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Império Otomano
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Durante os séculos XVI e XVII, no auge de seu poder sob o Lema nacional
reinado de Solimão, o Magnífico, o Império Otomano era دولت ابد مدت
Devlet-i Ebed-müddet
um império multinacional e multilíngue que controlava
("O Estado Eterno")
grande parte do Sudeste da Europa, da Ásia Ocidental, do
Cáucaso, do Norte de África e do Chifre da África.[6] No
início do século XVII, o império continha 32 províncias e
numerosos estados vassalos. Alguns deles foram mais tarde
absorvidos no Império Otomano, enquanto outros foram
concedidos vários tipos de autonomia ao longo dos
séculos.[7]
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poderoso e organizado, apesar de sofrer mais perdas Língua oficial Turco otomano
territoriais, especialmente nos Bálcãs, onde surgiram uma
Outros idiomas Muitas outras
série de novos Estados.[11]
Religião Sunismo
Os otomanos aliaram-se ao Império Alemão no início do
século XX, com a ambição imperial de recuperar seus Governo Monarquia
absoluta (1299–
territórios perdidos, juntando-se à Tríplice Aliança na 1876; 1920–1922)
Primeira Guerra Mundial. O império foi capaz de se manter Monarquia
em grande parte do conflito global, apesar da Revolta Árabe absoluta sob
em seus domínios. Com registros de antes da Primeira ditadura totalitária
Guerra Mundial, mas com maior intensidade durante a autocrática (1878–
1908)
guerra, várias atrocidades foram cometidas pelo governo
Monarquia
otomano contra armênios, assírios e gregos pônticos.[12] A parlamentar
derrota do império e a ocupação de parte de seu território constitucional
pelas Potências Aliadas após a Primeira Guerra resultaram (1876–1878; 1908–
na sua divisão e na perda dos seus territórios do Oriente 1913; 1918–1920)
Médio, que foram divididos entre o Reino Unido e a França. Monarquia
parlamentar sob
A bem-sucedida Guerra de Independência Turca contra as ditadura militar
potências ocupantes levou ao surgimento da República da totalitária de um
Turquia no coração anatoliano e à abolição da monarquia e partido (1913–1918)
do califado otomano.[13] Sultão
• c. 1299–1323/4 Osmã I (primeiro)
• 1918–1922 Mehmed VI (último)
História Califa
• 1517–1520 Selim I (primeiro)
• 1922–1924 Abdul Mejide II
Ascensão (1299-1453) (último)
Grão-Vizir
• 1320–1331 Alaeddin (primeiro)
• 1920–1922 Ahmet Tevfik
(último)
maioria de suas províncias na Anatólia para dez beilhiques. Moeda Akçe, Para,
Um desses beilhiques eram liderados por Osmã I, filho de Sultani, Kuruş e
Ertogrul, da região de Esquiceir na Anatólia Ocidental. No Lira
mito da fundação do império contada em uma história Precedido por Sucedido por
medieval turca conhecida como "O sonho de Osmã", Osmã Sultanato de Turquia
quando jovem sonhou com a visão de um império que era Rum Primeira República
uma grande árvore cujas raízes se estendiam por três Beilhique Helênica
continentes e seus ramos cobriam os céus. Ainda de acordo Império Império Russo
com o sonho, essa árvore que simbolizava o império de Bizantino Bósnia e
Osmã, alcançava quatro rios com suas raízes, o Tigre, o Reino da Herzegovina
Bósnia (condomínio da
Eufrates, o Nilo e o Danúbio. Essa árvore fazia sombra em Áustria-Hungria)
Segundo
quatro cadeias de montanhas, o Cáucaso o Tauro, o Atlas e Império Sérvia
os Bálcãs. Osmã I era admirado como um governante forte e Búlgaro Revolucionária
dinâmico, muito depois de sua morte, passou a ser um elogio Despotado Governo Provisório
entre os turcos a frase "ele pode ser tão bom como Osmã." da Sérvia da Albânia
Durante seu reino como sultão, Osmã estendeu as fronteiras Reino da Reino da Romênia
Hungria Principado da
otomanas até a fronteira do Império Bizantino e estabeleceu
Reino da Bulgária
um governo formal e cujas instituições iriam mudar Croácia Administração do
drasticamente a vida por todo o império. O governo usou a (Idade Território do
entidade legal conhecida como millet, na qual minorias Média) Inimigo Ocupado
