades de Equilíbrio ...................................................61

Tarefas......................................................................................................................................63

Exercícios de Auto-avaliação ..................................................................................................64

Chaves de correcção ................................................................................................................67

Resumo ....................................................................................................................................70

Bibliografia ..............................................................................................................................70

Unidade Didáctica nº 4: Elasticidade .......................................................................................71

Introdução ................................................................................................................................71

Objectivos da unidade ..............................................................................................................72

Desenvolvimento do conteúdo .................................................................................................72

1. Conceito e importância do estudo da elasticidade............................................................72

2. Elasticidade da procura ....................................................................................................73

2.1 Elasticidade no ponto .........................................................................................................74

2.2 Elasticidade no Arco ..........................................................................................................75

2.3. Tipos de elasticidade de preço ..........................................................................................77

2.4. Factores que Influenciam a Elasticidade de um Bem ou Serviço .....................................81

v
2.5. Relação entre a Elasticidade Preço da Procura e a Receita Total .....................................82

3. Elasticidade Rendimento ..................................................................................................83

3.1. Classificação dos bens segundo a Elasticidade de Rendimento .......................................84

4. Elasticidade cruzada .........................................................................................................85

4.1 Classificação da Elasticidade Cruzada...............................................................................86

5. Elasticidade preço da oferta .............................................................................................87

5.1 Tipos de elasticidade preço da oferta .................................................................................88

5.2 Determinantes da elasticidade preço da oferta...................................................................89

5.3 Uso da elasticidade preço da oferta ...................................................................................90

Tarefas......................................................................................................................................91

Exercícios de Auto-avaliação ..................................................................................................91

Chaves de correcção ................................................................................................................94

Resumo ....................................................................................................................................97

Bibliografia ..............................................................................................................................97

Unidade Didáctica nº 5: Teoria do consumidor .......................................................................98

Introdução ................................................................................................................................98

Objectivos da Unidade .............................................................................................................98

Desenvolvimento do Conteúdo ..............................................................................................100

1. Definição e Importância .................................................................................................100

1.1 Pressupostos da Teoria do Consumidor ...........................................................................100

2. Utilidade .........................................................................................................................101

2.1 Tipos de Utilidade ............................................................................................................101

2.2 Lei da Utilidade Marginal Decrescente ...........................................................................102

3. Equação da restrição orçamental ....................................................................................104

4. Princípio Equimarginal...................................................................................................106

Tarefas....................................................................................................................................110

vi
Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................................110

Chave de correcção ...............................................................................................................112

Resumo ..................................................................................................................................113

Bibliografia ............................................................................................................................114

Unidade Didáctica nº 6: Teoria do Produtor ..........................................................................115

Introdução ..............................................................................................................................115

Objectivos da Unidade ...........................................................................................................115

Desenvolvimento do Conteúdo ..............................................................................................116

1. Função produção ............................................................................................................116

2. Estágios de Produção......................................................................................................119

Tarefas....................................................................................................................................121

Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................................122

Chaves de correcção ..............................................................................................................123

Resumo ..................................................................................................................................125

Bibliografia ............................................................................................................................127

Unidade Didáctica nº 7: Teoria de Custos e Cálculo do Lucro .............................................128

Introdução ..............................................................................................................................128

Objectivos da unidade ............................................................................................................128

Desenvolvimento do Conteúdo ..............................................................................................129

1. Tipos de Custos ..............................................................................................................129

2. Cálculo do lucro .............................................................................................................134

Tarefas....................................................................................................................................135

Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................................135

Chave-de-correcção ...............................................................................................................137

Resumo ..................................................................................................................................139

Bibliografia ............................................................................................................................139

vii
Unidade Didáctica nº 8: Mercado e sua Estrutura .................................................................140

Introdução ..............................................................................................................................140

Objectivos da Unidade ...........................................................................................................141

Desenvolvimento do Conteúdo ..............................................................................................141

1. O mercado de concorrência perfeita ...............................................................................141

2. O Monopólio ..................................................................................................................142

3. O oligopólio ....................................................................................................................144

4. A concorrência monopolista ...........................................................................................144

Tarefas....................................................................................................................................147

Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................................147

Chaves de correcção ..............................................................................................................148

Resumo ..................................................................................................................................148

Bibliografia ............................................................................................................................148

viii
Apresentação

Caro(a) estudante

Está nas suas mãos o Guia de Estudo do módulo de Economia I que integra a grelha
curricular do curso de Licenciatura em Gestão de Empresas e Liderança oferecido pela
Universidade Wutivi na modalidade de Educação à Distância.

Este guia tem por finalidade dotá-lo de conhecimentos básico sobre a Economia, por forma a
ter um suporte para encarrar as disciplinas mas complexas durante a sua formação,
melhorando a sua análise crítica sobre os fenómenos que irá estudar, consolidando as suas
habilidades em matérias de gestão.

Assim, a equipa de professores que se dedicou à elaboração, adaptação e organização deste


guia sente-se honrada em tê-lo como interlocutor(a) em constantes diálogos motivados por
um interesse comum, a educação de pessoas e o desenvolvimento do país, e compromete-se a
apoiá-lo durante os próximos anos da sua formação.

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convívio.

A Equipa da EaD

ix
Introdução do Módulo

Bem-vindo ao Módulo de Economia I

O módulo de Economia I é leccionado aos estudantes de quase todos os cursos do ensino


superior. É uma disciplina básica e desenvolve conceitos que os estudantes poderão usar nas
outras disciplinas.

Neste módulo, você irá estudar aspectos relacionados com o surgimento do estudo da
economia, a importância do estudo dos fenómenos económicos, os factores de produção e a
fronteira de possibilidades de produção. Analisará também a função procura e oferta de bens
e serviços e, em cada um destes temas (procura e oferta), examinará os seus determinantes e
fará a respectiva representação gráfica.

Estudará também, neste módulo, aspectos relacionados com a teoria do consumidor (como o
consumidor faz as escolhas dos produtos que irá adquirir com o seu rendimento), a teoria do
produtor (os custos suportados pelas empresas e as quantidades que as mesmas podem
produzir).

No final do módulo, você terá também a oportunidade de analisar a estrutura de mercado,


como cada mercado encontra se estruturado em termos de números de compradores,
vendedores e tipos de bens. Aprenderá a calcular a receita total de uma empresa e, com base
nisso, e nas outras matérias anteriormente abordadas, irá calcular o lucro e representá-lo
graficamente.
Objectivos do Módulo

Quando terminar o estudo do módulo de economia I, você deverá ser capaz de:

 Fazer uma análise crítica dos aspectos da actividade económica (este objectivo precisa
ser revisto);
 Definir a procura, oferta dos bens e serviços;
 Analisar o comportamento do consumidor e do produtor;
 Explicar o conceito de elasticidade da procura e da oferta;
 Calcular o nível de produção e de lucro de cada para uma empresa;
 Explicar o funcionamento dos mercados e a sua estrutura.

Recomendações para o Estudo


Caro estudante,

Para obter sucesso no estudo deste módulo siga com atenção as seguintes recomendações:

 Leia com atenção cada unidade temática e os objectivos a serem concretizados no


final de cada unidade;

 Resolva os exercícios que lhe são propostos e compare a sua solução com a grelha de
correcção fornecida;

 Relacione os conceitos e exercícios dados com a realidade económica, com os factos


económicos reais que tem observado no dia-a-dia.

 A bibliografia indicada no final do módulo serve de complemento, o estudante poderá


consultá-la para fortalecer os seus conhecimentos;

 Antes de entrar em interacção com o seu tutor e colegas do curso, prepara-se muito
bem de forma a que os fóruns e os chats sejam produtivos. Isto é, deve estudar com
antecedência os temas a serem tratados no processo de ensino e aprendizagem virtual;
2
 Irá precisar de uma máquina de calcular (para lhe ajudar nos exercícios de aplicação),
uma régua (para a elaboração de gráficos), lápis, caneta e um caderno.

 Sempre que tiver dúvidas entre em contacto com o seu tutor por e-mail, telefone ou
Skype.

Ícones da Actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma
parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Veja, a seguir, o conjunto completo de ícones usados neste módulo. Cada um com uma
descrição do seu significado, isto é, da forma como nós o interpretámos.

Introdução Desenvolvimento do
conteúdo

Resumo
Objectivos

Definições importantes
Tempo para completar o
tema

3
Tarefas Auto-avaliação

Para investigar Texto de leitura

Dicas de Apoio
Se tiver dificuldades poderá consultar ao seu tutor, usando vários meios que serão definidos
no início do curso.

Tempo para o Estudo

Este Módulo tem a duração de 8 semanas e tem uma carga horária de 148 horas, o que
significa que deve estudar de forma independente 116 horas e ter contacto com o docente em
média 8 horas presencialmente e 24 horas virtualmente.

Testes/Avaliações
Nesta disciplina você vai realizar duas avaliações presenciais (AP‟s) e várias avaliações a
distância (AD‟s).

4
Unidade Didáctica nº 1: Introdução ao Estudo da Economia

Introdução

Nesta unidade, o estudante irá aprender a importância do estudo da economia, o seu


surgimento e a sua definição. Mais adiante iremos definir necessidades humanas e classificá-
las, no final desta unidade iremos analisar as principais questões económicas que uma
sociedade deve responder.

Objectivos da Unidade

Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Definir economia e a sua importância;

 Identificar e diferenciar os vários tipos de economia;

 Classificar as necessidades humanas;

 Definir bens e serviços e classificá-los;

 Identificar os principais problemas económicos que uma sociedade deve procurar


solucionar.

5
Desenvolvimento do Conteúdo

1. Importância do Estudo da Economia

Imaginemos que a primeira questão que você pode colocar é: Qual é a importância do estudo
de economia?

Caro estudante, existem várias razões que justificam o estudo da economia, variando de
pessoa para pessoa. Algumas pessoas estudam a economia na tentativa de compreender o
papel do Governo e os desafios do mercado em geral. Outros estudam a economia na
expectativa de usar, de forma racional, os recursos e ganhar mais riqueza. Ainda outros estão
interessados em saber como melhorar a sociedade, como aumentar o bem-estar social, de
forma a minimizar as desigualdades entre os ricos e pobres.

 E porque é que estas desigualdades são maiores em uns países e menores noutros?

 Por que motivo alguns países são mais desenvolvidos que os outros?

Todas as questões apresentadas anteriormente e muitas outras são válidas para o estudo da
economia. Contudo, a principal razão para o estudo da economia é o reconhecimento de que
o homem é um ser social (vive em sociedade) e para a satisfação das suas necessidades este
deve contar não só com o seu trabalho e esforço mas, também, com alguns fenómenos
económicos que ocorrem na sociedade e que influenciam as nossas decisões no dia-a-dia. Por
exemplo, para sabermos a quantidade de bens e serviços que iremos adquirir temos primeiro
de ter em conta os preços dos bens e o rendimento que dispomos.

Podemos ainda citar outros exemplos que mostram a importância do estudo dos fenómenos
económicos: se um indivíduo sul-africano decide investir na construção de uma fábrica de
calçado em Moçambique, este analisará não só o seu rendimento e os ganhos financeiros que
terá com o empreendimento mas, também, a situação económica do país. Neste caso, ele
6
deverá procurar saber o nível salarial da maior parte dos moçambicanos, o índice de
desemprego, os preços de calçado praticados no país, os salários dos trabalhadores
moçambicanos, a estabilidade política e outros fenómenos económicos afins.

2. Surgimento da Economia

O termo economia provém do grego: oikós (casa) e nomos (norma ou lei), que significa
governo da casa.

Antigamente as sociedades estavam organizadas em pequenos grupos de famílias (casas) cuja


principal actividade era produzir para a auto-subsistência e proteger-se dos seus inimigos e
dos animais. Assim, a economia era tratada como o governo de cada grupo de sociedade ou
de cada casa.

Alguns anos depois, por volta do século XVII (da antiguidade ao renascimento), com o
desenvolvimento das sociedades, a economia passou a designar-se economia política1 dado
ao peso e a abrangência das questões políticas neste período.

Na mesma época as questões económicas de maior relevância eram a posse territorial,


servidão, arrecadação de tributo, cunhagem de moeda, comércio internacional, etc. e todas as
questões económicas eram tratadas no âmbito político, filosófico e do direito.

A partir do século XVIII (durante a revolução industrial), começa a verificar-se algumas


desigualdades no nível de desenvolvimento das sociedades. Por um lado, alguns países
apresentavam um nível de crescimento e desenvolvimento muito elevado, dado o aumento da
produção devido ao melhoramento das máquinas e as novas inovações realizadas. Por outro
lado, existiam países que tinham um nível de crescimento quase inexistente. Esta situação
levou ao economista e filósofo escocês Adam Smith2 a iniciar um estudo com o objectivo de
descobrir a origem e a causa da riqueza das nações. Tendo assim publicado em 1776 a obra a

1
A expressão economia política é atribuída ao francês Antoine de Montchrétien, autor do livro “traité
d´économie politique (Tratado de economia política).
2
Por estes feitos Adam Smith é considerado hoje o pai da economia.

7
riqueza das nações que marcou o início de uma nova época para o estudo da economia: a era
dos clássicos.

Com os clássicos a economia deixou de ser designada economia política e passou somente a
economia. Algum tempo depois Adam Smith teve os seus seguidores3 e todos
fundamentavam as suas definições em quatro pontos: a formação, a acumulação,
distribuição e consumo da riqueza.

3. Definição de Economia

Como referimos anteriormente, a economia é uma ciência social pois estuda o homem e as
várias formas de transformar recursos escassos em bens úteis para a sua satisfação. Ela é
bastante vasta e o seu estudo diário é influenciado por determinadas concepções políticos-
religiosas que com o tempo podem se modificar e assim influenciar os estudos económicos.
Esta influência faz com o conceito, ou a definição da economia, altere. Dai afirmarmos que a
definição da economia depende muito da época de estudo, dos acontecimentos políticos,
religiosos que marcam o momento. Por exemplo em 1776, Adam Smith definiu a economia
como a ciência que estuda a origem e causa da riqueza das nações porque neste período havia
muita desigualdade entre as economias e o autor estava interessado em estudar a causa destas
desigualdades.

Com o passar do tempo, no início do século XX outros economistas aperceberam-se que a


definição dada por Adam Smith não abrangia a todos os fenómenos estudados pela economia
e criaram outras definições que incluem outras variáveis como o emprego, o uso adequado
dos recursos produtivos, a inflação, etc.

Lionel Robbins, no seu ensaio de 1932, citado em Rossetti (2003:52), define economia como:
a ciência que estuda as formas de comportamento humano, resultantes da relação existente
entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que embora escassos se prestam a
usos alternativos. E em Samuelson e Nordhaus (1999) a economia é definida como sendo o

3
Pode-se mencionar Thomas Malthus, John Law, Stuart Mill, David Ricardo e Jean Baptiste Say.

8
estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens que
satisfazem as necessidades humanas.

Na obra de Paschoal Rossetti (2003) a economia é definida como sendo a ciência que estuda
a acção económica do homem como envolvendo essencialmente o processo de produção,
geração e apropriação de rendimento, o seu dispêndio e a acumulação.

Todas as definições dadas acima são válidas. Contudo, como forma de uniformizarmos as
definições a usar no presente módulo, consideremos a seguinte definição:

Economia é o estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para


produzir de forma eficiente diversos bens e serviços e distribui-los entre os vários
membros da sociedade.

4. Tipos de Economia

A economia quanto ao tipo de conhecimento subdivide-se em economia positiva e economia


normativa.

Economia positiva - trata a realidade como ela é, ou seja, como o problema económico se
apresenta, isto é, limita-se a fazer descrições dos factos da realidade, circunstâncias e relações
na economia. Por exemplo: na questão: quais são as taxas de desemprego, inflação ou
impostos vigentes no país no ano de 2012? Esta questão requer apenas a informação
económica sobre estas variáveis. Neste caso, apenas irá mostrar a realidade assim como ela é.

Economia normativa - Emite propostas de mudanças sobre a realidade económica,


mostrando como esta deve ser. A economia normativa faz o juízo de valor. Estuda como
deveriam ser resolvidos ou tratados os factos económicos. Exemplo se alguém faz a seguinte
pergunta: Que níveis de inflação, desemprego ou impostos deveriam ser tolerados? A sua
resposta para além de implicar o conhecimento da ciência económica e dos dados empíricos
sobre os níveis de inflação, desemprego e imposto irá também implicar o juízo de valor da
pessoa que irá responder a questão.

9
A economia quanto ao nível de análise pode ser dividida em: Macroeconomia ou análise
Macroeconómica e Microeconomia ou análise Microeconómica. As palavras micro e macro
vêm do grego que significam pequeno e grande respectivamente.

Microeconomia - estuda os preços, as quantidades e os mercados individuais. Esta voltada


para o estudo das unidades individuais da economia: o consumidor e a empresa, consideradas
isoladamente ou em grupos homogéneos (com as mesmas características). Examina-se neste
campo a satisfação do consumidor dada a restrição orçamentária, a maximização do lucro por
parte das empresas e o equilíbrio de mercados particulares.

Macroeconomia - estuda o comportamento da Economia como um todo, o desempenho da


economia, o nível de produção de toda a economia, os níveis de investimentos, de
rendimento, emprego e as várias ligações que se podem estabelecer entre as diferentes
variáveis económicas. Examina ainda o nível das taxas de juro, taxas de inflação, taxas de
câmbios, os fluxos de bens e serviços e de capital no comércio internacional etc.

5. Necessidades Humanas e os Bens e serviços

O estudo da economia está centrado na satisfação das necessidades das pessoas (indivíduos) e
a sociedade em geral. Para prosseguirmos com o nosso estudo é necessário em primeiro lugar
definir e classificar as necessidades humanas.

Necessidade é o estado de carência ou deficiência em que se encontra um ser, associado ao


desejo de satisfazer este estado.

5.1. Tipos de Necessidades

a) Necessidades do indivíduo

 Naturais - são as que surgem de forma espontânea, são necessidades vitais. Por
exemplo, comer, água, dormir, respirar etc.

10
 Sociais – são necessidades que decorrem da vida em sociedade; por exemplo,
festa de casamento.

b) Necessidades da sociedade

 Colectivas - são necessidades de toda a sociedade e que são e devem ser


satisfeitas pelo Estado. Públicas – são as que surgem da mesma sociedade; por
exemplo a segurança pública, a ordem pública.

As necessidades podem ainda ser classificadas em necessidades primárias ou secundarias.


As necessidades primárias são aquelas necessárias para a sobrevivência do ser humano. As
necessidades secundárias são aquelas que tendem a aumentar o bem-estar do indivíduo e
variam no tempo, segundo o meio cultural, económicos e sociais em que se desenvolvem os
indivíduos; por exemplo, o turismo, habitações luxuosas, meios de transportes modernos e
superluxuosos.

As necessidades humanas são eliminadas com o consumo de bens e serviços.

Bem é tudo que dispomos e que podemos usar para a satisfação das nossas necessidades,
individuais ou colectivas. Inclui bens que assumem a forma material e imateriável. Estes
últimos são também chamados serviços.

A principal diferença entre os bens e serviços é que os bens são palpáveis, tangíveis algo que
podemos pegar e sentir enquanto os serviços são intangíveis, não podemos pegar e nem
sentir. Por exemplo, o carro é um bem (usamos para satisfazer a necessidade de locomoção) e
a consulta médica é um serviço de saúde pois não podemos apalpar a própria consulta.

5.2. Tipos de Bens

Bens económicos – são aqueles que necessitam da acção humana para a sua produção e
posterior uso. Exemplo: o arroz, o pão, o carro, as calça, etc.

11
Bens não económicos ou bem livre– são aqueles que não necessitam da acção humana para
a sua produção. Estes bens estão prontos e disponíveis na natureza. Exemplo: o ar, a água do
mar, a água do rio, a areia da praia, os frutos silvestres, etc.

Os bens económicos podem ser:

Bens de consumo – aqueles que satisfazem necessidades humanas imediatas. Exemplo o


pão, a roupa, etc.

Bens de capital – são todos aqueles que são usados para gerar outros bens. Estes não
satisfazem directamente as necessidades humanas, mas indirectamente. Por exemplo, a
máquina de descasque do arroz é usada para tornar o arroz pronto ao consumo, logo a
máquina é um bem de capital e o arroz é um bem de consumo.

Bens complementares – São aqueles que devem ser consumidos em simultâneo para
satisfazer uma dada necessidade humana. Por exemplo o açúcar e chá são bens
complementares pois são usados simultaneamente para a satisfação das necessidades. Outros
exemplos: pão e a manteiga, o automóvel e o combustível, etc.

Bens substitutos – são aqueles que podem ser usados para a satisfação da mesma
necessidade. Na ausência de um bem pode se usar o outro para a satisfação da mesma
necessidade. Por exemplo, o pão e a mandioca são bens substitutos pois na ausência do pão
podemos usar a mandioca para a satisfação das necessidades. Outros exemplos: o café e o
chá, o açúcar e o adoçante.

6. Problemas Económicos
Depois de termos visto a classificação dos bens e as necessidades humanas concluímos que as
necessidades humanas são ilimitadas e os bens que as pessoas dispõem são limitados e assim
sendo, o homem deve usar os bens de forma racional para que consiga satisfazer as suas
necessidades.

Os problemas económicos resultam do facto dos recursos serem escassos para gerar bens,
havendo assim a necessidade de fazer escolhas sobre o que produzir, como produzir, onde
produzir, para quem e quando produzir.
12
O primeiro problema (ou pergunta) que devemos solucionar (responder) é o que produzir, é
necessário que o país decida o que irá produzir, tendo em conta que os factores de produção
que possui, tendo em conta as suas habilidades humanas, naturais etc. Normalmente, a
primeira questão que se coloca é a seguinte: o que produzir?, produzimos computadores ou
milho?

Depois de decidir o que iremos produzir devemos nos preocupar em saber como iremos
produzir. Para o caso do milho, poderemos usar a enxada ou poderemos usar o tractor. Neste
caso estamos a decidir sobre como produzir.

