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Avaliação da Coordenação Motora,

Ideias Fundamentais e Investigação Empírica a


partir da Bateria de Teste KTK

Estudo de revisão de Literatura a cerca da Coordenação Motora e Baterias


de Testes para a sua avaliação

Carmen Lúcia Guimarães Ballestero

2008
Avaliação da Coordenação Motora,
Ideias Fundamentais e Investigação Empírica a
partir da Bateria de Teste KTK

Estudo de revisão de Literatura a cerca da Coordenação Motora e Baterias


de Testes para a sua avaliação

Dissertação apresentada com vista a obtenção do


grau de Mestre em Ciência do Desporto, área de
Especialização em Desenvolvimento Motor, nos
Termos do Decreto Lei nº 216/92 de 13 de Outubro.

Carmen Lúcia Guimarães Ballestero

Orientador: Prof. Doutor José António Ribeiro Maia

Porto, Agosto de 2008


FICHA DE CATALOGAÇÃO

Ballestero, C. L. G. (2008). Avaliação da Coordenação Motora. Ideias


Fundamentais e Investigação Empírica a partir da Bateria de Testes KTK. Porto:
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto.

Palavras-chave: 1. Coordenação Motora. 2. Bateria de Testes KTK. 3. Baterias de


testes Motores.
“A vida não é um corredor recto e tranquilo que percorremos livres e sem
empecilhos, mas um labirinto de passagens, pelas quais nós devemos procurar
nosso caminho, perdidos e confusos, de vez em quando presos em um beco sem
saída.
Porém, se tivermos fé, uma porta sempre será aberta para nós, não talvez aquela
sobre a qual nós mesmos pensamos, mas aquela que definitivamente se revelará
boa para nós.”

A. J. Cronin
DEDICATÓRIA
“Dedico este trabalho a meu esposo Roberto Alcântara Ballestero, pessoa
amável e compreensiva que sempre me apoiou e incentivou para que eu
concluísse este trabalho.”

“Dedico também aos meus filhos Roberto Alcântara Ballestero Filho e Raíssa
Guimarães Ballestero aos quais servem-me de inspiração para tudo o que faço,
pois é para eles que procuro sempre crescer, para que eles também um dia
possam ser grandes.”

“Aos meus familiares e amigos que estiveram sempre lembrando de orar por
mim para que todo este trabalho tivesse êxito.”
AGRADECIMENTOS

Ao fim de três anos chega-se o tão sonhado dia, foram muitos sonhos e muitos
projectos para que este objectivo fosse alcançado, mas enfim valeram todos os
sacrifícios e todas as lágrimas durante todo este tempo. A conclusão deste
Mestrado tem um sabor de vitória pessoal muito especial, pois foram muitos
obstáculos vencidos e muito conhecimento adquirido que me fazem ter a certeza
que muito pouco sei, mais que posso aprender cada dia um pouquinho com todos
os que estão a minha volta.

Quero expressar aqui o meu profundo agradecimento a DEUS, por todo amor,
esperança e sentido que trouxe à minha vida. Porque inúmeras vezes, nos
momentos mais turbulentos da minha existência, trouxe paz e alegria ao meu
coração. Obrigado meu DEUS porque, sem Ti, onde estaria eu?

Ao meu esposo Roberto Alcântara Ballestero, que esteve ao meu lado


enchendo-me de ânimo quando eu me sentia desanimada com receio de que eu
não fosse conseguir, a ti agradeço por todo o apoio, amor e paciência nos meus
momentos mais “aéreos” e distantes.

Aos meus filhos Roberto Alcântara Ballestero Filho e Raíssa Guimarães


Ballestero que são uma fonte de inspiração divina que Deus me deu, os quais
estiveram presentes até mesmo nas aulas, exames e orientações.

Na dimensão humana, o meu especial agradecimento dirige-se ao meu orientador,


Professor Dr. José A. R. Maia, sem ele, o prezado leitor não estaria a ler estas
linhas, neste momento. Agradeço não só os inúmeros conselhos recebidos, mas
também todo a paciência, apoio, disponibilidade e boa disposição manifestada.
Obrigado Professor Dr. Maia por ter feito parte de minha formação académica.
A Fabiana amiga incondicional, sempre disposta a ajudar-me, principalmente com
meus preciosos filhos. Tua amizade e sua colaboração não têm palavras para
agradecer.
Ao amigo Alcebíades Valdivia, que com sua simplicidade, perseverança e
persistência foi uma pessoa a servir de exemplo, foi sempre um “pai” aos colegas
de Mestrado dando sempre uma ajuda a todos.

Ao colega Manuel Campos, que mesmo sempre muito atarefado sempre


encontrava um tempinho para tirar algumas de minhas dúvidas. Com ele pude
aprender que quando queremos alguma coisa arrumamos tempo para faze-las.

A amiga Sara, sempre que teve tempo disponível ajudou-me as esclarecer


dúvidas e também a organizar minhas ideias antes de ir para o papel.

Aos colegas do curso de Mestrado de Desenvolvimento Motor que através de


trabalhos em equipa e troca de informações contribuíram imenso com o meu
crescimento. É difícil citar os nomes, pois posso cometer o erro de esquecer o
nome de alguém, a todos vocês o meu muito abrigado!

Agradeço a todos os professores que tive na FADEUP durante o curso de


Mestrado de Desenvolvimento Motor, que muito contribuíram para a minha
formação.
ÍNDICE GERAL
Agradecimento ……………………………………………………………..………..IX
Índice Geral ………………………………………………………………….…….....X
Índice de Quadros …..…………………………………………………………......XIII
Índice de Figuras …..…………………………………………………………........XIV
Resumo ……………………………………………………………………………...XV
Abstract …………………………………………………………………………….XVII
Résumé …………………………………………………………………………......XIX
Lista de abreviaturas …………………..……………………………………..……XXI

Capítulo 1. Introdução Geral e Estrutura da Dissertação


1.1. Introdução Geral ……………………………………………………………….. 3
1.2. Estrutura da Dissertação ……………………………………………………….8
1.3 Referências Bibliográficas ………………………………………………….......9

Capítulo 2. Perspectivas de Estudos


Introdução .....………………………………………………..…………………..…. 15
Objectivos………………………………………………………..…………………...15
Método……..………………………………………………………..……………......16
Resultados.…..……………………………………………………………..……..….16

2.2 Perspectivas de Estudos da Coordenação Motora


2.2.1 Posicionamento sobre a coordenação motora segundo Bernstein (1967):
uma perspectiva biomecânica ……………………….……………………….….....16
Introdução ..………..………………………….………………………. ..19
Objectivos………………...……………….……………………….….....20
Métodologia.…………………..……………………………………........20
Resultados …..……………………..………………………………..…..21
Conclusão………………….………………………………………….....23
2.2.2 Posicionamento sobre a Coordenação Motora segundo Kiphard (1976):
uma perspectiva pedagógica ………………………………………………...…… ..24
Introdução ………………………………….……………………..… …..25
Objectivos……………..……………….……………………….…......….26
Métodologia.……………………………………………………........ …..26
Resultados …..…………………………………………………..……… 27
Conclusão…………………………………………………………..... ….28
Conclusões…….…………………………………………………….. ….28
Bibliografia………………………………………………………..………29

Capitulo 3. Bateria de Testes KTK Resultados da Investigação


Introdução ………………………………………………………………………….…..36
Objectivo……………………………………………………………………….…….....37
Método ……………………………………………………………………………….....37
Resultados ……………………………………………………………………………..37
Estudos Realizados em Portugal …………………………………………………. ..37
Estudos Realizados no Brasil ………………………………………………………..42
Estudos Realizados na Alemanha ………………….……………………………….45
Estudos Realizados no Perú …………………..…………………………………….47
Estudos Realizados nos EUA……………………………………………………..... 49
Conclusões .……………………………………………………………………….…..50
Bibliografia……………….. ………………………….……………………………..…51

Capitulo 4. Bateria de Testes Motores


Introdução ……………………………………………………………………….… ...58
Objectivos………………………………………………………………………………58
Método …………………………………………………………………………………58
Resultados ………………………………………………………………………........59
Baterias de testes KTK………….. …………………………………………….……59
Baterias de testes Ozeretsky .………………………………………………………60
Baterias de testes Nelson ..………………………………………………………….61
Baterias de testes Battery……………………………………………………………62
Baterias de testes GMFM ……………………………………………………………63
Baterias de testes M-ABC ..………………………………………………………….64
Baterias de testes TMGD ……………………………………………………………65
Baterias de testes PDMS…………………………………………………………….67
Baterias de testes Bayley…………………………………………………………....68
Baterias de testes AZN……………………………………………………………….69
Conclusões ……………………………………………………………………………71
Bibliografia……………….. …………………………….…………………………..…72

Capitulo 5. Conclusões Gerais e Sugestões


Conclusões ………………………………………………………………………......78
Sugestões …………………………………………………………………………….79
Índice de Quadros
Quadro 1 – Resumo dos conteúdos de cada capítulo da dissertação…………….09
Quadro 2 – Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes KTK obtidos
em estudos de referência realizados em Portugal ……………………………. ……41
Quadro 3 – Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes KTK obtidos
em estudos de referência realizados no Brasil ………………………………………44
Quadro 4 – Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes KTK obtidos
em estudos de referência realizados na Alemanha ………………………….……. 46
Quadro 5 – Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes KTK obtidos
em estudos de referência realizados no Peru ………………………………………48
Quadro 6 – Sinopse dos estudos realizados com a bateria de testes KTK obtidos
em estudos de referência realizados nos EUA……….………. …….………………49
Quadro 7 – Sinopse da bateria de testes KTK……………………………………….59
Quadro 8 – Sinopse das provas de cada bateria de testes KTK…………………..59
Quadro 9 – Sinopse da bateria de testes Ozeretsky.……………………………….60
Quadro 10 – Sinopse das provas de cada bateria de testes Ozeretsky.…….......60
Quadro 11 – Sinopse da bateria de testes Nelson…………………….……………61
Quadro 12 – Sinopse das provas de cada bateria de testes Nelson……………..62
Quadro 13 – Sinopse da bateria de testes Battery…………………………….……62
Quadro 14 – Sinopse das provas de cada bateria de testes Battery …………….63
Quadro 15 – Sinopse da bateria de testes GMFM.…………………………………63
Quadro 16 – Sinopse das provas de cada bateria de testes GMFM…….………..64
Quadro 17 – Sinopse da bateria de testes M-ABC…………………..………..…….64
Quadro 18 – Sinopse das provas de cada bateria de testes M-ABC..……..……..65
Quadro 19 – Sinopse da bateria de testes TMGD…….……………………….……65
Quadro 20 – Sinopse das provas de cada bateria de testes TMGD.……………..66
Quadro 21 – Sinopse da bateria de testes PDMS……………………….………….67
Quadro 22 – Sinopse das provas de cada bateria de testes PDMS….…………..67
Quadro 23 – Sinopse da bateria de testes Bayley……………………….…………68
Quadro 24 – Sinopse das provas de cada bateria de testes Bayley….…………..69
Quadro 23 – Sinopse da bateria de testes AZN……………………….……………70
Quadro 24 – Sinopse das provas de cada bateria de testes AZN….……………..70

Índice de Figuras
Figura 1 – Descrição do movimento focal……………………………………….......21
Figura 2 – Componentes principais no movimento focal…………………………..21
Figura 3 – Componentes principais durante a restrição sensorial………………..22
Figura 4 – Testes da bateria KTK…………………………………………………….27
Figura 5 – Comportamento dos valores médios dos testes da bateria KTK em
função da idade e do sexo…………………………………………………………....27
Resumo
O presente estudo é uma revisão de literatura acerca da coordenação motora
(CM) e das baterias de testes utilizadas para a sua avaliação.

Os objectivos centrais do presente estudo foram os seguintes: (1) apresentar o


conceito de coordenação motora; (2) apresentar, de modo sucinto, algumas das
investigações disponíveis sobre a avaliação da coordenação motora que
recorreram à bateria de testes KTK e, (3) descrever de modo breve as principais
baterias de testes utilizadas no mapear das diferentes facetas da CM.

A recolha das informações para a elaboração deste documento foi efectuada de


acordo com as seguintes etapas: (1) a partir de “motores de busca” relativos a
sites da especialidade, Pubmed e Sport Discus; (2) consulta de manuais de
Desenvolvimento Motor, Comportamento Motor, Desempenho Motor e Habilidade
Motora e, (3) pesquisas em teses de mestrado, doutoramento, livros e relatórios
de pesquisa sobre a CM e baterias de testes.

As conclusões gerais foram: (1) não existe unanimidade em termos do conceito de


CM face à diversidade de posicionamento dos investigadores; (2) constatou-se
que o desempenho coordenativo aumenta com a idade; (3) nem sempre é
diferente entre os sexos; (4) programas de intervenção têm efeitos positivos no
desenvolvimento da CM de crianças “normais” e, (5) o mesmo ocorre populações
especiais.

Palavras-chave: Coordenação Motora; Bateria de testes KTK; Baterias de Testes


Motores.
Abstract
The present study is a revision of literature concerning the motor coordination (CM)
and of the batteries of tests used for its evaluation.

The central objectives of the present study are: (1) present the concept of motor
coordination; (2) briefly present some of the available inquiries on the evaluation of
the motor coordination that they had appealed to the battery of tests KTK and, (3)
and describe the main batteries of tests used in map the different views of the cm.

The retraction of the information for the elaboration of this document was
conceived in accordance with the following stages: (1) from “relative engines of
search” sites of the specialty, Pubmed e Sport Discus; (2) manual consultation of
Motor Development, Motor Behaviour, Motor Performance and Motor Ability and,
(3) research in scholarly journals, books and reports of research on the cm and
batteries of tests.

