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No livro “A Sociologia e o Mundo Moderno”, Octavio Ianni inicia dissertando sobre o

nascimento e o desenvolvimento da Sociologia no Mundo Moderno em meados do século


XIX. Nessa época, o mundo passava por um intenso processo de desenvolvimento com a
industrialização e fortalecimento do sistema capitalista. Era ainda mais evidente a divisão da
sociedade em classes com a ascensão da burguesia, em detrimento da classe trabalhadora.
Nesse contexto, os sociólogos surgem buscando compreender como funciona essa nova
configuração da sociedade e propondo melhorias para o seu desempenho.
Para Ianni, as várias tendências, escolas, teorias e interpretações que dividem a
Sociologia se reduzem a três polarizações fundamentais: causação funcional, conexão de
sentido e contradição. Como exemplos de sociólogos que representam o princípio da
causação funcional, Ianni cita nomes como Comte, Spencer e Durkheim. Sobre o da conexão
de sentido, Weber, Dilthey e Rickert se inspiraram. O da contradição baseia as ideias de
Marx, Engels e Lenin. Cada um desses três princípios possui visões distintas do mudo, todos
buscando explicar os movimentos e impasses das sociedades formadas no Mundo Moderno.
Após a queda do sistema feudal, a burguesia se consolida como classe dominante,
impondo-se ao antigo regime. Com isso, no século XIX, as lutas sociais urbanas e rurais
começam a se multiplicar na Europa com movimentos de protesto, greve, revolta e revolução.
Para Ianni, esses processos de revolução, que evidenciam as diversidades, disparidades,
desencontros e antagonismos da sociedade, se constituem na matéria prima da Sociologia,
que surge como uma ciência que estuda a realidade social.
Dentre os diversos temas clássicos da sociologia, Ianni destaca “comunidade e
sociedade” como o possível tema mais recorrente do pensamento sociológico, por estar
presente em praticamente todas as obras fundamentais. A comunidade é composta por grupos
primários, prestação social, contato entre personalidades plenas, predomínio de produção de
valor de uso e etc. A sociedade, por outro lado, é constituída por grupos secundários,
separação do público e do privado, relações sociais entre personalidades criadas por status,
organização de contrato na maioria dos círculos sociais, domínio da produção de valor de
troca, etc.
Na modernidade, com o avanço da ciência e o desenvolvimento de novas tecnologias,
a sociedade alcança um patamar onde a superstição, a religião e a tradição perdem
gradualmente seu espaço. A humanidade agora passa a conhecer as origens de certos
problemas e suas soluções, como, por exemplo, o surgimento das doenças e como curá-las. A
razão parece se sobressair à fé com a intelectualização do homem. Porém, as superstições e
fetiches criados por ele são reinventados pelo próprio, o que conclui que todo esse
conhecimento não traz a total capacidade de auto-emancipação do homem.
Ao final do livro, Ianni afirma que a Sociologia revela e constitui dimensões
essenciais do Mundo Moderno e que, sem ela, o mundo seria mais obscuro e incógnito. São
destacados os sociólogos Weber e Marx, por serem autores que, em suas obras, não buscam
apenas conhecer a sociedade moderna, burguesa e capitalista. Eles se aprofundam na
explicação de como ela se forma e transforma, e o que pode se tornar a humanidade criada
com o capitalismo, cada um com suas visões de mundo particulares. Ianni conclui que Weber
pode ser visto como um Prometeu acorrentado, e Marx como um profeta iluminado.

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