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Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais /CETEC

Série de Publicações Técnicas/SPT-010 llSSN-0100-9540

Esta publicação constitui o resultado de um trabalho realizado pela


Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC, para a
Comissão de Política Ambiental/COPAM

Belo Horizonte
1983
Equipe Técnica:

Ildeu L a b o r n e A. S o u s a Coordenador H e l o í s a M. T o r r e s N u n e s M e t e o r o l o g ista


J o a q u i m C a e t a n o A. J r . Eng9 Civil M á r c i a V a l a d a r e s M. F r a n c o Geógrafa
L u i z O c t á v i o 0. e B r i t t o Eng9 C i v i l Luiz a L ú c i a F e r r e ira Geógrafa
Maria de Fátima Chagas Eng? Civil José Eduardo Nunes Queiroz Geógrafo
S i d n e y A u g u s t o G. R o s a EngÇ Civil Júlio César Duarte Geógrafo
W a l d e m i r B. da C r u z Geõlogo Roberto Messias Franco Geógrafo
A n t ô n i o G o m e s de A r a ú j o Geólogo Victoria Tuyama Sollero Geógrafa Agraria
P a u l o P. M a r t i n s J u n i o r Geólogo Marli Meireles Tercira Bióloga
M a r c u s P. d e M e l o Geólogo L u i z F e r n a n d o S. A s s i s Biólogo
Rui C a m p o s P e r e z Geólogo M a r i a do C a r m o B. T e i x e i r a Botânica
P e d r o C a r l o s G. C o s t a Geólogo Elsa Gentilini Botânica
R i c a r d o Soares B o a v e n t u r a Geomorfólogo D é b o r a V. F i g u e r e d o Eng? Química
F l o r a M. C. B o a v e n t u r a Geomorfóloga Marília Gonçalves Braz Eng? Química .
Sandra Alcione Pedrosa Geomorfóloga E l i z a b e t h de C a s t r o G a l l e r y Eng? Química
S ô n i a S a n t o s B. D o n é Geomorfóloga Márcia C M, R, M. S i l v e i r a Eng? Química
Sérg io M e n i n T. d e S o u z a EngÇ H i d r ó l o g o P o l y n i c e R. M o u r ã o J r . Eng9 Químico
Kazumi üyenura EngÇ H i d r ó l o g o C a i o César Costa EngÇ Eletricista
P a t r i c i a H. G. B o s o n Eng? Hidróloga D i m a s de M e l o C o s t a Eng9 Eletricista
C a r l o s A l b e r t o M. P e i x o t o Hidrogeólogo F r a n c i s c o de A s s i s C S . B a r r o s Eng9 E l e t r i c i s t a
Carlos Gilberto Cid Loureiro Eng? Agrônomo O t á v i o de A v e l a r E s t e v e s Eng9 Eletricista
Américo Salgado Monteiro EngÇ Agrônomo J o s é H e n r i q u e P. S i l v e i r a Psi c ó l o g o Social
Bernard Castelois Eng9 Agrônomo Júlio de Miranda Mourão P s i c ó l o g o Social
A g n e s M a r i a S. D. P i n t o Hidrobióloga L u i z Savio S. C r u z EngÇ M e t a l u r g i s t a
Marília Vilela Junqueira Hidrobióloga Sérgio Augusto da Silva EngÇ Sanitarista
Cláudia Maria B. Pinto Hidrobióloga Maria Edith Rolla M i c r o b i o l o g Lsta
He 1ena L ú c i a M. F e r r e i r a Hi d r o b i õ l o g a Maria Silvia Gaia S a n f A n a A r t i s t a Piás tica
M a r i a d o S o c o r r o G. G u a b i r a b a Fito-geógrafa Maurício Andres Ribeiro A r q u i teto
Maria Elizabeth A.Z.A. Ribeiro Fito-geógrafa Clarinda Maria Guerra R e v i s o r a de L i n g u a g e m
Marília Augusta Ribeiro Fito-geógrafa
A n t ô n i o F. Sá e M e l o M a r q u e s Pedólogo
Carlos Alberto Flores Pedólogo
R a y m u n d o C o s t a de L e m o s Pedólogo Consultores:
G e t ú l i o S o r i a n o S. N u n e s Meteorologista
. Arqueologia : André Prous
F a b i a n o L o p e s de Paula
. Ornitofauna : Eduardo Arruda Teixeira Lanna
Ney Eny Demas Carnevalli
502(815.1) . Mastofauna : José Benedito Matta V a r e j a o
Nilma Maria Borges Verejao
F981d FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS . Ruído : Pedro Alcântra de Souza Alvarez
GERAIS/CETEC. Diagnóstico ambien- . Agropecuária : R o d r i g o P i n h o d a M a t a M a c h a d o
tal d o e s t a d o d e M i n a s G e r a i s . . Paleontologia : R o n a l d o T e i x e i r a
Belo Horizonte, 1983. lv. (Se- . Icti o f a u n a : Sérgio Ypiranga de Souza Pinto
rie d e P u b l i c a ç õ e s T é c n i c a s , 1 0 . )

Técnicos de Nível Médio:


Contém 8 mapas.
Devanir Garcia Teixeira
Eliseu Pereira Ribeiro Neto
Elizabeth Almeida Prado Cavannelas
CDU : 502(815.1)
Júnia Franco Horta
Nilo Lélis Filho
Paulo Nunes Magalhães
Sumário
1 . INTRODUÇÃO 5. O MEIO ANTRÔPICO 5.2.6. Emprego 119
1.1. Meio ambiente e desenvolvimento 13 5.1. Subsistema produtivo 65 5.2.6.1. Emprego e meio ambiente 119
1.2. Relação homera-natureza 13
1.3. A problemática ambiental no Estado de 5.1.1. Usos da terra 65 5.2.6.2. Distribuição espacial do emprego 120
Minas Gerais 14 5.1.1.1. Introdução 65 5.2.7. Educação 120
1.4. Bibliografia. 16 5.1.1.2. Classes de uso da terra 65 5.2.7.1. Introdução 120
2. METODOLOGIA 5.1.1.3. Resultados da fotointerpretação 66 5.2.7.2. Produtividade do ensino 120
5.1.2. Industria de transformação 66 5.2.7.3. Distribuição da oferta de ensino 121
2.1. Síntese metodológica 17
5.1.2.1. introdução 66 5.3. Bibliografia 123
2.2. Informação utilizada 17
5.1.2.2. Metodologia 67
2.3. Bases cartográficas e aerofotogramêtricas 18 6. PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL
5.1.2.3. Resultados 67
5.1.2 .4. Conclusões 75 6.1. Introdução 125
3. SINOPSE INSTITUCIONAL
5.1.3. Industria extrativa mineral 80 6.2. Patrimônio natural 125
3.1. Evolução das ações governamentais 21
3.2. Instrumentos legais, estruturais c 5.1.3.1. Introdução 80 6.2.1. Os ecossistemas 125
normativos 22 5.1.3.2. Metodologia 81 6.2.2. Sítios de valor cênico excepcional 126
5.1.3.3. Conclusões 87
4 . 0 MEIO NATURAL 6.3. Património cultural 126
5.1.4. Agropecuária 87
4.1. Geologia 25 6.3.1. Período pré-histórico 126
5.1.4.1. Introdução 87 6.3.2. Período pós-cabralino 128
4.1.1. Introdução 25 5.1.4.2. Quadro atual 88
5.1.4.3. Tecnologia agrícola 96 6.4. Legislação de proteção 129
4.1.2. Unidades geológicas 25 6.5. Bibliografia 129
5.1.4.4. Sistemas alternativos de 101
4.2. Relevo 28 agricultura 7. QUALIDADE DO MEIO FÍSICO NATURAL
4.2.1. Introdução 28 5.1.5. Energia 102 7.1. Agua 131
4.2.2. Formas de relevo 28
5.1.5.1. Introdução 102 7.1.1. Introdução 131
4.2.3. Evolução geomorfolÕgica 29
4.2.4. Unidades georaorfológicas 29 5.1.5.2. Recursos energéticos 102 7.1.2. Qualidade das águas nas principais 132
5.1.5.3. Perfil do consumo energético 103 bacias hidrográficas
4.3. Solos 31 5.1.5.4. Meio ambiente e exploração 103 7.1.3. Conclusões 141
4.3.1. Introdução 31 energética
7.2. Ar 141
4.3.2. Classes de solos 32 5.2. Subsistema social 104
7.2.1. Introdução 141
4.4. Clima 34 5.2.1. Qualidade de vida 104 7.2.2. Regiões estudadas 142
4.4.1. Introdução 34 7.2.3. Conclusões 146
5.2.2. Estrutura espacial 104
4.4.2. Características climáticas 34 7.3. Solo 147
5.2.2.1. Evolução urbana 104
4.5. Potamografia 42 7.3.1. Introdução 147
5.2.2.2. Dinâmica populacional 106 7.3.2. Tipos de formas de erosão acelerada 147
4.5.1. Introdução 42 mapeados
5.2.3. Habitação 111
4.5.2. Bacias hidrográficas 45 7.3.3. Condicionamentos geomorfolõgicos da 149
4.6. Recursos hídricos 47 5.2.3.1. Introdução 111 erosão acelerada
4.6.1. Introdução 47 5.2.3.2. Habitação e meio ambiente 112 7.3.4. Principais focos de erosão acelerada 149
4.6.2. Unidades hidrogeolõgicas 48 5.2.3.3. Situação habitacional 113 7.4. Bibliografia 149
4.6.3. Análise da rede hidrométrica 48 5.2.4. Saúde 115
4.6.4. Disponibilidade hídrica superficial 49
4.6.5. Utilização dos recursos hídricos 5.2.4.1. Introdução 115
superficiais 50 5.2.4.2. Quadro nosológico • 115
5.2.4.3. Sistema de atendimento 116 8. CONCLUSÃO
4.7. Flora e fauna 50 8.1. Introdução 151
4.7.1, Introdução 50 5.2-5, Alimentação 117 8.2. Síntese setorial 151
4.7.2, Flora terrestre 51 8.2.1. O meio antrópico 151
5-2,5.1. Introdução 117
4.7.3. Fauna terrestre 53 8.2.2. Patrimônio natural e cultural 155
4.7.4. Flora e fauna aquática 56 5.2.5.2. Dietas alimentares e meio 117
ambiente 8.2.3. Qualidade do meio físico natural 155
4.8. Bibliografia 58 5.2.5.3, Situação nutricional 118 8.3. Síntese de inter-relações setoriais 156
Apresentação

Em que pese a relativa antigüidade do processo de degradação ambiental e de sua influência


sobre o bem-estar e segurança das populações, sõ muito recentemente esse assunto vem sendo
objeto de atenção e de ações efetivas por parte dos governos e das coletividades.

A importância dos problemas ambientais emergiu, com extraordinária força, da Conferência


de Estocolmo, promovida pelas Nações Unidas hã exatamente uma década. A partir deste marco,
em quase todos os países, generalizou-se o entendimento do meio físico natural como sendo
composto por "recursos ambientais", com toda a implicação conceituai embutida na mudança
de designação dos até então denominados "recursos naturais"

No Brasil, a criação da SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente, representou um


importante passo na direção de efetivar-se um tratamento sistêmico para os problemas
ambientais.

Em sintonia com as ações federais, o Estado de Minas Gerais reestruturou a sua própria
organização administrativa, com a criação de novos organismos e com a distribuição de
competências necessárias a um adequado gerenciamento dos problemas ambientais. Ao Sistema
Operacional de Ciência e Tecnologia foram cometidas as atribuições de formular e executar
a Política Estadual de Meio Ambiente. Este Sistema, em menos de cinco anos de existência,
já reuniu em seus órgãos vinculados uma capacitação técnica especializada de reconhecida
competência e que tornou possível a execução de importantes trabalhos de preservação e
controle do patrimônio ambiental do Estado.

Por outro lado, a moderna legislação ambiental promulgada em Minas Gerais abre novas e
ambiciosas perspectivas para uma ação mais dinâmica dos organismos encarregados do controle
ambiental no Estado.

Ê nesse contexto que aparece, como extremamente oportuna, a conclusão do presente


"Diagnóstico Ambiental do Estado de Minas Gerais", elaborado pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais - Cetec, para a Comissão de Politica Ambiental - COPAM.

Pela primeira vez encontram-se reunidas e analisadas em uma única fonte, todas as
informações mais relevantes para o conhecimento amplo e multissetorial do panorama
ambiental de Minas Gerais.

Sem dúvida alguma, este documento representará um importante subsídio a Política Estadual
de Meio Ambiente, auxiliando o seu ajustamento ãs variadas realidades regionais e
balizando a sua execução de forma mais eficaz.

•-CJZ.
TOGO NOGUEIRA DE PAULA
Presidente da Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Lista de ilustração

Figuras 4.25. Perfil longitudinal do Rio


São Francisco
de oxigênio jDBO) - efluente industrial
e esgoto doméstico
5.28, Densidade de bovinos por pastagem e
percentagem do rebanho das
microrregioes em relação ao rebanho
4.26. Perfil longitudinal do Rio Grande 5.9. Distribuição das participações do Estado
2.1. Macrorregiões do Estado de Minas Gerais percentuais de cada gênero industrial
2.2. Microrregioes homogêneas do Estado de 4.27. Perfil longitudinal do Rio Doce no conjunto das indústrias das 5.29. Consumo de carvão vegetal no Brasil e
Minas Gerais microrregioes a participação do Estado de Minas Gerais
4.28. Perfil longitudinal do Rio Paranaiba
4.1. Índice dos elementos utilizados no 5.10. Municípios e microrregioes mais 5.30, Distribuição da produção de carvão
mapeamento geológico 4.29. Perfil longitudinal do significativas em concentrações de vegetal segundo as microrregioes
Rio Jequitinhonha indústrias e suas emissões de poluentes
4.2. índice dos elementos utilizados no 5.31. Distribuição da produção de lenha
mapeamento geomorfológico 4.30. Perfil longitudinal do Rio Paraibuna 5.11. Imposto único sobre minerais - IUM segundo as microrregioes
Classificação dos municípios
4.3. índice dos elementos utilizados no 4.31. Perfil longitudinal do Rio Mucuri 5.32, Tipo de força utilizada nos trabalhos
mapeamento pedológico 5.12. Número de substâncias lavradas nos agrários segundo as microrregioes
4.32. Perfil longitudinal do Rio Pardo municípios com maiores arrecadações
4.4. Circulação media de ventos em fevereiro de IUM 5.33. Estabelecimentos que utilizam força
de 1969, para o nível de 850mb 4.33. índice dos elementos utilizados no mecânica nos trabalhos agrários e
mapeamento hidrogeológico 5.13. Criticidade ambiental da atividade número de tratores em reiação ã área
4.5. Circulação média de ventos em agosto mineraria plantada segundo as microrregioes
de 1969, para o nível de 850mb 4.34. Número de estações fluviométricas em Classificação dos municíüios
função da população 5.34. Estabelecimentos que utilizam força
4.6. Trimestre mais chuvoso do ano do Brasil 5.14. Ocorrência de extração de ferro, animal nos trabalhos agrários e numera
4.35. Distribuição do potencial hídrico manganês, argila, calcãreo e/ou ouro de arados de tração animal em relação
4.7. Trimestre mais seco do ano do Brasil ã área plantada segundo as
4.36. índice dos elementos utilizados no 5.15. Programas de desenvolvimento microrregioes
4.8. Precipitação total anual mapeamento das formações vegetais agropecuário
5.35. Uso de adubação química por
4.9. Coeficiente de variação da precipitação 4.37. Estudos da ornitofauna e da mastofauna 5.16. Estrutura fundiária segundo microrregioes
anual microrregioes
4.38. Estudos limnolõgicos 5.36. Evolução do consumo de fertilizante e
4.10. Temperatura media do ar - janeiro 5.17. Lavouras permanentes e temporárias da produção das principais culturas no
4.39. Estudos da ictiofauna segundo as microrregioes período de 1960/80
4.11. Temperatura media do ar - julho
4.40. Distribuição espacial das espécies 5.18. Distribuição da produção de algodão 5.37. Percentual de estabelecimentos que
4.12. Média da nebulosidade total - janeiro vetoras da esquitossomose mansônica segundo as microrregioes utilizam defensivos vegetais segundo
as microrregioes
4.13. Média da nebulosidade total - agosto 5.1. índice dos elementos utilizados no 5.19. Distribuição da produção de
mapeamento de uso da terra cana-de-açúcar segundo as microrregioes 5.38. Evolução dos índices de consumo de
4.14. Frequência de nuvens baixas - fevereiro agrotoxicos e de expansão da área
5.2. Areas do Estado já submetidas a 5.20. Distribuição da produção de soja colhida
4.15. Frequência de nuvens baixas - agosto cadastramento industrial pelo SOCT segundo as microrregioes
5.39, Indicadores sócio-ambientais da
4.16. Frequência de nuvens medias - fevereiro 5.3. Densidade de indústrias 5.21. Distribuição da produção de arroz qualidade de vida
segundo as microrregioes
4.17. Frequência de nuvens médias - agosto 5.4. Densidade de emissões estimadas de 5.40, Distribuição espacial dos centros
poluente do ar - material particulado 5.22. Distribuição da produção de feijão urbanos de porte médio
4.18. Frequência de tipos de nuvens baixas ÍMP) segundo as microrregioes
- fevereiro 5.41 Taxa de crescimento populacional
5.5. Densidade de emissões estimadas de 5.23. Distribuição da produção de milho período: 1970/80
4.19. Frequência de tipos de nuvens baixas poluente do ar - óxidos de enxofre segundo as microrregioes
- agosto (SOxí 5.42, Densidade demográfica por município
5.24. Distribuição da produção de mandioca
4.20. Direção e velocidade do vento - janeiro 5.6. Densidade de emissões estimadas de segundo as microrregioes 5.43. Classificação das macrorregiões
poluente da água - demanda bioquímica segundo a intensidade migratória
4.21. Direção e velocidade do vento - julho de oxigênio (DBO) - efluente industrial 5.25. Distribuição da produção de café período: 1970/79
segundo as microrregioes
4.22. Radiação solar incidente - janeiro 5.7. Densidade de emissões estimadas de 5.44 Grau de urbanização por microrregioes
poluente da água - demanda bioquímica 5.26. Distribuição da produção de banana
4.23. Radiação solar incidente - julho de oxigênio (DBO) - esgoto doméstico segundo as microrregioes 5.45 Cadeia trófica e ciclagem de
nutrientes em um ecossitema
4.24. Bacias hidrográficas do Estado de 5.8. Densidade de emissões estimadas de 5.27. Distribuição da produção de laranja
Minas Gerais poluente da a g u a - demanda bioquímica segundo as microrregioes 6.1, Unidades de preservação
6.2. Inventar io dos s11 ios arqueolõqicos 7.19. Faixas de concentração de taxa de 4.5. Distribuição e densidade das estações 5.9. Freqüência de ocorrência das diversas
paleontológicos e espeleológicos sulfatação total em cada estação de fluviométricas de Minas Gerais, por situações das lavras registradas junto
amostragem da RMBH bacia hidrográfica ao DííPM
7.1. Monitoração de qualidade das aguas
superficiais - CETEC/DNAEE 7.20. Localização das estações de amostragem 4.6. Simultaneidade de operação das estações 5.10- Demonstrativo das substâncias produzidas
de partículas sedimentáveis e fluviométricas de Minas Gerais por município e o valor de arrecadação
7.2. Qualidade das águas superficiais no partículas em suspensão no Vale do Aço de IUM
Vale do Jequitinhonha 4.7. Continuidade de operação das estações
fluviométricas de Minas Gerais 5.11. Principais empresas mineradoras de
7.21. Histogramas representativos da taxa Mi nas Gerais
7.3. Bacia do Rio Paraibuna - estações
de partículas sedimentáveis na 4.8. Principais barragens de Minas Gerais
de amostragem de água superficial região do Vale do Aço 5.12. Potencial de agressividade ambiental
7.4. Diagrama unifilar da bacia do Rio 4.9. Arvores ocorrentes na caatinga arbórea das lavras de cada substância
Paraibuna - rede de amostragem de 7.22. Localização das estações de amostragem
água superficial de parâmetros de quaiidade do ar no 4.10. Arvores do cerrado e suas gradações
município de Montes Claros 5.13. Distribuição percentual da terra,
4.11. Arvores nativas da mata perenifôlia, segundo as classes de estabelecimento
7.5. Bacia do Rio Pomba - estações de rural, em Minas Gerais
amostragem de água superficial 7.23. Localização das estações de amostragem subperenifólia e ciliar
de parâmetros de qualidade do ar no período: 1960/75
7.6. Diagrama unifilar da bacia do Rio município de Pirapora 4.12. Arvores ocorrentes na mata mesófila
Pomba - rede de amostragem de água 5.14. índices de evolução da produção física
superficial dos principais produtos agrícolas em
4.13. Número de espécies de aves
7.24. Histogramas representativos dos identificadas na região de Lagoa Santa Minas Gerais
valores médios mensais da taxa de período: 1960/70/77 (base 1970 = 100)
7.7. Bacia do Rio das Velhas - estações de partículas sedimentáveis nas cidades
amostragem de água superficial de Montes Claros e Pirapora
4.14. Relação e ecologia de alguns 5.15. Evolução do número de pragas por
7.8. Diagrama unifilar da bacia do Rio das representantes da ornitofauna de cultura
Velhas - rede de amostragem de agua 7.25. Histogramas representativos dos valores Minas Cerais
superficial médios mensais da taxa de sulfatação 5.16. Impactos ambientais da exploração de
total nos municípios de Montes Claros 4.15. Relação e ecologia de alguns energia
7.9. Bacia do Rio Paraopeba - estações de e Pirapora representantes da mastofauna de
amostragem de agua superficial Minas Gerais 5.17. Aproveitamento do potencial hidráulico
7.26. Localização e composição municipal das em Minas Gerais, em 31/12/77 (MW)
7.10. Diagrama unifilar da bacia do Rio regiões objeto de estudos de qualidade 4.16. Relação das principaistaxas da flora e
Paraopeba - rede de amostragem de do ar fauna aquática, segundo sua freqüência, 5.18. Número de empresas, capacidade
água superficial dominância e/ou densidade, presentes em instalada, produção efetiva e taxa de
8.1. Diagrama matricial de inter-relações corpos d'agua intensivamente estudados utilização da indústria de álcool em
entre setores do meio ambiente em Minas Gerais Minas Gerais
7.11. Área mineira da SUDENE - estações ano: 1980
de amostragem de agua superficial 4.17. Espécies icticas de Minas Gerais a
serem preservadas 5.19. Fator de utilização do consumo (%)
7.12. Diagrama unifilar da bacia do Rio em 1977
São Francisco - rede de amostragem 5.1. Levantamento das classes de uso da
de água superficial da área mineira
da SUDENE Tabelas terra em Minas Gerais, por bacia
hidrográfica, em k m
2 5.20. Quantidade e percentagem de consumo
de energia por setores em Minas Gerais
5.2. Área de cerrado e reflorestamento em
7.13. Localização das estações de amostragem 1.1. Taxa média de crescimento anual do PIB três bacias hidrográficas de 5.21. Distribuição relativa da população
de partículas sedimentáveis e da taxa de Minas Cerais (%) Minas Gerais (i) urbana segundo classes de tamanho das
de sulfatação total na Região período: 1960/70/78 cidades
Metropolitana de Belo Horizonte 5.3. Referências para análise de densidades período: 1960/70/80
1.2. Estrutura do PIB por grandes setores de de emissões de DBO (kg/dia/km )
?

7.14. Histogramas representativos das medias atividades econômicas de Minas Gerais, 5.22. Distribuição regional da população
geométricas mensais e anuais de a preços de 1960/70/78 5.4. Síntese das participações percentuais urbana nas cidades de porte médio
partículas sedimentáveis na RMBH de cada gênero industrial no conjunto ano: 1980
1.3. Evolução física da área e valor de das indústrias da microrregião
7.15. Histogramas representativos das médias produção dos principais produtos 5.23. Taxas de crescimento demográfico do
geométricas anuais de partículas agrícolas de Minas Gerais 5.5. Estimativas globais de emissões de Brasil e de Minas Gerais
sedimentáveis em cada município da RMBH período: 19 60/7 0/77 poluente período: 1960/70/80

7.16. Faixas de concentração de partículas 4.1. Dados gerais sobre as áreas das bacias 5.6. Gêneros industriais mais significativos
sedimentáveis em cada estação de hidrográficas de Minas Gerais em termos de número de indústrias e/ou 5.24. Situação do crescimento demográfico
amostragem da RMBH emissões de poluentes dos municípios de Minas Gerais, por
4.2. Aspectos físicos das principais bacias macrorregião
7.17. Histogramas representativos das médias hidrográficas de Minas Gerais 5.7. Municípios mais significativos em período: 1970/80
aritméticas mensais e anuais da taxa concentrações de indústrias e suas
de sulfatação total na RMBH 4.3. Distribuição das estações fluviométricas emissões de poluentes
estudadas, por bacia hidrográfica 5.25- Crescimento demográfico dos municípios
7.18. Histogramas representativos dos valores 5.8. Microrregioes mais significativas em de Minas Gerais com menos de
médios anuais da taxa de sulfatação 4.4. Distribuição da rede hidrométrica de concentrações de indústrias e suas 10.000 habitantes
total em cada município da RMBH Minas Gerais, por entidade emissões de poluentes período: 1970/80
5.26. Estrutura regional e taxas de 5.41. Composição do déficit habitacional, 5.57. Alguns indicadores de produtividade do 7.11. Médias máximas e mínimas para os quatro
crescimento da população total de por macrorregiões de Minas Gerais (%) ensino nas quatro primeiras séries de parâmetros na sub-bacia do
Minas Gerais ano: 1970 19 grau, na zona rural de Rio Paraopeba
período: 1960/70/80 Minas Gerais (%) período: janeiro/75 a maio/80
5.42. Coeficientes de mortalidade por doenças Coorte de 1970/73
infecciosas e parasitárias em 7.12. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.27. População residente e densidade Minas Gerais 5.58. População escolarizavel e matriculada parâmetros na sub-bacia do Rio Pará
demográfica em Minas Gerais, por no ensino de 19 grau, por macrorregiões
macrorregião sub-grupos/100.000 habitantes período: agosto/75 a abril/80
anos: 1965 e 1975 de Minas Gerais
período: 19 50/60/7 0/80 ano: 1974 7.13. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.43. Coeficientes de mortalidade por grupo parâmetros na bacia do Rio
5.28. Evolução populacional dos 43 municípios de causas de óbitos em Minas Gerais (%) 5.59. índice de repetência no ensino de São Francisco
mais populosos de Minas Gerais anos: 1965 e 1975 19 grau e na 1— série, por
período: 19 5 0/60/7 0/80 período: março/76 a abril/80
macrorregiões de Minas Gerais
5.44. Níveis de saüde em Minas Gerais ano: 1974 7.14. Padrões de qualidade do ar
5.29. Incremento populacional de Minas Gerais período: 1960/70 estabelecidos pela COPAM para
e dos 43 municípios com mais de 5.60. Oferta de ensino em seus diversos Minas Gerais
50.000 habitantes 5.45. Estrutura institucional de saúde em níveis, representada pelo número de
período: 1960/7 0/80 Minas Gerais, por macrorregiões estabelecimentos e de salas de aulas, 7.15. Número de estações de amostragem de
por macrorregiões de Minas Gerais partículas sedimentáveis e de
5.30. População e incremento populacional nos 5.46. Número de médicos e auxiliares de ano: 1974
municípios mais populosos de sulfatação total, por município da RMBH
saúde por macrorregiões, e a relação
Minas Gerais por 10.000 habitantes em Minas Gerais 6.1. Situação atual dos parques e reservas
período: 1960/70/80 ano: 1977 de Minas Gerais, em relação ã 7.16. Número de estações de amostragem de
utilização e estágios de implantação partículas sedimentáveis e em suspensão
5.31. Incremento populacional de Minas Gerais 5.47. Tempo de alimentação em proteínas no Vale do Aço
e das microrregioes para um homem, produzidas em 1 acre
período: 196 0/7 0/80 de terra 6.2, Principais características dos parques 7.17. Resultados e medições da taxa de
e reservas de Minas Gerais oart1cuias sedimentãvei s efetuadas no
5.32. Evolução populacional da 5.48. Ingestão de calorias, nutrimentos per Vale do Aço
Região Metropolitana de Belo Horizonte capita/dia, segundo classes de despesa 7.1. Classificação das águas interiores do período: outubro/76 a abril/77
- RMBH familiar corrente (monetária e não território mineiro
período: 1950/60/70/80 monetária) em salários mínimos em
7.2. Limites de condições estabelecidos para .7.18. Resultados de medições de partículas
Minas Gerais e Espírito Santo em suspensão efetuadas no Vale do Aço
5.33. Situação urbana de Minas Gerais as classes 2, 3, 4
período: 1970/80 período: abril a junho/77
5.49. Distribuição percentual do consumo
alimentar em calorias, proteínas e 7.3. Limites e condições para as classes
despesas segundo categorias de produto, 2, 3 e 4 (substâncias potencialmente
na região IV e suas ãreas prejudiciais)
5.34. Grau de urbanização em Minas Gerais,
por macrorregião período: 1974/75
7.4. Limites e condições para as classes
período: 1970/80 2, 3 e 4 (substancias tensoativas que
5.50. Distribuição da renda pessoal em
Minas Gerais reagem com azul de metileno 0,5 rag/£)
5.35. Domicílios permanentes, segundo a
situação em Minas Gerais período: 1960/70/78
período: 1960/70/76 7.5. Valores normalmente encontrados em
5.51. População ocupada por setores econômicos aguas superficiais e valores
5.36. Domicílios permanentes segundo as em Minas Gerais (%) recomendados para preservação da vida
características de propriedade, por período: 1960/70/77 aquática para pH, temperatura,
macrorregiões de Minas Gerais condutividade elétrica e turbidez
período: 1960/70 5.52. Evolução da distribuição percentual da
população ocupada por setores 7.6. Medias máximas e mínimas para os quatrc
5.37. Domicílios permanentes, segundo as econômicos, nas macrorregiões de parâmetros na bacia do Rio Doce
condições de ocupação e situação em Minas Gerais período: agosto/7 5 a abril/80
Minas Gerais anos: 1960/70/77
período: 1960/70 7.7. Médias máximas e mínimas para os quatro
parâmetros na bacia do Rio Grande
5.38. Domicílios permanentes segundo as 5.53. Evolução da matrícula nos diversos período: agosto/7 5 a abril/80
características físicas, por graus de ensino em Minas Gerais
macrorregiões de Minas Gerais período: 1960/77 7.8. Médias máximas e mínimas para os quatro
ano: 197 0 parâmetros na bacia do Rio Mucuri
5.54. Estrutura do ensino de 19 grau em período: março/76 a abril/80
5.39. Domicílios permanentes segundo as Minas Gerais (%)
características físicas, por situação 7.9. Médias máximas e mínimas para os quatro
em Minas Gerais 5.55. Indicadores de produtividade do ensino parâmetros na bacia do Rio Paranaíba
ano: 1976 de 19 grau em Minas Gerais (1— parte) período: agosto/76 a maio/79
período: 1961/77
7.10. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.40. População servida de água e esgotos, 5.56. Indicadores de produtividade de ensino parâmetros na sub-bacia do Rio das
por macrorregião de Minas Gerais de 19 grau em Minas Gerais (2— parte) Velhas
ano: 197S período-. 1961/77 período: setembro/75 a abril/80
Relação de mapas Relação de siglas
utilizadas
1. Geológico ACMG DNOS SEMA
Departamento Nacional de Obras de
Associação Comercial de Minas Gerais Secretaria Especial do Meio Ambiente
2. Geomorfolõgico Saneamento
SEPLAN/MG
3. Solos BNH DNPM Secretaria de Estado do Planejamento e
Departamento Nacional da Produção Mineral Coordenação Geral
4. Hidrogeolõgico Banco Nacional da Habitação SERPRO
EMBRATUR
5. Hidrológico CAEEB Serviço Federal de Processamento de Dados
Empresa Brasileira de Turismo
Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas SPHAN
6. Vegetação Nativa Brasileiras ENGEVIX Secretaria do Patrimônio Histórico e
CANAMBRA Estudos e Projetos de Engenharia Engevix S/A Artístico Nacional
7. Uso da Terra SUCAM
Engineering Consultants Limited EPAMIG Superintendência de Campanhas de
8. Erosão Acelerada CARPE Empresa de Pesquisa Agropecuária de Saúde Pública
Construção, Ampliação e Reforma de Minas Gerais SUDENE
Prédios Escolares FIEMG
Superintendência de Desenvolvimento do
CEEIBH/MG Federação das Indústrias do Estado de Nordeste
Comitê Estadual de Estudos Integrados de Minas Gerais
Bacias Hidrográficas FJP SUVALE
CEEIVAP
Fundação João Pinheiro Superintendência do Vale do Sao Francisco
Comitê Executivo de Estudos Integrados da
Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul FURNAS
UCMG
CEMIG Furnas Centrais Elétricas S/A
Centrais Elétricas de Minas Gerais IAB Universidade Católica de Minas Gerais
CE SP Instituto de Arqueologia Brasileira
UE RJ
Centrais Elétricas de São Paulo IBC
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
CETESB Instituto Brasileiro do Café
UFMG
Companhia de Tecnologia de Saneamento
IBDF
Ambiental Universidade Federal de Minas Gerais
CHESF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal UFSCar
Companhia Hidroelétrica do São Francisco IBGE
Universidade Federal de São Carlos
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
CNEC
e Estatística UFV
Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores IEPHA Universidade Federal de Viçosa
Instituto Estadual do Património Histórico e
CODEVASF
Artístico
Companhia de Desenvolvimento do IGA
Vale do São Francisco
COPAER Instituto de Geociencias Aplicadas
Comissão Coordenadora do Projeto Aeroporto INDI
de Belo Horizonte Instituto de Desenvolvimento Industrial de
COPAM Minas Gerais
Comissão de Política Ambiental OESA
COPASA/MG Organização de Engenharia S/A
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
ONU
CPG
Centro de Pesquisas Geológicas Organização das Nações Unidas
CPRM
Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais PLAMBEL
Superintendência de Desenvolvimento da
CVRD Região Metropolitana de Minas Gerais
Companhia Vale do Rio Doce PORTOBRAS
DAE/MG
Empresa de Portos do Brasil S/A
Departamento de A g u a s e Energia Elétrica de
Minas Gerais SEEBLA
DNAEE SEE
Serviços de Engenharia Emílio Baumgart Ltda.
Departamento Nacional de A g u a s e Sociedade Excursionista e Espeleológica da
Energia Elétrica Universidade Federal de Ouro Preto
lado, destacaram que uma redução no ritmo administração ecológica dos recursos Atualmente estão em guestionamento os
1. Introdução de crescimento só consolidaria uma situação
de injustiça na distribuição dos recursos
naturais e do meio ambiente? Ê esse o
desafio que se coloca. O crescimento é
modelos de desenvolvimento econômico dos
países industrializados. Não só se discute
no mundo, o que seria inaceitável política obviamente necessário, tanto mais que há sobre uma nova ordem econômica
Í . 1 . Meio ambiente e e socialmente. uma distribuição desigual dos recursos da
sociedade, causa das disparidades na renda
internacional, mas os propriossistemas
sõcio-econômicos nacionais estão totalmente
desenvolvimento Dessas preocupações surgiu a decisão,
aprovada pela Conferência de Estocolmo, de
e nos padrões de vida. Todavia, não se
pode crescer a qualquer preço.
em discussão. Tudo isso se baseia - apesar
da enorme complexidade e do enfoque
proclamar o conceito do meio ambiente como econômico do tema - em dois aspectos muito
"Os seres humanos diferem entre si muito o habitat global do homem - espaço onde se simples e concretos: o primeiro se refere ã
desenvolvem as atividades humanas e a vida A expansão das atividades produtivas e a temática do meio ambiente entendida em seu
mais em suas dimensões sócio-econõmicas e própria urbanização, quando ocorrem sem
culturais do que em suas dimensões dos animais e vegetais direta ou sentido mais amplo, com suas facetas
indiretamente ligados a elas (9) . se levar em conta os princípios ecológicos e sócio-econõmicas; o segundo compreende os
biológicas. Considerado como organismo a integridade dos recursos naturais que
biológico, o homem pertence a uma só problemas de energia e de matérias-primas,
conservam a vida na biosfera, afetam que derivam do fato de a Terra ser um
espécie, e suas demandas biofísicoquímicas É a partir de Estocolmo que o conceito de sensivelmente o meio ambiente. A utilização
são muito semelhantes em todos os grupos. meio ambiente adquire um sentido mais planeta de recursos limitados e um frágil
inadequada do meio ambiente viola os ecossistema.
Em contraste, os componentes sócio-culturáis abrangente. Considerado globalmente, o ecossistemas, prejudicando ou mesmo
relevantes podem variar muito entre meio humano compreende os fatores físicos, destruindo sua capacidade de auto-regulação
diferentes grupos humanos e organizações biológicos, químicos, psicossociais e e renovação, resultando em progressiva Estes dois aspectos - o desejo de melhorar a
sociais, o que explica as diferentes sõcio-econõmicos que exercem influência o deterioração das condições de vida. qualidade de vida mediante uma melhor
valorizações de certos aspectos do meio efeitos significativos e detectáveis sobre qualidade ambiental, e a consciência da
ambiente" (2) . a saúde e bem-estar do indivíduo ou da limitação dos recursos naturais - adquiriram
comunidade. A busca de solução dos problemas ambientais relevo sobretudo nos últimos anos, e têm
A atitude da sociedade perante o meio passa por um crescimento econômico, porém causado um grande efeito na problemática
ambiente está condicionada por uma série de Portanto, a avaliação da qualidade do harmonizado com uma gestão racional do geral do meio ambiente.
fatores sociais, econômicos, culturais e meio ambiente transcende a noção de meio ambiente. Para se evitar que o
históricos. Os diferentes grupos humanos mensuração de índices de poluição, crescimento econômico e a industrialização
continuem repercutindo desfavoravelmente na
1.2. Relação homem-natureza
têm percepções distintas: cada um deles englobando indicadores de disponibilidade o
trata de utilizar o meio que percebe de acessibilidade a infra-estruturas e a sociedade e no meio ambiente, inclusive
maneiras diversas. Desse modo, a forma de equipamentos urbanos, habitação, saúde, etc. aniquilando os seus efeitos benéficos, ê
percepção ambiental de um grupo social Criou-se, por assim dizer, um conceito de urgente que se adote uma redefinição de Os problemas ambientais são tão antigos
determina a atitude desse grupo frente ao qualidade de vida em que todos esses suas modalidades e dos usos dados aos seus quanto o homem. O que ê novo é sua
meio ambiente. fatores atuam, e são, por vezes, frutos. dimensão, sua escala. Há dois aspectos
interdependentes. Nao há dúvida alguma de fundamentais que diferenciam completamente
Não ê casual, portanto, que a Conferência que a preocupação fundamental de toda ação o problema atual do de outras épocas: a
política, tanto nacional como internacional, O aprofundamento da discussão da
das Nações Unidas sobre o Meio Humano, escala planetária do processo de degradação
deve ser a melhoria da qualidade de vida. problemática ambiental trouxe ao debate o
realizada em Estocolmo em junho de 1972, e o descomunal crescimento da capacidade de
Esse objetivo exige um esforço de modelo econômico de desenvolvimento, na
tenha evidenciado dois posicionamentos transformação do meio ambiente.
desenvolvimento sem o qual ê impossível medida em que se busca a origem do
fundamentais sobre o problema ambiental. desperdício dos recursos e do desprezo no
A primeira posição, originada principalmente oferecer a toda a comunidade os bens e A análise da evolução da sociedade humana
serviços necessários a uma existência humana trato do patrimônio natural. Surge a
nos países industrializados, enfatizou o consciência de que uma politica de permite entender como os homens foram
perigo da ruptura do equilíbrio ecológico digna. Esse esforço de desenvolvimento e exercendo cada vez maior influência e
fruto do trabalho, da organização social, desenvolvimento ecologicamente sustentada
global, e propôs soluções drásticas como a constituirá a melhor garantia de impacto sobre a natureza. A propensão do
detenção do crescimento econômico, a revisão da tecnologia, e, em boa medida, do manejo homem a modificar a sua relação com o meio
do meio ambiente e dos recursos naturais (11} . desenvolvimento integral, isto é, que aspira
dos estilos de produção e consumo e a não só a aumentar o nível de vida da ambiente tem passado, em distintas épocas,
contenção compulsoria do crescimento população, mas também a melhorar a por períodos mais ou menos pronunciados
demográfico. Toda estratégia de desenvolvimento deve qualidade de vida do homem. de transformação. Enquanto era apanhador
contribuir para elevar a qualidade de vida, de alimentos e caçador ocasional, como
Em contrapartida, os países em não existindo, portanto, contradição entre qualquer outro mamífero, o homem nao
desenvolvimento destacaram a dimensão social desenvolvimento e preservação e conservação Trata-se, pois, de conceber novos estilos marcava muito o seu ambiente. Mas desde
do tema, contribuindo para a ampliação do de recursos naturais. Os aspectos ambientais de desenvolvimento, que atendam ã satisfação que, há milhares de anos, descobriu o fogo,
conceito de meio ambiente. Foi demonstrada influem, por outro lado, nas diferentes das necessidades fundamentais do indivíduo, inventou instrumentos e iniciou a
a relevância do caráter sõcio-econômico e alternativas e nas diversas combinações de tais como alimentação, habitação, saúde e agricultura, começou a modificar o meio
político sobre o caráter tecnológico, posto fatores que confluem no processo de educação, bem como garantam a sustentação ambiente. A agricultura, e mais
que estes países consideram problemas desenvolvimento. A dimensão ambiental deve dos ecossistemas a longo prazo. O recentemente a expansão sem precedentes da'
ambientais prioritários precisamente os constituir uma variável essencial no desenvolvimento deve orientar-se na busca de indústria, como conseqüência da introdução
derivados do subdesenvolvimento: problemas planejamento integral do desenvolvimento (10) . técnicas não poluentes e na promoção da de tecnologias cada vez mais sofisticadas,
sanitários, condições muito deficientes de reciclagem e da recuperação de dejetos, representaram profundas modificações na
assentamentos humanos, desemprego, déficit assim como na modificação das estruturas de relação homem-natureza.
de habitação e escolas, deficiências de Todas essas considerações levam a uma consumo e de organização do sistema
nutrição, destruição ou sub-exploração dos reflexão extremamente importante: como produtivo, com eliminação quase total do O desenvolvimento tecnológico dos últimos
recursos naturais, entre outros. Por outro harmonizar os objetivos econômicos com a desperdício de recursos não renováveis. 50 anos produziu uma revolução tanto no

13
nível que pode alcançar a qualidade de A forma alienante pela qual a atividade medida em que se artificializa o na última década, registraram-se importantes
vida humana, como na intensidade com que o industrial se desenvolveu resultou num ecossistema, necessita-se subsidia-lo para alterações ambientais em todas as regiões
homem utiliza o meio ambiente. As inovações distanciamento do homem com a natureza e do manter certa produtividade. Normalmente a do Estado, cujo crescimento econômico
tecnológicas têm visaâo sobretudo aumentar homem com o homem. A natureza passa a ser agricultura altamente artificializada exige assentou~se não apenas na exploração
a produtividade, mas sem levar em vista como fonte de matéria-prima, da qual uma significativa quantidade de subsídios extensiva dos recursos naturais, mas também
consideração as conseqüências sobre o meio o homem retira seus insumos num ritmo cada energéticos, fertilizantes, inseticidas e em formas de utilização mais intensiva da
ambiente e sobre a utilização dos recursos vez mais acelerado, e para a qual envia outros insumos tecnológicos. Em outras terra, da ãgua e mesmo do ar^ A experiência
naturais. seus detritos. Assim, o homem nada mais ê palavras, a especialização diminui a tem demonstrado que a expansão das
que força de trabalho, sendo ambos - capacidade de absorção e digestão dos atividades econômicas, especialmente aquelas
natureza e ser humano - meros fatores de ecossistemas, dificultando sua regeneração ligadas a transformação industrial, vem
Ignoraram-se alguns subprodutos dessa
produção. e auto-reprodução. acompanhada de sérios impactos no sistema
expansão do aparelho produtivo. A ecológico e no meio ambiente. Em todos os
intervenção do homem em certos ecossistemas países ocidentais desenvolvidos, a qualidade
significa muitas vezes o rompimento do 0 processo de industrialização favoreceu e Portanto, não ha lugar onde o homem não
esteja agredindo o meio ambiente, quer em ambiental deteriorou-se ao longo do processo
equilíbrio biológico, em que a natureza acelerou o processo de urbanização.
de industrialização, e tem sido necessário
se encarrega de regular o ciclo da matéria, A mudança na estrutura de produção soma-se áreas urbanas, quer em áreas rurais.
Entretanto, o que determina a dimensão do um grande esforço, em termos de
harmonicamente constituído. Esta quebra uma mudança na estrutura espacial - o
impacto das atividades humanas ê o modo de investimento, para a conquista de padrões
da cadeia natural, com o desaparecimento de processo de urbanização contemporânea -,
apropriação social dos elementos da ideais ou mesmo dos considerados toleráveis.
espécies animais e vegetais, não resulta concentrando-se nas cidades as atividades
de produção e consumo, e conseqüentemente a biosfera - fator fundamental na organização
apenas em um empobrecimento do ambiente,
estrutura de poder. A concentração do social de uma comunidade. 0 setor industrial tem exercido um papel
sem outras conseqüências sobre o sistema
produtivo. Estas alterações podem provocar capital e da população em pequenos pontos preponderante na economia mineira, não sõ
o surgimento de elementos nocivos ao meio e do espaço acarretou as deseconomias Por ser uma relação histórica, e, portanto, quanto aos aspectos quantitativos de seu
externas com alto custo social, sendo a dinâmica, a relação homem-natureza (classes crescimento, mas especialmente em razão das
ao homem, rompendo com os ciclos biológicos
poluição somente uma das formas dessas sociais - espaços sociais) vem-se mudanças qualitativas que se verificam nos
e afetando as condições ambientais gerais. externalidades. anos 70, quando a integração e a
modificando ao longo do tempo, refletindo
O que antes era visto como uma sucessão de diversificação do parque fabril proporcionam
as variações da estrutura e da organização
aumentos de produtividade passou também a da sociedade. Assim, deve-se colocar a um efeito multiplicador na própria indústria
ser encarado como formas potenciais de A qualidade de vida vem-se degradando
sensivelmente nas aglomerações urbanas, discussão da problemática ambiental numa e nos demais setores da economia.
prejuízos ao próprio crescimento econômico. perspectiva histórica, na qual a relação
sejam elas grandes ou pequenas, fato
observado não somente nas periferias homem-natureza é algo socialmente Ao analisar-se a trajetória recente do
Não e de se estranhar, então, que as habitadas pela população de baixo nível de estruturado. A problemática ambiental - o Produto Interno Bruto Global em Minas Gerais,
preocupações pelos problemas ambientais renda. A verticalização excessiva, a uso predatório dos recursos naturais e a observam-se dois subperíodos claramente
tenham coincidido com o aumento da ausência ou deficiência de saneamento básico poluição do ar, da ãgua e do solo - não diferenciados (Tabela 1.1). O primeiro, de
produtividade registrado depois da e transporte coletivo são apenas alguns dos pode ser dissociada do modo de apropriação 1960 a 1970, apresenta um crescimento
Segunda Guerra Mundial, como conseqüência sintomas mais nítidos dessa deterioração, social dos elementos da biosfera, que sao moderado, com uma taxa média de 5,8% a.a.;
da exploração do avanço tecnológico. que inclui ainda a poluição hídrica, essenciais para a sobrevivência da e o segundo, de 1970 a 1978, com um aumento
atmosférica e sonora, a escassez de oferta sociedade em seu conjunto. Para se entender substantivo nessa taxa, cuja média atinge
de áreas de lazer e de áreas verdes. o relacionamento homem-natureza é 10,2% a.a. A evolução do PIB do Estado,
Na atual fase de expansão capitalista necessário, portanto, entender a apropriação
formaram-se grande conglomerados, onde o nesse período, tende a acompanhar a do País
social dos recursos naturais, que influi em seu conjunto (7,7 a 7,6% a.a.
aumento do tamanho de escala ê indispensável No que concerne às áreas rurais, a pressão diretamente na estruturação dos indivíduos,
ã procura do aumento da produtividade e da sobre o meio ambiente assume muitas vezes respectivamente). Entretanto, deve-se
grupos e classes dentro da sociedade. destacar que, a partir de 1970, o dinamismo
eficiência, meio de superutilização dos proporções desmedidas, como tem sucedido
recursos disponíveis. A utilização intensa em regiões onde campos de cultura e de de Minas Gerais supera o do País (10,2 e
do meio ambiente e dos recursos naturais no pastoreio são transformados em desertos 9,2% a.a. respectivamente). Para todo o
Finalmente, cabe salientar que as período, os setores mais dinâmicos foram a
decorrer das últimas décadas não é, senão, pela negligência do próprio homem. Inúmeras características ambientais, ao longo de um
uma conseqüência do prolongado processo de são as atividades agressivas ao meio indústria manufatureira (9,6% a.a.), a
prolongado processo histórico, influem construção civil (9,9% a.a.) e a mineração
crescimento econômico, que, através de ambiente, desenvolvidas contínua e sobre a cultura, os costumes, os estilos de
sucessivas etapas de industrialização e de intensamente nas áreas rurais. Mas (13,3% a.a.).
vida e os conhecimentos técnicos de uma
introdução de inovações tecnológicas, provavelmente a questão mais grave seja a sociedade. Ao modificar a biosfera, da
alterou significativamente as relações entre degradação dos solos nas regiões de qual é parte integrante, o homem produz Tabela 1,1. Taxa média de crescimento anual
as atividades humanas e a natureza. agricultura de subsistência e de alta novas situações, que por sua vez podem do PIB de Minas Gerais (%)
densidade de população, e nas fronteiras
exercer uma profunda influência sobre ele. período: 1960/70/78
agrícolas, tanto de atividades agrícolas
A esse fenômeno sem precedentes - a intensivas, como de atividades agrícolas Ao modelar seu meio, o homem modela, em
utilização intensa do meio ambiente - veio marginais. A própria prática da agricultura realidade, seu próprio futuro.
setores 1960/78 1960/70 1970/78
agregar-se, nas últimas décadas, a expansão muitas vezes conduz à erosão, dada a
igualmente sem precedentes da população, ausência de tecnologias adequadas à formação agropecuária 2,9 1,6 4,5
com sua pressão sobre o meio rural, e, de
forma muito particular, sobre o meio urbano.
das culturas. 0 emprego inadequado de
equipamentos agrícolas pode significar um 1.3. A problemática ambiental mineração
manufatura
13,3
9,6
14,3
6,9
12,2
13,0
construção 9,9 7,3 13,3
Os processos de industrialização e de
urbanização representam marcos das mudanças
caminho para a devastação de uma área
produtiva, provocada pela erosão gradativa. no Estado de Minas Cerais serviços industriais de
utilidade publica 13,2 16,0 9,5
qualitativas e quantitativas na relação outros serviços 8,5 6,9 10,4
homem-natureza, pois esses processos, Da economia acentuadamente extrativa,
isolados ou por efeito conjunto, concorrem Já o uso intensivo dos defensivos Minas Gerais tem evoluído em direção às Minas Gerais - global 7,7 5,8 10,2
para tornar mais acentuadas as modificações agrícolas pode contaminar o solo e a água, estruturas produtivas crescentemente Brasil - global 7,6 6,2 9,2
do meio ambiente, em virtude dos avanços destruindo o equilíbrio natural dos complexas, induzidas pelos grandes
tecnológicos e da explosão demográfica. ecossistemas de certas áreas, e com isso os objetivos e decisões de caráter nacional, Fonte: SEPLAN/MG
agentes biológicos que evitam pragas e que se sobrepõem aos importantes estímulos
doenças. tipicamente estaduais. A economia mineira O aumento das taxas de crescimento de um a
A indústria é uma das causas do crescimento experimenta um processo dinâmico de outro subperíodo reflete o maior dinamismo
da complexidade da sociedade humana - seja É importante ressaltar que a necessidade transformações na sua estrutura produtiva, experimentado por todos os setores,
pela concentração técnica e espacial da crescente de recursos naturais para tendo a aceleração do crescimento e a especialmente pela indústria de
produção movida pelas economias de escala e alimentação, matérias-primas industriais diversificação industrial desempenhado um transformação, que avançou de 6,9 para
de agiomeração, seja pela criação e ou energia, exigiu um processo de papel significativo na evolução dos 13,0% a.a., pela agricultura, que passou de
incorporação de novos produtos e especialização e artificializagao na diferentes setores e subsetores produtivos. 1,6 para 4,9% a.a., e pelo setor de
necessidades; e é responsabilizada por ser o agricultura. A artificializaçao dos construção, de 7,3 a 13,3% a.a.
meio de garantir, por via do desenvolvimento ecossistemas normalmente conduz a uma Esse processo tem-se caracterizado por
tecnológico, a supremacia do homem sobre a especialização produtiva, diminuindo a mudanças econômicas e ambientais bruscas e Um dos resultados do crescimento econômico
natureza. produtividade total do ecossistema. Na prufundas. No período recente, notadamente das duas últimas décadas em Minas Gerais

14
foi a alteração na sua estrutura produtiva. expandiu-se consideravelmente no período, porte, no mercado de mão-de-obra favorável na década de 70, principalmente a
A Tabela 1.2 retrata essas alterações no não só em função do crescimento da demanda semi-qualificada, as pressões sobre os partir de 1977. Porém, a importância
período entre 1960 e 1978. interna, mas também do aumento da exportação serviços de educação, lazer e saúde, relativa do setor agropecuário diminuiu em
A década de 60 foi o período em que se de minérios, o setor terciário manteve a resultantes dos salários elevados dos decorrência de seu crescimento no período
iniciaram as modificações mais significativas sua posição de liderança, com um ligeiro técnicos e administradores de alto nível, o ser inferior ao da economia em seu conjunto
na estrutura produtiva mineira. Ê o caso, aumento. 0 que perdeu o setor primário foi exorbitante aumento especulativo dos preços e ao de todos os demais setores. A
por exemplo, da perda de posição do setor capturado pelo setor secundário, dos imóveis, empurrando as classes participação do setor na estrutura do PIB
primário, que se acentua na década seguinte, principalmente nos anos 70. A indústria trabalhadoras para a periferia da cidade e diminuiu de 32,3% para 14,1%, entre 1960 e
quando o produto do setor caiu para 14,1% manufatureira tornou-se responsável pelas cada vez a distâncias maiores, o agravamento 1978 (Tabela 1.2).
do PIB, principalmente em conseqüência da modificações na estruturaprodutiva, dos problemas de abastecimento de alimentos
menor importância relativa da agropecuária. elevando a sua participação no PIB de 21,5 a preços compatíves com as possibilidades Embora a agricultura venha perdendo posição
Isso porque a atividade de mineração para 29,2%, entre 1960 e 1978. da maioria da população, e os problemas em favor de outras atividades econômicas,
ambientais, evidenciam os impactos que a constituiu-se numa importante fonte de renda
industrialização rápida e assentada em e ocupação para a população do Estado.
Tabela 1.2. Estrutura do PIB por grandes setores de atividades econômicas de Minas Gerais, fabricas de tamanhos médio e grande, e que
a preços de 1960/70/78 Além disso, sabe-se que as atividades
utilizam tecnologia avançada, exerce sobre agrícolas de Minas Gerais cumprem um papel
o meio urbano em Minas Gerais. expressivo na oferta brasileira de alguns
1960 produtos de exportação (café, algodão, soja)
setor 1970 1978 e de produtos básicos à dieta alimentar da
No que se refere â exploração de recursos
Cr$l.000,00 % Cr$l„000,00 % Cr$l.000,00 % minerais, atividade tradicional no Estado, população do País (carne, leite, arroz,
ocorreu um grande impulso no período de feijão, batata, e t c ) .
agropecuária 3.331,2 32,2 3.909,9 21,5 5.580,3 14,1 1960/78, mediante a intensiva extração das
mineração 123,0 1,2 467,9 2,6 1.171,7 3,0 riquezas do subsolo. Como se pode observar Pode-se dizer que o desempenho da
manufatura 2.224,6 21,5 4.353,8 23,9 11.536,2 29,2 na Tabela 1.1, o produto da mineração agricultura e pecuária mineira, na última
cresceu, no período, a uma taxa média de
construção 380,9 3,7 771,4 4,2 2.092,0 5,3 13,3% a.a., tendo a sua participação no PIB
década, esteve aquém do comportamento
serviços industriais de apresentado pelas atividades industriais.
mineiro atingido 3,0% em 1978, quando fora • Se a indústria se apresentou como fonte mais
utilidade publica 122,4 1,2 550,4 3,0 1.137,7 2,9 de apenas 1,2% em 1960 (Tabela 1.2). importante de dinamismo do crescimento
outros serviços 4.172,8 40,3 8.154,9 44,8 18.044,3 45,5 Concorreu para isso, de forma preponderante, econômico do Estado, o fato se deve
a exploração, em grande escala, das jazidas principalmente ao esquema institucional e
total 10.355,1 100,0 18.208,2 100,0 39.562,4 100,0 de minério de ferro, em áreas bem financeiro montado com a finalidade de
específicas do território mineiro. atrair indústrias para Minas Gerais (1).
Dessa forma, o desempenho da economia
Fonte: SEPLAN/MG
Os impactos ambientais da extração de ouro, mineira dos últimos tempos está baseado em
pedras preciosas, ferro e, agora mais setores industriais dos ramos intermediários
intensamente, minerais não-ferrosos, são uma e de bens de capital, e mesmo de bens de
O aumento do grau de industrialização sustentada numa forte capitalização. Com realidade mineira de três séculos,e que o consumo duráveis, que muito pouco ou quase
determinado pelo bom desempenho da indústria efeito, do total de investimentos no setor Estado ainda não aprendeu a dominar. Se, nada têm a ver com o setor agropecuário.
de transformação nos anos 70 foi acompanhado industrial, no período 1970-77, 73,3% se por um lado, a atividade mineraria tem sido
por modificações na estrutura industrial. realizaram nessa atividade. Como uma contribuição marcante do Estado para o Nessas condições, pode-se perceber
A indústria de bens intermediários elevou conseqüência, Minas Gerais produziu desenvolvimento nacional, não há porque facilmente a elevada correlação entre a
de 50,7% em 1970, para 53,2% em 1978, a sua 4,7 milhões de toneladas de aço em lingotes deixar de registrar que o crescimento dessa pobreza urbana e rural em Minas Gerais.
participação na produção manufatureira. em 1977, contra 600 mil toneladas em 1960, atividade tem repercutido paralelamente, de Ou seja, a pobreza rural constitui a outra
Essa modificação e significativa quando se representando respectivamente 62,0% e 43,0% forma danosa, no meio ambiente. Sabe-se face do fenômeno componente de um mesmo
considera que a participação da indústria de da produção do Brasil (6)- que nessa atividade econômica são processo, jã que, pelo menos, ela é um
bens intermediários no PIB manufatureiro de consideráveis o s danos produzidos contra a determinante da pobreza urbana, através do
1960 era em torno de 36,0% (3) . A ampliação do parque industrial, com natureza e contra o homem. êxodo rural. Como conseqüência da
algumas expressivas concentrações - em modernização do setor rural, podem set
escala ou em número de estabelecimentos - (7) A retirada de camada superficial do solo em observados crescentes fluxos migratórios
Considerando que os ramos industriais dos acarretou a degradação da qualidade extensas áreas tem provocado, além da campo-cidade, mas que, no entanto, não são
bens intermediários (papel e celulose, ambiental, especialmente na Região eliminação da fauna e da flora, casos de satisfatoriamente absorvidos pelos setores
borracha, química e derivados de petróleo, Metropolitana de Belo Horizonte e no erosão. A utilização de água na atividade secundário e terciário urbanos.
minerais não metálicos e metalurgia) Vale do Aço. Além dos efeitos diretos - mineraria tem causado situações preocupantes
apresentam um alto potencial poluidor, e que poluição do ar e da água -, o crescimento com relação ã poluição, especialmente na Não obstante ficar a reboque do setor
geralmente são instalações de médio e grande industrial também induz a alterações na região do Quadrilátero Ferrífero. Além industrial, a agropecuária mostra na década
porte, pode-se afirmar que o impacto ocupação do solo, que passa da forma disso, a desfiguração da paisagem e a de 70 um forte dinamismo, devido
ambiental proveniente desses ramos ê bastante extensiva, característica dos assentamentos destruição de bens culturais têm deixado de principalmente ao aumento da produção
significativo, face ao crescimento recente rurais, â forma intensiva dos aglomerados ser apenas exceções. agrícola (4). Conforme mostra a Tabela 1.3,
das indústrias de bens intermediários. urbanos. que apresenta a evolução física da área e o
Ora, para que a exploração mineraria não se valor de produção dos principais produtos
A indústria de papel e papelão teve um Desse modo, a expansão e modernização das reduza a mero procedimento espoliativo e agrícolas do Estado, a agricultura mineira
crescimento médio de 9,7% a.a. no período indústrias já existentes e a introdução de defraudatõrio, é imperioso assegurar o evidencia ganhos consideráveis de
1960-77, com uma forte aceleração em ramos industriais modernos atuam sobre a adequado comprometimento de seus benefícios produtividade física, especialmente a partir
1976-77, quando foi incorporada a esse ramo urbanização. Aqui é preciso destacar o econômicos brutos, com a reorganização da de 1973. Se durante a década de 60 a
a produção de celulose. A indústria química impacto das novas indústrias sobre as natureza agredida e com a proteção do homenv produção evoluiu a uma taxa pouco superior a
cresceu em média 9,7% a.a., em todo o cidades como o fator mais importante na ameaçado. Afora essa perspectiva, pode-se 5,0%, nos sete primeiros anos da década de
período 1960-77, e 34,0% a.a. entre reestruturação da urbanização mineira, bem pôr em dúvida que tal atividade esteja a 70 essa mesma taxa e elevada para mais de
1970 e 1977. Deve-se destacar que esse como na determinação de muitos problemas serviço de um verdadeiro desenvolvimento, 50,0%, ainda que as taxas anuais de
dinamismo será ainda reforçado com os urbanos. como também questionar sua própria crescimento sofram grandes variações,
recentes investimentos no setor. No ramo dos legitimidade política. Há, pois, que característica própria da agricultura,
minerais não-metãlicos, a produção de cimento multiplicar os recursos que promovam a sujeita a uma série de fatores aleatórios.
A necessidade de habitações para as Já nos anos recentes a expansão foi muito
teve um expressivo crescimento, destinado populações de baixa renda, de provimento de recuperação das desfigurações traduzidas
principalmente ao uso interno e aos Estados pelos empreendimentos extrativos, sejam elas mais significativa.
serviços de saneamento básico, saúde e
vizinhos, passando de 1,0 milhão de toneladas educação, choca-se com a fragilidade das de natureza estritamente econômica ou de
em 1960 para 6,6 milhões em 1977, o que finanças municipais, cujas disponibilidades ordem ambiental (8).
representa respectivamente 23,0% e 31,0% da Minas Gerais descobriu seu caminho para
crescem, mas a taxas menores do que as crescer através da utilização de um dos
produção nacional. A produção metalúrgica, receitas necessárias. O aumento de
característica do Estado, ampliou-se. Da mesma forma que a indústria e a mineração, mais bem organizados serviços de assistência
competição com as empresas locais de pequeno a agropecuária mostrou um desempenho técnica ao produtor e da incorporação dos

15
Tabela 1.3. Evolução física da ãrea e valor surgindo também sérios problemas sociais na 10. RIBEIRO, Maurício Andrés. Notas sobre
de produção dos principais zona urbana, pelo fato de as cidades não meio ambiente, tecnologia e planos
produtos agrícolas de Minas conseguirem suprir a demanda crescente de territoriais. Revista da Fundação
Gerais equipamentos e serviços urbanos. João Pinheiro,~T(6) . 1977 .
período: 19 6 0/7 0/77
Nesse contexto, não se pode negligenciar os 11. SACHS, Ignacy. Población, tecnologia,
área c o l h i d a (1) volume de p r o d u ç ã o (2)
custos sociais e ecológicos das atitudes e . recursos naturales y medio ambiente.
ações predatórias empreendidas nos últimos Boletim Económico de America Latina,
ano l f l f l fl h a
*í \l <! l i a
índice Cr$l.000,00 índice
anos no Estado, não obstante a magnitude 18{l/2) , 1973 . '
<base:1970=100) (3) íbase:1970=100)
1960 3 575.169 104 5.558.209
dos números indicar que Minas Gerais obteve,
95
1970 3 432.341 100 5.881.680 100 no passado recente, um crescimento do ponto
1971 3 327.909 97 4.219.121 72 de vista econômico.
1912 3 380.063 99 6.059.080 103
1973 3 573.682 104 7.181.524 122
1974 3 729.318 109 9.709.868 165
1975 3 942.074 115 7.865.689 134
1976 3 940.692 115 8.125.393 138
1977 4 019.249 117 9.225.372 157

(1) inclui 10 p r o d u t o s
(2) inclui 15 p r o d u t o s
t3) a p r e ç o s c o n s t a n t e s de 197S
F o n t e : IBGE - SEPLAN/MG

cerrados e das várzeas alagadas. Entretanto, 1.4. Bibliografia


na expansão da fronteira agrícola, tem
prevalecido a lógica imediatista do 1. ANDRADE, Thompson A. Industrialização e
explorador. Vale frisar, em particular, incentivo fiscal: Minas Gerais, no
que se a utilização de técnicas arcaicas de período de 1970/77. Revista da
preparação de terreno é justificável numa Fundação João Pinheiro, _10(11/12):
visão restrita, não o é quando se vislumbram 462-84, 1980.
as repercussões dessa prática a longo prazo.
Por outro lado, a utilização crescente de 2. LEE, Terence. Principales aspectos de la
produtos químicos, quase sempre de forma dimensión ambiental; notas de classe.
inadequada e abusiva, está a exigir maior In: Curso seminário la dimensión
controle. ambiental en las politicas y planes
de desarrollo, Santiago, 197 8.
No que concerne â atividade extrativa 3. MINAS GERAIS. Governo do Estado. III
vegetal, cabe destacar que a exploração Plano mineiro de desenvolvimento
predatória, desenvolvida ao longo dos económico e social. Belo Horizonte,
ültimos séculos, deixou poucas reservas de 1970. v.2.
florestas nativas extensas, ãs quais, hoje,
somam-se grandes reflorestamentos realizados
4. . Secretaria do Planajamento e
nos anos recentes, em especial nos
Coordenação Geral- Comportamento da
municípios do Alto Jequitinhonha e da bacia
economia mineira, no periodo de
do Rio Pardo. Atualmente a ãrea
1960/77; agropecuaria. Belo
reflorestada no Estado ê maior do que a área
Horizonte, 1978. 1 v. (Documento, 7 ) .
ocupada pelas florestas nativas. A
silvicultura apresentou um grande dinamismo
de 1970 a 1977, passando a representar de 5. . Secretaria do Planejamento e
6,1% a 10,0% na estrutura do PIB Coordenação Geral. Comportamento
agropecuário, com uma taxa de crescimento da economia mineira, no periodo de
de 10,7% a.a., devido principalmente, aos 1960/7 7; aspectos globais e sínteses
investimentos em reflorestamento (5) . setoriais. Belo Horizonte, 1978. lv.
Além disso, a julgar pelas novas áreas já (Documento, 1 ) .
adquiridas pelas reflorestadoras, essa
atividade deverá ter um incremento bastante 6. . Secretaria do Planejamento e
acentuado nos próximos anos. Coordenação Geral. Comportamento
da economia mineira, no período de
1960/7 7; indústria de transformação.
Além do impacto ecológico proveniente dos Belo Horizonte, 1978. lv.
grandes reflorestamentos homogêneos, que (Documento, 8 ) .
ocorrem quase sempre em substituição a
coberturas vegetais heterogêneas, deve-se 7. . Secretaria do Planejamento e
destacar os efeitos dessa atividade no fluxo Coordenação Geral. Ensaios sobre a
migratório campo-cidade. Com a implantação economia mineira; industrialização e
dos grandes projetos florestais, está desequilíbrio regionais em
havendo um grande fluxo migratório da zona Minas Gerais. Belo Horizonte, 1978.
rural para a zona urbana, por parte da lv. (Livro, 5 ) .
mao-de—obra assalariada e dos pequenos e
médios produtores. Esses últimos, ou não 8. . Secretaria do Planejamento e
têm condições de competir com os salários Coordenação Geral. Ensaios sobre a
pagos pelas reflorestadoras, perdendo seus economia mineira; política de
empregados, ou são atraídos por estes recursos minerais para Minas Gerais.
salários, e acabam vendendo suas Belo Horizonte, 1978. lv. (Livro, 7) .
propriedades âs companhias reflorestadoras.
Ambos os casos contribuem para o aumento do
fluxo migratório campo-cidade. Persistindo 9. NACIONES UNIDAS. Informe de la
esta situação, a produção das culturas de conferência de las Naciones Unidas
subsistência deverá diminuir sensivelmente. sobre el medib humano. Nueva York,
1973. lv.

16
2. Metodologia
"Diagnóstico Ambiental do Estado de distribuição espacial de densidades de destacando-se as áreas críticas em função da
Minas Gerais". A continuidade e a eficácia indústrias potencialmente poluidoras e de extensão e do nível de degradação atingido.
de uma política ambiental depende de um emissões de poluentes. Já a industria
diagnóstico do quadro ambiental do Estado, extrativa foi analisada a partir de alguns Uma vez obtidos os diagnósticos do meio
2.1. Síntese metodológica com a caracterização do meio natural e
sõcio-econÔmico.
indicadores de produção e arrecadação
fiscal, que permitissem uma avaliação
natural, do meio antrõpico e da degradação
da qualidade ambiental, procedeu-se â
potencial de degradação ambiental. A indicação das inter-relações setoriais dos
As iniciativas de gestão pública em matéria O presente diagnostico procurou inventariar abordagem da atividade agropecuária teve componentes naturais e antrôpicos do meio
de meio ambiente no Brasil surgiram a e avaliar, quantitativa e qualitativamente, em vista caracterizar a intensidade e a ambiente. Visou-se identificar as relações
partir da observação dos fenômenos os recursos naturais e as condições dimensão dos impactos ambientais provocados de causa e efeito que condicionam as
decorrentes do crescimento urbano e do ambientais do território mineiro e dos pela atividade sobre o equilíbrio dos interações entre os vários setores de estudo
desenvolvimento da atividade industrial. Os assentamentos humanos, indicando as relações ecossistemas. Finalmente, a questão em que foi dividido o meio ambiente neste
diversos impactos negativos sobre a intersetoriais dos componentes e fatores energética foi focalizada do ponto de vista diagnóstico. A caracterização das
qualidade de vida nas grandes cidades, ambientais. O trabalho estrutura-se da necessidade de compatibilizar o processo inter-relações dos componentes naturais e
causadas por um crescimento econômico basicamente em duas partes. A primeira de produção e consumo de energia com a antrôpicos constitui informação importante
descontrolado, passaram a ser vistos por refere-se a uma avaliação das ações preservação do meio ambiente. para a aplicação de estratégias e políticas
significativos segmentos da sociedade como um governamentais e dos instrumentos que visem preservar, melhorar e recuperar o
desafio a ser enfrentado. Ainda que operacionais e legais. A complexidade dos No que se refere ã qualidade de vida, foram equilíbrio dos ecossistemas.
pressionado de maneira difusa, o problemas ambientais demanda um sistema examinados alguns dos seus indicadores
Poder Público terminou por incorporar essa institucional específico. Dessa forma, básicos: demografia, habitação, saúde,
problemática ã sua esfera de atenção.
2.2. Informação utilizada
procurou-se nessa parte do diagnóstico emprego, educação e alimentação. O estudo
analisar as ações governamentais, visando demográfico visou caracterizar a dinâmica
Em Minas Gerais, a inclusão do fator meio identificar os instrumentos institucionais populacional, através da análise da
ambiente nos planos de governo foi e normativos do Estado, de forma a avaliar distribuição regional, do grau de O primeiro obstáculo ã formulação de uma
explicitada pela primeira vez no II Plano o aparato estatal estruturado com o urbanização e das taxas de crescimento. apreciação geral acerca da situação
Mineiro de Desenvolvimento Econômico e objetivo de proteger, conservar e melhorar Com relação aos outros indicadores básicos ambiental do Estado de Minas Gerais é a
Social, que preconiza como metas prioritárias o meio ambiente. de qualidade de vida, pretendeu-se escassez e intermitência das informações.
a melhoria da qualidade de vida do cidadão estabelecer as inter-relações existentes Ainda são escassas as informações
e o incentivo aos projetos de desenvolvimento O conhecimento dos componentes e fatores entre cada indicador e os aspectos estatísticas sistematizadas, pois provêm
global. Para o cumprimento das proposições ambientais e premissa para a definição de ambientais a ele -pertinentes. em geral de períodos recentes, e
do II PMDES, constatou-se de imediato a uma política de ordenamento ambiental. privilegiam certas áreas do território
ausência de mecanismos institucionais Nesse sentido, a segunda parte do trabalho Em relação ao patrimônio natural-cultural, mineiro. Desde a proposta inicial
adequados a formulação e ao acompanhamento compreende a análise do meio natural, o trabaiho procura registrar a ocorrência percebia-se a importância do uso de dados
da política de defesa ambiental. antrõpico e da degradação ambiental. O e a situação dos recursos cênicos e de fontes secundárias, porque a exiguidade
diagnóstico do meio natural inclui a análise paisagísticos do Estado, além dos sítios de tempo para a realização do trabalho não
Nasceu, então, a 16 de dezembro de 1976, das seguintes variáveis: relevo, clima, históricos que fixam as marcas da cultura permitiria a extensão e aprofundamento dos
através da Lei no 6953, a Secretaria de potamografia, fauna e flora, recursos sobre o território mineiro. Foi dada levantamentos já realizados. Isso fez com
Estado de Ciência e Tecnologia e, em março minerais, hídricos e do solo. A análise foi prioridade, no levantamento, aos elementos que o levantamento de dados secundários se
de 1977, o Sistema Operacional de Ciência orientada a identificar o papel e a do patrimônio natural-cultural que constituísse em tarefa importante,
e Tecnologia, reunindo os órgãos e importância das diferentes variáveis que encontram respaldo em legislações federais objetivando identificar os desníveis
instituições estaduais da área científica e configuram o meio natural em relação com o e estaduais quanto ã sua preservação ou regionais quanto ã disponibilidade de
tecnológica. A necessidade de uma desenvolvimento das atividades produtivas. criação, tais como parques e reservas informação.
coordenação que permitisse compatibilizar Dessa forma, a caracterização do quadro ecológicas, monumentos geológicos, sítios
todos os interesses setoriais de repercussão físico visa fornecer as informações arqueológicos, espeleolõgicos e Não obstante o CETEC possuir em Minas Gerais
no problema ambiental, foi a razão da necessárias para orientar a ação do homem paleontológicos. O estudo buscou o maior acervo de dados ambientais, no
criação da Comissão de Política Ambiental - no gerenciamento dos recursos naturais, caracterizar a situação dos bens naturais presente trabalho foram significativas, no
COPAM, órgão colegiado, deliberativo e assegurando o respeito ao equilíbrio dos e culturais, visando fornecer subsídios que concerne âs informações sõcio-economicas,
normativo, encarregado de assessorar o ecossistemas regionais. para a adoção de medidas de preservação, as contribuições de órgãos públicos e de
Governo e executar a política ambiental do proteção e melhoria desse patrimônio. empresas privadas, sobretudo da Secretaria
Estado. Dotada, agora, dos instrumentos O diagnóstico do meio antrõpico compreende de Estado do Planejamento e Coordenação
legais e regulamentares capazes de respaldar a análise das atividades produtivas, dos 0 diagnostico da qualidade do meio físico Geral e da Fundação Instituto Brasileiro de
a sua missão de zelar pela qualidade de vida aspectos sõcio-econõmicos e sôcio-demogrãficos. natural cobriu os aspectos relativos a Geografia e Estatística. Como em geral as
da população mineira, a COPAM dispõe, para A análise da estrutura de produção visou contaminação da água e do ar, e ã erosão informações desses dois órgãos públicos são
o cumprimento de seus objetivos, da Lei identificar os efeitos negativos derivados do solo, interpretados como situações de apresentados por regiões, adotou-se como
n9 7.772, de 8 de setembro de 1980. das atividades produtivas da sociedade. alteração adversa as características do meio forma de apresentação dos resultados
Foram consideradas relevantes, no caso deste ambiente. Os estudos de qualidade da água e sõcio-econômicos, esse mesmo critério.
E da consciência de que toda política de diagnóstico, as seguintes atividades: do ar pretenderam identificar nas regiões A regionalização adotada para a análise da
indústria de transformação e extrativa, monitoradas o grau de poluição e os focos situação ambiental é a definida pela
gestão do meio ambiente exige um basamento
agropecuária e energia. O enfoque do estudo poluidores, indicando as áreas com maior SEPLAN/MG para fins de planejamento
normativo de regulação, mas também um devido (Figura 2 . 1 ) , com base de agregação nas
conhecimento da real essência e magnitude da indústria de transformarão teve por criticidade ambiental. A delimitação
objetivo diagnosticar a ação dessa atividade espacial da erosão acelerada contém as áreas microrregioes homogêneas estabelecidas pela
dos problemas ambientais e das alternativas IBGE (Figura 2.2). Em termos gerais.
de solução, que surge a proposta do como fonte de poluição, através da de propensão e os principais focos observados,

17
pude-se afirmar que na regionalização
escolhida foram utilizados critérios de 2.3. Bases cartográficas e Figura 2.2. Microrregiões homogêneas do Estado de Minas Gerais

homogeneidade e de polarização.
aerofotogramétricas
Considerando o pioneirismo do trabalho e a
deficiência de informações estatísticas, Os documentos básicos utilizados no
notadamente sua escassez, algumas trabalho foram os seguintes:
afirmativas e conclusões contidas neste
diagnóstico devem ser tomadas como - imagens do LANDSAT li coloridas e em
primeiras interpretações, visto que a preto e branco, canais 4, 5, 6 e 7, na
atualização progressiva dos dados permitira, escala de 1:500.000, captadas no período
certamente, o estabelecimento de idéias de 15/08/73 a 07/10/79;
mais precisas acerca dos problemas aqui
estudados. Acredita-se, contudo, que não - fotoíndices em escala aproximada de
se chegará a resultados muito diferentes 1:100.000, da cobertura aerofotogrãfica
dos apresentados aqui, particularmente no promovida pelo Instituto Brasileiro do
que concerne ãs idéias centrais Café para as regiões cafeeiras do Estado,
desenvolvidas. em 1979;

Figura 2.1. Macrorregiões do Estado de Minas Gerais

« • 47* 45*

Legenda:

157 - Sanfranciscana de Januãria 180 - Alto São Francisco


158 - Serra Geral de Minas 181 - Calcários de Sete Lagoas
159 - Alto Rio Pardo 182 - Belo Horizonte
160 - Chapadões do Paracatu 183 - Siderurgia
161 - Alto Médio São Francisco 184 - Mata de Caratinga
162 - Montes Claros 185 - Bacia do Manhuaçu
163 - Mineradora do Alto Jequitinhonha 186 - Divinõpolis
164 - Pastoril de Pedra Azul 187 - Espinhaço Meridional
165 - Pastoril de Almenara 188 - Mata de Ponte Nova
166 - Médio Rio das Velhas 189 - Vertente Ocidental do Caparão
167 - Mineradora de Diamantina 190 -- Furnas
168 - Teófilo Otoni 191 - Formiga
169 - Pastoril de Nanuque 192 - Mata de Viçosa
170 - Uberlândia 193 - Mata de Muriaé
Legenda: 171 - Alto Paranaíba 194 - Mogiana Mineira
17 2 - Mata da Corda 195 - Campos da Mantiqueira
I - Metalúrgica e Campo das vertentes 173 - Três Marias 196 - Mata de Ubá
II - Mata 174 - Bacia do Suaçui 197 - Planalto de Poços de Caldas
III - Sul de Minas 175 - Governador Valadares 198 - Planalto Mineiro
IV - Triângulo e Alto parnaíba 176 - Mantena 199 - Alto Rio Grande
V - Alto São Francisco 177 - Planalto do Triângulo Mineiro 200 - Juiz de Fora
VI - Noroeste 178 - Uberaba 201 - Mata de Cataguazes
VII - Vale do Jequitinhonha 179 - Planalto de Araxã 202 - Alta Mantiqueira
VIII - Rio Doce

Fonte: SEPLAN/MG Fonte : IBGE

18
- mosaicos na escala aproximada de
1:60.000 e 1:100.000, confeccionados com
fotografias aéreas na escala aproximada
de 1:60.000, resultantes do acordo
Brasi l/Estados Unidos sobre serviços
cartográficos - Projeto USAF - AST-10,
de 1964-66;

- cartas do Brasil ao milionésimo da IBGE,


folhas Vitoria, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Rio Doce, Goiânia,
Paranapanema, Brasília e Salvador;

- cartas topográficas nas escalas de


1:50.000 e 1:100.000, da IBGE;

- cartas topográficas na escala 1:100.000,


do Serviço Geográfico do Exército - SGE;

- mapas temáticos de recursos naturais do


CETEC, na escala de 1:500.000, Projetos
PLANOROESTE II e Vale do Jequitinhonha;

- cartas geológicas do DNPM, na escala de


1:1.000.000, folhas Vitória,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Rio Doce,
Goiânia, Paranapanema, Brasília e
Salvador;

- mapa geológico do Estado de Minas Gerais


do IGA/SECT, na escala de 1:1.000.000;

- mapas geológicos do DNPM/CPRM, na escala


de 1:250.000, Projetos Sapucaí, Letos,
Três Marias, Jequitinhonha, Sul da Bahia
e Mantiqueira-Furnas;

- cartas geomorfológicas do IGA/SECT,


Projeto Radar/MG, na escala de
1:500.000, folhas Belo Horizonte e
Montes Claros;

- mapa hidrogeolõgico do Estado de


Minas Gerais da CPRM, na escala de
1:1.000.000.

