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Coeficientes de Gini locacionais - GL: aplicação à indústria de calçados do


Estado de São Paulo [Locational Gini coefficients - LG: application to the
shoe industry in the state of...

Article  in  Nova Economia · January 2003


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4 authors, including:

Renato Garcia Wilson Suzigan


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Coeficientes de Gini locacionais – GL:
aplicação à indústria de calçados do Estado de São Paulo
Wilson Suzigan Renato Garcia
Professor do Instituto de Economia Professor do Departamento de Engenharia de Produção
Unicamp Universidade de São Paulo
João Furtado Sérgio E. K. Sampaio
Coordenador do Grupo de Estudos de Economia Industrial Mestrando do Departamento de Economia
Universidade Estadual Paulista/Araraquara Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave Resumo Abstract


coeficientes de Gini locacionais, Este artigo apresenta uma metodologia específi- This paper suggests a specific methodology to
quociente locacional, sistemas geographically locate and delimit local production
ca para identificar e delimitar geograficamente
locais de produção,
sistemas locais de produção, com aplicação ilus- systems, with an application to the leather and
concentração espacial.
trativa à indústria de calçados do Estado de São shoe industry of the State of São Paulo. The
Classificação JEL L23, O18, Paulo. A metodologia consiste na elaboração de methodology consists on the elaboration of
R12. coeficientes de Gini locacionais com base nos location Gini coefficients (GL) for four-digit
dados da RAIS/MTE e da PIA/IBGE para industries at municipal or micro region level
classes da indústria CNAE 4 dígitos e por muni- from data in RAIS/MTE and PIA/IBGE.
cípios ou microrregiões, o que permite verificar These location Gini coefficients indicate the
quais são as indústrias mais concentradas espa- branches of industry which are spatially
cialmente. Para estas, visando identificar siste- concentrated. For the latter industries, location
mas locais de produção, calculam-se quocientes quotients (QL) by state micro regions are used
locacionais (QL) por microrregiões do Estado. in order to identify local production systems
Os dados sobre QL por microrregiões, conju- within these industries. The QL data, combined
gados com outros sobre participação relativa da with data on the share of the micro region in
microrregião no total do emprego e no número total industry employment and number of
industrial plants in the leather and shoe
de estabelecimentos da indústria de calçados do
industry of the State of São Paulo, show
Estado de São Paulo apontam, de modo inequí-
Key words unequivocally that there are three main local
voco, a existência de três importantes sistemas
locational Gini coefficients, production systems in the leather and shoe
locais de produção de calçados no Estado:
locational quotients, local industry of the state: Franca, Birigui and Jaú.
Franca, Birigui e Jaú. Com base em resultados
production systems, spatial On the basis of field research work, these three
de pesquisas de campo, estes três sistemas locais
concentration. local systems are briefly characterized in regard
são brevemente caracterizados em termos de to their location, territorial extension,
JEL Classification L23, O18, sua localização, extensão territorial, estrutura de production structure and integration, local
R12. produção, abrangência da cadeia produtiva, ins- institutions and forms of firm cooperation.
tituições de apoio e associativismo.

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40 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

Introdução sistemas locais de produção presentes


Este artigo tem um propósito bastante nas microrregiões selecionadas. A utiliza-
simples: apresentar uma metodologia ção do Estado de São Paulo como região
que, com base em indicadores de con- de referência é meramente ilustrativa.
centração geográfica segundo classes de Outros estados, menos industrializados,
indústrias e de localização de atividades podem não constituir uma base adequa-
industriais por microrregiões, permite da de referência.2 Entretanto, a metodo-
identificar, delimitar geograficamente e logia pode ser aplicada a regiões mais
caracterizar estruturalmente sistemas lo- abrangentes ou ao país como um todo.
cais de produção, fazendo uma aplica- A noção de sistemas locais de pro-
ção ilustrativa a uma classe de indústria dução aqui utilizada não difere muito da
do Estado de São Paulo. Alinha-se a ou- definição de “sistemas produtivos lo-
tros trabalhos, já realizados ou em anda- cais” adotada na Rede de Pesquisa em
mento em vários centros de pesquisa, Sistemas Produtivos e Inovativos Locais
sobretudo no CEDEPLAR/UFMG e (REDESIST). Nesta, sistemas produti-
no âmbito da REDESIST/UFRJ.1 Dife- vos locais “referem-se a aglomerados de
rencia-se, acreditamos, pela proposta agentes econômicos, políticos e sociais,
metodológica mais abrangente: identifi- localizados em um mesmo território, que
cação de classes de indústrias geografica- apresentam vínculos consistentes de arti-
mente concentradas; para essas indús- culação, interação, cooperação e apren-
trias, localização das microrregiões onde dizagem. Incluem não apenas empresas
é maior a concentração; para essas mi- – produtoras de bens e serviços finais,
crorregiões, corte vertical (i. e. por mi- fornecedoras de insumos e equipamen-
crorregião) de modo a verificar que tos, prestadoras de serviços, comerciali-
outras classes de indústrias, além da geo- zadoras, clientes etc. e suas variadas for-
graficamente concentradas, estão pre- mas de representação e associação – mas
sentes na estrutura produtiva local, o que também outras instituições públicas e
permite avaliar se existe uma cadeia pro-
dutiva e qual sua extensão, bem como 1 Conforme, entre outros, Albuquerque (2001) e Saboia
verificar se microrregiões adjacentes in- Diniz (1999); Diniz e Crocco (1999, 2001).
(1996); Crocco et al. (2001); 2 Esta limitação foi apontada
tegram a estrutura produtiva local, e por
Albuquerque et al. (2002); por um dos pareceristas, a
fim a realização de estudos de casos de Britto (2003); Britto e quem agradecemos.

