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Professor X.
Apresentação do Produto
1
Genosha: Nação insular situada na costa leste da África, serviu de refúgio para os mutantes até o
momento do massacre que ceifou a vida de mais de 16 milhões de mutantes. Disponível no Uncanny X-
Men #235.
² Krakoa: Ilha Mutante criada a partir de inúmeros testes atômicos realizados em sua área, alterando seu
ecossistema e lhe fornecendo consciência, podendo controlar sua fauna e flora e podendo emitir sinais
psíquicos que se interligam a ecossistemas advindos de si.
“E, se estiverem se perguntando, ‘quem esses mutantes pensam que são para
poderem ditar regras para nós?’ Nós somos o futuro. Uma inevitabilidade
evolucionária. Os verdadeiros herdeiros da Terra. Vocês foram dormir ontem
à noite acreditando que o mundo seria seu para sempre. Este era seu sonho.
E, como o meu… era uma mentira. Esta é a nova verdade: Enquanto vocês
dormiam, o mundo mudou.” (HICKIMAN; LARRAZ; GARCIA, 2019)
Em troca desse reconhecimento, Charles Xavier discretamente passa a obter grande fatia
do mercado farmacêutico mundial, visando o desenvolvimento e oferta de 3 drogas
advindas de raros tipos de flores provenientes da ilha mutante: a Droga L, que estende a
vida humana em 5 anos, a Droga M que previne doenças mentais e a Droga I, o mais
eficiente antibiótico já criado. Já para mutantes, as flores fornecem portais de
teletransporte, a criação de um habitat semelhante à Krakoa e um habitat igual ao citado
anteriormente, porém fora do sistema consciente da ilha.
Entretanto, a alçada de Xavier não foi vista com bons olhos pelos humanos
remanescentes, pelo contrário: após o genocídio de Genosha, uma pesquisa humanitária
denominada “O problema Cor-Magnon” foi feita pela personagem Alia Gregor, onde
após correção, estabeleceu-se que a proliferação mutante estava cada vez mais intensa,
podendo ter os Homo Superior como raça dominante anos antes se não pelo genocídio.
O estudo não trás boas novas: a humanidade tem cerca de 20 anos até se extinguir e em
um cenário apocalíptico, a humanidade não vê outra saída se não a ativação do
Protocolo Orquídea, uma ação conjunta entre algumas das organizações já reconhecidas
no Universo da Marvel como AIM, SHIELD, STRIKE, SWORD, Tropa Alfa,
HAMMER, ARMOR e Hydra. O objetivo dessa aliança é a reativação do Programa
Sentinelas, que embora neutralizado pelos mutantes, ainda foi capaz de causar danos
significativos por uma segunda vez.
Justificativa
Criados por Stan Lee e Jack Kirby, os X-Men surgem em Setembro de 1963,
aproximadamente um mês após um dos mais famosos discursos de Martin Luther King
durante a Marcha de Washington. A história dos mutantes que são discriminados pela
sociedade emerge como uma alegoria às minorias raciais que buscavam obtenção de
direitos nos EUA e eventualmente abrange também alusão à homofobia e perseguição
contra judeus – Erik Lensherr, o Magneto, é um sobrevivente dos campos de
concentração nazistas.
Retratados como inferiores e socialmente excluídos durante boa parte de sua história, os
X-Men agora não mais são partes de uma minoria marginalizada. Segundo dados
fornecidos após pesquisa humanitária liderada por Alia Gregor, se não pelo massacre, os
mutantes já seriam maioria entre a população terrena – o genocídio apenas atrasou essa
dominância em 20 anos.
Diante disso, a trama dos X-Men emerge mais uma vez como veículo para discussões
políticas, algo intrínseco às suas narrativas tanto quanto o próprio Gene X. Após
décadas abordando a opressão, os mutantes agora viram a mesa e abraçam sua
emancipação à luz de uma sociedade que cada vez mais empodera vozes antes
silenciadas.
Os X-Men são, talvez, os principais representantes das minorias dentro do mundo das
HQ’s e sua alteração de narrativa fornece também um vasto campo de estudos sobre o
novo caráter adotado – intrinsecamente ligado à uma extensa gama de possibilidades
acadêmicas. Dentro das Relações Internacionais, a existência de Krakoa e sua busca por
soberania emerge uma promissora exemplificação do nascimento de um Estado, sua
construção, suas capacidades e principalmente: seu caráter dentro da selva anárquica do
sistema internacional.
Embora hajam consensos significativos entre os realistas que merecem ser citados e que
poderiam ser aplicados aqui, como a anarquia do sistema, a ameaça potencial, incerteza,
busca por sobrevivência e ações racionais buscando seus próprios objetivos, focaremos
apenas em três, advindos da obra de Waltz e pilares para a Estrutura do Sistema: o
princípio ordenador, o caráter das unidades e a distribuição das capacidades.
Caráter das
Unidades
(Estados)
Distribuição das
Princípio
Capacidades
Ordenador
(Posição de
(Anárquico)
cada Estado)
Estrutura
do
Sistema
O segundo pilar é o Caráter das Unidades, ou seja, os Estados que igualmente ocupam o
Sistema Internacional e desempenham funções e tarefas semelhantes, embora não sejam
iguais em suas capacidades. Nem todos os estados podem integrar a estrutura proposta
por Waltz, mas sim os estados considerados mais “importantes” através da obtenção de
características que lhe forneçam relevância em algum aspecto - estados compreendidos
como potências tem mais influência. Essas características podem ser econômicas,
tecnológicas, demográficas, militares ou diversas outras.
O último dos pilares é a própria Distribuição das Capacidades, que diz respeito não
necessariamente a uma característica das unidades e sim da estrutura, porque define a
posição que cada estado vai ocupar, suas diferenciações funcionais e grau de
capacidades. Segundo Waltz, existem apenas dois tipos de distribuição de capacidades:
Bipolar e Multipolar, sendo a primeira preferível porquê fornece maior estabilidade e
facilidade na formação de alianças pela compreensão do inimigo em comum.
Ainda segundo Waltz, uma alteração das capacidades poderia alterar a própria estrutura
do sistema, tornando o Sistema Internacional dentro da nossa compreensão não mais
como um ambiente de apenas tensão ou constrangimentos estruturais, mas sim uma
estrutura bipolar irremediavelmente conflitiva – onde a guerra nada mais é que o único
meio possível para a sobrevivência da própria espécie.
Referencial Bibliográfico
WALTZ, Kenneth. Structural realism after the Cold War. International Security,
v.25, n.1, 2000.