General conclusions are as follows: (1) unanimity in terms of the concept of cm


does not exist due to the diversity of positioning of the investigators; (2) cit was
evidenced that the coordinative performance increases with the age; (3) nor always
it is different between gender; (4) intervention programs have positive effects in the
development of the cm of “normal” children and, (5) the same occur in special
populations.

Key-words: Motor coordination; Battery of tests KTK; Batteries of Motor Tests.


Résumé
La présente étude est une révision de littérature concernant la coordination motrice
(CM) et des batteries d'essais utilisées pour son évaluation.

Le but de cette de la présente étude ont été les suivants: (1) présenter le concept
de coordination motrice; (2) présenter, de manière succincte, certaines des
recherches disponibles sur l'évaluation de la coordination motrice, lesquelles ont
fait appel à la batterie d'essais KTK et, (3) décrire de manière brève les principales
batteries d'essais utilisés dans la mapear des différentes facettes du cm.

La collecte des informations pour l'élaboration de ce document a été effectuée


conformément aux suivantes étapes: (1) à partir de “moteurs de recherché” relatifs
à sites de la spécialité, Pubmed et Sport Discus; (2) consultation de manuels de
Développement Moteur, de Comportement Moteur, Je joue Moteur et Habilité
Motrice et, (3) recherches dans des thèses de Diplôme d'études approfondies,
doctorat, livres et rapports de recherche sur le cm et batteries d'essais.

Les conclusions sont les suivantes: (1) il n'existe pas unanimité dans des termes
du concept de cm face à la diversité de positionnement des investigateurs; (2)
nous pouvons constater que la performance coordination augmente avec l'âge; (3)
elle n'est pas toujours différente entre les sexes; (4) des programmes
d'intervention ont des effets positifs dans le développement du cm d'enfants
“normaux” et, (5) le même se produit des populations spéciales.

Mots-clefs: Coordination Motrice; Batterie d'essais KTK; Batteries d'Essais


Moteurs.
Lista de Abreviaturas
AAHPERD – American Alliance for Heath Physical Functional
AF – Actividade (s) Física (s)
ACP – Análise dos Componentes Principais
APA – Ajuste Postural Antecipatório
APC – Ajuste Postural Compensatório
AZN – Avaliação de Zurique Neuromotor
BMS – Bayley motor Scale
BOTMP – Teste de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky
BR – Brasil
BSID – Escalas de Bayley do desenvolvimento infantil
CEB – Ciclo Ensino Básico
COP – Centro de Pressão
CP – Componente Principal
CM – Coordenação Motora
EF – Educação Física
EMG – Sinal Eletromiográfico
ER – Equilíbrio à Retaguarda
ESE – Estatuto Socioeconómico
EUA – Estados Unidos da América
GGA – Grupos com Nível Avançado em Ginástica Artística
GGI – Grupos com Nível Intermediário em Ginástica Artística
GMFM – Gross Motor Function Measure
GNG – Grupos sem Experiência em Ginástica Artística
IMC – Indices de Massa Corporal
KTK – Körperkoordination Test für Kinder
M-ABC – Test Movement Assessment Battery for Chidren
MF – Motora Fina
MG – Motora Global
PC – Paralisia Cerebral
PDMS – Peabody Development Motor Scale
PEFE – Programa de Educação Física Específico
PT – Portugal
PTB – Preschool Test Battery
SD – Síndrome de Down
SD – Sistemas Dinâmicos
SL – Saltos Laterais
SM – Saltos Monopedais
QI – Quociente de Inteligência
QM – Quociente Motor
QMG – Quociente Motor Geral
TGMD – Test of Gross Motor Development
TL – Transposição lateral
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL E
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
INTRODUÇÃO GERAL

Até chegar ao tema desta dissertação (Avaliação da Coordenação Motora. Ideias


Fundamentais e Investigação Empírica a partir da Bateria de testes KTK), um
longo caminho foi percorrido. Fui inicialmente inserida num grupo de colegas
dedicados à investigação, cujo objectivo central assentou na procura de
informações de população gemelar acerca da actividade física, aptidão física
associada à idade, coordenação motora e desenvolvimento neuro-motor. Numa
reunião posterior, foram sugeridos temas para futuras teses de acordo com as
afinidades dos colegas. Coube-me a difícil missão de elaborar um documento
organizado que fosse um sumário consistente e actualizado sobre a Coordenação
Motora e baterias de testes usadas na sua avaliação. Dado o alto grau de
complexidade do assunto e a minha insuficiência para tratar tal matéria pensei em
desistir do assunto. Contudo, apesar das adversidades encontradas, assumi o
desafio e lancei-me ao trabalho sabendo sempre, que seria muito imperfeito. Mas
também seria uma oportunidade excelente para o estudar.

Rapidamente constatei que nas últimas décadas, tem havido um forte valor
investigativo no âmbito da coordenação motora (CM), expressando preocupações
e necessidades crescentes de um entendimento mais claro e profundo da sua
relação com a formação corporal da criança, bem como da sua associação com a
qualidade do movimento e consequente melhoria do rendimento motor.

A ideia de CM expressa, de forma inequívoca, o carácter interdisciplinar do seu


conceito e da sua operacionalização, veiculando uma forma plural no modo como
é avaliada (Gomes, 1996).

Conceito de coordenação motora

A circunstância do percurso na literatura da especialidade, e em particular, a


presença de diversidade que envolve, não só a expressão ‘Coordenação Motora’,
como também o seu conteúdo estrutural e operativo, não é matéria recente. Tal
decorre da dificuldade de unicidade na abordagem do seu conceito e da sua
operacionalização, bem como da pluralidade de formas da sua avaliação, o que
lhe confere um nítido carácter interdisciplinar, observável não só nos domínios do
Desenvolvimento, da Aprendizagem Motora e do Controlo Motor, como também
no Treino Desportivo e na Biomecânica (Gorla, 2001).

A pluralidade de termos aliados à noção de CM (agilidade, destreza, controlo


motor e até mesmo habilidade), suscita algumas dúvidas aos leitores dado o seu
uso sinónimo, assim como a dificuldade sentida na identificação das suas
componentes e na escolha de testes para a “medir”, o que transmite uma certa
ideia de confusão conceptual e operativa (Newell, 1985).

A ausência de um consenso claro relativamente à sua definição e


operacionalização, resulta da diversidade de âmbitos de investigação e aplicação
(clínicos, psicotécnicos, pedagógicos, entre outros), do posicionamento
epistemológico e disciplinar dos autores (cibernéticos, neuro-fisiologistas,
psicometristas, entre outros), e ainda dos modelos de suporte à investigação
(biomecânicos, psicofisiológicos, psicanalíticos). Contudo, não deixa de ser
importante referir que os aspectos mencionados anteriormente realçam a riqueza
de entendimento da complexidade da CM, e a necessidade de se encontrar um
conceito aberto e consensual, de forma a facilitar a sua operacionalização e
análise ao nível dos traços e características do sujeito, passíveis de mensuração
em escalas qualitativas e/ou quantitativas (Gomes, 1996; Andrade, 1996) e de
forte aplicação educacional, face ao desafio com que professores e treinadores se
deparam no desenvolvimento de desempenho motor de crianças e jovens, atletas
ou não.

A CM pode ser analisada segundo três pontos de vista: (1) biomecânico, no que
diz respeito à ordenação dos impulsos de força numa acção motora e a ordenação
de acontecimentos, em relação a dois ou mais eixos perpendiculares; (2)
fisiológico, na relação das leis que regulam os processos de contracção muscular;
e (3) pedagógico, relativo à ligação ordenada das fases de um movimento ou
acções parciais e a aprendizagem de novas habilidades [Matinek, Zaichkowsky e
Cheffers (1978), citado por Lopes et al., 2003].

Assim, a CM é um dos aspectos do comportamento motor que mais dificuldade


tem suscitado na identificação de indicadores para a sua avaliação. Numa
excelente revisão sobre o assunto, Gomes (1996) realça a estrutura
multidimensional do constructo da coordenação motora. O procedimento mais
comum para avaliar a coordenação motora enquadrada em diferentes baterias de
testes, tem sido os testes de corrida com mudanças de sentido (por exemplo, a
corrida vai-vém). Na generalidade, as baterias que incluem este item identificam a
coordenação motora como agilidade. No entanto, esta abordagem operativa não é
compatível com a definição multidimensional da CM.

Kiphard (1976) salientou a denominada insuficiência de coordenação na idade


escolar, evidenciando a necessidade de estudos que indicassem a extensão do
problema, de forma a propor acções pedagógicas que permitissem retomar o
movimento coordenado, numa base estabelecida passo a passo, durante as
primeiras fases do desenvolvimento motor de crianças.

A CM bem como o equilíbrio, são de particular importância no início da infância,


quando a criança começa a ter algum controlo das suas habilidades motoras
fundamentais. Os factores de produção de força tornam-se mais importantes após
a criança controlar os seus movimentos fundamentais, transitando assim para a
fase motora especializada (Gallahue & Ozmun, 2001). Também é crucial a
identificação de possíveis insuficiências coordenativa, o que reforça a utilidade da
medição, análise e interpretação a partir do uso dos resultados provenientes do
uso de baterias de testes motores.
Existem diversos procedimentos de avaliação da CM descritos na literatura e que
são utilizados com frequência. Destacamos os mais importantes entre eles, o
Körperkoordination Test für Kinder (KTK), o Bayley Motor Scale (BMS), o Peabody
Development Motor Scale (PDMS), o Zurich Neuromotor Assessment (AZN), a
bateria de testes de proficiência motora de Bruininks-Oseretsky (BOTMP), a
bateria de testes Movement Assessement Battery for Children (M-ABC), e a
bateria de testes de Nelson.

Estes diversos suportes da avaliação testes enquadrados em baterias privilegiam,


na sua maioria, a possibilidade de identificação de crianças com sinais de CM
desadequada. As baterias de testes motores são ferramentas essenciais para
clínicos, terapeutas, professores e médicos dado que permitem, não só a
identificação de crianças com desajustes motores, como também avaliam o
desenvolvimento motor e a eficácia de intervenções.

Avaliação da Coordenação Motora com Baterias de Testes

No processo de avaliação da CM subsistem, tal como em muitos outros domínios


de estudo, problemas e limitações. O propósito de objectivar a avaliação e de
melhor precisar a transição entre estados diferenciados da CM não tem sido tarefa
fácil. Os procedimentos que procuram caracterizar o estudo de desenvolvimento e
diferenciar as suas formas distintas são deveras complexos [Dordel, (1987), citado
por Andrade 1996].

Todavia, vários esforços têm sido desenvolvidos no sentido de reforçar a sua


utilização, não só com objectivos de investigação (recolha de dados e informações
populacionais), mas também como objecto de natureza educacional (Safrit, 1990).
Relativamente aos objectivos educativos, as baterias de testes motores têm sido
utilizadas com o propósito de diagnosticar e controlar o desenvolvimento eficaz e
convincentemente orientado das capacidades coordenativas (Jung e Wilkner,
1987), ou de algumas das suas facetas e que constam nos programas da
Educação Física (Pate e Shephard, 1989). Fox e Bidlle (1986) admitem que em
muitas escolas os resultados dos testes poderão contituir o único veículo, através
do qual as crianças desenvolvem a percepção do papel da coordenação no seu
rendimento motor.

Decorrente deste parecer, não se devem poupar esforços no sentido de (1) dar ao
aluno informações acerca do nível de desenvolvimento das capacidades
coordenativas, (2) motivar os alunos no aperfeiçoamento e melhoria dos seus
níveis coordenativos e (3) “ensinar” a importância do seu desenvolvimento na
formação corporal e no incremento de outras capacidades motoras e desportivas.

As restrições à aplicação, ou não, das baterias de testes na escola prendem-se,


segundo Jung e Wilkner (1987), com (1) o nível de exigência destes tipos de
baterias de testes, (2) as condições materiais da escola (uso dos espaços por
mais do que uma turma, barulho elevado, número de alunos por turma), (3) pouco
tempo para a sua realização na aula e (4) a reduzida objectividade e precisão de
alguns exercícios de controlo.

Por sua vez, Ross et al. (1987) inferem de um inquérito realizado nos Estados
Unidos a professores implicados num projecto de estudo, razões de natureza
muito diversa para a não aplicação habitual das baterias de testes na escola
como: falta de tempo (82%); turmas numerosas (51.5%); dificuldades na
administração dos testes (41.4%); os programas não incluírem os testes (38.1%);
porque o objectivo é a educação e não a aptidão ou as habilidades (34.5%); os
professores não se identificam com os testes (24.4%); os professores não gostam
de encorajar a competição entre crianças (21.8%). Alguns professores admitem
ainda que (1) os testes são maçadores, (2) podem provocar lesões, (3) a escola
não reúne condições e (4) a oposição dos encarregados de educação.
Tais justificações não só ultrapassam questões meramente institucionais, técnicas
e pedagógicas, como expressam um quadro incorrectamente interpretado.
Whitehead et al. (1990) sugerem que estes factos merecem uma reflexão e
discussão inequívoca do que se considera como apropriado, ou não, no uso das
baterias de testes na escola.

Assim, face ao que foi anteriormente referido, procuramos no presente estudo,


elaborar um documento organizado com referência: (1) às perspectivas de
estudos das principais escolas sobre a CM; (2) a alguns dos principais estudos
realizados na Europa e na América com a bateria de testes KTK e; (3) descrição
de algumas das baterias de testes usadas na avaliação da CM.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está organizada em 5 capítulos. O primeiro corresponde


aos aspectos referentes à formatação e pertinência do estudo, apresentando as
ideias principais e os objectivos. O segundo apresenta as perspectivas de estudos
da coordenação motora nas diferentes escolas. O terceiro integra os estudos
empíricos, de forma sucinta, sobre a bateria de testes KTK. O quarto corresponde
às baterias de testes utilizadas na avaliação da coordenação motora. E o quinto
trata das conclusões gerais e as sugestões da dissertação.
Quadro 1. Resumo dos principais conteúdos da cada capítulo da dissertação.

