Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICos
Escola jônica: Caracteriza-se sobretudo pelo interesse pela physis, pelas teorias sobre
a natureza.
Tales de Mileto (fl.c.585 a.C.) e seus discípulos, Anaximandro (c.610-547 a.C.) e
Anaxímenes (c.585-528 a.C.), que formam a assim chamada escola de Mileto.
Xenófanes de Colofon (c.580-480 a.C.)
Heráclito de Efeso
(fl.c.500 a.C.)
Escola italiana: Caracteriza-se
por uma visão de mundo mais abstrata, menos vol-
tada para
uma explicação naturalista da realidade, prenunciando
em certo sentidobo
surgimento da lógica e da metafísica, sobretudo no que diz respeito aos eleatas.
Pitágoras de Samos (fl.c.530 a.C.), Alcmeon de Crotona (fl.início séc. V a.C.),
Filolau de Crotona (fl. final séc. V a.C.) e a escola
pitagórica.
Parmenides de Eléia (flc.500 a.C.), e a escola eleática: Zenão de Eléia
a.C.) e Melisso de Samos (fl.c.444 a.C.). (fLc.464
lemos uma
segunda fase do pensamento
pluralista, que inclui os seguintes filósofos: pré-socrático,
denominada por vezes de
B. A ESCOLA JÔNICA
considerado o primeiro
filósofo (ver cap. anterior) e, embora co-
de Mileto é
Tales nenhum fragmento seu, foi desdea
muito pouco sobre ele e não subsista
nheçamos da visão de mundo e do
estilo de pensamento
visto como o iniciador
Antigüidade säo fundamentais nesse
caracteristicas
entender como filosofia. Duas
que passamos a a realidade
natural a partir dela
seu modo de explicar
sentido; em primeiro lugar, ou ao misterioso, formulando a
nenhuma referência ao sobrenatural
mesma, sem todo o processo
doutrina da água como elemento primordial,
princípio explicativo de
crítico de sua doutrina, admitindo e talvez
caráter
natural; e, em segundo lugar, o desenvolvessem outros pontos de vista e
mesmo estimulando que seus discípulos
adotassem outros principios explicativos.
C. As ESCOLAS ITALIANAS
a. Pitágoras e o
pitagorismo
Pitágoras, embora originário de Samos, na Jónia, emigrou para a Itália, segundo
alguns devido a problemas politicos, segundo outros após a invasão persa, fundando
em Crotona sua escola de caráter semi-religioso e iniciático. Representa nesse sentido
uma transição do pensamento jónico para o da escola italiana, mas também represenla
a permanência de elementos míticos e religiosos no pensamento filosófico. Trata-se de
uma figura misteriosa equase lendária, cercada de mistério devido talvez às proprias
FILOSOFIA ANTIGA
33
b. A escola eleática
Esta segunda fase caracteriza-se sobretudo por pensadores que, tendo sofrido a influn-
cia de seus predecessores, muitas vezes de mais de uma tendncia, desenvolveram
HLOSOFIA
34 INICIACAO A HISTORIA DA
e dinâmico.
Anaxágoras de Clazômena viveu cm Atenas na época de Péricles, que teria sido se
discipulo. Sofreu a intluéncia dos milesianos como Anaxímenes e possivelmente
também dos pitagoricos. Concebeu a realidade como composta de uma multipli.
cidade infinita de elementos a que denomina de horneomerias. Uma passagem de
Aristoteles (Metafisica. I. 3) sintetiza bem o que conhecemos do pensamento
de Anaxágoras:
Anaxagoras de Clazómena. mais jovem do que Empédocles, nmas posterior a ele em suas
atividades. diz que os primeiros principios são ilimitados em numero. E explica que todas
as substáncias de partes iguais (homeomerias), como a água e o fogo, são geradas e des-
truidas por combinacão e separação; em outro sentido, nem são geradas, nem destruídas,
mas persistem eternamente.
a. A escola atomista
Leucipo é considerado o fundador dessa escola, embora muito pouco se saiba a seu
respeito; aparentemente teria sido discípulo de Zenão e sofrido a influência da escola
de Seu
Eleia. pensamento é sobretudo a partir de seu discipulo
conhecido
que desenvolveu o atonmismo, uma das doutrinas pré-socráticas de maior influência
Demócrito,
em toda a Antigüidade, sendo retomada no helenismo pelos epicuristas e no inicio
do pensamento moderno por Pierre Gassendi
(1592-1655).
