Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Illana Geller
Rio de Janeiro
Julho/2016
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6
1.1 Contextualização ............................................................................................................... 6
1.2 Motivação ......................................................................................................................... 7
2 METODOLOGIA DE PESQUISA ......................................................................................... 7
2.1 Dados utilizados ................................................................................................................ 7
2.2 Tratamento de dados ......................................................................................................... 9
3 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... 11
3.1 Homicídio culposo .......................................................................................................... 11
3.1.1 Análise preliminar dos dados ................................................................................... 11
3.1.2 Divisão em grupos .................................................................................................... 13
3.1.3 Estudo dos grupos: Teste de Estacionariedade e de Autocorrelação ....................... 15
3.1.4 Testes de Hipóteses .................................................................................................. 19
3.1.4.1 Teste T para Duas Amostras e IC: Grupo1; Grupo2 ......................................... 20
3.1.4.2 Teste de Equivalência ........................................................................................ 20
3.1.4.3 ANOVA ............................................................................................................. 22
3.1.5 Conclusão parcial ..................................................................................................... 24
3.2 Lesões culposas em acidentes de trânsito ....................................................................... 25
3.2.1 Análise preliminar dos dados ................................................................................... 25
3.2.2 Divisão em grupos .................................................................................................... 27
3.2.3 Estudo dos grupos: Teste de Estacionariedade e de Autocorrelação ....................... 29
3.2.4 Testes de Hipóteses .................................................................................................. 33
3.2.4.1 Teste T para Duas Amostras e IC: Grupo1; Grupo2 ......................................... 33
3.2.4.2 Teste de Equivalência ........................................................................................ 34
3.2.4.3 ANOVA ............................................................................................................. 36
3.2.5 Conclusão parcial ..................................................................................................... 38
4 COMPARAÇÃO DO RESULTADO OBTIDO COM OS DADOS DO GOVERNO ......... 38
5 CONCLUSÃO FINAL .......................................................................................................... 40
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 42
3
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4 - Vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio
de Janeiro..................................................................................................................................10
Tabela 5 - Vítimas de Lesão Culposa de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio de
Janeiro.......................................................................................................................................10
4
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Figura 2 – Boxplot de vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos por
ano.............................................................................................................................................12
Figura 3 - Série histórica das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000
veículos por mês, dividido por grupos......................................................................................13
Figura 4 - Histograma das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos,
dividido por grupos...................................................................................................................14
Figura 5 - Boxplot das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos,
dividido por grupos...................................................................................................................15
Figura 10 - Análise dos resíduos das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000
veículos, obtidos pela ANOVA................................................................................................23
Figura 11 – Teste de Normalidade geral para as vítimas de lesão culposa no trânsito a cada
100.000 veículos.......................................................................................................................25
Figura 12 – Boxplot de vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos por
ano.............................................................................................................................................26
5
Figura 13 - Série histórica das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos
por mês, dividido por grupos....................................................................................................27
Figura 14 - Histograma das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos,
dividido por grupos...................................................................................................................28
Figura 15 - Boxplot das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido
por grupos.................................................................................................................................29
Figura 19 - Boxplot de vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido
entre 2 grupos e obtidos pela ANOVA.....................................................................................37
Figura 20 - Análise dos resíduos das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000
veículos, obtidos pela ANOVA................................................................................................37
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A Lei Seca, como é conhecida a Lei 11.705 que modificou o Código de Trânsito Brasileiro
em junho de 2008, proíbe o consumo de bebida alcóolica superior a 0,3 mg de álcool por litro
de ar expelido no exame do bafômetro (ou 6 dg de álcool por litro de sangue) nos condutores
de veículos. O condutor que ultrapasse esses limites está sujeito à multa, à suspensão da
carteira de habilitação por 1 ano, à detenção do veículo e responde judicialmente a um
processo criminal que pode resultar numa detenção de 6 meses a 3 anos.
Em 2009 a “Operação Lei Seca” entrou em vigor no estado do Rio de Janeiro com a
deflagração de inúmeras blitz em locais estratégicos, de modo a fiscalizar de maneira mais
vigorosa os motoristas. Essas ações ocorriam de forma mais intensa no período de
noite/madrugada e nos finais de semana.
