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2008
Avaliação da Coordenação Motora,
Ideias Fundamentais e Investigação Empírica a
partir da Bateria de Teste KTK
A. J. Cronin
DEDICATÓRIA
“Dedico este trabalho a meu esposo Roberto Alcântara Ballestero, pessoa
amável e compreensiva que sempre me apoiou e incentivou para que eu
concluísse este trabalho.”
“Dedico também aos meus filhos Roberto Alcântara Ballestero Filho e Raíssa
Guimarães Ballestero aos quais servem-me de inspiração para tudo o que faço,
pois é para eles que procuro sempre crescer, para que eles também um dia
possam ser grandes.”
“Aos meus familiares e amigos que estiveram sempre lembrando de orar por
mim para que todo este trabalho tivesse êxito.”
AGRADECIMENTOS
Ao fim de três anos chega-se o tão sonhado dia, foram muitos sonhos e muitos
projectos para que este objectivo fosse alcançado, mas enfim valeram todos os
sacrifícios e todas as lágrimas durante todo este tempo. A conclusão deste
Mestrado tem um sabor de vitória pessoal muito especial, pois foram muitos
obstáculos vencidos e muito conhecimento adquirido que me fazem ter a certeza
que muito pouco sei, mais que posso aprender cada dia um pouquinho com todos
os que estão a minha volta.
Quero expressar aqui o meu profundo agradecimento a DEUS, por todo amor,
esperança e sentido que trouxe à minha vida. Porque inúmeras vezes, nos
momentos mais turbulentos da minha existência, trouxe paz e alegria ao meu
coração. Obrigado meu DEUS porque, sem Ti, onde estaria eu?
Índice de Figuras
Figura 1 – Descrição do movimento focal……………………………………….......21
Figura 2 – Componentes principais no movimento focal…………………………..21
Figura 3 – Componentes principais durante a restrição sensorial………………..22
Figura 4 – Testes da bateria KTK…………………………………………………….27
Figura 5 – Comportamento dos valores médios dos testes da bateria KTK em
função da idade e do sexo…………………………………………………………....27
Resumo
O presente estudo é uma revisão de literatura acerca da coordenação motora
(CM) e das baterias de testes utilizadas para a sua avaliação.
The central objectives of the present study are: (1) present the concept of motor
coordination; (2) briefly present some of the available inquiries on the evaluation of
the motor coordination that they had appealed to the battery of tests KTK and, (3)
and describe the main batteries of tests used in map the different views of the cm.
The retraction of the information for the elaboration of this document was
conceived in accordance with the following stages: (1) from “relative engines of
search” sites of the specialty, Pubmed e Sport Discus; (2) manual consultation of
Motor Development, Motor Behaviour, Motor Performance and Motor Ability and,
(3) research in scholarly journals, books and reports of research on the cm and
batteries of tests.
Le but de cette de la présente étude ont été les suivants: (1) présenter le concept
de coordination motrice; (2) présenter, de manière succincte, certaines des
recherches disponibles sur l'évaluation de la coordination motrice, lesquelles ont
fait appel à la batterie d'essais KTK et, (3) décrire de manière brève les principales
batteries d'essais utilisés dans la mapear des différentes facettes du cm.
Les conclusions sont les suivantes: (1) il n'existe pas unanimité dans des termes
du concept de cm face à la diversité de positionnement des investigateurs; (2)
nous pouvons constater que la performance coordination augmente avec l'âge; (3)
elle n'est pas toujours différente entre les sexes; (4) des programmes
d'intervention ont des effets positifs dans le développement du cm d'enfants
“normaux” et, (5) le même se produit des populations spéciales.
INTRODUÇÃO GERAL E
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
INTRODUÇÃO GERAL
Rapidamente constatei que nas últimas décadas, tem havido um forte valor
investigativo no âmbito da coordenação motora (CM), expressando preocupações
e necessidades crescentes de um entendimento mais claro e profundo da sua
relação com a formação corporal da criança, bem como da sua associação com a
qualidade do movimento e consequente melhoria do rendimento motor.
