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INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresentaremos uma breve revisão de alguns tópicos do 2o grau essenciais para
o estudo do Cálculo de uma Variável Real. Admitiremos a familiaridade do leitor com o con-
junto dos números reais, denotado por R, com as operações fundamentais e suas respectivas
propriedades, bem como com a visualização geométrica de R como uma reta e dos números
reais como pontos dessa reta.
1.1 Desigualdades
A representação geométrica dos números reais sugere que estes podem ser ordenados. Usando
os símbolos usuais para maior (>), maior ou igual (≥), menor (<), menor ou igual (≤), podemos
ver, por exemplo, que se a, b ∈ R e a < b, então b − a > 0; no eixo coordenado temos que a está
à esquerda de b. Para todo a, b ∈ R temos: ou a > b, ou a < b, ou a = b.
1.2 Intervalos
Muitos subconjuntos de R são definidos através de desigualdades. Os mais importantes são os
intervalos.
Sejam a, b ∈ R tais que a < b.
Intervalo aberto de extremidades a e b, denotado por (a, b) é definido por:
( )
a b
[ ]
a b
9
10 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
[ )
a b
( ]
a b
Os quatro intervalos assim definidos são ditos limitados. Introduzindo os símbolos −∞ e +∞,
os quais não são números reais, podemos definir os intervalos ilimitados:
Note que R = (−∞, +∞). Os intervalos aparecem de forma natural na resolução de inequa-
ções, pois, a solução é, em geral, dada por um intervalo ou uma reunião de intervalos.
Desigualdades Lineares:
Determinemos o conjunto-solução de:
a x + b ≥ 0.
Desigualdades Quadráticas:
Seja a x2 + b x + c = 0 a equação do segundo grau. Denotemos por
∆ = b2 − 4 a c
Exemplo 1.1.
Observe que o valor absoluto de um número real é sempre não negativo e possui as seguintes
propriedades imediatas. Sejam a, b ∈ R; então:
√
1. a2 = |a|, para todo a ∈ R
3. |a · b| = |a| · |b|
6. |a + b| ≤ |a| + |b|.
Exemplo 1.2.
9 3
− ≤x≤ .
2 2
Se 9 − 2 x ≤ −|4 x|, então 9 − 2 x ≤ 4 x ≤ 2 x − 9, que não possui solução. O conjunto-solução é:
9 3
S= − , .
2 2
[3] Achar a solução de: 2 − |x − 3| ≤ 3 x + 1.
Pela propriedades anteriores, se x − 3 ≥ 0, temos: 2 − (x − 3) ≤ 3 x + 1 que é equivalente a
x ≥ 1. Por outro lado, se x − 3 < 0, temos: 2 + (x − 3) ≤ 3 x + 1 que é equivalente a x ≥ −1. O
conjunto-solução é:
S = [−1 + ∞].
1.4. PLANO COORDENADO 13
1.3.1 Distância
Usando o valor absoluto podemos definir a distância entre dois números reais. A distância
entre os números reais a e b é |a − b|. Então |a| é a distância de a à origem.
Exemplo 1.3.
y
2 A
B 1
-2 0 1
x
-1
C
-2
D
Figura 1.4:
Usando o teorema de Pitágoras podemos definir a distância entre dois pontos do plano coor-
denado.
14 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
y
y2 B
y1 A
x1 x2 x
Figura 1.5:
Exemplo 1.4.
[1] Calcule a distância entre os pontos A = (2, −3) e B = (−2, 1). Aplicando a fórmula:
p √
d(A, B) = (−2 − 2)2 + (1 − (−3))2 = 32.
-2 -1 1 2
-1
-2
-3
-4
Figura 1.6:
[2] Se a abscissa de um ponto é 4 e sua distância ao ponto (−2, 6) é 10. Determine a ordenada
ao ponto.
Denotemos A = (4, y) o ponto em questão e B = (−2, 6). Aplicando a fórmula:
p
10 = d(A, B) = 36 + (y − 6)2 ⇐⇒ y = −2 e y = 14.
1.5. EQUAÇÃO DA RETA 15
P2
y2
P1
y1
x1 x2 x
Figura 1.7:
ax + by + c = 0
Exemplo 1.5.
[1] Ache a equação da reta que passa pelos pontos P1 = (−1, 3) e P2 = (2, −4).