Capítulo I Apresentação da introdução geral, os estudos pertinentes e os objectivos da invés-


tigação.

Capítulo II Exposição das Perspectivas de Estudos da Coordenação Motora: posicionamento


sobre a coordenação motora na óptica de diferentes autores.

Capítulo III Apresenta os estudos empíricos da bateria de testes KTK.

Capítulo IV Refere, de forma sucinta, as baterias de testes motores utilizadas nas avaliação da
coordenação motora.

Capítulo V Serão abordados as conclusões gerais e sugestões da dissertação, destacando os


cuidados com a aplicação das baterias de testes.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS

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Gomes, M. P. B. B. (1996). Coordenação, aptidão física e variáveis do


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Miami: Symposia Specialists. Citação indirecta.
CAPÍTULO 2

PERSPECTIVAS DE ESTUDOS
DA COORDENAÇÃO MOTORA
INTRODUÇÃO
Nunca é demais lembrar a importância da coordenação motora (CM) ao longo do
curso de vida de cada um de nós, sobretudo nos domínios psicomotor e cognitivo.
Esta relevância é mais evidente nas primeiras experiências desportivo-motoras
das crianças do 1º ciclo, sobretudo em resposta às exigências programáticas das
aulas de Educação e Expressão Físico-Motora. Quem lecciona neste nível de
ensino, ou treina crianças e jovens nas fases iniciais da sua carreira desportiva é
muitas vezes confrontado com insuficiência de rendimento motor induzido por
problemas coordenativos. Este assunto é tanto mais interessante e vasto, quanto
se sabe que se propaga para as tarefas quotidianas das crianças, e muitas vezes
induz alguns problemas de rendimento escolar (Maia e Lopes, 2007).

A compreensão da expressão CM tem despertado o interesse de inúmeros


pesquisadores cujas investigações percorrem propósitos bem díspares, desde
aspectos neuro-cognitivos a pedagógicos. Daqui que não seja de admirar a
existência de uma diversidade terminológica e metodológica no domínio fascinante
do estudo da CM.

Com propósitos essencialmente descritivos, a que se associam preocupações


didácticas acerca desta temática, passaremos a apresentar o modo como alguns
autores entendem a CM.

OBJECTIVOS
Os objectivos deste sumário brevíssimo foram os seguintes: (1) apresentar uma
síntese acerca do posicionamento de autores como Bernstein, Kiphard e Schilling
relativamente à investigação da CM de acordo com suas respectivas áreas de
estudo, (2) mencionar alguns estudos “emblemáticos”, em cada perspectiva, cuja
estrutura conceptual e metodológica procura elucidar aspectos distintos da CM.
MÉTODOS
A recolha da informação para elaborar este documento percorreu duas etapas: (1)
pesquisas directas de informações através de livros e artigos científicos e, (2)
“motores de busca” relativos a sites da especialidade nos domínios da Educação
Física e do Desporto.

RESULTADOS
Apresentação de uma síntese resumida das perspectivas de estudos sobre a
coordenação motora segundo Bernstein, Kiphard e Schilling.

2. 2 – PERSPECTIVAS DE ESTUDOS DA COORDENAÇÃO MOTORA


2. 2. 1. – POSICIONAMENTO SOBRE A COORDENAÇÃO MOTORA SEGUNDO BERNSTEIN

(1967): UMA PERSPECTIVA BIOMECÂNICA


Bernstein, um importante fisiologista e biomecânico russo, foi o primeiro a pôr em
destaque a questão da redundância do sistema motor (para uma revisão
detalhada de seu pensamento ver Bernstein, 1967). Para Bernstein a relação
entre movimento e o despoletar de impulsos nervosos que o ocasiona é
extremamente complexa e não é unívoca. Uma relação unívoca entre impulso
nervoso e movimento não existe e não pode existir, em grande parte pelo fato de
qualquer movimento depender fortemente de complexas interacções entre sinais
motores elaborados pelo sistema nervoso central e por forças externas agindo
perifericamente naquela parte do corpo que se movimenta. Bernstein destaca que
a construção mecânica do aparelho locomotor cria problemas no controle dos
movimentos, em função de muitas fontes de indeterminações entre comandos
centrais e movimentos periféricos. Os membros de animais vertebrados, em
particular do homem, são compostos por vários segmentos, várias articulações e
inúmeros músculos, que, somados, apresentam um grande número de graus de
liberdade, número este em geral muito maior que as dimensões do espaço de
trabalho destes membros. Isto acarreta aquilo que Bernstein denominou por
redundância: mais de um comando motor pode levar um dado segmento a uma
mesma posição ou a uma mesma trajectória no espaço. Além disso, sinais
motores idênticos podem levar a movimentos diferentes sob condições iniciais
diferentes ou na presença de variações nas forças externas. Nestes termos,
"coordenação de um movimento é o processo centrado no domínio da
redundância dos graus de liberdades de sistema motor; o produto poderá
converter os sistemas em algo controlável" (Bernstein 1967, p.127). Determinar
como este processo de conversão ocorre é aquilo que é denominado de problema
de Bernstein.

Bernstein (1967), autor de referência obrigatória no estudo da coordenação


motora, considera-a como modelo ideal para atingir a solução final na execução
de uma acção de acordo com o objectivo estabelecido, tendo em consideração
dois pontos fundamentais: (1) os graus de liberdade do aparelho motor e (2) a
variabilidade condicionada ao contexto da sua realização, bem como a modelação
ou “sintonização” das estruturas coordenativas pela informação perceptiva.

Bernstein (1926; 1935 cit. Latash, 1993) foi o primeiro autor a referir-se ao sistema
de controlo motor como a caixa preta com uma estrutura interna virtualmente
desconhecida que controla um aparelho efector com várias ligações e graus de
liberdade. A coordenação, no entender de Bernstein (1967), será então o processo
de manutenção donde resulta o maior grau de liberdade do segmento em
movimento num sistema controlado. Contudo, o autor deixa explícito que a
coordenação não pode ser encarada como uma espécie de actividade
independente, mas sim como uma garantia de flexibilidade e correcção de
execução, que pode ser considerada, com mais exactidão, como um tipo de
servomecanismo motor.

A perspectiva assumida nos seus trabalhos identifica-se, segundo Latash (1993),


com um modelo teórico que é hoje denominado de cibernético onde o conceito
mais influente é o de retroacção (feedback). Este ocorre sempre que a informação
proveniente do produto final (output) é isolada e passa a alimentar o sistema como
input. O closedloop não é mais do que um circuito fechado de controlo operacional
da retroacção (feedback). Quando esse circuito se processa, a informação, sob a
forma de erro, é reenviada ao mecanismo controlador do output, originando uma
modificação do input e, por consequência, o movimento resultante (output) é
corrigido.

Bernstein (1926; 1935 cit. Latash, 1993) estudou a relação do controlo da


comunicação input-output, através da análise cinematográfica para verificar o
produto final das acções, onde o input foi modelado por instruções diferentes aos
sujeitos ou com modificações do contexto na execução da tarefa. Relativamente
às propriedades gerais do controlo de sistemas, chegou às seguintes conclusões:
a) o sistema de controlo (servomecanismo) é representado por uma hierarquia
com vários níveis;
b) devem existir circuitos de retroacção que ligam os níveis inferiores aos
superiores para sintonizar os comandos descendentes;
c) atrasos nos circuitos de retroacção reclamam a combinação da retroacção e
controlos preditivos, em circuito aberto;
d) o número de graus de liberdade num sistema motor é muito elevado, e o
processo de controlo pode ser entendido como a superação da ambiguidade por
graus de liberdade supérfulos.

Latash (1993) é de parecer que, apesar das inúmeras aproximações feitas por
autores contemporâneos baseadas nas ideias de Bernstein (Meinel e Schnabel,
1976; Luria, 1981; Fitch e al., 1982; Kelso, 1982; Schmidt, 1982; Turvey, 1982), o
nível de compreensão inerente aos problemas do controlo motor parece ainda
distante de ser ultrapassado.
O conceito de coordenação motora apresentado por Bernstein (1967), parece ser
aberto e consensual e servir distintos âmbitos de estudo. Assim, se passarmos em
vista alguns conceitos de coordenação motora, emergem claramente, noções
como sistema, eficácia e regulação.

Nesta área do conhecimento podemos destacar um estudo que se embazou nas


perspectivas apresentadas por Bernstein: Mochizuki, L. e Amadio, A. C. (2007)
“A aplicação da análise dos componentes principais para o estudo do
controle postural ”. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. Vol. 21, nº
1: 69-80.

INTRODUÇÃO
Dependem do controle postural e do controle de movimentos a emergência e
controle da acção motora. A postura é a base na qual o movimento é organizado e
executado (Massion, 1998), e o papel do controle postural é evidenciado na
preparação e ajustes do movimento para atingir a meta (Bouisset, 1998).

Como na execução dos ajustes posturais, para estudar o controle postural e de


movimentos é preciso elaborar tarefas que evidenciem a necessidade simultânea
de ambos, (Aruin, Ota & Latash, 2001;Commissaris & Toussaint, 1997).

Frente a uma perturbação, a estabilização postural pode ocorrer antes, pelo ajuste
postural antecipatório (APA) (Massion, 1998; Ramos & Stark, 1990), e depois do
início da perturbação, por meio do ajuste postural compensatório (APC) (Latash,
1997; Nouillot, Bouisset & Do, 1992). Ainda é pouco conhecida a integração, o
comportamento destes ajustes em crianças e relação entre ajustes.

O APA é desencadeado de forma voluntária e é uma resposta pré-programada


(Latash, 1997), e aprendida (Mochizuki, 2002). Assim destacamos a importância
do APA para ajudar a realização do movimento e minimizar o efeito das possíveis
perturbações futuras para manutenção do sucesso do objectivo da tarefa. Por
outro lado, o APC é uma resposta reflexa, que surge caso a actividade do APA
não foi suficiente para garantir a estabilidade postural no período pós-perturbação.
Portanto, APA e APC compõem duas fases distintas da resposta postural a uma
perturbação. Pouco é conhecido sobre a relação destes ajustes posturais na
infância e tão pouco se sabe se tais ajustes sofrem efeito da experiência motora.

A disponibilidade de vários elementos para os ajustes posturais reflecte como o


sistema nervoso lida com a abundância dos graus de liberdade. A busca dos
aspectos independentes do movimento é essencial para o conhecimento sobre o
movimento humano. Variáveis causais e descritivas do movimento podem ser
mensuradas, a partir da análise biomecânica. Contudo, quando diferentes
variáveis são medidas do mesmo fenómeno, os processos de correlação linear e
não linear interferem na análise. Para reduzir tal efeito é preciso remover os
efeitos de correlação entre variáveis para torná-las independentes. Um
procedimento é a análise dos componentes principais (ACP). Tal método diminui o
número de variáveis analisadas, preservando a variabilidade do sistema, e
destaca a informação útil de um conjunto de dados.

OBJECTIVOS
Como é o comportamento dos ajustes posturais em crianças? Qual é efeito da
experiência motora e da informação sensorial no controle postural de crianças?
Para encontrar respostas para tais perguntas, o estudo a seguir teve com
objectivo estudar a função dos ajustes posturais no equilíbrio da postura erecta
através da análise dos componentes principais. Utilizaram-se da análise dos
componentes principais para estudar a relação entre os dois tipos de ajuste
postural, verificando modificações no número de variáveis necessárias para
explicar a variabilidade encontrada na resposta postural.

METODOLOGIA
A metodologia utilizada para este estudo foi uma plataforma de força para
determinar o COP e momento de força no apoio e um electromiógrafo para obter a
actividade eletromiográfica (EMG) dos músculos tibial anterior esquerdo e direito e
gastrocnêmico lateral esquerdo e direito.

Figura 1. A posição A1 é a postura erecta parada. Após um sinal sonoro, o


indivíduo realiza o movimento focal (elevação frontal da coxa) até finalizá-lo na
posição final B1.

Figura 1. Descrição do movimento focal.

Resultados
A determinação dos componentes principais no movimento focal
Figura 2. Valores percentuais médios da variância explicada pelos componentes
principais do COP (linha inferior), momento de força (linha central) e EMG (linha
superior) para os grupos sem experiência (GNG), com nível intermediário em
ginástica artística (GGI), e com nível avançado em ginástica artística (GGA) na
tarefa 1.
Figura 2. CP1 – primeiro componente principal; CP2 – segundo componente
principal; CP3 – terceiro componente principal; CP4 – quarto componente
principal; COP – centro de pressão; EMG – sinal eletromiográfico; APA – ajuste
postural antecipatório; APC – ajuste postural compensatório.

A determinação dos componentes principais durante a restrição sensorial


Figura 3. Valores percentuais médios da variância explicada pelos componentes
principais do COP (linha inferior), momento de força (linha central) e EMG (linha
superior) para os grupos sem experiência (GNG), com nível intermediário em
ginástica artística (GGI), e com nível avançado em ginástica artística (GGA) na
tarefa 2.
Figura 3. CP1 – primeiro componente principal; CP2 – segundo componente
principal; CP3 – terceiro componente principal; CP4 – quarto componente
principal; COP – centro de pressão; EMG – sinal eletromiográfico; APA – ajuste
postural antecipatório; APC – ajuste postural compensatório

Os componentes principais e a execução da tarefa

Ao analisar os ajustes posturais a primeira informação importante á destacar-se é


a análise dos componentes principais. No GNG, a contribuição do CP1 no
momento de força reduz, enquanto a contribuição do CP2 aumenta no APC.
Assim, temos o aumento da participação do segundo componente principal na
variância total, implicando no aumento na sua importância no comportamento
geral do momento de força. Assim, o segundo componente principal é mais
importante para se estabilizar o corpo após o início do movimento. Este fato
ocorreu apenas no GNG. Nos outros grupos, nota-se que a participação dos CP
se mantém constante, isto é, não se observa a necessidade aumentar ou diminuir
a participação de um componente principal.

