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MÓDULO DE ECONOMIA I
Moçambique
FICHA TÉCNICA
Organização e Edição
Universidade Wutivi (Ensino Superior à Distância)
Autor: Estrela Eduardo Soda Charles
Revisor de EaD: Lina Sara Chovano do Rosário
Revisor linguístico: Emília Morais
Revisor científico: Constantino Marrengula
ii
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA .................................................................................................................... ii
Apresentação ............................................................................................................................ ix
Introdução do Módulo................................................................................................................1
Objectivos do Módulo................................................................................................................2
Testes/Avaliações ......................................................................................................................4
Introdução ..................................................................................................................................5
Tarefas......................................................................................................................................16
Resumo ....................................................................................................................................18
iii
Bibliografia ..............................................................................................................................19
Introdução ................................................................................................................................20
1. Factores de Produção........................................................................................................20
5. Deslocações da FPP..........................................................................................................28
Tarefas......................................................................................................................................33
Chave-de-correcção .................................................................................................................35
Resumo ....................................................................................................................................36
Bibliografia ..............................................................................................................................37
Introdução ................................................................................................................................38
1. Mercados ..........................................................................................................................39
iv
2.2 Determinantes da Curva da Procura ..................................................................................43
Tarefas......................................................................................................................................63
Resumo ....................................................................................................................................70
Bibliografia ..............................................................................................................................70
Introdução ................................................................................................................................71
v
2.5. Relação entre a Elasticidade Preço da Procura e a Receita Total .....................................82
Tarefas......................................................................................................................................91
Resumo ....................................................................................................................................97
Bibliografia ..............................................................................................................................97
Introdução ................................................................................................................................98
2. Utilidade .........................................................................................................................101
4. Princípio Equimarginal...................................................................................................106
Tarefas....................................................................................................................................110
vi
Exercícios de Auto-avaliação ................................................................................................110
Resumo ..................................................................................................................................113
Bibliografia ............................................................................................................................114
Introdução ..............................................................................................................................115
2. Estágios de Produção......................................................................................................119
Tarefas....................................................................................................................................121
Resumo ..................................................................................................................................125
Bibliografia ............................................................................................................................127
Introdução ..............................................................................................................................128
Tarefas....................................................................................................................................135
Chave-de-correcção ...............................................................................................................137
Resumo ..................................................................................................................................139
Bibliografia ............................................................................................................................139
vii
Unidade Didáctica nº 8: Mercado e sua Estrutura .................................................................140
Introdução ..............................................................................................................................140
2. O Monopólio ..................................................................................................................142
3. O oligopólio ....................................................................................................................144
Tarefas....................................................................................................................................147
Resumo ..................................................................................................................................148
Bibliografia ............................................................................................................................148
viii
Apresentação
Caro(a) estudante
Está nas suas mãos o Guia de Estudo do módulo de Economia I que integra a grelha
curricular do curso de Licenciatura em Gestão de Empresas e Liderança oferecido pela
Universidade Wutivi na modalidade de Educação à Distância.
Este guia tem por finalidade dotá-lo de conhecimentos básico sobre a Economia, por forma a
ter um suporte para encarrar as disciplinas mas complexas durante a sua formação,
melhorando a sua análise crítica sobre os fenómenos que irá estudar, consolidando as suas
habilidades em matérias de gestão.
A Equipa da EaD
ix
Introdução do Módulo
Neste módulo, você irá estudar aspectos relacionados com o surgimento do estudo da
economia, a importância do estudo dos fenómenos económicos, os factores de produção e a
fronteira de possibilidades de produção. Analisará também a função procura e oferta de bens
e serviços e, em cada um destes temas (procura e oferta), examinará os seus determinantes e
fará a respectiva representação gráfica.
Estudará também, neste módulo, aspectos relacionados com a teoria do consumidor (como o
consumidor faz as escolhas dos produtos que irá adquirir com o seu rendimento), a teoria do
produtor (os custos suportados pelas empresas e as quantidades que as mesmas podem
produzir).
Quando terminar o estudo do módulo de economia I, você deverá ser capaz de:
Fazer uma análise crítica dos aspectos da actividade económica (este objectivo precisa
ser revisto);
Definir a procura, oferta dos bens e serviços;
Analisar o comportamento do consumidor e do produtor;
Explicar o conceito de elasticidade da procura e da oferta;
Calcular o nível de produção e de lucro de cada para uma empresa;
Explicar o funcionamento dos mercados e a sua estrutura.
Para obter sucesso no estudo deste módulo siga com atenção as seguintes recomendações:
Resolva os exercícios que lhe são propostos e compare a sua solução com a grelha de
correcção fornecida;
Antes de entrar em interacção com o seu tutor e colegas do curso, prepara-se muito
bem de forma a que os fóruns e os chats sejam produtivos. Isto é, deve estudar com
antecedência os temas a serem tratados no processo de ensino e aprendizagem virtual;
2
Irá precisar de uma máquina de calcular (para lhe ajudar nos exercícios de aplicação),
uma régua (para a elaboração de gráficos), lápis, caneta e um caderno.
Sempre que tiver dúvidas entre em contacto com o seu tutor por e-mail, telefone ou
Skype.
Ícones da Actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma
parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Veja, a seguir, o conjunto completo de ícones usados neste módulo. Cada um com uma
descrição do seu significado, isto é, da forma como nós o interpretámos.
Introdução Desenvolvimento do
conteúdo
Resumo
Objectivos
Definições importantes
Tempo para completar o
tema
3
Tarefas Auto-avaliação
Dicas de Apoio
Se tiver dificuldades poderá consultar ao seu tutor, usando vários meios que serão definidos
no início do curso.
Este Módulo tem a duração de 8 semanas e tem uma carga horária de 148 horas, o que
significa que deve estudar de forma independente 116 horas e ter contacto com o docente em
média 8 horas presencialmente e 24 horas virtualmente.
Testes/Avaliações
Nesta disciplina você vai realizar duas avaliações presenciais (AP‟s) e várias avaliações a
distância (AD‟s).
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Unidade Didáctica nº 1: Introdução ao Estudo da Economia
Introdução
Objectivos da Unidade
5
Desenvolvimento do Conteúdo
Imaginemos que a primeira questão que você pode colocar é: Qual é a importância do estudo
de economia?
Caro estudante, existem várias razões que justificam o estudo da economia, variando de
pessoa para pessoa. Algumas pessoas estudam a economia na tentativa de compreender o
papel do Governo e os desafios do mercado em geral. Outros estudam a economia na
expectativa de usar, de forma racional, os recursos e ganhar mais riqueza. Ainda outros estão
interessados em saber como melhorar a sociedade, como aumentar o bem-estar social, de
forma a minimizar as desigualdades entre os ricos e pobres.
E porque é que estas desigualdades são maiores em uns países e menores noutros?
Por que motivo alguns países são mais desenvolvidos que os outros?
Todas as questões apresentadas anteriormente e muitas outras são válidas para o estudo da
economia. Contudo, a principal razão para o estudo da economia é o reconhecimento de que
o homem é um ser social (vive em sociedade) e para a satisfação das suas necessidades este
deve contar não só com o seu trabalho e esforço mas, também, com alguns fenómenos
económicos que ocorrem na sociedade e que influenciam as nossas decisões no dia-a-dia. Por
exemplo, para sabermos a quantidade de bens e serviços que iremos adquirir temos primeiro
de ter em conta os preços dos bens e o rendimento que dispomos.
Podemos ainda citar outros exemplos que mostram a importância do estudo dos fenómenos
económicos: se um indivíduo sul-africano decide investir na construção de uma fábrica de
calçado em Moçambique, este analisará não só o seu rendimento e os ganhos financeiros que
terá com o empreendimento mas, também, a situação económica do país. Neste caso, ele
6
deverá procurar saber o nível salarial da maior parte dos moçambicanos, o índice de
desemprego, os preços de calçado praticados no país, os salários dos trabalhadores
moçambicanos, a estabilidade política e outros fenómenos económicos afins.
2. Surgimento da Economia
O termo economia provém do grego: oikós (casa) e nomos (norma ou lei), que significa
governo da casa.
Alguns anos depois, por volta do século XVII (da antiguidade ao renascimento), com o
desenvolvimento das sociedades, a economia passou a designar-se economia política1 dado
ao peso e a abrangência das questões políticas neste período.
1
A expressão economia política é atribuída ao francês Antoine de Montchrétien, autor do livro “traité
d´économie politique (Tratado de economia política).
2
Por estes feitos Adam Smith é considerado hoje o pai da economia.
7
riqueza das nações que marcou o início de uma nova época para o estudo da economia: a era
dos clássicos.
Com os clássicos a economia deixou de ser designada economia política e passou somente a
economia. Algum tempo depois Adam Smith teve os seus seguidores3 e todos
fundamentavam as suas definições em quatro pontos: a formação, a acumulação,
distribuição e consumo da riqueza.
3. Definição de Economia
Como referimos anteriormente, a economia é uma ciência social pois estuda o homem e as
várias formas de transformar recursos escassos em bens úteis para a sua satisfação. Ela é
bastante vasta e o seu estudo diário é influenciado por determinadas concepções políticos-
religiosas que com o tempo podem se modificar e assim influenciar os estudos económicos.
Esta influência faz com o conceito, ou a definição da economia, altere. Dai afirmarmos que a
definição da economia depende muito da época de estudo, dos acontecimentos políticos,
religiosos que marcam o momento. Por exemplo em 1776, Adam Smith definiu a economia
como a ciência que estuda a origem e causa da riqueza das nações porque neste período havia
muita desigualdade entre as economias e o autor estava interessado em estudar a causa destas
desigualdades.
Lionel Robbins, no seu ensaio de 1932, citado em Rossetti (2003:52), define economia como:
a ciência que estuda as formas de comportamento humano, resultantes da relação existente
entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que embora escassos se prestam a
usos alternativos. E em Samuelson e Nordhaus (1999) a economia é definida como sendo o
3
Pode-se mencionar Thomas Malthus, John Law, Stuart Mill, David Ricardo e Jean Baptiste Say.
8
estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens que
satisfazem as necessidades humanas.
Na obra de Paschoal Rossetti (2003) a economia é definida como sendo a ciência que estuda
a acção económica do homem como envolvendo essencialmente o processo de produção,
geração e apropriação de rendimento, o seu dispêndio e a acumulação.
Todas as definições dadas acima são válidas. Contudo, como forma de uniformizarmos as
definições a usar no presente módulo, consideremos a seguinte definição:
4. Tipos de Economia
Economia positiva - trata a realidade como ela é, ou seja, como o problema económico se
apresenta, isto é, limita-se a fazer descrições dos factos da realidade, circunstâncias e relações
na economia. Por exemplo: na questão: quais são as taxas de desemprego, inflação ou
impostos vigentes no país no ano de 2012? Esta questão requer apenas a informação
económica sobre estas variáveis. Neste caso, apenas irá mostrar a realidade assim como ela é.
9
A economia quanto ao nível de análise pode ser dividida em: Macroeconomia ou análise
Macroeconómica e Microeconomia ou análise Microeconómica. As palavras micro e macro
vêm do grego que significam pequeno e grande respectivamente.
O estudo da economia está centrado na satisfação das necessidades das pessoas (indivíduos) e
a sociedade em geral. Para prosseguirmos com o nosso estudo é necessário em primeiro lugar
definir e classificar as necessidades humanas.
a) Necessidades do indivíduo
Naturais - são as que surgem de forma espontânea, são necessidades vitais. Por
exemplo, comer, água, dormir, respirar etc.
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Sociais – são necessidades que decorrem da vida em sociedade; por exemplo,
festa de casamento.
b) Necessidades da sociedade
Bem é tudo que dispomos e que podemos usar para a satisfação das nossas necessidades,
individuais ou colectivas. Inclui bens que assumem a forma material e imateriável. Estes
últimos são também chamados serviços.
A principal diferença entre os bens e serviços é que os bens são palpáveis, tangíveis algo que
podemos pegar e sentir enquanto os serviços são intangíveis, não podemos pegar e nem
sentir. Por exemplo, o carro é um bem (usamos para satisfazer a necessidade de locomoção) e
a consulta médica é um serviço de saúde pois não podemos apalpar a própria consulta.
Bens económicos – são aqueles que necessitam da acção humana para a sua produção e
posterior uso. Exemplo: o arroz, o pão, o carro, as calça, etc.
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Bens não económicos ou bem livre– são aqueles que não necessitam da acção humana para
a sua produção. Estes bens estão prontos e disponíveis na natureza. Exemplo: o ar, a água do
mar, a água do rio, a areia da praia, os frutos silvestres, etc.
Bens de capital – são todos aqueles que são usados para gerar outros bens. Estes não
satisfazem directamente as necessidades humanas, mas indirectamente. Por exemplo, a
máquina de descasque do arroz é usada para tornar o arroz pronto ao consumo, logo a
máquina é um bem de capital e o arroz é um bem de consumo.