Neste caso: a = 3 + 4 = 7, b = 2 + 1 = 3 e c = −2; logo, a equação é: 7 x + 3 y − 2 = 0.
y
4
-1 1 2 3
x
-2
-4
y
4
-1 1 2 3 4 5
x
-1
y2 − y1 x2 y 1 − x1 y2
m= e n= ,
x2 − x1 x2 − x1
y = mx + n
m é chamado coeficiente angular da reta e n coeficiente linear da reta. É fácil ver que a equação
da reta que passa pelo ponto P0 = (x0 , y0 ) e tem coeficiente angular m é:
y − y0 = m (x − x0 )
Exemplo 1.6.
[1] Obtenha a equação reduzida da reta que passa pelos pontos P1 = (2, 1) e P2 = (6, 5).
Neste caso: m = 1 e fazemos P0 = P1 ou P0 = P2 ; então, se x0 = 2 e y0 = 1, temos, y − x + 1 = 0
ou y = x − 1.
y
2
-1 1 2 3
x
-1
-2
m1 = m2
m1 · m2 = −1
1 1
(b) As retas são perpendiculares se: · [2 k2 ] = −1; donde k = − .
k 2
y y
2.0 2.0
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
[2] Determine a reta que passa pelo ponto de interseção das retas 2 x−3 y+7 = 0 e 5 x+y+9 = 0
e é perpendicular a 2 x − y + 1 = 0.
Primeiramente, determinemos o ponto de interseção das retas, resolvendo o sistema:
(
2 x − 3 y = −7
5 x + y = −9.
Obtemos o ponto (−2, 1). A reta que procuramos tem equação y = m2 x+b tal que m1 ·m2 = −1,
1 x
onde m1 = 2 é o coeficiente angular da reta 2 x − y + 1 = 0; logo, m2 = − e y = − + b. Como
2 2
a reta passa por (−2, 1), a reta procurada é x + 2 y = 0.
18 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-3
A x2 + B x y + C y 2 + D x + E y + F = 0
sendo A e C não simultanemente nulas representa, em geral, uma curva no plano chamada
cônica, cuja natureza depende dos coeficientes. Denotemos por ∆ = B 2 − 4 A C, temos:
Se B = 0 e A = C, a equação representa um círculo.
Se ∆ < 0, a equação representa uma elipse ou uma circunferência.
Se ∆ = 0, a equação representa uma parábola ou uma reunão de duas retas paralelas.
Se ∆ > 0, a equação representa uma hipérbole ou duas retas concorrentes.
Se A = C = D = E = 0, B 6= 0 e F 6= 0, temos que:
x y = k,
é uma hipérbole.
Os outros casos são degenerados, os quais incluem pontos e retas.
(x − h)2 (y − k)2
+ =1.
a2 b2
(x − h)2 + (y − k)2 = a2 .
y2 = p x + q
(x − h)2 (y − k)2
− =1
a2 b2
ou
(x − h)2 (y − k)2
− + =1
a2 b2
Exemplo 1.8.
Diga o que representam as seguintes equações:
20 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
[1] 4 x2 + y 2 − 32 x − 12 y + 84 = 0. [5] x2 − y 2 − 2 x − 4 y − 3 = 0.
[2] x2 + y 2 − 2 x = 3.
[6] y 2 − x − 1 = 0.
[3] 9 y 2 − 4 x2 = 36.
[4] 9 x2 − 4 y 2 − 18 x + 8 y − 31 = 0. [7] x2 − 4 y − 3 = 0.
Soluções:
[1] A = 4, C = 1, A C > 0; D = −32, E = −12 e F = 84; logo, h = −4, k = −6, L = 16, a2 = 4 e
b2 = 16. A equação representa uma elipse centrada no ponto (4, 6) de equação:
(x − 4)2 (y − 6)2
+ = 1.
4 16
[2] A = C = 1, A C > 0; D = −2, E = 0 e F = −3; logo, L = 4, h = −1, k = 0 e a2 = b2 = 4. A
equação representa um círculo centrado em (1, 0), de raio 2 e tem a forma: (x − 1)2 + y 2 = 4.
y
2
y
10
1
8
-1 1 2 3
x
4
-1
2
1 2 3 4 5 6
x -2
y y
4
3
2
2
-4 -2 2 4
x -2 2 4
x
-1
-2
-2
-3
-4
2
2
1 1
-4 -2 2 4
x
-1 1 2 3 4 5
x
-1
-2 -1
-3
-2
-4
[7] Como C = 0, a equação representa uma parábola de eixo paralelo ao eixo dos y.
y
2.0
1.5
1.0
0.5
-3 -2 -1 1 2 3
x
-0.5
-1.0
onde x0 = 1.