étnicas e religiosas podiam lidar seus assuntos Sultanato Mandato Britânico
independentemente do poder central. Mameluco do da Mesopotâmia
Cairo Reino do Hejaz
No século após a morte de Osmã I, o domínio otomano Reino Argélia francesa
Haféssida Chipre britânico
começou a se estender sobre o Mediterrâneo Oriental e os
Ordem Protetorado
Bálcãs. Seu filho, Orcano I capturou a cidade de Bursa em Soberana e Francês da Tunísia
1324 e a tornou capital do Estado otomano. A queda de Militar de
Malta Líbia italiana
Bursa em mãos otomanas significou o fim do domínio
bizantino no noroeste da Anatólia. A importante cidade de Reino de
Salonica foi conquistada aos venezianos em 1387, e a vitória Tremecém
Império de
turca na batalha do Cosovo em 1389, efetivamente, marcou o Trebizonda
fim do poder sérvio na região, abrindo caminho para a Reino de
expansão otomana na Europa. A Batalha de Nicópolis em Tremecém
1396, amplamente considerada como a última cruzada de
larga escala da Idade Média, não conseguiu parar o avanço
vitorioso dos otomanos. Com a extensão do domínio turco nos Bálcãs, a estratégica conquista de
Constantinopla tornou-se um objetivo fundamental. O império controlou quase todas as terras ex-bizantinas
que circundavam a cidade, mas os bizantinos foram temporariamente aliviados quando Tamerlão invadiu a
Anatólia na Batalha de Ancara em 1402, prendendo o sultão Bajazeto I. A captura de Bajazeto gerou o caos
entre os turcos. O Estado entrou em uma guerra civil que durou de 1402 a 1413, com os filhos de Bajazeto
lutando pela sucessão. Ela só terminou quando Maomé I, o Cavalheiro emergiu como o sultão e restaurou o
poder, pondo fim ao período que ficou conhecido como Interregno otomano.
Crescimento (1453-1683)
Este período da história otomana pode ser dividido em dois períodos: um de crescimento territorial,
econômico e cultural até 1566, depois seguido de um período de relativa estagnação política e militar.
Parte dos territórios otomanos nos Bálcãs (por exemplo, Tessalônica, a Macedônia e Cosovo) foi
temporariamente perdida após 1402, sendo posteriormente recuperada por Murade II entre 1430 e 1450. Seu
filho, Maomé II, o Conquistador, reorganizou o Estado e os militares, e demonstrou sua habilidade militar ao
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Sob Selim e Solimão, o império tornou-se uma força naval dominante, controlando grande parte do mar
Mediterrâneo. As façanhas do almirante otomano Barba Ruiva, que comandou a marinha otomana durante o
reinado de Solimão, conduziu a uma série de vitórias militares sobre as marinhas europeias. Entre estas
estavam a conquista aos espanhóis de Túnis e Argélia; a evacuação dos muçulmanos e judeus da Espanha
para a segurança das terras otomanas (em particular, Tessalônica, Chipre, e Constantinopla), durante a
Inquisição Espanhola e a captura de Nice do Sacro Império Romano Germânico em 1543. Esta última
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À medida que o século XVI avançava, a superioridade naval Otomana foi desafiada pelo emergente poder
marítimo da Europa ocidental, particularmente na costa do atual Marrocos, no golfo Pérsico, no oceano
Índico e em ilhas da atual Indonésia, como as ilhas das Especiarias. Com os otomanos bloqueando rotas
marítimas para o Oriente e Sul, as potências europeias foram impulsionadas a encontrar outro caminho para
a seda e as rotas de especiarias, agora sob o controle otomano. Em terra, o império estava preocupado com
as campanhas militares na Áustria e na Pérsia, duas frentes amplamente separadas. A tensão destes conflitos
sobre os recursos do império e da logística de manutenção de linhas de abastecimento e comunicação entre
essas grandes distâncias, em última instância fez com que seus esforços marítimos se tornassem
insustentáveis e sem êxito. A necessidade imperiosa militar para a defesa nas fronteiras ocidentais e orientais
do império acabou por tornar impossível o engajamento eficaz a longo prazo da marinha otomana em uma
escala global.