Bens complementares – São aqueles que devem ser consumidos em simultâneo para
satisfazer uma dada necessidade humana. Por exemplo o açúcar e chá são bens
complementares pois são usados simultaneamente para a satisfação das necessidades. Outros
exemplos: pão e a manteiga, o automóvel e o combustível, etc.
Bens substitutos – são aqueles que podem ser usados para a satisfação da mesma
necessidade. Na ausência de um bem pode se usar o outro para a satisfação da mesma
necessidade. Por exemplo, o pão e a mandioca são bens substitutos pois na ausência do pão
podemos usar a mandioca para a satisfação das necessidades. Outros exemplos: o café e o
chá, o açúcar e o adoçante.
6. Problemas Económicos
Depois de termos visto a classificação dos bens e as necessidades humanas concluímos que as
necessidades humanas são ilimitadas e os bens que as pessoas dispõem são limitados e assim
sendo, o homem deve usar os bens de forma racional para que consiga satisfazer as suas
necessidades.
Os problemas económicos resultam do facto dos recursos serem escassos para gerar bens,
havendo assim a necessidade de fazer escolhas sobre o que produzir, como produzir, onde
produzir, para quem e quando produzir.
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O primeiro problema (ou pergunta) que devemos solucionar (responder) é o que produzir, é
necessário que o país decida o que irá produzir, tendo em conta que os factores de produção
que possui, tendo em conta as suas habilidades humanas, naturais etc. Normalmente, a
primeira questão que se coloca é a seguinte: o que produzir?, produzimos computadores ou
milho?
Depois de decidir o que iremos produzir devemos nos preocupar em saber como iremos
produzir. Para o caso do milho, poderemos usar a enxada ou poderemos usar o tractor. Neste
caso estamos a decidir sobre como produzir.
A seguir a esta questão surge outra questão onde produzir? Será que produzimos próximo à
matéria-prima ou próximo ao consumidor para evitarmos custos elevados de transportes?
Temos ainda outras questões que temos que responder durante o processo de transformação
dos bens, como é o caso de quanto produzir? Para quem produzir? Será que produzimos
1.000 toneladas ou é melhor produzir 500 toneladas e alocar a mão-de-obra para a produção
de outros bens? Será que produzimos para a população de baixa renda (neste caso deveremos
procuramos usar factores de produção também acessíveis e mais baratos para que o preço,
por sua vez, seja também mais baixo) ou produzimos para a população de renda alta
investindo mais na qualidade?
Como vimos as pessoas, as empresas os países deparam-se com varias questões que devem
responder de modo a executar as suas actividades sem sobressalto. Estas questões podem ser
resumidas em cinco principais problemas a saber:
1. O que produzir?
2. Onde produzir?
3. Como produzir?
5. Quando produzir?
1. O que produzir
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Esta é a primeira questão e a mais importante, pois pode condicionar as respostas às
outras questões. Para responder a esta questão temos que ter em conta não só os factores
financeiros que dispomos mas também a questão cultural, demográfica, geográfica de
cada país. Um país ou uma empresa não pode optar por produzir um bem que é
totalmente incompatível com os seus aspectos culturais ou demográficos do país pois os
custos serão muito maiores. Por exemplo existem produtos que são produzidos com
menores custos em países com clima tropical em relação aos outros.
2. Como produzir
Como já vimos, os recursos que dispomos para a produção de bens e serviços são
limitados (temos pouca mão-de-obra qualificada, temos recursos financeiros limitados e
as maquinarias também são limitadas), assim sendo, ao decidir como produzir temos que
ter em conta a combinação de recursos que não tornam os custos muito elevados para o
pais ou empresa.
3. Onde produzir
Para melhor responder esta questão temos que ter em conta que as pessoas que compõem
uma sociedade tem rendimentos diferentes, tem hábitos e costumes diferentes assim
sendo, é necessário saber para que público estamos a produzir determinado bem, para as
pessoas de renda alta (logo os padrões de produção devem ser bastante criteriosos em
14
termos de qualidade dos factores usados), para a população de renda baixa, para uso
domestico ou para uso industrial?
5. Quando produzir
Esta questão está relacionada com o factor tempo. É necessário que a empresa tenha em
conta a época em que irá produzir. No verão ou no inverno? Na época chuvosa ou na
época seco? A resposta desta questão depende do tipo de produto a ser produzido e dos
custos que estão envolvidos em cada estação.
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Tarefas
1. A economia estuda como usar de forma racional os recursos escassos de modo a aumentar
a produção dos bens. Mostre como este conceito pode ser aplicado para a resolução dos
problemas da sua região (bairro).
2. Os principais problemas económicos podem ser aplicados não só para um país mas
também para uma empresa e para a organização das actividades do ser humano.
Exercícios de Auto-avaliação
1. Descreva a importância do estudo da economia.
4. Explique porque a economia é uma ciência que não tem um conceito único e unânime.
b) Microeconomia e macroeconomia;
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8. Diferencie os seguintes conceitos:
Chave- de-correcção
1. O estudo da economia é importante pois ajuda-nos a usar de forma eficiente os recursos
ou factores de produção que possuímos. Ajuda-nos a traçar estratégias ou politicas para
melhorar o bem-estar dos indivíduos e da sociedade em geral.
3. Adam Smith é considerado o pai da economia pois foi o primeiro a fazer um estudo
científico para perceber a causa da riqueza das nações. No seu estudo ele procura
relacionar os aspectos económicos e a procurar ou sugerir soluções para o crescimento
das economias.
4. A economia é uma ciência que não tem um conceito único e unânime porque a medida
que o tempo passa, existem questões que tornam se cada vez mais prioritárias para as
sociedades e são acrescidas e analisadas no âmbito económico.
5.a) Economia positiva retrata os dados da economia assim como ela é enquanto economia
normativa não só retrata os dados da economia mas também emite uma opinião sobre
como ou o que deveriam ser.
5.b) Macroeconomia estuda os fenómenos económicos como um todo, para uma nação, um
pais ou agregados (não está claro. Precisa de revisão) enquanto microeconomia estuda o
particular, analisa o comportamento dos agentes económicos de forma particular.
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6. Necessidade humana é o estado de carência de um individuo. É a vontade que um
individuo tem de possuir algo que possa proporcionar-lhe uma satisfação. É importante
estudarmos as necessidades humanas para que possamos hierarquizar as nossas
necessidades e procurarmos satisfaz elas de forma racional.
7. Bem é algo palpável, físico, visível que podemos usar para a satisfação das nossas
necessidades e serviços é algo que não podemos ver e nem apalpar mas que podemos usar
para a satisfação das nossas necessidades.
8.a) bens económicos resultam da actividade humana e por natureza são escassos. Exemplo o
lápis, o arroz, necessitou da intervenção do homem para estar pronto ao consumo. Bens
livres são aqueles que estão disponíveis na natureza para o consumo e que não dependem
da forca humana. Exemplo o ar, os frutos silvestres, a água do mar, a água do rio etc.
8.b) Bens de consumo são aqueles que satisfazem necessidades imediatas. Por exemplo o
arroz o feijão, a roupa, o caderno. Enquanto bens de capital são aqueles que são usados
para a produção de outros bens exemplo a máquina de moer pão, a batedeira, a
impressora etc.
8.c) Bens substitutos são aqueles que podem ser usados para a satisfação da mesma
necessidade. Por exemplo, o arroz e a farinha de milho são usados para a satisfação da
mesma necessidade. Bens complementares são aqueles que devem ser usados em
simultâneo para a satisfação da mesma necessidade. Por Exemplo para satisfação da
necessidade de locomoção precisamos do carro e do combustível.
9. Os principais problemas económicos são: o que produzir, como produzir, onde produzir,
para quem produzir, quando produzir e para quem produzir.
Resumo
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Para podermos estudar a melhor forma de usar os nossos recursos temos que conhece-los,
conhecer as nossas necessidades e hierarquiza-las, definir os nossos principais problemas e
procurar as respostas.
Por último, vimos os principais problemas (principais perguntas) que um país, empresa ou ser
humano deve procurar solucionar. Estas perguntas resumem se em o que produzir, como
produzir, onde produzir, para quem e quando produzir?
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
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Unidade Didáctica nº 2: A Fronteira de Possibilidades de Produção
Introdução
Nesta unidade irá aprender sobre os factores necessários para a produção de determinados
bens e serviços, isto é, os recursos necessários para a transformação de bens e serviços em
produtos finais. Iremos também definir a Fronteira de possibilidades de produção e relacionar
com o custo de oportunidade.
Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:
Desenvolvimento do conteúdo
1. Factores de Produção
A produção é uma das actividades económicas fundamentais para o crescimento e
desenvolvimento das economias. É a partir da produção que se obtêm os bens e serviços
fundamentais.
20
Para a concretização do processo de produção é necessário em primeiro lugar dispor dos
recursos de produção ou factores de produção tema este que constitui o nosso objecto de
estudo neste capítulo.
Factores de produção são todos os recursos usados durante o processo produtivo. São todos
os instrumentos quer da natureza, quer humanos ou materiais que usamos para poder
transformar determinadas matérias em bens úteis para a satisfação das nossas necessidades.
a. Terra;
b. Trabalho;
c. Capital; e
d. Capacidade Tecnológica
a) Terra
O factor terra refere-se às reservas naturais renováveis ou não usadas com o objectivo de
produzir bens e serviços. Por exemplo, para a produção do milho usamos a terra para a
sementeira neste casso, a terra é um dos factores de produção.
A terra refere-se ao recurso natural da sociedade que inclui não só o subsolo como todos os
seus minerais, os rios, as florestas, lagos, fauna e outros.
b) Trabalho
O factor trabalho refere-se a força humana apta para o trabalho. Isto é, o factor trabalho
corresponde ao número de pessoas que se dedicam a produção de determinado bem. Por
exemplo se para a produção de 100 hectares de milho precisamos de 50 trabalhadores
significa que os 50 trabalhadores constituem a foça laboral e é o factor trabalho.
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c) Capital
É o conjunto de bens usados no processo produtivo para gerar outros bens. Rossetti (2003)
indica que o factor capital sempre foi usado pelas economias por mais rudimentares que
fossem. O exemplo dado por este autor foi a existência ou a criação de instrumentos como
arco flechas, barcos, e outros instrumentos usados com o objectivo de melhorar a exploração
económica do meio ambiente.
De forma resumida podemos dizer que o factor capital refere-se as máquinas, equipamentos,
ferramentas, infraestruturas económicas (energia, telecomunicações, transportes),
infraestruturas sociais (educação, cultura, segurança, etc.) e todos outros instrumentos ou
objectos que destinam-se a produção de novos bens.
d) Capacidade Tecnológica
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2. Escassez, Escolha e Custos de Oportunidade
Escassez significa limitação de algo. Quando refere-se que determinado recurso é escasso
significa que este existe de forma limitada na economia e para responder a necessidades
ilimitadas.
A escassez é o principal problema da economia. Por que os recursos existentes são escassos,
com usos alternativos para satisfazer necessidades ilimitadas, os indivíduos e a sociedade tem
de fazer escolhas. A escolha de aplicação de recursos de uma forma implica sempre o
sacrifício do uso dos mesmos de outra forma. Nasce assim o conceito do custo de
oportunidade. Custo de oportunidade é definido como o valor da melhor alternativa
sacrificada. Supondo que o estudante tenha varias opções para usar a sua manhã de sábado
nomeadamente: ir a praia, estudar, viajar e dormir. Se o estudante opta por estudar significa
que sacrificou todas outras actividades que poderiam fazer nesta hora. O custo de
oportunidade neste caso é definido como o valor da melhor alternativa sacrificada, assim
sendo, das alternativas sacrificadas (ir a praia, viajar ou dormir) apenas uma (a melhor) é que
representa o custo de oportunidade.
Nas secções anteriores falamos sobre os factores de produção que são os recursos ou
instrumentos usados na produção. A FPP mostra as quantidades que podemos produzir tendo
em conta os factores disponíveis, isto é, se tivermos 10 trabalhadores, 5 máquinas e 15
hectares de terra qual é a quantidade máxima de tomate e de arroz que podemos produzir? A
FPP dá-nos a resposta a esta questão.
De forma resumida podemos dizer que a FPP mostra as várias combinações alternativas entre
dois bens X e Y que um país pode produzir, dados os factores de produção e a tecnologia
existente.
23
Exemplo:
Caro estudante, nota que a colocação dos bens (neste caso o açúcar e as maquinas de
calcular) nos respectivos eixos depende do estudante. Isto é, o estudante pode optar por
colocar o açúcar no eixo dos Y e as máquinas de calcular no eixo dos X (assim como mostra
o gráfico), ou poderá fazer o contrário, açúcar no eixo dos X e máquinas de calcular no eixo
dos Y esta opção esta ao critério do estudante o mais importante é a interpretação da FPP e
das suas opções de produção.