O número natural n é dito grau do polinômio (1.1) se é o maior valor tal que o coeficiente an 6= 0
e é denotado por grau(P (x)). Se grau(P (x)) = 0, então (1.1) é dito polinômio constante; em
particular , polinômio é dito nulo se todos os coeficientes de (1.1) são nulos; se grau(P (x)) = 1,
então (1.1) é dito polinômio afim; se grau(P (x)) = 2, então (1.1) é dito polinômio quadrático e
assim por diante.
22 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
ai = bi , ∀i = 1 . . . n = m.
1. Se n ≥ m, então
m
X
P (x) + Q(x) = (ak + bk ) xk + am+1 xm+1 + . . . . . . + an xn .
k=0
2. Se m ≥ n, então
n
X
P (x) + Q(x) = (ak + bk ) xk + bn+1 xn+1 + . . . . . . + bm xm .
k=0
Logo:
P (x) · Q(x) = (a0 · b0 ) + (a0 · b1 + a1 · b0 ) x + . . . . . . an · bm xn+m
e ai = 0 se i > n, bj = 0 se j > m.
É imediato que se P (x) e Q(x) são polinômios de uma variável real, então:
Exemplo 1.9.
donde α = 1, β = 3 e γ = δ = 2.
1.7. POLINÔMIOS DE UMA VARIÁVEL REAL 23
P (x) + Q(x) = 3 x5 − x4 + x − 5 − 3 x5 + 6 x4 + 2 x3 + x2 − x + 1 = 5 x4 + 2 x3 + x2 − 4.
1 A Bx+C
= + 2 .
x3 − x2+x−1 x−1 x +1
A Bx+C A (x2 + 1) + (B x + C) (x − 1)
Note que: + 2 = ; então:
x−1 x +1 x3 − x2 + x − 1
1 A (x2 + 1) + (B x + C) (x − 1) x2 (A + B) + x (C − B) + A − C
= = .
x3 − x2 + x − 1 x3 − x2 + x − 1 x3 − x2 + x − 1
Logo:
1 1 1 x 1
= − − .
x3 − x2 + x − 1 2 x − 1 x2 + 1 x2 + 1
Teorema 1.1. Todo polinômio P (x) de grau n ≥ 1 possui pelo menos uma raiz.
Estas raízes podem ser reais e/ou complexas; simples e/ou múltiplas.
Como corolário do teorema temos que todo polinômio P (x) de coeficientes reais pode ser ex-
presso como um produto de fatores lineares e/ou quadráticos.
Naturalmente esta decomposição depende essencialmente do grau de P (x) e da natureza das
raízes. Por exemplo:
1. P (x) = (x − a1 ) (x − a2 )..........(x − an ) ou
3. P (x) = (a x2 + bx + c) (x − d1 )......(x − dl ) ou
Exemplo 1.10.
Proposição 1.2. Sejam P (x) e Q(x) polinômios tais que Q(x) é mônico; então existem únicos polinô-
mios F (x) e R(x) tais que:
Se R(x) = 0 ∀x, dizemos que Q(x) divide P (x). O polinômio R(x) é dito resto da divisão.
Exemplo 1.11.
x4 − 4 x3 + 6 x2 − 4 x + 2
x2 − 2 x − 2.
