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PEGAGOGIA DO
TEATRO
CONTEMPORÂNEO
Flávio Gonçalves
Conteúdo programático
Breve panorama histórico da Pedagogia do Teatro no Brasil.
O pós-dramático
O documentário
Biodrama
Teatros do real
Performatividade
Pedagogia do espectador
01: BREVE PANORAMA HISTÓRICO DA
PEDAGOGIA DO TEATRO NO BRASIL
Segundo Richard Coutney (1980), do ponto de vista do pensamento romano, o
teatro deverianecessariamente educar, além de entreter;
A ideia retoma no advento do renascimento na Europa;
No contexto brasileiro, o teatro enquanto prática de ensino remonta ao período
de colonização, como parte da estratégia de catequização dos povos originários
que habitavam o território brasileiro;
Para Arão Paranaguá Santana (2002), após a expulsão dos jesuítas do Brasil,
houve um hiato no que diz respeito ao ensino de teatro em terras brasileiras;
Mesmo com a criação da Academia Imperial
de Belas-Artes, em 1816, ou do Colégio Pedro II, em 1837, não havia, nas tabelas de
estudos dessas instituições, um lugar para o ensino de teatro.
Na década de 1940 surgem as primeiras práticas de ensino de Teatro, ainda
segundo Arão Paranaguá Santana, junto às escolinhas de arte criadas por
Augusto Rodrigues
01: BREVE PANORAMA HISTÓRICO DA
PEDAGOGIA DO TEATRO NO BRASIL
Nos anos 1970, um grupo de pesquisadores em Teatro e Educação da Universidade
de São Paulo/USP começava a disseminar no Brasil o sistema de Jogos Teatrais,
elaborado pela diretora e professora estadunidense Viola Spolin.
Este sistema tem como premissas a espontaneidade e a improvisação, como
impulsionadores da experiência criativa.
“APRENDEMOS ATRAVÉS DA
EXPERIÊNCIA, E NINGUÉM ENSINA NADA
A NINGUÉM.” (SPOLIN, 2005, P.03).
Em termos metodológicos, o jogo
teatral comporta em si três
elementos extraídos do drama.
Quem: Remete diretamente à ideia de personagem, mas
também pode remeter a uma relação do papel. A relação de
personagem exige uma elaboração mais complexa,
enquanto a relação de papel busca estabelecer uma ideia de
representação de um determinado sujeito em sua função
social ou cultural; um padre, um professor ou uma dona-de-
casa, por exemplo.
Em termos metodológicos, o jogo
teatral comporta em si três
elementos extraídos do drama.
Onde: Remete diretamente à ideia de cenário, mas também pode ser entendido
como o ambiente ou o lugar onde ocorre a ação dramática, uma vez que a noção de
cenário se restringe a pensar sob o ponto de vista dos elementos cênicos,
ordenados de modo a representar determinado ambiente. Ao ser pensado pelo viés
do ambiente ou do lugar da ação, o espaço ganha também um peso social e cultural.
Por exemplo, uma biblioteca não é biblioteca apenas por conter livros dispostos em
estantes, mas também por ser um ambiente onde as pessoas devem se comportar
conforme as convenções sociais estabelecem – ou seja, fazer silêncio, respeitar
quem está lendo ou estudando... Enfim, comportar-se de acordo com aquele
ambiente.
Em termos metodológicos, o jogo
teatral comporta em si três
elementos extraídos do drama.
O quê: Remete à ação dramática em si, que vai ter ou não uma
relação direta com os outros dois elementos anteriores, dentro da
lógica de que alguém faz alguma coisa em determinado lugar.
Ainda sob o aspecto estrutural do jogo teatral,
Viola Spolin apresenta um elemento importantíssimo
para a realização das sessões de jogos: o foco ou
ponto de concentração (ou POC, do inglês Point of
Concentration).
O foco é imprescindível para o alcance do objetivo traçado pelo
condutor para um determinado grupo de atores. Deve ser o
elemento ao qual, como o próprio nome diz, os jogadores devem
estar atentos durante todo o tempo do jogo. O foco pode ser
desde o “não conte, mostre” (através do corpo), até o
“concentre-se na idade do personagem”.
01: BREVE PANORAMA HISTÓRICO DA
PEDAGOGIA DO TEATRO NO BRASIL
Além dos jogos teatrais de Viola Spolin, uma outra perspectiva de jogos também foi
bastante difundida no Brasil, por meio da publicação no país do livro O Jogo
dramático infantil, de Peter Slade, em 1978;
Para o autor, o jogo dramático infantil “é uma forma de arte por direito próprio; não
é uma atividade inventada por alguém, mas sim o comportamento real dos seres
humanos” (SLADE, 1978, p. 17);
Nesse sentido, o jogo dramático infantil se estabelece a partir do engajamento de
todos os envolvidos – ao contrário do jogo teatral spoliniano, no qual a turma é
dividida em grupos que se revezam entre jogar e observar os outros jogando, para
posterior avaliação.
O jogo dramático passa então a se
estabelecer por meio de duas
formas, a saber:
Apresentação do Pré-texto
Etapas do Estabelecimento da situação ficcional
drama-processo
Realização dos episódios
Discussão
PRé-texto
Situação ficcional
Episódio 01:
Código de vestimentas
Episódio 02:
Polícia da moralidade
Episódio 03:
dEBATE
Episódio 04:
QUEIMANDO VÉUS
02: ANTECENDENTES (BASE DRAMÁTICA)
Além da prática do jogo, seja o teatral ou o dramático, e do drama-processo,
outra prática teatral influencia a Pedagogia do Teatro: o trabalho realizado pelo
dramaturgo alemão Bertold Brecht, especificamente a partir do trabalho com
seus modelos de ação, que foram amplamente difundidos no Brasil como peças
didáticas, principalmente com a contribuição das traduções feitas pela
professora Ingrid Dormien Koudela;
Os modelos de ação brechtianos são peças teatrais escritas para que sejam
encenadas com o intuito de aprendizado. Cada uma traz consigo a discussão de
determinada temática que, ao ser encenada pelos atores, provoca reflexões em
meio à prática cênica;
O criador das peças didáticas ou peças de aprendizagem dizia que, com elas, se
aprende enquanto se faz - e não enquanto se assiste, mesmo que isso não seja
impedimento para que haja uma plateia. Mas o foco está naqueles que estão
debruçados sobre a peça, questionando, refletindo e criticando, muitas vezes,
assuntos que são atemporais – e que por isso podem ser contextualizados com
base no universo de cada grupo de pessoas envolvidas no processo.
AS pEÇAS PEÇAS DIDÁTICAS
Em um mundo descartável, que valor tem nossas vidas, nossas experiências, nosso
tempo? Biodrama se propõe a refletir sobre essa questão. Trata-se de investigar
como os feitos da vida de cada pessoa – feitos individuais, singulares, privados –
constituem a História. É possível um teatro documental? Testemunhal? Tudo o que
aparece no cenário se transforma irremediavelmente em ficção? Ficção e
verdade se colocam em tensão nesta experiência (TELLAS apud TRASTOY, 2009).
02: MEDIAÇÃO TEATRAL