Demócrito, originário de Abdera, no norte da Grécia, teria viajado pelo Egito, Me
sopotámiae Pérsia, fixando-se depois em Aenas. Sua doutrina do atomismo
nou-se conhecida sobretudo pela formulação feita por Epicuro, de
éncia
grande in
Antigüidade. Apesar de Demócrito ter escrito muitas obras, subsistirai
na
36
a questão do
conhecimento, a mpossibilidade mesm
de banhar-se duas vezes no
de um acesso mais permanente ao real, já que este
rio indicando a impossibilhdade
encontra-se em constante mudança. lal concepção levou alguns a interpretá-lo
como relativista.
A tradição da historia da filosofia inaugurada por Hegel viu em Heráclito o pri-
meiro filosofo a desenvolver um pensamento dialético, por valorizar a unidade dos
opostos que se integram e não se anulam,e por veT no conflito a causa do movimento
no real. Isso caracterizaria uma espécie de dialética da natureza, embora Heráclito,
ele próprio. não empregue nos fragmentos que conhecemos o termo "dialética",
aparentemente encontrado pela primeira vez apenas em Platoo.
devido
Zenão de Eléia é um dos mais famosos filósofos pré-socráticos, sobretudo
formulou também em defesa da filosofia monista e contra a
aosparadoxos que
Zenão foram amplamente discutidos e ana-
noção de movimento. Os paradoxos de hoje de todos os
interesse até apesar
lisados em toda a Antigüidade, suscitando e,
desenvolvimentos recentes na lógica e na fisica, não admitem uma solução simples
não apenas ao
e são de inúmeras controvérsias." Sua importància deve-se
objeto
discussão acerca do tempo e do mo-
questionamento da concepção mobilista e à
meio de paradoxos que Zenão
Vimento, mas também à forma de argumentar por
estrutura da chamada reductio ad
absurdum
aparentemente inaugura e que tem a
da posição do adversá-
(redução ao absurdo) da posição que ataca. Parte assim
rio, procurando mostrar que tal posição
leva ao absurdo; com isso, ela é refutada.
a considerar os argumentos de
Zenão como a origem da dialética
Aristóteles chega
enquanto técnica argumentativa.
Vamos examinar dois dos mais conhecidos paradoxos
de Zenão para ilustrar essa
o mais veloz
torma de argumentação. O primeiro é o de Aquiles e a tartaruga. Aquiles,
dos corredores, dá a dianteira à tartaruga em uma corrida. Mesmo assim, Aquiles
necessário percorrer a distància da
Jamais será capaz de alcançar a tartaruga, pois seria
dianteira dada à tartaruga; sendo tal distância divisível ao infinito, ela jamais poderá
jamais será nula.
ser percorrida: a diferença irá diminuindo, mas
alvo
disparadaflecha em direção a um
Oparadoxo da flecha imóvel diz que uma
colocado a uma certa distància jamais atingirá este alvo, na verdade permanecendo
FILOSOFIA
INICIAÇAO A HISTORIA DA
38
imóvel, pois a cada ponto em que se encontra deve percorrer uma distância igual a
seu comprimento; no entanto, se o espaço é composto de elementos indivisíveis.
a flecha deve permanecer imóvel, já que nesse caso não pode haver movimento.
Os criticos de Zenão acusaram-no de ir contra o senso comum, ja que é óbvio, a
partir da experiéncia de qualquer um de nós, que Aquiles rapidamente ultrapasa
a tartaruga e que a flecha alcança o alvo. Porém, os argumentos de Zenão são de
natureza teórica e conceitual, ou seja, a dihculdade está em explicar o que nossa
experiència comum constata; ao tentar faz-lo recorrendo às noções de movimento,
tempoe espaço que encontramos nos mobilistas, essas noções levarão aos paradoxos.
Zenão parece ser um dos primeiros a introduzir, no contexto da escola eleata, uma
cisão entre o senso comum, nossa experiência usual da realidade que nos cerca, e a
explicação teórica desta realidade, que recorre a conceitos específicos, pertencendo
a um outro plano, utilizando outro tipo de linguagem e, por isso mesmo, necessi-
tando de um outro tipo de analise. A filosofia, seus conceitos teóricos e sua forma de
argumentar deixam portanto de ser uma extensão do senso comum, envolvendo, ao
contrário. uma ruptura com nossa experiéncia habitual das coisas.
Sso pensamento
sentidos, sóse revelandoa
após uma longa experiéncia de reflexão. Trata-se, no entanto, de
um conflito insolúvel,
pois não temos um critério externo às teorias, independente
delas, que
nos
permita dizer quem tem razo. De certa forma isso se tornará um traço
caracteristico da filosofia: tudo pode ser
posto em questão; a discussão filosófica esta
permanentemente em aberto.
QUADRO SINÓTICO
Escolas italianas:
LEITURAS ADICIONAIS