(b) Obtemos o primeiro termo do quociente dividindo o termo de maior grau de P (x) pelo
termo de maior grau de Q(x): x4 ÷ x2 = x2 A seguir, multiplicamos o termo obtido por Q(x) e
subtraimos esse produto de P (x): P (x) − x2 Q(x) = −2 x3 + 8 x2 − 4 x + 2. Há um dispositivo
prático para efetuar a divião:
x4 − 4 x3 + 6 x2 − 4 x + 2 : x2 − 2 x − 2 = x2 1o termo do quociente
x4 − 2 x3 − 2 x2
−−−−−−−−−−−−−−−−−−
− 2 x3 + 8 x 2 − 4 x + 2
1.7. POLINÔMIOS DE UMA VARIÁVEL REAL 25
(c) Se o polinômio obtido da diferença tem grau maior ou igual ao de Q(x), repetimos o pro-
cesso para a diferença a partir de (b), ou seja, −2 x3 ÷ x2 = −2 x:
x4 − 4 x 3 + 6 x 2 − 4 x + 2 : x 2 − 2 x − 2 = x 2 − 2 x
x4 − 2 x 3 − 2 x 2
−−−−−−−−−−−−−−−−−−
− 2 x3 + 8 x2 − 4 x + 2
− 2 x3 + 4 x2 + 4 x
−−−−−−−−−−−−−−−−−−
4 x2 − 8 x + 2
Continuando o processo, obteremos finalmente, o quociente x2 − 2 x + 4 e resto 10 Logo:
P (x) = Q(x) (x2 − 2 x + 4) + 10.
Exemplo 1.14.
2 x3 − 2 x2 − 2 x − 4 = (x − 2) (2 x2 + 2 x + 2);
O polinômio só tem uma raiz real. De fato, o polinômio 2 x2 +2 x+2 tem ∆ < 0 e seu coeficiente
principal é positivo; logo, 2 x2 + 2 x + 2 > 0, para todo x ∈ R.
x4 − 2 x3 − 4 x2 + 8 x = x (x − 2) (x − 2) (x + 2).
x4 − 2 x3 − 4 x2 + 8 x > 0 ⇐⇒ x (x − 2) (x − 2) (x + 2) > 0.
Então, ou todos os membros da desiguldade são positivos ou todos negativos ou com sinais
trocados aos pares:
x3 + x2 − 2 x = x (x − 1) (x + 2).
x3 + x2 − 2 x x (x − 1) (x + 2)
< 0 ⇐⇒ < 0.
x+4 x+4
Então, ou o numerador é negativo e o denominador é positivo ou vice-versa, lembrando que
x 6= −4:
28 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
x2 − 4 x + 3 = (x − 1) (x − 3).
Logo:
6x 2 6x 2 13 x − 1
> ⇐⇒ 2 − > 0 ⇐⇒ > 0,
x2 − 4x + 3 12 − 4 x x − 4 x + 3 12 − 4 x 2 (x − 3) (x − 1)
se x 6= 3 e x 6= 1. Então, ou o numerador e o denominador são positivos ou ambos negativos:
1
Logo, o conjunto-solução é S = ( , 1) ∪ (3, +∞).
3
Exemplo 1.15.
x3 − 2 x2 + 5 x > 10 ⇐⇒ x − 2 > 0.
1.9. INEQUAÇÕES NO PLANO 29
2 x + 3 ≤ 4 x − 5 ⇐⇒ x − 4 ≥ 0
S = S1 ∩ S2 = [4, +∞).
x2 − 4
> 0.
3−x
Para x 6= 3 e x2 − 4 = (x − 2) (x + 2), temos:
2 (4 x − 3) ≤ 9 x − 2 ⇐⇒ x + 4 ≥ 0
F (x, y) = 0.
A1 = {(x, y) / F (x, y) = 0}
A2 = {(x, y) / F (x, y) > 0}
A3 = {(x, y) / F (x, y) < 0}.
A1 ∩ A2 ∩ A3 = ∅ e A1 ∪ A2 ∪ A3 = R2 .
Exemplo 1.16.
[1] Seja F (x, y) = x + y − 2. A reta x + y = 2 divide o plano em:
A1 = {(x, y) / x + y = 2} = {(x, y) / y = 2 − x}
A2 = {(x, y) / x + y > 2} = {(x, y) / y > 2 − x}
A3 = {(x, y) / x + y < 2} = {(x, y) / y < 2 − x}.
Note que o ponto (1, 1) ∈ A1 ; (3, 2) ∈ A2 e (0, 0) ∈ A3 .
4
-2 -1 1 2 3 4
-1
-2
-1 1
-1
Exemplo 1.17.
[1] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução de: x − y < 0.
x − y < 0 se, e somente se y > x, para todo x ∈ R. Os pontos que são solução da inequação
determinam uma região acima da reta y = x.