A CM pode ser analisada segundo três pontos de vista: (1) biomecânico, no que
diz respeito à ordenação dos impulsos de força numa acção motora e a ordenação
de acontecimentos, em relação a dois ou mais eixos perpendiculares; (2)
fisiológico, na relação das leis que regulam os processos de contracção muscular;
e (3) pedagógico, relativo à ligação ordenada das fases de um movimento ou
acções parciais e a aprendizagem de novas habilidades [Matinek, Zaichkowsky e
Cheffers (1978), citado por Lopes et al., 2003].
Decorrente deste parecer, não se devem poupar esforços no sentido de (1) dar ao
aluno informações acerca do nível de desenvolvimento das capacidades
coordenativas, (2) motivar os alunos no aperfeiçoamento e melhoria dos seus
níveis coordenativos e (3) “ensinar” a importância do seu desenvolvimento na
formação corporal e no incremento de outras capacidades motoras e desportivas.
Por sua vez, Ross et al. (1987) inferem de um inquérito realizado nos Estados
Unidos a professores implicados num projecto de estudo, razões de natureza
muito diversa para a não aplicação habitual das baterias de testes na escola
como: falta de tempo (82%); turmas numerosas (51.5%); dificuldades na
administração dos testes (41.4%); os programas não incluírem os testes (38.1%);
porque o objectivo é a educação e não a aptidão ou as habilidades (34.5%); os
professores não se identificam com os testes (24.4%); os professores não gostam
de encorajar a competição entre crianças (21.8%). Alguns professores admitem
ainda que (1) os testes são maçadores, (2) podem provocar lesões, (3) a escola
não reúne condições e (4) a oposição dos encarregados de educação.
Tais justificações não só ultrapassam questões meramente institucionais, técnicas
e pedagógicas, como expressam um quadro incorrectamente interpretado.
Whitehead et al. (1990) sugerem que estes factos merecem uma reflexão e
discussão inequívoca do que se considera como apropriado, ou não, no uso das
baterias de testes na escola.
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Capítulo IV Refere, de forma sucinta, as baterias de testes motores utilizadas nas avaliação da
coordenação motora.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS
Fox, K.; Biddle, S. (1986). Health Related Fitness Testing in Schools: Introduction
and Problems of Interpretation. The Bulletin of Physical Education. Vol. 22, nº 3:
54-64.
Lopes, V.; Maia, J. A. R.; Silva, R. G.; Seabra, A.; Morais, F. P. (2003). Estudo do
Nível de Desenvolvimento da Coordenação Motora da População Escolar (6 a 10
anos de idade) da Região Autónoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências
do Desporto. Vol.3, nº 1: 47-60.
Ross, J.; Pate, R.; Caspersen, C.; Svilar, M. (1987). The National Children and
YOUTH Fitness Study II: Home and Community in Children Exercise Habits.
Journal of Physical Education Recreation and Dance, Vol. 9, nº 58: 85-92.
Safrit, M. (1990). The Validity and Reliability of Fitness Tests for Children: A
Review. Pediatric Exercise Science,Vol. 2, nº1: 9-28
PERSPECTIVAS DE ESTUDOS
DA COORDENAÇÃO MOTORA
INTRODUÇÃO
Nunca é demais lembrar a importância da coordenação motora (CM) ao longo do
curso de vida de cada um de nós, sobretudo nos domínios psicomotor e cognitivo.
Esta relevância é mais evidente nas primeiras experiências desportivo-motoras
das crianças do 1º ciclo, sobretudo em resposta às exigências programáticas das
aulas de Educação e Expressão Físico-Motora. Quem lecciona neste nível de
ensino, ou treina crianças e jovens nas fases iniciais da sua carreira desportiva é
muitas vezes confrontado com insuficiência de rendimento motor induzido por
problemas coordenativos. Este assunto é tanto mais interessante e vasto, quanto
se sabe que se propaga para as tarefas quotidianas das crianças, e muitas vezes
induz alguns problemas de rendimento escolar (Maia e Lopes, 2007).
OBJECTIVOS
Os objectivos deste sumário brevíssimo foram os seguintes: (1) apresentar uma
síntese acerca do posicionamento de autores como Bernstein, Kiphard e Schilling
relativamente à investigação da CM de acordo com suas respectivas áreas de
estudo, (2) mencionar alguns estudos “emblemáticos”, em cada perspectiva, cuja
estrutura conceptual e metodológica procura elucidar aspectos distintos da CM.