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privadas voltadas à formação e treina- paração. Ainda na Seção 1 são apresen-


mento de recursos humanos, pesquisa, tados os procedimentos metodológicos
desenvolvimento e engenharia, promo- adotados. Foram estimados índices de
ção e financiamento”. Adicionalmente, especialização ou quocientes locacionais
procurando levar em conta sistemas lo- (QL) a partir dos quais foram elaborados
cais ainda não inteiramente constituídos, os coeficientes de Gini locacionais (GL)
a REDESIST adota o conceito auxiliar de por classes de indústrias (CNAE, 4 dígi-
arranjos produtivos locais (APLs) para tos), com base nos dados por municí-
denominar “aglomerações produtivas cu- pios. Em seguida, para as classes de indús-
jas articulações entre os agentes locais trias com GL mais elevado, indicando
não é suficientemente desenvolvida para maior grau de concentração geográfica,
caracterizá-las como sistemas”.3 Entre- foram utilizados os dados desagregados
tanto, à diferença da REDESIST, prefe- por microrregiões para delimitar territo-
rimos adotar a denominação de sistema rialmente agrupamentos significativos de
local de produção, em vez de sistema empresas nas referidas classes de indús-
produtivo local, seguindo Belussi e Got- trias. Os resultados são apresentados na
tardi (2000). Não adotamos, pelo menos Seção 3. Dentre os SLPs identificados,
neste artigo, o conceito auxiliar de arran- foram selecionados três para estudos de
jos produtivos locais, preferindo traba- casos, cuja caracterização resumida é apre-
lhar com a idéia de sistema locais de sentada na Seção 4. Essa caracterização
produção com graus variados de integra- visa apenas agregar elementos oriundos
ção da cadeia produtiva e de articulação da pesquisa de campo que confirmam e
entre agentes e instituições locais. reforçam os resultados do trabalho esta-
Trabalhou-se de início com duas tístico. Não tem a intenção de analisar os
bases de dados e informações para o três casos do ponto de vista da economia
mesmo ano (1998), a RAIS/MTE e a regional e de sua inserção na rede urbana
3 Conforme REDESIST, PIA/IBGE. Entretanto, por razões ex- local e estadual, nem tampouco de fazer
http://www.ie.ufrj.br/redesist/. plicitadas adiante (Seção 1), apenas uma uma análise comparativa entre esses e
4 Questões, de todo
acabou sendo de fato utilizada, embora outros sistemas locais de produção de
modo, absolutamente
pertinentes levantadas
os resultados iniciais para o coeficiente calçados.4 Por fim, a última seção apre-
por um dos pareceristas de Gini locacional tenham sido apresen- senta as conclusões gerais do trabalho.
a quem agradecemos. tados para as duas bases, a título de com-

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42 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

1_ Procedimentos metodológicos até o nível de 4 dígitos da CNAE –


Classificação Nacional da Atividade Eco-
1.1_ As bases de dados – RAIS e PIA nômica. Além disso, a RAIS apresenta
Este trabalho utiliza, de início, duas fon- um grau relativamente elevado de unifor-
tes de dados e informações disponíveis midade, que permite comparar a distri-
no Brasil, a RAIS/MTE e a PIA/IBGE, buição dos setores da atividade econô-
com o intuito de elaborar indicadores de mica ao longo do tempo.
concentração geográfica segundo classes Essas vantagens da RAIS são con-
de indústrias e de localização de ativida- trabalançadas por algumas deficiências,
des industriais. Os parágrafos seguintes que já foram apontadas por vários auto-
discutem sucintamente as vantagens e res, inclusive os autores deste trabalho
desvantagens das duas bases de dados. (Suzigan et al., 2001). Entretanto, é con-
A RAIS – Relação Anual de Infor- veniente mencioná-las aqui. A primeira
mações Sociais, cuja coleta e tabulação é deficiência da RAIS é sua cobertura, já
realizada pelo Ministério do Trabalho e que o Cadastro, apesar de cobertura nacio-
do Emprego, constitui uma base de da- nal, inclui apenas relações contratuais
dos que, para os propósitos deste traba- formalizadas por meio da “carteira assi-
lho, apresenta informações sobre o volu- nada”. Segundo, a RAIS utiliza o método
me de emprego e o número de estabele- da autoclassificação na coleta das infor-
cimentos. Ela tem sido crescentemente mações primárias, sem qualquer exame
utilizada por diversos autores para a iden- de consistência por parte do Ministério,
tificação de movimentos e tendências de o que pode distorcer os resultados e co-
deslocamento regional da atividade eco- locar diversos problemas em relação às
nômica e também para a identificação e possibilidades da análise. Adicionalmen-
análise de aglomerações de empresas.5 te, a empresa declarante pode optar por
Sua principal vantagem é prover uma ele- respostas únicas em nível de empresa,
vada desagregação geográfica que permite, distanciando o resultado da realidade em
sem necessidade de recurso a tabulações dois aspectos. Em primeiro lugar, classi-
especiais, obter e processar diretamente ficando o conjunto das unidades produ-
os dados de forma muito detalhada: em tivas de uma empresa diversificada coe- 5 Ver os mesmos
termos espaciais, até o nível de desagre- xistentes num mesmo endereço num trabalhos citados na nota
gação municipal, e em termos setoriais, único setor CNAE. Em segundo lugar, número 1.

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que pode somar-se ao anterior, a empre- mação industrial. Estas informações tam-
sa pode reunir todas as unidades produti- bém podem ser organizadas regional-
vas dispersas numa mesma declaração. mente, contanto que seja respeitado o si-
Isto tem efeitos importantes, especial- gilo das informações individuais (garan-
mente quando as empresas são multi- tido aos declarantes pela legislação).6
planta (que podem declarar todo o volu- A coleta e o levantamento de da-
me de emprego na mesma unidade pro- dos da PIA busca representar o univer-
dutiva, geralmente na matriz) e firmas so de empresas industriais, formalmente
multi-produto (que muitas vezes enqua- constituídas, com 5 ou mais pessoas ocu-
dram-se apenas na atividade correspon- padas. Sua amostra é composta por dois
dente ao seu produto principal). A ter- estratos: o “estrato certo”, que abrange
ceira deficiência da RAIS é a de que, todas as empresas com 30 ou mais pes-
como essa base de dados utiliza o empre- soas ocupadas, e o “estrato amostrado”,
go como a variável-base, ela deixa de formado pelas empresas com 5 a 29 pes-
captar diferenças inter-regionais de tec- soas ocupadas. O IBGE adota, nas suas
nologia e produtividade, o que vai se re- coletas, os conceitos de empresa e unida-
6 De acordo com regras
fletir em, por exemplo, diferentes regiões de local (endereço de atuação), o que evita
estabelecidas pelo IBGE com volume de emprego semelhantes, alguns dos problemas apontados em rela-
(amparado em legislação que possuem na verdade produção física ção à RAIS. Para as empresas com 30 ou
específica, vale ressaltar), não ou em valor distintas. Quarto e último, o mais pessoas ocupadas, a PIA coleta um
são divulgadas as informações
quando o número de
fato de ser declaratória pode provocar conjunto de informações para cada uni-
declarantes de um distorções na análise de pequenas empre- dade local produtiva. As unidades locais
determinado setor de uma sas ou de regiões menos desenvolvidas, apenas administrativas têm suas informa-
dada região for menor que em virtude da mais elevada ocorrência de ções consolidadas por Unidades da Fede-
três. Para uma análise baseada
em dados da PIA, ver
empresas não-declarantes. ração. Assim, uma empresa que mantenha
Andrade e Serra (2000). A outra fonte de informações uti- produção diversificada num único ende-
7 Os autores agradecem a lizada neste trabalho é a PIA – Pesquisa reço deverá ter alocadas suas informações
Mariana Rebouças, do IBGE, Industrial Anual do IBGE – Instituto no principal setor de atuação. Mas quando
por comentários específicos e Brasileiro de Geografia e Estatística, que a empresa utiliza diversas plantas produti-
esclarecimentos a respeito da
PIA, incorporados apresenta informações como número de vas sob uma mesma razão social, as infor-
textualmente neste parágrafo estabelecimentos, receita líquida de ven- mações são alocadas na UF e no principal
e no seguinte. das, pessoal ocupado e valor de transfor- setor em que atua cada unidade local.7

