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DIVERSIDADE ÉTNICO-
RACIAL, CULTURA E
CIDADANIA
Diálogos com as Ciências da Natureza
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
METODOLOGIA 5
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 28
REFERÊNCIAS 29
Diversidade étnico-racial, cultura e cidadania: diálogos com as Ciências da Natureza
2
INTRODUÇÃO
1
Em 14 de dezembro de 2018, o ministro da Educação, Rossieli Soares, homologou o documento
da Base Nacional Comum Curricular para a etapa do Ensino Médio.
3
pleno processo de assimilação cultural, no qual a cultura euro-ocidental se
sobressaiu em relação às culturas nativas e africanas, resultando em uma
equação de estado que deu origem a um povo (mestiço), uma língua (a
portuguesa), em um território em que se assenta a nação (homogênea), os
pressupostos que consideram as matrizes históricas e culturais múltiplas, e
equivalentes, presentes na formação social brasileira nos obrigam a respon-
der contemporaneamente a seguinte questão:
4
METODOLOGIA
2
RODRIGUES, T.C. Movimento negro no cenário brasileiro: embate e contribuições a política edu-
cacional nas décadas de 1980-1990. 2005. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.
3
SILVERIO, V.R. A (re)configuração do nacional e a questão da diversidade. In: ABRAMOWICZ,
A.; SILVERIO, V.R. (Org.). Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeça da diversidade na
escola. Campinas: Papirus, 2005.
5
diversidade e em que medida o seu reconhecimento tem contribuído para
recriar a ordem social, cultural e política. Para o autor, a Constituição federal
de 1988 reflete a transição sociopolítica de uma sociedade que se represen-
tava como homogênea (do ponto de vista étnico-racial), harmônica (do pon-
to de vista do ideal de nação) e cordial (do ponto de vista das relações entre
os indivíduos e grupos) para uma sociedade que se pensa diversa e profunda-
mente heterogênea (do ponto de vista étnico-racial), dissonante (do ponto
de vista do ideal de nação harmônica) e conflituosa (do ponto de vista das
relações entre os indivíduos e grupos). O conflito tem se dado em torno da
isonomia de tratamento em todas as esferas da vida social e, principalmen-
te, em termos educacionais, na exigência de reconhecimento equitativo da
contribuição dos diferentes grupos para a formação social brasileira.
4
SILVA JUNIOR., H. Educação, diversidade e igualdade racial: marcos legais e conceituais. 2012
(mimeo).
6
1.
SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO
DA CIDADANIA
5
Antes da Era Comum.
6
Em linhas gerais, a Guerra dos Trinta Anos aconteceu por uma reinvindicação dos protestantes
por liberdade religiosa. É importante lembrar que fatores políticos e territoriais também con-
tribuíram para o início da guerra, que teve como atores principais o Império Sacro-Germânico,
território que hoje pertence a diversos países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxem-
burgo, República Checa, Eslováquia, Eslovênia, parte do território da França, Itália e Polônia) e
à França, Suécia e Espanha. Disponível em: <https://www.politize.com.br/paz-de-westfalia/>.
Acesso em: 5 ago. 2022.
7
CAPORASO, James A. Changes in the Westphalian Order: Territory, Public Authority, and Sove-
reignty. International Studies Review, International Studies Association, Wiley, vol. 2, n. 2, pp.
1-28, 2000. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/i359643>.
8
Para saber mais sobre o Movimento Sufragista, acesse: <https://brasilescola.uol.com.br/socio-
logia/movimento-sufragista.htm>.
7
O texto do sociólogo britânico T. H. Marshall (Thomas Humphrey Mar-
shall)9, sobre o desenvolvimento dos direitos de cidadania na Inglaterra
entre o século 18 e meados do século 20, embora apareça em 1950 antes
das transformações provocadas pelo movimento de mulheres e negros, é
considerado ainda hoje uma referência no tema. É importante ressaltar
que a contribuição de Marshall não contempla as alterações sociais ocorri-
das tanto na Inglaterra do pós-Segunda Guerra quanto no mundo de modo
geral. Dentre os principais eventos que mudaram a paisagem do mundo na
segunda metade do século 20, destacamos as lutas de libertação nos con-
tinentes africano e asiático e o consequente processo de descolonização,
o movimento dos direitos civis e a mobilização política da juventude negra
no desmonte do aparato legal segregacionista norte-americano e as mobi-
lizações que transformaram 1968 em um ano de referência para pensarmos
uma mudança radical na sociedade doravante nomeada como global. As
mulheres tiveram um papel extremamente relevante nas lutas por amplia-
ção de direitos de cidadania, como demonstra o caso dos Estados Unidos
(EUA) e da Inglaterra, onde apenas no século 20 passaram, legalmente, a
poder votar.
Nos Estados Unidos, o voto feminino foi aprovado em 1920, mas mulheres
e homens negros só puderam votar em todos os estados norte-americanos
a partir de meados da década de 1960, após lutarem por direitos, o que
resultou na morte brutal de Martin Luther King em 1968.”
Diversidade étnico-racial, cultura e cidadania: diálogos com as Ciências da Natureza
9
MARSHALL, Thomas H. Citizenship and Social Class. In: MARSHALL, Thomas. H., Citizenship
and Social Class and Other Essays. Cambridge: Cambridge University Press, 1950 (originally deli-
vered in Cambridge as the Marshall Lecture in 1949). Conforme descreveu Marshall, ao analisar
o caso dos direitos na Inglaterra, a cidadania teria se constituído em etapas: no século 18 os
direitos civis, seguidos pelos direitos políticos no século 19 e, por fim, os direitos sociais no sé-
culo 20. No presente texto, foi usada a seguinte edição: MARSHALL, Thomas. H. Citizenship and
Social Class. In: PIERSON, Christopher; CASTLES, Francis. G. (eds.), The Welfare State Reader.
2nd Edition. Cambridge: Polity Press, 2006. pp.30-39.
10
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/movimento-sufragista.htm>.
8
Você sabia que, no Brasil, até os anos 1930 – ou seja, há menos de um século – as mulheres
não tinham o direito de votar? E que na Arábia Saudita as primeiras eleições com participação
feminina se deram em 2015? Pois se imagina que tais fatos assim ocorreram por se tratar de um
país do Terceiro Mundo ou imerso em uma cultura religiosa bastante restritiva, é ainda mais im-
pressionante descobrir que na Suíça o voto feminino só foi liberado nos anos 1960, enquanto na
Itália e França, por exemplo, tal conquista só foi acontecer após a Segunda Guerra Mundial, nos
anos 1940. E um dos países que liderou esses esforços para reparar essa injustiça histórica, já
desde o início do século 20, foi a Inglaterra. Tema, aliás, do contundente drama As Sufragistas11,
filme de título difícil, porém de fácil assimilação pela plateia.
Tereza de Benguela
Líder do Quilombo Quariterê, em Mato Grosso, pos-
teriormente recebeu o título de rainha Tereza. Ela se
destacou por instituir uma espécie de parlamento no
quilombo, onde se discutiam as regras da comunidade.
Em 1770, ela foi morta por soldados do Estado. Em sua
homenagem, no dia 25 de julho se celebra o Dia Nacio-
nal de Tereza Benguela e da Mulher Negra no Brasil.
11
Direção: Sarah Gavron. Título original: Suffrafette. Ano: 2015. País de origem: Reino Unido/
França..
12
Disponível em: <https://www.papodecinema.com.br/filmes/as-sufragistas/>.
13
Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/8-mulheres-negras-que-fizeram-
-historia-no-brasil/>. Consulta em 12/08/2022.
14
CONNELL, Raewyn. O Império e a Criação de Uma Ciência Social. Contemporânea. Revista de
Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 2, n. 2, pp. 309-336, jul./dez. 2012.
9
1968, por um lado, em um marco de luta pela expansão plena da democracia
para os negros americanos e, por outro, no ano em que jovens não brancos
de diferentes partes do globo passaram a lutar pela inclusão social sem
renunciar a suas diferenças inatas. Movimentos sociais que denunciavam
o tratamento discriminatório que impedia a participação em condições de
igualdade de acesso, por exemplo, à educação, surgiram em diferentes Esta-
dos nacionais. Foram considerados como novos movimentos sociais, tanto
pelos seus participantes (negros, mulheres, indígenas etc.) quanto por suas
demandas por inclusão em função do impacto histórico cumulativo de tra-
tamento desigual, com a interseção entre redistribuição (acesso igualitário
a emprego, educação, moradia e renda) e reconhecimento (da diferença ét-
nica, racial, de gênero e de orientação sexual) como aspectos, ou dimensões,
positivas da experiência humana que caracterizam o que denominamos
contemporaneamente de diversidade cultural.
10
(1950) não contempla os direitos culturais, que passaram a ganhar extrema
relevância após a Segunda Guerra Mundial. Por quê?
15
Movimento Popular de Libertação de Angola.
16
Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde.
17
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe.
18
União Democrática Nacional de Moçambique, fundada em 2 de outubro de 1960. Em 1962,
passa a integrar a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
11
A quais conflitos e incompreensões analíticas e políticas a ausência de con-
sideração da identidade/ancestralidade africana e indígena no referencial de
construção histórica da cidadania tem nos levado contemporaneamente?
19
O Coletivo Combahee River foi uma organização feminista negra e lésbica sediada em Boston
no período de 1974 a 1980.
12
CIDADANIA CULTURAL
20
De modo simples, refere-se à ideologia política que defende a criação de uma sociedade
ecologicamente sustentável com base no ambientalismo, na não violência, na justiça social e na
democracia de base.
13
2.
A FORMAÇÃO DO CAMPO NORMATIVO DA
DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL: ESQUECIMENTOS
E AUSÊNCIAS NA BNCC
Patricia Hill Collins (2009)21, por exemplo, argumenta que o ano de 1968 se
constituiu em um ponto de virada significativo para um período de tempo
mais amplo do que a década de 1960 e tem servido como marco temporal
para vários autores como um momento de grandes mudanças sociais que
alteraram irreversivelmente as dinâmicas de raça, classe, gênero e sexualida-
de nos EUA e no mundo. A maioria das pessoas que eram jovens e adultas em
1968 pode apontar pelo menos um evento que ocorreu durante aquele ano
que, para elas, teve grande significado pessoal. O ano também simboliza um
conjunto/constelação de mudanças sociais e políticas que tiveram início nos
anos 1950 e continuaram nos anos 197022.
21
COLLINS, Patricia H. Freedom Now! 1968 as a Turning Point for Black American Student
Activism. p.3-29. In: BHAMBRA, Gurminder. K.; DEMIR, Ipek. (Eds.). 1968 in retrospect: history,
theory, alterity. London: Palgrave Macmillan, 2009.
22
Tradução nossa para: The year 1968 constituted a similar and significant turning point for
youth activism. The year was a touchstone for the broader time period of the 1960s, one of mas-
sive social change that profoundly changed the dynamics of race, class, gender and sexuality in
the United States. Most people who were young adults in 1968 can point to at least one event
that occurred during that year that, for them, held great personal significance. Each month
brought yet another major political event, with 1968 itself symbolizing a constellation of social
and political changes that began in the 1950s and continued into the 1970s.
14
A análise de Collins (2009) pode ser estendida para outros contextos nacio-
nais, por exemplo, o Brasil. No caso brasileiro, no imaginário e pensamento
hegemônico após o processo de desescravização do império, que teve início
em Redenção em 188423 e se estendeu até o 13 de maio de 1888, quando ele
se oficializou de forma institucional, a pergunta é a seguinte:
23
Em 1º de janeiro de 1883, com a presença de José do Patrocínio, os últimos 116 escraviza-
dos foram alforriados na Vila de Acarape. Esse fato fez com que a vila fosse o primeiro local a
abolir a escravidão no Brasil, sendo por isso rebatizada, em 1889, como Redenção. Seguiram-se,
então, abolições em Pacatuba, São Francisco (Itapagé), Aracoiaba, Baturité, Aquiraz, Icó e
Maranguape. Fortaleza festejou a sua data em 24 de maio de 1883. Em 25 de março de 1884, o
presidente da província, o baiano Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os escravos do Ce-
ará, tornando o estado o primeiro a abolir a escravidão no país, quatro anos antes da Lei Áurea.
Disponível em: <https://www.palmares.gov.br/?p=53715>. Acesso em: 2 ago. 2022.
15
O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na área da educa-
ção, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de
ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de reconhecimento
e valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, ele, de política cur-
ricular, fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas oriundas
da realidade brasileira, e busca combater o racismo e as discriminações que
atingem particularmente os negros. Nesta perspectiva, propõe a divulgação
e produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores
que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial –
descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de
asiáticos – para interagirem na construção de uma nação democrática, em
que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade
valorizada (BRASIL, 2004, p.10, grifo nosso).
Uma sociedade pluricultural e pluriétnica requer a construção de atitudes e valores que lhe
sejam compatíveis e não coaduna com a ausência da consideração explícita da contribuição dos
povos e culturas africanas e nativas como parte fundante da formação social brasileira. Nessa
sociedade, tornou-se impossível o reconhecimento apenas retórico da diversidade cultural, já
que o valor da mesma implica a identificação positiva do indivíduo com seu grupo de origem,
isto é, com a constituição real ou imaginada de sua identidade.
A identidade de uma coisa consiste naquelas características constitutivas que a definem como
essa coisa ou esse tipo de coisa, em vez de outra, e a distingue da outra. Precisamos investigar
mais profundamente e identificar características significativas, constitutivas ou determinan-
tes de identidade que expliquem os outros e sem as quais a identidade em questão não seria
o que é.
• Identidade pessoal: os seres humanos são indivíduos únicos, centros distintos de auto-
consciência, têm corpos diferentes, detalhes biográficos, uma vida interior ineliminável e
Diversidade étnico-racial, cultura e cidadania: diálogos com as Ciências da Natureza
• Identidade social: os seres humanos são socialmente incorporados como membros de dife-
rentes grupos étnicos, religiosos, culturais, ocupacionais, nacionais e outros e relacionados
a inúmeras formas formais e informais, o que os define e os distingue uns dos outros.
As três dimensões estão interligadas e inseparáveis, cada uma pressupõe e só faz sentido em
relação às outras.
PAREKH, Bhikhu. A new politics of identity: political principles for an interdependent world.
New York: Palgrave Macmillan, 2008. Introduction.
16
tradição e modernidade, têm dado lugar às cartografias com arranjos sociais
pós-coloniais, que nos deslocam para outras formas de imaginar o presente,
em sociedades que passaram a se perceber como multiculturais, multiét-
nicas, por serem povoadas por indivíduos e grupos com identificações de
gênero, de etnicidade e de raça, o que nos remete para uma nova equação
– vários povos e várias línguas num território –, cujas ações e reivindicações
extrapolam a abstração que os criou como indivíduos e povos sem história.
17
3.
A ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E
SUAS TECNOLOGIAS
A BNCC trata de uma formação cidadã, portanto queremos aqui nos referir,
como já discutido acima, à possibilidade de construção de uma perspectiva
inovadora de cidadania plural e multicultural – lembrando também que reali-
zar novas leituras de mundo incluem a ampliação de referências do mundo.
18
O que é ou pode ser considerado cultura científica e quais suas ligações com
os demais aspectos de nossas vidas?
Para Carlos Vogt e Ana Paula Morales, em primeiro lugar é preciso enten-
der que a relação entre ciência e cultura deve ser interpretada como uma
relação necessária de oposição, isto é, o conceito de cultura na contempo-
raneidade não existe sem o conceito de ciência e o conceito de ciência não
existe sem o conceito de cultura. Dito de outra forma, eles são complemen-
tares. Assim, o conceito de cultura científica não é nem o de cultura, nem o
de ciência, mas ao mesmo tempo é cultura e é ciência. A cultura científica
não é nem cultura e nem ciência, embora contenha elementos da cultura e
da prática científica, num equilíbrio dinâmico entre as tensões de ambas.
“A construção da cultura científica no mundo contemporâneo, dessa forma,
é possível através de um processo de reflexão da própria ciência, mas por
algo que não é ciência, embora, ao mesmo tempo faça parte constitutiva da
ciência contemporânea: ela se dá pela comunicação, mais especificamente,
pela divulgação científica.”24
24
VOGT, Carlos.; MORALES, Ana Paula. Cultura Científica. _comciência dossiê divulgação cientí-
fica, abr/2018. Disponível em: <https://www.comciencia.br/cultura-cientifica/>. Acesso em: 13
ago. 2022.
19
transversal, mas essa ideia de transversal como um tema que atravessa as
diversas áreas pode ser uma interessante porta de entrada e valorização
dessa temática no currículo.
20
São TCTs na BNCC (BRASIL, 2019b p.7):
21
As explicações e orientações trazidas pela BNCC consideram que educar e
aprender são fenômenos que envolvem todas as dimensões do ser humano
e, quando isso deixa de acontecer, produz alienação e perda do sentido social
e individual no viver. Nessa linha, busca-se superar as formas de fragmenta-
ção do processo pedagógico, em que os conteúdos não se relacionam, não se
integram e não se interagem. Busca-se, com os TCTs, a condição de explicitar
a ligação entre os diferentes componentes curriculares de forma integrada,
bem como de fazer sua conexão com situações vivenciadas pelos estudantes
em suas realidades, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade
aos objetos do conhecimento descritos na BNCC.
Matéria e Energia
• Habilidade:
22
locidade média de Usain Bolt, considerado o homem mais rápido do mundo?
Qual a relação entre a velocidade dos alunos em uma corrida e a de Bolt?
Quem é Bolt? (Vamos aprender, 2022). O exemplo de Bolt pode ser um refor-
ço da ideia dos afrodescendentes relacionados apenas às atividades físicas,
entretanto, ele é uma referência em termos de destaque e sucesso esportivo
que pode ser somado a Hamilton, exemplo de sucesso em um tipo de esporte
mais elitista.
Vida e Evolução
• Habilidade:
23
desprivilegiados”. Esse espaço de esconderijo exigia que esse grupo criasse
suas condições de sobrevivência a partir de sua própria memória. E talvez
seja aqui que o exercício de observar o que foi feito ali, e é feito até hoje
nos grupos quilombolas contemporâneos, nos ajude a ver de forma indireta
ou através dos produtos, por um lado, os conhecimentos que estavam na
memória (saberes) daquele grupo e, por outro, como eles implicam reconhe-
cermos que os povos quilombolas, ao produzirem sua existência desde os
tempos passados, sempre desenvolveram técnicas que, hoje sabemos, não
destroem a natureza.
24
rendimento de uma máquina térmica. Ainda que destaquemos a importân-
cia da desconstrução de uma história da ciência linear, com o envolvimento
de diversos personagens que não eram indivíduos isolados em sua época,
esquecemos completamente dos usos anteriores e úteis para a sociedade
fora do eixo e dos nomes europeus.
• Habilidade:
25
equipamentos de rádio e de raios-X são exemplos de aparelhos construídos
pelo ser humano que emitem radiação. Alguns exemplos de radiação são:
ondas de rádio AM e FM, raios-X, radiação infravermelha e ultravioleta, entre
outras.
O que pouco se fala é que os mais antigos relógios de sol conhecidos datam
de aproximadamente 3.500 A.E.C., criados no antigo Egito (PINHEIRO, 2021,
p. 10), além de que um dos dispositivos arqueoastronômicos mais antigos
conhecidos está localizado na bacia de Nabda Playa, no sul do Egito, re-
montando aproximadamente a 5.000 A.E.C. (MACHADO; LORAS, 2017). Esse
dispositivo é um calendário pré-histórico que mostra com precisão o solstí-
Diversidade étnico-racial, cultura e cidadania: diálogos com as Ciências da Natureza
26
cia e Tecnologia, o exemplo dos fornos e relógios de sol; na Educação para o
Multiculturalismo, as explicações a respeito dos movimentos e das relações
entre a Terra e o Sol, tanto em termos de conhecimentos mitológicos e reli-
giosos como da própria história do conhecimento cientifico e suas alterações
com o passar do tempo. Na Educação Alimentar, as diferentes relações e pos-
sibilidades de alimentação a depender dos espaços e momentos, em especial
o destaque para a relação que os povos considerados nativos – indígenas e
quilombolas – têm com o alimento e sua produção.
25
A “alfabetização científica” busca planejar um ensino que permita aos alunos interagir com
uma nova cultura, com uma nova forma de ver o mundo e seus acontecimentos, podendo mo-
dificá-lo e a si próprio por meio da prática consciente propiciada por sua interação cerceada de
saberes de noções e conhecimentos científicos, bem como das habilidades associadas ao saber
científico.
26
Disponível em: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/relacao-entre-os-
-elementos-quimicos-as-estrelas.htm>.
27
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável fazem parte da chamada Agenda 2030, um pac-
to global assinado durante a Cúpula das Nações Unidas em 2015 pelos 193 países membros da
ONU. A agenda é composta por 17 objetivos ambiciosos e interconectados, desdobrados em 169
metas, com foco em superar os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas
no Brasil e no mundo, promovendo o crescimento sustentável global até 2030 (ONU, 2022).
27
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
NASCIMENTO, Flávio B.; XAVIER, Tatiane S.. Construção do relógio solar: uma
atividade interdisciplinar entre matemática e astronomia. In: Lestón, Patri-
cia (Ed.). Actas de la XII Conferência Argentina de Educación Matemática.
Buenos Aires, Argentina: SOAREM, 2018. p. 378-383. Disponível em: <http://
funes.uniandes.edu.co/19337/>. Acesso em: 7 ago. 2022.
29