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Resumo
É notório o crescimento de empresas portuguesas no estado do Ceará, principalmente no setor
turístico, onde se constata uma gama de opções em termos de hospedagem. Num contexto mais
amplo parece indispensável a compreensão do comportamento do empreendedor relacionados às
competências. Neste sentido, competência pode ser concebida como uma característica que
engloba diferentes traços de personalidade, habilidades e conhecimentos. Este estudo é resultado
de uma pesquisa, cujo objetivo maior foi delinear o perfil de competências de empreendedores
portugueses e cearenses que investem em hotelaria no Ceará, para isso, baseando-se no modelo
de competências proposto por Man e Lau (2000) e as características comportamentais
apresentadas por McClelland (1987). Justifica-se a escolha dos portugueses pelo fato de
representarem um dos maiores investidores no setor turístico do estado, além de demonstrarem
capacidade empresarial. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e comparativa, segundo
o método do Estudo de Multicaso. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista
semi-estruturada, sendo esta aplicada com os empreendedores dos Hotéis Vila Galé e Hotel Praia
Centro. Com o estudo comparativo pôde-se perceber algumas diferenças, onde o empreendedor
português apresentou uma gestão mais participativa e planejada do que o empreendedor cearense.
Introdução
O fenômeno empreendedorismo é um assunto em debate no cenário organizacional, pois
dispõe de um duplo papel: de desenvolvimento econômico e social. Este de maior importância,
em virtude da função essencial do empreendedor de contribuir com o desenvolvimento da
sociedade, tanto na geração de novos negócios, como na própria ação de desenvolvê-los.
Neste artigo, as ações empreendedoras estão associadas às competências, por
representarem o senso de identificação de oportunidades, a capacidade de relacionamento em
rede, as habilidades conceituais, a capacidade de gestão, a facilidade de leitura, o posicionamento
em cenários conjunturais e o comprometimento com interesses individuais e da organização.
Observa-se uma presença forte de empreendedores na atividade turística, pois na busca de
oportunidade e de mercados promissores, aproveitam o crescimento do setor para investir e
conseqüentemente, lucrar.
Os empreendedores portugueses têm se destacado pelo investimento na rede hoteleira
cearense. São motivos relevantes para o investimento português no Ceará:
1. A reduzida distância geográfica com Portugal, se comparada com outros estados
brasileiros;
2. A excelente opção turística que o Ceará representa, acrescentando-se a isso a
existência de uma identidade cultural entre portugueses e cearenses.
Dessa forma, este estudo tem como principal objetivo delinear o perfil de competências de
empreendedores portugueses e cearenses que investiram em negócios turísticos no Ceará, além
disso, comparar o perfil de competências entre portugueses e cearenses que investiram em
negócios turísticos no Ceará.
Além dos portugueses, os investidores brasileiros também se aventuram na criação de
negócios turísticos, porém ao contrário dos portugueses, a motivação dos brasileiros em abrir um
negócio está mais relacionada à necessidade que à oportunidade, sendo esta apenas uma das
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diferenças que existem entre esses empreendedores. Assim, esta pesquisa pretende, Por meio de
um estudo comparativo, responder a seguinte questão: como se caracteriza o perfil de
competências dos empreendedores portugueses e cearenses que investem em hotelaria no Ceará?
Dessa forma, este estudo tem como principal objetivo delinear o perfil de competências de
empreendedores portugueses e cearenses que investem em negócios turísticos no Ceará,
comparando-os para constatar as diferenças em cada perfil.
A pesquisa se caracteriza como de natureza qualitativa e comparativa com delineamento
exploratório-descritivo, segundo o método do Estudo de Multicaso. O instrumento utilizado para
a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada, sendo esta aplicada no mês de abril com os
empreendedores dos Hotéis Vila Galé e Hotel Praia Centro localizados em Fortaleza.