Os mapas temáticos de recursos naturais e


erosão do solo são apresentados sobre base
planimétrica na escala de 1:1.000.000,
elaborada a partir do mapa geográfico do
IGA/SECT-1980, em projeção policÔnica.
meridional central 45°W.Gr.
3. Sinopse institucional policial, por considerá-la decorrente do
uso inadequado da tecnologia. Esse foi,
na realidade, o principal motivo pelo
- A manutenção da filosofia participativa
na gerência dos recursos ambientais,
quando a nova realidade do Estado,
técnico de quase duas centenas de
funcionários, e incluindo novas áreas de
capacitação especializada. Idêntica
3.1. Evolução das ações qual os órgãos estaduai s de meio ambiente
foram vinculados a Secretaria de Estado
decorrente da política dc interiorização
do desenvolvimento,exigiu a criação do
ampliação dos quadros técnicos vem sendo
observada na COPAM, com a estruturação de

governamentais de Cicncia c Tecnologia. PRODEMAM, um programa amplo e sistêmico sua Secretaria Executiva. Todavia, em
de apoio técnico aos municípios mineiros que pesem esses esforços para a ampliação
para a solução ou adequação de seus da capacitação do sistema estadual de meio
- 0 favorecimento da concientização próprios problemas de meio ambiente. ambiente, ainda persiste uma grande
As ações do governo, tanto legislativas generalizada para os problemas
quanto executivas, costumam ser a resposta Esse programa induziu â criação, em cada defasagem entre a sua capacidade operacional
ambientais e a agilização de suas município, de coordenadorias especiais, e a demanda de estudos e serviços. De
do Estado aos estímulos produzidos pela soluções, propiciadas pela participação
sociedade durante o processo contínuo de estruturadas de forma a permitir ampla fato, para que os problemas ambientais do
de todos os segmentos da sociedade no participação comunitária. Estado possam ser adequadamente
exteriorização de suas preocupações e de órgão de gestão ambiental do Estado.
priorização de suas aspirações. equacionados, torna-se necessária uma
Essa premissa balizou a constituição da aplicação de recursos nos órgãos do
Comissão dc Política Ambiental - COPAM, - A criação, dentro do Sistema Operacional
Assim, de uma maneira geral, a de Ciência e Tecnologia, do Comitê sistema, compatível com a diversificação
conscientização sobre a importância de cada como um plenário representativo de toda e com a magnitude das taxas de crescimento
a comunidade, conferindo um caráter Estadual de Estudos Integrados de Bacias
tema precede a sua inclusão na relação de Hidrográficas - CEEIBH/MG, organismo das demandas de trabalho.
assuntos abrangidos pela ação do Estado. eminentemente participativo â gerência
dos recursos ambientais. encarregado da integração multissetorial
Por outro lado, a eficiência da dos estudos relacionados aos recursos Em conformidade com a evolução das
administração desse tema depende hídricos. Dentre todos os recursos disponibilidades de recursos e de
diretamente do nível de conhecimento ambientais, a água talvez seja aquele
- 0 reconhecimento do caráter abrangente capacitação, os órgãos do sistema de meio
acumulado sobre o assunto e da capacidade que, historicamente, vem sendo tratado
dos problemas ambientais,que exigem, ambiente do Estado vêm ampliando
de trata-lo com o enfoque adequado. mais setorializadamente, com todos os
para sua solução ou adequação, a consideravelmente as suas linhas de
A visão sistémica da problemática aplicação de um corpo técnico inconvenientes que esse procedimento vem atuação. A caracterização dessas ações,
ambiental é ainda emergente em todo o multidisciplinar. Em decorrência dessa produzindo. A própria legislação federal por sua evolução e cronologia, pode ser
mundo, e decorre da complexidade crescente postura, foram reunidas no CETEC todas favoreceu a distribuição da competência inferida da seguinte relação de atividades:
assumida pelo quadro industrial e as equipes técnicas especializadas no para a administração das diversas formas
tecnológico nas últimas décadas. trato das variadas disciplinas de uso e aproveitamento dos recursos - Julho de 1976 - publicação do documento
relacionadas aos recursos naturais, ao hídricos entre inúmeras agências e "Situação Ambiental na Região
Em Minas Gerais, como de resto em todo o meio ambiente e ãs tecnologias de organismos dos mais variados setores. Metropolitana de Belo Horizonte", como
País, os fundamentos de uma política produção, formando um núcleo capaz de A criação do CEEIBH/MG correspondeu a resultado dos trabalhos da Comissão
ambiental consistente ainda estão sendo apoiar a execução da política ambiental uma tentativa de análise conjunta de Especial criada pelo Decreto Estadual
esboçados, e, no momento, estão sendo do Estado. toda a problemática relacionada â água, n9 17.263, de 14/07/75
consolidados os primeiros mecanismos de incluindo a atribuição de conceber e
controle, preservação e desenvolvimento formular a Política Estadual de Recursos - Julho de 1977 - encaminhamento ao
dos recursos ambientais. - A concepção do CETEC como uma fundação Hídricos. Governo do Estado, do relatório "Impacto
de direito privado, com a agilidade e Ambiental e Futura Destinação da Mata
A Constituição da República reserva â independência necessárias ao Embora o quadro organizacional do sistema do Jambreiro", pelo Grupo de Trabalho
União uma parcela substancial da fornecimento de apoio técnico tanto ao de meio ambiente do Estado tenha evoluído constituído por técnicos do CETEC, da
capacidade de legislar em matéria õrgão oficial de controle ambiental como ao longo do tempo, ate atingir a FJP e do PLAMBEL. Esse estudo deu
ambiental. Numerosos dispositivos legais ãs empresas que integram o setor configuração atuai, foi sempre mantida uma origem a cessão em comodato, pela MBR,
concebidos posteriormente refletem, de produtivo do Estado. Essa forma de coerência com os princípios básicos da área transformada na Reserva Ecológica
forma mais aguda, a tendência de organização administrativa foi preliminarmente estabelecidos. do Jambreiro.
centralização administrativa a nível conscientemente decidida no mesmo
federal, reservando aos Estados e conjunto de ações planejadas na década De uma maneira geral, excluídos alguns - Agosto de 1977 - Deliberação n? 08/77 da
Municípios um espaço bastante limitado para anterior para vitalizar o desenvolvimento períodos recentes, conjunturalmente COPAM, que recomendava ao Governo do Estado
que interfiram na gerência dos recursos económico de Minas Gerais. A reunião em desfavoráveis, vem sendo seguida uma a redução dos níveis de produção da SOEICON.
ambientais segundo políticas próprias e um mesmo Õrgão, da capacitação para as persistente política de treinamento e Esse procedimento deu continuidade a ações
independentes. pesquisas tecnológicas e para o trato formação de pessoal, visando dotar os anteriores executadas pelo CETEC, e que
com as variáveis ambientais foi órgãos do sistema, da capacitação requerida tinham como objeto o controle de indústrias
Apesar disso, em Minas Gerais as considerada, na época, como a mais pela dimensão crescente dos problemas altamente poluidoras, como a ITAÚ e a
formulações iniciais que estão conveniente, face ãs expectativas de ambientais. O embrião representado pela MANNESMANN, apontadas pelo relatório
consolidando a implantação de um sistema crescimento económico do Estado. De equipe da Diretoria de Tecnologia e Meio "Situação Ambiental na RMBH".
estadual de meio ambiente, baseada em fato, a pesquisa de novas tecnologias Ambiente da Fundação João Pinheiro foi, a
uma política ambiental consistente, foram de produção e o seu repasse ao setor partir de sua transferência para o CETEC, - Setembro de 1977 - Resolução n9 05/77 da
extremamente originais e avançadas. Nessas produtivo foram vistos como um poderoso consideravelmente ampliado e dotado de COPAM, relativa a medidas de controle da
formulações, merecem especial destaque os atrativo para a instalação de novas modernos recursos instrumentais e poluição provocada pelo complexo
seguintes pontos: indústrias. Por outro lado, efetivada laboratoriai s. Atualmente, a industrial da ALCAN em Saramenha, e que
essa instalação, ter-se-ia como Superintendência de Ecologia e Engenharia correspondeu ao início das providências
conseqüência uma forte demanda para os Ambiental do CETEC já dispõe de uma equipe do sistema no que concerne a indústrias
- A premissa segundo a qual o controle da trabalhos ambientais.
poluição escapa ã esfera meramente bastante diversificada, com um corpo localizadas no interior do Estado.

21
Outubro de 1977 - Conclusão do estudo instalações da NUCLEBRÃS em Poços de Consideradas em seu conjunto, as atividades explicitamente, e adaptada âs recentes
sobre a situação ambiental na região do Caldas. presentemente em execução pelos diversos modificações introduzidas na legislação
Vale do Aço, executado pelo CETEC. organismos do sistema estadual de meio federal. Em decorrência desse processo,
- Outubro de 1979 - Conclusão do "Estudo ambiente podem ser agrupadas nas seguintes possivelmente serão efetuadas modificações
Outubro de 1977 - Inicio da atuação do da Bacia do Rio Paraibuna", que reuniu categorias principais: estruturais na organização dos vários
sistema no que concerne ã preservação as principais informações disponíveis organismos e nas suas respectivas
do patrimônio natural-cultural do Estado, sobre a qualidade da agua e sobre os atribuições.
com o credenciamento fornecido pelo usos daqueles recursos hídricos. Esse - elaboração dos procedimentos necessários
IPHAN-MEC para fiscalizar e prospectar estudo, que consolidou os resultados ã operacionalização do sistema de
sítios arqueológicos. da operação da rede de monitoração licenciamento de atividades poluidoras;

Novembro de 1977 - Início da operação


mantida pelo CETEC na região, marcou a
participação do sistema nos trabalhos - revisão, ampliação e consolidação dos 3.2. Instrumentos legais,
sistemática da rede de monitoração da
qualidade do ar na Região Metropolitana
do Comitê de Estudos Integrados da Bacia
do Paraíba do Sul - CEEIVAP.
padrões a serem observados no
licenciamento de atividades poluidoras e estruturais e normativos
de Belo Horizonte. Essa rede, que no controle da qualidade ambiental;
posteriormente foi ampliada ate a sua A Constituição da República em seu Artigo
- Abril de 198 0 - Início das atividades - complementação e atualização do 89, inciso XVII; o Código de Aguas; o
configuração atual, tem sido operada sistemáticas de cadastramento industrial
pelo CETEC por demanda da COPAM. cadastramento das fontes de poluição do Código de Pesca; o Código Florestal; o
no Estado de Minas Gerais, visando o Estado de Minas Gerais; CÓdigo de Mineração; o Decreto-Lei
conhecimento do potencial poluidor das n9 1.413, de 14/08/75; o Decreto n9 76.389,
Dezembro de 1977 - Conclusão do unidades produtivas.
- concepção e implantação de um banco de de 03/10/75, além de copiosa legislação
"Diagnóstico Ambiental da Área Mineira
dados ambientais para o Estado; complementar, conferem a União a
da SUDENE", elaborado pelo CETEC. - Setembro de 1980 - Promulgação da Lei competência quase que exclusiva para o
Estadual n9 7.77 2, que dispõe sobre a - classificação dos cursos d'água de gerenciamento dos recursos ambientais,
Janeiro de 1978 - Ampliação dos projetos proteção, conservação e melhoria do meio reservando aos Estados e Municípios apenas
de estudos ambientais das bacias Minas Gerais, segundo os padrões de
ambiente em Minas Gerais, e que resultou qualidade já normalizados; uma ação supletiva nas atividades que lhes
hidrográficas do Rio das Velhas e do Rio de amplo trabalho e debate prévio na são repassadas por concessões ou delegações
Paraopeba, a partir de concepções Comissão de Política Ambiental. dos órgãos federais.
anteriormente acionadas pelo CETEC, como - ampliação e complementação da rede
conseqüência da conclusão da CPI estadual de monitoração da qualidade da
constituída pela Assembléia Legislativa - Novembro de 1980 - Negociação com o Banco agua e do ar; Sobre esse quadro legal extremamente
de Minas Gerais para estudar o tema. Interamericano de Desenvolvimento, que centralizado, o Estado de Minas Gerais
Essa ampliação foi congruente com a resultou no financiamento da construção, - complementação do cadastramento de sítios, estruturou o seu sistema ambiental através
atribuição de competência dada ao em Pirapora do primeiro laboratório áreas ou ecossitemas de especial dos seguintes instrumentos básicos:
sistema pelo Decreto Estadual regional do CETEC e do primeiro estudo interesse para a preservação ou para o
n9 18.782/77, para dirigir e coordenar de acompanhamento do impacto ambiental desenvolvimento científico-cultural; - Decreto n9 18.466, de 29 de abril de 1977
os estudos e trabalhos de recuperação e de um grande projeto de colonização.
proteção das bacias hidrográficas em - concepção, formulação e implementação de Cria,no âmbito do Sistema Operacional de
questão. um programa de educação ambiental; Ciência e Tecnologia, a .Comissão de
- Novembro de 1980 - Conclusão do estudo Política Ambiental - COPAM. Estabelece as
sobre a "Distribuição Espacial de atribuições da COPAM e fixa a sua estrutura
Julho de 1978 - Início da atuação conjunta - desenvolvimento e adaptação de
Concentração de Dióxido de Enxofre na colegiada, presidida pelo Secretário de
da COPAM com o DNPM, visando o controle metodologias e instrumentais a serem
Região da Grande Vitória - ES", que Ciência e Tecnologia e integrada pelos
de poluição hídrica causada pelas aplicados nas atividades ae controle e
representou a primeira atuação do CETEC, Secretarios-Adjuntos de Agricultura;
empresas mineradoras situadas nas melhoria do meio ambiente;
na área ambiental, fora do Estado de Indústria, Comércio e Turismo; Planejamento
cabeceiras dos rios das Velhas e Paraopeba. Minas Gerais.
- levantamentos regionais da situação e Coordenação Geral; Saúde; Segurança
ambiental e da qualidade de vida; Pública; por representantes da SEMA, do
Janeiro de 1979 - Conclusão dos estudos - Dezembro de 1980 - Conclusão, pelo DAE/MG, da FIEMG, da ACMG, de entidade
do CETEC sobre os "Padrões para Emissão CEEIBH/MG, da primeira etapa dos - apoio técnico ãs indústrias e demais conservacionista, pelo Presidente da
de Efluentes Líquidos", que subsidiaram trabalhos destinados a estabelecer os fontes poluidoras, em projetos de Comissão de Defesa do Meio Ambiente da
a Deliberação Normativa n9 01/79 da . "Fundamentos de uma Política Estadual sistemas de proteção ou em Assembleia Legislativa, e por quatro
COPAM. de Recursos Hídricos". levantamentos das condições ambientais cientistas ou pessoas de notório saber,
dos processos de produção; designadas pelo Governador do Estado.
Janeiro de 1979 - Início das pesquisas - Dezembro de 198 0 - Credenciamento do
do CETEC sobre os efeitos ambientais dos CETEC como Órgão Técnico do BNH para - acompanhamento do projeto e da execução - Decreto n9 18.662, de 24 de agosto de 1977
metais pesados, com o estudo dos todas as linhas de financiamento do de obras ou serviços de saneamento
efluentes da Cia.Mineira de Metais - CMM. PLANASA, no Estado de Minas Gerais. básico financiados com recursos do Institui o Regimento Interno da COPAM,
PLANASA; fixando a sua organização estruturada por
Maio de 1979 - Conclusão do estudo sobre - Março de 1981 - Regulamentação da Lei uma Presidência, por um Plenário, por cinco
a "Transmissão de Esquistossomose Estadual n9 7.772, através do Decreto - fiscalização das condições ambientais Camaras Especial izadas (Poluição Industrial,
MansÔnica no Vale do Jequitinhonha", que n9 21.228/81, possibilitando ã COPAM relativas ã operação de atividades Poluição por Adubos Químicos e Defensivos
marcou a primeira atuação do sistema no uma ação efetiva de controle do meio produtivas ou de sistemas de Agrícolas, Política Ambiental, Defesa de
campo das doenças de veiculação hídrica. ambiente. saneamento bã sico; Ecossistemas, Mineração e Bacias
Hidrográficas) e por uma Secretaria
Junho de 1979 - Conclusão do primeiro - Junho de 1981 - Inauguração da Estação - estudo das condições ambientais Executiva. O Regimento estabelece as
parecer sobre os efeitos ambientais de Ecológica do Tripux em Ouro Preto, associadas ã produção, comercialização e competências dos Órgãos constitutivos da
destilarias de álcool anidro, destinada principalmente ã preservação utilização de fertilizantes, biocidas e COPAM e a sua composição.
correspondente a análise da implantação do habitat do "Peripatus Aocacioi". outras substâncias tóxicas;
da Usina Delta S/A. - Decreto n9 19.947, de 04 de julho de 1979
- Dezembro de 1981 - Conclusão do - estudos especiais relacionados a
Agosto de 197 9 - Conclusão do primeiro "Programa de Pesquisas Ecológicas no episódios críticos de poluição ou a Cria, no âmbito do Sistema Operacional de
estudo do CETEC sobre ruído em Parque Florestal do Rio Doce", que condições ambientais que possam produzir Ciência e Tecnologia, o Comitê Estatual de
instalações industriais, correspondente consolidou um extenso acervo de agravos a saúde humana. Estudos Integrados de Bacias
a análise da situação da Fábrica de conhecimento científico da região. Hidrográficas - CEEIBH/MG. Estabelece as
Oxigênio da Acesita. Alem dessas classes principais de atribuições do CEEIBH/MG, que incluem a
- Maio de 1982 - Conclusão da Edição atividades, os diversos órgãos do sistema representação do Governo do Estado junto
Outubro de 1979 - Conclusão do primeiro Provisória do "Diagnóstico Ambiental de encontram-se, atualmente, profundamente ao Comitê Especial e aos Comitês Executivos
estudo do CETEC sobre os efeitos Minas Gerais", instrumento destinado a engajados na própria consolidação da de Estudos de Bacias Hidrográficas criado
ambientais de indústrias do setor subsidiar as futuras ações do sistema Política Estadual de Meio Ambiente, que pelo Governo Federal, a normalização da
nuclear, correspondente ã análise das estadual de meio ambiente. precisa ser atualizada, formulada . administração dos recursos hídricos

22
estaduais e dos procedimentos de concessão realização das audiências públicas previstas Estabelece procedimentos internos ã COPAM,
hídrica, e a formulação da Política no Decreto n9 21.228. referentes a aprovação de Relatórios de
Estadual de Recursos Hídricos. Fixa a sua Impacto Ambiental - RIA e â expedição de
estrutura colegiada, presidida pelo Licenças de Instalação e de Funcionamento.
Secretario de Ciencia e Tecnologia, e - Resolução n9 02/81, da COPAM
integrada pelos Secretarios-Adjuntos de
Agricultura; Industria, Comercio e Turismo; Estabelece as diretrizes básicas do
Planejamento e Coordenação Geral; pelo Sistema Estadual de Licenciamento de Fontes
Vice-Presidente da CEMIG; pelo Presidente Poluidoras - SELF.
da COPASA/MG; e pelo Diretor Geral do
DAE/MC.
- Resolução n9 03/81, da COPAM
- Decreto n9 20.340, de 27 de dezembro de Estabelece o roteiro a ser obedecido na
1979 elaboração dos Termos de Compromisso,
instrumentos jurídicos a serem firmados
Institui o Regimento Interno do CEEIEH/MG, pelos infratores da legislação ambiental.
fixando a sua organização estruturada por
uma Presidencia, por um Plenário e por - Resolução n9 04/81, da COPAM
Comissões Técnicas. O Regimento estabelece
as competencias de cada uma dessas Estabelece a obrigatoriedade de registro,
unidades constitutivas, a sua composição e na COPAM, por parte dos responsáveis pela
os procedimentos operacionais para o gerência de cada fonte de poluição
exercício das funções atribuídas ao Comité. existente no Estado.

- Deliberação Normativa n9 01/77, da COPAM - Deliberação Normativa n9 01/81, da COPAM

Fixa normas e padrões provisorios para a Estabelece padrões de qualidade do ar para


proteção do meio ambiente no Estado de o Lstado de Minas Gerais, e fixa critérios
Minas Gerais. para avaliação de parâmetros não
normatizados.
- Deliberação Normativa n9 02/77, da COPAM
- Deliberação Normativa n9 02/81, da COPAM
Classifica os cursos d'água da bacia do Rio
das Velhas e da bacia do Rio Paraopeba, em Estabelece padrões para emissão de fumaça
conformidade com os padrões estabelecidos por parte de fontes estacionárias de
pela D.N. 01/77. poluição.

- Deliberação Normativa n9 01/79, da COPAM - Deliberação Normativa n9 03/81, da COPAM

Fixa normas e padrões definitivos para a Estabelece critérios para a classificação


proteção do meio ambiente no Estado de dos cursos d'ãgua do Estado de
Minas Gerais. Minas Gerais.

- Lei n9 7.772, de 08 de setembro de 1980 - Deliberação Normativa n9 04/81, da COPAM

Dispõe sobre a proteção, conservação e Estabelece padrões para a disposição


melhoria do meio ambiente no Estado de superficial ou subterrânea de efluentes
Minas Gerais. Fixa o conceito legal de líquidos das fontes de poluição.
poluição ou degradarão ambiental,
estabelece a competencia da COPAM para - Deliberação Normativa n9 05/81, da COPAM
formular a Política Ambiental do Estado,
dispõe sobre os principios de Estabelece os procedimentos para a análise
operacionalização do sistema de de Relatórios de Impacto Ambienta'l - RIA,
licenciamento das fontes de poluição, e referentes ã implantação, instalação ou
estabelece as penalidades a serem aplicadas funcionamento de fontes poluidoras ou
aos infratores das disposições legais causadoras de degradação ambiental.
referentes ao meio ambiente.
- Deliberação Normativa n9 06/81, da COPAM
- Decreto n9 21.228, de 10 de março de 1981
Estabelece a classificação das fontes de
Regulamenta a Lei n9 7.772, fixando os poluição em conformidade com o gênero de
procedimentos para a expedição de licenças atividade econômica.
de instalação e funcionamento das fontes
de poluição e para a fiscalização do
cumprimento das normas de proteção e - Deliberação Normativa n9 07/81, da COPAM
controle do meio ambiente. Caracteriza as
classes de infrações ã legislação ambiental, Disciplina a disposição de resíduos
fixando os procedimentos administrativos sólidos, especialmente aqueles portadores
para a aplicação das sansões previstas para de agentes patogênicos ou de alta toxidez.
cada caso. Estabelece as normas a serem
observadas no processo deliberativo da - Deliberação Normativa n9 08/81, da COPAM
COPAM e os procedimentos a serem observados
pelos infratores da legislação ambiental, Estabelece critérios para classificação
quando da apresentação de cada defesa. das infrações ã legislação ambiental, e
dispõe sobre a gradação daj penalidades
- Resolução n9 01/81, da COPAM aplicáveis.

Cria procedimentos administrativos para a - Deliberação Normativa n9 09/81, da COPAM

23
V Figura 4.1. índice dos elementos utilizados sendo contínuas no centro-sul e nordeste. diversos corpos de rochas básicas e/ou
4. O meio natural no mapeamento geológico Ocorrem ainda sob a forma dômica no norter
do Estado, estendendo-se pelas cidades de
ultrabãsicas possuem faixas de esteatito
(pedra sabão), utilizado para artesanato,

4.1. Geologia
Itacambira, Porteirinha, Monte Azul e ãs vezes mineralizado em talco,
Espinosa; e sob a forma de ilhas, nas principalmente no centro do Estado.
proximidades de Januãria e Monte Carmelo.
4.1.1. Introdução Os tipos litossomãticos que compõem esta . Associação de xistos, gnaisses e
unidade são: gnaisses kinzigíticos, gnaisses migmatitos - p6gm
As condições geológicas do Estado de charnockíticos, pegmatitos, gnaisses bandados,
Minas Gerais fazem dele uma área de gnaisses de composição granodiorítica, Os litossomas que constituem esta unidade
jazimentos em potencial de quase todos os gnaisses cataclãsticos e ortognaisses. ocorrem no nordeste do Estado, numa faixa
minerais existentes no País. Os principais Localmente ocorrem rochas manganesíferas, de direção aproximadamente NS, estendendo-se
minerais ocorrentes no Estado são metabasitos, anfibolitos, xistos, desde a região de Almenara, e adelgaçando-se
notadamente: berilo, cádmio, urânio, prata, cataitabiritos, rochas básicas e para o sul até a região de Mantena.
arsênico, alumínio, zinco, cobre, chumbo, ultrabãsicas. Faixas quartzíticas ocorrem
níquel, mármore, calcários, caulim, com freqüência, formando cristas. Os minerais As rochas desta unidade são representadas
quartzo, estanho, bauxita, manganês, que compõem esses tipos petrográficos são: por xistos, gnaisses melanocráticos,
diamante, ouro e minério de ferro. quartzo, feldspato, muscovita, biotita, gnaisses kinzigíticos, migmatitos diversos,
anfibõlios, granadas, sillimanita, zircão e anfibolitos e quartzitos. Esses tipos
Ao iniciar-se o século XX, a geologia em apatita. litossomáticos são mineralógicamente
Minas Gerais passou a desenvolver-se constituídos por quartzo, feldspato,
rapidamente, com um acervo bibliográfico muscovita, biotita, anfibõlios, granadas,
Normalmente todo o conjunto encontra-se
bastante amplo, principalmente no tocante â sillimanita, cordierita, epidoto e zircão.
perturbado, localmente podendo apresentar
geologia econômica, pois as pesquisas eram até cinco fases de dobramentos, com pelo
geralmente encaminhadas em direção âs menos três sistemas de falhas de direções Este grupo litolõgico acha-se intensamente
jazidas minerais. Entretanto, as maiores distintas. dobrado e falhado, evidenciando mais de três
dificuldades para um perfeito conhecimento fases tectónicas. Associam-se â última
da geologia mineira repousam na carência de Os lotossomas acham-se intemperizados, fase tectónica inúmeros veios, apófises,
dados geocronológicos, necessários para a resultando conseqüentemente num manto de diques e corpos de rochas quartzo-
análise do empilhamento das unidades do rocha decomposta, onde ainda se pode, -feldspãticas, responsáveis pela formação
embasamento. A falta de continuidade normalmente, observar os principais aspectos de migmatitos. O intemperismo propiciou
geográfica dessas unidades, aliadas ao fato estruturais. Nesse manto de decomposição o aparecimento de um espesso e freqüente
de possuírem um modelado tectónico complexo, os minerais instáveis são lixiviados, manto de decomposição nestas rochas, salvo
dificulta ainda mais as possíveis sem necessidade de conhecimento específico. concentrando normalmente o óxido de ferro e nas de natureza quartzosa.
correlações. Consideraram-se apenas os grandes traços o quartzo, com a formação de caulinita e
estruturais. A representação cartográfica hidrargilita. Na superfície desenvolve-se
das unidades foi simplificada, não se Inexpressivos pacotes de rochas
Atualmente o Estado encontra-se totalmente um manto regôlito, no qual coexiste manganesíferas, esporádicos corpos
coberto por mapeamentos geológicos básicos fazendo alusão ã natureza dos contatos. material orgânico. São raros os locais onde
Complexos, grupos e formações com litologias pegmatíticos mineralizados em feldspato e
(escala 1:250.000), pela Carta Geológica do a rocha gnãissica não decomposta é aflorante, uma grande reserva de grafita na região de
Brasil ao Milionésimo,do DNPM,e parcialmente afins foram englobados em associações a não ser localmente,ao longo dos drenos e
correspondentes, como por exemplo a de Pedra Azul, são os principais recursos
por mapas de projetos integrados (escala nas cachoeiras. minerais desta unidade.
1:500.000), como o do PLANOROESTE II e do Araxã-Andrelandia-Canastra (pGaac). O texto
Vale do Jequitinhonha (Figura 4 . 1 ) . foi escrito de forma sucinta, evitando-se
citações bibliográficas, apesar de terem Sob o ponto de vista econômico, os
Indiscutivelmente, a área de maior principais recursos minerais são: pedras . Supergrupo Rio das Velhas - pGrv
concentração de trabalhos de geologia, tanto sido consultadas todas as informações
disponíveis. A descrição das unidades preciosas, minerais de lítio, tantalita-
pura quanto aplicada, é a região central do -columbita e cassiterita, que ocorrem Engloba-se aqui um conjunto de rochas
Estado, principalmente a área conhecida como obedeceu ã seguinte seqüência: localização
geográfica, tipos de rocha, mineralogia, principalmente nos pegmatitos distribuídos acamadadas e um conjunto de corpos básicos
Quadrilátero Ferrífero. nos vales dos rios Doce e Jequitinhonha; e ultrabãsicos xistifiçados ou não,
manto de decomposição e citações dos
principais recursos minerais inerentes a veios quartzosos enriquecidos em ouro, localizados na região do Quadrilátero
Tratar a geologia em todos os seus aspectos, essas unidades. responsáveis pelos aluviões auríferos, Ferrífero.
numa região complexa como Minas Gerais, é ocorrem principalmente nos municípios de
tarefa difícil, e, além disso, extrapoia o Conselheiro Lafaiete, Lagoa Dourada, Em sua maioria constitui-se de xistos
objetivo deste trabalho, que ê caracterizar 4.1.2. Unidades geológicas Catas Altas da Noruega e Piranga; gnaissifiçados, filito-xistos,
as unidades geológicas de Minas Gerais, com faixas de material manganesífero com metavulcânicas, quartzo-xistos, quartzitos
fins específicos de aplicação em estudos • Proterozõico pequenas concentrações, em sua maioria quartzo-carbonato-xistos, itabiritos,
ambientais. lavradas desordenadamente, são encontradas anfibolitos, esteatitos e ultramãficas.
. Associação de gnaisses principalmente no centro e centro-leste do Os minerais que compõem esses tipos
Assim, optou-se pela elaboração de um mapa diversos - p6gn Estado; grande jazida de grafita de petrográficos são: quartzo, feldspato,
(Mapa 1) que retrata tão somente as grandes excelente qualidade encontra-se próximo de muscovita, biotita, óxidos de ferro,
unidades geológicas, caracterizadas por As rochas que compõem esta unidade estão Itapecerica; jazidas de agalmatolito ocorrem carbonatos, anfibõlios, tremolita,
tipos rochosos facilmente identificáveis, generalizadamente distribuídas no Estado, principalmente no município de Pará d*=» Minas; piroxênios, zircão, apatita e pirita.

25
Todo o conjunto encontra-se intensamente rasgamento. O manto de intemperismo Supergrupo Espinhaço - pSe Os minerais constituintes desses litossomas
perturbado, mostrando dobras e falhas normalmente chega a dezenas de metros, são principalmente quartzo, muscovita,
diversas. O manto de decomposição das exceto nos locais onde predominam rochas As rochas pertencentes a este supergrupo sericita, biotita, carbonatos, feldspatos,
rochas cria um produto sapropélico com quartzosas. Sobre os litossomas distribuem-se numa faixa de direção anfibõlios, granadas, zirconita e epidoto.
elevado teor de alumina e ferro. ferruginosos encontram-se geralmente aproximadamente sul-norte, iniciando-se nas
Dificilmente ê encontrada rocha fresca na crostas ferruginosas (canga), e sobre os proximidades de Caeté, até penetrar em 0 conjunto acha-se estruturado numa faixa
superficie, pois o manto de decomposição aluminosos, solos lateríticos bauxíticos. território baiano. Dentro do conjunto que baliza ao norte a cunha tectónica da
normalmente excede a dezenas de metros. destaca-se uma seqüência quartzosa, seqüência Varginha-Guaxupé. O sistema de
Freqüentemente encontram-se solos Sob o ponto de vista econômico, destacam-se responsável pela morfologia da Serra do falhas inversas exibe uma direção
laterlticos e localmente uma cobertura de as grandes reservas de minério de ferro, Espinhaço. preferencial leste-oeste. Espessos mantos
canga. como a do Pico do Cauê, Pico de Itabira, de intemperismo, com até 10 metros, ocorrem
Serra do Curral, Mutuca, Serra da Moeda, As rochas que compõem esta unidade são: freqüentemente.
Sob o ponto de vista econômico, destacam-se etc. Jazidas de bauxita são encontradas em quartzitos, filitos, metaconglomerados,
os grandes jazimentos de ouro e prata, Ouro Preto e Mariana. As jazidas de minério metavulcânicas e itabiritos. Os minerais Sob o ponto de vista econômico, encontram-se
associados aos fáceis xistos verdes, como de manganês encontram-se associadas ao que compõem esses tipos de rochas são: reservas de calcário nas proximidades de
as grandes jazidas de ouro de Nova Lima e itabirito, ao longo da Serra da Moeda, e no quartzo, feldspato, óxido de ferro, hematita, Barroso, Macaia e Carandaí, e de caulim na
Raposos. Grandes faixas de gondito, com local denominado Conta História, nas lentes anfibõlio, clorita, sericita e caulinita. região de Prados e São João Del Rei.
minas de manganês localizadas, ocorrem na carbonatadas do Fecho do Funil, e, como
região de Dom Silvério e Alvinõpolis. enriquecimento supergênico, ao longo da Estruturalmente o conjunto acha-se . Associação Araxã-Andrelândia-
Rochas verdes classificadas como máficas e seqüência de filitos prateados. O ouro intensamente dobrado e falhado. O principal Canastra - p€aac
ultramãficas são hoje aproveitadas nas ocorre nos itabiritos (minas de Passagem de sistema de falhas encontra-se orientado
usinas siderúrgicas como leito de fusão. Mariana) e nos veios de quartzo associados segundo a mesma direção da Serra do Grupou-se sob esta denominação um conjunto
aos quartzitos (Ouro Preto). As jazidas de Espinhaço. O intemperismo produz um solo litossomãtico semelhante, distribuído
. Seqüência Varginha-Guaxupé - p€vg caulim localizam-se principalmente na argiloso avermelhado sobre as rochas principalmente na região de Andrelândia,
Serra de Itabirito. As reservas de vulcânicas e filíticas, e um solo arenoso Passos, Ibiã, Araxã, Tapira e ao norte do
calcários e dolomitos são utilizadas para nas rochas quartzosas. Triângulo Mineiro, no vale do Rio Paranaíba.
Localiza-se no extremo sudoeste do Estado,
brita, corretivos agrícolas e refratários.
com área em forma de cunha, com o extremo
O quartzito Moeda, quando plaqueado, é As rochas que constituem esta unidade são:
ENE na cidade de Elói Mendes, e com abertura Sob o ponto de vista econômico, destaca-se
utilizado na construção civil. Jazidas de muscovita-sericita-biotita-xistos, gnaisses,
para oeste em direção a Guaxupé e pela produção de diamante nos
topázio imperial são encontradas na região calco-xistos, anfibólio-xistos,
Camanducaia. metaconglomerados das proximidades de
de Ouro Preto, Rodrigo Silva, grafita-xistos, granada-xistos, quartzitos,
Guinda, Sopa e São João da Chapada.
Antônio Pereira e Cachoeira do Campo. lentes de calcário, filitos, rochas básicas
Esta seqüência ê constituída essencialmente Localmente blocos de quartzitos são
Uma jazida de pirita, com ouro e prata e ultrabãsicas. Os minerais presentes
por gnaisses, granitos, granulitos e aproveitados na construção civil.
associados, é encontrada ao sul de nessas rochas são: muscovita, sericita,
migmatitos diversos. A mineralogia é Ouro Preto. Corpos de sulfeto de antimônio
genericamente constituída por quartzo, . Grupo Itacolomi - pei biotita, quartzo, feldspato, granada,
associados aos veios auríferos também calcita, dolomita, anfibõlitos, grafita,
feldspato/plagioclãslo, micas, anfibõlios, ocorrem na Serra de Itabirito, no local
cordierita, sillimanita, granada, zirconita As rochas que compõem esta unidade plagioclãsio, epidoto, zirconita, apatita,
denominado Cata Branca. Reservas de urânio sulfetos e óxidos.
e epidoto. e ouro encontram-se nas Serras da Moeda e distribuem-se ao sul de Ouro Preto, na
da Gandarela. Fontes de água quente são Serra do Itacolomi, ao norte de Ouro Branco,
Do ponto de vista estrutural, a seqüência registradas nas proximidades de Itabirito, na serra homónima, e ao norte de Mariana, Nos termos quartzíticos o manto de
Varginha-Guaxupé encontra-se balizada ao sul de Itabira e na Serra do Caraça. na Serra do Fraga. decomposição é praticamente inexistente,
e ao norte por falhas de empurrão. enquanto que nos demais é proeminente, com
O intemperismo cria nesta unidade um espesso Os tipos de rochas que compõem esta unidade espessuras variadas, atingindo localmente
manto de rocha decomposta, com preservação são: quartzitos, filitos, xistos, até 15 metros. No aspecto estrutural, o
das principais estruturas sob o manto . Associação Charnockítica - pesch quartzo-xistos e itabirito. Os minerais conjunto encontra-se extremamente dobrado,
laterítico. constituintes são: quartzo, muscovita, além de apresentar falhas de cavalgamento
Esta seqüência distribui-se numa faixa quilométricas.
sericita, óxidos de ferro, sillimanita,
contínua dê direção NNE, iniciando-se nas
Economicamente a seqüência Varginha-Guaxupé pirita e granada.
proximidades de Juiz de Fora, e indo até o Do ponto de vista econômico, a unidade
destaca-se pelas reservas de argilas,
vale do Rio Jequitinhonha. Todo o conjunto acha-se estruturado em destaca-se principalmente pela grande
utilizadas pelas olarias da região.
sinclinais, com falhas de cavalgamento de reserva de cianita e pelo grande depósito
Os tipos de rocha que compõem esta unidade direção norte-sul. O litossoma quartzítico de ilmenita. Ocorrem também faixas
. Supergrupo Minas - p8mi
são: charnockitos, granulitos, anfibolitos, apresenta pequeno manto de decomposição, manganesíferas.
dioritos, gabros, piroxenitos, migmatitos e enquanto nos outros litossomas atinge média
O Supergrupo Minas aqui descrito retrata tão quartzitos diversos. Os minerais
somente as seqüências metassedimentares e de 5 m de espessura. . Grupo Macaübas - pem
constituintes .desses tipos de rocha são
metavulcânicas do Quadrilátero Ferrífero. principalmente: quartzo, feldspato,
Ocorre ao longo das serras da Moeda, Del Os quartzitos que possuem a propriedade de Esta unidade ocorre nos flancos ocidental e
hiperstenio, mica, sillimanita, olivina,
Rei, de Itabirito, de Ouro Preto, de anfibõlio, piroxênio, zirconita e apatita. se partirem em placas são utilizados na oriental da Serra do Espinhaço,
Antônio Pereira, de Ouro Fino, do Caraça e construção civil, tanto como revestimento estendendo-se de Jaboticatubas até o norte
da Piedade. Abrange principalmente os como nas edificações de muros autodrenantes. do Estado, e penetrando em território
Esses litossomas acham-se intensamente O grupo Itacolomi destaca-se também por baiano.
municípios de Belo Horizonte, Itabira e tectonizados, principalmente segundo um
Ouro Preto. alguns jazimentos de itabiritos. Na Serra
sistema de falhas de direção SSO-NNE. de Ouro Branco ocorre mineralização de Os tipos litossomãticos dessa unidade são:
platina e ouro, com paládio e iridio. micaxistos, filitoxistos, diamictitos,
Os litossomas que constituem este supergrupo A decomposição produz um manto de 5 a 10 tilitos, metaconglomerados, pegmatitos,
são: quartzitos sericíticos, filitos, metros de espessura, onde normalmente se . Grupo São João Del Rei - p6sj xistos ferríferos e manganesíferos,
itabiritos, calcários, dolomitos, quartzitos podem observar os minerais alterados e as ritmitos, calcários, calco-xistos,
ferruginosos, filitos prateados com lentes estruturas de deformações. As rochas que compõem esta unidade metagrauvacas e quartzitos. Os principais
de itabiritos e de calcários, filitos distribuem-se segundo uma faixa de direção minerais constituintes dessas rochas são:
grafitosos e filito-xistos. Sob o ponto de vista econômico, praticamente aproximadamente leste-oeste, desde a cidade biotita, muscovita, sericita, quartzo,
Mineralógicamente, esses tipos de rochas é na faixa de migmatitos que se encontram a de Três Pontas, passando por calcita, granada, sillimanita, cordierita,
apresentam mica, argilo-minerais, óxido de suite pegmatítica, portadora de pedras São João Del Rei, e estendendo-se até as cianita, epidoto e estaurolita.
ferro, dolomita, quartzo, grafita, calcita, preciosas, feldspato, caulim e mica, proximidades de Barbacena.
hematita, sillimanita, granada, cianita e principalmente em Governador Valadares e Parte da unidade que ocorre no flanco
acessórios. Teófilo Otoni. Na região de Mar de Espanha Os tipos litossomãticos são constituídos ocidental da Serra do Espinhaço acha-se
encontram-se grandes reservas de mármore e principalmente por filitos, metassiltitos, intensamente falhada e fraturada. Essas
Todo o conjunto é dobrado em sinclinais e calcários. Na região de Ubá - Rio Pomba xistos, metagrauvacas, calcários, falhas normalmente são inversas, com direção
anticlinais, observando-se falhas de encontram-se vários jazimentos de bauxita. calcoxistos, metacongiomerados e quartzitos. aproximadamente norte-sul. O conjunto que
ocorre no flanco oriental, além de estar Esta unidade não foi submetida a tectonismo. Além dos tufos, freqüentemente ocorrem com estratificações cruzadas. O manto de
intensamente falhado e fraturado, acha-se Por isso suas camadas encontram-se arenitos e conglomerados, cuja matriz decomposição é espesso, atingindo até
freqüentemente dobrado. horizontalizadas. 0 manto de decomposição apresenta grande quantidade de cinzas 10 metros.
é praticamente nulo. vulcânicas (arenitos e conglomerados
0 manto de decomposição é mais freqüente cineríticos), e, esporadicamente, lavas
nas rochas xistosas que guardam localmente melanocráticas. A mineralogia dessas . Formação Gandarela - Tg
. Formação Serra Geral - JKsg
suas texturas e estruturas. Nas faixas rochas, genericamente, é a seguinte:
quartzosas o manto de decomposição ê As rochas que compõem esta formação quartzo, olivina, piroxenios, plagioclásios Esta bacia terciária situa-se a sudeste de
incipiente. localizam-se a sudoeste do Estado, na e minerais de argila. Belo Horizonte, próximo â cidade de
região de Sao Sebastião do Paraíso e Rio Acima. A seqüência litolõgica desta
Sob o ponto de vista econômico, destaca-se Represa de Peixoto, e na região do Esta unidade apresenta estruturas de unidade ê representada por camadas de
a produção de pedras preciosas, minerais de Triângulo Mineiro, principalmente nos correntes de acumulação de piroclastos e argilas esbranquiçadas, leitos de linhitos
lítio, feldspato, caulim, cassiterita, municípios de Sacramento, Uberaba, cinzas vulcânicas,associadas, em parte, a e folhelhos betuminosos com matéria
tantalita-columbita, principalmente na Uberlândia e Araguari, e nos vales dos estruturas sedimentares elásticas. carbonosa e linhito. Esses litossomas
região de Araçuaí, Itinga e Coronel Murta. rios Grande, Araguari e Paranaíba. mostram uma mineralogia constituída quase
Encontram-se também manganês na região de essencialmente por argilo-minerais, quartzo
Nos tufitos o manto de decomposição é
Rio Pardo e uma grande reserva de minério Os tipos litossomãticos constituintes desta e matéria carbonosa.
espesso, enquanto que nos arenitos e
de ferro na região de Porteirinha-Rio Pardo. unidade são lavas basálticas com arenitos conglomerados ê pouco desenvolvido. Embora
intercalados. Olivina, piroxênio, não estejam sendo utilizados, os tufos são Os estratos apresentam estruturas primárias
. Grupo Bambuí - pGb plagioclãsio e quartzo são os constituintes potencialmente promissores como de acamamento. Os sedimentos mostram-se
mineralógicos principais. fertilizantes. recobertos por aglomerados de argilas
As rochas que compõem esta unidade formadas pelo intemperismo e retrabalhamento
distribuem-se na regiões noroeste, norte e Trata-se de derrames de lavas estruturadas desses aglomerados. Dentre os recursos
. Formação Urucuia - Ku minerais dessa unidade destacam-se linhitos
centro do Estado. Os tipos petrográficos em estratos acamadados, localmente
que compõem esta unidade são siltitos, englobando lentes e camadas de arenitos. e matéria carbonosa.
Esta unidade morfoestratigrãfica
ardósia, filítos calcíferos, áreoslos, O manto de decomposição é normalmente distribui-se na região noroeste do Estado.
argilitos, quartzitos, calcários e dolomitos. espesso, atingindo até 30 metros nas lavas, e Constitui-se de arenitos finos a médios, . Formação Fonseca - Tf
A mineralogia dessa seqüência é representada praticamente inexistente nas lentes e arenitos caulínicos, arenitos ferruginosos e
por minerais de argila, sericita, quartzo, camadas de arenitos. conglomerado basal polimíctico. A Bacia do Fonseca situa-se no município de
muscovita, feldspato, calcita, dolomita, Alvinõpolis, ao norte-nordeste de Ouro Preto.
hemimorfita, galena, blenda, fluorita, As rochas que constituem a sequencia
apatita, wavelita, etc. , Formação Botucatu - JKb Os principais minerais dessas rochas são sedimentar dessa bacia são: conglomerados
representados por quartzitos, caulim, ferruginosos, folhelhos argilosos muito
Os litossomas desta unidade formam pequenas minerais de argila, óxido de ferro, opacos, fossilíferos, areias mecãceas, arenitos,
Dois estilos tectónicos distintos são etc.
observados no Craton do São Francisco. faixas no sudoeste do Estado, nas argilitos e folhelhos betuminosos com
Um no centro da área de ocorrência da proximidades da Represa de Jaguara. nódulos de madeira carbonosa. A mineralogia
Quanto â estrutura, caracteriza-se pela desses sedimentos ê representada por
unidade, com extensão para norte e para sul,
Sob esta denominação englobam-se forma tabular de suas camadas argilo-minerais, micas, quartzo, óxido de
seqüência estratigráfica e camadas
principalmente arenitos, siltitos, folhelhos horizontalizadas e com freqüentes ferro e materiai carbonoso.
horizontais; o outro nas faixas marginais
e conglomerados. A mineralogia dessas estratificações cruzadas.
desse craton, com seqüência estratigráfica e
camadas intensamente dobradas e falhadas. rochas é representada por quartzo, sericita Esta sequencia estratigráfica não foi
e minerais de argila. 0 manto de decomposição nas superfícies afetada por evento termodinâmico maior, e
tabulares é sempre freqüente, e por esta razão o principal aspecto
A natureza pelítica e carbonatada da caracteriza-se pelos regõlitos de areias
seqüência Bambuí favoreceu a formação de um estrutural restringe-se a estruturas
Todo o conjunto acha-se horizontalizado, inconsolidadas, e localmente por regõlitos primárias de acamamento.
espesso manto de decomposição, ao passo que argilo-arenosos.
pois trata-se de sedimentos não afetados
nas rochas de natureza quartzosa o manto de
por tectonismo, A principal característica Quanto ao intemperismo, pode-se considerar
decomposição é praticamente nulo.
dos arenitos é apresentarem-se recozidos . Formação Areado - Ka que a cobertura de canga ferrífera é o
pelos derrames de lavas basálticas, quando produto desse processo sobre o conglomerado
Sob o ponto de vista econômico, destacam-se intertrapeados. Distribui-se no centro-oeste do Estado,
as reservas de zinco na região de Vazante, ferruginoso do topo da seqüência. Linhito,
principalmente na região do vale do turfa e matéria carbonosa são os recursos
a associação chumbo, zinco e cádmio em Rio Abaeté. Caracteriza-se litologicamente
Paracatu, e as grandes reservas de calcário minerais desta unidade.
. Formação Bauru - Kb por arenitos, argilitos, folhelhos,
distribuídas principalmente nas regiões de siltitos, conglomerados com ventifactos e,
Sete Lagoas, Paracatu-João Pinheiro, . Coberturas Detríticas - Qd
Esta unidade ocorre em sua quase totalidade subordinadamente, por arenitos calcíferos.
Montes Claros, Pirapora, Januaria, A mineralogia é composta por quartzo,
na área compreendida entre os vales dos Trata-se de uma unidade areno--rgilosa
1 tacarambi e Montalvânía. O grupo rios paranaíba e Grande. seus litossomas sericita, argilo-minerais e calcita, entre
destaca-se também pelas reservas de fosfato outras substâncias. distribuída principalmente no noroeste,
são representados por arenitos, arenitos norte e nordeste do Estado. É constituída
situadas principalmente na região de cineríticos, conglomerados, âs vezes
Patos de Minas. Ocorrem ainda chumbo, zinco, por areias finas e argilas sílticas
calcíferos, lentes de calcários, siltitos e A principal estrutura desta unidade são as localmente laterizadas, âs vezes com
prata, vanádio e fluorita na região de argilitos. Entre outros, destacam-se os constantes estratificações cruzadas nos
Montalvânia, Januãria e Itacarambi. espessas cascalheiras. Essa cobertura
seguintes constituintes mineralógicos: litossomas arenosos. Normalmente o manto corresponde predominantemente a solos, em
quartzo, sericita, plagiocásio, olivina, de decomposição dessas rochas ê pouco especial ao latossolo húmico, muito
calcita e minerais de argila. desenvolvido. lixiviado.
• Fanerozõico
Essas rochas mostram estruturas sedimentares . Grupo Barreiras - Tb
Formação Itararé - Cit horizontalizadas. O manto de decomposição
nos termos carbonatados e cineríticos é O Grupo Barreiras ocorre principalmente na . Coberturas Aluvionares - Qa
Localiza-se no sudoeste do Estado, numa relativamente espesso, com cerca de região de Nanuque-Carlos Chagas, e
estreita faixa com direção norte-sul, 10 metros. Nos demais termos atinge apresenta pequenas manchas em chapadas na Os mantos aluvionares são encontrados no
passando por Monte Santo de Minas e espessura de 1 a 5 metros. Como recursos região de Araçuaí. Sob essa denominação centro do Estado, em parte da região oeste
São Sebastião do Paraíso. minerais destacam-se as jazidas de englobam-se arenitos, arenitos (Triângulo Mineiro), em toda região leste
calcários próximas ã cidade de Ponte Alta. conglomerãticos, siltitos e argilitos. (afluentes do Rio Doce e do Rio Mucuri),
Os tipos de rochas que compõem esta unidade A mineralogia dessas rochas é constituída toda região nordeste (bacia do Rio
são: arenitos, siltitos, diamictitos, . Formação Mata da Corda - Kmc principalmente de quartzo, sericita, Jequitinhonha) e região centro-norte (rios
ritimitos, conglomerados e localmente minerais de argila e óxido de ferro. das Velhas e São Francisco). Os mantos
arenitos arcosianos. Os principais Essas rochas vulcano-sedimentares ocorrem aluvionares do sul de Minas são menos
constituintes dessas rochas são quartzo, na região limítrofe das bacias dos rios Trata-se de uma unidade morfoestratigrãfica expressivos e foram trabalhados para ouro,
feldspato e minerais de argila. Paranaíba e são Francisco. em estruturas sedimentares de acamamento. por ocasião da entrada dos bandeirantes.

27 V
As coberturas aluvionares são constituídas Estas rochas constituem-se principalmente seja enquadrado na categoria de Síntese entalharaento linear por cursos d*água de
principalmente por areias, argilas e de serpentinitos, dioritos, dunitos, Geomorfolôgica. No entanto, o mapa mostra diferentes ordens de grandeza. São formas
cascalhos. Freqüentemente as partes diabãsicos, metaultrabasitos e xistos verdes. um grau de confiabilidade razoável para a características de raorfogênese úmida, e 1

argilosas adquirem espessuras consideráveis, As variações mineralógicas são inúmeras. parte obtida a partir de compilações, e que ocorrem, predominantemente, onde domina o
principalmente quando associadas a material De um modo geral estão metamorfizadas. perfaz aproximadamente 430.500 k m , ou seja, 2
intemperismo bioquímico. Nesse caso fazem
carbonoso. De um modo geral o manto arenoso O manto de intemperismo costuma ser espesso, aproximadamente 2/3 da área do Estado. parte de um domínio morfoclimático que 2

é pouco espesso, enquanto as cascalheiras e como resultado extremo aparece um solo Trata-se de áreas anteriormente mapeadas com ocupa extensas áreas no Estado, e ê
atingem metros de espessura. avermelhado, bastante utilizado para a utilização de fotografias aéreas verticais caracterizado pela vegetação florestal (que,
agricultura. em preto e branco, escala 1:60.000 e/ou todavia, foi destruída em sua
Os recursos minerais explorados são: imagens de radar escala 1:250.000, onde a maior parte). Fora desse domínio
diamante e ouro no norte e nordeste do As principais mineralizações são de talco e fotointerpretação foi seguida de controle de explicam-se as formas fluviais como
Estado; diamante, no oeste; ouro, cromita. Mineralizações de metais nobres campo ao longo de itinerários pré- resultantes de recuos de cabeceiras de
principalmente na região central; pedras como ouro, prata, platina e paládio estão -determinados. Para os 145.500 k m 2
drenagem ocorridos no passado geológico
preciosas e gemas de um modo geral, no de um modo geral relacionadas âs rochas restantes, a precisão dos resultados ê recente, como reflexos de reencaixamentos
nordeste e leste; cassiterita e columbita- básicas. menor, por se basear apenas em imagens dos cursos d'água principais. As variedades
-tantalita, no centro-sul, no leste e no LANDSAT II na essala 1:500.000, e por não mais comuns de formas de dissecação fluvial
nordeste de Minas Gerais. Em sua maioria esses tipos de rochas básicas terem sido realizados trabalhos de campo. são: cristas, pontoes, colinas com vales
e ültrabãsicas são utilizadas "in natura", A Figura 4.2 mostra as áreas onde foram encaixados ou de fundo chato e vertentes
• Rochas intrusivas principalmente para confecção de peças feitas compilações e a parte onde os dados ravinadas.
artesanais. A rocha básica ê também muito foram extraídos exclusivamente de imagens
. Rochas Alcalinas - utilizada como leito de fusão em altos- LANDSAT.
As formas de dissecação e acumulação
-fornos. correspondem, em geral, às áreas rebaixadas
As rochas alcalinas ocorrem principalmente Figura 4.2. índice dos elmentos utilizados por erosão fluvial, onde se encontram
sob forma dlapírica, e se localizam em . Granitos Intrusivos - 6 no mapeamento geomori depósitos detríticos não consolidados.
Poços de Caldas, Tapira, Araxá e Constituem, portanto, formas compostas, como
Passa Quatro. Esta seqüência, de idade Localizam-se principalmente nos extremos os terraços, os vales colmatados e as formas
paleozoica, possui aspectos bastante nordeste e sudoeste do Estado, aflorando nas de exsudação do tipo veredas e depressões de
diversos das rochas também de decomposição proximidades de Conselheiro Pena, Nanuque, fundo chato.
alcalina, encontradas no embasamento Joalma, Itaobira, Pedra Azul, Santo Antônio
cristalino. do Jacinto e Coronel Murta. As formas de aplainamento originaram-se de
processos de erosão areolar típicos de
Os principais litossomas das alcalinas, que Constituem-se principalmente de climas semi-áridos, domínio da morfogênese
possuem formas diapíricas, são: sienitos granodioritos, quartzomonzonitos, tonalitos mecânica, caracterizada pelo desgaste físico
nefelínicos, foiaitos, fonolitos, tingualitos, e dioritos. Ocorrem ainda granitõides das rochas. Ocupam grandes extensões do
laujaritos, carbonatitos, brechas e tufos porfirõides de granulação média a grosseira. Estado, mas não integram um domínio
vulcânicos. Variedades como chimbinito, Compõem-se essencialmente de k-feldspato, morfoclimático em toda a sua área de
pseudo-leucita, tinguaito e analcita- quartzo, plogioclãsio, biotita e muscovita. ocorrência, visto que, em sua maior parte,
-tinguaito também ocorrem nesta unidade. Corpos pegmatíticos são freqüentes nos constituem paleoformas, isto ê, são formas
granitos do nordeste do Estado. herdadas de processos paleoclimãticos que
De um modo geral o intemperismo nestas Estruturalmente apresentam aspecto maciço. atuaram em períodos geológicos anteriores ao
seqüências atinge profundidades superiores O manto de intemperismo dessas rochas Holoceno (são terciárias e pleistocênicas em
a 100 metros. Em Tapira e Araxá é raro intrusivas é pouco espesso, com total sua grande maioria).
identificar-se rocha totalmente sã, o que predominância de exposição de rocha sã.
já acontece em Poços de Caldas e Com a convenção referente âs formas de
Passa Quatro. aplainamento, foram englobadas as seguintes
variedades: superfícies tabulares de
No Planalto de Poços de Caldas e em
Passa Quatro, o intemperismo propiciou
4.2. Relevo diferentes tipos, pedimentos, rampas de
colüvio coalescentes, superfícies aplainadas
condições especiais para aí se concentrarem e patamares pedimentados.
as melhores jazidas de bauxita do Estado. 4.2.1. Introdução P r o j e t o PLAN0R0ESTE I I - E s c a l a l i 5 0 0 000 - CETEC - 1980
Em Poços de Caldas ainda existem as As formas mistas de aplainamento e
seguintes mineralizações: argilas de Os estudos geomorfológicos, neste trabalho, dissecação fluvial são, na realidade,
I ~] P r o j e t o J e q u i t i n h o n h a - E s c a l e 1:500 000 - CETEC - Inédito
diversas qualidades, porém destacando-se as tiveram como objetivo caracterizar as grupamentos de formas contrastantes,
refratarias, que de modo geral situam-se ao grandes unidades de relevo, com seus morfológica e morfogeneticamente reunidas em
longo dos cursos d'água; jazidas de principais grupamentos de formas e seu toSèO Proàeto Rtàar/MG - EtctU 1:500 000 - ¡6A - 1977 função das limitações impostas pela escala
zircônio, encontradas sob a forma de veios, significado dentro das paisagens naturais. de representação.
depósitos aluvionares e eluvionares; tório
e terras raras associadas a veios de 0 relevo constitui um elemento fundamental I n t e r p r e t a ç ã o de l a a g e n s L n d s . t II • ( I d a ):Í00 Abrangem os grupamentos de formas tabulares,
magnetita, que cortam as alcalinas urbano- para a compreensão das inter-relações entre restos de- pedimentos e patamares rochosos
-molibdenífera. Esta mineralização consiste as estruturas rochosas, o clima, a com vertentes ravinadas e vales encaixados;
em uma brecha de tinguaito, com fluorita, O Mapa 2 sintetiza os fatos geomorfolõgicos
topografia, a vegetação, a hidrografia e o através de divisões-chaves, representando grupamentos de cristas e formas tabulares
pirita, minerais de molibdênio de urânio, solos, e da forma como esses fatores com vertentes ravinadas e vales encaixados;
vanadio e argila. as formas fluviais, de aplainamento, mistas
condicionam ou influenciam as atividades de aplainamento e dissecação fluvial, e as colinas com rampas de colüvio coalescentes;
humanas. formas cársticas. Visando uma melhor superfícies onduladas.
A estrutura alcalina de Araxá possibilitou a compreensão da dinâmica do relevo, foram
mineralização da maior jazida de nióbio do A configuração dos condicionamentos usados também alguns símbolos convencionais
mundo, além da mineralização de geomorfolõgicos do espaço geográfico leva ao em geomorfologia e pontos cotados.
consideráveis reservas de apatita, tório e conhecimento de algumas das chaves
urânio. necessárias para a compreensão e avaliação
do impacto ambiental provocado pelas C o n j u n t o de processos e v o l u t i v o s das
atividades humanas. Do ponto de vista formas de relevo resultantes das inter-
. Rochas Básicas e ültrabãsicas - 0
geomorfolõgico, a caracterização das formas 4.2.2. Formas de relevo -relações entre o clima e a cobertura
de relevo ê essencial para a identificação vegetal
Ocorrem em quase todo o Estado, porém
destacaram-se somente as mais expressivas, de áreas de desequilíbrio ambiental e de Entre as formas fluviais, distinguem-se duas
localizadas no centro-sul e centro-norte de equilíbrio precário. categorias: as de dissecação e as mistas de S i s t e m a d e f o r m a s d e r e l e v o q u e se
Minas Gerais. No sudoeste mineiro, na dissecação e acumulação. a s s e m e l h a m e se o r i g i n a m b a s i c a m e n t e do
cidade de Pratãpolis, destaca-se o complexo Ressalvam-se as limitações impostas pela m e s m o c o n j u n t o de processos e v o l u t i v o s
ultrabásico mineralizado em níquel. escala, que fazem cora que o mapa apresentado As primeiras são resultantes do trabalho de derivados do clima.
As formas cársticas originam-se de processos estruturas geológicas pouco ou nada com sua morfologia peculiar, predominam no Essas áreas alternam-se com zonas dissecadas
de dissolução e/ou corrosão e escoamento influíram na conformação do relevo- restante da depressão, formas aplainadas, que acompanham os rios principais e seus
subterrâneo. Constituem, em Minas Gerais, superfícies onduladas e pedimentos ravinados. afluentes, onde predominam vertentes
uma morfologia peculiar ãs áreas onde Realmente, mesmo considerando-se a existência ravinadas e vales encaixados, cristas,
ocorrem calcários. Apresentam-se comumente de vastas áreas dissecadas e rebaixadas do As extensas áreas rebaixadas mostram colinas e pontões. De 0 para E, as
como depressões do tipo "dolina", "uvala" embasamento cristalino, bem como de amplas altitudes predominantes em torno de 500 m. vertentes pedimentadas são substituídas
ou "poljê" e como elevações em platõs e depressões interplanaiticas desenvolvidas No contato com os escarpamentos ocidentais gradativamente por vertentes elaboradas sob
verrugas. ao longo de alguns cursos d'água, a visão da Serra do Espinhaço, predominam colinas e clima mais úmido, com ravinas e vales
de conjunto possibilitada pela correlação cristas com vertentes ravinadas e vales encaixados, onde são generalizados os
dos mapas geomorfolõgico e geológico do encaixados. depósitos de talus. Na região de Medina a
As formas mistas de aplainamento e dissecação deu origem a pontões, mornes
dissolução correspondem âs áreas onde as Estado, torna evidente a influência da
estrutura geológica, ou sejam, os Tanto em seus contornos gerais, como nas (colinas rochosas), cristas e vales
formas cársticas alternam-se ou coexistem alveolares.
com formas de aplainamento originadas de condicionamentos geológicos. Pode-se mesmo reentrâncias que apresenta no interior dos
pedimentação. afirmar que, se algumas unidades compartimentos de relevo mais elevados, a
geomorfolõgicas tem origem morfoclimãtica, formação da depressão sugere um . Setor Rio pardo
Para caracterizar a dinâmica do modelado do outras, na verdade, são essencialmente desenvolvimento originalmente linear,
relevo, foram utilizados símbolos morfoestruturais. controlado pela drenagem principal. A bacia do Rio Pardo apresenta relevo plano,
geomorfolõgicos indicativos de escarpas caracterizado por uma superfície de
(diferentes tipos); "fronts de C u e s t a " ; !
Constata-se, em síntese, que as cotas Os relevos cársticos ocorrem aplainamento bem preservada, evoluída no
"bogback" ; alinhamentos de cristas,
2
altimétricas mais elevadas, os grandes predominantemente concentrados na parte NE período Terciário. As altitudes
gargantas de superimposição; anticlinal escarpamentos, as cristas mais extensas e, da depressão, sobretudo em torno de dominantes estão entre 900 e 1.070 m.
esvaziado e sinclinal suspenso (originam-se enfim, a orientação e disposição geral do Januãria, Itacarambi e Barreiro da Jaíba.
de formas estruturais topograficamente relevo relacionam-se com as macroestruturas As ocorrências cársticas esparsas são locais As planícies são estreitas e contínuas no
invertidas pela erosão); sumidouro; geológicas, enquanto a tipologia geral das e não se apresentam como um carste típico. alto vale do Rio Pardo e seus afluentes, e
ressurgência e captura fluvial. Ao lado formas foi e continua sendo determinada por não se verificam mais a partir de 1 km
destes símbolos figuram outros mais processos erosivos de origem climática e/ou O exame dos depósitos de enchimento de abaixo da confluência do Rio São João do
elementares, como os limites de áreas e os pelas diferentes litologias. Também os dolinas, encontrados nas imediações de Paraíso, onde o Rio Pardo passa a correr
pontos cotados. Esses pontos foram limirtes das principais "massas" de relevo Janaúba, revelou uma fase de carstificação encaixado em leito rochoso.
distribuídos de modo mais ou menos sãO essencialmente erosivos, salvo nos anterior ao recobrimento da área pelos
sistemático, tanto para representar as casos em que existem sugestões de depósitos coluviais que revestem uma
altitudes predominantes em cada influência de tectonismo põs-cretãcicos na superfície de aplainamento pleistocênica. • Depressão do Jequitinhonha
compartimento de relevo, como para sugerir evolução geomorfológica, como no caso das
o desnível das escarpas. serras do Espinhaço e da Mantiqueira. O carste"ao norte de Belo Horizonte ê Corresponde a uma faixa de áreas rebaixadas
caracterizado por verrugas, torres e ao longo do Rio Jequitinhonha e alguns de
escarpas isoladas, intercaladas com seus afluentes. Apresenta altitudes que
cóncavo-convexas. Sob a influência de variam em torno de 400 m, com um caimento
4.2.3. Evolução geomorfológica 4.2.4. Unidades geomorfológicas intemperismo químico e bioquímico, os gradativo para leste, atingindo 150 m nas
proximidades de Salto da Divisa.
afloramentos calcários adquirem a forma de
Ressaltadas as formas cársticas, lapiez e caneluras. 0 carste dessa região A depressão perde sua continuidade ao sul
relacionadas com litologia muito específica, • Planalto do Sao Francisco de Barra de Salinas, num trecho de
ê caracterizado como "carste coberto", que
e alguns tipos de formas condicionadas pela não é muito comum em região tropical. aproximadamente 10 km, onde o Rio
estrutura geológica, a evolução Ê formado por superfícies tabulares Jequitinhonha se apresenta encaixado no
geomorfológica do território mineiro foi (chapadas com coberturas sedimentares planalto. Outros estrangulamentos foram
marcada predominantemente por processos de predominantemente arenosas), delimitadas observados, coincidindo com afloramentos
aplainamento e de dissecação fluvial. Os geralmente por rebordos erosivos bem * Cristas de Unaí quartzíticos. A depressão apresenta
processos de aplainamento(característicos marcados, recobertas por vegetação do tipo alargamentos maiores no baixo curso dos
de clima com regimes torrenciais), cerrado e entrecortadas por cabeceiras de São alinhamentos de cristas de orientação rios Araçuaí, Setúbal e Piauí, a jusante
essencialmente do tipo pedimentação, drenagem pouco aprofundadas, regionalmente geral NNO-SSE, intercalados com áreas de Almenara.
atuaram sobretudo no Terciário e no conhecidas como veredas. rebaixadas e aplainadas. Caracteriza-se
Pleistoceno, embora mais restritamente ainda como um relevo do tipo apalacheano: as
cristas são constituídas por quartzitos, e Caracteriza-se por uma superfície de
continuem atuantes em trechos do norte, Podem-se distinguir dois níveis de relevos aplainamento (do pleistoceno) dissecada em
nordeste e noroeste do Estado. Por outro tabulares: um com altitudes que variam de correspondem aos núcleos de anticlinais
colinas de topo aplainado, vales de fundo
lado, a morfogénese atual e favorável â 800 a 1.000 m; o outro ocorre em cotas truncadas pela erosão; os vales principais chato e interflúvios tabulares. Trechos
dissecação fluvial na maior parte da área. altimétricas que variam de 600 a 800 metros. seccionam as estruturas em gargantas de mais preservados são encontrados em torno
São relevos residuais posicionados entre superimposição; a drenagem secundaria, da cidade de Araçuaí e nos interflúvios dos
Em linhas bastante genéricas, pode-se dizer cursos d'água de drenagem do Rio sobretudo a rede de afluentes do Rio Preto, rios Setúbal, Calhauzinho e Piauí. Na
que o relevo de Minas Gerais, caracterizado São Francisco, elaborados sobre rochas do desenvolveu-se principalmente no interior confluência do Rio Piauí encontram-se formas
por planaltos, depressões e áreas Supergrupo São Francisco, e apresentam uma de sinclinais. As cristas que apresentam onduladas com restos dos depósitos coluviais
dissecadas, resultou de uma alternância de homogeneidade relativamente grande, topo aplainado estão eventualmente de superfície de aplainamento, intercalados
atuação de processos morfoclimãticos, sobretudo quando se consideram as extensas recobertas por formações superficiais com pedimentos, rampas de colúvio, terraços
favoráveis ora â elaboração de extensos áreas abrangidas. arenosas e planícies fluviais holocênicas.
plainos (superfícies de aplainamento), ora
ao entalhamento linear (aprofundamento dos • Depressão Sanfranciscana
cursos d'água). • Serra do Espinhaço
Desenvolveu-se ao longo da drenagem do Rio • Planalto Jequitinhonha-Rio Pardo
A topografia atual não resulta simplesmente São Francisco, inicialmente nos vales dos Essa unidade geomorfológica localiza-se na
da atuação de processos morfoclimáticos, grandes rios orientados por fraturas, . Setor Jequitinhonha parte central de Minas Gerais, e apresenta
embora guarde evidências bastante alargando-se posteriormente por processos de um desenvolvimento longitudinal; limita-se
expressivas nos topos das chapadas, de aplainamento. Nos trechos situados ao Abrange a maior parte do médio vale do Rio ao sul com o Quadrilátero Ferrífero e ao
períodos de aplainamento em paleoclimas longo dos rios Urucuia, Paracatu e Jequitinhonha, até as proximidades da norte ultrapassa a divisa do Estado,
semi-áridos (pediplanação), onde as São Francisco, a depressão e interplanáltica confluência do Rio São Miguel, na localidade prolongando-se pelo interior da Bahia.
e sua elaboração determinou a fragmentação de Jequitinhonha. A Serra do Espinhaço constitui divisor de
do Planalto do São Francisco. Na bacia do ãguas entre as bacias dos rios
1
Rio Verde Grande é tipicamente periférica â Compõe-se de áreas aplainadas, limitadas São Francisco/Pardo e São Francisco/
Relevo em estrutura monoclinal com caimento Bacia Sedimentar Bambuí. O piso da depressão por rebordos erosivos bem marcados, Jequitinhonha, no norte; e divide as bacias
suave . mostra uma variedade de aspectos litolõgicos denominadas regionalmente de "chapadas", dos rios Jequitinhonha e Doce, no leste.
que em nada condiz com a quase ausência de com altitudes mais freqüentes de 900 m, mas As cotas altimétricas predominantes estão
2
R e 1 e v o em e s t r u t u r a monoclinal com caimento variações topográficas de expressão atingindo cotas de 1.000 a 1.200 m em seus entre 1.000 e 1.300 m, sendo que ao sul
acentuado. regional. A exceção das áreas cársticas. setores oeste e sudoeste. freqüentemente ultrapassam 1.400 m.