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No entanto, o século XVII não era simplesmente uma época de estagnação e declínio, mas também um
período-chave na qual o Estado Otomano e as suas estruturas começaram a se adaptar às novas pressões e
novas realidades, interna e externa. O Sultanato de mulheres (1648-1656) foi um período em que a
influência política do harém imperial era dominante, como as mães dos sultões jovens exerciam o poder em
nome dos seus filhos. Esta não foi uma iniciativa inédita; Hürrem, que se estabeleceu no início de 1530
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como a sucessora de Nurbanu, foi descrita pelo veneziano Baylo Andrea Giritti como "uma mulher de
extrema bondade, coragem e sabedoria, apesar do fato de que ela frustrava alguns, enquanto outros
gratificava". Mas, o destronamento de Ibraim I (1640-1648) devido a sua doença mental e a sua sucessão por
Maomé IV em 1646 criou uma crise significativa da regra de que as mulheres dominassem o harém imperial.
As mulheres mais proeminentes deste período foram Kösem e sua nora Turhan Hatice, cuja rivalidade
política culminou no assassinato de Kösem em 1651.
A Santa Liga favoreceu a derrota em Viena e em quinze anos de guerra culminou no Tratado de Karlowitz
(26 de janeiro de 1699) que pôs fim à Grande Guerra Turca e pela primeira vez viu o Império Otomano
entregar o controle de importantes territórios europeus (muitos permanentemente), incluindo a Hungria
otomana. O império chegou ao fim da sua capacidade de efetivamente realizar uma política expansionista
agressiva contra os seus rivais europeus e que era para ser forçado a partir deste ponto a adotar uma
estratégia essencialmente defensiva. Apenas dois sultões neste período exerceram pessoalmente o controle
político e militar do império: o vigoroso Murade IV (1612-1640) que recapturou Erevã (1635) e Bagdá
(1639) dos safávidas e reafirmando a autoridade central, ainda que durante um breve reinado. Mustafá II
(1695-1703) levou o contra-ataque otomano de 1695-6 contra os Habsburgos na Hungria, mas este contra-
ataque foi desfeito na desastrosa derrota em Zenta (11 de setembro de 1697).
Esforços de reforma militar otomana começam com Selim III (1789- Selim III recebe dignatários no
1807) que fez as primeiras tentativas importantes para modernizar as Palácio de Topkapı em 1789
forças armadas otomanas com padrões europeus. Estes esforços, no
entanto, foram prejudicados por movimentos reacionários, em parte de lideranças religiosas, mas
principalmente a partir do corpo de janízaros, que se tornou anarquista e ineficaz. Invejosos de seus
privilégios e firmes opositores às mudanças, eles criaram uma revolta janízara. Os esforços de Selim
custaram-lhe o seu trono e sua vida, mas foram resolvidos de forma espetacular e sangrenta pelo seu
sucessor, o dinâmico Mamude II, que massacrou o corpo de janízaros em 1826.
Em 1821, os gregos foram os primeiros a declarar guerra ao sultão. Através da rebelião que se originou na
Moldávia, e seguido pela revolução no Peloponeso, este último, juntamente com a parte norte do golfo de
Corinto se tornaram as primeiras partes do Império Otomano a ser totalmente libertadas em 1829, seguido de
Sérvia, Bulgária, Roménia e Montenegro na década de 1870.
