Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anatomia e fisiologia
Topografia de uma ave: 1 Bico, 2 Coroa, 3 Íris, 4 Pupila, 5 Manto, 6 Pequenas coberturas, 7
Escapulares, 8 Grandes coberturas, 9 Terciárias, 10 Uropígio, 11 Primárias, 12 Cloaca, 13 Coxa,
14 Articulação tíbiotársica, 15 Tarso, 16 Pata, 17 Tíbia, 18 Ventre, 19 Flancos, 20 Peito, 21
Garganta, 22 Papada, 23 Lista supraciliar
Voo
Ver artigo principal: Voo das aves
A maior parte das aves tem a capacidade de voar, o que as distingue de praticamente
todas as outras classes de vertebrados. O voo é a principal forma de deslocação para a
maioria das espécies de aves e é usado para a reprodução, alimentação e fuga de
predadores.[16] No entanto, cerca de 60 espécies vivas de aves são incapazes de voar,
assim como muitas das aves extintas.[17] A incapacidade de voo ocorre muitas vezes em
ilhas isoladas, provavelmente devido aos recursos limitados e à ausência de predadores
terrestres.[18] Embora incapazes de voar ou de percorrer grandes distâncias, algumas aves
usam a mesma musculatura e movimentos para nadar na água, como é o caso
dos pinguins, tordas ou os melros-d'água.[19]
As aves possuem diversas adaptações evolutivas destinadas ao voo, entre as quais ossos
pneumáticos e leves, dois grandes músculos de voo (os peitorais – que correspondem a
15% do peso da ave – e o supracoracoide) e um membro anterior modificado (a asa) que
atua simultaneamente como aerofólio (que sustenta a ave no ar) e como elemento de
impulso. Muitas aves alternam entre o voo impulsionado pelo bater de asas e o voo
planado e usam a cauda para direcionar o voo.[16] A asa é bastante flexível, podendo ser
alongada ou recolhida por flexão, as penas das bordas podem ser abertas ou fechadas e o
ângulo das asas pode ser ajustado, quer em conjunto, quer individualmente.[6]
O tamanho e a forma das asas estão relacionados com o tipo de voo dessa espécie
O tamanho e forma da asa geralmente está relacionado com o tipo de voo dessa espécie.
Por exemplo, os albatrozes, as gaivotas e outras aves marinhas apresentam asas
compridas e estreitas que tiram partido do vento sobre o oceano para planar, enquanto
que as aves de rapina têm asas amplas para tirar partido das correntes de ar ascendentes
e descendentes de montanha. As aves de asa curta, como os galináceos, fazem apenas
voos curtos. As asas pontiagudas dos patos permitem-lhes percorrer rapidamente grandes
distâncias. As andorinhas e os estorninhos têm asas compridas e pontiagudas que lhes
permitem fazer acrobacias aéreas durante horas seguidas. Enquanto algumas aves de
grande dimensão, como os abutres, planam ao longo de horas e só ocasionalmente batem
as asas, outras aves, como os colibris, batem as asas várias vezes por segundo.[6]
A velocidade de voo varia imenso entre as espécies. As aves mais pequenas, como
os pardais ou as carriças, voam entre 15-30 km/h. As aves de pequena a média dimensão,
como os tordos, rabos-de-quilha, estorninhos ou andorinhões, e as aves de grande
envergadura de asa, como os pelicanos e as gaivotas, voam entre 30 e 60 km/h. As aves
mais rápidas, como os falcões, patos, gansos e pombos voam entre 60 a 100 km/h. A ave
que atinge maior velocidade é o falcão-peregrino, que é capaz de realizar voos a pique
que atingem os 320 km/h.[6]
Muitas aves com pés pequenos, como os andorinhões, colibris ou calaus, raramente
caminham e usam as patas apenas para se empoleirarem, enquanto outras apresentam
patas mais robustas e realizam grande parte dos movimentos a pé, como as galinhas de
água. Os papagaios caminham frequentemente ao longo dos ramos, enquanto espécies
como os melros saltitam no terreno. Muitas espécies usam as asas para se deslocar
debaixo de água, como é o caso dos pinguins, embora algumas só nadem à superfície.