Contudo, mesmo com reduções nos números relativos a acidentes de trânsito após entrada em
vigor da Lei Seca, houve uma série de críticas relacionadas ao modo de atuação na
fiscalização da lei. Isto acontecia pelo fato de que o crime só era realmente confirmado se os
limites do bafômetro fossem superados, e como judicialmente ninguém é obrigado a produzir
provas contra si mesmo, muitas pessoas optavam por não realizar o teste e não respondiam ao
processo criminal.
A partir disso, houve uma enorme pressão ao poder judiciário sobre uma reformulação na Lei
Seca, de modo a acabar com tais “brechas”. Assim, em dezembro de 2012, entrou em vigor
uma “Nova Lei Seca” que aumentava a multa de R$ 957,70 para R$ 1.915,40 (que agora
poderia ser dobrada em caso de reincidência em 1 ano) e levava a uma apreensão imediata do
veículo (antes o veículo poderia ser retido até a aparição de um condutor habilitado). Além
disso, a fim de acabar com a principal “brecha” da lei, que era a possibilidade de não
responder ao processo criminal mesmo tendo ingerido bebida alcóolica, agora poderiam ser
usadas novas provas como vídeos, relatos de testemunhas e afins, que sustentem o fato de o
motorista estar visivelmente embriagado, mesmo sem a realização do teste do bafômetro.
7
Atualmente, a Lei Seca ainda gera polêmicas, com o surgimento de aplicativos que
monitoram a presença de blitz, ou mesmo com críticas de juristas quanto ao grau de
subjetividade que está presente na mesma. Ainda assim, é uma das principais políticas
públicas no contexto de fiscalização no trânsito.
1.2 Motivação
Este estudo tem como objetivo analisar, por meio de ferramentas lecionadas na disciplina de
Controle de Qualidade e orientado pelo professor da mesma, o comportamento dos dados
estatísticos do número de homicídios e lesões culposas no trânsito no estado do Rio de
Janeiro, frente ao advento de uma nova legislação com um rigor muito maior no controle da
ingestão de bebidas alcóolicas por parte de motoristas. Desse modo, pretende-se comprovar o
impacto real que esta lei provocou nos dados acima citados, principalmente após o ano de
2008, quando esta nova legislação, conhecida como Lei Seca, entrou em vigor. Além disso,
busca-se estudar o impacto da chamada Nova Lei Seca, que entrou em vigor no final de 2012,
buscando eliminar “brechas” na legislação anterior.
2 METODOLOGIA DE PESQUISA
As informações utilizadas nesse estudo foram obtidas a partir da pesquisa dos integrantes do
grupo em bancos de dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
(ISP - RJ) e do DETRAN-RJ. Desse modo, serão analisadas as categorias de Vítimas de
Homicídio Culposo de Trânsito, Lesão Culposa de Trânsito e Frota de Veículos de Passeio.
Essas categorias serão utilizadas como parâmetros pelo fato de serem as que mais se
aproximam de dados relacionados a mortes ou vítimas de acidentes de trânsito envolvendo
álcool, uma vez que não existem dados acessíveis exatos que levem em consideração a
8
Com os dados dispostos e consolidados, o grupo terá como objetivo estudar se a utilização da
Lei Seca como uma política pública foi eficaz na diminuição dos números relacionados a
incidentes de trânsito no estado do Rio de Janeiro. Portanto, para tal, serão feitos testes de
hipóteses entre as médias dos dados coletados antes da implementação da Lei Seca, e os
coletados após, a fim de evidenciar se realmente haviam diferenças significativas. Antes, para
efetuar os testes de hipóteses, será necessário fazer uma análise preliminar dos dados, de
modo a confirmar pressupostos como estacionariedade e não autocorrelação, a fim de embasar
os testes quanto à sua significação.
10
Há também a necessidade de se salientar que o tratamento dos dados será feito levando em
consideração as Vítimas de Homicídio Culposo de Trânsito e Lesão Culposa de Trânsito
relativas a 100 mil veículos e não os números absolutos de vítimas, visto que, como a frota de
veículos aumentará ao longo do tempo, não haveria sentido utilizá-los dessa forma. Dessa
forma, os dados que serão utilizados são os apresentados a seguir.