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Otomano. Desde o século XIX, um êxodo pela grande parte dos povos muçulmanos (que são chamados de
"muhacir" sob uma definição geral) dos Bálcãs, Cáucaso, Crimeia e Creta, refugiou-se na atual Turquia e
moldou as características fundamentais do país até hoje.
Durante o período Tanzimat (do árabe Tanzîmât, que significa "reestruturação") (1839-1876), uma série de
reformas constitucionais conduziu a um exército bastante moderno, reformas no sistema bancário, e à
substituição das guildas por fábricas modernas. Em 1856, o Hatt-ı Humayun prometeu igualdade para todos
os cidadãos otomanos independentemente da sua etnia e religião, alargando o âmbito da Hatt 1839 i-serif de
Gülhane. Os millets cristãos ganharam privilégios, como na constituição nacional da Armênia (turco
otomano: Nizâmnâme Millet-i-i Ermeniyân) de 1863 e a recém-formada assembleia nacional da Armênia.
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As reformas Tanzimat não detiveram a ascensão do nacionalismo nos principados do Danúbio e Sérvia, que
haviam sido semi-independentes por quase seis décadas. Em 1875, os principados afluentes da Sérvia,
Montenegro e Romênia (que incluem a Valáquia e Moldávia) declararam unilateralmente a sua
independência do império, e após a Guerra russo-turca de 1877-1878, a independência foi formalmente
concedida a todas as três nações beligerantes. A Bulgária também alcançou a independência (como o
Principado da Bulgária), cujos voluntários haviam participado da guerra russo-turca, no lado das nações se
rebelando.
O Vilaiete da Bósnia e do Sanjaco de Novi Pazar foram parcialmente ocupados pelas forças do Império
Austro-Húngaro na sequência do Congresso de Berlim em 1878, mas permaneceram nominalmente como
territórios otomanos (Bósnia e Herzegovina até à crise da Bósnia em 1908, Novi Pazar até à Primeira Guerra
Balcânica em 1912), com a presença permanente de soldados otomanos. O Chipre foi alugado para os
britânicos em 1878 em troca de favores da Grã-Bretanha, no Congresso de Berlim. O Egito, que já tinha sido
ocupado pelas forças de Napoleão I de França em 1798, mas se recuperou em 1801 por um exército
otomano-britânico, foi ocupado em 1882 pelas forças britânicas, sob o pretexto de trazer ordem, embora o
Egito e Sudão permanecessem como províncias otomanas de jure, até 1914, quando o Império Otomano se
juntou à Tríplice Aliança e a Grã-Bretanha anexou oficialmente estas duas províncias e Chipre como
resposta. Outras províncias otomanas no norte da África foram perdidas entre 1830 e 1912, a partir da
Argélia (ocupada pela França em 1830), Tunísia (ocupada pela França em 1881) e Líbia (ocupada pela Itália
em 1912.)
Os armênios, que tiveram a sua constituição própria e assembleia nacional com as reformas Tanzimat,
começaram a pressionar o governo otomano para uma maior autonomia após a Guerra russo-turca de 1877-
1878 e o Congresso de Berlim em 1878. Um número de levantes armênios ocorreu nas cidades da Anatólia,
levando o sultão Abdulamide II a responder a estas rebeliões e ataques, que estabelece os regimentos
Hamidiye no leste da Anatólia, formadas principalmente de unidades de cavalaria irregular de curdos
recrutados. De 1894-96 algo entre 100 000 a 300 000 armênios que viviam por todo o império foram mortos
no que ficou conhecido como o massacre Hamidiano. Militantes armênios tomaram a sede do Banco
Otomano em Constantinopla em 1896 para trazer a atenção da Europa para os massacres, mas eles falharam
nesse esforço.
