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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Bacabal -
MA 2017
FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE BACABAL-FEBAC
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Bacabal -
MA 2017
Mendes, Raquel Ferreira Cruz.
M534q
Qualidade de vida no trabalho de motoristas de transporte de
cargas na cidade de Bacabal - MA/Raquel Ferreira Cruz
Mendes- Bacabal-2017.
30f.
CDU 658:005. 6
Poliana de Oliveira Ferreira
BIBLIOTECÁRIA
CRB: 13/702
Raquel Ferreira Cruz Mendes
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Muitos gestores estão compreendendo que melhorar a vida de seus colaboradores torna a
organização um ambiente mais agradável e ao mesmo tempo, competitivo e produtivo.
Segundo Ribeiro (2008, p. 22) a necessidade da aplicação desse conceito de Qualidade de
Vida no Trabalho “surgiu com a preocupação de proporcionar satisfação e bem-estar ao
trabalhador na execução de suas tarefas associados ao aumento na produtividade e
desempenho dos funcionários”.
Conforme Vendrami (2011, p. 43), “muitas organizações, hoje, têm a consciência de
que o seu grande capital são as pessoas. Quanto melhor sua condição de trabalho e de vida,
melhor seu desempenho na empresa, tornando-a mais lucrativa e competitiva”. A QVT
representa o equilíbrio entre o homem e o trabalho, pois as pessoas realizarão seu serviço de
forma mais eficiente pelo fato de sentir-se bem, executando suas tarefas em um ambiente
saudável.
Segundo Limongi-França (2007) programas de QVT ajudam a melhorar os resultados
nas empresas, sendo que a relação entre a QVT e produtividade de acordo a maioria dos
administradores, é uma relação imediata e positiva e sem risco, visto que é um investimento
da empresa para o aumento de produtividade.
Como é apontado por Símmonds (2012, p.53) os motoristas responsáveis pela
transportação de cargas “estão sujeitos a uma grande diversidade de ambiente nas rodovias
por onde transportam suas mercadorias”.
Na profissão de motorista é necessário ter uma direção segura, e para isso, é preciso
manter a atenção, concentração, raciocínio, vigília, percepção, respostas a serem dadas na
parte motora, sensibilidade tátil, visão e audição todos bem ativos. Além disso, o trabalho
físico, as várias horas na mesma posição utilizando movimentos repetitivos com braços,
pernas e coluna vertebral provocam a exaustão, que a longo prazo pode evoluir, podendo
gerar uma doença crônica.
Para uma organização ser competitiva os colaboradores devem realizar um bom
trabalho, dessa forma, deve-se pensar em ações, como promover uma maior valorização das
competências e habilidades dos colaboradores, treinamentos, um espaço mais saudável, que
proporcionem um ambiente na qual os mesmos conseguirão desempenhar suas funções com
qualidade, não deixando de lado os aspectos relacionados a QVT. Chiavenato (2014, p. 419)
expõe que “a competitividade organizacional – e obviamente, qualidade e produtividade –
passam obrigatoriamente pela QVT. Para bem atender o cliente externo, a organização não
deve esquecer o cliente interno”.
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Pedroso e Pilatti (2009) evidenciam que o trabalho ocupa uma parcela muito
significativa na vida do homem, assim reconhecem que as vivências no ambiente do trabalho
influenciam direta e significativamente a qualidade de vida do trabalhador.
Segundo Almeida (2012, p. 16) “ a compreensão sobre qualidade de vida lida com
inúmeros campos do conhecimento humano, biológico, social, político, econômico, médico,
entre outros, numa constante inter-relação”. A Qualidade de Vida (QV) sendo fundamental
em
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todas essas áreas, leva em consideração fatores como saúde, o bem-estar físico, emocional e
psicológico, ou seja, envolve todos os aspectos relacionados à vida humana.
De acordo com Romano (2014, p.27) o conceito de QV é “multifacetado e subjetivo: a
forma com que cada indivíduo traduz a vida pode influenciar diretamente a qualidade de vida
que ele percebe ter”. Corpo, mente e espírito, devem estar em equilíbrio para que se possa
desfrutar da qualidade de vida.
Para Walton (apud RODRIGUES, 2009, p.81), a qualidade de vida no trabalho tem
sido usada para “descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas
sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento
econômico”.
Walton propôs oito fatores relacionados a QVT que afetam as pessoas em seu trabalho.
O quadro 1 apresenta os oitos fatores e suas dimensões:
Dessa forma, no que diz respeito ao trabalhador pode-se entender a QVT como
medidas que uma organização deve adotar para procurar identificar e introduzir medidas que
abarquem diversas áreas, possibilitando, assim, oportunidades para o desenvolvimento
humano durante a prática de suas funções.
A qualidade de vida no trabalho se constitui em uma ferramenta de grande
importância, e que se faz necessária dentro das organizações, sendo umas das ferramentas
responsáveis pelo progresso. A QVT representa a preocupação das empresas para com seu
colaborador, além de proporcionar o bem-estar do pessoal da empresa, ela trará,
consequentemente, resultados às organizações.