29
Constitui-se,em sua maior p a r t e , de formas Observa-se nesta unidade a ocorrência do Planalto Jequitinhonha-Rio Pardo, com as proporcionou a ampliação das bacias de
de dissecação em rochas do Supergrupo freqüente de áreas endorréicas ou de formas cõncavo-convexas dos Planaltos drenagem para o interior, o que fez recuar
Espinhaço e r e s t o s de a n t i g a s superfícies endorreísmo parcial, algumas das quais Dissecados. Esse trecho do planalto a escarpa da Mantiqueira para oeste.
de aplainamento. As áreas a p l a i n a d a s correspondem atualmente a sítios de apresenta um caimento de oeste para leste, "As fraturas que franquearam a passagem dos
aitGrnam-se com picos e cristas elaboradas barragens. com altitudes que variam de 400 a 800 m. grandes rios não são mais observáveis
em quartzitos, e com grandes escarpamentos porque a erosão já alargou muito os vales.
geralmente orientados por fraturas. Algumas das escarpas que delimitam o No setor meridional, os Planaltos Dissecados Sõ a direção desses rios sugere a direção
Quadrilátero Ferrífero, elevadas centenas apresentam contato particularmente nítido geral das fraturas" (84).
Em quase toda a extensão da borda ocidental de metros acima das cotas médias das com a Serra do Espinhaço, Serra da Canastra,
da serra, observa-se uma sucessão de unidades vizinhas (escarpas do Caraça, por Quadrilátero Ferrífero e com as depressões Predominam nesta unidade formas de relevo
escarpas escalonadas, do tipo escarpa de exemplo), sugerem que não somente os vizinhas, excetuando-se alguns trechos de em colinas cóncavo-convexas, amplas
linha de falha. A borda oriental é também processos erosivos, mas também os movimentos Depressão do Rio Grande, onde se observa planícies aluviais e alinhamentos de cristas
limitada por escarpamentos descontínuos, tectónicos pos-cretácicos, atuaram na uma grande semelhança entre as' formas de isoladas, encontradas em dois níveis de
parcialmente desfigurados pela drenagem do evolução geomorfolõgica da área (8), (59). relevo e as cotas altimétricas das duas antigas superfícies de aplainamento:
Rio Jequitinhonha. 0 trecho sul mostra uni dades.
intensa dissecação fluvial, que resultou em • Depressão do Rio Doce - "Superfície de Leopoldina"(74), que
alinhamentos de cristas com direções N-S e Embora não seja tão marcante como no setor corresponde aos topos entre 300 e 400 m
NNO-SSE. Trata-se de uma área rebaixada e dissecada, leste, observam-se nesta área de altitude, onde predominam cristas e
situada ao longo dos vales dos rios Doce, condicionamentos tectónicos na conformação colinas, com vales de fundo chato.
Essa unidade geomorfolõgica abriga Suaçuí Grande, Urupuca e Manhuaçu, com do relevo, determinando uma adaptação Envolvendo esta superfície existe um nível
importantes aqüíferos fraturados que variação altimétrica de 450 a 1.000 m. parcial da drenagem e um alinhamento de de topos, bem regular, entre 450 e 500 m,
originam numerosas nascentes, entre as quais cristas segundo as direções preferenciais identificado com a "Superfície de
se encontrara as cabeceiras do Rio E caracterizada por colinas com vales de do Pré-Cambriano. Guarani-Rio Novo" (84). Esse nível
Jequ it inhonha. fundo chato, planícies fluviais colmatadas, regular se verifica em Carangola, nas
rampas de colüvio e lagos de barragem As altitudes são muito variáveis. Na zona serras a leste de Leopoldina (Serra das
(naturais). de encosta da Mantiqueira e Serra do Virgens), em Ubá e Visconde do Rio Branco.
Em seu trecho meridional se destaca a
Espinhaço, encontram-se cristas a 1.000 e O relevo ali é fortemente ondulado, com
ocorrência do conglomerado diamantífero Sopa,
• Planaltos Dissecados do Centro Sul 1.200 m, sendo que nos vales a altitude vales encaixados.
sob a cobertura detrítica de uma superfície
de aplainamento do período Terciario. e do Leste de Minas varia de 750 a 800 m.
• Serra da Mantiqueira
• Quadrilátero Ferrífero Esta unidade de relevo ocupa grande Nas proximidades de Santos Dumont, os
extensão no Estado de Minas Gerais, planaltos apresentam um desnivelamento Esta unidade estende-se a partir das
0 Quadrilátero Ferrífero constitui uma área Estende-se desde as proximidades da Serra erosivo originado do recuo de cabeceiras cabeceiras do Rio Camanducaia, no sul do
com características geomorfolõgicas da Canastra, no sul, por todo o leste e dos rios Xopotõ e Piranga, e das bacias dos Estado, pela divisa de Minas Gerais com
peculiares no Estado de Minas Gerais. extremo nordeste, ultrapassando os limites rios Doce e Paraíba do Sul. São Paulo e Rio de Janeiro,e prossegue de
Localiza-se na parte meridional da Serra do estaduais. modo descontínuo ao longo da fronteira
Espinhaço, entre a Depressão Sanfranciscana • Zona Rebaixada do Mucuri entre Minas Gerais e Espírito Santo.
e os Planaltos Dissecados do Centro Sul e Engloba parte do médio vale do Rio A partir das cabeceiras do Rio do Peixe,
do Leste de Minas. Apresenta altitudes Jequitinhonha, as cabeceiras do Rio Mucuri Trata-se do prolongamento de uma extensa afluente do Paraibuna, o bloco maciço da
médias em torno de 1.400 - 1.600 m. e a maior parte da bacia do Rio Doce, onde superfície sub-litorânea observada na foz Mantiqueira bifurca-se: uma faixa de
ó dividida pela Depressão Interplanãltica dos rios Jequitinhonha, Doce e elevações prossegue até Juiz de Fora, e a
do Rio Doce. Paraíba do Sul. Sua penetração em Minas se outra até as proximidades de Santos Dumont.
Encontram-se no Quadrilátero as nascentes
do Rio das Velhas, da drenagem do faz através do Rio Mucuri e seus afluentes.
São Francisco, bem como as nascentes do Os Planaltos Dissecados abrangem grande Caracteri za-se como uma zona rebaixada, Interrompida a nordeste de Juiz de Fora
Rio Piracicaba, um dos principais afluentes parte do interflúvio das bacias dos rios embutida nos Planaltos do Leste de Minas, pela Depressão do Paraíba do Sul, ressurge
do Rio Doce. São Francisco e Grande, e a maior parte das com caimento em direção ao Oceano Atlântico. na região de Astolfo Dutra, onde ê
encostas das serras do Espinhaço e da atravessada pelo Rio Pomba. Este segundo
0 condicionamento estrutural do relevo ê Mantiquei ra. Com exceção de um pequeno trecho próximo a bloco de elevações prolonga-se até as
marcante nessa unidade, e determinou a Nanuque, onde predominam as formas de nascentes do Rio Matipó. Participando desse
existência de formas de relevo invertido do A dissecação fluvial atuante nas rochas aplainamento, a superfície se caracteriza mesmo sistema de cristas e vales de
tipo sinclinal suspenso e anticlinal predominantemente granito-gnáissicas do por formas de dissecação fluvial do tipo alinhamento geral norte-sul, ocorrem ainda
esvaziado, elaboradas sobre estruturas embasamento Prê-Cambriano, resultou em colinas de topo aplainado, com altitude três blocos isolados, paralelos. O mais
dobradas. São comuns também as cristas formas de colinas e cristas com vales média de 200 m e vales de fundo chato. oriental, na divisa com o Estado do
estruturais do tipo "hogback" (monoclínal) encaixados e/ou de fundo chato, de maneira Espírito Santo, constitui a Serra do
e extensos escarpamentos erosivos, muitos generalizada em toda a extensão dos Alguns afluentes do Rio Mucuri apresentam Caparão, onde está situado o pico da
dos quais condicionados por linhas de falha. planaltos. planícies alveolares, não representadas no Bandeira, ponto culminante do Estado, com
Mapa Geomorfolõgico, dada a limitação da 2.890 m. Os outros dois blocos se
escala. interrompem, um ao sul de Manhuaçu, e o
Entre as rochas não controladas pela No setor leste, a dissecação fluvial
outro, mais a oeste, ao sul de Caratinga.
estrutura, predominam as cristas com produziu um relevo peculiar em afloramentos
vertentes ravinadas e vales encaixados,e as rochosos: os pontoes e mornes, que ocorrem • Depressão do Rio Paraíba do Sul
colinas com vales de fundo chato. isolados, assoeiados ãs colinas, ou em Nesses prolongamentos da Serra da
grupamentos. Os principais grupamentos de A Depressão do Rio Paraíba do Sul estende-se Mantiqueira, caracterizados por formas de
pontões relacionam-se com a rede de fraturas do baixo curso do Rio Paraibuna até uma relevo muito dissecadas, é identificada uma
No interior de sinclinais suspensos, foram e falhas de direção NE, e estão orientados área ao norte do Rio Muriaê, prolongando-se, série de topos nivelados em torno do
preservados nítidos vestígios da atuação nas mesmas direções dos fraturamentos. a leste, pelo Estado do Rio de Janeiro. 800-900 m, originada do desmonte erosivo de
de paleoclimas semi-áridos, tais como Alguns trabalhos correlacionam os pontoes Para o interior do Estado de Minas Gerais uma superfície de aplainamento denominada
pedimentos e "paleoplayas" . Essas 1

ãs zonas intermediárias que escaparam a uma evolui ate ^s escarpas da Mantiqueira, ao "Superfície de Ervãlia" (74), encontrada
paleoformas, datadas do período Terciário/ fraturação tectônica (14). norte de Visconde do Rio Branco (Serra de também nas proximidades de Manhuaçu,
Quaternário, foram preservadas São Geraldo). Em direção ao centro do Espera Feliz e Juiz de Fora.
principalmente pela proteção exercida por Estado alonga-se pelos vales dos rios
crostas ferruginosas (9) que ocupam extensas Entre as características morfológicas do
setor leste dos Planaltos Dissecados, Pomba e Novo. As formas de relevo se caracterizam ora por
áreas no Quadrilátero Ferrífero.
destacam-se os alinhamentos de cristas na escarpas, muitas delas envolvendo anfiteatros
direção geral N-S, interceptados pela Os rios que abriram a Depressão (Paraibuna, de drenagem, cristas subparalelas, vertentes
drenagem do Rio Doce e afluentes. Pomba e Muriaé) atravessam retilíneas, vales encaixados e orientados
perpendicularmente alinhamentos de cristas por fraturas na direção ENE-OSO, ora por
O contato com o Planalto Jequitinhonha é NE-SO, acompanhando fraturas de direção altas colinas, de topos arredondados,
An t i g a s d e p r e s s õ e s f o s s i l i z a d a s por gradativo, havendo interpenetrações de topos NO-SE. Devido a essa barreira de cristas, vertentes cóncavo-convexas e drenagem
d e p ó s i t o s c o l u v i o - a l u v i a i s. com coberturas detríticas - característicos a erosão remontante ao longo dos vales dendrítica. A Serra da Mantiqueira

30
apresenta as altitudes médias mais elevadas entre 1.000 e 1.450 m e predomínio das relevo de colinas, com altitudes dominantes basaltos. Esses efeitos de erosão
do Estado, entre 1.200 e 1.800 m. cotas acima de 1.300 m. em torno de 800 m. Nesse setor encontram-se diferencial estão relacionados com o
as barragens de Peixoto e de Estreito, e a desenvolvimento de depressões periféricas
Os topos mais elevados (1.700-1.800 m) estão Situada no interflúvio dos rios conformação é alongada, com disposição geral na borda da Bacia Sedimentar, e com a
nas bordas do Planalto de Campos do Jordão São Francisco, Paranaíba e Grande, esta NO-SE. configuração de "fronts de cuesta".
c das serras do Itatiaia e Caparão. unidade geomorfolõgica apresenta-se
Identificam-se como restos da superfície geralmente envolvida por altos e extensos O setor noroeste da Depressão do Rio Grande Em Minas Gerais o planalto ocupa todo o
denominada "Superfície de Altos Campos" (61) . escarpamentos, a maioria deles controlada é interplanãltico, e seus limites em Triângulo Mineiro, onde apresenta um
Nesses níveis mais elevados ocorre, por fraturas e falhas de direções gerais Minas Gerais são pouco nítidos, apresentando, caimento E-O de 1.000 m para 450 m, e parte
localmente, uma morfologia contrastante com NO-SE e E-O. por vezes, passagens gradativas para os do sudoeste do Estado, a margem esquerda
as formas típicas do modelado tropical, compartimentos mais rebaixados do Planalto do Rio Grande. Seus limites setentrionais
dominantes nas ãreas adjacentes. Essa Embora com predominância de formas de da Bacia Sedimentar do Paraná. As altitudes são, pois, a Depressão do Paranaíba (tipo
morfologia exótica tem sido interpretada dissecação fluvial, a parte setentrional ê predominantes na área variam entre 550 e periférico), a Depressão do Rio Grande
como reflexo de processos morfogenêticos mais compacta como grande compartimento de 580 m, sobre formas mistas de aplainamento (parcialmente periférica, no trecho ao sul
periglaciais que ali teriam atuado durante a relevo, destacando-se morfologicamente pelas e dissecação fluvial. da Serra da Canastra) e a extremidade norte
última glaciação do Quaternário (29). cristas semicirculares que envolvem a da Depressão Periférica Paulista.
J
A preservação do modelado periglacial chaminé alcalina de Tapira, pela grande
explicar-se-ia, nesse caso, pelas condições escarpa voltada para a Depressão do • Depressão do Paranaíba
No interior do planalto predominam as
climáticas locais, que favorecem a Rio Quebra Anzol, que 5 o setor sul da Desenvolve-se na borda da Bacia Sedimentar formas mistas de aplainamento e dissecação
desagregação mecânica das rochas,devido a Depressão do Paranaíba, e pelo Chapadão da do Paraná, nos vales do Rio Paranaíba e fluvial, sendo freqüentes também as formas
ação do gelo e degelo que ainda ocorre na Zagaia, extensa superfície tabular disposta seus afluentes Araguari e Dourados, tabulares do tipo mesa, sobretudo no
área (clima tropical de altitude ou na direção geral E-O, que se interrompe ao caracterizando-se como depressão periférica. interflúvio Rio Paranaíba-Rio Grande.
subtropical). norte também por uma escarpa controlada por Ao longo da Depressão do Paranaíba, Entre os afluentes desses dois rios que
falha. Ao sul, o chapadão é envolvido por predominam as formas de aplainamento e as retrabalham o Planalto, destacam-se o
O maciço de Itatiaia constitui, junto com o escarpa erosiva abrupta e bastante elevada, mistas de aplainamento e dissecação Araguari, o Tijuco e o Prata.
de Passa Quatro, uma das maiores ãreas de em cuja terminação SE encontra-se a queda fluvial; no restante da área ocorrem
inclusão de rochas alcalinas do Estado, d'água conhecida como Casca d'Anta, famosa sobretudo formas de dissecação fluvial. • Depressão Periférica Paulista
separadas por faixas gnãissicas, o que por sua beleza e por ser a nascente do
também gerou diferenças morfológicas nessas Rio São Francisco. A analise do mapa geomorfolõgico sugere que Esta unidade, prolongamento da depressão
ãreas. a depressão desenvolveu-se originalmente em caracterizada no Estado de São Paulo,
A parte meridional é constituída por três setores bem individualizados, controlados ocupa uma área restrita do sul de Minas, na
• Planalto Dissecado do Sul de Minas blocos de relevo e alguns grupamentos de pela drenagem principal, tendo-se ampliado região de Guaxupé. Predominam ali colinas
cristas de menor expressão. Nessa área é posteriormente, através de rebaixamento de de topo aplainado, elaboradas em rochas
Localizado no extremo sul do Estado, maior o controle pelas estruturas dobradas interflúvios, bem como do englobamento de migmatizadas e granitizadas do Complexo
estende-se para norte em direção â Serra da e metamorfizadas do Grupo Canastra na processos locais de desnudação periférica, Varginha-Guaxupé, com altitude média entre
Canastra, e tem como limites na parte conformação do relevo, embora as linhas de como os que se verificam em torno da chaminé 800 e 900 m.
ocidental o prolongamento da Depressão falhamentos antigos tenham também nítica vulcânica de Serra Negra. Essa interligação
Periférica Paulista e o Planalto da Bacia influência na evolução geomorfolõgica, de compartimentos rebaixados de relevo é, Caracteriza-se como depressão periférica â
Sedimentar do Paraná. Seus limites a leste sobretudo no controle da drenagem que isola alias, aproveitada pelo entroncamento Bacia Sedimentar do Paraná, estando
são descontínuos, estando o planalto os blocos. Foi, aliás, a partir dessa rodoviário em Patrocínio, num trecho em que limitada a leste pelo Planalto Dissecado do
fragmentado em blocos, devido a abertura da drenagem, que ocorreram interpenetrações de a depressão apresenta altitude média de Sul de Minas.
Depressão do Rio Grande e ao trabalho outra unidade geomorfolõgica na área: a 900 m.
erosivo de seus principais afluentes da Depressão do Rio Grande, que delimita a
margem esquerda, os rios Sapucaí e Verde. Serra da Canastra ao sui e sudoeste. As
demais unidades confrontantes são: a
O Rio Quebra Anzol, afluente do Rio Araguari
pela margem direita, evidencia o controle
4.3. Solos
Distingue-se nesse planalto, a área elevada Depressão Sanfranciscana e o Planalto do estrutural pelas camadas da bacia sedimentar
(1.500-1.800 m) do maciço alcalino de São Francisco, a nordeste; e a Depressão do do Paraná, na "percêe" cataclinal (garganta 4.3.1. Introdução
Poços de Caldas, em forma dômica, Paranaíba e o Planalto da Bacia Sedimentar afunilada) que secciona o primeiro "fronts
individualizado pelas cristas e escarpas do Paraná, a norte e noroeste, de cuesta" da borda do planalto.
1
Iniciados com as descrições de viajantes
abruptas, semicirculares, que o delimitam. respectivamente. como A. Saint Hilaire, C.F. Martins,
"Em conseqüência da elevação do domo de No baixo vale do Rio Paranaíba a depressão E. Warming, H. Smith, dentre outros, os
Poços de Caldas, as ãreas vizinhas de Depressão do Rio Grande apresenta trechos mais estreitos, variando estudos sobre os solos de Minas Gerais não
Poço Fundo e Campestre aparecem recortadas entre 400 e 600 m, e que foram em grande atingiram ainda nível satisfatório, apesar
por uma série de fraturas que orientam as Ê um amplo compartimento rebaixado de parte utilizados para construção de de em varias regiões haverem sido utilizadas
direções de drenagem" (65). relevo, desenvolvido ao longo da drenagem represas. modernas técnicas de levantamento pedolõgico.
do Rio Grande, que ocupa grandes extensões
Nas proximidades do Rio Grande são no Sul de Minas e pequena parte do • Planalto da Bacia Sedimentar do As informações atualmente disponíveis,
identificadas cristas que atingem até Triângulo Mineiro. Em seu desenvolvimento Paraná relativas ãs características, distribuição
1.600 m, e que são, em sua grande maioria, esta unidade isolou trechos do Planalto e extensão dos solos são ainda, em parte,
quartzíticas, seguindo um alinhamento de Dissecado do Sul de Minas, e promoveu o Trata-se do prolongamento em território insuficientes para a elaboração de um mapa
direção SO-NE. "Essas cristas apresentam-se recuo erosivo das camadas areníticas e mineiro, de uma unidade que ocupa grandes de solos preciso do Estado de Minas Gerais.
adaptadas ãs orientações dos gnaisses, basãlticas da Bacia Sedimentar do Paraná. extensões nos Estados de São Paulo e
assemelhando-se ãs cristas do tipo Paraná, e corresponde ãs camadas Pela Figura 4.3, pode-se constatar a
"apalacheano" (65). O setor meridional da depressão, sedimentares e derrames de rochas vulcânicas desuniformidade de padrão de detalhes
caracterizado por um relevo de colinas com (basaltos) da Bacia Sedimentar do Paraná. registrados entre regiões ou zonas
As formas de relevo apresentam-se como altitude média de 1.000 m, delimita-se com diferentes. Essa feição ê em parte
colinas de topo arredondado, vertentes a Serra da Mantiqueira, ao sul, com os Uma das características morfológicas mais determinada pela própria disposição natural
cóncavo-convexas e algumas planícies Planaltos Dissecados do Centro Sul e do marcantes desse planalto ê sua disposição dos diferentes solos, mas, principalmente
aluvionares abertas, que constituem uma Leste de Minas, ao norte e a leste, e com o em degraus ou patamares sucessivos, condicionada pela maior ou menor
superfície com altitudes predominantes entre Planalto Dissecado do Sul de Minas, a oeste. resultantes da atuação de processos erosivos disponibilidade e precisão de informações
1.000 e 1.100 m. A parte noroeste do setor meridional é sobre as camadas areníticas alternadas com sobre solos de determinadas regiões do
ocupada em extensas ãreas pela barragem território mineiro, havendo casos em que
9 Serra da Canastra de Furnas, e isola um amplo bloco da essas informações são bastante deficientes
Serra da Canastra. ou mesmo inexistentes.
Com essa denominação foram englobados os E s c a r p a s de r e l e v o s m o n o c l i n a i s
planaltos, cristas e áreas dissecadas mais Entre a Serra da Canastra e o Planalto da e s c a l o n a d o s cora c a i m e n t o s u a v e e m d i r e ç ã o Não obstante a carência de dados, foi
elevadas, elaborados sobre as estruturas Bacia Sedimentar do Paraná, a depressão é ao e i x o da b a c i a , a c o m p a n h a n d o o m e r g u l h o elaborado um mapa de solos (Mapa 3 ) ,
rochosas do Grupo Canastra, com altitudes do tipo periférica, e apresenta também das e s t r u t u r a s geológicas. utilizando-se métodos combinados, para que

31
Figura 4.3. índice dos elementos utilizados
no mapeamento pedológico
4.3.2. Classes de solos Latossolo Húmico - LH Os distróficos, que ocupam grandes extensões
nos divisores de águas das bacias dos rios
Caracteriza-se por apresentar horizonte A Doce e Paraíba do Sul, apresentam fortes
• Solos com Horizonte B Latossõlico muito espesso, de coloração escura. O limitações para a mecanização. As áreas
horizonte A é fortemente desenvolvido, e mecanizadas restringem-se aos terços
Esta classe ê constituída de solos muito apresenta características especiais no que inferiores das elevações. Uma vez adubados
antigos ou que se desenvolveram em material concerne ao teor de carbono e profundidade; e corrigidos, são aproveitados com
fortemente intemperizado, resultando como em geral tem mais de 15 kg de carbono por horticultura, floricultura e fruticultura
conseqüência perfis profundos e bem metro quadrado até a profundidade do A, que de clima temperado, pois normalmente ocorrem
drenados, onde a lavagem da sílica e das é de 50 a 100 cm de espessura. acima de 900 metros, com invernos frescos e
bases oferece as condições mais favoráveis verões quentes ou brandos e média do mês
para formação de argilas de baixa capacidade No que concerne â cor do horizonte B, os mais frio abaixo de 18°C. Onde não há
de troca, predominando, na massa do solo, solos que ocupam as superfícies tabulares incidência de geadas podem ser utilizados
sesquiõxidos e caulinita. das bacias dos rios Jequitinhonha e para cafeicultura, que, sendo cultura perene
Paraíba do Sul são de coloração e plantada em banquetes individuais, não
Os óxidos de ferro livre contribuem para a predominantemente bruna e amarelada, e os causa erosão do solo. Devido ao baixo teor
agregação das partículas de silte e argila, que ocupam as superfícies tabulares do de alumínio que apresentam, estes solos são
fazendo com que estes solos sejam bem Rio Grande são de coloração vermelha escura. aptos ã formação de pastagens,
arejados e friáveis, com ótimas propriedades principalmente de capim coloniao (panicum
físicas e predominância de cores vermelhas Os latossolos hümicos são argilosos, álicos maximum) e de capim gordura {hiparhenia
e amarelas. Em contrapartida, a baixa (alta saturação com alumínio), e têm muito rufa).
atividade das argilas silicatadas e dos baixa saturação de bases, apresentando
óxidos de ferro fazem com que sejam graves problemas para o desenvolvimento da Os eutrõficos, que ocorrem em pequenas
deficientes em nutrientes. agricultura no que concerne aos baixos extensões na bacia do Rio São Francisco,
teores de nutrientes, principalmente nas ocupam relevo plano, não apresentando, por
Compreendem perfis de seqüência de horizonte camadas subsuperficiais; ã alta saturação conseguinte, limitações ã mecanização. Uma
A, B e C, com profundidade superior a com alumínio, que restringe sistemas vez adubados podem ser aproveitados com
P r o j a t o PLANOROESTE I I - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - t980 3 metros, sendo muito pequena a radiculares que não sejam tolerantes ao culturas de ciclo curto e/ou culturas anuais
diferenciação entre seus horizontes, em alumínio; e ã alta capacidade de fixação de resistentes ã seca.
L e v a n t a « e n t o d i R e c o n h t c l n e n t O do» S o l o s do T r i á n g u l o Mlnalro virtude de apresentar em pequenas variações fósforo.
E s c a l a 1:500 000 - SNLCS/EM8RAPA - 1980 morfológicas e transições amplas entre os . Latossolo Vermelho Escuro - f@É
mesmos. Por outro lado, apresentam teores elevados
t e v a n t s e m n t o E x p l o r a t 6 > 1 o - Raconheclmento da Solos do N o r t e de
de matéria orgânica, que fazem com que As. maiores diferenciações observadas neste
Minas 6 e r a i s - E s c a l a 1:750 000 - SHLCS/EM8RAPA - 1979
Apresentam baixos teores de silte e virtual possam ser utilizados para cafeicultura, grupamento, e que serviram de base para a
Mapa E x p l o r a t o r i o - R e e o n h t e l M n t o dos Solos da B a c í a do R í o S i o
ausência de minerais primários pouco após uso intensivo de fertilizantes e separação em classes, foram as mesmas
F r a n c i s c o - E s c a l a 1:1 000 000 - I80F/MA - 1979 resistentes ao intemperismo, e que corretivos. utilizadas nos Latossolos Vermelhos
constituem reserva potencial de nutrientes Amarelos, isto é, saturação com alumínio
L e v a n t a a e n t o E x p l o r a t o r i o dos Solos da R e g í ¡ o sob a I n f l u e n c i a da para as plantas. (álicos), saturação com bases (distróficos
C1a. V a l e do R i o Doca - E s c a l a 1:500 000 - EPFS/MA - 1970 e eutrõficos), tipo de horizonte A e textura.
Latossolo Vermelho Amarelo - LV
De um modo geral, os latossolos são muito
L e v a n t a a e n t o de R e c o n h e d m e n t o da Solos da R a g i é o soD a I n f l u e n c i a
porosos, bastante permeáveis, muito Na bacia do Rio Paranaíba predominam
do R e s e r v a t ó r t o de F u m a s - E s c a l a 1:250 000 - CNEPA/MA - 1962 As maiores diferenciações observadas neste
friáveis, com plasticidade e pegajosidade grupamento de solos, e que serviram de base Latossolos Vermelho Escuro Alicos de textura
pouco acentuadas em relação aos teores de para a separação do grupamento em classes, média, bem como no baixo Rio Grande; os solos
P r o j e t o J e q u i t i n h o n h a - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - Inédito
argila, e muito resistentes ã erosão, foram: saturação com alumínio (álicos); de textura argilosa álicos foram observados
características decorrentes do elevado grau saturação com bases (distróficos e na bacia do Rio Paracatu e no médio e alto
I n t e r p r e t a ç ã o de f o t o T n d i c a s - E s c a l a 1:100 000 - IBC/GERCA - 1979 de floculação e da constituição da argila eutrõficos); e textura. Essa última Rio Grande. Os solos eutrõficos ocupam
do solo. São, em síntese, solos com ótimas característica foi utilizada para subdivisão grandes extensões na região fisiogrãfica de
P r o c e s s o s d e d u t i v o s a t r a v é s de c o r r e l a ç õ e s de s o l o s e seus fatores propriedades físicas dos Latossolos Vermelho Amarelo Alico, Montes Claros e na bacia do Rio
de formação Distrõfico e Eutrõfico. São Francisco. São normalmente de textura
Quimicamente são solos desprovidos de argilosa.
se pudesse fornecer as informações reservas de nutrientes para as plantas, Os Latossolos Vermelho Amarelo Alicos (LVa)
possíveis do quadro pedológico mineiro. normalmente com baixos teores de bases predominam nas bacias dos rios Quanto ao relevo os Latossolos Vermelho
permutáveis (valor S ) , aliadas a baixa São Francisco e Pardo, ocupando as mais Escuros ocupam superfícies tabulares e/ou
Assim, o Mapa 3 foi desenvolvido saturação de bases (valor V % ) . altas superfícies (superfícies tabulares) superfícies de aplainamento, que são
principalmente por três processos: com relevo plano e vegetação de cerrado; os predominantemente planas ou suave onduladas.
Latossolos Vermelho Amarelo Distróficos (LVd)-
- de compilação - para as áreas onde já Por conseguinte, as limitações que predominam nas bacias dos rios Paraíba do As principais limitações ao uso agrícola
foram realizados trabalhos sistemáticos apresentam à utilização agrícola estão Sul., Mucuri, Doce e Jequitinhonha, ocorrendo referem-se ã falta d'água e ã baixa
de levantamento de solos; ligadas ao aspecto de fertilidade natural em relevo forte ondulado e montanhoso e sob fertilidade natural, sendo que essa última
baixa, sendo em sua maioria solos ácidos vegetação de floresta; os Latossolos ê mais inerente aos solos álicos, devido à
- de extrapolação - com base em informações com baixos teores de cálcio, magnésio, Vermelho Amarelo Eutrõficos (LVe) foram toxidez provocada pelo alumínio,, e aos
obtidas em viagens exploratórias a potássio e fósforo,e alta saturação com observados em relevo plano, nas áreas mais distróficos, devido â baixa retenção de
diversas áreas; alumínio. secas sob vegetação de caatinga, na bacia bases. Contudo, são solos em geral com
do Rio Sao Francisco. excelentes propriedades físicas, e que
- de dedução - tendo-se por base correlações A viabilidade de'se desenvolver a ocorrem em grande parte em relevo propício
conhecidas entre variações de solos agricultura nestes solos dependerá dos Os álicos, que ocupam grandes extensões nas ã mecanização. Quando devidamente adubados
conjugadas com variações de fatores que recursos dos agricultores para investir regiões noroeste e norte do Estado, embora e corrigidos, apresentam grande
intensivamente na fertilização e correção não apresentem limitação para a mecanização, potencialidade para produção de grãos
as determinam, isto e, clima, vegetação,
do solo, principalmente através de apresentam sérios problemas no que concerne (culturas de ciclo curto). Em áreas com
material originário, relevo, drenagem e
incorporação de calcário em camadas mais ã fertilidade (teores elevados de saturação possibilidades de irrigação ou de
estágio ou intensidade de meteorização do
profundas (30 c m ) , possibilitando maior com alumínio e falta de água). Grande parte precipitação mais elevada, podem ser
material do solo.
aproveitamento da água do solo através do destes solos apresentam textura média com cultivados com culturas perenes.
Por sua natureza o mapa apresentado aprofundamento das raízes. baixa capacidade de retenção de água. Uma
enquadra-se no tipo denominado esquemático, vez adubados e corrigidos, poderão ser . Latossolo Roxo - LR
sendo constituído de associações de classes Os conceitos emitidos são bastante.amplos, aproveitados para culturas de ciclo curto
de solos de alto nível categórico, em sua e permitem a separação dos latossolos em (aproximadamente 6 meses), plantadas na Além das características inerentes aos
maior parte muito heterogêneas sub-classes, de acordo com a cor e textura época das águas (fins de setembro, início latossolos, esta classe distingue-se das
taxonómicamente. do horizonte B e saturação de bases. de outubro). demais por apresentar cores arroxeadas,
sendo a massa do solo facilmente atraída Quanto â saturação de bases observaram-se limitações se devem â susceptibilidade a fatores que mais limitam a utilização dos
por ima comum, alem de dar efervescência solos eutrõficos (PE) predominando nas erosão, ao baixo teor de fósforo e ã falta solos distróficos e ãlicos. Grande parte
com água oxigenada, devido aos teores bacias dos rios São Francisco, Doce, de água, pois ocorrem predominantemente nas das áreas destes solos, onde o relevo
elevados de manganês. Estes solos são Jequitinhonha, Mucuri e baixo Rio Grande, áreas mais secas. Necessitam de práticas afigura-se de ondulado até montanhoso,
derivados de rochas básicas, com teores ocorrendo vegetação de caatinga, floresta conservacionistas intensivas e correção poderão ser utilizadas com pastagens
elevados de ferro, apresentando subcaducifólia e relevo suave ondulado; para fósforo. Devem ser aproveitadas com (colonião, "buffel grass"), quando
conseqüentemente textura argilosa. No ocorrem solos distróficos e ãlicos (PV) nas culturas de ciclo longo (café, cana-de-açúcar) adequadamente manejadas, e após adubação e
Estado de Minas Gerais ocorrem na bacia do bacias dos rios Paraíba do Sul, Alto Rio e/ou culturas de ciclo curto plantadas na correção do solo. Os solos eutrõficos,
Rio Paranaíba, ao longo dos principais rios, Doce, Alto Rio Grande e Paraopeba. Nestas época das águas. quando ocorrem em relevo ondulado,
na região de tufitos em Patos de Minas e na áreas predominam florestas subperenifõlias apresentam como fatores limitantes mais
Serra da Moeda. e relevo forte ondulado e montanhoso. . Bruno Não Cálcico - NC importantes a susceptibilidade a erosão, os
baixos teores de fósforo e a falta d'ãgua,
As maiores diferenciações observadas neste Os solos eutrõficos (PE), quando ocorrem em Compreende solos com horizonte B textural, pois localizam-se nas áreas mais secas.
grupamento se devem ã saturação do solo com relevo suave ondulado e ondulado, são nao hidromórficos, com perfis bem Necessitam de correção para fósforo,
alumínio (ãlicos), com hidrogênio considerados entre os melhores da região. diferenciados e medianamente profundos. práticas intensivas de conservação
(distrõficos) e com bases (eutróficos). As maiores limitações se devem â O contraste entre os horizontes A, B e C é (terraceamento) e utilização com culturas
susceptibilidade a erosão, aos baixos teores marcante, devido principalmente âs de ciclo curto, plantadas na época das águas,
Predominam na área solos eutrõficos (Patos de fósforo e ã falta d'água, pois ocorrem diferenças de textura, desenvolvimento de ou culturas de ciclo longo e pastagens
de Minas) e distróficos (Triângulo Mineiro). predominantemente nas áreas mais secas. estrutura e cor. No horizonte A a textura resistentes à falta d'água (algodão e
Ambos são intensamente cultivados, Estes solos necessitam de correção para é média, com estrutura pouco desenvolvida; "buffel grass").
principalmente por sua maior capacidade de fósforo, práticas intensivas de conservação no B a textura é argilosa, com estrutura err
armazenamento dc água (textura argilosa),e (terraceamento) e utilização para culturas blocos fortemente desenvolvida. Por • Solos Pouco Desenvolvidos
por apresentarem teores relativamente altos de ciclo curto, plantadas na época das definição os solos Bruno Nao Cálcio são
de matéria orgânica até um metro de aguas, e/ou culturas de ciclo longo e eutrõficos. Estes solos foram observados Esta ordem congrega solos que não apresentam,
profundidade, além de ocorrerem em relevo pastagens resistentes â falta d'água, como no extremo leste do Estado, na bacia do além do horizonte A, desenvolvimento de
propício ã mecanização. Os solos ãlicos ^o^lgodio e o "buffel grass". Rio Jequitinhonha. horizontes característicos de outras ordens.
não são cultivados, por ocorrerem em área de Podem ser encontrados em recentes
extração de minério de ferro. São solos com alta saturação de bases, com superfícies geomõrficas, onde a erosão é
Os solos distróficos e ãlicos (PV) muito ativa, ou em zonas e planícies
apresentam como principais limitações a fortes limitações ao uso agrícola, em
• Selos com Horizonte B Textural decorrência da falta d água e da grande
1
aluviais, onde os materiais erodidos
baixa fertilidade natural e acidez elevada, recentemente podem ser depositados. Podem
além das limitações decorrentes dos relevos susceptibilidade a erosão, e, em muitos
Esta classe é constituída por solos locais, da pequena espessura do "solum" e também ocorrer em velhas superfícies
forte ondulado e montanhoso, propícios â geomõrficas, onde o material de origem é
normalmente bem diferenciados, sendo o erosão, e que impedem ou dificultam a da presença de termiteiros que dificultam
horizonte B com estrutura bastante a aração. São mais indicados para o muito resistente ao intemperismo, como o
mecanização. Grande parte da área ocupada quartzo.
desenvolvida e apresentando cerosidade. por estes solos poderá ser utilizada com aproveitamento com pecuária, implantando-se
pastagens (capim colonião), quando sistemas de capineiras irrigadas.
De maneira geral, estes solos apresentam as adequadamente manejadas, e após adubação e Essa definição é ampla e permite a separação
seguintes caracter!sticas: correção do solo. Em virtude de ocorrerem • Solos com Horizonte B Incipiente dos Solos Pouco Desenvolvidos em classes, de
em áreas mais úmidas,poderão ser utilizados acordo com a profundidade do perfil, a
- espessura mínima de 15 cm; com culturas permanentes de ciclo longo Esta classe é constituída por solos cujo distribuição do carbono e a composição
(café, citrus), com praticas intensivas de horizonte B ê formado por material jâ granulométrica ao longo do perfil, a
- se a textura ê argila, argilo-arenosa e conservação. alterado, com desenvolvimento de cor e saturação com bases e a saturação com
franco-argilosa, a tendência da estrutura estrutura, e com ausência de estrutura da alumínio.
ê constituir-se de blocos subangulares rocha em mais da metade do volume do
fortes e ser moderadamente desenvolvida. . Terra Roxa Estruturada - TR-TS horizonte. Não apresenta evidência de No Estado de Minas Gerais, neste grupamento,
Se a textura ê franco-argilo-arenosa a iluviação significativa, e não tem as predominam Areias Quartzosas, Solo Litõlico
tendência da estrutura é constituir-se de Este Grande Grupo e constituído por solos propriedades que são diagnosticadas para o e Solo Aluvial.
blocos subangulares e ser fraca a profundos argilosos de coloração arroxeada, horizonte B textural e B latossólico.
moderadamente desenvolvida; com altos teores de ferro e manganês, Muitos solos com horizonte B incipiente,
desenvolvidos a partir de rochas básicas. . Areias Quartzosas - AQ
sobretudo os mais profundos, são confundidos
Possuem cerosidade forte, revestindo os com latossolos, devido principalmente â
- se a textura ê argilosa e/ou a estrutura ê agregados que compõem a estrutura no São solos arenosos profundos e
forte ou moderadamente desenvolvida, são pequena diferenciação de horizontes. essencialmente quartzosos, com teores de
horizonte B, e produzem efervescência com
observados "coatings" envolvendo água oxigenada, visto apresentarem teores argila abaixo de 15,0%, excessivamente
parcialmente ou totalmente alguns relativamente elevados de manganês. . Cambissolos - C drenados, desprovidos de minerais primários
agregados. menos resistentes ao intemperismo, e
Além das propriedades inerentes aos solos extremamente pobres em nutrientes.
Nas áreas em que ocorrem estes solos ê com B incipiente, os cambissolos apresentam
Essa definição, embora geral, permite a comum a presença de hematita e ilmenita
separação de solos com horizonte B textural seqüência de horizontes A (B) C pouco
magnética (facilmente atraídos por ímã) diferenciados, com baixo gradiente textural Constituem grandes manchas, principalmente
em Grandes Grupos, de acordo com a atividade nos leitos da drenagem superficial das na bacia do Rio São Francisco, ocupando as
da argila, a saturação de bases e as entre o A e o (B), e normalmente baixa
águas das chuvas. capacidade de troca de cátions. Dentre os superfícies tabulares reelaboradas e
características inerentes a cada Grande superfícies de aplainamento.
Grupo. cambissolos são encontrados solos rasos a
A maior diferenciação observada neste profundos, e variação de cor desde amarela
grupamento, e que serviu de base para até vermelha-escura. Estes solos apresentam como principal
Em Minas Gerais, neste grupamento, separação de classes, foi a saturação com limitação ao uso agrícola, a fertilidade
predominam os Podzólicos Vermelho Amarelo, bases, que, quando maior que 50% constitui natural muito baixa, resultante da pobreza ^
o grupamento eutrõfico, e quando menor, a No Estado de Minas Gerais predominam os em macro e micro nutrientes, e muito baixa
Terra Roxa Estruturada e Bruno não Cálcico.
Terra Roxa Estruturada DistrÓfica. Cambissolos Alicos e Distróficos, que capacidade de retenção de água e nutrientes,
. Podzõlico Vermelho Amarelo- PV-PE ocorrem praticamente em todas as bacias em conseqüência da textura arenosa, que
hidrográficas, preferencialmente nos dificulta as práticas de adubação.
Em Minas Gerais predominam as Terras Roxas divisores de águas, sendo o relevo forte
Esta classe é constituída por solos com Estruturadas Eutrõficas nas bacias dos rios ondulado a montanhoso. Foram observados
horizonte B textural, não hidromórficos, e Grande, São Francisco e Jequitinhonha, também em relevo suave ondulado e ondulado, . Solo Litõlico - R
com baixa atividade de argila. São ocorrendo normalmente em relevo suave nas superfícies tabulares e reelaboradas
normalmente profundos ou moderadamente ondulado e ondulado, e sob vegetação de nas bacias dos rios São Francisco e Compreende solos pouco desenvolvidos, rasos,
profundos, com perfis bem diferenciados, floresta subcaducifólia e caducifolia. Jequitinhonha. possuindo apenas um horizonte A assentado
possuindo seqüência de horizontes A, B e C, diretamente sobre a rocha (R) ou sobre
com nítido destaque no horizonte B, através Constituem solos com boas condições físicas materiais desta rocha em grau avançado de
de estrutura mais desenvolvida e presença e químicas, considerados entre os melhores A baixa fertilidade natural, a falta d'água intemperização (C). A seqüência de
de cerosidade. solos de Minas Gerais. As maiores e a susceptibilidade a erosão são os horizonte é AR e/ou AC. Este solo pode

33
apresentar desenvolvimento de horizonte B, Assinale-se também a existência de Areias Foi adotada uma metodologia que pudesse sobre o Brasil Central, e se propaga na
mas com espessura menor que 15 cm. É Quartzosas Hidromõrficas. produzir os resultados mais confiáveis direção norte-nordeste, assinalando o
normalmente encontrado em superfícies possíveis, tendo em vista os tipos de dados início do processo de estabilização anual
geomõrficas recentes, onde a erosão ê muito 0 fator limitante ao aproveitamento destes disponíveis. Inicialmente foram da precipitação (Figura 4.7).
ativa. solos é o excesso d"água, havendo por isso inventariadas as estações meteorológicas
a necessidade de investimentos em obras de e as séries de dados existentes. Essa oscilação sugere a existência de uma
Os Solos Litõlicos, de um modo geral, são drenagem, calagem e adubação. Quando Posteriormente os dados meteorológicos a perturbação sinõtica que nasce sobre o
originados de materiais os mais diversos, localizados perto dos centros consumidores, serem usados no trabalho foram coletados, Estado na primavera, e se desloca na direção
predominando os quartzitos, granitos e podem ser utilizados em olericultura. Estes digitados e consistidos. A etapa final foi norte-nordeste durante o verão e o outono,
gnaisses. Normalmente ocupam relevo forte solos são muito utilizados para rizicultura a análise estatística desses dados e a seguindo a trajetória da precipitação.
ondulado e montanhoso, ocorrendo nos e pastagens. interpretação dos resultados. A analise dos mapas médios da circulação
divisores de águas de' bacias hidrográficas, de ventos superiores na América Latina
geralmente associados a cambissolos. Para uma melhor visualização das indica que essas perturbações são ciclones
• Afloramento de Rochas - AR características climáticas gerais do Estado, de altitude de núcleos frios, formados como
Apresentam fortes limitações ao uso agrícola, foram elaborados mapas dos parâmetros resultado de mudanças na circulação geral
no que concerne ã fertilidade natural, Os afloramentos de rochas constituem tipos meteorológicos que influenciam mais sobre o continente.
susceptibilidade a erosão, falta d'ãgua e de terreno e não propriamente solos. São diretamente a qualidade do meio ambiente.
mecanização. São rasos e ocupam relevo representados por exposições de diferentes Foram traçados mapas climatológicos Outro mecanismo dinâmico importante, que
acentuado, com presença quase constante de tipos de rochas. sazonais, ou sejam, mapas mensais atua sobre a precipitação, são as
pedregosidade e rochosidade. representativos das duas principais estações perturbações provenientes das médias
do ano - verão e inverno -, representados latitudes. Isso ocorre principalmente
Em Minas Gerais os afloramentos do rochas respectivamente pelos meses de janeiro ou quando hã desprendimento de baixas no fluxo
Solo Aluvial - A aparecem mais continuamente nas áreas que fevereiro e julho ou agosto. de oeste da média e alta troposfera.
compreendem os alinhamentos das serras que Originalmente essas perturbações vêm
Esta classe é constituída de solos pouco compõem o Espinhaço, e sob a forma de associadas a massas de ar frio. Entretanto,
desenvolvidos, provenientes de deposições pontões, lajeados e blocos arredondados, nas ao atingirem a parte norte do Estado, essas
fluviais recentes, formando aluviões de áreas de granito e gnaisses. massas de ar já foram aquecidas pela ação
cursos d água, e apresentando horizonte A 4.4.2. Características climáticas
1

da radiação solar e de movimentos verticais,


diferenciado, seguido de camadas No mapa apresentado, de natureza esquemática, sendo quase sempre difícil definir algum
estratificadas, com distribuição errática os afloramentos de rochas formam unidades de tipo de frente fria nessa região.
(desuniforme) de carbono e/ou de composição mapeamento, .ocorrendo como componente 0 regime climático de uma região ê
granulométrica. A natureza do material principal ou secundário. determinado pelas condições médias da
depositado pelos cursos d'água ê que circulação geral da atmosfera, e pela • Precipitação
determina as variações dos teores das sua localização com respeito âs fontes de
principais características analíticas desse umidade, bem como pela topografia e seus 0 regime de precipitação sobre o Estado
efeitos locais. apresenta um ciclo básico unimodal bem
4.4. Clima
tipo de solo. Foram observados solos com
valores altos e baixos para cálcio, definido, como verão chuvoso e inverno seco,
magnésio, potássio, fósforo, soma de bases Minas Gerais encontra-se, durante todo o sendo os meses de novembro a março o
permutáveis, capacidade de permuta de ano, sob o domínio da circulação do período mais chuvoso.
cãtions, saturação com bases e pH. 4.4.1. Introdução anticiclone subtropical do Atlântico Sul, e
se caracteriza por ventos predominantes do Pelo exame de precipitação anual, pode-se
0 presente estudo teve por objetivo quadrante nordeste-este, nos baixos níveis observar que a variação dos índices
Em Minas Gerais as áreas de dimensão da troposfera. A umidade da região ê pluviomêtricos nas diferentes partes do
apreciável com Solos Aluviais foram apresentar um levantamento preliminar das
características climáticas de Minas Gerais, proveniente do Oceano Atlântico e Estado ê bastante considerável, indo de
constatadas principalmente nos primeiros transportada pelos ventos de nordeste 800 mm até 1.600 mm (Figura 4.8). Os
com fins específicos de aplicação no
terraços dos rios São Francisco e Doce. controle da qualidade ambiental do Estado. (Figuras 4.4 e 4.5). Nesse contexto, as valores máximos são encontrados nas regiões
Serras do Espinhaço e da Mantiqueira mais elevadas das serras da Mantiqueira,
São solos de grande potencialidade para a representam um anteparo físico e dinâmico do Espinhaço e da Canastra, contrastando
agricultura, principalmente os eutróficos, O uso de indicadores climáticos em
atividades multidisciplinares só é útil ao transporte de umidade disponível na com os índices mínimos, encontrados nas
não sofrendo maiores restrições além da atmosfera, a sotavento. Essa restrição, regiões dos vales dos rios São Francisco e
adubação de manutenção para a cultura. Por quando se conhece a influência desses
parâmetros no comportamento do ecossistema entretanto, não parece ser crítica na Jequitinhonha.
serem solos de várzea, podem ser utilizados formação da precipitação^ uma vez que altos
com lavouras irrigadas, necessitando, nesse local. Dessa forma, foram selecionados
para estudo os parâmetros climáticos índices pluviomêtricos são encontrados na Essa disposição na configuração das
caso, de drenagem, para evitar o excesso de divisa dos Estados de Minas Gerais e Goiás.
água no solo e o aumento dos teores de sais. necessários às atividades de controle da isolinhas anuais indica nitidamente que a
qualidade do ar e da água. Nesse sentido, orografia favorece o aumento de precipitação
não foi elaborado nenhum tipo de Embora a influência da orografia na nas encostas a catavento e a inibe a
• Solos Hidromõrficos - H classificação climática de cunho apenas formação da precipitação seja bem visível, sotavento. Vale ressaltar que apesar da
acadêmico. esta não pode ser considerada como visível influência da orografia, esta nao
A classe dos Hidromórficos reúne todos os principal responsável pela precipitação. deve ser considerada como única responsável
solos cuja evolução é essencialmente Os levantamentos climatológicos tradicionais A regularidade espacial e a oscilação pelo regime de precipitação, havendo fortes
caracterizada pelo efeito de saturação com existentes, elaborados para a definição do temporal da precipitação mensal não pode indícios da existência de um processo
água, permanente ou temporária. Esse efeito clima, em escala nacional, não fornecem as ser justificada somente em função de efeito dinâmico na atmosfera, o qual exerce
se reflete no perfil do solo através de informações necessárias a este estudo, e, orográfico, devendo haver também processos predomínio sobre os efeitos orográficos.
acumulação de matéria orgânica no horizonte com efeito, não foram incorporados dinâmicos transientes atuando na atmosfera.
superficial e/ou presença de cores cinzentas diretamente ao trabalho. Entretanto, foram Esses efeitos, entretanto, não podem ser Nota-se também a tendência do aumento da
que indicam redução, de mosqueado, devido ã consultados como referência. visualizados nos mapas médios, por serem precipitação em direção à costa, como
segregação de ferro, e de concreções de suavizados no processo de promediação. resultado da atuação do fenômeno da brisa
ferro e/ou manganês. Os estudos climáticos foram elaborados marinha e da convergência no escoamento de
basicamente a partir de dados meteorológicos Indicações sobre a existência de ar produzido pela diferença de atrito da
São formados principalmente nas partes mensais de superfície e dados pluviomêtricos perturbações de escala sinõtica, associadas atmosfera com a superfície do globo.
planas e a b a d a d a s do relevo, onde o lençol diários. A quase totalidade dos dados ã precipitação, podem ser observadas pelo
freático está situado próximo ã superfície meteorológicos foram cedidos pelo INMET. exame da Figura 4.6, que indica os três No tocante aos totais anuais de precipitação,
do terreno. As estações pluviométricas, embora sejam meses mais chuvosos. Observe-se que a quase todo o Estado pode ser considerado
operadas por vários órgãos, têm o arquivo precipitação inicia-se na primavera, sobre como relativamente chuvoso, desprovido de
Devido ao caráter esquemático do mapeamento, geral de suas informações centralizado no Minas Gerais, e depois desloca-se regiões áridas. Entretanto, com respeito â
não foi possível fazer a individualização DNAEE, onde foram obtidos os dados. Para progressivamente para o norte e nordeste do variabilidade da precipitação (Figura 4.9),
entre Grandes Grupos. Por isso, os Solos completar parte do levantamento , vãrías País, durante o verão e o outono. Essa o coeficiente de variação anual apresenta
Hidromórficos foram caracterizados no mapa informações foram compiladas de outros mesma evolução é seguida pela diminuição da valores menores que 20% na parte sul do
como Solos Hidromórficos Indiscriminados. trabalhos (39) (75). precipitação que se inicia em março Estado, indicando que nessa área a

34
Figura 4.6. Trimestre mais chuvoso do ano do Brasil Figura 4.7. Trimestre mais seco do ano do Brasil

60° 60">

Legenda, Legenda:
A - Abril, Agosto A - Abril, Agosto
D - Dezembro D - Dezembro
F - Fevereiro F -- Fevereiro
J - Janeiro, Junho, Julho J - Janeiro, Junho, Julho
M - Março, Maio M - Março, Maio
N - Novembro N - Novembro
O - Outubro O - Outubro
S - Setembro S - Setembro
f\J Isolinhas (\j Isolinhas

Fonte: SERRA, 1955 Fonte; SERRA, 1955

36
Figura 4.8. Precipitação total anual Figura 4,9, Coeficiente de variação da precipitação anual

49* 47»

17*

19°

Legenda
isolinhas d o coeficiente d e variação d a
20 precipitação anual (%}: intermediária
q u a n d o tracejada

MAX. Núcleo d e valores m á x i m o s MAX Núcleo de valores m á x i m o s

MIN. Núcleo de valores mínimos


MÍN. Núcleo d e valores mínimos

47° 45° 43° o 23° 23°t


91° 4t*
4 t

Fonte: CETEC Fonte; CETEC

seja visível também a influência da baixos níveis da troposfera, sobre o Estado,


precipitação média anual pode ser norte do Estado o domínio de clima quente, latitude, conforme mostram as Figuras 4.10 são sensíveis aos efeitos orográficos. Por
considerada representativa. Em contrapartida, e na parte sul o de clima temperado. e 4.11. essa razão a nebulosidade media, em linhas
na parte norte esses índices atingem gerais, responde ã orografia com valores
valores de 30% a 40%, diminuindo bastante o Os valores da temperatura média sofrem • Nebulosidade máximos sobre as montanhas e mínimos sobre
grau de representatividade dos valores pequenas variações anuais, e oscilam entre os vales.
médios anuais. Esse dado impõe sérias o máximo de 24°C e o mínimo de 18°C. As O estudo da nebulosidade pode ser usado para
restrições ãs praticas agrícolas variações sazonais são também pequenas, a determinação das condições de estabilidade A análise da distribuição espacial da
convencionais, e mostra também que a ãrea sendo julho o mês mais frio do ano, com estática da atmosfera, principalmente em nebulosidade, apresentada nas Figuras 4.14,
está sujeita a estiagens. temperaturas médias entre 14°C e 22°C. regiões carentes de informações 4.15, 4.16 e 4.17, revela que a ocorrência
meteorológicas, como é o caso de extensas de nuvens baixas e médias no verão é
• Temperatura do Ar Observam-se valores extremos bastante áreas do Estado. Esse parâmetro é superior ã do inverno, indicando que durante
pronunciados ao sul do Estado, com fundamental na aplicação dos modelos de o verão há maior atuação dos sistemas
A temperatura do ar constitui um dos ocorrência esporádica de geadas. Os valores dispersão de poluentes atmosféricos causadores dessas nuvens.
parâmetros ambientais mais importantes no médios mensais de temperatura nos meses destinados ao monitoramento e preservação
comportamento dos ecossistemas, pois as mais quentes são relativamente pouco mais da qualidade do ar. Nesse sentido, foi dada A freqüência de nuvens baixas (Figuras 4.18
suas variações afetam sobremaneira o meio elevados que os de inverno, e estão ênfase especial ã análise dos campos de e 4.19) mostra uma maior incidência de
ambiente, principalmente o atmosférico confinados no intervalo de 21°C a 28°C. nebulosidade mais significativos para esse nuvens do tipo cumuliforme sobre o Estado,
confinado âs camadas mais próximas ã fim. no verão. O fato comprova que o principal
superfície da terra, influenciando a Em decorrência do declínio da temperatura mecanismo causador de precipitação em
biosfera. Por essa razão, procurou-se do ar com a altura, os valores mais baixos Os tipos de nebulosidade que mais Minas Gerais não está associado a sistemas
analisar a distribuição espacial desse são observados geralmente nas áreas mais influenciam as condições de estabilidade frontais, pois esses sistemas estimulam
parâmetro no verão e no inverno. elevadas, e os mais altos nas regiões dos estática da atmosfera ocorrem nos baixos mais a formação de nuvens estratiformes.
vales dos rios são Francisco, Jequitinhonha níveis da troposfera e são constituídos Dessa mesma forma, a alta freqüência de
Em Minas Gerais dominam as condições e Doce. Esse fato indica uma influência pelas nuvens baixas e médias, conforme nuvens cumuliformes ao sul do Estado no
meteorológicas de características tropicais marcante da orografia na determinação das mostram as Figuras 4.12 e 4.13. Os sistemas verão, indica a fraca freqüência de sistemas
e subtropicais, havendo em geral na parte configurações da temperatura do ar, embora atmosféricos causadores de nuvens nos frontais nessa época do ano.

37
Figura 4.10. Temperatura média do ar - janeiro Figura 4.12. Média da nebulosidade total - janeiro

X
Figura 4.14. Freqüência de nuvens baixas - fevereiro Figura 4.16. Freqüência de nuvens médias - fevereiro

Fonte: CETEC Fonte : CETEC

Figura 4.15. Freqüência de nuvens baixas - agosto Figura 4.17. Freqüência de nuvens médias - agosto

Sr" *i" «V* 45* is "


5

Fonte: CETEC Fonte: CETEC

39
Figura 4.18. Freqüência de tipos de nuvens baixas - fevereiro Figura 4.19. Freqüência de tipos de nuvens baixas - agosto

51° 49° 47" 45°. 45^ 4I°_

Fonte : CETEC
Fonte: CETEC

• Vento uma análise mais detalhada desse parâmetro ocorrência de valores máximos ao norte do Em vista da dificuldade de serem efetuadas
e a sua definição em escalas menores. Estado (Figuras 4.20 e 4.21). medidas diretas da radiação solar, as
O movimento horizontal de ar é o principal séries de observações obtidas são limitadas
agente responsável pela dispersão de Minas Gerais está, durante todo o ano, sob e insatisfatórias. Assim, a determinação
poluentes na atmosfera, concorrendo ainda o domínio da circulação do anticiclone da radiação solar nesse estudo foi feita a
para o transporte de quantidades partir de outros parâmetros físico-
subtropical do Atlântico Sul. Como
meteorológicas (umidade, energia, etc.), • Radiação Solar Incidente -meteorolõgicos.
conseqüência, os movimentos verticais de
modificando, dessa forma, a distribuição de
outros parâmetros como temperatura do ar e larga escala são tipicamente descendentes,
A radiação recebida ã superfície da Terra e
precipitação. çom predomínio de movimentos divergentes na Visando determinar a distribuição da
as transformações subseqüentes de energia
baixa e media troposfera. radiação solar incidente com uma exatidão
radiante de ondas curtas e longas entre a
Terra e a atmosfera alteram o balanço de satisfatória para alimentar modelos de
energia e condicionam a temperatura local. dispersão de poluentes na atmosfera, foram
Com base nas informações climatológicas 0 núcleo desse anticiclone oscila na direção analisados mapas de distribuição de
apresentadas nas Figuras 4.20 e 4.21, foi NO-SE durante o decorrer do ano, fazendo Desse modo é regulada a distribuição
vertical de temperatura na atmosfera, mais radiação solar incidente sobre Minas Gerais
caracterizado, de forma preliminar, o regime com que o Estado se caracterize por ventos no verão e no inverno.
de ventos a superfície. As informações predominantes do quadrante nordeste durante especificamente as condições de estabilidade
pontuais de vento ã superfície do solo podem o verão, e do quadrante sudeste e nordeste, estática. A radiação constitui ainda a
ser pouco representativas para o Estado, em no inverno. A velocidade do vento varia fonte fundamental de energia do ciclo A análise das configurações da radiação
decorrência da influência de efeitos locais. muito pouco no decorrer do ano, atingindo hidrológico na biosfera, e exerce influência solar, apresentada nas Figuras 4.22 e 4.23,
Tais limitações impediram a realização de mé"dias mensais entre 0,5 e 4 m/s, com no comportamento do meio ambiente. revela uma interdependência bastante
significativa entre o clima, a orografia, a pluviométricos, localizam-se as cabeceiras Figura 4.24. Bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais
nebulosidade e a radiação solar. No verão dos principais formadores dos rios Doce,
são observados os valores de radiação mais Grande, Paranaíba, Paraíba do Sul e
elevados, que variam entre 450 e 500 cal São Francisco, rios de grande importância
cm- 2
d i a , com um núcleo de máximo na
- 1 para a economia mineira, em razão das
região noroeste, no vale do Rio diversas utilizações desses cursos d'agua:
São Francisco, e outro sobre a região sul navegação, geração de energia, irrigação,
do Estado. Valores mínimos são observados abastecimento, pesca, entre outras.
sobre o Estado do Espirito Santo e a região
do Triângulo Mineiro. Os valores são
significativamente mais baixos no inverno, Minas Gerais tem ao todo 14 bacias
em decorrência da menor quantidade de hidrográficas {Figura 4.24), sendo que as
radiação incidente no topo da atmosfera,
havendo um domínio de valores máximos no principais sao as dos rios São Francisco,
norte e noroeste do Estado, com o Grande, Doce, Paranaíba, Jequitinhonha e
retraimento do núcleo de mínimo observado Paraíba do Sul. Outras bacias como as dos
no verão sobre a região do Triângulo rios Mucuri, Pardo, São Mateus, Itanhaém,
Mineiro. Jucuruçu, Buranhém, Camanducaia e Itabapoana
têm uma importância menor, devido ã
localização e a dimensão das mesmas.

Esse comportamento da configuração de


radiação solar incidente deve contribuir A Tabela 4.1 apresenta a área total de
para a diminuição da cobertura de nuvens e drenagem das 14 bacias hidrográficas, o
para a predominância de nuvens cumuliformes percentual dessa área em território mineiro,
durante o inverno. Em contrapartida, e o percentual da área de cada bacia em
contribui para o domínio de nuvens relação ã área do Estado.
estratiformes no verão.

A Tabela 4.2 apresenta as características


físicas das oito principais bacias
hidrográficas do Estado: São Francisco,
Grande, Paranaíba, Doce, Jequitinhonha,
Paraíba do Sul, Mucuri e Pardo. A tabela
apresenta ainda os aspectos físicos dos
principais cursos e seus afluentes, ou
4.5. Potamografia sejam: comprimento, perímetro da bacia, cota
nascente, cota saída no Estado, declividade
média do álveo, índice de compacidade, fator
de forma e largura média. As Figuras 4.25 a
4.32 mostram o perfil longitudinal do curso
4.5.1. Introdução principal das bacias hidrográficas acima
citadas.

Com uma área de 587.172 k m , o Estado de


2

Minas Gerais apresenta uma rede hidrográfica


extremamente rica. Subordinando-se às
condições geomorfolÕgicas, estruturas Tabela 4.1, Dados gerais sobre as áreas das
geológicas e climáticas, a rede bacias hidrográficas de Minas
hidrográfica que drena as diversas regiões
do Estado pode ser dividida a partir do
Gerais
11
balizamento orientado pelo Geossinclinal do
Espinhaço e Arco da Canastra. O alinhamento área em
de muitas elevações Co Espinhaço, que se bacia hidrográfica
área total
Minas Gerais
área da bacia Legenda:
(km )
2
no E s t a d o
estende a partir do Quadrilátero Ferrífero, l'km ) % (%)
1
-
2

em direção ao norte do Estado, atua como São Francisco


São F r a n c i s c o 600 36,8 39, 78
2
-
634 000 233 Grande
zona interfluvial, isolando a drenagem de Grande 143 000 86 500 60,7 14, 78
leste, representada pelos cursos dos rios Paranalba 222 711 71 600 32,1 12, 20 3 Doce
Doce, Mucuri e Jequitinhonha, e a rede a Doce 82 000 70 790 86,0 1 2 , 06 4 Paranaíba
-
Jequitinhonha 69 997 65 520 93,6 11 16 5 Jequitinhonha
oeste, que, ocupando maior superfície, P a r a í b a do Sul 57 000 21 300 37,5 3 63
6
define-se pelo Rio São Francisco e seus Mucuri 15 100 14 300 94,7 2 44
7 - Paraíba
afluentes. Permitindo ainda uma divisão Pardo 32 050 13 000 40,6 2 21
8 - Mucuri
-
Sao M a t e u s 13 055 5 760 44,1 0 98 Pardo
no sentido latitudinal, o Arco da Canastra Itanhaém 6 193 1 450 23,4 0 25

--
atua como interflúvio, separando do Rio C a m a n d u c a i a (Tietê) 71 610 1 138 1,6 0 19 9 São Mateus
São Francisco as bacias dos rios Grande e Jucuruçu 5 840 900 15,4 0 15 10 Itanhénr
11
- Tietê
Itabapoana 4 895 650 13,3 0 11
Paranalba. A sudeste, as cristas do 330 0 06
Buranhém 2 820 12
Geossinclinal Paraíba dividem as águas entre U,7
- Buranhém
os afluentes do Rio Paraíba do Sul e os Fonte: CETEC 13
- Itabapoana
afluentes do Rio Doce. 14
- Jucuruçu

Em decorrência de sua situação geográfica, O estudo potamogrãfico restringiu-se ãs 8


Minas Gerais representa o grande divisor de bacias mais importantes da rede hidrográfica
águas das principais bacias hidrográficas do Estado, face â dimensão secundária das
brasileiras. Na região sul e sudoeste do bacias restantes, conforme pode-se verificar
Estado, onde ocorrem altos índices na Tabela 4.1. Fonte: CETEC

42
Tabela 4.2. Aspectos físicos das principais bacias hidrográficas de Minas Gerais Figura 4.25. Perfil longitudinal do Rio São Francisco
I500T
comprimento perímetro cota cota saída declividade fator largura
bacia/rio no Estado da bacia nascente no Estado media álveo índice de
de
(km) no Estado (m) (m) (m/km) compacidade forma média
(km) (km) 1400-

São Francisco
Sao Francisco 1.135 2.820 1.460 435 0,20 1,63 0,18 205,8
Pará 280 530 1.200 * 610 1,34 0,16 43,7 1300
Paraopeba 510 640 1.140 * 560 1,53 0,05 26,7
Velhas 761 950 1.520 * 478 1,56 0,05 38,3
Paracatu 476 990 920 * 467 1,31 0,20 94,5 1200-
Urucui a 470 785 960 * 460 1,39 0,11 53,2
Grande
Grande 1.390 2. 135 1.980 295 0, 53 1, 58 0,07 102,9 „ MOO
Paranaíba
Paranaíba 1. 120 2.550 1.100 295 0,50 1,51 0,18 198,8
Doce
Doce 608 1. 026 1.220 80 0,96 1,08 0,19 116,4
Jequitinhonha
Jequitinhonha 739 1. 036 1.260 100 0,98 1,13 0,12 88,7 900-
Araçuaí 284 590 1.100 * 290 1,37 0,18 51,5
Paraíba do Sul
Paraibuna 176 500 1.180 260 3,64 1,70 0,22 38,6 800-
Pomba 240 465 1.100 95 1,43 0,14 34,6
Muriaé 74 245 900 170 1,25 0,55 40,4
Mucuri
Mucuri 242 600 720 92 1,62 1,40 0,24 59,1
Pardo
Pardo 205 570 880 680 0,84 1,40 0,30 62,8

* cota na confluência
Fonte: CETEC
800-

Figura 4.26. Perfil longitudinal do Rio Grande


200 400 600 7C
DISTÂNCIA (Km)

Fonte: CETEC

Figura 4.27. Perfil longitudinal do Rio Doce

100 200 400 500 eoo 700 eoo 900 1000 1100 12 00 1300 1400
DIStÍncI* ! Km)
Fonte: CETEC Fonte: CETEC

43
Figura 4.28. Perfil longitudinal do Rio Paranaiba Figura 4.30. Perfil longitudinal do Rio Paraibuna

ÜISTANCI *

Fonte: CETEC

Fonte: CETEC
Figura 4.29. Perfil longitudinal do Rio Jequitinhonha

Figura 4.31. Perfil longitudinal do Rio Mucuri

ra o rao

DI S T A N C I A ( Km }

Fonte: CETEC Fonte: CETEC

44
Figura 4.32. Perfil longitudinal do Rio Pardo de Ouro Preto. Sua extensão aproximada é 60,8% da área total da bacia. Sua extensão
de 716 km. Drena uma área de cerca de ê de 1.930 km, apresentando uma declividade
29.173 k m e desemboca no Rio São Francisco,
2
média de 0,53 m/km.
a 36 km a jusante de Pirapora. £ outro
tributário importante, pois, no momento, é
a principal fonte de abastecimento da O Rio Grande nasce no Alto do Mirantão, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte. Serra da Mantiqueira, no município de
Os principais tributários são os rios Bocaina de Minas, a uma altitude próxima de
Paraúna, Itabira, Taquaraçu, Bicudo e o 1.980 m. A partir das cabeceiras seu
Ribeirão da Mata. curso tem a direção SO-NE, até a divisa dos
municípios de Lima Duarte e Bom Jardim de
Minas. A partir desse ponto, toma a
0 Rio Indaiá é afluente pela margem esquerda direção SN, servindo como divisa entre esses
do Rio São Francisco. Tem uma extensão de dois municípios, e também entre os
aproximadamente 200 km, desde a nascente até municípios de Lima Duarte e Andrelãndia, até
a foz, no reservatório de Três Marias. Sua as proximidades da cidade de Piedade de
Minas. Até esse ponto o curso do rio tem um
bacia hidrográfica é da ordem de 3.340 k m .
2

desenvolvimento longitudinal de cerca de


210 km. A partir daí o ãlveo passa a correr
para noroeste, e se mantém nessa direção até
O Rio Paracatu, o principal dos afluentes a barragem de Jaguara, no município de
da parte mineira do Médio São Francisco, Sacramento. Na altura do reservatório de
apresenta um desenvolvimento longitudinal Estreito, a montante de Jaguara, o
da ordem de 476 km, desde as cabeceiras, no Rio Grande, até então um rio quase
município de Lagamar, até a foz. Os totalmente mineiro, passa a receber águas
principais tributários desse rio são, pela dos rios do Estado de São Paulo, e serve
margem direita, os rios da Prata e do Sono; como divisa entre os dois Estados. Da
e pela margem esquerda, o Rio Escuro com os barragem de Jaguara o rio muda seu curso,
seus formadores Escurinho, Claro e e passa a correr segundo a orientação EO,
Santa Isabel, e o Rio Preto, esse último mantendo essa direção até sua confluência
Fonte: CETEC com suas nascentes no Distrito Federal. com o Rio Paranaíba, dando origem ao
A bacia hidrográfica do Rio Paracatu Rio Paraná.
estende-se por uma superfície de quase
45.000 k m , dos quais 4.400 k m ficam no
2 2

Distrito Federal.
Os principais afluentes do Rio Grande
4.5.2. Bacias hidrográficas no Estado da Bahia, após servir de divisa
entre os dois Estados por aproximadamente pela margem esquerda são os rios Aiuruoca,
Capivari, Sapucaí, São João, Carmo, Sapucaí
4 0 km. O Rio Urucuia, desde as suas cabeceiras na (paulista), Pardo e Turvo; e pela margem
• Bacia do Rio Sao Francisco vertente goiana da Serra do Bonito, até a direita, os rios das Mortes, Jacaré, Santana,
foz no Rio São Francisco, percorre cerca de Pouso Alegre, Uberaba e Verde ou Feio.
A bacia do Rio Sao Francisco, com uma área Os afluentes mais importantes do trecho 470 km. Seus principais afluentes pela
de drenagem de cerca de 634.000 k m , tem
2

mineiro do Rio São Francisco são, pela margem direita são o Rio São Miguel e o
aproximadamente 36,8% dessa área dentro dos margem direita, os rios Pará, Paraopeba, Ribeirão Conceição e, pela margem esquerda,
limites do Estado de Minas Gerais. 0 trecho das Velhas, Jequitaí, Pacuí, Gameleira, os rios são Domingos e Piratininga. O Rio Aiuruoca nasce na Serra do Itatiaia,
mineiro do Rio São Francisco tem extensão Guaritas e Verde Grande; e pela margem no município mineiro de Itamonte, a uma
O Rio Urucuia drena uma área total de
aproximada de 1.135 km e declividade média esquerda, os rios Marmelada, Indaiá, altitude próxima de 2.500 m. Apresenta um
de 0,20 m/km. aproximadamente 25.000 k m , dos quais cerca
2

desenvolvimento longitudinal de
Borrachudo, Abaeté, Paracatu, Urucuia, de 750 k m estão em território goiano.
2

Pardo, Pandeiros, Japorê e Carinhanha. aproximadamente 165 km. A sua bacia


hidrográfica total é de aproximadamente
O Rio Sao Francisco nasce na vertente sul 2.845 k m .
2
Seus principais afluentes sao
da Serra da Canastra, no município de O Rio Carinhanha tem as suas nascentes no os rios Turvo, Grande e Ribeirão do Francês.
São Roque de Minas, a uma cota altimétrica O Rio Pará nasce com o nome de Ribeirão município de Formoso, em Minas Gerais, e
aproximada de 1.450 m. A partir das Cajuru, nas vertentes das serras do Galba e imediatamente passa a servir de limite desse
cabeceiras, onde seu curso tem a orientação da Cebola, desaguando no Rio São Francisco, Estado com a Bahia, durante os 310 km de seu
próximo ao reservatório de Três Marias. O Rio das Mortes naice na Serra da
EO, descreve um amplo arco no sentido curso, ate desaguar no Rio São Francisco.
Tem uma bacia hidrográfica de 12.225 k m . Mantiqueira, nas proximidades da divisa dos
levogiro, e passa a correr na direção OE, A bacia hidrográfica tem cerca de 20.000 k m ,
2 2

ate as proximidades do meridiano 46° O Os principais tributários são os rios sendo aproximadamente 60,0% desse total no municípios de Barbacena e Senhora dos
no povoado de Lagoa dos Martins. A partir Itapecerica, São João, Lambari, Peixe e Estado da Bahia. Seu principal afluente, Remédios, a uma altitude aproximada de
desse ponto o ãlveo assume a direção SO-NE, Picão. o Rio Cocha, contribui pela margem direita 1.200 m. Depois de um curso de cerca de
que mantém ate atingir o reservatório da em território mineiro. 210 km, deságua no Rio Grande pela margem
barragem de Três Marias. A jusante da direita. A área da bacia hidrográfica ê da
represa o rio ainda mantém a sua orientação ordem de 6.617 k m .
2
Seus principais
0 Rio Paraopeba tem as suas cabeceiras no afluentes são os rios Elvas, Santo Antônio,
anterior, até as proximidades da barra do município de Cristiano Otoni. Apresenta um
Rio Jequitaí. Desse ponto â foz do O Rio Verde Grande tem suas nascentes no das Mortes Pequeno, Pirapetinga e Carandaí.
desenvolvimento longitudinal de município de Montes Claros. Apresenta uma
Rio Paracatu, o percurso se faz na direção aproximadamente 510 km, desde a nascente
SSE-NNO. Apôs receber as águas do extensão total de 425 km e uma área de
até a foz, no reservatório de Três Marias. drenagem da ordem de 30.000 k m , dos quais
2

