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UFAM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

ALUNO: LUIZ MARQUES SÁ JUNIOR

MATRÍCULA: 21854049

PROFESSOR: MARCO AURÉLIO

A Tragédia e a Morte uma compreensão através da Cultura.


Análise do Texto “A Morte de Ivan Ilitch” através da obra de Georg Simmel “A Tragédia da Cultura”

No texto A tragédia da Cultura, Georg Simmel discorre sobre a natureza espiritual da


cultura, onde ele define primeiramente cultura como sendo tudo aquilo que é cultivado no
espírito e a partir dele se expressa no campo social como uma tese, que ao se confrontar com
uma antítese pré-existente no mundo, gera uma síntese, a qual, Simmel denominou de cultura
objetiva. Esse gênio criador que Georg Simmel diz, é dotado dessa unidade original composta
de dois fatores, o subjetivo e o objetivo, que ao se encontrarem, suscita uma outra forma de
objetividade, sintética, ou seja o puro autodesenvolvimento do espírito subjetivo e o puro
emergir na matéria.

A partir deste aspecto abordado por Simmel sobre a cultura analisamos o texto
literário, A Morte de Ivan Ilitch, de Lev Tolstói. No texto tentamos observar como fatores
subjetivos e objetivos em um processo de interação, trabalham mudanças culturais no
comportamento das pessoas. Neste texto, vemos, como a era moderna, se consagra como
uma era de mudanças profundas no comportamento social das pessoas, mesmo em ralação a
morte. A morte de Ivan Ilitch, pode ser entendida como a morte de todos nós, de como nossa
morte física será recebida por aqueles que nos rodeiam, não todos, mas por alguns, e de como
a vida perde seu valor diante de fatores sociais como status social, poder econômico e
financeiro.

A história começa com o fim de uma vida, a vida de Ivan Ilitch, e como o fim dessa vida
é encarado por seus próprios amigos e alguns familiares, como um mera peça de uma grande
engrenagem econômico e social que precisa ser substituída, já no anúncio de sua morte, seus
companheiros de escritório jurídico já começam em seus pensamentos calcular as promoções,
aumento de salários, e outros possíveis benefícios que aquela morte traria a eles, e enquanto
pensam nessas possibilidades, fingem um profundo pesar por sua morte. Sua esposa, no
velório em meio a poucas lágrimas, tenta conversar com um dos amigos da repartição pública
que Ivan trabalhava sobre como iriam resolver o problema da pensão do falecido.

Esse conto de Tolstói nos leva a uma reflexão sobre o quanto a vida e a morte são uma
mera subjetividade que existe enquanto o ser permanece vivo, e como as pessoas são
facilmente esquecidas e como passam despercebidas pelo mundo social com suas
engrenagens.

A partir desse texto podemos observar como a cultura que segundo Simmel é tudo
aquilo que é cultivado no espírito e a partir dele se expressa no mundo social como uma tese,
neste caso a tese do ser e de seu fim derradeiro entendido pela morte, e como essa morte
pode ser compreendida de diversas formas que podem ser uma morte de seu status social
como no caso da esposa de Ivan que no próprio enterro do marido está preocupado com a
pensão, ou seja de como ela irá sobreviver sem ele, ou a própria morte em si que no mundo
moderno pode ser visto como uma oportunidade para aqueles que ficam de promoção e
ascensão social. Todas essas formas de entendimento da morte são construções sociais que
partem desse confronto entre tese com antítese que gerou uma nova síntese, ou uma nova
forma de se entender um fato social, mesmo que essa nova compreensão seja algo
extremamente cruel como no conto é relatado a morte de Ivan Ilitch.

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