Assim, encontramos uma associação inédita entre ausência de experiência motora


e o comportamento dos componentes principais.
Em relação à tarefa, verificam-se diferenças na variabilidade explicada pelos CP.
Neste caso, a variabilidade explicada pelo CP1 do EMG é maior no grupo GGA.
Para os grupos, o percentual da variabilidade do CP1 reforça a ideia que maior a
experiência motora, mais unificada se torna a participação das variáveis na
execução da acção motora. O aumento na participação da variabilidade explicada
do CP1 entre os grupos é importante para entender a influência da experiência
motora no controle postural.

CONCLUSÃO
Os autores chegaram às seguintes conclusões que: (1) não há redução no número
de dimensões do sistema completo; (2) cada variável apresenta redução do
número de dimensões do sistema e a redução do número de graus de liberdade
do conjunto; (3) variabilidade nos componentes do COP, EMG ou momento de
força é principalmente explicado pelo primeiro componente principal; (4) para os
grupos, o percentual da variabilidade do primeiro componente principal é maior
com o aumento da experiência motora em ginástica artística.

2.3 – POSICIONAMENTO SOBRE A COORDENAÇÃO MOTORA SEGUNDO KIPHARD (1976):


UMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA

Kiphard (1976), preocupado com o nível de coordenação motora manifestado


pelas crianças alemãs nos primeiros níveis de escolaridade, levou por diante
trabalhos neste âmbito. Colocado nitidamente numa perspectiva pedagógica e de
reabilitação, considera a coordenação motora a interacção harmoniosa e
económica senso-neuro-muscular, com o fim de produzir acções cinéticas
precisas e equilibradas (movimento voluntários), e como situações rápidas e
adaptadas a situação (movimentos reflexos). Kiphard (1976) enuncia condições ou
características que satisfazem uma boa coordenação motora: i) adequada medida
de força que determina a amplitude e a velocidade do movimento; ii) adequada
selecção dos músculos que influenciam a condução e a orientação do movimento;
iii) capacidade de alternar rapidamente entre tensão e reflexão musculares,
premissas de toda a forma de adaptação motora.

Os trabalhos de Kiphard & Schilling (1970), Schilling & Kiphard (1974) e Kiphard
(1976) apesar de terem mais de 30 anos, foram os que mais avançaram na
operacionalização da coordenação motora grossa. Sobre o desenvolvimento da
coordenação e suas insuficiências nas crianças de idade escolar levaram à
elaboração de uma bateria de avaliação da capacidade de coordenação corporal.
Na sua concepção actual pretende examinar uma função motora básica, a qual
desempenha um papel importante no desenvolvimento motor da criança à medida
que a idade avança (Schilling & Kiphard, 1974). Após vários estudos empíricos,
usando a análise factorial exploratória como método estatístico de análise de
dados, foi identificado um factor designado por coordenação corporal que continha
os quatro testes actuais da bateria KTK (Körperkoordination Test für Kinder - KTK)
(Schilling & Kiphard, 1974).

O padrão de desenvolvimento da capacidade de rendimento corporal foi assumido


por Schilling & Kiphard (1974) como aumentando linearmente com a idade e de
uma forma paralela para ambos os sexos, tendo o sexo feminino relativamente ao
sexo masculino um resultado superior em 16 pontos aos 6,6 anos e em 10 pontos
aos 10,6 anos. Estes resultados devem, no entanto, ser considerados com
reservas, já que o método de estudo transversal, usado pelos autores, não é o
mais adequado para este tipo de análise. Willimczik (1980), num estudo
longitudinal (6,7 aos 10,7 anos), verificou que os resultados contradiziam o padrão
de desenvolvimento assumido por Schilling & Kiphard (1974) em dois aspectos.
Primeiro, não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos nos cinco
momentos de avaliação e, segundo, foi encontrada uma interacção significativa
entre o tempo e o sexo. Assim, tem que ser assumido um padrão de
desenvolvimento específico de cada sexo e não um padrão de desenvolvimento
invariante. Esta especificidade foi demonstrada pelo fato dos rapazes que tinham
resultados inferiores às meninas aos 6,6 anos, obterem resultados melhores do
que estas aos 8,6 anos.

Nesta área do conhecimento destacamos os estudos realizados por Lopes et al.


(2003), “Estudo do nível de desenvolvimento da coordenação motora da
população escolar (6 a 10 anos de idade) da Região Autónoma dos Açores”.
Artigo de natureza Longitudinal. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto,
2003, Vol. 3, nº 1: 47– 60.

INTRODUÇÃO
Em disciplinas científicas como a aprendizagem motora, o controlo motor e o
desenvolvimento motor o estudo da coordenação motora reveste-se de grande
importância. As mesmas focam os seus esforços no sentido de entender como as
acções motoras se processam em diferentes níveis, desde a forma como são
reguladas até ao seu resultado.

Lopes et al., (2003) em seus estudos interessaram-se sobretudo identificar as


crianças com problemas a este nível, as crianças que se designam por
descoordenadas ou desajeitadas. De facto, o que nos motiva é a necessidade de
identificar, com alguma precisão, as crianças com debilidade motora ou
insuficiência de coordenação.

Kiphard, E. J. (1976) refere-se a insuficiência de coordenação como sendo uma


instabilidade motora geral, que engloba os defeitos qualitativos da condução do
movimento atribuído a uma interacção imperfeita das estruturas funcionais
subjacentes, i.e., sensoriais, nervosas e musculares, a qual provoca uma
moderada alteração qualitativa dos movimentos e produz uma diminuição leve a
mediana do rendimento motor. Esta insuficiência de coordenação pode e deve ser
corrigida por medidas adequadas no contexto da Educação Física escolar.

A medida da insuficiência de coordenação é geralmente dependente da qualidade


e quantidade de experiências motoras vivenciadas pelas crianças. Uma melhoria
da capacidade de trabalho das crianças, com menor disponibilidade, parece ser
possível desde que a causa seja a fraca experiência motora Lopes et al., (2003)

OBJECTIVOS
Este estudo teve como objectivos: (1) caracterizar o estado de desenvolvimento
da coordenação motora ao longo dos quatro anos do 1º ciclo do ensino básico
(1CEB); (2) mapear as diferenças entre as crianças dos dois sexos; e (3)
identificar a presença de insuficiência de desenvolvimento coordenativo.

METODOLOGIA
A metodologia utilizada para avaliar foi a bateria de testes KTK, constituída por
quatro itens: (1) equilíbrio em marcha à retaguarda (ER); (2) saltos laterais (SL);
(3) saltos monopedais (SM); e (4) transposição lateral (SL), (Prätorius, B.; Milani,
T. L., 2006).
Figura 1. Testes da bateria KTK.

RESULTADOS
Cada item foi comparado com os valores normativos fornecidos pelo manual,
sendo atribuído a cada item um quociente. O somatório dos quatro quocientes
representa o quociente motor (QM) que pode ser apresentado em valores
percentuais ou absolutos, permitindo classificar as crianças segundo o seu nível
de desenvolvimento coordenativo: (1) perturbações da coordenação (QM < 70);
(2) insuficiência coordenativa (71≤ QM 85); (3) coordenação normal (86≤ QM ≤
115); (4) coordenação boa (116≤ QM ≤ 130); (5) coordenação muito boa (131≤
QM ≤ 145). A bateria KTK permite, portanto, dois tipos de análise dos resultados:
(1) por prova ou (2) pelo valor global do QM.

Figura 2. Comportamento dos valores médios dos testes da bateria KTK em


função da idade e do sexo, (Lopes et al., 2003).
Figura 2. Comparação entre os sexos em função da idade

Na Figura 2 perceber-se que os valores encontrados nos rapazes são superiores


às raparigas relativamente em todos os testes à excepção do teste SL, em que
não se verificou interacção significativa entre os factores sexo e idade.

CONCLUSÃO
Os autores chegaram às seguintes conclusões: (1) em todas as provas de
coordenação, e ao longo da idade, verificou-se um incremento significativo dos
valores médios: (2) os valores médios do desempenho nas quatro provas do KTK
das crianças açoreanas são inferiores aos obtidos noutros estudos realizados,
quer em Portugal, quer no estrangeiro: (3) a generalidade das crianças são
identificadas como possuindo níveis de desenvolvimento coordenativo muito
baixos e, (4) verificou-se uma tendência generalizada para as meninas de uma
dada idade mostrarem perfis de coordenação motora inferiores aqueles que são
esperados para a sua idade. Tal circunstância revela uma forte insuficiência em
aspectos do desenvolvimento coordenativo nas diferentes idades.

CONCLUSÕES
O primeiro referencial serviu-se dos pensamentos de Bernstein no que se refere
aos graus de liberdades. O uso da análise dos componentes principais permitiu o
estudo das dimensões do sistema analisado e serviu como estratégia para a
busca de soluções para o problema de Bernstein.
Os resultados obtidos neste estudo sugerem uma modulação dos graus de
liberdade por causa da experiência motora. Entretanto, os efeitos da experiência
motora em variados tipos de desporto, e do desenvolvimento motor precisam ser
mais bem investigados.

O segundo estudo serviu-se dos pensamentos de Kiphard e Schilling e usou a


bateria de testes KTK na avaliação da coordenação motora. Observou-se que o
desempenho nas quatro provas é inferior aos resultados de outros estudos
realizados em Portugal e no estrangeiro. Incremento significativo dos valores
médios de cada teste ao longo da idade em ambos os sexos e em todas as provas
da bateria, tendo os meninos valores médios superiores aos das meninas em
todos os intervalos etários em todos os itens da bateria, com a excepção dos SL.

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CAPÍTULO 3

BATERIA DE TESTES KTK


RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO
INTRODUÇÃO
A bateria de testes utilizada na avaliação de coordenação motora (KTK) surgiu de
um trabalho entre duas instituições alemãs: a “Westfälischen Institut für
Jugendpsychiatrie und Heilpädagogik Hamm” e do “Institut für Ärztl. Päd.
Jugendhilfe der Philippe-Universität”, face à necessidade em diagnosticar, de uma
maneira relativamente fácil e eficiente, as deficiências motoras em crianças com
lesões cerebrais e/ou desvios comportamentais.

O histórico do desenvolvimento da bateria de testes KTK foi traduzido de


“Motopädagogik”. O desenvolvimento da bateria ocorreu durante cinco anos e foi
efectuado em diversos estágios e com apoio da Sociedade Alemã de Apoio à
Pesquisa, (Gorla, 2001).
Em busca de um procedimento motor adequado, [Hünnekens, Kiphard e
Kesselmann (1967) citado por Gomes 1996] apresentaram o “Hammer
Geschicklich-Keitstest” (teste Hammer de Habilidades). Este primeiro tipo de teste
construído na forma de uma escala nominal não possibilitava, no entanto, uma
diferenciação suficiente no seio de cada faixa etária dos cinco aos oito anos. Nos
anos de 1968 a 1972 foi realizada uma ampla revisão por Schilling de acordo com
os pontos de vista das modernas teorias das baterias de testes. Foi abandonado o
princípio da dificuldade da tarefa relativa à idade (medido pelo conseguir ou não
conseguir) e, ao invés disso, assumida uma diferenciação quantitativa do máximo
de rendimento dentro de cada tarefa.

Assim, foi obtido o rendimento máximo do testando pela constante repetição das
tarefas de dificuldades crescente, através de uma avaliação por pontos ou pela
contagem das repetições por unidade de tempo, no teste de coordenação corporal
para crianças Hamm-Marburger (MHKTK-Hamm-Marburger
Körperkoordinationtest für Kinder), apresentado por Kiphard e Schilling em (1970)
(citado por Gorla 2001). Pela elevação da dificuldade das tarefas, tornou-se
possível ampliar o intervalo etário da avaliação de oito a doze anos, podendo mais
tarde, ser estendido até os catorze anos.

OBJECTIVO

O objectivo deste estudo foi apresentar de maneira eminentemente descritiva e


muito sumária alguns dos principais estudos realizados em países como Portugal,
Brasil, Alemanha, Perú e EUA que utilizaram a bateria de testes KTK.

MÉTODOS

A recolha das informações foi efectuada em duas etapas: (1) a partir de “motores
de busca” Pubmed e Sport Discus; (2) teses de mestrado, doutoramento, livros e
relatórios de pesquisa que consideraram, em simultâneo, coordenação motora e
KTK.

RESULTADOS

A apresentação dos documentos disponíveis, os seus resultados e aplicações


será repartida pelos países onde se constatou alguma frequência de pesquisa
quer descritiva e diferencial, quer de intervenção. Os estudos localizados tratam
de investigação vinda de Portugal, Brasil, Alemanha, Perú e EUA.