2
-2 -1 1 2
-1
-2
[2] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução de: x2 + y 2 − 2 x − 2 y + 1 > 0.
Completando os quadrados:
x2 + y 2 − 2 x − 2 y + 1 = (x − 1)2 + (y − 1)2 − 1;
1 2
[3] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução de:
x−y+2
≥ 0.
x+y+2
x−y+2
Note que ≥ 0 se, e somente se:
x+y+2
x−y+2≥0 e x+y+2>0 ou x−y+2 ≤ 0 e x + y + 2 < 0.
-6 -4 -2 2
-2
-4
[4] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução de: |x + y| ≤ 2.
|x + y| ≤ 2 é equivalente a −2 ≤ x + y ≤ 2; logo, temos −2 − x ≤ y ≤ 2 − x, para todox ∈ R.
Isto é, a região delimitada entre as retas y = −x − 2 e y = 2 − x.
2
-4 -2 2 4
-1
-2
Exemplo 1.18.
[1] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução do sistema:
x + y > 2
−2 x + y ≤ 1
−x + 2 y ≥ −3.
Esbocemos as retas y = −x + 2, y = 2 x + 1 e 2 y = x − 3
1.9. INEQUAÇÕES NO PLANO 33
-2 2 4 6
-2
-4
A região R1 determinada por x + y > 2 é o conjunto dos pontos que ficam estritamente acima
da reta y = −x + 2. A região R2 determinada por −2 x + y ≤ 1 é o conjunto dos pontos que
ficam abaixo da reta y = 2 x + 1.
3 4
3
2
-2 -1 1 2 3
-1 1 2
-1
-1
-2 -2
A região R3 determinada por −x + 2 y ≥ −3 ’e o conjunto dos pontos que ficam acima da reta
2 y = x − 3:
-2 -1 1 2 3 4
-1
-2
-3
-2 2 4 6
-2
-4
[2] Esboce a região determinada pelos pontos que são solução do sistema:
(
x2 + y 2 ≤ 25
x2 + y 2 − 12 x + 20 ≥ 0.
x2 + y 2 − 12 x + 20 = (x − 6)2 + y 2 − 16 = 0
é um círculo de raio 4 centrado no ponto (6, 0). Logo, os pontos que são solução do sistemas,
são os que estão fora do círculo (x − 6)2 + y 2 = 16 e dentro do círculo x2 + y 2 = 25:
-4 -2 2 4 6
-2
-4
Exemplo 1.19.
[1] Uma empresa produz x unidades de um certo produto a um preço, em dólares, dado por
x2 − 200 x + 1200. Quantas unidades do produto podem ser fabricadas com um orçamento de
5600 dólares?
1.10. APLICAÇÕES DAS INEQUAÇÕES 35
Devemos verificar quando x2 − 200 x + 1200 ≤ 5600; isto é, resolver x2 − 200 x − 4400 ≤ 0, que
é equivalente a:
(x + 20) (x − 220) ≤ 0 ⇐⇒ −20 ≤ x ≤ 220.
Logo, podem ser produzidas no máximo 220 unidades.
[2] Uma empresa produz dois tipos de produtos obtendo um lucro de 10 dólares pelo primeiro
e 20 dólares pelo segundo. Quantas unidades de cada produto deve produzir para obter um
lucro acima de 10000 dólares?
Sejam a e b os produtos, x e y as unidades produzidas de cada produto, respectivamente. Logo,
o lucro será dado por 10 x + 20 y; então, devemos resolver:
x
10 x + 20 y > 10000 ⇐⇒ y > 500 − .
2
Então, se x é a quantidade de produtos do tipo a e y é a quantidade de produtos b, então y deve
x
ser extritamente superior a 500 − .
2
500
400
300
200
100
[3] Um investidor dispõe de 3000000 dólares para investimentos. Se aplica 1000000 dólares
num investimento que paga x% de juros mensal e o restante do montante o aplica num outro
investimento que paga o dobro do primeiro, que condições deve ter a taxa de juros x para que
o investidor obtenha ganhos maiores que 90000 dólares?
Como x é o percentual dos juros, temos que os ganhos do investidor é:
x 2x
1000000 + 2000000 ,
100 100
Como o investidor deseja ganhar mais que 100000 dólares, devemos resolver:
x 2x
1000000 + 2000000 > 900000 ⇐⇒ 50000 x > 90000 ⇐⇒ x > 1.8%.