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44 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

Ressalve-se que somente empre- locacionais tenham sido elaborados a


sas industriais com CNPJ e com 5 ou partir das duas bases de dados. De todo
mais pessoas ocupadas são objeto de in- modo, os resultados para os coeficientes
vestigação na PIA. Porém, quanto ao de Gini locacionais são apresentados adi-
pessoal ocupado, a PIA tem a vantagem ante para as duas bases de dados. Foram
de incluir todos os assalariados pela em- utilizados os dados do estrato certo da
presa, com ou sem carteira assinada, o PIA para o ano de 1998. Esses dados re-
que permite captar os empregos infor- presentam 21,2% do total de 36,5 mil
mais. Mas, para os propósitos deste tra- empresas, 79,4% do pessoal ocupado em
balho, a maior desvantagem da PIA de- 31/12/1998 e 94% do valor da trans-
corre do fato de que, em virtude das em- formação industrial.8
presas com 5 a 29 pessoas ocupadas se- Estas duas bases de dados e infor-
rem objeto de escolha amostral e terem mações, com suas virtudes e deficiên-
seus resultados estimados por UF e clas- cias, possibilitam construir indicadores
ses de indústrias CNAE, o IBGE não di- de concentração geográfica de indústrias
vulga os resultados para esta parte da e de localização ou especialização regio-
amostra nos níveis regionais e da classifi- nal que, por sua vez, são instrumentos
cação CNAE. Ou seja, para nível geográ- essenciais para identificar, delimitar e ca-
fico menor que UF, somente os dados do racterizar sistemas locais de produção. Os
estrato certo (30 ou mais pessoas ocu- métodos utilizados na elaboração dos in-
padas) estão disponíveis na PIA. dicadores são resumidos a seguir.
Esta última característica da PIA
constitui importante limitação à sua utili- 1.2_ Indicadores de concentração
zação para a identificação e o estudo de e de localização
sistemas locais de produção, uma vez A elaboração de indicadores ou medidas
que estes em geral comportam grande de concentração, localização e especiali-
número de micro e pequenas empresas, zação regional de atividades econômicas
formais e informais, em sua estrutura tem sido um importante objeto de estu-
8 Os autores agradecem
produtiva. Por essa razão, optou-se pela do desde os trabalhos pioneiros de eco-
nomia regional. Estes indicadores per- a Wasmalia Bivar
utilização dos resultados baseados na e Aline Visconti, do IBGE,
RAIS, embora tanto os coeficientes de mitem verificar a distribuição espacial, pela tabulação especial
Gini locacionais quanto os quocientes identificar especializações regionais e ma- dos dados da PIA.

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pear movimentos de deslocamento re- cientes locacionais para identificar siste-


gional das atividades econômicas, sejam mas locais de produção, delimitando-os
decorrentes de processos de concentra- territorialmente e caracterizando sua es-
ção ou de descentralização econômica. trutura produtiva. Os dois indicadores,
Neste sentido, estes indicadores torna- aplicados à indústria de couro/calçados
ram-se bastante difundidos nos estudos e do Estado de São Paulo, permitiram iden-
análises de economia regional.9 tificar três principais sistemas locais de
No período recente, com o inte- produção de calçados, cada um com dis-
resse despertado pelo debate sobre a tintas características, e orientaram a reali-
aglomeração de empresas e a formação zação de pesquisa de campo cujos re-
de sistemas locais de produção e de ino- sultados serão brevemente comentados
vação, estes indicadores passaram a ser adiante. O propósito deste trabalho é
utilizados também com o objetivo espe- simplesmente este: mostrar como, a par-
cífico de identificação e delimitação des- tir das bases de dados e informações da
tes sistemas. Duas importantes contri- RAIS e, em menor medida, da PIA, é
buições neste sentido são os trabalhos de possível elaborar indicadores de concen-
Krugman (1991) e de Audretsch e Feld- tração espacial e de especialização local
man (1996), que calcularam coeficientes que permitem identificar, delimitar espa-
de Gini locacionais para a produção in- cialmente e caracterizar estruturalmente
dustrial e para atividades inovativas nos sistemas locais de produção, orientando
EUA. Estes dois trabalhos constituem as metodologicamente a realização de pes-
referências específicas mais importantes quisas de campo.
para este texto. O indicador de localização ou de
À semelhança do que fizeram especialização, tradicionalmente referi-
Krugman (1991) e Audretsch e Feldman do na literatura como quociente locacio-
(1996) para os EUA, procurou-se neste nal (QL), tem sido amplamente utili-
trabalho elaborar coeficientes de Gini lo- zado em estudos de economia e desen-
9 Ver, por exemplo,
cacionais que permitissem identificar volvimento regional desde a contribui-
a excelente síntese das
classes de indústrias com elevado grau de ção original de Isard (1960). Foi dida-
medidas de localização
e de especialização elaborada concentração geográfica da produção. ticamente discutido por Haddad (1989,
por Haddad (1989). Adicionalmente, foram calculados quo- p. 232-233). Para os propósitos deste