A seguir a esta questão surge outra questão onde produzir? Será que produzimos próximo à
matéria-prima ou próximo ao consumidor para evitarmos custos elevados de transportes?

Temos ainda outras questões que temos que responder durante o processo de transformação
dos bens, como é o caso de quanto produzir? Para quem produzir? Será que produzimos
1.000 toneladas ou é melhor produzir 500 toneladas e alocar a mão-de-obra para a produção
de outros bens? Será que produzimos para a população de baixa renda (neste caso deveremos
procuramos usar factores de produção também acessíveis e mais baratos para que o preço,
por sua vez, seja também mais baixo) ou produzimos para a população de renda alta
investindo mais na qualidade?

Como vimos as pessoas, as empresas os países deparam-se com varias questões que devem
responder de modo a executar as suas actividades sem sobressalto. Estas questões podem ser
resumidas em cinco principais problemas a saber:

1. O que produzir?

2. Onde produzir?

3. Como produzir?

4. Para quem produzir?

5. Quando produzir?

1. O que produzir
13
Esta é a primeira questão e a mais importante, pois pode condicionar as respostas às
outras questões. Para responder a esta questão temos que ter em conta não só os factores
financeiros que dispomos mas também a questão cultural, demográfica, geográfica de
cada país. Um país ou uma empresa não pode optar por produzir um bem que é
totalmente incompatível com os seus aspectos culturais ou demográficos do país pois os
custos serão muito maiores. Por exemplo existem produtos que são produzidos com
menores custos em países com clima tropical em relação aos outros.

Para melhor responder a esta questão deve-se priorizar as necessidades (escolher as


necessidades mais urgentes e fundamentais).

2. Como produzir

Como já vimos, os recursos que dispomos para a produção de bens e serviços são
limitados (temos pouca mão-de-obra qualificada, temos recursos financeiros limitados e
as maquinarias também são limitadas), assim sendo, ao decidir como produzir temos que
ter em conta a combinação de recursos que não tornam os custos muito elevados para o
pais ou empresa.

3. Onde produzir

Onde produzir refere-se a localização do sector de produção. A fábrica pode estar


localizada próximo a matéria-prima, próximo a mão-de-obra, próximo aos clientes ou
ainda em um local que facilita o escoamento do produto (próximo de estradas, portos,
caminhos de ferro etc.). Neste caso, para a tomada de decisões sobre onde produzir deve
ter em conta os custos que a empresa irá suportar em todo ciclo produtivo.

4. Para quem produzir

Para melhor responder esta questão temos que ter em conta que as pessoas que compõem
uma sociedade tem rendimentos diferentes, tem hábitos e costumes diferentes assim
sendo, é necessário saber para que público estamos a produzir determinado bem, para as
pessoas de renda alta (logo os padrões de produção devem ser bastante criteriosos em

14
termos de qualidade dos factores usados), para a população de renda baixa, para uso
domestico ou para uso industrial?

5. Quando produzir

Esta questão está relacionada com o factor tempo. É necessário que a empresa tenha em
conta a época em que irá produzir. No verão ou no inverno? Na época chuvosa ou na
época seco? A resposta desta questão depende do tipo de produto a ser produzido e dos
custos que estão envolvidos em cada estação.

15
Tarefas
1. A economia estuda como usar de forma racional os recursos escassos de modo a aumentar
a produção dos bens. Mostre como este conceito pode ser aplicado para a resolução dos
problemas da sua região (bairro).

2. Os principais problemas económicos podem ser aplicados não só para um país mas
também para uma empresa e para a organização das actividades do ser humano.

Explique como a definição correcta dos principais problemas económicos poderiam


ajudar o desenvolvimento da economia moçambicana.

Exercícios de Auto-avaliação
1. Descreva a importância do estudo da economia.

2. Explique como surgiu o termo economia e o desenvolvimento do significado deste


conceito até aos dias de hoje.

3. Explique porque Adam Smith é considerado pai da economia.

4. Explique porque a economia é uma ciência que não tem um conceito único e unânime.

5. Diferencie os seguintes conceitos:

a) Economia positiva e economia normativa;

b) Microeconomia e macroeconomia;

6. Defina necessidades humanas e explique a importância do seu estudo.

7. Diferencie bens dos serviços.

16
8. Diferencie os seguintes conceitos:

a) Bens económicos e bens não económicos;

b) Bens de consumo e bens de capital;

c) Bens substitutos e bens complementares;

9. Identifique os principais problemas económicos que a sociedade enfrenta.

Chave- de-correcção
1. O estudo da economia é importante pois ajuda-nos a usar de forma eficiente os recursos
ou factores de produção que possuímos. Ajuda-nos a traçar estratégias ou politicas para
melhorar o bem-estar dos indivíduos e da sociedade em geral.

2. O termo economia surgiu com o desenvolvimento das sociedades, a divisão social do


trabalho. Primeiramente, a economia era designada economia política dada a relevância
das questões políticas (posse de terras, tribos, etc.) no século XVII. Actualmente o estudo
da economia não abrange apenas as questões politicas mas todas as questões que directa
ou indirectamente afectam a sociedade.

3. Adam Smith é considerado o pai da economia pois foi o primeiro a fazer um estudo
científico para perceber a causa da riqueza das nações. No seu estudo ele procura
relacionar os aspectos económicos e a procurar ou sugerir soluções para o crescimento
das economias.

4. A economia é uma ciência que não tem um conceito único e unânime porque a medida
que o tempo passa, existem questões que tornam se cada vez mais prioritárias para as
sociedades e são acrescidas e analisadas no âmbito económico.

5.a) Economia positiva retrata os dados da economia assim como ela é enquanto economia
normativa não só retrata os dados da economia mas também emite uma opinião sobre
como ou o que deveriam ser.

5.b) Macroeconomia estuda os fenómenos económicos como um todo, para uma nação, um
pais ou agregados (não está claro. Precisa de revisão) enquanto microeconomia estuda o
particular, analisa o comportamento dos agentes económicos de forma particular.
17
6. Necessidade humana é o estado de carência de um individuo. É a vontade que um
individuo tem de possuir algo que possa proporcionar-lhe uma satisfação. É importante
estudarmos as necessidades humanas para que possamos hierarquizar as nossas
necessidades e procurarmos satisfaz elas de forma racional.

7. Bem é algo palpável, físico, visível que podemos usar para a satisfação das nossas
necessidades e serviços é algo que não podemos ver e nem apalpar mas que podemos usar
para a satisfação das nossas necessidades.

8.a) bens económicos resultam da actividade humana e por natureza são escassos. Exemplo o
lápis, o arroz, necessitou da intervenção do homem para estar pronto ao consumo. Bens
livres são aqueles que estão disponíveis na natureza para o consumo e que não dependem
da forca humana. Exemplo o ar, os frutos silvestres, a água do mar, a água do rio etc.

8.b) Bens de consumo são aqueles que satisfazem necessidades imediatas. Por exemplo o
arroz o feijão, a roupa, o caderno. Enquanto bens de capital são aqueles que são usados
para a produção de outros bens exemplo a máquina de moer pão, a batedeira, a
impressora etc.

8.c) Bens substitutos são aqueles que podem ser usados para a satisfação da mesma
necessidade. Por exemplo, o arroz e a farinha de milho são usados para a satisfação da
mesma necessidade. Bens complementares são aqueles que devem ser usados em
simultâneo para a satisfação da mesma necessidade. Por Exemplo para satisfação da
necessidade de locomoção precisamos do carro e do combustível.

9. Os principais problemas económicos são: o que produzir, como produzir, onde produzir,
para quem produzir, quando produzir e para quem produzir.

Resumo

Na presente unidade aprendemos a importância do estudo da economia. Vimos que a


economia estuda a forma como usar os recursos escassos para satisfazer necessidades
ilimitadas.

18
Para podermos estudar a melhor forma de usar os nossos recursos temos que conhece-los,
conhecer as nossas necessidades e hierarquiza-las, definir os nossos principais problemas e
procurar as respostas.

Na presente unidade depois de termos visto a definição e importância da economia, vimos


como podemos fazer as análises económicas. Quando fazemos uma análise tendo em conta os
dados referente a todo o país estamos perante uma análise macroeconómica e quando a
análise baseia-se somente nos dados de um pequeno grupo ou empresa estamos perante uma
analise microeconómica.

Por último, vimos os principais problemas (principais perguntas) que um país, empresa ou ser
humano deve procurar solucionar. Estas perguntas resumem se em o que produzir, como
produzir, onde produzir, para quem e quando produzir?

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

19
Unidade Didáctica nº 2: A Fronteira de Possibilidades de Produção

Introdução

Nesta unidade irá aprender sobre os factores necessários para a produção de determinados
bens e serviços, isto é, os recursos necessários para a transformação de bens e serviços em
produtos finais. Iremos também definir a Fronteira de possibilidades de produção e relacionar
com o custo de oportunidade.

Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Identificar os factores necessários para a produção de determinados bens e serviços;

 Definir a Fronteira de possibilidades de produção;

 Definir custo de oportunidade relacionar com a Fronteira de possibilidades de


produção;

 Identificar os factores que fazem com que a Fronteira de Possibilidade de produção


desloque para cima ou para baixo.

Desenvolvimento do conteúdo

1. Factores de Produção
A produção é uma das actividades económicas fundamentais para o crescimento e
desenvolvimento das economias. É a partir da produção que se obtêm os bens e serviços
fundamentais.
20
Para a concretização do processo de produção é necessário em primeiro lugar dispor dos
recursos de produção ou factores de produção tema este que constitui o nosso objecto de
estudo neste capítulo.

Factores de produção são todos os recursos usados durante o processo produtivo. São todos
os instrumentos quer da natureza, quer humanos ou materiais que usamos para poder
transformar determinadas matérias em bens úteis para a satisfação das nossas necessidades.

Os factores de produção podem ser resumidos em quatro a saber:

a. Terra;

b. Trabalho;

c. Capital; e

d. Capacidade Tecnológica

a) Terra

O factor terra refere-se às reservas naturais renováveis ou não usadas com o objectivo de
produzir bens e serviços. Por exemplo, para a produção do milho usamos a terra para a
sementeira neste casso, a terra é um dos factores de produção.

A terra refere-se ao recurso natural da sociedade que inclui não só o subsolo como todos os
seus minerais, os rios, as florestas, lagos, fauna e outros.

b) Trabalho

O factor trabalho refere-se a força humana apta para o trabalho. Isto é, o factor trabalho
corresponde ao número de pessoas que se dedicam a produção de determinado bem. Por
exemplo se para a produção de 100 hectares de milho precisamos de 50 trabalhadores
significa que os 50 trabalhadores constituem a foça laboral e é o factor trabalho.

21
c) Capital

É o conjunto de bens usados no processo produtivo para gerar outros bens. Rossetti (2003)
indica que o factor capital sempre foi usado pelas economias por mais rudimentares que
fossem. O exemplo dado por este autor foi a existência ou a criação de instrumentos como
arco flechas, barcos, e outros instrumentos usados com o objectivo de melhorar a exploração
económica do meio ambiente.

O desenvolvimento de instrumentos e meios de produção associado as primeiras


manifestações de construção de infraestruturas mostram o processo de desenvolvimento do
capital (acumulação de riquezas com o objectivo de fazer mais riqueza).

De forma resumida podemos dizer que o factor capital refere-se as máquinas, equipamentos,
ferramentas, infraestruturas económicas (energia, telecomunicações, transportes),
infraestruturas sociais (educação, cultura, segurança, etc.) e todos outros instrumentos ou
objectos que destinam-se a produção de novos bens.

d) Capacidade Tecnológica

A capacidade tecnológica é o conjunto de conhecimentos e habilidades usados no processo de


produção. (cf. Rossetti, 2003).

Os conhecimentos tecnológicos incluem todos os conhecimentos adquiridos relacionados


com o factor terra (conhecimento sobre as fontes de energia renováveis, sobre o solo, os
conhecimentos sobre o próprio processo produtivo, a combinação dos materiais até a
produção final. Assim sendo, a capacidade tecnológica constitui um dos principais factores de
produção por estabelecer a ligação entre todos os factores de produção (ligação inter-
factores).

22
2. Escassez, Escolha e Custos de Oportunidade
Escassez significa limitação de algo. Quando refere-se que determinado recurso é escasso
significa que este existe de forma limitada na economia e para responder a necessidades
ilimitadas.

A escassez é o principal problema da economia. Por que os recursos existentes são escassos,
com usos alternativos para satisfazer necessidades ilimitadas, os indivíduos e a sociedade tem
de fazer escolhas. A escolha de aplicação de recursos de uma forma implica sempre o
sacrifício do uso dos mesmos de outra forma. Nasce assim o conceito do custo de
oportunidade. Custo de oportunidade é definido como o valor da melhor alternativa
sacrificada. Supondo que o estudante tenha varias opções para usar a sua manhã de sábado
nomeadamente: ir a praia, estudar, viajar e dormir. Se o estudante opta por estudar significa
que sacrificou todas outras actividades que poderiam fazer nesta hora. O custo de
oportunidade neste caso é definido como o valor da melhor alternativa sacrificada, assim
sendo, das alternativas sacrificadas (ir a praia, viajar ou dormir) apenas uma (a melhor) é que
representa o custo de oportunidade.

3. Fronteira de Possibilidades de Produção


Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP), ou Curva de Possibilidades de Produção
(CPP) - mostra as quantidades máximas de bens que podem ser produzidas por uma
economia dados os factores de produção disponíveis.

Nas secções anteriores falamos sobre os factores de produção que são os recursos ou
instrumentos usados na produção. A FPP mostra as quantidades que podemos produzir tendo
em conta os factores disponíveis, isto é, se tivermos 10 trabalhadores, 5 máquinas e 15
hectares de terra qual é a quantidade máxima de tomate e de arroz que podemos produzir? A
FPP dá-nos a resposta a esta questão.

De forma resumida podemos dizer que a FPP mostra as várias combinações alternativas entre
dois bens X e Y que um país pode produzir, dados os factores de produção e a tecnologia
existente.

23
Exemplo:

Suponha que o país Beta dispõe de 10 trabalhadores, 5 máquinas e 10 hectares de terra.


Tendo em conta que este usa plenamente todos estes recursos de produção, as quantidades
máximas de açúcar e máquinas de calcular que este país pode produzir estão resumida na
tabela que se segue.

Tabela 1: Opções de produção e factores de produção do país Beta

Opções Açúcar Máquinas de


de calcular
produção
A 250 0
B 200 250
C 150 450
D 100 600
E 50 700
F 0 750

O gráfico 1 representado abaixo correspondente as opções de produção indicadas na tabela


acima. A recta que obtemos ao combinarmos a produção de açúcar e máquinas de calcular
deste país representa a Fronteira de Possibilidades de Produção.

Caro estudante, nota que a colocação dos bens (neste caso o açúcar e as maquinas de
calcular) nos respectivos eixos depende do estudante. Isto é, o estudante pode optar por
colocar o açúcar no eixo dos Y e as máquinas de calcular no eixo dos X (assim como mostra
o gráfico), ou poderá fazer o contrário, açúcar no eixo dos X e máquinas de calcular no eixo
dos Y esta opção esta ao critério do estudante o mais importante é a interpretação da FPP e
das suas opções de produção.

24
Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção do país Beta

Tendo em conta que este país produz apenas dois bens, se o país aloca todos os seus recursos
para a produção de açúcar este irá obter 250 toneladas do mesmo e 0 máquinas de calcular
representado pelo ponto A no gráfico.

Por outro, se o país aloca todos os seus recursos para a produção de máquinas de calcular este
terá um nível de produção de 750 máquinas, representado pelo ponto F no gráfico. Estes
pontos (A e F) designam-se pontos de especialização, pois o país especializa-se na produção
de apenas um bem e com base nesta produção poderá trocar com outros bens produzidos por
outros países.

Note que todos os pontos ao longo da recta da FPP (ponto A, B, C, D, E, F) são pontos onde a
combinação de bens é feita de modo a usar ao máximo todos os factores de produção.

A questão que se coloca logo a seguir é: o que acontece com os factores de produção e os
níveis de produção se o país estivesse a produzir fora da recta da FPP? Nos pontos B e C
representados no gráfico abaixo.

25
Gráfico 2: Pontos de especialização, de ineficiência e inatingíveis na FPP

O ponto A e o ponto D mostram pontos de especialização. No ponto A o país especializa se


na produção do açúcar (só irá produzir açúcar, todos os factores de produção estarão alocados
para a produção do açúcar) e no ponto D o país especializa se na produção de máquinas de
calcular (só irá produzir máquinas, todos os factores de produção estarão alocados para a
produção do máquinas).

O ponto B mostra uma situação em que o país não utiliza plenamente os seus factores de
produção, chama-se ponto de ineficiência (pode por exemplo não estar a usar a terra na sua
totalidade. Por exemplo, se tiver 100hactares pode estar apenas a usar 50, no caso das
máquinas podemos estar perante máquinas obsoletas ou ainda podemos estar a produzir com
um número menor de trabalhadores).

Podemos verificar que no ponto B a produção de açúcar é de 150toneladas e a produção de


máquinas é de 250, enquanto poderíamos aumentar a produção de máquinas para 450 se
estivéssemos a usar plenamente os recursos disponíveis ou ainda aumentar a produção do
açúcar para 200 toneladas. Conforme mostra o gráfico 2 acima.

O ponto C mostra um ponto inatingível, um ponto que dificilmente alcançaríamos usando os


factores de produção que temos. Para alcançarmos este ponto teríamos que aumentar os
factores de produção disponíveis.

26
4. Custo de Oportunidade na FPP
A FPP mostra exactamente as escolhas e os sacrifícios que fazemos para alcançar
determinados níveis de produção.

Supondo que um país possui determinados níveis de factores de produção e com eles produz
dois bens (açúcar e máquinas), para aumentar a produção de máquinas temos que retirar os
trabalhadores que estão alocados na produção de açúcar e aloca-los na produção de máquinas
e para aumentar a produção de açúcar temos que retirar alguns factores de produção
destinados à da produção de máquinas para a produção de açúcar. Assim sendo, vemos que
usando os mesmos factores de produção não é possível aumentar a produção para os dois
produtos.

O custo de oportunidade também é designado taxa marginal de transformação (TMT)


indica-nos quanto de um bem sacrificamos, para obter uma unidade adicional de outro bem
quando deslocamos ao longo da curva de FPP. A taxa marginal de transformação é calculada
da seguinte maneira:

Bem que sacrificam os Y


TMT  
Bem que obtemos X

Exemplo:

A tabela a seguir mostra as quantidades produzidas de açúcar e de máquinas de calcular.

Com base nestes dados calcular o custo de oportunidade. Em cada um dos pontos.

Usando os dados da tabela e a fórmula dada, calculamos o custo de oportunidade de cada


ponto (de A para B, de B para C, de C para D, de D para E e de E para F), assim como está
feito abaixo.

Bem que sacrificam os Y Y 2  Y1 200  250  50


TMT ou Co( A para B)     
Bem que obtemos X X 2  X1 250  0 250

Bem que sacrificam os Y Y 2  Y1 150  200  50


TMT ou Co(C para B)     
Bem que obtemos X X 2  X 1 450  250 200

27
Os resultados do custo de oportunidade estão apresentados na tabela abaixo:

Tabela 2: Cálculo do custo de oportunidade dadas as opções de produção

Opções de Açúcar Máquinas de Custo de


produção calcular Oportunidade
A 250 0 -
B 200 250 1/50
C 150 450 ¼
D 100 600 1/3
E 50 700 ½
F 0 750 1

Analisando a tabela e os custos de oportunidades calculados, podemos observar que a medida


que caminhamos do ponto A para o ponto F, o custo de oportunidade é cada vez maior, o que
mostra que para obtermos uma quantidade cada vez maior de determinado produto temos que
estar dispostos a sacrificar mais o bem que está a ser produzido. Isto acontece em resultado
da actuação da lei dos rendimentos decrescentes.

5. Deslocações da FPP
As possibilidades de produção de um país podem alterar de acordo com a alteração de alguns
fenómenos que condicionam a produção. Esta alteração pode ser de forma positiva (aumentar
as quantidades produzidas) ou de forma negativa (reduzindo as quantidades produzidas de
cada bem).

5.1. Deslocações para cima ou para a Direita


A FPP pode-se deslocar para cima ou para a direita quando aumenta um dos factores de
produção (terra, trabalho, capital e tecnologia), isto é, se o pais tem maior nível de

28
trabalhadores ou se tem um maior nível de maquinarias as possibilidades de produção irão
aumentar e a FPP irá se deslocar para cima conforme mostra o gráfico 3 a seguir.

29
Gráfico 3: deslocação para cima da FPP

5.2. Deslocações para Baixo ou para a Esquerda


A FPP pode-se deslocar para baixo ou para a esquerda quando os factores de produção
reduzem isto é, quando ocorre um fenómeno que implique a redução de um dos factores de
produção como por exemplo cheias, incêndios que podem danificar as máquinas usadas na
produção e reduzir o número de trabalhadores, deslocando assim a FPP para a esquerda
conforme mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 4: deslocação para baixo da FPP

30
5.3 Alteração de cada um dos Factores de Produção
Vamos de seguida analisar separadamente o efeito de cada um dos factores de produção sobre
a FPP.

a) Terra

Se a porção de terra destinada a produção de determinado bem aumenta, irão aumentar as


quantidades ou opções que temos para a produção de bens e serviços. Neste caso, para as
mesmas quantidades de factores de produção teremos maiores quantidades de produtos ou
maiores combinações de produtos o que significa que a FPP irá se deslocar para a direita.

Para o caso inverso, situação em que a porção de terra destinada a produção é reduzida a FPP
irá se deslocar para a esquerda.

b) Trabalho

Todos os factores que contribuem para o aumento da força de trabalho (exemplo, maior
número de pessoas aptas ao trabalho, emigração de estrangeiros, aptos ao trabalho para
Moçambique, redução da idade mínima de trabalho, aumento salarial e outros), contribuem
de igual forma para o aumento da quantidade total dos bens e serviços produzidos no país,
neste caso, irão aumentar as possibilidades de produção dos bens e serviços e a FPP irá se
deslocar para a direita ou para cima.

