Você está na página 1de 17

1

EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

Dr. Nehemias Santos

EPISTEMOLOGIA
DA PREGAÇÃO
1ª Edição@2022
São Paulo – SP.

Seminário Teológico Kerigma

BACHAREL EM TEOLOGIA 1
2
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

APRESENTAÇÃO

Para começar a nossa primeira aula, vamos nos recorrer ao texto bíblico
que está no livro do profeta Ezequiel 37:1-14. Agora vamos ver as quatro regras
básicas que usamos na pregação.

1. Vamos Ler o Texto,


2. Vamos Examinar o Texto,
3. Vamos Interpretar o Texto,
4. Vamos Aplicar o Texto.

1. Vamos Ler o Texto,


Uma boa pregação começa com uma boa compreensão do texto
escolhido para ministrar. Todavia, a compreensão do texto depende da boa
leitura que foi realizada. Então, antes do pregador (a) pregar sobre um
determinado texto, é necessário estar familiarizado com o texto, e isso; vem
através da leitura sistemática do texto. É necessário ler várias vezes o mesmo
texto, até o texto estar saltando das Escrituras para dentro do nosso coração. A
igreja que está nos ouvindo, sabe de imediato se nós lemos o texto antes ou
não.
Quando um pregador (a), demora para achar o texto, é um sinal de que
ele (a) não leu o texto. Quando um pregador (a), ao ler o texto, come as palavras,
não respeita as pontuações, é um péssimo sinal de que ele (a) não leu o texto. A
má compreensão do texto dará uma má interpretação na hora da pregação.
Portanto, é da obrigação do pregador (a), ler o texto muitas vezes. Não há
espaço para pessoas preguiçosas quando o assunto é leitura bíblica. É triste ver
um pregador (a), ou um obreiro no púlpito; totalmente despreparado (a) na hora
de ler a palavra inicial de um culto por exemplo.
Quando o Senhor Jesus foi aos confins de Decápolis (cf. Marcos 7:31-
37), trouxeram-lhe, um homem “surdo”, que “falava dificilmente”. Para curar
este homem, o Senhor Jesus tocou nos seus ouvidos e cuspindo, tocou-lhe na
língua v. 33. Este homem tinha um empecilho na língua que o dificultava falar
de maneira compreensiva. Mas, o grande problema dele estava na audição.
Quem não ouve bem, não fala bem. A cura começou pela audição v.35.

BACHAREL EM TEOLOGIA 2
3
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
Quando lemos o texto bíblico várias vezes, estamos ouvindo a voz do
Senhor pelas Escrituras Sagradas várias vezes também. Ouvir bem nos fará falar
bem. O sucesso da pregação em público depende da dedicação no secreto.
Quando lemos o livro de Esdras 7:10, lemos isso: “Porque Esdras tinha preparado
o seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumpri-la e para ensinar em Israel os seus
estatutos e os seus juízos”. Vejamos as quatros regras de Esdras para a pregação:

1. – Preparar o coração,
2. – Buscar a Lei do Senhor,
3. – Cumprir a Lei do Senhor,
4. – Ensinar a Israel as Leis do Senhor.

O sucesso na pregação depende disso. A leitura do texto várias vezes


nos fara ouvir a voz do Senhor e o Espírito Santo nos fará lembrar tudo aquilo
que nós lemos (cf. João 14:26). Não podemos nos lembrar daquilo que não
lemos. Para falarmos ao público de maneira clara e objetiva, precisamos ter
domínio do assunto a ser exposto e esse domínio dependo do tempo que
dediquei a leitura do texto. Os apóstolos pensavam assim: “Mas nós
perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (cf. Atos 6:4).
Paulo tinha essa compreensão também, inclusive ele chegou a dizer que
aqueles que dedicam ao exercício do ministério da pregação e do ensino, estão
de fato trabalhando: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por
dignos de duplicada honra, principalmente os que “trabalham” na “palavra” e
na “doutrina” (cf. 1 Timóteo 5:17). Em outra versão a palavra “trabalho” está
“fadiga” e “palavra” por “pregação” e “doutrina” por “ensino”. Uma boa
pregação ou um bom ensino, depende muito do trabalho ou fadiga dele (a)
sobre as Escrituras Sagradas.
Quando não lemos bem, não ouvimos bem e por extensão não falamos
bem (cf. 2Samuel 18:19-29).
1. – Não somos os únicos mensageiros,
2. – Tem dia que a mensagem não está conosco,
3. – Humildade para ouvir outros mensageiros,
4. – Quando não ouvimos bem, pregamos mal.