Tabela 4 - Vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio de Janeiro.
Vítimas de homicidio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio de Janeiro
Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Janeiro 6,71 6,22 5,10 5,30 4,71 3,80 3,97 3,49 3,44 3,61 2,94 2,97
Fevereiro 5,60 5,29 5,17 4,80 5,06 4,65 4,13 3,68 3,35 3,08 2,37 2,37
Março 7,55 6,96 6,48 6,71 5,91 4,34 5,34 4,74 3,18 3,95 2,54 1,89
Abril 7,19 6,18 6,92 5,72 4,65 5,02 4,07 3,63 2,84 3,57 2,49 2,36
Maio 8,22 6,65 6,66 6,46 4,75 4,81 4,79 4,27 3,38 2,95 2,78 2,44
Junho 7,39 5,45 6,63 5,65 5,02 4,26 3,92 3,49 3,75 3,38 2,44 -
Julho 8,11 6,66 7,96 5,95 4,00 4,72 4,72 4,20 3,37 2,84 2,54 -
Agosto 5,91 6,92 7,21 6,43 4,90 4,05 4,84 4,29 4,14 3,35 2,67 -
Setembro 6,69 6,30 8,06 5,41 4,88 4,78 4,99 4,43 4,65 2,76 2,44 -
Outubro 7,03 5,57 6,92 5,87 4,18 4,94 4,52 4,01 3,48 2,93 2,58 -
Novembro 6,02 6,42 5,33 6,50 5,21 4,08 4,33 3,85 3,55 2,79 2,68 -
Dezembro 7,06 6,95 7,24 5,75 4,43 5,57 4,62 4,11 3,65 2,72 2,60 -
Total 83 76 80 71 58 55 54 48 43 38 31 12
Tabela 5 - Vítimas de Lesão Culposa de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio de Janeiro.
Vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos no estado do Rio de Janeiro
Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Janeiro 101,92 89,93 80,01 78,37 78,90 82,78 87,05 82,28 66,76 75,66 62,38 48,31
Fevereiro 80,39 72,65 76,82 77,20 80,17 76,71 82,30 77,83 67,82 70,20 52,39 48,85
Março 91,97 80,14 89,94 95,33 86,31 85,43 81,69 77,23 76,01 72,74 63,38 49,83
Abril 97,52 80,22 90,78 91,12 75,62 74,51 81,73 77,29 73,32 66,93 58,93 51,89
Maio 95,66 85,28 91,27 93,28 87,45 84,90 82,64 78,20 69,58 72,19 58,11 48,61
Junho 91,93 79,26 95,87 86,75 78,96 79,64 86,15 81,54 76,74 69,92 58,75 -
Julho 88,62 88,19 86,98 83,61 83,42 83,23 86,04 81,37 75,48 64,96 59,08 -
Agosto 88,91 87,03 89,88 84,86 82,14 88,56 91,88 86,83 82,02 71,75 62,44 -
Setembro 85,60 88,93 98,63 88,08 84,89 83,19 83,84 77,23 81,83 74,11 57,10 -
Outubro 91,33 87,46 93,29 94,21 85,64 86,39 82,03 77,50 78,24 72,03 58,58 -
Novembro 80,66 84,99 86,12 85,47 88,52 73,81 74,95 70,84 77,39 68,28 52,78 -
Dezembro 96,95 91,11 93,75 88,74 89,34 83,36 88,54 83,70 78,28 69,66 59,20 -
Total 1.091 1.015 1.073 1.047 1.001 983 1.009 952 903 848 703 247
Toda a análise de dados será feita a partir do tratamento dos mesmos no software Minitab.
11
Figura 1 - Teste de Normalidade geral para as vítimas de homicídio culposo no trânsito a cada 100.000 veículos.
normal e uma curtose abaixo, indicando que a distribuição está “inclinada” para a esquerda e
que as caudas são mais “finas” que as de uma distribuição normal perfeita.
Figura 2 – Boxplot de vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos por ano.
