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POLÍCIA MILITAR - 4º COMANDO REGIONAL

1º BATALHÃO DE POLICIIA MILITAR - NÚCLEO DE ENSINO


CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS - 2022-2023
1ºPELOTÃO

DESASTRES AMBIENTAIS: VENDAVAIS E O DESLIZAMENTO NA BR 376


DEFESA CIVIL

Ponta Grossa
2022
MAYSA MARIA HELMANN DE BULHÕES
NOEL BORBA NETO
LINDSAY NOWAK
MAÍRA LOUISE CARZINO LEITE
AMANDA NUNES STEFANIAK

DESASTRES AMBIENTAIS: VENDAVAIS E O DESLIZAMENTO NA BR 376


DEFESA CIVIL

Produção textual de pesquisa em Grupo


apresentado ao Curso de Formação de Praças
PMPR como requisito parcial de aprovação na
disciplina: Defesa Civil.
Instrutor: 2º Sgt qpm 2-0 Cícero Furquim de
Camargo
4º CRPM – 1ºBPM.

Ponta Grossa Pr
2022
1 VENDAVAIS

O crescimento populacional, o constante contato do homem com a bens naturais, a


industrialização e o desordenamento ocupacional são fatores contribuintes para a
geração de efeitos adversos na natureza. Isso ocorrendo, geram-se os desastres
naturais, que afetam as atividades humanas e têm ocorrido com maior frequência nos
últimos anos. Segundo PINHEIRO (2021),
Desastres naturais estão relacionados diretamente à vulnerabilidade e ao risco de
um lugar (local). Quanto maior a vulnerabilidade da população, maior o desastre.
A ocorrência do evento, combinada com a condição de vulnerabilidade local dará
origem a “proporção” do desastre. (PINHEIRO, 2021, p. 12)

Nesse sentido, dentre os inúmeros exemplos de desastres, podem-se citar os


vendavais, que consistem em desastres meteorológicos e que são deslocamentos
violentos de massa de ar, os quais podem variar de 88 a 102 km/h, segundo
especialistas, que também afirmam que isso se dá devido às diferenças no gradiente de
pressão atmosférica. Ademais, tais eventos podem ser acompanhados de tempestades.
De acordo com PINHEIRO (2021), “a passagem de sistemas frontais (frentes frias),
formação de sistemas convectivos (tempestades de verão), ciclones extratropicais, entre
outros, [também] podem ocasionar vendavais”. (Ibidem, p. 29).
Segundo Ferentz e Fonseca (2020), “os vendavais variam conforme as estações do
ano, quando alguns sistemas atmosféricos são mais frequentes e intensos”, (p. 63) e
passam a apresentar impactos para as populações no momento em que a velocidade do
vento ultrapassa 75 km/h, pois é quando casas mais frágeis são destelhadas, árvores e
postes podem ser derrubados e plantações podem ser danificadas. Nesse aspecto,
escalas foram criadas para que se possam mensurar os impactos causados por tal
fenômeno e para que monitoramentos sejam realizados, a fim de que se mitiguem os
desdobramentos negativos decorrentes das ocorrências desse desastre.
No Brasil, em geral, a maior incidência desse fenômeno está no estados do Sul e do
Sudeste, entretanto ocasionamente tal atividade natural pode acontecer nas demais
regiões brasileiras. Em se tratando da região sul, os meses em que mais se observam
ocorrências de vendavais são os que compreendem a primavera, já na região Sudeste,
apresentam-se eventos de vendavais nos meses de verão.
Nesse âmbito, pode-se citar como exemplo de tal situação os ventos fortes e chuvas
que atingiram o estado do Paraná no mês de outubro deste ano. Conforme noticiado pela
AEN – PR, no dia 29 de outubro de 2022, ventos de até 100 km/h atingiram a região
norte do estado, enquanto ventos de até 70 km/h foram observados em outras regiões.
Segundo a agência, cerca de 28 mil residências ficaram sem energia elétrica e foram
registrados mais de 1.600 ocorrências para atendimento. Ainda, mais de 7 postes de
energias foram derrubados devido aos fortes ventos, bem como três torres de
transmissão foram ao chão, o que gerou transtornos à população.
No mesmo contexto, segundo especialistas e pesquisadores, que citam a CEPDEC,
no estado do Paraná os vendavais correspondem a um dos desastres naturais mais
recorrentes e que geram grandes impactos e prejuízos à sociedade (Ibidem, p.68), e isso
se dá, geralmente, nos municípios mais populosos e seus arredores, sobretudo nas
regiões Sudoeste e Noroeste (LIMA JR., 2009; FINOTTI, 2010, apud FERENTZ e
FONSECA, 2020).