Economicamente, o império tinha dificuldade em reembolsar a dívida otomana pública para os bancos
europeus, o que causou a criação do Conselho de Administração da Dívida Pública Otomana. Até o final do
século XIX, a principal razão do império não ter sido totalmente tomado pelas potências ocidentais vieram
da doutrina do equilíbrio de poder. Tanto o Império Austríaco] quanto o Império Russo queriam aumentar
suas esferas de influência e território, em detrimento do Império Otomano, mas foram mantidos em xeque
principalmente pelo Reino Unido, que temiam o domínio russo na região do Mediterrâneo Oriental.
Dissolução (1908-1922)
otomanos, a fim de evitar uma guerra. Durante a Guerra Ítalo-Turca (1911-1912) em que o Império Otomano
perdeu a Líbia, a Liga Balcânica declarou guerra contra o Império Otomano, que perdeu seus territórios dos
Bálcãs, exceto a Trácia oriental e a cidade histórica otomana de Edirne (Adrianópolis), com a Guerra dos
Bálcãs (1912-1913). Depois, cerca de 400 000 muçulmanos fugiram com o Exército Otomano, por temor de
uma eventual perseguição grega, sérvia e búlgara. A Ferrovia Berlim-Bagdá, sob controle alemão, tornou-se
uma fonte de tensão internacional e desempenhou um papel nas origens da Primeira Guerra Mundial.
A Revolta Árabe, que começou em 1916, virou a maré contra os otomanos na frente do Oriente Médio, onde
inicialmente parecia ter a vantagem durante os primeiros dois anos da guerra. Quando o Armistício de
Mudros foi assinado em 30 de outubro de 1918, as únicas partes da península Arábica que ainda estavam sob
o controle otomano eram o Iêmen, Assir, a cidade de Medina, porções do norte da Síria e partes do norte do
Iraque. Esses territórios foram entregues às forças britânicas em 23 de janeiro de 1919. Os otomanos
também foram obrigados a evacuar as partes do antigo Império Russo no Cáucaso (hoje Geórgia, Arménia e
Azerbaijão), que tinham ganhado no fim da Primeira Guerra Mundial, após a retirada da Rússia da guerra
com a Revolução Russa em 1917.
Sob os termos do Tratado de Sèvres, a partilha do Império Otomano foi solidificada. Os novos países criados
a partir dos antigos territórios do Império Otomano, atualmente são contados em 40 (incluindo a contestada
República Turca de Chipre do Norte). A ocupação de Constantinopla, juntamente com a ocupação de
Esmirna mobilizou a criação do movimento nacional turco, que ganhou a guerra de independência turca
(1919-1922) sob a liderança de Mustafa Kemal Paxá. A monarquia foi abolida em 1 de novembro de 1922, e
o último sultão, Mehmed VI (que reinou de 1918 a 1922), deixou o país em 17 de novembro de 1922. A
Turquia como república foi reconhecida internacionalmente com o Tratado de Lausana, em 24 de julho de
1923. A Grande Assembleia Nacional (GAN) da Turquia declarou oficialmente a República da Turquia em
29 de outubro de 1923. O califado foi abolido pela constituição vários meses depois, no dia 3 de março de
1924. O sultão e sua família foram declarados persona non grata na Turquia e exilados. Cinquenta anos
depois, em 1974, a GAN concedeu aos descendentes da dinastia otomana o direito de adquirir a cidadania
turca.