MÉTODOS
A recolha da informação para elaborar este documento percorreu duas etapas: (1)
pesquisas directas de informações através de livros e artigos científicos e, (2)
“motores de busca” relativos a sites da especialidade nos domínios da Educação
Física e do Desporto.
RESULTADOS
Apresentação de uma síntese resumida das perspectivas de estudos sobre a
coordenação motora segundo Bernstein, Kiphard e Schilling.
Bernstein (1926; 1935 cit. Latash, 1993) foi o primeiro autor a referir-se ao sistema
de controlo motor como a caixa preta com uma estrutura interna virtualmente
desconhecida que controla um aparelho efector com várias ligações e graus de
liberdade. A coordenação, no entender de Bernstein (1967), será então o processo
de manutenção donde resulta o maior grau de liberdade do segmento em
movimento num sistema controlado. Contudo, o autor deixa explícito que a
coordenação não pode ser encarada como uma espécie de actividade
independente, mas sim como uma garantia de flexibilidade e correcção de
execução, que pode ser considerada, com mais exactidão, como um tipo de
servomecanismo motor.
Latash (1993) é de parecer que, apesar das inúmeras aproximações feitas por
autores contemporâneos baseadas nas ideias de Bernstein (Meinel e Schnabel,
1976; Luria, 1981; Fitch e al., 1982; Kelso, 1982; Schmidt, 1982; Turvey, 1982), o
nível de compreensão inerente aos problemas do controlo motor parece ainda
distante de ser ultrapassado.
O conceito de coordenação motora apresentado por Bernstein (1967), parece ser
aberto e consensual e servir distintos âmbitos de estudo. Assim, se passarmos em
vista alguns conceitos de coordenação motora, emergem claramente, noções
como sistema, eficácia e regulação.
INTRODUÇÃO
Dependem do controle postural e do controle de movimentos a emergência e
controle da acção motora. A postura é a base na qual o movimento é organizado e
executado (Massion, 1998), e o papel do controle postural é evidenciado na
preparação e ajustes do movimento para atingir a meta (Bouisset, 1998).
Frente a uma perturbação, a estabilização postural pode ocorrer antes, pelo ajuste
postural antecipatório (APA) (Massion, 1998; Ramos & Stark, 1990), e depois do
início da perturbação, por meio do ajuste postural compensatório (APC) (Latash,
1997; Nouillot, Bouisset & Do, 1992). Ainda é pouco conhecida a integração, o
comportamento destes ajustes em crianças e relação entre ajustes.
OBJECTIVOS
Como é o comportamento dos ajustes posturais em crianças? Qual é efeito da
experiência motora e da informação sensorial no controle postural de crianças?
Para encontrar respostas para tais perguntas, o estudo a seguir teve com
objectivo estudar a função dos ajustes posturais no equilíbrio da postura erecta
através da análise dos componentes principais. Utilizaram-se da análise dos
componentes principais para estudar a relação entre os dois tipos de ajuste
postural, verificando modificações no número de variáveis necessárias para
explicar a variabilidade encontrada na resposta postural.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para este estudo foi uma plataforma de força para
determinar o COP e momento de força no apoio e um electromiógrafo para obter a
actividade eletromiográfica (EMG) dos músculos tibial anterior esquerdo e direito e
gastrocnêmico lateral esquerdo e direito.
Resultados
A determinação dos componentes principais no movimento focal
Figura 2. Valores percentuais médios da variância explicada pelos componentes
principais do COP (linha inferior), momento de força (linha central) e EMG (linha
superior) para os grupos sem experiência (GNG), com nível intermediário em
ginástica artística (GGI), e com nível avançado em ginástica artística (GGA) na
tarefa 1.
Figura 2. CP1 – primeiro componente principal; CP2 – segundo componente
principal; CP3 – terceiro componente principal; CP4 – quarto componente
principal; COP – centro de pressão; EMG – sinal eletromiográfico; APA – ajuste
postural antecipatório; APC – ajuste postural compensatório.
CONCLUSÃO
Os autores chegaram às seguintes conclusões que: (1) não há redução no número
de dimensões do sistema completo; (2) cada variável apresenta redução do
número de dimensões do sistema e a redução do número de graus de liberdade
do conjunto; (3) variabilidade nos componentes do COP, EMG ou momento de
força é principalmente explicado pelo primeiro componente principal; (4) para os
grupos, o percentual da variabilidade do primeiro componente principal é maior
com o aumento da experiência motora em ginástica artística.