ESTUDOS REALIZADOS EM PORTUGAL

Em Portugal a maioria dos estudos é de natureza transversal, tendo como


principais propósitos: (1) caracterizar o estado de desenvolvimento da
coordenação motora grosseira; (2) expôr diferenças entre crianças dos dois sexos
e de diferentes idades, e (3) identificar a presença de insuficiência de
desenvolvimento coordenativo. Contudo, também podemos encontrar outros
estudos de natureza longitudinal (ver Quadro 3.1). Não foram, por sua vez,
encontrados estudos com populações especiais.
Com o objectivo de analisar o efeito de aulas suplementares de Educação Física
ao longo de um ano lectivo no desenvolvimento da C M em crianças de 10 e 11
anos de idade, Mota (1991) realizou um estudo de intervenção com 216 crianças,
onde sujeitou um grupo experimental a um programa específico durante um ano
lectivo, num total de 56 sessões de 50 minutos. O programa de aulas
suplementares tinha como propósito a compensação das insuficiências de
natureza postural, coordenativa e orgânica. A avaliação da capacidade de
coordenação corporal foi realizada através da bateria KTK. No final do ano lectivo
registou uma melhoria generalizada do grupo experimental, especialmente na
tarefa de equilíbrio à retaguarda.

Andrade (1996) realizou um estudo de natureza transversal, onde fez um


levantamento dos níveis de coordenação motora de 315 crianças de ambos os
sexos e com 8, 9 e 10 anos de idade na região autónoma da Madeira, tendo
comparado os diferentes grupos etários em cada género sexual. Verificou que
apenas aos 9 anos de idade existiam diferenças significativas entre rapazes e
raparigas nos níveis de desempenho em apenas dois testes (equilíbrio à
retaguarda e saltos laterais). Constatou, também, que o desempenho era sempre
superior nos grupos etários de idade mais avançada relativamente aos de idade
mais baixa, tal como já tinham verificado Kiphard e Schilling (1976) e Willimczik
(1980).

Com o intuito de caracterizar os níveis de coordenação motora das crianças de


duas freguesias de Matosinhos (Matosinhos e Lavra), Gomes (1996), num estudo
de natureza transversal, avaliou 214 crianças de ambos os sexos entre os 8, 9 e
10 anos de idade. Apurou que o desempenho, na generalidade, melhorava com a
idade em ambos os sexos. No entanto, aos 9 anos de idade verificou, através da
análise da função discriminante, que uma grande percentagem era reclassificada
no grupo etário de 8 anos. Quando comparou os resultados da amostra com os
resultados de outros estudos, por ex. Kiphard e Schilling (1976), constatou que as
crianças de Matosinhos apresentavam desempenhos inferiores.

Lopes (1997) realizou um estudo de intervenção que consistiu na aplicação de


dois programas de Educação Física ao longo de um ano escolar, um elaborado a
partir do programa oficial de Educação Física do 1CEB, e o outro, um programa
alternativo, orientado pelo princípio de que a Educação Física das crianças é uma
educação desportiva, baseado nas habilidades das seguintes modalidades
desportivas: futebol, basquetebol, ginástica, atletismo e andebol. Cada programa
foi aplicado com duas frequências semanais (2 e 3 aulas). Nesse estudo
participaram 5 turmas do 1CEB, num total 100 crianças com 9 anos de idade,
repartidas em 4 grupos experimentais e 1 grupo de controlo. A capacidade de
coordenação corporal foi avaliada em três momentos, de acordo com a bateria
KTK. Os resultados do estudo indicam que o desenvolvimento dos níveis de
expressão da capacidade de coordenação corporal foi mais elevado nos grupos
de crianças sujeitas a aulas de Educação Física (grupos experimentais) do que no
grupo de controlo. Foram encontradas diferenças significativas entre os efeitos
dos dois programas, tendo as crianças sujeitas ao programa alternativo, obtidos
ganhos superiores às crianças sujeitas ao programa oficial. Verificaram diferenças
significativas entre os efeitos das duas frequências semanais de aulas, obtendo as
crianças com 3 aulas semanais melhorias na sua prestação do que as crianças
com 2 aulas semanais.

Maia e Lopes (2002), em um estudo de natureza transversal com 3844 crianças


portuguesas de ambos sexos com idade entre os 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 anos
de idade, verificaram um incremento significativo dos valores médios. O
desempenho motor nas provas não depende substancialmente dos valores de
altura e peso das crianças. Os valores médios do desempenho nas quatro provas
do KTK das crianças açoreanas são inferiores aos obtidos noutros estudos
realizados quer em Portugal quer no estrangeiro. Há meninas e meninos que
possuem valor zero nos testes de salto lateral e saltos monopedais. Verifica-se
uma tendência generalizada para meninas e meninos de uma idade mostrarem
perfis de coordenação motora inferiores que são esperados para o seu escalão
etário. Tal circunstância revela uma forte insuficiência em aspectos do
desenvolvimento coordenativo.

Maia e Lopes (2003), num estudo de natureza descritiva com uma amostra
constituída por 3742 crianças de ambos os sexos dos 6 aos 10 anos de idade a
frequentar o 1º ciclo do ensino básico 1CEB na Região Autónoma dos Açores,
verificaram que, em ambos os sexos e em todas as provas da bateria, ocorre um
incremento significativo dos valores médios de cada teste ao longo da idade,
sendo que os meninos obtiveram valores médios superiores aos das meninas em
todos os intervalos etários em todos os itens da bateria, com a excepção dos SL.
Os valores médios do desempenho nas quatro provas são inferiores aos valores
médios obtidos noutros estudos realizados, quer em Portugal, quer no estrangeiro.

Maia et al. (2007), em um estudo de natureza longitudinal misto com crianças e


jovens portuguesas de ambos sexos e de diferentes cortes de idade, verificaram
que em ambos os sexos e em todos os testes da bateria KTK os valores médios
aumentaram ao longo dos quatro momentos de avaliação. Na prova TL em ambos
os sexos, entre os 8 e os 9 anos de idade, parece existir uma estabilidade dos
valores médios. Isto é, a alteração das médias é praticamente nula; o mesmo
sucede na prova SM nas meninas. Em todas as provas, e em todos os momentos
os momentos de avaliação, os meninos têm desempenhos coordenativos
ligeiramente superiores aos das meninas.
Quadro 3.1 Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes de
coordenação corporal KTK obtidos em estudos de referência realizados em
Portugal.

AUTOR AMOSTRAS E OBJECTIVOS RESULTADOS


(ES) ANO DELINEAMENTO
Mota (1991) 216 crianças de ambos Analisar o efeito de aulas Verificou no final do ano lectivo uma
os sexos, com idades suplementares de Educação Física melhoria do grupo experimental,
dos 10 aos 11 anos. ao longo de um ano lectivo no especialmente na tarefa de equilíbrio à
Estudo de intervenção desenvolvimento da coordenação. retaguarda.
Motivo das aulas a compensação
das insuficiências de natureza
postural, coordenativas e orgânicas.
Andrade 315 crianças de ambos Realizar um levantamento dos Verificou que apenas aos 9 anos de
(1996) os sexos, com idades níveis de coordenação motora de idade existem diferenças significativas
dos 8, 9 e 10 anos. crianças de ambos os sexos, entre rapazes e raparigas nos níveis de
Estudo transversal comparando diferentes grupos desempenho em apenas dois testes
etários em cada género sexual. (equilíbrio à retaguarda e saltos
laterais). Constatou que o desempenho
era sempre superior nos grupos etários
de idade mais avançada relativamente
aos de idade mais baixa.
Gomes 214 crianças de ambos Caracterizar os níveis de Verificou que o desempenho, na
(1996) os sexos, com idades coordenação motora das crianças generalidade, melhora com a idade em
dos 8, 9 e 10 anos. de duas freguesias de Matosinhos ambos os sexos. No entanto, aos 9 anos
Estudo transversal (Matosinhos e Lavra) de idade verificou, através da análise da
função discriminante, que uma grande
percentagem era reclassifica da no
grupo etário de 8 anos. Quando
comparou os resultados da amostra com
os resultados de outros estudos,
constatou que as crianças de
Matosinhos apresentavam
desempenhos inferiores.
Lopes 100 crianças de ambos Analisar a mudança ocorrida ao Verificou que os resultados indicam que
(1997) os sexos com 9 anos de longo do ano lectivo na coordenação o desenvolvimento dos níveis de
idade. de crianças em idade escolar, coordenação corporal foi mais elevado
Estudo de intervenção quando sujeitas a diferentes nos grupos de crianças sujeitas a aulas
programas e a diferentes de Educação Física (grupos
frequências semanais de aulas de experimentais) do que no de controlo.
Educação Física. Foram encontradas diferenças
significativas entre os efeitos dos dois
programas, tendo as crianças sujeitas
ao programa alternativo obtido ganhos
superiores às crianças sujeitas ao
programa oficial. Verificaram diferenças
significativas entre os efeitos das duas
frequências semanais de aulas tendo as
crianças com 3 aulas semanais
melhorando mais a sua prestação do
que as crianças com 2 aulas semanais.
Maia e 3844 crianças de ambos Obter uma visão “fotográfica” do Verificaram nos resultados a
Lopes os sexos, com idades estado de crescimento somático, possibilidade de existência de crianças
(2002) dos 6 aos 13 anos. dos níveis da aptidão física com insuficiência de coordenação, o que
Estudo transversal relacionados com a saúde, da levanta o problema da necessidade de
actividade física e da coordenação implementação de programas de
motora ao longo dos 4 anos do 1º Educação Física adequados para suprir
ciclo do ensino básico. A esta falha.
possibilidade em identificar o
comportamento do desempenho
motor médio em função da idade.
Mapear as diferenças entre crianças
dos 2 sexos, sobretudo nas idades
em que tais divergências são mais
salientes. Referenciar as taxas de
sucesso na aptidão física associada
a saúde bem como as eventuais
insuficiências. Rastrear a presença
de excesso de peso e obesidade
infantis. Identificar eventuais
problemas no domínio da
coordenação motora, sobretudo da
presença de insuficiência de
desenvolvimento coordenativo.
Identificar, no domínio do
desempenho motor, as variáveis
que maior importância apresenta na
heterogeneidade de resposta das
crianças na sua aptidão física
associada à saúde e CM.
Maia e 3742 crianças de ambos Caracterizar o estado de Verificaram que, em ambos os sexos e
Lopes os sexos com 6 a 10 desenvolvimento da coordenação em todas as provas da bateria, ocorre
(2003) anos de idade. motora ao longo dos quatro anos do um incremento significativo dos valores
Estudo transversal 1º ciclo do ensino básico (1CEB); médios de cada teste ao longo da idade,
mapear as diferenças entre as tendo os meninos valores médios
crianças dos dois sexos; e identificar superiores aos das meninas em todos
a presença de insuficiência de os intervalos etários em todos os itens
desenvolvimento coordenativo. da bateria, com a excepção dos SL. Os
valores médios do desempenho nas
quatro provas são inferiores aos valores
médios obtidos noutros estudos
realizados, quer em Portugal, quer no
estrangeiro.
Maia et al. 250 (1ª corte) crianças Analisar se entre sexos e em Verificaram um aumento do
(2007) de ambos os sexos com diferentes idades há diferenças desempenho coordenativo ao longo da
6/7 aos 9/10 anos de significativas no desempenho idade, sem encontrar diferenças
idade. coordenativo. significativas entre os sexos.
Estudo longitudinal
misto

ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL

Os estudos realizados com a população brasileira (ver Quadro 3.2) são de


natureza longitudinal e natureza transversal. Podemos encontrar um diferencial
que são os estudos realizados com populações especiais (crianças e jovens com
síndrome de Down, deficiência auditivas e deficiência mental).
Os principais propósitos destes estudos podem circunscrever-se a quatro pontos
fundamentais: (1) detectar a faixa etária de maior desenvolvimento da
coordenação motora grosseira em crianças de ambos os sexos em diferentes
idades; (2) observar se o equilíbrio corporal dos meninos e meninas se diferencia
após programa de intervenção; (3) comparar e diagnosticar o desempenho motor
coordenado de crianças em diferentes escolas, e se; (4) após programa de
intervenção as populações com deficiências mentais apontam melhorias ou
progressos na coordenação motora grosseira.

Silva (1989) desenvolveu um estudo de natureza transversal que teve como


objectivo detectar a faixa etária de maior desenvolvimento da CM ampla (grossa)
de crianças do sexo masculino e feminino, nas idades de sete a dez anos, assim
como verificar se existem diferenças significativas entre os graus de coordenação
motora ampla por sexo e idade. A amostra foi constituída de 1000 escolares (500
do sexo masculino e 500 do sexo feminino) e avaliados pela bateria de testes
KTK. Os resultados mostraram uma superioridade do Q.M.G. (quociente motor
geral) no sexo masculino com excepção da idade de 8 anos que foi superior no
sexo feminino.

Fernandes (1999) realizou um estudo de natureza comparativo, tendo como


objectivo comparar e diagnosticar o desempenho motor coordenado de 110
crianças com 6, 7 e 8 anos de idade e de ambos os sexos em escolas regulares.
Além da bateria de testes KTK foi utilizada uma entrevista semi-estruturada
contendo dados relativos à identificação, inserção habitacional na escola, clubes e
associações. As análises revelaram um predomínio de classificação normal para
ambas às escolas, com superioridade para o sexo masculino.

Santos (1999) procurou avaliar o nível do desenvolvimento da coordenação


motora num estudo longitudinal através de 7 crianças portadoras de deficiência
mental leve, moderada e severa e não portadora de deficiência mental, inscrito no
projecto de extensão "Ginástica Olímpica - Esporte de Base", desenvolvido, na
área de Ginástica Olímpica do Centro de Educação Física e Desportos da
Universidade Estadual de Londrina. A faixa etária dos 5, 6, 7, 8 e 9 anos de idade
e de ambos os sexos. Verificou que a prática da ginástica olímpica, dentro da
proposta de trabalho, influenciou na melhoria do desenvolvimento da coordenação
motora dos participantes.
Silva e Ferreira (2001) realizaram um estudo de natureza longitudinal que teve
como objectivo avaliar, os níveis de coordenação motora de 9 crianças de 6,7, 8, 9
e 10 anos, de ambos os sexos e com síndrome de Down. A metodologia de
trabalho consistiu de um pré e um pós-teste para a coordenação corporal. Os
resultados indicaram que a aplicação de um programa diferenciado de actividades
físicas produziu uma melhoria significativa no desenvolvimento motor dos sujeitos.
Concluiu-se que a actividade física específica, com crianças com síndrome de
Down, mostra benefícios na coordenação em toda sua extensão.