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46 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

trabalho, foi utilizado o índice de espe- Todavia, como apontado no refe-


cialização especificamente aplicado à rido trabalho anterior dos autores, o ín-
indústria do Estado de São Paulo, apre- dice de especialização deve ser utilizado
sentado em trabalho anterior dos auto- com cautela. Não se presta, por exem-
res (Suzigan et al., 2001) e definido por plo, a comparações estritas entre regiões
Haddad como: ou municípios. Uma região pouco de-
senvolvida industrialmente poderá apre-
E ij
sentar um elevado índice de especializa-
Ei · ção simplesmente pela presença de uma
QL ij = = Quociente locacional do setor
E ·i i na região j; unidade produtiva, mesmo que de di-
E ·· mensões modestas. Este problema seria
ainda mais grave se, num indicador cons-
onde: E ij = emprego no setori da região j; truído com base na RAIS, esta unidade
apresentasse um elevado grau de diver-
E · j = å E ij = emprego em todos
i sificação não captada pelo Cadastro.
os setores da região j; Outra deficiência do índice é a dificulda-
E i · = å E ij = emprego no setor i de para identificar algum tipo de especi-
j alização em regiões (ou municípios) que
de todas as regiões; apresentam estruturas industriais mais
E ·· = åå E ij = emprego em to- diversificadas, como ocorre em municí-
i j pios muito desenvolvidos, com estrutu-
dos os setores de todas as regiões. ra industrial diversificada e emprego
O QL indica a concentração rela- total elevado.
tiva de uma determinada indústria numa O coeficiente de Gini locacional
10 Deve-se observar que
região ou município comparativamente (GL), tal como proposto por Krugman
Haddad (1989, p. 237-239)
à participação desta mesma indústria no (1991, p. 55-59) e Audretsch e Feldman
já havia proposto a utilização
espaço definido como base, neste caso o (1996),10 por sua vez, é um indicador do desse indicador em estudos
Estado de São Paulo. Assim, a verifica- grau de concentração espacial de uma de economia regional,
ção de um QL elevado em determinada determinada indústria em uma certa ba- chamando-o de “curva de
localização”, construída de
indústria numa região (ou município) se geográfica, como uma região, estado
modo semelhante à
indica a especialização da estrutura de ou país. O coeficiente varia de zero a um construção da curva
produção local naquela indústria. e, quanto mais espacialmente concen- de Lorenz.

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trada for a indústria, mais próximo da _ no eixo horizontal, as porcentagens


unidade estará o índice; e se a indústria acumuladas da mesma variável
for uniformemente distribuída, o índice para o total das classes de indústria
será igual a zero.11 por regiões (ou municípios).
O procedimento para o cálculo do O Gráfico 1 mostra uma ilustra-
coeficiente de Gini locacional é idêntico ção da Curva de Localização usando,
ao do coeficiente de Gini tradicional e como exemplo, o emprego como variá-
bastante simples. Primeiro, é preciso or- vel-base e calculando o coeficiente de
denar as regiões (ou municípios) de for- Gini locacional para um determinado se-
ma decrescente de índice de especiali- tor no Estado de São Paulo.
zação (QL), a partir da definição de uma As inclinações dos segmentos de
variável-base (emprego, produção, valor linha reta das curvas de localização equi-
agregado). A partir daí é possível cons- valem aos índices de especialização das
truir a curva de localização (ou curva de diversas regiões (ou municípios) nos res-
Lorenz) para cada um dos setores da in- pectivos setores. Por definição, o coefici-
dústria de transformação, definindo cada ente de Gini locacional (GL) é a relação
um dos eixos da seguinte forma: entre a área de concentração indicada
_ no eixo vertical, as porcentagens por a, e a área do triângulo formado pela
acumuladas da variável-base (em- reta de perfeita igualdade com os eixos
prego, por exemplo) em uma de- das abscissas e das ordenadas.
terminada classe de indústria por
regiões (ou municípios);

11 No caso em que a renda média da população não apresentados pela população unidade deveria “descontar” a
população seja apresentar uniformidade, o ou, talvez com mais concentração normal e
territorialmente distribuída de índice deverá apresentar propriedade, para valores que esperada que resulta da
maneira uniforme, os valores superiores a zero. Por superem o coeficiente de Gini concentração demográfica e
municípios tiverem dimensões isso mesmo, embora o índice calculado para o produto (ou a econômica. O trabalho de
idênticas e a renda média igual de concentração deva variar renda). Uma forma de pesquisa que vem sendo
valor, então pode-se esperar entre zero e a unidade, é aproximação mais rigorosa de desenvolvido pela equipe
que o índice apresente valor esperável que o fenômeno da um índice de concentração deverá efetuar este
zero. Sempre que a concentração só possa ser (medido pelo coeficiente de procedimento na etapa
distribuição da população, o entendido enquanto tal para Gini) enquanto parâmetro subseqüente deste projeto.
tamanho dos municípios e a valores superiores aos índices variando entre zero e a

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48 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

Gráfico 1_ Curva de localização e área de concentração utilizada para o cálculo do Gini locacional

Participação Acumulada do emprego formal no Setor I da


Indústria de Transformação Paulista a

0 1
Participação Acumulada do emprego formal da Indústria de
Transformação Paulista

a econômica. Se o coeficiente GL dessa


Isto significa que GL = = 2a ;
0 ,5 atividade estiver próximo de 1, pode-se
uma vez que a está compreendido entre inferir que existe nessa atividade um ele-
0 £ a £ 0 ,5, tem-se 0 £ GL £ 1. Desta vado grau de concentração geográfica,
forma, quanto mais próximo de 1 (um), que pode se configurar como um (ou
mais concentrado territorialmente (neste mais de um) sistema local de produção.
caso, em termos de microrregiões ou Neste sentido, o coeficiente GL pode
municípios) é o setor, e vice-versa. contribuir para mapear a distribuição es-
pacial da atividade econômica em uma
determinada área geográfica (um estado
2_ Apresentação dos resultados ou o país).
Neste trabalho, o coeficiente GL
2.1_ Coeficiente de Gini locacional foi calculado para a indústria de cou-
O coeficiente de Gini locacional, como ro/calçados do Estado de São Paulo, a
se vê, pode representar um importante partir dos dados por municípios. Os re-
instrumento de análise de concentração sultados são apresentados na Tabela 1 a
geográfica de uma determinada atividade seguir.

