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Segundo o Ministério da Economia, os valores da dívida da Venezuela são inscritos no
Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) da Associação Latino-Americana
de Integração (Aladi), do qual o Banco Central do Brasil é signatário. Nesse esquema de
negociação, o não pagamento implica inadimplência do banco central devedor (no caso, o
da Venezuela) com os demais bancos centrais signatários do convênio (no caso, o do
Brasil). A atualização dos valores, inclusive juros moratórios, é feita pelo Banco Central do
Brasil.
O futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já anunciou que vai
restabelecer relações diplomáticas com o governo de Maduro. Mas ainda não se sabe se o
pagamento da dívida será retomado.
No caso do BNDES, desde 1998 o banco desembolsou US$ 2,22 bilhões para operações de
apoio à exportações para a Venezuela, dos quais US$ 1,505 bilhão estavam relacionados a
serviços de engenharia exportados pelas construtoras Odebrecht (US$ 876) e Andrade
Gutierrez (US$ 631 milhões). Desse montante, a Venezuela deixou de pagar, até agora,
US$ 684 milhões, e mais US$ 122 milhões são de prestações a vencer. Com esse dinheiro
foram financiadas as seguintes obras:
Poucas dessas obras foram concluídas. De acordo com o site investigativo venezuelano
Armando Info, das construções realizadas pela Odebrecht com financiamento do BNDES
na Venezuela, apenas as linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas (capital do país) foram
entregues. Ex-executivos da empreiteira, como Marcelo Odebrecht e Euzenando de
Azevedo, disseram, em delações premiadas à Justiça brasileira, que pagaram propinas a
políticos venezuelanos para obter benefícios em obras públicas.
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Em 2015, os repasses do BNDES para as empreiteiras envolvidas em corrupção foram
suspensos e o banco estabeleceu critérios adicionais para que fossem retomados.
Além disso, a dívida da Venezuela também abarca US$ 220 milhões em exportações de
bens, de acordo com o BNDES. A Gazeta do Povo solicitou mais esclarecimentos sobre
os contratos firmados, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
O Ministério da Economia, por sua vez, informou que quatro operações de exportação de
bens à Venezuela tinham seguro do Convênio de Pagamento e Créditos Recíprocos da
Aladi: uma para a exportação de aeronaves (valor do crédito coberto: US$ 386,3 milhões,
em 2012); e três para a exportação de alimentos congelados (carne bovina, frango, pernil
suíno) e lácteos (leite em pó e margarina). O valor de crédito coberto nessas três
operações, feitas em 2015 e 2016, é de US$ 525 milhões.
O ministério informou que a exportação de aeronaves foi feita pela Embraer, tendo como
compradora a Conviasa, companhia aérea estatal venezuelana. O financiamento,
viabilizado pelo BNDES, foi acordado em 2012.
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O Ministério da Economia informou à Gazeta do Povo que, no fim de setembro, a dívida
em atraso da ditadura cubana era de US$ 268,57 milhões e 188,21 milhões de euros. O
saldo devedor ainda em aberto é de US$ 568,73 milhões e 23,45 milhões de euros, valores
referentes a parcelas que vão vencer até 2038. Parte desses valores em atraso foi
contratada para obras de ampliação e modernização do Porto Mariel, em 5 etapas,
realizadas pela Companhia de Obras e Infraestrutura, subsidiária da Odebrecht.
Além disso, o Ministério da Economia informou que os atrasos são comunicados aos foros
multilaterais competentes, como o Clube de Paris. Isso, segundo a pasta, torna mais difícil
para esses países devedores contratar programas de apoio das principais instituições
financeiras multilaterais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional
(FMI).
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