Gorla (2001) realizou um estudo de natureza transversal com 9 indivíduos


portadores de deficiência mental e com 6, 7, 8, 9, 10 e 11 anos de idade
cronológica de ambos os sexos e desenvolveu um programa de educação física
específico (PEFE) durante um período de 23 sessões. Observou-se que todos os
sujeitos tiveram progresso na coordenação corporal total, porém algumas
características individuais como: déficit de atenção, ansiedade, distracção e
timidez, contribuíram para um desempenho não satisfatório em algumas tarefas.
Estes dados apontam que o programa de Educação Física orientado exerceu nos
sujeitos do estudo (portadores de deficiência mental) melhorias ou progressos na
coordenação motora, sugerindo, entretanto a necessidade no aprofundamento de
estudos em cada uma das variáveis numa amostra mais abrangente desta
população, o que se pretende realizar no futuro.

Quadro 3.2 Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes de


coordenação corporal KTK obtidos em estudos de referência realizados no Brasil.

AUTOR(ES) AMOSTRAS E OBJECTIVOS RESULTADOS


ANO DELINEAMENTO
Silva 1000 crianças, ambos Detectar a faixa etária de maior Verificou nos resultados uma
(1989) os sexos, entre os 7e 10 desenvolvimento da coordenação superioridade do Q.M.G no sexo
anos de idade. motora ampla (grossa) de crianças masculino com excepção da idade de 8
Estudo transversal do sexo masculino e feminino e se anos que foi superior no sexo feminino.
existem diferenças significativas
entre os graus de coordenação
motora ampla por sexo e idade.
Fernandes 110 crianças de ambos Comparar e diagnosticar o Verificou nas análises um predomínio
(1999) os sexos com idades desenvolvimento motor coordenado de classificação normal para ambas às
entre 6 aos 8 anos. de crianças de escolas regulares. escolas, com superioridade para o sexo
Estudo comparativo masculino.
Santos 7 crianças, ambos os Verificar os efeitos das actividades Verificou que a prática da ginástica
(1999) sexos dos 5 aos 9 anos da ginástica olímpica sobre a olímpica, dentro da proposta de seu
de idade. coordenação motora em crianças trabalho, influenciou na melhora de
Estudo longitudinal portadoras de deficiência mental desenvolvimento da coordenação
leve, moderada e severa e não motora dos participantes.
portadoras de deficiência mental.
Silva & 9 crianças, ambos os Verificar os níveis de coordenação Verificaram nos resultados que a
Ferreira sexos e com idades dos motora em crianças com Síndrome aplicação de um programa diferenciado
(2001) 6 aos 10 anos. de Down. de actividades físicas produziu
Estudo longitudinal. aumento significativo no
desenvolvimento motor de 78% dos
sujeitos.
Gorla 9 crianças ambos os Constituiu em realizar uma análise Verificou que todos os sujeitos tiveram
(2001) sexos entre os 6 e 11 do teste de coordenação corporal progresso na coordenação corporal
anos deidade. KTK para se identificar suas total, porém algumas características
Estudo de intervenção. vantagens e desvantagens, suas individuais como dificuldade de
características técnicas e a atenção, ansiedade, distracção e
possibilidade de utilização em timidez, contribuíram para um
pessoas portadoras de deficiência desempenho não satisfatório em
mental. algumas tarefas. Estes dados apontam
que o programa de Educação Física
orientado exerceu nos sujeitos do
estudo (portadores de deficiência
mental) melhoria ou progresso na
coordenação motora.

ESTUDOS REALIZADOS NA ALEMANHA

Na população alemã (ver Quadro 3.3) foram encontrados estudos de natureza


longitudinal e estudos de caso-controlo. Os propósitos fundamentais destes
estudos foram: (1) analisar se há aumento significativo do desempenho entre
sexos e com o aumento da idade; (2) verificar se crianças submetidas a
programas de intervenção sofrem influência no Índice de Massa Corporal (IMC)
nas Habilidades Motoras.

Willimczik (1980) num estudo longitudinal que começou com uma amostra inicial
de 705 crianças com 6, 7, 8, 9 e 10 anos de idade e de ambos os sexos, teve
como objectivo verificar se meninas aos 6 anos de apresentam melhor nível de
coordenação que os meninos da mesma idade. Verificou que embora as meninas
aos seis anos de idade apresentassem melhor níveis de coordenação do que os
meninos, a partir do 8 anos de idade os meninos mostravam resultados superiores
às meninas.

Graf et al. (2004) num estudo caso controlo que incluiu 668 crianças de ambos os
sexos com 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12,13 e 14 anos de idade, dentro do (projecto de
CHILT), ensaio de intervenção na saúde de crianças, verificaram a correlação
entre IMC (índice de massa corporal) e as capacidades motoras na infância,
encontram no quociente motor das crianças com sobrepeso e obeso valores mais
baixo em relação as crianças com peso normal e as com baixo peso. Dados que
vem reforçar a ideia da importância da vida saudável na prevenção do excesso de
peso e da obesidade.

Graf et al., (2005) num estudo de caso controlo em 651 crianças de ambos os
sexos com 6, 7, 8 e 9 anos de idade como parte de um programa de intervenção
na saúde de crianças primárias (O projecto de CHILT) que combina a educação e
saúde na actividade física em escolas alemãs, analisaram a influência do IMC
(Índice de Massa Corporal) nas capacidades motoras. Verificaram nos valores
encontrados nas provas do Salto Lateral do KTK que eram mais altos e
estatisticamente significativos em crianças normais em relação as que
apresentavam excesso de peso e obesas.

Quadro 3.3 Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes de


coordenação corporal KTK obtidos em estudos de referência realizados na
Alemanha.

AUTOR(ES) AMOSTRAS E OBJECTIVOS RESULTADOS


ANO DELINEAMENTO
Willimczik 399 crianças de ambos Verificar se há aumento significativo Verificou que as meninas com 6 anos
(1980) os sexos, entre os 6 aos do desempenho entre os sexos com de idade apresentam melhor nível de
10 anos de idade. o aumento da idade. coordenação que os meninos. A partir
Estudo longitudinal dos 8 anos de idade os meninos
mostram resultados superiores as
meninas.
Graf et al. 668 crianças de ambos Verificar a magnitude da correlação Verificaram que o grupo de crianças
(2004) os sexos, entre os 5 aos entre IMC (índice de massa com excesso de peso/obeso mostraram
14 anos de idade. corporal), hábitos de lazer e resultados mais pobres do que os
Estudo caso controlo habilidades motoras na infância. normais/abaixo do peso. As crianças
com extensão maior do exercício
conseguem um coeficiente motor mais
elevado.
Graf et al. 651 crianças de ambos Consistiu em verificar se houve Verificaram que crianças com baixo
(2005) os sexos entre os 6 aos influência no IMC e habilidades peso o IMC tiveram um aumento
9 anos de idade. Motoras infantil após a intervenção significativo. As crianças com excesso
Estudo caso controlo. de um programa de suporte escolar. de peso e as obesas tiveram valores
mais baixos para o sexo, idade e em
ambos. No aumento do salto lateral de
acordo com as diferentes classificações
do IMC era significativamente diferente
em crianças com pesos normais.
Ao examinar os dados seccionais
transversais das crianças que tinham
excesso de peso ou obeso, elas
conseguiram sempre as contagens
mais baixa no Tempo1 e no Tempo 2,
não havia nenhuma diferença entre o
grupo controlo e o grupo experimental.

ESTUDO REALIZADO NO PERÚ

No Perú (ver Quadro 3.4) não foram encontrados variedades de estudos com a
bateria de testes KTK, no entanto serão apresentados 2 estudos realizados em
Lima envolvendo instituições educacionais desta mesma cidade, onde os
principais propósitos foram: (1) caracterizar o nível de coordenação motora e; (2)
determinar a influencia da idade, sexo, estatuto sócio económico e da adiposidade
subcutânea e da coordenação motora em crianças peruanas.

Bustamante et al. (2007) realizaram no Perú um estudo de natureza transversal


que teve como objectivo caracterizar o nível de desempenho coordenativo,
descrever sua distribuição percentílica, e identificar a prontidão coordenativa em
função da idade, sexo e estatuto sócio económico de crianças peruanas com 6, 7,
8, 9, 10 e 11anos de idade de ambos os sexos. A amostra era composta por 4007
crianças, sendo 1889 do sexo feminino e 2118 do sexo masculino das escolas da
área Metropolitana de Lima no Perú. Verificou-se valores significativos nas provas
do KTK e em todas as idades. Que o estatuto socioeconómico (ESE) não parece
ser um predictor para os perfis do desempenho coordenativo em crianças
Bustamante et al. (2007) num estudo posterior de natureza transversal pretendeu
caracterizar o nível de CM e determinar a influência da idade, sexo, estatuto
socioeconómico e os níveis de adiposidade subcutânea de estudantes peruanos
dos 6, 7, 8, 9, 10 e 11anos de idade de ambos os sexos. A amostra era composta
por 4007 crianças, sendo 1889 do sexo feminino e 2118 do sexo masculino das
escolas da área Metropolitana de Lima, no Perú. Verificaram que o desempenho
nos diferentes pontos da CM é altamente específico de cada sexo, e o nível de
adiposidade apresenta uma influência negativa em cada prova da coordenação, e
também na coordenação total. O estatuto socioeconómico (ESE) não parece ser
um predictor influente da coordenação motora em crianças.

Quadro 3.4 Sinopse de estudos realizados com a bateria de testes de


coordenação corporal KTK obtidos em estudo de referência realizado no Perú.

AUTOR(ES) AMOSTRA OBJECTIVO RESULTADOS


ANO DELINEAMENTO
Bustamante 4007 crianças de ambos Caracterizar o nível do desempenho Verificaram que existem incrementos
et al. os sexos com 6 a 11 coordenativo, descrever sua significativos de valores médios nas
(2007) anos de idade. distribuição percentílica, e identificar provas do KTK em ambos os sexos e
Estudo transversal. a prontidão coordenativa de ao largo da idade. Os valores
crianças peruanas em função da encontrados na reclassificação dos
idade, sexo e estatuto escolares em suas idades originais é
socioeconómico. abaixo e apresenta uma tendência
decrescente ao longo da idade (30% a
23% e 30% a 20% em meninas e
meninos, respectivamente). O estatuto
socioeconómico não expressa
presença de perfis de desempenho
coordenativos diferenciados.

Bustamante 4007 crianças de ambos Caracterizar o nível da coordenação Verificaram que existem incrementos
et al. os sexos com 6 a 11 motora e determinar a influência da significativos de valores médios das
(2007) anos de idade. idade, sexo, estatuto provas de KTK em ambos sexos e ao
Estudo transversal. socioeconómico e a adiposidade longo da idade. Os meninos com
subcutânea na coordenação motora adiposidade elevada apresenta
de crianças em idades escolar. rendimentos inferiores em todas as
provas de salto monopedal (SM),
ESTUDO REALIZADO NO EUA

Nos EUA (ver Quadro 3.5) podemos encontrar um estudo de caso-controlo


realizado com a bateria de testes KTK em Miami, tiveram como propósito: (1)
estudar o efeito de uma aula por semana no desenvolvimento da capacidade de
coordenação corporal.
.
Zaichkowsky, Zaichkowsky e Martinek (1978) analisaram os efeitos de um
programa de actividades físicas na coordenação em 299 crianças de 7 a 12 anos
de idade de ambos os sexos. A amostra foi dividida em grupo experimental e de
controlo. Ao grupo experimental foram leccionadas aulas de EF de 50 minutos,
uma vez por semana, ao longo de 24 semanas. O grupo experimental obteve
melhores resultados do que o grupo de controlo. Verificaram que os resultados
vão melhorando com o aumento da idade. Os resultados indicam que a
participação em actividades físicas organizadas tem efeitos positivos no
desenvolvimento da coordenação em crianças de 7 a 11/12 anos, mesmo com
apenas uma sessão semanal.

Quadro 3.5 Sinopse do estudo realizado com a bateria de testes de coordenação


corporal KTK obtidos em um estudo de referência realizado nos EUA.

AUTOR(ES) AMOSTRA OBJECTIVO RESULTADOS


ANO DELINEAMENTO
Zaichkowsky 299 criança de ambos Caracterizar o nível da coordenação Verificaram que os resultados obtidos
et al. os sexos com 7 a 12 motora e determinar a influência da nas provas melhoram com o aumento
(1978) anos de idade. idade, sexo, estatuto sócio da idade, e que existem efeitos
Estudo caso-controlo. económico e a adiposidade positivos no desenvolvimento da
subcutânea na coordenação motora coordenação motora das crianças
de crianças em idades escolar. mesmo com uma aula semanal.
CONCLUSÕES
Nos estudos realizados em Portugal podemos constatar: (1) que as crianças
submetidas a programas de intervenção através da bateria de testes KTK podem
melhorar os seus resultados de uma forma generalizada; (2) aos 9 anos de idade
são encontradas diferenças significativas entre rapazes e raparigas, e em ambos
os sexos; (3) há uma tendência generalizada para as crianças de uma
determinada idade mostrarem perfis de CM inferiores daqueles que são esperados
para a sua idade.