Rio Paracatu, o Rio São Francisco sofre uma Os principais afluentes do Paraopeba são os O Rio Jacaré nasce na Serra da Galga, no
deflexão no sentido dextrogiro, passando a cerca de 20% ficam em território baiano.
rios Maranhão, Camapuã, Macaúbas, Manso e Seus principais afluentes são os rios município de São Tiago. Das nascentes até
ter a orientação SN. Essa direção mantém-se Soledade. A bacia hidrográfica do a foz no Rio Grande, seu curso tem uma
até as proximidades do paralelo 16° S, Gorutuba, Quem-Quem e Verde Pequeno, pela
Rio Paraopeba tem 13.64 3 k m . Por ser uma
2
margem direita. extensão de 126 km e uma área de drenagem
quando, após receber o Rio Acaraí pela fonte potencial de abastecimento urbano e de 2.516 k m .
2

margem esquerda, muda novamente de direção, industrial da Região Metropolitana de


passando a correr de oeste para leste, até Belo Horizonte, o Paraopeba é considerado
as proximidades da cidade de São Francisco. um dos tributários mais importantes. • Bacia do Rio Grande
O Rio Sapucaí nasce na Serra da
A parte mineira da bacia do Rio Grande, que Mantiqueira, a montante da vila Jaguaribe,
vai desde as nascentes até o Rio Paraná, no Estado de São Paulo, a uma altitude
Daí para diante orienta-se para a direção 0 Rio das Velhas tem sua nascente na tem uma área de drenagem de cerca de aproximada de 1.750 km. A partir das
geral SO-NE, na qual permanece ate penetrar Serra do Veloso, nas vizinhanças da cidade 86.800 k m , correspondente a aproximadamente
2
nascentes até a foz, no Rio Grande, seu

X
curso tem um desenvolvimento longitudinal formadores os rios do Peixe, Guanhães e início do reservatório da barragem de Diamantina e Bocaiúva, Carbonita e Bocaiúva,
de cerca de 405 km e uma área de drenagem Tanque. Sua área de drenagem é de 10.390 k m . 2
Emborcação. A partir d: barragem o ãlveo Botumirim e Turmalina, Botumirim e Berilo,
de 24.853 k m . Seus principais afluentes
2
assume a oriente.-Uo EO, até as proximidades Cristália e Berilo, e Grão Mogol e Berilo.
são os rios Vargem Grande, Sapucal-Mirim, da cidade de Itumbiara. Daí corre segundo a Ao receber pela margem esquerda as águas do
Lourenço Velho, Machado, Verde, Cabo Verde e O Rio Suaçuí Grande ê formado pelos rios direção sudoeste, até receber as águas do Rio Salinas, muda de direção e corre para
Claro. Vermelho, Turvo Grande e Cocais. A área Rio Preto, pela margem direita, de onde SE até a confluência com o Rio Araçuaí.
total da bacia é de 12.976 k m . Tem suas
2

segue na direção sul até o encontro com o


nascentes nos municípios do Rio Vermelho e
Serra Azul de Minas. A partir do encontro Rio Grande, dando origem ao- Rio Paraná.
O Rio Pardo nasce na Serra do Brejinho, no de seus formadores, percorre uma extensão Nesse alto curso do Rio Jequitinhonha, o
município de Ipuiúna. Ê o maior afluente do de 9 0 km, até desaguar pela margem esquerda próprio rio escavou uma série de profundos
Rio Grande pela margem esquerda, ao qual se do Rio Doce, a jusante de Governador e estreitos vales. Até esse ponto o rio
Os principais afluentes do Rio Paranaíba
lança após um curso de cerca de 529 km. Valadares. drena uma área de cerca de 21.000 k m , e
2

pela margem direita são os rios São Marcos,


Apesar de nascer em Minas Gerais, 84% do seu tem um desenvolvimento longitudinal de
Corumbá, Piracanjuba, Meia Ponte, Verde,
curso se desenvolve no Estado de São Paulo. aproximadamente 460 km. Apôs receber seu
Corrente e Aporé; e pela margem esquerda, os
A área da bacia hidrográfica é de 35.414 k m . 2
O Rio Cuieté nasce com o nome de Caratinga, maior afluente, o Rio Araçuaí, passa a
rios Dourados, Perdizes, Bagagem, Araguari,
Seu maior afluente é o Rio Mogi-Guaçu, que a uma altitude aproximada de 800 m, nas correr segundo a orientação geral NO até
Piedade, Tejuco e Prata.
também nasce em território mineiro. cercanias da Serra do Turcos, na divisa dos Saldo da Divisa, quando assume a direção
municípios de Manhuaçu e Caratinga. Depois geral OE, com algumas inflexões pronunciadas
de percorrer 150 km, deságua pela margem até a foz, no Oceano Atlântico.
direita no Rio Doce. Tem uma área de
• Bacia do Rio Doce drenagem de 2.7 97 k m .
2
0 Rio Araguari, o mais importante tributário
do Paranaíba em território mineiro, nasce
A bacia do Rio Doce tem uma área total de nos contrafortes da Serra da Canastra, no Os principais afluentes do Rio Jequitinhonha
aproximadamente 82.000 k m , dos quais 86,0%
2
município de São Roque de Minas, a uma são, pela margem esquerda, os rios
pertencem ao Estado de Minas Gerais, e o O Rio Manhuaçu nasce na Serra das Quatorze altitude aproximada de 1.320 m. Ao desaguar Itacambiruçu, Salinas, Itinga, São Francisco
restante ao Estado do Espírito Santo. Voltas, na divisa dos municípios de Divino e no Rio Paranaíba, tem uma área de drenagem e Vacaria; e pela margem direita, os rios
O trecho mineiro do Rio Doce é de Manhuaçu, e deságua próximo â montante da de 21.520 k m . Seus principais afluentes
2
Araçuaí, São João, São Miguel e Rubim do Sul.
aproximadamente 6 08 km, e tem uma cidade de Aimorés. Tem uma área de drenagem são os rios Quebra-Anzol, Claro, Uberabinha
declividade média de 0,96 m/km. de 8.127 k m , e seus principais afluentes
z
e Ribeirão do Inferno.
são os rios Jequitibã e José Pedro, pela O Rio Araçuaí, principal afluente do Rio
margem direita. Jequitinhonha, nasce na Serra do Gavião, no
Esse curso d'água nasce num dos contrafortes 0 Rio Perdizes nasce no município de município de Rio Vermelho, a uma altitude
da Serra do Espinhaço, no município de Monte Carmelo, nas proximidades da divisa próxima dos 1.100 m. Apôs um percurso de
Ressaquinha, a uma altitude aproximada de O Rio Casca nasce na Serra das Aranhas e das com o município de patrocínio. Tem uma área aproximadamente 284 km, desemboca no Rio
1.220 m, com o nome de Rio Piranga. Conserva Três Viuvas, na divisa dos municípios de Jequitinhonha pela margem direita, no
de drenagem de 1.364 k m .
2

esse nome até a sua confluência com o Rio do Viçosa e Muriaé. Sua área de drenagem é de município de Araçuaí. Sua bacia hidrográfica
Carmo, quando passa a denominar-se Rio Doce,, 2.320 k m , e seus principais afluentes são
2
tem uma área de drenagem superior a
até desaguar no Oceano Atlântico. os rios Turvão, São Francisco, Santana e 14.621 k m .
2
Seus principais afluentes são,
Santo Antônio. pela margem esquerda, o Córrego da
O Rio Dourados nasce na Chapada do Ferro, Estimativa e os ribeirões da Viúva e dos
no município de Patrocínio, a uma altitude Macacos; pela margem direita, os ribeirões
A partir das nascentes, seu curso tem a próxima de 1.000 m. Parte desse rio serve Itacambira Grande e Santo Antônio, e os rios
orientação SE-NO, ate as proximidades do de divisa entre os municípios de Coromandel Itamarandiba, Fanado, Capivari, Setúbal e
paralelo 21° S. Daí segue a direção SO-NE * Bacia do Rio Paranaíba e Monte Carmelo. Tem uma área de drenagem Gravata.
até a confluência com o Ribeirão Pirapetinga, de 2.408 k m . Seu principal afluente é o
2

onde sofre um novo giro, seguindo a A bacia do Rio Paranaíba estende-se sobre
Rio Douradinho.
orientação OE, e a seguir, a orientação NO-SE; três Estados: Minas Gerais, Goiás e
descreve um amplo arco, e segue a orientação Mato Grosso. A área de drenagem da parte v

geral SSO-NNE, mantendo-a até a cidade de mineira da bacia corresponde a • Bacia do Rio Paraíba do Sul
Governador Valadares. A partir daí o rio aproximadamente 32,1% da área total, que é
assume a direção OE, até ^receber pela cerca de 222.000 k m . Juntamente com a bacia
2

• Bacia do Rio Jequitinhonha A bacia do Rio Paraíba do Sul se estende por


margem esquerda o Ribeirão Itapimboã, quando do Rio Grande, ê formador do caudaloso três Estados: São Paulo, Rio de Janeiro e
muda novamente de direção, passando a correr Rio Paraná. O Rio Paranaíba apresenta um A área total da bacia hidrográfica do Minas Gerais. A parte de interesse para o
de noroeste para sudeste, até as imediações desenvolvimento longitudinal de cerca de Rio Jequitinhonha ê de cerca de 69.997 k m ,
2
Estado de Minas Gerais é composta pelas
da cidade de Aimorés. Nesse ponto toma a 1.120 km, sendo que aproximadamente 680 kiu dos quais 93,6% estão no Estado de sub-bacias do Paraibuna, Pomba e Muriaé.
orientação OE até a foz, no Espírito Santo. servem de divisa entre os Estados de Minas Gerais. A partir das nascentes até a Tem uma área aproximada de 21.300 k m ,
2

Minas Gerais e Goiás, e Minas Gerais e foz, o Rio Jequitinhonha percorre cerca de correspondente a cerca de 37,5% da área
Mato Grosso do Sul. 870 km de desenvolvimento longitudinal, total da bacia, e localiza-se na região
sendo 85,0% em território mineiro. sudeste do Estado.
Até a divisa com o Espírito Santo, seus
principais afluentes são, pela margem
direita, os rios Chopotõ, Casca, Matipõ, O Rio Paranaíba nasce na Serra Mata da Corda,
Cuietê e Manhuaçu; e pela margem esquerda, no município de Rio Paranaíba, a uma altitude 0 Rio Jequitinhonha nasce na Serra do Gavião, 0 Rio Paraibuna nasce na Serra da
os rios do Carmo, Piracicaba, Santo Antônio, próxima de 1.100 m. Depois de passar por pertencente â cadeia do Espinhaço, no Mantiqueira, no município de Antônio Carlos,
Corrente Grande e Suaçuí Grande. declives íngremes, corre de sul para norte município do Serro, a uma altitude aproximada a uma altitude de 1.180 m. A partir das
em região plana, numa distância aproximada de 1.260 m. A partir das cabeceiras, onde nascentes seu curso tem uma orientação OE,
de 120 km, até as imediações da cidade de seu curso tem uma orientação NNE-SSO, até as proximidades da divisa dos municípios
Patos de Minas. Continua na mesma direção, descreve um arco no sentido dextrogiro, e de Antônio Carlos e Santos Dumont, Nesse
O Rio Piracicaba nasce na Serra do Caraça, para logo em seguida tomar o rumo norte, passa a correr na direção SSE-NNO até trecho, de aproximadamente 30 km, desce da
no município de Ouro Preto, a uma altitude servindo como divisa dos municípios de receber pela margem direita o Ribeirão cota 1.180 m para cotas altimétricas
de 1.680 m. Tem uma área de drenagem de Patos de Minas, Presidente Olegário 'e Jequitinhonha, também denominado Preto ou do inferiores a 750 m. A partir daí o rio
6.300 k m e extensão de 165 km.
2
Seus Lagamar. Segue até a divisa com o município Campo. Desse ponto orienta-se para NNO assume a direção NO-SE, passando por
principais afluentes são os rios Santa de Coromandel, onde muda de direção seguindo até o povoado de Mário Nunes, onde muda de Juiz de Fora, numa altitude de 680 m. Desse
Bárbara, Peixe, Turvo e da Prata. rumo sudoeste, para logo assumir a direção direção, seguindo para norte até as ponto segue a orientação NNE-SSO até as
EO até o cruzamento com a rodovia MG-188. proximidades do povoado de Senador Mourão. proximidades do povoado de Sobragi, onde
A partir desse ponto volta novamente ao Segue o rumo EO até a divisa dos municípios muda novamente de direção, seguindo a
O Rio Santo Antônio nasce nas proximidades sentido noroeste até a divisa dos Estados de de Diamantina e Bocaiúva, de onde passa a orientação NO-SE até o povoado de
Minas Gerais e Goiás, na confluência com o correr na direção geral NE, e começa a Afonso Arinos. Daí segue a orientação OE
da serra Tromba Danta, no município de Rio Verde, e toma a orientação NE-SO até o servir de divisa entre os municípios de ate receber as águas do Rio Cagado, pela
Conceição do Mato Dentro. Tem como

46
margem esquerda, de onde assume o sentido NS altitude de 720 m; o segundo nasce no qualitativas do risco de contaminação ocorram. Os quartzitos dos Grupos Macaübas
até a foz, no Paraíba do Sul. município de Ladainha, a uma altitude de nas diversas unidades mapeadas. e São João Del Rei, por exemplo, foram
750 m. A partir da junção, o Rio Mucuri agrupados em um mesmo sistema, apesar de
corre no rumo NNE até um ponto a jusante de A elaboração do Mapa Hidrogeolõgico (Mapa 4) suas diferenças de idade e áreas de
seu cruzamento com a BR-116, de onde passa a teve por base os estudos hidrogeolõgicos ocorrência.
Nesses dois últimos trechos o Rio Paraibuna correr segundo uma orientação geral NNO-SSE realizados pelo CETEC, pela CPRM, pela
serve como divisa entre os Estados de até a foz, no Oceano Atlântico. Percorre um COPASA-MG e pela OESA, conforme indica a
Minas Gerais e do Rio de Janeiro, numa total de 242 km desde a nascente até o Figura 4.33. Além dos projetos específicos
extensão aproximada de 44 km. A área total Os riscos potenciais de poluição dos
município de Nanuque, onde deixa o Estado de hidrogeologia, foram utilizadas na aqüíferos foram indicados no mapa como alto,
de drenagem da sub-bacia é de 8.585 k m , dos
2

na cota altimêtrica de aproximadamente 90 m. cartografia dos aqüíferos algumas folhas da


quais 6.796 k m estão em território mineiro.
2 moderado e baixo. Seus campos foram
Sua área total de drenagem ê de 15.100 k m ,
2
carta geológica do Brasil ao Milionésimo, definidos segundo o tipo de sistema, a
Da nascente ate a foz, o Rio Paraibuna dos quais 94,7% estão em território mineiro. executada pelo DNPM. No Sul de Minas e no
percorre uma extensão aproximada de 176 km. profundidade do nível freático e a presença
Triângulo Mineiro, onde não hã levantamentos ou ausência de manto de alteração.
Sua declividade ê bastante variada. Nos hidrogeolõgicos, as informações dos mapas
primeiros 4 km ê da ordem de 70 m/km; nas Consideraram-se os aqüíferos cársticos e os
geológicos (Carta ao Milionésimo) foram granulares com nível freático próximo ã
proximidades de Juiz de Fora é de cerca de Seus principais afluentes são os rios completadas com dados de vazão específica e
1 m/km; e no seu baixo curso, da ordem de superfície, como possuidores de alto risco
Todos os Santos e Pampa. 0 primeiro deságua condutividade elétrica de poços tubulares de poluição. Os sistemas granulares com
5 m/km. A declividade média do álveo é da pela margem direita, o segundo pela margem construídos pela COPASA-MG, para
ordem de 3,64 m/km. nível d'água profundo foram tomados como de
esquerda. abastecimento urbano. baixo risco, enquanto que os aqüíferos
restantes ficaram enquadrados na categoria
de moderado a alto risco de poluição. A
presença de mantos de alteração nesse último
O Rio Pomba nasce na Serra da Conceição, • Bacia do Rio Pardo caso é considerada como atenuadora do fator
pertencente ã Cadeia da Mantiqueira, no Figura 4.33. índice dos elementos utilizados
no mapeamento hidrogeolõgico de risco.
município de Barbacena, a uma altitude O Rio Pardo nasce no município de Rio Pardo
aproximada de 1.100 m. Nas vertentes de Minas, a uma altitude aproximada de 880 m.
opostas estão as nascentes dos rios das A partir das nascentes seu curso tem a
Mortes e Doce. Como todos os rios que orientação NS até a cidade de_Rio Pardo de No que concerne aos recursos hídricos
nascem na Serra da Mantiqueira, o Rio Pomba Minas, onde assume a orientação geral OE até superficiais em Minas Gerais, o presente
cai rapidamente de nível. A mais ou menos deixar o Estado. Tem uma extensão de 220 km trabalho divulga informações sob o ponto de
90 km da nascente já está a uma altitude de em território mineiro, e deixa o Estado a vista qualitativo e quantitativo, analisando
200 m. uma cota altimêtrica de 640 m. Seus a estrutura da rede hidrométrica estadual
principais afluentes são os rios Pardinho, face ã sua importância para o planejamento
Mosquito, Preto e Itaperaba, pela margem e administração dos recursos hídricos.
direita; e pela margem esquerda, o Rio
Na sua foz, no Rio Paraíba do Sul, depois de São João.
percorrer aproximadamente 265 km, a altitude
do álveo ê da ordem de 52 m. A área total Para a obtenção da disponibilidade hídrica
de drenagem é de 8.735 k m , dos quais 95,0%
2 superficial, foram aproveitados os postos
ficam em território mineiro. fluviométricos utilizados pelo CETEC nos
estudos de levantamento de recursos naturais
4.6. Recursos hídricos (PLANOROESTE II e Vale do Rio Jequitinhonha)
e dados dos postos fluviométricos do DNAEE
O Rio Muriaé, último afluente importante da
margem esquerda do Paraíba do Sul, ê formado 4.6.1. Introdução e da CEMIG nas outras regiões. Ao todo
foram trabalhados os dados de 110 estações
pela junção dos rios Bom Sucesso e Samambaia, fluviométricas distribuídas entre as 8
cujas nascentes ficam no município de Mirai. A água é um recurso natural essencial à principais bacias hidrográficas, conforme
Tem suas nascentes na Serra das Pedras, uma subsistência do homem e âs suas atividades, mostra a Tabela 4.3.
derivação da Serra da Mantiqueira, a uma em particular às atividades econômicas de
altitude aproximada de 900 m. A partir da produção de bens e serviços. Como recurso
junção, já com altitude pouco superior a natural, é um elemento imprescindível ã de Montes Clin»

300 m, o Rio Muriaé segue a direção NNE-SSO vida, bem como fator condicionante do
até a confluência com o Córrego da Oncinha,

desenvolvimento econômico e do próprio
de onde se orienta no sentido NNO-SSE até a bem-estar social. Hoje a preocupação com a Hipa Hidrogeolõgico de Mim» Geri!
íidli 1:1 000 000 - CWW - Inédit
confluência com o Rio Fubá. Daí segue a disponibilidade do recurso hídrico e seu Projeto Hldroçeologu do Centro de Minis Genis r
Tabela 4.3. Distribuição das estações
direção OE na maior parte do percurso, múltiplo uso ê mundial. Sente-se uma Morte do Cipirlio Sinto - fstíli 1:100 000 - CWW
Inédito Projeto Polulçîo dit nouil Subterríneu r* Curveli
Cine - I n é d i t
fluviométricas estudadas, por
passando pela cidade de Muriaé. A necessidade crescente em se avançar no bacia hidrográfica
aproximadamente 5 km a jusante de Muriaé, conhecimento das ocorrências e do • lnundiçoet es

ainda na direção OE, recebe o Rio Glória, comportamento da água, para seu controle e I 1 :°") PetQuUa e levintemento
r
de Recursoi
•Kertf por aelo de
mais ou menos de igual porte, vindo das aproveitamento global.
1:100 000-Ctnc- Inédit
bacia hidrográfica n9 de estações
encostas da Serra do Brigadeiro. O Rio
São Francisco 38
Muriaé contínua na direção leste até receber
as águas do Rio Carangola, já no Estado do A delimitação dos aqüíferos foi executada Doce 16
Rio de Janeiro. A partir daí segue a Uma vez que do ponto de vista de gestão ê
importante que se considerem em conjunto as tomando-se por base inicial a ocorrência de Paraíba do Sul 13
direção NO-SE até a foz, no Rio Paraíba do água subterrânea em quatro grandes grupos
Sul, numa altitude inferior a 15 m. Da águas interiores, assegurando assim uma 13
de rochas: granulares; carstifiçadas; Paranaíba
nascente até a foz, o Rio Muriaé percorre otimização global do aproveitamento dos
recursos hídricos, o presente trabalho fissuradas; carstificadas-fissuradas. Grande 8
uma distância aproximada de 245 km, dos
quais cerca de 35,0% ficara em território enfoca tanto os recursos hídricos
Jequitinhonha 8
mineiro. A área de drenagem é de subterrâneos quanto os superficiais.
aproximadamente 7.980 k m , sendo 2.990 k m
2 2 Dentro de cada grupo, as unidades aqüíferas Mucuri 3
em Minas Gerais. foram estruturadas segundo o critério de 1
Pardo
0 estudo hidrogeolõgico foi elaborado com o identidade litolõgica, isto é, foram
objetivo principal de reunir o maior número agrupadas numa única unidade hidrogeolõgica Fonte: CETEC
de informações sobre os recursos hídricos as seqüências rochosas litologicamente
subterrâneos do Estado. Nesse sentido, ao semelhantes, ainda que pertencentes a
• Bacia do Rio Mucuri lado de informações como distribuição, supergrupos, grupos ou formações distintas,
litologia, características dimensionais e tanto por áreas de ocorrência, como por A maioria das estações foram selecionadas
O Rio Mucuri é formado pela junção dos rios hidrodinâmica, produtividade, capacidade de idade. Assim, como conseqüência, uma unidade levando-se em consideração a qualidade e a
Mucuri do Sul e Mucuri do Norte. O primeiro infiltração e qualidade das águas das geológica pode ser desmembrada em vários quantidade dos dados disponíveis e sua
nasce no município de Malacacheta, a uma unidades hidrogeolõgicas, hã indicações aqüíferos, segundo as litologias que nela localização em relação ã rede de drenagem,

47
para que a estação fosse a mais As áreas onde a cobertura é argilo-arenosa, calcários de Formação Lagoa do Jacaré, e mantos de alteração, que poderiam favorecer
representativa possível da área. Dessas argilosa ou areno-argilosa e com nível estão subordinados ao pelitos. Estes incrementos nesse parâmetro, são, via de
estações procurou-se obter um conjunto de freático profundo foram consideradas de aqüíferos são constituídos por ardósias, regra, pouco significativos.
dados homogêneos, mas raros foram os pontos baixo risco de poluição, enquanto que nas margas e siltitos com calcários lenticulares
onde isso foi possível. Nesses casos a partes onde hã predomínio de frações mais subordinados. A qualidade da agua é muito variável, sendo
estação foi estudada isoladamente, pois na arenosas e níveis freáticos mais próximos â o teor de sólidos dissolvidos mais baixo nas
falta de outras informações, as superfície, indicaram-se zonas de alto risco. A permeabilidade é variável, sendo maior nas ardósias, siltitos, folhelhos e arcõsios, e
características estatísticas da amostra faixas com calcários lenticulares. A vazão mais elevado nos xistos, resultando em um
representariam a melhor estimativa naquele específica varia entre 0,004 e 8 l/s/m, com valor médio menor que 200 mg/í.
ponto. Foi feito um estudo da freqüência • Formações Urucuia, Areado, Mata da Corda,
Bauru, Pirambóia e Botucatu média calculada de 0,5 Z/s/m. A infiltração
para a obtenção das vazões características varia entre moderada e baixa. As águas
nos pontos, ou seja,da média do período e apresentam teores elevados de sólidos
os valores extremos para a recorrência As formações Urucuia, Areado e Mata da Corda • Pré-Cambriano Indiferenciado
dissolvidos, mantendo-se o valor da dureza Associações Barbacena e Paraíba,
adotada. Os valores hidrológicos ocorrem na bacia do Rio São Francisco, na geralmente abaixo de 200 mg/Z de C a C 0 . Complexos Amparo, Campos do Jordão,
encontrados foram plotados no Mapa 5. região noroeste do Estado. As formações
3

Bauru, Pirambóia e Botucatu pertencem ao Itapira e Bação- Maciços Alcalinos


• Formação Serra Geral e Granitos
domínio da bacia do Rio Paraná, ocorrendo
nas regiões oeste e oeste-sudoeste de Ocorre exclusivamente na região do
4.6.2. Unidades hidrogeológicas Minas Gerais. Triângulo Mineiro, ocupando as partes mais
baixas do terreno, nos vales dos rios Estas unidades estão distribuídas nas
Litologicamente compÕem-se de arenitos puros, Grande e Paranaíba. A unidade está regiões leste e sul de Minas Gerais,
• Aluviões Quaternárias arenitos argilosos, arenitos calcíferos, constituída por basalto, diabásios e cobrindo mais de 40% do Estado. São
arenitos cineríticos, tufitos e, subordinadamente arenitos intercalados. compostas por gnaisses, migmatitos, xistos e
As aluviões quaternárias ocorrem subordinadamente, conglomerados, siltitos, subordinadamente granitos, granodioritos e
principalmente ao longo das bacias dos rios argilitos e rochas piroclásticas. A A permeabilidade é bastante variável, e a anfibolitos. São em geral intensamente
São Francisco e D o c e e no curso módio do
f espessura e muito variável, sendo a máxima vazão específica media para a área drenada metamorfizadas e dobradas e, localmente,
Rio Grande. São constituídas de misturas observada da ordem de 300 m, na Serra das pelo Rio Grande é de 0,7 t/s/m. A apresentam intensa e extensa rede de
de areias, siltes, argilas c cascalhos em Araras. infiltração ê moderada a alta, fraturas. Nas áreas do sul do Estado, os
proporções variáveis, distribuídas ao longo principalmente nas áreas com coberturas de mantos de alteração são bastante espessos,
dos rios, e mantendo com esses conexão A permeabilidade média é de 1 0 ~ Z/s/m c a
5
Arenitos Bauru. e têm significativa importância na
hidráulica. vazão específica varia entre 0,1 e 1,0 Z/s/m. realímentação destes sistemas.
A infiltração ê alta moderada, e geralmente
Esta unidade apresenta espessura máxima de favorecida pela pouca drenagem existente no • Supergrupo Espinhaço, Formação Canastra, A vazão específica média observada ê de
75 m e permeabilidade muito variável, em topo dos chapadões dos arenitos. Grupos Macaübas, Araxá e São João Del Rei 0,26 t/s/m. As águas têm conteúdo de
função da diversidade litológica. São sólidos dissolvidos de 150 mg/Z em média,
aquíferos ideais para serem explotados As águas mostram concentrações de sólidos As rochas que pertencem a estas unidades com tendência a aumentos significativos para
através de poços rasos e de grande diâmetro, dissolvidos muito baixas, e são geralmente formam as bordas externas de sudoeste e a região norte-nordeste, como nos vales dos
face ã proximidade do freático da superfície. agressivas. Estes sistemas, por serem leste da bacia do Rio São Francisco, e rios Jequitinhonha, Mucuri, Pardo e Doce,
Hã, no Estado, registro de poços em aluvião granulares e, em geral, terem nível freático ocorrem isoladamente no Sul de Minas, no de condições climáticas mais severas, e
com produtividade de até 13 £/s/m. profundo, foram considerados como de baixo Grupo São João Del Rei. Os aqüíferos são decréscimos nas áreas mais meridionais, de
risco de poluição. constituídos essencialmente por quarzitos clima mais ameno.
As taxas de infiltração das aluviões são com xistos e filitos subordinados.
altas a moderadas, e suas águas mostram
baixas concentrações de sólidos dissolvidos. • Grupo Bambuí (Formações Sete Lagoas e Os quartzitos mostram-se, via de regra,
Localmente têm altos teores de Fe e Mn.
0 risco de poluição desses aqüíferos, face
Lagoa do Jacaré-fácies carbonatada) bastante fraturados e com planos de
estratificação localmente bem desenvolvidos.
4.6.3. Análise da rede hidrométrica
ã pouca profundidade do nível freático é, Nessas condições a permeabilidade é muito
em geral, alto. As Formações Sete Lagoas e Lagoa do Jacaré, variável, aumentando nas áreas onde hã O sistema fluvial mineiro vem sendo estudado
do Grupo Bambuí, e a fácies carbonatada do conjugação desses fatores. A posição hã bastante tempo. As principais estações
• Coberturas Detríticas do Terciãrio- Grupo Paranoã ocorrem de forma descontínua topográfica destas unidades, cujas rochas fluviométricas instaladas no Estado datam de
nas bordas sul, leste e oeste da bacia do ocupam partes mais altas do relevo, limita 1924 e 1925. Daquela época até 1979, tinham
-Ouaternãrio e Grupo Barreiras
Rio São Francisco. São constituídas de seu potencial como aqüífero, resultando em sido instaladas cerca de 911 estações
calcários, dolomitos, margas e produtividade média a baixa para os poços integrantes da rede básica do DNAEE,
Ocorrem especialmente ao norte do paralelo subordinadamente pelitos calcí feros. nelas perfurados. A infiltração é moderada CEMIG, CODEVASF, do DNOS, da CAEEB, CESP,
18°, ocupando, via de regra, as depressões a alta. As águas destes sistemas têm teor SUDENE e de FURNAS, conforme indica a
e chapadões da bacia do Rio São Francisco e A permeabilidade Õ muito variável, em função médio de sólidos dissolvidos menor que Tabela 4.4
os chapadões das cabeceiras do curso médio da carstíficação das rochas carbonatadas. 50 mg/Z, condutividade maior que 60 ymho/cm
do Rio Jequitinhonha. A vazão específica varia entre 0,006 e e pH abaixo de 6,5. Algumas dessas estações tiveram curto
8 í/s/m, com média de 0,85 l/s/m. A período de operação, e foram extintas em
As coberturas detríticas são constituídas infiltração é alta e favorecida pelo sistema decorrência da reprogramação da rede básica.
de circulação cárstica que predomina nestas • Grupos Macaübas, Araxá e Paranoã, Grupo Muitas delas coincidem em uma mesma
por sedimentos resultantes de mistura de Bambuí (Formações Santa Helena, Serra da
areias, siltes, argilas e cascalhos, unidades. localidade, por falta de uma coordenação
Saudade e Três Marias), Supergrupo Rio geral entre as diversas entidades operadoras,
geralmente basais, com espessura máxima das Velhas
observada de 70 m. O Grupo Barreiras contém As aguas têm geralmente maiores e também devido ao caráter específico de
argilas, arenitos mal selecionados e concentrações de sólidos dissolvidos, algumas das estações.
conglomerados, ambos pouco consolidados. notadamente os índices de dureza maiores Estes aqüíferos distribuem-se de forma
A permeabilidade, tanto nas coberturas como que 200 mg/£ de C a C 0 , resultando em águas
3 descontínua nas bacias dos rios'São Francisco i 0 projeto de uma rede hidrométrica, com um
no Grupo Barreiras, é muito variável. incrustantes. Face ã predominância de Pardo e Jequitinhonha, Alto Paranaíba, número ideal de estações, ê bastante
A produtividade desses aqüíferos é baixa, circulação de água subterrânea através de Alto-Médio Rio Grande e na região do complexo, dada a diversidade de fatores
exceto nas fácies mais arenosas, onde hã condutos cársticos, esta unidade foi Quadrilátero Ferrífero. Suas rochas, â envolvidos para o seu planejamento. Vários
fontes que restituem maiores volumes de considerada como de alto risco de poluição. exceção do Grupo Bambuí, estão bastante autores propõem diversas formas dc se
água ã superfície. A taxa de infiltração dobradas e fraturadas, constituindo-se estimar uma densidade ideal de estações,
varia de moderada a alta. • Formações Lagoa do Jacaré e Santa Helena, principalmente de xistos, ardósias, siltitos, relacionando essa densidade com fatores
fã*c ies pelítico-carbonatada ritmitos, folhelhos e arcõsios. físicos, econômicos e sociais.
As águas desses sistemas apresentam baixo
conteúdo de sólidos dissolvidos, com média Ocorrem nas áreas de borda da bacia do A permeabilidade ê muito variável, e a vazão Após vários estudos, chegou-se ã conclusão
observada menor que 10 mg/£, e geralmente Rio São Francisco, onde estão ausentes as específica média calculada para os xistos é de que a densidade populacional é um dos
agressivas, com pH próximo a 6. rochas das Formações Sete Lagoas e os de 0,32 Z/s/m. A infiltração é baixa e os fatores que mais interfere na programação

48
Tabela 4.4. Distribuição da rede Figura 4.34. Número de estações Tabela 4.5. Distribuição e densidade das Tabela 4.7, Continuidade de operação das
hidrométrica de Minas Gerais, fluviométricas em função da estações fluviométricas de estações fluviométricas de
por entidade população Minas Gerais, por bacia Minas Gerais
hidrográfica
l ESTAÇÕES EM OPERAÇÃO ATE I979 >
entidade n9 de estações* 5 .0 densidade n<? de anos percentagem percentagens
DNAEE 679 n9 d e extintas e em o p e r a ç ã o
de operação de estações acumuladas
bacias
estações* em operação até 1979
CEMIG 105 estaçÕes/10 estaçoes/lû km 3 2

0 - 5 26,1 26 ,1 100 ,0
São F r a n c i s c o 349 1,43 0,60
CODEVASF 69 6 - 10 12,7 38,8
Grande 183 2,11 0,91 73,9
Doce 176 2,49 0,82
DNOS 51 P a r a í b a d o Sul 73 3,43 1,22 11 - 20 ' 21,2 60 ,0 61,2
Paranaíba 57 0,80 0,43
SUDENE 1 0,66 0,27 21 - 30 18,6 78,6 40,0
Jequitinhonha 43**
FURNAS ^ ** Mucuri 17 1,19 0,56
> 30 21,4 100 ,0
São M a t e u s 5 0,87 0,52 21,4
2 4 0,31 0,15
CAE EB Pardo
1,54
Itabapoana 2 3,08
CESP 2 Itanhaém 1 0,69 -
Jucuruçu i 1,11
- Fonte: DNAEE/MME - Inventário das Estações
Buranhem 0
- -- Fluviométricas, Brasília, 1979.
* Foram consideradas todas as estações Tietê 0 -
instaladas ate a presente data, * F o r a m c o n s i d e r a d a s todas as e s t a ç õ e s i n s t a l a d a s até
inclusive as extintas. a p r e s e n t e d a t a , i n c l u s i v e as e x t i n t a s .
As que estão instaladas na mesma AS q u e e s t ã o i n s t a l a d a s n a m e s m a l o c a l i d a d e f o r a m
localidade, foram consideradas consideradas separadamente.
separadamente. ** N ã o foram c o n s i d e r a d a s as 16 estações secundárias
de F U R N A S .
** Não foram consideradas as 16 F o n t e : DNAEE/MME - Inventário das Estações Fluvimétricas, hidrológicos: o CETEC, na região noroeste do
estações secundarias de FURNAS. Brasília, 1979.
0 01 l . 1 1 1 i i i— Estado e no vale do Rio Jequitinhonha; e a
Fonte: DNAEE/MME - Inventário das i ? 5 io 20 50 '00 ?00
SUVALE, na bacia do Rio São Francisco. Porém,
Estações Fluviométricas, DENSIDADE DE POPULAÇÃO POR Km 2 já com uma finalidade específica, existem
Brasília, 1979. Tabela 4.6. Simultaneidade de operação das outros estudos hidrológicos sobre algumas
estações fluviométricas de bacias:
Minas Gerais
Legenda: - estudo da viabilidade técnica e econômica
de uma rede de estações fluviométricas. de aproveitamento do Rio Doce para
1 Noruega navegação e produção de energia elétrica-
Isso porque numa região de alta densidade
2
- Tasmània período
estações em densidade simultânea THEMAG/MONTREAL/PORTOBRÂS;
populacional, aumentam os problemas
- operação no Estado
relacionados ã utilização dos recursos 3
- NSW
1921-1930 14 0,02 estações/10 km
--
3 2

hídricos, necessitando-se de uma rede mais 4 Itália - reconhecimento dos recursos hidráulicos e
densa de estações, para a obtenção de 5 Japão 119 0,20 estações/10 km de solos da bacia do Rio São Francisco -
1931-1940
3 2

informações mais corretas do comportamento 6 Malásia SUVALE/CHESF/BUREAU OF RECLAMATION;


1941-1950 373 0,64 estações/10 k m 3 2

dos cursos d'ãgua. Partindo dessa premissa, 7


- Filipinas
estabeleceu-se uma relação entre densidade
populacional e densidade de estações
8
9 - Ceilão
Formosa
1951-1960 422 0,72 estações/10 km
0,96 estações/10 km
3 2
- estudo energético da região centro-sul do
Brasil - Parte A - Minas Gerais -
1961-1970 562
3 2
hidrométricas, fixando-se uma rede mínima 10
- Sudão CANAMBRA/CEMIG;
razoável. 11
12 -- Congo
Tailândia
1971 454 0,77 estações/10 km 3 2

- estudos hidrológicos do conjunto


Tomando-se o Estado como um todo, 13
- Paquistão
Fonte: DNAEE/MME - Inventário das Estações hidroelétrico - Divisa-Itapebi -
Minas Gerais atende atualmente o mínimo
exigido, segundo os conceitos de
14
15 -
-
Índia
Coréia do Sul Fluviométricas, Brasília, 1979. ENGEVIX/FURNA S;
Langbein (28). Na Figura 4.34 nota-se que 16
- Bacia do Paraíba do Sul - diagnóstico e planejamento da utilização
nas regiões mais desenvolvidas a densidade 17
- Bacia do Rio Doce dos recursos hídricos da bacia do Rio
de estações é adequada. Entretanto, nas 18
- Bacia do Rio São Francisco
suficiente para que se possa realizar um Paraíba do Sul - CNEC/DNAEE.
regiões menos desenvolvidas, como na bacia
dos rios Jequitinhonha e Pardo, a densidade
19
20 - Bacia do Rio Jequitinhonha
Bacia do Rio Grande
estudo estatístico apurado. Apesar de
Minas Gerais possuir alguns dados Como foge aos objetivos do presente estudo
esta ou pouco superior ou abaixo do mínimo 21
- Bacia do Rio Mucuri fluviométricos consistidos, os respectivos um trabalho de consistência dos dados
razoável. Já as bacias dos rios Buranhém,
Itanhaém, Tietê e Jucuruçu não possuem
22
23 - Bacia do Rio São Mateus
Bacia do Rio Paranaíba
períodos de operação raramente são
semelhantes, e isso impede que se obtenham
hidrológicos, estes foram utilizados muitas
vezes na forma em que se encontravam na
atualmente nenhuma estação. Um dos motivos
da baixa densidade nessas regiões talvez
24
25 - Bacia do Rio Itabapoana
Bacia do Rio Pardo
séries hidrométricas homogêneas. Outra fonte. Portanto, deve-se salientar que os
seja a falta de infra-estrutura rodoviária, 26 - Estado de Minas
dificuldade encontrada foi a própria
disponibilidade de dados, que na maioria
resultados apresentados não devem ser
rigorosamente utilizados para outros estudos,
o que torna difícil o acesso aos cursos das vezes se encontram apenas com uma face ao caráter preliminar do levantamento.
d'ãqua, Na Tabela 4.5 são apresentadas a consistência preliminar de detecção de Exceto os dados da região noroeste do
distribuição e a densidade das estações Fonte : . Handbook of Applied Hydrology - falhas, e apresentam erros grosseiros. Estado e da bacia do Rio Jequitinhonha, que
fluviométricas, por bacia hidrográfica. Vente Chow já passaram por um processo criterioso de
. CETEC consistência feito pelo CETEC.
Para se ter uma idéia da qualidade desses
Pela análise da rede hidrométrica, sob o dados fluviométricos, somente no final da
aspecto da distribuição cronológica indicada década de 1930 e na década de 1940, o DNAEE Os recursos hídricos superficiais de
nas Tabelas 4.6 e 4.7, pode-se verificar que publicou regularmente os dados consistidos Minas Gerais como um. todo são relativamente
os fenômenos hidrológicos não vêm sendo bem de algumas bacias hidrográficas mineiras. abundantes. Mas sua distribuição não ê
amostrados, uma vez que o número de estações 4.6.4 Disponibilidade hídrica superficial Desde essa época, só as bacias dos rios uniforme, havendo áreas com pouca
com um período de observação comum e Jequitinhonha e Paranaíba tiveram disponibilidade de águas superficiais.
superior a 10 anos ê pequeno. Haja vista As dificuldades para a obtenção da recentemente seus dados consistidos e Conforme indica a Figura 4.35, as áreas mais
que no levantamento estatístico das vazões, disponibilidade hídrica superficial do publicados. ricas estão distribuídas ao longo das serras
principalmente quando se trata de um estudo Estado foram significativas. A distribuição da Mantiqueira, do Espinhaço, da Canastra e
regional, é da maior conveniência a obtenção cronológica dos dados hidrológicos Além do DNAEE, apenas dois órgãos elaboraram da Mata da Corda, devido ao alto índice
de séries hidrométricas homogêneas e extensas. amostrados no período estudado não é estudos de consistência de dados pluviométrico dessas regiões.

49
Figura 4.35. Distribuição do potencial hídrico 5,9 £/s/km , na divisa dos Estados de
2
desenvolvimento econômico agravará esses
Minas Gerais e Bahia. mesmos conflitos, caso não sejam
estabelecidos mecanismos convenientes de
- Rio Doce - assim como os outros grandes gestão. A necessidade de planificar a
rios mineiros, as suas nascentes se alocação dos recursos hídricos, face aos
localizam nas encostas de serras com altos vários usos possíveis, surge principalmente
índices pluviométricos. Na bacia a da perspectiva de escassez do recurso.
descarga específica tem o seu maior valor
médio em torno de 18,1 £/s/km nas 2

nascentes, e vai diminuindo até um valor


de aproximadamente 11 -£/s/km , na divisa
dos Estados de Minas Gerais e
2

4.7. Florae fauna


Espírito Santo,
4.7.1. Introdução
- Rio Paraíba do Sul - os afluentes do Rio
Paraíba do Sul que tem origem no Estado,
ou sejam, os rios Paraibuna, Pomba e A flora e a fauna de um ecossistema estão
Muriaê, nascem nas encostas da Serra da estreitamente inter-relacionadas, e
Mantiqueira, e possuem uma descarga alterações em um ou outro grupo podem causar
específica média nas cabeceiras de desequilíbrios irreversíveis na biota,
aproximadamente 20 £/s/km .
2 acarretando, em última instância, a extinção
de certas espécies. Devido â complexidade
e ao pouco conhecimento das implicações que
Em síntese, pode-se dizer que a as alterações ambientais podem ter sobre a
disponibilidade hídrica superficial ê maior flora e a fauna, o desenvolvimento de
nas regiões sudoeste, sul e central do pesquisas específicas em biologia, com
19° Estado, onde se localizam as cabeceiras dos ênfase para a ecologia vegetal e animal,
rios das Velhas, Paraopeba, Grande, Sapucaí, torna-se imprescindível para a tipificação
Paraibuna, Pomba, Doce e Piracicaba. Em dos ecossistemas.
contrapartida, os menores valores médios de
descargas específicas superficiais ocorrem
nas regiões norte e nordeste do Estado, nas Esses estudos proporcionariam a avaliação
bacias dos rios Verde Grande e Pardo, com do estoque das populações e seu potencial
cerca de 1 £/s/km e 2 í/s/km ,
2 2

de renovação nos ecossistemas, e do emprego


respectivamente. das técnicas de melhoria e manejo ambiental.
Da mesma forma, viriam subsidiar a aplicação
da legislação de proteção dos recursos
Divisa d e bacia 4.6.5. Utilizaçãodos recursos hídricos naturais.
Ri os. represas superficiais
A riqueza e a variedade das comunidades
0 desenvolvimento recente do Brasil vem biológicas presentes nos ecossistemas
exigindo do poder público a aplicação de tropicais brasileiros são mundialmente
vultosos investimentos, face ã crescente conhecidas, graças 5 curiosidade científica
demanda de água e energia. Por ser uma de muitos pesquisadores e naturalistas
23° 23 e

região rica em recursos hídricos estrangeiros. Deve-se aos cronistas e


47° 43° 41*

superficiais, Minas Gerais vem sendo missionários o primeiro registro dos


Fonte: CETEC privilegiada por investimentos públicos componentes da fauna e da flora brasileira.
nessa área. A recente crise energética veio Jã no início do século XVI ocorreram '
reforçar a importância do grande potencial expedições científicas no País, as quais
hídrico superficial disponível no Estado, tinham como objetivo a observação, o
na medida que atualmente diversos locais de inventário puramente qualitativo e a coleção
Nas serras da Mantiqueira e do Espinhaço, a Rio Grande - nasce na Serra da Mantiqueira, de exemplares.
alta pluviosidade decorre da influência da onde ocorrem os maiores índices barramento vêm sendo estudados com finalidade
topografia na umidade atmosférica dessas pluviométricos na bacia. Pode-se dizer de geração de energia.
regiões. Contudo, a topografia não ê a que grande parte do volume de agua do Durante um longo período o Estado ficou
única responsável pela formação da Rio Grande é gerada nas nascentes. A maior Entretanto, não ê somente para fins excluído da rota dos naturalistas
precipitação no Estado, pois altos índices descarga específica média ocorre no Rio energéticos que está sendo utilizado esse expedicionários, cujas viagens se
pluviométricos decorrentes de outros efeitos Sapucaí, afluente da margem esquerda, com potencial. 0 programa federal de restringiam ao litoral brasileiro. Em
são encontrados a oeste e noroeste. o valor aproximado de 25 £/s/km . Daí até
2
aproveitamento do cerrado tem promovido a Minas Gerais datam de 1814 as primeiras
o encontro com o Rio Paranaíba a descarga utilização dos recursos hídricos também para excursões de naturalistas, principalmente
Tomando-se a bacia hidrográfica como unidade específica média vai diminuindo até o fins de irrigação. Além desses dois usos, europeus.
de estudo, as disponibilidades hídricas, em valor em torno de 14 £/s/km . 2
pode-se destacar ainda outras utilizações
termos de descarga específica, estão dos recursos hídricos superficiais no
distribuídas nas principais bacias mineiras, Estado: recreação e lazer, pesca e Numa análise retrospectiva, constata-se
a saber: Rio Paranaíba - os seus afluentes do piscicultura, abastecimento de água, que os estudos da fauna e da flora
território mineiro nascem na encosta da exploração hidromineral e navegação, realizados em Minas Gerais, além de poucos,
Serra da Mata da Corda, onde ocorrem altos especialmente na bacia do Rio São Francisco. foram descontínuos. Verifica-se ainda que
- Rio São Francisco - a bacia apresenta-se índices pluviométricos. A contribuição
mais rica nas cabeceiras do rio principal em sua maioria os estudos forneceram poucos
unitária nas nascentes fica em torno de subsídios para a tipificação dos ecossistemas
e nos afluentes que têm as suas nascentes 24 -£/s/km . Jã na confluência com o
2 Dando uma idéia da utilização do potencial
na Serra do Espinhaço, onde a descarga hídrico superficial mineiro, na Tabela 4.8 aquáticos e terrestres, visto o seu caráter
Rio Grande esse valor situa-se em torno de ocasional, o pequeno número de espécies
específica média gira em torno de 10 £/s/km .
2 relacionam-se os principais aproveitamentos
20 £/s/km .
2
Essa disponibilidade vai-se desses recursos em Minas Gerais. É importante descritas em relação ã diversidade presente
escasseando para jusante, tendo o seu observar que poucos desses aproveitamentos nos nossos ambientes e a escassez de
ponto critico na área da sub-bacia do Rio Jequitinhonha - como as nascentes estão são para uso múltiplo, o que impede a pesquisas sobre as suas relações com o meio.
Rio Verde Grande. Embora ocorra escassez na Serra do Espinhaço, a contribuição otimização do recurso. Outro ponto a ser São raros os trabalhos intensivos que,
de águas superficiais na bacia do Rio específica média é alta, ficando em torno ressaltado é que, em virtude das crescentes além de apresentarem a distribuição de
Verde Grande, existe nessa área uma boa de 23 £/s/km .2
Entretanto, â medida que o demandas da água, algumas bacias espécies, fornecem direta ou indiretamente
disponibilidade de recursos hídricos rio se desloca para a foz, essa contribuição hidrográficas mineiras jã apresentam algumas informações sobre a autoecologia e
subterrâneos. superficial vai diminuindo até o valor de conflitos de uso. A continuidade do a sinecologia das populações estudadas.

50
Tabela 4.8. Principais barragens de Minas Gerais Entretanto, em sua totalidade, esses não se sobrepuja por nenhuma de outro
trabalhos se revestem de uma importância Estado. Isso ê fácil de compreender, quando
histórico-cientlfica, por lançarem as bases se consideram as diversas condições
vo ume reservado
capacidade
f inali d a d e
para os atuais estudos de ecologia aquática geológicas, topográficas e climáticas do
banagem rio instalada
(1)
propriedade
e terrestre. território mineiro, das quais decorre
(MWi
1.
naturalmente uma multiplicidade de formas
Rio das Pedras Velhas 31 9 X 0 9,2 K C.F.L.M.C.
vegetais.
B

2 Ituere Pomba 0 3 X 10*


- H C.F.L. CAT-LEOP. Para a elaboração do presente trabalho, os
i. Pi r a c í c a b a
4 . Vidal Dias
P i rac icaba
Sta. Cruz
4
6
5
4
X
X
o
IO
6
6
-
1-8
H
H
Belqo Mineira
CEMIG
dados e informações obtidas resultam da
5. Gaf a n h o t o Pará 4 2 X 10 È
12,8 11 CEMIG compilação e análise de publicações Sabe-se, porém, que o ambiente florestal
6. Piau Piau 0 42 X- 18,0 H C E M 1G especializadas. Por limitação de escala na sempre foi o mais atingido pelo homem, na
7. Paraúna Paiaúna 1 0 X Û - H C . F . L . U L H A BRANCA
representação cartográfica dos dados, busca de seus múltiplos produtos e de novas
Ê

-
8. R i a c h i n h o Riachinho 17 0 X 10
- H
6

9. Monte Alto São João 0 2 X IO 6

-- H Siqueira Meireles adotou-se a divisão político-administrativa terras para plantio. Dessa forma, os
10. Codorna Marinhos 10 8 X IO H M.M.v.
do Estado, sem se discriminarem os locais outrora ricos e representativos ecossistemas
6

11. Lagoa Grande Capitão do Mato 1 3 5 X 10*


xl 1 0
- H M.M.v.
específicos das pesquisas e de ocorrência terrestres e aquáticos vêm sendo
12. Miguelão C a p i t ã o do Mato 7 9 E

- H M.M.V.
13.
11.
Nova Usina Maurício
Tronqueiras
Novo 22 0 X 10 6

- H C.F.L. CAT.LEOP. das espécies. Assim, as informações foram freqüentemente alterados e devastados, em
Tronqueiras 2 0 X 10 7,87 H CEMIG
generalizadas para todo o território
6

15. Bortola Antas 15 0 X o h - H Pref. Poços de Caldas decorrência da desordenada ocupação humana,
16. Antônio Dias Piracicaba 2 0 X IO 6
H ACESITA municipal, exceção feita aos estudos ocasionando danos irreversíveis não só ã
17. Cajuru Pará 192 0 X 10 7,2 H CEMIG
ictiológicos, para os quais foram flora, como também ã fauna do Estado.
6

18. Pai J o a q u i m Araguari 0 6 X o 6 6,7 H CEMIG


19. Três Marias S.Francisco 19 180 0 X 106 387,0 A/H CEMIG delimitados nos cursos d'água os locais
20. M a r m e l o T e IT Paraibuna 0 2 X IO 6
- H _
pesquisados.
X
21. Paciência Paraibuna 0 76 106
- H _
Na área do Triângulo Mineiro, de topografia
22.
23.
Sobraql
Emborcação
Paraibuna
Paranaíba 15 580 0 X 0
-
-
1.000,0
-
H plana, a maior parte da vegetação natural
É
CEMIG
24. 1 1 umb i a r a " Paranaíba 17 030 0 X LO 6
2.190,0 H CEMIG Na parte relativa ã flora e ã fauna foi eliminada por campos de cultura ou
2b. Cachoeira Dourada Paranaíba 470 0 X 06 455,0 H CELG. terrestre, o trabalho, além de descrever e substituída por pastagens artificiais. Na
26. Sao S i m ã o Paranaíba 12 540 0 X o 6 2.680,0 H CEMIG
27. Camargos Grande 792 0 X O 6
45,0 H CEMIG
mapear as formações vegetais que ocorrem em Zona da Mata, cujo próprio nome indica a
28. Itutínga Grande 1 1 4 X o 6 48,6 H CEMIG Minas Gerais, retrata a situação em que se característica natural da área, muito pouco
29. Furnas Grande 21 000 0 X 10 Ê
1.216,0 H FURNAS
encontram os estudos da avefauna e da
30. Estreito Grande 1 400 0 •{ o 6 1.050,0 H FUPNAS resta dos primitivos recursos naturais
31 . Jaguara Grande 450 0 X 06 660,0 H CEMIG mastofauna do Estado. Lista também as vegetais. Grandes áreas ao norte e noroeste
22. Volta Grande Grande 2 300 0 X c 400,0 H CEMIG espécies de aves e mamíferos consideradas
21. Porto Colômbia Grande L 460 0 X 06 320,0 H FURNAS do Estado, atualmente bastante visadas para
24. Marimbondo Grande 6 150 0 X O 6
1.440,0 H FURNAS as mais representativas, abordando.- ainda a expansão da*pecuária e do carvoejamento,
36. Agua Vermelha Grnnde 11 000 0 X o fc 1.380,0 H CFSP aspectos de sua ecologia. têm perdido rapidamente a vegetação natural,
36. Salto Grande Guanhães e
Sto. Antônio 96 0 X o e 104,0 - CEMTG já mostrando um acentuado desequilíbrio
37. Salto da Divisa* Jequit inhonha 15 000 0 X o S/H
Este estudo da avefauna e da mastofauna
38. Peixoto Grande 4 000 0 X o
6

b
540,0
475,0 H
FURNAS
FURNAS
ecológico. Haja vista a acelerada
39. Itapebi Jequitinhonha - 618,0 H 1 U RMAS assinala as espécies raras e de interesse proliferação das cigarrinhas nas pastagens
40. João Penido C o r . dos Pintos 16 0 X 06 - S para preservação e as em via de extinção, e artificiais, e de gafanhotos nas culturas e
41. Pampulha Cor. Pampulha 16 0 X 06 - R
42. Dona Rita Cor. Sangue 2 58 X o 6 - H DAE-MG apresenta os locais levantados por na vegetação natural.
4 3. Porcos Rib.dos Porcos 0 261 X o 6 - I/D DNOCS pesquisadores, além das rotas seguidas
44. Rib. Cachoeira Maynart 33 0 X 06 - H AI.CAN
pelas expedições. A formação vegetal campestre, constituída
45. Santa Luzia Cor. Sta. Luzia 0 2 X o 6
- S FURNAS
46. Ibirité 20 0 X IO
-
6
Rib. Ibirité S PETROBRAS
pelos cerrados em suas diversas gradações e
47. Jirau Cor. Jirau 1 5 X IO
- A C.V.R.D.
6

48. Vargem das Flores Rib. Betim 44 0 X O 6


- S COPASA
No tocante â fauna e â flora aquática, o pelos campos rupestres, tem sido bastante
49. Rio C a p i v a r a Capivara 7 0 X IO 6
- Q/A ARAFERTIL trabalho analisa e apresenta a situação em cerceada em seus limites naturais. Na área
Bico de Pedra X O -
6
50. Corutuba 705 0 I
51. B a r r a g e m n<? 1 Rib. Mata 0 13 X 0« - S
CODEVASF
CBMM
que se encontram os estudos limnolÓgicos em central do Estado, tanto pela criação de
52. Aimorés* Doce 309 26 X 06
-- N/H PORTOBR%R/ÇEMrG Minas Gerais, mapeanáo-os segundo a categoria novas áreas de cultivo, como pela'exploração
53. Baguari * Doce 1 339 81 X 0* N/H PORTOBRAS/CFMIG
dos estudos, os ambientes aquáticos e os
54. Cachoeira Escura* Doce 626 59 X L0«
- N/H PORTOBRAS/CEMIG intensiva de lenha e de carvão, essa
55. Galileia* Doce 1 347 41 X 10 B
N/H PORTOBRAS/CEMLG
parâmetros analisados. formação vegetal tem desaparecido
56. Gov. Valadares* Doce 773 37 X 0 h
- N/H PORTOBRAS/CEMIG
57. Itapina" Doce 56 92 X 0 &
- N PORTOBRAS
paulatinamente das áreas planas, passíveis
58. Resplendor* Doce 711 19 X IO 6
- N/H PORTOBRAS/CEMIG Apresenta-se ainda uma relação dos de serem mecanizadas, limitando-se
X -
atualmente a áreas de relevo mais
O
principais organismos vegetais e animais
6
59. Rio do Peixe d o Peixe 3 b A C.V.R.D.
X
- -
60. Tocaia* Rib. Tocaia 6 4 06 H
61. Gamela* Paranaíba 4 600 c X 06
- H - presentes nos corpos d'água, segundo a acidentado.
62. Cachoeira* ParanáIba 5 000 0 X LO*
- H
- densidade, a freqüência e o tipo de habitat.
63. Capim Branco* 4 400 0 X O
- H
6
Araguari CEMIG
A relação das espécies ícticas foi elaborada Embora a caracterização da vegetação natural
64. Nova Ponte 8 000 0 X 10
- H
É
Araguari CEMIG
ÉS. Ocu1o s Doce 5 300 0 X 10 6

- S/H de acordo com a importância dessas espécies do Estado tenha-se iniciado hã mais de um
66. Aguas Claras C õ r . Aguas Claras 2 15 X 106
-- MBR
segundo a sensibilidade às modificações
67. Saturnino de Brito Caldas 1 7 X o 6
- Mun. Poços de Calda3 século por Saint-Hilaire, Fellow, Martins,
68. Peti 5ta. Bárbara 43 58 X 10 B
- H CEMIG ambientais, o valor comercial, a raridade e Lund, Smith e Warming, pouco se sabe sobre o
69. Custódio Ri b . P r a z e r e s 3 ù X 0*
- -H ALUMINAS a área de ocorrência das mesmas. aspecto específico e global da flora
7D. T . S. 0 2 X IO
- MMV
6
Capitão do Mato
71. Coração de Jesus 9 X 10
- - DNOCS
mineira. Os estudos existentes sobre a
6
Lagoa doa Patos 1
X
-- -
72. 106
Estreito Verde Pequeno 63 6 DNDCS
Face à natureza dos dados e ã relevância da autoecologia e a sinecologia das espécies
73. Ita A z u l C õ r . Ita Azu l 3 0 X 10
- C.V.R.D.
G

74. Mãe d"Agua Cõr. Mãe d'Agua 1 36 X 10 6

-- -Q C.V.R.D. ictiofauna como recurso natural aproveitável vegetais, imprescindíveis para a tipificação
X IO
pelo homem, os estudos pertinentes a essa
6
75. Mata Burro Cõr. Minervino 1 07 C.V.R.D.
76. Pontal Cõr. Minervino 12 0 X IO 6
- - C.V.R.D. de ecossistemas especiais, frágeis ou de
X - área foram cartografados segundo a categoria interesse para preservação, são ainda
--
77. Cascatiriha Cascatinha 0 5 10 6

ARAFERTIL
78. Santana Cõr, Santana 20 0 X IO 6

- C.V.R.D. e o sítio de amostragem, situando-se as insuficientes. Da mesma forma, os mapas


79. V a l e p BL 1 Cõr. da Lagoa
- - Q VALEP
informações por expedição e por pesquisador. fitogeográficos ainda não são suficientemente
È0. Conceição 40 6 X IO
- C.V.R.D.
6
Cõr. Conceição Q
81. Jtabiruçu* Cõr. Itabiruçu 25 63 X 10
-- C.V.R.D.
detalhados. São poucas as áreas onde um
6
Q
82. X IO 6
Itajuba* Sapucaí-Guaçu 16 6 D DNOS
Em fundão dos dados disponíveis e da levantamento mais minucioso tenha sido
83. Lourenço Velho* Lourenço Velho 6 0 X 10«
-- D DNOS
importancia de que se revestem os moluscos
81. Turvo* Turvo 1 4 X IO 6
D DNOS realizado.
85. Vacaria* 47 15 X 106 - I
Vacaria DNOS
hospedeiros do Shistosoma mansoni para os
86. Areado* Areado 2 09 X 106
- D DNOS
estudos epidemiológicos, e sobretudo para a
87. Cervo* 9 80 X IO
- I/O DNOS
6
Cervo
Assim, neste estudo a flora terrestre do
88. Chapéu d'Uvas 155 X IO
- D DNOS
hidrobiología sanitária, o trabalho apresenta
6
Paraibuna
89. Conceição dos Ouros * S a p u c a l - M i r im 280 X 10»
- D DNOS território mineiro é focalizada através da
separadamente os dados de distribuição e de
90. 3 700 X IO
- - - caracterização das grandes formações
6
Formoso* S.Francisco
91. Funi1* Grande 342 5 X IO 6

- - - infestação das espécies vetoras da vegetais nativas, considerando-se as


92. Anta* 290 0 X IO
- H
6
F a r a í b a d o Sul •
esquistossomose mansonica em Minas Gerais: diferenças da composição florística e do
Biomphalaria glabrata Biomphalaria
1 straminea aspecto fisionômico. A distribuição das
111 H - Hidroelétrica O - Contenção de rejeitos
e Biomphalaria tenagophila* diferentes formações vegetais foi obtida
S - Saneamento D - Defesa contra inundações
A - Acumulação/Regularização
através de levantamento aerofotogrãfico,
* Barragens em construção e/ou projeto
utilizando-se variado material, conforme
4.7.2. Flora terrestre
I - Irrigação
N - Navegação
indica a Figura 4.36. A situação atual da
vegetação nativa do Estado pode ser
Fonte; - Revista Construção Pesada - dezembro/janeiro/75
- Revista Construção Pesada - dezembro/78 Minas Gerais possui incontestavelmente uma visualizada no Mapa 6, que mostra a
- M M E - D N A E E - 59 D i s t r i t o - C a d a s t r o de Usinas flora cuja riqueza em formações vegetais distribuição espacial das grandes formações.

51
Figura 4.36. índice dos elementos utilizados Tabela 4.9. Arvores ocorrentes na caatinga arbórea ãreas menores pratica-se, alternada ou
no mapeamento das formações intermitentemente, as culturas de milho e
vegetais algodão. Em geral as ãreas dedicadas a
nome científico nome popular família atividades agropastoris eram anteriormente
ocupadas pela própria caatinga.
Astronium urundeuva Fr.All. Aroeira Anacardiaceae
•i
Schinopsis brasiliensis Engl. Braúna • Campo
Umbu M
Spondias tuberosa Arr.
As pi do Sperma po pul i folium Pereiro Apocynaceae Formação vegetal predominantemente
Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro li constituída por revestimento herbáceo
Tabebuia avellanedae Lorentz ex Criseb. Ipê-roxo Bignoniaceae contínuo, o campo caracteriza-se pela
it freqüência com que ocorrem as gramíneas
Tabebuia caraibe (Mart.) Burt. Ipê-amarelo campestres típicas. Em Minas Gerais os
Cavanillesia arbórea (WilId)K.Schum. Embare Bombacaceae campos apresentam caráter esclerõfilo
•i
Clorisia ventricosa Barriguda de espinho acentuado nos arbustos e subarbustos. Há
Auxema glazioviana Taub. Pau-branco Boraginaceae profusão de espécies de algumas famílias
Cor di a leucocephala Moleque-duro •i como as velloziãceas, eriocaulãceas,
ir xyridãceas e as melastomatãceas. As ãreas
Cordia triahotoma (Veil.)Arrab. Louro-pardo mais expressivas estão localizadas nas
Bursera leptophloeus (Mart.)Engler. Amburana-de-cambao Burseraceae serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da
Acacia farnesiana Willd. Espinheiro Leguminosae Canastra, do Caparão e na bacia do
•i Rio Araguari.
Acacia paniculata Willd. Unha-de-gato
•i
Anadenanthera macrocarpa (Benth.)Brenan. Angico
Anadenanthera fat oat a (Benth.)Brenan. Angico m Na Serra da Mantiqueira destacam-se os
Caesalpinia pyramidalis Tul. Catingueira M campos da bacia do Alto Rio Grande e seus
afluentes Aiuruoca, das Mortes, Ingáí, Verde
Caesalpinia férrea Mart. Jucá II
e os da região de Poços de Caldas. No
1)
P r o j e t o PLANÛROESTE I I - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - 1980
Cassia excelsa Schrad. Canjão Espinhaço os campos são encontrados a
II
Cassia ferruginea Schrad. Chuva-de-ouro altitudes acima de 1.000 m, principalmente
11 na Serra do Cipó.
P r o j e t o O e q u i t i n h o n h » - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - Inédito Cassia martiana Schrad.
II
Cassia speciosa Schrad.
I n t e r p r e t a ç ã o d* f o t o í n d i c e s - E s c a l » 1:100 000 - IBC/GERCA • 1979 Erythrina velutina Willd. Muchôco II Em Minas Gerais os campos naturais ou os
11 originados de intervenções antrôpicas - como
Geoffraea spinosa Jacq. Marizeiro por exemplo, a degradação pelo uso secular
I n t e r p r e t a ç ã o de m o s a i c o i - * õ i > U S A F - » S T - 1 0 - E í c a l « 1:60 DOO - 1964-66 II
Mimosa caesalpinifolia Benth. do fogo - são utilizados como pastagens em
II
I n t e r p r e t a ç ã o - d e imagens Landsat I I - E s c t l a 1:500 000
Pithecolobium inopinatum (Harras)Ducke Casco-de-tatu pecuária de regime extensivo, em que as
11 grandes ãreas ocupadas com esse fim
Pitheooiobium ax>averno temo Mart. Rompe gibão
Pterogyne nit ens Tul. Carne-de-vaca II compensam sua baixa capacidade unitária de
Segue-se a descrição dos tipos de vegetação II suporte. O clima ameno das regiões onde
nativa encontrados em Minas Gerais. Torresia cearensis Fr.Al. Amburana-de-cheiro ocorrem os campos é o fator preponderante
Byrsonima verbascifolia Juss. Murici Malpighiaceae para a concentração, nessas ãreas, da
• Caatinga Mouriria regeliana Cruili Melastomataceae pecuária leiteira e das indústrias de
Cobvalea cangerana Said. Cangerana Meliaceae laticínios no Estado, não obstante a baixa
A formação vegetal denominada caatinga Bougainvil lea f aseieulata M.B.Ferr. Nyctaginaceae capacidade de suporte de animais por
ocorre no norte e nordeste do Estado. hectare nos campos.
Triplaris paehau Mart. Pagéu
Acompanha o Rio São Francisco, de sul para Ziziphus ¿oazeiro Mart. Joazeiro Rhamnaceae
norte, aparecendo principalmente nas bacias Em função da topografia suave ondulada, da
de seus afluentes Verde Grande, Verde Pequeno, Xanthoxylum rhoif oliurn Lam. Rutaceae
região do Alto Rio Grande e da bacia do
Gorutuba e Carinhanha. Na bacia do Rio Sapindus saponaria L. Sabão-de-gentio Sapindaceae Rio Araguari, mormente na do seu afluente
Jequitinhonha, a caatinga ocorre na região Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Sterculiaceae Quebra-Anzol, os campos ali situados estão
próxima às cidades de Araçuaí, Itaobim e Bumelia sertorum Mart. Quixabeira Sapotaceae sendo explorados com culturas de soja,
Medina. E uma formação de constituição cereais e cafe.
complexa. Em algumas ocorrências se
apresenta semelhante a floresta, com arvores Fonte: EPAMIG - Informe Agropecuario. Belo Horizonte,
7(80) ago.1981. • Capoeira
cujas copas se tocam. Outras vezes a
caatinga apresenta apenas alguns indivíduos Sob a denominação de capoeira estão
de porte arbóreo,que se distribuem mais ou englobadas na representação cartográfica as
menos esparsamente numa formação composta dificuldade inerente ã escala deste plenitude vegetativa. Essas formações, formações capoeirão, capoeira e capoeirinha.
predominantemente de arbustos. Entretanto, levantamento. tipicamente transicionais, são chamadas São formações secundárias, em fase de
existem também ãreas com ausência completa "matas acaatingadas", pela própria razão de desenvolvimento, originárias de floresta
de elementos arbóreos. A formação vegetal caatinga ocorre com comporem uma transição entre formações bem cortada ou queimada.
características bem definidas em todos os diferenciadas. Isso se deve tanto aos
Os elementos arbóreos, arbustivos e maciços que a apresentam, típicos ou aspectos fitofisionômicos como às condições Quanto ã origem e composição a capoeira é
subarbustivos dessas formações podem similares. Durante a estiagem adquire uma climáticas a que estão submetidas as similar ao capoeirão. Não se distingue do
apresentar troncos e galhos retorcidos ou fisionomia peculiar a formações vegetais formações intermediárias entre a caatinga e capoeirão nem pela posição topográfica ou
não, mas sempre finos. Distribuem-se em caducifõlias. Esse caráter de deciduidade, a mata. condições de fertilidade, nem por qualquer
conjunto, segundo concentrações variáveis, manifestação de eficiente mecanismo outro fator local. Entretanto, difere
mas em geral predominam as concentrações hidro-regulador, permite a adaptação das Essas formações não constituem classes na essencialmente quanto ao porte e diâmetro
ralas. A caatinga quase sempre exibe espécies que compõem a caatinga ãs condições legenda adotada para representação das arvores. Seus indivíduos arbóreos
estrato herbáceo rasteiro, h Tabela 4.9 de semi-aridez a que estão submetidas, o que cartográfica dos resultados dos apresentam estágio de desenvolvimento de
apresenta uma relação de nomes científicos e confere a essa formação uma aparência levantamentos. Conforme o predomínio de mata anteriormente cortada, em processo de
vulgares de espécies arbóreas ocorrentes na inconfundível. espécies características que se observam em regeneração progre ssiva.
caatinga. cada caso, as "matas acaatingadas" foram
Em áreas em que são atenuadas as condições incorporadas ãs caatingas. A capoeirinha é uma formação vegetal que
As formas de caatinga arbórea e arbustiva de aridez determinantes da ocorrência de apresenta as mesmas características gerais
não foram separadas entre si na caatinga, pode-se observar que sob efeito Entremeadas nos extensos maciços de caatinga, da capoeira. Ê o estágio que antecede a
representação cartográfica, segundo as suas de deficiência hídrica ocorrem formações existem ãreas ocupadas com pastos formados capoeira, isto ê, corresponde ã mata
características predominantes, dada a florestais em estágio ainda distante da por capim colonião (Panioum maximum) . Em incipiente, de troncos finos, observada no

52
início do processo de reconstituição parcial Tabela 4.10. Arvores do cerrado e suas Atualmente a área ocupada pela floresta Tabela 4.12. Arvores ocorrentes na mata
da formação primitiva. gradações primária não atinge 2% do território mineiro, mesõfila
valor irrisório quando comparado com a
primitiva cobertura florestal do Estado. none científico nume pupalar família
• Cerrado rinn» cientltlco
A»tr^'.iiti fraftnifitliun Schott.
none
Aroalra
popular fintlli
Anacardiaceae Os extremos norte e oeste de Minas Gerais, Attroniuir fraxinifolium Schot. Gonçalo-alves AnacirdIdcede
Awtronium u m n J r u v a (Fr.Al 1.) E n g . Aroeira •
<fi>;n:j cnteiflara Hart. Arat leap A n n o na ce ae
respectivamente a região do Jaíba e do SehinopiiM brasilirntit Engl. Braúna
-
O cerrado é uma formação vegetal composta de »Vit'piJ arana-.ma (Laro.l H a r t .
P i m e n ta - d e -mac a c o
Pindaíba Pontal do Triângulo Mineiro, são as áreas Sohinug ttrtbmntifoliu,
Aapidosperva lindracarpon
Baddi.
M.Arg.
A r o e i r inha
Pereiro Apocynaceae
três estratos diferenciados, que, no conjunto, (,p.'(.>.p.r-o
1, \-pi,l u r i c u E t . H l l . Pereiro Aporynarea*
Afp [ i.'ipf r"j ldasycarpon
a r r o r a r ^ u ^ DMCa.r t . Pereiro onde se concentram as florestas primárias *Síp¿d£>ip3r"?a popi-lifoLiv* DC. Pereiro
Pereiro
conferem a essa formação características de Jjfirf^üpji—j [ f i K l f i n H a r t . Pereiro
Pereiro remanescentes. Porém existem manchas Aavidoiperia lubinoanum
ífl*ptiii>tp£r"ia pyrl fútiw* Ma
M .r
Artg
.. Pereiro

grande uniformidade geral: um arbóreo, o .'jaaraiJa


'1',«jjP>ii.(
f.n>i
iff J.i[i'f p(i!!itira M ä r Carobão Blgncnlaceae
Mt
.. Caroba-verde Blgnoniscea»
j
I.' IT* Jr|
püj verbascifo'.iu-t
t

hrjyfl l jptj P c r S ,
Arg.
Cirobjo florestais em outras regiões, sem no entanto / j i i i i u j-Julianeda?
t r a t iliensieLorentz
P e r s . eir Grlseh í>iiu-d ' a s : o - r c x v
superior; um arbustivo, o intermediário; e Tififbuia alba C h i « . Ipê-imarelo
Ipê-amarelg apresentarem áreas significativas, ã exceção
7,tb*buia
Tjbsbhta
ehr),iotrichia
rmi.i-alba
(Mart.ex O C . J S t a n d l .
IRidl. Í S a n d w .
Ipê-peIjuo
Ipi-branco
um subarbustivo e herbáceo, o inferior. Tacjbuia jjir:.-,a (Mirt.l
L-jMii.j Ch.im. Bur. Ipê-im-ircla
-• do Parque Florestal Estadual do Rio Doce.
Sjrl-ii langtfLern* K.Sch.
failaiii'ifiriLa n r D r r j a (Wil Id) K . S c h .
Paineira
harrlguda
Bombacaceae

r.j.s-j.'lij
Ipé-branco
iPldl.) Sind«. Colhrr-de-vagueico CherisCa eptsicia Sc.Mil. Paineira
bj-.l:i
t."b:i L ii'-jt ftjfj-5t.K . äH
!j~.T;i><„- cith.. Ekimb a c a ce ae L-Juritij ¡tfiiriseea Bati ig'jda-de-esplnhíj
Alniffcega Rumrraceac Cordia c r-.cJii: j i s (ve 11.) A r r a b . Frei J o i g e Boraglnacaae
Em densidades variáveis, no cerrado />o[iii March. Na representação cartográfica compõem essa B u r a c r a [tplop>iD«us E n g l . Anburani-de-cambão Burseraceae
Protiw alKtcega March. -
p efpi~.ni
M
P paqruw1 lo CCmlastiaceae firna-de-vaca
distribuem-se árvores de porte pequeno, com Aiur?ti
aiycca r acrae
Chiyjubildliaceai classe de formação vegetal as matas J a a a r a t i a dodt'.apht, I la ( V e l l . ) D C . Mamão-bravo Carlcacaae
Hr-..-i :a
KYr.-'Jj j!a-T.!„Ia
Bus*.
Ba S p r e n q . Combietjceac
perenifõlia, subperenifõlia, ciliar e Tminalia tralííl'tilii C a m b . Capí t ã o ccmbretjccat
altura de 3 a 6 m, que apresentam troncos e T.-r— i na !
r.'f-i'ia r (a ji-mut
ii fc-ä»t m Hirt. 1 Zuec.
!<tati> rap1tio
C apitão Trrminalia mcdrca Elnhl. Cap!tão

galhos retorcidos, folhas espessas e


Tt — i'mf ''3 fagifr.üa Matt, t Zuce. Capitão
c o m a o s 1 tac
mesõfila. 0 estrato superior dessa formação Sa!ai-ía í ü í p i í f a
tii-aiila ai^rifaita L .
IMart.JWalp. bacupaii
LlKeiia
HipccidUdttdi
Dl 1 l e n l a c e a e

coriáceas, de tamanho relativamente grande e


Cjitjri.»
~uraltllt
»Lfcj'oii,!
Fiptv-rarpita pn t n J i ' Pflo'.
L.
a nia
c h .[Less.l Baker Cíirt i c i l r a
Limera
Connjiaceae
Dlllfniaceae
ê composto por arvores altas, de até 30 m, Heeiandra
Criniana
ian:lulala Nees,
estrvl í*taít C a s a r .
Canela
Binga-de-macaco
Laurácea*
Lecylhlflaeae

raramente decíduas. fi^fipf,"^*


A-oS'i'arpii A t apida (Vog.)
DC. Yacov.
Maria-preta Ebenáceas
Lcflujni riosae
cujos diâmetros atingem até 80 cm. E dessas Anadcnantbera
ApuLtia Kolarin
naerocarpa
Spmce.
(Benth.)Brenan. Anqico-branco
Garapa
Leguminosas

in.jiitnnnckera fa'.aala ( B e n l h . ) B r e n a n . Angico matas que se retiram a maioria das madeiras Sucupira-prata

Sr-.utfi^*ia utrji
Sucupira-pccta í a s o a i p i t í aoirailioider
/erran M a rh.B.K.
t. •
r u i n l i i i i m l p i i ioiJti
voll. K.B.K.
Co : ttfi'ju BioJai-m (Vog.) M a l p e .
chuva-de-OLiro nobres utilizadas na construção civil e em Bcudictiia
Cattia fevruginco Sehr.
Jucá
Chuva-de-ouro •
cauiúna
A casca dos troncos é por vezes constituída marcenaria. As Tabelas 4.11 e 4.12 Centrolabiui zonentoBuvt Benth. Aranbá •

de cortiça de pequeno desenvolvimento.


ii-orp' .jiJra -jili's
Liüi-jlctin
}'r^'hrsia *;:ip(ic!."i
faiceta
Benth.
Ben!!). B e n t h .
t'dveiio
Boiiinho
Mulungu relacionam os nomes científicos e vulgares
Copaiftra
Dalbsrgia
lalgsdorfii
uiclac.a
Desf.
IVog.lMalne.
Oleo
Caviüna
-

fVrrtina aptaruii i ! i » F r . A l l . Sucupira


das espécies arbóreas ocorrentes nas
Dipterix alata Voq.
-
Outra característica muito geral apresentada Fntsrolobium oantortinil-iaui.il (Veil . I M o r o n g .
T a m b o r i1

3 sijoDiirru i-pa
Jatobá

pelas árvores de cerrado é serem as mesmas (J


•j,ia
na
tria*nj'.'iiii Marc. Ingá
florestas primárias de Minas Gerais.
Enterolobiun *cbr>-»burgV.ii B e n t h .
Bp?.?Sahili* Fr.All. Tambor i 1
-

a i'«a
:*oai,-?
tu-t
. Jacarandá
ti\,*\enaea ttilbooarpa Mar. Jatobá
inermes, isto é, desprovidas de acúleos ou "»•«a.ri.»
ap Raddi. Jacarandá
Lvichocarpm ceatulut Benth.
w
«.-'raat-tn
ao*rf«- i'r'I't-sj.tRill.
".R-'ijtrTu™ vog. Jacarandá
Lonehaaarput iKbglaueeeoens Mart.
espinhos, ocorrendo raríssimas exceções. Vog. Leiteira
Jacarandá •
teltogyic u l ifonfr-rtiflom
Vifrra 1(Haynel
Hatto» Benth.
Pla.'j-f-iia i v f i V u l j i a Bfnt n . vinhãtlco «aa*airinn
Haehfium Molaroxylum
acutifoliul T u Volg.. Jacaranda -
Parapíptadmia fa'.aata (Benth.) Brenan Angico -
P!u(ji*it'a t'rgans Vog.
Amendoim
Perulfera baleanum L. -
Ftt- rodoi pubee^nnt Benin. Sucupiri-htanca H
Srlei-olobiu* a u r j M iTul.l Bentn. Carvoiiro Tabela 4.11. Arvores nativas da mata Fithecolobix.-* turtum Mart. B o r dsãaom-od e - v e l h o
Dá1 •
A constituição florística do cerrado, muito rtr$p'i«od'end«at, barbadetiman iVell.l Mart, £arbaEimaa
P¡at<tjríjíawat
perenifõlia, subperenifõlia e Plathyien-ia folioloea
rca-ie;;íi B eBnetnht.h . Vinhãtlco •
5sr>!fpAio
' <ie>i.>oi
Birbatindo
repetitiva, mesmo em regiões geográficas AitöHia O B d t a Pohli .I o m i m Bentri. Loganiaceae riati/poJiii"! tlsgana V o g , Amendoim
-
muito afastadas, confere a essa formação uma
ä e rif f A n a a pxeudoquiia St. Hll. Quinaira ciliar Pttrodon palygalaeflvrhe Benth. Eucupira-branca
: .i''eiiin p a a a n S t . Hj.1. Picari Lythraceae Pttrodon pubmoens Benth. Sucuplra-branca
--
diversificação que, no conjunto, obedece a i'yfi.'iino aooao'.obifoiia
."i.ru«ira liitlt^ata M j r t .
(Spreng . > Koni h.
Muríci
Mur íci
Halplghiacea«
Sclerolobiu*
Pterogynt
Selerolobium
jiiini
oai-tt"
T u lITul.
. IBenth.
pantjliiatiiii- B e n t h .
Carna-de-vaca
Carvoeiro -

certa uniformidade. A Tabela 4.10 apresenta '>"-'"'•" vtrlxscifo-.ij Juss.


