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EMEF Gal.

Euclydes de Oliveira Figueiredo

Jovens autores

2019
Este trabalho é dedicado a todos os leitores
da comunidade escolar Euclydes Figueiredo.

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Sumário
O Projeto Páginas Euclydianas...................................................................... 5
PARTE 1 - A primeira proposta de produção textual .................................... 7
Euclydianos retratam Euclydianos .............................................................. 9
PARTE 2 – As produções individuais .......................................................... 11
Quantas .................................................................................................... 13
Mancha, manchinha ................................................................................. 14
Espelho quebrado .................................................................................... 15
Depressão ................................................................................................ 16
Inspiração ................................................................................................. 17
O dia quebrado ......................................................................................... 18
A explicação ............................................................................................. 19
A nota ....................................................................................................... 20
Melhor amigo ............................................................................................ 22
Mal endereçado para o amor.................................................................... 24
PARTE 3 – A terceira proposta de produção textual ................................... 27
Akira ......................................................................................................... 28
PARTE 4 – A quarta proposta de produção textual ..................................... 33
O menino sonhador .................................................................................. 34
Jogador sonhador ..................................................................................... 36
O garoto.................................................................................................... 37
Uma delirada total .................................................................................... 38
O chocolate .............................................................................................. 39
Dia de chuva............................................................................................. 40
Uma jornada molhada .............................................................................. 41
A dúvida.................................................................................................... 42
Péssimo dia .............................................................................................. 43
Palavras arrependidas .............................................................................. 44
Flor de sangue .......................................................................................... 46
PARTE 5 – A última proposta de 2019 ...................................... 50
As semelhanças ..................................................................... 51
Amigos ................................................................................... 52

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O Projeto Páginas Euclydianas

O Projeto Páginas Euclydianas foi iniciado em 26 de março


de 2019 como um clube de escrita, coordenado por uma das
professoras de Português do Ensino Fundamental 2.
Em encontros semanais, às terças-fei ras, das 12h às
13h30, os alunos leem e analisam vários tipos de textos,
conhecendo novos autores e estilos literários. Depois, elaboram
poemas, contos e crônicas, com o objetivo de desenvolver a
produção textual de cada um. O foco do projeto é na expressão
criativa. Então, mesmo que o tempo de reescrita seja reduzido,
todos os trabalhos são acolhidos, revisados e comentados no
grupo.
Nesta coletânea selecionamos alguns textos poéticos e
narrativos produzidos ao longo do ano. São uma amostra da
diversidade dos alunos, dos seus universos pessoais e de suas
experiências literárias.

Os euclydianos
Ao longo do ano, alguns alunos entraram no grupo e outros
se desligaram do projeto. Nesta publicação reunimos apenas
alguns dos textos compartilhados nas oficinas, saraus e outros
eventos escolares. Há também textos de colegas que visitaram o
projeto ou colaboraram em uma atividade específica.
Ao final do ano, estavam ativos no projeto os seguintes
estudantes:
Flávio Haruo Taguchi – 7º ano B
Graziele Andressa – 6º ano A
Gustavo Soares Machado – 9º ano A
Izabel Pinheiro Moura – 7º ano B
Manoel Augusto Oliveira Ferreira – 7º ano B
Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C
Sandro Marcello Ferreira – 9º ano A
Vinícius Dilon Cardoso da Silva – 7º ano B

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Agradecimentos

Agradecemos a colaboração dos colegas que


compartilharam seus textos conosco em algumas atividades e
momentos especiais:
Gutto Giorgi Mazzoni, do 5º ano B;
Rous Kelly, do 6ºano A;
Lunna Luiza Q. A. da Silva, do 6ºano A;
Ryan Patrick Silva, do 7º ano B;
Caio Bueno da Silva, do 9ºB.
Também agradecemos à Coordenação Pedagógica que,
além de dar apoio ao nosso projeto, possibilitou que nós
pudéssemos participar dos passeios e eventos com os colegas da
Academia Estudantil de Letras (AEL José Roberto Torero).

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PARTE 1 - A primeira proposta de produção textual

No primeiro mês cada participante colaborou na reflexão


sobre as características da comunidade escolar e alguns redigiram
poemas sobre os “euclydianos” em geral (as pessoas que circulam
na EMEF Gal. Euclydes de Oliveira Figueiredo).
No fechamento da reflexão coletiva, o grupo recombinou
alguns dos versos (de autoria individual) criando a primeira
composição coletiva, divulgada em painel no pátio da escola.

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Euclydianos retratam Euclydianos

Os eudlydianos são diversos


daqui vão sair vários versos.
Os euclydianos são aqueles que estudam e aprontam
Aqueles que gostam de aprontar
e que ficam no celular

Os euclydianos são diferentes


são únicos e tem muita gente
são parecidos, mas não são iguais
são diferentes, mas iguais aos demais.

A escola Euclydes é muito boa.


Ela está aqui para ajudar as pessoas.
A função da escola é ajudar os alunos
para que eles tenham um grande futuro.

O euclydiano pode ser um aluno ou professor


ou talvez um funcionário trabalhando no corredor.
Ele pode estar em uma sala, no pátio ou na cozinha.
Ele pode estar estudando, brincando ou trabalhando.

Quando falam de euclydiano


pensam em fulano ou beltrano.
Uns são amigos das tias.
Puxa, quanta simpatia!

Mas você tem que prestar no professor


No carinho ou no ódio,
ele quer o seu bem, amigo.
Ninguém é melhor que ninguém.
Nós todos somos capazes
e podemos ir além.

(Grupo Páginas Euclydianas).


Abril de 2019.

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PARTE 2 – As produções individuais

Após a atividade colaborativa no primeiro bimestre, os


alunos tiveram contato com algumas crônicas cujo tema é a
realidade escolar. Alguns analisaram a crônica “Um espirro para
ficar na história”, enquanto outros analisavam “A menina de franja
e o menino de olhos azuis” (ambas de autoria do professor Carlos
Azevedo). Esses dois textos têm em comum o olhar de um
professor sobre os alunos, sobre as relações na escola e sobre
acontecimentos cotidianos.
No segundo bimestre, nosso primeiro exercício escrito foi
tentar construir um pequeno plano de texto (que poderia ser em
lista ou em mapa conceitual) com possíveis episódios
interessantes para assumir a forma de crônica. Ou seja, que
contemplassem as características mais recorrentes nos textos
analisados: o relato breve, linguagem leve, a reflexão bem-
humorada sobre algum tópico específico e, naqueles casos, o
narrador personagem.
Nessa primeira partilha, houve dúvidas e reflexões sobre a
responsabilidade sobre o nome das personagens, especialmente,
quando se trata de um colega que poderia ter algum desconforto
em ver seu nome exposto (isso se refletia fortemente nas primeiras
versões de alguns textos, em que os nomes eram quase
impronunciáveis).
Alguns começaram a escrever imediatamente. Outros, que
se lembravam mais de memórias de infância, alheias ao ambiente
escolar, ou tinham produzido contos nas aulas de português,
compartilharam suas histórias no horário do projeto.
Cabe registrar que, no Sarau da Academia Estudantil de
Letras, outros alunos se interessaram pelos projetos literários da
escola. Foi o caso de Flávio Haruo Taguchi, aluno do 7º ano que
compôs um poema sobre a natureza para participar do evento e,
depois disso, entrou para o grupo das Páginas Euclydianas.

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Natureza

A natureza tem muitas cores,


Animais, árvores e flores,
Que são muito cheirosas,
Até como outros fatores.

Ela é muito desmatada,


As pessoas não têm ideia e nem noção
Que a cada folha que é arrancada,
É mais um passo para a destruição.

Nós humanos deveríamos começar


A ter uma meta e alcançar,
Ter noção em nossas mentes,
E a natureza não estragar,

A natureza devia ter uma chance,


De poder florescer,
Existir sempre e eternamente,
Do amanhecer ao anoitecer.

Flávio Haruo Taguchi – 7ºano B – 2019.

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Quantas

Quantas ainda vão nascer?


Quantas ainda vão morrer?
Quantas árvores ainda vão ser sacrificadas
Para, enfim, nos satisfazer?

Ganância
É pura ganância
Se fosse mesmo para sobreviver
Tantas iriam morrer?

Quantas gotas ainda vão ter poluídas?


Quantas gotas ainda vão ser desperdiçadas?
Quanta seca?
Quanto lixo?

Quantas cores ainda vão desaparecer?


Quantas vidas ainda vão sofrer?
Quantas?
Me diz, quantas?

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019.

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Mancha, manchinha

Mancha, manchinha

Viaja de Estado em Estado

Fazendo um estragão...

Não sei de onde surgiu

Mas já fez algazarra

De Estado em Estado

Foi sujando toda a praia...

Lunna Luiza Q. A. da Silva – 6º ano A – 2019

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Espelho quebrado

Espelho, espelho meu


Você enxerga minha alma
Melhor do que eu

Você reflete e volta


Volta e reflete
Se quebra
Volta

Se chora
Repete
O grito sai sem som
O choro sai sem lágrima

A chuva
não sai molhada
O calor
não te esquenta
O frio
Tu aguentas

Espelho, espelho meu


Tu me entendes melhor do que eu.

Lunna Luiza Q. A. da Silva – 6º ano A – 2019

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Depressão

Eu já estou cansado
De viver na escuridão
Será que alguém me ajuda
A sair da depressão?

Por que eu sou sempre humilhado?


Será que eu nasci para ser um fracassado?

Eu te respondo: não!
Você tem capacidade
Mostre pra todo mundo
Quem você é de verdade

Sempre na humildade
Procurando a paz
Depressão é algo sério
Não é frescura, rapaz!

Eu acredito em você
Sempre mantendo a fé
Você nunca estará sozinho
Então, levanta! Fica de pé!

Nós somos a motivação


Vamos seguir em frente
E acabar com a depressão

Obrigado a todos que vieram


Vocês são minha força
“Tamo junto!” Sem mistério.

Sandro Marcello Ferreira – 9º ano A - 2019

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Inspiração

Um garoto sem inspiração


é como alguém sem seu coração
vagando por uma trilha
como uma pobre alma perdida

E então
surge a inspiração
e é como se tudo fizesse sentido
e a luz trilhasse o caminho

Como se fosse flutuar


no céu da imaginação
e ele me levou tão alto
que cheguei a pensar
além do que eu podia imaginar

E lá,
Me senti livre
para voltar ao meu lar
seguindo o meu nariz
sempre alegre e feliz
sentindo o cheiro do pão
e paz no meu coração

Gutto Giorgi Mazzoni – 5º ano B – 2019

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O dia quebrado

Isso começa quando eu estava na aula de história. Era


dobradinha, então, a professora disse:
– Se terminarem a lição nessa primeira aula, deixo vocês
irem ao parquinho na próxima aula.
Terminamos a lição e, como prometido, fomos ao parque.
Sinceramente não lembro muita coisa que aconteceu, mas vou
tentar puxar da memória. A primeira coisa que lembro é que tinha
umas meninas da sala que estavam tacando chinelo da ponte.
Também lembro que eu e meus amigos estávamos brincando de
“inversão” (eu inventei o nome dessa brincadeira). Se trata de uma
pessoa que tem que pegar outras. Se alguém for pego, tem que
ajudar a pegar as outras.
Depois de um tempo, pedi para ir ao banheiro para lavar a
mão. Quando voltei, em vez de ir direto à escada e ir para a sala,
resolvi dar a volta no pilar e ir para a escada. Quando eu estava
no pilar, tropecei e quebrei o braço. Algo que achei curioso foi que
eu tive muito sono na hora. Então, meu amigo Leandro me ajudou
a sentar na escada. O retardado do Pedro começou a fazer
massagem cardíaca em mim, mas eu estava com o braço
quebrado!
Logo depois, a professora chegou e me levou para a
diretoria. Das três até a última aula, mais ou menos duas ou três
horas, fiquei lá esperando a ambulância ou sei lá o quê.

Manoel Augusto de Oliveira Ferreira – 7º ano B – 2019

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A explicação

“Eu estou explicando, sabiam?”


Com certeza esse professor de Geografia no 8º ano deve ter
pensado isso naquela aula bem diferente. Não há muitas
informações desse dia, mas alguns alunos disseram que foi bem
engraçado.
Lá estava o professor explicando um assunto. Não estava
entediante, mas para alguns devia estar, pois sem ele perceber
mais da metade da sala tinha abaixado a cabeça, como se
estivessem dormindo.
Mesmo assim, o professor não interrompeu a explicação,
pelo contrário, continuou normalmente. Em certo ponto da
explicação, ele começou a andar em direção à porta, mas
continuando a explicar enquanto andava.
Os alunos que estavam prestando atenção no professor
pensaram que ele iria abrir a porta para alguém, apesar de não
terem visto ou ouvido ninguém. Então, ainda explicando, o
professor abriu a porta: não havia ninguém lá, o corredor estava
vaziou e silencioso. Assim que ele a abriu, ele bateu a porta com
tudo, fazendo um barulhão! Todos os alunos que estavam com a
cabeça abaixada ergueram-se num susto.
O professor, retornando para o lugar onde estava, continuou
a explicação do assunto como se nada tivesse acontecido, mas
agora com todos os alunos atentos e assustados.

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019

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A nota

“E aí, vamos trocar?”


É o que eu acho que essa professora de Português do 9ºano
pensou, pois esse dia foi bem diferente dos demais. Geralmente,
a professora chega e fala:
– Sentem-se de acordo com o mapeamento, guardem os
celulares e fones de ouvido, e abram seus cadernos, já que alguns
ainda não abriram, mesmo a essa altura do campeonato. Pelo jeito
não estão com pressa!
Ela normalmente fala isso, mas como eu disse, esse dia não
foi como os outros. Esse dia, diferente dos outros, estava ainda
mais perto do dia em que as notas do primeiro bimestre deveriam
estar fechadas. Só faltava a nota de participação para sabermos a
nossa média no primeiro bimestre. Todos estavam ansiosos e
queriam muito saber. Até aqueles que não escutam e dão muito
trabalho estavam se comportando muito bem. Mas, diferente dos
alunos, a professora não estava com nenhuma pressa, pelo
contrário, estava com toda a calma do mundo. Então, ela colocou
a pauta, começou a falar de um jeito lento, sobre coisas que não
tinham nada a ver com a nota. Impacientes os alunos começaram
a falar:
– Professora, anda logo que vai bater o sinal.
– Professora, queremos saber nossas notas hoje – disse
outro aluno.
– Professora, por favor, fala nossas notas – disse outra
aluna.
– Então, continuando... – falou a professora, em um tom
suave e lento.
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A professora simplesmente os ignorou, o que os deixou
ainda mais impacientes. E faltando pouquíssimo tempo para bater
o sinal, os alunos ainda estavam implorando para a professora
falar suas notas. Depois de muita insistência, a professora decidiu
falar as notas. Com toda a calma possível, bem lentamente, a
professora dirigiu-se até sua mesa, abriu seu caderno onde
estavam registradas as notas. Ela fazia tudo isso, enquanto os
alunos estavam quase quebrando a sala de tanta ansiedade e
diziam:
– Professora, rápido! Já vai bater o sinal!
– Calma, irei chamar por ordem alfabética – disse a
professora.
Ela chamou a primeira aluna da lista, pediu para ela se
sentar ao seu lado, falou sua nota, começou a explicar por que ela
tinha tirado essa nota e chamou a aluna seguinte. Porém no exato
momento em que ela a chamou, o sinal bateu e a aula acabou.
Então a professora arrumou suas coisas e foi embora, deixando o
resto das notas que todos queriam saber para a aula seguinte. E
deixando também alguns alunos impacientes esperarem, já que
ela não estava com pressa.

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019

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Melhor amigo

Acho que para começar uma história eu deveria me apresentar.


Isso não importa agora, estou muito aterrorizado para ser tão formal.
Se não me engano, esse caso aconteceu há uns seis meses.
Meu expediente tinha acabado, então, resolvi ir a um parque que
eu sempre ia quando era criança. Reparei que não caminho não
passava nenhum carro e estava escuro, mas nada relevante para a
história.
Sentei-me em um banco que havia perto e mexi em meu celular.
Assuntos de trabalho. Quando estava prestes a ir embora, vi uma bolsa
de criança. Peguei aquela bolsa no intuito de entregá-la na delegacia
no dia seguinte, pois não dava para entregar naquele horário, estava
tarde.
Ao chegar em casa, fiz minhas obrigações domésticas, peguei
um suco, me deitei em minha cama e relaxei. Olhei para a bolsa umas
duas vezes e fiquei muito curioso. Não pensei nem duas vezes e abri a
bolsa. Algo nela me deixava muito curioso.
Ao abri-la, vi vários cadernos, mas havia um que se destacava,
um caderno meio sujo e rasgado, parecia ser antigo. Não demorei muito
para pegá-lo e abri-lo. Não era um caderno, e sim um diário. Comecei
a lê-lo, mal sabia eu que iria me arrepender.

Diário
Dia 1 - “Hoje fiz uma nova amizade, ela se chama
Sanny, o único problema é que ninguém conseguia vê-la”.
Dia 2 - “Estava conversando com a Sanny na sacada,
minha mãe chegou e perguntou com quem eu estava
falando, e eu expliquei. Então ela disse: ‘que tal chamar a
Sanny para jantar conosco?’ E nos duas ficamos felizes.”
Dia 3 - “Já faz três semanas que sou amiga da Sanny”.
Dia 4 - “Hoje não consegui dormir, então fui pegar um
copo d’água com a Sanny. No caminho de volva, meu pai
e minha mãe estavam brigando. Meu pai dizia que eu
estava ficando louca e minha mãe dizia que era apenas
uma criança com imaginação fértil. Eu e a Sanny ficamos
tristes.”

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Dia 5 - “Hoje eu estava conversando com a Sanny, e
meu pai brigou comigo. Ele disse: ‘garota, pare de falar
sozinha, você está ficando louca?! Essa idiota dessa Sanny
não existe.’ Eu fiquei com medo. Meu pai nunca ficou bravo
comigo. Então, ele foi para o trabalhho e eu fui para a
escola.”
Dia 6 - “Hoje na aula minha professora brigou comigo.
Ela disse o mesmo que meu pai.”
Dia 7 - “Hoje recebi a notícia de que meu pai e minha
professora desapareceram. Quando eu perguntei para a
Sanny, ela disse que os dois estavam juntos
descansando.”
(fim do diário)
O ruim nem era o texto, mas sim os desenhos. Era tudo tão
bizarro. Era o desenho da Sanny. Era como se fosse um monstro
ensanguentado.
Então, peguei meu celular e tirei fotos daquele diário. Depois de
tirar as fotos, eu não sei explicar o que eu senti naquela hora, mas é
como se a brisa formasse uma mão e me abraçasse por trás. Comecei
a ouvir uns barulhos estranhos na janela.
Quando eu olho para a janela vejo uma imagem aterrorizante.
Uma garota meio transparente com olhos negros e cheios de sangue,
com as mãos sobre a janela, com um segundo, o copo de suco que
coloquei quebrou. Por reflexo, olhei para o como e quando virei o rosto
de volta, a assombração não estava mais lá.
Quando olhei para o celular, as fotos que eu tinha tirado sumiram.
No dia seguinte, fui devolver a bolsa, pálido e tremendo. Passei esses
seis meses traumatizado. Não conseguia nem falar direito. E só resolvi
contar essa história depois de seis meses, porque ontem era domingo,
fui fazer compras. Eu já estava bem melhor, quase tinha me esquecido
desses acontecimentos. Mas no caminho, algo puxou minha camiseta
e quando olhei para trás, era uma garota de grandes cabelos brancos
e olhos azulados. Ela disse bem baixo: “Obrigada, Marcos”. Na mão
dela havia o mesmo diário.
Puxei minha camiseta e comecei a correr me perguntando como
ela sabia meu nome. Não sei se foi coincidência, não sei se estou louco,
mas sei que não estou bem.
Ryan Patrick Silva 7º ano B – 2019.

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Mal endereçado para o amor

Olá, meu nome é Carlos Abelard Lacerda, e conto hoje para você
uma história de amor: a minha história de amor!
O que vou narrar agora é quando tudo mudou na minha vida, o
ponto em que eu encontro esperança.
Cinco anos após a morte da minha esposa, fiquei totalmente
carente por mulheres, bastava um assovio de qualquer uma e eu já
estava aos seus pés. Não conseguia me controlar.
Então, em uma certa tarde lá estava eu (dia 1º de março de
1974), na praça de alimentação de um shopping, no meio do meu
horário de almoço, quando uma voz encantadora chamou minha
atenção. Procurei (e como procurei!) a dona daquela bela voz na
imensa praça de alimentação. Sinto como se a tivesse procurado
"durante horas", mas encontrei-a no final do meu horário de almoço,
quando a única e última coisa que eu ouvi, dita por aquela bela voz, foi
um endereço.
A partir daí, passei a escrever carta após carta, enviando todas
para aquele endereço, mesmo sem certeza de que ele comunicava o
verdadeiro lar da bela voz. E foi só mais de seis meses após o nosso
"encontro", no dia 27 de outubro de 1974, eu finalmente fui respondido.
Tudo aconteceu exatamente assim:
Eram sete horas da manhã quando acordei. Eu tinha o
pressentimento de que algo aconteceria, porém não sabia distinguir o
que era. Esperei uns minutos, até sete e quinze. Levantei-me e corri
para tomar meu café da manhã, aguardando ansioso sem saber o que
estava por vir. Oito horas da manhã, a campainha tocou e lembrei-me
que era a hora que o carteiro acostumava passar. Desesperadamente
fui até a caixa de correio.
Chegando lá, encontrei um envelope rosa enrolado com uma fita
amarela. Fui, então, diretamente para o meu quarto onde estaria só
para tratar daquele assunto tão particular. Quando cheguei no
meu quarto, comecei a desembrulhar a envelope que havia sido envolto
com três nós. Ao começar a desembaraçar o primeiro nó, meu coração
ficou acelerado de tal forma em meu peito, que parecia que iria sair pela
boca. No segundo nó, minhas mãos tremiam junto com o meu corpo.
No terceiro e último nó, eu entrei em desespero, minha cabeça estava
cheia de dúvidas, dentre elas, a maior era: "será que eu abro?". Em um

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movimento desesperado, estraçalhei o envelope, restando, assim,
apenas a carta. Comecei a lê-la atenciosamente, falava assim:

"Olá! Caro senhor Carlos Abelard, sinto em lhe informar que esse
endereço com certeza não é o que o senhor está procurando, pois na
data em que o senhor marcou ter me visto pela primeira vez no
shopping, eu não havia ido a tal local. Porém, adorei a sua escrita e
acho que devíamos continuar com a trocar cartas.
Meu nome é Laura Francisca da Silva, eu realmente lamento
muito não ser a pessoa que o senhor está procurando, e por não ter lhe
respondido antes, eu estava com medo.
Obs.: Esse endereço não é meu, é o do meu serviço. Eu trabalho
em uma concessionária de carros. Meu endereço verdadeiro é 17B, na
rua Pedro Lond.
Peço desculpas.
Laura"

Após algumas cartas trocadas, Laura me mandou uma foto sua e


pediu que lhe mandasse uma minha. E logo na minha próxima carta,
mandei-lhe a foto. Então, já nos conhecendo em personalidade por
cartas, e em aparência por fotos, decidimos marcar um encontro em um
restaurante chamado "Cuore di pasta" (coração de massa).
Estou casado com Laura há 25 anos, e temos uma filha que hoje
está com 23 anos. Enfim, posso dizer que vivemos felizes para sempre!

Vinícius Dilon Cardoso da Silva – 7º ano B – 2019

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PARTE 3 – A terceira proposta de produção textual

Como o tema inicial da Mostra cultural era “Nós: eu e o


outro”, após algumas leituras e atividades com histórias em
quadrinhos para estimular a criação, os participantes enfrentaram
o desafio de escrever uma história a partir de algumas referências
dadas:
1. Na narrativa haveria o encontro entre personagens de
culturas diferentes.
2. As ações das personagens serviriam de contraste entre
alguns traços culturais brasileiros e os traços de outras
culturas.
3. Cada autor deveria pesquisar os traços culturais a serem
narrados para construir a verossimilhança (a aparência de
verdade) de sua história.
Em alguns casos, a linguagem não verbal foi uma ferramenta
de apoio bastante produtiva, pois ao tentar desenhar personagens
estereotipados, os jovens escritores percebiam características que
as dinâmicas verbais não haviam alcançado.
Houve encontros de partilha do processo da história, nos
quais o grupo ajudava cada autor a desenvolver seu texto, com
base na análise dos principais acontecimentos no roteiro, gerando
textos mais longos, com maior grau de detalhamento.
No fechamento da reflexão coletiva, o grupo conversou
sobre as dificuldades e facilidades encontradas durante esse
processo. Chegou-se, assim, à decisão de que a quarta proposta
seria um texto livre.

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Akira

No Japão, em uma cidade cheia de prédios e casas incríveis e


tecnológicas, mora um garoto chamado Akira Atsuya.
Akira faz sua rotina. Todos os dias, ele acorda bem cedo, come
alguns onigiri que a mãe faz pra ele todas as manhãs antes de sair,
depois, ele vai até a estação de trem para ir para a escola.
Na escola, ele troca seus sapatos por outros limpos que ficam
no seu armário e vai direto para a sala. Ao entrar na sala, seus
amigos, Shin e Yudi, vêm falar com ele, mas quase nunca dá tempo,
pois rapidamente o professor chega e a aula tem que começar.
Sempre na hora do intervalo, Shin e Yudi juntam suas carteiras
com a do Akira, para que ele não se isole do resto do mundo. Eles
sabem que ele não é muito de fazer amizades, mas precisa delas.
Nem tudo na vida é como a gente quer, e o Akira aprendeu
isso. Ele não gostou muito no começo, porque o pai dele foi demitido
por fazer a empresa onde ele trabalhava perder uma grande quantia.
E o problema não terminou por aí. A mãe dele ficou muito doente. O
pai, agora desempregado, não tinha condições de arranjar um
tratamento pra Sayuri, nem de manter a casa e cuidar de Akira.
Eles decidiram ficar com algum parente, mas os únicos
parentes capazes de mantê-los moravam no Brasil. Como não
tinham muitas opções, compraram as passagens e foram para São
Paulo, onde moravam um tio e um primo do Akira.
O tio da Akira os buscou no aeroporto, também os levou a um
hospital para que a Sayuri fosse examinada. Depois de alguns
exames, os médicos acharam melhor que ela ficasse no hospital, em
observação, e que fizesse mais alguns exames, pois eles não sabiam
ao certo que ela tinha.
O Akira foi pra casa com seu primo, enquanto seu pai e seu tio
ficaram no hospital com a Sayuri.
Antes de sair do Japão, o Akira havia feito algumas aulas de
português, já que ele tinha parentes no Brasil. A família toda decidiu
aprender pelo menos o básico, para o caso de alguma emergência
lá. Antes, o Akira achava isso um exagero, mas agora ele percebeu
que na verdade foi bem útil, afinal, saber um pouco de português foi
sua salvação.
Depois de alguns meses estudando em casa, tentando se
adaptar à nova vida, o pai de Akira decidiu que o melhor para o filho
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era matriculá-lo em alguma escola, e foi isso o que ele fez. Como o
pai do Akira não tinha dinheiro e não queria causar mais problemas
aos seus familiares, ele o matriculou em uma escola pública muito
boa na região.
Quando finalmente chegou o primeiro dia de aula, o pai e o
primo do Akira foram levá-lo à nova escola. Ele ficou quieto o
caminho todo. Quanto mais perto chegava da nova escola, mais
rápido batia o seu coração.
Ao chegar, o diretor veio levar o Akira para a sala. Eles
entraram, subiram as escadas e, nesse tempo, o Akira ficou
pensando: “eles não se importam de trazer tanta sujeira da rua?” – e
finalmente eles chegaram à sala 09. O diretor bateu na porta, o
professor abriu, eles entraram e o diretor falou:
– Alunos, esse é o Akira Atsuya, ele veio do Japão há alguns
meses por problemas familiares e, a partir de hoje, estará estudando
na nossa escola. Eu espero que vocês o recebam com muito carinho
e respeito. Não quero saber de bullying na escola, ouviram?!
– Sim! – responderam os alunos.
O Akira se sentou na última carteira, na fileira ao lado da janela,
e pensou: “onde deixo isso?”
Percebendo a situação, um garoto que estava sentado na
fileira ao lado falou:
– Pode colocar atrás da cadeira ou deixar no chão.
O Akira ficou surpreso por o garoto falar com ele e espantado
com o que ele disse. Então, ele decidiu que o melhor era colocar a
mochila atrás da cadeira. Depois de alguns minutos de aula, os
alunos começaram a conversar e conversar, mal dava para ouvir a
professora. O Akira achou tudo isso muito estranho, ficou pensando:
“como isso é permitido?” Até a professora começou a gritar e brigar
com os alunos! Ele ficou surpreso e assustado.
Na hora do intervalo, os alunos saíram correndo, mas o Akira
ficou parado, sem saber o que fazer, até que aquele garoto que o
tinha ajudado com a mochila se aproximou e disse:
– Vamos, Akira, é intervalo.
– Vamos aonde? – disse Akira.
– Aonde mais? Pro pátio! – respondeu o garoto, enquanto ria.
O Akira ficou constrangido e falou bem bravo.
– Qual é a graça?

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– A sua pergunta, aonde mais poderíamos ir no intervalo? –
disse o garoto enquanto ria de novo.
– É meio diferente de onde eu vim... – disse o Akira bem sério.
– Então, é estranho o lugar de onde você veio – disse o garoto
enquanto sorria.
– Não é estranho! – falou Akira mais bravo ainda.
Percebendo a situação, o garoto se arrependeu do que falou e
disse:
– Foi mal... Desculpa, eu fui insensível. Não era minha intenção
falar mal de onde você veio, é que não é muito comum ver pessoas
de outros países por aqui...
Akira ficou encarando o garoto por um tempo e disse:
– Está bem, só tome mais cuidado antes de falar sobre algo
que não conhece.
– Ok! Vamos recomeçar. Eu me chamo José. José Silva
Santos de Oliveira Machado, muito prazer! – disse o garoto.
– Prazer! E que nome grande! – falou o Akira.
– Pois é, né? Eita, olha a hora! É melhor a gente ir... – disse o
José.
Os dois desceram para o pátio e se sentaram à mesa. Os dois
estavam comendo, até que José, quando o José olhou para o Akira
e disse:
– Nossa, isso é “tipo” uma lancheira japonesa?
– Isso é um bentô! – respondeu Akira.
– Bentô? Nossa! Que nome engraçado!
– José, você não acha meio estranho? Tipo...Você traz seu
lanche assim, na mão... E nem troca seus sapatos ao entrar na
escola... vai sujar!
– Sujar? Mas já está sujo!
Eles ficaram debatendo sobre isso o resto do intervalo.
Na saída, o Akira percebeu que o José já estava arrumando
suas coisas para ir embora. Ele estranhou e, então, perguntou:
– Você não vai ficar para ajudar a limpar?
– Não precisa, aqui tem funcionários da limpeza. Vamos que já
está na hora de ir. – respondeu o José.
Levou um tempo até que o Akira se acostumasse com esse
novo estilo. Mas ele até virou um garoto meio atrevido... Nem parecia
mais que ele tinha outra vida.

30
Acontece que agora ele teria que revivê-la, sim, pois um amigo
arranjou um bom emprego para o pai do Akira no Japão e disse que
eles podiam ficar na casa dele.
Nessa época, a Sayuri já estava muito melhor e já tinha sido
liberada do hospital. Então, estava decidido: era a hora de voltar para
o Japão.
O Akira ficou muito triste de ter que se despedir do José e de
outros amigos que ele fez no Brasil, mas ele não podia ir contra a
decisão dos pais, por isso, partiu.
Chegando lá, ele reencontrou Shin e Yudi, seus velhos amigos,
e já foi logo dando um abraço e dizendo:
– Há quanto tempo!? Eu estava com saudades!
Os dois se surpreenderam com essa atitude do Akira e com o
quanto ele havia mudado.
Depois de sua família se ajeitar novamente no Japão, o Akira
voltou a frequentar sua velha escola. Chegando lá, os amigos dele
se surpreenderam novamente, pois, pelo jeito, o Akira estava tão
acostumado com a vida no Brasil que até esqueceu de trocar seus
sapatos por outros limpos que estavam no seu armário. Nesse
momento, o Akira percebeu que levaria um tempo até que ele se
reacostumasse com sua vida no Japão.

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019.

31
32
PARTE 4 – A quarta proposta de produção textual

A segunda metade do ano foi marcada por vários eventos na


escola. Os alunos do projeto Páginas Euclydianas participaram do
Leituraço e de passeios, tendo, inclusive, a oportunidade de ver peças
teatrais, graças à aproximação com os alunos da Academia Estudantil
de Letras (AEL).
Houve também algumas dinâmicas de mentalização para a
construção de personagens (que não necessariamente foram
aproveitados em textos), e exercícios para aguçar a reflexão sobre as
etapas progressivas da narrativa. Algumas situações de convivência
despertaram também diálogos sobre a variação linguística, o processo
de aquisição da linguagem e outros assuntos. Essas experiências
foram decisivas para que esse espaço de criação se consolidasse como
um ambiente de autonomia do aluno diante do seu próprio texto.

O desafio dos minicontos


Entre agosto e outubro de 2019, foi lançado o desafio paralelo de
escrever um miniconto de temática livre. Não havia um formato rígido
no que se refere ao tamanho ou à estrutura. No entanto, como algumas
pessoas tinham muita dificuldade com essa “liberdade”, havia a “opção”
de utilizar como ponto de partida um pequeno papel pautado, com
sugestões de inícios de parágrafos.
Os inícios de parágrafos sugeridos foram os seguintes:

O dia começou como sempre...


De repente...
Todos...
Ao anoitecer...

Como incentivo extra, foi feita uma rifa de uma caixa de bombons
e pagamento para concorrer ao sorteio era apenas escrever um
miniconto. Nessa atividade houve a participação de outros colegas (que
não participavam dos projetos, mas vieram nos visitar ou apenas
contribuíram com um texto).

33
O menino sonhador

Ser jogador de futebol é muito difícil


Mas com força de vontade eu consigo
Esta história vou contar, preste atenção
A história desse cara vai trazer inspiração

Nunca pensei que teria um dom


Foi aí que descobri, jogando um futebol
Me senti um craque

Não queria ser atacante


Não queria ser olheiro
O que eu queria mesmo
Era ser goleiro

Um goleiro me motivou a nunca desistir


Segui esse caminho
Continuo forte

Minha mãe quase nunca me apoiou


Sempre foi o meu pai
Ele dizia “Filho, segue em frente, não olhe para trás”
Tirava as melhores notas
Tomava decisões
E sempre lutava, conquistando corações

34
Tive meu melhor amigo
Mas ele entrou no vício
Tentei ajudar
Mas corria risco

Então nossa amizade acabou


No começo foi difícil
Depois tudo passou

Fui chamado para jogar no Real Madrid


E serei eternamente grato quando que jogar aqui

Essa história vai ficar de lição


Para mim e para a multidão.

Sandro Marcello Ferreira – 9º ano A – 2019

35
Jogador sonhador

O jogador jogou, marcou o gol e, depois, acordou.

Caio Bueno da Silva – 9º ano B – 2019.

36
O garoto

Sigo em frente em meu caminho


Fazendo o meu flow
Se um deus quiser
Vou fazer meu próprio show.

Eu nunca desisti
Sempre segui em frente
Descobri que sou cantor
Foi tudo de repente

Sempre na humildade
Jamais na ostentação
Hoje pra muita gente
Eu sou motivação

Até a professora chegou a me dizer:


“Poeta! Que bacana! Tenho orgulho de você!”

Sandro Marcelllo Ferreira – 9º ano A – 2019.

37
Uma delirada total

O dia começou como sempre, tinha acordado após uma longa


noite gripado, com febre, nariz entupido e cabeça quente. Me
levantei e fui à cozinha beber água.

De repente, ouvi vozes de crianças em minha casa. Fui até a


sala olhar, quando vi cinco crianças me olhando. Quando percebi,
era a minha família! Não sabia o que fazer, em o que tinha
acontecido. Só sabia que eram eles, pois minha mãe havia me
mostrado seu álbum de fotos.

Todos estavam esquisitos e engraçados ao mesmo tempo,


quando, no meio do nada, perdi minha consciência e desmaiei.

Ao anoitecer, acordei. Estava no hospital e descobri que tinha


sido só minha febre que estava alta.

Flávio Haruo Taguchi – 7º ano B – 2019

38
O chocolate

O dia começou como sempre e continuou com o sempre,


então, Alfred resolveu ir ao mercado que tinha em seu bairro. Ele
ia lá para comprar seu segundo chocolate favorito.
De repente, ele viu seu chocolate favorito: o “chocolate triplo
caramelo plus com nozes”. Ele andava tranquilamente, mas
estava ansioso para comprar seu chocolate. Acontece que ele viu
cinco pessoas correndo na direção do seu chocolate. Ele olhou
para o lado, pegou cinco garrafas de refrigerante de 500ml e com
a pontaria de um arqueiro acertou as cabeças de todos e os fez
desmaiar.
Como um glorioso vencedor, Alfred pegou seu chocolate
sem nem mesmo olhar e foi para o caixa. Ele saiu do mercado
sentindo-se um vencedor, mas para os outros, era um “assassino”.
Ao anoitecer, ele foi abrir o seu chocolate e viu a embalagem.
Quase teve um infarto: era 90% cacau... amargo! Com raiva, ele
pegou o chocolate e comeu. Ele não poderia jogar fora aquilo que
custou 18 reais. Alfred podia ser cego por não ler o rótulo, mas não
era burro.

Manoel Augusto de Oliveira Ferreira – 7º ano B – 2019

39
Dia de chuva

O dia começou como sempre. Eles foram para a escola,


entraram na sala, sentaram-se nos seus lugares e ficaram assim
por seis aulas. Depois almoçaram e foram para os projetos. Ao
final, eles se encontraram e foram para a saída da escola, quando,
de repente, começou a chover. Mas só dois dos quatro amigos
tinham guarda-chuva.

Como a chuva estava fraca, eles decidiram ir assim mesmo.


Quando chegaram na metade da rua, a tempestade piorou e muito!
Então, eles foram para debaixo da laje de uma casa, esperando a
chuva diminuir.

Depois de um tempo esperando, eles perceberam que não


estava melhorando. Todos ficaram meio preocupados. Depois de
conversar, eles decidiram voltar, só que os dois sem guarda-chuva
foram na frente. No final, todos acabaram encharcados.

Ao anoitecer, todos já estavam em suas casas, se secando.


Alguns frustrados, pois se encharcaram muito e à toa. Mas no final
todos ficaram bem.

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019.

40
Uma jornada molhada

O dia começou como sempre. Os quatro amigos acordaram


bem cedo para continuar sua jornada rumo ao desconhecido.
Depois de dias sem chover, veio uma tempestade horrível, mas
como eles eram teimosos, continuaram em frente.

De repente, algo começou a surgir na água e cercá-los. Eles


começaram a se preparar para enfrentar a “coisa”, mas ela foi mais
rápida doq eu eles e quase os afogou. Então, dois dos quatro
amigos pegaram suas espadas e foram enfrentar a “coisa”. Esses
acabaram bem feridos.

Os dois que não costumavam ir tão bem atacando pegaram


seus escudos e espadas e foram ajudar seus amigos. Depois de
uma longa batalha, eles venceram.

Todos ficaram feridos, os dois que atacaram primeiro tinham


machucados por todo o corpo, mas também estavam bem
agitados. Então, eles correram daquele lugar.

Ao anoitecer, eles arrumaram um breve acampamento para


repousarem e se recuperarem da batalha. A chuva melhorou, mas
continuou até o amanhecer. Eles acordaram bem cedo, e
continuaram sua jornada, mesmo feridos.

Paula Emi Swerts Masuda – 9º ano C – 2019.

41
A dúvida

O dia começou como sempre. Eu me levantando e indo para


a escola. Tudo ia melhor até que uma pessoa chegou para mim e
me contou que meus pais haviam sofrido um acidente e haviam
morrido.

De repente, começou a chover. Fomos para o enterro dos


meus pais. Todos nós estávamos tristes, mas tinha a grande
questão: “quem ia cuidar de mim?”. Eu só tinha 13 anos. Eu fui
para o orfanato porque eu não tinha tios, nem avós. Se eu tinha,
eu não sabia.

Depois de vários anos, eu saí. Todos se lembraram de mim


e me acolheram, me alimentaram... Cuidaram de mim como se
fossem minha família.

Certo dia, ao anoitecer, fui dormir com uma dúvida: “por que
eles não cuidaram de mim antes?”

Rous Kelly Zacarias Calle – 6º ano A – 2019.

42
Péssimo dia

O dia começou como sempre. Acordou de mau humor por


ter perdido o emprego na semana retrasada. Bom, até que tinham
razão. Ele havia faltado uma semana no trabalho sem ter avisado
ninguém, por isso, foi demitido.
De repente, ligaram e falaram que tinham uma proposta de
emprego, mas era trote. Já muito aborrecido, saiu e caminhou.
Ligaram novamente, mas como ele já havia caído no trote,
começou a xingar, mas só aí percebeu que dessa vez a proposta
era verdade. Todo envergonhado, olhou para os lados e viu todos
olhando com cara feia para ele. Eles achavam que era um louco,
e começaram a insultá-lo também.
Quando chegou, ao anoitecer, todo esgotado, percebeu que
o dia foi péssimo e disse: “amanhã vai ser a mesma coisa”.

Rous Kelly Zacarias Calle – 6º ano A – 2019.

43
Palavras arrependidas

TUM! Escancara-se a porta e a gritaria começa:

– Vá se danar, garoto safado! Sua mãe morreu para você


nascer! Tive que te criar sozinho e olha como você me agradece!

Naquela tarde, a casa 33 da rua. Dos Felizes deixou de ser


a mesma. As palavras ditas aquela noite destruíram uma família,
destruiu o rumo de alguém... e destruiu a paz de todos na rua.

Mesmo três meses depois, seu Ademir ainda chorava e não


ligava para mais nada. Naquela casa, seu Ademir deixava tudo
largado e abandonado, sem cuidado algum: a porta não tinha mais
tranca, o ''33'' caído, os óculos largados no chão, um coração
despedaçado... já não era a mesma coisa.

Seu Ademir, já estava arrependido do que havia dito, porém


sabia que não havia como voltar atrás. As lágrimas já haviam sido
derramadas. Nada mais podia ser feito! – é o que ele acreditava.
Pensando nisso, seu Ademir decidiu seguir em frente, "voltar" a
ser o que ele era... só não sabia como.

Todo dia de manhã ele acorda, prepara seu café, faz um pão
com goiabada, senta-se à mesa e fica olhando para outra cadeira
como se faltasse alguém ali. E faltava: seu filho. Os gritos que ele
deu com seu filho Astolfo, aquele dia, já não importavam mais. O
seu filho era tudo o que ele queria.

Então, no dia seguinte, ele acordou, se levantou, tomou o


café da manhã... Trim! Trim! Trim! – Alguém ligava. Ele não sabia
por que, mas aquele dia ele havia acordado com uma boa
impressão, uma impressão de que ele seria feliz novamente.

44
– Alô. Quem é?

– Gostaria de falar com seu Ademir.

– É ele. Quem está falando, moço.

– Ah... Seu Ademir, aqui quem fala é João da Caixa. Então,


o senhor tem uma dívida conos... – antes que o moço pudesse
terminar de falar, Ademir desligou o telefone e voltou a tomar seu
café.

Trim! Trim! Trim! – dessa vez ele foi caminhando lentamente


para atender.

– Alô...

– Ademir se encontra?

– Ele deu uma saidinha rápida e já volta. – mentiu


pensando que novamente seria cobrança.

– Ah tá. Fala para ele que o irmão dele ligou e que estou com
o Astolfo, filho dele. Diga também que o filho dele está muito triste
e que se arrepende das coisas que disse... E que ele não guarda
rancor pelo que ouviu. Ele não tinha a intenção de ser ignorante.

– Tá bom, falo sim - respondeu Ademir.

– Obrigado. Aliás, fala para ele mesmo ligar também. Tchau.

– Tchau - disse Ademir com os olhos cheios de lágrimas.

Vinícius Dilon Cardoso da Silva – 7º ano B – 2019

45
Flor de sangue

Na TV, passa uma reportagem. “Agora, aqui na ponte


central, tem uma menina prestes a se jogar...”
– Amor, muda para o canal 7, deve estar passando o
comercial da floricultura aqui perto... – disse a mãe.
– Ok, mas você acha que precisa de tantas flores? E de
tantos convidados...? Não acha que a Lorena vai se sentir
desconfortável? – perguntou o pai.
A mãe respondeu:
– Não se preocupe, vai dar tudo certo. Vai ser a melhor festa
de todos os tempos.

Um ano antes...
No final da festa, depois de cantar o “parabéns”, o melhor
amigo de Lorena – talvez o único – deu a ela um buquê simples
de lindas flores vermelhas. Mas nem deu tempo de ela agradecer,
pois começou uma gritaria. Seu irmão estava passando muito
mal, seus pais o levaram às pressas para o hospital.
Descobriram que ele tinha uma doença muito rara e seu
tratamento custaria muito caro. Seus pais começaram a trabalhar
sem parar, o dia todo, todos os dias. Os meses se passavam e
eles continuavam trabalhando para conseguir dinheiro suficiente
para pagar o tratamento.
O clima na casa de Lorena não estava bom, e na escola
também muito legal. Lorena sofria bullying. Seu melhor amigo
Richard não estudava na mesma escola que ela e, fora ele, ela
não tinha amizade com mais ninguém.
46
Mesmo não tendo amigos na escola, ela era apaixonada por
um garoto da sua sala. Ela achava que ele era um garoto legal e
sentia que estava rolando algo entre eles. Mas, um dia, quando
Lorena chegou na escola, ela viu esse garoto se declarando para
uma das meninas... exatamente para alguém que – ele sabia –
fazia bullying com ela. Naquela hora, Lorena sentiu seu coração
se despedaçar. Ela percebeu que ele só a estava usando. Nesse
momento, duas meninas chegaram perto dela e disseram:
– Sinto muito...
– Esquece esse garoto! Ele não presta. Vem com a gente.
Depois de conversarem, ela foram ficando mais próximas e
se tornaram amigas. A Lorena estava feliz. Ela finalmente tinha
feito “novos amigos”, pelo menos era o que ela pensava.
Suas novas amigas normalmente chegavam mais tarde na
escola, mas um dia a Lorena teve que voltar, pois tinha esquecido
uma coisa. Foi quando ela viu suas amigas conversando e rindo
com as meninas que faziam bullying com ela. Lorena descobriu
que estava sendo iludida novamente por pessoas em quem ela
confiava. Tudo isso de “amigas de verdade” era uma zoeira, uma
brincadeira de mal gosto dessas meninas malvadas.
A Lorena sentiu seu coração se despedaçar novamente. Ela
ligou para Richard pedindo ajuda, dizendo que não aguentava
mais. Ele estava tentando acalmá-la e disse que no dia seguinte
iria à casa dela.
Quando Lorena foi à cozinha tomar água, seu irmão veio
falar com ela. Como ainda estava meio tensa por causa de tudo
que havia acontecido, ela foi muito grossa com o irmão mais novo,
que saiu correndo para o quarto.

47
Quando seus pais voltaram do trabalho, o irmão dela foi falar
o que tinha acontecido. Eles ficaram furiosos e disseram:
– O que você tem na cabeça!? Tratar seu irmão “doente”
desse jeito!? Você é uma decepção!
– Isso é inaceitável, Lorena? Vá já para o seu quarto! Você
está de castigo!
Ela saiu correndo para o quarto e se deitou na cama.
Enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, ela olhou para a
cômoda e viu em um vaso com água o buquê de flores vermelhas
que Richard tinha dado para ela. Naquele instante, Lorena teve
uma sensação horrível, ela sentiu que algo aconteceria com seu
melhor amigo. Então, ela ligou para ele e disse:
– Por favor, Richard, tome cuidado...
– Não se preocupe... – ele disse.
No dia seguinte, Lorena estava esperando o seu amigo,
quando os pais dele ligaram para ela. Disseram que ele tinha
sofrido um acidente e não resistiu.
Ela foi ao hospital para ver o corpo dele. O lugar estava cheio
de flores brancas, que deixavam o ambiente ainda mais triste.
Voltando para casa, ela viu várias pétalas vermelhas
formando um caminho que passava pelos lugares onde eles
tiveram uma lembrança marcante. Passando pela praça, viu
algumas margaridas exatamente no ponto onde eles se
conheceram; no local de sua festa ela viu vários lírios da paz onde
Richard lhe deu um buquê de flores.
Nesse momento, Lorena sentiu uma dor no coração. Depois
de tanto sofrer, ela finalmente decidiu voltar para casa, mesmo
querendo acabar com aquela dor.

48
No caminho ela passou pela ponte central, o lugar onde seu
melhor amigo havia morrido.
Ela parou, olhou para a mureta e viu um buquê com flores
vermelhas como sangue e brancas como o sofrimento. Ela se
lembrou de toda a dor que há alguns minutos havia sentido. Então,
ela desistiu. Lorena foi até a mureta e, olhando para o rio abaixo
da ponte, se esqueceu de todos aqueles que estava à sua volta.
Lá, ela acabou com toda a sua tristeza.

Paula Emi Swertz Masuda – 9º ano C – 2019


Izabel Pinheiro – 7º ano B – 2019
Grazielle Andressa – 6º ano A – 2019

49
PARTE 5 – A última proposta de 2019

No final do ano letivo, o grupo Páginas Euclydianas leu o livro


“Amigos”, de Silvana Rando, (Editora Abacatte, 2013) e, com base
nas reflexões compartilhadas, todos foram convidados a escrever
um texto sobre as relações de amizade estabelecidas no projeto e
na vida.

É com essa leveza e alegria que encerramos nossa primeira


publicação. Que estes jovens autores cultivem a leitura, a
produção literária e os laços criados em nossa escola!

50
As semelhanças

Às vezes podem te alegrar


mas também podem te entristecer

Como você encontrar


alguém no ponto de ônibus
que tem o mesmo problema que você
Vocês começam a conversar
E dar altas gargalhadas

Mas se você encontrar


Uma pessoa que não gosta
Em uma festa com uma roupa igual a sua
Talvez isso possa te irritar

Enfim, só falei isso


Pois achei importante dizer
que alguém andando na rua
que você nunca viu
pode se parecer com você
e não dá pra perceber.

Izabel Pinheiro Moura – 7º ano B – 2019

51
Amigos

Sempre tão diferentes


Mas sempre tão parecidos
Como podem ser amigos?

Alto, baixo
Rechonchudo
E até magrinho

Em dias de sol
Em dias de chuva
Quem trouxe um guarda-chuva?

Vamos juntos
Mesmo com pensamentos diferentes
Vou seguindo a sua corrente

Eternos ou passageiros
Sempre fica no coração
Afinal, todos têm uma opinião

Não importa quanto tempo


Estiveram juntos
Não importa a aparência

De uma forma ou de outra


Sempre acabam contaminados
Por suas influências.

Paula Emi Swerts Masuda– 9ºano C – 2019

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EMEF Gal. Euclydes de Oliveira Figueiredo
Projeto e edição: Professora Rita Braga.
Dezembro de 2019

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