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Alexandre Machado Cittolin - Planejamento urbano e regional – 2020/01

Resenha do capítulo 2 do livro “Planejamento urbano e regional”:

Parte-se da diferenciação entre planejamento e gestão de modo a separar dois


conceitos frequentemente aglutinados cujas definições são bastante distintas. Sendo o
primeiro voltado a ações e planos tomados com antecedência, o segundo se relaciona à
implementação do que foi premeditado. Ambos caminham de mãos dadas quando o assunto
é urbanismo.
Mesmo diferentes, é inadequado designar maior importância a uma etapa em
relação à outra, dada a necessidade de ambas coexistirem para que os objetivos do
planejamento urbano, proporcionar qualidade de vida ao cidadão e um espaço urbano justo
e adequado, sejam alcançados. O Estatuto da Cidade e os Planos Diretores municipais são
artifícios que guiam o caminho a ser tomado rumo a tais metas, porém, após análise feita
nas últimas décadas a respeito de sua efetividade, vemos que a concentração dos esforços
se limita à concepção, raramente permeando o campo da execução, portanto vê-se a
necessidade de uma mudança na maneira de se fazer urbanismo no Brasil.
A questão a respeito de qual trajetória deve-se tomar rumo à cidade ideal torna-se
menos clara quando os conflitos de interesses dentro do espaço urbano se evidenciam.
Tendo em vista o estado democrático que vivemos, a participação da comunidade está
compreendida no processo de gestão e planejamento, entretanto, a voz do capital financeiro
soa mais alto e, por vezes, o bem-estar público fica em segundo plano. Percebe-se que ao
equacionar a gestão de uma cidade à de uma empresa ou indústria, fica pelo caminho a
dimensão humana, negligenciada e marginalizada em função de interesses corporativos.
Ao notarmos a incalculável complexidade das relações cujo palco é o centro urbano,
percebemos o quão crucial é a interdisciplinaridade, tanto nos processos de planejamento
prévio quanto em sua implementação e gestão. O arquiteto e urbanista enquanto
profissional vinculado ao urbanismo é meramente uma das diversas ferramentas necessárias
para o funcionamento, manutenção e condução de uma máquina urbana bem calibrada e
eficiente.
Levando em consideração a fluidez de todas as relações urbanas, sejam estas
espaciais, políticas, econômicas ou sociais, ao traçarmos um plano de ação, para que este
seja adequado, vê-se a necessidade da inserção em sua metodologia de um mecanismo que
compreenda tamanha dinamicidade, tornando-o o mais atemporal possível.
O plano de ação e sua implementação são executados em etapas que, apesar de não
possuírem o status de canônicas e, portanto, devem ser descritas em função das
peculiaridades do local em questão, frequentemente convergem em um modus operandi
evidente para quem estuda o urbanismo e o desenvolvimento das cidades. Este se dá por
meio de pesquisa e coleta de dados para a subsequente análise dos mesmos, resultando em
um diagnóstico que norteará uma previsão informada a respeito dos rumos da cidade em
questão. A partir desta projeção futura traça-se o rascunho do plano que tomará forma ao
longo de um processo de revisão por parte de seus pares, culminando em um documento
final de maior solidez. A implementação deste se dá por meio de sua execução seguida pela
fiscalização do mesmo e então, por fim, uma avaliação do quão eficaz esta metodologia
provou ser.

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