Murícl nom* científico nomp popular Tcrresca M a r c m i Fr.All.
Carvoeiro
Amburana-de-chaira
1st-
_.'Jr.-:^ ; ' u i ü : i v o l l . Cedro
uma relação de nomes científicos e vulgares r' ijiuia
Cagalta M y r l a c ^ aeew
Hei Aatrjniun nacPOL'a!^ Engl Gonraio-alves A n a L a r U Liceae Lafocntia paeari St.Hit. Pacari Lythraceae
Lythraceae
a-ita
i}i.i((n';o D C . rarinha-seca Ochnac*i« Pau-poFibo •
de espécies arbóreas e arbustivas ^1^^ r.ri.'j
jlva v fcru3,:i
j* f iBl'l
falio K l Eo nt gz l. .
r

Carne-âe-vaca
Carne-de-vaca
Protract
Tt¡,¡jpia
j p i n r a marginata
ghí a-ie*iflí a MAaurbtl. . Pindaíba Annonacaaa Calmita
(•Ji^tocaljina
Cidrcla
taafcerrí"fun
aangeraia
fiisilit
Said. P o h l .
Veil.
Cangetana
Cedro Mal 1acode

-w*fa-:uE n» gulb,l . (J.;pia Pindaíba •
características de cerrado, encontradas em frtupa.'a
tra.i'.'iV-jjL'
.'t.ili s i m p . j
tagara a (Cham, a Schi.) D.Dietr.
Pesseguelro-bravo
Mamica-de-porca Rutdctdi
H fruttBcena
A.»FiJ?>]ieri.i üí.t!rait Alibi.
M.Aig. Guatambu Apocynaceae Pi tut L-aiyptroatrai
VíraLl ubíftra Aubl.
ÍKiq.iEngl. Sameleira
Pau-de-mbo
Ho racet•
Hyristleaceta

várias regiões revestidas por essa formação XapiJdípíPT.t líi.'im
Peroba-rota

fjjarj
£i rJi»i/i'!ia;'[ipi
Hyraiarla jabot i raba [veil.)Berg. JaboticabeIra Kyrtaceae
oiínrírocarpoi M.Arg. Peroba
ILam.) E n g l . Mamlca-de-fiorca
Bela-moça Eaplndaccdc Buta^eae
vegetal no Estado. iL J.ft Jr;"i b tu :-~ Radlfc. Tinguüaß
AMpLáíieptr-ta
Áífidctptrna
Átpidmpirij
.ufrjiuc¡pa
oliuaíiíin
nm
".' » MMa.r At r. • .
M.Arg.
Guatambu
Guitacubu-branro
*
Fjg¿ra braai
AgoianJraai-iif i/ii.'ía 1Ceniit Engl. Kiers. MamlCi-da- porca •
«f j ajla.irui a f fj-ii/iJ'a
' . i t ^ . S t IMart
. H.ll.] R a d l k . Bacgparl ^ipotieva* Pagara íllir.'J E n g l .
PjUr.'ia .'."/-.-a iMtri.) Hlillk.
ÜJCUpJ1
f
Mutambs starcuLlacei*
,Jípi,¡j«psp-ij
Atrid.-tpma pa«i/¿oru"!
pelymupon M M..AAirgg..
P«robi-tosa
Guatambu
Pírebd-roii
Mitrodarua
Hagania
llutttí.-ie E t . H l l i a Tul.
pi-bísana St.Hll,
Laranjeira
Tinguiião Sapindacaae
Slirar .-a-pvr.. P o h l . Laranjeira Styraçaceae ^«riitfijiíí-j ,i i.¿i/a!ii.- D C .
r F
D í i e . i t n J f b i p i n i a t u - r Radltc. •
Jfí«aeait*i.i ¡an.'i f.-lia ( M . A r g . ) Agohlida •

fj«£-f£.)otaHees.
Uu»)elr»
Na representação cartogrãf ica, a classe ribourbau
Aiaucailaceae Pau-de-carioa Sterculliceaa
¿rabearía aiguetifolia D.Kne. Pi n h e l r o - d o - p a r a n í
S( rai i w i . i i w M
f
» Hirt. Symplociceae Cuatwa
Aptiba uL*ifoL\a LAaum
bl.. Mutamba -
s
Cylinat dliisyphi lilifa Hiit. Ipê-de-Ilor vaida flignoniaceae
cerrado inclui o cerradão, comunidade vegetal i>j>ror«,
2,-ipIt.r-i.»
L»f*tJ d w api.orairp.ta
r i M H
DC.
M a rKtl.o t l . Afolta-c«v*iD
*
Iillictie Jacaranda carita (Hel)lDC Caipba
S t c r ^ u í t a í*ie»a St.Hil. Chicha -

que apresenta composição florística similar I.ftcg paitii-itaciiEr.Hll.


Açniti-cavilo
Açoita-civalc
-íacaranju la.-rattha Cfiam. Cj£i.-.í>a-branra
Ipõ-peioba

- í[(-r-J.!ía HM'ata SM atr.t ,i N a n d .
íiMthta pa-it'culuta
Chicha
Açolta-cavalo

Tl 1 i a c e a e

ã do cerrado. Todavia, quanto ao porte e ã l• i'ifj


u r m p ruftet-,»
^'j^o-n Cham.
«irr.
Tarumã verbenaceae Tabmbuia
Paralteo"a ppr&ta
ahr¡, «oí r\tha
( R e cMoarrd t) ,K u helxm Dat
C .P i í a j á Ipê-cascudo
-
Luíhta tptciola
Calliitnmt najor
Willd.
Matt.
Açollj-cavalo
Itaplrucu

Vochyslacnae
Tabtbuin Aip-.ap'ij.Üa ( W e l l . ) T o l ' Ipê-rõaeo •
f a l l l d l i " . -fit»» H a r t . Itaplcuru vochyílaceae
densidade, o cerradão mostra desenvolvimento S^aJra
Sualra gran.it'tora
(Je n j i / U r a HMiarrtt..
Pau-tírra
Psu-terra •
Tabtbuia ipt [Mart.) S t a n d i .

¿i.piti¡jtPio*aB u(Mart..)
Ipi-rõseo
Ipi-rciMc. -
-
fitirtliO
tualta dichotona tlangata
Warm. Warn.
Pau-terra
Pau-taira -

bem superior ao do cerrado. Jkatia Pau-tarra •
rat>ri».!a obthtifolia
Tübeb-ij r. Standi. Pau-de-tamanco
-
*ua!ea ara>i<i£/¡ara M a r t . Pau-terra

VdeJljftía
~--ltifl/,ra Mart. Ipê-branco Pau-de-tucano

pa-uifiara
Pau-terri focñuíia tueanorum [PSopnrí..l M i r t .
roaíOa¡t>n(Ridl.) thyreoidta Pau-de-tucano
CbaZia
Salvt-tia
v^A^iia
C M M l I a p iMoa d
jüipiica
r to.r a
(Spreng.)
St.Hll.
Mart.
Bdtt-caiíl
Pau-de-tucdno *
•Tabilui^
iabtbi.ia
Taí.laia
t o r r a tí folia
uellotoi
( V a h lS.a)n d wN .i c h o l s .
Tol. .
Pau-d'aroo
Ipê-amarelo -•
Pau-de-tucano lichera tuberculata «art. Bolsa-de-pastor •
Jjfai-alía doáecaphy la D C . Carlcicaaa
Embora em sua maioria as espécies arbóreas e Va^lijiio
Petita IliyrioiaVa
i-u/a [spreng.) M a t t .
Pohl.
Pau-de-tucano
Cluthra trail ütiii'l Cham.
Jacdratlá
Folha-de-bolo Cletrhraceaa
Fonte: EPAHIG - Informe Agropecuã
7(60) a g o . 1 9 6 1 .
Balo Horizonte,

arbustivas do cerradão sejam as mesmas que Indyoaixu*


Vaniltatmepail
braailiinmim Mart.
trythropappa (DC)Sch.Bip.
Chá-da-bugre
Candela
Chloranthaceaa
Compojltae
EPAMIG - Informa A g r o p e c u a r i o . Belo Horn
compõem o cerrado, observa-se sensível 7 (80) a g o . 1 9 8 1 . Alchomea
Alehornea triplíncpwa
iricurata Ca»ar.
Urücurant
Sangue-de-dragão
Euphoiblaceaa

alteração na freqüência com que ocorrem. Crotón


Mtronyna
uru-uraia Bill.
alcherntoidei Fr.All.
Sangue-de-dragão
Golabeira-brava
*

Alem disso, o cerradão apresenta espécies Joahntiia prinotpt Veil. Cotielia o u anda-açu
-
íraiüicniil 4.7.3. Fauna terrestre
£apucalnha
típicas de mata, como sucupira CaLophylLwn
CarpotT-gehm ¿ r a i i l í i i i í t EncJl.
Camb. Jarareuba Guttiferae

(Bowâiehia spp. e Sw&etia spp.) e Jacarandá Aerodtt'nídiw* appillii (Mei,) K o B t e r m . Arltu Lauraceae

mais tem sofrido modificações pela l í c a r í a duarfi Alien. Canela


(Maahaerium spp.). Ifíclaniíra grandiflora Canela •
intervenção do homem, sendo raras atualmente Ktotandra
Htetandra
tanrtolata
vtolli* d e e s .
Nees. canela
Canela-preta

• Avefauna
as matas realmente virgens. A capoeira, Sictandra
Htatandra
myría-lfJia M e l s * n .
reticulata. ¡R.í P a n . ) H e i .
Canela-amareia
Canela-pieta
formação secundária, substituiu praticamente « « a l a n d r o rigida M e i . Canela-amarela
0 estudo da ornis mineira iniciou-se em 1818,
A vegetação componente do cerradão todas as matas primitivas existentes no
H*otandra mbumta Lot. et Eve. Canela-batalha •

distribui-se em três estratos. O inferior,


Oóofa
Ocotea
aoiphyLía
pretíosa
(Neet.) M é x .
(Nasa.) M e z .
Canala-amarela
*
• quando Spix percorreu o Estado de sul a norte,
Estado, restando hoje pequenas manchas P i r n a cordata (Veil.) M e i .
Sassifria
Maçarandubi •
descrevendo originalmente uma série de
de vegetação rasteira, é constituído remanescentes. rasceta Haçaranduba •

principalmente de gramíneas, ciperáceas, ¡.'aríniatia


Pirata tttralltnti*
( V e i l . ) (H
Raedzd.l . ) I i m t H . Jequitlbã Lacyttudacaaa animais, principalmente as aves. O
bromeliáceas e leguminosas. O estrato
Cariniana
tiJ^cal,
Itgalit
pimonia
(Hart.) K u n t x e .
Ciffb.
JequitIbá-rosa
Sapucaia -
• pesquisador excursionou pela estrada real,
intermediário, arbõreo-arbustivo, A floresta atlântica que ocorria na parte 1 Alafia poínphilta DC. Monjolelro
Angico-branco
lefumtnoii«
• do Rio de Janeiro a Sao João Del Pei, visitou
constitui-se de indivíduos esclerõfilos, leste, sudeste e sul do Estado, em relevo aiaJiiaiiEiitrj
XnadiíJnclitro
A^adunaithtru
aolubrina
rigida
njcraca( rB
ÍBenth.) Brenan.
pa n tI
hB.e
) n tBhr.e)n aBnr.e n a n .
Angico
Angico-da-ciata - várias localidades do centro-leste, seguindo
semelhantes aos que são típicos do cerrado, ondulado, forte ondulado e montanhoso, está Apultia
BoüdicMa
«ollarie Spruca.
airgileidt* H.B.K.
Garapa-preti
Sapucaia

posteriormente para as regiões norte e
porem não muito tortos e com altura média de praticamente extinta. O Parque Florestal Caitatpitia
C.ntjtpíría
tokinala L a m .
pml tophcroiilt* Benth.
Fau-brasU
Stbipkruna

nordeste de Minas Gerais.
3 a 8 m. O estrato superior, de porte Estadual do Rio Doce e parte dos parques Caatta
Cania
raaranthira
•tuLiljuaa
L.'
Rich.
Fadegosao
AtaLula


arbóreo, apresenta indivíduos praticamente nacionais do Caparão e do Itatiaia são Ctilrolobi-ü.» robu»***
feirroí/.iiíí,» tpntntotum
(Valí.) Hait.
Cni]).
Ararlbã
• Em 1823 Lund chegou ao Estado, sendo talvez
ATSJ-1 bi-iJBifílO
sem caules tortos, com altura variando entre testemunhas vivas do que tivemos e perdemos Copaxftra langtdorfii Detf. Copaíba
Seba»i]ão-de-arruda
*

o pioneiro na realização de um trabalho
balbargxa rftcíptlartt R 1 X X . « M a r t .
10 e 20 m. pela ação predatória do homem, durante Dalbirtia nigra IVCll.) F r . A l l . Caviüna * sistemático sobre a fauna de uma região
Dalbtraia variabilit Vog. pau-de-e»tribo •
séculos de ocupação. estadual. Em 19 35 fixou residência em
viloia
Caviúna-de-campo •
BtHiliuti
Dalbtrgia guiantnmii B e n( tA h
u.bl.) Sandw. Jltal •
Enttrolabium eantortiiiliquwn (Vell.)Morong Tamboril • Lagoa Santa, onde faleceu em 1880, deixando
- um grande acervo em anotações e estudos
£r thrina ¡alcata Benth. Mulungu
• Mata
t

Lrythrina glauca Hllld. Sulnã


Goitiorrhachii
Molocalyx
marginata
glalioOÜ Taub.
Taub. Guarabu-amarelo
Alecr m-dat-ca»plnaB •
sobre a região. Embora tenha permanecido em
pelo fato de esse tipo de vegetação revestir 1
floresta pluvial, baixo montana e montana,
A y « n a * a mtilbocarpa Hiyoe. Jatobá Lagoa Santa todo esse tempo, Lund só trabalhou
as terras em geral apropriadas para a englobando formas perenifõlia e Fonte: EPAHIG - Informe Agropecuario. Balo Horizonte,
com verdadeiro afinco em zoologia até 1844,
agricultura, ê esta formação vegetal a que subperenifÓlia.
7(80) ago.1981. quando passou a se dedicar ã paleontologia.

53
Em meados cie 1847 chega a Minas Gerais, Lagoa Santa hoje são raras, inclusive em • Mastofauna comportamento e da biologia dos monocarvoeiros
convidado por Lund, Reinhardt, que todo o Estado. Destacam-se entre essas vem sendo financiada pela Secretaria de
continuaria aqui o trabalho de ornitologia espécies raras as seguintes: Notkura nana, 0 estudo da zoologia em Minas Gerais, em Estado de Ciência e Tecnologa, através de
iniciado por Lund. Reinhardt inventariou e Rhea americana, Spizaetus ornatuo} especial a mastozoologia, começou no início um projeto da COPAM, da Universidade Federal
estudou a ornis da região de Lagoa Santa até Harpya harpya, Podager naounda e do século XTX, com a vinda de naturalistas de Minas Gerais e da Universidade de Kyoto
1855, quando volta definitivamente para a P!yc teria americana . estrangeiros para o Brasil, junto com a (Japão) . Também com financiamento da
Europa, publicando em 1870 os resultados de corte portuguesa. As primeiras notícias de Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
suas pesquisas no Estado. No fim da década de 1970, um estudo naturalistas em território mineiro são de foi realizado um levantamento dos mamíferos
sistemático da ornis do Parque Florestal Freyreiss, que em 1814 veio com o cônsul da do Parque Florestal Estadual do Rio Doce,
Quase um século separa os trabalhos de Estadual do Rio Doce, visando não só Rússia, acompanhando o geólogo Eschwege pelo por zoólogos da UFMG.
Reinhardt dos de Olivério Pinto, em 1940, na fornecer uma listagem das espécies aí interior do Estado.
bacia do Rio Doce. Nesse intervalo nada se existentes, mas também relacioná-las Em 1980 pesquisadores do IBDF realizaram no
fez pelo estudo da ornis mineira. Após ecologicamente com o habitat, permitiu O segundo naturalista a percorrer terras Parque Nacional da Serra da Canastra um
Olivério Pinto, somente em 1970 foram montar uma coleção de aves e de informações mineiras foi o Príncipe Maximiliano levantamento preliminar para conhecimento da
retomados esses estudos, com Carnevalli e que muito enriqueceram o conhecimento e o Wied-Newwied, que empreendeu entre 1815 e composição atual da mastofauna local (55).
colaboradores trabalhando na região de estudo da ornis mineira (19). 1817 uma viagem do Rio de Janeiro a
Lagoa Santa. O trabalho desenvolvido por Salvador. Embora tenha-se restringido mais Compiladas dos trabalhos levantados, foram
Carnevalli tem grande significado, pois foi Embora a área do referido parque seja menor ao litoral, subiu a área mineira da bacia do reunidas na Tabela 4.15 as espécies mais
realizado cerca de 150 anos após os de Lund, do que a pesquisada na região de Lagoa Santa, Rio Mucuri, onde coletou e descreveu novos características da mastofauna mineira,
e mostra as alterações ornitofaunísticas foi aí observado um número superior de aves espécimens animais (86) . Também na região considerando-se o interesse educacional,
ocorridas nesse espaço de tempo., em que a - cerca de 300 espécies -, o que corresponde do vale do Rio Jequitinhonha, na divisa dos cultural, estético, científico, alimentar e
ação do homem fez profundas e irreversíveis a 50% da ornis do Estado. Esse grande Estados de Minas Gerais e Bahia, Wied de preservação dessas espécies. Todavia, os
marcas nesta região. numero de espécies identificadas deve-se coletou farto material zoológico. dados fornecidos pelos trabalhos estudados
provavelmente ao estado de conservação dos restringem-se a uma listagem de espécies.
Tendo sido estudada sistematicamente por peculiares ambientes naturais encontrados A partir dessa época, outras regiões foram Poucos deles descrevem a dinâmica e a
três pesquisadores em épocas distintas, a no parque, e que favorecem a sobrevivência pesquisadas por importantes naturalistas. evolução das populações, o que não permite
região de Lagoa Santa apresenta grande de uma fauna rica e representativa. Entre a A região do Triângulo Mineiro foi fazer uma análise da situação atual da fauna
importância para um estudo sobre a grande diversidade de espécies identificadas, inventariada pelo austríaco Natterer de mamíferos em Minas Gerais.
influência da ação antrópica na população deve-se ressaltar a jacutinga, (1918/35), que se mostrou um exímio
ornitofaunística. Pipile jacutinga^ espécie rara, ameaçada de colecionador de mamíferos. Em sua coleção Nota-se pela Figura 4.37 que pequenas
extinção. estão relacionados 1.146 exemplares, que extensões do Estado foram inventariadas
No período de Lund (1825 a 1844) foram foram posteriormente estudados por Pelzeln (70) . sistematicamente sob o aspecto
observadas 97 espécies de aves, que No nordeste do Estado, mais precisamente no mastofaunístico. Isso vem demonstrar a
correspondem a 16% da ornis hoje conhecida Alto e Médio Jequitinhonha, um levantamento Conforme mostra a Figura 4.37, Spix foi o importância de se incrementarem pesquisas
do Estado. Jã entre 1847 e 1855, Reinhardt preliminar da ornitofauna regional primeiro naturalista a percorrer o Estado de científicas sobre os mamíferos, a fim de
observou na mesma região 210 espécies, identificou cerca de 300 espécies (20). A sul a norte. Nessa viagem montou uma grande possibilitar o conhecimento da biologia e
elevando-se para 35% o índice import.ância desse levantamento foi a de coleção zoológica e descreveu originalmente da ecologia desse acervo natural do Estado,
ornitofaunístico. Entretanto, nas pesquisas encontrar espécies significativas para a diversos animais (77). visando também a sua preservação.
realizadas por Carnevalli entre 1970 e 1973, ornitologia mineira, como o aracuão
somente 168 espécies foram identificadas, (Neomorphus geoffroy) e o canário rabudo Em meados do século XIX, despertado pela Neste século o homem adquiriu o poder de
sendo que 14 delas não haviam sido {Embernagra longicauda) . A primeira espécie importância do material paleontológico que influir decisivamente na constituição e
catalogadas pelos dois primeiros é considerada em extinção, e a segunda só descobriu no vale do Rio das Velhas, Lund equilíbrio dos ecossistemas, de alterar os
pesquisadores. Deve-se ressaltar que houve agora foi identificada e localizada no Estado. montou uma vasta coleção de mamíferos da padrões de distribuição geográfica de
uma queda para 26% no índice
região, descrevendo espécies novas. O animais e plantas, e de acelerar os
ornitofaunístico.
Embora significativas extensões do Estado material coletacfo por Lund foi enviado para processos de evolução da crosta terrestre e
tenham sido percorridas por naturalistas e a Europa, e posteriormente estudado por da biosfera. Erosão e extinção das espécies
Assim, observa-se que concomitantemente ao pesquisadores, conforme mostra a Figura 4.37, Winge, que o redescreveu, dando origem a animais e vegetais podem constituir eventos
crescimento da Região Metropolitana de e o número de espécies de aves inventariado uma série de pesquisas científicas. ou processos naturais. Entretanto," as
Belo Horizonte, tornando Lagoa Santa uma seja relativamente expressivo - cerca de Burmeister também esteve em Lagoa Santa no alterações do meio ambiente provocadas pelas
opção de expansão urbana e industrial, houve 600 -, deve-se salientar que são poucas as período de junho a novembro de 1851, atividades humanas comprometem a
uma redução dos recursos naturais e uma áreas sistematicamente estudadas sob o ponto enriquecendo com seu levantamento a relação estabilidade dos ecossistemas e dos ciclos
conseqüente diminuição da fauna local, como de vista ornitológico. Isso permite supor das espécies mamíferas da região. naturais da biosfera.
se pode constatar pela Tabela 4.13. que ainda existem muitas espécies a serem
identificadas e acrescentadas ã relação da Esses estudos sistemáticos sobre a região de 0 desaparecimento das formações vegetais
avefauna mineira. Lagoa Santa muito contribuíram para os primitivas, a degradação da qualidade dos
Tabela 4.13. Número de espécies d e a v e s trabalhos de Warming, que publica em 190 8 o cursos d'agua e a caça predatória são os três
identificadas na região de primeiro estudo sobre a ecologia da região. principais fatores responsáveis pela extinção
Lagoa Santa em Minas Gerais 0 conhecimento da avefauna é de grande O trabalho inclui uma lista de 104 espécies de espécies de mamíferos. A implantação de
importância ecológica, uma vez que traduz o de mamíferos regionais (85). hidroelétricas sem a devida atenção ã
potencial dos ecossistemas, indicando a biologia da fauna, o não cumprimento da lei
n ? de espécies
1
riqueza da flora e da entomofauna, além da Ê do princípio desse século a expedição de sobre a preservação da vegetação ciliar e o
pesquis adores período Lagoa Minas
presença de pequenos vertebrados, que A. Robert ao Rio Jordão, no Triângulo despejo de efluentes industriais poluidores
constituem dieta das aves de rapina. Mineiro. Sua coleção foi estudada pelo são as causas principais da extinção da
Santa Gerais célebre mastozoólogo inglês O. Thomas, que fauna mastozoolõgica fluvial, principalmente
Algumas das espécies representativas da descreveu várias espécies novas (81). da lontra e da ariranha. Também a caça vem
Lund 1825/44 97 141 ameaçando de extinção diversos mamíferos,
avefauna de Minas Gerais estão listadas na
Tabela 4.14, que apresenta ainda as Entre os zoólogos que mais recentemente principalmente os de maior porte como a
Reinhardt 1847/55 210 241 anta, a capivara, o tatu, o veado, a onça e
características ecológicas dessas espécies. pesquisaram em Minas Gerais, destaca-se
1971/73 16 8 587 Observa-se que a maioria das aves tem como Olivério Pinto, que embora sendo um outros felinos. 0 monocarvoeiro, primata
Carnevalli que tem seu habitat restrito ás florestas
habitat as florestas e os cerrados. Quando ornitólogo, estudou os serelepes {Sciurus) .
encontradas em pastos, terrenos arados ou Também Moojeu e Cary Carvalho fizeram uma primitivas, está seriamente ameaçado de
Fonte: CETEC campos de cultura, estão utilizando-os extinção, face ao desaparecimento do seu
farta coleta de espécies animais na Serra do
apenas como fonte alimentar. Embora seja Cipó, pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro. habitat natural, a mata atlântica.
pequeno o número de aves que têm como habitat
Confirmando a teoria de que ã degradação dos as vegetações ribeirinhas e limnícolas, A partir da década de 1970, os mastozoõlogos O estudo da biologia da mastofauna, e
recursos naturais segue-se uma redução da deve-se ressaltar que a singularidade dessas mineiros vêm-se interessando pelo estudo do especialmente das espécies ameaçadas de
população faunística, nota-se que algumas espécies ê extremamente elevada, dificultando monocarvoeiro, primata encontrado em algumas extinção, é uma necessidade premente, em
espécies anteriormente freqüentes em a sua adaptação em outros habitats. manchas da mata atlântica. A pesquisa do virtude das significativas alterações

54
Tabela 4.14. Relação e ecologia d e alguns representantes da ornitofauna d e Minas Gerais

ecologia da ornitofauna

causas a n t r o p o m o r f i c o s
h a b i tos de s u a s m o d i f i c a ç õ e s
habitat
alimentares populacionais
e freqüência

especie nome vulgar

bem adaptados
campos cerrados

'as alterações
*

dieta mista
insentívoros

agricultura

ambientais
ameaçados
ribeirinhas

portadora
frugívoros
limnicolos

molestia
floresta

T3
O

nociva

de ,

caça
•o

pela
0

'a
e

O.

Tinamus soli tari us macucu * * *


Crypturellus obsoletus obsoletus nambü-guassú * * *
Cryptuvellus undula tus vermiculatus jaó * * *
Crypturellus carvirostris nambú-choróró * * *
Podiceps dominicus speaiosus mergulhão-pequeno * * * *
Pedilympus pociceps antarticus mergulhão-grande * * * *
Anhinge anhinca biguá-tinga * * *
Árdea ooaoi garca-cinzenta * * *
Pilherodius pileatus garça-real * *
Tigrisoma limeatum mar^oratun soco-boi * * *
Anhima aomuta anhuma * * *
Denárocyoma vidua ta vidua ta irerê * * *
Cairina mosohata patâo-preto * * *
Sarcoramphus papa urubú-rei * *
Cathartes burrovianus urubú-da-cabeca-amarela * *
Blanoides forfiaatus yetapa gavião-tesoura * * *
lotnea plúmbea gavião-flecha * *
Buteo magnirostris magni.rostris gavião-pega-pinto * * * * *
Leocoptermia poliomota gavião-pato * * *
Milvago chimachima chimachima gavião-pinhé * * * *
Pol y torus plan tus brasilieneis caracará * * * *
Penelope superficiltaris jacupemba jacu * * *
Pi Upe jacutinga jacu-tinga * * *
Odontophoros capueira capueiva uru * * * *
At ami des cajanea a a janea saracura-tres-potes * *
Porphyrula martinica Frango-d água-azul
1
* * *
Cariama oristata seriema * * *
tlaoana soinosa facana j acanã * * * *
Vanellus chilensis lamcvonotus quero-quero * * * *
Columba picazuro mavginalis pomba-trocaz * * *
Scardafella squammata squammata fogo-Dagô *
Columbina talpacoti taloacoti rolinha-caldo-de-fei jão * *
Columbina pioui picui rolinha * *
Claravis pretiosa rola-azul * *
Ara maracaná maracaná * * * *
Aratinge leuccphthalma leucophathalma maracaná * * * *
Pyrrhura frontalis frontalis tiriba * *
Amazona farinosa farinosa moleiro * * *
Amazona aestiva aestiva papagaio-verdadeiro * * *
Crotophaga ani anú-preto * * *
Cuira guirra anú-branco * * *
Tyto alpa tuidara rasga-mortalha * * *
Fylsatvix koenisualdiana corujão * * *
Speotyto ouniouiana grallaria caburé * * * *
Nyctibius granáis mãe-de-lua, urutau * *
5treptoprocne zonaris zonaris andorinhão * * *
Eupetonema macvoura maevoura beija-flor-tesoura * * *
Trogon viridis viriáis surucuá * *
Ceryle torquata torquata matraca * *
Mystalus chacuru ohacuru j oão^bobo * * *
Eamphastus toco albigularis tucano-assú * * *
Pteroo assus aracari miedii araçarí * A
*
Phlceceastes robustus robustus nica-pau-soldado * *
Colaptes eampestris campestris Dica-pau-do-campo * *
Furnarius rufus badius joão-de-barro * * •k
Certhiaxis cinamomea cinamorr.ea tico-tico-do-biri * *
Tnamnophitus careulescens careulescens choca * * * *
Pyroderus scutatus scutatus pavó * * *
Knipolegue lophotee maria-preta * *
Pitangus sulphuratus maxi-niliani bem-te-ví * * k
Stelgidopteryx ruficollis andorinha * * k
Notiochelidon cyancleuca andorinha * * *
Mimus saturninus frater arribita-rabo * * *
Danacobius atricapillus atricapillus assobia-cachorro * *
Turdus ruficentris ruf'ieentris sabiá-laranjeira * * * * * * *
Platycicla flavipes flavipes sabiã-una *
Coaveba flave o la chloropyga caga-cêbo * * * k
Tersina viridis viridis saí-andorinha * *
Euphonia violácea auranticcllis gaturano-verdadei ro * *
Thraupis say acá say acá 3anhaço * * * *
Rarnphocelus brasilius dorsalis tiê-sangue * *•
Cissopis leveriara»major tiê-tinga * *
Schistochlamys ruficapillus ruficapilluá bico-de-veludo * * *
Psarcolium denumanus maculitus japu * *
Cacicus haemorrbous affinis guache * *
Cnorimopsar chop i chop i passãro-preto * *
Agelaius cyanocus chupinho-azul * *
Saltatir eimilis similis trinca-ferro * * * *
Cyanocompse cyanea etérea azulão * * * *
Sporophila nigricollis nigricollis paoa-capim k k
Dryzoborus angolensie torridus curió * k k
Si calis flave cía bragiliensis canário-chapinha * * *
Zonotrichia capensis Buptorquata tico-tico * *
Voletinia jacariña jacariña tisiu k

Fonte: CETEC -T"


\
Figura 4.37. Estudos da ornitofauna e da mastofauna assim, tanto as coleções lênticas como as
lõticas, sejam doces ou salgados. Verifica-se,
portanto, que esta ciência possui vários
campos de especialização, devendo ainda
proporcionar conhecimentos necessários â
utilização adequada das massas de água
interiores, visando a manutenção dos corpos
d'água em função de seus diferentes usos.

0 inventário da composição biológica dos


corpos d'água constitui uma das etapas
básicas do estudo limnolõgico, tendo em
vista a necessidade do conhecimento da flora
e da fauna aquática, para a compreensão da
estrutura e do funcionamento dos ecossistemas
aquáticos.

Verifica-se que a importância científica e


econômica dos organismos aquáticos tem
aumentado com o decorrer dos anos, como
resultado da progressiva explotaçao dos
recursos naturais e da conseqüente pressão
exercida pela humanidade sobre a biosfera.

As modificações diretas ou indiretas que o


homem induz nos corpos d'ãgua, ao
intensificar a exploração dos recursos
hídricos, intervêm na estrutura e no
funcionamento dos ecossistemas aquáticos.
A construção de grandes barragens, o
aproveitamento de grandes volumes para
irrigação e abastecimento, e o despejo de
resíduos domésticos, industriais e agrícolas
nos cursos d'água expressam a diversidade e
a importância dos problemas relacionados à
vida aquática.

Nos países desenvolvidos a limnologia


assumiu grande importância, sendo raras as
universidades que não possuem um laboratório
específico ou mesmo institutos altamente
especializados.. Alguns desses institutos
funcionam isoladamente, como por exemplo
o Max Plank Institut für Limnologie, na
Alemanha.

Ainda não existem instituições brasileiras


análogas ao Max Plank. Em Minas Gerais a
UFMG, UFV, a C0PASA, EPAMIG, C0DEVASF, a
CEMIG, FURNAS e o CETEC, entre outras
instituições, vêm desenvolvendo atividades
importantes nesse campo. Entretanto, sendo
o Estado composto por bacias hidrográficas
grandes e significativas, as pesquisas
desenvolvidas são ainda insuficientes para
tipificar os corpos d'ãgua, de forma a
fornecer subsídios para sua exploração
racional, equilibrada e eficiente.

Procedendo-se a uma revisão bibliográfica,


verifica-se que as primeiras pesquisas sobre
o meio aquático em Minas Gerais datam de
1817, quando Natterer coleta material
zoológico em todo o curso do Rio Grande, e
Fonte: CETEC Spix em alguns trechos dos rios
São Francisco, Grande, das Mortes e das
Velhas. Ainda nesse século, Castelneau
(1844), a Thayer Expedition (1865),
St. John, Allen & Ward (1865), Reinhardt
ambientais provocadas pelas atividades (1866) e Lütken (1887) desenvolvem os mesmos
humanas nos ecossistemas do território 4.7.4. Flora e fauna aquática em 1892 em estudos do cientista franco-suíço
François August Forel, sobre o lago Leman. estudos em alguns corpos d'água do Estado,
mineiro. O estudo da biologia das espécies Posteriormente, em 1922, o IV Congresso sendo os peixes os representantes da fauna
animais e de suas necessidades ecológicas A limnologia constitui-se na ciência que Internacional de Limnología realizado na aquática mais estudados nesse período.
básicas, principalmente quanto ao processo aborda os diferentes aspectos ecológicos Alemanha redefiniu a limnologia como o estudo
nutricional, ao comportamento reprodutivo e necessários ao conhecimento das águas ecológico de todas as massas de águas A primeira descrição de exemplares da flora
as migrações é imperativo para fornecer continentais. interiores, independentemente de suas aquática mineira é encontrada na obra "Flora
subsídios aos órgãos oficiais responsáveis origens, dimensões e das concentrações Brasiliensis" (1824), onde Martius reúne os
pelos recursos faunísticos do Estado. Esse termo (do grego limnos - lago) surgiu salinas detectáveis. O novo conceito abrange. resultados dos estudos em taxonomia do

56
Tabela 4.15. Relação e ecologia de alguns representantes da mastofauna de Minas Gerais \ tem-se então as primeiras pesquisas
limnolõgicas realizadas em Minas Gerais.
ecologia da mostotauna Relacionam-se a seguir as áreas onde }á se
realizaram essas pesquisas: município de
hábitos causas a n t r o p o m ó r f i c a s de suas mo Itabira (UFMG/CVRD, 1976), represas do
habitat dif icações populacionais e f r e q u ê n c i a
a I ¡mentares Rio Grande (CETESB/CEMIG, 1976), Rio Paraíba
« .Í2 (UFMG/FURNAS, 1977), Represa de Emborcação
a o (LEME ENGENHARIA/CEMIG, 1979) , Represa de
c
especie nome vulgar O i5 Cl
ifí
O
C
4) Três Marias (CODEVASF, 1980), Represa de
Õ -£ Furnas (FURNAS, 1980), Represa de Vargem das
o Q. E
D
O Flores (SEEBLA/COPASA, 1980) e na Lagoa dos
9- « O o Confins (COPAER, 1980). Deve-se ressaltar
D IO •o
o o o -- O ainda as investigações pontuais realizadas
a. 2 O-
pelo CETEC quando da ocorrência de acidentes
o E E ¿
O

.O a a» — E E £ ecológicos em Sete Lagoas (1978) e Nanuque


o. E o o
D (1981), as quais forneceram dados
Brachyteles arachnoïdes mono carvoeiro preliminares sobre o efeito de poluentes na
Callicebus per s ana tus biota aquática.
sauá ou qigõ
Ce bus apella macaco prego
Alomatta fusca bugio, guariba Algumas instituições contribuíram para o
A lomatta fusca M II
desenvolvimento desses trabalhos, quer com
Callithrix penicillata recursos financeiros, quer com pessoal
saguí, mico estrela
Callithrix geoffroyi habilitado. Ressalte-se a Fundação
saguí, cara branca João Pinheiro, através do Grupo Executivo de
Cal tithrix flaviceps saguí da serra Ciência e Tecnologia, que promoveu em 1975
Chrys ooyon brachyurus lobo guará o "19 Encontro Nacional sobre Limnología,
Diversas especies cachorro cio mato Piscicultura e Pesca Continental",
Panthera onça onça pintada propiciando o intercâmbio de informações
Felis conouloy onça parda entre pesquisadores brasileiros e
Felis parda lis jaguatirica estrangeiros. Esse encontro contribuiu para
Lutra platensis lontra o aperfeiçoamento de especialistas mineiros
V bevomuva brasiliensis na área, e traçou algumas diretrizes para as
ariranha pesquisas no Estado. Um dos primeiros
My rme c ophag a tri caoty la
tamanduá bandeira resultados práticos do evento foram as
Priodontes giganteus pesauisas realizadas no Parque Florestal
tatu canastra
Diversas especies Estadual do Rio Doce pela UFSCar e pela
tatus (outras espécies
Hydroohaerus hydrochaevis UERJ, sob a coordenação do CETEC, e que se
capivara
Cuniaulus paca constituíram nas primeiras pesquisas
paca limnolõgicas básicas sobre uma reserva
Co endou insidiosus
ouriço florestal do Estado.
Tapi rus tevrestvis
anta
Ozotooerus bazoarti au s
Mazama simplícioornis veado campeiro
veado catingueiro Simultaneamente realizaram-se pesquisas
díastooerus dichotomus limnolõgicas com ênfase para a ecologia dos
Tayas su pécari cervo do pantana1 planorbídeos, com o objetivo específico de
Tayassu tajacu porcos do mato caracterizar os habitats dos moluscos
Sylvi lag us bras i lien si s vetores. Como exemplo temos os trabalhos
Didelphis marsupialis tapetí (coelho do mato) desenvolvidos no Parque Florestal Estadual
Didelphis albiventris gambás do Rio Doce (UFMG/CETEC, 1978), em
Lagoa Santa (UFMG/PLAMBEL, 1978), em
Di versas especies Serra Verde, Nova Era e Itabira (UFMG, 1978).
''esmodus re tun du s ratos do mato
morcegos hematófagos
Fonte: CETEC Em 1980, com abordagem semelhante, por
ocasião da realização dos estudos ambientais
material coletado por diversos pesquisadores 0 primeiro trabalho que estudou a incidência condicionantes dos habitats dos no Vale do Jequitinhonha, o CETEC realizou,
e expedições que percorrem o Estado. Somente da doença na infância, assinala a ocorrência planorbídeos (3), (4), ( 5 ) . associado ao estudo dos habitats, um dos
no inicio do século XX, em 1901, quando o de Planorbis cen timetralis inquéritos malacolõgicos de maior
dinamarquês Eugênio Warming estuda a flora No início da década de 70, a ecologia abrangência espacial no Estado.
(Biomphalaria straminea) em Belo Horizonte(79) .
da região de Lagoa Santa, registram-se as expande-se intensamente como ciência
primeiras informações sobre a microflora biológica no Brasil. Verifica-se que os
Em 1934, dando ênfase aos estudos médicos, ecossistemas aquáticos começam a revelar Numa perspectiva histórica, pode-se deduzir
aquática (Fitoplancton) em Minas Gerais. retomam-se as investigações acerca dos que as pesquisas limnolõgicas desenvolvidas
Nesse período os levantamentos da fauna desequilíbrios, na medida em que algumas
planorbídeos no Estado (10). A partir de atividades econômicas, através de processos ate a década de 60 têm um caráter preliminar,
ictiológica são os mais freqüentes, 19 47, as pesquisas sobre os vetores passam consistindo principalmente em inventários
registrando-se, até meados do século XX, os predatórios, interferem significativamente
a ter maior relevância nos estudos da no equilíbrio natural do meio ambiente. qualitativos da fauna e da flora aquática.
trabalhos de A. Miranda Ribeiro (1902), epidemiologia da esquistossomose, quando se Os estudos subseqüentes, em sua maioria,
Carnegie Museum Expedition (1907), Rubião Em Minas Gerais quatro fatores são
iniciam os estudos sobre a distribuição e decisivos nos desequilíbrios dos ecossistemas podem ser considerados como intensivos, uma
(1912) e Couto de Magalhães (1931). 0 os "criadouros" preferenciais dos vez que ao inventário taxonõmico segue-se
trabalho desenvolvido por este último deve aquáticos: os desmatamentos intensivos e
planorbídeos (11), (60). predatõrios os processos industriais uma abordagem ecológica. Nestes últimos
ser ressaltado, visto abordar, pela primeira /
trabalhos, duas linhas de pesquisa se
vez, aspectos biológicos e estatísticos do geradores de resíduos, as atividades
No período compreendido entre 1951 e 1959, a agrícolas e a construção de obras de destacam: a avaliação das alterações
material pesquisado. consolidação dos conhecimentos sobre a induzidas sobre os ecossistemas aquáticos e,
engenharia de grande porte.
biologia, com ênfase na taxonomía, morfologia a identificação e caracterização dos habitats
Paralelamente, a partir de 1919, começam a e fisiologia das espécies, propiciou o Essas intervenções do homem sobre o meio de planorbídeos.
ser desenvolvidas pesquisas sobre a desenvolvimento de uma nova fase, na .qual ambiente trazem como conseqüência uma
esquistossomose mansõnica em Minas Gerais, são realizados estudos propriamente ditos crescente preocupação em se avaliar seus Pode-se também verificar que na sua
tendo-se como conseqüência natural a da ecologia dos planorbídeos. Os primeiros riscos e efeitos sobre os ecossistemas totalidade os estudos realizados, restritos
evolução dos estudos sobre os vetores dessa trabalhos com esse enfoque surgem no início aquáticos, em particular a nível dos diversos a pequenas áreas e a um curto espaço de
doença, os moluscos do gênero BiompJialaria . da década de 1960, apresentando os fatores componentes da biota. Com esse objetivo, tempo, são ainda insuficientes para a

57
tipificação dos ecossistemas aquáticos de
Minas Gerais, considerando-se sua extensa
rede hidrográfica, distribuída nos mais
diversos tipos de regiões.

Nos estudos limnológicos efetuados em


Minas Gerais verifica-se que os principais
componentes da biota aquática estudados
foram os organismos do benton, do plancton,
as macrõfitas e os coliformes. As pesquisas
relativas ao benton, com destaque para os
planorbideos e para as macrõfitas,
concentraram-se nos ambientes lênticos
situados nas bacias dos rios São Francisco,
Doce, Grande e Jequitinhonha.

0 plancton, o benton e os coliformes foram


os parâmetros mais freqüentemente
considerados nos estudos realizados em
ambientes lóticos das bacias dos rios
Paranaíba, São Francisco e Doce, conforme
indica a Figura 4.38. Outros componentes
da biota foram também analisados, como o
perifiton e o necton. Observa-se pela
Figura 4.39 que a maioria dos estudos
recentes da fauna Íctica foram desenvolvidos
em barragens, ou em função de sua construção,
e concentraram-se nas bacias dos rios
Grande, Paranaíba e são Francisco.

A Tabela 4.16 apresenta uma relação dos


espécimens mais importantes identificados
nos corpos d agua do Estado, de acordo com
1

sua freqüência, densidade e/ou tipo de


habitat. No tocante ã ictiofauna,
verifica-se que na rede potamográfica de
Minas Gerais são conhecidas cerca de 312
espécies, distribuídas taxonómicamente em
125 gêneros, 26 famílias e 4 ordens.

Mesmo considerando-se que todas as espécies


merecem proteção,apresentam-se na Tabela
4.17 apenas algumas que carecem de maior
atenção. A sensibilidade às modificações
ambientais, o valor comercial, a raridade
e a endemicidade das espécies foram os
fatores considerados para essa seleção.

Em relação â fauna planorbídica mineira,


verifica-se que dentre os seus diversos
representantes destacam-se, pela importância
sanitária que apresentam, as espécies
hospedeiras do Shistosoma mansoni:
Biomphalaria glabrata* Biomphalaria straminea
e Biomphalaria tenagophila. Essas espécies
são responsáveis pela transmissão de uma das
mais graves parasitoses que afligem o homem,
a esquistossomose. Essa doença reveste-se
de grande interesse epidemiológico, dada a
sua larga distribuição geográfica, seus
elevados índices endêmicos, e a prevalência
de suas formas graves. Sua repercussão
social e econômica ê expressiva, contribuindo
significativamente na taxa de mortalidade
geral.

A distribuição espacial das espécies


hospedeiras do Shistosoma mansoni em
Minas Gerais acha-se representada na
Figura 4.40. Verifica-se que a espécie de
maior ocorrência ê a Biomphalaria glabrata,
2. ALDAZ, L. Caracterização parcial do
mais homogeneamente distribuída, seguida
pela Biomphalaria straminea, que se concentra
ocorrência do caramujo, em 55 foram
realizadas pesquisas sobre a infestação 4.8. Bibliografia regime de chuvas no Brasil. Rio de
Janeiro, Departamento Nacional de
mais ao norte, e a Biomphalaria tenagophila* natural pelo Shistosoma mansoni, sendo que
ao sul do Estado. 32 mostraram a presença do vetor 1. AB'SABER, A. 0 relevo brasileiro e seus Meteorologia, 1971.
naturalmente infestado. Observou-se que a problemas. In: . Brasil, a terra
Dos 137 municípios onde os inquéritos infestação natural foi detectada somente em e o homem. São Paulo, 1972. v.l,
malacolõgicos efetuados revelaram a exemplares de Biomphalaria glabrata. p 135-217,

58
Figura 4.39. Estudos da ictiofauna 6. ARAGÃO, J.O.R. Estudo da estrutura das
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59

f
Tabela 4.17. Especies Ícticas de Minas Gerais a serem preservadas 37. / . Projeto hidrogeologia do Norte de 54. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de
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64
Figura 5.1, resultou no mapeamento mais - porte: altura media do fuste do conjunto constituídos de uma vegetação rasteira de
5. O meio antrópico pormenorizado das áreas abrangidas pelos
projetos desenvolvidos pelo CETEC, ficando
de indivíduos que compõem determinada
comunidade vegetal;
gramíneas e ciperáceas, podendo ainda ser
encontrados alguns arbustos disseminados
o restante do Estado menos particularizado, sobre esse estrato rasteiro.
5.1. Subsistema produtivo dada a dificuldade de se mapearem pequenas
manchas, devido ã escala do material
- localização: posição ou situação da mancha
em relação ã forma fisiogrãfica em que • Capoeira - M 2

utilizado. Dessa forma, para se obter a esta localizada;


5.1.1. Usos da terra precisão desejada, foram necessárias várias
associações de classes de usos, notadamente
Compõem esta classe as formações capoeirão,
- contorno: forma geométrica da mancha. capoeira e capoeirinha. A composição
nas regiões do Triângulo Mineiro, Sul de florística ê semelhante a mata {Mj),
5 1.1.1. I n t r o d u ç ã o Minas, Zona da Mata e Vale do Rio Doce. Em virtude de o material aerofotogrãfico distinguindo-se desta somente pelo menor
utilizado ter sido captado em épocas porte e diâmetro de seus indivíduos. Em
A forma de organização do espaço diferentes, ê importante ressaltar que é muitos casos a capoeira ê considerada
físico-territorial, sendo uma conseqüência Figura 5.1. índice dos elementos utilizados possível existirem pequenas diferenças entre gradação da mata secundária.
direta do modelo global de desenvolvimento no mapeamento de uso da terra os resultados do levantamento realizado e a
sócio-econômico, reflete a ação antrõpica atual configuração do espaço físico- * Cerrado - Ce
sobre o meio natural. A análise da IO- « f 4JJ 44» « • 4CJ" -territorial em Minas Gerais. Não obstante
configuração espacial das atividades essas pequenas distorções, deve-se salientar Inclui-se nesta classe o cerrado com
produtivas e da rede urbana permite perceber que é a primeira vez que se faz um predominância do estrato arbóreo, podendo
a forma de utilização dos recursos naturais mapeamento do uso da terra a nível estadual. apresentar duas formações:
e, por conseguinte, identificar os reflexos Daí a importância desse levantamento. - típico: é o cerrado propriamente dito
ambientais da ação antrõpica. Portanto, o arbóreo arbustivo, de aspecto uniforme.
levantamento do uso da terra ê um elemento Sua fisionomia ê peculiar,
fundamental no estabelecimento de caracterizando-se por apresentar indivíduos
diretrizes que orientem as ações corretivas 5.1.1.2. Classes de uso da terra
de porte atrofiado, com troncos retorcidos,
e preventivas de combate ã degradação do cobertos por casca espessa e fendilhada,
meio ambiente. • Afloramento Rochoso - Ar de agalhamento baixo e copas assimétricas,
tendo altura de 6 a 8 metros;
Este estudo visou fornecer informações sobre Ê a classe de ocupação da terra
a ocorrência, distribuição espacial, correspondente às rochas expostas.
dimensão e proporção de ocupação dos vários - ralo: difere do cerrado típico somente por
usos da terra em Minas Gerais. • Área Cultivada - Ac ser menos denso.
Dentro da classe cerrado está incluído o
0 levantamento aerofotogrãfico utilizado Ê a área utilizada com as culturas anuais cerradão, forma florestal típica do
para identificar os diversos usos da terra ou perenes de produtos de exportação ou de Planalto Central, constituída de três
constou de variado material: matérias-primas para a agroindústria, estratos: superior arbóreo, médio
principalmente café, cana e soja. Em grande arbõreo-arbustivo e inferior arbustivo.
- imagens do satélite LANDSAT, coloridas e número de casos, as áreas ocupadas com
em preto e branco, em escala de 1:500.000, culturas foram associadas com pasto ou com • Corpo d'Agua - Al
captadas no período de 15/08/73 a 07/10/79; cerrado, em virtude de suas extensões serem
reduzidas, e, por conseguinte, Esta classe de ocupação da terra corresponde
- fotoíndices em escala aproximada de impossibiiitadas de serem representadas ãs áreas inundadas permanentemente, ou que
1:100.000, da cobertura aerofotogrãfica cartográficamente na escala utilizada. apresentavam espelhos d'água ã época de
promovida pelo IBC, para as regiões tomada das fotografias aéreas ou das imagens
cafeeiras do Estado em 1979; • Caatinga - Ct orbitais.

- mosaicos em escalas aproximadas de Formação vegetal hipoxerõfila, apresentando • Floresta Artificial - F


1:60.000 e 1:100.000, confeccionados com várias gradações intermediárias. Em algumas
fotografias aéreas em escala de 1:60.000, j I n t e r p r e t a ç ã o d> Imigens L j n d s t t I I - E s c i l * 1:500 00P ocorrências se apresenta semelhante a Ê uma formação vegetal constituída de maciços
resultantes do Acordo Brasil/Estados Unidos- floresta, com árvores cujas copas se tocam. homogêneos quanto às espécies plantadas. Em
- Projeto USAF-AST-10, obtidas no período Para a fotointerpretaçao dos mosaicos, Outras vezes as caatingas apresentam-se Minas Gerais as espécies utilizadas para
1964/66; fotoíndices e imagens orbitais, foram como formações em que apenas alguns essas formações são as exóticas dos gêneros
consideradas as seguintes características indivíduos de porte arbóreo se distribuem Euaalyptus e Pinus.
- mapa de uso da terra, do Projeto dos elementos das imagens: mais ou menos esparsamente, numa formação
PLANOROESTE II - CETEC, 1978; composta predominantemente de arbustos. Ha • Mata - Mi
- tonalidade: tom da cor da mancha; também áreas com ausência completa de
- mapa de uso da terra, do Projeto Estudos elementos arbóreos. São englobadas nesta classe:
Integrados do Vale do Jequitinhonha - - textura: aparência da superfície dos - floresta pluvial perenifõlia e
CETEC, 1980. objetos na imagem aerofotográfica; • Campo - Ca subperenifõlia: seu estrato superior é
formado por arvores altas, alcançando até
A utilização de material variado, quer em - relevo: situação topográfica dos objetos Compreende os campos naturais e os campos 30 metros de altura e diâmetros de até 80
escala quer em detalhe, conforme mostra a representados na imagem aerofotogrãfica; hidrófilos. Todos esses tipos são centímetros;

65
- floresta mesófila: tem várias gradações, Tabela 5.1. Levantamento das classes de uso da terra em Minas Gerais, por bacia hidrográfica, em k m 2

apresentando até formas caducifõlias


(sobre afloramentos de calcário). No
período seco a grande maioria das árvores bacias hidrográficas
perde suas folhas e, em decorrência disso
essas florestas são conhecidas como "matas classes São São
Buranhém Doce Grande Itabapoana Itanhém Jequit inhonha Mucuri Paraíba Paranaíba Pardo Tietê Total %
secas". de uso Franscisco Mateus
- -
• Pastagem - P
Ce -
-
- 4. 352
-- -- 21.914
-
- 12.180 4. 969
-
106.564
-
- 149.979
-
25,54
Ce + P
- - 1.065
- - - - 5. 403
- - -
-
6. 468 1,10
Ê a área que foi desmatada, explorada com
Ce + Ac
-
-
435
- - - 4.415- - -- - -
- -
-
435 0,07
culturas perenes ou anuais, e posteriormente
Ct
-- - _ _ -- -- 9.629
-
14.044 2,39

217- -- - -
semeada com capim jaraguã, meloso ou colonião. Ct + Ac 806 1.878 2.684 0,46
Mi 448 540 463 - 182 - 1. 843 259 5.228 - - 9. 180 1,56
• Perímetro Urbano - Pu M2 - 9.026 3.455 182 - 10.000 1. 801 5. 382 154 5.102 21.907 652 147 57.808 9,84
- 13.133 - - -
- - -
+ P
- -- - 16.091 2,74
M2 1.108 1.805
- - - -
Esta classe se refere a toda área ocupada Ca 28 4. 818 119
- -
3.315
- -- 12.551
-
203 26.990
-
48.024 8,18
pelas cidades, quando passíveis de Ca + P
- 168 22.923 182
- 1. 465 491 25.229 4,30
identificação na escala utilizada. Em virtude P 505 28.361
-
13.819 42
-
967 19.419 7. 043 14.738 10.878 1. 198 38.215 3.995
- - 139. 180 23,70
-
disso, foram planimetradas somente as áreas
- 490-
P + Ac 84 16.819 1.198 1. 380 8. 473 757 3. 935 34.144 5,64
dos grandes e medios centros urbanos. - - - - - -
P + Ca
-
56.000
- - - - -- -- - 2.001
- -
8.091 1,38
P + Cc
p + M2 - 18.999
294 - 379 -
470 568 4. 913 28
4. 892
- -- 785 - 1. 219 -
4.892
27.655
0,83
4,71
5.1.1.3. R e s u l t a d o s d a f o t o i n t e r p r e t a ç ã o - - - -
Ac
- -- 2.102
-- - -
-
140
-
5.685
-
967
- - 8.894 1,51
-- -- --
Ac + p 3. 581 2.355 140 6. 076 1,03
A Tabela 5.1 apresenta os resultados do - - - - -
levantamento das classes de uso da terra,
Ac + Ce
- - -
2.056
- - -
2. 056 0,35
em k m , e o Mapa 7 mostra a distribuição
2
F
-- 526 519
- - 2. 250
- --
3.041 217 6.756
- -
13.309 2,27
espacial dos vários usos da terra em
At
- - 2.481
- - 98
- -
1. 521
- 344-
1. 472
-
- -
5. 572 0,95
Minas Gerais.
Ar 483 322
-- 2. 880
-- - -
3 . 476
- -
7.505 1,3
- - -
Pu 42 94 134 586 856 0,15
Observa-se na Tabela 5.1 que as classes total 1. 247 71.390 83.023 722 1.654 67.368 15.137 21.578 71.176 13.049 233.844 5.866 1.126 586.588 100,00
predominantes no Estado, por ordem
decrescente de área ocupada, são o cerrado, Fonte: CETEC
o pasto, a capoeira, o campo, a associação
de pasto com capoeira e a associação de
campo com pasto. As outras classes de uso Não obstante o peso da agricultura no Estado, praticamente o dobro da área identificada No que concerne as matas, cabe destacar as
ocorrem com menos de 3,0% do total. Dentre é importante verificar que a área cultivada pela fotointerpretação (856 k m } . 2
bacias dos rios Buranhém e Itanhaém,
esses resultados, destaca-se a significativa ocupa um pequeno espaço no território ocupadas por essa classe de uso em
área ocupada pelo cerrado (25,54%) e pelo mineiro. Ocorre com maior intensidade em No que se refere ã problemática ambiental, aproximadamente 36,0% e 13,0%,
pasto (23,70%), totalizando aproximadamente duas bacias, Paranaíba e Grande, e em menores o resultado mais significativo foi a respectivamente. Nas outras bacias
metade da superfície do Estado (49,27%). percentagens na do Paraíba do Sul e na do constatação de que ê muito pequena a área hidrográficas do Estado esse percentual ê
Isso sem considerar as associações do cerrado São Francisco. Na bacia do Rio Paranaíba as remanescente de mata nativa no Estado: sempre maior que 3,0%. As maiores
e do pasto com as outras classes de uso, o áreas cultivadas estão concentradas no somente 1,56% da área de Minas Gerais e concentrações de mata em Minas Gerais estão
que elevaria razoavelmente esse percentual. Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. Na do atualmente ocupada por essa classe de uso. no Triângulo Mineiro e no norte de Minas.
Rio Grande, as áreas cultivadas estão ao sul Isso faz com que a área reflorestada Ê importante verificar que a área ocupada
Em ordem decrescente, o cerrado ocupa áreas da represa de Furnas e na região próxima ã homogeneamente (13.309 k m ) seja superior ã
2
por cobertura vegetal mais densa (M, * M ) 2

maiores nas bacias do rios São Francisco, cidade de Uberaba. de mata em aproximadamente 45,0%. não chega a 12,0% da área total do Estado,
Jequitinhonha e Paranaíba, sendo que a o que é um índice irrisório, se comparado
primeira contém 71,33% do total dessa classe, A caatinga ocorre em apenas duas bacias, com a vegetação florestal outrora existente
Os reflorestamentos estão dispersos e ocorrem em Minas Gerais.
que ocorre orincipalmente nas regiões central, São Francisco e Jequitinhonha. Entretanto, em poucas bacias. Basicamente existem três
norte e noroeste do Estado. ocupa uma área relativamente significativa, grandes regiões reflorestadas: o triângulo
se comparada com as outras classes de uso. formado pelas cidades de Araxã, Uberaba e
O pasto ocorre em todas as bacias, o que
demonstra a vocação do Estado para a
A região próxima às cidades de Araçuaí e
Itaobim, no Jequitinhonha, e a região norte
Uberlândia, na bacia do Rio Paranaíba; o 5.1.2. Indústria de transformação
triângulo formado pelas cidades de Curvelo,
atividade pecuária, tanto de corte quanto do Estado, no São Francisco, são as áreas Pirapora e João Pinheiro, na bacia do
de leite. Em mais da metade das bacias, o de ocorrências da caatinga. 5.1.2.1. I n t r o d u ç ã o
Rio São Francisco; e a região do
pasto ocorre em mais de 50% da área Alto Jequitinhonha. A presença de
hidrográfica, sobressaindo por ordem de Os afloramentos rochosos aparecem com alguma reflorestamentos está estritamente Objetiva-se aqui analisar o comportamento
grandeza as bacias dos rios Doce, significação em apenas três bacias: correlacionada com a ocorrência de cerrados, das indústrias de transformação como fontes
São Francisco e Grande, e, em termos Jequitinhonha (4,2% da área da bacia). como se pode verificar pelos dados indicados de poluição do meio ambiente em Minas Gerais.
relativos, as bacias dos rios São Mateus, Pardo (2,7%) e São Francisco (1,5%). Nas na Tabela 5.2. Tal analise, entretanto, consideradas as
Mucuri e Itanhaém, todas ocupadas em outras bacias, ou o afloramento não ocorre dimensões do Estado, é tarefa dispendiosa e
aproximadamente 80,0% por pasto. ou é inexpressivo. As maiores ocorrências que dependeria de conhecimento amplo e
estão localizadas ao longo da Serra do detalhado não só de todas as instalações
A capoeira é também uma classe expressiva de Espinhaço. Tabela 5.2. Area de cerrado e reflorestamento industriais como também do impacto ambiental
.uso da terra em Minas Gerais, ocupando em três bacias hidrográficas de de suas emissões. Tal conhecimento, até o
isoladamente 9,85% e, em associação com Os corpos d'água são representados Minas Gerais (%) momento inexistente, só poderia ser
pasto, 2,74% da área total do Estado. principalmente pelas represas de geração de levantado através de um processo metódico,
A capoeira aparece principalmente no norte, energia elétrica, fazendo com que os rios sistemático e abrangente de cadastramento
bacia cerrado re f lores tarnen to industrial. O Decreto n9 76.389, de
nordeste e sul de Minas, e em quase toda a Grande, Paranaíba e São Francisco se
sobressaiam com relação aos outros grandes 03/10/75, da Presidência da República, em
bacia do Rio Doce. São Francisco 45, 43 2,90 seu Artigo 12, atribui conjuntamente â
cursos d'água do Estado, em virtude do
potencial explorado nesses rios. Jequi tinhonha 32,53 3,34 Secretaria de Tecnologia Industrial do
Apesar de aparecer em quase todas as bacias, Ministério da Indústria e Comércio, ã
o campo tem as suas áreas mais expressivas 4,27 Secretaria Especial do Meio Ambiente do
nas serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da A área urbanizada do Estado seria de Paranaíba 24,71
Ministério do Interior e ã Fundação IBGE, a
Canastra, na bacia do Rio Araguari e na aproximadamente 1.600 k m , se calculássemos
2

responsabilidade de realização desse


região próxima â cidade de Curvelo. uma densidade média de 50 hab./ha, o que é Fonte: CETEC

66
cadastro. Todavia, tal estudo não foi feito A segunda redução foi a escolha dos conhecimento um pouco mais minucioso dessas revelador do quadro da poluição hídrica,
para Minas Gerais. Apenas algumas regiões poluentes ambientais mais representativos áreas, para as quais a metodologia havia a observação da Figura 5.6 nao permite
do Estado estão cadastradas pelo CETEC sob dentre aqueles que se poderia estudar a fornecido apenas informações agregadas. identificar nenhum grande foco, em termos
regime de contrato com a COPAM, mas são partir das informações disponíveis. Foram Cabe finalmente observar que não se de área. Existe, contudo, ao longo do
áreas dispersas pelo território mineiro, não selecionados dois poluentes atmosféricos considerou a possibilidade da existência de território mineiro, um número
preenchendo, portanto, a condição de - material particulado e óxidos de enxofre - sistemas de tratamento de poluentes nas significativamente grande de municípios
abrangência espacial colocada para a e um poluente hídrico, a demanda bioquímica fontes emissoras, e que a distribuição isolados ou de pequenos grupos de municípios
realização do presente diagnostico. Em de oxigênio (DBO). Ê importante citar que, espacial dessas fontes foi suposta homogênea de elevada expressão. São os municípios de
decorrência disso, tais informações foram embora o conjunto de fontes de poluição aqui ao longo das áreas de estudo. Belo Horizonte, Astolfo Dutra, Passos,
utilizadas apenas de forma acessória. considerado seja definido como "Indústria de Visconde de Rio Branco, Urucânia, Ponte Nova,
Transformação", julgou-se oportuno incluir, Campo do Meio e Monte Belo.
Foi possível, no entanto, obter de várias para a demanda bioquímica de oxigênio, a 5.1.2.3. R e s u l t a d o s
entidades oficiais federais e estaduais um parcela oriunda de esgotos domésticos. Sua As emissões estimadas de DBO proveniente de
conjunto básico de dados que permitiu uma contribuição foi considerada muito Por ocasião de estudos e levantamentos esgotos domésticos foram calculadas com
análise preliminar do parque industrial significativa para não ser computada. diversos realizados pelo CETEC em várias base no valor 0,054 kg de DBO/dia/hab.,
mineiro, sob o ponto de vista de seu regiões do Estado, elaboraram-se amplamente consagrado na literatura de
impacto ambiental. Cabe porém ressaltar Feitas essas opções, e selecionados os cadastramentos industriais que se saneamento. Constituem casos atípicos, no
que esse conjunto de dados não foi obtido indicadores mencionados, concluiu-se que constituíram no primeiro conjunto de que^concerne ás emissões de esgotos
para uso específico em estudos ambientais, para os estudos de estimativa de emissões informações existentes acerca das fontes domésticos CFigura 5.7), a microrregião
carecendo assim da profundidade técnica necessitava-se ainda da caracterização do industriais de poluição do Estado. Tais Belo Horizonte e os municípios de Ipatinga,
desejada. Some-se a isso uma série de porte das instalações industriais. Essa regiões são indicadas na Figura 5.2, onde João Monlevade, Patos de Minas,
restrições legais a seu uso, o que tornou caracterização poderia ser dada pela são apresentados ainda o período de cada Coronel Fabriciano e Timóteo, onde
impossível a identificação nominal das produção, pelo consumo de matéria-prima ou cadastramento efetuado, breves observam-se maiores concentrações. Para o
fontes mais significativas de poluição. pelo número de empregados das várias considerações quanto a confiabilidade dos restante do território estadual, as
Esse tópico será novamente abordado no indústrias. Embora as duas primeiras opções mesmos e uma síntese de seu processo de concentrações são de menor expressão e
decorrer deste item. fossem mais adequadas, seu emprego tornou-se execução. distribuídas praticamente de forma homogênea
inviável porque não se dispunha dessas em dois grandes grupos:
informações de modo completo para todas as
indústrias do Estado. O número de empregados Considerando que as áreas submetidas ao
5.1.2.2. M e t o d o l o g i a cadastramento de fontes industriais de - densidades médias na faixa de 0,5 a
das indústrias, ao contrário, constava do
RAIS, não obstante houvesse varias poluição tenham sido selecionadas, não com 1,0 kg de DBO/dia/km , na região ao sul
2

0 material básico disponível para a restrições legais ao uso e â divulgação de base em estudos preliminares envolvendo a do paralelo 18° ou a leste do
realização do trabalho aqui apresentado,os, seus dados brutos, como anteriormente detecção de áreas críticas, mas foram frutos meridiano 43°;
foi recolhido das seguintes fontes: mencionado. Não se pôde, por exemplo, ter de demandas de estudos regionais específicos,
acesso a informações que não fossem justifica-se a aparente distorção de - densidades médias na faixa de 0,0 a
- Relatório Anual de Informações Sociais - decorrentes da agregação de, no mínimo, três enfoques existentes entre as Figuras 5.2 e 0,5 kg de DBO/dia/km , na região ao norte
2

RAIS - 1980; instalações industriais. Todavia foi possível 5.3.- Isso porque, analisando-se a do paralelo 18° e a oeste do
- Pesquisa Industrial - 1976 e Censo estabelecer uma forma de trabalho que distribuição espacial de densidades de meridiano 43°.
Industrial de Minas Gerais - 1975, da atendesse aos objetivos deste diagnóstico, indústrias, indicada na Figura 5.3, pode-se
IBGE; e que respondesse ãs restrições legais, observar que tais densidades são O quadro das concentrações de emissões
- listagem de 1981 das indústrias inscritas resguardando as informações sigilosas. expressivamente mais relevantes na região totais de DBO (esgotos domésticos em
na Secretaria de Estado da Fazenda. Assim, o SERPRO, que normalmente processa localizada abaixo do paralelo 19°, enquanto combinação com as instalações industriais)
as informações do RAIS, foi autorizado a que a área de maior extensão já submetida a está indicado na Figura 5.8. Como era de
Inicialmente foram definidos dois trabalhá-las, segundo metodologia proposta cadastramento industrial situa-se acima do se esperar,a interpretação de tal quadro,
indicadores, a partir dos quais se pelo CETEC. referido paralelo, como mostra a Figura 5.2. que nada mais é senão a superposição das
desenvolveu todo o estudo. Esses indicadores informações contidas n. ° figuras 5.6 e 5.7,
são a densidade espacial de indústrias e a Observa-se que a densidade espacial de leva a conclusões que sà-, praticamente uma
densidade espacial de emissões estimadas de Esta metodologia apresenta as seguintes indústrias, que indica tão somente a relação soma das conclusões indiviu ais a que se ,
poluentes. Esses não são parâmetros ideais características básicas: número de indústrias/área em k m , embora
2
chegou a partir das referidas figuras,
para a análise que se pretendia realizar, mas possa constituir-se em uma primeira quais sejam:
foram as opções mais adequadas, consideradas - para cada ramo dos gêneros industriais aproximação do quadro das fontes poluidoras
as características do material base escolhidos foram estabelecidos fatores industriais, não informa acerca das emissões - que os grandes focos individuais de
disponível. Além da escolha desses de emissão em função do número de de poluentes. Para suprir tal lacuna foram elevadas concentrações são, em sua quase
indicadores, foram feitas duas reduções no empregados de cada estabelecimento; calculadas densidades espaciais de emissões totalidade, decorrentes da presença de
universo de estudo. A primeira delas estimadas para os poluentes mais indústrias. Entre tais focos vale
consistiu na seleção dos gêneros industriais - as estimativas de emissão foram calculadas representativos, que aparecem nas mencionar os municípios de Belo Horizonte,
a serem considerados neste trabalho, em por município, e suas densidades obtidas Figuras 5.4 a 5.8. Passos, Astolfo Dutra, Visconde do
função de seu maior potencial poluidor. em função das áreas dos municípios ou Rio Branco, Ponte Nova e Campo do Meio,
Os gêneros industriais selecionados foram os grupos destes; Pela interpretação das Figuras 5.4 e 5.5, como sendo os mais significativos;
seguintes: referentes ãs emissões estimadas de
- na ocorrência de restrição legal ao poluentes atmosféricos, é possível - que a tendência a homogeneidade de
- produtos alimentícios; fornecimento de informações sobre detectar-se um foco de poluição bastante distribuição das concentrações restantes
- transformação de produtos minerais não determinado poluente, relativas a menos de significativo, numa área delimitada por um é conseqüência dos esgotos domésticos.
metálicos; três fontes, optou-se por agregar dados de raio de aproximadamente 100 km em torno de
- metalúrgicos; municípios da mesma microrregião, e onde Belo Horizonte, e que engloba total ou Visando fornecer subsídios comparativos ã
as densidades de emissão estimada desse parcialmente as microrregiões Belo Horizonte,
- madeira; interpretação das Figuras 5.6 a 5.8, foi
poluente fossem relativamente pequenas; Divinõpolis, Espinhaço Meridional,
- bebidas; elaborada a Tabela 5.3, onde se apresentam
- mecânica; Sete Lagoas e Siderúrgica. Além desse grande as densidades de carga orgânica proveniente
- têxtil; - só foram consideradas no calculo da foco industrial, existem outros também de esgotos domésticos, referentes a quatro
- material de transporte; densidade espacial de indústrias, aquelas significativos, porém de menor área, e países. Ressalta-se que tais dados devem
- couros, peles e artefatos de viagem; que apresentavam emissões dos poluentes dispersos pelo Estado, citando-se entre ser analisados sem se perder de vista as
- química; selecionados para este estudo. outros um foco formado pelos municípios de suposições feitas para sua elaboração: a
- material elétrico; Pratãpolis e Passos, um formado por Barroso homogeneidade de distribuição espacial e a
- borracha; Da aplicação dessa metodologia resultaram as e Carandaí, e finalmente um formado por total ausência de sistemas de tratamento de
- perfumaria, sabões e velas; densidades e os totais de indústrias, e a Belo Oriente, Mesquita, Ipatinga, esgotos. No entanto, a despeito dessas
- produtos de matérias plásticas; densidade de emissões estimadas por Coronel Fabriciano e Timóteo. suposições, a observação da Tabela 5.3
- papel e papelão; município ou grupos de municípios. Como fornece alguns dados para comparação, a
- produtos farmacêuticos e veterinários; algumas regiÕ&s do Estado já haviam sido No que tange ãs densidades de emissões de partir dos quais é possível verificar que a
- fumo. cadastradas pelo CETEC, foi possível o DBO de origem industrial, parâmetro densidade de emissões de DBO do Estado é

67
Figura 5.2. Areas d o Estado ja submetidas a c a d a s t r a m e n t o industrial pelo SOCT

Governo do

Estado de Minas Gerais

Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais

45km 0 45 90 135 km

1983

Legenda

BACIA D O R I O G R A N D E

2 BACIA D O RIO P A R A Í B A D O S U L

3 BACIA D O RIO P A R A N A ÍB A

4 BACIA D O RIO S Ã O F R A N C I S C O

5 BACIA D O RIO D O C E
•j
REGIÕES JÁ CADASTRADAS PELO SOCT 6 B A C I A D O RIO J E Q U I T I N H O N H A
Área mineiro da S U D E N E - 1977, confiabilidade razoável, etapas realizadas: ,
cadastramento detalhado das indústrias consideradas, e m análise preliminar, 7 BACIA D O RIO P A R D O
c o m o sendo Ge maior potencialidade poluidora. \

Regiões de estudos 1 e 2 das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba* 8 BACIA D O RIO T I E T Ê
1977/1978, confiabilidade razoável, etapas realizadas: cadastramento industrial
preliminar de parte das indústrias, seleção das maiores e complementação das V.
informações para as mesmas. 9 BACIA D O RIO I T A B A P O A N A
Sacia do Rio Paraíba do Sul - 1981/1982, confiabilidade muito boa, etapas
realizadas: cadastramenlos preliminares de todas as indústrias", estimativas de
emissões para as mesmas, identifcação das indústrias de elevada potencialidade 10 BACIA D O RIO S Ã O M A T E U S
poluidora pelo método A B C ,

i i Bacias dos Rios Mogi e Pardo - 1979, confiabilidade razoável, etapas realizadas: BACIA D O RIO M U C U R Í
Ir _J cadastramento industrial preiiminar de u m grupo de indústrias selecionadas peia
l -i C E T E S B (este cadastro foi feito a pedido daquele órgão).
12 BACIA D O RIO ITANHE"M
Região de estudos da Bacia do Rio Jequitinhonha - 1980. confiabilidade boa,
etapas realizadas: cadastramento industrial preliminar da maioria das indústrias,
identificação das indústrias de levada potencialidade poluidora pelo método A B C .
complementação das informações para as mesmas. LIMITE DE BACIAS

• JJj Região Metropolitana de Belo Horizonte • 1980/1982. confiabilidade muito boa,


etapas realizadas: cadastra mentos preliminares de todas as indústrias*, estimativa
de emissões para as mesmas, identificação das indústrias de elevada
. — LIMITE DO ESTADO
potencialidade poluidora pelo método A B C
Base planiméfrica extraída do cartograma eiaDorado pelo
* inscritas na Secretaria de Estado da Fazenda Instituto de Geooências Aplicadas/IGA, na escala
" definidas pelo C E T E C 1:1.500.000, em 1980.