Para o caso em que os factores de produção contribuem para a redução da forca laboral
(morte de pessoas aptas ao trabalho devido as cheias, calamidades naturais, guerras, redução
da natalidade, etc.), irão também contribuir para a redução das quantidades produzidas e a
FPP irá se deslocar para dentro ou para a esquerda.

c) Capital

O capital é um dos factores que em algumas empresas é fundamental para o aumento da


produção, imagine só como seria difícil produzir grandes quantidades de arroz se não
tivéssemos máquinas de descasque de arroz? Neste caso, todos os factores que afectem ou
reduzam o nível de máquinas e equipamentos (destruição das máquinas devido as cheias,

31
sabotagens, mau uso das máquinas, falta de manutenção etc.) afectam também o nível de
produção, provocando assim uma deslocação da FPP para a esquerda ou para baixo.

No caso de aumento do capital teremos uma deslocação da FPP para a direita ou para cima.

d) Tecnologia

Tecnologia refere-se a maneira como são combinados os factores de produção. Neste caso, se
usarmos os mesmos factores de produção, mas com conhecimentos tecnológicos melhorados
podemos produzir quantidades cada vez maiores e a FPP pode se deslocar para cima.

5.4 Deslocações ao Longo da FPP


Para além das deslocações para cima e para baixo, podemos ainda verificar uma deslocação
ao longo ca curva da FPP de um ponto para o outro. Esta deslocação ocorre quando as opções
de produção de determinado bem alteram, mantendo o mesmo nível dos factores de
produção.

O gráfico abaixo mostra a situação em que o nível de produção passou do ponto A para o
ponto B, mostrando que o nível dos factores de produção não altera e o país optou por
aumentar a produção de máquinas de calcular em detrimento da produção do açúcar.

Gráfico 5: Deslocação ao longo da FPP

32
Tarefas

1. Os factores de produção são todos os recursos que usamos para a produção de um bem ou
serviço. Relacione os factores de produção e os custos de oportunidade. De um exemplo
concreto.

2. A fronteira de possibilidade de produção mostra a quantidade máxima que podemos


produzir de dois bens, dados os factores de produção existentes. Explique a importância
de estudo deste tema dando exemplos concretos.

3. Moçambique foi assolado recentemente por cheias e ciclones. Explique de forma


detalhada usando a fronteira de possibilidades de produção os efeitos na economia.

Exercícios de Auto-avaliação

1. Defina factores de produção e mostre a importância do seu estudo.

2. Identifique os factores de produção que conhece e explique a essência de cada um deles.


3. Explique por que motivo considera-se o factor tecnológico como um dos factores de
produção mais importante.
4. Relacione o custo de oportunidade e a escassez.
5. Sobre a fronteira de possibilidades de produção (FPP) responda:
a) Defina a FPP e mostre a importância do seu estudo.
b) Explique a razão da sua inclinação negativa.
c) Tendo em conta a definição da FPP, o que pode-se dizer quanto ao desempenho
económico de Moçambique.
d) Usando a FPP, explique o que aconteceria com o nível de produção na economia caso
houvesse um progresso tecnológico.
33
e) Aponte, três factores que afectam negativamente a FPP de uma determinada
economia. Represente graficamente.
6. O gráfico abaixo mostra as quantidades máximas de pão e cerveja que a economia ALFA
pode produzir dado os factores de produção e o conhecimento tecnológico.

34
Gráfico 6: FPP do país ALFA

a) Supondo que esta economia esteja a produzir no ponto B. Explique o que estaria a
suceder em relação aos factores de produção e a própria produção.
b) Responda a alínea anterior para os restantes pontos (A, C e D).

Chave-de-correcção
1. Factores de produção são todos os meios ou recursos usados para a produção de
determinado bem ou serviço. É importante estudarmos os factores de produção para usa-
los de forma racional e melhorar a produção.

2. Os factores de produção que estudamos são: terra, trabalho, capital e capacidade


tecnológica.

3. Considera-se a capacidade tecnológica como um dos factores mais importantes no


processo produtivo pois esta está presente em cada um dos factores de produção. Na terra
temos que usar a tecnologia que o melhor uso, no caso do capital também é necessário o
uso da tecnologia para melhorar o seu funcionamento.

4. O custo de oportunidade é o valor da melhor alternativa sacrificada. Dada a escassez de


recursos, muitas vezes temos de nos abster de determinados bens ou tarefas em
detrimento das outras tarefas.

5. a) A Fronteira de Possibilidades de Produção é um lugar geográfico que mostra as


quantidades máximas de dois bens que podem ser produzidos usando plenamente os

35
factores de produção. É importante estudarmos a FPP para identificarmos as quantidades
que poderemos produzir de modo a não desperdiçar recursos.

b) A FPP é negativamente inclinada pois os recursos de produção estão a ser usados na


totalidade o que significa que para aumentarmos a produção de um bem temos que
desviar os recursos de produção afectos ao outro bem para este que pretendemos
aumentar e assim sendo a produção do outro bem irá reduzir.

c) Se houver um melhoria tecnológica, a FPP irá se deslocar para a direita para o mesmo
nível de factores de produção teremos níveis cada vez mais elevados de bens e serviços.

d) Os três factores que podem deslocar a FPP para a direita são: aumento da população
activa, aumento de máquinas, aumento da Porcão da terra dedicada para a produção.

e) Os três factores que podem deslocar a FPP para a esquerda são: morte da população
activa, destruição de máquinas, terra não usada devido as inundações.

6. a) Se a economia estivesse a produzir no ponto B estaria a ser ineficiente, isto é nãos


estaria a usar de forma plena os factores de produção de que dispõe. Existiriam recursos
que não estariam a ser usados.

b) Para o ponto A, a economia apenas estaria a produzir arroz, significa que esta
economia estaria a especializar se na produção de arroz. Para o ponto C, de acordo com
os factores de produção disponíveis não é possível alcançar este nível de produção este
ponto é inatingível. O ponto D mostra também um ponto de especialização para a
produção de cerveja.

Resumo

Na presente unidade vimos os factores de produção e a fronteira de possibilidades de


produção. Estes dois temas são muito importantes na economia pois definem os recursos que
temos e a forma de usa-los. A fronteira de possibilidades de produção mostra as quantidades

36
máximas de dois bens que podemos produzir num país tendo em conta que todos os factores
de produção estão a ser usados de forma racional.

A fronteira de possibilidades de produção esta relacionada com o conceito de custos de


oportunidade na medida em que estando a usar plenamente todos os recursos produtivos só
podemos aumentar a produção dos nossos bens se os nossos recursos aumentarem. Se os
recursos de produção manterem-se e necessitamos de aumentar a produção de um bem isto
implicará a redução dos factores destinados ao outro bem reduzindo assim a sua quantidade
produzida. De uma forma geral, podemos afirmar que quando estamos em pleno uso dos
factores de produção o aumento da produção de um bem implica a redução da produção do
outro.

A fronteira de possibilidades de produção pode se deslocar para cima ou para a direita


quando aumentam os factores de produção que temos e pode se deslocar para baixo ou para a
esquerda se os factores de produção reduzem.

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

37
Unidade Didáctica nº 3: Procura e Oferta de Bens e Serviços

Introdução
Depois de termos analisado a Fronteira de Possibilidades de Produção, vamos de seguida,
estudar as principais funções económicas: a função da procura e a função da oferta.

Nesta unidade iremos, na primeira parte, analisar a função procura, onde iremos definir a
procura, analisar os seus determinantes e traçar graficamente a função. Na segunda parte da
unidade analisaremos a função oferta de bens e serviços onde vamos destacar a definição, os
determinantes e a sua representação gráfica.

Após o estudo em separado da função procura e oferta dos bens ou serviços vamos fazer uma
análise simultânea destas duas funções e chegaremos a um ponto de equilíbrio.

Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Definir procura e oferta de um bem ou serviço;

 Representar graficamente e analiticamente a função procura e a função oferta de um


bem ou serviço;

 Explicar os determinantes da procura e os determinantes da oferta;

 Analisar as alterações da procura e da oferta tendo em conta o equilíbrio de mercado;

 Diferenciar as equações da procura e da oferta;

38
 Calcular os valores de preço e quantidades de equilíbrio perante as funções da procura
e da oferta.

Desenvolvimento do Conteúdo

1. Mercados
Mercado define se como um lugar físico ou imaginário onde compradores e vendedores
transaccionam bens e serviços. Assim sendo, podemos dizer que o mercado é um lugar físico
ou não composto por vendedores e compradores que transaccionam bens e serviços a
determinado nível de preço. Os vendedores são os que oferecem os bens e serviços (estes
produzem e colocam a disposição dos consumidores no mercado) e os compradores
procuram os bens e serviços.

A procura representa os consumidores ou compradores e a oferta representa os vendedores ou


os produtores.

Existem quatro factores essenciais que caracterizam um mercado:

1. Bens ou serviços;

2. Vendedores e compradores;

3. Preço4

4. Espaço – que pode ser físico ou virtual.

2. Função Procura
A procura ou demanda de um determinado bem é definida como a quantidade de bens que os
compradores estão dispostos a comprar a diferentes níveis de preços.

4
Preço é expressão monetária de uma certa quantidade de bens ou serviços. O preço é determinado pela
interacção dos vendedores e compradores.

39
Quando determinado consumidor desloca-se ao mercado para adquirir determinada
quantidade de bens e serviços este faz em primeiro lugar uma lista das quantidades a adquirir
e conjuga estas quantidades com o preço dos mesmos.

Para o consumidor quanto mais baixo for o preço do bem, maior serão as quantidades que
este irá adquirir e mais satisfeito este ficará.

A quantidade que os consumidores de um bem procuram depende do seu preço. Quanto


maior for o preço de um bem ou serviço, menor será a quantidade do mesmo que os
consumidores pretendem comprar. Quanto menor for o preço, maior é a quantidade
comprada. Por isso, mantendo-se o resto constante, existe uma relação entre o preço de um
bem ou serviço e a quantidade procurada desse mesmo bem ou serviço. Esta relação entre o
preço e a quantidade procurada reflecte a lei da procura e é representada por uma função de
procura ou curva da procura.

Exemplo:

Considere a função de procura de leite apresentada na tabela abaixo. Para cada preço descrito,
corresponde determinada quantidade procurada. Por exemplo, com o preço de 4mt por pacote
de leite, a quantidade procurada é de 10 pacotes de leite. Se o preço do leite sobe para 5mt o
consumidor não estará disposto a comprar a mesma quantidade, neste caso como podemos
observar na tabela a quantidade consumida de leite é de 9 pacotes, no entanto quando o preço
do leite baixa para 2mt os consumidores estão dispostos a aumentar a quantidade de leite
consumida neste caso, estes irão consumir 12 pacotes de leite.

A análise detalhada do preço e da quantidade consumida de um determinado produto leva-


nos a conclusão de que quando o preço aumenta o consumidor está disponível a adquirir cada
vez menos quantidades e quando o preço diminui o consumidor está disposto a consumir ou
adquirir cada vez mais quantidades. Neste caso, podemos afirmar que o preço de um bem e as
quantidades procuradas e consumidas pelos consumidores tem uma relação inversa.

Tabela 3: Preços e quantidades procuradas

40
Preço (P) Quantidade procurada (Q)
(MT por pacote) (pacotes por ano)

A 5 9
B 4 10
C 3 12
D 2 15 Curva de procura é a
E 1 20 representação gráfica
da função de procura. O gráfico abaixo mostra a curva da procura.

Gráfico 7: Curva da Procura

O eixo horizontal representa a quantidade procurada de leite, enquanto o vertical representa o


preço de leite. Note que o preço e a quantidade procurada relacionam-se de forma inversa.
Isto é, a quantidade procurada diminui quando o preço aumenta e vice-versa. A teoria
económica estabelece que a relação entre o preço e a quantidade que os consumidores
procuram é negativa.

A lei da procura determina que quando o preço de um bem ou serviço aumenta, mantendo-se
o resto constante, os compradores tendem a consumir uma menor quantidade desse bem ou

41
serviço. De forma similar, quando o preço baixa, mantendo-se o resto constante, a
quantidade procurada aumenta.

42
2.1 Factores que Justificam a Inclinação Negativa da Curva da Procura
A lei da procura foi testada e verificada empiricamente. Mas existe uma questão que temos
que responder: Por que razão o preço e a quantidade procurada se relacionam inversamente?
Ou quais são os factores que fazem com que esta relação inversa entre o preço e a quantidade
consumida prevaleça? Ou ainda quais são os factores que justificam a negatividade da função
procura?

Existem duas razões que explicam esta relação inversa entre o preço e a quantidade que os
compradores tendem a consumir.

a. Efeito substituição

Efeito substituição mostra que quando o preço de um determinado bem aumenta os


consumidores tendem a substituir o consumo deste bem que aumentou o preço por um
outro bem que desempenha as mesmas funções (bens substitutos) e que o preço é
relativamente baixo. Por exemplo: se o preço do frango aumenta, os consumidores
podem substituir o consumo deste bem por um outro bem substituto, como por
exemplo, o consumo de carne de vaca.

b. Efeito rendimento

A segunda razão da inclinação negativa da curva de procura é o efeito rendimento.


Quando o preço de um bem ou serviço aumenta, ficamos relativamente mais pobres
do que anteriormente pois, com o mesmo rendimento, compramos menos bens e
serviços. Normalmente, o rendimento de cada consumidor (salário) é fixo durante um
determinado tempo. O que significa que se o preço de um bem ou serviço aumenta
com o mesmo nível de salário agora o consumidor irá adquirir menores quantidades.

2.2 Determinantes da Curva da Procura


A procura de um bem ou serviço é influenciada por diversos factores dos quais podemos
destacar:

43
 Rendimento dos consumidores: com aumento do rendimento, os consumidores
tendem a comprar uma maior quantidade de bens e serviços, mantendo o resto
constante;

 Tamanho da população: a dimensão do mercado é medida pelo tamanho da


população. Quanto maior for a população, maior será a quantidade procurada para
cada nível de preço;

 Os preços e disponibilidade de produtos relacionados: os preços e disponibilidade de


bens relacionados influenciam a procura de um bem ou serviço. Dois casos devem ser
considerados: bens substitutos e bens complementares. Para bens substitutos, a
procura de um bem ou serviço tende a diminuir quando o preço do seu substituto
diminui e vice-versa. Para bens complementares, a procura diminui quando o preço do
seu complementar aumenta.

 Gostos e preferências: os gostos representam uma variedade de influências culturais,


históricas, psíquicas e fisiológicas que determinam as quantidades de bens e serviços
que os indivíduos procuram. Por exemplo, consumir carne de porco é vulgar para os
cristãos mas é tabú para os muçulmanos, por isso em zonas onde há demasiados
muçulmanos a procura pela carne de porco é menor relativamente a zona onde há
maior abundancia de cristãos.

 Influências específicas: as influências específicas referem-se a todos os factores que


podem condicionar a procura de um determinado bem ou serviço. Por exemplo: a
procura de guarda chuvas é geralmente maior nos dias de chuva. A procura de
automóveis é reduzida em Nova Iorque onde o transporte público esta devidamente
organizado.

2.3 Deslocações da Curva da Procura para Fora e para Dentro


Cada um dos determinantes analisados anteriormente influencia a curva da procura e podem
causar deslocações desta para fora (direita) ou para dentro (esquerda).

44
De seguida analisamos cada um dos casos:

a. Rendimento dos consumidores

O aumento do rendimento dos consumidores permite que estes estejam aptos para
adquirir maiores quantidades de bens e serviços, mantendo o resto constante. Se o
nível de rendimento (salário, subsídios ou outro tipo de rendimentos) aumenta
para o mesmo nível de preços os consumidores estão aptos para adquirir maiores
quantidades, o que significa que a curva da procura irá deslocar-se para a direita
de d para d1, conforme mostra o gráfico abaixo.

Com o aumento do nível de rendimento, para o mesmo nível de preços os


consumidores estão dispostos a consumir mais bens e serviços. Neste caso, as
quantidades consumidas irão aumentar de Q1 para Q2.

Gráfico 8: Deslocação para cima da curva da procura

b. Dimensão do mercado

A dimensão do mercado é medida pelo tamanho da população. Quanto maior for a


população, maior será a quantidade procurada para cada preço. Neste caso,
considerando que o nível de preços inicial é de P e a quantidade de bens e serviços
procurada de Q1. Com o aumento da população ao mesmo nível de preços, a
quantidade procurada será maior pois, teremos mais pessoas a procurarem pelo
mesmo bem ao mesmo preço. O gráfico 8 ilustra essa situação e podemos verificar

45
que a curva da procura irá deslocar-se para a direita dado o aumento do número da
população.

c. Os preços e disponibilidade de produtos relacionados

Os preços e disponibilidade de bens relacionados influenciam a procura de um


bem ou serviço. Dois casos devem ser considerados:

 Bens substitutos

 Bens complementares.

a) Bens substitutos

Para bens substitutos, a procura de um bem ou serviço tende a diminuir quando o preço do
seu substituto diminui e vice-versa. Por exemplo, considere dois bens substitutos: o chá e o
café. A quantidade procurada do café é de certa forma influenciada pelo preço do chá. Se o
preço do chá aumenta os consumidores tenderão a substituir o consumo do chá por um outro
bem que desempenha as mesmas funções.

Neste caso, os consumidores irão procurar ouros bens substitutos que tem um preço
relativamente menor que o preço do chá. Assim sendo, os consumidores podem ser induzidos
a consumir o café em substituição do chá e neste caso a procura do café irá aumentar. E como
podemos observar o preço do chá influenciou a quantidade de consumo do café.

Exemplo: supondo que a função procura (d) representa a procura do chá. O que aconteceria
com a função da procura do chá se o preço do café reduzisse? Ou melhor mostrar o efeito da
redução do preço de um bem substituto sobre a curva da procura.

Se o preço do café reduzisse, os consumidores iriam aumentar a quantidade adquirida deste


produto que baixou o preço, pois, para o consumidor quanto mais barato melhor. Neste caso,
a redução do preço do café implica um aumento das quantidades adquirida do café e tendo
em conta que o nível do rendimento do consumidor não alterou este será obrigado a reduzir
as quantidades adquiridas de chá.

46
Se o consumidor compra mais café automaticamente irá reduzir a quantidade consumida do
chá pois estes bens são substitutos. Neste caso no mercado do chá teremos uma menor
quantidade consumida.

O gráfico a seguir mostra esta situação para uma redução do preço de um bem substituto a
curva da procura desloca-se para a esquerda, de d para d1. O que implica menores
quantidades de consumo de chá.

Gráfico 9: Deslocação para baixo da curva da procura

b) Bens complementares

Como já vimos anteriormente, Bens complementares são aqueles que devem ser usados
simultaneamente para a satisfação da mesma necessidade. Exemplo: o combustível e
automóvel são bens complementares no sentido de que o automóvel não satisfaz as
necessidades de locomoção sem o combustível.

Neste caso, o aumento do preço de um bem complementar pode levar a redução das
quantidades consumidas do outro bem. Considerando o exemplo do combustível e do
automóvel. Quando o preço do combustível aumenta a quantidade procurada do automóvel
diminui e quando o preço do combustível reduz a procura por carros aumenta.

Considere o gráfico abaixo que mostra a função da procura dos automóveis, representado
pela função de procura d. Se o preço dos combustíveis aumenta para o mesmo nível de preços
a quantidade procurada dos automóveis será menor, o que implica uma deslocação da curva
da procura para a esquerda (de d para d1), conforma mostra o gráfico.

47
Podemos observar ainda que as quantidades consumidas de automóveis reduzem de Q1 para
Q2, conforme mostra o gráfico 9.

A relação entre bens substitutos e bens complementares pode ser resumida no seguinte
esquema:

Bens substitutos

- Aumento do preço de um bem A quantidade procurada do outro bem


aumenta

(preço do chá aumenta) (quantidade consumida do café


aumenta)

- Redução do preço de um bem A quantidade procurada do outro bem


reduz

(preço do chá reduz) (quantidade consumida do café reduzem)

Bens complementares

- Aumento do preço de um bem A quantidade procurada do outro bem


diminui

(preço do combustível aumenta) (quantidade procurada do automóvel


diminui)

- Redução do preço de um bem A quantidade procurada do outro bem


reduz

(preço do combustível reduz) (quantidade consumida dos automóveis


aumenta)

d. Gostos e preferências

48
Quando os gostos por um determinado produto aumentam, as quantidades procuradas desse
bem irão aumentar, os consumidores estão dispostos a adquirir maiores quantidades desse
bem, portanto, a curva da procura desloca-se para a direita.

A cultura também influencia o nível da procura de um determinado bem ou serviço. Por


exemplo, o uso das calças jeans por mulheres em determinadas zonas não é usual (até pode se
considerar tabu ou crime), neste caso, as quantidades procuradas das calças jeans nessa zona
serão menores.

A mesma análise pode ser feita para questões culturais, históricas e psíquicas.

e. Influências Específicas

Existem determinadas influências específicas que podem fazer com que as


quantidades procuradas de determinados bens alterem. O clima, as condições
políticas, sociais podem influenciar a procura de um determinado bem. A procura por
camisas dos principais clubes de futebol aumenta nas vésperas do mundial ou nas
vésperas de um jogo importante.

2.4 Deslocações ao Longo da Curva da Procura


A alteração de um dos determinantes da procura resulta na deslocação da curva de procura.
Por exemplo, o aumento do rendimento dos consumidores de leite resulta na deslocação para
a direita da procura de leite, e uma redução por exemplo nos gostos e preferências dos
agentes económicos irá resultar numa deslocação da curva da procura para a esquerda.

Deslocações para cima ou para baixo da curva da procura (estudadas anteriormente) são
diferentes das deslocações ao longo da curva da procura. As deslocações para cima ou para
baixo referem-se a alteração dos factores que determinam a procura. Neste caso são factores
diferentes do preço e da quantidade procurada do próprio bem.

Quando varia apenas o preço do próprio bem sem que necessariamente tenha variado um dos
determinantes da procura teremos uma deslocação ao longo da curva.