Os trabalhos de Kiphard & Schilling (1970), Schilling & Kiphard (1974) e Kiphard
(1976) apesar de terem mais de 30 anos, foram os que mais avançaram na
operacionalização da coordenação motora grossa. Sobre o desenvolvimento da
coordenação e suas insuficiências nas crianças de idade escolar levaram à
elaboração de uma bateria de avaliação da capacidade de coordenação corporal.
Na sua concepção actual pretende examinar uma função motora básica, a qual
desempenha um papel importante no desenvolvimento motor da criança à medida
que a idade avança (Schilling & Kiphard, 1974). Após vários estudos empíricos,
usando a análise factorial exploratória como método estatístico de análise de
dados, foi identificado um factor designado por coordenação corporal que continha
os quatro testes actuais da bateria KTK (Körperkoordination Test für Kinder - KTK)
(Schilling & Kiphard, 1974).
INTRODUÇÃO
Em disciplinas científicas como a aprendizagem motora, o controlo motor e o
desenvolvimento motor o estudo da coordenação motora reveste-se de grande
importância. As mesmas focam os seus esforços no sentido de entender como as
acções motoras se processam em diferentes níveis, desde a forma como são
reguladas até ao seu resultado.
OBJECTIVOS
Este estudo teve como objectivos: (1) caracterizar o estado de desenvolvimento
da coordenação motora ao longo dos quatro anos do 1º ciclo do ensino básico
(1CEB); (2) mapear as diferenças entre as crianças dos dois sexos; e (3)
identificar a presença de insuficiência de desenvolvimento coordenativo.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para avaliar foi a bateria de testes KTK, constituída por
quatro itens: (1) equilíbrio em marcha à retaguarda (ER); (2) saltos laterais (SL);
(3) saltos monopedais (SM); e (4) transposição lateral (SL), (Prätorius, B.; Milani,
T. L., 2006).
Figura 1. Testes da bateria KTK.
RESULTADOS
Cada item foi comparado com os valores normativos fornecidos pelo manual,
sendo atribuído a cada item um quociente. O somatório dos quatro quocientes
representa o quociente motor (QM) que pode ser apresentado em valores
percentuais ou absolutos, permitindo classificar as crianças segundo o seu nível
de desenvolvimento coordenativo: (1) perturbações da coordenação (QM < 70);
(2) insuficiência coordenativa (71≤ QM 85); (3) coordenação normal (86≤ QM ≤
115); (4) coordenação boa (116≤ QM ≤ 130); (5) coordenação muito boa (131≤
QM ≤ 145). A bateria KTK permite, portanto, dois tipos de análise dos resultados:
(1) por prova ou (2) pelo valor global do QM.
CONCLUSÃO
Os autores chegaram às seguintes conclusões: (1) em todas as provas de
coordenação, e ao longo da idade, verificou-se um incremento significativo dos
valores médios: (2) os valores médios do desempenho nas quatro provas do KTK
das crianças açoreanas são inferiores aos obtidos noutros estudos realizados,
quer em Portugal, quer no estrangeiro: (3) a generalidade das crianças são
identificadas como possuindo níveis de desenvolvimento coordenativo muito
baixos e, (4) verificou-se uma tendência generalizada para as meninas de uma
dada idade mostrarem perfis de coordenação motora inferiores aqueles que são
esperados para a sua idade. Tal circunstância revela uma forte insuficiência em
aspectos do desenvolvimento coordenativo nas diferentes idades.
CONCLUSÕES
O primeiro referencial serviu-se dos pensamentos de Bernstein no que se refere
aos graus de liberdades. O uso da análise dos componentes principais permitiu o
estudo das dimensões do sistema analisado e serviu como estratégia para a
busca de soluções para o problema de Bernstein.
Os resultados obtidos neste estudo sugerem uma modulação dos graus de
liberdade por causa da experiência motora. Entretanto, os efeitos da experiência
motora em variados tipos de desporto, e do desenvolvimento motor precisam ser
mais bem investigados.
BIBLIOGRAFIA
Lopes, V.; Maia, J.; Garganta, R.; Seabra, A.; Morais, F. (2003). Estudo do Nível
de Desenvolvimento da Coordenação Motora da População Escolar (6 a 10 anos
de idade) da Região Autónoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências do
Desporto. Vol.3 nº 1: 47-60.
