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“O mundo do escritório cinco dias por semana

acabou”, diz Larry Fink


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Em sua tradicional carta anual, enviada a lideranças globais, Larry Fink, presidente do
conselho de administração e CEO da BlackRock, defendeu que nenhuma relação foi mais
alterada pela pandemia do que aquela que sustenta os vínculos entre empregadores e
funcionários. Para Fink, acabou o mundo onde as empresas esperavam que os
trabalhadores frequentassem o escritório cinco vezes por semana, onde saúde
mental não era discutida nos locais de trabalho e onde promoções para profissionais
com rendimentos baixos e médios não ocorriam.

“À medida que as empresas se reconstroem saindo da pandemia, os CEOs encaram um


paradigma profundamente diferente do que estávamos habituados.”, diz Larry Fink

Em carta anual, CEO da BlackRock pede engajamento para capitalismo


de ‘stakeholders’

Os trabalhadores hoje exigem mais e exigem principalmente maior flexibilidade, bons


salários e trabalhos mais significativos, diz o executivo. Mas para construir este novo
mundo do trabalho, avalia o executivo, será preciso ir além de melhorar o pagamento
ou de construir modelos e culturas de trabalho mais flexíveis. É preciso olhar para o papel
do escritório, para a diversidade e inclusive para a questão geracional, num mundo onde
cinco gerações convivem já no mercado de trabalho e carregam expectativas e demandas
distintas. “Além de melhorar nossa relação com o local onde trabalhamos fisicamente, a
pandemia também evidenciou questões como igualdade racial, cuidados infantis e saúde
mental – e revelou a lacuna entre as expectativas geracionais no trabalho. Esses temas
agora são o centro das atenções dos CEOs”, escreveu.

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Larry Fink, CEO da BlackRock — Foto: Reprodução

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Olhar para essas questões é importante para criar um ambiente capaz de competir por
profissionais, diminuir a rotatividade, aumentar a inovação e os lucros, avalia o executivo.
Na carta, Fink lembra que repensar o mundo do trabalho é importante diante de um
cenário pós impacto da pandemia, com alta taxa de pedidos de demissões voluntários e
inchaço de salários. Nos Estados Unidos, por exemplo, o fenômeno das demissões (após
profissionais repensarem suas carreiras, experimentarem o trabalho remoto e a
sobrecarga de trabalho com a pandemia) vem sendo chamado de “The Great
Resignation”.

De acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA, quatro milhões de americanos
deixaram seus empregos em julho de 2021. Artigo da Harvard Business Review indica que
as demissões se concentram nos setores de tecnologia e saúde e entre funcionários de
nível intermediário, de 30 a 45 anos. No Brasil, diversos estudos apontam que
profissionais do mundo corporativo desejam modelos híbridos de trabalho e a
flexibilidade já está no topo da lista de prioridade, segundo diretores de recursos
humanos de grandes empresas. Uma pesquisa recente com 522 profissionais de gestão e
alta liderança indicou que quase metade deles gostaria de trocar de emprego em 2022.

"Flexibilidade é a palavra da vez", diz Erin Meyer, autora de 'A Regra é


não ter regras'

“Embora a rotatividade e o aumento dos salários não sejam uma caraterística de todas as
regiões ou setores, funcionários em todo o mundo querem mais de seus empregadores,
incluindo maior flexibilidade e trabalhos mais significativos”, afirma Fink. Diante desses
desafios do novo mundo do trabalho, os CEOs precisam demonstrar humildade e
permanecerem “firmes em seus propósitos”, diz Fink. Ele conclui este trecho da carta

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dizendo que a BlackRock está interessada em saber das lideranças o que elas estão
fazendo para aumentar os vínculos com empregados, em criar ambientes onde
funcionários de todas as origens se sintam seguros para inovar e produzir mais e como a
cultura da sua empresa está se adaptando a esse novo mundo. “Onde e como trabalhamos
nunca será o mesmo”, afirma Fink.

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