100 100
[4] Uma empresa produz dois tipos de produtos. Para produzir o primeiro necessita 20 unidade
de uma certa matéria prima e 6 unidades de mão de obra e para produzir o segundo necessita 10
unidades da mesma matéria prima do primeiro produto e 8 de mão de obra. A empresa tem um
depósito com 400 unidades da matéria prima e 180 de mão de obra. Represente gráficamente
as possibilidades de produção da empresa.
36 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
6 x + 8 y ≤ 180
que é equivalente a:
y ≤ 2 (20 − x)
y ≤ 3 (30 − x) .
4
Como x ≥ 0 e y ≥ 0, o conjunto-solução corresponde aos pontos que estão na interseção dos
quatro semi-planos.
y ≤ 2 (20 − x)
3 (30 − x)
y≤
4
x ≥ 0
y ≥ 0.
30
25
20
15
10
5 10 15 20 25 30
1.11 Trigonometria
Inicialmente faremos uma revisão do conceito de radiano. Sabemos que arcos de círculos que
subtendem o mesmo ângulo central são semelhantes e que a razão da semelhança é a razão
entre os raios. Num círculo de centro O e raio r, seja l o comprimento do arco AB subtendido
pelo ângulo central α.
α
O r A
Figura 1.33:
l = k r med(α),
II I
C A
III IV
Figura 1.34:
38 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
α
O P A
Figura 1.35:
As definições de seno, co-seno, tangente e co-tangente de um ângulo agudo são coerentes com
nossa definição. Por simetria, podemos obter os valores para os arcos maiores que π/2. Como
dois arcos são congruentes se suas medidas diferirem por um múltiplo de 2π, temos que dois
arcos congruentes tem a mesma origem e a mesma extremidade, portanto o mesmo seno, co-
seno, etc. É comum representar todos os arcos congruentes ao arco θ por θ + 2kπ, onde k é um
número inteiro. A partir das relações anteriores, definimos a secante e a co-secante do ângulo
α por:
1 1 1 1
sec(α) = = e cosec(α) = = ,
x cos(α) y sen(α)
onde cos(α) 6= 0 e sen(α) 6= 0, respectivamente. A seguir apresentamos algumas propriedades:
A verificação destas propriedades pode ser considerada como exercício. Usando as definições
é possível deduzir muitas outras propriedades ou identidades trigonométricas. Por exemplo:
1.11.1 Aplicações
Lei dos Senos Para qualquer triângulo ABC verifica-se:
B
β
c a
γ
α
A b C
Figura 1.36:
Seja D o ponto obtido pela interseção da reta que passa por C e é perpendicular ao lado AB.
Logo:
40 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
|CD| |CD|
sen(α) = , sen(β) = ,
|AC| |BC|
sen(α) sen(β)
o que implica: |AC| sen(α) = |CD| = |BC| sen(β). Portanto: a = b . Analogamente,
obtemos:
sen(α) sen(β) sen(γ)
= = .
a b c
Área de um triângulo : Como aplicação direta da lei dos senos, obtemos a área do triângulo
ABC:
1 1 1
A= a b sen(γ) = b c sen(α) = a c sen(β).
2 2 2
1.12 Exercícios
1. Determine os valores de x tais que:
√ √
(a) x2 = x (d) x4 = x2 (g) |x| = |x + 7|
(b) (e) |x + 1| = |x − 1|
p
(x − 1)2 = x − 1
√
(c) x2 − 2 x + 1 = 1 − x (f) |x − 1|2 = |2 x − 1| (h) |x − 1|2 = |2 x + 1|
√
(a) (4, 5); (−4, −5) (e) ( 2, 1); (0, 1) (i) (−4, 5); (−4, 9)
√ √
(b) (0, 6); (−3, −6) (f) (−π, 3); (3, π) (j) ( 225, 3); (15, 3)
(c) (−2, −3); (−8, −6) (g) (−5, 9); (4, −7)
(d) (5, 7); (−4, 3) (h) (−1, −10); (10, 2)
4. Utilize a fórmula da distância para verificar que os pontos (−2, 1), (2, 2), (10, 4) são coli-
neares.
|ax0 + by0 + c|
√ .
a2 + b2
11. Obtenha a equação da reta paralela à reta 2 x + 3 y + 1 = 0 e que passa pelo ponto
P = (5, −2).