Schmidt, R. (1982a). Motor control and learning. Champaign: Human Kinetics. SC.
Citação indirecta.
Assim, foi obtido o rendimento máximo do testando pela constante repetição das
tarefas de dificuldades crescente, através de uma avaliação por pontos ou pela
contagem das repetições por unidade de tempo, no teste de coordenação corporal
para crianças Hamm-Marburger (MHKTK-Hamm-Marburger
Körperkoordinationtest für Kinder), apresentado por Kiphard e Schilling em (1970)
(citado por Gorla 2001). Pela elevação da dificuldade das tarefas, tornou-se
possível ampliar o intervalo etário da avaliação de oito a doze anos, podendo mais
tarde, ser estendido até os catorze anos.
OBJECTIVO
MÉTODOS
A recolha das informações foi efectuada em duas etapas: (1) a partir de “motores
de busca” Pubmed e Sport Discus; (2) teses de mestrado, doutoramento, livros e
relatórios de pesquisa que consideraram, em simultâneo, coordenação motora e
KTK.
RESULTADOS
Maia e Lopes (2003), num estudo de natureza descritiva com uma amostra
constituída por 3742 crianças de ambos os sexos dos 6 aos 10 anos de idade a
frequentar o 1º ciclo do ensino básico 1CEB na Região Autónoma dos Açores,
verificaram que, em ambos os sexos e em todas as provas da bateria, ocorre um
incremento significativo dos valores médios de cada teste ao longo da idade,
sendo que os meninos obtiveram valores médios superiores aos das meninas em
todos os intervalos etários em todos os itens da bateria, com a excepção dos SL.
Os valores médios do desempenho nas quatro provas são inferiores aos valores
médios obtidos noutros estudos realizados, quer em Portugal, quer no estrangeiro.
Willimczik (1980) num estudo longitudinal que começou com uma amostra inicial
de 705 crianças com 6, 7, 8, 9 e 10 anos de idade e de ambos os sexos, teve
como objectivo verificar se meninas aos 6 anos de apresentam melhor nível de
coordenação que os meninos da mesma idade. Verificou que embora as meninas
aos seis anos de idade apresentassem melhor níveis de coordenação do que os
meninos, a partir do 8 anos de idade os meninos mostravam resultados superiores
às meninas.
Graf et al. (2004) num estudo caso controlo que incluiu 668 crianças de ambos os
sexos com 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12,13 e 14 anos de idade, dentro do (projecto de
CHILT), ensaio de intervenção na saúde de crianças, verificaram a correlação
entre IMC (índice de massa corporal) e as capacidades motoras na infância,
encontram no quociente motor das crianças com sobrepeso e obeso valores mais
baixo em relação as crianças com peso normal e as com baixo peso. Dados que
vem reforçar a ideia da importância da vida saudável na prevenção do excesso de
peso e da obesidade.
Graf et al., (2005) num estudo de caso controlo em 651 crianças de ambos os
sexos com 6, 7, 8 e 9 anos de idade como parte de um programa de intervenção
na saúde de crianças primárias (O projecto de CHILT) que combina a educação e
saúde na actividade física em escolas alemãs, analisaram a influência do IMC
(Índice de Massa Corporal) nas capacidades motoras. Verificaram nos valores
encontrados nas provas do Salto Lateral do KTK que eram mais altos e
estatisticamente significativos em crianças normais em relação as que
apresentavam excesso de peso e obesas.
No Perú (ver Quadro 3.4) não foram encontrados variedades de estudos com a
bateria de testes KTK, no entanto serão apresentados 2 estudos realizados em
Lima envolvendo instituições educacionais desta mesma cidade, onde os
principais propósitos foram: (1) caracterizar o nível de coordenação motora e; (2)
determinar a influencia da idade, sexo, estatuto sócio económico e da adiposidade
subcutânea e da coordenação motora em crianças peruanas.