49
O gráfico abaixo mostra um exemplo de deslocações ao longo da curva da procura. Supondo
que o gráfico representa a procura de leite. Conforme a lei da procura anuncia. Quanto menor
for o preço de um determinado bem maiores serão as quantidades procuradas e consumidas
desse bem mantendo o resto constante. Neste caso, podemos observar no gráfico 10 que
quando o preço do leite reduz de P1 para P2, as quantidades procuradas do leite aumentam de
Q1 para Q2, mantendo o resto constante.

Gráfico 10: Deslocação ao longo da curva da procura

NOTA: uma variação na procura refere-se a deslocação da curva de procura e uma variação
da quantidade procurada refere-se ao movimento ao longo da curva de procura.

A variação da procura ocorre quando se altera um dos determinantes subjacentes à curva de


procura e não o preço de próprio bem ou serviço.

A variação da quantidade procurada resulta da alteração do preço do bem ou serviço em


questão. Quando o preço de leite diminui, mantendo o resto constante, os consumidores de
leite tendem a comprar mais leite. Esta variação nas compras representa um movimento ao
longo da curva de procura, e não uma deslocação da curva de procura.

A lei da procura representa um movimento ao longo da curva de procura. Isto é a variação da


quantidade procurada devido a variação do preço.

3. Função Oferta
Na função procura descrevemos as escolhas dos consumidores, para analisarmos as escolhas
dos produtores ou das empresas vamos considerar a função oferta. A função oferta mostra-
50
nos quanto mais um bem os produtores desejam produzir e vender a diferentes níveis de
preço, mantendo tudo o resto constante.

Lei da Oferta: A lei da oferta indica que quanto maior for o preço de um bem ou serviço,
maior será a quantidade que os produtores estão dispostos a produzir e vender, mantendo o
resto constante.

Exemplo: considere os dados referentes ao preço e as quantidades produzidas do leite.

Tabela 4: Preços e quantidades oferecidas do leite


Preço Quantidade oferecida
(MT por pacote) (milhões de pacotes por ano)
P Q Os dados da tabela 4
A 5 18 mostram que com um
B 4 16 preço muito baixo
C 3 12 (1MTn), os fabricantes

D 2 7 de leite preferem

E 1 0 produzir outros bens


que lhe darão maiores
lucros e que com o aumento do preço mais quantidades de leite serão produzidas.
A teoria económica sustenta que a curva de oferta tem uma inclinação positiva. Uma
hipotética função de oferta de leite é apresentada na figura abaixo.

Gráfico 11: curva da oferta de leite

51
P

3.1 Determinantes da Oferta


Para melhor entender os determinantes da curva de oferta, tenha em mente que os produtores
oferecem qualquer bem ou serviço pelos lucros que eles obtêm ao produzirem e venderem tal
bem ou serviço. Por exemplo, mantendo o resto constante, com preços mais altos, os
produtores estarão dispostos a produzir e vender mais porque é mais lucrativo fazê-lo.
Os determinantes da oferta podem ser resumidos em:

 Custo dos factores de produção;

 Progresso tecnológico;

 Preço de bens relacionados;

 Políticas governamentais;

 Influências especiais

a) Custo dos factores de produção

Um dos factores mais importantes que influencia a curva de oferta é o custo de produção.
Será lucrativo produzir um bem ou serviço se o custo por unidade de produção for inferior ao
preço desse bem ou serviço. Quando o custo por unidade de produção é maior que o preço, os
produtores irão produzir poucas quantidades ou mesmo abandonar a produção de tal bem ou

52
serviço. Por exemplo, quanto mais baixo for o preço da farinha, maiores serão as quantidades
de pão que os produtores irão produzir e vender. E quanto mais alto for o preço da farinha
menores quantidades os produtores estarão dispostos a produzir e vender.

b) Progresso tecnológico

O progresso tecnológico (a evolução da tecnologia) torna o preço dos factores de produção


cada vez mais baixos. Por exemplo, o preço para a aquisição de um computador nos anos 80
(inicio da sua invenção) era muito elevado, com a expansão da tecnologia o uso intensivo
deste factor o preço deste bem foi reduzindo. Logo podemos afirmar que quando um bem foi
produzido usando nível tecnológico ainda recente e não expandido o custo deste mesmo bem
será elevado e quando a tecnologia expande-se o preço do bem torna se cada vez menor.

c) Preço de bens relacionados

Os produtores estão sempre atentos às alternativas para as quais os seus activos (factores) de
produção podem ser usados. Especialmente, os produtores estão atentos em saber se vale a
pena usar os seus factores de produção para produzir diferentes modelos de carros ou um
outro bem. Por exemplo, se o preço de carro de modelo A diminui, os produtores de carro
irão reduzir a produção do modelo A e aumentar a produção do modelo C que é relativamente
mais lucrativo.

d) Políticas governamentais

Os governos normalmente desenham e implementam leis que podem influenciar a curva de


oferta. Por exemplo, as leis ambientais e de saúde podem determinar que tecnologias podem
ser usadas num certo país, e influenciar a curva de oferta. As leis fiscais e de salário
influenciam os custos dos factores de produção, especialmente a mão-de-obra. As políticas e
acordos comerciais também têm um efeito sobre a curva de oferta. Quando um acordo
comercial abre o mercado do país A para o país B, os produtores do país A podem aumentar
as quantidades produzidas pois, o mercado para expor os mesmos aumentou.

e) Influências especiais
53
Várias influências especiais afectam a oferta dos bens e serviços No caso da agricultura, as
condições meteorológicas influenciam a curva de oferta de produtos agrários e seus
derivados.

3.2 Deslocações da Curva da Oferta


A variação da oferta representa o movimento da curva da oferta devido a alterações dos
determinantes da oferta.

a) Custo dos Factores de Produção

Quanto maiores ou mais altos forem os preços dos factores de produção menores quantidades
de bens os produtores estão dispostos a produzir e vender.

Neste caso supondo que a figura abaixo representa a função oferta de pão. Quando o preço de
um dos factores de produção aumenta (exemplo quando aumenta o preço da farinha), ao
mesmo nível de preço os produtores estão dispostos a produzir menores quantidades pois este
aumento do preço dos factores reduz o nível do seu lucro.

O gráfico mostra que com o aumento do preço da farinha ao mesmo nível de preços as
quantidades que os produtores estão dispostos a produzir e vender reduzem de Q1 para Q2 e a
função da oferta ou curva da oferta ira se deslocar para a esquerda.

54
Gráfico 12: Deslocação para a esquerda da curva da oferta

b) Preço de Bens Relacionados

O preço de um bem pode influenciar a quantidade de um determinado bem que os produtores


estão dispostos a produzir e vender. Por exemplo: se o preço do automóvel de marca Toyota
baixa demasiadamente, os produtores deste tipo de automóveis podem desviar a sua produção
e começar a produzir outros automóveis com marca diferente.

Se o preço do pão baixa os produtores do pão podem preferir produzir outros produtos, logo a
quantidade de pão que os produtores estarão dispostos a produzir será menor ou nula. Ou
podem aumentar a produção de bolos.

Consideremos dois bens: pão e bolos. O aumento do preço do pão pode causar o aumento da
quantidade de bolo que os produtores estão dispostos a produzir e vender.

Neste caso, considerando que a função a seguir refere-se a função da oferta de bolos, se o
preço do pão baixa, para o mesmo nível de preço do bolo a quantidade produzida deste irá
aumentar de Q1 para Q2 e a curva da oferta irá deslocar se para a direita.

55
Gráfico 13: Deslocação para a direita da curva da oferta

c) Políticas Governamentais

A implementação de determinadas leis pode influenciar as quantidades produzidas de


determinados bens e serviços. Por exemplo, o aumento dos impostos para a importação da
semente para a produção do arroz pode reduzir as quantidades que os produtores estão
dispostos a produzir e vender. Neste caso, um aumento do nível de impostos para o arroz
reduzem as quantidades produzidas para este produto o que significa que para o mesmo nível
de preços os produtores estão dispostos a produzir menores quantidades, reduzindo de Q1
para Q2 e a curva da oferta desloca-se para a esquerda.

Gráfico 14: Deslocação para a esquerda da curva da oferta

56
3.3 Deslocações ao Longo da Curva da Oferta
Tal como diferenciamos na procura na oferta também temos que diferenciar as deslocações
ao longo da curva da oferta e as deslocações para direita e deslocações para esquerda da
curva da oferta.

A variação da quantidade oferecida representa o movimento ao longo da curva da oferta. Isto


é, a alteração da quantidade oferecida devido a variação do preço.

A lei da oferta anuncia que quando o preço do pão aumenta os produtores estão dispostos a
produzir e vender maiores quantidades de trigo. Neste caso, temos uma deslocação ao longo
da curva da oferta conforme mostra o gráfico a seguir.

Gráfico 15: Deslocação ao longo da curva da oferta

4. Equilíbrio entre a Procura e a Oferta


Nas secções anteriores analisamos separadamente as funções da procura e da oferta. Neste
ponto iremos analisar estas duas funções de forma conjunta.

Do lado da procura vimos que quanto maior for o preço de um bem menores serão as
quantidades que os consumidores irão adquirir e quanto menor for o preço maiores serão as
quantidades que este irá adquirir. Para o lado da oferta temos o inverso quanto maior for o
preço do bem os produtores estão dispostos a fornecer quantidades cada vez mais elevadas e
quanto menor for o preço em vigor no mercado os produtores estão dispostos a oferecer
menores quantidades. No entanto, quando vamos ao mercado o preço que lá se encontra é
57
único. Não existe preço para os produtores e preços para os consumidores. A questão que se
coloca é: como é estabelecido o preço do mercado?

O preço de mercado resulta da intercepção entre a curva da procura e a curva da oferta e


designa-se preço de equilíbrio. O preço de equilíbrio igual as quantidades procuradas e as
quantidades oferecidas. Neste ponto, tanto os produtores assim como os consumidores estão
satisfeitos com o preço.

O gráfico abaixo mostra a intercepção da curva da procura e da oferta de bens e serviços.


Podemos observar o preço de equilíbrio (P*) e a quantidade de equilíbrio (Q*).

A função procura pode ser representada pela letra d que provem de demanda que significa
procura e a função oferta pode também ser representada pela letra s que provem de supply
que significa oferta.

Gráfico 16: Preço e quantidade de equilíbrio

4.1 Excedentes e Escassez de Bens e Serviços


O equilíbrio analisado na secção anterior mostra que no mercado não temos excedentes de
bens e nem escassez deste bem. Isto significa que ao nível de preço de equilíbrio todos os
consumidores que procuram bens e serviços no mercado encontram.

No caso em que se verifica escassez de bens ou excesso consideram se casos de desequilíbrio


no mercado.

58
Exemplo: suponhamos que as quantidades procuradas sejam maiores que as quantidades
oferecidas, isto é, nem todos os consumidores conseguem os bens que necessitam, há
escassez de bens no mercado o que acontecerá?

A figura que se segue ilustra essa situação, podemos verificar que as quantidades procuradas
são maiores que as quantidades oferecidas, neste caso, os produtores terão a tendência de
subir o preço praticado até um nível em que o número de consumidores que procuram este
bem a este nível de preço baixe. Isto é, o preço ira aumentar e alguns compradores irão
desistir de procurar por este bem a este preço (irão preferir outros bens) e o nível da procura
ira se estabilizar até que a escassez de bens de elimine e o preço em vigor no mercado se
estabilize.

Gráfico 17: Ajustamento do preço e quantidade de equilíbrio em caso de escassez de um


bem

Em caso de excesso de bens e serviços disponíveis no mercado. Os produtores por temerem


que os produtos deteriorem ou passem do prazo irão preferir baixar o preço, e como já vimos
pela lei da procura quanto mais baixo for o preço maiores quantidades os consumidores
estarão dispostos a adquirir.

Neste caso, a quantidade procurada irá aumentar (dada a redução do preço) até ao ponto em
que os produtores já não estarão mais dispostos a baixar o preço, isto é, até ao ponto de
equilíbrio. Conforme mostra o gráfico que se segue:

59
Gráfico 18: Ajustamento do preço e quantidade de equilíbrio em caso de excesso de um
bem

4.2 Equações da Procura e da Oferta


A equação da procura é dada pela seguinte expressão analítica

Q(x) = a – Px

Onde:

Q(x) representa as quantidades procuradas do bem x,

P é o preço

x é quantidade do bem e

a é um parâmetro (um número).

Note que: a função da procura é uma função negativamente inclinada, isto é, há uma relação
inversa entre o preço e a quantidade procurada. Facilmente pode se verificar na equação pelo
sinal negativo entre as duas variáveis.

A equação da oferta é dada pela seguinte expressão analítica

Q (x) = b + Px

Onde:

60
Q(x) representa as quantidades oferecidas do bem x,

P é o preço,

x é quantidade do bem e

b é um parâmetro (um número).

A oferta temos o sinal positivo para as duas variáveis preço e quantidade o mostra a lei da
oferta.

Como pode ver existe uma diferença entre uma equação da procura e da oferta. Esta diferença
esta no sinal associado ao preço. A procura tem uma relação inversa (sinal negativo) com o
preço enquanto a oferta tem uma relação directa (sinal positivo) com o preço.

4.3 Determinação do Preço e da Quantidades de Equilíbrio


Para determinar o preço e as quantidades de equilíbrio é necessário igualar as quantidades
procuradas com as quantidades oferecidas. Especificamente, a determinação da quantidade e
do preço de equilíbrio é feito usando dois passos a saber:

Passo 1: Igualar a equação da procura com a equação da oferta, neste caso Qd(x) = Qs(x) em
seguida resolver em ordem à p (preço).

Passo 2: Depois de encontrar ou achar o preço deve se substituir numa das equações para
achar as quantidades de equilíbrio.

Exemplo: as funções da procura e oferta de bananas são dadas pelas seguintes funções:

Q - P - 2 = 0 e Q -14 +2P = 0.

a) Distinga a função procura da oferta e justifique a sua escolha.

b) Determine o preço e as quantidades de equilíbrio

c) Represente graficamente o ponto de equilíbrio.

61
d) Se o preço for igual a 5mt, o que acontecerá no mercado? Quantifique e justifique.

Resolução:

a) Q = P + 2 é a oferta porque nesta função existe uma relação positiva entre a


quantidade e o preço, conforme a lei da oferta, quanto maior for o preço maior é a
quantidade oferecida. Por exemplo se o preço for de 5, a quantidade oferecida será de
7 (Q=5+2; Q=7) e se o preço sobe para 6 a quantidade oferecida também aumenta
para 8.

A função Q =14 - 2P é a função da procura porque nesta função existe uma relação
negativa entre a quantidade procurada e o preço. Quando o preço aumenta as
quantidades reduzem. Exemplo se o preço for de 2mt a quantidade procurada é de 10
(Q=14-2*2; Q=14-10; Q=10) e se o preço aumenta para 4mt a quantidade procurada
diminui para 5.

b) Condição de equilíbrio Qd (x)= Qs(x)

14 - 2P = P + 2 Sendo Q =14 - 2P onde P = 4 então

Q =14 – 2* 4

14 – 2 = 2P + P Q=14-8

3P = 12 Q= 6

P=4

c) Para representar graficamente o equilíbrio o estudante poderá optar pelo processo de


tabela, escolhendo valores para o preço e calcular as devidas quantidade conforme
mostra-se abaixo.

Preço 1 2 3 4 5 6
Q=P +2 3 4 5 6 7 8

62
Q =14 - 2P 12 10 8 6 4 2

O estudante poderá optar ainda por determinar os pontos de intercepção (os vértices das
funções) e representar graficamente sem necessariamente ter que recorrer a uma tabela.

A escolha do método depende do estudante desde que construa o gráfico e represente o ponto
de equilíbrio.

d) Se o preço for igual 5mt a quantidade oferecida será Q =14 – 2*5 = 7 e a quantidade
procurada será Q = 5 + 2= 4. Neste caso, haverá um excesso da oferta 7 > 4 em que 7 -4 = 3
representa o excesso da oferta.

Tarefas
1. Analise os efeitos sobre a curva da procura e/ou oferta do chá nas seguintes situações:
(explique teoricamente e ilustre graficamente)

a) Redução do número de população de uma determinada região.

b) O preço do café aumenta.

c) Gostos e preferências por um determinado bem reduzem.

d) Redução do nível de rendimento dos consumidores.

e) Aumento do preço dos factores de produção

2. Explique analiticamente e graficamente o efeito sobre a curva da procura do leite quando


o preço do leite aumenta.

63
Exercícios de Auto-avaliação

1. A lei da procura determina que quando o preço de um bem ou serviço aumenta,


mantendo-se o resto constante, os compradores tendem a consumir uma menor
quantidade desse bem ou serviço.

a) O que é que justifica a relação inversa entre o preço e as quantidades procuradas?

b) Identifique e explique três factores que determinam a procura por um bem ou serviço.

2. Enuncie a lei da oferta e os determinantes da oferta?

3. Suponha que o mercado de pão é caracterizado pelas seguintes funções de procura e


oferta respectivamente:

a) Identifique as funções da procura e da oferta e justifique a sua resposta.

b) Calcule as quantidades e o preço de equilíbrio e represente graficamente

4. Explique o que aconteceria ao preço e quantidade procura e/ou oferecidas no mercado do


batata-doce, nas seguintes situações (use a ilustração gráfica):

a) Aumento do preço de um bem substituto (pão);

b) Uma calamidade natural que destruísse terras usadas para a produção da batata.

c) Um aumento do rendimento dos consumidores

d) Um imposto mensal sobre a venda da batata.

e) Uma nova técnica de produção que permite a produção de maiores quantidades de


batata usando um espaço menor de cultivo.

f) Um aumento de 20% nos salários dos trabalhadores da plantação de batatas.

64
5. Dadas as seguintes curvas da oferta e procura de mercado do bem X:

a) Determine o ponto de equilíbrio do mercado e represente-o graficamente.

6. Suponha que num determinado mercado a procura e a oferta são dadas pelas seguintes
funções:

a) Determine analiticamente a quantidade e o preço de equilíbrio do mercado


representado esta situação graficamente.

b) Se o estado decidir fixar o preço em 120 e 100, qual será o impacto? Justifique.

7. O mercado do produto Q apresenta as seguintes funções:

P= 300 – Q e P= 60 +2Q

a) Indique a função da procura e a função da oferta, e justifique a sua resposta.

b) Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio deste mercado

8. As tabelas (A) e (B) abaixo apresentadas mostram o comportamento dos consumidores e


produtores, no mercado de arroz onde P é o preço de unidades monetárias e Q são as
quantidades em litros.

(A)

P 60 50 40 30 20 10 0

Q 120 100 80 60 40 20 0

(B)

P 60 50 40 30 20 10 0

Q 0 20 40 60 80 100 120

65
a) Identifique a procura e a oferta. Justifique a sua escolha.

b) Indique os preços e as quantidades de equilíbrio do mercado. Explique os valores


escolhidos.

c) Represente graficamente o ponto de equilíbrio.

d) Se o Estado, administrando os preços e fixasse o preço de arroz ao nível de 50


meticais o kg diga o que se sucederia neste mercado. Quantifique este fenómeno e
explique como é que o mercado iria ajustar-se.

9. Sejam dadas as seguintes equações de procura e oferta

Q=1000*P-500 e Q=6000-1000*P

a. Determine analiticamente o ponto de equilíbrio do mercado e interprete os resultados


obtidos.

b. Usando os valores 2,3,4,5 e 6 para o preço, represente graficamente o equilíbrio.

c. Se o Estrado fixar o preço a nível de 4 unidades monetárias, diga o que sucederia no


mercado.

d. Suponha agora que por efeito de algum factor a demanda dada no número 1 passou a
ser dada pela equação Q=8000-1000*P.

i) Determine o novo ponto de equilíbrio e interprete os resultados obtidos comparando-


os com os da alínea a)

10. Sejam dadas as seguintes funções da oferta e da procura abaixo representadas.

Q=10P+20 e Q= -10P+140

a) Determine analiticamente a quantidade e o preço de equilíbrio.

b) Represente graficamente o equilíbrio do mercado.

66
Chaves de correcção

1. a) O que justifica a relação negativa entre o preço e a quantidade procurada é o efeito


substituição e o efeito rendimento e a lei da utilidade marginal decrescente.

b) Os factores que determinam a procura de um bem ou serviço são: rendimento dos


consumidores, tamanho da população, preço e disponibilidade dos bens relacionados e
gostos e preferências.

2. A lei da oferta enuncia que: mantendo o resto constante, quanto maior for o preço de
determinado bem ou serviço maior serão as quantidades que os produtores estarão
disponíveis a produzir e vender. Os determinantes da oferta são: custo dos factores de
produção, progresso tecnológico, preço dos bens relacionados e as políticas
governamentais.

3. a) Q=40-2P é a função da procura e Q=2P é a função da oferta.


b) P=10 e Q=20

4. a) Se o preço do pão aumenta, a procura pelo pão irá reduzir. Tendo em conta que o pão e
a batata-doce são bens substitutos as pessoas passarão a adquirir a batata em substituição
ao pão e assim, a procura pela batata-doce irá aumentar, a curva da procura de batata-
doce irá se deslocar para a direita.

b) Se a terra usada para a produção da batata-doce fosse destruída, a pouca terra existente
estaria com uma renda muito alta e sendo assim encareciam também o preço da batata-
doce.
c) Um aumento do rendimento dos consumidores faz com que os consumidores estejam
dispostos a adquirir cada vez mais quantidades de bens e sendo assim a curva da procura
ira se deslocar para a direita.

67
d) Um imposto mensal sobre a venda da batata encarece cada vez mais a batata e sendo
assim os consumidores estariam menos dispostos e com menor nível de rendimento para
adquirir a batata.

e) Uma melhoria da tecnologia aumenta a produção de batata e sendo assim a curva da


oferta de batata ira se deslocar para a direita.

f) Um aumento do salário dos trabalhadores da plantação de batata-doce aumentaria o


estímulo ao trabalho e a produção pode aumentar.