2 DESLIZAMENTO NA BR 376

Eventos naturais ou provocados pelo homem tem a capacidade de afetar


diretamente a sociedade, trazendo riscos patrimoniais e de vida. Dessa forma, um
processo ou evento ocasionado pela natureza pode se tornar um desastre ao provocar
perdas humanas ou impactar de alguma forma o local em que uma comunidade vive. A
International Strategy for Disaster Reduction (ISDR) apud Santa Catarina ([201-] p. 9)
define desastre como: “Séria interrupção no funcionamento de uma comunidade ou
sociedade, com impactos sobre pessoas, bens, economia e meio ambiente que excede a
capacidade dos afetados para lidar com situação mediante o uso de seus próprios
recursos”.
Dentre tais eventos naturais, encontram-se os “movimentos de massa”, termo
mais abrangente, que envolve fenômenos como deslizamento, como rastejos, quedas e
corridas. Para a Secretaria Nacional de Defesa Civil (2003), deslizamento é “um
fenômeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos, como solos, rochas,
vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados de
“encostas”, “pendentes” ou “escarpas”. Tominaga, Santoro e Amaral (2009, p. 27)
explicam que “os escorregamentos, também conhecidos como deslizamentos, são
processos de movimentos de massa envolvendo materiais que recobrem as superfícies
das vertentes ou encostas, tais como solos, rochas e vegetação”
Segundo Bandeira (2003) apud Brito (2013, p. 24), a classificação dos
deslizamentos: […]
baseia-se no tipo de movimento e no tipo de material transportado pelas encostas.
Os materiais são classificados como rocha (rock), solos (earth) e detritos (debris),
enquanto os movimentos são classificados em quedas (falls), tombamentos
(topples), escorregamentos (slides), espalhamentos (spreads),
corridas/escoamentos (flows).

Na tarde do dia 28 de novembro, a terra da encosta se desprendeu na altura do


km 669 na rodovia, próximo ao município de Guaratuba (PR), a 120 km de Curitiba. O
fato ocorreu aproximadamente às 15h20, deixando uma das pistas intransitável. O fluxo
continuou em apenas uma pista, e então às 19h20 do mesmo dia ocorreu um
delizamento que cobriu cerca de 200 metros da pista. Veículos que estavam no local
foram levados. A estimativa era que cerca de 15 carros e 6 caminhões foram arrastados
pela lama. Estimava-se também, que cerca de 30 pessoas estavam desaparecidas por
conta do desastre. Passados quatro dias de busca, foi confirmado que todos os veículos
que ali se encontravam foram retirados do local, seis veículos pesados e três leves.
Cerca de 14 pessoas foram envolvidas no incidente, sendo dois óbitos e seis resgatadas
vivas. As outras seis conseguiram escapar sem atendimento das equipes de busca. A
PRF prestou todo auxílio, realizando bloqueios de rodovias e assim garantindo a
segurança das equipes que trabalhavam na região afetada. A Defesa Civil Estadual
prestou todo apoio, disponibilizando contatos de emergência para familiares e amigos
das vítimas, e auxiliando famílias desabrigadas. A conssecionária responsável pelo
trecho ainda afirma que haviam 14 pontos de deslizamentos em outros locais da BR-376,
e já havia empregado seus geólogos para o projeto de correção.
Utilizando a queda de barreira da BR-376 como exemplo, o geólogo e professor
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Renato Eugênio de Lima, que esteve no
local do acidente e compõs a equipe que analisou a tragédia, fundamentou que o solo
encharcado da região criou o fenômeno "peso maciço". Segundo o especialista, tal
expressão é referente ao aumento do peso das rochas e do solo devido, neste caso, à
grande quantidade de água das chuvas registradas no dia do acidente e nos dias
anteriores.
Isto é, sendo a região de Guaratuba caracterizada pela grande quantidade de
chuvas e umidade devido às montanhas, forma-se uma barreira que impede a passagem
do ar quente vindo do mar, ocasionando nuvens e precipitações e, consequentemente,
tornando a região suscetível a deslizamentos.
Segundo Corpo de Bombeiros, à época dos fatos, o deslizamento de terra teria
arrastado 15 (quinze) carros e 6 (seis) caminhões para além da rodovia, sendo
constatado dois óbitos e ao menos 30 (trinta) pessoas desaparecidas.
3 PREVENÇÃO