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Demografia
Uma estimativa da população para o império foi de 11 692 480
habitantes para o período entre 1520 e 1535 foi obtida contando os
agregados familiares em registos de tithe otomano e multiplicando
este número por 5.[17] Por razões pouco claras, a população estimada
no século XVIII foi menor do que no século XVI.[18] Uma estimativa
de 7 230 660 para o primeiro censo realizado em 1831 é considerada
um subcontagem grave, uma vez que este recenseamento foi feito
Esmirna em 1900, durante o apenas para registrar possíveis conscritos.[17]
período otomano
Censos de territórios otomanos só começaram no início do
século XIX. Os números de 1831 em diante estão disponíveis como
resultados oficiais do censo, mas os censos não cobriam a população
inteira. Por exemplo, o censo de 1831 apenas contou homens e não
cobriu todo o império.[19][17] Para períodos anteriores, as estimativas
de tamanho e distribuição da população otomana são baseadas em
padrões demográficos observados.[20]
No fim da existência do império, a expectativa de vida era de 49 anos, em comparação aos 20 anos na Sérvia
no início do século XIX.[22] As doenças epidémicas e a fome causaram grandes perturbações e alterações
demográficas. Em 1785, cerca de um sexto da população egípcia morreu de peste e Aleppo viu sua
população reduzida em 20% no século XVIII. Seis crises de fome atingiram o Egito entre 1687 e 1731 e a
última que atingiu a Anatólia ocorreu quatro décadas mais tarde.[23]
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mil em 1912 e İzmir, que tinha uma população de 150 mil em 1800, cresceu para 300 mil em 1914.[24][25]
Algumas regiões, por outro lado, tiveram queda populacional - Belgrado viu a sua população cair de 25 mil
para 8 mil principalmente devido a conflitos políticos.[24]
As migrações econômicas e políticas tiveram impacto em todo o império. Por exemplo, a anexação pelo
Império Russo e Áustria-Habsburgo das regiões da Crimeia e dos Bálcãs registrou, respectivamente, grandes
afluxos de refugiados muçulmanos - 200 mil tártaros da Crimeia que fugiram para Dobruja.[26] Entre 1783 e
1913, cerca de 5 a 7 milhões de refugiados inundaram o Império Otomano, dos quais pelo menos 3,8
milhões eram da Rússia. Algumas migrações deixaram marcas indeléveis, como tensão política entre partes
do império (por exemplo, Turquia e Bulgária), enquanto que efeitos centrífugos foram observados em outros
territórios. As economias também foram afetadas pela perda de artesãos, comerciantes, fabricantes e
agricultores.[27] Desde o século XIX, uma grande proporção de povos muçulmanos dos Bálcãs emigrou para
a atual Turquia. Estas pessoas são chamadas de Muhacir.[28] Quando o Império Otomano chegou ao fim em
1922, metade da população urbana da Turquia descendia dos refugiados muçulmanos da Rússia.[29]
Língua
O turco otomano era a língua oficial do Império. Era uma língua turcomana
oguz altamente influenciada pelo persa e pelo árabe. Os otomanos tinham
várias línguas influentes: o turco, falado pela maioria das pessoas na Anatólia
e pela maioria dos muçulmanos dos Bálcãs, exceto na Albânia e na Bósnia; o
árabe, falado principalmente na Arábia, no Norte da África, no Iraque, no
Kuwait, no Levante e em partes do Chifre da África; e o somali em todo o
Chifre da África. Nos últimos dois séculos, o uso destes se tornou limitado,
porém o persa serviu principalmente como uma língua literária na educação,
enquanto o árabe era usado para ritos religiosos.[30]
Religião
No sistema imperial otomano, embora existisse um poder hegemônico do controle muçulmano sobre as
populações não muçulmanas, as comunidades não muçulmanas eram reconhecidas e protegidas pelo Estado
na tradição islâmica.[33] A religião oficialmente aceito Dīn (Madh'hab) dos Otomanos era o sunismo
(hanafismo).[34]
Até a segunda metade do século XV o império tinha uma maioria cristã, sob o domínio de uma minoria
muçulmana.[35] No final do século XIX, a população não muçulmana do império começou a cair
consideravelmente, não só devido à secessão, mas também por causa dos movimentos migratórios. A
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proporção de muçulmanos ascendeu a 60% na década de 1820, aumentando gradualmente para 69% na
década de 1870 e depois para 76% na década de 1890. Em 1914, apenas 19,1% da população do império era
não muçulmana, em sua maioria composta por cristãos gregos, assírios, armênios e judeus.[33]
Governo
Antes das reformas dos séculos XIX e XX, a organização estatal do
Império Otomano era um sistema que tinha duas dimensões
principais, que eram a administração militar e a administração civil.