Fonte: CETEC

68
Figura 5.6. Densidade d e emissões estimadas d e poluente d a água - demanda b i o q u í m i c a d e o x i g ê n i o (DBO) - e f l u e n t e industria]

' Governo do
Estado de Minas Gerais

Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
d o Estado de Minas Gerais

F o n t e : R A I S . 1980

72
Figura 5 . 8 . D e n s i d a d e d e emissões e s t i m a d a s d e p o l u e n t e d a água - demanda b i o q u í m i c a d e oxigênio ( D B O ) - efluente industrial e esgoto domestico

Governo do

Estado de Minas Gerais

Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais

Nora D e n b i d a J e ' a r a i do e s t a d o - c i a s s e i[) — I Ü O

Base planimétrica extraída d o cartograma elaborado peto


instituto d e G e o c é n c i a s Apiicadas/IGA, na escala
1.1.500.000, e m 1980.

Fonte: R A I S . 1980
M i n a s Gerais - M u n i c í p i o s e Localidades - 1 9 7 7 / S E P L A N / M G

74
menor que as da França e da China, por Figura 5,9. Distribuição das participações percentuais de cada gênero industrial no conjunto das indústrias das microrregiÕes
exemplo.

Tabela 5.3. Referencias para.analise de


densidades de emissões de DBO Governo do
(kg/dia/km ) 2

Estado d e Minas Gerais

densidade Fundação
aproximada de DBO Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
região de esgoto intervalo
Diagnóstico Ambiental
dornestico* do Estado de Minas Gerais

Mundo 1,4 1 a 5
Bangladesh 30,0 10 a 100
França 5,9 5 a 10
China 5,7 5 a 10
Brasil 0,8 0,5 a 1,0
Minas Gerais 1,3 1 a 5
* Considerou-se a distribuição de emissão
de DBO como sendo homogênea em toda a
região
Fonte: CETEC

Objetivando-se a ampliação do volume de


informações a nível microrregional,
procurou-se estabelecer para cada
microrregião o quadro das participações
percentuais de cada gênero industrial em
seus totais de indústrias. Os resultados Legenda
obtidos são apresentados na Figura 5.9 e
na Tabela 5.4. Alem disso, procedeu-se a
análise da participação dos vários gêneros < Produfos alimentares
industriais nas emissões totais de poluentes
no Estado, a fim de identificar os mais — T r a n s f o r m a ç ã o de p r o d u t o s minerais não metálicos
significativos, seja em termos de número de
instalações industriais, seja em termos de Metalúrgica

m
emissões médias ou totais (Tabelas 5.5 e
5.6) . Madeira

Bebidas

5.1.2.4. C o n c l u s õ e s

Considerados os totais das emissões dos


poluentes analisados, é possível identificar
dentre os gêneros industriais que mais M o t e n o l de t r a n s p o r t e
contribuem para a degradação da qualidade
do ar no Estado, a transformação de produtos C o u r o s , peles a a r t e f a t o s de v i a g e m
minerais não metálicos, a metalurgia, as
indústrias de papel e papelão e a de Outros
produtos alimentares. 0 quadro pouco se
modifica quando são consideradas as médias
Limd* dl micro-rtgião
dessas emissões, alterando-se apenas pela
inclusão das indústrias químicas emitentes
de óxidos de enxofre. No entanto, a Font*: Paiqtiiig Induilriol - I B G E /I976
situação altera-se radicalmente quando se Base planimétrica extraída do cartograma elaborado pelo
trata da demanda bioquímica de oxigênio de instituto de Geooéncias Aolcadas/IGA. na escala
origem industrial. Para tal parâmetro, a 1:1.500 000. e m 1960
indústria de produtos alimentares sobe para
a condição de maior emissor, tanto para Fonte: Pesquisa Industrial - IBGE/1976
valores totais quanto para valores médios.
A fabricação de bebidas e a indústria
química aparecem completando o quadro dos
maiores emissores de DBO dentre os gêneros
foi feita visando a identificação das cinco total de emissão estimada de material consequente melhoria no quadro ambiental do
analisados.
microrregiÕes mais significativas. Os particulado, e o de Belo Oriente, que Estado.
resultados obtidos são apresentados nas apresenta o maior valor total de emissão
A partir das informações apresentadas nas Tabelas 5.7 e 5.8 e também na Figura 5.10. estimada de óxidos de enxofre, não fazem Ê fundamental lembrar-se que na
Figuras 5.3 a 5.6, e possível identificar sequer parte da lista dos vinte municípios Tabela 5.8_foram destacadas as cinco
os vinte municípios mais significativos, Tais resultados, devidamente interpretados, com maiores totais de indústrias. Essas microrregioes mais significativas do Estado
tanto no que diz respeito ã densidade de são de grande valia como subsídios ao considerações sugerem que uma ação corretiva em termos dos indicadores considerados,
indústrias e/ou de emissões estimadas, como estabelecimento de estratégias de controle levada a efeito em uma ou em poucas fontes, enquanto que na Tabela 5.7 destacaram-se tão
no que se refere ao total de indústrias e/ou de emissões. Por exemplo, o município de poderá ter grandes resultados práticos, com somente os vinte municípios mais
de emissões estimadas. Análise semelhante Barroso, que apresenta o segundo maior considerável redução nas emissões e representativos. Esses municípios

75
Tabela 5.6. Gêneros industriais m a i s significativos em termos de n u m e r o d e industrias Tabela 5,7, M u n i c í p i o s m a i s s i g n i f i c a t i v o s em c o n c e n t r a ç õ e s d e i n d ú s t r i a s e suas emissões
e/ou emissões de p o l u e n t e s de p o l u e n t e s

emissões
emissões para o ar
para a água
e m i s s õ e s para a
material óxidos de carga e m i s s õ e s para o ar de água de carga
n? de
particulado enxofre orgânica municípios indústrias orgânica
gêneros industriais indústrias
(MP) (so ) (DBO) óxidos de e n x o f r e DBO
x
mat.particulado
total 1
média 2
total média total média d e n s i d a d e total d e n s i d a d e total densidade total densidade total
1. produtos alimentares 25 35 1* l5 Belo H o r i z o n t e 19 19 59 29 49 19 59 49
Contagem 29 39 49 49 29 69 159 199
2. transformação de prod. Divinípolis 79 59 - _ 209 179 129 139
lâ 5 lS 5 Passos - 159 129 59
- -
2
69 19
2
minerais nao metálicos
- -
5
Uberaba
-- 69 129 99 139 129
3. metalúrgica 2 Belo O r i e n t e
- 39 19
--
129 149 149 149

15. papel e papelão 5 2* 5


Sete L a g o a s 189 129
-
-
169 189 179 189
-19 -29 -
3 3 Juiz de Fora 129 29 159
- _
5. bebidas 3* 25
Barroso
A s t o l f o Dutra
89
- -
19
69
39
119 - -19 39
- - -
10. química l5 V i s c o n d e R.Branco
Vespasiano 99 -
89
29
109
89 -
29 59
29
--
29
-
Ipatinga 69 - 179 - 109 129 -
- - -
1) C l a s s i f i c a ç ã o r e f e r e n t e ã e m i s s ã o conjunta de todas
Urucânia
- -- 109 199
-
39 89
as i n d ú s t r i a s do g ê n e r o .
Ponte Nova 199 169
- - 89 59
2) C l a s s i f i c a ç ã o r e f e r e n t e ã m é d i a por i n d ú s t r i a do g ê n e r o .
Betim 119
-
119 169
-
209
- - -
Montes Claros
-
89
-
179
-
139
- -49 -69
Fonte: CETEC
Campo d o M e i o
- - -79 - -
Pedro L e o p o l d o
- 79
- -
59 49
-
P o ç o s de Caldas
-- 189
- -69 169 169
Pratãpolis
M o n t e Belo - -
99
- -
69
-
39
-
-79 -79
- - -
João M o n l e v a d e 49
- - --
79
-
169
-
-99
Três Pontas
-- 99
São L o u r e n ç o 39
-- - - -- -
-
2 09 -
Alfenas
-- -
109 109
-
Tabela 5.8. M i c r o r r e g i õ e s m a i s significativas em c o n c e n t r a ç õ e s de indústrias e s u a s
Matozinhos
-
119 149
-
99
_
89
-
emissões de p o l u e n t e s
Conquista
- -49 - - - - 119
-
119
-
Uberlândia
- -79 _
Ouro Preto
-- -79 159
-
99 149
- -
Governador Valadares
Carandaí
- - 149 -
159 119
_
-
109 -
-
179
, -
Itajuba 109
-
209
- - - - -_
emissões para a
Mesquita
- 189 189
-
139 159
- - -
emissões para o ar de: água de carga
Caxambu 59
-- - 199
-- -
orgânica
Santa Luzia 179 2 09
-- - -
microrregiâo indústrias
Ituiutaba -
-
99
- - -
-
- -
-
óxidos de material
DBO
Timóteo
-
-- -
89 119
--
enxofre particulado Formiga 109
- - - -
n9 nome densidade total densidade total densidade total densidade total
Camanducaia
- 139 139
-- - 199
-
Igaratinga 139
-
- -
-
-
- - - -- --
46 Belo Horizonte 29 19 19 19 19 19 49 49 Pouso Alegre
-
139
- - -- - -
33 Furnas 29 59 39 49 39 29 19
Araguari 149
- - - - -
Î 29
Extrema 149
- -
- - - -- - -
29 Mata de Ubá 49 29 59 19 D o r e s de Campos 159
- - - - - -
44 Campo das Vertentes 39 49 29 29 Andradas 169
- --
-- --
25 Mata de Ponte Nova 39 39
C o n c e i ç ã o dos O u r o s
Lavras
169
179 -- - -
- --
- - - - --
42 Divinõpolis 19 Arcos
-
189
-
199
-
--
49 29
Barbacena 199
- -- -- -- - -
20 Bacia do Suaçuí Coronel Fabriciano 199
-
-- - -
36 Planalto de Poços de Caldas 39 Lambari 209
- --
-- -
- - -
43 Espinhaço Meridional 39 49
Sabarã
-
159
-
- -
P r u d e n t e de M o r a i s
-- - -
179
--
35 Mogiana Mineira 59 59 Brumadinho
-- - -- 209
-
45 Juiz de Fora 49
Cataguases
- - - 189 209

37 Planalto Mineiro 59 39
17 Uberlândia 59
41 Siderúrgica 59 59

Fonte: CETEC Fonte: CETEC

79
Figura 5.10. M u n i c í p i o s de m i c r o r r e g i õ e s m a i s significativas em c o n c e n t r a ç õ e s de i n d ú s t r i a s e suas emissões d e poluentes
5.1.3. Indústria extrativa mineral
5.1.3.1. I n t r o d u ç ã o

Governo do A indústria extrativa mineral, conquanto


c o n t r i b u a de m o d o s i g n i f i c a t i v o p a r a a
Estado d e Minas Gerais geração de recursos financeiros no E s t a d o ,
r e p r e s e n t a um dos m a i o r e s p o t e n c i a i s de
Fundação d e g r a d a ç ã o de seu m e i o ambiente.
Centro T e c n o l ó g i c o d e Minas G e r a i s / C E T E C N o Q u a d r i l á t e r o F e r r í f e r o , por e x e m p l o ,
Diagnóstico Ambiental r e c o n h e c i d a m e n t e rico em recursos m i n e r a i s ,
úo Estado de Minas Gerais
a atividade m i n e r a r i a tem resultado e m
4Mtn> O 49 90 13 S i m alarmante d e t e r i o r a ç ã o dos recursos h í d r i c o s
s u p e r f i c i a i s da r e g i ã o , n o t a d a m e n t e nas
b a c i a s dos r i o s das V e l h a s , P a r a o p e b a e
I9S3 Piracicaba.

As grandes q u a n t i d a d e s de m a t e r i a i s s ó l i d o s
d e s c a r r e g a d o s nos cursos d'água atuam de
modo a aumentar a turbidez, a concentração
de sólidos totais e a cor das águas dos
cursos d'água, o que p r o v o c a s i g n i f i c a t i v o s
danos sobre a flora e a fauna a q u á t i c a s ,
além de p r e j u d i c a r a utilização d e s s a s aguas
para diferentes finalidades. Vale c o m e n t a r
q u e os m a t e r i a i s sólidos que chegam aos
cursos d'água podem p r o v i r da lavagem de
m i n é r i o s e dos p r o c e s s o s densitários
empregados p a r a concentração dos m e s m o s ,
s o b r e t u d o q u a n d o n ã o s ã o seguidos por nenhum
p r o c e s s o de r e t e n ç ã o dos resíduos s ó l i d o s .
Os m a t e r i a i s sólidos p o d e m ainda advir da
lixiviação da área de m i n e r a ç ã o onde se
e x e c u t a m g r a n d e s m o v i m e n t a ç õ e s de t e r r a ,
na é p o c a das chuvas.

Legenda

A d e g r a d a ç ã o imposta ao m e i o ambiente p e l a
indústria e x t r a t i v a m i n e r a l não se r e s t r i n g e ,
W i C R O - RE GiOE S M'.'S SIGNIFICATIVAS no e n t a n t o , aos e f e i t o s físicos
e x e m p l i f i c a d o s , p o i s , além de resultar em
MUNICIPIO MAIS SIGNIFICATIVOS desfiguração d a paisagem, d e s t r u i ç ã o de b e n s
culturais e p o l u i ç ã o do m e i o físico, o
DIVISA DE MUNICIPIOS
e x t r a t i v i s m o m i n e r a l influi n e g a t i v a m e n t e
DIVISA DE MICRO- REGIÕES s o b r e o m e i o s ó c i o - e c o n ô m i c o das comunidades
onde e e x e r c i d o .

C o n c o m i t a n t e m e n t e aos efeitos p r o v o c a d o s
p e l a atividade m i n e r a r i a no m e i o físico, é
n e c e s s á r i o n ã o se d e s c o n s i d e r a r a sociedade
solapada p e l o e s g o t a m e n t o de sua p r o d u ç ã o
mineral e pelas distorções que o puro
e x t r a t i v i s m o pode p r o v o c a r na sua e s t r u t u r a
sõcio-econômica. Ê comum a s o c i a l i z a ç ã o de
custos sem qualquer c o n t r a p a r t i d a
compensadora, atingindo os grupos sociais
Base pianiméfrica extraída do cartograma elaborado pelo que residem o u trabalham nas áreas de
instituto de Gcoocnoas Apiicadas/IGA, na escala
1 1 500 000, em 1980. i n f l u ê n c i a da atividade m i n e r a r i a . Além
d i s s o , a indústria e x t r a t i v a mineral requer
uma c o n s i d e r á v e l i n f r a - e s t r u t u r a e c o n ô m i c a e
Fonte: RAIS. 1980 s o c i a l de suporte, p a r c i a l ou t o t a l m e n t e
financiada com recursos p ú b l i c o s , e q u e pode
tornar-se inútil após o e s g o t a m e n t o das
jazidas. A d i m e n s ã o dessa p r o b l e m á t i c a
r e p r e s e n t a m c e r t a m e n t e uma área p r o b l e m á t i c a a m b i e n t a l em M i n a s G e r a i s , no salientar que os r e s u l t a d o s a p r e s e n t a d o s cresce na m e d i d a em q u e se considera a.
s i g n i f i c a t i v a m e n t e inferior ã r e p r e s e n t a d a que tange ãs f o n t e s de p o l u i ç ã o i n d u s t r i a l . neste item, a d e s p e i t o de p o s s u í r e m d i v e r s o s i m p o r t â n c i a d a atividade m i n e r a r i a p a r a um
pelo c o n j u n t o das m i c r o r r e g i õ e s d e s t a c a d a s . A Figura 5.2, em a d i ç ã o ãs o u t r a s n í v e i s de i m p r e c i s ã o , c o n s t i t u e m - s e em um E s t a d o q u e d e l a recebe inclusive seu n o m e ,
P o r t a n t o , sendo a T a b e l a 5.8 m a i s seletiva, i n f o r m a ç õ e s a p r e s e n t a d a s n e s t e item, p r i m e i r o passo no sentido de r e p r e s e n t a r - s e e cuja colonização i n i c i o u - s e e x a t a m e n t e
não a p r e s e n t a todos o s m u n i c í p i o s r e l e v a n t e s d e m o n s t r a q u e , embora 2 5 % da área do E s t a d o o quadro e s t a d u a l no q u e se refere ãs fontes em sua função.
das m i c r o r r e g i õ e s d e s t a c a d a s pela T a b e l a 5.7 já tenham sido o b j e t o de c a d a s t r a m e n t o industriais p o t e n c i a l m e n t e p o l u i d o r a s , e
i n d u s t r i a l , a p e n a s cerca de 5% da área total c e r t a m e n t e c o n s t i t u i r - s e - ã o em s u b s í d i o s ao
se r e f e r e m a áreas de e l e v a d a c o n c e n t r a ç ã o p l a n e j a m e n t o de a ç õ e s g o v e r n a m e n t a i s A o c u p a ç ã o territorial em Minas G e r a i s
As c o n c l u s õ e s a p r e s e n t a d a s p e r m i t e m , a i n d u s t r i a l e/ou com e x p r e s s i v a emissão dirigidas p a r a o controle d e s s a s f o n t e s . v i n c u l o u - s e d e c i d i d a m e n t e , a p a r t i r do
g r o s s o m o d o , uma v i s ã o e s p a c i a l da estimada de p o l u e n t e s . Por fim, cabe s é c u l o X V I I , ao e x t r a t i v i s m o m i n e r a l , o

80
hoje o Estado detém mais da metade do valor dessas atividades sobre o meio ambiente, universo de dados considerado não inclui as que operam tais empresas. A observação
da produção mineral do P a í s . A evolução
1
foram utilizadas duas fontes de informação, minerações de fosfato e de materiais mais criteriosa da Tabela 5.11 leva ainda ã
do setor no PIB estadual, no período 1960/77, obtidas junto ao DNPM: radioativos, por ser a exploração desses constatação de que a quase totalidade das
espelha claramente a crescente importância minérios isenta de pagamento de IUM. empresas de maior porte opera exatamente
dessa atividade no contexto econômico do em um ou mais dos 40 municípios
Estado. De uma participação percentual - Projeto de Sistema de Informações anteriormente selecionados. Tal fato vem
de 1,04% em 1960, a extração mineral atingiu, Geológicas - PROSIG; atestar a adequação dos critérios adotados
em 1977, 3,07% do PIB mineiro (43). Nesse Inicialmente realizou-se um levantamento, ou pelo menos a relativa representatividade
período, o ritmo anual de crescimento do apresentado na Tabela 5.10, das substâncias obtida com as restrições citadas, e que
produto gerado pela mineração foi quase o - Perfil da Mineração do Estado de mineradas em cada um dos 40 municípios
dobro, tanto da expansão global do PIB foram impostas ao universo das informações
Minas Gerais. estudados. Em seguida determinou-se para
quanto da expansão do conjunto dos setores existentes.
esses municípios o total de substâncias
de produção de bens. Se em 1960 a parcela lavradas em cada um deles, como indica a
do PIB relativa ao extrativismo mineral era Essas publicações abrangem somente os 19 6 Figura 5.12. Concluído o levantamento, e
de 2,00% da parcela dos setores produtores Em seqüência, para se determinar a
municípios do Estado para os quais há a fim de caracterizar mais precisamente as
de bens, em 1977 essa mesma oarcela criticidade ambiental dos municípios em
registros de lavras junto ao DNPM. atividades mineradoras, obteve-se a listagen
alcançava os 5,54% (43). fundão das atividades minerarias, utilizou-se
Considerando-se ainda que esse universo de das empresas de maior porte, cuja soma das um índice numérico, definido a partir dos
informações poderia ser reduzido, devido ao produções de cada substância totalizasse seguintes indicadores:
fato de um número pequeno de municípios 75% da produção dessa substância no Estado.
espelhar satisfatoriamente a situação da Essa listagem e apresentada na Tabela 5.11,
A justaposição da indiscutível importância - o porte das minerações, que se procurou
econômica da indústria extrativa mineral indústria extrativa no Estado, procedeu-se onde são também indicados os municípios em quantificar através da analise do IUM;
com o seu grande potencial de degradação ãs seguintes restrições:
ambiental, sugere que as medidas de caráter
tecnológico são as únicas adequadas a uma - só foram consideradas as lavras com
estratégia capaz de minimizar os efeitos registro no DNPM a partir de 1971. Tal
dessa degradação. A efetivarão de tais restrição se justifica pela constatação
medidas, no entanto, pressupõe um de que as lavras consideradas englobam
conhecimento técnico adequado tanto das 97,7% do total dos registros do DNPM;
instalações mineradoras em si, quanto da Tabela 5.10. Demonstrativo das substâncias produzidas por município e o valor de arrecadação
sua distribuição espacial no Estado, e de IUM
ainda do impacto específico que impõem ao
ambiente adjacente. Dentro desse contexto, - só foram considerados os 40 municípios r 2

iI
Wl <
< *
a efetivarão de medidas que visem a com maiores arrecadações de Imposto tJnico X a
j j

i
s
— H 4 » •c VALO* pe *•*[
• * Z Z
I z

¡
CAOACAQ DO 101
minimização da degradação provocada no meio sobre Minerais - IUM. Tal restrição se <

<
V
S
* 3
•4
• • J
i
i
!
1-

M
• < ; *
< *t
•*
E
4 < i z
1-

ambiente pelas atividades mineradoras, justifica pelo fato de esses municípios


HUHICÍM01\"
i *t

-4 <
* • *. 3
i
< i

requereria também, especialmente no que serem responsáveis por 85% do total desse • • TtT40«S4j,T4 2

tange â poluição hídrica, um melhor amparo imposto, e que já constituem um grupo N Ü V A LI H A

• • • • • 0 iisitriia^i II

legal para as ações conjuntas da COPAM e do organizado e facilmente identificável no


• • • • 9 0 9 I J M Í O 118,1' 7

DNPM. Isso porque os padrões legais contexto da mineração no Estado. COMOHHAl

• • •• 9 •9 « ~ H I J 6

estabelecidos e vigentes para efluentes


industriais a serem lançados nas coleções
A Figura 5.11 indica a distribuição
espacial e a importância relativa desse
M u n i u * HO
• • 9 9 •>»»• 44>jM 4

d'água do Estado, e os padrões e critérios grupo de municípios.


<M*C « E T O

• 0• •• • • • •••0 0 • •
9 14

utilizados na classificação dos cursos


« « L O «••izan

• • 0
• • •• 4 « 11« U » J » 10

• • • • 9 • • 0
r o ç o s oi
MO ai « i r a rts/j 7

d água são omissos em relação a alguns dos


1


COHULHiino
LAFAIETI M I TI B04,O 2
parâmetros mais indicativos da degradação Esse conjunto de informações abrange a
provocada pelas minerações ao ambiente quase totalidade da atividade mineradora em • •• • • 0
9 • ••
9 10

aquático. Vale destacar que tal omissão Minas Gerais, tanto no que se refere ãs
M L O VALE

• IMSt U M I 2

deve-se entre outras causas ã dificuldade lavras em operação, quanto no que tange ãs
ITÁ*lHiT0

•* • • • • * •Utl t*SÍK Ü

• m 9 17.1111401,14
IMTIAMCO 3
de se estabelecerem padrões para esses já paralisadas. Tal afirmativa pode ser
parâmetros, dificuldade advinda da própria comprovada pela observação e análise da
tfEIHllAHO

• « H « IM.» 1

diversidade dos níveis das ocorrências Tabela 5.9. Ê importante ressaltar que o
VU*HTE 0
• • • • • tL«7 H T ..l 6

naturais desses indicadores.


•KJ »I«ACICA«A

• • 9 l*U«M)*l 3

• •
)K)V»(«« IT IH.oir.ll 2

ANTONIO 01*1 l4444.ou.ia 1


Tabela 5,9, Freqüência de ocorrência das
diversas situações das lavras
NDML£OP0LD0

•• ••• • I4TI7 «04M «


No seguimento deste trabalho, procurou-se registradas junto ao DNPM
C'LDU

• • • 0 14 I00.44M1 4

estabelecer uma classificação preliminar u c n


•• • • itMi irtM 4


M i l VIJT4
dos municípios do Estado onde a atividade 1

mineraria encontra-se mais incrementada, municípios


MUTÍKHI*

• • ( C H O H J 4 2

baseando-se, para tanto, em índices de


• • • • 0
U Ü M I 1 ••MT7WO 5
situação
criticidade das agressões sofridas pelo
meio ambiente. d a lavra
municípios todos d o
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selecionados Estado LAKMI
3

(D (2) • ••• 9 « • « • I D , II 9

em operação 635 721


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5.1.3.2. M e t o d o l o g i a
paralisadas 19 20
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"Visando-se a classificação dos municípios potencial 2 104 • 0


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• 9 0 » » I « U « •

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do Estado em termos de criticidade ambiental uro»),» i

(1) g r u p o s e l e c i o n a d o para o e s t u d o .
quanto ãs atividades mineradoras neles
E n g l o b a o s 40 m u n i c í p i o s onde a s
CA»*«AltA

• • • I>¿* 3

instaladas, e para a determinação do impacto CAMUAO

• é 0 441H4U4 3

a r r e c a d a ç õ e s d e IUM são m a i o r e s n o » Ali*


• *»4| r u j a 1

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(2) r e f e r e - s e a t o d o s os 196 m u n i c í p i o s 9

d o jola
do E s t a d o , p a r a os q u a i s h á «II •• • • • • 9
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r e g i s t r o s d e lavras j u n t o ao DNPM. 1 1 1 s z G i
Excluindo o gas natural, petróleo, carvão TOTAL 1 4 1 r t 16 7 16 2 3 1 1 3 E 9 1 21 3 1 i 10 9 1 4 6 2 a 4 1 1 1 1 2 *44»(4t4#I

e sal m a r i nho . F o n t e : DNPM - P R O S I G 1980 F o n f a : DNPM

81
I
- a c o n c e n t r a ç ã o de lavras p o r m u n i c í p i o ; F i n a l m e n t e , os 40 m u n i c í p i o s e s t u d a d o s a p r e s e n t a ç ã o , p r o c u r o u - s e dar u m a v i s ã o da importância relativa das a r r e c a d a ç õ e s de IUM
- a a g r e s s i v i d a d e a m b i e n t a l e s p e c í f i c a da foram d i v i d i d o s em c i n c o c l a s s e s d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l dos m u n i c í p i o s m a i s ou o r i u n d a s de cada m u n i c í p i o e a c r i t i c i d a d e
l a v r a de cada s u b s t â n c i a , o b t i d a com e s t a b e l e c i d a s pela c r i t i c i d a d e . Para os m e n o s c r í t i c o s no q u e c o n c e r n e ao problema a m b i e n t a l dos m e s m o s . Tal fato induz ã
b a s e nas i n f o r m a ç õ e s a p r e s e n t a d a s n a 156 m u n i c í p i o s não i n c l u í d o s n e s s e e s t u d o , da a t i v i d a d e m i n e r a r i a (Figura 5 . 1 3 ) . c o n s i d e r a ç ã o de q u e , como uma p r i m e i r a
T a b e l a 5.12. m a s que completam a r e l a ç ã o dos 196 a p r o x i m a ç ã o , as a r r e c a d a ç õ e s de IUM podem
m u n i c í p i o s para os q u a i s e x i s t e m r e g i s t r o s ser u t i l i z a d a s como o r i e n t a ç ã o p a r a a adoção
d e l a v r a s junto ao DNPM, i n s t i t u i u - s e uma Ê i m p o r t a n t e observar a s e m e l h a n ç a e x i s t e n t e de m e d i d a s oficiais q u e o b j e t i v e m o c o n t r o l e
sexta c l a s s e , c o n s i d e r a d a de m e n o r e n t r e os d a d o s das F i g u r a s 5.11 e 5.13, onde ou m i n i m i z a ç ã o do impacto a m b i e n t a l
Tabela 5.12. P o t e n c i a l de a g r e s s i v i d a d e
c r i t i c i d a d e que as o u t r a s c i n c o . Na respectivamente são apresentadas a d e c o r r e n t e da atividade m i n e r a d o r a .
ambiental das lavras de cada
substância

destruição
passagem F i g u r a 5 . 1 3 . C r i t i c i d a d e a m b i e n t a l da a t i v i d a d e m i n e r a r i a - C l a s s i f i c a ç ã o dos municípios
substancias níveis * transporte poluição
I ir [II le massas geoquímica
Agalmatolito X X Governo do
Amianto X Estado d e Minas Gerais
Ardósia X Fundação
Areia X X Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
Argila X Diagnóstico Ambiental
Argilito X d o Estado de Minas Gerais

Barita X X fl5*m 0 43 90 I33hrn

Bauxita X X X
Calcário
Cascalho X
X
X

X
1983

Caulim X X
Cassiterita X X
Chumbo X X X
Cobre X X X
Columbita-
X X
Tantalita
Diamante X X
Dj almita X X
Dolomito
Dunito X
X

Ferro X X X
Grafita X X
Hidrargilita X
Manganês X X X
Mármore
Mica
X
X

X X
Ouro X X X
Prata X
Quartizito X
Quartzo X X
Serpentinito X X
Talco X X
Terras raras X X
Topázio X X
Zinco X X X
Zircõnio X
Obs, :
X - ocorrente
• - duvidoso
* - I estações superficiais
II estações desmontes médios
III estações desmontes de grande
porte
Fonte: CETEC Fonte: CETEC.

86
5.1.3.3. C o n c l u s õ e s Figura 5.14. Ocorrência de extração de ferro, manganês, argila, calcãreo e/ou ouro

Pela análise da Tabela 5.10, verifica-se


que os cinco minérios cuja extração é mais
difundida espacialmente pelos 40 municípios
estudados, são o ferro, manganês, calcário,
argila e ouro^ Dentre esses 40 municípios,
apenas dois não apresentam mineração desses
minérios como se comprova pela observação da
Figura 5.14. Cabe ainda acrescentar que das
cinco explorações mais difundidas, as_
extrações de ferro, manganês e ouro sao as
que apresentam maior potencial de
agressividade ambiental, como demonstra a
Tabela 5.12. O fato induz ã conclusão de
que o controle das atividades mineradoras
deve preferencialmente atingir as empresas
que exploram tais minérios. Não se pode
negligenciar, contudo, o fato de as
minerações de fosfato e de materiais
radioativos, desconsideradas na presente
analise, também afetarem de forma relevante
o meio ambiente.

0 estudo desenvolvido permite ainda


concluir que são quatro as microrregiões
do Estado onde a degradação ambiental assume
provavelmente maiores proporções, em
decorrência específica das atividades
minerarias: Espinhaço Meridional;
Be lo Horizonte; Siderúrgica; Campos das
Vertentes. Pode-se observar também que
essas microrregiões distribuem-se pelas
bacias hidrográficas dos rios das Velhas,
Paraopeba, Doce, Piracicaba e Grande e, ã
exceção desta última, englobam as
respectivas cabeceiras.

Finalmente, ê importante ressaltar que os


resultados apresentados neste item retratam
a situação das atividades minerarias no
Estado a êpoca_da elaboração deste
diagnóstico, não contendo, entretanto,
qualquer avaliação das tendências de
evolução dessas atividades. Isso é
demonstrado pelas informações apresentadas
na Tabela 5.9. Ressalte-se ainda que de
um total de 104 lavras potenciais em todo o
Estado, para as quais há registro junto ao
DNPM, apenas duas foram incluídas nos
estudos apresentados neste item. Além disso,
as 102 lavras potenciais restantes não se
localizam nos 40 municípios aqui destacados,
pertencendo, portanto, aos outros municípios,
a respeito dos quais se fez pouca ou
nenhuma menção.

5.1.4. Agropecuária
5.1.4.1. I n t r o d u ç ã o

A atividade agropecuária mantém relações em


dois sentidos com o meio físico natural.
É condicionada pelo clima e solo, entre
outros fatores da região em que se processa, diretamente os processos regulatórios e de A intensidade e a dimensão dos impactos maior importância nas análises ambientais,
e provoca efeitos poluidores sobre o meio sobrevivência dos mesmos. Por outro lado, ambientais provocados pela atividade já que grandes modificações vêm se
ambiente. Ao contrário da atividade como a produtividade da atividade agropecuária são função direta do modo de processando no quadro agropecuário do Estado,
industrial, cujas interações com o ambiente agropecuária depende consideravelmente da utilização e manejo dos ecossistemas onde com a implantação extensiva de técnicas
geralmente não afetam significativamente tecnologia empregada, a sua respectiva essa atividade se processa. Enquanto na modernas de manejo, decorrentes de grandes
a produtividade, o desempenho da agricultura interferência no meio ambiente merece uma agricultura tradicional de pequena escala programas de desenvolvimento rural
depende diretamente das condições ambientais análise mais cuidadosa. Nesse sentido, o esses impactos sao localizados, na implementados inclusive por agências
(pluviosidade, temperatura, insolação, e t c . ) , uso de agrotóxicos vem, cada vez mais agricultura mecanizada moderna, governamentais. Deve ser mencionado que o
Tratando-se de seres vivos (os vegetais e os intensamente, produzindo agravos ã saüde_do caracterizada principalmente por quadro agropecuário inclui, de maneira cada
animais), o meio ambiente passa a ter maior homem e dos animais, devido ã contaminação monoculturas, os impactos são de grande vez mais acentuada, as atividades de
significado, de vez que condiciona dos alimentos, dos cursos d'água e do solo. escala e intensidade. Esse aspecto assume silvicultura.

87
Dada a carência de informações sobre as autónomo. Nessas propriedades, a tecnologia Tabela 5.13. Distribuição percentual da terra, segundo as classes de estabelecimento rural,
conseqüências do uso de defensivos agrícolas de produção também é tradicional, havendo em Minas Gerais
em Minas Gerais, e como sao ainda alguma resistência ã introdução de técnicas período: 1960/7 5
embrionárias as pesquisas especificas sobre modernas.
as técnicas de agricultura biológica, de
adubação orgânica e dos aspectos energéticos A segunda forma, representada pela empresa classes dos menos 500- 1.000- mais de
anos
relacionados a esta última, as agências de agrícola moderna, encontra-se em plena estabelecimentos de 10 10-100 100-500 1.000 10.000 10.000 total
governo ainda não estão adequadamente expansão no Estado, e em algumas regiões
capacitadas para interferir nessa questão está substituindo a forma tradicional de estabelecimentos 26,10 53,70 15,87 2,00 1,30 0,03 100,0
com toda a profundidade e eficiência que o organização. A produção destina-se 1960
assunto requer. Nesse particular, vale principalmente aos mercados externos, e as terras 1,42 19,60 32,50 14,20 26,30 5,98 100,0
ressaltar que a falta de integração entre os empresas quase sempre tratam dissociadamente
diversos sistemas operacionais impede que o
problema seja visto em toda a sua
da agricultura, da pecuária ou da
silvicultura. Nessas propriedades o uso
1970 estabelecimentos 27,38 54,20 15,50 1,90 1,00 0,02 100,0
abrangência. Além disso, tem sido dedicada de defensivos e pesticidas é intenso, e a terras 1,50 21,80 34,80 13,90 23,60 4,40 100,0
muito pouca atenção ãs regiões mais mecanização largamente utilizada favorece
28,32 52,58 15,92 1,17
mecanizadas e de agricultura mais moderna
no Estado (Triângulo, Sul de Minas, Alto
a compactação do solo, com todas as suas
conseqüências ambientais indesejáveis.
1975 estabelecimentos 1,99 0,02 100,0
São Francisco), em termos de monitoramento Normalmente a monocultura praticada pela terras 1,47 20,28 34,50 14,28 25,33 4,14 100,0
ambiental. empresa moderna favorece a proliferação de
pragas, e confere aos alimentos produzidos Fonte: IBGE - CEPA/MG
características nutricionais inferiores.
Assim, para que possam ser dados alguns
subsídios à fixação de uma política mais
abrangente para o setor, são analisadas a As culturas de cana, café, soja e as Figura 5,15, Programas de desenvolvimento individualmente analisados segundo a sua
seguir as principais informações e florestas homogêneas são as principais evolução espacial, participação relativa e
expressões da empresa moderna em agropecuário
indicações capazes de caracterizar o quadro seus impactos ambientais. Visando facilitar
atual da agropecuária no Estado, Minas Gerais, onde recentemente vêm se a compreensão do texto, os diferentes tipos
possibilitando a identificação dos impactos implantando programas de desenvolvimento de cultura foram agrupados em duas classes:
mais relevantes sobre o meio ambiente. agropecuário cujas conseqüências ambientais as culturas permanentes e as culturas
São examinadas a estrutura fundiária, a não foram ainda devidamente avaliadas. temporárias.
organização da agricultura, os principais 0 excesso de mecanização pode estar
produtos de cultivo e as tecnologias provocando em alguns casos a pulverização
aplicadas em associação com os sistemas de do solo superficial, a compactação do solo Dentre os produtos da lavoura permanente
manejo usuais. abaixo da superfície, e a erosão pela ação destacam-se o café, a banana e a laranja.
dos ventos, processos que podem levar à Na lavoura temporária sobressaem-se as
desertificação das áreas onde se implantam culturas de subsistência: arroz, feijão,
esses programas. A Figura 5.15 localiza as milho e mandioca, além do algodão,
regiões abrangidas pelos principais cana-de-açúcar e soja. Na Tabela 5.14
5.1.4.2. Q u a d r o a t u a l programas agropecuários em implantação no apresentam-se os índices de crescimento dos
Es tado. quinze principais produtos agrícolas no
período 1960/77. Somente abacaxi, feijão e
• Organização da Produção Agrícola café sofreram decréscimo no período 1960/70,
A estrutura fundiária em Minas Gerais, e todos os demais produtos tiveram evolução
Tanto a dimensão como a forma de estruturação originada do regime de sesmaria, apresenta s ia I I U L D \'.
positiva, sendo que a partir de 1970 houve
sõcio-econõmica dos estabelecimentos hoje uma grande concentração de terras nas um acréscimo acentuado, notadamente para a
agrícolas condicionam as conseqüências mãos de um reduzido grupo de proprietários soja, cuja produção aumentou mais de 4.000%.
ambientais que estes provocam. e uma multiplicidade de pequenas Outros produtos como algodão, alho, cebola,
propriedades, cuja participação na área laranja, mandioca e tomate tiveram mais de
Nos grandes latifúndios, a prática da total do Estado é decrescente (Tabela 5.13). 100% de aumento, embora sujeitos a
queimada sem controle provoca a erosão do Há significativas variações na distribuição ÍLÍLINS PÍOSmUiS EU [ « ( C L I Ç A O flutuações. O arroz ê o exemplo típico
solo e a diminuição de sua fertilidade espacial dos estratos de área de dessa flutuação, e também o café, que teve
natural, impedindo a reposição da matéria propriedades, como se pode observar pela sua produção sujeita ãs variações causadas
orgânica, com a conseqüente destruição de sua Figura 5.16. Legenda : pelo programa de erradicação de cafezais
estrutura biofísica. Nos minifúndios, o antiprodutivos do IBC. A Figura 5.17 mostra
manejo atual não permite o rodízio de • Principais Culturas Temporárias e lï.-'/.-l Planoroeste II a distribuição espacial de lavouras
culturas, provocando a superutilização do Permanentes permanentes e temporárias do Estado.
Polocentro
solo, o que leva ã sua degradação prematura.
O superpastoreío em áreas de encostas, Nos últimos anos ocorreu um substancial Planoroeste II e Polocentro
usual em Minas Gerais, conduz â erosão do aumento da produção agrícola em Minas Gerais. Prodevale II
solo, e a retirada da vegetação para a Esse incremento deveu-se a uma conjugação Tabela 5.14. Índices de evolução da produção
formação de pastagens pode provocar a de vários fatores, entre os quais se É=l^ Prodemata física dos principais produtos
deterioração dos mananciais hídricos. destacam o rápido crescimento da demanda agrícolas em Minas Gerais
Sul de Minas período: 1960/70/77 (base
de alimentos e de matérias-primas, e a
expansão do crédito rural a juros Es~3 Prodemata e Sul de Minas 1970 = 100)
Por outro lado, as distintas formas de subsidiados. Associado às mudanças
l:ys'.\ Gorutuba
organização da produção, representadas pela tecnológicas e ã adoção de métodos modernos produtos 19b0 19>0 )9'1 197? 1973 1974 1975 19'6 1177
agropecuária tradicional e pela empresa de plantio, intensivos em energia e insumos • Distrito Agroindustrial de Jaiba culturas temporárias
agrícola moderna, produzem também químicos, o crescimento das áreas agrícolas . abacaxi 1b? 1 UO 123 165 167 157 186 200 196
77
diferentes conseqüências ambientais. Na do Estado provoca vários impactos ambientais. .
.
algodão
alho
70
67
] Ü(l
1Û0 94
113
110
281
247
162
230
225
125
114
273
24 5
275

primeira, caracterizada pela coexistência, Fonte: Minas Gerais - Atualidade e


.
.
arro2
batata inglesa
81
56
10O
100
65
96
91
82
134
118
123
221
125
182
156
169
103
152
em cada unidade, da agricultura e da Cada tipo de cultura produz diferentes Perspectiva, 1980 (Adaptação) . cana-de-açúcar 69 íoo 94 94 119 224 204 169 182
106 113 177 184 181
pecuária destinadas principalmente ao níveis de impactos ou conseqüências
.
.
cebola
feijão
74
122
100
100 92 110 152
213
227 159 144
203
153

mercado interno e ao autoconsumo, os ambientais. A minimização das conseqüências .


.
mandioca
milho
83
80
100
100
98
77
101
92
309
108
362
125
383
126
362
127
333
148
impactos ambientais são de menor ambientais desfavoráveis poderia ser obtida conseqüências ambientais das atividades . soja 12 100 7b 493 1.518 2.4 08 3.653 4.411 4 414

intensidade. Nesse tipo de estabelecimento segundo duas alternativas: a adequada agrícolas foram analisadas unicamente sob
. tomate 4« 100 106 103 85 187 131 171 212

a família é o núcleo básico, que trabalha a gerencia das tecnologias de produção e a a ótica dos padrões de produção. Já a
culturas
. banana
permanente»
61 1 ÛÛ 100 114 121 119 183 162 16 1
terra de sua propriedade, com reorientação da demanda a partir da adequação análise dos padrões de consumo é apresentada .
.
café
laranja
127
75
1ÛÛ
150
44
12J
121
1C3
62
33 9 298
61
201
72
217
15 3
219
complementações freqüentes representadas dos padrões de consumo (alimentar, na parte referente â alimentação. Os tipos
pelo meeiro ou pelo trabalhador assalariado energético, e t c ) . Neste item as de cultura mais importantes do Estado foram Fonte! IBGE - SEPLAN/wi

88
Figura 5 . 1 7 . Lavouras permanentes e temporárias segundo as microrregiões Figura 5 . 1 8 . Distribuição da produção de algodão segundo as microrregiões
43* 4 7 » 4S* 4 3 " « I *

« • 47 * « • 4 3 » 41'

* » * « 7 » 45* 4 5 »

Legenda;
Legenda ;
% de lavoura permanente e lavoura
temporária, por microrregião (em %)

0-10 <1,0
10- 17
:NT
RA

17-27
z 35-42
o <
> 52
ã 1,0M6,0
_j S
a.
Nota: 1) os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
<
9 0 - 100 J 7 , 0 — « 17,7 microrregião em relação ao total
83-90 da área agrícola (lavoura
<t a. 73-83
QL ' <
5 8 - 65 temporária + lavoura permanente)
D 01
o o <: 4 8 2) as áreas em branco correspondem a
54,2
LAV

municípios não produtores

Fonte: IBGE. 1975

1 £Z2 o
o o
o s

A área cultivada com o algodão está importância, jã que se trata do único


Fonte: IBGE. 1975 basicamente concentrada em quatro produto agrícola comercial de expressão
microrregiões homogêneas: Serra Geral de na microrregião.
Minas, Montes Claros, Uberlândia e
lavoura temporária primeiro lugar, por ser uma cultura que Pontal do Triângulo Mineiro, sendo que
protege pouco o solo, expondo-o sõ a primeira concentra 54% da área .. cana-de-açúcar
.. algodão facilmente a processos erosivos; em cultivada com esse produto (Figura 5 . 1 8 ) .
segundo lugar, por ser vulnerável a Nessa microrregião a cultura do algodão A cultura da cana-de-açúcar esgota com
várias pragas e doenças, o que exige a ê a que ocupa maior área (52%) , o que lhe relativa rapidez a fertilidade natural
A cultura do algodão pode provocar sérios administração de grandes quantidades de dá caráter de monocultura, tanto em
impactos sobre o meio ambiente. Em do solo, reduzindo o nível de matéria
inseticidas. relação ã área, como também em orgânica e, em conseqüência, provocando

90
o desnível na população microbiológica do solução definitiva quanto ao destino produto (Figura 5.19). Conseqüentemente, Graças ã ampla e crescente aceitação
solo. Como resultado desse processo, desse poluente. ê nessas duas regiões que se localiza a desse produto nos mercados interno e
surgem fungos e outros parasitas que maior parte das usinas alcooleiras e externo, a expansão da cultura da soja
exigem uso elevado de pesticidas na sua A cana-de-açücar atende a três açucareiras do Estado. em todo o País tem se verificado de forma
eliminação. necessidades: produção de açúcar e álcool, bas tante acelerada.
produção de rapadura e aguardente, e
A prática da queimada após a colheita, suplementação alimentar do rebanho bovino. .. so]a Em Minas Gerais essa cultura começou a
para estimular a rebrota da cana, destrói Para atender à primeira necessidade, ela expandir-se significativamente a partir
em parte a pouca matéria orgânica do sola, é cultivada de forma intensiva, com Sendo uma leguminosa, a soja fixa o de 1971, principalmente na direção das
cuja ausência de reposição desencadeia utilização de melhoramentos técnicos como nitrogênio do ar, melhorando a regiões Noroeste e Alto São Francisco,
processos erosivos após um período adubação, calagem e preparo adequado do fertilidade dos solos. Plantada em onde grandes áreas de cerrado estão
relativamente prolongado. Entretanto, solo. A cultura da cana-de-açúcar monocultura intensiva, requer a cedendo lugar ã cultura da soja. No
um dos principais problemas ambientais concentra-se em duas regiões. Sul e administração de quantidades relativamente restante do Estado, a participação desse
decorrentes da cultura da cana está na Zona da Mata, basicamente nas elevadas de agrotóxicos e fertilizantes produto é ainda insignificante.
sua industrialização e na conseqüente microrregiões Ponte Nova, Mata de Ubá, sintéticos, que inibem a atividade Concentra-se basicamente no Triângulo
poluição dos cursos d'água pelo vinhoto, Alto São Francisco e Furnas, que detêm biológica dos solos, levando a curto Mineiro (Figura 5.20), que detém 82% da
não tendo sido ainda encontrada uma 48% da área estadual cultivada com o prazo ã diminuição da produtividade. área cultivada com soja em Minas Gerais,

Figura 5.19. Distribuição da produção de cana-de-açücar segundo as microrregiões Figura 5.20. Distribuição da produção de soja segundo as microrregiões

49-

17 a

/T

21°

45°

Legenda :
Legenda :
(em %)
(em %) Nota: 1) os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
< 1,0 3,5 I — 4,8 Nota: os números indicam o percentual da microrregião em relação ao total
< 1,2 V?
área ocupada pelo produto na 10,7 I—il5,8 da área agrícola (lavoura
microrregião em relação ao total da (A temporária + lavoura permanente)
1,0 I — 3,5 área agrícola (lavoura temporária + 4,9 v—t 7,6 3Q o 2) as ãreas em branco correspondem a
9,1 í—113,7 lavoura permanente) ' municípios não produtores

Fonte: IBGE, 197 5 Fonte: IBGE , 197 5

91
destacando-se a produção da microrregião a transmissão de doenças de veiculação conforme mostra a Figura 5.21. está em torno de 500 kg/ha, considerado
Uberlândia. hídrica, como por exemplo a A microrregião Mata de Cataguases, embora um dos mais baixos do País.
esquistossomose. A tecnologia empregada detendo apenas 3% da ãrea estadual
na cultura do arroz em Minas Gerais não cultivada com arroz, tem 50% de sua ãrea
., arroz tem considerado os efeitos adversos, agrícola ocupada com essa cultura, que ê A associação dessa leguminosa a outras
decorrentes da falta de reposição da portanto, localmente, de grande culturas traz efeitos benéficos, em
Cultura amplamente difundida no Estado, o matéria orgânica em ambientes irrigados, importância. A Zona da Mata em geral conseqüência da melhoria parcial da
arroz é cultivado sob duas formas: cultivo nos quais geralmente ocorrem condições tem altas percentagens de terras ocupadas fertilidade dos solos. Entretanto, é uma
de várzea e de sequeiro, sendo este último anaeróbicas. Essas condições levam ã com a rizicultura (10 a 3 0 % ) . cultura que, como a do milho, oferece
responsável por 75% da produção total. redução do oxigênio e ao não pouca proteção ao solo contra processos
No manejo ecológico pratica-se a rotação aproveitamento posterior dos nutrientes erosivos, agravados pela prática do uso
básicos (NPK) pela cultura. . . feijão de herbicidas, quando cultivado em
do arroz de sequeiro na proporção de uma
safra para cada duas safras irrigadas, sistemas de monocultura.
evitando-se, dessa forma, situações Também de uso amplamente difundido no
anaeróbicas. Em termos de concentração de ãrea, cabe Estado, o feijão é em geral plantado como Sua baixa concentração espacial é
a duas microrregiões, Uberlândia e cultura de subsistência, com pequenos comprovada pelos pequenos percentuais da
0 principal problema ambiental ligado ã Pontal do Triângulo Mineiro, cerca de 30% rendimentos, e quase sempre consorciado área cultivada com o produto em relação
cultura do arroz em sistemas irrigados é da ãrea cultivada com o produto no Estado, com o milho e o café. O rendimento médio ao Estado. Na Figura 5.22 observa-se

Figura 5.21. Distribuição da produção de arroz segundo as microrregiões Figura 5.22. Distribuição da produção de feijão segundo as microrregiões

49° 4 7 ° 4 5" 4 3° 4t* 47" 4S" 4 3 *

i8,9a /

.7*

10' V

21»

49" 45* 41"

Legenda : Legenda ;
(em %) (em %)

o o o o ° o ° o
< 1 6,0 7,2 < 1,0
0

O O O
o o o a
4,8 6,6
O ° o° o°
a 2
0

a a
Nota: os números indicam o percentual da Nota: os números indicam o percentual da
1,0 3,0 12,2 17,1 ãrea ocupada pelo produto na 1,0 h - 3,0 10,6 ãrea ocupada pelo produto na
microrregião em relação ao total da microrregião em relação ao total da
3,0 4,8 ãrea agrícola (lavoura temporária + 3,0 i— 4,8 área agrícola {lavoura temporária +
lavoura permanente) lavoura permanente)

Fonte: IGBE, 197 5 Fonte: IBGE, 1975

92
que a microrregião Chapadao do Paracatu, cultivadas com o feijão, em relação ãs (1.500 kg/ha). Os pequenos percentuais do solo, a cultura da mandioca pode
com apenas 10,6% da ãrea de cultura de demais microrregiÕes. de área cultivada, em relação ao Estado, apresentar sérios problemas de erosão,.
feijão no Estado, representa a maior retratam uma dispersão espacial Também no que tange à industrialização,
concentração, seguida pelas microrregiÕes . . milho (Figura 5.23;; as maiores percentagens de o subproduto obtido da destilação para
Mata da Corda, Bacia do Suaçuí, cultivo do milho variam de 4,8 a 6,4% nas produção de álcool apresenta potencial
Mata da Caratinga e Mata de Ponte Nova, A cultura do milho, que não oferece boa microrregiÕes Chapadão do Paracatu, poluidor semelhante ao do vinhoto.
com valores entre 4,8 e 6,6%. Alguns proteção ao solo, pode contribuir para a Uberlândia e Furnas. Das culturas de
municípios, entretanto, apresentam certa ocorrência de processos erosivos, com a subsistência, a do milho é a mais
espeeialisacão nesse cultivo, como ê o rápida perda da fertilidade natural. importante, tanto em relação ã ãrea
caso de São Pedro dos Ferros, Unaí e Por se tratar de um produto de elevado
A facilidade com que essa cultura suporta ocupada, quanto ao valor da produção, sõ
Patos de Minas. A microrregião consumo pelas populações rurais de
o consorciamento com outras culturas, perdendo para o café. As principais
Patos de Minas tem mais de 40% de sua baixa renda, a mandioca é cultivada em
assim como o emprego de técnicas de regiões produtoras são o Triângulo,
área agrícola ocupada com o cultivo de moldes rudimentares e em pequenas
conservação do solo, pode ajudar a Alto Paranaíba e o Sul de Minas,
feijão. Por outro lado, as microrregiÕes propriedades. A região que apresenta as
minimizar tal impacto. responsáveis por 70% da produção estadual.
Uberlândia, Pontal do Triângulo Mineiro e maiores concentrações dessa cultura em
Uberaba, chamam a atenção por apresentarem Minas Gerais é, ao contrário das demais
Como as demais culturas de subsistência, .. mandioca culturas de subsistência, o nordeste do
baixíssimos percentuais de áreas
é amplamente difundida no Estado, Estado, como se pode observar na
apresentando baixo rendimento físico Na ausência de técnicas de conservação Figura 5.24.

Figura 5.23. Distribuição da produção de mil ho segundo as microrregiões Figura 5.24. Distribuição da produção de mandioca segundo as microrregiÕes
43* 47 • 4 5>° 4 3° 43* 47 • 45* 4 3°

Legenda:
(em %) Legenda:
(em %)
< 1,0 3,5 4,8
Nota; os números indicam o percentual da
1,0 . 2,5 4,8 6,4 Nota: os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
< 1,0
22 5,2 i—i 8,9
ãrea ocupada pelo produto na
microrregião em relação ao total da
microrregião em relação ao total da 1,0 i—i 4,6 • •••• área agrícola (lavoura temporária +
2,5 — 3,5 área agrícola (lavoura temporária + 10,8 1—113,3 lavoura permanente)
• ••••
lavoura permanente) -i t i

Fonte: IBGE, 1S75 Fonte: IBGE, 197 5

93
A partir de 1974 a cultura da mandioca É uma cultura que apresenta boas _Minas Gerais 35% de todos os cafezais aproximadamente 66% da área cultivada com
teve um grande crescimento, em possibilidades de consorciamento, renovados no País, transformando-se este café no Estado. Essas duas últimas
decorrência da elevação de preços e da podendo-se plantar lavouras anuais como Estado no 19 produtor brasileiro. microrregiões são as únicas em que as
implantação do Plano Nacional do Álcool. a soja entre as fileiras de café, com lavouras permanentes ocupam áreas
Em 1977 a área cultivada com esse produto bons resultados, embora tal prática não A distribuição regional do café em superiores ãs temporárias, justamente
em Minas Gerais foi de 126.000 ha, contra seja muito usuai. A associação com Minas Gerais também tem sofrido mudanças. porque ali o café constitui monocultura.
63.900 ha em 1960. árvores leguminosas de grande porte para A cultura iniciou-se na Zona da Mata e Excetuando-se as regiões sul e sudeste do
diminuir a insolação excessiva é outra expandiu-se para outras regiões, Estado, o café não tem ainda expressividade
lavouras permanentes prática que pode contribuir para a principalmente para o Sul de Minas. Mais espacial, embora seja uma cultura em
.. café conservação da fertilidade dos solos. tarde alcançou as regiões do Triângulo franca expansão na direção norte.
Mineiro e AÍto Paranaíba, onde e cultivado
A cultura do café e considerada com toda a tecnologia moderna. Hoje essa .. banana
historicamente como a principal É o principal componente do valor bruto cultura encontra-se em expansão nas áreas
responsável pela degradação da da produção agrícola de Minas Gerais. de cerrado e chapadas do nordeste mineiro, O cultivo da banana não apresenta
fertilidade natural dos solos. De fato, Mesmo no período de 1960/70, época dos como pode ser observado pela Figura 5.25. impactos ambientais de destaque. Nota-se
cultivado em regiões acidentadas, e sem programas de erradicação e renovação de Entretanto, o Sul de Minas é ainda o a possibilidade de consorciação que essa
técnicas de conservação de solos, o café cafezais e de ocorrência de adversidades maior produtor, com 64% do total no cultura apresenta, com efeitos positivos
opõe pouca resistência aos processos climáticas, o café liderou a produção Estado. sobre a preservação dos solos. Sob o
erosivos. Atualmente resolve-se esse agrícola do Estado. Em 1969, com o aspecto de ocupação espacial, a banana
problema condicionando o financiamento plano de renovação e revigoramento de Apenas as microrregiões Furnas, Planalto tem em Minas Gerais a segunda maior área
para a formação de novos cafezais ã cafezais, visando uma modernização das Mineiro, Mogiana Mineira e Vertente cultivada no País, ocupando aproximadamente
adoção de técnicas de conservação do solo. técnicas de cultivo, foram plantadas em Ocidental do Caparão detêm 30.000 ha (Figura 5.26).

Figura 5.25. Distribuição da produção de café segundo as microrregiões Figura 5.26. Distribuição da produção de banana segundo as microrregiões
4 » " 47° 45* 43* 4»» 47" 4S" 43" 4l"

t. T -
45°

Legenda Legenda : Nota: os números indicam o percentual da área


(em %) (em %) ocupada pelo produto na micro-região em
relação ao total da ãrea agrícola (lavoura
a o o o Nota; os números indicam o percentual da < 1,0 V? 4,2 ,5 temporária + lavoura permanente).
< 1,0 10,3 i—(14,3 área ocupada pelo produto na
3 o o o
microrregião em relação ao total da 3 O O O

fi—í—r—r área agrícola (lavoura temporária + 1,0 (—(2,6 11,3 12,1


1,0 (—I 4,8 V V V > 20,0 O o o o
lavoura permanente)
Fonte: IBGE, 1975 Fonte: IBGE. 1975

94
. . laranja detém 44% da área cultivada com laranja do homem, em função das tecnologias de fauna e flora microbiana, e aos pequenos
(Figura 5.27). A ãrea restante criação ou industrialização do alimento. animais. Ocorre em seguida a degradação
São necessárias práticas de conservação encontra-se disseminada por todo o Estado, das condições gerais do solo e o
de solos no cultivo da laranja. 0 uso em baixas percentagens. Os principais problemas ambientais aparecimento de pragas e pestes.
de defensivos químicos é consideravelmente decorrentes da bovinocultura em Minas Gerais O superpisoteio do gado, ao destruir a relva
elevado no Estado. Pode-se associar • Pecuária provêm da prática da queimada, do e deixar o solo desnudo, provoca a erosão
facilmente a cultura da laranja a outras superpisoteio de gado e dos processos do solo.
culturas. Como os principais problemas relacionados a empregados na cultura de forrageiras. As
pecuária em Minas Gerais decorrem da queimadas das pastagens, destinadas a 0 rebanho encontra-se muito distribuído
Uma faixa que se estende no sentido bovinocultura, apenas esse item foi incluído favorecer a rebrota, provocam queda espacialmente, havendo, entretanto, algumas
SO-NE, formada pelas microrregiões no presente diagnostico. Todavia, deve ser significativa de produção, um a dois anos microrregiões isoladas com concentrações
Furnas, Espinhaço Meridional, Formiga, lembrado que os outros ramos da pecuária depois de consumadas, já que as condições maiores. A media estadual de densidade de
Divinõpolis, Belo Horizonte e Siderúrgica, podem produzir efeitos prejudiciais ã saúde tornam-se desfavoráveis ás forragens, ã bovinos por pastagem (Figura 5.28), é de

Figura 5.27. Distribuição da produção de laranja segundo as microrregiões Figura 5.28. Densidade de bovinos por pastagem e percentagem do rebanho das
microrregiões em relação ao rebanho do Estado
43°

tf
7<°
tf-

45" 43*
44° « 7 °

Legenda :
Legenda : % do rebanho da microrregião em relação ao
Densidade (cabeça/ha de pastagem)
(em %) Estado

< 1,0 0,21 0,42 < 1,0

1,0 i — 4 5
(
0,42 0,63 1,0 t- 2,5

\ZZà
Nota: os números indicam o percentual da
o _ o
-
O
O
o
oO oD
4,5 I—I 6,5 área ocupada pelo produto na 63 0,80 2,5 h- 4,0
o o o
microrregião em relação ao total da
ãrea agrícola (lavoura temporária + •» * * J
11 4 I—I 11,9 4,0 H 5,6
tá lavoura permanente) V . V J 0,80 H 1,05

Fonte: IBGE, 197 5 Fonte; IBGE, 1975 Media do Estado: 0,63

95
0,63 cabeças/ha, sendo que as regiões Nesse particular, a participação de ã erosão dos solos com o conseqüente pode vir a produzir grande quantidade de
centro-sul, sudeste, nordeste e oeste do Minas Gerais no consumo de carvão observado carreamento de sedimentos para os cursos ácido pirolenhoso. Esse ácido é um
Estado, com exceções localizadas, tem em todo o País assume proporções realmente d'água, e uma ruptura do processo contínuo subproduto cuja disposição final no meio
densidades acima da média estadual. elevadas, conforme pode ser visualizado na de reciclagem da matéria orgânica. ambiente constituiria um grave problema
0 extremo sul e os vales dos rios Doce e Figura 5.29, que mostra também uma expressiva ambiental, devido ã sua extrema acidez
Mucuri sao as regiões que apresentam maiores tendência ab crescimento desse mesmo consumo. Degradações mais complexas e ainda não (pH 2,5).
densidades (0,80 a 1,05 cabeças/ha), completamente conhecidas estariam
destacando-se as microrregiões Bacia do A atividade do carvoejamento é responsável, relacionadas ao balanço de exportações e ã
Suaçul, Mantena e Bacia do Manhuaçu, com em Minas Gerais, por extensa eliminação de ciclagem de nutrientes, â modificação da Conforme pode ser visto na Figura 5.30, as
mais de 1 cabeça/ha. Embora se saiba que a cobertura vegetal. Em 1976, cerca de 90% microrregiões Paracatu e Montes Claros são
hidrologia florestal e ã perturbação do
capacidade de suporte média no Estado para do carvão vegetal foi proveniente do cerrado as maiores produtoras de carvão vegetal em
rendimento florestal de áreas contíguas. Minas Gerais, com 42% da produção do Estado.
pastagens naturais seja de 0,6 cabeças/ha, e de formações nativas, sendo o carvoejamentc
torna-se difícil identificar nessas uma atividade de desmatamento predatória, Outros municípios localizados na região
microrregiões as áreas em que há que não leva em consideração a capacidade de Embora o carvoejamento seja um processo central também contribuem com parcelas
superutilização pastoril, porque é regeneração das formações vegetais. nitidamente industrial, a sua íntima ligação substanciais na produção de carvão.
exatamente ai que se concentram as maiores com a exploração de madeira põe a descoberto
áreas de pastagens cultivadas, as quais têm A expansão da fronteira de carvoejamento já a necessidade de alguns comentários
capacidade de suporte muito maior do que a adicionais. Merecem destaque, por exemplo, Com relação ã lenha, o seu consumo doméstico
atinge outros Estados, embora programas ê também muito alto, sobretudo nas regiões
média estadual. Ao norte, noroeste e em recentes de plantio de florestas homogêneas alguns efeitos deletérios sobre a saúde
algumas microrregiões isoladas ocorrem humana, causados pela operação de mais pobres, como o Noroeste e o Vale do
representem uma forma de aliviar a pressão Jequitinhonha, onde se estima que em 85% dos
densidades abaixo da media estadual, do consumo sobre as florestas nativas. carvoejamento geralmente praticada em
caracterizando uma pecuária bastante condições insalubres. Além do desconforto domicílios utiliza-se fogão ã lenha. Além
extensiva. No noroeste encontram-se as causado pelas altas temperaturas, a do consumo doméstico, destaca-se também
menores densidades (0,21 a 0 ,42 cabeças/ha). aspirarão das partículas em suspensão sua utilização em padarias, cerâmicas,
Essas florestas homogêneas poderão garantir olarias, hotéis e restaurantes.
também o suporte requerido pelas crescentes atmosférica pode produzir doenças do trato
demandas de energia e de insumos industriais, respiratorio, podendo ocorrer também efeitos
A cultura de forragens, praticada com cancerígenos decorrentes da queima do
técnicas modernas, tem provocado efeitos embora existam impactos ambientais negativos Estimativa realizada para 1980 (66) mostra
a essa forma de monocultura. alcatrão.
ambientais adversos, ao exigir o uso de que 6 7% do total de fogões em Minas Gerais
fertilizantes químicos. Vale mencionar são â lenha, sendo que esse percentual nas
que qualquer excesso de íons solúveis, tal A extração de madeira para a produção de áreas rurais chega a 95%. A explotação de
Ainda com relação ao carvoejamento, a
como ocorre quando se aplica um lenha é amplamente difundida, destacando-se
lenha ou carvão produz imediatas tecnologia usual não contempla a recuperação
fertilizante, pode gerar desequilíbrios no com maior concentração as microrregiões
solo e nos nutrientes nele contidos. Ha conseqüências danosas ao meio físico natural, de outros subprodutos da madeira. Uma vez Montes Claros, com 8,7%, e Siderúrgica, com
também evidências de que esses desequilíbrios clentre as quais se destacam o favorecimento adotado em grande escala, esse aproveitamento 7,5%, como mostra a Figura 5.31.
podem afetar os animais que se alimentam
dessas culturas. A incidência de necrose
gordurosa nos intestinos dos animais pode Figura 5.29. Consumo de carvão vegetal no Brasil e a participação do Estado de
estar diretamente relacionada com os níveis Minas Gerais
crescentes de fertilização nitrogenada. 5.1.4.3. T e c n o l o g i a a g r í c o l a

São três o"s principais fatores tecnológicos


Alguns estudos demonstram que a utilização de produção agropecuária que provocam
em grande intensidade de fertilizantes impactos sobre o meio ambiente: o uso de
nitrogenados ã base de potássio, pode força mecânica, de defensivos e de
provocar desequilíbrios minerais no solo e fertilizantes.
nas gramíneas em crescimento, e distúrbios
no metabolismo do gado. Já foram comprovados
os efeitos de forragens adubadas química ou Se por um lado a utilização da força
organicamente na fertilidade dos animais. mecânica contribuiu para o crescimento da
Em um grupo de touros confinados para produção, por outro lado tem contribuído
inseminação artificial, o uso de forragens para o enfraquecimento do solo. Esse
provenientes de terrenos nos quais uma enfraquecimento envolve tanto a diminuição
quantidade crescente de adubação química da condição de fertilidade natural do solo,
tinha sido usada, resultou em queda drástica o que ocorre em conseqüência do arrastamento
na fertilidade do sêmen, durante um período da camada mais rica pela ação da erosão,
de três anos. A troca da forragem por quanto a restrição oferecida â livre
outra proveniente de uma área cultivada mais movimentação da água e do ar, tornando
extensivamente, determinou a recuperação da difícil a penetração das raízes e a absorção
fertilidade. dos nutrientes. Tais efeitos não decorrem
apenas da utilização da tração mecânica,
podendo ser observados também, embora em
• Extrativismo Vegetal escala mais reduzida, como decorrência da
utilização da tração animal.
Com a exaustão das grandes reservas
madeireiras do Estado, a exploração da O uso de defensivos agrícolas e de
madeira em toras para fins industriais fertilizantes, além de degradar o solo e os
deixou de ser significativa. Assim, o cursos d água, pode causar problemas a
1

extrativismo vegetal em Minas Gerais saúde das populações animais e humanas que
destina-se ã produção do carvão e da lenha. venham a utilizar as culturas desenvolvidas
nas áreas onde esses produtos químicos são
A exploração carvoeira encontra-se em plena aplicados. Os longos períodos de
ascensão, destruindo o que restou da permanência de resíduos químicos no solo
vegetação natural, e atingindo sobretudo o tornam extremamente complexa a tarefa de
cerrado. A produção de carvão é voltada determinar os seus efeitos ambientais.
para as siderúrgicas, localizadas na região O modo como são aplicados, em doses
central do Estado. Sete Lagoas e MINAS GERAIS BRASIL excessivas e sem os devidos cuidados, também
Divinõpolis, com suas mini-siderürgicas de contribui para a crescente ocorrência de
ferro gusa, consomem a maior parte do carvão danos a saúde do próprio trabalhador rural
vegetal natural. Fonte: CETEC que os manuseia.

96
F.igura 5.30. Distribuição da produção de carvão vegetal segundo as microrregiÕes Figura 5.31. Distribuição da produção de lenha segundo as microrregioes

49* 4 7 ° 4S* 45° 41

C-

Legenda:
Legenda:
(% da produção da microrregião em relação ao Estado)
(% da produção da microrregião em relação
ao Estado)

o 0,11

o o o o
0 ° O ° O ° O
Q
o Oo Oo t 0, 20 0,67

1,08 1,81

2,40 6,63

um ».66
27,58

Fonte: IBGE, 197 5


Fonte: IBGE, 1975

• Força Utilizada nos Trabalhos do País, o que representa um potencial de Esse quadro põe a descoberto um grande Mineiro e parte do Sul de Minas.
Agrícolas força de trabalho considerável, mas que vem potencial para o rápido incremento do uso A utilização da força mecânica diminui
sendo subutilizado. Isso pode ser avaliado da força animal e da tração mecânica nas gradativamente na direção das regiões
Classicamente os principais tipos de força quando se considera que em 1975 apenas 42,2% atividades agrícolas, com todas as economicamente mais deprimidas do nordeste,
utilizada no cultivo são a força humana, a dos estabelecimentos agrícolas utilizavam conseqüências ambientais a elas associadas. incapazes de aplicações generalizadas de
tração animal ou a força mecânica, cujo uso animais como força de tração. Praticamente capital, bem como na direção das regiões
em Minas Gerais é mostrado na Figura 5.32. a metade dos estabelecimentos agrícolas Os maiores índices de utilização de força onde a topografia acidentada favorece mais
dispunha, naquela data, somente de força mecânica nos trabalhos agrários estão o uso de tração animal (Figura 5.33). Jã a
O Estado dispõe dos maiores rebanhos bovinos humana. concentrados nas regiões do Triângulo Figura 5.34 aponta, a nível de microrregioes.

97
Figura 5.32. Tipo de força utilizada nos trabalhos agrarios segundo as microrregiões Figura 5.33. Estabelecimentos que utilizam força mecânica nos trabalhos agrários e
número de tratores em relação â área plantada segundo as microrregiões
4»" 4 7 * 4 5 *
49» 4 7 ° 45" 4 3 ° 41»

.7«

49° 4 7 ° 45" 4 3 " 41°

Legenda:
Legenda:
(% de estabelecimentos que utilizam força (% de estabelecimentos que utilizam força % de estabelecimentos que utilizam força
mecânica em relação ao total de mecânica em relação ao total de
mecânica em relação ao total de^ Número de hectares plantados em relação ã
estabelecimentos por microrregião) estabelecimentos por microrregião) estabelecimentos por microrregião unidade de tratos por microrregião

< 5 < 10
< 5 7 .498 » 1 4 .029

5 I - 10 10 h- 40
5 h- 10 2.697 t í 1.034

10 L_ 20 40 h- 50
10 20 949 I í 442

20 —
f 36 50 I — 60
20 36 368 i í 223
i—is—r
• * • •*•"**!
a a 4 36 H 51 60 H 76 1 1 1 (1
4
*
4
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*
*
4
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1
4
4
4
4
4
4
4
4

»
4 36 H 51 206 I f Hl

Fonte; IBGE, 1975


Fonte: IBGE, 1975

o percentual de estabelecimentos que correspondem também os maiores percentuais • Consumo de Fertilizantes havendo a reposição, ocorre a ruptura da
utilizam força animal, em relação ao total de uso de força mecânica. A mecanização cadeia, e o ecossistema se desequilibra.
de estabelecimentos e ao número de hectares agrícola, através da crescente utilização de Uma fertilização adequada é etapa essencial
plantados, por arado de tração animal. As tratores em Minas Gerais, principalmente_na para a preservação dos ecossistemas, pois é Há várias maneiras conhecidas de se garantir
microrregiões do Triângulo Mineiro que década de 70, possibilitou a implementação através dela que o homem, fechando a cadeia a reposição da fertilidade original do solo:
possuem os maiores percentuais de de uma agricultura de grande escala em trófica, restitui a terra o que dela retirou deixã-lo em repouso durante algum tempo após
estabelecimentos que utilizam força animal. diversas regiões. através da atividade agropecuária. Não iam período de plantio; adicionar

98
Figura 5.34. Estabelecimer "-.os que utilizam força animal nos trabalhos agrários e número periodicamente matéria orgânica fresca ou Minas Gerais foi de 313.962 t,
dc arados de tração animal em relação à área plantada segundo as microrregiòes decomposta; incorporar resíduos de outras correspondendo a cerca de 8% do total
atividades agrícolas e industriais; ou nacional.
adicionar minérios pulverizados, ricos em
nutrientes como o fosfato natural e o A distribuição regional do consumo de
calcário dolomítíco. fertilizantes apresenta acentuadas
variabilidades. As regiões Sul de Minas,
Em 19 75 o consumo brasileiro de nutrientes Triângulo e Rio Doce consomem cerca de 70%
por hectare cultivado foi da ordem de do total do Estado. As zonas de fronteira
48,8 kg, o que coloca o País entre os que agrícola - Noroeste e Jequitinhonha - são
apresentam média intensidade de consumo (I) as que apresentam menores índices de consumo
Em 19 80 o consumo de nutrientes em (Figura 5. 35} .