24
Gráfico 1: Fronteira de possibilidades de produção do país Beta
Tendo em conta que este país produz apenas dois bens, se o país aloca todos os seus recursos
para a produção de açúcar este irá obter 250 toneladas do mesmo e 0 máquinas de calcular
representado pelo ponto A no gráfico.
Por outro, se o país aloca todos os seus recursos para a produção de máquinas de calcular este
terá um nível de produção de 750 máquinas, representado pelo ponto F no gráfico. Estes
pontos (A e F) designam-se pontos de especialização, pois o país especializa-se na produção
de apenas um bem e com base nesta produção poderá trocar com outros bens produzidos por
outros países.
Note que todos os pontos ao longo da recta da FPP (ponto A, B, C, D, E, F) são pontos onde a
combinação de bens é feita de modo a usar ao máximo todos os factores de produção.
A questão que se coloca logo a seguir é: o que acontece com os factores de produção e os
níveis de produção se o país estivesse a produzir fora da recta da FPP? Nos pontos B e C
representados no gráfico abaixo.
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Gráfico 2: Pontos de especialização, de ineficiência e inatingíveis na FPP
O ponto B mostra uma situação em que o país não utiliza plenamente os seus factores de
produção, chama-se ponto de ineficiência (pode por exemplo não estar a usar a terra na sua
totalidade. Por exemplo, se tiver 100hactares pode estar apenas a usar 50, no caso das
máquinas podemos estar perante máquinas obsoletas ou ainda podemos estar a produzir com
um número menor de trabalhadores).
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4. Custo de Oportunidade na FPP
A FPP mostra exactamente as escolhas e os sacrifícios que fazemos para alcançar
determinados níveis de produção.
Supondo que um país possui determinados níveis de factores de produção e com eles produz
dois bens (açúcar e máquinas), para aumentar a produção de máquinas temos que retirar os
trabalhadores que estão alocados na produção de açúcar e aloca-los na produção de máquinas
e para aumentar a produção de açúcar temos que retirar alguns factores de produção
destinados à da produção de máquinas para a produção de açúcar. Assim sendo, vemos que
usando os mesmos factores de produção não é possível aumentar a produção para os dois
produtos.
Exemplo:
Com base nestes dados calcular o custo de oportunidade. Em cada um dos pontos.
27
Os resultados do custo de oportunidade estão apresentados na tabela abaixo:
5. Deslocações da FPP
As possibilidades de produção de um país podem alterar de acordo com a alteração de alguns
fenómenos que condicionam a produção. Esta alteração pode ser de forma positiva (aumentar
as quantidades produzidas) ou de forma negativa (reduzindo as quantidades produzidas de
cada bem).
28
trabalhadores ou se tem um maior nível de maquinarias as possibilidades de produção irão
aumentar e a FPP irá se deslocar para cima conforme mostra o gráfico 3 a seguir.
29
Gráfico 3: deslocação para cima da FPP
30
5.3 Alteração de cada um dos Factores de Produção
Vamos de seguida analisar separadamente o efeito de cada um dos factores de produção sobre
a FPP.
a) Terra
Para o caso inverso, situação em que a porção de terra destinada a produção é reduzida a FPP
irá se deslocar para a esquerda.
b) Trabalho
Todos os factores que contribuem para o aumento da força de trabalho (exemplo, maior
número de pessoas aptas ao trabalho, emigração de estrangeiros, aptos ao trabalho para
Moçambique, redução da idade mínima de trabalho, aumento salarial e outros), contribuem
de igual forma para o aumento da quantidade total dos bens e serviços produzidos no país,
neste caso, irão aumentar as possibilidades de produção dos bens e serviços e a FPP irá se
deslocar para a direita ou para cima.
Para o caso em que os factores de produção contribuem para a redução da forca laboral
(morte de pessoas aptas ao trabalho devido as cheias, calamidades naturais, guerras, redução
da natalidade, etc.), irão também contribuir para a redução das quantidades produzidas e a
FPP irá se deslocar para dentro ou para a esquerda.
c) Capital
31
sabotagens, mau uso das máquinas, falta de manutenção etc.) afectam também o nível de
produção, provocando assim uma deslocação da FPP para a esquerda ou para baixo.
No caso de aumento do capital teremos uma deslocação da FPP para a direita ou para cima.
d) Tecnologia
Tecnologia refere-se a maneira como são combinados os factores de produção. Neste caso, se
usarmos os mesmos factores de produção, mas com conhecimentos tecnológicos melhorados
podemos produzir quantidades cada vez maiores e a FPP pode se deslocar para cima.
O gráfico abaixo mostra a situação em que o nível de produção passou do ponto A para o
ponto B, mostrando que o nível dos factores de produção não altera e o país optou por
aumentar a produção de máquinas de calcular em detrimento da produção do açúcar.
32
Tarefas
1. Os factores de produção são todos os recursos que usamos para a produção de um bem ou
serviço. Relacione os factores de produção e os custos de oportunidade. De um exemplo
concreto.
Exercícios de Auto-avaliação
34
Gráfico 6: FPP do país ALFA
a) Supondo que esta economia esteja a produzir no ponto B. Explique o que estaria a
suceder em relação aos factores de produção e a própria produção.
b) Responda a alínea anterior para os restantes pontos (A, C e D).
Chave-de-correcção
1. Factores de produção são todos os meios ou recursos usados para a produção de
determinado bem ou serviço. É importante estudarmos os factores de produção para usa-
los de forma racional e melhorar a produção.
35
factores de produção. É importante estudarmos a FPP para identificarmos as quantidades
que poderemos produzir de modo a não desperdiçar recursos.
c) Se houver um melhoria tecnológica, a FPP irá se deslocar para a direita para o mesmo
nível de factores de produção teremos níveis cada vez mais elevados de bens e serviços.
d) Os três factores que podem deslocar a FPP para a direita são: aumento da população
activa, aumento de máquinas, aumento da Porcão da terra dedicada para a produção.
e) Os três factores que podem deslocar a FPP para a esquerda são: morte da população
activa, destruição de máquinas, terra não usada devido as inundações.
b) Para o ponto A, a economia apenas estaria a produzir arroz, significa que esta
economia estaria a especializar se na produção de arroz. Para o ponto C, de acordo com
os factores de produção disponíveis não é possível alcançar este nível de produção este
ponto é inatingível. O ponto D mostra também um ponto de especialização para a
produção de cerveja.
Resumo
36
máximas de dois bens que podemos produzir num país tendo em conta que todos os factores
de produção estão a ser usados de forma racional.
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
37
Unidade Didáctica nº 3: Procura e Oferta de Bens e Serviços
Introdução
Depois de termos analisado a Fronteira de Possibilidades de Produção, vamos de seguida,
estudar as principais funções económicas: a função da procura e a função da oferta.
Nesta unidade iremos, na primeira parte, analisar a função procura, onde iremos definir a
procura, analisar os seus determinantes e traçar graficamente a função. Na segunda parte da
unidade analisaremos a função oferta de bens e serviços onde vamos destacar a definição, os
determinantes e a sua representação gráfica.
Após o estudo em separado da função procura e oferta dos bens ou serviços vamos fazer uma
análise simultânea destas duas funções e chegaremos a um ponto de equilíbrio.
Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:
38
Calcular os valores de preço e quantidades de equilíbrio perante as funções da procura
e da oferta.
Desenvolvimento do Conteúdo
1. Mercados
Mercado define se como um lugar físico ou imaginário onde compradores e vendedores
transaccionam bens e serviços. Assim sendo, podemos dizer que o mercado é um lugar físico
ou não composto por vendedores e compradores que transaccionam bens e serviços a
determinado nível de preço. Os vendedores são os que oferecem os bens e serviços (estes
produzem e colocam a disposição dos consumidores no mercado) e os compradores
procuram os bens e serviços.
1. Bens ou serviços;
2. Vendedores e compradores;
3. Preço4
2. Função Procura
A procura ou demanda de um determinado bem é definida como a quantidade de bens que os
compradores estão dispostos a comprar a diferentes níveis de preços.
4
Preço é expressão monetária de uma certa quantidade de bens ou serviços. O preço é determinado pela
interacção dos vendedores e compradores.
39
Quando determinado consumidor desloca-se ao mercado para adquirir determinada
quantidade de bens e serviços este faz em primeiro lugar uma lista das quantidades a adquirir
e conjuga estas quantidades com o preço dos mesmos.
Para o consumidor quanto mais baixo for o preço do bem, maior serão as quantidades que
este irá adquirir e mais satisfeito este ficará.
Exemplo:
Considere a função de procura de leite apresentada na tabela abaixo. Para cada preço descrito,
corresponde determinada quantidade procurada. Por exemplo, com o preço de 4mt por pacote
de leite, a quantidade procurada é de 10 pacotes de leite. Se o preço do leite sobe para 5mt o
consumidor não estará disposto a comprar a mesma quantidade, neste caso como podemos
observar na tabela a quantidade consumida de leite é de 9 pacotes, no entanto quando o preço
do leite baixa para 2mt os consumidores estão dispostos a aumentar a quantidade de leite
consumida neste caso, estes irão consumir 12 pacotes de leite.
40
Preço (P) Quantidade procurada (Q)
(MT por pacote) (pacotes por ano)
A 5 9
B 4 10
C 3 12
D 2 15 Curva de procura é a
E 1 20 representação gráfica
da função de procura. O gráfico abaixo mostra a curva da procura.
A lei da procura determina que quando o preço de um bem ou serviço aumenta, mantendo-se
o resto constante, os compradores tendem a consumir uma menor quantidade desse bem ou
41
serviço. De forma similar, quando o preço baixa, mantendo-se o resto constante, a
quantidade procurada aumenta.
42
2.1 Factores que Justificam a Inclinação Negativa da Curva da Procura
A lei da procura foi testada e verificada empiricamente. Mas existe uma questão que temos
que responder: Por que razão o preço e a quantidade procurada se relacionam inversamente?
Ou quais são os factores que fazem com que esta relação inversa entre o preço e a quantidade
consumida prevaleça? Ou ainda quais são os factores que justificam a negatividade da função
procura?
Existem duas razões que explicam esta relação inversa entre o preço e a quantidade que os
compradores tendem a consumir.
a. Efeito substituição
b. Efeito rendimento
43
Rendimento dos consumidores: com aumento do rendimento, os consumidores
tendem a comprar uma maior quantidade de bens e serviços, mantendo o resto
constante;
44
De seguida analisamos cada um dos casos:
O aumento do rendimento dos consumidores permite que estes estejam aptos para
adquirir maiores quantidades de bens e serviços, mantendo o resto constante. Se o
nível de rendimento (salário, subsídios ou outro tipo de rendimentos) aumenta
para o mesmo nível de preços os consumidores estão aptos para adquirir maiores
quantidades, o que significa que a curva da procura irá deslocar-se para a direita
de d para d1, conforme mostra o gráfico abaixo.
b. Dimensão do mercado
45
que a curva da procura irá deslocar-se para a direita dado o aumento do número da
população.
Bens substitutos
Bens complementares.
a) Bens substitutos
Para bens substitutos, a procura de um bem ou serviço tende a diminuir quando o preço do
seu substituto diminui e vice-versa. Por exemplo, considere dois bens substitutos: o chá e o
café. A quantidade procurada do café é de certa forma influenciada pelo preço do chá. Se o
preço do chá aumenta os consumidores tenderão a substituir o consumo do chá por um outro
bem que desempenha as mesmas funções.
Neste caso, os consumidores irão procurar ouros bens substitutos que tem um preço
relativamente menor que o preço do chá. Assim sendo, os consumidores podem ser induzidos
a consumir o café em substituição do chá e neste caso a procura do café irá aumentar. E como
podemos observar o preço do chá influenciou a quantidade de consumo do café.
Exemplo: supondo que a função procura (d) representa a procura do chá. O que aconteceria
com a função da procura do chá se o preço do café reduzisse? Ou melhor mostrar o efeito da
redução do preço de um bem substituto sobre a curva da procura.
46
Se o consumidor compra mais café automaticamente irá reduzir a quantidade consumida do
chá pois estes bens são substitutos. Neste caso no mercado do chá teremos uma menor
quantidade consumida.
O gráfico a seguir mostra esta situação para uma redução do preço de um bem substituto a
curva da procura desloca-se para a esquerda, de d para d1. O que implica menores
quantidades de consumo de chá.
b) Bens complementares
Como já vimos anteriormente, Bens complementares são aqueles que devem ser usados
simultaneamente para a satisfação da mesma necessidade. Exemplo: o combustível e
automóvel são bens complementares no sentido de que o automóvel não satisfaz as
necessidades de locomoção sem o combustível.