Na imagem acima, em que cada boxplot representa a distribuição do ano apresentado no eixo
horizontal, a distribuição aparenta possuir três momentos distintos: 2005 a 2008, 2009 a 2012
e 2013 a 2016. Além disso, fica claro que a variância dos dados reduziu drasticamente do
primeiro momento para os seguintes. Dessa forma, a fim de verificar essa diferença e
visualizar de forma mais consistente esses três momentos, foi realizada uma série histórica
dos dados.
13
Figura 3 - Série histórica das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos por mês, dividido
por grupos.
A imagem acima apresenta a série histórica dos grupos e cada cor identifica um momento
diferente, de modo que fica claro o comportamento distinto de cada um deles. Do primeiro
para o segundo momento, visualmente parece ter havido uma mudança de média e redução da
variância. Ao analisar o segundo grupo, percebe-se uma possível estacionariedade, mas com
início e final com algumas variações transitórias da média. Isto é, no período inicial a média
tende a decrescer, até atingir um valor intermediário daquele momento. Já nos meses finais,
ainda referentes ao segundo grupo, parece haver uma leve tendência de queda, que se
agravará no período seguinte. Apesar disso, no terceiro momento, há um comportamento que
destoa bastante do visto anteriormente, apresentando uma clara tendência de decrescimento.
Com a intenção de aprofundar esse estudo dos três grupos, foi feito um histograma dos
mesmos, de modo a analisar suas distribuições.
14
Figura 4 - Histograma das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido por
grupos.
Nessa perspectiva, foram elaborados três histogramas, um para cada momento diferente, onde
fica claro a existência de três distribuições distintas. Percebe-se que a média se reduz a cada
grupo (2005 a 2008 tem a maior média, seguido de 2009 a 2012 e, por último, 2013 a 2016,
com a menor média). Quanto a variância, as do grupo de 2009 a 2012 (vermelho) e de 2013 a
2016 (amarelo) são bem semelhantes, ambas bem menores que a do grupo inicial, de 2005 a
2008 (azul), momento pré-Lei Seca. Com o intuito de comparar essas mudanças, foi
elaborado um boxplot, separando os três grupos.
15
Figura 5 - Boxplot das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido por grupos.
O boxplot dos grupos, acima representado, confirma a análise anterior de redução de média de
grupo para grupo e de redução de variância do primeiro grupo para os demais. Dessa forma,
para confirmar tal análise, será preciso realizar testes de hipótese. No entanto, para que os
testes não sejam comprometidos, é necessário confirmar que os valores não são
autocorrelacionados e não possuem tendência, isto é, são estacionários.
A fim de testar a estacionariedade de cada grupo e dos dados de uma forma geral foram feitos
testes de ensaio. Nestes testes de ensaio, o valor-p representa a probabilidade das variações no
grupo analisado serem aleatórias, isto é, serem devidos a causas comuns, havendo uma média
fixa. Seguem abaixo os resultados obtidos pelos testes realizados no Minitab.
16
No teste geral, isto é, para o grupo como um todo, sem considerar a divisão em grupos, o
valor-p encontrado foi de 0,000 , indicando que a variação não é aleatória. Diante disso, não
se aceita a hipótese de que distribuição é estacionária. Esse resultado já era esperado, uma vez
que, graficamente, é perceptível a presença de tendência no último período (a partir de 2013).
No teste para o grupo antes da implementação da Lei Seca o valor-p obtido foi de 0,732 ,
indicando que podemos considerar que as variações desse grupo são aleatórias. Nessa
perspectiva, a hipótese de estacionariedade não é rejeitada.
No teste para o grupo após a implementação da Lei Seca, entre os anos de 2009 e 2012, o
valor-p obtido foi de 0,770. Isso indica que, como no grupo anterior, é possível considerar que
as variações desse grupo são aleatórias e, portanto, não se rejeita a hipótese de
estacionariedade.
17
No teste para o grupo 3, que vai do ano 2013 até o período atual, o valor-p obtido foi de
0,000, indicando que as variações desse grupo não são aleatórias e, portanto, não se aceita a
hipótese de estacionariedade. Este resultado já era esperado, uma vez que graficamente fica
claro a presença de uma tendência decrescente neste grupo.