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Tabela 1_ Coeficiente de Gini locacional (GL) para as classes da Indústria de Couro e Calçados no Estado de São Paulo – RAIS e PIA – 1998

RAIS 1998 PIA 1998


Valor da
Classe CNAE – Indústria de Couro e Calçados Pessoal Receita líquida
Emprego Estabelecimentos transformação
ocupado de vendas
industrial
CLASSE 19100 – Curtimento e outras preparações
0,9572 0,8803 0,5481 0,5453 0,7274
de couro
CLASSE 19216 – Fabricação de malas, bolsas, valises
e outros artefatos para viagem, 0,6830 0,5088 0,6574 0,4972 0,6311
de qualquer material
CLASSE 19291 – Fabricação de outros artefatos
0,6491 0,5873 0,5273 0,4579 0,4798
de couro
CLASSE 19313 – Fabricação de calcados de couro 0,9312 0,8733 0,6360 0,5275 0,6246
CLASSE 19321 – Fabricação de tênis
0,9697 0,8813 0,7549 0,6177 0,7322
de qualquer material
CLASSE 19330 – Fabricação de calcados de plástico 0,9697 0,9538 0,6913 0,5928 0,6468
CLASSE 19399 – Fabricação de calcados
0,9252 0,7589 0,7825 0,6094 0,7816
de outros materiais
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE e da PIA/IBGE.

Os elevados valores dos coefici- dustrializadas, o coeficiente de Gini lo-


entes GL da indústria de couro/calçados cacional tende a ser elevado em muitas
12 Resultados interessantes
serão obtidos provavelmente no Estado de São Paulo indicam que há das indústrias que estão presentes nes-
quando da comparação de forte concentração espacial da produção tas regiões. Em contrapartida é pouco
coeficientes de Gini desta indústria no Estado. Todavia, a provável, de modo geral, que sejam en-
Locacional para os mesmos essa conclusão geral diversas mediações contrados coeficientes muito baixos ou
setores industriais em dois
momentos do tempo. Por devem ser realizadas. próximos de zero. De qualquer modo,
meio dessa análise, será Primeiro, como a indústria pau- os coeficientes GL da indústria de cou-
possível adicionar elementos lista é fortemente concentrada na Re- ro/calçados no Estado de São Paulo,
importantes ao debate sobre o gião Metropolitana e seus arredores, que bastante próximos da unidade, ofere-
processo de desconcentração
industrial nos anos 90.
abarcam as regiões de Campinas, Soro- cem indícios inegáveis de forte concen-
Ver, também a nota caba, São José dos Campos e a Baixada tração geográfica da produção.12
metodológica anterior (11). Santista, que também são bastante in-

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50 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

A segunda observação diz respei- bases de dados, confirma-se o que já foi


to a uma diferença importante entre as mencionado: os elevados coeficientes de
duas bases de dados utilizadas e seus re- Gini locacionais da indústria de couro/
flexos sobre os resultados do cálculo dos calçados do Estado de São Paulo indicam
coeficientes GL. Como se vê, pela Ta- seguramente uma forte concentração es-
bela 1, os coeficientes GL calculados com pacial da produção. Tal concentração é
base nos dados de emprego da RAIS são, verificada nas atividades de transforma-
em todos os casos, superiores aos que fo- ção do couro e na fabricação de calçados
ram calculados com base no pessoal ocu- (de couro, tênis, de plástico e de outros
pado do estrato certo da PIA. Essa dife- materiais), e é na fabricação de calçados
rença se torna particularmente importante que podem ser encontrados importantes
na classe relativa à fabricação de calçados sistemas locais de produção. Nas outras
de couro (19313). A razão desta diferen- classes de indústrias analisadas, relaciona-
ça reside justamente no fato que mais in- das com a fabricação de artefatos de cou-
teressa a este estudo: a base que incor- ro, os coeficientes de Gini locacionais
pora as pequenas empresas (a RAIS) apresentam valores menos elevados, jus-
apresenta coeficientes mais elevados exa- tamente porque não se verificam aglome-
tamente por incluir pequenos produtores rações relevantes de empresas especifica-
cuja presença é muito comum em siste- mente produtoras de artefatos de couro.13
mas locais de produção, o que não ocor- Ressalve-se, porém, que o coefici-
re na base de dados do estrato certo da ente de Gini locacional, por ser um indi-
PIA. Como aponta a literatura acerca dos cador de concentração espacial de um
clusters industriais, uma de suas principais setor ou atividade, não é capaz de mos-
características é o freqüente surgimento trar quais são as regiões e municípios em
de novas (em geral micro e pequenas) em- que se verifica essa concentração. Para 13 Vale observar que um
presas como spin-offs de empresas locais isto é necessário utilizar as informações coeficiente de Gini locacional
em virtude da maior incidência de trans- do índice de especialização (QL), que entre 0,6 e 0,7 representa um
bordamentos (spill-overs) de capacitações permitem identificar e delimitar geografi- valor elevado, porém deve-se
lembrar da ressalva já feita de
e conhecimentos especializados nesses camente as regiões ou municípios onde que a distribuição espacial da
clusters ou sistemas locais de produção. se encontram aglomerações de empre- atividade industrial no Estado
Portanto, apesar das diferenças sas, ou sistemas locais de produção, da de São Paulo está muito longe
nos resultados obtidos a partir das duas indústria espacialmente concentrada. de ser uniforme.

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2.2_ Identificação dos “clusters” Neste sentido, podem ser considerados