O sultão era a posição mais alta no sistema. O sistema civil baseava-
se em unidades administrativas locais com base nas características da
região. Os otomanos praticavam um sistema em que o Estado (como
no Império Bizantino) tinha controle sobre o clero. Certas tradições
pré-islâmicas turcas que haviam sobrevivido à adoção de práticas
administrativas e legais do Irã islâmico permaneceram importantes
Embaixadores no Palácio de
nos círculos administrativos otomanos.[36] De acordo com a
Topkapı
compreensão otomana, a responsabilidade primária do Estado era
defender e estender a terra dos muçulmanos e assegurar segurança e
harmonia dentro de suas fronteiras dentro do contexto abrangente da
prática islâmica ortodoxa e da soberania dinástica.[37]
A posição a mais elevada no islã, o califado, foi reivindicada pelos sultões desde Murade I,[39] e foi
estabelecida como o Califado Otomano. O sultão otomano, pâdişâh ou "senhor dos reis", servia como o
único regente do Império e era considerado a encarnação de seu governo, embora ele nem sempre exercesse
o controle completo. O Harém Imperial era um dos poderes mais importantes da corte otomana. Foi
governado pelo Sultão Valide. De vez em quando, o Sultão Valide se envolvia na política estadual. Por um
tempo, as mulheres do Harém efetivamente controlaram o estado no que foi chamado de "Sultanato das
Mulheres". Novos sultões eram sempre escolhidos entre os filhos do sultão anterior. O sistema educacional
forte da escola do palácio era orientado para eliminar os herdeiros potenciais impróprios e estabelecer apoio
entre a elite governante para um sucessor. As escolas do palácio, que também educava os futuros
administradores do Estado, não eram composta por um único estágio. Primeiro, a Madraçal (turco otomano:
Medrese) era designada para os muçulmanos e educava estudiosos e funcionários do Estado de acordo com a
tradição islâmica. O fardo financeiro da Madraçal era apoiado por vakifs, permitindo que as crianças de
famílias pobres ascendessem para níveis sociais e de renda mais elevados.[40] O segundo estágio era um
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Forças armadas
Subdivisões
O Império Otomano era primeiro subdividido em províncias, no sentido de unidades territoriais fixas com
governadores nomeados pelo sultão, no final do século XIV.[49]
Economia
O governo otomano
Eialetes otomanos em 1795
prosseguiu deliberadamente
uma política para o
desenvolvimento de Bursa, Edirne e Istambul, as sucessivas capitais
otomanas, em grandes centros comerciais e industriais, considerando
que comerciantes e artesãos eram indispensáveis na criação de uma
nova metrópole.[54] Para este fim, Maomé II e seu sucessor
Bajazeto II, também encorajou e acolheu a migração dos judeus de
diferentes partes da Europa, que se estabeleceram em Istambul e
outras cidades portuárias como Salônica. Em muitos lugares na
Europa, os judeus estavam sofrendo perseguição nas mãos de seus
homólogos cristãos, como em Espanha após a conclusão da
Moeda com a imagem do Sultão
Maomé, o Conquistador
Reconquista. A tolerância exibida pelos turcos foi bem recebida pelos
imigrantes.
A organização do tesouro e da chancelaria foi desenvolvida sob o Império Otomano mais do que qualquer
outro governo islâmico e, até o século XVII, eles eram a organização líder entre todos os seus
contemporâneos. Esta organização desenvolveu uma burocracia de escribas como um grupo distinto, os
ulemás, que se transformaram em um corpo profissional.[57] A eficácia deste corpo financeiro profissional
está por trás do sucesso de muitos dos grandes estadistas otomanos.[58]
Estudos otomanos modernos indicam que a mudança nas relações entre os turcos otomanos e a Europa
Central foi causada pela abertura das novas rotas marítimas. É possível ver o declínio na importância das
rotas terrestres para o Leste conforme a Europa Ocidental abriu as rotas oceânicas que contornaram o
Oriente Médio e o Mediterrâneo como paralelo ao declínio do próprio Império Otomano.[59] O Tratado
Anglo-Otomano, também conhecido como o Tratado de Balta Liman, que abriu os mercados otomanos
diretamente a concorrentes ingleses e franceses, seria visto como um dos pontos de parada deste longo
período de desenvolvimento.