Bustamante 4007 crianças de ambos Caracterizar o nível da coordenação Verificaram que existem incrementos
et al. os sexos com 6 a 11 motora e determinar a influência da significativos de valores médios das
(2007) anos de idade. idade, sexo, estatuto provas de KTK em ambos sexos e ao
Estudo transversal. socioeconómico e a adiposidade longo da idade. Os meninos com
subcutânea na coordenação motora adiposidade elevada apresenta
de crianças em idades escolar. rendimentos inferiores em todas as
provas de salto monopedal (SM),
ESTUDO REALIZADO NO EUA
No Brasil os estudos apontam que a bateria de testes KTK: (1) foi eficiente dentro
dos objectivos a que se propõem tanto na educação física regular como na
especial, verificando a presença significativa de desenvolvimento e aquisição de
habilidades motoras globais para além do que seria de esperar em função do
incremento da idade; (2) não há diferença significativa na comparação entre
meninos e meninas na faixa etária de seis e sete anos; (3) que a prática da
ginástica olímpica pode influenciar o desenvolvimento da coordenação motora das
crianças; (4) o programa de Educação Física orientado pode exercer uma
melhoria ou progresso na coordenação motora nos sujeitos portadores de
deficiência mental.
Dos resultados obtidos na Alemanha com o KTK podemos verificar que: (1) as
raparigas aos 6 anos de idade apresentam melhor nível de coordenação do que
os rapazes; (2) A partir dos 8 anos de idade os rapazes mostram resultados
superiores; (3) As crianças obesas ou com sobrepeso nas quatro provas do KTK
obtém valores significativos inferiores em relação as crianças com peso normal ou
baixo peso.
Dos resultados obtidos no Perú conclui-se que: (1) em todas as provas da bateria
KTK, em ambos os sexos e ao longo da idade, existe um incremento significativo
dos valores médios, os quais expressam a presença de um desempenho
coordenativo específico para cada sexo, assim como reflecte a plasticidade da
coordenação motora; (2) o nível de adiposidade apresenta uma influência
significativa nos resultados de cada uma das provas e na maioria delas, tendo as
crianças uma adiposidade elevada, rendimentos inferiores; (3) o estatuto
socioeconómico não é um predictor conclusivo das quatro provas, sendo a sua
influência positiva nos saltos laterais e monopedais, e negativas no equilíbrio a
retaguarda e transposição lateral.
BIBLIOGRAFIA
Bustamante, A.; Caballero, L.; Enciso, N.; Salazar; N.; Seabra, A.; Garganta, R.;
Maia J. A. (2008). Coordenaión Motora: Influencia da la edad, sexo, estatus sócio-
económico y niveles de adiposidade en niños peruanos. Revista Brasileira de
Cineantropometria e Desempenho Humano. Vol. 10, nº 1: 25-34
Bustamante, A.; Fernades, R.; Berastain, C.; Quispe, S.; Rodríguez, G.; Seabra,
A.; Garganta, R.; Maia J. A. (2007). Prontitud Coordinativa: perfiles multivariados
en función de la edad, sexo e estatus sócio-económico. Revista Portugesa de
Ciência do Desporto.
Gorla, J. I.; Araújo, F. P.; Rodrigues, J. L.; Pereira, R. V. (2001). O Teste KTK em
Estudos da Coordenação Motora. Faculdade de Educação Física, Universidade
Estadual de Campinas. São Paulo. Publicado em:
http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v1n1/3testektk.pdf.
Graf, C.; Koch, B;, Kretschmann-Kandel, E.; Falkowski, G.; Christ, h.; Cburger, S.;
Lehmacher, W.; Bjarnason-wehrens, B.; Platen, P.; Tokarski, W.; Predel, H. G.;
Dordel, S. (2004a) Correlation between BMI, leisure habits and motor abilities in
childhood (CHILT-Project). International Journal of Obesity nº 28: 22-26.
Graf, C.; Koch, B.; Falkowski, G.; Jouck, S.; Chris, H.; Stauenmaier, K.; Bjarnason-
Wehrens, B.; Tokarski, W.; Dordel, S.; Predel, H. G. (2005). Effects of a school-
based intervention on BMI and motor abilities in childhood. Journal of Sport
Science and Medicine nº 4: 291-299.
Lopes, V.; Maia, J. A.; Silva, R. G.; Seabra, A.; Morais, F. P. (2003). Estudo do
Nível de Desenvolvimento da Coordenação Motora da População Escolar (6 a 10
anos de idade) da Região Autónoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências
do Desporto. Vol.3, nº 1: 47-60.