No Brasil os estudos apontam que a bateria de testes KTK: (1) foi eficiente dentro
dos objectivos a que se propõem tanto na educação física regular como na
especial, verificando a presença significativa de desenvolvimento e aquisição de
habilidades motoras globais para além do que seria de esperar em função do
incremento da idade; (2) não há diferença significativa na comparação entre
meninos e meninas na faixa etária de seis e sete anos; (3) que a prática da
ginástica olímpica pode influenciar o desenvolvimento da coordenação motora das
crianças; (4) o programa de Educação Física orientado pode exercer uma
melhoria ou progresso na coordenação motora nos sujeitos portadores de
deficiência mental.

Dos resultados obtidos na Alemanha com o KTK podemos verificar que: (1) as
raparigas aos 6 anos de idade apresentam melhor nível de coordenação do que
os rapazes; (2) A partir dos 8 anos de idade os rapazes mostram resultados
superiores; (3) As crianças obesas ou com sobrepeso nas quatro provas do KTK
obtém valores significativos inferiores em relação as crianças com peso normal ou
baixo peso.

Dos resultados obtidos no Perú conclui-se que: (1) em todas as provas da bateria
KTK, em ambos os sexos e ao longo da idade, existe um incremento significativo
dos valores médios, os quais expressam a presença de um desempenho
coordenativo específico para cada sexo, assim como reflecte a plasticidade da
coordenação motora; (2) o nível de adiposidade apresenta uma influência
significativa nos resultados de cada uma das provas e na maioria delas, tendo as
crianças uma adiposidade elevada, rendimentos inferiores; (3) o estatuto
socioeconómico não é um predictor conclusivo das quatro provas, sendo a sua
influência positiva nos saltos laterais e monopedais, e negativas no equilíbrio a
retaguarda e transposição lateral.

Dos resultados obtidos nos EUA conclui-se que a participação de crianças em


actividades físicas organizadas tem efeitos positivos no desenvolvimento da
coordenação mesmo com apenas uma aula semanal.

BIBLIOGRAFIA

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básico na Região Autónoma da Madeira. [Tese de mestrado]. FCDEF,
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Maia J. A. (2008). Coordenaión Motora: Influencia da la edad, sexo, estatus sócio-
económico y niveles de adiposidade en niños peruanos. Revista Brasileira de
Cineantropometria e Desempenho Humano. Vol. 10, nº 1: 25-34

Bustamante, A.; Fernades, R.; Berastain, C.; Quispe, S.; Rodríguez, G.; Seabra,
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Ciência do Desporto.

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coordenado de crianças de 9 e 10 anos. Monografia (Especialização em Educação
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concelho de Matosinhos. [Tese de doutoramento]. Porto: Universidade do Porto.

Gorla, J. I.; Araújo, F. P.; Rodrigues, J. L.; Pereira, R. V. (2001). O Teste KTK em
Estudos da Coordenação Motora. Faculdade de Educação Física, Universidade
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CAPÍTULO 4

BATERIAS DE TESES
INTRODUÇÃO
A avaliação através de baterias de testes é um recurso que possibilita obter dados
de uma criança ou população específica infanto-juvenil, para auxiliar as tomadas
de decisões válidas, confiáveis e não discriminatórias relativamente ao significado
do seu desempenho. Desta forma percebe-se que a avaliação desportivo-motora é
um tema de várias investigações no campo da Educação Física. Quando nos
referimos especificamente à avaliação motora, encontramos várias baterias que se
propõem avaliar aspectos do comportamento motor na infância, e estudos que
recorrem a essas baterias para analisar fatias do desenvolvimento motor de
crianças com dificuldade de aprendizagem, dificuldade motora, com deficiência ou
apenas para acompanhar o seu desenvolvimento e obter informações para o
processo de ensino-aprendizagem. Esta parte da dissertação pretende elaborar
uma lista de baterias de testes utilizadas para descrever e interpretar facetas
distintas da coordenação motora (CM). O seu grande intuito é disponibilizar uma
lista que seja útil a alunos e pesquisadores da CM.

OBJECTIVOS
O propósito deste estudo foi reunir num mesmo documento algumas das principais
baterias de testes utilizadas para avaliar a coordenação motora, apresentando de
forma sucinta seus objectivos, provas, faixa etária recomendada e tempo
necessário para sua realização.

MÉTODOS
A recolha para elaborar o inventário das principais baterias de testes foi realizada
(1) a partir da consulta de manuais de Desenvolvimento Motor, Comportamento
Motor, Desempenho Motor e Habilidade Motora; (2) através de “motores de
busca”, relativos a sites da especialidade; (3) teses de mestrado, doutoramento,
livros e relatórios onde é apresentado o uso destas baterias de testes.
RESULTADOS
Apresentaremos, de seguida, um resumo sucinto, por ordem cronológica, das
principais baterias de testes, com a citação dos principais sites para informações
suplementares.

1 - BATERIA DE TESTES KTK


Esta bateria de testes foi concebida por Kiphard e Schilling (1974). O KTK evoluiu
da bateria de testes de Ozeretsky, sobretudo no que se refere à facilidade da sua
aplicação. Após uma série de estudos de análise factorial exploratória, o conjunto
inicial das provas foi reduzido a quatro. Estas compreendem aspectos relativos a
um estado de coordenação corporal, apresentando como componentes o
equilíbrio, o ritmo, a velocidade, a agilidade e a lateralidade.
A partir do resultado de cada teste, e através da utilização das tabelas de valores
normativos fornecidas pelo manual, é possível obter um quociente motor (QM) que
permite classificar as crianças em diferentes níveis (Kiphard e Schilling 1974,
citado por Gorla et al. 2001).

Quadro 4.1. Sinopse da bateria de testes KTK


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDAD REALIZAÇÃO
A

Kiphard e 5 aos 14 anos Detecção de problemas ao nível É composta por quatro testes: De 10 a 15
(1) equilíbrio em marcha à
Schilling, da coordenação corporal: avalia minutos
retaguarda (ER);
1974 a coordenação motora grosseira (2) saltos laterais (SL);
(3) saltos monopedais (SM); e
e identifica crianças com
(4) transposição lateral (TL).
insuficiência coordenativa.

Quadro 4.2 Sinopse das provas de cada bateria de testes do KTK


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Prova de marcha sobre a trave a) Equilíbrio dinâmico
b) Prova de saltos monopedais b) Testa a funcionalidade das condições
c) Prova de saltos laterais neuromusculares propriamente ditas que
KTK constituem a base da coordenação
d) Prova de deslocamento sobre dinâmica
suportes
c) Velocidade coordenativa
d) Velocidade Coordenativa

http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000218982

2 - BATERIA DE TESTES OZERETSKY


Foi concebida por Robert Bruininks o qual começou o desenvolvimento do Teste
de Bruininks-Ozeretsky em 1972. Bruininks baseou a sua bateria em parte, na
adaptação norte-americana do Testes de Proficiência Motora de Ozeretsky.
A bateria de testes apresenta pontuações padronizadas e atribui idades
equivalentes para cada sub teste. É possível, ainda, atribuir um nível motor global
e motor fino, bem como outras pontuações padronizadas e percentis (Moreira et
al., 2000).

Quadro 4.3. Sinopse da bateria de testes OZERETSKY


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Bruininks, 4 aos 15 anos Avaliação individual das É um teste aplicado De 20 a 60


individualmente e um teste
1978 habilidades motoras; no minutos (forma
normativo, orientado para o
desenvolvimento e na produto, que apresenta duas longa), e de 15
formas: uma longa e uma curta.
avaliação de programas de a 20 minutos
treino motor e; na avaliação (forma curta)
de disfunções motoras
severas e de atrasos do
desenvolvimento das crianças.

Quadro 4.4. Sinopse das provas de cada bateria de testes OZERETSKY


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Coordenação Estática a) Avalia a Habilidade Motora Grossa
b) Coordenação dinâmica das mãos b) Avalia a Habilidade Motora Fina
c) Coordenação Dinâmica dos c) Avalia a Habilidade Motora Fina
membros inferiores d) Avalia a Habilidade Motora Fina
OZERETSKY
d) Rapidez de Movimentos e) Avalia a Habilidade Motora Fina
e) Correcção de Movimentos f) Avalia a Habilidade Motora Fina
Simultâneos
f) Sincinésias

http://www.def.uem.br/revistadef/admin/artigos/8d6bf2a1670317af9dd67f989d7b95
a9.pdf

3 - BATERIA DE TESTES NELSON


Foi concebida por Johnson & Nelson (1979). Possui objectivos, materiais,
directivas e registos dos resultados diferenciados, havendo recomendações
específicas para cada um deles. Os resultados são registados em segundos e há
uma escala com diferentes scores para rapazes e raparigas nas diferentes idades
(Vasconcelos, 1995).

Quadro 4.5. Sinopse da bateria de testes NELSON


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Johnson & A partir dos 10 Avaliar o equilíbrio estático e Estão incluídos nesta bateria os De 15 a 20
Nelson, 1979 anos dinâmico. seguintes testes: minutos.
-Teste de equilíbrio: equilíbrio
estático e equilíbrio dinâmico;
-Teste de velocidade de reacção
manual: mão direita e esquerda
em resposta a um estímulo visual;
-Teste de reacção pedal;
-Teste de velocidade de
movimento;
-Teste de salto lateral
modificado;
-Teste de escolha em
movimento.
Quadro 4.6. Sinopse das provas de cada bateria de testes NELSON
BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Teste de Equilíbrio a) Avaliar o equilíbrio estático e dinâmico num
b) Teste de Equilíbrio Estático teste único.

c) Teste de Velocidade de Reacção b) Avaliar a capacidade de equilíbrio estático


Manual c) Medir a velocidade de reacção da mão
d) Teste de Reacção Pedal direita e esquerda em resposta a um
BATERIAS DE estímulo visual.
TESTES NELSON e) Teste de velocidade de Movimento
d) Avaliar a velocidade de reacção pedal em
f) Teste de Salto Lateral Modificado resposta a um estímulo visual.
g) Teste de Escolha e Resposta em e) Avaliar a capacidade de reacção e a
Movimento velocidade de movimento das mãos, em
conjunto.
f) Avaliar a capacidade de saltar com precisão
e de se equilibrar antes e após o movimento
de salto.
g) Avaliar a capacidade de reagir e de se
movimentar com rapidez e precisão de
acordo com um estímulo que implica uma
determinada escolha.
http://www.google.pt/search?hl=pt-
PT&q=Teste+de+Nelson+coordena%C3%A7%C3%A3o+motora&btnG=Pesquisar
&meta

4 - BATERIA DE TESTES “Preschool Test Battery” (PTB)


Esta bateria de testes foi concebida por Morris et al. (1981), para avaliar aspectos
genéticos do desempenho motor de crianças. Para o efeito, os autores
desenvolveram a “Preschool Test Battery”, que inclui um conjunto de 6 testes
(Antunes, 2007).

Quadro 4.7 Sinopse da bateria de testes PTB


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDAD REALIZAÇÃO
A

Morris et. al, 3 aos 6 anos Avaliar o desempenho motor de É composta por seis testes: (1) A literatura não
equilíbrio; (2) corrida de ida e
1981 crianças. apresenta o
volta; (3) agarrar; (4) corrida de
velocidade; (5) impulsão tempo
horizontal e; (6) Lançamentos
necessário
para a
realização
desta bateria
de testes.

Quadro 4.8 Sinopse das provas de cada bateria de testes do PTB


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Equilíbrio em um só pé a) Equilíbrio estático
b) Corrida de Ida-e-Volta b) Avaliar a velocidade com que a criança se
c) Agarrar uma bola levanta da posição de deitado em decúbito
d) Corrida de Velocidade dorsal, corre uma distância curta, apanha
PTB e) Impulsão Horizontal (salto em uma bola e volta para a posição inicial.
comprimento sem corrida c) Agarrar a bola
preparatória) d) Velocidade
f) Lançamento da Bola de Ténis (3 e e) Distância horizontal no salto em
4 anos) ou de “Softball” (5 e 6 comprimento.
anos). f) Distância a que a criança consegue lançar a
bola

http://portal2.ipb.pt/pls/portal/docs/PAGE/HOME_IPB/IPB_ID/IPB_ID_S_E/IPB_ID
_PUBLICACOES/1_18.PDF

5 - BATERIA DE TESTES GMFM (válido para crianças com Paralisia Cerebral)


Foi concebida por Russell et al. (1989). A avaliação da função motora global
(GMFM) destinado inicialmente a crianças com PC, apesar de também estar
sendo utilizada para avaliar crianças com Síndrome de Down e em menor
frequência com outras patologias.
Estimativa da Capacidade Motora Global: (1) fornece uma medida de nível de
intervalo da função motora global e; (2) baseado nas pontuações das crianças dos
itens da GMFM (Cury et al., 2006).

Quadro 4.9 Sinopse da bateria de testes GMFM


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Russell et al., Não foi Medir as modificações da Instrumento de observação de 88 A literatura não
1989 encontrada na função motora global (ao itens GMFM-66 (nova versão apresenta o
literatura uma longo do tempo) completamente revista) transforma tempo
idade mínima nem o GMFM padrão em medidas de necessário para
máxima para a intervalo; a realização
aplicação desta Fornece um ‘mapa de itens’ da desta bateria de
bateria de testes. dificuldade relativa entre itens testes.
Inclui um programa de software
fácil de usar, para ajudar na
pontuação e na interpretação dos
seus dados.
É estandardizado e validado

Quadro 4.10 Sinopse das provas de cada bateria de testes GMFM


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
Contém 88 itens de avaliação Quantifica a função motora grossa de crianças
motora grossa em cinco portadoras de distúrbios neuromotores,
dimensões particularmente, a paralisia cerebral.
ou 5 sub-escalas:
GMFM 1. deitando e rolando;
2. sentado;
3. engatinhando e ajoelhando;
4. de pé;
5. andando, correndo e pulando.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
35552006000100009&lng=&nrm=iso&tlng

6 - BATERIA DE TESTES M-ABC (válido para crianças com PC, ou não)


Foi concebida por Henderson e Sugden (1992). A sua pontuação é convertida
numa escala de “dificuldades” de 0 a 5, com a pontuação máxima a indicar o pior
desempenho; pontuação total da dificuldade pode ser convertida em percentis.
Além do seu valor como teste normativo, o M-ABC oferece uma apreciação
qualitativa de muitos factores que contribuem para as dificuldades no domínio
motor (Souza et al., 2001).