BACHAREL EM TEOLOGIA 3
4
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 4
5
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 5
6
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
2. Vamos Examinar o Texto,
Examinando o texto de Ezequiel 37:1-14, respeitando o contexto
histórico, geográfico e também profético, nós sabemos que a casa de Judá, reino
Sul, capital Jerusalém, estavam amargando os setenta anos de cativeiro
babilônio em decorrência das suas rebeldias, profetizas pelo profeta Jeremias
(cf. Jeremias 25, 29). Uma vez entendendo o sentido real do contexto do texto,
nós vamos utilizá-lo na área da pregação para pontuarmos cinco coisas
importantes no exame do texto bíblico.

1. – Ajuntando os ossos,
Os ossos são a estrutura do corpo humano. Na pregação, os ossos
representam a estrutura do sermão. Ele precisa ter:
1.1 – Uma base Bíblica, pois toda mensagem precisa emanar da bíblia.
a). – Exegese: Interpretação de um texto, extraído da Bíblia.
b). – Eisegese: Interpretação de um texto, atribuindo ideias do pregador.
c). – Mensagem Extra Bíblica.
d). – Mensagem Anti Bíblica.

1.2 – O Sermão precisa ter começo, meio e fim.


a). – Introdução.
b). – Título ou Tema central.
c). – Corpo do Sermão e seu desenvolvimento.
d). – Conclusão do Sermão.

1.3 – Os Materiais Necessários para Preparar o Sermão.


a). – Diversas Bíblias de Estudos.
b). – Diversos Dicionários Bíblicos.
c). – Diversos Comentários Bíblicos.
d). – Diversos Dicionários Teológicos.
e). – Diversos Dicionários Etimológicos.

BACHAREL EM TEOLOGIA 6
7
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
2. – Ligando os Nervos,
No sentido kerigmático da palavra, a pregação precisa do ajuntamento
dos “ossos” e das ligações dos “nervos” a esses “ossos”. Mas, o que os nervos
representam?

a). – A concordância do texto com outro próximo,


b). – A palavra-chave (ou as) no texto em exposição.
c). – As figuras de linguagem bíblica (Analogia, Tipologia etc.).
d). – História, Geografia, Profecia, Escatologia.
e). – Contexto imediato, próximo, remoto, ampla e histórico.

3. – Adicionando a Carne,
Uma vez ajuntando o material da pregação e montando a pregação com
os recursos dos nervos, vamos precisar adicionar a carne. Por incrível que
pareça, a carne aqui não está no campo da crítica e sim na parte espiritual do
Sermão, em especial na vida do pregador, pois ela representa:

a). – Uma vida de oração.


b). – Uma vida de consagração.
c). – Uma vida de comunhão com Deus.
d). – Uma vida de santificação pessoal.

4. – A Beleza da Pele,

a). – A boa apresentação do Sermão.


b). – A maneira clara como o Sermão será exposto.
c). – A aceitação por parte da igreja.
d). – Edificação do corpo de Cristo.

BACHAREL EM TEOLOGIA 7
8
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 8
9
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 9
10
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 10
11
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 11
12
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 12
13
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 13
14
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________