Deslizamentos de enconstas, como já é sabido, está associado a eventos


pluviométricos intensos e prolongados que apesar de ser um fenômeno natural, o
qual pode ocorrer em qualquer área de declividade elevada, geram vítimas. Nesse
sentido, justifica a concepção e implantação de políticas públicas municipais
específicas para a gestão de risco de deslizamentos em encostas.
Para realizar um trabalho eficiente de gestão de risco, é preciso aumentar as
possibilidades de previsão de um desastre. Medidas simples como não remover
totalmente a cobertura vegetal já existente, plantar grama ou árvores ajudam no
agregamento do solo, evitando assim seu desmoronamento, o qual se totalmente
exposto deslizaria com maior facilidades pois não haveria a “amarração” que raízes
trazem naturalmente ao solo. Além das políticas ambientais se faz necessário as
políticas públicas, as quais são fundamentais e indispensáveis para a prevenção do
deslize pois aqueles geram um grande número de vítimas fatais, principalmente em
áreas de assentamentos precários e vulneráveis como favelas.
Segundo Celso Santos Carvalho e Thiago Galvão, as políticas públicas basilares
são: “Treinamento de equipes municipais, com o objetivo de capacitar técnicos das
prefeituras para a elaboração de diagnóstico, prevenção e gerenciamento de risco;
Apoio financeiro para elaboração, pelo município, do plano de redução de risco,
instrumento que planejamento que contempla o diagnóstico de risco, as medidas de
segurança necessárias, a estimativa de recursos necessários, o estabelecimento de
prioridades e a compatibilização com os programas de urbanização de favelas e
regularização fundiária; e, Apoio financeiro para elaboração de projetos de
contenção de encostas em áreas de risco consideradas prioritárias nos Planos
Municipais de Redução de Riscos”.
Portanto, podemos concluir que a prevenção dos deslizamentos vem de uma
auto consciência social de preservação do meio ambiente, assim como de
investimentos públicos para melhora da urbanização.
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERENTZ, L. M. S.; FONSECA, M. N. Ocorrência de Vendavais no Estado do Paraná:


um panorama entre 2013 e 2017. In: Revista Nacional de Gerenciamento de cidades,
v.08, n. 57, 2020, p. 62-72. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Murilo-
Noli-Da-Fonseca/publication/
340366663_Occurrence_of_gales_in_the_State_of_Parana_a_panorama_between_2013
_and_2017_-
_Ocorrencia_de_Vendavais_no_Estado_do_Parana_um_panorama_entre_2013_e_2017
/links/5e88fd46a6fdcca789f49177/Occurrence-of-gales-in-the-State-of-Parana-a-
panorama-between-2013-and-2017-Ocorrencia-de-Vendavais-no-Estado-do-Parana-um-
panorama-entre-2013-e-2017.pdf > acesso em 13, dez. 2022

FINOTTI, E.; SANTOS, D. C. Análise de Ocorrência de Vendavais no Rio Grande do


Sul. Revista Ciência e Natura, Santa Maria. Edição Esp. Dez. 2013, p. 603 – 607.

PINHEIRO, M. T. Climatologia de desastres naturais na região das missões do rio


grande do sul: vendaval e granizo. Disponível em:
https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/5274/1/PINHEIRO.pdf acesso em 14, dez. 2022

TOMINAGA, Keiko Lídia; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela (orgs). Desastres


naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 1ª edição, 2009. 197
p.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Defesa Civil. Gestão de risco de


desastres. ([201-]). Disponível em: Acesso em: 16 dez. 2022.

TOMINAGA, Lídia Keiko. Avaliação de Metodologias de Análise de Risco a


Escorregamentos: Aplicação de um Ensaio em Ubatuba, SP. 2007. 220 f. Tese (Pós-
graduação em Geografia Física), Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, 2007.
Disponível em: . Acesso em: 16 dez. 2022.

BRITO, Gilmar Gonçalves de. Modelo de monitoramento de deslizamento de


encostas por meio de sensor multiparamétrico. 2013. 145 f. Dissertação (Mestrado
em Desenvolvimento de Processos Ambientais), Universidade Católica de Pernambuco.
Recife-PE, 2013. Disponível em: . Acesso em: 16 dez. 2022.

ESTRATÉGIA INTERNACIONAL PARA A REDUÇÃO DE DESASTRES. La Gestión de


Riesgo de Desastre Hoy. 2008. Disponível em: . Acesso em: 16 dez. 2022

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