Silva, D. R.; Ferreira, J.S. (2001). Intervenções na Educação Física com Síndrome
de Down. Revista da Educação Física da UEM, Maringá. Paraná. Vol. 12, nº1: 69-
76
BATERIAS DE TESES
INTRODUÇÃO
A avaliação através de baterias de testes é um recurso que possibilita obter dados
de uma criança ou população específica infanto-juvenil, para auxiliar as tomadas
de decisões válidas, confiáveis e não discriminatórias relativamente ao significado
do seu desempenho. Desta forma percebe-se que a avaliação desportivo-motora é
um tema de várias investigações no campo da Educação Física. Quando nos
referimos especificamente à avaliação motora, encontramos várias baterias que se
propõem avaliar aspectos do comportamento motor na infância, e estudos que
recorrem a essas baterias para analisar fatias do desenvolvimento motor de
crianças com dificuldade de aprendizagem, dificuldade motora, com deficiência ou
apenas para acompanhar o seu desenvolvimento e obter informações para o
processo de ensino-aprendizagem. Esta parte da dissertação pretende elaborar
uma lista de baterias de testes utilizadas para descrever e interpretar facetas
distintas da coordenação motora (CM). O seu grande intuito é disponibilizar uma
lista que seja útil a alunos e pesquisadores da CM.
OBJECTIVOS
O propósito deste estudo foi reunir num mesmo documento algumas das principais
baterias de testes utilizadas para avaliar a coordenação motora, apresentando de
forma sucinta seus objectivos, provas, faixa etária recomendada e tempo
necessário para sua realização.
MÉTODOS
A recolha para elaborar o inventário das principais baterias de testes foi realizada
(1) a partir da consulta de manuais de Desenvolvimento Motor, Comportamento
Motor, Desempenho Motor e Habilidade Motora; (2) através de “motores de
busca”, relativos a sites da especialidade; (3) teses de mestrado, doutoramento,
livros e relatórios onde é apresentado o uso destas baterias de testes.
RESULTADOS
Apresentaremos, de seguida, um resumo sucinto, por ordem cronológica, das
principais baterias de testes, com a citação dos principais sites para informações
suplementares.
Kiphard e 5 aos 14 anos Detecção de problemas ao nível É composta por quatro testes: De 10 a 15
(1) equilíbrio em marcha à
Schilling, da coordenação corporal: avalia minutos
retaguarda (ER);
1974 a coordenação motora grosseira (2) saltos laterais (SL);
(3) saltos monopedais (SM); e
e identifica crianças com
(4) transposição lateral (TL).
insuficiência coordenativa.
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000218982
http://www.def.uem.br/revistadef/admin/artigos/8d6bf2a1670317af9dd67f989d7b95
a9.pdf
Johnson & A partir dos 10 Avaliar o equilíbrio estático e Estão incluídos nesta bateria os De 15 a 20
Nelson, 1979 anos dinâmico. seguintes testes: minutos.
-Teste de equilíbrio: equilíbrio
estático e equilíbrio dinâmico;
-Teste de velocidade de reacção
manual: mão direita e esquerda
em resposta a um estímulo visual;
-Teste de reacção pedal;
-Teste de velocidade de
movimento;
-Teste de salto lateral
modificado;
-Teste de escolha em
movimento.
Quadro 4.6. Sinopse das provas de cada bateria de testes NELSON
BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Teste de Equilíbrio a) Avaliar o equilíbrio estático e dinâmico num
b) Teste de Equilíbrio Estático teste único.
Morris et. al, 3 aos 6 anos Avaliar o desempenho motor de É composta por seis testes: (1) A literatura não
equilíbrio; (2) corrida de ida e
1981 crianças. apresenta o
volta; (3) agarrar; (4) corrida de
velocidade; (5) impulsão tempo
horizontal e; (6) Lançamentos
necessário
para a
realização
desta bateria
de testes.
http://portal2.ipb.pt/pls/portal/docs/PAGE/HOME_IPB/IPB_ID/IPB_ID_S_E/IPB_ID
_PUBLICACOES/1_18.PDF
Russell et al., Não foi Medir as modificações da Instrumento de observação de 88 A literatura não
1989 encontrada na função motora global (ao itens GMFM-66 (nova versão apresenta o
literatura uma longo do tempo) completamente revista) transforma tempo
idade mínima nem o GMFM padrão em medidas de necessário para
máxima para a intervalo; a realização
aplicação desta Fornece um ‘mapa de itens’ da desta bateria de
bateria de testes. dificuldade relativa entre itens testes.