O artigo inicia apresentando um breve histórico sobre o empreendedorismo, passando a
explicar mais detalhadamente os seus conceitos relacionados a perfil e comportamento
empreendedor. Posteriormente, é apresentado o conceito de competência e, principalmente, o que
são competências empreendedoras, relacionado-as com as ações ou práticas empreendedoras.
Após a apresentação da Metodologia, estão os resultados de um estudo comparativo entre o perfil
de competências empreendedoras dos gestores de dois hotéis localizados no Ceará, sendo um de
administração portuguesa e o outro cearense, concluindo-se o artigo com sugestões sobre novos
temas de pesquisa.
e verificar o êxito de sua performance. Mais tarde, McClelland (1987) implementou em seu
conceito a persistência e a inovação como características importantes ao empreendedor. Segue o
Quadro 1 com as características do comportamento empreendedor.
na primeira colocação, caindo para a quinta, em 2001, para a sétima em 2002 e subindo um para
o sexto em 2003. Já Portugal encontra-se no vigésimo primeiro lugar e entre os paises europeus, é
considerado melhor que a Alemanha e pior que a França.
Outra novidade é a melhoria no ranking de abertura de negócios pela percepção de
oportunidade. Em 2002, o Brasil havia ficado em primeiro lugar em empreendedorismo por
necessidade com um percentual de 56% e a percepção de oportunidade era de 43%. Em 2003
houve uma pequena melhoria passando de 43% para 53% (empreendedores por oportunidade) e
de 56% para 43%(empreendedores por necessidade). Apesar disso, percebe-se a fragilidade das
empresas brasileiras, porque administradores abrem negócios pela falta de emprego e não por
aproveitarem a oportunidade de mercado. Com relação a Portugal o país encontra-se no meio do
ranking dos paises europeus que mais empreende por oportunidade. Observa-se uma visão
estratégica do português em explorar necessidades latentes no mercado.
Nos países desenvolvidos, a taxa de empreendedores por necessidade é bastante baixa.
Em Portugal a taxa é de 1,5%. O Brasil apresenta uma taxa de empreendedorismo por
oportunidade de aproximadamente 6%.
Estas diferenças significativas são explicadas pela GEM, como uma dificuldade
característica dos países em desenvolvimento, onde a necessidade de inserção no mercado de
trabalho aumenta a busca por alternativas.
Outra diferença marcante é com relação à faixa etária. Em Portugal, os empreendedores
possuem uma faixa etária entre 35-64 anos. São profissionais com experiência e maduros para
abrir seus próprios negócios. No Brasil, os empreendedores são mais jovens com idade entre 18-
34 anos e se caracterizam pela falta de visão de mercado.
Verifica-se, através destes dados estatísticos da Global Entrepreneurship Monitor, o
despreparo de empreendedores brasileiros no gerenciamento de seus negócios. Já os
empreendedores portugueses possuem visão acurada das oportunidades de mercado, tornando-os
mais estratégicos.
2. Competências empreendedoras
O conceito de competência é pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes, acreditando-se que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e
personalidade das pessoas. Em outras palavras, a competência é percebida como estoque de
recursos que o indivíduo detém. Embora o foco de análise seja o indivíduo, a maioria dos autores
americanos sinaliza a importância de se alinharem as competências às necessidades estabelecidas
pelos cargos, ou posições existentes nas organizações, ou seja, tanto na literatura acadêmica,
como nos textos que fundamentam a prática administrativa, a referência que baliza o conceito de
competência é a tarefa ou o conjunto de tarefas pertinentes a um cargo. A competência
empreendedora pode ser tratada tanto como competência do indivíduo quanto relacionada à
prática administrativa, devido às diferentes tarefas que desempenha.
A competência, segundo McClelland (1962) é uma característica subjacente a uma pessoa
que é casualmente relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa ou em
determinada situação. Diferencia-se, assim, competência de aptidões: talento natural da pessoa,
qual pode vir a ser aprimorado, habilidades, demonstração de um talento particular na prática e
conhecimentos: o que as pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa.