Ao desenvolver rotas e centros comerciais, incentivando as pessoas a estender a área de terra cultivada no
país, e o comércio internacional através de seus domínios, o Estado otomano desempenhou funções
económicas básicas no Império. Mas, em tudo isso, os interesses financeiros e políticos do Estado eram
https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Otomano 16/22
30/12/2022, 14:55 Império Otomano – Wikipédia, a enciclopédia livre
dominantes. Dentro do sistema social e político otomano não eram vistas as dinâmicas e princípios das
economias capitalistas e mercantis que se desenvolvem na Europa Ocidental.[60]
Cultura
Os otomanos absorveram algumas das tradições, artes e instituições
das culturas nas regiões que conquistaram e acrescentou novas
dimensões. Várias tradições e traços culturais de impérios anteriores
(em campos como arquitetura, gastronomia, música, lazer e governo)
foram adotados pelos turcos otomanos, que os elaboraram em novas
formas, o que resultou em uma nova e distinta identidade cultural
otomana. Apesar das novas incorporações, a dinastia otomana, como
seus predecessores no Sultanato de Rum e no Império Seljúcida,
tinham cultura, linguagem, hábitos e costumes persas e, portanto, o
império era descrito como um império persa.[61][62][63][64] Os
casamentos interculturais também desempenhavam o seu papel na
criação da cultura elitista otomana. Quando comparada com a cultura
popular turca, a influência dessas novas culturas na criação da cultura
Degustação de café em harém
da elite otomana era clara.
A escravidão era uma parte da sociedade otomana,[65] sendo que a maioria dos escravos eram empregados
como trabalhadores domésticos (ver: Escravidão branca) ou como escravos militares. Os escravos para o
Império vinham de três grandes áreas — a Estepe Euroasiática, Europa e África. Ocasionalmente, havia
escravos vindos da Índia e China, mas em poucos números.[66]
A escravidão agrícola, como a que se difundiu na América, era relativamente rara. Ao contrário dos sistemas
de escravidão, segundo Pal Fodor, os escravos sob a lei islâmica não eram considerados bens móveis, mas
mantinham direitos básicos, embora limitados. Isso lhes proporcionou algum grau de proteção contra
abusos.[67] As escravas ainda eram vendidas no Império em 1908.[68] Durante o século XIX, o império
recebeu pressão de países europeus ocidentais para proibir a prática. As políticas desenvolvidas por vários
sultões durante todo o século XIX tentaram restringir o comércio de escravos mas, como a prática tinha
séculos de sustentação religiosa, ela nunca foi abolida diretamente.
A peste continuou sendo um grande evento na sociedade otomana até o século XIX. "Entre 1701 e 1750, 37
epidemias de pragas maiores e menores foram registradas em Istambul, e 31 entre 1751 e 1801".[69]
Arquitetura
Exemplos da arquitetura otomana do período clássico, além de Istambul e Edirne, também podem ser vistos
no Egito, na Eritreia, na Tunísia, na Argélia, nos Bálcãs e na Romênia, onde foram construídas mesquitas,
pontes, fontes e escolas. A arte otomana desenvolveu-se através de uma multidão de influências devido à
ampla gama étnica do Império Otomano. O maior dos artistas da corte enriqueceu o Império Otomano com
muitas influências artísticas pluralistas: como misturar a arte bizantina tradicional com elementos da arte
chinesa.[70]
Ver também
Entrada do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial
História da Turquia
Neo-otomanismo
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Ligações externas
Turquia na Ásia (http://www.wdl.org/pt/item/11770/)
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