Figura 6 - Autocorrelação do Grupo 1 - vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos.
No gráfico acima, fica claro que não há autocorrelação significativa para o grupo 1, visto que
nenhum valor ultrapassa os limites de significância de 5%.
18
Figura 7 - Autocorrelação do Grupo 2 - vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos.
No gráfico acima, fica claro que não há autocorrelação significativa para o grupo 2, apesar de
no lag 5 a autocorrelação ultrapassar suavemente o limite superior. Isso porque não faria
sentido haver uma autocorrelação pontual apenas para o lag 5, isto é, entre um valor e o valor
de 5 meses antes.
19
Figura 8 - Autocorrelação do Grupo 3 - vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos.
Na análise do grupo 3, diferentemente dos demais períodos, fica claro que há autocorrelação
entre os valores até o lag 3. Isso significa que o valor de um certo mês é correlacionado com
os valores dos 3 meses anteriores a ele. Este fato é explicado pela tendência de decrescimento
que ocorre neste grupo.
O teste T de Student foi utilizado para testar se há diferença significativa entre as médias. Os
resultados encontrados para o teste pelo Minitab estão dispostos abaixo:
O teste de equivalência foi feito com a finalidade de se saber se é possível afirmar com 95%
de confiança que a amostra do grupo 2 (período pós-Lei Seca, entre os anos de 2009 e 2012) é
menor que a do grupo 1 (período pré-Lei Seca, entre os anos de 2005 e 2008).
21
• Método
• Estatísticas Descritivas
Limite
superior Limite
Diferença DesvPad EP de 95% Superior
-1,9620 0,8067 0,11643 -1,7666 0
• Teste
Nível α: 0,05
GL Valor-T Valor-p
47 -16,851 0,000
3.1.4.3 ANOVA
Outra forma de analisar a disparidade entre as médias é por meio de uma ANOVA.
• Método
Hipótese nula Todas as médias são iguais
Hipótese alternativa No mínimo uma média é diferente
Nível de significância α = 0,05
• Análise de Variância
Fonte GL SQ (Aj.) QM (Aj.) Valor F Valor-P
C23 1 92,38 92,3827 185,60 0,000
Erro 94 46,79 0,4977
Total 95 139,17
Com a ANOVA foi obtido o mesmo resultado dos testes anteriores. Considerando o nível de
significância igual a 5%, é possível rejeitar a hipótese nula de que não há diferença entre as
médias. Diante disso, pode-se afirmar que houve uma redução significativa no número de
homicídios culposos no trânsito após a implantação da Lei Seca.
23
Figura 9 - Boxplot de vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido entre 2 grupos
e obtidos pela ANOVA.
Figura 10 - Análise dos resíduos das vítimas de homicídio culposo de trânsito a cada 100.000 veículos, obtidos
pela ANOVA.
24
Figura 11 - Teste de Normalidade geral para as vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos.
Assim como na análise do número de vítimas de homicídio culposo no item anterior, foi
realizado um teste de normalidade a partir dos dados referentes ao número de vítimas de
lesões culposas de trânsito a cada 100 mil veículos, relacionados ao período de 2005 até 2016.
A partir do gráfico gerado no Minitab, referente ao teste de normalidade de Anderson –
Darling, pode-se assumir que os dados têm uma distribuição normal, apesar de ser possível
perceber uma certa assimetria (negativa). E ainda é interessante observar que além do grau de
assimetria descrito anteriormente, há também uma curtose um pouco acima da normal,
indicando que tal distribuição está “inclinada” para a direita e que suas caudas são mais
“grossas” do que seriam numa normal “perfeita”.
26
A partir disso, foi feito um bloxplot dos dados, a fim de obter uma análise mais clara do
comportamento dos mesmos ao longo dos anos.
Figura 13 - Série histórica das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos por mês, dividido por
grupos.
