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Uberlândia
2022
O texto escrito por Maria Mortatti, escritora e professora titular da Unesp – Universidade
Estadual Paulista, discorre brevemente sobre o ensino da língua e literatura no Brasil,
abordando especificamente sobre a história dos métodos de alfabetização. A autora divide o
artigo em cinco momentos, explicando sobre as diferenças de métodos de ensino da leitura e
da escrita em cada um deles.
Porém, a associação entre escola e alfabetização foi e continua sendo questionada devido as
dificuldades de aprendizagem e os efeitos pretendidos sobre o cidadão. A alfabetização é
considerada como um problema decorrente, algumas vezes do método do ensino, ora do
aluno, outras do professor, ora do sistema escolar, ora das condições sociais e das políticas
públicas. Portanto, desde o final do século XIX, observam-se vários esforços de mudança, a
partir da necessidade de superar aquilo, que em cada momento histórico, considerava-se
tradicional e fator responsável pelo fracasso no ensino.
O primeiro momento analisado por Mortatti, ocorreu entre 1822 e 1889 – a metodização do
ensino da leitura – no período do Brasil Império, no qual o ensino necessitava de organização,
e as poucas “escolas” existentes eram salas adaptadas que continham alunos de todas as
idades e “séries”. O ensino da leitura se dava por meio dos métodos sintéticos – aprendiam da
“parte” para o “todo”, sendo a sequência: as letras, depois as palavras e por último as frases.
O método sintético foi dividido em: soletração (alfabético, apresentação da letra e seus
nomes), fônico (sons correspondentes às letras) e a silabação (emissão de sons partindo das
sílabas). Já o ensino da escrita, partia da caligrafia e ortografia, através da cópia, ditados e
formação de frases. Neste primeiro tempo, as cartilhas surgiram, e estas baseavam-se nos
métodos sintéticos.
Em seguida, temos o terceiro momento, que ocorreu entre 1920 até 1970 – a alfabetização
sob medida – devido ao aumento das resistências dos professores em relação ao método
analítico. Este momento tinha o objetivo de priorizar a autonomia didática, proposta pela
“Reforma Sampaio Dória”, e de novas urgências políticas e sociais. Sendo assim, foi criado o
livro “Teste ABC” que propunha oito provas como forma de medir o nível de maturidade dos
alunos necessária para aprender a ler e escrever, classificando os alunos e organizando classes
homogêneas. Houve também a criação do Manual do Professor, que continha maneiras e
didáticas prontas de aulas.
Por fim, a autora relata que “para viabilizar a mudança, tornou-se necessário, em cada um
dos momentos anteriores, produzir uma versão do passado e desqualificá-los, que impõe
resistências à fundação do novo”. Desta maneira, tudo se movimenta em torno do mesmo
eixo, no qual a alfabetização só é eficaz através de métodos, e isto a tornou, uma objetivação
de projetos políticos e sociais. A importância não é somente no aprendizado cultural, histórico
e letrado dos alunos.