Ainda de acordo com Limongi-França (2007) há um conjunto de critérios de QVT,
que deve ser colocado em prática por organizações que se preocupam com o potencial
humano dos funcionários, saúde e segurança no trabalho. O quadro 2 apresenta esses critérios:
Ferreira (2012) define a Qualidade Vida no Trabalho sob a ótica das organizações e
dos trabalhadores. Sob a ótica das organizações, a QVT é um preceito de gestão
organizacional que é composto por um conjunto de normas, diretrizes e práticas no âmbito das
condições, da organização e das relações socioprofissionais de trabalho que tem como
objetivo à promoção do bem-estar e o desenvolvimento pessoal dos colaboradores e o
exercício da cidadania organizacional nos ambientes de trabalho. Sob a ótica dos
trabalhadores, ela se expressa por meio do contexto organizacional e das situações de trabalho
que estes vivenciam, indicando o predomínio de experiências de bem-estar no trabalho, de
reconhecimentos institucional e coletivo, de possibilidade de crescimento profissional e de
respeito às características individuais.
A QVT possibilita uma reciprocidade entre a organização e colaborador como
explicita Chiavenato em seus pressupostos:
O sistema rodoviário responde hoje pelo transporte de 70% a 80% das cargas
movimentadas no Brasil, e, sem entrar no mérito dos erros e acertos da política
brasileira de transportes, essa realidade não se modificará sensivelmente nas
próximas décadas, por maiores que sejam os esforços do Governo na modernização
da infraestrutura para transportes marítimos e rodovias. (DIAS, 2010, p. 334)
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Dessa forma, esses profissionais passaram a ter seus direitos resguardados. Mas ainda
se percebe a necessidade de melhorias nas condições de trabalho e bem-estar físico e
psicológico do motorista de transporte de carga, que enfrenta muitas vezes uma dura realidade
no seu dia a dia.
De acordo Símmonds (2012) as dificuldades existentes nas estradas brasileiras vão
além dos inúmeros buracos no asfalto. A realidade reflete motoristas cansados, estressados e
que, às vezes, usam substâncias proibidas para suportar várias horas de trabalho.
Segundo Tavares (2010) o trabalho dos motoristas profissionais é rotineiro e,
infelizmente, em alguns casos as condições de trabalho são bastante inadequadas, entre elas
condições ergonômicas inadequadas das cabines, extensão prolongada da jornada de trabalho,
constância de assaltos.
Como afirma Araújo (2008) os motoristas no decorrer da jornada de trabalho não
encontram locais apropriados para o atendimento das necessidades básicas, às vezes ficam
preocupados sem saber o que vão comer devido à qualidade da comida, e também pela
variação dos horários de alimentação, chegando a ficar, em algumas situações, longos
períodos sem se alimentar, tendo em vista que o não atendimento dessas necessidades básicas
poderá, sem sombra de dúvidas, comprometer o bem-estar físico e psíquico dos motoristas.
Como é apontado por Símmonds (2012) em sua pesquisa, os motoristas profissionais
além do estado de alerta constante, a alimentação inadequada, estão sujeitos a dormir em
locais sem segurança, a ausência de sanitários higienizados, ao trabalho isolado, o
sedentarismo e outros fatores negativos que envolve o trabalho destes profissionais.
As organizações objetivam se sobressair no mercado onde atuam, mas para que isso
aconteça é preciso que a gestão revise processos, inove seu trabalho, não esquecendo do fator
humano. Conforme Silva (2010, p. 25) “o desempenho das empresas, para atingir seus
objetivos a longo prazo, depende de uma série de características de atuação, tais como
flexibilidade, agilidade, produtividade e qualidade”.
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MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi feito por meio de uma pesquisa com os motoristas de transportes de
cargas da cidade de Bacabal, no estado do Maranhão. Localizada a cerca de 240 km da capital
do estado, São Luís.
A metodologia do trabalho no que se refere aos objetivos foi feita por meio de uma
pesquisa descritiva. Como explicita Gil (2010) as pesquisas descritivas têm como objetivo
principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.
Quanto aos procedimentos, trata-se de pesquisa bibliográfica, levantamento e pesquisa
de campo. Segundo Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é realizada com base em trabalhos já
publicados com o objetivo de fazer uma análise de posições diversas sobre determinado
assunto. E ainda de acordo com Gil (2010) o levantamento solicita informações a um grupo
significativo de pessoas acerca do problema em estudo e, em seguida, mediante uma análise
quantitativa obtém-se as conclusões de acordo com os dados coletados. A pesquisa de campo
conforme Lakatos & Marconi (2011, p. 169) é “utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese que se queira comprovar”.
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Questões
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste item, apresentam-se as análises das informações obtidas por meio da pesquisa
realizada por meio de questionários respondidos por 30 motoristas de transportes de cargas do
município em que esta pesquisa foi realizada, onde será avaliada a qualidade de vida no
trabalho dos participantes com base na coleta de dados.