Na série histórica acima, fica claro, a partir da representação dos grupos 1, 2 e 3 em cores
diferentes, classificados assim seguindo a ordem cronológica, que cada momento apresenta
um comportamento distinto. Do primeiro para o segundo, parece ter havido uma mudança de
média, apesar de pequena, e uma redução da variância. No grupo 2, parece haver uma
variação em torno deu uma média, mas existem variações, principalmente no seu final, com
uma aparente tendência de queda. No grupo 3, no entanto, há um comportamento que destoa
dos outros momentos, apresentando uma forte tendência de decrescimento. Portanto, a fim de
aprofundar esse estudo dos três grupos, foi elaborado um histograma dos mesmos, de forma a
analisar suas distribuições.
28
Figura 14 - Histograma das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido por grupos.
No histograma acima, fica claro que há três distribuições distintas. A cada grupo analisado,
mais uma vez representados com coloração distinta, percebe-se uma redução de média.
Contudo, enquanto a diferença de média do grupo 1 para o grupo 2 é suave, a do grupo 2 para
o grupo 3 é um pouco maior. Quanto à variância, há uma leve redução do primeiro momento
para o segundo, e um aumento drástico do segundo para o terceiro período. Este aumento
aparenta ser resultado da forte tendência de decrescimento, que faz com que os valores variem
de forma intensa ao longo dos anos. Com o objetivo de confirmar tal análise, foi elaborado
um boxplot comparativo dos grupos.
29
Figura 15 - Boxplot das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido por grupos.
A fim de testar a estacionariedade de cada grupo e dos dados de uma forma geral foram feitos
testes de ensaio. Nestes testes de ensaio, o valor-p representa a probabilidade das variações no
grupo analisado serem aleatórias, isto é, serem devidos a causas comuns, havendo um média
fixa. Seguem abaixo os resultados obtidos pelos testes realizados no Minitab.
30
No teste geral, isto é, para o grupo como um todo, sem considerar a divisão em grupos, o
valor-p encontrado foi de 0,000 , indicando que a variação não é aleatória. Diante disso, não
se aceita a hipótese de que distribuição é estacionária. Esse resultado já era esperado, uma vez
que, graficamente, é perceptível a presença de tendência no último período (a partir de 2013).
No teste para o grupo antes da implementação da Lei Seca o valor-p obtido foi de 0,911 ,
indicando que podemos considerar que as variações desse grupo são aleatórias. Nessa
perspectiva, a hipótese de estacionariedade não é rejeitada.
No teste para o grupo após a implementação da Lei Seca, entre os anos de 2009 e 2012, o
valor-p obtido foi de 0,807. Isso indica que, como no grupo anterior, é possível considerar que
as variações desse grupo são aleatórias e, portanto, não se rejeita a hipótese de
estacionariedade.
31
No teste para o grupo 3, que vai do ano 2013 até o período atual, o valor-p obtido foi de
0,000, indicando que as variações desse grupo não são aleatórias e, portanto, não se aceita a
hipótese de estacionariedade. Este resultado já era esperado, uma vez que graficamente fica
claro a presença de uma tendência decrescente neste grupo.
Figura 16 - Autocorrelação do Grupo 1 - vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos.
No gráfico acima, fica claro que não há autocorrelação significativa para o grupo 1, visto que
nenhum valor ultrapassa os limites de significância de 5%.
32
Figura 17 - Autocorrelação do Grupo 2 - vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos.
No gráfico anterior, da mesma forma que o grupo 1, fica claro que não há autocorrelação
significativa.
33
Figura 18 - Autocorrelação do Grupo 3 - vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos.
Na análise do grupo 3, diferentemente dos outros, fica claro que existe uma forte
autocorrelação entre os valores até o lag 3, isto é, o valor é correlacionado com os dados dos 3
meses anteriores. Este fato é explicado pela forte tendência de decrescimento que ocorre neste
grupo.
O teste T de Student foi utilizado para testar se há diferença significativa entre as médias. Os
resultados encontrados para o teste pelo Minitab estão dispostos abaixo:
O teste de equivalência foi feito com a finalidade de se saber se é possível afirmar com 95%
de confiança que a amostra do grupo 2 (período pós-Lei Seca, entre os anos de 2009 e 2012) é
menor que a do grupo 1 (período pré-Lei Seca, entre os anos de 2005 e 2008).