BACHAREL EM TEOLOGIA 14
15
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
Sermões Expositivos – Gênesis 26
Base Bíblica: Gênesis 22:1-9.
Introdução
Na mensagem de hoje, vamos tratar do seguinte tema: O pregador, sua
vida e sua mensagem. Tomaremos como base o texto de Gênesis 22:1-9,
principalmente alguns elementos que aparecem no texto, que vamos utilizar
para a construção desta mensagem. Esse texto é interpretado no seu sentido
literal, como também, no sentido cristológico. Nós vamos interpretar e aplicar
no sentido kerigmático, ou seja, no campo da pregação. Aqui nós encontramos
a vida do pregador, o preparo do pregador e a mensagem do pregador.
Na vida de um pregador, é de fundamental importância “a entrega, a
obediência e o devocional”. Já no preparo do pregador, não pode faltar “o fogo,
o cutelo e o altar”. A mensagem que o pregador vai ministrar, precisa de “lenha
e oferta”. No conjunto desses elementos, nós aprenderemos lições práticas e
importantes para o sucesso na mensagem que iremos pregar. Como diz um
ditado “é melhor um púlpito vazio, do que um vazio no púlpito”. Então, vamos
aprender com Abraão e Isaque, como apresentar o Cordeiro no Altar.
TEMA: O Pregador, Sua Vida e Sua Mensagem
Em primeiro lugar, “A sua entrega” v.1,2. Quando Deus provou a Abraão,
Ele pediu ao seu servo para entregar aquilo que ele mais amava, que no texto
em estudo era Isaque. No sentido kerigmático da palavra, o pregador é aquele
que antes de entregar a mensagem no púlpito para igreja, ele deve entregar a sua
vida no altar à Deus. Quando entregamos nossas vidas no altar à Deus, nossas
paixões, desejos, prioridades, sentimentos e razões são mortificadas. Ficamos
assim livres para pregar a mensagem à igreja, sem nenhum preconceito. Desta
forma, evitaremos utilizar o púlpito como palco de apresentação pessoal, ou
como um divã para o desabafo.
Em segundo lugar, “A sua obediência” v.3. O pedido de Deus à Abraão
não foi questionado, mas sim obedecido. Abraão levantou de madrugada e
partiu conforme o Senhor lhe dissera. No sentido kerigmático da palavra, o
pregador só terá sucesso na sua missão se obedecer àquele que lhe enviou. Não
pregamos aquilo que desejamos, mas aquilo que a igreja precisa. Quando
estamos em obediência, o Senhor nos dá uma mensagem completa e carregada
de revelações de acordo com a necessidade da igreja (1Coríntios 2:10).
Pregar em obediência é pregar submisso ao Espírito Santo (1Coríntios
2:12). Pregar o evangelho puro, sem falsificar a palavra (2Coríntios 4:2) é ter a
confirmação do Senhor com sinais e prodígios (Marcos 16:20).

BACHAREL EM TEOLOGIA 15
16
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
Em terceiro lugar, “O seu devocional” v.5. A vida do pregador está
baseada em três coisas: “entrega, obediência e devocional”. Abraão entregou a
Deus aquilo que ele amava (Isaque), obedeceu a Deus indo para o lugar que o
Senhor lhe mostraria (Moriá) e fez o seu devocional quando disse: “...e eu e o
moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gênesis 22:5). O
que aprendemos com Abraão é que antes de subir ao altar para ministrar a
palavra de Deus ao povo, o pregador precisa subir a presença de Deus em
adoração. Um pregador é antes de tudo um adorador.
Em quarto lugar, “A sua mensagem” v.6,9. Quando o pregador se entrega
no altar do Senhor, em completa obediência, mantendo uma vida de comunhão
com Deus através do seu devocional; O Senhor lhe confia a sua mensagem. É
sempre bom lembrar que o pregador não tem mensagem, não cria mensagem,
não inventa mensagem, mas, recebe de Deus a mensagem, pois nenhuma
palavra é do pregador. Paulo disse “o que eu recebi do Senhor, também vos
ensinei” (1Coríntios 11:23). Um pregador pode ter ministério, mas a palavra é
do Senhor (Ageu 1:1; Jonas 1:1; Jonas 3:2).
Quando lemos Gênesis 22:6;9, vemos as expressões “e tomou Abraão
a lenha” “e pôs em ordem a lenha”. No sentido kerigmático da palavra, lenha
significa “mensagem” “pregação” “ensino” “doutrina”. Diz o sábio que “sem
lenha o fogo se apaga” (Provérbios 26:20). O que mantem o fogo acesso no
altar é a lenha (Levítico 6:13). Quando o pregador tem mensagem, o fogo do
Espírito Santo é evidente na vida da igreja. Não é o pregador que tem “fogo”,
mas sim a palavra de Deus (Jeremias 23:29). Quando o pregador coloca a lenha
em ordem, o altar pega fogo e consequentemente a igreja também.
Em quinto lugar, “O fogo do Espírito” v.6. Já vimos que a palavra de
Deus é fogo. Sem contradição alguma, o fogo da palavra produz no coração do
pregador o fogo do Espírito Santo. Um pregador envolvido com a pregação,
precisa arder em fogo. O pregador precisa ser um tição tirado do fogo, uma
brasa vida tirada do altar. Para isso acontecer, o pregador precisa cultivar uma
vida de “santidade ao Senhor” (1Tessalonicenses 4:3,4;7). Coração puro,
palavras puras, pois a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mateus 12:34).
Todo vaso purificado é útil nas mãos do Senhor (2Timóteo 2:21).
Quando Abraão tomou o “fogo”, no sentido kerigmático da palavra, o
fogo representa o Espírito Santo na vida do pregador. Vejam que Abraão levou
o fogo. O pregador é aquele que leva o fogo do Espírito Santo em sua vida
cristã, e, por isso; ele pode arder no altar da pregação. Caso o pregador não
esteja ardendo em fogo, sua mensagem será rechaçada pelos ouvintes. Neste
caso, acatamos o conselho de Paulo à Timóteo: “Reavives o dom de Deus que
há em ti” (2Timóteo 1:6). Reavivar é o mesmo que abanar “anazapureo”.