Algumas aves, como as mobêlhas, estão tão adaptadas à vida no mar que só vão a terra
nidificar. Muitas aves, como o pato-real, são capazes de levantar voo diretamente a partir
da superfície da água, embora outras necessitem de fazer uma pequena corrida para
ganhar impulso, como os mergulhões.[6]
Penas, plumagem e escamas
Ver artigos principais: Pena e Penas de voo
As penas são uma característica proeminente e única das aves.[nota 1] As penas permitem às
aves voar, fornecem isolamento que facilita a regulação térmica e são usadas como forma
de exibicionismo, camuflagem e comunicação.[16] Existem vários tipos de penas, cada um
com finalidades específicas. As penas são desenvolvimentos epidérmicos ligados à pele e
crescem apenas em regiões específicas da pele denominadas pterilas. O padrão de
distribuição da implantação das penas em tratos denomina-se pterilose. Aptérios são
zonas desprovidas de penas. A distribuição e aparência do conjunto das penas no corpo é
denominada plumagem e é uma das principais características que permitem identificar a
espécie de ave. A plumagem pode variar significativamente dentro da própria espécie de
acordo com a idade, estatuto social[20] e sexo.[21] A cor das penas tem origem
em pigmentos ou na estrutura. Os castanhos e os pretos são causados
por melaninas sintetizadas pela ave e depositados em grânulos, enquanto os amarelos,
laranjas e vermelhos são causados por carotenoides com origem na dieta e difundidos
pela pele e penas. As cores azuis são estruturais e têm origem numa camada fina e
porosa de queratina. Os verdes resultam do acréscimo de pigmento amarelo ao azul
estrutural. As cores iridescentes têm origem na estrutura laminada das bárbulas e são
realçadas pelos depósitos de melanina.[6]
A plumagem das aves muda regularmente. Geralmente a muda é anual, embora em
algumas espécies se observem duas mudas, uma antes da época de reprodução e outra
depois, podendo ocorrer variações entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie.
[22]
As maiores aves de rapina podem mudar de plumagem apenas uma vez em vários
anos. As características da muda variam entre espécies. Em passeriformes, as penas de
voo são substituídas uma de cada vez, sendo as primárias da face inferior substituídas
primeiro. Após a substituição da quinta ou sexta primária, começam a cair as terciárias
exteriores, seguidas pelas secundárias e pelas outras penas. As grandes coberturas
primárias são substituídas ao mesmo tempo das primárias que cobrem. Este processo
denomina-se muda centrífuga.[23] Por outro lado, um pequeno número de espécies, entre as
quais os patos e os gansos, perdem todas as penas de voo de uma única vez, ficando
temporariamente incapazes de voar.[24] Regra geral, a muda das penas da cauda segue o
mesmo padrão da das asas, do interior para o exterior.[23] No entanto,
nos Phasianidae verifica-se muda centrípeta (de fora para o centro),[25] enquanto que na
cauda dos pica-paus e das trepadeiras a muda começa no segundo par mais interior e
acaba no par central de penas, de modo a que a ave possa continuar a trepar.[23][26]
As escamas das aves encontram-se principalmente nos dedos e no metatarso, embora em
algumas aves estejam presentes acima do tornozelo. À semelhança dos bicos, garras e
espigões, são constituídas por queratina. A maior parte das escamas não se sobrepõe de
forma significativa, exceto nos casos do guarda-rios e do pica-pau. Pensa-se que as
escamas das aves sejam homólogas às dos répteis e dos mamíferos.[27]
Bico
Ver artigo principal: Bico
Visão e audição
Ver artigo principal: Visão das aves
Olho de um abibe a ser coberto pela membrana nictitante.