Neste caso, o aumento do preço de um bem complementar pode levar a redução das
quantidades consumidas do outro bem. Considerando o exemplo do combustível e do
automóvel. Quando o preço do combustível aumenta a quantidade procurada do automóvel
diminui e quando o preço do combustível reduz a procura por carros aumenta.
Considere o gráfico abaixo que mostra a função da procura dos automóveis, representado
pela função de procura d. Se o preço dos combustíveis aumenta para o mesmo nível de preços
a quantidade procurada dos automóveis será menor, o que implica uma deslocação da curva
da procura para a esquerda (de d para d1), conforma mostra o gráfico.
47
Podemos observar ainda que as quantidades consumidas de automóveis reduzem de Q1 para
Q2, conforme mostra o gráfico 9.
A relação entre bens substitutos e bens complementares pode ser resumida no seguinte
esquema:
Bens substitutos
Bens complementares
d. Gostos e preferências
48
Quando os gostos por um determinado produto aumentam, as quantidades procuradas desse
bem irão aumentar, os consumidores estão dispostos a adquirir maiores quantidades desse
bem, portanto, a curva da procura desloca-se para a direita.
A mesma análise pode ser feita para questões culturais, históricas e psíquicas.
e. Influências Específicas
Deslocações para cima ou para baixo da curva da procura (estudadas anteriormente) são
diferentes das deslocações ao longo da curva da procura. As deslocações para cima ou para
baixo referem-se a alteração dos factores que determinam a procura. Neste caso são factores
diferentes do preço e da quantidade procurada do próprio bem.
Quando varia apenas o preço do próprio bem sem que necessariamente tenha variado um dos
determinantes da procura teremos uma deslocação ao longo da curva.
49
O gráfico abaixo mostra um exemplo de deslocações ao longo da curva da procura. Supondo
que o gráfico representa a procura de leite. Conforme a lei da procura anuncia. Quanto menor
for o preço de um determinado bem maiores serão as quantidades procuradas e consumidas
desse bem mantendo o resto constante. Neste caso, podemos observar no gráfico 10 que
quando o preço do leite reduz de P1 para P2, as quantidades procuradas do leite aumentam de
Q1 para Q2, mantendo o resto constante.
NOTA: uma variação na procura refere-se a deslocação da curva de procura e uma variação
da quantidade procurada refere-se ao movimento ao longo da curva de procura.
3. Função Oferta
Na função procura descrevemos as escolhas dos consumidores, para analisarmos as escolhas
dos produtores ou das empresas vamos considerar a função oferta. A função oferta mostra-
50
nos quanto mais um bem os produtores desejam produzir e vender a diferentes níveis de
preço, mantendo tudo o resto constante.
Lei da Oferta: A lei da oferta indica que quanto maior for o preço de um bem ou serviço,
maior será a quantidade que os produtores estão dispostos a produzir e vender, mantendo o
resto constante.
D 2 7 de leite preferem
51
P
Progresso tecnológico;
Políticas governamentais;
Influências especiais
Um dos factores mais importantes que influencia a curva de oferta é o custo de produção.
Será lucrativo produzir um bem ou serviço se o custo por unidade de produção for inferior ao
preço desse bem ou serviço. Quando o custo por unidade de produção é maior que o preço, os
produtores irão produzir poucas quantidades ou mesmo abandonar a produção de tal bem ou
52
serviço. Por exemplo, quanto mais baixo for o preço da farinha, maiores serão as quantidades
de pão que os produtores irão produzir e vender. E quanto mais alto for o preço da farinha
menores quantidades os produtores estarão dispostos a produzir e vender.
b) Progresso tecnológico
Os produtores estão sempre atentos às alternativas para as quais os seus activos (factores) de
produção podem ser usados. Especialmente, os produtores estão atentos em saber se vale a
pena usar os seus factores de produção para produzir diferentes modelos de carros ou um
outro bem. Por exemplo, se o preço de carro de modelo A diminui, os produtores de carro
irão reduzir a produção do modelo A e aumentar a produção do modelo C que é relativamente
mais lucrativo.
d) Políticas governamentais
e) Influências especiais
53
Várias influências especiais afectam a oferta dos bens e serviços No caso da agricultura, as
condições meteorológicas influenciam a curva de oferta de produtos agrários e seus
derivados.
Quanto maiores ou mais altos forem os preços dos factores de produção menores quantidades
de bens os produtores estão dispostos a produzir e vender.
Neste caso supondo que a figura abaixo representa a função oferta de pão. Quando o preço de
um dos factores de produção aumenta (exemplo quando aumenta o preço da farinha), ao
mesmo nível de preço os produtores estão dispostos a produzir menores quantidades pois este
aumento do preço dos factores reduz o nível do seu lucro.
O gráfico mostra que com o aumento do preço da farinha ao mesmo nível de preços as
quantidades que os produtores estão dispostos a produzir e vender reduzem de Q1 para Q2 e a
função da oferta ou curva da oferta ira se deslocar para a esquerda.
54
Gráfico 12: Deslocação para a esquerda da curva da oferta
Se o preço do pão baixa os produtores do pão podem preferir produzir outros produtos, logo a
quantidade de pão que os produtores estarão dispostos a produzir será menor ou nula. Ou
podem aumentar a produção de bolos.
Consideremos dois bens: pão e bolos. O aumento do preço do pão pode causar o aumento da
quantidade de bolo que os produtores estão dispostos a produzir e vender.
Neste caso, considerando que a função a seguir refere-se a função da oferta de bolos, se o
preço do pão baixa, para o mesmo nível de preço do bolo a quantidade produzida deste irá
aumentar de Q1 para Q2 e a curva da oferta irá deslocar se para a direita.
55
Gráfico 13: Deslocação para a direita da curva da oferta
c) Políticas Governamentais
56
3.3 Deslocações ao Longo da Curva da Oferta
Tal como diferenciamos na procura na oferta também temos que diferenciar as deslocações
ao longo da curva da oferta e as deslocações para direita e deslocações para esquerda da
curva da oferta.
A lei da oferta anuncia que quando o preço do pão aumenta os produtores estão dispostos a
produzir e vender maiores quantidades de trigo. Neste caso, temos uma deslocação ao longo
da curva da oferta conforme mostra o gráfico a seguir.
Do lado da procura vimos que quanto maior for o preço de um bem menores serão as
quantidades que os consumidores irão adquirir e quanto menor for o preço maiores serão as
quantidades que este irá adquirir. Para o lado da oferta temos o inverso quanto maior for o
preço do bem os produtores estão dispostos a fornecer quantidades cada vez mais elevadas e
quanto menor for o preço em vigor no mercado os produtores estão dispostos a oferecer
menores quantidades. No entanto, quando vamos ao mercado o preço que lá se encontra é
57
único. Não existe preço para os produtores e preços para os consumidores. A questão que se
coloca é: como é estabelecido o preço do mercado?
A função procura pode ser representada pela letra d que provem de demanda que significa
procura e a função oferta pode também ser representada pela letra s que provem de supply
que significa oferta.
58
Exemplo: suponhamos que as quantidades procuradas sejam maiores que as quantidades
oferecidas, isto é, nem todos os consumidores conseguem os bens que necessitam, há
escassez de bens no mercado o que acontecerá?
A figura que se segue ilustra essa situação, podemos verificar que as quantidades procuradas
são maiores que as quantidades oferecidas, neste caso, os produtores terão a tendência de
subir o preço praticado até um nível em que o número de consumidores que procuram este
bem a este nível de preço baixe. Isto é, o preço ira aumentar e alguns compradores irão
desistir de procurar por este bem a este preço (irão preferir outros bens) e o nível da procura
ira se estabilizar até que a escassez de bens de elimine e o preço em vigor no mercado se
estabilize.
Neste caso, a quantidade procurada irá aumentar (dada a redução do preço) até ao ponto em
que os produtores já não estarão mais dispostos a baixar o preço, isto é, até ao ponto de
equilíbrio. Conforme mostra o gráfico que se segue:
59
Gráfico 18: Ajustamento do preço e quantidade de equilíbrio em caso de excesso de um
bem
Q(x) = a – Px
Onde:
P é o preço
x é quantidade do bem e
Note que: a função da procura é uma função negativamente inclinada, isto é, há uma relação
inversa entre o preço e a quantidade procurada. Facilmente pode se verificar na equação pelo
sinal negativo entre as duas variáveis.
Q (x) = b + Px
Onde:
60
Q(x) representa as quantidades oferecidas do bem x,
P é o preço,
x é quantidade do bem e
A oferta temos o sinal positivo para as duas variáveis preço e quantidade o mostra a lei da
oferta.
Como pode ver existe uma diferença entre uma equação da procura e da oferta. Esta diferença
esta no sinal associado ao preço. A procura tem uma relação inversa (sinal negativo) com o
preço enquanto a oferta tem uma relação directa (sinal positivo) com o preço.
Passo 1: Igualar a equação da procura com a equação da oferta, neste caso Qd(x) = Qs(x) em
seguida resolver em ordem à p (preço).
Passo 2: Depois de encontrar ou achar o preço deve se substituir numa das equações para
achar as quantidades de equilíbrio.
Exemplo: as funções da procura e oferta de bananas são dadas pelas seguintes funções:
Q - P - 2 = 0 e Q -14 +2P = 0.
61
d) Se o preço for igual a 5mt, o que acontecerá no mercado? Quantifique e justifique.
Resolução:
A função Q =14 - 2P é a função da procura porque nesta função existe uma relação
negativa entre a quantidade procurada e o preço. Quando o preço aumenta as
quantidades reduzem. Exemplo se o preço for de 2mt a quantidade procurada é de 10
(Q=14-2*2; Q=14-10; Q=10) e se o preço aumenta para 4mt a quantidade procurada
diminui para 5.
Q =14 – 2* 4
14 – 2 = 2P + P Q=14-8
3P = 12 Q= 6
P=4
Preço 1 2 3 4 5 6
Q=P +2 3 4 5 6 7 8
62
Q =14 - 2P 12 10 8 6 4 2
O estudante poderá optar ainda por determinar os pontos de intercepção (os vértices das
funções) e representar graficamente sem necessariamente ter que recorrer a uma tabela.
A escolha do método depende do estudante desde que construa o gráfico e represente o ponto
de equilíbrio.
d) Se o preço for igual 5mt a quantidade oferecida será Q =14 – 2*5 = 7 e a quantidade
procurada será Q = 5 + 2= 4. Neste caso, haverá um excesso da oferta 7 > 4 em que 7 -4 = 3
representa o excesso da oferta.
Tarefas
1. Analise os efeitos sobre a curva da procura e/ou oferta do chá nas seguintes situações:
(explique teoricamente e ilustre graficamente)
63
Exercícios de Auto-avaliação
b) Identifique e explique três factores que determinam a procura por um bem ou serviço.
b) Uma calamidade natural que destruísse terras usadas para a produção da batata.
64
5. Dadas as seguintes curvas da oferta e procura de mercado do bem X:
6. Suponha que num determinado mercado a procura e a oferta são dadas pelas seguintes
funções:
b) Se o estado decidir fixar o preço em 120 e 100, qual será o impacto? Justifique.
P= 300 – Q e P= 60 +2Q
(A)
P 60 50 40 30 20 10 0
Q 120 100 80 60 40 20 0
(B)
P 60 50 40 30 20 10 0
Q 0 20 40 60 80 100 120
65
a) Identifique a procura e a oferta. Justifique a sua escolha.
Q=1000*P-500 e Q=6000-1000*P
d. Suponha agora que por efeito de algum factor a demanda dada no número 1 passou a
ser dada pela equação Q=8000-1000*P.
Q=10P+20 e Q= -10P+140
66
Chaves de correcção
2. A lei da oferta enuncia que: mantendo o resto constante, quanto maior for o preço de
determinado bem ou serviço maior serão as quantidades que os produtores estarão
disponíveis a produzir e vender. Os determinantes da oferta são: custo dos factores de
produção, progresso tecnológico, preço dos bens relacionados e as políticas
governamentais.
4. a) Se o preço do pão aumenta, a procura pelo pão irá reduzir. Tendo em conta que o pão e
a batata-doce são bens substitutos as pessoas passarão a adquirir a batata em substituição
ao pão e assim, a procura pela batata-doce irá aumentar, a curva da procura de batata-
doce irá se deslocar para a direita.
b) Se a terra usada para a produção da batata-doce fosse destruída, a pouca terra existente
estaria com uma renda muito alta e sendo assim encareciam também o preço da batata-
doce.
c) Um aumento do rendimento dos consumidores faz com que os consumidores estejam
dispostos a adquirir cada vez mais quantidades de bens e sendo assim a curva da procura
ira se deslocar para a direita.
67
d) Um imposto mensal sobre a venda da batata encarece cada vez mais a batata e sendo
assim os consumidores estariam menos dispostos e com menor nível de rendimento para
adquirir a batata.