Inclui um programa de software
fácil de usar, para ajudar na
pontuação e na interpretação dos
seus dados.
É estandardizado e validado
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
35552006000100009&lng=&nrm=iso&tlng
e) Tempo do Movimento
f) Avalia a Coordenação Motora para a escrita
f) Tempo de Escrita
g) Avalia a Coordenação Motora para a escrita
http://www.fcdef.up.pt/RPCD/_arquivo/artigos_soltos/vol.7_nr.1/1.04.pdf
lrich, 2000 De 3 a 11 anos Mede dois grandes factores: Dois subtestes; nº de factores que De 15 a 20
controlo locomotor e incluem, cada um deles, seis minutos.
manipulação de objectos. habilidades:
Identifica crianças que estão -Locomotor: correr, galopar,
significativamente atrás dos pular, salto horizontal e deslizar.
seus pares no -Controlo do Objecto: bater uma
desenvolvimento de bola parada, drible parado,
habilidade motora global. pontapear, agarrar, lançamento de
Os resultados da avaliação ombro e lançamento de precisão.
podem ser utilizados para
desenvolver programas
educativos, monitorizar o
progresso, avaliar o
tratamento e orientar outras
pesquisas sobre o
desenvolvimento motor global,
não obstante a mais parte dos
estudos disponíveis utilizados
entre crianças “especiais”.
http://repositorium.sdum.uminho.pt/dspace/handle/1822/6206
8 - BATERIA DE TESTES PDMS-2
Foi concebida por Fólio e Fawell (2000). O PDMS-2 é um programa de
desenvolvimento motor infantil que oferece tanto uma avaliação detalhada quanto
um treino ou uma intervenção ao nível das habilidades motoras globais e finas
(Heringer, 2007).
http://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/2006/SRBTAIQSROUU.pdf
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-21122006-134949/
d) Tarefa Adaptável
e) Avalia o equilíbrio dinâmico
http://www.biostat.uzh.ch/research/manuscripts/agelat.pdf
CONCLUSÕES
As possibilidades de avaliação da coordenação motora são bem diversificados.
Estão disponíveis diferentes baterias que podem satisfazer os propósitos mais
específicos de pesquisa de investigadores do desenvolvimento motor de crianças
e jovens.
Contudo, é importante ter bem presente que nem todas foram suficientemente
adaptadas e estudadas no espaço lusófono, pelo que se exige vigilância
interpretativa dos resultados.
BIBLIOGRAFIA
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Antonio, TX: Psychological Corporation, 1993. Ciatação indirecta.
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
35552006000100009&lng=&nrm=iso&tlng>. Acesso em: 25 de Março.
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Development Centre Department of Paediatrics University Children’s Hospital
Steinwiesstr. 75, Zürich Switzerland. Disponível em:
<http://www.biostat.uzh.ch/research/manuscripts/agelat.pdf>. Acesso em: 28 de
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Estudos da Coordenação Motora. Faculdade de Educação Física, Universidade
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Physical Therapy. Developmental Medicine and Child Neurology. Citação indirecta.
CONCLUSÕES GERAIS
E SUGESTÕES
CONCLUSÕES GERAIS
Este trabalho pretendeu construir um sumário diversificado da temática da
coordenação motora (CM) no que diz respeito: (1) ao seu conceito; (2) sua leitura
distinta baseada no pensamento de Bernstein, e Kiphard e Schilling; (3) mostrar a
investigação empírica realizada em diferentes países com a bateria de testes KTK
e, finalmente, (4) descrever distintas baterias de testes para analisar a CM.
Assim, podemos concluir que: (1) nesta área do conhecimento não existe
unanimidade em termos do conceito de CM face à diversidade de posicionamento
dos investigadores; (2) constatou-se que o desempenho coordenativo aumenta
com a idade; (3) percebeu-se que nem sempre é diferente entre os sexos; (4)
verificou-se que os programas de intervenção têm efeitos positivos no
desenvolvimento da CM de crianças “normais”, (5) notou-se que os mesmos
programas de intervenção tem efeitos positivos quando aplicados em populações
especiais.