5. P=11 Q=9

6. a) P=110 e Q=900

b) Se o estado fixasse o preço de 100mt as novas quantidades procuradas seriam de 1000


e as oferecidas seriam de 830, o que mostra que a procura seria maior que a oferta e
consequentemente havia escassez de bens e serviço no mercado. Alguns consumidores
iriam ao mercado e não encontrariam os bens que procuram. Os produtores ao
perceberem o excesso da procura terão tendência de subir o preço até ao nível em que o
excesso da procura ira se eliminar.

c) Se o estado fixasse o preço de 120mt as quantidades procuradas seriam de 800 e as


quantidades oferecidas seriam de 970. O que mostra que a procura é menor que a oferta
consequentemente havia excesso de bens e serviço no mercado. Os produtores vendo que
os seus bens não estão a ser adquiridos e temendo que estes fiquem deteriorados ou ainda
que a empresa não consiga pagar os seus funcionários a tempo e hora ira baixar o preço
até ao equilíbrio inicial.

7. a) P=300-Q é a função da procura e P=60+2Q é a função da oferta.


b) P=220 e Q=80

8. a) A tabela da procura é B e a tabela A corresponde a oferta.


68
b) P=30 e Q=60
c) O estudante devera representar o gráfico tendo em conta os dados da tabela.
d) Ver a resposta da questão 6c)

9. a) P=3.25 e Q=2750
b) Traçar o gráfico tendo em conta que o s preços devem estar no eixo dos Y e as
quantidades no eixo dos X. use os valores indicados para os preços.
c) Ver a resposta da questão 6 b) e c).
d) O preço subiu de 3.25 para 4.25. significa que haverá excesso de bens no mercado a
procura será menor que a oferta.

10. a) P=6 e Q=80


b) O estudante devera representar o gráfico.
c) P=3.3 e Q=106.6

69
Resumo

Na presente unidade vimos as funções da procura e oferta. Aprendemos que são as leis da
procura e da oferta que mostram como o consumidor e o produtor comportam-se quando
estamos perante uma subida do nível de preços.

Vimos também os principais determinantes da lei da procura e da oferta, isto é, quais são os
factores que influenciam ou determinam a quantidade procurada e oferecida.

No final da unidade vimos como é determinado o equilíbrio de mercado. Como as interação


entre a procura e a oferta de um bem ou serviço determinam o preço e a quantidade de
equilíbrio. Analisamos as situações de excesso e escassez de bens e serviços e como o
mercado reagi para retornar o equilíbrio.

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

70
Unidade Didáctica nº 4: Elasticidade

Introdução
Quando analisamos a procura e a oferta de bens e serviços falamos dos determinantes da
procura e da oferta ou seja, os factores que aumentem ou reduzem as quantidades procuradas
ou oferecidas.

Na procura, vimos que quando o rendimento dos consumidores aumenta, estes estarão mais
aptos a adquirir maiores quantidades de bens e serviços e neste caso, o nível da procura
aumenta. No entanto, não analisamos em termos numéricos em quanto irá aumentar o nível
da procura.

Quando analisamos a oferta vimos, também, que quando os custos de produção aumentam as
quantidades que os produtores estarão dispostos a produzir serão cada vez menores mas não
analisamos em termos numéricos em quanto irá reduzir a quantidade oferecida como
resultado do aumento do custo dos factores de produção.

Para além das deslocações das curvas da procura e da oferta, analisamos também as
deslocações ao longo das curvas da procura e da oferta. Vimos a lei da procura que diz
quando o preço de um determinado bem aumenta mantendo o resto constante, a quantidade
procurada diminui. Neste caso, não analisamos em termos matemáticos estas variações.
Apenas conhecemos as direcções das variações. O mesmo é valido para a função oferta que
diz que quando o preço baixa as quantidades que os produtores estão dispostos a vender são
menores.

Nesta Unidade, iremos abordar um tema bastante interessante e importante na análise


económica – a elasticidade de procura e oferta.

Você estudante, terá a oportunidade de analisar o efeito quantitativo da variação de


determinados preços, o que o permitirá mobilizar os conceitos teóricos vistos na procura e
oferta de bens e serviços para as actividades práticas.

71
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Definir elasticidade;

 Calcular e interpretar os diversos tipos de elasticidade

 Diferenciar elasticidade da procura da elasticidade da oferta

 Diferenciar a elasticidade rendimento da elasticidade cruzada;

 Classificar os diversos tipos de elasticidade;

 Diferenciar a elasticidade no ponto da elasticidade no arco;

Desenvolvimento do conteúdo

1. Conceito e importância do estudo da elasticidade


O conceito de elasticidade é usado para medir a sensibilidade de uma determinada variável
económica face a mudanças nos seus potenciais determinantes. Por exemplo, quando o preço
de um determinado bem ou serviço varia (sobe ou baixa) os consumidores reagem, alterando
o nível das quantidades adquiridas ou vendidas deste bem.

Os consumidores estão sempre observando o comportamento dos preços dos produtos.


Assim, para cada bem eles demonstram ser pouco ou muito sensíveis às mudanças de preços.
Essa sensibilidade vai depender do quão importante é o produto para ele.

A reacção pode ser grande – quando para uma pequena subida do nível de preço houver uma
redução muito grande no nível das quantidades adquiridas dos consumidores. Ou pode ser
72
pode ser pequena – quando para uma subida do nível de preço houver uma redução muito
pequena no nível das quantidades adquiridas dos consumidores.

Elasticidade significa, sensibilidade.

Elasticidade de procura ou de oferta mede o grau em que os compradores e vendedores


respondem as mudanças nas condições de mercado.

2. Elasticidade da procura
Elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente por elasticidade preço)
mede o grau de sensibilidade da quantidade procurada de um bem ou serviço em função da
variação do seu preço. Por outras palavras, elasticidade preço  ED  é a variação percentual

da quantidade procurada de um bem ou serviço que resulta da variação percentual do seu


preço. Matematicamente, temos:

variação percentual da quantidade procurada


ED 
var iação percentual no preço

Normalmente, a variação percentual é calculada subtraindo o valor final e inicial e dividindo


pelo valor inicial.

Exemplo: se o preço do pão aumenta de 50 para 60. A variação é a diferença entre o preço
final (60) e o preço inicial (50), neste caso é de 10. Para calcular a variação percentual
usamos a seguinte formula:

P2  P1 60  50
Variação percentual do preço    0 .2
P1 50

Neste caso, teríamos uma variação percentual de 20% e pode se afirmar que o preço do pão
subiu 20%.

Para calcularmos a variação percentual da quantidade usamos a mesma fórmula e substitui-se


o P por Q, conforme mostra a fórmula a seguir.
73
Q2  Q1
Variação percentual do preço 
Q1

Para o caso da elasticidade não calculamos a variação do preço e da quantidade


separadamente temos que faze-lo simultaneamente.

A elasticidade pode ser calculada no ponto ou no arco.

2.1 Elasticidade no ponto


Elasticidade no ponto – mede a sensibilidade das quantidades quando o preço varia de um
ponto para o outro. Esta elasticidade é calculada usando a seguinte fórmula:

Q2  Q1
Q1
ED 
P2  P1
P1

Onde:

ED – elasticidade preço da procura

Q1 – é a quantidade inicial

Q2 – é a quantidade final

P1 – é o preço inicial

P2 – é o preço final

Exemplo:

74
Se o preço do sorvete sobe de 2,00 para 2,20 as quantidades procuradas de sorvete baixam de
10 unidades para 8. Calcular a elasticidade-preço da procura:

P1=2 Q1=10

P2=2.2 Q2=8

Q2  Q1 8  10
Q1 0.2
ED   10  2
P2  P1 2.2  2 0.1
P1 2

2.2 Elasticidade no Arco


Elasticidade no arco – mede a sensibilidade das quantidades quando o preço varia, usando
como base os valores médios de preços e quantidades.

A elasticidade é calculada usando a seguinte fórmula:

Q2  Q1
(Q  Q2 ) / 2
ED  1
P2  P1
( P1  P2 ) / 2

Para questões de análise de variações de preços muitos economistas usam a elasticidade no


arco pois, a elasticidade no ponto tem a desvantagem de mostrar resultados diferentes quando
a variação de preços ou quantidades é no sentido contrário. Exemplo se o preço varia de 50

75
para 60, temos uma variação percentual de 20%5, mas quando o preço varia de 60 para 50, a
variação percentual agora é de:

P2  P1 50  60
Variação percentual do preço    0,1667  16,67%
P1 60

Enquanto quando calcula-se a variação percentual tendo em conta a média dos dois preços o
valor obtido será o mesmo para os dois sentidos.

Variação percentual tendo em conta a média de dois pontos é dada pela fórmula:

P2  P1
Variação percentual do preço 
( P2  P1 ) / 2

Exemplo:

1. Variação percentual quando o preço passa de 50 para 60

P2  P1 60  50
Variação percentual do preço   2
( P2  P1 ) / 2 (60  50) / 2

2. Variação percentual quando o preço passa de 60 para 50

P2  P1 50  60
Variação percentual do preço   2
( P2  P1 ) / 2 (50  60) / 2

Exemplo:

Se o preço do pão sobe de 2,00 para 2,20 as quantidades procuradas de sorvete baixam de 10
unidades para 8. Calcule a elasticidade-preço da procura:

P1=2 Q1=10

5
Ver como foi calculado na secção anterior.

76
P2=2.2 Q2=8

Q2  Q1 8  10
Q1 0.2
ED   10  2
P2  P1 2.2  2 0.1
P1 2

2.3. Tipos de elasticidade de preço


a) Procura elástica
Quando há uma grande reacção dos consumidores face as variações dos níveis de preços diz-
se que a procura é elástica. As quantidades procuradas aumentam (diminuem) muito diante da
queda (aumento) do preço.

Diz-se que um bem tem uma procura elástica em relação ao preço quando a elasticidade
preço é maior que um. ED > 1.

A variação percentual do preço é inferior à variação percentual da quantidade procurada, isto


é, uma variação de 1% no preço corresponde a uma variação superior a 1% na quantidade
procurada. Por exemplo, um aumento em 1% do preço resulta numa diminuição de 7% na
quantidade procurada;

Exemplo: suponha que o preço da manteiga tenha seu preço elevado em 10% e a demanda
diminua em 30% neste caso, a redução da procura é muito maior que o aumento do nível de
preços.

Exemplo de bem com procura elástica

 Os bens de luxo – os bens de luxo como barcos de recreio (lancha), avionetas


particulares, jóias, roupas de marca, etc. são considerados bens elásticos, porque
quando o preço destes bens aumentam, as quantidades adquiridas baixam muito, os
consumidores podem até deixar de adquirí-los.

77
 Bens com substitutos próximos – os bens com substitutos próximos são
considerados elásticos. Se o preço de um bem aumenta as quantidades procuradas do
seu substituto aumentam. Por exemplo, em relação a manteiga e a margarina, se o
preço da manteiga altera e os consumidores sabem que este tem um substituto muito
próximo o nível da procura reduz de forma drástica.

 Por último, podemos ainda dar exemplo de bens específicos como sorvete de
chocolate, a procura por este bem é considerado muito elástica pois uma variação no
preço leva a grandes variações nas quantidades procuradas. Se o preço do sorvete de
chocolate altera o consumidor pode substitui-lo por outro sabor.

b) Procura inelástica
Um bem tem a procura inelástica quando a quantidade procurada aumenta (diminui) pouco
perante uma queda (aumento) do nível de preços.

Procura inelástica em relação ao preço ED <1.

A variação percentual do preço é superior a variação percentual da quantidade procurada, isto


é, uma variação de 1% no preço resulta numa variação inferior a 1% na quantidade
procurada. Por exemplo, uma redução em 1% do preço resulta num aumento de 0.4% na
quantidade procurada;

Exemplo: suponha que o preço do sal tenha aumentado em 10%, levando a uma redução de
4% na demanda.

Exemplo de bens que têm procura inelástica

 Bens de primeira necessidade - os bens de primeira necessidade como é o caso de


alimentos, consulta médica, educação, têm uma procura inelástica, isto é as alterações
nos preços destes produtos não provocam grandes variações no nível da quantidade.
Por exemplo, quando o preço da farinha de trigo aumenta a quantidade que os
consumidores procuram não sofre alterações significativas pois é um bem necessário
para a sua alimentação. O sal também é um produto inelástico (ou pouco sensível) às
78
variações de preços. Produto como o fósforo, por exemplo, é menos caro. Se
aumentar seu preço em 100% (de 1mt para 2mt), as pessoas não reduzirão o seu
consumo, pois este valor “pesa” muito pouco no orçamento.

 Bens com poucos substitutos – se o preço de um bem que não tem substitutos
próximos altera, o consumidor pode não alterar as suas quantidades de consumo
imediatamente.

 Bens definidos de formas menos específicas – os bens definidos de forma menos


específica têm uma procura inelástica

Resumindo:

DEMANDA ELÁSTICA

Aumento no preço dos bens Tende a reduzir a quantidade do bem

Redução no preço dos bens Tende a elevar a quantidade do bem

DEMANDA INELÁSTICA

Aumento no preço dos bens Tende a não reduzir a quantidade do bem

Redução no preço dos bens Tende a não elevar a quantidade do bem

c) Procura com elasticidade unitária

Diz-se que um bem tem procura unitária quando a variação percentual do preço é
exactamente igual a variação percentual da quantidade procurada, isto é, uma variação de 1%
no preço resulta numa variação de 1% na quantidade procurada. Neste caso a elasticidade
preço da procura é igual a 1  ED  1

79
Representação gráfica da procura elástica e inelástica

Quanto mais elástica a curva da procura de um bem for menos inclinada é essa curva. O
gráfico a esquerda mostra esta situação a curva da procura é quase horizontal, tendo assim
para inclinação mínima. Para o caso de uma procura inelástica o gráfico da procura é quase
vertical, é o que mostra o gráfico a direita.

Gráfico 19: representação da procura elástica e inelástica

Existem casos extremos de elasticidade preço da procura. O gráfico a esquerda mostra a


situação em que a curva da procura é totalmente elástica. Neste caso, temos uma curva
horizontal e o gráfico a direita mostra uma curva da procura totalmente inelástica (vertical).

80
Gráfico 20: Extremos da elasticidade da procura

2.4. Factores que Influenciam a Elasticidade de um Bem ou Serviço


a) Grau de necessidade de um bem

Os bens de primeira necessidade, tais como alimentos básicos, vestuário básico,


medicamentos receitados, tendem a ter uma procura rígida em relação ao preço. Estes bens
são essenciais a vida e não se pode facilmente prescindir deles quando os seus preços
aumentam.

Os bens de luxo, tais como férias nos Estados Unidos da América, whisky velho, roupa de
marca, normalmente apresentam procura elástica porque estes bens e serviços podem ser
substituídos por outros quando os seus preços aumentam.

Assim, podemos dizer que quanto maior for o grau de necessidade do bem mais rígida será a
procura deste mesmo bem.

b) Possibilidade de substituição

Quanto menor for a possibilidade de substituição de um bem, mais rígida (inelástica) é a


procura

c) Tempo

81
A procura é mais rígida no curto prazo (menos de um ano) e tende a ficar mais elástica no
longo prazo porque os consumidores necessitam de tempo para se adaptarem as mudanças e
alterarem os seus hábitos e compromissos. Suponha que esteja a viajar de carro e o preço de
combustível aumente exactamente na altura em que o combustível do seu carro acaba. Irias
terminar a viagem e vender o seu carro? Claro que não. No curto prazo, a procura de
combustível é rígida (inelástica). Contudo, no longo prazo, a procura de combustível é mais
elástica. No longo prazo, os consumidores tem muitas alternativas para ajustar o seu consumo
de combustível. Os consumidores podem comprar um carro que seja mais económico em
termos de consumo de combustível e ou podem passar a andar a pé ou usar transportes
públicos. A subida do combustível também pode fazer os trabalhadores passarem a viver
mais próximo dos seus postos de trabalho.

d) Mercado

A elasticidade de um mercado é diferente da elasticidade de uma única firma. A elasticidade


do mercado diz quanto a quantidade global mudará se o preço geral mudar mas se uma única
empresa muda seu preço a elasticidade é outra.

e) Participação no Orçamento

Se um bem representa pouco do orçamento total do consumidor a reacção será menor a


variações de preço. Exemplo: aumento de 10% no preço do lápis. Aumentou de 1,00mt para
1,10mt. Poucas pessoas deixaram de comprar lápis por isso. Entretanto, se o bem tem uma
participação razoável no orçamento então as reacções serão maiores. Exemplo: O preço do
automóvel subiu 10%. Aumentou de 15.000,00mt para 16,500,00mt. Mais pessoas irão reagir
a essa mudança. A demanda será mais elástica.

2.5. Relação entre a Elasticidade Preço da Procura e a Receita Total


Acabamos de analisar o grau de sensibilidade da quantidade procurada devido as variações de
preço. Contudo, as empresas estão interessadas em saber como as suas receitas irão mudar
quando os preços dos bens e serviços mudam. Isto porque as mudanças nas receitas irão

82
afectar os lucros das empresas. Uma das aplicações do conceito de elasticidade consiste
exactamente em entender como a variação do preço influencia as receitas das empresas.

A receita total é definida como sendo igual ao produto do preço pela quantidade, P  Q .
Aplicando o conceito de elasticidade preço, que você acabou de aprender, podemos concluir
que:

 Quando a procura é rígida (inelástica) em relação ao preço, uma redução do preço


reduz a receita total. No caso de procura inelástica (rígida), a diminuição do preço em
1% resulta num aumento da quantidade procurada em menos de 1%, portanto a receita
total diminui;

 Quando a procura é elástica em relação ao preço, uma redução do preço aumenta a


receita total;

 No caso de procura com elasticidade preço unitária, uma redução do preço não tem
qualquer efeito na receita total.

3. Elasticidade Rendimento
Elasticidade rendimento (Er) - mede a sensibilidade da procura de um bem face a mudanças
no rendimento. É calculada como o quociente entre a variação percentual da quantidade
procurada e a variação percentual do rendimento, mantendo o restante constante.
Matematicamente, temos:

variação percentual da quantidade procurada


EI 
var iação percentual do rendimento

Q
Q Q1  Q2 R  R2
Isto é: Er  Neste caso : Q  , R 1 , Q  Q2  Q1 e R  R2  R1
R 2 2
R

83
3.1. Classificação dos bens segundo a Elasticidade de Rendimento
a) Bens inferiores – os bens são inferiores quando a elasticidade rendimento da procura
é menor que zero (negativa). Isto significa que uma elevação no nível do rendimento é
traduzida numa redução da quantidade adquirida deste bem. Exemplo carne de
segunda, quando o rendimento aumenta a pessoas tem tendência a reduzir a
quantidade de consumo da carne de segunda e adquirir carne de primeira.

b) Bens normais - os bens são normais quando a elasticidade rendimento é maior que
zero (positiva). O aumento da renda estimula a compra de todos os bens normais.

c) Bens superiores - Se a elasticidade rendimento for superior à unidade, o bem em


causa é superior. Os bens de luxo são altamente elásticos em relação ao rendimento.
Quando o rendimento aumenta em 1%, a quantidade procurada destes bens aumenta
em mais de 1%. Exemplo: a aquisição de jóias, de casacos de luxo, aulas de
mergulho, de etiqueta, aumenta com o aumento do rendimento.

Exemplo: A tabela mostra a relação entre níveis de rendimento e quantidade procurada


para cada tipo de bem.

Níveis de 10 20 25 80
rendimento
Quantidade 40 46 45 60
Calculando a elasticidade renda, será:

84
46  40
 4  40 
 
  r AB   2 
 0775. Bem normal.
20  10
 20  10 
 
 2 
25  20
 25  20 
 
  rBC   2 
 10.1 Bem inf erior .
1
45.5
80  25
 80  25 
 
  r BC   2 
 3.65 Bem sup erfluo.
60  45
 60  45 
 
 2 

4. Elasticidade cruzada
A elasticidade cruzada da procura relaciona as variações do preço de um bem com as
variações das quantidades procuradas do outro bem, isto é como as variações do preço do
bem X influenciam as quantidades procuradas do bem Y. Mantendo o resto constante, para
bens complementares (X e Y) uma subida do preço do bem X corresponde a redução das
quantidades procura do bem Y e para o caso de bens substitutos uma subida do preço do bem
X, aumenta as quantidades procuradas do bem Y. Estas relações entre o preço de um bem e
as quantidades procuradas do outro são representadas na elasticidade rendimento.

A fórmula do cálculo da elasticidade cruzada é:

85
Qx
Qx
E xy  Note que Qx e P y são quantidade s e preços médios, respectivamente.
Py
Py
Q2 X  Q1 X
(Q  Q1 X ) / 2
Exy  2 X
P2Y  P1Y
( P2Y  P1Y ) / 2

4.1 Classificação da Elasticidade Cruzada


Se E xy  0 São bens sucedâneos ou substitutos. Mostra que as quantidades de X movem-se

na mesma direcção que uma variação do preço de Y. isto é se o preço de Y aumenta as


quantidades procuradas de X aumentam e vice-versa.

Se E xy  0 São bens complementares. O aumento do preço de um produto diminui a procura

do outro.

Se E xy  0 São bens independentes (não existe nenhuma relação entre a quantidade

procurada de um bem e o preço do outro bem.).

Exemplo: A tabela mostra as combinações de quantidades e de preços de cada categoria


de bens. Pretende-se estabelecer a relação existente entre a quantidade de um bem X e o
preço de outro bem Y.

Categoria A B C D
Preço de 10 14 12 12
bem X
Quantidade 2 4 5 10
de Y

86
Calculando a elasticidade cruzada, será:

14  10
 14  10 
 
  xy   2  1 3
 *  0.5 ( positiva ) sâo bens substituto s.
42 3 2
 4  2 
 
 2 
12  14
 12  14 
 
  xy   2 
 0.069 (negativa ) sâo bens complement ares
54
5 4
 
 2 
12  12
 12  12 
 
  xy   2 
 0 ( positiva ) sâo bens independen tes .
10  5
 10  5 
 
 2 

5. Elasticidade preço da oferta


Depois de termos analisado as reacções dos consumidores face a variações dos preços, vamos
agora analisar as reacções dos produtores quanto as variações dos preço.