5. P=11 Q=9
6. a) P=110 e Q=900
9. a) P=3.25 e Q=2750
b) Traçar o gráfico tendo em conta que o s preços devem estar no eixo dos Y e as
quantidades no eixo dos X. use os valores indicados para os preços.
c) Ver a resposta da questão 6 b) e c).
d) O preço subiu de 3.25 para 4.25. significa que haverá excesso de bens no mercado a
procura será menor que a oferta.
69
Resumo
Na presente unidade vimos as funções da procura e oferta. Aprendemos que são as leis da
procura e da oferta que mostram como o consumidor e o produtor comportam-se quando
estamos perante uma subida do nível de preços.
Vimos também os principais determinantes da lei da procura e da oferta, isto é, quais são os
factores que influenciam ou determinam a quantidade procurada e oferecida.
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
70
Unidade Didáctica nº 4: Elasticidade
Introdução
Quando analisamos a procura e a oferta de bens e serviços falamos dos determinantes da
procura e da oferta ou seja, os factores que aumentem ou reduzem as quantidades procuradas
ou oferecidas.
Na procura, vimos que quando o rendimento dos consumidores aumenta, estes estarão mais
aptos a adquirir maiores quantidades de bens e serviços e neste caso, o nível da procura
aumenta. No entanto, não analisamos em termos numéricos em quanto irá aumentar o nível
da procura.
Quando analisamos a oferta vimos, também, que quando os custos de produção aumentam as
quantidades que os produtores estarão dispostos a produzir serão cada vez menores mas não
analisamos em termos numéricos em quanto irá reduzir a quantidade oferecida como
resultado do aumento do custo dos factores de produção.
Para além das deslocações das curvas da procura e da oferta, analisamos também as
deslocações ao longo das curvas da procura e da oferta. Vimos a lei da procura que diz
quando o preço de um determinado bem aumenta mantendo o resto constante, a quantidade
procurada diminui. Neste caso, não analisamos em termos matemáticos estas variações.
Apenas conhecemos as direcções das variações. O mesmo é valido para a função oferta que
diz que quando o preço baixa as quantidades que os produtores estão dispostos a vender são
menores.
71
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:
Definir elasticidade;
Desenvolvimento do conteúdo
A reacção pode ser grande – quando para uma pequena subida do nível de preço houver uma
redução muito grande no nível das quantidades adquiridas dos consumidores. Ou pode ser
72
pode ser pequena – quando para uma subida do nível de preço houver uma redução muito
pequena no nível das quantidades adquiridas dos consumidores.
2. Elasticidade da procura
Elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente por elasticidade preço)
mede o grau de sensibilidade da quantidade procurada de um bem ou serviço em função da
variação do seu preço. Por outras palavras, elasticidade preço ED é a variação percentual
Exemplo: se o preço do pão aumenta de 50 para 60. A variação é a diferença entre o preço
final (60) e o preço inicial (50), neste caso é de 10. Para calcular a variação percentual
usamos a seguinte formula:
P2 P1 60 50
Variação percentual do preço 0 .2
P1 50
Neste caso, teríamos uma variação percentual de 20% e pode se afirmar que o preço do pão
subiu 20%.
Q2 Q1
Q1
ED
P2 P1
P1
Onde:
Q1 – é a quantidade inicial
Q2 – é a quantidade final
P1 – é o preço inicial
P2 – é o preço final
Exemplo:
74
Se o preço do sorvete sobe de 2,00 para 2,20 as quantidades procuradas de sorvete baixam de
10 unidades para 8. Calcular a elasticidade-preço da procura:
P1=2 Q1=10
P2=2.2 Q2=8
Q2 Q1 8 10
Q1 0.2
ED 10 2
P2 P1 2.2 2 0.1
P1 2
Q2 Q1
(Q Q2 ) / 2
ED 1
P2 P1
( P1 P2 ) / 2
75
para 60, temos uma variação percentual de 20%5, mas quando o preço varia de 60 para 50, a
variação percentual agora é de:
P2 P1 50 60
Variação percentual do preço 0,1667 16,67%
P1 60
Enquanto quando calcula-se a variação percentual tendo em conta a média dos dois preços o
valor obtido será o mesmo para os dois sentidos.
Variação percentual tendo em conta a média de dois pontos é dada pela fórmula:
P2 P1
Variação percentual do preço
( P2 P1 ) / 2
Exemplo:
P2 P1 60 50
Variação percentual do preço 2
( P2 P1 ) / 2 (60 50) / 2
P2 P1 50 60
Variação percentual do preço 2
( P2 P1 ) / 2 (50 60) / 2
Exemplo:
Se o preço do pão sobe de 2,00 para 2,20 as quantidades procuradas de sorvete baixam de 10
unidades para 8. Calcule a elasticidade-preço da procura:
P1=2 Q1=10
5
Ver como foi calculado na secção anterior.
76
P2=2.2 Q2=8
Q2 Q1 8 10
Q1 0.2
ED 10 2
P2 P1 2.2 2 0.1
P1 2
Diz-se que um bem tem uma procura elástica em relação ao preço quando a elasticidade
preço é maior que um. ED > 1.
Exemplo: suponha que o preço da manteiga tenha seu preço elevado em 10% e a demanda
diminua em 30% neste caso, a redução da procura é muito maior que o aumento do nível de
preços.
77
Bens com substitutos próximos – os bens com substitutos próximos são
considerados elásticos. Se o preço de um bem aumenta as quantidades procuradas do
seu substituto aumentam. Por exemplo, em relação a manteiga e a margarina, se o
preço da manteiga altera e os consumidores sabem que este tem um substituto muito
próximo o nível da procura reduz de forma drástica.
Por último, podemos ainda dar exemplo de bens específicos como sorvete de
chocolate, a procura por este bem é considerado muito elástica pois uma variação no
preço leva a grandes variações nas quantidades procuradas. Se o preço do sorvete de
chocolate altera o consumidor pode substitui-lo por outro sabor.
b) Procura inelástica
Um bem tem a procura inelástica quando a quantidade procurada aumenta (diminui) pouco
perante uma queda (aumento) do nível de preços.
Exemplo: suponha que o preço do sal tenha aumentado em 10%, levando a uma redução de
4% na demanda.
Bens com poucos substitutos – se o preço de um bem que não tem substitutos
próximos altera, o consumidor pode não alterar as suas quantidades de consumo
imediatamente.
Resumindo:
DEMANDA ELÁSTICA
DEMANDA INELÁSTICA
Diz-se que um bem tem procura unitária quando a variação percentual do preço é
exactamente igual a variação percentual da quantidade procurada, isto é, uma variação de 1%
no preço resulta numa variação de 1% na quantidade procurada. Neste caso a elasticidade
preço da procura é igual a 1 ED 1
79
Representação gráfica da procura elástica e inelástica
Quanto mais elástica a curva da procura de um bem for menos inclinada é essa curva. O
gráfico a esquerda mostra esta situação a curva da procura é quase horizontal, tendo assim
para inclinação mínima. Para o caso de uma procura inelástica o gráfico da procura é quase
vertical, é o que mostra o gráfico a direita.
80
Gráfico 20: Extremos da elasticidade da procura
Os bens de luxo, tais como férias nos Estados Unidos da América, whisky velho, roupa de
marca, normalmente apresentam procura elástica porque estes bens e serviços podem ser
substituídos por outros quando os seus preços aumentam.
Assim, podemos dizer que quanto maior for o grau de necessidade do bem mais rígida será a
procura deste mesmo bem.
b) Possibilidade de substituição
c) Tempo
81
A procura é mais rígida no curto prazo (menos de um ano) e tende a ficar mais elástica no
longo prazo porque os consumidores necessitam de tempo para se adaptarem as mudanças e
alterarem os seus hábitos e compromissos. Suponha que esteja a viajar de carro e o preço de
combustível aumente exactamente na altura em que o combustível do seu carro acaba. Irias
terminar a viagem e vender o seu carro? Claro que não. No curto prazo, a procura de
combustível é rígida (inelástica). Contudo, no longo prazo, a procura de combustível é mais
elástica. No longo prazo, os consumidores tem muitas alternativas para ajustar o seu consumo
de combustível. Os consumidores podem comprar um carro que seja mais económico em
termos de consumo de combustível e ou podem passar a andar a pé ou usar transportes
públicos. A subida do combustível também pode fazer os trabalhadores passarem a viver
mais próximo dos seus postos de trabalho.
d) Mercado
e) Participação no Orçamento
82
afectar os lucros das empresas. Uma das aplicações do conceito de elasticidade consiste
exactamente em entender como a variação do preço influencia as receitas das empresas.
A receita total é definida como sendo igual ao produto do preço pela quantidade, P Q .
Aplicando o conceito de elasticidade preço, que você acabou de aprender, podemos concluir
que:
No caso de procura com elasticidade preço unitária, uma redução do preço não tem
qualquer efeito na receita total.
3. Elasticidade Rendimento
Elasticidade rendimento (Er) - mede a sensibilidade da procura de um bem face a mudanças
no rendimento. É calculada como o quociente entre a variação percentual da quantidade
procurada e a variação percentual do rendimento, mantendo o restante constante.
Matematicamente, temos:
Q
Q Q1 Q2 R R2
Isto é: Er Neste caso : Q , R 1 , Q Q2 Q1 e R R2 R1
R 2 2
R
83
3.1. Classificação dos bens segundo a Elasticidade de Rendimento
a) Bens inferiores – os bens são inferiores quando a elasticidade rendimento da procura
é menor que zero (negativa). Isto significa que uma elevação no nível do rendimento é
traduzida numa redução da quantidade adquirida deste bem. Exemplo carne de
segunda, quando o rendimento aumenta a pessoas tem tendência a reduzir a
quantidade de consumo da carne de segunda e adquirir carne de primeira.
b) Bens normais - os bens são normais quando a elasticidade rendimento é maior que
zero (positiva). O aumento da renda estimula a compra de todos os bens normais.
Níveis de 10 20 25 80
rendimento
Quantidade 40 46 45 60
Calculando a elasticidade renda, será:
84
46 40
4 40
r AB 2
0775. Bem normal.
20 10
20 10
2
25 20
25 20
rBC 2
10.1 Bem inf erior .
1
45.5
80 25
80 25
r BC 2
3.65 Bem sup erfluo.
60 45
60 45
2
4. Elasticidade cruzada
A elasticidade cruzada da procura relaciona as variações do preço de um bem com as
variações das quantidades procuradas do outro bem, isto é como as variações do preço do
bem X influenciam as quantidades procuradas do bem Y. Mantendo o resto constante, para
bens complementares (X e Y) uma subida do preço do bem X corresponde a redução das
quantidades procura do bem Y e para o caso de bens substitutos uma subida do preço do bem
X, aumenta as quantidades procuradas do bem Y. Estas relações entre o preço de um bem e
as quantidades procuradas do outro são representadas na elasticidade rendimento.
85
Qx
Qx
E xy Note que Qx e P y são quantidade s e preços médios, respectivamente.
Py
Py
Q2 X Q1 X
(Q Q1 X ) / 2
Exy 2 X
P2Y P1Y
( P2Y P1Y ) / 2
do outro.
Categoria A B C D
Preço de 10 14 12 12
bem X
Quantidade 2 4 5 10
de Y
86
Calculando a elasticidade cruzada, será:
14 10
14 10
xy 2 1 3
* 0.5 ( positiva ) sâo bens substituto s.
42 3 2
4 2
2
12 14
12 14
xy 2
0.069 (negativa ) sâo bens complement ares
54
5 4
2
12 12
12 12
xy 2
0 ( positiva ) sâo bens independen tes .
10 5
10 5
2
Elasticidade preço da oferta mede a reacção das quantidades oferecidas face a mudanças no
preço.
87
variação percentual da quantidade oferecida
ES
var iação percentual no preço
Q2 Q1
(Q Q2 ) / 2
ES 1
P2 P1
( P1 P2 ) / 2
88
Gráfico 21: Tipos de elástica da oferta
Um outro factor que influencia a elasticidade preço da oferta é o período de tempo que as
empresas têm para responder a variação do preço. A medida que o tempo passa, uma
variação do preço tende a ter um maior efeito na quantidade oferecida. Quando os preços de
um determinado bem ou serviço aumenta, as empresas desejam aumentar as quantidades
oferecidas no mercado de modo a produzir mais e aumentar os seus lucros, no entanto, as
empresas não conseguem ou não estão preparadas para aumentar os seus níveis de produção
de um dia para o outro. Estas levam tempo pois precisam aumentar o número de
trabalhadores (para isto precisam seleccionar, ir as entrevistas etc.), aumentar as maquinarias
(precisam de dinheiro, de pesquisar os preços no mercado etc.), precisam por vezes de
espaço. Logo, o tempo que a empresa levara até aumentar as quantidades produzidas também
irá influenciar a elasticidade. Assim:
No entanto, a medida que o tempo passa, as empresas têm uma maior flexibilidade para
ajustar as suas capacidades produtivas após o aumento de preço. Por isso, a elasticidade preço
da oferta tende a aumentar a medida que o tempo passa.