TOTAL 30 100%
A jornada de trabalho Sim 22 73%
está de acordo com a
Não 3 10%
sua capacidade
física? Às vezes 5 17%
TOTAL 30 100%
Fonte: pesquisa da autora (2017)
horas, porém, 53% excedem o número de horas ao volante previstas em lei (destes, 12 (40%)
dirigem 10 horas por dia e 4 (13%) chegam a dirigir mais de 10 horas). Outro fator importante
é que, ainda que excedendo os números de horas na direção, 22 (73%) disseram que a jornada
de trabalho está de acordo com sua capacidade física, e apenas 3 (10%) admitem que estão
trabalhando mais do que sua capacidade permite e 5 (17%) informaram que às vezes
ultrapassa sua capacidade física.
Um dos oito critérios da escala de Walton para avaliar o grau de satisfação da
qualidade de vida no trabalho são as condições de trabalho que inclui “horários razoáveis com
um período normal de trabalho padronizado. Condições físicas que reduzam ao mínimo o
risco de doenças e danos”(LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2007, p. 171).
De acordo com Tamayo (2008) a sobrecarga de trabalho está ligada ao grau com que o
empregado é solicitado a conviver com demandas que o levam a usar toda a sua energia para
o trabalho, podendo, consequentemente, acarretar exaustão e queda de desempenho.
13%
20%
Sim Não
Às vezes
67%
De acordo com o gráfico 1 constata-se que 20 (67%) dos pesquisados afirmam que seu
trabalho provoca um grande desgaste físico, já 6 (20%) afirmam que não e 4 (13%) que às
vezes.
Segundo Símmonds (2012) a pessoa que tem consciência de seu cansaço e mesmo
assim permanece com a mesma rotina, tem déficit de concentração e atenção por conta da
tensão e pressão em que vivem, o que pode gerar graves problemas para a atividade
profissional, como por exemplo, risco de acidentes.
18
TOTAL 30 100%
Você usa alguma Sim 1 3%
substância para
mantê-lo acordado
ao volante?
Não 29 97%
TOTAL 30 100%
Fonte: pesquisa da autora (2017)
A tabela 3 apresenta a percepção dos motoristas quanto à sua saúde, onde 18 (60%)
disseram não ter nenhuma doença ocupacional, um índice considerável, e 12 (40%) afirmaram
ter alguma doença ocupacional.
No que se refere ao uso de substância para mantê-los acordados ao volante, 29 (97%)
afirmaram não fazer uso de nenhum tipo de substância, e somente 1 (3%) afirmou usar. O
índice apontado é considerado positivo, sendo que o uso de qualquer tipo de substância é
proibido por lei e nocivo à saúde.
20
57%
Sim
Não
43%
No que diz respeito a realização das atividades, o gráfico 2 mostra que 17 (57%)
disseram que as atividades não são cronometradas, enquanto 13 (43%) disseram que sim.
Os percentuais mostram um resultado positivo, porém, ainda se tem um percentual
representativo que realizam suas atividades com horários estabelecidos, um fator relevante,
pois a preocupação com cumprimento dos horários pode ter consequências negativas para a
segurança e saúde do motorista.
7%
Sim
Não
93%
Com relação aos benefícios oferecidos pela empresa, o gráfico 3 apresenta que 28
(97%) disseram que recebem algum tipo de benefício; 2 (7%) que não recebem nenhum.
Os benefícios ofertados pela empresa são de grande importância, pois o colaborador se
sente valorizado e útil. Segundo Chiavenato (2014, p. 341) “os benefícios além do seu aspecto
pecuniário ou financeiro serve para livrar o funcionário de uma série de transtornos”.
Às vezes 5 17%
TOTAL 30 100%
Às vezes 6 20%
TOTAL 30 100%
Fonte: pesquisa da autora (2017)
De acordo com a tabela 4, 18 (60%) disseram se sentir motivados para realizar seu
trabalho, 7 (23%) às vezes e 5 (17%) não se sentem motivados. Quanto a valorização dos
22
17%
Muito satisfeito
47%
Satisfeito
36% Mais ou menos
satisfeito
qualidade de vida?
TOTAL 30 100%
A qualidade de vida Sim 23 77%
interfere na Não 7 23%
produtividade do seu
trabalho?
TOTAL 30 100%
A qualidade de vida Sim 27 90%
no trabalho traz
benefícios para o Não 3 10%
trabalhador?
TOTAL 30 100%
Fonte: pesquisa da autora (2017)
Como afirma Costa e Silva, Kops e Romero (2013, p. 141) “a QVT é um conjunto de
estratégias e ações para melhorar as condições de trabalho, buscando aumentar resultados”.
Além de proporcionar o bem-estar do colaborador, a QVT traz como consequência uma
melhor produtividade.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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http://www.webposgrad.propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_DissertacaoFlaviadeAndrade
Tavares.pdf. Acesso em: 01 set. 2017.
QUESTIONÁRIO
6. Você já teve alguma doença ocupacional, como: estresse, fadiga, ansiedade, depressão,
doenças cardiovasculares, gastrointestinais, dores musculares?
( ) não ( ) sim
10. A sua empresa oferece planos de benefícios (plano de saúde, seguro de vida, entre outros)?
30
( ) Sim ( ) Não