Sistema ósseo
O sistema ósseo das aves é constituído por ossos extremamente leves com cavidades de
ar ligadas ao sistema respiratório (ossos pneumáticos).[54] Nos adultos, os ossos
do crânio estão fundidos entre si e não apresentam suturas cranianas.[16] As órbitas são de
grande dimensão e separadas por um septo nasal. A coluna vertebral divide-se nas
vértebras cervicais, torácicas, lombares e caudais. As vértebras cervicais (do pescoço),
cujo número varia significativamente entre espécies, são particularmente flexíveis. No
entanto, o movimento nas vértebras torácicas é limitado e completamente ausente nas
vértebras posteriores.[55] As últimas vértebras encontram-se fundidas com
a pelve, formando o sinsacro. As costelas são achatadas. O esterno apresenta
uma quilha que sustenta os músculos peitorais envolvidos no voo, embora esteja ausente
das aves não voadoras. Os membros anteriores encontram-se modificados na forma de
asas.[16][56][57]
Sistema digestivo
Melro-preto a capturar uma minhoca. A digestão das aves é bastante rápida, de modo a não
interferir com o voo. Uma vez que não têm dentes, as presas são engolidas inteiras.
A maior parte das aves não consegue realizar movimento de sucção da água, pelo que
recolhe a água no bico e inclina a cabeça de modo a permitir que a água escorra pela
garganta. No entanto, algumas espécies, principalmente de regiões áridas, conseguem
beber água sem necessidade de inclinar a cabeça, como é o caso das famílias
dos pombos, estrilídeos, coliiformes, toirões e abetardas.[65] Algumas aves do deserto
dependem da presença de fontes de água, como os cortiçois, que se agregam à volta de
poços de água durante o dia.[66] Algumas espécies levam água às crias humedecendo as
penas, enquanto outras a transportam no papo ou a regurgitam juntamente com a comida.
As famílias dos pombos, dos flamingos e dos pinguins produzem para as crias um líquido
nutritivo denominado leite de papo.[67]
Durante a época de acasalamento, o sistema reprodutor das aves sofre diversas alterações.
Sistema circulatório
O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro
câmaras protegido por um pericárdio fibroso. O pericárdio encontra-se preenchido com
fluido seroso que o lubrifica.[79] O coração em si está dividido em duas metades, direita e
esquerda, cada uma constituída por uma aurícula e um ventrículo. As aurículas e
ventrículos de cada lado estão separados entre si por válvulas cardíacas que impedem
que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o
ritmo cardíaco é mantido pelas células marca-passo do nó sinusal situado na aurícula
direita. O coração das aves também apresenta arcos musculares, constituídos por
camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o
coração das aves é constituído pelas camadas do endocárdio, miocárdio e pericárdio.[79] As
paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as paredes ventriculares, devido à
intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em
comparação com a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos
mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior quantidade de sangue de
modo a responder às necessidades metabólicas associadas ao voo.[80] As principais
artérias que transportam o sangue do coração têm origem no arco aórtico direito, ao
contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo que forma esta parte da aorta.
[16]
A veia cava inferior recebe o sangue dos membros através do sistema venoso portal.
Também ao contrário dos mamíferos, os glóbulos vermelhos das aves mantêm o
seu núcleo celular.[81]
As aves têm um sistema bastante eficiente de distribuição de oxigénio pelo corpo, uma vez
que têm uma superfície de trocas gasosas dez vezes maior do que os mamíferos. Isto faz
com que as aves tenham nos vasos capilares mais sangue por unidade de volume dos
pulmões do que um mamífero.[80] As artérias das aves são constituídas por músculos
elásticos e espessos para resistir à pressão da forte constrição ventricular, que se tornam
mais rígidos à medida que se encontram mais afastados do coração. O sangue passa
pelas artérias, que sofrem vasoconstrição, em direção às arteríolas, que distribuem o
oxigénio e os nutrientes a todos os tecidos do corpo. À medida que as arteríolas se
encontram mais afastadas do coração e próximas dos órgãos e dos tecidos, são cada vez
mais ramificadas de modo a aumentar a área de superfície e diminuir a intensidade da
corrente sanguínea. A partir das arteríolas, o sangue desloca-se para os vasos
capilares onde ocorre a troca de oxigénio pelos resíduos de dióxido de carbono. Após a
troca gasosa, o sangue desoxigenado passa pelas vénulas e é transportado pelas veias de
volta ao coração. Ao contrário das artérias, as veias são finas e rígidas, uma vez que não
necessitam de resistir a pressões elevadas.[82]
Defesa e combate