Figura 5.35. Uso de adubação química por microrregiòes


4»° 47 • 45"

Legenda:
% de estabelecimentos que utilizam força Número de hectares plantados em relação a
animal em relação ao total de estabelecimentos unidade de arado de tração animal, por
microrregião

< 10 2.474

Legenda:
10 h- 40 969 542
(% de estabelecimentos que utilizam adubação química em relação
ao total de estabelecimentos por microrregião)
40 1— 50 388 115

50 I— 60 91 í 1 57

60 M 76 56 í 1 24

23 I 1 12

Média do Estado: 56

Fonte; IBGE, 1975 Fonte.- IBGE, 1975

99
Cada uma das m a n e i r a s de se garantir a de p r e j u í z o s ã s a ú d e . A p e s a r de amplamente de ano p a r a ano e t e m - s e d e s e n v o l v i d o em N o g r u p o das hortaliças d e s t a c a m - s e as de
fertilidade do solo p r o v o c a sobre ele u t i l i z a d o s , p o u c o se conhece a r e s p e i t o dos terras do c e r r a d o . E u m a das culturas que folha, flor e h a s t e , alem do t o m a t e , da
impactos e s p e c í f i c o s . O e m p r e g o crescente e f e i t o s a m é d i o e longo prazo da a p l i c a ç ã o m a i s u t i l i z a d e f e n s i v o s e tem p e r s p e c t i v a s b a t a t a , cenoura, jiló e vagem, como
de f e r t i l i z a ç ã o q u í m i c a tem s i d o j u s t i f i c a d o de a g r o t õ x i c o s n a n a t u r e z a e suas d e , cada vez m a i s , d e s t a c a r - s e n o t o t a l da culturas em q u e se utilizam grandes
p e l a s u p o s i ç ã o de que e l a contribui conseqüências sobre a saúde do homem. produção nacional. q u a n t i d a d e s de a g r o t õ x i c o s . V i a de r e g r a ,
s i g n i f i c a t i v a m e n t e para o aumento da são culturas concentradas n o s m u n i c í p i o s da
p r o d u t i v i d a d e agrícola. Entretanto, estudos A cultura do a l g o d ã o , c o n c e n t r a d a na r e g i ã o região m e t r o p o l i t a n a , n o S u l dc M i n a s
recentes (6"?) vera m o s t r a n d o que e n q u a n t o o Três fatores p r i n c i p a i s podem o c a s i o n a r a (região de Maria da Fe) e na Serra da
n o r t e de Minas G e r a i s , e a de r o s a s , na
c o n s u m o de fertilizantes cresce i n t o x i c a ç ã o do c o n s u m i d o r de alimentos S e r r a da M a n t i q u e i r a , e m b o r a a p r e s e n t a n d o M a n t i q u e i r a (região de B a r b a c e n a ) . Esses
e x p o n e n c i a l m e n t e , a p r o d u t i v i d a d e das p r o d u z i d o s c o m o uso de d e f e n s i v o s a g r í c o l a s : d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l mais r e s t r i t a , são as a l i m e n t o s podem conter resíduos de
culturas em q u e s t ã o responde lentamente culturas que m a i s utilizam d e f e n s i v o s , tanto s u b s t â n c i a s tóxicas, já q u e , sendo
- c o m o que d e s c o n s i d e r a n d o o uso p r o g r e s s i v o - d e s r e s p e i t o pelo p e r í o d o de c a r ê n c i a do em volume q u a n t o em f r e q ü ê n c i a . p r o d u z i d o s em pequenas e m é d i a s p r o p r i e d a d e s ,
destes insumos. Com e f e i t o , durante o agrotóxico;
p e r í o d o de 1960 a 1970 a p r o d u t i v i d a d e - u t i l i z a ç ã o de q u a n t i d a d e s d e s n e c e s s a r i a m e n t e
a g r í c o l a das p r i n c i p a i s culturas comerciais grandes de d e f e n s i v o s ; Figura 5.37. Percentual^de estabelecimentos que utilizam d e f e n s i v o s v e g e t a i s segundo as
(algodão, a r r o z , cana, café, m i l h o , s o j a , - e s c o l h a i n a d e q u a d a de p r o d u t o s altamente microrregiÕes
trigo) sofreu um aumento i n s i g n i f i c a n t e , se tóxicos e p o u c o m e t a b o l i z á v e i s , q u e tendem
comparado com os dados r e l a t i v o s ã e v o l u ç ã o a se acumular nos organismos v i v o s . <j»" 15"
do consumo de f e r t i l i z a n t e s , c o n f o r m e m o s t r a
a F i g u r a 5.36. O c o n s u m i d o r dispõe de e s c a s s o s m e i o s de
controle i m e d i a t o desses f a t o r e s . Esses
m e i o s se resumem a algumas i n f o r m a ç õ e s
i n d i r e t a s , de p o u c a e f i c á c i a na p r e v e n ç ã o
Figura 5.36. E v o l u ç ã o d o consumo de dos r i s c o s , como por exemplo a de que
f e r t i l i z a n t e e da p r o d u ç ã o d a s certos p r o d u t o s contêm taxas maiores de
p r i n c i p a i s c u l t u r a s no período agrotõxicos d o q u e o u t r o s . O próprio
de 1960/80 produtor r u r a l , carente de melhores
i n f o r m a ç õ e s , corre riscos d e s n e c e s s á r i o s ,
d e c o r r e n t e s da aplicação e m a n u s e i o
incorretos dos d e f e n s i v o s . Nesse p a r t i c u l a r ,
vale m e n c i o n a r que ocorrem casos em que o
d e s c o n h e c i m e n t o das c a r a c t e r í s t i c a s d o
p r o d u t o , das dosagens corretas de aplicação
e das n e c e s s i d a d e s do uso de e q u i p a m e n t o s
especiais de p r o t e ç ã o , são fatais para o
usuário. Embora não e x i s t a uma e s t a t í s t i c a
atualizada desses e f e i t o s , alguns casos
ja foram registrados em M i n a s G e r a i s .

Dos 190 p r i n c í p i o s ativos utilizados na


a g r i c u l t u r a b r a s i l e i r a , apenas 24 eram
p r o d u z i d o s no País em 1 9 7 9 , fato que i n d i c a
também uma grande dependência dos m e r c a d o s
externos. E s t ã o licenciados n o B r a s i 1 cerca
de 400 a g r o t õ x i c o s d i f e r e n t e s , incluídos em
a p r o x i m a d a m e n t e 8.000 formulações. Essa
grande q u a n t i d a d e de produtos d i f i c u l t a a
e s p e c i f i c a ç ã o a p r o p r i a d a p a r a cada caso.
C o n s t a n t e m e n t e entram no m e r c a d o produtos
novos q u e , como os o u t r o s , nem sempre
trazem a o r i e n t a ç ã o n e c e s s á r i a p a r a a
aplicação.

Faltam, p o r outro lado, e n s a i o s dos p r o d u t o s 2f


nas condições d o m e i o ambiente t r o p i c a l ,
uma v e z que a m a i o r i a ê d e s e n v o l v i d a nos
países temperados. Esse q u a d r o d e s f a v o r á v e l t. K
n o que diz r e s p e i t o ao uso de agrotõxicos no
07« 4 3*
B r a s i l , fica m a i s a g r a v a d o p e l a i n s u f i c i ê n c i a
dos i n s t r u m e n t o s r e g u l a d o r e s e de Legenda:
fiscalização, o que p e r m i t e a sua livre
comercialização. (% de e s t a b e l e c i m e n t o s que u t i l i z a m defensivos vegetais em
relação ao total de e s t a b e l e c i m e n t o s p o r m i c r o r r e g i a o )
D a d a a i n e x i s t ê n c i a de i n f o r m a ç õ e s
e s t a t í s t i c a s sobre o c o n s u m o de d e f e n s i v o s
e m M i n a s G e r a i s , a s u a e s t i m a t i v a deve ser
feita com base no e s t u d o da d i s t r i b u i ç ã o
das culturas em q u e g e r a l m e n t e s ã o aplicados
F o n t e : ROMEIRO, A . R . & A B R A N T E S , F.J.
em m a i o r q u a n t i d a d e . Essas culturas são a
soja, o algodão, o trigo, tomate, b a t a t a ,
c e n o u r a , jiló, vagem, m o r a n g o , rosas,
cítricos e h o r t i c u l t u r a . A F i g u r a 5.37
• Uso de Defensivos Agrícolas informa sobre a d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l do
e m p r e g o de d e f e n s i v o s v e g e t a i s p o r
O u s o crescente d e d e f e n s i v o s agrícolas e s t a b e l e c i m e n t o e m Minas G e r a i s .
(herbicidas, f u n g i c i d a s , i n s e t i c i d a s ) , que
a c o m p a n h a a m o d e r n i z a ç ã o da a g r i c u l t u r a , A s o j a , cultura r e l a t i v a m e n t e n o v a em solo
p o d e s e r causa de c o n t a m i n a ç ã o a m b i e n t a l e m i n e i r o , a p r e s e n t a u m a p r o d u ç ã o crescente F o n t e : IBGE, 1975

100
são de difícil controle por parte dos degradação ambiental é apenas um dos - extermínio da fazenda familiar e dos rocha e certas plantas medicinais, que
organismos fiscalizadores da saúde pública. problemas associados ao consumo de sistemas de mercado auto-abastecidos. atuam como catalisadores em processos 'de
Os defensivos clorados, por exemplo, foram agrotõxicos, cujo emprego vem sendo compostagem e manejo de solo. Além dos
proibidos pelo Ministério da Agricultura considerado em estudos recentes (60) como A mudança de uma agricultura intensivamente ritmos e dos preparados biodinâmicos, ê
para uso em horticultura, mas continuam ineficiente também do ponto de vista do química para uma agricultura alternativa relevante o uso de plantas associadas.
sendo utilizados, havendo pouco controle na controle das pragas. poderia aliviar alguns dos efeitos adversos
sua produção e comercialização. indicados e assegurar um sistema agrícola A assimilação de nitrogênio e também de
mais equilibrado a longo prazo. outros nutrientes como o fósforo, pelos
E importante ressaltar que o aumento do cereais ou outras culturas não
número de pragas nas principais culturas Figura 5.38. Evolução dos índices de Podem ser considerados alternativos os leguminosas,e freqüentemente melhorada
brasileiras coexiste significativamente consumo de agrotõxicos e de sistemas de produção que evitam ou excluem se são cultivadas intercaladas com
com o período de maior aplicação e uso de expansão da área colhida o uso de fertilizantes, pesticidas, leguminosas.
defensivos, conforme pode ser visto na reguladores de crescimento e aditivos para
Tabela 5.15. A Figura 5.38, elaborada em a alimentação animal, compostos método intensivo francês
bases nacionais, mostra que o consumo de sinteticamente; que promovam a rotação de
agrotõxicos cresce exponencialmente a culturas, o aproveitamento de resíduos Esse método, desenvolvido perto de Paris
partir de 1964, até atingir um pico em 1974 vegetais, estercos animais e minerais no fim do século passado, partia^de
com um crescimento de 518%, caindo em naturais; que promovam o controle biológico produções em pequenas áreas. Foi
seguida para se fixar, em 1977, num nível de pragas, para manter a estrutura e incorporado pela biodinâmica, e atualmente
383% acima do ano-base. produtividade do solo, e ainda os que está mais desenvolvido nos Estados Unidos.
utilizam adubação verde e plantas leguminosas
para a fixação do nitrogênio no solo.
agricultura ecológica
Tabela 5.15. Evolução do número de pragas
por cultura Nos últimos anos vêm surgindo no País Esse movimento, um dos maiores nos
movimentos não ortodoxos de agricultura, Estados Unidos, foi proposto por
baseados nos mesmos princípios que levaram William Albrecht, professor na
culturas
n9 de pragas a u m e n t o das pragas
ao desenvolvimento de modelos alternativos Universidade de Missouri, cujas pesquisas
1958 1963 1976 1958/63 L958/76 em países da Europa, nos Estados Unidos, no se dirigiam para as relações de
Japão e na Austrália, entre outros. No dependência da saúde animal e vegetal em
abacate 4 4 13 0 9
abacaxi 3 4 4 1 1 Brasil ainda são embrionários os estudos e relação âs características do solo.
alfafa 4 4 5 0 1 a disseminação oficial de tecnologias
algodão 11 17 25 6 14 alternativas de cultivo, restringindo-se a
amendoim 2 4 14 2 12 ação governamental a algumas divulgações Afirma-se freqüentemente que a agricultura
amora 1 1 4 0 3 alternativa apresenta uma produtividade
arroz 7 8 18 1
isoladas sobre técnicas de conservação do
11
bambu 1 2 2 1 1 solo, compostagem e adubação verde. relativamente baixa, comparada com a
banana 1 1 14 0 13
agricultura ortodoxa moderna. Também se
b a t a t a doce 0 1 6 1 6 Tendo em vista que a perda de fertilidade afirma que, como sistema, sua produtividade'
batatinha 6 14
Fonte: ROMEIRO, A.R. & ABRANTES, F.J. nunca seria suficiente para suprir
8 2 8 do solo em Minas Gerais decorrente de
cacau 1 2 18 1 17
processos convencionais de manejo agrícola constantemente a demanda crescente de
café 22 31 33 9 11
assume proporções vultosas, somente as alimentos no mundo. Entretanto, publicações
cana-de- recentes mostram que de maneira geral os
-açücar 6 12 21 6 15 técnicas usuais de conservação do solo
5.1.4.4. Sistemas a l t e r n a t i v o s d e a g r i c u l t u r a mostram-se insuficientes para a correção sistemas biológicos podem mostrar-se tão
capins e
pastagens 2 4 13 2 11 dos efeitos produzidos, pondo a descoberto produtivos quanto os ortodoxos, e há
cítricos 29 34 56 5 27 "A fim de assegurar, a longo prazo, sua mais a necessidade de adoção de métodos exemplos variados dessa afirmação, tanto na
crotolária 2 2 4 0 2 importante exigência - o alimento - a alternativos de <eultivo. Europa quanto nos Estados Unidos. A
cucurbitáceas 3 4 11 1 8 humanidade precisa desenvolver uma produtividade representa apenas um aspecto
eucaliptos 3 3 18 0 15
agricultura auto-suficiente, baseada em da agricultura bem sucedida: fatores "
feij ão 1 1 17 0 16 Em países desenvolvidos da Europa Ocidental qualitativos de produção agrícola também
figo 1 1 15 0 14
ciclos e processos naturais, indefinidamente e nos Estados Unidos, já são praticados
renováveis, e deixar de lado o atual sistema devem ser considerados, e há indícios de que
fumo 4 4 17 0 13 atualmente os seguintes tipos de agricultura os produtos da agricultura orgânica
goiaba 8 10 23 2 15 de agricultura convencional, dependente alternativa:
hortaliças 8 8 29 0 21 quanto a recursos e energia" (31). apresentam maior conteúdo energético e
jabuticaba 6 6 12 0 6 nutricional.
jaca 1 1 8 0 7
agricultura orgânica
As tecnologias agrícolas mecanizadas e
maçã 8 8 24 0 16
altamente intensivas levaram a uma crescente A agricultura orgânica moderna teve sua Conclui-se, portanto, que ainda que o fator
mandioca 2 2 8 0 6
manga 2 2 20 0 18 produtividade e eficiência de trabalho em origem na Inglaterra. Enfatiza a produtividade fosse o único relevante, a
marmelo 4 4 8 0 4 termos de resultados de curto prazo. nutrição do solo através da compostagem, agricultura alternativa deveria ser objeto
milho 3 5 9 2 6 Entretanto, a eficiência energética desses que consiste em manipular convenientemente de pesquisas e programas educacionais,
palmeiras 7 10 16 3 9 sistemas é negativa, gastando-se mais a matéria orgânica, de forma a estimular visando apoiar os produtores convencionais
pêra 7 7 15 0 8 calorias com insumos do que se consegue em a fermentação, obtendo o adubo orgânico que queiram utilizar a agricultura
pêssego 7 7 33 0 26 produtos. De fato, a conversão em alimentos alternativa, a fim de reduzir sua dependência
tomate 6 6 13 0 7
no final do processo (58). Na Europa e
dos insumos não renováveis, representados nos Estados Unidos centenas de dos insumos químicos. Desde que os
trigo 4 6 11 2 7
princípios da agricultura alternativa são
uva 6 9 22 3 16
pelas fontes fósseis de energia e de algumas proprietários rurais já usam largamente
substâncias utilizadas como defensivos e essa abordagem ecológica no cultivo essencialmente os mesmos da maioria dos
total 193 243 593 50 400 fertilizantes, corresponde a uma pressão agrícola. métodos da agricultura de subsistência;
Fonte: PASCHOAL, D. Adilson - Pragas, Praguicidas indesejável e insustentável, a longo prazo, seria também desejável desenvolver um
e Crise A m b i e n t a l - Problemas e Soluções sobre o quadro físico natural. Esse sistema de agropecuária eficiente e
E d i t o r a da F u n d a ç ã o G e t ú l i o V a r g a s , 1 9 7 9 . processo produz alguns efeitos negativos auto-suficiente, evitando-se a imposição de
adicionais, além dos já abordados: agricultura biodinâmica tecnologias inadequadas a ambientes
tropicais e com alta utilização de insumos
Esse tipo de agricultura alternativa, energéticos e materiais escassos.
- os custos crescentes de produção;
Para se promover o uso racional de divulgada pelo austríaco Rudolf Steiner,
defensivos, já foram tomadas em nível - a dependência crescente de energia e a partir de 1924, ê conhecida como Os modelos agrícolas alternativos pretendem,
federal algumas medidas importantes, como fertilizantes químicos, em grande parte agricultura biológica dinâmica ou pois, incorporar uma dimensão ambiental ãs
a exigência de receituário agronômico por importados; simplesmente biodinâmica. Ela inclui os ações antrõpicas no meio rural. Essa
parte do Banco do Brasil, para efeito de princípios da agricultura alternativa preocupação deve, entretanto, ir alem do
financiamento, e a criação, em 1980, do - riscos â saúde animal e humana e â orgânica, agregando-lhe manejos nível de desenvolvimento de técnicas
Centro Nacional de Informações Toxicológicas, segurança alimentar, provenientes do uso específicos. Utilizam-se os preparados agrícolas apropriadas, para incluir uma
no âmbito do Ministério da Saúde. A elevado de pesticidas; ã base de esterco de gado, cristal de análise crítica do próprio sistema de

101
produção agropecuária que ora se instala no Tabela 5.16. Impactos ambientais da Tabela 5.17. Aproveitamento do potencial hidráulico em Minas Gerais, em 31/12/77 (MW)
Estado. exploração de energia

A inclusão de variáveis ambientais na estagio de aproveitamento


definição de uma política agropecuária no em estudos de % do potencial
fontes de energia
Estado é tarefa que está por ser feita. viabilidade
potencial utilizado em
Para tanto, o Sistema Operacional de Ciência hidroelétrica convencional nuclear
bacias hidráulico em em econômica/ a ser relação ao
e Tecnologia poderia ser chamado a
colaborar com o Sistema Operacional de poluição hidrográficas (1) utilização construção investimento estudado existente
Agricultura, na elaboração de propostas de do ar não sim sim
Rio Grande 7.000 5.458 1.380 220 42 77
desenvolvimento agropecuário. A contribuição poluição
dos diferentes órgãos nessa tarefa
permitiria também uma maior integração
térmica não sim sim Rio Paranaiba 7.794 464 5.780 1.550
- 6

operacional, necessária para agilizar a poluição Rio Sao Francisco 3.000 421
- 687 1.892 14

- -5
geração de respostas aos problemas aqui da água não não sim Rio Jequitinhonha 2.000 1,5 1.593 405
assinalados, cada vez mais agudos. Essa radio-
integração encontra-se muito comprometida atividade não não sim
Rio Doce 3.500 182,5
- 1.083 2.293
na atual situação, em que inexiste uma
dinâmica inter-organizacional eficiente, ocupação
Rio Paraíba 600 48
-
7.160 5.133
- 552
5.184
8
27,4
sendo os escassos recursos pulverizados do espaço grande mínima pequena total 23.994 5.575
e os esforços inutilmente duplicados.
Fonte: GOLDEMBERG, J. - Economia e Política (1) potencial hidráulico: provável para aproveitamento
da Energia. Livraria J. Olympio, Fonte: Diagnóstico da Economia Mineira
Rio de Janeiro, 1980. CEMIG - FURNAS
5.1.5. Energia
5.1.5.1. Introdução Dessa forma, a preservação do meio ambiente
assume papel importante na avaliação dos uma das fontes de energia mais promissoras,
novos sistemas energéticos. 11 usinas de álcool em produção no Estado
Muitas têm sido as abordagens da questão não só pelo potencial que representa, como era de 154,9 x IO £/safra (32), conforme
6

energética em seus aspectos econômicos e por ser fonte renovável. Além de culturas mostra a Tabela 5.18.
técnicos - fontes alternativas, efeitos energéticas, como extensões florestais e
sobre a balança de pagamentos- e a inflação,
etc Pouco se tem abordado, entretanto, 5.1.5.2. Recursos energéticos áreas cultivadas de cana e mandioca, as Tabela 5.18. Número de empresas,
fontes de biomassa poderão ser constituídas capacidade i nstalada, produção
sobre os impactos ambientais e sociais da de despejos urbanos e rejeitos agrícolas e efetiva e taxa de utilização
exploração e uso da energia. Esses impactos Se no Estado de Minas Gerais não existem da indústria de álcool em
florestais.
são relevantes, e a longo prazo têm reflexos reservas conhecidas de combustíveis fósseis, Minas Gerais
importantes sobre a economia, tanto em ao contrário o potencial hidroelétrico é ano: 1980
escala mundial quanto em escala regional. bastante substancial, especialmente nos rios O carvão vegetal utilizado na produção do
Grande e Paranaiba. Com o auxílio técnico e ferro gusa provém em grande parte de
Cada um dos sistemas energéticos - petróleo, financeiro do Programa de Desenvolvimento matas nativas, e tende a depender de em operação em analise em estudo
carvão mineral, hidroeletricidade, álcool, das Nações Unidas, a CEMIG e a CANAMBRA reflorestamentos homogêneos, especialmente n9 de
urânio, hidrogênio, lixo, carvão vegetal e Engineering Consultantes realizaram no de eucaliptos, que vêm ocupando grandes áreas empresas 11 9 49
lenha - trazem impactos ambientais sobre o período de 1963 a 1966 um estudo completo no norte do Estado, no Triângulo Mineiro, no
ar, a água e o solo. Entre os grandes capacidade
dos recursos hídricos nas seis principais Alto Jequitinhonha e no Vale do Rio Doce. instalada 154,9 276,6 678,6
efeitos da produção de energia destacam-se bacias hidrográficas do Estado, indicando 0 carvão vegetal é a fonte de energia mais
as alterações climáticas em escala global. como valor provável de potência hidrelétrico utilizada em Minas Gerais, sendo que unidade 10 6
£/safra 1 0 í/safra IO £/safra
6 6

o montante de 23.944 MW. aproximadamente 90% da produção siderúrgica produção


Em escala local esses desequilíbrios nacional a carvão vegetal estão em efetiva 75,6 - -
climáticos são ainda mais intensos, afetando Entretanto, verifica-se que em 1977 pouco Minas Gerais. A quase totalidade do carvão
cidades ou pequenas regiões. Nesse caso as
principais variações climáticas são a
mais de um quarto do potencial hidráulico consumido é produzida no próprio Estado,
sendo complementada por importação do
ut ilização
(%) 49,0 - -
do Estado era efetivamente utilizado.
incidência freqüentede nevoeiro e "fog" e o Conforme indica a Tabela 5.17 , a bacia do Espírito Santo e da Bahia. Fonte: INDI
decréscimo da radiação solar. Inversões Rio Grande é a que apresenta maior
atmosféricas são freqüentes, mantendo a capacidade instalada, cerca de 77% em Quanto ao bagaço de cana, subproduto da
poluição sobre a cidade, com conseqüências relação ao potencial existente. Em todas as Durante muitos anos a lenha foi o grande indústria do açúcar e do álcool, todo ele é
maléficas para a saúde, principalmente das outras cinco bacias hidrográficas a combustível nacional, e em Minas Gerais utilizado para gerar energia para a
vias respiratórias. capacidade instalada e menor que 15%, sendo ainda é usada, principalmente para fins própria indústria do ramo. A participação
que o potencial do Rio Jequitinhonha domésticos e em indústrias cerâmicas de relativa do bagaço no consumo total de
Entretanto, os impactos ambientais da permanece ainda sem qualquer utilização. pequeno porte. Seu uso é mais intenso nas energia é pequena, face â utilização das
exploração energética não se restringem ao Ê importante ressaltar que com o término dos regiões menos desenvolvidas como o norte, outras fontes.
ar. Os recursos hídricos são contaminados projetos em execução, em meados desta década, noroeste e nordeste do Estado, onde e
por ácidos, bases, P 0 ~ , N H , sólidos e DBO.
3
4 cerca de 100% da capacidade do potencial do utilizada na maioria dos fogões. Atualmente Ainda como recurso energético local.
No que concerne aos recursos do solo, os Rio Grande e 80% da capacidade do potencial o volume total de lenha para uso doméstico Minas Gerais dispõe de mais da metade dos
principais efeitos são o lançamento de do Rio Paranaiba estarão sendo aproveitadas. em Minas Gerais se compara ao da utilização recursos de urânio utilizáveis na geração
resíduos e as alterações na ocupação da do carvão vegetal para a siderurgia. de energia nuclear t45). Essas reservas
terra (59). Na Tabela 5.16 são relacionados estão localizadas em Poços de Caldas (23 mil
os principais impactos ambientais da As principais barragens para geração de
toneladas) e no Quadrilátero Ferrífero
exploração de energia. energia estão localizadas nos rios Grande Preocupado com a crise energética, o governo (15 mil toneladas). Outro combustível
(Furnas, Estreito, Volta Grande, brasileiro decidiu desenvolver um esforço no atômico, o tório, também é encontrado no
Porto Colômbia, Marimbondo, Agua Vermelha, sentido de reduzir a dependência do País aos Estado em diversos municípios como Poços de
Com a utilização dos recursos naturais do Peixoto); Paranaiba (Emborcação, Itumbiara, derivados do petróleo, buscando novas fontes Caldas, Araxã, Tapira, Serra Negra e Salitre.
Estado, fontes de energia originadas de Sao Simão) e São Francisco (Três Marias). de energia alternativa. Nessa direção é Porém, as ocorrências de tório ainda não
outros países ou regiões vêm sendo que tem sido desenvolvido nos últimos anos o foram dimensionadas.
substituídas por outras localizadas_no Entre as demais fontes de energia produzidas Plano Nacional do Álcool, visando a
território mineiro. A intensificação de no Estado destacam-se as provenientes da substituição parcial da gasolina. Para
uso de fontes de energia local, em biomassa: carvão vegetal, lenha, álcool e Minas Gerais a meta de produção programada A energia solar apresenta-se como uma fonte
substituição a fontes de energia importada, bagaço de cana. Favorecida pelas condições para 1985 ê de 1,3 bilhões de litros de alternativa para Minas Gerais, considerando
trará, certamente, impactos ambientais. climáticas do Estado, a biomassa surge como álcool. Em 1980 a capacidade instalada nas a vocação natural do Estado para a

102
e x p l o r a ç ã o desse r e c u r s o , s e j a em forma Tabela 5.20. Q u a n t i d a d e e percentagem de consumo d e energia por setores em M i n a s Gerais
d i r e t a , seja p e l a via f o t o s s i n t é t i c a , dada
a g r a n d e ãrea e ao alto índice de insolação fonte de energia
do território m i n e i r o . Pode-se m e n c i o n a r
também como opção e n e r g é t i c a o b a b a ç u , q u e ano/setor óleo óleo gás energia carvão carvão bagaço de total
gasolina querosene lenha
o c u p a uma ãrea de 1 m i l h ã o de hectares no diesel combustível liquefeito elétrica mineral vegetal cana
E s t a d o , p r i n c i p a l m e n t e no vale do Rio
São Francisco. A essas fontes soma-se a
e n e r g i a a n i m a l , já que M i n a s Gerais detém
doméstico
quant. - 329 - - 207 297 21.690
- - - 22.523

os m a i o r e s rebanhos b o v i n o s e e q ü i n o s do % - 0,78 - - 0,50 0,72 - 51,99


- - 54,99
B r a s i l , que são apenas em p e q u e n a p a r t e
utilizados. industrial
quant. - - 212 4.151 - 1.269 - 2. 410 4.642 1.103 13.787

1960 % - - 0,51 9,95 - 3,04


- 5,79 11,13 2,64 33,06

5.1.5.3. P e r f i l d o c o n s u m o e n e r g é t i c o transporte
quant. 3. 235 3 1.906 - - - - - - - 5.141
% 7,75 0,00 4,57 - - - - -
- 12,32
.Há uma carência de dados sobre o uso
s e t o r i a l de combustível p a r a fins
outros
quant. - - - - - 262 - - - - 262

i n d u s t r i a i s , d o m é s t i c o s e de t r a n s p o r t e , % - - - - - 0,63 - - - - 0,63

- - - - - - 24.551
p r i n c i p a l m e n t e sobre as fontes p r i m á r i a s de quant. 393 1.108 640 22.410
e n e r g i a do E s t a d o . Os dados referentes ao doméstico
c o n s u m o de e n e r g i a e l é t r i c a e de derivados
do p e t r ó l e o s ã o muito p r e c i s o s , uma ve2 que
% - 0,57 - - 1,60 0,92 - 32,46
- - 35,55
s a o m e d i d o s ao serem c o m e r c i a l i z a d o s ,
e n q u a n t o o m e s m o não se pode afirmar em
industrial
quant. - - 591 7.118 - 3.118 5.365 2.490 11.002 1.976 31.600

r e l a ç ã o ao consumo de outras fontes de 1970 % - - 0, 86 10,30 - 4,51 7,80 3,60 15,93 2,86 45,86

- - - - -
- - 12.182
e n e r g i a como a lenha e o carvão vegetal. quant. 6. 773 95 5 . 314
transporte
E n t r e t a n t o , pelas informações d i s p o n í v e i s ,
o c o n s u m o de combustíveis pode ser agrupado
% 9,81 0,14 7,69 -
- -
- - - - 17,64
- - -
em q u a t r o setores de u t i l i z a ç ã o : outros
quant. -
- - - 647
- - 647
- -
- d o m é s t i c o : lenha, q u e r o s e n e , gás liquefeito
%
- - - - - 0,93
- - 0,93
e energia elétrica;
doméstico
quant. - 578
- - 2.370* 1.094
- 21.600*
- - 25.642

- i n d u s t r i a l : lenha, carvão v e g e t a l , carvão % - 0,46 - - 1,89 0,87 17,26 - - 20,48


m i n e r a l , óleo c o m b u s t í v e l , b a g a ç o de cana,
e n e r g i a e l é t r i c a e óleo d i e s e l ; industrial
quant. - - 1.683 17.123* - 7.716 12.440 2.400 26.250 3.887 71.499

- t r a n s p o r t e : óleo d i e s e 1 , gasolina , energia 1977


% -
- 1,35 13,69
- 6,17 9,94 1,92 20,98 3,10 57,15

elétrica e querosene; transporte


quant. 11.290* 231 15.143* - -
- - - - - 26.664

- agrícola: óleo diesel, óleo combustível,


% 9,02 0,18 12,10
- - - - - - - 21,30
energia elétrica e lenha.
outros
quant. -
- - - - 1. 319
- - - - 1.319

Em 1977, de acordo com os fatores de


u t i l i z a ç ã o de cada fonte de e n e r g i a
% -
- - - 1,72
- - - - 1,05

(Tabela 5.19), a SEPLAN/MG e s t i m o u a


e s t r u t u r a de consumo e n e r g é t i c o do E s t a d o . (1) 10 9
Kcal
D e v e - s e notar que a e s t i m a t i v a n ã o contemplou * dados estimados
a u t i l i z a ç ã o agrícola. P e l a análise dessa
e s t r u t u r a , p o d e - s e constatar que o índice de Fonte: SEPLAN/MG
p a r t i c i p a ç ã o do consumo d o m é s t i c o sobre o
c o n s u m o total do E s t a d o vem d e c r e s c e n d o
paulatinamente. Em c o n t r a p a r t i d a , o consumo
De acordo com a Tabela 5.19, d e n t r e os r e l a t i v a m e n t e p e q u e n a , 1,89% em 1977. Outro i n c r e m e n t a r seu d e s e n v o l v i m e n t o . Nessa
i n d u s t r i a l vem a u m e n t a n d o sua p a r t i c i p a ç ã o ,
combustíveis u t i l i z a d o s em M i n a s G e r a i s , o c o m b u s t í v e l cuja u t i l i z a ç ã o m e r e c e d e s t a q u e d i r e ç ã o , v á r i o s são o s p r o g r a m a s de p r o d u ç ã o
c o n f o r m e i n d i c a a T a b e l a 5.20. Esse aumento
carvão v e g e t a l ocupa o p r i m e i r o lugar na p e l o seu c r e s c i m e n t o n o p e r í o d o é o c a r v ã o de energia q u e vêm sendo c o n c e b i d o s ou
se deve ao c r e s c i m e n t o da p r o d u ç ã o i n d u s t r i a l ,
participação total de c o n s u m o , sendo usado mineral. C o m e ç o u a ser u t i l i z a d o em m a i o r implementados em M i n a s G e r a i s , tais c o m o o
s o b r e t u d o n a ultima d é c a d a .
quase q u e e x c l u s i v a m e n t e p e l a indústria e s c a l a a p a r t i r de 1963, com a i n s t a l a ç ã o P r o ã l c o o l e o P r o g r a m a de B i o d i g e s t o r e s .
siderúrgica. Em 1960 o c a r v ã o v e g e t a l era da ü s i m i n a s , e sua p a r t i c i p a ç ã o no c o n s u m o
responsável por 11,13% d o consumo t o t a l . t o t a l já em 1977 a t i n g i a 9,94%, o b t e n d o
Já em 1977 a sua p a r t i c i p a ç ã o se e l e v a r a assim a quinta posição entre os
p a r a 20,98%. A lenha vem d i m i n u i n d o ano a combustíveis mais consumidos. 5.1.5.4. M e i o a m b i e n t e e e x p l o r a ç ã o e n e r g é t i c a
Tabela 5,19, Fator de u t i l i z a ç ã o d o ano sua p a r t i c i p a ç ã o no total de e n e r g i a
consumo (%) em 1977 consumida, a p e s a r de o c u p a r a segunda Entretanto, a informação mais importante a O a u m e n t o da a u t o - s u f i c i ê n c i a do E s t a d o em
posição e n t r e os c o m b u s t í v e i s u t i l i z a d o s . ser r e s s a l t a d a na T a b e l a 5.19 é q u e , no termos de a b a s t e c i m e n t o e n e r g é t i c o i m p l i c a r á ,
Sua p a r t i c i p a ç ã o no m e r c a d o c o n s u m i d o r c o n s u m o total de e n e r g i a , a p a r t i c i p a ç ã o c e r t a m e n t e , em impactos a m b i e n t a i s i m p o r t a n t e s ,
fonte de energia doméstico industrial transporte outros d o m é s t i c o , onde ê a p r i n c i p a l f o n t e , c a i u d o s r e c u r s o s e n e r g é t i c o s de o r i g e m no E s t a d o d e s t a c a n d o - s e as m u d a n ç a s na o c u p a ç ã o do
lenha 90 10 _ de 96,30% p a r a 84,23% e n t r e 1960 e 1977, e
100 _ _ (carvão v e g e t a l , lenha, e n e r g i a e l é t r i c a e espaço. Os p r i n c i p a i s p r o g r a m a s e n e r g é t i c o s
carvão
carvão
vegetal
mineral - 100 _ _
vem sendo substituída p r o g r e s s i v a m e n t e p e l o b a g a ç o de cana) é s i g n i f i c a t i v a . Porém, em i m p l a n t a ç ã o , a par de seus impactos
_ _ gás liquefeito e p e l a e n e r g i a e l é t r i c a .
bagaço de cana
- 100
_
essa p a r t i c i p a ç ã o e s t á d i m i n u i n d o . Haja a m b i e n t a i s d i r e t o s , tendem também a alterar
óleo c o m b u s t í v e l
õleo diesel -_ 100
10 90
_ v i s t a q u e em 1960 era de 75,21%, e e m 1977 substancialmente o uso da terra.
_ A d i m i n u i ç ã o da u t i l i z a ç ã o da lenha se d e v e era de apenas 52,02%. M a s a n e c e s s i d a d e de A s u p e r f í c i e t e r r i t o r i a l do E s t a d o será
- 100
gasolina
querosene _ p r i n c i p a l m e n t e ao c r e s c i m e n t o do consumo redução da d e p e n d ê n c i a de f o n t e s e x t e r n a s c r e s c e n t e m e n t e o c u p a d a , seja por á r e a s
71
100 - 29
_ vem o c o r r e n d o de forma c a d a vez m a i s i n t e n s a , inundadas p a r a p r o d u ç ã o de e l e t r i c i d a d e ,
-
gás liquefeito _
de gás l i q u e f e i t o , q u e se elevou de 1.444%
76,2 -
eletricidade 16,4 7,4 e levam a supor q u e o E s t a d o d e v e r á b a s e a r - s e seja por n o v a s c u l t u r a s e n e r g é t i c a s para
no período de 1960/77, a p e s a r de sua
Fonte: SEPLAN/MG p a r t i c i p a ç ã o sobre o c o n s u m o total ser ainda n o s recursos locais de e n e r g i a p a r a p r o d u ç ã o de b i o m a s s a .

103
5.2. Subsistema social
A i n t e n s i f i c a ç ã o da e x p l o r a ç ã o de florestas Figura 5.39. Indicadores s õ c i o - a m b i e n t a i s da p o p u l a ç ã o , as c o n s i d e r a ç õ e s apresentadas
n a t i v a s p e l o uso de lenha ou carvão, p a r a d a q u a l i d a d e d e vida levam a uma c o n s t a t a ç ã o i n i c i a l : o n í v e l
substituir o õleo combustível nas indústrias, m é d i o da q u a l i d a d e de vida em Minas G e r a i s
tende a ser um g r a n d e fator de d e g r a d a ç ã o
ambiental. Mesmo com os g r a n d e s p r o g r a m a s
5.2.1. Qualidade de vida n ã o é s a t i s f a t ó r i o , e o das camadas m a i s
carentes ê intoleravelmente b a i x o . Isso ê
de r e f l o r e s t a m e n t o r e a l i z a d o s no Estado, a tanto m a i s inadmissível q u a n d o se considera
m a i o r parte da p r o d u ç ã o do c a r v ã o v e g e t a l 0 conceito de q u a l i d a d e de v i d a ê impreciso, que esse q u a d r o se insere num m e i o ambiente
p r o v ê m d a s m a t a s n a t i v a s , dos cerrados e como lembra A. M o l e s ( 5 4 ) . Faz parte da f a v o r á v e l , onde a d i v e r s i d a d e dos
das áreas de v e g e t a ç ã o n a t u r a l . Para agravar categoria dos "fuzzy c o n c e p t s " , os e c o s s i s t e m a s pode gerar uma grande
essa tendência, soma-se o u s o da lenha como "conceitos v a g o s " dos a m e r i c a n o s . d i v e r s i f i c a ç ã o de atividades p r o d u t i v a s .
combustível d o m é s t i c o , q u e é intenso nas R e c e n t e m e n t e forjada, a e x p r e s s ã o q u a l i d a d e
p e q u e n a s e m é d i a s c i d a d e s , e m e s m o em de vida aparece c a d a vez com m a i s freqüência A localização das ã r e a s - p r o b l e m a q u a n t o ao
Belo H o r i z o n t e . Em m u i t o s m u n i c í p i o s do tanto na literatura e s p e c i a l i z a d a q u a n t o em n í v e l da q u a l i d a d e de v i d a em Minas Gerais
Estado observa-se q u e as p e r i f e r i a s das p e r i ó d i c o s de ampla d i f u s ã o . Restringir i n d i c a r i a duas regiões c r í t i c a s : p r i m e i r o ,
áreas urbanas apresentam-se absolutamente esse c o n c e i t o a uma d e f i n i ç ã o rígida a p e r i f e r i a das cidades m a i s p o p u l o s a s ,
carentes de v e g e t a ç ã o , devido ao uso da implicaria em esvaziar sua força, q u e p r i n c i p a l m e n t e B e l o H o r i z o n t e , onde se
lenha como fonte de e n e r g i a . encerra uma c o n c e p ç ã o d i n â m i c a , aberta, formam as favelas; s e g u n d o , os mocambos e
f r e q ü e n t e m e n t e uma alusão, uma r e f e r ê n c i a . casebres rurais, e s p a l h a d o s p r i n c i p a l m e n t e
nas regiões de maior o c o r r ê n c i a de
0 a u m e n t o recente da p r o d u ç ã o de álcool p a r a latifúndios i m p r o d u t i v o s . Assim, nessas
s u b s t i t u i ç ã o de p a r t e dos d e r i v a d o s de M u i t a s vezes o termo é e m p r e g a d o como s i t u a ç õ e s , os indicadores m a i s b á s i c o s
p e t r ó l e o , veio c o n s o l i d a r a n e c e s s i d a d e de antinomia de d e g r a d a ç ã o do m o d o de vida. estariam muito comprometidos. A mortalidade
c o m p a t i b i l i z a r - s e o uso da e n e r g i a com o As i n t e r a ç õ e s i n d i v í d u o - m e i o ambiente i n f a n t i l é muito e l e v a d a , a esperança de_
meio ambiente. Isto se deve âs implicações (físico, m a s também s o c i a l ) , q u e se dão v i d a ao nascer muito reduzida, a h a b i t a ç ã o
a m b i e n t a i s a d v i n d a s da e x p l o r a ç ã o e n e r g é t i c a . numa determinada situação, num q u a d r o e o saneamento b á s i c o são p r e c á r i o s ou
Haja v i s t a q u e a p r o d u ç ã o de álcool gera, ambiental, podem receber uma p o n d e r a ç ã o i n e x i s t e n t e s . A n ã o disponibilidade de
para cada litro p r o d u z i d o , a p r o x i m a d a m e n t e q u a l i t a t i v a , c o r r e s p o n d e n d o a um d e t e r m i n a d o m e i o s de produção e o subemprego também
12 litros de v i n h o t o , um resíduo de baixa nível de q u a l i d a d e de vida. Assim, os integrariam a lista dos fatores r e s p o n s á v e i s
concentração, que ê extremamente poluente aspectos a m b i e n t a i s desempenham p a p e l p e l a degradação do m o d o de vida.
q u a n d o lançado n o s cursos d ' á g u a . Essa preponderante na a v a l i a ç ã o do conceito em
p r o p o r ç ã o e a m e t a de p r o d u ç ã o p a r a q u e s t ã o , mas é s o b r e t u d o ao indivíduo, e Esse q u a d r o de carências b á s i c a s d e t e r m i n a
M i n a s Gerais agravam a dimensão do p r o b l e m a n ã o ao m e i o físico, que a q u a l i d a d e de vida F o n t e : SACHS, 1974 i n e x o r a v e l m e n t e a q u a l i d a d e de vida dessas
no E s t a d o . Além d i s s o , a expansão de se r e f e r e n c i a . Isso traz uma conseqüência populações. Nessa c i r c u n s t â n c i a os fatores
m o n o c u l t u r a s por e x t e n s a s áreas compromete m e t o d o l ó g i c a importante. Para se avaliar intermediários e avançados passam a ser tao
evidentemente o equilíbrio ecológico. índices de q u a l i d a d e de vida, é n e c e s s á r i o secundários que d i s p e n s a m c o n s i d e r a ç ã o .
A p r o d u ç ã o de álcool causa também efeitos reunir,aos indicadores q u a n t i f i c á v e i s , - intermediário:
. profissionalização Todavia, a qualidade do h a b i t a t , por exemplo,
indiretos sobre o uso e a o c u p a ç ã o das d e p o i m e n t o s o b t i d o s junto ãs p e s s o a s
. d i s t r i b u i ç ã o da p o p u l a ç ã o pode ser m u i t o comprometida em regiões
t e r r a s , já q u e p r o v o c a o a c i r r a m e n t o da i m p l i c a d a s , ou seja, deve-se levar em conta
. lazer poluídas ou insalubres, configurando um
d i s p u t a entre o u s o do solo p a r a a p r o d u ç ã o a p e r c e p ç ã o q u e os indivíduos têm da
q u a l i d a d e ambiental e da q u a l i d a d e de v i d a . . segurança e t r a n q ü i l i d a d e q u a d r o de baixo índice de q u a l i d a d e de vida
de a l i m e n t o s e para a produção de e n e r g i a .
F r e q ü e n t e m e n t e o termo q u a l i d a d e de vida . transporte; de segmentos menos carentes da s o c i e d a d e ,
aparece a s s o c i a d o a e c o l o g i a , s o b r e t u d o ã m e s m o quando" os indicadores b á s i c o s s ã o
ecologia h u m a n a . Há uma c a r a c t e r í s t i c a elevados.
No q u e se refere ao c a r v ã o m i n e r a l , sabe-se - avançado:
comum e n t r e as duas e x p r e s s õ e s : ambas
q u e a sua u t i l i z a ç ã o como c o m b u s t í v e l também . ambiente c o m u n i t á r i o
pretendem d e s e n v o l v e r uma abordagem O presente trabalho e x a m i n a , a seguir, alguns
e um fator de d e g r a d a ç ã o a m b i e n t a l . A queima . recreação
integrada da r e a l i d a d e , s i t u a n d o - s e alem de dos indicadores b á s i c o s da qualidade de vida
do c a r v ã o m i n e r a l produz fuligem, óxidos de . satisfação^espiritual
uma abordagem e x c e s s i v a m e n t e s e t o r i a l . Com em Minas G e r a i s : e s t r u t u r a e d i s t r i b u i ç ã o
e n x o f r e , metais t ó x i c o s e c o m p o s t o s orgânicos relação â q u a l i d a d e de v i d a , os aspectos . p a r t i c i p a ç ã o na vida do País
. realização p e s s o a l d e m o g r á f i c a , h a b i t a ç ã o , saúde, alimentação,
n o c i v o s ã saúde h u m a n a . E importante p s i c o - s o c i o l õ g i c o s e econômicos se articulam
. liberdade de e x p r e s s ã o . emprego e educação. T e n t a - s e e s t a b e l e c e r as
r e s s a l t a r que esse c o m b u s t í v e l apresenta em com elementos do m e i o ambiente, numa i n t e r - r e l a ç õ e s e x i s t e n t e s entre cada
M i n a s G e r a i s um a u m e n t o e x p r e s s i v o de interação d i n â m i c a . 0 diagrama s u g e r i d o
£ importante e n f a t i z a r q u e os indicadores indicador básico e os aspectos ambientais
c o n s u m o , na medida em que as indústrias, p o r Sachs (70) ilustra essa p r o p o s t a
m e n c i o n a d o s se c o n d i c i o n a m ãs a ele p e r t i n e n t e s .
p r i n c i p a l m e n t e a s i d e r ú r g i c a , estão (Figura 5 . 3 9 ) .
s u b s t i t u i n d o o õleo combustível pelo carvão c a r a c t e r í s t i c a s do m e i o ambiente específico
mineral. ao qual são a p l i c a d o s . Seria n e c e s s á r i o
integrar a cada i n d i c a d o r uma d i m e n s ã o
ambiental q u e p r o p i c i a s s e a interação
Na r e a l i d a d e , se de um ponto de vista
Deve-se r e s s a l t a r q u e a q u a l i d a d e de v i d a
nao se c o n f u n d e com o n í v e l de vida, ainda
dinâmica entre as a ç õ e s a n t r õ p i c a s e a 5.2.2. Estrutura espacial
q u a l i d a d e do m e i o a m b i e n t e . A uma baixa na
estreitamente econômico deve ser dada q u e h a j a uma e s t r e i t a c o r r e s p o n d ê n c i a entre qualidade do m e i o ambiente c o r r e s p o n d e uma 5.2.2.1. E v o l u ç ã o u r b a n a
ênfase ã s u b s t i t u i ç ã o de d e r i v a d o s de os dois c o n c e i t o s . 0 n í v e l de v i d a de uma redução do n í v e l de q u a l i d a d e de vida do
p e t r ó l e o , no que c o n c e r n e ao aspecto p o p u l a ç ã o é u s u a l m e n t e d e f i n i d o em relação grupo social i m p l i c a d o .
ambiental é desejável que se promova a a indicadores de c o n s u m o , ou a uma p o s i ç ã o A ocupação do espaço n ã o o c o r r e de forma
c o n s e r v a ç ã o dos v á r i o s tipos de energia, na p i r â m i d e s o c i a l . Esses i n d i c a d o r e s , aleatória. 0 processo de formação e
e v i t a n d o - s e o d e s p e r d í c i o dos recursos e v i d e n t e m e n t e , q u a l i f i c a m o m o d o de vida, Por se tornar o p e r a c i o n a l , e por sua p r ó p r i a evolução das cidades e s t á i n d i s c u t i v e l m e n t e
naturais. A c o n s e r v a ç ã o de e n e r g i a p a r e c e m a s h ã outros q u e devem ser levados em amplitude, o c o n c e i t o de q u a l i d a d e de v i d a c o r r e l a c i o n a d o com o d e s e n v o l v i m e n t o das
ser um caminho p r o m i s s o r , q u e contempla consideração. deve ser r e f e r e n c i a d o a situações forças p r o d u t i v a s , e é d i r e t a m e n t e afetado
t a n t o os o b j e t i v o s e c o n ô m i c o s de redução de específicas. Os c o m p o n e n t e s válidos p a r a pelas transformações e c o n ô m i c a s . Na m e d i d a
e n d i v i d a m e n t o e x t e r n o , como também os uma região i n d u s t r i a l i z a d a têm p o u c o a ver em q u e constitui um suporte âs atividades
Podem ser enumerados alguns i n d i c a d o r e s de com os de uma r e g i ã o s u b d e s e n v o l v i d a .
o b j e t i v o s de proteção ao ambiente n a t u r a l . q u a l i d a d e de vida, s e g u n d o uma escala de p r o d u t i v a s , o espaço u r b a n o é m a r c a d o , em
Da m e s m a forma, os componentes de uma grande cada conjuntura histórica, pelas formas
p r i o r i d a d e q u e inclui três níveis de c i d a d e p o d e m não ter s i g n i f i c a d o no m e i o
padrões: específicas de o r g a n i z a ç ã o da sociedade,
rural. Em resumo, o conceito ê relativo e tendo em v i s t a os p r o c e s s o s de produção e
No futuro, o elo entre a m e l h o r i a ambiental complexo. Depende das c a r a c t e r í s t i c a s da
e um f o r n e c i m e n t o seguro de e n e r g i a - mínimos: consumo. A análise d o s ciclos p r o d u t i v o s
r e g i ã o c o n s i d e r a d a , e na sua composição nos p e r m i t e concluir q u e âs d i f e r e n t e s
c e r t a m e n t e irá a m p l i a r - s e . 0 d e s e n v o l v i m e n t o . saúde entram um c o n j u n t o de f a t o r e s d i f e r e n t e m e n t e
de n o v a s t e c n o l o g i a s e de a t i t u d e s c a p a z e s . vestuário formas de organização social correspondem
ponderados. formas específicas de o r g a n i z a ç ã o do espaço.
de c o m p a t i b i l i z a r o p r o c e s s o de p r o d u ç ã o e . educação
c o n s u m o de e n e r g i a com a p r e s e r v a ç ã o do . alimentação
m e i o a m b i e n t e , é imperativo n a administração . habitação A p l i c a d a s ã r e a l i d a d e m i n e i r a , onde existem Ê n í t i d o q u e a estrutura urbana de
e c o l ó g i c a dos r e c u r s o s n a t u r a i s . . o p o r t u n i d a d e de trabalho; p r o f u n d o s c o n t r a s t e s entre os níveis de vida M i n a s G e r a i s , p r i n c i p a l m e n t e até 1930, foi

104
estabelecida em função das mudanças impostas produção industrial no Estado, superando A partir de 1970 a industrialização de A distribuição da rede de cidades em
ãs cidades pelas necessidades surgidas a Juiz de Fora no valor da produção industrial. Minas Gerais assume características bem Minas Gerais, segundo a ordem-tamanho,
partir das transformações no processo definidas. Ao mesmo tempo em que se expande indica que as cidades de porte médio, em
produtivo (50). A evolução da rede urbana Com a criação da Cidade Industrial de e se moderniza, o parque Industrial muda 1980, formavam um grupo muito mais sólido
foi condicionada pelas modificações do Contagem em 194 2, a instalação de grandes sua estrutura, devido ao aumento do número do que nas décadas anteriores. A Tabela 5.21
quadro geral da economia mineira, de forma empresas no setor de minerais - Belgo, e da produção das indústrias intermediárias apresenta o crescimento das cidades mineiras
que as alterações e crises econômicas se Usiminas, Mannesmann, Acesita - , a expansão
v
e de bens de capital (47). por estratos de tamanho . Em virtude do
1

traduziram no espaço, e influenciaram a do sistema rodoviário e a instalação da grande aumento do número de municípios no
formação da estrutura urbana. CEMIG em 1952, Belo Horizonte assume Toda essa transformação reflete-se sobre o Estado entre 1960 e 1970, de 482 para 722, e
definitivamente, na década de 1950, a espaço geográfico, particularmente além disso, visando analisar a distribuição
Até 1930 a economia mineira se desenvolveu primazia econômica do Estado. A força sobre o sistema urbano do Estado, que também da rede urbana por estratos de tamanho,
de forma compartimentada e regionalizada, polarizadora da capital estimula se expande, se moderniza e muda de estrutura, tornou-se necessário considerar, para o ano
condicionada pelos varios ciclos econômicos principalmente a integração do Vale do em função das características que assume a de 1960, tanto a população das cidades
que vincularam o Estado ao sistema Jequitinhonha e da área central de nova industrialização. E nítido que o fator existentes, quanto a população dos núcleos
exportador. Nesse período as cidades Minas Gerais. Entretanto, o seu potencial mais importante na reestruturação da que se tornariam sedes de municípios em 1970.
surgem sob o influxo de determinadas polarizador é incapaz de atingir áreas como urbanização mineira é o estilo de
produções destinadas ao mercado externo, o Triângulo Mineiro, o Sul de Minas e a industrialização que vem caracterizando o É clara a perda de posição relativa das
exercendo ora funções de centros produtivos, Zona da Mata, situação que de certa forma Estado. cidades pequenas, embora essa perda não
ora de entrepostos comerciais . Dessa
1
perdura até hoje (24). signifique redução absoluta da população.
forma, a rede de cidades, nessa época, se As industrias intermediárias e, em especial, O fato é que essas cidades apresentam, em
apresentava difusa e desintegrada, Pode-se afirmar que a primazia de as de bens de capital, são fortemente sua maioria, taxas de crescimento menores
polarizada pelos centros urbanos de maior Belo Horizonte, catalisando tanto os atraídas pelas "economias externas" . Dessa 1
que as observadas para os estratos
porte dos Estados litorâneos vizinhos, os investimentos quanto as migrações, dificulta forma, as exigências locacionais da nova superiores. E importante ressaltar que esse
quais centralizavam a exportação dos o aparecimento de centros de porte medio industrialização mineira privilegiam a área estrato, apesar da perda de posição relativa,
produtos mineiros destinados ao mercado integrados ã rede urbana. A primazia da metropolitana e as cidades de porte médio ainda tem 50% da população urbana,
externo, e consumiam os produtos capital, dominando o espaço urbano, atraiu melhor equipadas, cuja posição geográfica percentagem que mostra a significação das
agropecuários do Estado. todas as ligações verticais nos diversos permita fácil acesso aos mercados nacionais. cidades pequenas na estrutura urbana
níveis urbanos, impedindo a emergencia de Assim, face âs características do padrão estadual. Entretanto, o destaque maior se
Ê somente após 1930 que a configuração da um conjunto de cidades médias capazes de industrial prevalecente, as novas indústrias refere ãs cidades médias. Se em 1960 apenas
rede urbana de Minas Gerais se hierarquiza e desempenhar esse papel. estão se instalando ao longo dos eixos 3 cidades se situavam nessa classe (50 a
se integra. Se antes as pequenas cidades Belo Horizonte-São Paulo, Belo Horizonte- 250 mil habitantes), representando 9% da
gravitavam em torno dos centros externos que Somente com a adoção pelo Governo Federal, -Rio de Janeiro, no Triângulo Mineiro e na população urbana, em 1980 esse número se
monopolizavam a comercialização da produção a partir de 1955, de uma política de área metropolitana. Entretanto, novas elevou a 24, correspondendo então a 28% do
de sua área de influência, em 1950 jã eram integração do espaço físico, mediante um indústrias começam a penetrar em direção ao total da população urbana estadual. Por
visíveis as mudanças espaciais, com programa intensivo de construção de Vale do Rio Doce, ao noroeste e norte do outro lado, observa-se o contínuo
delineamento de uma estrutura hierarquizada rodovias, é que se inicia a formação, ainda Estado, sobretudo em Pirapora crescimento das cidades grandes , embora a
2

de cidades, por tamanho. Pode-se afirmar que tímida, de um conjunto de cidades com e Montes Claros. taxas inferiores ãs das cidades médias.
que enquanto o espaço urbano mineiro no potencial para desempenhar o papel de
final do século XIX era compartimentado, mediadoras do espaço urbano mineiro. A implantação ou expansão dessas novas
por volta da metade deste século a atividades industriais representa A Tabela 5.22 apresenta a distribuição
distribuição de cidades jã tem uma estrutura A necessidade de se expandirem os efeitos indiscutivelmente uma nova etapa na regional da população urbana das cidades de
parcialmente integrada. irradiadores do processo de industrialização ocupação do espaço mineiro, com profundas porte médio, em 1980. Constata-se de
do eixo Rio-São Paulo, e a intenção de ligar repercussões nas áreas para onde essas imediato o papel significativo das Regiões
No Brasil a Revolução de 1930 ê um marco de a nova capital em construção com o resto do atividades se dirigem, apesar da contínua I e IV no sistema urbano estadual,
referência da reestruturação da economia País, deram origem a importantes conexões primazia da metrópole estadual. Não obstante representando 62% da população nesse estrato
nacional, quando os setores de base rodoviárias para Minas Gerais. Data dessa a predominância fla Região Metropolitana de tamanno. No caso da Região IV essa
agrãrio-exportadora perdem posição em relação época a implantação, pelo Governo Federal, com relação a rede urbana de Minas Gerais, importância surge face ao crescimento de
aos de base urbano-industrial. Com o das atuais BR-135, BR-381, BR-040, BR-050, observa-se o acelerado crescimento das Uberlândia e Uberaba, respectivamente'
rompimento do modelo agro-exportador pela BR-365 e BR-116. Esse sistema de transporte cidades intermediarias, que estão se terceira e quarta maiores cidades do
crise econômica de 29, e pelo reordenamento possibilitou a_algumas cidades mineiras firmando como poios alternativos de Estado, bem como â emergência regional de 3
das estruturas políticas, com a Revolução ocuparem posição privilegiada na estrutura migração. centros de porte médio em 1980 (Araguari,
de 1930, ganha impulso e se consolida a rodoviária federal, facilitando a expansão Araxá e Ituiutaba). Em contrapartida, as
atividade siderürgico-mineradora em de suas atividades produtivas, e, por Regiões II, V, VI e VII aparecem como
Minas Gerais. conseguinte, do seu tamanho. Tabela 5.21. Distribuição relativa da carentes de centros intermediários relevantes,
população urbana segundo com uma base muito ampla de pequenos centros
Nas duas últimas décadas, Minas Gerais vem classes de tamanho das isolados.
Em conseqüência, a Zona Metalúrgica assume a
primazia no âmbito da economia estadual, passando por mudanças aceleradas no cidades
graças ã indústria metalúrgica, especialmente sistema urbano, estreitamente associadas as período: 1960/70/80 Conforme revelam as Tabelas 5.21 e 5.22,
do minério de ferro. Da mesma forma diversas etapas do desenvolvimento sócio- apesar de Belo Horizonte vir mantendo seu
assiste-se a uma crescente centralização -econômico do Estado, notadamente provocadas 1960 1970 1980
classes
econônica em Belo Horizonte, que expande pelas transformações da estrutura produtiva de tamanho n° de n<? d e n? de
população população população
assim sua área de polarização sobre o norte de bens e serviços, e induzidas pelo U . O O D hab) centros centros centros

e o nordeste do Estado. processo de industrialização. I. pequenas


m e n o s d e 10 656 40% 630 30% 590 23%
10-50 62 33% 81 33t 106 27%

Contudo, a compartimentação observada na Na década de 1960/70 configuram-se mudanças II. medias


3 9% 10 281
ocupação do espaço econômico em Minas Gerais na composição industrial do Estado, as quais 500-200 17% 24
III. grandes
ainda perduraria até o fim da década de se tornam mais bem definidas nos anos 70, 250-2.000 1 lfil 1 20« 2 22%
1940. E nessa época que Belo Horizonte causando impactos na estrutura urbana, e A divisão em cidades pequenas, médias e
total 722 3.653.295 722 5.481.879 722 7.812.635
começa a tomar dianteira em relação ã agravando as profundas disparidades inter- Fonte: IBr.E
grandes obedece o seguinte critério, no
-regionais do desenvolvimento sõcio- que concerne ao numero de habitantes:
-econômico. A estrutura industrial mineira pequenas: ate 50.000 (população urbana)
tem evoluído rapidamente nas duas últimas medias: de 50.000 a 250.000; grandes:
décadas. Jã nos anos 60 evidencia-se uma de 250.000 a 2.000.000; metrópoles: acima
forte queda relativa do setor tradicional de 2.000.000.
da indústria mineira de transformação, ao Reduções no custo da empresa, através de
Exceção ã cidade de Belo Horizonte, criada em passo que os setores de bens intermediários economias resultantes da obtenção de serviços Esse estrato e composto, ate 1970, apenas
conseqüência de fatores económico-industriais e e de bens de capital registram elevado públicos e privados . pelos quais a empresa não por Belo Horizonte: em 1980 agrega-se a
político-administrativos. desempenho no período. paga. esse estrato a cidade de Juiz de Fora.

105
Tabela 5.22. Distribuição regional da Figura 5.40. Distribuição espacial dos centros urbanos de porte médio
população urbana nas cidades
de porte médio
ano: 1980

n° de população
regiões
cidades
habitantes %
I 9 738.254 34
II 1 50.040 2
III 5 299.917 14
IV 5 600.515 28
V 1 59.896 3
VI 151.581
-
1 7
VII - -
VIII 2 256.807 12
total 24 2.157.010 100
Fonte: IBGE

domínio sobre a rede urbana mineira, com um


contínuo crescimento no período de 1960-80,
um conjunto de cidades de porte médio vem
ao mesmo tempo despontando como capazes de
contrapor a força polarizadora da capital,
fortalecendo 'assim o elo mais fraco de toda
a distribuição de cidades em Minas Gerais.
Essas cidades tiveram na última década um
desempenho que ressaltou as suas
características, seja em termos de altas
taxas de crescimento demográfico, do seu
alto poder de absorção de mão-de-obra, seja
em termos de sua importância estratégica na
hierarquia urbana, pela sua potencialidade
como elemento de ocupação territorial e de
difusão do desenvolvimento para as outras
cidades e áreas sob sua influência.

A Figura 5.40 apresenta a localização das


cidades com população urbana superior a
50.000 habitantes em 1980. É importante
verificar a inexistência de centros de porte
médio na Região VII, tradicionalmente
agropecuária. Por outro lado, observam-se
os efeitos da expansão industrial do Estado
de São Paulo e da expansão das fronteiras
agrícolas a oeste do País, nas tradicionais
áreas de polarização externa - Sul de Minas,
Triângulo e Zona da Mata. Além disso,
existem dois grupos de cidades de porte
médio no Estado: o primeiro, ligado â Região
Metropolitana de Belo Horizonte; o segundo,
responsável pela transição entre o espaço
nordestino e o espaço mineiro.

fí importante salientar que essas cidades


médias estão, na sua maioria, localizadas Fonte: CETEC
nos principais eixos de transporte
rodoviário do Estado, o que confirma a
influência do programa de construção de 5.2.2.2. D i n â m i c a p o p u l a c i o n a l população mineira era de 11.497.574, uma queda de natalidade, mas principalmente
rodovias do Governo Federal na estrutura do significando que o incremento populacional em função das alterações nas correntes
espaço urbano de Minas Gerais. De qualquer • Taxa de Crescimento em números absolutos na última década é de migratórias, visto que, notadamente em
forma, se outros fatores favoreceram o 2.146.312 habitantes. Minas Gerais, houve uma queda significativa
crescimento dessas cidades, foram 0 Estado de Minas Gerais conta, segundo dados nas migrações.
principalmente a industrialização e suas preliminares do Censo de 1980 (22), com uma Esse crescimento da população mineira revela
seqüelas que reorientaram o processo de população de 13.643.886 habitantes, aspectos importantes para o planejamento do A Tabela 5.23 mostra que o crescimento
urbanização, por meio de uma nova correspondendo a aproximadamente 11% da Estado. Esse aumento populacional não vegetativo do Estado tem-se mantido constante
configuração ou arranjo do espaço urbano e população do Brasil, sendo superado apenas decorreu propriamente do crescimento quando comparado â média brasileira, 2,38%
da mudança funcional dos centros urbanos. pelo Estado de São Paulo. Em 1970 a vegetativo, já que houve em todo o País, no País e 2,50% em Minas Gerais, na década

106
de 70. A taxa de crescimento demográfico do Figura 5.41. Taxa de crescimento populacional - período: 1970/80
Brasil no período 1970/80 foi de 2,38%; e
a de Minas Gerais de 1,51%. Quanto ã
migração no Estado, houve um decréscimo de
1,45% a.a. no período 1960/70, para
0,99% a.a. em 1970/80.

Tabela 5.23. Taxas de crescimento


demográfico do Brasil e de
Minas Gerais
período: 1960/70/80

1960/70 1970/80
taxas Minas Minas
Brasil Brasil
Gerais Gerais
taxas de crescimento
vegetativo 2,89 3,04 2,38 2,50
taxas de crescimento
demográfico 2,89 1,59 • 2,38 1,51

- -
saldo migratório
líguido -1,45 -0,99

Fonte: SEPLAN/MG

Esses dados revelam um decréscimo de 31,7%


no saldo migratório líquido anual, embora a
migração persista em níveis absolutos
elevados. A queda dessa taxa mostra o maior
poder de retenção populacional dã economia
de Minas Gerais na ultima década, e o fator
de atração que constituiu o desenvolvimento
estadual recente, em vista da perda relativa
do poder de atração dos grandes pólos
nacionais como São Paulo e Rio de Janeiro.
A Figura 5.41 e a Tabela 5.24 retratam o
desigual crescimento populacional do Estado.
Para facilitar a análise, os municípios
foram agrupados em quatro categorias,
segundo as taxas de crescimento:
- decréscimo populacional;
- taxa de crescimento de 0 a 1,51% a.a.;
- taxa de crescimento de 1,51% a 2,5% a.a.;
- taxa de crescimento acima de 2,5% a.a.

Constata-se que 579 municípios - 80,2% dos


municípios do Estado - apresentaram taxas
de crescimento menores que o crescimento
demográfico de Minas Gerais (1,5% a . a . ) .
Entretanto, a informação mais importante da
Tabela 5.24 é que praticamente a metade dos
municípios mineiros (49,7%) tiveram taxas
negativas de crescimento, ao passo que
apenas 71 municípios (9,8%) apresentaram
taxas acima da de crescimento vegetativo
(2,5% a . a . ) . Esses números indicam,
portanto, um significativo movimento de
Base planimétrica extraída do cartograma elaborado pelo
emigração no Estado. Instituto de Geociéncias Aplicadas/1 GA, na escala
11.500 000, e m 1980.

A nível de macrorregião de planejamento, «4° J 4 5 a


4S e

observa-se que as Regiões II e VIII Fonte: IBGE


apresentaram o maior número de municípios
com decréscimo populacional, 70,0% e 78,0%
respectivamente. A seguir vêm as Regiões V
e IV, com respectivamente 65,5% e 54,9% de
seus municípios apresentando taxas de
crescimento negativo. Constata-se, numa freqüência acumulada das No que concerne as taxas superiores as do Através da Figura 5.41 verifica-se que os
classes, que as Regiões VIII e II apresentaram crescimento demográfico estadual, na faixa municípios com taxas mais elevadas de
Em relação ao grupo dos municípios que respectivamente 95,6% e 93,6% dos seus entre 1,51% e 2,5% a.a., sobressaem as crescimento estão dispersos pelo Estado,
apresentaram crescimento positivo, porem municípios com taxas menores do que o Regiões I (18,0%) e III (14,7%), enquanto havendo pequenas concentrações na Região I
com taxas abaixo do crescimento demográfico crescimento demográfico do Estado. Dessa que na faixa de maior crescimento, ou seja, (área de influência da Região Metropolitana
do Estado, observa-se que as Regiões III e forma, essas duas regiões constituíram, acima de 2,5% a.a., ressaltam-se as de Belo Horizonte) e na Região IV {área de
VII apresentaram respectivamente 45,8% e na última década, áreas de forte emigração, Regiões VI e I, com respectivamente 28,9% e influencia-de Brasília).
51,0% de seus municípios nessa categoria. apresentando saldos migratórios negativos. 23,8% dos seus municípios nessa classe.

107
Tabela 5.24. Situação do crescimento demográfico dos municípios de Minas Gerais, por Tabela 5.25. Crescimento demográfico dos municípios de Minas Gerais com menos de 10.000
macrorregião habitantes
período: 1970/80 período: 1970/80

taxa de crescimento municípios população em 1970 população em 19S0


decréscimo de 0 a de 1,5% a acima de total participação participação
classes de tamanho crescimento
populacional 1,5% a.a. 2,5% a.a. 2,5% a.a. n9
negativo
habitantes no Estado habitantes no Estado
<%)
n? de 41 30 22 29 122 207 152 770.166 6,7 693.999 5,1
até 5.000 habitantes
município
Região I 5. 000 t10.000 213 111 1.585.611 13,8 1.490.529 10, 9
% 33,6 24,6 18,0 29,8 100
total 420 263 2.355.727 20,5 2.190.528 16,0
n? de 30 2 127
89 6 Fonte: IBGE
município
Região II
% 70,0 23,6 4,8 1,6 100
1970/80. Dessa forma, embora existam Tabela 5.26. Estrutura regional e taxas de
n? de diferenças substanciais entre as cidades crescimento da população total
61 81 26 9 177 desse polígono, pode-se dizer que num raio de Minas Gerais
município
Região III de 100 km de Belo Horizonte está surgindo período: 1960/70/80
% 34,4 45,8 14,7 5,1 100 uma verdadeira metrópole polinucleada,
devido ã concentração espacial da população taxas de
mineira. estrutura percentual
n? de 10 51
regiões crescimento
28 11 2
município • Distribuição Regional
1960 1970 1980 1960/70 1970/80
Região IV I 20,06 26,02 32,04 4,3 3,6
% 54,9 21,6 3,9 19,6 100 RHBH 9,06 13,98 18,84 6,1 4,6
Um dos graves problemas revelados pelos Belo Horizonte 7,07 10,75 13,21 5,9 3,6
dados preliminares do Censo Demográfico de resto da RMBH 1,99 3,23 5,63 6,6 7,3
n9 de 10 6 58 resto da Região I 11,00 12,04 13,20 2,5 2,4
38 4 1980 em Minas Gerais é o da concentração 15,64 13,75 12,31 0,3
município espacial da população do Estado (51).
II
15,76
0,4
Região V III 17,86
7,45
15,99
7,97 8,54
0,5
2,3
1,4
Segundo o Censo, a distribuição regional IV 2,2
% 65,5 17,2 6,9 10,4 100 desigual da população e o aumento da V 6,39 5,64 5, 00 0,3 0,3
VI 8,19 8,82 8,73 2,4 1,4
concentração populacional em alguns VII 7,07 6,95 6,13 1,4
n9 de 45 municípios, intensificaram-se no último 17, 34 14,86 11,49 0,03
0,2
12 16 4 13 VIII -1,1
município decênio em relação a 1960/70,
Região VI Estado 100,00 100,00 100,00 1,6 1,5

% 26,7 35,5 8,9 28,9 100 A Região I, onde se localiza a


Ponte: SEPLAN/MG

Região Metropolitana de Belo Horizonte,


n<? de 51 lidera o crescimento demográfico mineiro,
19 26 5 1
município caracterizando-se como a única região de emigração. Os pólos regionais de
Região VII imigração do Estado, e apresenta saldo Uberlândia e Uberaba devem ser fatores
37,2 51,0 9,8 2,0 100 migratório positivo e constante. Isso importantes nessa estabilização demográfica.
ocorre devido ao potencial industrial e de
n? de 16 1 91 serviços na área, gue consegue manter e
71 3 regular tanto a população emigrante quanto
As Regiões V, VI, VII e VIII, as mais pobres
município do Estado, persistem como áreas de forte
Região VIII a população ali fixada.
emigração, com destaque para a região do
% 78,0 17,6 3,3 1,1 100 Rio Doce, que pela primeira vez apresentou
Como dado novo em relação à década anterior, crescimento demográfico negativo, e as
Estado 359 220 72 71 722 o Censo Demográfico de 1980 revelou uma regiões do Jequitinhonha e do Alto
queda relativa na taxa de crescimento do São Francisco, com crescimento guase nulo.
% 49,7 30,5 10,0 9,8 100 município de Belo Horizonte, contrastando A expansão da pecuária de corte e dos
com o elevado crescimento nas taxas dos reflorestamentos homogêneos, bem como o
Fonte: IBGE demais municípios da Região Metropolitana, aumento da mecanização das lavouras foram
conforme mostra a Tabela 5.26. fatores propulsores da emigração nessas
Provavelmente isso ocorreu face a dois
regiões. Enfim, o processo de capitalização
fatores principais: a expansão dos parques
industriais dos outros municípios da dos meios de produção na zona rural, através
Cabe destacar que dos 359 municípios que municípios que apresentaram as maiores da concentração das propriedades, contribuiu
tiveram decréscimo populacional no período taxas de crescimento no decênio 1970/80 Região Metropolitana, fixando a mão-de-obra
nas proximidades dos locais de trabalho, e significativamente na dinâmica populacional
1970/80, 263 tinham população inferior a estão localizados dentro de um raio de mais dessas áreas do Estado.
10.000 habitantes. Uma análise populacional ou menos 100 km em relação a Belo Horizonte, por outro lado a crescente valorização dos
dos 420 municípios com menos de 10.000 numa área delimitada por Sete Lagoas - imóveis urbanos em Belo Horizonte.
Em termos percentuais a distribuição
habitantes em 1980, indica uma tendência Divinõpolis - Conselheiro Lafaiete - regional da população pode ser analisada
significativa à perda de população, devido João Monlevade - Sete Lagoas. Â exceção de As outras sete regiões do Estado através da estrutura apresentada na
ao grande poder de atração dos grandes e Ipatinga (12,1% a . a . ) , Uberlândia (6,8%) e constituiram-se, na última década, em áreas Tabela 5.26. A Região I concentrava, em
médios centros urbanos. A Tabela 5.25 Coronel Fabriciano (6,3%), todos os outros de forte emigração, apresentando saldos 1960, 20,06% da população do Estado, e em
mostra que esses municípios detinham, em municípios com altas taxas estão dentro migratórios negativos. Estes últimos anos 1980 esse percentual se elevou para 32,04%.
1970, 20,5% da população total do Estado, e dessa área: Ribeirão das Neves (21,33% a . a . ) . mostram também mudanças significativas no Constata-se, pela Tabela 5.26, que no período
em 1980 a participação desses municípios Contagem (9,69%), Santa Luzia (9,0%), comportamento da concentração regional, de 1960 a 1980 a Região Metropolitana
diminui para 16,4%, o que se traduz, Betim (8,33%), Igarapé (8,07%), embora a Região I continue detendo a taxa dobrou a sua participação percentual,
portanto, na perda de um contingente Ibirité (7,44%), Vespasiano (7,29%), mais alta. 0 que se observou foi uma queda superando significativamente o restante da
populacional de 165.201 habitantes em dez Ouro Branco (6,83%) e Matozinhos (6,43%). no poder de atração das Regiões II e III, própria Região I.
anos. Destaca-se o município de Ribeirão das Neves, zonas de forte emigração. A Região IV
que teve a mais alta taxa de crescimento começa a despontar como área potencialmente Em função disso observa-se que, a exceção da
Além disso, é importante salientar que os populacional de todo o Brasil no decênio retentora de população, se bem gue ainda de Região IV, as demais regiões tiveram as suas

108
participações no total do Estado diminuídas. Figura 5.42. Densidade demográfica
Todas em 1980 tinham percentuais menores que
16,0%. É importante ressaltar que se em
1960 a diferença percentual da Região I
para a segunda região na hierarquia da Governo do
estrutura era de apenas 2,2 pontos, em 1980
essa diferença tinha-se elevado para 16,28 Estado d e Minas Gerais
pontos percentuais. Esse fato confirma o
concentrado crescimento populacional na^ Fundação
Região I, em detrimento das outras regiões Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
do Estado. Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais

Um indicador importante na análise da


distribuição populacional por regiões é a
densidade demográfica. Para o caso de
Minas Gerais, a Tabela 5.27 mostra a
densidade demográfica das 8 macrorregiões
do Estado em 1980. De imediato observa-se
a contrastante ocupação do espaço em
Minas Gerais, face ã baixa densidade da
Região VI e à alta densidade da Região I.