12. Ache a equação da reta perpendicular à reta 2 x + 5 y − 1 = 0 e que passa pelo ponto
P = (1, 1).
2x + 1 A B
(a) 2
= + .
1−x 1+x 1−x
1 A B
(b) = + .
(x + 2)(2x + 1) x + 2 2x + 1
1 A B C
(c) 2
= + + .
(x + 2)(x − 1) x + 2 x + 1 x − 11
(a) 3 x4 − 5 x2 + 6 x + 1 ÷ x2 − 3 x + 4.
(b) 5 x5 − 4 x3 − 2 x + 1 ÷ x + 1.
(c) x11 − 1 ÷ x + 1.
(d) x5 + 12 x4 + 3 x2 − 16 ÷ x2 + 3 x − 4.
(e) x3 − 3 x2 + 2 x + 1 ÷ x2 − x + 1.
19. Determine as constantes a e b de modo que o polinômio P (x) seja divisível por Q(x),
onde:
(b) P (x) = 2 x5 − 3 x4 − 14 x3 + 38 x2 − 8 x − 15
(c) P (x) = 3 x5 − 2 x4 − 3 x + 2
(d) P (x) = x3 − 6 x2 + 11 x − 6
24. Ache a solução das seguintes desigualdades e represente no eixo coordenado o conjunto
solução:
1.12. EXERCÍCIOS 43
28. Se a soma de 3 números naturais consecutivos é menor que 12, quais são os possíveis
números?
44 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
29. Se as medições feitas numa quadra de esportes tem um erro de 1 metro e os valores dos
lados da quadra x e y satisfazem a 70 < x < 71 e 47 < y < 48, determine o perímetro e a
área da quadra.
300
30. Se são compradas x unidades de um certo produto a um preço de + 3 reais, qual ó
x
número de unidades que devem ser vendidos para que as vendas ultrapassem 6000 reais?
31. Uma empresa pode vender um produto por 720 dólares a unidade. Se x2 + 360 x + 1000
é a lei para produzir x unidades por mês, determine quando a empresa tem perdas para
produzir tal produto.
α+β α−β
(a) cos(α) + cos(β) = 2 cos 2 cos 2
(b) cos(α) − cos(β) = −2 sen α+β α−β
2 sen 2
α+β α−β
(c) sen(α) + sen(β) = 2 sen 2 cos 2
(d) sen(α) − sen(β) = 2 sen α−β cos α+β
2 2
β
γ
α
p sen p sen p sen
(a) a = β
2
γ
b= α
2
γ
e c= β
2
α
.
cos 2
cos 2
cos 2
cos 2
cos 2
cos 2
de Herón.
onde a = |BC|, b = |AC|, c = |AB| são os lados opostos aos ângulos α = ∠CAB,
β = ∠ABC e γ = ∠ACB, respectivamente.
(a) c = 10, a = 3, β = π
4 (c) a = 1, b = 5, γ = π
3
(b) a = 1, b = 5, γ = π
4 (d) b = 4, c = 10, α = π
6
38. Sejam a reta y = m x + b e α o ângulo formado pela reta e o eixo positivo dos x. Verifique
que m = tg(α). Determine a equação da reta que passa pelo ponto indicado e forme com
o eixo dos x o ângulo dado.
√
(a) α = π4 ; P = (2, 5) (d) α = 0; P = (x0 , y0 ) (g) α = π3 ; P = (1, 3)
(b) α = 34π ; P = (2, 5) (e) α = π6 ; P = (1, 0)
(c) α = π2 ; P = (x0 , y0 ) (f) α = π4 ; P = (−3, −2) (h) α = π; P = (1, 1)
41. Um poste na posição vertical, colocado num plano horizontal, encontra-se a 3 m de uma
parede plana e vertical. Neste instante, o sol projeta a sombra do poste na parede. Sa-
bendo que esta sombra tem 17 m e que a altura do poste é 20 m, determine a inclinação
dos raios solares em relação ao plano horizontal.
π
42. Um retângulo com lados adjacentes medindo sen(a) e cos(a) com 0 ≤ a ≤ tem períme-
√ 2
tro igual a 6 Calcule a área do retângulo.