Tendo os dados das variações percentual do preço, podemos prever a variação percentual da
quantidade.
Se o preço inicial era de 10mt, ele tinha uma procura de 100 refrigerantes, se o preço aumenta
15%, isto é, aumenta de 10 para 11.5, a procura por refrigerantes ira reduzir em 30
(100*0.3=30), ira reduzir de 100 para 70 (100-30).
90
Neste caso o dono da cantina poderá calcular se vale a pena aumentar o preço do refrigerante
para isto ele precisa calcular a receita que tinha antes e depois do aumento do preço. Neste
caso teremos:
Antes do aumento do preço ele vendia 100 refrigerantes ao preço de 10 neste caso a sua
receita diária era de 1.000mt (100*10).
Com o aumento do preço passou a vender 70 refrigerantes ao preço de 11.5mt neste caso a
sua receita diária seria de 805mt (70*11.5)
Tarefas
1. A elasticidade é um conceito muito importante na economia. Explique como o governo
pode basear-se na elasticidade preço para determinar ou estimar a subida de preço de
certos bens ou serviços.
2. No dia 05 de Fevereiro de 2009 iniciou na cidade de Maputo uma greve motivada pela
subida do preço de transporte semicolectivo (chapa 100). Explique como o conceito de
elasticidade poderia ter sido usado para evitar prever os efeitos da subida do preço de
transporte. Classifique a procura deste bem.
Exercícios de Auto-avaliação
1. Defina elasticidade e mostre a importância do estudo deste tema.
2. A elasticidade só pode ser analisada para o lado do consumidor, pois este é que reage às
mudanças dos preços. Concorda com a afirmação? Justifique a sua resposta.
91
4. Qual é a diferença da variação percentual calculada no ponto e calculada usando pontos
médios? Dê exemplos.
6. Explique quando é que se diz que um bem tem procura elástica em relação ao preço. De
exemplo de três bens que tem procura elástica.
7. Explique quando é que diz-se que um bem tem procura inelástica em relação ao preço. De
exemplo de três bens que tem procura inelástica.
9. Defina elasticidade cruzada e classifique os bens segundo o resultado que pode ser obtido
a partir desta elasticidade.
10. Defina elasticidade preço da oferta. Indique e explique os tipos de elasticidade preço da
oferta que conhece.
11. Dados preços e as quantidades calcule a elasticidade preço da procura para as seguintes
situações:
Q P
0 6
10 4
20 2
30 0
92
12. Uma determinada empresa vendia 3 unidades/mês de seu produto quando praticava um
preço de 5mt. Num determinado momento, passou a praticar o preço de 4mt, vendendo 4
unidades/mês do produto.
Encontre o coeficiente de elasticidade preço, para uma variação do preço.
Ponto A B C D E F G H I
Preço de X 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Quantidade 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
de X
15. As funções de procura e oferta da gasolina em Boane são dadas por: QDx = 12 - 2Px, e
QSx = 20Px. Determine:
a) O preço e a quantidade de equilíbrio represente graficamente.
b) Suponha que o governo querendo reduzir o consumo de gasolina no curto prazo,
resolva promover um aumento de 40% no preço.
b1) quais serão as novas quantidades procuradas
b2) Calcule o coeficiente de elasticidade preço da gasolina.
16. A elasticidade preço da procura tem uma forte relação com as vendas de uma empresa.
93
Imagine que você faça parte do departamento comercial de uma empresa produtora de
manteiga, e estão discutindo a possibilidade de reduzir o preço deste bem com o objectivo
de torná-lo mais atractivo e desse modo, influenciar o aumento da procura e
consequentemente aumentar as vendas e a receita.
O departamento de engenharia de gestão da empresa estimou a curva da procura e
concluiu que o preço praticado actualmente está na zona em que a elasticidade preço da
procura é inelástica.
Será que a empresa deve reduzir o preço? Deixe ficar a sua opinião.
Chaves de correcção
1. Elasticidade é uma medida do grau de reacção de uma variável face a mudanças nos seus
potenciais determinantes. É importante o estudo da elasticidade para que possamos
quantificar os efeitos das variações dos preços e possamos implementar medidas correctas
quando os gestores pretenderem aumentar o nível de preços.
3. Elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente por elasticidade preço)
mede o grau de sensibilidade da quantidade procurada de um bem ou serviço em função
da variação do seu preço.
4. A variação percentual calculada no ponto pode trazer resultados diferentes quando varia o
sentido de cálculo, isto é, quando calculamos de 1 para 2 pode ter um resultado diferente
que quando calculamos de 2 para 1. A variação usando pontos intermédios já não tem
esses problemas.
5. Ed=0.457
94
6. Quando a elasticidade preço é maior que um. Automóveis Mercedes, bolos, cerveja etc.
7. Quando a elasticidade preço é menor que um. Exemplo: pão, sal, arroz, etc.
10. Elasticidade preço da oferta mede a reacção dos vendedores às mudanças no preço. Oferta
inelástica, elástica e unitária.
11. a) 5
b) 1
c) -0.2
13. a) 960
b) 964
c) ed = 0.64
14. O estudante devera primeiro traçar a curva da procura com base no preço e quantidades
indicadas e depois calcular a elasticidade preço de cada um dos pontos, isto é, calcular a
elasticidade preço do ponto A para o ponto B, do ponto B para o ponto C do ponto C para
o ponto D e assim sucessivamente.
16. O estudante devera argumentar tendo em conta a definição da elasticidade preço. O que
significa uma procura inelástica? Será que se a empresa baixar o preço da manteiga as
quantidades procuradas irão aumentar tanto a ponto de aumentar as vendas e as receitas
da empresa?
96
Resumo
Para além da elasticidade preço vimos a elasticidade rendimento que relaciona as quantidades
e o rendimento, a elasticidade cruzada que mostra até que ponto a subida do preço de um bem
influencia a quantidade procurada do outro bem. Por último, vimos a elasticidade da oferta
que mostra a reação nas quantidades oferecidas mediante o aumento do preço.
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
97
Unidade Didáctica nº 5: Teoria do consumidor
Introdução
Na unidade 3 vimos como podemos calcular o nível do produto e na unidade 4 analisamos
cada um dos componentes do produto. Vimos ainda que o produto é composto pelo consumo,
o investimento, os gastos do governo e as exportações liquidas, isto é, PIB=Y=C+I+G+X-M.
Nesta unidade vamos estudar a teoria do consumidor, que é parte da teoria económica que
estuda como os consumidores dos bens e serviços gastam o seu rendimento, como
determinado indivíduo faz as suas escolhas de consumo perante um determinado rendimento
fixo.
Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você será capaz de:
Definir utilidade;
98
Determinar as quantidades óptimas que compõem o cabaz do consumidor.
99
Desenvolvimento do Conteúdo
1. Definição e Importância
A teoria do consumidor é parte da teoria económica que estuda como os consumidores dos
bens e serviços gastam o seu rendimento, como determinado indivíduo faz as suas escolhas
de consumo perante um determinado rendimento fixo.
O estudo da teoria do consumidor é importante pois é a partir deste estudo que são
determinadas as quantidades que os consumidores estão dispostos a adquirir, é a partir do
estudo da teoria do consumidor que são definidas as quantidades procuradas tendo em conta o
nível de preço e rendimento auferido
a) O consumidor consegue medir a sua satisfação. Este pressuposto indica que cada
pessoa consegue medir o seu nível de satisfação ao consumir um determinado bem e
atribui valores reais a esta satisfação. A medição usada para medir a satisfação do
consumidor é denominada úteis. Exemplo: um consumidor pode obter uma satisfação
de 5 úteis ao consumir 2 copos, e obter uma satisfação de 10 úteis ao consumir 3
copos de água.
100
b) O consumidor prefere mais do que menos. Este pressuposto mostra que o consumidor
ira preferir consumir cada vez mais quantidades de um determinado bem ou serviço
do que menos.
2. Utilidade
Um dos pressupostos da teoria do consumidor é que cada consumidor consegue medir o seu
nível de satisfação. Esta medição é feita através da utilidade.
101
VARIAÇÃO DA UTILIDADE TOTAL UT UT2 UT1
UM
VARIAÇÃO DA QUANTIDADE Q Q2 Q1
Observando o exemplo acima podemos verificar que a utilidade marginal decresce a medida
que o individuo consome quantidades cada vez maiores de determinado bem. Este processo
denomina se lei da utilidade marginal decrescente.
Exemplo:
A tabela abaixo mostra as quantidades de pães e a respectiva utilidade total atribuídas pelo Sr.
João no consumo de cada quantidade.
0 0 _________
102
1 4 4
2 7 3
3 9 2
4 10 1
5 10 0
6 8 -2
UT2 UT1 8 10 2
UM 2
Q2 Q1 65 1
103
12
10
8
6
UT
4
UM
2
0
1 2 3 4 5 6 7
-2
-4
Ponto de saturação
Para o exemplo acima o ponto de saturação é o ponto onde o Sr. João consome 5 pães.
Neste ponto a UT „e máxima igual a 10 e a UM é nula.
Supondo que a cesta de um consumidor seja composta por dois bens a equação da restrição
orçamentária é dada por:
R PX * QX PY * QY
104
Onde:
PX - preço do bem X
PY – preço de Y
QX – quantidade de X e
QY – Quantidade de Y
Graficamente a equação da restrição orçamentária é representada por uma linha recta com
inclinação negativa. Conforme mostra a figura abaixo.
Exemplo:
105
Considere um individuo que aufere um salário de 12mt e pretende adquirir dois bens arroz e
feijão cujos preços são 2 e 1 respectivamente.
Ou
12 2 * QArroz 1* QFeijao
Graficamente teremos:
4. Princípio Equimarginal
Como vimos nas secções anteriores cada consumidor ira escolher o cabaz (combinação de
bens e serviços) que satisfaçam em pleno a sua necessidade (máxima satisfação). A questão
que se coloca a seguir é: como o consumidor irá escolher e compor este cabaz?
Para responder a esta questão parte se do pressuposto que um consumidor apenas ira preferir
e adquirir determinado bem (A) em detrimento do outro (B) se a satisfação que obtém ao
consumir A for maior que a satisfação que obterá ao consumir B.
106
Por outro lado podemos dizer que se o bem A custa o dobro do bem B, um individuo racional
apenas irá adquirir o bem A se a utilidade marginal que ira obter ao consumir A for o dobro
da utilidade marginal que obterá ao consumir o bem B.
Para compreender melhor como é o processo de escolha entre dois bens os economistas
desenvolveram o conceito equimarginal.
O principio equimarginal diz que: conhecidos os preços dos bens e serviços disponíveis no
mercado, um consumidor com rendimento fixo, maximizara a sua satisfação ou utilidade total
quando a utilidade marginal por unidade monetária é igual para todos os bens.
UM 1 UM 2 UM 3 UM n
...
P1 P2 P3 Pn
Onde:
P – representa os preços.
Exemplo.
107
Qtd UTx UTy UMx Umy UMx/Px UMy/Py
1 16 11 16 11 8 11
2 30 21 14 10 7 10
3 42 30 12 9 6 9
4 52 38 10 8 5 8
5 60 45 8 7 4 7
6 66 51 6 6 3 6
7 70 56 4 5 2 5
8 72 60 2 4 1 4
Segundo devemos dividir a utilidade marginal pelo preço. Conforme feito na tabela acima.
108
Os cinco pontos observados acima satisfazem a condição equimarginal para que o
consumidor adquirira este produto devemos saber se estas quantidades estão de acordo com o
seu rendimento.
Para o primeiro e o segundo ponto temos um nível de gastos menor que o nível de
rendimento e tendo em conta que este consumidor não faz poupanças ira tentar maximizar os
recursos financeiros que dispõe na compra de diversos bens e serviços.
Para o ponto 3 verifica-se que as quantidades procuradas são exactamente iguais ao nível do
rendimento, o que significa que para além da igualdade entre a razão entre a utilidade
marginal e o nível de preços para que o consumidor escolha a sua cesta óptima devera
conciliar com o seu nível de rendimento.
109
As quantidades que o consumidor ira adquirir são do ponto 3. 3 de X e 6 de Y.
Tarefas
1. A teoria do consumidor é importante para a definição da quantidade de bens ou serviços
que satisfazem o consumidor. Mostre dando um exemplo concreto como podemos chegar
ao ponto em que o consumidor considera-se satisfeito. Pense nas suas actividades diárias,
na sua alimentação e na aquisição dos bens e serviços.