Assim como no caso na procura, a sensibilidade da quantidade oferecida às variações dos


preços é capturada através da elasticidade preço da oferta.

Elasticidade preço da oferta mede a reacção das quantidades oferecidas face a mudanças no
preço.

Elasticidade preço da oferta  ES  mede a sensibilidade da quantidade oferecida de um bem

face a mudanças no seu preço. É estimada como a variação percentual da quantidade


oferecida dividida pela variação percentual do preço do bem ou serviço. Matematicamente, a
elasticidade preço da oferta é dada pela seguinte expressão:

87
variação percentual da quantidade oferecida
ES 
var iação percentual no preço

A elasticidade é calculada usando a seguinte fórmula:

Q2  Q1
(Q  Q2 ) / 2
ES  1
P2  P1
( P1  P2 ) / 2

5.1 Tipos de elasticidade preço da oferta


Existem três tipos de elasticidade preço da oferta que encontram-se representados na figura
abaixo.

a) Oferta perfeitamente elástica - A curva da oferta para este caso é horizontal


corresponde ao gráfico a esquerda.
b) Elasticidade perfeitamente rígida ou inelástica - A curva da oferta para este caso é
vertical corresponde ao segundo gráfico;
c) Oferta com elasticidade unitária - representa o caso intermédio de linha recta,
passando pela origem, o último gráfico, a direita.

88
Gráfico 21: Tipos de elástica da oferta

5.2 Determinantes da elasticidade preço da oferta


Como no caso da procura, a elasticidade preço da oferta é influenciado por vários factores.
Um dos factores que influencia a sensibilidade da oferta a variação do preço é a facilidade
com que a produção do bem ou serviço em causa pode ser expandida. Se todos os
factores de produção podem ser facilmente adquiridos e transformados em bem ou serviço
em questão, então a produção pode ser fortemente aumentada com uma pequena variação do
preço do bem ou serviço. Neste caso, diríamos que a elasticidade preço da oferta é
relativamente elástica.

Um outro factor que influencia a elasticidade preço da oferta é o período de tempo que as
empresas têm para responder a variação do preço. A medida que o tempo passa, uma
variação do preço tende a ter um maior efeito na quantidade oferecida. Quando os preços de
um determinado bem ou serviço aumenta, as empresas desejam aumentar as quantidades
oferecidas no mercado de modo a produzir mais e aumentar os seus lucros, no entanto, as
empresas não conseguem ou não estão preparadas para aumentar os seus níveis de produção
de um dia para o outro. Estas levam tempo pois precisam aumentar o número de
trabalhadores (para isto precisam seleccionar, ir as entrevistas etc.), aumentar as maquinarias
(precisam de dinheiro, de pesquisar os preços no mercado etc.), precisam por vezes de
espaço. Logo, o tempo que a empresa levara até aumentar as quantidades produzidas também
irá influenciar a elasticidade. Assim:

A curto prazo, as empresas podem ser incapazes de aumentar os factores de produção


(contratar novos trabalhadores, adquirir novas máquinas, etc.) para expandir as suas
89
capacidades produtivas em resposta ao aumento do preço. Portanto, a oferta pode ser bastante
rígida no curto prazo.

No entanto, a medida que o tempo passa, as empresas têm uma maior flexibilidade para
ajustar as suas capacidades produtivas após o aumento de preço. Por isso, a elasticidade preço
da oferta tende a aumentar a medida que o tempo passa.

5.3 Uso da elasticidade preço da oferta


Conhecendo a elasticidade preço da oferta de determinado bem é possível prever em quanto
ira baixar a quantidade vendida deste bem se o preço aumentar.

Considerando que a elasticidade de refrigerantes na cantina da UniTiva é de 2.0, se o preço


aumentar 15%, qual será a queda das quantidades vendidas de refrigerantes nesta cantina?

A elasticidade preço da oferta é dada pela seguinte fórmula

variação percentual da quantidade oferecida


ES 
var iação percentual no preço

Tendo os dados das variações percentual do preço, podemos prever a variação percentual da
quantidade.

var iação Percentual da quantidade


ES 
var iação percentual do preço
var iação percentual das quantidade s
2 .0 
0.15
2.0 * 0.15  Variac . Perc. das Quant .
Variac . perc. das Quantidade s  0.3  30%

Se o preço inicial era de 10mt, ele tinha uma procura de 100 refrigerantes, se o preço aumenta
15%, isto é, aumenta de 10 para 11.5, a procura por refrigerantes ira reduzir em 30
(100*0.3=30), ira reduzir de 100 para 70 (100-30).

90
Neste caso o dono da cantina poderá calcular se vale a pena aumentar o preço do refrigerante
para isto ele precisa calcular a receita que tinha antes e depois do aumento do preço. Neste
caso teremos:

Antes do aumento do preço ele vendia 100 refrigerantes ao preço de 10 neste caso a sua
receita diária era de 1.000mt (100*10).

Com o aumento do preço passou a vender 70 refrigerantes ao preço de 11.5mt neste caso a
sua receita diária seria de 805mt (70*11.5)

Tarefas
1. A elasticidade é um conceito muito importante na economia. Explique como o governo
pode basear-se na elasticidade preço para determinar ou estimar a subida de preço de
certos bens ou serviços.

2. No dia 05 de Fevereiro de 2009 iniciou na cidade de Maputo uma greve motivada pela
subida do preço de transporte semicolectivo (chapa 100). Explique como o conceito de
elasticidade poderia ter sido usado para evitar prever os efeitos da subida do preço de
transporte. Classifique a procura deste bem.

Exercícios de Auto-avaliação
1. Defina elasticidade e mostre a importância do estudo deste tema.

2. A elasticidade só pode ser analisada para o lado do consumidor, pois este é que reage às
mudanças dos preços. Concorda com a afirmação? Justifique a sua resposta.

3. Defina elasticidade preço da procura e mostre a sua importância.

91
4. Qual é a diferença da variação percentual calculada no ponto e calculada usando pontos
médios? Dê exemplos.

5. Se o preço do arroz sobe de 22,00 para 42,00 as quantidades procuradas de sorvete


baixam de 20 unidades para 15. Calcule a elasticidade-preço da procura no ponto e no
arco.

6. Explique quando é que se diz que um bem tem procura elástica em relação ao preço. De
exemplo de três bens que tem procura elástica.

7. Explique quando é que diz-se que um bem tem procura inelástica em relação ao preço. De
exemplo de três bens que tem procura inelástica.

8. Defina elasticidade rendimento e classifique os bens segundo este tipo de elasticidade.

9. Defina elasticidade cruzada e classifique os bens segundo o resultado que pode ser obtido
a partir desta elasticidade.

10. Defina elasticidade preço da oferta. Indique e explique os tipos de elasticidade preço da
oferta que conhece.

11. Dados preços e as quantidades calcule a elasticidade preço da procura para as seguintes
situações:

a) O preço baixa de 6 para 4.

b) As quantidades aumentam de 10 para 20 unidades.

c) As quantidades aumentam de 20 para 30. Use a fórmula da elasticidade no arco.

Q P
0 6
10 4
20 2
30 0

92
12. Uma determinada empresa vendia 3 unidades/mês de seu produto quando praticava um
preço de 5mt. Num determinado momento, passou a praticar o preço de 4mt, vendendo 4
unidades/mês do produto.
Encontre o coeficiente de elasticidade preço, para uma variação do preço.

13. Dada à função Q = 1.600 - 20p, determine:


a) A quantidade procurada quando o preço é de 32mt,
b) A quantidade procurada quando o preço baixa para 31,80mt.
c) Calcule a elasticidade preço para esta alteração de preço e interprete o resultado

14. A tabela abaixo mostra as quantidades e preços de um determinado bem.

Ponto A B C D E F G H I
Preço de X 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Quantidade 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
de X

a) Trace à curva da procura deste bem


b) Calcule a elasticidade preço para os seguintes pontos: ponto A para B, b para C, C
para D, D para E, E para F, F para G, G para H, e H para I.

15. As funções de procura e oferta da gasolina em Boane são dadas por: QDx = 12 - 2Px, e
QSx = 20Px. Determine:
a) O preço e a quantidade de equilíbrio represente graficamente.
b) Suponha que o governo querendo reduzir o consumo de gasolina no curto prazo,
resolva promover um aumento de 40% no preço.
b1) quais serão as novas quantidades procuradas
b2) Calcule o coeficiente de elasticidade preço da gasolina.

16. A elasticidade preço da procura tem uma forte relação com as vendas de uma empresa.
93
Imagine que você faça parte do departamento comercial de uma empresa produtora de
manteiga, e estão discutindo a possibilidade de reduzir o preço deste bem com o objectivo
de torná-lo mais atractivo e desse modo, influenciar o aumento da procura e
consequentemente aumentar as vendas e a receita.
O departamento de engenharia de gestão da empresa estimou a curva da procura e
concluiu que o preço praticado actualmente está na zona em que a elasticidade preço da
procura é inelástica.
Será que a empresa deve reduzir o preço? Deixe ficar a sua opinião.

Chaves de correcção
1. Elasticidade é uma medida do grau de reacção de uma variável face a mudanças nos seus
potenciais determinantes. É importante o estudo da elasticidade para que possamos
quantificar os efeitos das variações dos preços e possamos implementar medidas correctas
quando os gestores pretenderem aumentar o nível de preços.

2. A afirmação é falsa pois tanto os consumidores como os produtores reagem a variações


dos preços. A elasticidade pode ser analisada tanto do lado dos consumidores assim como
do lado dos produtores.

3. Elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente por elasticidade preço)
mede o grau de sensibilidade da quantidade procurada de um bem ou serviço em função
da variação do seu preço.

4. A variação percentual calculada no ponto pode trazer resultados diferentes quando varia o
sentido de cálculo, isto é, quando calculamos de 1 para 2 pode ter um resultado diferente
que quando calculamos de 2 para 1. A variação usando pontos intermédios já não tem
esses problemas.

5. Ed=0.457

94
6. Quando a elasticidade preço é maior que um. Automóveis Mercedes, bolos, cerveja etc.

7. Quando a elasticidade preço é menor que um. Exemplo: pão, sal, arroz, etc.

8. Elasticidade rendimento (Er) – Mede a sensibilidade da procura face a mudanças no


rendimento. É estimada como o quociente entre a variação percentual da quantidade
procurada e a variação percentual do rendimento, mantendo o restante constante. Os bens
podem ser classificados em bens inferiores, superiores e normais.

9. A elasticidade cruzada da procura relaciona as variações do preço de um bem com as


variações das quantidades do outro bem. Dependendo do sinal exibido pela respectiva
elasticidade Os bens podem ser classificados em bens substitutos e bens complementares.

10. Elasticidade preço da oferta mede a reacção dos vendedores às mudanças no preço. Oferta
inelástica, elástica e unitária.
11. a) 5
b) 1
c) -0.2

12. Ed= -1,27

13. a) 960
b) 964
c) ed = 0.64

14. O estudante devera primeiro traçar a curva da procura com base no preço e quantidades
indicadas e depois calcular a elasticidade preço de cada um dos pontos, isto é, calcular a
elasticidade preço do ponto A para o ponto B, do ponto B para o ponto C do ponto C para
o ponto D e assim sucessivamente.

15. a) P=0.5 3 Q=11.


b1) Q=10.6
95
b2) ed=0.03

16. O estudante devera argumentar tendo em conta a definição da elasticidade preço. O que
significa uma procura inelástica? Será que se a empresa baixar o preço da manteiga as
quantidades procuradas irão aumentar tanto a ponto de aumentar as vendas e as receitas
da empresa?

96
Resumo

Na presente unidade didática analisamos a elasticidade. Vimos que a elasticidade é sinonimo


de sensibilidade. Na essência procura-se estudar como o aumento do preço de um bem pode
afectar as quantidades procuradas (elasticidade preço). Se o preço de um bem aumenta 50%
será que as quantidades procuradas também irão reduzir 50% ou será que reduzem menos de
50% ou ainda podem reduzir mais de 50%? A resposta a esta pergunta só o conceito de
elasticidade nos dá.

Para além da elasticidade preço vimos a elasticidade rendimento que relaciona as quantidades
e o rendimento, a elasticidade cruzada que mostra até que ponto a subida do preço de um bem
influencia a quantidade procurada do outro bem. Por último, vimos a elasticidade da oferta
que mostra a reação nas quantidades oferecidas mediante o aumento do preço.

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

97
Unidade Didáctica nº 5: Teoria do consumidor

Introdução
Na unidade 3 vimos como podemos calcular o nível do produto e na unidade 4 analisamos
cada um dos componentes do produto. Vimos ainda que o produto é composto pelo consumo,
o investimento, os gastos do governo e as exportações liquidas, isto é, PIB=Y=C+I+G+X-M.

Nesta unidade vamos estudar a teoria do consumidor, que é parte da teoria económica que
estuda como os consumidores dos bens e serviços gastam o seu rendimento, como
determinado indivíduo faz as suas escolhas de consumo perante um determinado rendimento
fixo.

Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Definir a teoria do consumidor e mostrar a sua importância;

 Definir utilidade;

 Diferenciar os vários tipos de utilidade;

 Calcular a utilidade total

 Compreender a importância do princípio equimarginal;

 Determinar a equação da restrição orçamentária;

98
 Determinar as quantidades óptimas que compõem o cabaz do consumidor.

99
Desenvolvimento do Conteúdo

1. Definição e Importância
A teoria do consumidor é parte da teoria económica que estuda como os consumidores dos
bens e serviços gastam o seu rendimento, como determinado indivíduo faz as suas escolhas
de consumo perante um determinado rendimento fixo.

A teoria do consumidor estuda o comportamento do consumidor no processo de utilização


dos bens e serviços para a satisfação das suas necessidades.

O estudo da teoria do consumidor é importante pois é a partir deste estudo que são
determinadas as quantidades que os consumidores estão dispostos a adquirir, é a partir do
estudo da teoria do consumidor que são definidas as quantidades procuradas tendo em conta o
nível de preço e rendimento auferido

1.1 Pressupostos da Teoria do Consumidor


Como já dissemos anteriormente a teoria do consumidor estuda o comportamento de cada
individuo no consumo e determina o nível das quantidades procuradas. No entanto, sabemos
que cada individuo tem um comportamento específico que difere do comportamento dos
outros e por outro lado existem vários fenómenos que podem alterar o comportamento de
cada consumidor, por isso para o estudo da teoria do consumidor estabelecemos pressupostos
(hipóteses) das quais podemos destacar as seguintes:

a) O consumidor consegue medir a sua satisfação. Este pressuposto indica que cada
pessoa consegue medir o seu nível de satisfação ao consumir um determinado bem e
atribui valores reais a esta satisfação. A medição usada para medir a satisfação do
consumidor é denominada úteis. Exemplo: um consumidor pode obter uma satisfação
de 5 úteis ao consumir 2 copos, e obter uma satisfação de 10 úteis ao consumir 3
copos de água.

100
b) O consumidor prefere mais do que menos. Este pressuposto mostra que o consumidor
ira preferir consumir cada vez mais quantidades de um determinado bem ou serviço
do que menos.

c) O consumidor é indiferente – isto significa que para qualquer combinação de bens ou


serviços lhe satisfazem ou são preferíveis.

d) O consumidor é coerente na escolha de bens ou serviços:

e) O consumidor tem a informação completa sobre o nível de preços vigente no mercado


e o nível de atributos ou ingredientes que compõem cada bem.

2. Utilidade
Um dos pressupostos da teoria do consumidor é que cada consumidor consegue medir o seu
nível de satisfação. Esta medição é feita através da utilidade.

Utilidade significa satisfação e mostra como determinados consumidores atribuem ou


estabelecem a hierarquia dos diferentes bens e serviços.

2.1 Tipos de Utilidade


Utilidade total (UT) – mostra a satisfação total que um individuo obtém ao consumir
determinados bens e serviços.

Utilidade marginal (UM) – mostra a satisfação adicional que um determinado individuo


obtém ao consumir mais uma quantidade de determinado bem ou serviço. Por exemplo, se o
Sr. António obtém um nível de satisfação total de 10 ao consumir um copo de água e quando
este adiciona um copo (passando agora a consumir 2 copos) obtém um nível de satisfação
total de 12. Significa que a sua utilidade marginal quando passa de 1 para 2 copos de água é
de 2 (mostra a satisfação adicional).

Em termos matemáticos a utilidade marginal é dada pela seguinte fórmula:

101
VARIAÇÃO DA UTILIDADE TOTAL UT UT2  UT1
UM   
VARIAÇÃO DA QUANTIDADE Q Q2  Q1

2.2 Lei da Utilidade Marginal Decrescente


A utilidade total mostra a satisfação total obtida ao consumir determinado bem. Imagine você
que um determinado individuo consuma quantidades cada vez mais elevadas de determinado
bem. O que ira acontecer com o seu nível de satisfação? Imagine que o estudante chegue a
casa depois de uma longa caminhada e deseja consumir água para satisfazer a sua
necessidade (sede), ao consumir o primeiro copo de água você atribui uma satisfação de 15
úteis (estava com muita sede e o copo de água é fundamental para satisfazer a sua
necessidade por isso atribui um nível de satisfação maior), ao consumir o segundo copo
atribui um nível de satisfação maior ainda suponha que 18 úteis. No terceiro copo, ira atribuir
um nível de satisfação menor que 18, pois a sua necessidade já foi satisfeita parcialmente. E
cada vez que for consumindo quantidades cada vez mais elevadas o nível de satisfação que
ira atribuir será cada vez menor, até chegar ao ponto em que ira atribuir um nível negativo
pois já consumiu tanta água que até pode prejudicar a sua saúde.

Observando o exemplo acima podemos verificar que a utilidade marginal decresce a medida
que o individuo consome quantidades cada vez maiores de determinado bem. Este processo
denomina se lei da utilidade marginal decrescente.

Exemplo:

A tabela abaixo mostra as quantidades de pães e a respectiva utilidade total atribuídas pelo Sr.
João no consumo de cada quantidade.

Tabela5: Utilidade total e marginal do Sr. João

Quantidades de Utilidade total Utilidade marginal (UM)


pães consumidas (UT)

0 0 _________

102
1 4 4

2 7 3

3 9 2

4 10 1

5 10 0

6 8 -2

Para o cálculo da utilidade marginal usamos a fórmula matemática dada.

VARIAÇÃO DA UTILIDADE TOTAL UT UT2  UT1 4  0 4


UM      4
VARIAÇÃO DA QUANTIDADE Q Q2  Q1 1 0 1

UT2  UT1 7  4 3 UT2  UT1 9  7 2


UM    3 UM    2
Q2  Q1 2 1 1 Q2  Q1 32 1

UT2  UT1 10  9 1 UT2  UT1 10  10 0


UM    1 UM    0
Q2  Q1 43 1 Q2  Q1 54 1

UT2  UT1 8  10  2
UM     2
Q2  Q1 65 1

Graficamente a utilidade total e a utilidade marginal podem ser representados da seguinte


forma:

Gráfico 22: Utilidade marginal e da utilidade total.

103
12
10
8
6
UT
4
UM
2
0
1 2 3 4 5 6 7
-2
-4

Ponto de saturação

O ponto de saturação é o ponto em que o consumidor atinge a sua satisfação máxima.


Neste ponto, a utilidade total é máxima e a utilidade marginal é igual a zero.

Para o exemplo acima o ponto de saturação é o ponto onde o Sr. João consome 5 pães.
Neste ponto a UT „e máxima igual a 10 e a UM é nula.

3. Equação da restrição orçamental


Nos pressupostos da teoria do consumidor vimos que o consumidor sempre prefere mais do
que menos. Ele prefere maiores quantidades do que menos. No entanto, este dispõe de uma
limitação que é o nível de rendimento. Assim sendo, este deve fazer escolhas isto é, o
consumidor conhece o nível de preços e com base na sua limitação de rendimento devera
escolher as quantidades que ira consumir.

A equação de restrição orçamental mostra as quantidades máximas de bens ou serviços que


um individuo pode adquirir dado o seu rendimento e o preço dos bens e serviço.

Supondo que a cesta de um consumidor seja composta por dois bens a equação da restrição
orçamentária é dada por:

R  PX * QX  PY * QY

104
Onde:

R – representa o nível de rendimento;

PX - preço do bem X

PY – preço de Y

QX – quantidade de X e

QY – Quantidade de Y

Graficamente a equação da restrição orçamentária é representada por uma linha recta com
inclinação negativa. Conforme mostra a figura abaixo.

Gráfico 23:equação da restrição orçamentária

Os pontos A e B mostram os extremos, isto é as quantidades máximas de cada produto que


podem ser adquiridas em detrimento do outro bem.

O ponto A mostra as quantidades máximas que podemos adquirir do bem Y quando


adquirimos 0 quantidades do bem X. para obter o valor correspondente a este ponto,
dividimos o rendimento pelo preço do bem Y.

O ponto B mostra as quantidades máximas que podemos adquirir do bem X quando


adquirimos 0 quantidades do bem Y. para obter o valor correspondente a este ponto,
dividimos o rendimento pelo preço do bem X.

Exemplo:
105
Considere um individuo que aufere um salário de 12mt e pretende adquirir dois bens arroz e
feijão cujos preços são 2 e 1 respectivamente.

a) Represente analiticamente e graficamente a equação de restrição orçamentária.

Sabendo que R  PX * QX  PY * QY para o nosso caso teremos:

R  PArroz * QArroz  PFeijao * QFeijao

Ou

12  2 * QArroz  1* QFeijao

Graficamente teremos:

Gráfico 24: Equação da restrição orçamentária

4. Princípio Equimarginal
Como vimos nas secções anteriores cada consumidor ira escolher o cabaz (combinação de
bens e serviços) que satisfaçam em pleno a sua necessidade (máxima satisfação). A questão
que se coloca a seguir é: como o consumidor irá escolher e compor este cabaz?

Para responder a esta questão parte se do pressuposto que um consumidor apenas ira preferir
e adquirir determinado bem (A) em detrimento do outro (B) se a satisfação que obtém ao
consumir A for maior que a satisfação que obterá ao consumir B.