ou sistemas locais de produção sistemas produtivos locais importantes
Para a identificação das aglomerações de aqueles localizados em regiões que apre-
empresas foram utilizados os quocientes sentam simultaneamente QLs elevados
locacionais (QL), calculados com base na e alta participação relativa no emprego
variável emprego da base de dados da da respectiva classe de indústria no Es-
RAIS. Para cada uma das classes da in- tado de São Paulo.
dústria de calçados analisadas neste tra- A Tabela 2 apresenta os dados do
balho, para as quais o coeficiente de Gini QL para as microrregiões mais impor-
locacional indicou forte concentração tantes da indústria de couro/calçados,
geográfica da produção, foram seleciona- segundo classes CNAE da indústria. Os
das as microrregiões com maiores QLs, dados foram ordenados pela participa-
mostrando a importância da classe in- ção de cada microrregião no total do
dustrial em questão em relação à estrutu- emprego em cada classe. Verifica-se que
ra produtiva da região. Ou, de outro três microrregiões se destacam: Franca,
modo, o QL é utilizado para mostrar Birigui e Jaú. O elevado QL conjugado
quais são as regiões em que uma dada ao número de empregos formais e de es-
classe industrial é mais importante relati- tabelecimentos nestas três microrre-
vamente à estrutura produtiva local. giões permite afirmar que se configuram
A análise com base nos quocien- como as três mais importantes aglome-
tes locacionais merece cuidado redobra- rações de empresas da indústria de cal-
do quando se tratam de regiões muito çados do Estado de São Paulo. Além
pouco importantes em termos industri- disso, é possível observar também al-
ais, o que significa que têm uma estrutu- guns encadeamentos locais “para trás”,
ra produtiva bastante simples, com pou- especialmente em termos do forneci-
cas empresas. Nestas regiões, o QL ten- mento da principal matéria-prima utili-
de a superestimar qualquer concentra- zada na indústria de calçados, as ativi-
ção (por menos relevante que seja). Para dades de curtimento. E também, em al-
solucionar este problema, os dados do guns casos, o desenvolvimento de algu-
QL foram conjugados, neste trabalho, mas atividades que têm sinergia com a
com o peso relativo da microrregião no fabricação de calçados, como a produ-
total do emprego da classe de indústria. ção de artefatos de couro.

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52 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

Tabela 2_ Microrregiões geográficas mais importantes em cada classe de indústria, ordenadas pela participação no total
do emprego na respectiva classe da indústria de couro/calçados no Estado de São Paulo – RAIS – 1998

MR com maior Participação


Classe CNAE da Indústria de Transformação participação Q.L. relativa Emprego Estabelecimentos
em emprego na classe (%)
Franca 22,0 23,8 1.107 26
CLASSE 19100 – Curtimento e outras preparações
Birigui 9,9 10,6 493 6
de couro
Jaú 6,3 7,8 365 45

CLASSE 19216 – Fabricação de malas, bolsas, valises São Paulo 1,4 54,1 1.923 157
e outros artefatos para viagem Osasco 2,8 10,6 376 6
de qualquer material Franco da Rocha 21,4 10,5 372 2
São Paulo 1,1 42,8 1.583 175
CLASSE 19291 – Fabricação de outros artefatos
Jaú 7,5 9,44 346 68
de couro
Lins 17,9 5,7 219 3
Franca 53,2 57,4 11.271 927
CLASSE 19313 – Fabricação de calcados de couro Jaú 12,6 15,7 3.091 172
Birigui 7,2 7,7 1.505 51
Birigui 57,1 60,8 2.437 24
CLASSE 19321 – Fabricação de tênis
Sorocaba 3,4 14,5 582 2
de qualquer material
Moji-Mirim 5,0 5,4 218 1
Birigui 81,5 86,8 2.194 56
CLASSE 19330 – Fabricação de calcados de plástico São Paulo 0,3 10,9 277 7
Araçatuba 4,3 2,1 53 2
Birigui 52,6 56,0 4.643 78
CLASSE 19399 – Fabricação de calcados
Moji das Cruzes 3,7 10,0 830 6
de outros materiais
Franca 8,9 9,6 800 12
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/MTE e da PIA/IBGE.

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Portanto, os dados mostram cla- mas de produção, cada um com carac-


ramente a existência destes três siste- terísticas próprias e maior ou menor
mas locais de produção de calçados e grau de integração das respectivas ca-
oferecem indicações sobre a estrutura e deias produtivas. A seção seguinte pro-
a especialização da produção local. cura destacar os dados e informações
Estas indicações quantitativas serviram mais relevantes em cada caso para de-
de base para orientar a realização de monstrar esta comprovação.
pesquisas de campo nos três locais de
modo a captar as características de cada
sistema local destacadas na Introdução: 3_ Breves comentários
história e condições iniciais, evolução, sobre os sistemas locais
extensão territorial, organização insti- de produção identificados
tucional, contextos sociais e culturais, Os três sistemas locais de produção fo-
estrutura de produção e abrangência da ram objeto de pesquisas de campo com
cadeia produtiva (extensão da divisão aplicação de questionários e realização
de trabalho, tamanho das unidades in- de entrevistas. Os três têm algumas ca-
dividuais de produção, grau de cone- racterísticas comuns como, por exem-
xão entre as unidades), inserção nos plo, situarem-se em cidades de porte
mercados interno e internacional, es- médio, origem relativamente recente,
truturas de governança presentes no contextos sociais com menos proble-
sistema (coordenação das relações de mas que as áreas mais industrializadas
poder entre as empresas), associativis- do Estado. Nos três há um montante
mo, cooperação entre agentes, formas expressivo de emprego na fabricação
de aprendizado e disseminação do co- de calçados, bem como em outras eta-
nhecimento especializado local. Entre- pas da cadeia produtiva, como curti-
tanto, não cabe apresentar aqui o relato mento e preparação de couro, e em
completo de tais estudos de casos. Para atividades correlatas e de apoio, princi-
os propósitos deste trabalho, o que im- palmente fornecedores de componen-
porta é enfatizar que as pesquisas de tes, insumos químicos, embalagens e
campo efetivamente comprovaram a máquinas e equipamentos para calça-
existência naqueles locais de três siste- dos (Tabela 3).

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54 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

Tabela 3_ Índice de especialização (QL) e participação no emprego dos três mais importantes sistemas locais de produção
da indústria de couro/calçados do Estado de São Paulo – Microrregiões geográficas de Franca, Birigui e Jaú – RAIS – 1998

Franca Birigui Jaú


Classes CNAE – indústrias de couro, calçados Participação Participação Participação
e correlatas Q.L. relativa na QL relativa na QL relativa na
classe (%) classe (%) classe (%)
CLASSE 19100 – Curtimento e outras preparações
22,06 23,8 9,94 10,6 6,29 7,8
de couro
CLASSE 19216 – Fabricação de malas, bolsas, valises
e outros artefatos para viagem, 2,82 3,0 2,30 2,4 0,23 0,3
de qualquer material
CLASSE 19291 – Fabricação de outros artefatos
5,25 5,7 0,46 0,5 7,51 9,4
de Couro
CLASSE 19313 – Fabricação de calçados de couro 53,21 57,4 7,19 15,7 12,62 7,7
CLASSE 19321 – Fabricação de tênis
4,75 5,1 57,09 60,8 0,12 0,1
de qualquer material
CLASSE 19330 – Fabricação de calçados de plástico – – 81,52 86,8 – –
CLASSE 19399 – Fabricação de calçados
8,95 9,6 52,56 56,0 4,49 5,6
de outros materiais

Atividades correlatas

CLASSE 29645 – Fabricação de máquinas


e equipamentos para as indústrias 31,11 33,5 2,69 2,9 0,33 0,4
do vestuário e de couro e calçados
CLASSE 24910 – Fabricação de adesivos e selantes 8,93 9,6 – – – –
CLASSE 25194 – Fabricação de artefatos
6,06 6,5 0,62 0,7 0,13 0,2
diversos de borracha
CLASSE 18210 – Fabricação de acessórios
6,08 6,6 0,22 0,2 0,69 0,9
do vestuário
Fonte: Elaboração própria com base nos dados da RAIS/TEM e da PIA/IBGE.