BACHAREL EM TEOLOGIA 16
17
EPISTEMOLOGIA DA PREGAÇÃO
_____________________________________________________
Em sexto lugar, “O preparo” v.6. Observem que Abraão tinha “lenha,
fogo e cutelo”. No sentido kerigmático da palavra, a lenha é a mensagem, o
fogo é Espírito Santo na vida do pregador e o cutelo é o preparo. Esse preparo
deve ser Bíblico e Teológico. O cutelo servia para “cortar” o sacrifício no altar.
Na linguagem de Paulo, o obreiro precisa saber manejar bem a palavra da
verdade (2Timóteo 2:15). A palavra “manejar” significa “cortar em linha reta”.
Um pregador preparado é aquele que “lê o texto, examina o texto, interpreta o
texto, aplica o texto sem sair do texto”.
Um pregador que não gosta do ensino sistemático da Bíblia, é um
pregador que tem a lenha, mas não sabe colocar ela em ordem. Percebam que
Abraão levou a “lenha” v.6, e quando chegou no altar, ele colocou a “lenha em
ordem” v.9. Abraão era um pregador kerigmático. Ele sabia colocar a lenha em
ordem. Ele sabia pregar de acordo com a liturgia do culto. O cutelo do preparo
nos habilita a colocar a lenha em ordem e manejar bem a palavra da verdade de
maneira compreensiva aos ouvidos da igreja. Não basta ter a lenha e o fogo, é
importante também o “preparo” para manejar bem o “cutelo”.
Em sétimo lugar, “O altar” v.9. O texto diz que Abraão edificou ali um
altar ao Senhor. No sentido kerigmático da palavra, “edificar um altar” tem o
sentido de “uma vida de oração”. Um pregador ajuizado é aquele que antes de
falar ao povo, ele fala com Deus em oração. É melhor apresentar-se diante de
Deus, do que se apresentar diante do povo. Paulo disse a Timóteo: “Procura
apresentar-te a Deus ...” (2Timóteo 2:15). Quando nos apresentamos diante de
Deus em uma vida aplicada a oração, Deus nos apresenta diante do povo. Não
se engane; o povo sabe se o pregador saiu da presença de Deus ou das redes
sociais.
Em oitavo lugar, “A oferta” v.9. No texto em exame, vemos Abraão
amarando Isaque sobre a lenha em ordem, como uma oferta ao Senhor. Já
sabemos o desfecho final desta história no seu sentido literal. Todavia, quando
aplicamos o texto no sentido kerigmático da palavra, Isaque significa a oferta
que o pregador trouxe para entregar no altar. O pregador precisa entender que
haverá igrejas que não ofertarão em seu ministério voluntariamente. Porque isso
acontece? Porque o pregador precisa entregar “a oferta do mês”. Como assim?
Em trinta dias de pregação ou ensino, o pregador precisa devolver o dízimo das
suas agendas. Não somente em espécies (dinheiro), mas também em ministério.
Ele deve pregar em uma igreja no mês, sem receber a oferta. Ao
contrário disso, ele deve levar consigo uma oferta de gratidão pelo mês de
trabalho e depositar naquele altar que ele vai pregar. Se mesmo assim, a igreja
lhe ofertar algum valor, ele deve receber a oferta, orar agradecendo a oferta e
ofertar imediatamente na própria igreja, pois essa agenda é a sua oferta do mês.

BACHAREL EM TEOLOGIA 17

Você também pode gostar