Assumindo que as competências podem ser demonstradas por comportamentos
observáveis de uma pessoa, o foco desse estudo está no processo comportamental que conduz à
competência, em vez de focar nas entradas e conseqüências da competência. Dessa forma, através
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3. Metodologia da pesquisa
Desenvolveu-se uma pesquisa de natureza qualitativa e comparativa segundo o método do
Estudo de Multicaso. O levantamento dos dados compreendeu as seguintes etapas: pesquisa
bibliográfica, levantamento dos hotéis que comporiam o objeto de estudo, realização de
entrevistas semi-estruturadas e finalmente o estudo comparativo entre o perfil de competências
empreendedoras dos gestores do hotel português e do hotel cearense.
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Competências de oportunidade
A família M. Dias Branco tinha uma fábrica de margarina localizada na Monsenhor
Tabosa. Com o deslocamento da fábrica para outra localidade, o prédio, do qual
pertencia, ficou desocupado. (...) Surgiu duas idéias: a de um hospital e a outra de hotel.
Analisando o mercado constatou-se a carência de grande hotéis e de qualidade para
atender os visitantes. Além disso, o turismo na época parecia ser um marcado latente,
uma excelente oportunidade de investimento. (...) Portanto, o resultado foi a reforma da
fábrica que foi transformada em um hotel quatro estrelas.
cenários favoráveis aos objetivos organizacionais e atuou sobre as potenciais chances de negócios
por meio da sua avaliação de modo a transformá-las em situações positivas. Como havia uma
lacuna não preenchida nos serviços de hotelaria no Ceará e o turismo mostrava-se como uma
ótima oportunidade, o prédio foi reformado e assim surgiu o Hotel Praia Centro.
Competências de relacionamento
O hotel recebeu o certificado de qualidade internacional, que veio reconhecer o padrão, a
excelência da qualidade de nossos serviços. Devido a essa certificação, os responsáveis
por cada setor tem, obrigatoriamente, uma reunião mensal para discutir seu problemas
administrativos. (...) Os colaboradores tem a liberdade de expor sua opinião, respeitamos
todas as sugestões para melhorar nossos serviços. Aqui não chamamos de funcionários e
sim colaboradores, pois trabalham em prol do sucesso da empresa. (...) O hotel deve
funcionar 100% perfeito, não contendo falhas e para isso precisamos da ajuda de todos,
um trabalho em conjunto, uma sinergia.
Competências conceituais
Costumo dizer sempre que no mercado turístico 50% depende do tino empresarial e 50%
as relações com agências, operadoras, guias.(...) Quando o gerente sai o hotel leva
consigo a maioria dos hóspedes. Isso porque as operadoras e agências geralmente
fecham negócio com o gerente, o qual contém uma certa amizade e de certa forma trocas
de favores.(...) Agora, procuro me atualizar, reciclar para melhorar meu desempenho
como gestor desse hotel, principalmente, por que o turismo é uma atividade muito
dinâmica e devo seguir seus passos.(...) Quanto mais aprendo mais vontade tenho de
aprender.
O hotel Praia Centro procura sempre inovar, até mesmo, porque não é mais um hotel a
sensação, como já foi anos após a inauguração com seu piano bar e happy hour. Tendo
esse lado negativo procuramos inovar e mostra a aquele hóspede fiel que sua estada terá
algo novo proporcionado pelo hotel. (...) Como exemplos de inovação temos a reforma
da recepção, a redecoração de quartos e o salão de evento foi transformado em teatro,
onde acontece shows de humor.
Recentemente assumi um risco alto. (...) Fiz um acordo com a agência de viagem BRA.
Para a transação acontecer tive que cancelar com a CVC, operadora que trabalhava
desde o início da hotel. (...) Como era mais vantajoso fechar negócio com a BRA, não
podendo trabalhar com as duas, optei por aquela que me proporcionaria mais lucro.
Competências de organização
Todos os funcionários são antigos, os mais novos tem no mínimo cinco anos de
empresa.(...) Procuramos qualificar esse funcionários para oferecer sempre bons serviços
aos nossos hóspedes.(...) O serviço é um bem intangível, vendemos sonhos, expectativas,
por causa disso investimos em treinamento.(...) O treinamento também é bastante
exigido pelo certificado de qualidade ISO 14000.
Como foi dito o hotel vem passando por reformas na sua estrutura física. Mudamos os
três elevadores do hotel por outros mais eficientes e econômicos. É a velha relação
custo-benefício, gasto hoje para um benefício futuro.
O hotel tenta implantar as inovações tecnológicas.(...) Estamos estudando a possibilidade
de mudar o sistema de reserva por um mais moderno, porém não é nada para agora.
O hotel tem um grande ponto a seu favor, a família M. Dias Branco, que custeia a
maioria de nossas reformas.(...) Passamos, hoje, por dificuldades, mas qual hotel não
vem passando, devido a saturação dos meios de hospedagem no estado. A demanda, na
minha opinião, não cresceu na mesma proporção da rede hoteleira. Hoje, muitos hotéis
estão fechando, pois a briga de preços é intensa entre a concorrência assustadora deste
setor (...).
Competências estratégicas
Como disse, a hotelaria vem passando por dificuldades nos últimos anos.(...) Quando a
Anya Ribeiro, secretária de turismo na época, foi para o exterior na tentativa de divulgar
o turismo, para captar turistas. Desde então, empresários investem no setor na tentativa
de lucrar. As conseqüências não poderiam ser outra, a saturação de hotéis na cidade. (...)
A situação da hotelaria está muito complicada. Quando me perguntou quais os planos
futuros da empresa. Eu lhe digo que a meta de 2004 é passar o ano sem dever. Pelo
menos isso pretendo conseguir.
Claro, a pareceria é muito bem vista para mim. Em especial, com os portugueses, que
são grandes investidores no setor turístico.(...) Acabamos de fazer parcerias com o Hotel
Vila Galé, procuramos também a companhia aérea portuguesa - TAP -, mas foi difícil a
negociação. Estamos tentando também formar parcerias com o Resort de Camocim e o
Oásis Praia das Fontes.
Competências de compromisso
Me sinto bem, quando o hotel anda bem. Me satisfaço profissionalmente em ver a
empresa prosperar.(...) Tento motivar meus colaboradores para que eles se
comprometam em desempenhar melhor suas tarefas.(...) A melhor prova da motivação.
dos meus funcionários é a baixa rotatividade entre eles. (...) Tento dar o melhor de mim.
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Me preocupo em ver a empresa com uma baixa taxa de ocupação e passo noites
acordado pensando em como resolver essa situação.
Competências de oportunidade
O Vila Galé queria desenvolver o seu negócio em Portugal, já tinha 14 hotéis (...), então
era um mercado que já não estava com muitas possibilidades de crescimento interno,
então o crescimento deveria passar para o lado externo. E daí após várias, muitas
análises de mercado, o Brasil figurava como um mercado preferencial e ademais pela
proximidade, pela língua, por algumas raízes em comum, embora muito poucas. (...)após
alguma procura apareceu-nos visitar vários estados do nordeste, com a nossa expressão
essencialmente turística, o nosso grupo é uma situação ainda muito voltada para o
turismo, apareceu-nos uma oportunidade aqui na Praia do Futuro que, quanto a nós,
consideramos a melhor praia do Ceará. Apareceu-nos essa oportunidade de um prédio já
feito (...).
Competências de relacionamento
A atitude das pessoas para com o patrão, é uma atitude estranha. Isso com parte dos
nossos funcionários. Não estavam habituados com a maneira como a gente os trata aqui.
É um sistema de co-participação, um sistema de valorização do ser humano, é um
sistema de fazer as coisas, falar as coisas olhos nos olhos, chamar as pessoas pelo nome,
um sistema de portas abertas no escritório. Continuam a encarar o patrão muito como a
alma a destruir, que é rico e que tem dinheiro, então vamos roubar.(...) E então pra mim
isso é um grande sucesso pessoal e da empresa, no sentido que já há pessoas a encarar a
empresa de outro jeito, já há pessoas a encarar o patrão de outra maneira e já há pessoas
que vestem a camiseta da empresa.
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Competências conceituais
Olha, só o fato da gente comprar esse projeto pela primeira vez responde a essa
pergunta. É um risco, é um risco financeiro. E a vontade de aprender é evidente.
Tivemos que aprender tudo de novo aqui, nós (...), a cultura, tudo é diferente na Europa
do que tem aqui. Tanto aí está a vontade de aprender coisas novas e a vontade de
desenvolver coisas novas e de adaptar aqui. Portanto, só a Vila Galé ter vindo aqui para
o Ceará responde completamente a esta pergunta. Tudo isso foi uma vontade (...) da
empresa, foi uma vontade de aprender coisas novas, foi uma vontade de evoluir, porque
a empresa evolui quando aprende coisas novas, né? A gente considera que os novos
resultados não serão brilhantes, porque é uma aprendizagem nova para a empresa estar a
fazer um processo de internacionalização.
Competências de organização
Os recursos físicos, a estrutura, é evidente, nós acreditamos como em qualquer empresa,
que o sucesso da empresa passa pela sua instalação e depois pela sua manutenção, e
sobretudo num hotel, se você não mantiver, não cuidar das coisas, diariamente, sem
graves problemas, lhe vão custar muito mais caro a frente. Nós sempre fomos
apologistas de uma melhoria constante, de uma manutenção preventiva eficaz, (...),
existem muitos custos e nós temos que usar recursos financeiros para isso.
Nós hoje, diferentemente do movimento nordestino, temos conseguido nos manter sem
recursos de empréstimo, só com recursos próprios, temos gerado algum dinheiro e temos
conseguido manter o hotel em boas condições de funcionamento, fazendo tudo funcionar
hoje em dia sem recursos externos desde que a gente abriu. Ninguém acredita aqui em
Fortaleza que a gente faz isso, e perguntam sempre se a gente traz dinheiro de fora, e eu
desde que abriu o hotel não foi preciso trazer dinheiro de fora.
Competências estratégicas
É evidente o negócio em Portugal estava precisando de mercado e essa especialidade no
Ceará na época se falava de 1999 para 2000, as especialidades do Ceará e do Brasil
como um todo eram praticamente positivas não se previu uma oferta tão grande com o
aumento dos flats em Fortaleza, nem o abandono completo da cidade, nem os problemas
que depois houve no Brasil, tanto em federais como em termos estaduais. (...) passamos
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Competências de compromisso
A Vila Galé tem uma própria filosofia de trabalho que nós tentamos implantar aqui. Nós
aqui já fizemos, temos nesse momento, somos qualificados com a ISO 9001-2000,
somos qualificados oficialmente pelas empresas turísticas, com comprometimento da
direção, incubidos de os nossos valores, incubidos da base. Temos reuniões periódicas,
(...), temos uma gestão, como eu disse agora a pouco, muito co-participada, muito aberta.
(...) as características essenciais para o empreendedor eu acho que é uma boa formação
tanto pessoal como profissional, ter uma atitude muito aberta perante a vida e perante o
trabalho. Não ter horas. Eu não tenho muitos problemas, nunca tive para viajar, acho que
até isso é produto da profissão, é questão da vida pessoal, da vida e de todo o resto, para
continuar a exercer a minha profissão. Mas, essencialmente é isso, é muita
disponibilidade, muita aprumação, muita vontade de continuamente estar a aprender e
muito espírito de observação.
Conclusão
O propósito deste artigo foi compreender o perfil de competências empreendedoras entre
portugueses e cearenses nos hotéis localizados em Fortaleza. Para alcançar este propósito seguiu-
se o modelo de competências de Man e Lau (2000) que propõem as competências
empreendedoras em seis categorias, comparando-as com as características de comportamento
empreendedor propostas por McClelland (1987). Dentre estas, contatou-se algumas diferenças e
similaridades entre os dois empreendedores.
A visão de oportunidade foi observada pelos dois empreendedores, com relação aos
investimentos em hotelaria no estado do Ceará. Apesar de considerarem o mercado estanque, na
época, através de um estudo, detectaram uma atividade altamente promissora e um mercado
viável para o investimento.
No relacionamento dos dirigentes com seus colaboradores, percebeu-se que o
empreendedor português realiza uma gestão baseada em “portas abertas”, onde transparece sua
vontade de quebrar barreiras relacionais entre o patrão e empregado. Em sua gestão já conseguiu
romper com paradigmas culturais existente em nosso país. O mesmo resultado não foi obtido com
o empreendedor do Hotel Praia Centro, pois o contado com os colaboradores acontece apenas em
reuniões mensais, obrigatórias devido ao certificado internacional de qualidade.
Com relação às competências conceituais os empreendedores demonstraram vontade de
aprender, sendo esta essencial ao processo de desenvolvimento profissional e pessoal.
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Apresentam elevada capacidade de inovação e facilidade de assumir riscos em meios aos cenários
obscuros e de incerteza do mercado turístico.
As competências estratégicas são um traço marcante no perfil do empreendedor
português, devido a seus planos de ampliação da rede com a construção de Resort, entre outros
empreendimentos. Contudo, esta característica não foi percebida no empreendedor cearense, por
que não existem estratégias claras e definidas. Procurando planejar-se anualmente baseada em
equilíbrio financeiro.
Finalmente, o comprometimento com os objetivos pessoais, dos dois empreendedores,
atua em conjunto com a vida empresarial. Diante disso, não contém diferenças marcantes. Ambos
dedicam-se inteiramente às atividades profissionais, sendo estas prioridades em suas vidas,
devido ao ramo hoteleiro exigir muito compromisso e dedicação, não se pode pensar em horas
fixas de trabalho.
Como descoberta, detectou-se debilidade nas características do perfil do empreendedor
cearense, onde o mesmo não planeja suas atividades, dificultando uma organização dos processos
administrativos da empresa. Outra diferença é a dificuldade no relacionamento com seus
funcionários. Esta é perfeitamente explicável, visto que a cultura brasileira é moldada sobre os
princípios conservadores de uma administração de comportamentos separatistas e não
participativos dos funcionários nos processos administrativos.
Como resultado, desta investigação empírica, espera-se ter contribuído para a
compreensão do perfil de competências empreendedoras dos investidores cearenses e portugueses
na rede hoteleira do Ceará. O resultado encontrado neste estudo comparativo é apresentado no
quadro abaixo, com um resumo das principais características dos empreendedores entrevistados.
Considera-se que este estudo constitui um trabalho introdutório, diferenciando o perfil de
competências empreendedoras entre os portugueses e cearenses na administração de dois hotéis
em Fortaleza. Contudo pode-se sugerir outras possibilidade de pesquisa. Uma delas é aumentar o
número de empreendedores, podendo com isso generalizar os resultados. Outra alternativa,
igualmente promissora, seria estudar o perfil sob uma perspectiva mais econômica. Seria
interessante também dar continuidade à pesquisa comparando-se outros negócios turísticos, como
pousadas, barracas de praia, flats, de proprietários cearenses e portugueses, ou seja, não se
limitando apenas a hotéis.
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