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Mas são antes as diferenças que as sumos e componentes não se restringe à


características comuns que marcam cada cidade de Franca, espalhando-se por di-
caso. O que se faz a seguir é especificar versos pequenos municípios que a cer-
os contornos gerais de cada um dos três cam, como Restinga, Patrocínio Paulista,
sistemas, destacando dados e informa- Pedregulho, entre outros.
ções sobre produção, especialização, em- Dentre as três regiões seleciona-
prego, organização industrial, inserção nos das, a de Franca é a que apresenta a estru-
mercados, instituições locais e outras. tura produtiva mais completa. Possui um
elevado índice de especialização nas ati-
3.1_ O sistema local de produção vidades de fabricação de calçados de
de calçados masculinos de couro couro (QL de 53,2), que geram um total
de Franca de 11.271 empregos formais nessa classe
A cidade de Franca tem cerca de 290 mil (RAIS, 1998). O número total de empre-
habitantes e está situada na Região Nor- gos formais na indústria de calçados local
deste do Estado, no eixo da Rodovia é estimado em cerca de 20.000. Entretan-
Cândido Portinari. É o maior pólo pro- to, há também um grande número de
dutor de calçados do Estado e o segundo trabalhadores informais nas chamadas
maior do país, com cerca de 360 empre- bancas de pesponto.
sas de pequeno, médio e grande portes.14 Pode-se perceber também que, no
É altamente especializada na produção caso de Franca, os encadeamentos pro-
de calçados masculinos de couro. A aglo- dutivos locais “para trás” são muito ex-
meração de produtores de calçados, in- pressivos, como demonstra a presença
local de atividades de processamento do
14 Vale notar a diferença da RAIS provavelmente couro, que apresentam um QL de 22,1 e
existente entre o número de incluem as “bancas de um total de 1.107 empregos formais
empresas produtoras de pesponto”, que são unidades
calçados normalmente de prestação de serviços às
(RAIS, 1998), bem como de outras ativi-
divulgado pelos organismos empresas em uma etapa dades ligadas à cadeia couro/calçados,
locais (como sindicato específica da produção de tais como produção de insumos (adesi-
patronal, associação comercial calçados, o pesponto e a vos e selantes), componentes (solados e
e prefeitura), em torno de 360, costura manual, mas que se
e os dados da RAIS, que conta auto-classificam como
outros) e acessórios para calçados em ge-
927 estabelecimentos. A razão empresas fabricantes de ral, inclusive para fabricação de tênis e
dessa diferença é que os dados calçados. calçados de outros materiais que não-

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56 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

couro. Verifica-se também a presença de ca do Governo do Estado de São Paulo –


algumas empresas importantes produto- voltada à prestação de serviços de testes
ras de máquinas e equipamentos para a laboratoriais e certificação de calçados e
fabricação de calçados, que surgiram e componentes e uma unidade do SENAI
cresceram por meio do atendimento das voltada ao treinamento e formação de téc-
necessidades dos produtores locais e nicos em calçados em nível médio e de
atualmente vendem seus produtos para aprendizagem industrial.
outras regiões do país e também para o
mercado externo. 3.2_ O sistema local de produção
Franca atende uma grande parte da de calçados infantis de Birigui
demanda interna de calçados masculinos Birigui é uma cidade de aproximadamen-
de couro, mas tem também uma expressi- te 95 mil habitantes situada no Noroeste
va participação no mercado externo, com do Estado de São Paulo, no eixo da rodo-
exportações de cerca de US$ 140 milhões via Marechal Rondon. Concentra cerca
em 2001, aproximadamente 8% do total de 250 empresas fabricantes de calçados,
das exportações brasileiras de calçados. componentes e matérias-primas para cal-
Porém, a forma de inserção dos produto- çados que em 2000 geravam em torno de
res locais no mercado internacional é su- 18.500 empregos diretos (formais e in-
bordinada. As grandes empresas expor- formais), constituindo o segundo maior
tadoras se dizem “compradas”, no senti- pólo produtor de calçados do Estado,
do de que agentes exportadores, agindo depois de Franca. Sua área de influência
em nome de grandes redes de comprado- abrange vários municípios menores ao
res internacionais, principalmente dos redor, entre os quais Coroados, Gabriel
EUA, impõem suas condições e até mes- Monteiro, Bilac, Duas Barras e Glicério.
mo o preço dos produtos. A estrutura da indústria local com-
Franca dispõe também de uma põe-se predominantemente de micro/pe-
ampla infra-estrutura institucional com- quenas e médias empresas, embora 7 em-
posta por associações de classe e organis- presas de maior porte concentrem mais
mos de apoio à indústria. Entre estas ou menos 40% da capacidade de produ-
instituições destacam-se o sindicato local ção. O pólo é altamente especializado em
da indústria (o Sindifranca), uma unidade calçados infantis, fabricados principal-
do IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológi- mente com materiais sintéticos. Sua evo-