• Método
• Estatísticas Descritivas
Limite
superior Limite
Diferença EP de 95% Superior
-5,8851 1,1301 -4,0058 0
• Teste
Nível α: 0,05
GL Valor-T Valor-p
85 -5,2077 0,000
3.2.4.3 ANOVA
• Método
Hipótese nula Todas as médias são iguais
Hipótese alternativa No mínimo uma média é diferente
Nível de significância α = 0,05
• Análise de Variância
Fonte GL SQ (Aj.) QM (Aj.) Valor F Valor-P
C18 1 831,2 831,22 27,12 0,000
Erro 94 2881,0 30,65
Total 95 3712,2
Com a ANOVA foi obtido o mesmo resultado dos testes anteriores. Considerando o nível de
significância igual a 5%, é possível rejeitar a hipóteses nula de que não há diferença entre as
médias. Diante disso, pode-se afirmar que houve uma redução significativa no número de
lesões culposas no trânsito após a implantação da Lei Seca.
37
Figura 19 - Boxplot de vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, dividido entre 2 grupos e
obtidos pela ANOVA.
Figura 20 - Análise dos resíduos das vítimas de lesão culposa de trânsito a cada 100.000 veículos, obtidos pela
ANOVA.
38
Os resultados dos testes acima apresentados confirmam que a diferença entre as médias é
significativa e que a média do grupo 2 é menor do que a média do grupo 1. Isto é, conclui-se
que o número de vítimas de lesão culposa no trânsito diminuiu após a implantação da Lei
Seca no estado do Rio de Janeiro.
Com o intuito de comparar os dados liberados pelo Governo sobre a eficácia da operação Lei
Seca com os resultados obtidos na análise realizada neste trabalho, foram feitos testes de
equivalência para a redução do número de homicídios culposos no trânsito. O Governo
divulgou uma redução de 32% no número de mortos no trânsito no estado do Rio de Janeiro
após implantação da Lei Seca. Dessa forma, este valor foi utilizado como o alvo para
comparação no teste abaixo.
• Método
Alvo = 0,32
• Estatísticas Descritivas
Variável N Média DesvPad EP Média
G1sobreG2 48 0,29693 0,096934 0,013991
Limite
superior Limite
Diferença EP de 95% Superior
-0,023068 0,013991 0,00040864 0
O limite superior não é menor que 0. Não é possível afirmar que Média(G1sobreG2) <
Alvo.
• Teste
Hipótese nula: Média(G1sobreG2) - Alvo ≥ 0
Hipótese alternativa: Média(G1sobreG2) - Alvo < 0
Nível α: 0,05
GL Valor-T Valor-p
47 -1,6487 0,053
Valor-P > 0,05. Não é possível afirmar que Média(G1sobreG2) < Alvo.
• Método
Alvo = 0,32
• Estatísticas Descritivas
Variável N Média DesvPad EP Média
G1sobreG2 48 0,29693 0,096934 0,013991
Unilateral
è Esquerda Limite
Diferença EP de 95% Inferior
-0,023068 0,013991 -0,046544 0
O limite inferior não é maior que 0. Não é possível afirmar que Média(G1sobreG2) >
Alvo.
• Teste
Hipótese nula: Média(G1sobreG2) - Alvo ≤ 0
Hipótese alternativa: Média(G1sobreG2) - Alvo > 0
Nível α: 0,05
40
GL Valor-T Valor-p
47 -1,6487 0,947
Valor-P > 0,05. Não é possível afirmar que Média(G1sobreG2) > Alvo.
Segundo os resultados dos testes acima apresentados, com 95% de confiança, não se aceita a
hipótese de que o valor calculado no presente estudo seja diferente do valor divulgado. Dessa
forma, pode-se afirmar que os valores são compatíveis.
5 CONCLUSÃO FINAL
Cabe ressaltar ainda que o estudo apresentado neste trabalho, por ter finalidade estritamente
acadêmica, possui algumas limitações. Portanto, a fim de comprovar de fato a eficácia da Lei
Seca, análises mais aprofundadas e considerando uma gama maior de variáveis devem ser
feitas.
42
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS