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Acentuação
Acentuação
ACENTUAÇÃO
Rubrica Faz Sentido
FAZ O
ID
ÍNDICE S NT
E
II. Acentuar..................................................................................................................................................... 19
1. O que é a acentuação gráfica e para que serve?..................................................................................... 19
2. O que preciso de identificar em primeiro lugar para saber se uma palavra é acentuada
ou não?............................................................................................................................................................... 20
3. O que é a sílaba tónica e o acento tónico?................................................................................................20
4. A sílaba tónica é sempre acentuada?.........................................................................................................21
5. Mas por que razão é tão importante saber o que é o acento tónico e a sílaba tónica de uma
palavra para saber como e se ela se acentua?....................................................................................... 21
6. Que tipo de acentos gráficos existem na língua portuguesa?.............................................................21
6.1. E para que servem os acentos gráficos?........................................................................................... 22
6.2. Quando e por que razão devo usar o acento agudo (´)?............................................................... 22
6.3. Quando, onde e por que razão devo usar o acento grave (`)?..................................................... 23
6.4. Quando e por que razão devo usar o acento circunflexo (^)?..................................................... 23
6.5. E o til (~) não é um acento? Quando e por que razão o devo usar?.............................................24
7. Mas em que palavras devo usar os vários acentos?..............................................................................24
7.1. Palavras agudas ou oxítonas (acentuadas na última sílaba)..................................................... 25
7.2. Palavras graves ou paroxítonas (acentuadas na penúltima sílaba)........................................26
7.3. Palavras esdrúxulas ou proparoxítonas (acentuadas na antepenúltima sílaba)................. 27
8. Alguns erros frequentes de acentuação gráfica....................................................................................28
Nota final......................................................................................................................................................... 31
II. Acentuar
1. O que é a acentuação gráfica e para que serve?
A acentuação gráfica consiste na aplicação, na escrita, de certos sinais (acentos grá-
ficos) sobre as vogais (a, e, i, o e u) de algumas palavras, para auxiliar na sua pronúncia.
Mas que tipo de auxílio é esse? Como sabe, todas as palavras têm uma sílaba que é
pronunciada com mais intensidade, a chamada sílaba tónica. Pode identificar essa sí-
laba chamando pela palavra ou dizendo-a a gritar: caféeeeeee, áaaaaaarvore, etc. A vogal
da sílaba tónica é que recebe o acento tónico. Para além do facto de ser tónica, essa vogal
pode também ter um timbre aberto (á, é, ó) ou fechado (â, ê, ô). Quando ouvimos uma pa-
lavra, identificamos com facilidade a sílaba tónica e reconhecemos o seu timbre. Porém,
quando lemos uma palavra que nunca ouvimos, ficamos na dúvida como a devemos
pronunciar. Nesse momento podemos seguir a orientação dada pela acentuação gráfica.
Mas há muitas palavras que não têm acentos! Pois é! Nem toda a sílaba tónica me-
rece acento gráfico, embora só exista acento gráfico em sílabas tónicas. As regras da
acentuação gráfica permitem evitar ao máximo a necessidade de acentos. Com efeito,
estes são usados apenas para auxiliar na pronúncia de palavras que fogem ao padrão
mais comum da pronúncia. E apenas cerca de 20% das palavras da língua portuguesa
fogem, de facto, a esse padrão.
Em conclusão, a acentuação gráfica serve para marcar a posição da sílaba que se pro-
nuncia com maior intensidade (a sílaba tónica), entre as três últimas da palavra, e o seu
respetivo timbre (aberto ou fechado), sempre que for necessário orientar o leitor quanto:
a) à intensidade da sílaba;
b) ao timbre da vogal, se aberto ou fechado;
c) em certos casos ainda, para diferenciar entre dois sentidos distintos para a palavra
(secretária/secretaria; público/publico; mágoa/magoa; pôr/por; ai/aí).
Para melhorar a sua competência no domínio da acentuação gráfica, mais uma vez
ler é um dos melhores remédios. A atividade da leitura pressupõe o contacto visual com
a imagem gráfica das palavras. Esse contacto é bom para continuar a escrever e, por
conseguinte, a acentuar bem as palavras que já conhece, mas é sobretudo essencial para
armazenar na memória a imagem de palavras que nunca leu nem ouviu. Ouvir, de pre-
ferência interagindo com outra pessoa, é outra forma de contactar com a pronúncia de
novas palavras: as que se encontram dentro do padrão e as que fogem a ele.
Para ter a informação necessária sobre o que precisa de saber para depois aplicar as
regras que virão mais adiante, leia com atenção as seguintes perguntas e respostas. Vai
ver que fica habilitado a perceber melhor as regras!
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Na língua portuguesa, o acento nunca vai para além da antepenúltima sílaba.
Há também acentos que não marcam a sílaba tónica. Servem antes para diferenciar
palavras. A esse acento costuma dar-se o nome de acento diferencial, como aquele que
ocorre em pôr (verbo), por oposição a por (preposição).
No caso de ser colocada sobre i e u pode indicar ainda que essa vogal não forma
ditongo com a vogal anterior. O acento agudo marca, assim, o desvio ao padrão, pois
quando duas vogais se encontram normalmente formam um ditongo. O que pode marcar
uma pronúncia inesperada é precisamente a presença do acento.
Veja a diferença:
Ex. 1: cai (3.a pessoa do presente do indicativo de cair) ≠ caí (1.a pessoa do pretérito
perfeito do indicativo de cair)
Ex. 2: ai (interjeição – Ai! Piquei-me!) ≠ aí (O caderno está aí, perto da tua secretária.)
Quando se usa sobre as vogais a, e e o, além de indicar que a vogal é tónica, o acento
agudo também indica que a pronúncia dessas vogais é aberta.
Exs.: vá; médico; móvel; número
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Nas regras atuais da nossa ortografia, o acento deixou de ser usado para distinguir muitas palavras que eram
semelhantes a estas. É natural que ainda encontre em textos que não estão adaptados ao Novo Acordo Orto-
gráfico pára (do verbo parar) e para (preposição).
O acento grave (`) tem um uso muito restrito e limitado na língua portuguesa. Na
verdade, só pode ser colocado sobre a vogal a e serve apenas para indicar a contração da
preposição a com o artigo a ou com os pronomes/determinantes demonstrativos: aquele,
aquela, aqueles, aquelas e aquilo.
Já sobre e e o, este acento indica que estas vogais são tónicas e fechadas.
Exs.: pêssego; avô
O acento circunflexo também pode ser usado apenas para distinguir certas palavras,
como, por exemplo, tem (3.a pessoa do singular do presente do indicativo) e têm (3.a pes-
soa do plural do presente do indicativo).
O til (~) não é um acento. Na língua portuguesa, o til só é utilizado nas vogais a e o
para indicar a sua nasalidade. Assim, aparece na vogal nasal ã e õ nos ditongos nasais:
ãe(s), ão(s) e õe(s):
Exs.: mãe(s); mão(s); expõe; balões
Em todos os exemplos que acabou de ler, o til marca a vogal central do ditongo que
corresponde à sílaba tónica. E assim é, porque todas as palavras que acabam em ditongo
nasal têm essa sílaba como tónica. No entanto, há casos (poucos) em que a sílaba tónica
dessa palavra não corresponde à última sílaba. Aliás, é por isso mesmo que essa sílaba
tem de ser marcada com outro acento:
Exs.: órgão; órfãos; bênção
Concluindo, o til não corresponde a um acento, como o acento agudo e o acento cir-
cunflexo. Ele serve apenas para marcar a nasalidade da vogal sobre a qual recai.
Nas palavras órfã, órgão e bênção, essa função fica bem clara, não acha? Na verdade,
é o acento agudo/circunflexo que marca a sílaba tónica.
Para responder a essa pergunta, encontra a seguir três quadros: um para as palavras
agudas ou oxítonas; outro para as palavras graves ou paroxítonas e um terceiro respei-
tante às palavras esdrúxulas ou proparoxítonas.
Em todos os exemplos que ilustram cada uma das regras, a sílaba tónica é assinalada
a negrito e a vogal tónica destacada com sublinhado.
II. Nas formas verbais que, quando conjugadas com os pronomes lo(s), la(s),
passam a terminar nas vogais tónicas abertas a, após a assimilação e
perda das consoantes r, s ou z:
Exs.: comprá-lo (comprar + lo); dá-la (dás + la); fá-los (faz + los)
III. Nas palavras que terminam nas vogais tónicas i ou u, que não formam
ditongo com a vogal anterior, seguidas, ou não, de s:
AGUDO (´)
IV. Nas palavras que terminam em ditongos tónicos abertos -ei, -eu, -oi,
seguidos, ou não, de s:
Exs.: papéis; céu(s); dói; rouxinóis
V. Nas palavras que terminam em -em ou -ens e com mais de uma sílaba:
Exs.: refém; reféns
II. Nas formas verbais que, quando conjugadas com os pronomes -lo(s),
-la(s), passam a terminar nas vogais tónicas fechadas e ou o, após assi-
milação e perda das consoantes r, s ou z:
Exs.: sabê-lo (sabes + lo), bebê-las-ia (bebes + las + ia); lê-la (lês + la) fê-lo
(fez + lo); dispô-los (dispôs + los); supô-lo (supôs + lo)
II. Nas palavras que têm na sílaba tónica as vogais abertas a, e, o e ainda i
ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s), -i(s), -um, -uns ou -us:
Exs.: órfã(s); Cristóvão; sótão(s); fáceis; férteis; fósseis; cantaríeis
(de cantar); túneis; táxi(s); lápis; ténis: bílis ; hóquei; júri(s); álbum
AGUDO (´)
III. Nas palavras que possuem um i ou u tónicos que não formam ditongo
com a vogal anterior:
Exs.: cafeína; miúdo
II. Nas palavras que têm na sílaba tónica as vogais fechadas a, e e o e que
terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou -us:
Exs.: bênção(s); fôsseis (de ser e ir); Mênfis; ânus
III. As formas verbais têm e vêm, 3.a pessoa do plural do presente do indi-
cativo de ter e vir, que são foneticamente graves/paroxítonas, para se
distinguirem de tem e vem, 3.a pessoa do singular do presente do indica-
tivo ou 2.a pessoa do singular do imperativo, que são agudas/oxítonas.
abstêm (cf. abstém); advêm (cf. advém); contêm (cf. contém); convêm
(cf. convém); detêm (cf. detém); entretêm (cf. entretém); intervêm (cf.
intervém); mantêm (cf. mantém); obtêm (cf. obtém).
Vejamos alguns erros mais frequentes e a sua respetiva correção e explicação. Nos
exemplos, a sílaba tónica aparece realçada a cor:
a) sénior/*séniores
Em todo o caso, quando este erro aparece, a sua justificação decorre do facto de
quem escreve não conhecer a pronúncia da palavra, isto é, não saber qual é a sílaba
tónica. Na verdade, a palavra é pronunciada como se a sílaba tónica continuasse a
ser se, quando na realidade passa a ser o.
c) público/publico
Todos os dias publico vários posts no Todos os dias público vários posts no
facebook. facebook.
d) notícia/noticia; anúncio/anuncio
O anúncio está muito bem conseguido. O anuncio está muito bem conseguido.
Os conjuntos io, ia são tratados na língua portuguesa como duas sílabas, isto é,
como se ambas as vogais não formassem ditongo. Para distinguir os casos em que
elas formam ditongos, tem de haver uma sinalização gráfica. Essa sinalização é o
acento gráfico, como o que ocorre em anúncio e notícia.
e) país/pais; saía/saia
Sabemos que, na língua portuguesa, por norma, os conjuntos ai, au, ei, oi, ui, etc.
formam ditongos (exs.: saia, sauna, etc.). É necessário, quando isso não acontece,
marcar a pronúncia inesperada com um acento. É por essa razão que país (nação)
tem a sua sílaba tónica acentuada.
países paises
rainha raínha
bainhas baínhas
moinho moínho
As vogais i e u são acentuadas quando não formam ditongo com a vogal anterior.
No entanto, o acento é dispensado quando:
– a vogal i ou u formam sílaba com as consoantes l, m, n, r e z: Raul, ruim, ruins,
sairdes, cair, raiz, juiz;
– a vogal i ou u formam sílaba com o dígrafo nh, pois a vogal fica nasalada na
pronúncia da palavra: rainha, bainhas, moinho.
g) proíbo/*proíbido
As vogais i ou u não são acentuadas quando não são tónicas. Por isso o i de proi-
bido não necessita de acento.
h) tínhamos/*tinhamos
Nota final
Terminada a leitura deste pequeno livro, espero que as questões da pontuação e da
acentuação façam agora mais sentido para si e que, da próxima vez que escrever um
texto, lhe venham à memória as recomendações que foram aqui apresentadas.