106
Por outro lado podemos dizer que se o bem A custa o dobro do bem B, um individuo racional
apenas irá adquirir o bem A se a utilidade marginal que ira obter ao consumir A for o dobro
da utilidade marginal que obterá ao consumir o bem B.

Para compreender melhor como é o processo de escolha entre dois bens os economistas
desenvolveram o conceito equimarginal.

Equimarginal é um conceito que mostra a igualdade entre as utilidades marginais de vários


bens quando conhecidos os preços.

O principio equimarginal diz que: conhecidos os preços dos bens e serviços disponíveis no
mercado, um consumidor com rendimento fixo, maximizara a sua satisfação ou utilidade total
quando a utilidade marginal por unidade monetária é igual para todos os bens.

Matematicamente o principio equimarginal pode ser descrito da seguinte forma:

UM 1 UM 2 UM 3 UM n
   ... 
P1 P2 P3 Pn

Onde:

UM representa a utilidade marginal

Os números 1,2,3,…,n representam os diversos bens que compõem a cesta do consumidor.

P – representa os preços.

Exemplo.

Considere um individuo com um rendimento de 12mt e pretende adquirir dois bens X e Y,


que custam 2 e 1 respectivamente. Com base nos dados fornecidos na tabela abaixo sobre as
utilidades totais de cada bem determine as quantidades que este consumidor ira adquirir tendo
em conta o princípio equimarginal.

Tabela 5: Análise do princípio equimarginal

107
Qtd UTx UTy UMx Umy UMx/Px UMy/Py

0 0 0 ___ ___ ___ ___

1 16 11 16 11 8 11

2 30 21 14 10 7 10

3 42 30 12 9 6 9

4 52 38 10 8 5 8

5 60 45 8 7 4 7

6 66 51 6 6 3 6

7 70 56 4 5 2 5

8 72 60 2 4 1 4

Primeiro devemos calcular a utilidade marginal para cada bem.

Segundo devemos dividir a utilidade marginal pelo preço. Conforme feito na tabela acima.

3º Verificar que quantidades de x e y satisfazem o princípio equimarginal. Na tabela podemos


observar os seguintes pontos:

Ponto 1: Quando x=1 e y=4 UMx/Px=UMy/Py=8

Ponto 2: Quando x=2 e y=5 UMx/Px=UMy/Py=7

Ponto 3: Quando x=3 e y=6 UMx/Px=UMy/Py=6

Ponto 4: Quando x=4 e y=7 UMx/Px=UMy/Py=5

Ponto 5: Quando x=5 e y=8 UMx/Px=UMy/Py=4

108
Os cinco pontos observados acima satisfazem a condição equimarginal para que o
consumidor adquirira este produto devemos saber se estas quantidades estão de acordo com o
seu rendimento.

Sabendo que este consumidor tem um rendimento de 12mt e o nível de preços é de 2 e 1


respectivamente para X e Y. temos que analisar se com este rendimento e nível de preços este
consumidor é capaz de adquirir estas quantidades (ponto 1, onde: a quantidade de X é 1 e a
quantidade de Y é 4). Ora vejamos, para adquirir uma quantidade do bem X, o consumidor
precisa de 2mt (2*1) e para adquirir 4 quantidades do bem Y o consumidor precisa de 4mt
(4*1), sendo um total de 6mt. Este valor está abaixo do seu rendimento logo não pode ser um
ponto de equilíbrio.

Vamos fazer os mesmos cálculos para os outros pontos:

Ponto 1: Quando x=1 e y=4 R  PX * QX  PY * QY 12=2*1+1*4 12<6

Ponto 2: Quando x=2 e y=5 R  PX * QX  PY * QY 12=2*2+1*5 12<9

Ponto 3: Quando x=3 e y=6 R  PX * QX  PY * QY 12=2*3+1*6 12=12

Ponto 4: Quando x=4 e y=7 R  PX * QX  PY * QY 12=2*4+1*7 12>15

Ponto 5: Quando x=5 e y=8 R  PX * QX  PY * QY 12=2*5+1*8 12>18

Para o primeiro e o segundo ponto temos um nível de gastos menor que o nível de
rendimento e tendo em conta que este consumidor não faz poupanças ira tentar maximizar os
recursos financeiros que dispõe na compra de diversos bens e serviços.

Para os pontos 4 e 5, o nível de rendimento está acima do nível de rendimento. O consumidor


não terá como adquirir estas quantidades de bens.

Para o ponto 3 verifica-se que as quantidades procuradas são exactamente iguais ao nível do
rendimento, o que significa que para além da igualdade entre a razão entre a utilidade
marginal e o nível de preços para que o consumidor escolha a sua cesta óptima devera
conciliar com o seu nível de rendimento.
109
As quantidades que o consumidor ira adquirir são do ponto 3. 3 de X e 6 de Y.

Tarefas
1. A teoria do consumidor é importante para a definição da quantidade de bens ou serviços
que satisfazem o consumidor. Mostre dando um exemplo concreto como podemos chegar
ao ponto em que o consumidor considera-se satisfeito. Pense nas suas actividades diárias,
na sua alimentação e na aquisição dos bens e serviços.

2. Considere o seu orçamento e a quantidade de bens e serviços que adquire com o mesmo.
Trace a equação da restrição orçamental. Nota: considere uma situação hipotética de um
máximo de 5 bens ou serviços.

3. Considere um individuo que consome pães. Ele consome quantidades cada vez mais
elevadas. Explique usando a utilidade marginal em que ponto este individuo deve
considerar se satisfeito e parar o consumo de pães. Caso o individuo continue com o
consumo dos pães o que ira acontecer?

Exercícios de Auto-avaliação
1. Suponha que um estudante tenha um orçamento mensal de 2.400 MT para gastar em
espectáculos e cinema cujos preços são 300 e 200 MT respectivamente.
a) Represente analítica e graficamente a função da restrição orçamentária do consumidor.
b) Imagine que os preços do cinema aumentem 100 MT, mostre graficamente e
analiticamente o efeito desta variação de preços.
Nota: desenhe o gráfico no mesmo sistema usado na alínea a)

110
2. Considere a tabela
Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Utilidade total 0 2 6 12 16 18 18 17 15

a) Calcule a Utilidade Marginal.


b) Represente graficamente a utilidade total e marginal
c) Indique o ponto de saturação do consumidor.

5. O Consumidor Beta tem um salário de 0.75 euros, que gasta completamente na aquisição
dos bens X e Y, cujos preços são 0.25 euros e 0.5 euros, respectivamente. Dadas as
quantidades e as Utilidades Marginais dos dois bens, determine O cabaz óptimo para o
consumidor.

X Utilidade Marginal X Y Utilidade Marginal Y


0 0
1 20 1 40
2 15 2 20
3 10 3 10
4 4 4 7
5 3 5 5

6. Considere um indivíduo que tem um salário de 18 mt e pretende adquirir bens X e Y que


custam 2 e 1 mt, respectivamente. A tabela mostra as utilidades totais que este indivíduo
obtém ao consumir estes bens:

Quantidade UTX UTY


0 0 0
1 16 11
2 30 21
3 42 30

111
4 52 38
5 60 45
6 66 51
7 70 56
8 72 60

a) Represente a expressão analítica da recta de restrição orçamentária deste indivíduo.


b) Determine as quantidades de X e Y que maximizam a satisfação do mesmo

7. A tabela abaixo mostra os diversos cabazes dos bens X e Y que o consumidor Zanda
pode adquirir com o seu rendimento, no valor de 4.5mt e os preços desses bens, sendo o
PX= 0.5 e PY = 1. A tabela também fornece informação da UTX (Utilidade total de X),
UTY (utilidade total de Y), UMX, UMY (utilidade marginal de X e Y respectivamente) e
o rácio das Utilidades marginais desses bens e os seus respectivos preços.

Quantidades X UTX Quantidades Y UTY UMX UMY UMX/Px UMY/py


0 0 0 0
1 6 1 5 6 5 12 5
2 11 2 9 5 4 10 4
3 15 3 12 4 3 8 3
4 18 4 14 3 2 6 2
5 20 5 15 2 1 4 1

Determine:

a) A expressão da recta orçamentária deste consumidor;


b) O cabaz óptimo do consumidor;

Chave de correcção

1. a) O estudante devera representar graficamente a recta de restrição orçamentária dada


pela expressão: 2400=300X+200Y onde X representa o espectáculo e Y representa o
cinema.
b) O novo extremo da recta é o ponto 8. O estudante devera representar o gráfico.

112
2. Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Utilidade total 0 2 6 12 16 18 18 17 15

UMG __ 2 4 6 4 2 0 -1 -2

c) O ponto de saturação é atingido quando a utilidade total é máxima, isto é, quando a


utilidade marginal é zero. Este ponto é atingido quando a quantidade é igual a 6.

3. O cabaz óptimo do consumidor é X=1 e Y=1.

4. a) 18 = 2X +Y
b) X=5 e Y=8
5. a) 4.5=0.5X+Y
c) X=5 e Y=2

Resumo
Nesta unidade temática vimos a teoria do consumidor. Vimos como um consumidor pode
calcular as quantidades óptimas de bens e serviços.

Vimos nesta unidade didática que o consumidor utiliza os uteis para medir a satisfação que
obtém no consumo de determinado bem ou serviço e que este irá considerar se satisfeito
quanto maiores forem as quantidades consumidas.

A utilidade marginal mostra a utilidade adicional que um individuo obtém ao consumir mais
uma unidade de um determinado bem ou serviço. Assim sendo o ponto de saturação é
atingido quando o individuo já não obtém uma satisfação adicional ao consumir determinado
bem adicional, isto é, quando a utilidade marginal é zero o individuo já esta no seu ponto de
consumo máximo.

113
Para obtermos as quantidades óptimas temos que olhar não só para a satisfação que o
consumidor obtém mas também para o seu orçamento. Por isso usamos o princípio
equimarginal (umgx/px=umgy/py...) para determinar as quantidades óptimas que satisfazem o
consumidor e que este pode adquirir.

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

114
Unidade Didáctica nº 6: Teoria do Produtor

Introdução
Depois de termos analisado a teoria do consumidor onde vimos como o consumidor faz as
escolhas dos bens que irão compor a sua cesta, vamos neste capítulo ver a parte da oferta que
é representada pelos produtores.

Para os produtores dos bens e serviços o mais importante é a definição e o cálculo do custo
dos seus factores de produção de modo a minimizar os seus custos e maximizar o seu lucro.

Para compreender como o produtor pode maximizar o seu lucro iremos analisar primeiro a
função produção e mais adiante os custos e o cálculo do lucro das empresas.

Objectivos da Unidade
 Explicar o comportamento da função produção;

 Calcular e interpretar o produto marginal, o produto médio;

 Representar graficamente a função produção, o produto marginal e o produto médio;

 Determinar os estágios de produção e a zona óptima para o produtor produzir;

115
Desenvolvimento do Conteúdo

1. Função produção
A função de produção relaciona as quantidades produzidas de um bem e a aplicação dos
factores de produção. Diz-nos quanto de um bem será gerado face a aplicação de uma certa
quantidade de factores de produção.

A função produção mostra por exemplo que se usarmos 5hectares de terra, 3 máquinas, 2
homens e determinada, dado o estado da tecnologia para a produção de tomate, poderemos
obter 3 toneladas de tomate (produto total).

Produto total (PT) - representa a quantidade máxima produzida de um determinado bem,


dados os factores de produção disponíveis. O produto total é medido em unidades físicas,
como toneladas, quilogramas, números, etc.

Para além do conceito de produto total poemos destacar o produto marginal e o produto
médio.

Produto marginal (PM) – mostra a quantidade adicional de um produto que podemos


adquirir se aumentarmos um factor de produção, mantendo os outros factores constantes6.

Matematicamente o produto marginal pode ser dado por7:

VARIAÇÃO DO PRODUTO TOTAL PT PT2  PT1


PM   
VARIAÇÃO DO TRABALHO L L2  L1

Produto médio (PME) - mostra a quantidade de bens que é produzida em média por cada
trabalhador (considerando que o factor trabalho é o factor variável).

6
Recorde-se que os principais factores de produção são a terra, o trabalho e o capital. A terra e o capital são
factores que são considerados rígidos (não alteram no curto prazo), por isso para o cálculo do produto
marginal normalmente considera-se que o factor que varia é o trabalho. Assim sendo podemos dizer que o
produto marginal do trabalho mostra como a produção total (a quantidade produzida) ira alterar se alterar o
factor trabalho. Em quanto a produção ira aumentar se contractarmos mais um trabalhador?
7
A lógica do cálculo do produto marginal não difere do custo marginal.

116
PRODUTO TOTAL PT
PME  
QUANTIDADETRABALHO L

Exemplo:

A tabela abaixo mostra as quantidades que são produzidas (produto total) usando dois
factores de produção: a terra (factor fixo) e o trabalho (factor variável). Vamos calcular o
produto marginal e o produto médio.

Tabela 6: Quantidades Produzidas (factor fixo: terra) e (factor variável: trabalho)

Terra Trabalho Produto total Produto marginal Produto médio


(T) (L) (PT) (PM) (PME)
1 0 0 _____ _____
1 1 3 3 3
1 2 8 5 4
1 3 12 4 4
1 4 15 3 3.75
1 5 17 2 3.4
1 6 17 0 2.8
1 7 16 -1 2.3
1 8 13 -3 1.6

Graficamente podemos traçar as curvas do produto total, produto marginal e produto médio e
teremos o gráfico abaixo.

Gráfico representação gráfica das curvas do produto total, produto médio e produto marginal.

Gráfico 25: Produto total, marginal e médio

117
Depois de termos calculado e representado graficamente as curvas do produto total, produto
médio e produto marginal vamos de seguida analisar o comportamento de cada uma destas
curvas.

a) Produto total

Tanto na tabela assim como no gráfico podemos observar que o produto total cresce a medida
que aumentamos o factor variável, ou seja a medida que aumentamos o número de
funcionários mantendo fixo a terra e os outros factores de produção o produto total irá
aumentar. No entanto, este aumento só irá ocorrer até o ponto em que já não teremos mais
benefícios em aumentar o número de trabalhadores.

Por exemplo, supondo que estamos perante uma machamba de cerca de 1 hectare e temos 2
trabalhadores, este podem juntos produzir cerca de 1 tonelada de tomate, se aumentarmos
mais 1 trabalhador a produção ira aumentar, suponhamos que para 2 toneladas, se
aumentarmos mais 2 trabalhadores a produção pode aumentar mais ainda para 4 toneladas,
assim a medida que aumentamos o número de trabalhadores a produção total ira aumentar.

Imagine agora que para a mesma porção de terra existam agora 100 trabalhadores o nível da
produção poderia até baixar pois seriam tantos trabalhadores que outros estariam
conversando e a atrapalhar o trabalho dos outros reduzindo assim o nível de produção.

118
Observando a função da produção total podemos observar que numa primeira fase esta é
crescente até atingir o seu máximo no ponto em que temos 6 trabalhadores e a partir deste
ponto a produção total começa a decrescer a medida que aumentamos o número de
trabalhadores este fenómeno (decréscimo da produção adicional a medida que aumentamos
um factor variável mantendo os outros fixos) designa se lei dos rendimentos decrescentes.

b) Produto marginal

O produto marginal é crescente numa primeira fase e começa a decrescer a medida que
aumentamos o número de trabalhadores até atingir o ponto zero (quando o Produto total é
máximo) e a partir deste ponto começa a decrescer.

c) Produto médio

O produto médio nunca alcança o ponto nulo. Cresce a medida que aumentamos o factor
variável (trabalho) até atingir o seu máximo e decresce aproximando se de zero.

2. Estágios de Produção
Os estágios de produção mostram as áreas em que o produtor devera operar sem que esteja a
arcar prejuízos. Estes estágios são definidos a partir da relação entre o produto total, o
produto médio e o produto marginal.

O primeiro estágio de produção parte da origem das coordenadas até ao ponto onde o produto
médio é máximo. Neste ponto, o produto médio é igual ao produto marginal.

Neste estágio de produção o produto médio está em crescimento, conforme mostra o gráfico
abaixo.

O seguindo estagio parte do ponto onde termina o primeiro estagio até ao ponto em que o
produto marginal é zero. Neste caso, onde o factor trabalho é igual a 6. Neste estágio

119
podemos observar que a produção total esta a crescer e atinge o máximo neste estágio,
significa que o produtor obtém o máximo da sua produção sem antes atingir rendimentos
decrescentes, por isso considera se este estagia como o estágio de produção racional, onde o
produtor racional ira operar.

O terceiro estágio de produção começa onde termina o segundo estágio em diante. Neste
estágio temos um produto marginal negativo e o produto total a decrescer, o que mostra que
neste estagio o produtor começa a ter prejuízos na sua produção. Ver o gráfico 26 abaixo

120
Gráfico 26: Estágios de produção

1 estágio 2 estágio 3 estágio

Tarefas
1. Considere-se o gerente de uma empresa panificadora. Usando os conhecimentos que
obteve sobre a teoria de produção. Em que estagio de produção produziria? Justifique
dando exemplo concretos.

2. Tendo em conta que o estudante esteja a gerir uma farma de produção de tomate.
Explique de forma detalhada como pode se verificar a lei dos rendimentos decrescentes e
quais as atitudes que tomaria de modo a evitar essa situação.

3. O produto marginal mostra a quantidade adicional de produto que teremos se


aumentamos a mão-de-obra em uma unidade. Explique até que ponto considera-se
suficiente o aumento do factor variável e quais são os efeitos do incremento excessivo do
factor variável.

121
Exercícios de Auto-avaliação

3. Suponha que uma determinada empresa esteja a produzir no curto prazo. O gerente da
empresa apresentou o seguinte registo correspondente a diferentes níveis de Produção e
os respectivos níveis de utilização da mão-de-obra:

Nr. de Quantidade
Trabalha produzid
dores as
0 0
1 10
2 18
3 24
4 28
5 30
6 28
7 25

a) Calcule o Produto médio e Marginal para a função de produção acima e proceda a


representação gráfica destas funções.

4. Dada a Tabela
L 0 1 2 3 4 5 6 7
PT 0 2 6 12 16 18 18 16

122
a) Determine o Produto médio do trabalho (PME) e o Produto Marginal do Trabalho
(PMA).
b) Esboce os gráficos do PME e PMA do Trabalho.
c) Indique as quantidades do factor trabalho que pode ser usado de modo que a produção
seja máxima.

5. A tabela abaixo, mostra o nível de produção dado a terra e trabalho.

Terra Trabalho (L) Produto Total (PT)


(T)
1 0 0
1 1 3
1 2 8
1 3 12
1 4 15
1 5 17
1 6 17
1 7 16
1 8 13

Calcule o valor do produto médio e marginal do factor trabalho e represente no mesmo


sistema cartesiano de ordenadas a função produção (PT), PME e PMG e identifique os
estágios de produção.

Chaves de correcção
1. a) O produto médio e o produto marginal encontram se na tabela abaixo. O estudante
devera usar os valores obtidos e traçar os gráficos do produto médio e do produto
marginal.

123
Nr. de Quantidade Produto Produto médio
Trabalhadores produzidas marginal
0 0 __ ___
1 10 10 10
2 18 8 9
3 24 5 8
4 28 4 7
5 30 2 6
6 28 -2 4.67
7 25 -3 3.57

2. a)
L 0 1 2 3 4 5 6 7
PT 0 2 6 12 16 18 18 16
PMG __ 2 4 6 4 2 0 -2
PME __ 2 3 4 4 3.6 3 2.28

b) O estudante deve elaborar os gráficos.

c) A quantidade que maximiza a produção é de 6.

3.

Terra Trabalho Produto Produto Produto


(T) Total Médio Marginal
(L) (PT)
1 0 0 ___ ___
1 1 3 3 3
1 2 8 4 5
1 3 12 4 4
1 4 15 3.75 3

124
1 5 17 3.4 2
1 6 17 2.8 0
1 7 16 2.3 -1
1 8 13 1.6 -3

O estudante deverá representar graficamente as funções de produção, produto marginal e


produto médio de acordo com o exemplo dado na unidade.

O primeiro estágio de produção vai da produção 0 até 12, onde o produto marginal é igual ao
produto médio.

O segundo estágio começa onde termina o primeiro estágio e termina onde o Produto
marginal é zero isto é, de 12 até 17.

O terceiro e último estágio começa no ponto onde a produção é igual a 12 até ao infinito.

Resumo
Nesta unidade didáctica vimos a teoria de produção. Como o produtor pode racionalizar a sua
produção. Até que ponto podemos aumentar a quantidade de mão-de-obra em uma empresa.

O produto total mostra a quantidade de bens que podemos produzir tendo em conta os
factores de produção fixo (terra) e variável (trabalho) que possuímos.

O produto marginal mostra a quantidade de produção que podemos obter quando


aumentamos uma unidade do factor variável isto é, se estamos a produzir num nível de
100toneladas de tomate e temos 10 trabalhadores para quanto é que ira aumentar essa
produção se aumentamos mais um trabalhador?

O produto médio mostra a produção média por cada trabalhador.

125
No final da unidade identificamos os estágios de produção e vimos que o segundo estágio de
produção é o estágio onde o produtor maximiza a sua produção e ainda não atingiu o produto
marginal negativo.

126
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

127
Unidade Didáctica nº 7: Teoria de Custos e Cálculo do Lucro

Introdução

Depois de termos visto a teoria do produtor e a forma como o produtor usa os factores de
produção, vamos neste capítulo analisar os custos para a produção dos bens e serviços e o
cálculo do lucro de uma empresa.

Em todas as decisões que as empresas tomam estas analisam não só o nível de produção mas
principalmente o nível de custos que a empresa ira suportar.

Por exemplo, em tempos de maior procura (épocas festivas, páscoa, feriados, etc.) a empresa
deve decidir se contrata um novo trabalhador ou se paga horas extras aos trabalhadores
existentes. Para responder a esta simples questão, os gestores das empresas fazem a análise
não só dos benefícios que estes trabalhadores trarão para a empresa mas também dos custos
que a empresa terá de suportar. E normalmente a empresa opta pelo projecto com menor
custo de produção.