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lução recente mostra forte dinamismo e QL de 9,9 e gera 493 empregos diretos em
sua produção destina-se quase toda ao apenas 6 estabelecimentos. É significativa
mercado interno. Entretanto, as exporta- também a produção local de alguns com-
ções (6,3% da produção em 2000) vêm ponentes mais simples como enfeites e
crescendo, especialmente para os países apliques para calçados. Porém, outros
do Mercosul, América Latina em geral, segmentos da cadeia produtiva são prati-
EUA e Europa.15 camente inexistentes no local, já que a ma-
Os quocientes locacionais indi- ior parte das matérias-primas (de origem
cam que o sistema local de produção de química) e componentes vem de outras
Birigui concentra sua produção de calça- regiões, inclusive de outros sistemas locais
dos infantis em três classes da indústria de produção como Franca, Jaú e o Vale
de calçados: dos Sinos (RS).
_ fabricação de tênis, que apresenta Uma característica importante do
sistema local de Birigui é o forte associa-
um QL de 57,1 e um total de
tivismo e a cooperação entre os agentes e
2.437 trabalhadores empregados
as instituições locais. Com apoio de ór-
(RAIS, 1998);
gãos do Governo Federal e participação
_ fabricação de calçados de plásti-
de associações de classe locais, os produ-
co, Com QL de 81,5 e 2.194 tra-
tores locais vêm se associando para am-
balhadores;
pliar sua participação no mercado inter-
_ fabricação de calçados de outros
nacional e para criar canais próprios de
materiais, com QL de 52,6 e um
acesso a informações estratégicas sobre
total de 4.643 empregados. mercados, tendências de moda e estilos,
Os encadeamentos produtivos para tecnologias de produto, processo e design
trás são menos expressivos em Birigui, (Suzigan et al., 2002).
embora não deixem de ser significativos
15 Dados e informações de
em comparação com o porte do sistema 3.3_ O sistema local de produção
fontes locais, principalmente
do Sindicato da Indústria de local e em razão do fato de que a maior de calçados femininos de Jaú
Calçados e Vestuário de parte da produção local de calçados utiliza A cidade de Jaú tem cerca de 120.000 ha-
Birigui, e de pesquisa direta materiais sintéticos não produzidos local- bitantes e situa-se na região central do
nas empresas no âmbito do
mente entre outras razões por falta de es- Estado de São Paulo, entre as Rodovias
projeto de pesquisa apoiado
pelo CNPq, citado no início cala. A classe de curtimento e preparação Washington Luiz e Marechal Rondon.
deste trabalho. de couros, por exemplo, apresenta um Sua região de influência econômica inclui

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58 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

vários outros municípios menores, entre correlatas e de apoio. Parte importante


os quais Barra Bonita, Dois Córregos, dos insumos, tanto couro quanto insu-
Mineiros do Tietê, Bocaina e Bariri. mos químicos, e das máquinas e equipa-
O sistema local de Jaú, embora mentos utilizados pelas empresas locais é
menor que os de Franca e Birigui, é bas- proveniente de outras regiões, notada-
tante expressivo. É especializado em cal- mente dos dois pólos produtores mais
çados femininos de couro e de outros importantes (Franca e Vale do Rio dos
materiais. Isto, apesar de dar ao pólo de Sinos). A exceção é a fabricação de em-
Jaú uma característica única na indústria balagens para calçados, especialmente de
de calçados do Estado, coloca-o, por ou- caixas de papelão, cuja produção se de-
tro lado, em concorrência direta com o senvolveu localmente em sinergia com a
maior e mais eficiente cluster [na verda- produção de calçados e se tornou for-
de um “super cluster ” na expressão de necedora de outros pólos da indústria de
Schmitz (1995)] da indústria de calçados calçados, inclusive do Rio Grande do Sul
do Brasil: o Vale do Rio dos Sinos (RS). e do Nordeste.
O sistema local de produção de Jaú O associativismo e a cooperação
reúne cerca de 200 empresas fabricantes são características também presentes no
de calçados e componentes, a grande mai- sistema local de Jaú. Duas iniciativas cha-
oria das quais é composta por micro e pe- mam a atenção, ambas organizadas e es-
quenas empresas. Estas empresas geram timuladas pelo sindicato patronal local
um total aproximado de 10.000 empregos com apoio de órgãos públicos locais e do
formais e informais, inclusive bancas de Governo Federal. A primeira visou a ins-
pesponto. A classe de indústria mais im- talação de um laboratório para a presta-
portante é a de fabricação de calçados de ção de serviços aos produtores na área de
couro (QL de 12,6) que, segundo a RAIS, testes e certificação de produtos e mate-
emprega 3.091 trabalhadores. Produz prin- riais e de um centro de design. A segunda
cipalmente para o mercado interno, mas procurou congregar um número signifi-
duas das empresas de maior porte são ex- cativo de empresas locais, com apoio da
portadoras regulares. APEX, para organizar um consórcio de
Outras atividades ligadas à cadeia exportação. Este é um aspecto que pode
produtiva couro/calçados são menos fazer a diferença na evolução do sistema
importantes, assim como as atividades local de produção.

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4_ Considerações finais ção e grau de integração da cadeia produ-


Este trabalho procurou apresentar uma tiva local, especialização produtiva, in-
metodologia específica para identificar e serção nos mercados interno e interna-
delimitar geograficamente sistemas loca- cional, organização institucional, associa-
is de produção, com uma aplicação à in- tivismo e cooperação entre os agentes
dústria de calçados do Estado de São locais. Esta caracterização comprovou os
Paulo. A elaboração de coeficientes de resultados obtidos a partir da metodologia
Gini locacionais a partir dos dados da aplicada, confirmando a existência dos três
RAIS/MTE e da PIA/IBGE por muni- sistemas locais de produção, com graus
cípios permitiu verificar quais classes da variados de integração da cadeia produti-
indústria são mais concentradas espacial- va, de articulação entre os agentes locais,
mente. Para estas classes, visando identi- e de organização institucional. Há muitas
ficar sistemas locais de produção, foram características comuns, mas as marcadas
utilizados quocientes locacionais por mi- diferenças entre os sistemas reforçam a
crorregiões do Estado. Os dados sobre convicção de que outros estudos de ca-
QL foram conjugados com outros sobre sos, orientados a partir de critérios meto-
participação relativa da microrregião no dológicos como os que foram utilizados
total do emprego da classe e número de neste trabalho, podem ser de grande uti-
estabelecimentos. lidade para fins de políticas públicas de
Os resultados apontaram, de mo- apoio a tais sistemas.
do inequívoco, a existência de três im-
portantes sistemas locais de produção de
calçados no Estado: Franca, Birigui e Jaú.
Com base nestes resultados, e em pesqui-
sas de campo realizadas nos três sistemas
locais com aplicação de questionários e
visitas a empresas e instituições, os três
sistemas locais foram resumidamente ca-
racterizados em termos de: tamanho e lo-
calização, população, abrangência terri-
torial, número de empresas, número de
empregos gerados, estrutura da produ-

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60 Coeficientes de Gini locacionais (GL)

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n ova Economia_Belo Horizonte_13 (2)_39-60_julho-dezembro de 2003

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