2. Considere o seu orçamento e a quantidade de bens e serviços que adquire com o mesmo.
Trace a equação da restrição orçamental. Nota: considere uma situação hipotética de um
máximo de 5 bens ou serviços.
3. Considere um individuo que consome pães. Ele consome quantidades cada vez mais
elevadas. Explique usando a utilidade marginal em que ponto este individuo deve
considerar se satisfeito e parar o consumo de pães. Caso o individuo continue com o
consumo dos pães o que ira acontecer?
Exercícios de Auto-avaliação
1. Suponha que um estudante tenha um orçamento mensal de 2.400 MT para gastar em
espectáculos e cinema cujos preços são 300 e 200 MT respectivamente.
a) Represente analítica e graficamente a função da restrição orçamentária do consumidor.
b) Imagine que os preços do cinema aumentem 100 MT, mostre graficamente e
analiticamente o efeito desta variação de preços.
Nota: desenhe o gráfico no mesmo sistema usado na alínea a)
110
2. Considere a tabela
Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Utilidade total 0 2 6 12 16 18 18 17 15
5. O Consumidor Beta tem um salário de 0.75 euros, que gasta completamente na aquisição
dos bens X e Y, cujos preços são 0.25 euros e 0.5 euros, respectivamente. Dadas as
quantidades e as Utilidades Marginais dos dois bens, determine O cabaz óptimo para o
consumidor.
111
4 52 38
5 60 45
6 66 51
7 70 56
8 72 60
7. A tabela abaixo mostra os diversos cabazes dos bens X e Y que o consumidor Zanda
pode adquirir com o seu rendimento, no valor de 4.5mt e os preços desses bens, sendo o
PX= 0.5 e PY = 1. A tabela também fornece informação da UTX (Utilidade total de X),
UTY (utilidade total de Y), UMX, UMY (utilidade marginal de X e Y respectivamente) e
o rácio das Utilidades marginais desses bens e os seus respectivos preços.
Determine:
Chave de correcção
112
2. Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Utilidade total 0 2 6 12 16 18 18 17 15
UMG __ 2 4 6 4 2 0 -1 -2
4. a) 18 = 2X +Y
b) X=5 e Y=8
5. a) 4.5=0.5X+Y
c) X=5 e Y=2
Resumo
Nesta unidade temática vimos a teoria do consumidor. Vimos como um consumidor pode
calcular as quantidades óptimas de bens e serviços.
Vimos nesta unidade didática que o consumidor utiliza os uteis para medir a satisfação que
obtém no consumo de determinado bem ou serviço e que este irá considerar se satisfeito
quanto maiores forem as quantidades consumidas.
A utilidade marginal mostra a utilidade adicional que um individuo obtém ao consumir mais
uma unidade de um determinado bem ou serviço. Assim sendo o ponto de saturação é
atingido quando o individuo já não obtém uma satisfação adicional ao consumir determinado
bem adicional, isto é, quando a utilidade marginal é zero o individuo já esta no seu ponto de
consumo máximo.
113
Para obtermos as quantidades óptimas temos que olhar não só para a satisfação que o
consumidor obtém mas também para o seu orçamento. Por isso usamos o princípio
equimarginal (umgx/px=umgy/py...) para determinar as quantidades óptimas que satisfazem o
consumidor e que este pode adquirir.
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
114
Unidade Didáctica nº 6: Teoria do Produtor
Introdução
Depois de termos analisado a teoria do consumidor onde vimos como o consumidor faz as
escolhas dos bens que irão compor a sua cesta, vamos neste capítulo ver a parte da oferta que
é representada pelos produtores.
Para os produtores dos bens e serviços o mais importante é a definição e o cálculo do custo
dos seus factores de produção de modo a minimizar os seus custos e maximizar o seu lucro.
Para compreender como o produtor pode maximizar o seu lucro iremos analisar primeiro a
função produção e mais adiante os custos e o cálculo do lucro das empresas.
Objectivos da Unidade
Explicar o comportamento da função produção;
115
Desenvolvimento do Conteúdo
1. Função produção
A função de produção relaciona as quantidades produzidas de um bem e a aplicação dos
factores de produção. Diz-nos quanto de um bem será gerado face a aplicação de uma certa
quantidade de factores de produção.
A função produção mostra por exemplo que se usarmos 5hectares de terra, 3 máquinas, 2
homens e determinada, dado o estado da tecnologia para a produção de tomate, poderemos
obter 3 toneladas de tomate (produto total).
Para além do conceito de produto total poemos destacar o produto marginal e o produto
médio.
Produto médio (PME) - mostra a quantidade de bens que é produzida em média por cada
trabalhador (considerando que o factor trabalho é o factor variável).
6
Recorde-se que os principais factores de produção são a terra, o trabalho e o capital. A terra e o capital são
factores que são considerados rígidos (não alteram no curto prazo), por isso para o cálculo do produto
marginal normalmente considera-se que o factor que varia é o trabalho. Assim sendo podemos dizer que o
produto marginal do trabalho mostra como a produção total (a quantidade produzida) ira alterar se alterar o
factor trabalho. Em quanto a produção ira aumentar se contractarmos mais um trabalhador?
7
A lógica do cálculo do produto marginal não difere do custo marginal.
116
PRODUTO TOTAL PT
PME
QUANTIDADETRABALHO L
Exemplo:
A tabela abaixo mostra as quantidades que são produzidas (produto total) usando dois
factores de produção: a terra (factor fixo) e o trabalho (factor variável). Vamos calcular o
produto marginal e o produto médio.
Graficamente podemos traçar as curvas do produto total, produto marginal e produto médio e
teremos o gráfico abaixo.
Gráfico representação gráfica das curvas do produto total, produto médio e produto marginal.
117
Depois de termos calculado e representado graficamente as curvas do produto total, produto
médio e produto marginal vamos de seguida analisar o comportamento de cada uma destas
curvas.
a) Produto total
Tanto na tabela assim como no gráfico podemos observar que o produto total cresce a medida
que aumentamos o factor variável, ou seja a medida que aumentamos o número de
funcionários mantendo fixo a terra e os outros factores de produção o produto total irá
aumentar. No entanto, este aumento só irá ocorrer até o ponto em que já não teremos mais
benefícios em aumentar o número de trabalhadores.
Por exemplo, supondo que estamos perante uma machamba de cerca de 1 hectare e temos 2
trabalhadores, este podem juntos produzir cerca de 1 tonelada de tomate, se aumentarmos
mais 1 trabalhador a produção ira aumentar, suponhamos que para 2 toneladas, se
aumentarmos mais 2 trabalhadores a produção pode aumentar mais ainda para 4 toneladas,
assim a medida que aumentamos o número de trabalhadores a produção total ira aumentar.
Imagine agora que para a mesma porção de terra existam agora 100 trabalhadores o nível da
produção poderia até baixar pois seriam tantos trabalhadores que outros estariam
conversando e a atrapalhar o trabalho dos outros reduzindo assim o nível de produção.
118
Observando a função da produção total podemos observar que numa primeira fase esta é
crescente até atingir o seu máximo no ponto em que temos 6 trabalhadores e a partir deste
ponto a produção total começa a decrescer a medida que aumentamos o número de
trabalhadores este fenómeno (decréscimo da produção adicional a medida que aumentamos
um factor variável mantendo os outros fixos) designa se lei dos rendimentos decrescentes.
b) Produto marginal
O produto marginal é crescente numa primeira fase e começa a decrescer a medida que
aumentamos o número de trabalhadores até atingir o ponto zero (quando o Produto total é
máximo) e a partir deste ponto começa a decrescer.
c) Produto médio
O produto médio nunca alcança o ponto nulo. Cresce a medida que aumentamos o factor
variável (trabalho) até atingir o seu máximo e decresce aproximando se de zero.
2. Estágios de Produção
Os estágios de produção mostram as áreas em que o produtor devera operar sem que esteja a
arcar prejuízos. Estes estágios são definidos a partir da relação entre o produto total, o
produto médio e o produto marginal.
O primeiro estágio de produção parte da origem das coordenadas até ao ponto onde o produto
médio é máximo. Neste ponto, o produto médio é igual ao produto marginal.
Neste estágio de produção o produto médio está em crescimento, conforme mostra o gráfico
abaixo.
O seguindo estagio parte do ponto onde termina o primeiro estagio até ao ponto em que o
produto marginal é zero. Neste caso, onde o factor trabalho é igual a 6. Neste estágio
119
podemos observar que a produção total esta a crescer e atinge o máximo neste estágio,
significa que o produtor obtém o máximo da sua produção sem antes atingir rendimentos
decrescentes, por isso considera se este estagia como o estágio de produção racional, onde o
produtor racional ira operar.
O terceiro estágio de produção começa onde termina o segundo estágio em diante. Neste
estágio temos um produto marginal negativo e o produto total a decrescer, o que mostra que
neste estagio o produtor começa a ter prejuízos na sua produção. Ver o gráfico 26 abaixo
120
Gráfico 26: Estágios de produção
Tarefas
1. Considere-se o gerente de uma empresa panificadora. Usando os conhecimentos que
obteve sobre a teoria de produção. Em que estagio de produção produziria? Justifique
dando exemplo concretos.
2. Tendo em conta que o estudante esteja a gerir uma farma de produção de tomate.
Explique de forma detalhada como pode se verificar a lei dos rendimentos decrescentes e
quais as atitudes que tomaria de modo a evitar essa situação.
121
Exercícios de Auto-avaliação
3. Suponha que uma determinada empresa esteja a produzir no curto prazo. O gerente da
empresa apresentou o seguinte registo correspondente a diferentes níveis de Produção e
os respectivos níveis de utilização da mão-de-obra:
Nr. de Quantidade
Trabalha produzid
dores as
0 0
1 10
2 18
3 24
4 28
5 30
6 28
7 25
4. Dada a Tabela
L 0 1 2 3 4 5 6 7
PT 0 2 6 12 16 18 18 16
122
a) Determine o Produto médio do trabalho (PME) e o Produto Marginal do Trabalho
(PMA).
b) Esboce os gráficos do PME e PMA do Trabalho.
c) Indique as quantidades do factor trabalho que pode ser usado de modo que a produção
seja máxima.
Chaves de correcção
1. a) O produto médio e o produto marginal encontram se na tabela abaixo. O estudante
devera usar os valores obtidos e traçar os gráficos do produto médio e do produto
marginal.
123
Nr. de Quantidade Produto Produto médio
Trabalhadores produzidas marginal
0 0 __ ___
1 10 10 10
2 18 8 9
3 24 5 8
4 28 4 7
5 30 2 6
6 28 -2 4.67
7 25 -3 3.57
2. a)
L 0 1 2 3 4 5 6 7
PT 0 2 6 12 16 18 18 16
PMG __ 2 4 6 4 2 0 -2
PME __ 2 3 4 4 3.6 3 2.28
3.
124
1 5 17 3.4 2
1 6 17 2.8 0
1 7 16 2.3 -1
1 8 13 1.6 -3
O primeiro estágio de produção vai da produção 0 até 12, onde o produto marginal é igual ao
produto médio.
O segundo estágio começa onde termina o primeiro estágio e termina onde o Produto
marginal é zero isto é, de 12 até 17.
O terceiro e último estágio começa no ponto onde a produção é igual a 12 até ao infinito.
Resumo
Nesta unidade didáctica vimos a teoria de produção. Como o produtor pode racionalizar a sua
produção. Até que ponto podemos aumentar a quantidade de mão-de-obra em uma empresa.
O produto total mostra a quantidade de bens que podemos produzir tendo em conta os
factores de produção fixo (terra) e variável (trabalho) que possuímos.
125
No final da unidade identificamos os estágios de produção e vimos que o segundo estágio de
produção é o estágio onde o produtor maximiza a sua produção e ainda não atingiu o produto
marginal negativo.
126
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
127
Unidade Didáctica nº 7: Teoria de Custos e Cálculo do Lucro
Introdução
Depois de termos visto a teoria do produtor e a forma como o produtor usa os factores de
produção, vamos neste capítulo analisar os custos para a produção dos bens e serviços e o
cálculo do lucro de uma empresa.
Em todas as decisões que as empresas tomam estas analisam não só o nível de produção mas
principalmente o nível de custos que a empresa ira suportar.
Por exemplo, em tempos de maior procura (épocas festivas, páscoa, feriados, etc.) a empresa
deve decidir se contrata um novo trabalhador ou se paga horas extras aos trabalhadores
existentes. Para responder a esta simples questão, os gestores das empresas fazem a análise
não só dos benefícios que estes trabalhadores trarão para a empresa mas também dos custos
que a empresa terá de suportar. E normalmente a empresa opta pelo projecto com menor
custo de produção.
Existem outras situações em que os gestores deparam se com a análise de custos. Por
exemplo, se a empresa pretende aumentar as quantidades produzidas, será que esta deve
expandir a empresa existente ou deve construir uma nova fábrica?
