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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

MODELOS PROBABILÍSTICOS APLICADOS À ENGENHARIA DE


PRODUÇÃO

LETICIA GOMES STANCOV FONSECA – 793327

PEDRO PEVERARI DI LALLO - 792328

VICTOR FOGAGNOLI COGO - 792341

NATÁLIA FERRARI - 792316

Trabalho final: Estimativa da resistência característica à tração da madeira


na direção paralela às fibras por meio de modelos probabilísticos

SÃO CARLOS
2021
1. Modelos Probabilísticos aplicados na prática
Amplamente utilizados na indústria e nos mais diversos espectros, os modelos probabilísticos
são ferramentas que permitem a simulação para atividades que não são determinísticas, ou
seja, que são regidas por fenômenos aleatórios, o cenário mais comum de uma indústria
produtiva. Através dos modelos podemos criar simulações para criar funções de probabilidade
que satisfaçam a realidade e que permitam previsões e, consequentemente, preparando a
gerência para tomada de decisões.

2. Modelos Probabilísticos e aplicação no case


A madeira, como elemento estrutural, possui um elevado potencial de aplicabilidade no
Brasil, proporcionado pela numerosidade de espécies na Floresta Amazônica. No país, quem
regulamenta o uso de madeiras para esta finalidade é a NBR 7190 [1]. Dentre seus principais
pontos, ela estabelece os condicionantes para elaboração de projetos e as exigências para
execução e controle de estruturas de madeira. A norma é pautada por métodos probabilísticos,
como na verificação do estado limite último, que avalia a capacidade resistente à ruptura e a
instabilidade da estrutura, e na verificação do estado limite de utilização, responsável por
avaliar a deformação excessiva e a durabilidade da estrutura. Nesse sentido, a aplicação de
modelos probabilísticos para este uso, supõem uma distribuição normal dos valores das
resistências às solicitações mecânicas das madeiras. Para o exemplo a ser apresentado a
seguir, busca-se aferir o modelo para estimar a resistência característica à compressão
fc0,k, objetivando um modelo estatístico mais adequado para a espécie Angelim Pedra,
concluindo que as equações da referida norma são mais conservadoras ao fornecerem valores
levemente menores para a fc0,k.

Os valores da resistência fc0,k para as 40 espécies estudadas foram obtidos seguindo as


premissas e métodos de ensaio e de cálculo da NBR 7190. Os equacionamentos para avaliar
tal propriedade são sumarizados na sequência. Além disto, são detalhados os modelos para as
distribuições de probabilidades aqui consideradas, assim como o modelo de regressão linear
multivariável, fundamentado na análise ANOVA para estimar a resistência fc0,k,
considerando o conjunto de resultados das 40 espécies.

As propriedades mecânicas de resistência tiveram seus valores corrigidos para o teor de


umidade de 12%, conforme expressa a equação:

Nela, temos que f12e fU% são, respectivamente, as resistências para a umidade corrigida de
12% e teor de u%.

Para a determinação dos valores característicos das resistências à tração das espécies aqui
avaliadas, necessárias para compor a resistência de cálculo para uma determinada solicitação
em um eventual projeto estrutural, deve-se considerar os valores das resistências às
solicitações mecânicas das madeiras obtidos a partir do seu valor característico (fw,k), que
corresponde a um percentil de 5% da distribuição de resistências, e expresso segundo a
equação a seguir, sendo fmo valor médio da resistência e δ o respectivo desvio-padrão

Em adição, a NBR 7190 exige que os projetos de estruturas de madeira sejam dimensionados
sob a hipótese de linearidade cinemática (pequenos deslocamentos), além de exigir
resistência à ação das forças atuantes. Assim, a metodologia probabilística da referida norma,
supõe a normalidade nas distribuições dos valores da resistência, a favor da segurança,
considerando um coeficiente de variação δ para a resistência à tração, tal como expressa:

Por outro lado, para uma investigação direta da resistência, a normativa prevê a
empregabilidade da equação sequencial, que estima o valor de fw,k na forma:

Nela, temos que fn corresponde a n resultados da resistência à determinada solicitação,


devendo ser colocados em ordem crescente (f1 < f2 < f3 < ... fn) desprezando-se o maior
valor se o número de corpos de prova for ímpar. Ressalta-se que a Equação baseia-se no
estimador zb para uma amostra de 2m valores x1 + x2 +, x3 + ... + x2m assim como expressa
a equação:

Contudo, para uma distribuição de extremos centrada no valor característico, a equação tem
um acréscimo de 10%, o que evita, segundo Logsdon, que 50% das estimativas sejam feitas
por valores abaixo da resistência característica. A norma brasileira adota, portanto, como
valor de fw,k o maior dos valores compreendidos entre: a resistência f1, a resistência
equivalente a 70% do valor de fm obtidas pela média das amostras ensaiadas e o valor obtido
pela equação. Ainda assim, a última equação pode resultar em valores significativamente
diferentes a partir daqueles associados a uma dada função de probabilidade, tendo em vista a
diversidade de funções de probabilidade existentes.
3. Análises Estatísticas
Através de 4 (quatro) funções de distribuição probabilística, 40 (quarenta) espécies de
madeira tiveram seus valores característicos de resistência determinados, sendo as funções
Normal, LogNormal, Weibull e Exponencial, respectivamente mostradas abaixo:

● σ é o desvio padrão e μa média populacional da função normal;

● σ o desvio padrão e μa média populacional logarítmica;

● δ e αsão os parâmetros de forma e de escala, respectivamente;

● λ é o parâmetro de taxa de distribuição da função exponencial.

Por fim, com os valores características Fto,k para as 40 espécies obtidos, os resultados dentre
os 4 modelos de distribuição de probabilidade são relacionados com o valor médio (x), o
coeficiente de variação (CV%), com o menor (mín) e maior (max), são expressos em um
modelo de regressão linear multivariável através da expressão a seguir:

● β consistem nos coeficientes ajustados pelo MMQ e εé o erro aleatório.


4. Resolução de um exemplo (dados fictícios)

Pensando agora em um exemplo de aplicação, podemos pensar em uma indústria de


vigas de madeira. Essas vigas, como são elementos estruturais, precisam seguir a
referida NBR e apresentar a resistência mecânica adequada. A norma, então,
condiciona a resistência estrutural adequada aos 5% (menores) valores da distribuição
da resistência das vigas.

Dessa forma, um grande fabricante de vigas utiliza como matéria prima madeira de
Angelim Pedra. Essas vigas, a depender dos menores 5% valores de resistência,
podem ser vendidas a diferentes tipos de clientes (cada um com sua necessidade
estrutural). Um deles são os fabricantes de pallets, o outro, as construtoras. Para os
pallets, as vigas precisam ter uma resistência mecânica de 1000 unidades e, para as
construtoras, 1400 unidades.

Em um mês, chegou um lote com 10.000 peças de madeira. O fabricante, então,


seleciona aleatoriamente 500 peças para testar suas resistências mecânicas. Ele obtém,
assim, um valor médio de 1478,57 unidades. Dessa forma, segundo o modelo
estabelecido pela NBR, considerando as peças a umidade padrão ajustada de 12%,
qual tipo de viga deve ser produzida, as destinadas aos pallets ou às construtoras?

O modelo da NBR nos diz que, para uma determinada umidade, os 5% menores
valores referentes às resistências mecânicas são aproximadamente equivalentes a 70%
da resistência média da amostra. Por isso, nesse caso, esse percentil apresenta uma
resistência mecânica de 1000 unidades, menor do que a requerida para aplicações em
construtoras. Assim, o fabricante deve fazer vigas destinadas à produção de pallets.

5. Referências Bibliográficas

VOBORNIK, Anderson Renato; PEIXOTO, Rodrigo Guerra; CHRISTOFORO, André Luís;


ROCCO, Francisco Antonio; PEREIRA, Alfredo Manuel. Estimativa da resistência
característica à tração da madeira na direção paralela às fibras por meio de modelos
probabilísticos. 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rmat/a/b4KTFsjdKyZB6X69tLN7nPD/?lang=pt. Acesso em: 26 nov.
2021

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