Existem outras situações em que os gestores deparam se com a análise de custos. Por
exemplo, se a empresa pretende aumentar as quantidades produzidas, será que esta deve
expandir a empresa existente ou deve construir uma nova fábrica?

Objectivos da unidade
 Determinar o custo total, custo fixo, custo variável, custo marginal, custo médio, cisto
fixo médio e custo variável médio;

 Representar graficamente todas as funções de custo aprendidas;

128
 Calcular o lucro obtido por uma empresa na produção de um bem mediante um preço
dado.

Desenvolvimento do Conteúdo

1. Tipos de Custos
Os principais custos incorridos por uma empresa são:

Custo total, custo variável, custo fixo.

Custo total (CT) – representa a despesa monetária total incorrido pela empresa para a
produção dos seus bens. O custo total é a soma do custo fixo e do custo variável. Conforme
mostra a formula abaixo:

CT  CF  CV

Custo variável (CV) – representa a despesa monetária incorrida pela empresa para a
aquisição de diverso material usado directamente no processo produtivo. O custo variável
representa toda a despesa para a compra de materiais que variam de acordo com o nível da
produção. Exemplo a aquisição da matéria-prima, o pagamento da luz usada no processo
fabril.

Custo fixo (CF) – mostra toda a despesa monetária suportada pela empresa mesmo que não
haja produção. Significa que mesmo que a empresa não esteja a produzir existem custos que
esta suporta como energia, renda dos escritórios, água, etc. e estes são considerados custos
fixos.

Para uma melhor distinção entre o CF, CV, CT, considere uma fábrica de produção de pães
(uma padaria), o produto final desta empresa “e o pão. Para a produção do pão a empresa
compra a farinha, o fermento, lenha etc. a quantidade adquirida deste material depende da
quantidade de pães que será produzida. Exemplo, se produzirmos 100 pães compramos 5
sacos de farinha, se produzimos 200 pães compramos 10 sacos de farinha. Podemos verificar

129
que a quantidade e o valor que a empresa ira despender para a compra da farinha depende da
produção de pães logo estes custos são designados custos variáveis.

Considerando agora as despesas com a luz do escritório, a renda mensal do estabelecimento,


o salário da secretaria, estes não dependem da quantidade de pães que é produzida, logo é um
custo fixo.

O custo total é o somatório do custo variável e do custo fixo.

Temos ainda os seguintes custos:

Custo marginal (CM) – mostra o custo adicional que a empresa terá se pretender aumentar
mais uma unidade do produto total. Exemplo se a empresa produz pães o custo marginal
representa o acréscimo no nível dos custos para que a empresa possa aumentar mais um pão.

Matematicamente o CM pode ser calculado a partir do custo total ou do custo variável


conforme mostram as formulas abaixo:

VARIAÇÃO DO CUSTO TOTAL CT CT2  CT1


CM   
VARIAÇÃO DO PRODUTO TOTAL Q Q2  Q1

Ou

VARIAÇÃO DO CUSTO VARIAVEL CV CV2  CV1


CM   
VARIAÇÃO DO PRODUTO TOTAL Q Q2  Q1

No desdobramento dos custos podemos destacar o custo total médio, o custo fixo médio e o
custo variável médio.

Custo total médio (CTM) – mostra o custo por unidade de produto. É o custo total dividido
pelo número total de unidades produtivas.
CUSTO TOTAL CT
CTM  
PRODUTO TOTAL Q
Custo fixo médio (CFM) – representa o custo fixo por unidade de produção. Exemplo se
temos um custo fixo de 100mt e a nossa produção total é de 20 pães podemos afirmar que
cada quantidade de pão consumiu em média 5mt (100/20) de custos fixo.

130
O CFM calcula se a partir da seguinte fórmula:

CUSTO FIXO CF
CFM  
PRODUTO TOTAL Q

Custo variável médio (CVM) – representa o custo variável por unidade de produção. É o
custo variável dividido pelo número total de unidades produzidas. Conforme mostra a
formula abaixo.
CUSTO VARIAVEL CV
CVM  
PRODUTO TOTAL Q
Exemplo:

A tabela abaixo mostra as quantidades produzidas por uma empresa de cadernos escolares, o
custo total, o custo fixo e o custo variável. Calcular o custo marginal, o custo total médio, o
custo fixo médio e o custo variável médio.

Usando os dados e as fórmulas dadas anteriormente podemos obter os valores dados na


tabela.

Tabela7: Cálculo dos custos de produção

Q CF CV CT CM CTM CFM CVM


0 55 0 55 _____ _____ _____ _____
1 55 30 85 30 85 55 30
2 55 55 110 25 55 27.5 27.5
3 55 75 130 20 43.3 18.3 25
4 55 105 160 30 40 13.75 26.3
5 55 155 210 50 42 11 31
6 55 225 280 70 46.7 9.2 37.5

131
O gráfico abaixo mostra o comportamento das curvas de custo total, custo fixo e custo
variável. Podemos observar no gráfico que o custo fixo é uma linha recta que mostra que este
não varia de acordo com a variação da produção.

O custo variável e total aumentam a medida que aumentam as quantidades produzidas.

132
Gráfico 27: custo total, custo variável e custo fixo

O comportamento do custo médio, do custo fixo médio e do custo variável médio é dado pelo
gráfico abaixo. Podemos verificar que o custo médio fixo diminui a medida que a produção
aumenta. Mas não atinge zero apenas aproxima se a medida que as quantidades produzidas
aumentam. O custo total médio e o custo variável médio são decrescentes numa primeira
fase, atingem o mínimo e crescem a medida que a produção aumenta.

Gráfico 28: custo total médio, custo variável médio e custo fixo médio

133
2. Cálculo do lucro
O lucro é um dos principais objectivos das empresas privadas. Para calcular o lucro temos
apenas que ter a estrutura da produção e os custos. Isto é, temos que saber quanto se produziu
e por quanto foi vendida a mercadoria e quanto nos custou colocar o produto no mercado. De
uma forma resumida, lucro mostra a diferença entre o valor da receita total e do custo total.

LUCROTOTAL ( LT )  RT  CT

Receita total mostra o valor total que a empresa arrecada das vendas. Para calcular
multiplicamos o preço pela quantidade vendida. Conforme mostra a formula que se segue:

RT  P * Q

O Custo total já foi analisado na secção anterior. É dado pela seguinte fórmula:

CT  CF  CV

Assim, o lucro é dado por:

LT  RT  CT
LT  ( P * Q)  (CF  CV )

134
Tarefas
1. O lucro financeiro é um dos principais objectivos das empresas.

a) Explique de forma detalhada os passos que uma empresa deve seguir para o cálculo
do lucro.

b) Identifique e explique outros objectivos que uma empresa pode almejar alcançar.

2. Considere uma empresa que por motivos de inventário encontra-se encerrada. Tendo em
conta que o custo variável está directamente ligado a quantidade produzida será que
podemos assumir que esta empresa apenas terá custos fixos neste período?

Exercícios de Auto-avaliação
1. Por que razão o custo marginal é sempre igual quer calculado a partir do custo variável
quer do custo total?

2. Considere os dados apresentados na tabela abaixo.

Quantidade Custo fixo Custo variável


q CF (MT) CV (MT)
0 55 0
1 55 30
2 55 55
3 55 75
4 55 105
5 55 155
6 55 225

135
a) Calcule CT (Custo Total), CME (Custo Médio), RT (Receita Total) e o Lucro se o
preço for igual á 50mt.

3. Considere os dados apresentados na tabela abaixo.

Factor terra Factor Trabalho Renda da terra Salário


Produto (hectares) (trabalhadores) (Mt/hect) (Mt/trabalhador)
0 15 0 12 5
1 15 6 12 5
2 15 11 12 5
3 15 15 12 5
4 15 21 12 5
5 15 31 12 5
6 15 45 12 5
7 15 63 12 5

Calcule O CT, CV, CF, CME, CVM,CFM, CMa e o Lucro se o preço for igual a
45mt.

4. Considere uma empresa que oferece o produto A. O preço de mercado deste é de 27 u.m.
A empresa suporta um custo total de produção que varia com a quantidade produzida da
seguinte forma:
Quantidade Custo Total
0 0
1 50
2 60
3 66
4 84
5 105
6 132
7 175

136
8 224
9 315
a) Calcule o lucro desta empresa se a produção for de 5 toneladas de arroz.
b) Se a produção do arroz aumentar de 5 para 9 toneladas em quanto irá aumentar o
lucro?
5. A tabela abaixo mostra o custo incorrido por uma firma, para os vários níveis de
produção.

Q 0 1 2 3 4 5 6.5 6 7 8
CT 8 20 23 24 25.24 27.75 32 35.1 40 64

Sabendo que o preço é igual a 8u.m determine o lucro em cada nível de produção.

Chave-de-correcção
1. O custo marginal pode ser calculado a partir do custo variável e do custo total porque o
custo fixo é uma constante e a derivada de uma constante é zero.
2.
Quantidade CF CV CT RT CME CMA RMA LUCRO

0 55 0 55 0 -55

1 55 30 85 50 85.0 30 50 -35

2 55 55 110 100 55.0 25 50 -10

3 55 75 130 150 43.3 20 50 20

4 55 105 160 200 40.0 30 50 40

5 55 155 210 250 42.0 50 50 40

6 55 225 280 300 46.7 70 50 20

137
3.

CF CV CT CME CVM CFM Cma RT=PxQ Lucro


Preço

180 0 180 45 0 -180

180 30 210 210.00 30.00 180.00 30 45 45 -165

180 55 235 117.50 27.50 90.00 25 45 90 -145

180 75 255 85.00 25.00 60.00 20 45 135 -120

180 105 285 71.25 26.25 45.00 30 45 180 -105

180 155 335 67.00 31.00 36.00 50 45 225 -110

180 225 405 67.50 37.50 30.00 70 45 270 -135

180 315 495 70.71 45.00 25.71 90 45 315 -180

4. a) LT=30
b) O lucro torna se negativo para -72

6. O estudante deverá calcular o nível da receita total tendo em conta as quantidades


oferecidas e o preço e de seguida calcular o lucro para cada unidade de produção.

138
Resumo
Nesta unidade didáctica vimos como podemos calcular o lucro de uma empresa. O lucro é
obtido pela diferença entre a receita total e o custo total. Neste caso para obtermos o lucro
temos primeiro que ter a receita total (RT=P*Q) e depois o custo total (CT=CV+CF).

Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo

2. Mankiw, N. G. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora Campus.

3. Neves, J. L. C. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São Paulo

4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas

5. Samuelson, P. A. & Nordhaus, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa: Portugal

6. Tadeu, J. & Mendes, G. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações

7. Wonnacott, P. & R. Wonnacott. (1994). Economia. 2ª Edição

139
Unidade Didáctica nº 8: Mercado e sua Estrutura

Introdução
Na unidade didáctica 3, definimos o mercado e salientamos que é um lugar físico ou não
onde compradores transaccionam bens e serviços. Existem vários tipos de mercado
dependendo do bem ou serviço a ser transaccionado. Por exemplo, se transaccionamos o
tomate, podemos assumir que estamos perante o mercado de tomate, para o caso de energia
eléctrica estaremos no mercado de energia eléctrica. Outros exemplos de mercados podem ser
mercado de serviços de telefonia, mercado de arroz, mercado de serviços de saúde etc. No
entanto, nem todos os mercados tem o mesmo número de compradores e vendedores, nem
todos os mercados tem o mesmo produto, alguns mercados ou áreas de trabalho são difíceis
de entrar, alguns simplesmente não tem concorrentes, etc. podendo assim afirmar-se que as
características dos mercados variam de acordo com o número de compradores, o produto
vendido, as dificuldades ou não de entrada no mercado.

Ao analisarmos os exemplos dados de tipos de mercado podemos observar que existem


mercados com vários compradores e vários vendedores (por exemplo o mercado de tomate),
em outros exemplos, podemos verificar que para os vendedores apenas existe um e os
compradores são vários (exemplo do mercado de fornecimento de energia eléctrica) e por
último caso podemos observar o caso onde existem apenas alguns vendedores e muitos
compradores (caso do mercado de serviços de telefonia móvel).

A determinação do número de vendedores e número de compradores é a característica


fundamental que diferencia os vários tipos de mercados que temos. Na presente unidade
iremos descrever cada um destes tipos de mercado, caracterizar e mostrar o comportamento
de cada um dos agentes intervenientes em cada estrutura de mercado.

Os mercados podem ser caracterizados de duas formas: mercado de concorrência perfeita e


mercado de concorrência imperfeita.

140
O mercado de concorrência perfeita não tem subdivisões enquanto o mercado de
concorrência imperfeita pode ser subdividido em 3 principais estruturas diferentes a saber:
monopólio, oligopólio e concorrência monopolista.

De seguida analisaremos cada uma destas formas de mercado.

Objectivos da Unidade
 Identificar os vários tipos de estrutura de mercado;

 Definir e Caracterizar cada tipo de estrutura de mercado;

Desenvolvimento do Conteúdo

1. O mercado de concorrência perfeita


O mercado de concorrência perfeita é também designado mercado de concorrência pura e
possuem as seguintes características:

a) Existem vários compradores e vários vendedores – no mercado de concorrência


perfeita o número de vendedores ou compradores é elevado.

b) Homogeneidade dos bens e serviços produzidos – significa que todos os bens


produzidos neste mercado tem as mesmas características aos olhos do consumidor,
não conseguindo distinguir a produção de uma empresa da outra etc.

c) O preço do mercado é fixado pelo mercado – na concorrência perfeita existem


tantos vendedores e compradores de um bem idêntico e cada um deles é tão pequeno
perante a vasta multidão do mercado que não tem o poder de fixar e nem influenciar o
141
preço do bem ou serviço transaccionado. Neste caso, os vendedores apenas poderão
tomar ou aceitar o preço dos bens já existente no mercado. Por exemplo, supondo que
o tomate é vendido em um mercado de concorrência perfeita os compradores vão ao
mercado já conhecendo o preço do tomate e os vendedores que já estão a vender o
tomate e os que querem começar com o negócio apenas aceitam o preço do tomate
que já está estabelecido no mercado.

d) Livre mobilidade de entrada e saída dos intervenientes – na concorrência perfeita os


compradores podem entrar e sair do mercado quando quiserem o mesmo sucede com
os vendedores, na concorrência perfeita os vendedores podem começar com o negócio
enquanto outros estão a desistir. Não existem impedimentos fortes(barreiras) para a
entrada e saída do mercado.

e) (Informação Perfeita) – no mercado de concorrência perfeita todos os intervenientes


conhecem os preços dos bens e serviços e tem toda a informação do produto e do
mercado.

Na secção anterior analisamos o mercado de concorrência perfeita. No entanto, as condições


ou premissas exigidas para que um mercado seja considerado de concorrência perfeita são
muito exigentes. Se o estudante analisar com detalhe estas condições verá que na realidade as
coisas não funcionam taxativamente assim. As estruturas de concorrência perfeita são
raramente observados na vida real.

2. O Monopólio
O monopólio ocorre quando num determinado sector de actividade existe um único vendedor
de determinado bem ou serviço que tendem o controlo total de todo o mercado. O único
vendedor é designado monopolista8.

Considera-se mercado monopolista toda a estrutura de mercado que obedece as seguintes


características:

a) Um vendedor e vários compradores;

8
A palavra monopolista provem de 2 palavras gregas: mono, que significa um e polist que significa vendedor.

142
b) O bem produzido é único no mercado e não tem substitutos próximos;

c) O monopolista determina e influencia o nível de preço do bem ou serviço – o


monopolista sendo o único a produzir determinado bem ou serviço pode determinar o
seu preço de venda e com isso obter lucro elevados.

d) Existem barreiras a entrada – para o caso do monopólio existem barreiras que


impedem as outras empresas a entrar no negócio e produzir os mesmos bens.

Estas barreiras podem ser de vários tipos ou formas das quais podemos salientar:

 Custos iniciais elevados – quando os custos para iniciar um determinado


negócio são demasiadamente elevados as empresas pequenas não tem
como iniciar este tipo de negócio constituindo assim uma barreira de
entrada. Por exemplo, os custos iniciais para a constituição de uma
empresa aérea é muito elevados e sendo assim, as empresas pequenas não
tem como entrar no negócio e as que já estão neste ramo formam um
monopólio.

 Restrições legais – quando o Governo impõe restrições em formas de


patentes9, burocracia ou outro tipo de restrições, cria condições para a
formação de monopólios.

 Restrições a importação – o estado pode optar por estabelecer taxas


alfandegárias ou outras formas de barreiras alfandegárias que
desencorajam a entrada de novas empresas no território nacional e
incentivam a formação de monopólios.

9
Patente é uma forma de autenticação/autorização para o exercício de determinadas funções. O estado
normalmente atribui patentes a determinados investidores para possibilitar o uso exclusivo de determinado
bem ou serviço. Estes bens ou serviços normalmente são considerados necessários e imprescindível para a
sociedade como é o caso da água, da luz, das telecomunicações, etc.

143
3. O oligopólio
Oligopólio refere se a estrutura de mercado onde existem poucos vendedores10 e muitos
compradores.

No oligopólio os bens e serviços transaccionados são semelhantes de tal modo que quando
um vendedor baixa o preço do bem, as outras empresas podem também reagir baixando o
preço e criando uma guerra de preços e uma descida geral de preços. Mas, atenção que as
outras empresas podem também optar por outras estratégias como o incremento da
publicidade, do marketing, da imagem externa do produto etc.

O mercado oligopolista é também comum nas áreas de transportes, comunicações,


electrodomésticos11 e outros.

Referir que no oligopólio também existem barreiras a entrada por isso o número de
vendedores é reduzido.

4. A concorrência monopolista
A concorrência monopolista é a estrutura de mercado que existem muitos produtores e muitos
vendedores. A principal diferença entre a concorrência monopolista e a concorrência perfeita
está no bem produzido. Na concorrência perfeita o bem produzido é homogéneo, tem as
mesmas características enquanto na concorrência monopolista o bem transaccionado
apresenta características mínimas que diferencia uma empresa da outra (o produto é
diferenciado).

A diferenciação do produto nesta estrutura de mercado pode ser feita através de serviços
complementares de marcas, publicidade, embalagem, cor, formato, etc. um exemplo dado
para esta estrutura de mercado são as empresas produtoras de perfumes, jóias, roupas, etc.

10
Poucos vendedores podemos considerar um número de 5. Mas atenção pois dependendo da dimensão do
mercado este numero pode aumentar ou reduzir. Para o caso de Moçambique podemos considerar que o
mercado de telefonia móvel é um mercado oligopolista pois existem poucos vendedores (apenas 3) e muitos
compradores.
11
No Mercado existem vários electrodomésticos que são produzidos por um pequeno grupo de empresas.

144
145
Tabela 7: Resumo dos tipos de estrutura de mercado estudados
Estrutura Número Número de Tipo de Entrad Grau Sector onde
de de comprador produto a no de prevalece
mercado produtor es mercad control
es o o de
preços

Concorrênc Vários Vários Homogéne Fácil Nenhu Produtos


ia perfeita o m agrícolas e
poucos produtos
de comercio a
retalho

Monopólio Um Vários Único no Difícil Total Telecomunicaçõ


mercado es, electricidade,
água, gás, etc.

Oligopólio Alguns Vários Pouco Difícil Limitad Automóveis,


diferenciad o gasolineiras,
o cimentos,
computadores,
etc.

Concorrênc Vários Vários Diferencia Fácil Pouco Perfumarias,


ia do joalerias,
monopolist calcados etc.
a

146
Tarefas
1. O mercado grossista do Zimpeto localiza se na província de Maputo e podemos encontrar
vários vendedores e vários compradores. Será que estamos perante um mercado em
concorrência perfeita? Justifique dando exemplos concretos.

2. A empresa electricidade de Moçambique é a única que fornece serviços de electricidade


para Moçambique. Explique os prós e contra o monopólio tendo em conta este caso
concreto.

Exercícios de Auto-avaliação
1. A Concorrência perfeita e a concorrência monopolista são estruturas de mercados
idênticas, porque ambas tem um grande número de vendedores e não existe barreiras para
entrada de novas firmas. Concorda com a afirmação? Justifique.

2. Caracterize e de exemplo das seguintes estruturas de mercado:

a) Concorrência monopolística;

b) Monopólio;

c) Oligopólio.

147
Chaves de correcção
1. A concorrência perfeita e a concorrência monopolista não correspondem a mesma
estrutura de mercado. Mesmo tendo em comum a característica de muitos vendedores e
muitos compradores existe outra características importante que diferenciam estes dois
grupos, nomeadamente, o produto que cada uma das estruturas transacciona. Para a
concorrência perfeita o produto (bem) transaccionado é homogéneo enquanto na
concorrência monopolista o produto é diferenciado.

2. Ver o quadro resumo nesta unidade temática.

Resumo

Nesta unidade didáctica vimos as estruturas de mercado, isto é como os vendedores e


compradores estão distribuídos em vários mercados e como classificar esta organização.

Vimos a concorrência perfeita que tem como um dos pressupostos básicos a existência de
muitos compradores e muitos vendedores, um bem homogéneo e um preço único para os
bens. De seguida, vimos o monopólio que possui apenas um único vendedor e vários
compradores. O oligopólio possui um número reduzido de vendedores (este numero esta
entre a concorrência perfeita e o monopólio).

Bibliografia
 DORNBUSCH, R. e FISCHER, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron
Books. Editorial Verbo.

 MANKIW, N. GREGORY. (2001). Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Editora


Campus.
148
 NEVES, JOÃO LUÍS CÉSAR. (2001). Introdução à Economia. 6ª Edição. São
Paulo:

 ROSSETII, JOSÉ PASCHOAL. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São


Paulo: Editora Atlas.

 SAMUELSON, P. A. e NORDHAUS, W. D. (1999). Economia. 16a Edição. Lisboa:


Portugal.

 TADEU, J. e G. MENDES. (2004). Economia: Fundamentos e Aplicações.

149

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