Objectivos da unidade
Determinar o custo total, custo fixo, custo variável, custo marginal, custo médio, cisto
fixo médio e custo variável médio;
128
Calcular o lucro obtido por uma empresa na produção de um bem mediante um preço
dado.
Desenvolvimento do Conteúdo
1. Tipos de Custos
Os principais custos incorridos por uma empresa são:
Custo total (CT) – representa a despesa monetária total incorrido pela empresa para a
produção dos seus bens. O custo total é a soma do custo fixo e do custo variável. Conforme
mostra a formula abaixo:
CT CF CV
Custo variável (CV) – representa a despesa monetária incorrida pela empresa para a
aquisição de diverso material usado directamente no processo produtivo. O custo variável
representa toda a despesa para a compra de materiais que variam de acordo com o nível da
produção. Exemplo a aquisição da matéria-prima, o pagamento da luz usada no processo
fabril.
Custo fixo (CF) – mostra toda a despesa monetária suportada pela empresa mesmo que não
haja produção. Significa que mesmo que a empresa não esteja a produzir existem custos que
esta suporta como energia, renda dos escritórios, água, etc. e estes são considerados custos
fixos.
Para uma melhor distinção entre o CF, CV, CT, considere uma fábrica de produção de pães
(uma padaria), o produto final desta empresa “e o pão. Para a produção do pão a empresa
compra a farinha, o fermento, lenha etc. a quantidade adquirida deste material depende da
quantidade de pães que será produzida. Exemplo, se produzirmos 100 pães compramos 5
sacos de farinha, se produzimos 200 pães compramos 10 sacos de farinha. Podemos verificar
129
que a quantidade e o valor que a empresa ira despender para a compra da farinha depende da
produção de pães logo estes custos são designados custos variáveis.
Custo marginal (CM) – mostra o custo adicional que a empresa terá se pretender aumentar
mais uma unidade do produto total. Exemplo se a empresa produz pães o custo marginal
representa o acréscimo no nível dos custos para que a empresa possa aumentar mais um pão.
Ou
No desdobramento dos custos podemos destacar o custo total médio, o custo fixo médio e o
custo variável médio.
Custo total médio (CTM) – mostra o custo por unidade de produto. É o custo total dividido
pelo número total de unidades produtivas.
CUSTO TOTAL CT
CTM
PRODUTO TOTAL Q
Custo fixo médio (CFM) – representa o custo fixo por unidade de produção. Exemplo se
temos um custo fixo de 100mt e a nossa produção total é de 20 pães podemos afirmar que
cada quantidade de pão consumiu em média 5mt (100/20) de custos fixo.
130
O CFM calcula se a partir da seguinte fórmula:
CUSTO FIXO CF
CFM
PRODUTO TOTAL Q
Custo variável médio (CVM) – representa o custo variável por unidade de produção. É o
custo variável dividido pelo número total de unidades produzidas. Conforme mostra a
formula abaixo.
CUSTO VARIAVEL CV
CVM
PRODUTO TOTAL Q
Exemplo:
A tabela abaixo mostra as quantidades produzidas por uma empresa de cadernos escolares, o
custo total, o custo fixo e o custo variável. Calcular o custo marginal, o custo total médio, o
custo fixo médio e o custo variável médio.
131
O gráfico abaixo mostra o comportamento das curvas de custo total, custo fixo e custo
variável. Podemos observar no gráfico que o custo fixo é uma linha recta que mostra que este
não varia de acordo com a variação da produção.
132
Gráfico 27: custo total, custo variável e custo fixo
O comportamento do custo médio, do custo fixo médio e do custo variável médio é dado pelo
gráfico abaixo. Podemos verificar que o custo médio fixo diminui a medida que a produção
aumenta. Mas não atinge zero apenas aproxima se a medida que as quantidades produzidas
aumentam. O custo total médio e o custo variável médio são decrescentes numa primeira
fase, atingem o mínimo e crescem a medida que a produção aumenta.
Gráfico 28: custo total médio, custo variável médio e custo fixo médio
133
2. Cálculo do lucro
O lucro é um dos principais objectivos das empresas privadas. Para calcular o lucro temos
apenas que ter a estrutura da produção e os custos. Isto é, temos que saber quanto se produziu
e por quanto foi vendida a mercadoria e quanto nos custou colocar o produto no mercado. De
uma forma resumida, lucro mostra a diferença entre o valor da receita total e do custo total.
LUCROTOTAL ( LT ) RT CT
Receita total mostra o valor total que a empresa arrecada das vendas. Para calcular
multiplicamos o preço pela quantidade vendida. Conforme mostra a formula que se segue:
RT P * Q
O Custo total já foi analisado na secção anterior. É dado pela seguinte fórmula:
CT CF CV
LT RT CT
LT ( P * Q) (CF CV )
134
Tarefas
1. O lucro financeiro é um dos principais objectivos das empresas.
a) Explique de forma detalhada os passos que uma empresa deve seguir para o cálculo
do lucro.
b) Identifique e explique outros objectivos que uma empresa pode almejar alcançar.
2. Considere uma empresa que por motivos de inventário encontra-se encerrada. Tendo em
conta que o custo variável está directamente ligado a quantidade produzida será que
podemos assumir que esta empresa apenas terá custos fixos neste período?
Exercícios de Auto-avaliação
1. Por que razão o custo marginal é sempre igual quer calculado a partir do custo variável
quer do custo total?
135
a) Calcule CT (Custo Total), CME (Custo Médio), RT (Receita Total) e o Lucro se o
preço for igual á 50mt.
Calcule O CT, CV, CF, CME, CVM,CFM, CMa e o Lucro se o preço for igual a
45mt.
4. Considere uma empresa que oferece o produto A. O preço de mercado deste é de 27 u.m.
A empresa suporta um custo total de produção que varia com a quantidade produzida da
seguinte forma:
Quantidade Custo Total
0 0
1 50
2 60
3 66
4 84
5 105
6 132
7 175
136
8 224
9 315
a) Calcule o lucro desta empresa se a produção for de 5 toneladas de arroz.
b) Se a produção do arroz aumentar de 5 para 9 toneladas em quanto irá aumentar o
lucro?
5. A tabela abaixo mostra o custo incorrido por uma firma, para os vários níveis de
produção.
Q 0 1 2 3 4 5 6.5 6 7 8
CT 8 20 23 24 25.24 27.75 32 35.1 40 64
Sabendo que o preço é igual a 8u.m determine o lucro em cada nível de produção.
Chave-de-correcção
1. O custo marginal pode ser calculado a partir do custo variável e do custo total porque o
custo fixo é uma constante e a derivada de uma constante é zero.
2.
Quantidade CF CV CT RT CME CMA RMA LUCRO
0 55 0 55 0 -55
1 55 30 85 50 85.0 30 50 -35
137
3.
4. a) LT=30
b) O lucro torna se negativo para -72
138
Resumo
Nesta unidade didáctica vimos como podemos calcular o lucro de uma empresa. O lucro é
obtido pela diferença entre a receita total e o custo total. Neste caso para obtermos o lucro
temos primeiro que ter a receita total (RT=P*Q) e depois o custo total (CT=CV+CF).
Bibliografia
1. Dornbusch, R. & Fischer, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron Books.
Editorial Verbo
4. Rossetii, J. P. (2003). Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: Editora Atlas
139
Unidade Didáctica nº 8: Mercado e sua Estrutura
Introdução
Na unidade didáctica 3, definimos o mercado e salientamos que é um lugar físico ou não
onde compradores transaccionam bens e serviços. Existem vários tipos de mercado
dependendo do bem ou serviço a ser transaccionado. Por exemplo, se transaccionamos o
tomate, podemos assumir que estamos perante o mercado de tomate, para o caso de energia
eléctrica estaremos no mercado de energia eléctrica. Outros exemplos de mercados podem ser
mercado de serviços de telefonia, mercado de arroz, mercado de serviços de saúde etc. No
entanto, nem todos os mercados tem o mesmo número de compradores e vendedores, nem
todos os mercados tem o mesmo produto, alguns mercados ou áreas de trabalho são difíceis
de entrar, alguns simplesmente não tem concorrentes, etc. podendo assim afirmar-se que as
características dos mercados variam de acordo com o número de compradores, o produto
vendido, as dificuldades ou não de entrada no mercado.
140
O mercado de concorrência perfeita não tem subdivisões enquanto o mercado de
concorrência imperfeita pode ser subdividido em 3 principais estruturas diferentes a saber:
monopólio, oligopólio e concorrência monopolista.
Objectivos da Unidade
Identificar os vários tipos de estrutura de mercado;
Desenvolvimento do Conteúdo
2. O Monopólio
O monopólio ocorre quando num determinado sector de actividade existe um único vendedor
de determinado bem ou serviço que tendem o controlo total de todo o mercado. O único
vendedor é designado monopolista8.
8
A palavra monopolista provem de 2 palavras gregas: mono, que significa um e polist que significa vendedor.
142
b) O bem produzido é único no mercado e não tem substitutos próximos;
Estas barreiras podem ser de vários tipos ou formas das quais podemos salientar:
9
Patente é uma forma de autenticação/autorização para o exercício de determinadas funções. O estado
normalmente atribui patentes a determinados investidores para possibilitar o uso exclusivo de determinado
bem ou serviço. Estes bens ou serviços normalmente são considerados necessários e imprescindível para a
sociedade como é o caso da água, da luz, das telecomunicações, etc.
143
3. O oligopólio
Oligopólio refere se a estrutura de mercado onde existem poucos vendedores10 e muitos
compradores.
No oligopólio os bens e serviços transaccionados são semelhantes de tal modo que quando
um vendedor baixa o preço do bem, as outras empresas podem também reagir baixando o
preço e criando uma guerra de preços e uma descida geral de preços. Mas, atenção que as
outras empresas podem também optar por outras estratégias como o incremento da
publicidade, do marketing, da imagem externa do produto etc.
Referir que no oligopólio também existem barreiras a entrada por isso o número de
vendedores é reduzido.
4. A concorrência monopolista
A concorrência monopolista é a estrutura de mercado que existem muitos produtores e muitos
vendedores. A principal diferença entre a concorrência monopolista e a concorrência perfeita
está no bem produzido. Na concorrência perfeita o bem produzido é homogéneo, tem as
mesmas características enquanto na concorrência monopolista o bem transaccionado
apresenta características mínimas que diferencia uma empresa da outra (o produto é
diferenciado).
A diferenciação do produto nesta estrutura de mercado pode ser feita através de serviços
complementares de marcas, publicidade, embalagem, cor, formato, etc. um exemplo dado
para esta estrutura de mercado são as empresas produtoras de perfumes, jóias, roupas, etc.
10
Poucos vendedores podemos considerar um número de 5. Mas atenção pois dependendo da dimensão do
mercado este numero pode aumentar ou reduzir. Para o caso de Moçambique podemos considerar que o
mercado de telefonia móvel é um mercado oligopolista pois existem poucos vendedores (apenas 3) e muitos
compradores.
11
No Mercado existem vários electrodomésticos que são produzidos por um pequeno grupo de empresas.
144
145
Tabela 7: Resumo dos tipos de estrutura de mercado estudados
Estrutura Número Número de Tipo de Entrad Grau Sector onde
de de comprador produto a no de prevalece
mercado produtor es mercad control
es o o de
preços
146
Tarefas
1. O mercado grossista do Zimpeto localiza se na província de Maputo e podemos encontrar
vários vendedores e vários compradores. Será que estamos perante um mercado em
concorrência perfeita? Justifique dando exemplos concretos.
Exercícios de Auto-avaliação
1. A Concorrência perfeita e a concorrência monopolista são estruturas de mercados
idênticas, porque ambas tem um grande número de vendedores e não existe barreiras para
entrada de novas firmas. Concorda com a afirmação? Justifique.
a) Concorrência monopolística;
b) Monopólio;
c) Oligopólio.
147
Chaves de correcção
1. A concorrência perfeita e a concorrência monopolista não correspondem a mesma
estrutura de mercado. Mesmo tendo em comum a característica de muitos vendedores e
muitos compradores existe outra características importante que diferenciam estes dois
grupos, nomeadamente, o produto que cada uma das estruturas transacciona. Para a
concorrência perfeita o produto (bem) transaccionado é homogéneo enquanto na
concorrência monopolista o produto é diferenciado.
Resumo
Vimos a concorrência perfeita que tem como um dos pressupostos básicos a existência de
muitos compradores e muitos vendedores, um bem homogéneo e um preço único para os
bens. De seguida, vimos o monopólio que possui apenas um único vendedor e vários
compradores. O oligopólio possui um número reduzido de vendedores (este numero esta
entre a concorrência perfeita e o monopólio).
Bibliografia
DORNBUSCH, R. e FISCHER, S. (1991). Macroeconomia. 5ª Edição. Makron
Books. Editorial Verbo.
149