Quadro 4.11 Sinopse da bateria de testes M-ABC


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Henderson e De 4 a 12 anos de Despiste de problemas de O M-ABC tem 32 itens de 20 a 40


Sugden, idade movimento organizados em 4 níveis etários, minutos.
1992 Identificar as crianças que tendo, cada nível, 8 categorias de
necessitam de serviços desempenho.
especiais As oito categorias de
Permitir: desempenho são:
a) investigação clínica, -destreza manual (3)
b) planeamento da -habilidades com bola (2)
intervenção, e -equilíbrio (3)
c) avaliação do programa.

Quadro 4.12 Sinopse das provas de cada bateria de testes M-ABC


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Teste de habilidade com a bola a) Avalia a Coordenação Motora Grossa
(agarrar e pontaria) b) Avalia a Coordenação Motora Grossa
b) Teste de Equilíbrio Dinâmico c) Avalia a Coordenação Motora Grossa
c) Teste de Força Máxima e d) Avalia a Coordenação Motora Fina
M-ABC controlo de Força
d) Tempo de Reacção Simples
e) Avalia a Coordenação Motora Fina

e) Tempo do Movimento
f) Avalia a Coordenação Motora para a escrita

f) Tempo de Escrita
g) Avalia a Coordenação Motora para a escrita

g) Coordenação Dinâmica Manual


h) Avalia a Coordenação Motora para a escrita
Reprodução de Figuras Traçadas i) Avalia a Coordenação Motora para a escrita

http://www.fcdef.up.pt/RPCD/_arquivo/artigos_soltos/vol.7_nr.1/1.04.pdf

7 - BATERIA DE TESTES TMGD


Foi concebida por Ulrich (2000). O TGMD2, revisão principal do TGMD, é uma
bateria que propõe a avaliação normativa de habilidades motoras globais comuns,
dividida genericamente em dois grupos de tarefas: locomoção e manipulação.
Tem sido utilizada para medir as habilidades motoras fundamentais, embora não
tenha sido muito estudada fora dos E.U.A., sobretudo na sua adaptação e aferição
transcultural. Os resultados podem ser interpretados tanto de uma forma
normativa quanto criterial (Lopes, 2006 e Pina et al., 2006).
Quadro 4.13 Sinopse da bateria de testes TMGD
TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

lrich, 2000 De 3 a 11 anos Mede dois grandes factores: Dois subtestes; nº de factores que De 15 a 20
controlo locomotor e incluem, cada um deles, seis minutos.
manipulação de objectos. habilidades:
Identifica crianças que estão -Locomotor: correr, galopar,
significativamente atrás dos pular, salto horizontal e deslizar.
seus pares no -Controlo do Objecto: bater uma
desenvolvimento de bola parada, drible parado,
habilidade motora global. pontapear, agarrar, lançamento de
Os resultados da avaliação ombro e lançamento de precisão.
podem ser utilizados para
desenvolver programas
educativos, monitorizar o
progresso, avaliar o
tratamento e orientar outras
pesquisas sobre o
desenvolvimento motor global,
não obstante a mais parte dos
estudos disponíveis utilizados
entre crianças “especiais”.

Quadro 4.14 Sinopse das provas de cada bateria de testes TMGD


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Corrida, galope, pé-coxinho, a) Avaliação locomotora
pulo/salto, salto horizontal parado,
deslocamento lateral.
b) Batimento numa bola estática, drible b) Avalia o controlo do objecto
TMGD sem deslocamento, agarrar,
pontapear, lançamento por cima do
ombro, lançamento da bola por
baixo.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/dspace/handle/1822/6206
8 - BATERIA DE TESTES PDMS-2
Foi concebida por Fólio e Fawell (2000). O PDMS-2 é um programa de
desenvolvimento motor infantil que oferece tanto uma avaliação detalhada quanto
um treino ou uma intervenção ao nível das habilidades motoras globais e finas
(Heringer, 2007).

Quadro 4.15 Sinopse da bateria de testes PDMS-2


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Do nascimento até Projectado para permitir a O PDMS apresenta duas escalas: De 20 a 30


a 83 meses de quantificação do Motora Global (MG) e Motora Fina minutos para
idade desenvolvimento motor, (MF). cada escala,
tanto de habilidades motoras -A Escala MG tem 12 itens num total de 45
globais como finas divididos em cinco áreas de a 60 minutos.
Identificar crianças cujas habilidades (reflexos, equilíbrio,
habilidades estão atrasadas não-locomotor, recepção e
ou são anormais propulsão) para cada um dos 17
Determinar a necessidade / níveis de idade de um total de 170
elegibilidade para programas itens.
de intervenção -A Escala MF tem de 6 a 8 itens
Auxiliar a planear programas divididos em quatro áreas de
de intervenção. habilidade (preensão, uso da mão,
Avaliar modificações ocorridas coordenação óculo-manual,
Fólio e
num período de tempo destreza manual) para cada um
Fawell, 2000
dos 16 níveis de idade, num total
de 112 itens.
Os dados brutos podem ser
convertidos em:
-Percentis
-Desenvolvimento padronizado
-Quociente motor
-Níveis basal e máximo de idade

Quadro 4.16 Sinopse das provas de cada bateria de testes PDMS-2


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Teste de Reflexos a) Avalia os Reflexos
b) Teste Estacionário (sustentação) b) Avalia o Equilíbrio Estático
PDMS-2 c) Teste de Locomoção c) Avalia a Habilidade da criança na
d) Agarrar locomoção.

e) Manipulação de Objectos (esferas) d) Avalia a Habilidade manual

f) Integração Visual-Motora e) Avalia a Habilidade Manual


f) Avalia a Habilidade Perceptual-Visual

http://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/2006/SRBTAIQSROUU.pdf

9 - BATERIA DE TESTES BAYLEY


Foi concebida por Bayley (2001), que primeiro elaborou as duas primeiras partes,
Escala Mental e a Escala Motora a partir de outras três escalas da Califórnia
(Barbosa, 2004).

Quadro 4.17 Sinopse da bateria de testes BAYLEY


TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Bayley, 2001 De 1 a 42 meses Avaliar as capacidades O BSID-II conserva a mesma De 25 a 35


de idade. cognitivas, perceptivas e gama de conteúdos que minutos para
motoras precoces; identificar caracterizavam as escalas crianças com
crianças com atrasos motores; originais, incluindo: menos de 15
delinear programas de -A Escala Mental (178 itens) - que meses; e até 60
intervenção e; monitorizar a avalia a acuidade sensorial e minutos para
efectividade dos programas de perceptiva, a discriminação, a crianças com 15
intervenção aquisição da constância do meses ou mais.
objecto, a memória, a
aprendizagem e a resolução de
problemas, a vocalização, a
comunicação verbal precoce e o
pensamento abstracto, a
adaptação, o mapeamento mental,
a linguagem complexa e a
formação de conceitos
matemáticos.
-A Escala Motora (111 itens) -
que avalia o grau do controlo
corporal, a coordenação dos
grandes grupos musculares, as
habilidades de manipulação fina, o
movimento dinâmico, a imitação
postural e a estereognosia. Esta
escala, que se direcciona para o
controlo corporal e as habilidades
motoras finas e globais, gera um
Índice de Desenvolvimento
Psicomotor padronizado e uma
idade de desenvolvimento
estimada.
O Escala de Avaliação
Comportamental (30 itens) - que
mede a atenção e a prontidão, a
orientação e a motivação, a
regulação emocional e a
qualidade motora.

Quadro 4.18 Sinopse das provas de cada bateria de testes BAYLEY


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Contém 111 itens de avaliação a) Avalia o grau do controlo corporal, a
motora. coordenação dos grandes grupos
musculares, as habilidades de manipulação
BATERIAS DE fina, o movimento dinâmico, a imitação
TESTES BAYLEY postural e a estereognosia. Esta escala,
que se direcciona para o controlo corporal e
as habilidades motoras finas e globais, gera
um índice de desenvolvimento psicomotor
padronizado e uma idade de
desenvolvimento estimada.

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-21122006-134949/

10 - BATERIA DE TESTES AZN


Foi concebida por Largo et al. (2002). É uma bateria de testes usada para avaliar
aspectos do desenvolvimento neuromotor identificando crianças descoordenadas
e crianças com distúrbios neurológicos. Para a sua avaliação é usado um conjunto
de materiais desenvolvidos especificamente para sua análise (Gassser et al.,
2005).
Quadro 4.19 Sinopse da bateria de testes AZN
TEMPO
NECESSÁRIO
AUTOR (ES) FAIXA ETÁRIA OBJECTIVO (S) DESCRIÇÃO PARA SUA
RECOMENDADA REALIZAÇÃO

Largo et al. De 5 a 18 anos. Examinar a competência A avaliação de Zurique Aproximadamen


2002 neuromotora das crianças. Neuromotor compreende as te 20 minutos.
seguintes tarefas motoras:
-Movimentos Repetitivo: pé, mão
e dedos
-Movimentos alternados: pé e
mão.
-Movimento sequencial: dos
dedos
-Desempenho adaptável:
pegboard e equilíbrio dinâmico
(saltar lateral e saltar para diante)
-Equilíbrio: equilíbrio estático
(estar em um pé)
-Postura: Andar nos dedos do
pé, nos saltos, em solas exteriores
aos pés e em solas internas dos
pés.
É importante que: a) o examinador
siga adequadamente as
instruções para cada uma das
tarefas e b) o examinador
incentive a criança realizar tão
rapidamente os movimentos
quanto possível.

Quadro 4.20 Sinopse das provas de cada bateria de testes AZN


BATERIA DE PROVAS OBJECTIVOS
TESTES
a) Movimentos Repetitivos (dedo, a) Avaliar a coordenação Motora Fina
mão e pé) b) Avaliar a agilidade
b) Movimentos Alternados (mão, pé e c) Avalia a coordenação motora fina
pró-supinação na posição erecta)
AZN c) Movimento Sequencial (dedos)
d) Avalia a coordenação motora fina

d) Tarefa Adaptável
e) Avalia o equilíbrio dinâmico

e) Equilíbrio Dinâmico (saltar lateral e


f) Avalia o equilíbrio estático
saltar p/ diante) g) Avalia o equilíbrio dinâmico
f) Equilíbrio Estático (estar em um
pé)
g) Strss Gaitsa (andar nos dedos do
pé, nos saltos em solas exteriores
aos pés, em solas internas dos
pés)

http://www.biostat.uzh.ch/research/manuscripts/agelat.pdf

CONCLUSÕES
As possibilidades de avaliação da coordenação motora são bem diversificados.
Estão disponíveis diferentes baterias que podem satisfazer os propósitos mais
específicos de pesquisa de investigadores do desenvolvimento motor de crianças
e jovens.
Contudo, é importante ter bem presente que nem todas foram suficientemente
adaptadas e estudadas no espaço lusófono, pelo que se exige vigilância
interpretativa dos resultados.

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CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES GERAIS
E SUGESTÕES
CONCLUSÕES GERAIS
Este trabalho pretendeu construir um sumário diversificado da temática da
coordenação motora (CM) no que diz respeito: (1) ao seu conceito; (2) sua leitura
distinta baseada no pensamento de Bernstein, e Kiphard e Schilling; (3) mostrar a
investigação empírica realizada em diferentes países com a bateria de testes KTK
e, finalmente, (4) descrever distintas baterias de testes para analisar a CM.

As conclusões deste trabalho situam-se em dois aspectos: (1) o da pesquisa e, (2)


o das implicações pedagógicas da informação empírica disponível para avaliar a
CM e atribuir significado aos resultados no contexto do desenvolvimento motor
dos alunos.

Assim, podemos concluir que: (1) nesta área do conhecimento não existe
unanimidade em termos do conceito de CM face à diversidade de posicionamento
dos investigadores; (2) constatou-se que o desempenho coordenativo aumenta
com a idade; (3) percebeu-se que nem sempre é diferente entre os sexos; (4)
verificou-se que os programas de intervenção têm efeitos positivos no
desenvolvimento da CM de crianças “normais”, (5) notou-se que os mesmos
programas de intervenção tem efeitos positivos quando aplicados em populações
especiais.

Em termos pedagógicos há a realçar: (1) a necessidade de monitorização do


desempenho coordenativo ao longo da escolaridade; (2) a atribuição de
significado aos resultados em termos normativos e diferenciais; (3) ao desenho
adequado de opções didático-metodológicas para atribuir de modo preciso
diferentes prontidões coordenativas dos alunos e, (4) construir programas
especiais para crianças e jovens com necessidades especiais.
SUGESTÕES
Por se tratar de um assunto complexo, pelo que aqui deixamos algumas
sugestões para investigações futuras: (1) não se esgotaram as informações do
vasto legue de estudos da CM sobretudo no domínio do controlo motor, cabendo
assim outras perspectivas a respeito desta temática; (2) existem outras pesquisas
nesta área do conhecimento em diferentes países que podem relançar uma
abordagem multicultural e, (3) no que diz respeito às baterias de testes podemos
ressaltar que não foram esgotadas as possibilidades. Deixamos pois muito
percurso para ser explorado.

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