A Figura 5.42 apresenta a densidade


populacional em 1980, por município. Ê
importante notar a influência da
característica mais marcante do povoamento
do País, ou seja, o movimento migratório do
litoral para o interior, na ocupação do
território mineiro. Os municípios das
regiões da Zona da Mata, Sul, Rio Doce e
Metalúrgica e Campo das Vertentes são os
mais densamente povoados, contrastando com
a dispersão'das regiões do Triângulo,
Alto Paranaíba, Alto São Francisco, Noroeste
e Jequitinhonha.

Quanto aos municípios, destacam-se os da


Região Metropolitana, mormente o de
Belo Horizonte, com densidade de
5.319 hab./km , e Contagem com
2

1.680 hab./km . No interior do Estado


2

sobressaem-se os municípios de Ipatinga,


com densidade de 651 hab./km , 2

João Monlevade com 513 hab./km e 2

São Lourenço com 471 hab./km . 2

A análise do incremento populacional total


do Estado confirma indiscutivelmente a
tendência concentradora da população mineira,
e conseqüentemente mostra a desigualdade na
distribuição espacial da população. Apesar
de Minas Gerais possuir 722 municípios em
1980, apenas os 43 municípios com população
superior a 50.000 habitantes concentravam
43,58% da população do Estado, quando em
1950 esses mesmos municípios detinham 22,67%, Limilt at O i l L r o - r » g | .
conforme mostra a Tabela 5.28. Base planimétrica extraída do cartograma elaborado pelo
instituto de Geociencias Aplcadas/IGA, na escala
1.1 500.000. em 1980. Fonte: IBGE, 1980

Tabela 5.27. População residente e densidade demográfica em Minas Gerais, por macrorregião Tabela 5.28. Evolução populacional dos 43 Em termos de aumento populacional do Estado,
período: 1950/60/70/80 municípios mais populosos de esses 43 municípios, 6% dos municípios
Minas Gerais mineiros, absorveram 94,6% do incremento
1950 1960 1970 1980
período: 1950/60/70/80 verificado no decênio 1970/80, contra 73,2%
r e g i õ e s área
população densidade população densidade população densidade população densidade na década anterior, como indica a Tabela
residente demográfica residente demográfica residente demográfica residente demográfica 5.29.
I 47.502 1.384.589 29,1 2.023.043 42,5 2. 989.823 62,9 4.303.945 90,60
II 1.333.897 36,9 1.555.464 43,1 1.581.182 43,8 1.644.512
Entretanto, o incremento populacional
36.058 45,60
43 maiores municípios absorvido pelos 7 maiores municípios
III 62.498 1 . 5 4 3 . 6 7 1 24,6 1.762.573 28,2 1.839.093 29,4 2.082.314 33,31 ano resto do Estado mineiros atesta com mais propriedade a
em população
IV 80.192 579.280 7,2 735.360 9,1 915.541 11,4 1.155.265 14,40 característica concentradora da demografia
habitante % habitante % mineira. Esses municípios , principais 1

V 55.837 527.196 9,4 632.378 11,3 667.629 11,9 686.036 12,28


1950 1.749.768 22,67 5.968.024 77,33
VI 159. 972 568.789 3,5 812.257 5,0 994.657 6,2 1.168.567 7,30 1960 2.784.924 28,42 7.013.956 71,58
VII 78.451 632.660 8,0 735.170 9,3 799.581 10,1 825.412 10,62 1970 4.060.270 35,34 7.424.145 64,66
1980 5.814.477 43,58 7.527.509 56,42 1
Belo H o r i z o n t e , Juiz d e Fora., C o n t a g e m ,
VIII 62.076 1.135.281 18,2 1.523.687 24,5 1.710.070 27,5 1.524.734 24,56
Uberlândia, Uberaba, Governador Valadares
Fonte : IBGE Fonte : IBGE e M o n t e s Cl a r o s .

109
Tabela 5.29. Incremento populacional de Quanto ao aumento populacional por Enfim, a tendência indicada pelo Censo industrial como fator de urbanização nessa
Minas Gerais e dos 43 macrorregião, a Tabela 5.31 mostra que Demográfico de 1980 é que o crescimento região. Com segundo maior grau de
municípios com mais de somente a Região I absorveu 69,3% do populacional em Minas Gerais está restrito a urbanização aparece a Região IV, com 78,2%
50.000 habitantes incremento do Estado, ou seja, mais que o alguns municípios, praticamente os 43 mais de sua população já urbanizada. Conforme
período: 1960/70/80 dobro de todas as demais regiões. Destaca-se populosos, visto que os 679 municípios mostra a Tabela 5.34, essa região foi a que
a Região Metropolitana de Belo Horizonte, restantes absorveram apenas 5,42% do mais se urbanizou no decênio 1970/80,
que absorveu 4 9,0% do incremento total do incremento populacional da última década. aumentando em 18,1% a sua população urbana.
Minas Gerais 43 municípios Estado, indicação significativa da
incremento Assim, considerando que existem em
% concentração populacional em Minas Gerais. Minas Gerais 420 municípios com menos de
habitante habitante
10.000 habitantes, e que esses municípios
1960/70 1.675.063 1.275.346 76,13 estão perdendo população, pode-se
1970/80 1. 854.571 1.754.207 94,58 caracterizar o território mineiro como um Tabela 5.34. Grau de urbanização em Minas
espaço ocupado de forma desigual, preenchido Gerais, por macrorregião
Fonte : IBGE por poucas áreas de alta e média densidade período: 1970/80
Tabela 5.31. Incremento populacional de populacional, e por grandes vazios
Minas Gerais e das demográficos.
pólos regionais do Estado, detinham em 1960 microrregiões população
13,06% da população total, ao passo que em período: 1960/70/80 macrorregião 1970 1980 aumento rural
1980 concentravam 23,8%. Além disso, a • Grau de Urbanização em 1980
Tabela 5.30 mostra que esses municípios, que
representam 1% do total de municípios Estado, regiões,
1960/70 1970/80
No que se refere â situação urbana, os I 78,9 87,5 8,6 12,5
mineiros, absorveram 57,3% do incremento área s incremento % incremento 1 %
resultados preliminares do Censo Demográfico II 49,3 60,6 11,3 39,4
populacional do Estado no decênio 1970/80, Minas Gerais 1.675.063 100 0 1.854.571 100, 0 de 1980 apresentam isoladamente as III 50,9 62, 7 11,8 37,3
quando na década de 60 essa percentagem Regiões II a VIII 654.426 39 L 568.407 30, 7 informações concernentes ã população urbana IV 60,1 78,2 18,1 21,8
fora de 49,7%. Região I 1. 020.638 60 9 1.286.164 69 3 total (sede municipal mais os distritos) e V 49,4 64,4 15,0 35,6
RMBH 716.984 42 8 908.892 49 0 ã população da sede municipal. Em termos VI 29,9 46,4 16,5 53,6
Belo Horizonte 541.702 32 3 527.468 28 4 VII 25,7 34,2
resto da RMBH 175.282 10 5 381.424 20 6
globais, Minas Gerais apresenta um processo 8,5 63,8
resto da Região I 303.654 377.272 acelerado de urbanização. No decênio VIII 35,8 48,8 13,0 51,2
Tabela 5.30. População e incremento 18,1 20 3
1970/80, a população urbana teve um Estado 52,8 67,1 14,5 32,9
populacional nos municípios Fonte: SEPLAN/MG
mais populosos de Minas acréscimo de 2.819.153 habitantes. Nesse
período, a população urbana passou de 53,0% Fonte: IBGE
Gerais
período: 1960/7 0/80 para 67,1% da população total do Estado,
sendo que atualmente a população das sedes
dos municípios já corresponde a
Ponto de relevância a ser levantado ê a aproximadamente 6 0% do total do Estado,
7 maiores municípios* conforme mostra a Tabela 5.33. As Regiões V, III e II vêm a seguir com
queda do município de Belo Horizonte na 64,4%, 62,7% e 60,6% respectivamente de
participação do incremento, caindo de 32% população. As Regiões VI, VII e VIII, apesar
? ?K fP 1 Ç ã 0
1.2 8 0 . 6 7 8 para 28%. Em contrapartida, a periferia de de apresentarem aumentos consideráveis, sao
(hab.) Belo Horizonte acelerou enormemente sua as únicas onde ainda existe predomínio da
1960 participação no incremento, ao dobrar para
Tabela 5.33. Situação urbana de Minas população rural sobre a urbana. Isso se
participação 20% sua parcela no crescimento estadual.
Gerais explica pelo fato de as atividades agrícolas
n o Estado Esse fato se determina pela expansão e extrativas dominarem o contexto econômico
inusitada do crescimento demográfico dos período: 1970/80
(%) 13,6 regional. Entretanto, observa-se um
municípios de Betim, Contagem, Lagoa Santa, movimento migratório urbano decorrente da
Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano,
População 2..113.381 no decênio 1970/80.
introdução, nessas regiões, de novas
população residente 1970 1980 atividades económicas que vêm promovendo
1970 mudanças substanciais nas relações
participação A propósito da desigualdade na distribuição total urbana 6.167 .113 8.986 .266 tradicionais de produção e trabalho.
• no Estado populacional, observa-se pela Tabela 5.32 % 53 ,0 67 ,1 Cita-se a Região V I , que teve o segundo
que a Região Metropolitana de Belo Horizonte maior aumento do grau de urbanização no
{%) 18,39 triplicou a sua participação percentual com sedes 5 .645 .171 decênio 1970/80, aumentando em 16,5% a sua
7 .812,635
relação ã população total do Estado, no % 48,4 58,3 população urbana, como atesta a Tabela 5.34.
? ?K f
(hab.)
P X Ç â
° 3.177.468 período compreendido entre 1950 e 1980. Além
disso, no mesmo período, a sua população em distritos 531.492 1.173.631
19 80 números absolutos aumentou em 5 vezes. % 4,6 8,8
participação Segundo informações da Secretaria de Estado
no Estado rural 5 .477 .982 4.404 .621 do Planejamento e Coordenação Geral de
(%) 23,81 % 47 ,0 32 ,9 Minas Gerais ( 3 ) , todas as macrorregiões
vêm apresentando um movimento emigratorio
incremento 9 32.70 3 Fonte: IBGE rural, em especial as Regiões I, II, III e
V. Em contrapartida, também todas as
1960/70 participação Tabela 5.32. Evolução populacional da macrorregiões apresentam um movimento
Região Metropolitana de Belo imigratório urbano, notadamente as Regiões
no Estado Horizonte - RMBH
(%) 49,7 I, IV, VI e VII. Entretanto, quando se
período: 1950/60/70/80 Apesar de a população dos distritos ter
considera a população total, apenas a
crescido em mais de 50%, o incremento
incremento 1 . 0 6 4 . 0 87 Região I mostra um saldo migratório positivo,
populacional urbano mais significativo
conforme indica a Figura 5.43.
RMBH resto do Estado ocorreu nas sedes municipais. Com relação â
1 9 7 0 / 8 0 participação ano população rural, constata-se, além de uma
no Estado população % população % diminuição em termos percentuais, uma queda Apesar de o Censo Demográfico de 1980 indicar
(%) 57,3 de 47,0% para 32,9%, uma diminuição da que Minas Gerais apresenta um grau de
1950 483.914 6,27 7.233.878 93,73 população em números absolutos de 1.073.361 urbanização relevante, atualmente em torno
habitantes. de 70%, observa-se que 33 das 46
* B e l o H o r i z o n t e , J u i z de F o r a , 1960 896.726 9,15 8.902.154 90, 85 microrregiões estaduais revelam um grau de
Contagem, Uberlândia, Uberaba, urbanização inferior à média do Estado.
1970 1.605.663 13,97 9.881.752 86,0 3 Na verdade, são poucas as microrregiões gue
Governador Valadares e A nível de macrorregião, a Região I é a que
19 80 2.534.576 18.99 ] C. (307. 410 81,01 apresenta o mais alto grau de urbanização, apresentam uma população urbana significativa,
Montes Claros.
com 87,5%,donde se pode inferir a exceção feita às microrregiões de
Fonte: IBGE Fonte : IBGE forte atração exercida pelo desenvolvimento Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba,

110
Figura 5.43. Classificação das macrorregiÕes Figura 5-44. Grau de urbanização por microrregiÕes satisfação pode ser considerada como um
segundo a intensidade migratória indicador de desenvolvimento social e de
período: 1970/79 qualidade de vida. Razões de ordeni política,
econômica, institucional e jurídica ainda
impedem que esse direito seja plenamente
usufruído. Em Minas Gerais o déficit
habitacional atingia, em 1970, 25,7% da
população, e nas grandes cidades é crescente
a população que não dispõe de alternativas,
a não ser viver em assentamentos precários
e favelas, enquanto pequena parcela dos
habitantes seleciona cuidadosamente o local
e as condições habitacionais em que vai
viver.

A intensificação da crise da habitação e o


crescimento das populações marginais em
áreas urbanas é um problema de caráter social
que ocorre na América Latina, incluindo o
Brasil, e a situação habitacional em
Minas Gerais não escapa a esse contexto.

Essa afirmação é reforçada por estudos que


comprovam a tendência das instituições
oficiais da política habitacional, nesta
última década, em beneficiar principalmente
a população de rendas mais altas, em
detrimento das de mais baixo poder
Legenda: aquisitivo. Assim, cada vez gasta-se mais
com um número menor de habitações. No
intensamente imigratória período entre 1968 e 1977, 60% dos
moderadamente imigratória financiamentos foram dirigidos a famílias
cuja renda ultrapassa 5 salários mínimos,
intensamente emigratoria seguindo-se a faixa de renda entre 3 e 5
moderadamente emigratoria salários mínimos. As famílias com renda
entre 1 e 3 salários (66% da população)
praticamente não foram beneficiadas (39).
crescimento líquido observado x 100
Obs.: I.M. = Esses dados mostram que os programas
crescimento líquido esperado habitacionais brasileiros receberam
orientação em que os aspectos econômicos
Fonte : SEPL7AN/MG prevalecem sobre os aspectos sociais.
Atualmente envidam-se esforços no sentido
de redirecionar esses programas, de forma a
reduzir de maneira mais eficaz o déficit
habitacional brasileiro, que em fins da
década passada era estimado em 10 milhões
Divinõpolis e Juiz de Fora. De fato, o que Legenda de moradias .1

acontece é que essas microrregiÕes são as


responsáveis pela elevação do grau de (em %)
urbanização do Estado, em razão da grande Em nossa sociedade e economia, a habitação
população residente nos núcleos urbanos de < 40 não é um bem social, mas uma mercadoria
suas áreas. cujo valor de troca é superior ã capacidade
aquisitiva de grande parte da população,
40 I — 67 marginalizada assim do acesso a condições
Conforme indica a Figura 5.44, o norte,
nordeste e leste do Estado são as áreas onde, habitacionais adequadas.
com algumas exceções, predomina a população 67 I — 80
rural. Por outro lado, as microrregiÕes da
Zona Metalúrgica, do Triangulo, do Sul e da A habitação pode ser entendida,em sentido
Zona da Mata apresentam uma urbanização ' _ o „ o _ c, > 80
estrito, como a residência ou a edificação
relativamente significativa no contexto isolada. Em sentido amplo, ela compreende
estadual. a moradia, a infra-estrutura de apoio e os
Fonte: IBGE, 1980
equipamentos coletivos. Em ambos os casos
Enfim, é importante ressaltar a grande a habitação constitui em si mesma o
diversidade regional do Estado, no que micro-ambiente em que vive uma população.
concerne â população urbana, pois o grau de Trata-se do meio ambiente artificial que,
urbanização varia entre 15,51% e 96,09%, Além disso, o Censo mostra que o processo de crescimento a taxas significativamente para ser edificado e utilizado, demanda
respectivamente na microrregião Mineradora urbanização em Minas Gerais tem-se superiores ãs da grande maioria das outras recursos naturais e energia provenientes do
do Alto Jequitinhonha e na microrregião de desenvolvido com mais rapidez nos grandes e cidades mineiras. meio natural em que está inserido.
Belo Horizonte. médios centros urbanos, comprovando a
existência de fortes correntes migratórias
No que se refere ao grau de urbanização por internas em direção aos centros urbanos mais
município, o Censo Demográfico de 1980 desenvolvidos. A partir da análise do 5.2.3. Habitação
informa que apenas 60 municípios, 8,31% dos incremento populacional e do grau de
municípios mineiros, apresentam uma urbanização, pode-se constatar que o 5.2.3.1. Introdução
população urbana superior a 80,0%, sendo crescimento demográfico do Estado no decênio
que 28 desses municípios têm uma população 1970/80 concentra-se em alguns poucos 0 direito ã habitação é um dos direitos
1
Cifra admitida pela Comissão Parlamentar
total acima de 50.000 habitantes. centros urbanos, os quais tiveram um fundamentais do homem e da família, e a sua de Inquérito sobre o problema habitacional.

111
A conferência da ONU sobre o Habitat, herdados da tradição, o que se revela nos com a auto-construçáo para resolver o A associação de materiais tradicionais e
realizada em Vancouver em 1976, mostrou que materiais, técnicas e processos,, que problema da habitação, a autonomia em modernos pode dar os resultados procurados:
o problema de habitação no Terceiro Mundo incorporam e adaptam pequenas mudanças ao matéria de habitat significa uma reação facilidade de obtenção e manejo, preço
não poderá ser resolvido somente por meios longo do tempo. ã padronização excessiva; baixo, boa durabilidade. Tal ê o caso do
convencionais, com a construção de grandes solo-cimento, mistura que pode mostrar
conjuntos habitacionais, mesmo financiados ótimo desempenho com relação ãs
ou subvencionados pelos governos. Esses Se é verdade que as sociedades tradicionais - princípio das técnicas apropriadas - a características mencionadas . Finalmente, 1

programas habitacionais empregam materiais criaram um leque muito rico de soluções para o produção em série do alojamento ê a utilização de diferentes dejetos
com taxas elevadas de energia incorporada e problema da habitação, é também verdade que intrinsecamente anti-econômica, bem como industriais e agrícolas como material de
muito caros_para estarem ao alcance imediato muitas dessas soluções mostram-se destrutiva social e ecologicamente . A construção, alem de poder satisfazer ã
das populações carentes. Estima-se que o freqüentemente desadaptadas ãs condições do apropriação de "construir" pelas empresas exigência de baixo preço, apresenta ainda a
custo desse tipo de construção seja de meio ambiente natural. A cobertura de sapé imobiliárias provoca a supressão dos vantagem de dar destino útil a materiais
4.000 dólares por unidade (5). Se o é um bom exemplo para ilustrar o problema. artesãos e pedreiros autônomos, bem como poluidores.
déficit habitacional do Brasil for de O uso desse material apresenta varias a substituição de materiais locais pelos
10 milhões de casas, seriam necessários vantagens: é abundante, gratuito, apresenta importados, normalmente mais caros;
cerca de 40 bilhões de dólares para resolver durabilidade razoável, contribui para A utilização das habitações também provoca
o déficit atual, sem contar o número de refrescar o ambiente interno, o camponês impactos sobre o macro-ambiente. Tais
pessoas que a cada ano se incorporam a esse sabe manipulã-lo, e, finalmente, ê bonito. impactos podem ser analisados através de
contingente. Calcula-se que 60% das Entretanto, apresenta o grave inconveniente - princípio da planificação do habitat pela
definição de limites - pode-se controlar cada um dos equipamentos domésticos
habitações novas_atualmente construídas na de ser um Ótimo habitat para o barbeiro, necessários para a operação das habitações.
América Latina são feitas por seus transmissor da doença de Chagas. as ações obrigando os atores a se
conformarem ãs normas (o que bloqueia a Assim, por exemplo, o fogão a lenha,
ocupantes, quer individualmente, quer em
regime de mutirão (6). Nenhum programa criatividade), ou pode-se controlá-las utilizado em 67% dos domicílios mineiros,
governamental parece ser capaz, atualmente, fixando limites ao que eles têm o hábito consome em média 1 metro cúbico de lenha a
de substituir tal esforço, e não se pode O exemplo permite concluir, portanto, que o de fazer a partir de sua iniciativa cada 20 dias para atender ãs necessidades
desconhecer o potencial dessa contribuição. sape deve ser excluído da lista dos própria e ã sua maneira (o que deve ser de uma família média. A disponibilidade de
Caso contrário, o problema da habitação não elementos de cobertura, a não ser que estimulado). lenha, já bastante reduzida, tende a se
será resolvido, os erros na concepção da eventualmente se descubram meios de impedir reduzir ainda mais. Em conseqüência, o
habitação se repetirão, e chegar-se-ia, o barbeiro de se instalar, associando o custo de obtenção do produto tende a
apôs certo tempo, a uma homogeneização sapé a outros materiais, ou desenvolvendo aumentar, assim como serão maiores os
exagerada da habitação, a soluções outras técnicas de utilização. impactos ecológicos decorrentes da coleta
"passe-partout" desesperadamente As características do projeto habitacional de lenha.
uniformizadoras, na opinião de Sachs (68)• Portanto, não há técnicas apropriadas, ou urbanístico são determinadas pelos
definidas "a priori". E necessário ter-se critérios que se adota. Aplicam-se
em conta as características locais e usualmente critérios econômicos - tais como
o custo de construção imediato; critérios Da mesma forma como o abastecimento de
regionais, antes de classificar uma técnica energia, outras instalações domésticas, como
nessa categoria. Um corolário dessa políticos - tal como o prazo de construção,
5.2.3.2. H a b i t a ç ã o e m e i o a m b i e n t e o que condiciona a escolha de tecnologias; o abastecimento de ãgua ou a disposição
afirmativa é que soluções tradicionais não final do esgoto ou do lixo gerado nas
são "a fortiori" apropriadas. ou estéticos - tal como o gosto, o estilo,
a moda em voga. moradias, são elementos de interação com o
Para se avaliar a interação entre habitações macro-ambiente e nele provocam efeitos
e meio ambiente, devem ser explicitados dois diretos.
tipos de impactos: os impactos das edificações No que diz respeito ãs edificações
sobre o meio ambiente natural; e os impactos construídas por grandes empresas ou pelas
agências públicas, a história imediata da Critérios ambientais e de custos integrais
do meio natural sobre as edificações. não vêm sendo usualmente adotados na Oferecer condições ótimas de conforto
construção no Estado mostra sinais
crescentes de adoção de padrões construtivos seleção do que fazer e como fazer no campo ambiental é um dos requisitos prioritários
importados, total ou parcialmente. habitacional. O "eco-desenho" constitui na construção de uma edificação. O conforto
Para a atividade da construção, a exploração ambiental define-se como o ponto de
e transformação dos materiais produzem O estilo internacional de arquitetura que uma maneira alternativa de abordar-se esse
prolifera em nossas cidades provoca problema, de modo a superar os impactos equilíbrio entre a temperatura do organismo
impactos diretos sobre o meio ambiente humano e a temperatura ambiente, que permite
natural. Assim, a construção em madeira problemas graves ao ser transposto para ambientais negativos provocados pelos
nossas condições: preço elevado das estilos de construção hoje predominantes. a realização de atividades normais em
pode contribuir para o desflorestamento; a condições ótimas de satisfação . 2

utilização intensiva do cimento pode construções; desperdício de vários tipos,


provocar a destruição de grutas de valor entre eles o da energia necessária para
climatizar prédios que, se construídos de Dentro desse contexto, o problema dos
arqueológico e a poluição do ar; as materiais de construção ê um dos temas-chave
estruturas metálicas e ferros para forma diferente, não necessitariam de
refrigeração; inadaptação de certos da abordagem do "eco-desenho" aplicado ao A conjugação adequada de variáveis como o
construção podem provocar, por parte das micro-habitat.
metalúrgicas, a poluição do ar; e a extração materiais ãs condições climáticas; a nível de insolação, correntes de ar,
do minério pode provocar a poluição dos falência dos pequenos produtores de localização topográfica e vegetação
cursos d'água. Assimtambém, o uso de materiais tradicionais e dos artesãos, etc. Uma grande parte dos.materiais de construção circundante pode valorizar as
materiais de construção com alto conteúdo convencionais são muito intensivos em características positivas do ecossistema
energético, como o alumínio por exemplo, energia (ferro, alumínio, plástico, e t c . ) , tropical e controlar os fatores que afetam
pode contribuir indiretamente para gerar e sua produção é fortemente monopolizada, negativamente a qualidade da moradia. Os
impactos ambientais associados ã exploração A procura de soluções para o problema do sendo desejável procurar outros materiais
e utilização de energia. Os impactos da habitat implica numa verdadeira "formulação menos caros, mas também viáveis e duráveis,
demanda por recursos naturais variam de um projeto de civilização" (69), indo como alguns materiais convencionais que
conforme a situação espacial da edificação. além de um programa de construção de apresentam taxas reduzidas de energia
Enquanto a habitação rural demanda pequenas prédios. incorporada, e não são muito caros (tijolo,
quantidades de materiais, freqüentemente telha, madeira, e t c ) . Há pesquisas em
disponíveis nos próprios locais em que ela é desenvolvimento que visam melhorar os
edificada, os grandes volumes construídos Turner (72) propôs princípios visando materiais crus (adobe), tornando-os aptos a 1
Em M i n a s G e r a i s o CETEC d e s e n v o l v e u
numa aglomeração urbana demandam materiais estabelecer as bases de uma arquitetura substituir os materiais cozidos. t e c n o l o g i a para u t i l i z a ç ã o d e s s e m a t e r i a l
produzidos industrialmente, cujos processos alternativa: em c o n s t r u ç ã o de h a b i t a ç õ e s de b a i x o
de extração, transporte, transformação e custo .
montagem provocam impactos ambientais mais
intensos em ritmo mais rápido.
- princípio da autonomia em matéria de Materiais tradicionais utilizados "in natura"
habitat - uma casa ê uma reunião de partes (sapé, bambu, cipós, folhas de palmáceas, A s c o n d i ç õ e s d e c o n f o r t o t é r m i c o se
relativamente simples, que ao mesmo tempo e t c . ) , poderiam ser valorizados através do p r o d u z e m g e r a l m e n t e com temperaturas da
Os padrões e estilos de produção de moradia oferece um campo de utilizações vasto e desenvolvimento de tecnologia apropriada, o r d e m de 22 a 25 C a s o m b r a , e com u m a
auto-construída mantêm fortemente os traços complexo. Além de ser necessário contar-se que visasse aumentar a sua durabilidade. u m i d a d e r e l a t i v a de 50 a 6 0 % .

112
padrões construtivos adotados modernamente Os dados de 1960, 1970 e 1976, mostram uma Tabela 5.36. Domicílios permanentes Tabela 5.37. Domicílios permanentes,
entre nós muitas vezes deixam a desejar no importante tendência de concentração segundo as características segundo as condições de
que se refere ã climatização natural. habitacional nas áreas urbanas. de propriedade, por ocupação e situação em
Ê comum e corrente o emprego de artefatos Na Tabela 5.35, que mostra a situação dos macrorregiões de Minas Gerais Minas Gerais
mecânicos para se restabelecer as condições domicílios permanentes em Minas Gerais, período: 1960/70 período: 1960/70
de conforto ambiental necessárias para o observa-se que a predominância rural
desempenho das atividades humanas dentro das verificada em 1960 não mais ocorre em 1970,
edificações. For outro lado as construções e em 1976 o fenômeno se consolida. 19 0 19 70 situação
1960 1970
usadas pelas camadas mais pobres da regiões
prõp n o a aluqados* * p [ ó p r í os ï a luqados* \ número % numero %
população muitas vezes deixam a desejar em l 213 924 59,6 151 190 41 4 343.87S 63,1 20 1.226 36,9
urbana
suas condições de conforto, não tanto pela I r 1 29 784 4 5,4 156 413 i4 6 14S.324 50,4 142.906 49,6
não congest ionado* 565.273 77,6 882.792 77,9
111 141 5F>,0 147 742 44 0 20b.805 58,8 143.947 11,2
qualidade do espaço construído, mas pela sua IV 463 54,2 62 86 4 45 e 54.121 5 3, 1 H3.06Q 4b .9 congestionado** 162.953 22,4 249.902 22,1
escassa quantidade para abrigar muitas Tabela 5,35, Domicílios permanentes,
V 76 042 6 5, 1 40 790 34 9 ?B.892 64,3 43.717 35,7
VI 104 b2b 73,7 37 3B3 26 3 lli.544 65,2 61,777 34, 8 rural
pessoas, gerando a promiscuidade e a segundo a situação em Minas VII 90 005 6P, 7 40 98F> 31 91.S RB 65,3 4 8. 70 4 34, 7 não congestionado* 841.000 79, 4 775.205 80,0
sobre-ocupação das construções. Gerais
VIII \h 3 341 5b , 1 120
757
1 8(J 43
42
9
4
148.947
1.224.096
49, 4
58, 2
152. 30 6 50,6
41,8 congesti onado** 218.662 20,6 19 3 . 8 4 0 2 0 , 0
Estado 1.0 30 334 57,6 554 ft? 7. 6 43
período: 1960/70/80 * a l u g a d o +• o u t r a condição
total
Concebida para dar abrigo ao homem, a F o n t e ; IBGE - SEPLAN/MÍ".
não congestionado* 1.406.273 78,7 1.657.997 78,9
moradia muitas vezes torna-se o habitat congestionado** 381.615 21,3 443.742 21,1
de outras espécies de animais que com ele situação * não congestionado: < 3 pessoas por dormitório
coexistem. Se em alguns casos essa
coexistência e inofensiva, em outros ela ano urbano rural Estado ** c o n g e s t i o n a d o : ~ 3 pessoas por dormitorio
torna-se perigosa e prejudicial ao homem, Fonte: SEPLAN/MG
como ê o caso da convivência com o barbeiro, n<? 728.226 1.059 .662 1.787.888
que, ao alojar-se nas frestas das casas, 1960
vai alimentar-se do sangue humano e % 40, 7 59 , 3 100,0 . característica de ocupação
contaminar a população com a doença de
Chagas. n9 1.132.694 969.045 2.101.739 Na elaboração desse item a SEPLAN/MG dados de 1970, os únicos disponíveis que
19 70 considerou como critério o número de apresentam informações a nível
% 53,9 46,1 100,0 pessoas por domicílio. Essa informação, macrorregional. Esses dados foram
A destruição do habitat primitivo do que traduz a densidade de pessoas numa levantados considerando dois critérios
barbeiro e de seus predadores naturais pode n? 1.586.061 945.331 2.531.392 habitação, deveria ser complementada para a classificação dos domicílios.
ser um fator da intensificação da doença 19 76
100, 0 através de outro estudo que contivesse De um lado os domicílios duráveis, que
de Chagas, que vem se verificando em anos % 62,7 37,3 as dimensões dos dormitórios. Porém, os sao aqueles em cuja construção predominam
recentes. Tal fato reforça a constatação dados existentes não apresentam essas paredes de alvenaria ou madeira preparada,
de que a questão da habitação para o homem Fonte: SEP LAN/MG informações. podendo ainda ser de outros materiais
não pode ser dissociada da questão de seu como a taipa não revestida ou palha,
habitat mais amplo, que abriga também as porem com piso de madeira, cimento ou
outras espécies animais e vegetais que o cerâmica, e cobertura de laje, telha de
circundam. 0 estudo da SEPLAN/MG considerou como barro ou cimento-amianto. De outro lado,
A nível macrorregional, o incremento indicadores para definir a nos domicílios rústicos predominam
habitacional foi pouco significativo, com característica de ocupação as relações paredes em adobe, palha e taipa não
exceção das Regiões I, VI e IV. Houve um que pudessem expressar de forma revestida, com piso de terra e cobertura
5.2.3.3. Situação habitacional grande incremento na Região I, revelando o aproximada o congestionamento ou não dos de palha, esteira ou outros materiais(46).
rápido ritmo de crescimento da domicílios: os dormitórios com menos de
Os estudos realizados a nível governamental Região Metropolitana de Belo Horizonte. 3_ocupantes foram considerados
sobre a habitação em Minas Gerais, não não-congestionados, e os com 3 ou mais Cabe destacar que as construções rústicas
têm dedicado ênfase a questões conceituais pessoas significavam dormitórios compreendem tecnologias largamente
como as levantadas no item precedente. • Características habitacionais congestionados. A Tabela 5. 37 mostra que utilizadas nas zonas rurais, observadas
Predomina nesses estudos uma abordagem de a nível global, pouco mais de 20% dos principalmente nas regiões Noroeste e
caráter econômico-social voltada para a Foram consideradas neste estudo quatro domicílios mineiros apresentavam Vale do Jequitinhonha. Nessas áreas os
identificação de dêficits habitacionais e congestionamento. A maior parte desses domicílios rústicos refletem a situação
características para definir o perfil de
de serviços. A natureza das tecnologias a congestionamentos concentra-se sÕcio-econõmica dos moradores e a
habitabilidade de um domicílio: propriedade, provavelmente na periferia das grandes
serem aplicadas e seus conseqüentes impactos ocupação, condição física e serviços. transitoriedade da habitação, em função
sociais e ambientais não são explicitados cidades. do processo migratório notado na
nesses documentos. Assim, não se explicitam, demografia regional (8).
por exemplo, aspectos relevantes como as • característica de propriedade
inundações e catástrofes que sazonalmente Na Tabela 5.37 pode-se observar também
afetam as populações do Estado. Essa característica refere-se â que praticamente não ocorreu qualquer Para Minas Gerais deve-se ainda
percentagem e ao número total de alteração na ocupação de domicílios entre considerar como fator importante na
habitações próprias ou alugadas. Em 1960 e 1970. E interessante notar que, análise das características físicas o
Minas Gerais o número de domicílios no período, os índices de fato de que as construções rústicas
Os dados utilizados neste diagnostico congestionamento na zona rural são constituem alojamento favorável ã
habitacional são basicamente os constantes próprios apresenta entre 1960 e 1970 um
ligeiro crescimento de 57,6% para 58,2% ligeiramente menores que na zona urbana. domiciliação dos barbeiros, vetores da
do documento sobre habitação elaborado doença de Chagas, que apresenta
pela SEPLAN/MG (46) e do Censo Nacional de em relação aos alugados.
endemicidade em parte significativa do
Saneamento Básico de 1978 . território mineiro. Os estudos da
A nível macrorregional somente a Região
II atingiu em 1970 o índice desejável ecologia desses insetos mostram que o
Observa-se que a nível macrorregional os (2 pessoas por dormitório), e apenas as seu desalojamento, em decorrência do
• Disponibilidade de domicílios dados refletem as respectivas condições Regiões V e VI, além da II, apresentaram desmatamento, faz com que eles busquem
sôcio-economicas. Assim, a Tabela 5.36 uma melhoria nessa relação. As demais refúgio em domicílios rústicos e em seus
A disponibilidade de domicílios por mostra que as Regiões I, II e III regiões do Estado não apresentaram arredores. Nesses locais encontram
habitante apresentou em Minas Gerais ligeira apresentaram aumentos sensíveis dos qualquer evolução na década. ambiente favorável ã sua permanência, e
evolução positiva no período 1960/70. domicílios próprios; jã nas Regiões IV, conseqüentemente ã sua relação com o
Enquanto o incremento populacional nesse V, V I , VII e VIII a participação desses homem e animais domésticos.
período foi de 17,1%, o número de domicílios domicílios diminuiu no período
aumentou em 17,6%, o que gera uma pequena considerado. Em números absolutos, , características físicas
variação no número de habitantes por porém, apenas a Região VIII apresentou A Tabela 5.3 8 mostra a distribuição
domicilio: de 5,48% em 1960, passou para decréscimo do numero de domicílios Para melhor caracterização física das regional dos dois tipos de domicílios.
5,46% em 1970. próprios. habitações, foram considerados apenas os As Regiões VI, VII e VIII apresentam os

113
mais altos índices de domicílios rústicos. quantitativo e qualitativo. Isso porque No que se refere ã rede de esgotos, o Tabela 5.41. Composição do déficit
A Região l i a que apresenta as melhores freqüentemente a qualidade da água quadro se agrava. "Os sistemas de habitacional, por macrorregioes
condições, com apenas 12,4% de seus distribuída ã população não é coleta de esgotos atendem a uma de Minas Gerais (%)
domicílios classificados como rústicos. satisfatória. A maioria dos mananciais população inferior a servida pela rede ano: 1970
captados apresentam pontos de de abastecimento de água e a estrutura
contaminação,' dada a insuficiente existente é deficiente em termos
Tabela 5.38. Domicílios permanentes proteção das bacias drenantes e -ao técnicos e devido aos altos custos.
segundo as características elevado custo da instalação dos sistemas Genericamente, conclui-se que a situação
déficit habitacional
físicas, por macrorregioes de convencionais de depuração. do saneamento básico do Estado não é regiões
Minas Gerais quantitativo qualitativo
satisfatória, sobretudo nos grandes
ano: 1970 centros urbanos, onde a infra-estrutura
Também as águas de cisternas I 4,1 11,9
apresentam-se, com freqüência, altamente é deficiente para atender ao crescente
domi c í l i o s domicílios g. contaminadas. A esse respeito, pesquisa aumento da população, sem contar com o II 3,8 20,1
total
regiões durávei s % rüsti cos 5 realizada pela FJP e pelo CETEC em 1976, elevado preço que esta deve pagar para o
67.547 12, 4 revelou que 92% das cisternas examinadas uso desses serviços sanitários"(46). III 3,3 15,0
T 477.554 87,6 545 . 101
79, 1 60.198 20,9 2 0 8 . 2 30 na periferia de Belo Horizonte se Ainda no que tange as redes de esgoto,
II 288.032 IV 3,8 22,1
III 295.691 84,5 54.061 15,5 349 .752 encontravam fora dos padrões de a Região I e mais bem servida, com um
136.523 77,1 40.658 22,9 177. 181 potabilidade, sendo que 67% apresentavam percentual de 43%. Seguem-se as
IV
Regiões II, IV e III, apresentando V 2,4 18,0
V 100.112 81,7 22.497 18, 3 1 2 2 . 609 altos níveis de contaminação (7). Tal
VI 109.094 61,5 6 8 . 227 38, 5 1 7 7 . 321 contaminação é, em parte, decorrente de percentuais superiores a 31%. Em
contrapartida, a Região VII e a que VI 3,1 37,3
VII 91.254 65,1 49.038 35,9 1 4 0 . 292 problemas técnicos relacionados à
VIII 198.794 66,0 102.459 34,0 301. 2 5 3 construção e proteção da cisterna, e, apresenta o menor percentual (3,9%) de VII 3,0 34,0
Estado 1.6 3 7 . 0 5 4 77,9 464.685 2 2 , 1 2 . 1 0 1 . 739 por isso mesmo, possível de ser sanada. população atendida. Seguem-se as
Por outro lado, essa contaminação pode Regiões V I , VIII e V, com percentuais VIII 2,5 33,2
Fonte: IBGE - SEPLAN/MG ser conseqüência da dificuldade de se inferiores a 21%.
observar, em lotes muito pequenos, o Estado 3,4 21,4
afastamento mínimo de 15 metros entre
A Tabela 5.39 mostra através de dados cisternas e fossas, recomendado pela
globais para o Estado, que as habitações Vale mencionar ainda que em diversas
OMS. comunidades a implantação dos sistemas Fonte : SEPLAN/MG
rústicas apresentam os maiores índices
na zona rural: cerca de 45,7%. Com de coleta de esgoto ocorreu sem
relação aos domicílios duráveis, obediência a projetos, sendo construídas
A Tabela 5.40 apresenta, por extensões de acordo com a evolução do
observa-se que constituem 89,5% nas macrorregião, em valores absolutos e Para minimizar seu déficit habitacional, o
áreas urbanas e 54,3% nas áreas* rurais, crescimento de cada comunidade, e ainda Estado necessita não apenas do crescimento
relativos, a população abastecida por segundo as suas características. Além
compondo pará o Estado um índice de 76,4%. rede de água e servida por rede de do número de casas construídas, mas também
disso, muitas vezes a disposição dos de transformações -na qualidade e natureza
esgoto. Os dados relativos ao esgotos ocorre sem o emprego de qualquer
abastecimento de água mostram que a das edificações oferecidas. Tais
processo de tratamento, sendo os dejetos transformações implicam tanto em mudanças
Tabela 5.39. Domicílios permanentes Região I, como era de se esperar, diretamente lançados nos rios.
encontra-se em situação mais favorável nos processos e tecnologias de construção
segundo as características como no aproveitamento, sempre que possível,
em relação ãs demais regiões, posto que
físicas, por situação em de materiais locais, alem do aprimoramento
6 3,8% de sua população é servida de água.
Minas Gerais das características desses materiais.
Seguem-na as Regiões II, III, IV e V, A análise dessas quatro características
ano: L976 A efetivação dessas transformações requer
com percentuais acima de 45%. As - propriedade, ocupação, condição física e
condições mais precárias encontram-se ainda profundas alterações no modo de se
de serviços, em conjunto, fornece um quadro conceber e construir as habitações,
ituaçao nas Regiões VIII, VI e VII, nas quais os da situação habitacional de Minas Gerais,
percentuais da população abastecida são dotando-as de equipamentos comunitários e
n9 de sob um enfoque exclusivamente domiciliar. infra-estrutura determinados a partir de
domicílios u rb an a rural Estado inferiores a 26%. A seqüência apresentada mostra uma melhoria processos 'de seleção tecnológica que
das condições habitacionais no Estado, incluam critérios ambientais, sociais e
total 1,586.061 945.331 2 .531. 392 embora ainda existam deficiências energéticos atualmente não considerados.
Tabela 5.40. População servida de água e substanciais em alguns setores, especialmente
duráveis 1. 420 .543 513.104 1.933.647
esgotos, por macrorregião de no que tange ãs características dos serviços
% 89,5 54,3 76,4 de abastecimento de água e esgoto sanitário.
Minas Gerais Seria também de grande importância
rústicos 165.515 432 . 229 597.745 ano 1978 estimular as instituições que operam com
% 11,5 45,7 23,6 Outro fator importante é o desequilíbrio os aspectos técnicos, financeiros e
econômicD-social existente entre as diversas jurídicos da habitação, a incluírem
água** esgoto** regiões, e que se reflete diretamente nas critérios ambientais no momento de planejar
Fonte : IBGE - SEPLAN/MG e investir em programas habitacionais.
população condições de habitabilidade das construções.
regi ao hab. % hab. % Dessa forma, considerando apenas dois dos
total*
No que se refere ãs características parâmetros utilizados neste estudo - as O estímulo ã aplicação do eco-desenho, da
I 3. 968 . 734 2 . 5 3 3 . 9 5 9 63,8 1 .705.640 43,0
físicas da habitação, pôde-se observar a características físicas e de ocupação dos arquitetura e do urbanismo bioclimãtico,
defasagem ãs vezes acentuada entre o II 1.616.663 747.029 46,2 582.034 36, 0 domicílios -,foi elaborada a Tabela 5.41, além do estímulo a disseminação de
assentamento urbano e o rural, mostrando 2 .049.949 1 .054.965
que apresenta, para o Estado e oara suas informações sobre o conteúdo energético das
III 52,2 633.934 31,3
que a política habitacional coordenada macrorregioes, os déficits habitacionais edificações e dos materiais de construção
pelo BNH tem favorecido de forma IV 1.095.692 522.563 47,7 386.342 35,3 quantitativos, qualitativos e globais podem constituir-se também em fundamentos
sistemática o urbano, em especial as V 656.449 318.44 3 48,5 134.824 30,5
existentes em 19 70. Deve-se esclarecer que de uma política a ser adotada.
cidades maiores. Esse tratamento o déficit quantitativo é determinado pela
preferencial em relação ãs cidades tem VI 1.151.837 276.643 24,0 77.410 6,7 diferença entre o número de famílias e o Quanto ao habitat rural, sugere-se a
como contrapartida o crescimento dos VII 819.678 97.706 11,9 31.570 3,9 número de domicílios, enquanto que o déficit pesquisa e aplicação de formas de organização
processos migratórios, nos quais as qualitativo é obtido pela adição dos comunitária que reduzam a dependência de
VIII 1.556.771 400.374 25, 7 268.368 17,2
populações de menor poder aquisitivo domicílios rústicos com os domicílios fontes externas de abastecimento de energia,
buscam nas cidades oportunidades para total improvisados. alimentos, etc. Tais orientações podem
melhorarem suas condições de vidá. Estado 12.915.773 5 .951.682 4 6 , 1 3 . 8 2 0 . 122 2 9 , 6 também induzir, a longo prazo, ã
A habitação é fundamental no processo Pode-se observar que a Região VI é a que consolidação de uma rede de assentamentos
de atração de migrantes. Fonte: * IBGE - sinopse Preliminar do Censo apresentava, aquela época, o maior déficit, humanos mais adequada ao ambiente natural.
D e m o g r á f i c o - 1 9 8 0 (dados ultrapassando os 40%. Seguem-se as Regiões
. condições de serviços interpolados para 1978) VII e VIII, com 37,0% e 35,7% Considerando a expressividade numérica da
** B N H - C e n s o N a c i o n a l d e S a n e a m e n t o respectivamente. Inversamente as Regiões I população urbana no Estado, torna-se
O problema do abastecimento doméstico de Básico 1978 - r e s u l t a d o s e'III apresentavam os menores déficits, fundamental dedicar especial atenção ãs
água deve ser analisado nos aspectos preliminares 16,0% e 18,3%. questões ambientais associadas ao

114
ecossistema urbano e ã ecologia urbana, significativa: somente levam em conta a desenvolvimento de hábitos saudáveis de por doenças infecciosas são baixos e os
que vem sendo tratadas de modo fragmentado causa básica de mortalidade. higiene, necessários sobretudo- em sintomas de estados mórbidos mal definidos
e departamentalizado. Uma melhor determinadas regiões onde a ausência de atingem altos coeficientes.
coordenação institucional e a criação de Considerando que a causa básica e saneamento básico ê uma constante.
foros de debates sobre essas questões exclusivamente o fator etiológico Quanto à mortalidade por sintoma e estados
poderiam proporcionar, a curto prazo, determinante da morte, vê-se que tal A Tabela 5.42 mostra, para 1965 e 1975, a mórbidos mal definidos, tudo indica que a
repercussões positivas sobre a qualidade parâmetro traz uma limitação aos participação relativa das doenças população do Estado deve ter tido melhor
de habitat urbano. coeficientes de mortalidade, uma vez que, infecciosas e parasitárias na mortalidade acompanhamento medico em 1975, uma vez que
no caso das sociedades subdesenvolvidas, as nas oito macrorregiões. Em 1965 esse grupo a mortalidade proporcional para esse grupo
causas associadas, que são parâmetros de doenças apresentaram menores coeficientes de causa de óbitos apresentou uma
sociais e ambientais, constituem-se em nas Regiões II,VI, VII e VIII, variando de significativa redução.
5.2.4. Saúde elementos preponderantes para o aparecimento 34,4 a 79,2/100.000 hab. As Regiões III,
da causa básica. 0 coeficiente de IV e V apresentaram coeficientes que Nesse grupo de causa - sintomas e estados
mortalidade geral, por exemplo, expressa variaram de 82,5 a 112,2/100.000 hab., sendo mórbidos mal definidos - a dicotomia
5.2.4.1. I n t r o d u ç ã o
simplesmente o número de pessoas mortas em que a Região I apresentou o maior aumento/redução de mortalidade tem uma
uma população por 1.000 habitantes. Sabe-se coeficiente, 178", 3/100 .000 hab. importância fundamenta], já que à medida
Muitas são as articulações entre a saúde e que o dado é pouco expressivo em relação
o nível da qualidade de vida de uma que aumentam ou diminuem, em
aos prejuízos sociais e econômicos que proporcionalidade direta estará a
população. As variações quantitativas e incidem sobre a população.
qualitativas que ocorrem no setor saúde Tabela 5,42. Coeficientes de mortalidade assistência medica no Estado (Tabela 5.43).
estão diretamente ligadas a fatores sociais, por doenças infecciosas e
econômicos, políticos e culturais. Há de se considerar, ainda, que os dados de parasitárias em Minas Gerais
mortalidade só incluem os óbitos Tabela 5.43. Coeficientes de mortalidade
Dessa forma, o nível de saúde de uma sub-grupos/100.000 habitantes
determinada população esta globalmente registrados em cartórios de registro civil, anos: 1965 e 1975 por grupo de causas de óbitos
vinculado ao grau de desenvolvimento de uma ocorrendo um mascaramento da realidade, pois em Minas Gerais (%)
localidade, região ou Estado. nas regiões menos desenvolvidas, anos: 1965 e 1975
principalmente nas áreas rurais, não se faz outras d o e n ç a s
regiões ano RSB BI RPE infecciosas e total
com freqüência o atestado de óbito. Essa
Uma definição ampla do nível de saúde de uma ocorrência, denominada sub-registro,
parasitárias sintomas e
doenças todas as
população deve^ncluir parâmetros como a descaracteriza em parte o tratamento 1965 103 ,3 48,4 2,6 24,0 178,3 regiões ano
estados
infecciosas e mórbidos mal demais total
nutrição, educação, habitação, as condições I 1975 85,6 31,2 36,7 28,8 182 ,3 parasitárias definidos
estatístico e a abordagem social do assunto,
de trabalho, a distribuição de renda, as o que não aconteceria se os dados sobre a 4,2 79,2
1965 40,0 33 ,3 1965 18,2 37,6 44,2 100
condições de saneamento e outros morbidade estivessem disponíveis, pois II 1975 36,7 18 ,4 1,8 12,1 69,0 I 100
1975 16,2 12,0 71,8
determinantes da qualidade de vida que revelariam dc maneira mais precisa a 1965 86,2 23,9 2,4 9,1 121,6 62 ,7 29,2 100
podem contribuir para o "estado completo de extensão de tais prejuízos. III 82 ,5 II
1965 8,1
197 5 50 ,3 13,2 7,6 11,4 1975 7,9 24,1 68,0 100
bem-estar físico, mental e social e não
somente a ausência de doenças ou transtornos" 1965 30,6 25,6 1,3 48,3 105,8 1965 9,5 57,7 32,8 100
IV III 26,7 64,7 100
que é a própria definição da saúde, segundo Pelo acima exposto poder-se-ia considerar 1975 30,0 15,0 56,7 10,5 112 ,2 1975 8,6
a Organização Mundial de Saúde {40). que a nosologia em Minas Gerais apresenta 1965 52 ,6 18,8 1,4 21,7 94,5 1965 13,1 51,8 35,1 100
um caráter predominantemente ambiental. v IV 1975 13 ,7 21,0 65,3 100
1975 35,1 7,6 48,5 7,3 98 ,5
Entretanto, por dificuldades na obtenção de 1965 12,3 57,4 30,3 100
Dadas as dificuldades inerentes â obtenção informações, somente puderam ser analisados 1965 20,4 8,2 0,6 6,6 35,8 V 1975 14 ,6 10,3 75,1 100
VI
de informações sobre os parâmetros citados, alguns grupos de doenças. 1975 18,4 6,9 16,3 6,5 48,1
1965 9,9 67 ,4 22 ,7 100
recorreu-se, na elaboração do presente 1965 17,4 11,5 0,7 4,8 34,4 VI 45,5 43,5 100
1975 11,0
diagnostico, ã interpretação de parâmetros VII
1975 17,7 6 ,7 8,1 4,8 37,3
• Grupo das Doenças Infecciosas e 1965 9,7 72,9 17,4 100
mais diretamente ligados a ausência de 55,8 VII 52,9 37,6 100
1965 25,6 23,7 0,5 6,0 1975 9,5
saúde. Dentre esses parâmetros foram Parasitárias VIII 9,0 60,9
1975 37,3 12,6 2,0 72 ,1 19,6 100
considerados mais relevantes o coeficiente 1965 8,3
VIII 197 5 9,2 48 ,6 42,2 100
de mortalidade geral, o coeficiente de Por ser o grupo de doenças mais importante O B S . : RSB = r e d u t í v e i s saneamento básico
mortalidade por grupos de causa e o no Estado, especial atenção foi dada a esse RI = redutíveis imunização Fonte: SEPLAN/MG
coeficiente de mortalidade infantil, uma grupo, principalmente aos seguintes RPE = r e d u t í v e i s programas e s p e c i a i s
vez que os dados disponíveis sobre saúde subgrupos: Fonte: SEPLAN/MG
enfocam predominantemente a nosologia Quando se analisa o quadro de mortalidade
prevalente. - doenças redutíveis por saneamento por doenças redutíveis pelo saneamento
básico (RSB); Em 1975 observa-se uma alteração bem básico - RSB, aparece de forma alarmante a
- doenças redutíveis por imunização (RI); significativa. As Regiões II, III, IV, VI, precariedade do saneamento básico em
Além dos dados sobre esses três coeficientes Minas Gerais, Os coeficientes diferem
de mortalidade, foram utilizados neste - doenças redutíveis por programas VII e VIII ainda permanecem com os menores
especiais (RPE). índices nesse grupo de causas de óbitos, bastante de uma região para outra. Vale
estudo dados relativos a esperança de vida repetir que a carência de dados,
ao nascer, e realizou-se uma análise da com coeficientes variando de 32,3 a
Além desses subgrupos serão consideradas 82,5/100.000 hab. Hã de se considerar, principalmente nas regiões mais deprimidas,
estrutura institucional de saúde do Estado. continua alterando o quadro real
Procurou-se através dessa analise revelar isoladamente outras doenças que são entretanto, que as Regiões VI, VII e VIII,
igualmente importantes no Estado. embora permaneçam entre as regiões com (Tabela 5.42).
as orientações adotadas pelos poderes
públicos na busca de soluções para os Cabe salientar que aqui encontram-se a menores coeficientes, tiveram um relativo
problemas básicos de saúde, nas diferentes esquistossomose (RSB e RPE) e a doença de aumento em relação a 1965, ao contrário das Os coeficientes de mortalidade por grupo
regiões do Estado. A distribuição dos Chagas (RPE), principais problemas de saúde Regiões II e III,que apresentaram das doenças RSB apresentaram-se maiores
equipamentos e das ações de saúde, bem como pública em Minas Gerais. decréscimo em seus coeficientes. As Regiões nas Regiões I, III e V, decrescendo nas
a conseqüente possibilidade de acesso da IV e V tiveram aumento em relação a 1965, Regiões II, IV, VI e VIII. A Região VII
população a esses benefícios, receberam Embora as informações disponíveis não sejam apresentando coeficientes de 9 8,5 a apresentou o menor coeficiente de
neste trabalho uma atenção especial. suficientes para precisar os efeitos dos 112,2/100.000 hab. A Região I permanece mortalidade nesse subgrupo.
fatores ambientais agressivos sobre os com maior coeficiente, 182,3/100.000 hab.,
vários tipos de mortalidade, é possível também acrescido em 19 75. Em 1975 o quadro sofre algumas modificações.
relacionar esses fatores ã nosologia Os maiores coeficientes encontram-se nas
5.2.4.2. Q u a d r o nosológíco prevalente. A mortalidade causada por Com exceção da Região I, os dados referentes Regiões I, II, III, V e VIII; com exceção
doenças infecciosas e parasitárias vem ãs demais, principalmente as Regiões II, VI, da Região VIII, que teve seu coeficiente
• Nosologia Prevalente confirmar de forma evidente as mas VII e VIII, devem estar aquém da realidade, acrescido, e da Região VII, que manteve o
condições sanitárias em que vive grande dada a precariedade dos sistemas de mesmo coeficiente, as demais regiões
Na apreciação da nosologia prevalente em parte da população mineira. Além dos registros de óbitos e a falta de assistência sofreram sensíveis reduções.
Minas Gerais foram considerados, como fatores ambientais, a ausência de um médica para diagnosticar a "causa mortis".
mencionado anteriormente, os coeficientes trabalho intensivo de educação, não só a Nota-se esse fato especialmente nas Regiões Dentre as RSB destaca-se a esquistossomose
de mortalidade. Entretanto, esses nível de escola, mas sobretudo a nível da V I , VII e VIII, as mais deprimidas do mansônica, apresentando alta prevalência em
coeficientes apresentam uma limitação muito comunidade como um todo, impossibilita o Estado, onde os coeficientes de mortalidade Minas Gerais. Sua disseminação vem-se

115
a g r a v a n d o em d e c o r r ê n c i a de inúmeros próprios t r i a t o m í n e o s , v e t o r e s da doença de se refere aos p a r â m e t r o s aqui u t i l i z a d o s , redutíveis por imunização, a tuberculose
p r o b l e m a s advindos da d e f i c i ê n c i a ou m e s m o Chagas. Esses barbeiros silvestres, sendo os m e l h o r e s d o E s t a d o . Entretanto, r e p r e s e n t o u mais de 5 0 % dos õ b i t o s . Esses
a u s ê n c i a d o s a n e a m e n t o b á s i c o , alem d a falta p r i n c i p a l m e n t e o Triatoma sórdida e em termos a b s o l u t o s , esses índices são índices elevados e s t ã o associados ã
de h á b i t o s h i g i ê n i c o s da p o p u l a ç ã o . Panstrongytus megistus , deslocam-se p a r a os i n t o l e r a v e l m e n t e e l e v a d o s , ainda m u i t o d e f i c i ê n c i a dos serviços de saneamento e a
A s i t u a ç ã o t o r n a - s e m a i s alarmante na zona domicílios e p e r i d o m i c í l i o s h u m a n o s , afastados dos í n d i c e s dos p a í s e s e s c a s s e z de trabalhos e d u c a t i v o s junto as
r u r a l , onde os h a b i t a n t e s comumente lançam tornando-se espécies adaptadas, desenvolvidos. comunidades. E v i d e n t e m e n t e , por suas
os d e j e t o s d i r e t a m e n t e na superfície d o e p a r a s i t a n d o o h o m e m e os animais d o m é s t i c o s . c a r a c t e r í s t i c a s , a nosología p r e v a l e n t e tem
s o l o ou nos corpos d'água. sua s o l u ç ã o associada a o u t r a s m e d i d a s de
Do p o n t o de vista do combate ã doença de Tabela 5 . 4 4 . N í v e i s d e saúde em M i n a s caráter e s t r u t u r a l , que visem u m a melhor
L e v a n d o - s e em conta q u e os p r i n c i p a i s Chagas em M i n a s G e r a i s , a SUCAM, juntamente Gerais d i s t r i b u i ç ã o da terra e da r e n d a .
b i ó t o p o s da Biomphalaria sp. são as valas com a S e c r e t a r i a de S a ú d e , vem d e s e n v o l v e n d o p e r í o d o : 1960/70
de d r e n a g e m de t e r r e n o s de cultura, os campanhas onde são r e a l i z a d a s atividades de • D o e n ç a s Decorrentes d e Poluição e
r e m a n s o s de r i o s , os b r e j o s , os canais de levantamento de t r i a t o m í n e o s , b o r r i f a ç ã o de Contaminação
i r r i g a ç ã o e os t a n q u e s , p o d e - s e a v a l i a r localidades e de casas onde ocorrem tais taxa de taxa d e esperança
q u ã o numerosos e ativos são os focos de i n s e t o s , b e m como l e v a n t a m e n t o s s o r o l õ g i c o s . m o r t a l i d a d e m o r t a l i d a d e de v i d a Também c o m r e l a ç ã o ãs causas d e m o r t a l i d a d e
regiões
t r a n s m i s s ã o , p r i n c i p a l m e n t e em regiões onde N o e n t a n t o , esse trabalho vem-se infantil geral ao nascer a s s o c i a d a s a o s p r o b l e m a s a m b i e n t a i s , deve-se
predomina a atividade agrícola. Ao grande d e s e n v o l v e n d o de forma p o u c o e f i c a z , d a d a a (7oo> (anos) m e n c i o n a r as doenças d a s v i a s r e s p i r a t ó r i a s ,
n ú m e r o de b i ó t o p o s do m o l u s c o s o m a m - s e falta de recursos h u m a n o s , m a t e r i a i s e que a p r e s e n t a m índices e l e v a d o s ,
I 96,5 12,0 54,1
p r o b l e m a s criados p e l o s d e f i c i e n t e s , ou financeiros. Há de se c o n s i d e r a r também o p r i n c i p a l m e n t e na R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a de
II 86,4 11,5 56,0
m e s m o a u s e n t e s , s i s t e m a s de t r a t a m e n t o de p o u c o e n v o l v i m e n t o da p o p u l a ç ã o nas Belo H o r i z o n t e , q u a n d o c o m p a r a d o s ã m e d i a
III 86,5 11,4 56 ,0
dejetos. campanhas de combate ã doença, em do E s t a d o . Apesar de não se dispor ainda
d e c o r r ê n c i a da a u s ê n c i a de t r a b a l h o s IV 70,6 09,2 59,4
V 76,4 09,9 58,1 de e s t u d o s específicos sobre o assunto
O s constantes m o v i m e n t o s m i g r a t ó r i o s que educativos q u e visem a s u a m o b i l i z a ç ã o , sabe-se que tais d o e n ç a s estão associadas à
p a r a l e l a m e n t e as iniciativas i n s t i t u c i o n a i s . VI 161,4 19,0 44 ,0
acontecem em M i n a s Gerais vêm r e f o r ç a r a VII 235,7 26,8 35,6 p o l u i ç ã o atmosférica.
d i s s e m i n a ç ã o da d o e n ç a , com o d e s l o c a m e n t o VIII 125,6 14,9 49,9
de doentes p a r a áreas indemes ou com o Em e s t u d o s recentes e ainda i n é d i t o s , Estado 90,2 14,5 55,3 A m o r t a l i d a d e por d o e n ç a s r e s p i r a t ó r i a s em
d e s l o c a m e n t o de i n d i v í d u o s sadios p a r a realizados p e l a SUCAM n o p e r í o d o de 1 9 7 5 / 7 8 , 1960, 1970 e 1975 alcançou índices e l e v a d o s
áreas e n d ê m i c a s . c o n s t a t o u - s e a o c o r r ê n c i a de 10 e s p é c i e s Fonte : IBGE no E s t a d o , com 4 2 , 7 ; 46,0 e 45,7 Õbitos por
p e r t e n c e n t e s aos g ê n e r o s Triatoma, 100.000 h a b i t a n t e s , r e s p e c t i v a m e n t e . Esse
A l g u n s aspectos ligados aos m e c a n i s m o s Pans trongylus e Rhodinus em maior p e r c e n t u a l c o n c e n t r a - s e m a i s nas ãreas
i n s t i t u c i o n a i s também podem ser c o n s i d e r a d o s i n t e n s i d a d e , nas diversas regiões do E s t a d o . C o n s i d e r a n d o - s e a taxa de m o r t a l i d a d e u r b a n a s , onde a c o n c e n t r a ç ã o industrial
como a g r a v a n t e s da d i s s e m i n a ç ã o da E n t r e t a n t o , dados sobre as e n q u e t e s infantil m é d i a do E s t a d o ( 9 0 , 2 % ° ) , provoca, em grande escala, a p o l u i ç ã o do a r .
e s q u i s t o s s o m o s e em M i n a s G e r a i s , -como a s o r o l ó g i c a s realizadas em 288 localidades v e r i f i c a - s e que a R e g i ã o I u l t r a p a s s a e s s a Na R e g i ã o Metropolitana d e Belo Horizonte
e x i s t ê n c i a de vários p r o j e t o s implantados m i n e i r a s ainda se e n c o n t r a m em fase de m e d i a , alcançando a t a x a de 9 6 , 5 % o . os í n d i c e s d e Óbitos por d o e n ç a s
p a r a i r r i g a ç ã o de l a v o u r a s , sem se cogitar t a b u l a ç ã o e a n á l i s e , o que impede a P a r a l e l a m e n t e , a e s p e r a n ç a de vida na m e s m a r e s p i r a t ó r i a s são e l e v a d o s , com 100,6; 96,1
de m e d i d a s p r e v e n t i v a s contra a p r o p a g a ç ã o e l a b o r a ç ã o de conclusões mais atuais sobre o região decresce em relação ao E s t a d o , q u e é e 88,1 por 100.000 h a b i t a n t e s ( 4 9 ) .
da d o e n ç a . Além d i s s o , a a u s ê n c i a de aspecto de s aúde públi ca. de 5 5 , 3 , s i t u a n d o - s e em 5 4 , 1 a n o s . As
trabalhos e d u c a t i v o s de p r e v e n ç ã o junto às Regiões IV e V apresentam as m e l h o r e s Com r e l a ç ã o ã industrialização de a l i m e n t o s ,
p o p u l a ç õ e s dessas regiões d i f i c u l t a a Em 1965 o subgrupo RPE a p r e s e n t o u m e n o r e s condições de saúde do E s t a d o . Em resumo, v e r i f i c a - s e que a c r e s c e n t e u t i l i z a ç ã o de
formação de atitudes e h á b i t o s h i g i ê n i c o s índices em relação aos d e m a i s . Sabe-se, no em Minas Gerais os níveis de saúde não se p r o d u t o s q u í m i c o s , quer sob a forma de
p o r p a r t e das m e s m a s . e n t a n t o , que e s s e p e q u e n o n ú m e r o de casos apresentam m u i t o distantes dos níveis d o d e f e n s i v o s agrícolas, quer para a
não retrata a realidade. Em 1975 já se País. T o d a v i a , u m a análise p o r regiões c o n s e r v a ç ã o dos a l i m e n t o s , assim como o
N o subgrupo d a s doenças r e d u t í v e i s p o r r e g i s t r a um aumento c o n s i d e r á v e l de õbitos fisiogrãficas indica discrepâncias recente emprego d e h o r m ô n i o s na p e c u á r i a ,
imunização - R I , a t u b e r c u l o s e ainda nesse s u b g r u p o de d o e n ç a s , e v i d e n c i a n d o m a r c a n t e s , como ê o caso do J e q u i t i n h o n h a , pode provocar a c o n t a m i n a ç ã o de p r o d u t o s ,
c o n t i n u a sendo a m a i o r r e s p o n s á v e l p e l o s p r o v a v e l m e n t e uma m e l h o r i a n o a t e n d i m e n t o onde p r a t i c a m e n t e 25% das crianças n a s c i d a s com graves conseqüências para a saúde h u m a n a .
ó b i t o s , a t i n g i n d o o p e r c e n t u a l de 5 0 % . m é d i c o e n o d i a g n ó s t i c o da "causa m o r t i s " . vivas m o r r e m antes de completar um ano de
Em 1965 a Região II e r a a q u e m a i s se A i n d a assim a situação real n ã o e s t a vida. Outros aspectos r e l a c i o n a d o s ã
r e s s e n t i a desse s u b g r u p o de d o e n ç a s , e m b o r a representada. Os dados relativos ã região industrialização d e alimentos referem-se ã
as demais regiões a p r e s e n t a s s e m í n d i c e s do V a l e do J e q u i t i n h o n h a , p o r e x e m p l o , E m b o r a os p o d e r e s p ú b l i c o s tenham e n v i d a d o m a n i p u l a ç ã o indevida ou ã seleção inadequada
consideráveis. E m 1975, como r e s u l t a d o de comprovam e s s a a f i r m a t i v a , p o i s os b a i x o s e s f o r ç o s importantes no s e n t i d o de m e l h o r a r das m a t é r i a s - p r i m a s , podendo resultar em
c o n s t a n t e s i n i c i a t i v a s g o v e r n a m e n t a i s , os índices a p r e s e n t a d o s contrastam com a o n í v e l geral de saúde da p o p u l a ç ã o , obtendo c o n t a m i n a ç ã o dos p r o d u t o s por m i c r o o r g a n i s m o s
índices d e c r e s c e r a m c o n s i d e r a v e l m e n t e . realidade da r e g i ã o , onde e x i s t e alta r e s u l t a d o s s i g n i f i c a t i v o s em vários s e t o r e s , p a t o g ê n i c o s . Dessa forma, a b r u c e l o s e , a
p r e v a l ê n c i a d a doença de C h a g a s . os i n d i c a d o r e s de saúde m o s t r a m que ainda disenteria bacilar, a salmonelose, a
No s u b g r u p o das d o e n ç a s r e d u t í v e i s p o r há m u i t o o que fazer. t u b e r c u l o s e e a g a s t r o e n t e r i t e podem ser
p r o g r a m a s e s p e c i a i s - R P E , a doença de T o d a s as demais d o e n ç a s i n f e c c i o s a s e v e i c u l a d a s pelo leite, c a r n e s , a v e s , p e s c a d o s
Chagas é a responsável pela maioria dos parasitárias poderiam ser incluídas num A mortalidade infantil, por exemplo, e seus d e r i v a d o s . Outros efeitos nocivos,
õbitos. Devido â d e s a t u a l i z a ç ã o e m e s m o ã s u b g r u p o d e n o m i n a d o "Doenças p o r Outras c o n t i n u a , m e s m o que s u b e s t i m a d a , m a n t e n d o d e c o r r e n t e s da má q u a l i d a d e a m b i e n t a l , d e v e m
a u s ê n c i a de d a d o s d i s p o n í v e i s sobre a Causas". Essas d o e n ç a s apresentaram m a i o r e s níveis e l e v a d o s : 9 0 , 2 õbitos em cada igualmente ser c o n s i d e r a d o s : "a estes
p r e v a l ê n c i a d a doença de Chagas em índices em 1 9 7 5 , em todas as regiões d o 1 . 0 0 0 crianças n a s c i d a s vivas n o p e r í o d o de componentes físicos, p o d e m - s e incluir ainda
M i n a s G e r a i s , t o r n a - s e d i f í c i l a v a l i a r a sua E s t a d o , em relação ao ano de 1 9 6 5 . 1960/70. A p e s a r do decréscimo relativo os de natureza p s i c o l ó g i c a e social,
real s i t u a ç ã o . S a b e - s e , n o e n t a n t o , de sua ocorrido nos últimos anos, as d o e n ç a s r e l a c i o n a d o s com os ruídos e x c e s s i v o s e
o c o r r ê n c i a em p a r t e s i g n i f i c a t i v a do i n f e c c i o s a s e p a r a s i t á r i a s são ainda d e s n e c e s s á r i o s , a solidão, a v i o l e n c i a , o
e Mortalidade Infantil e Esperança d e V i d a c o n f i n a m e n t o , a p r o m i s c u i d a d e , e outros
t e r r i t ó r i o m i n e i r o , onde ê a responsável r e s p o n s á v e i s p e l o s m a i o r e s índices de
p o r 9 0 % dos õ b i t o s das R P E . A p a r t i r da mortalidade no Estado. T a l fato se deve ã f a t o r e 5 que interferem numa sociedade
campanha contra d o e n ç a de C h a g a s , c o n t a m i n a ç ã o da água, do s o l o , dos alimentos sadia" ( 4 9 ) .
E m b o r a os c o e f i c i e n t e s de m o r t a l i d a d e
c o o r d e n a d a p e l a SUCAM, p õ d e - s e c o n s t a t a r i n f a n t i l estejam s u b e s t i m a d o s n a m a i o r i a e do a r , numa associação entre o b a i x o
a o c o r r ê n c i a d e s s a doença n a s Regiões V I , das r e g i õ e s do E s t a d o , as i n f o r m a ç õ e s nível de vida das p o p u l a ç õ e s e uma b a i x a
V I I , IV, V , e m e s m o n a R e g i ã o I. d i s p o n í v e i s p r o p o r c i o n a m u m a visão geral da q u a l i d a d e ambientai, r e s u l t a d o de e f e i t o s de 5.2.4.3. S i s t e m a d e a t e n d i m e n t o
s i t u a ç ã o , como m o s t r a a T a b e l a 5 . 4 4 . ações antrõpicas i n a p r o p r i a d a s .
0 p r o c e s s o a c e l e r a d o de d e v a s t a ç ã o da à Região VII c o r r e s p o n d e a m a i o r taxa de • Estrutura Institucional
vegetação natural por que tem passado o m o r t a l i d a d e i n f a n t i l , assim como a m a i o r As d o e n ç a s infecciosas e p a r a s i t á r i a s ,
E s t a d o , em c o n s e q ü ê n c i a da e x p a n s ã o das t a x a de m o r t a l i d a d e g e r a l n o E s t a d o . p r i n c i p a l m e n t e as e n f e r m i d a d e s e n t é r i c a s , "Os r e c u r s o s que a comunidade destina ao
ãreas de c a r v o e j a m e n t o e do d e s m a t a m e n t o C o n s e q ü e n t e m e n t e , a e s p e r a n ç a de v i d a ao de v e i c u l a ç ã o h í d r i c a , apresentam o m a i o r c u i d a d o , proteção e r e c u p e r a ç ã o da saúde,
p a r a a i m p l a n t a ç ã o de culturas h o m o g ê n e a s n a s c e r é ali r e d u z i d a . As R e g i õ e s VI e VIII p e r c e n t u a l dos ó b i t o s , 8 0 % , dentre as doenças não p o d e m ser c o n s i d e r a d o s u n i c a m e n t e c o m o
de e u c a l i p t o , p i n h e i r o e ãreas de p a s t a g e n s , também a p r e s e n t a m altas taxas de m o r t a l i d a d e r e d u t í v e i s p o r s a n e a m e n t o b á s i c o . N o que se um g a s t o , m a s também como uma inversão em
p r o v o c a o d e s a l o j a m e n t o d a fauna n a t i v a de infantil, mortalidade geral e baixa refere ãs d o e n ç a s redutíveis p o r programas capital humano. 0 cuidado com a saúde n ã o
a v e s , m a m í f e r o s - fonte de a l i m e n t o d o s e s p e r a n ç a de v i d a . As demais regiões e s p e c i a i s , a d o e n ç a de Chagas é responsável ê simplesmente o somatório d e um grande
t r i a t o m í n e o s - e c o n s e q ü e n t e m e n t e dos a p r e s e n t a m n í v e i s de saúde s i m i l a r e s n o que p o r 90% dos õbitos n o E s t a d o . Das n ú m e r o d e ações p r e v e n t i v a s ou c u r a t i v a s .

116
mas é por si só, um sistema com uma significativamente mais elevados: 1.585 aos outros municípios e feita semanalmente 5.2.5.2. D i e t a s a l i m e n t a r e s e m e i o a m b i e n t e
estrutura específica, no qual os aspectos instituições, das quais 977 oferecem ou até mesmo quinzenalmente. A melhoria
da produção (não apenas o número, mas também internamento, e 608 destinam-se ã assistência verificada nos últimos anos está ainda muito Ao mesmo tempo em que exigem, para serem
o tipo de intervenções médicas) e distribuição ambulatorial. A Região I continua a aquém das necessidades. A região continua produzidos, o emprego de insumos materiais
(sistema produtivo) estão intimamente concentrar o maior número delas, 464 muito carente de atendimento médico. e energéticos provenientes do meio ambiente,
correlacionados. A efetividade de tal instituições. Seguem-se, por ordem os alimentos são, eles próprios,
sistema de saúde não pode ser medida em decrescente, as Regiões III, II, IV e VIII, Quanto aos auxiliares de enfermagem e fornecedores de energia.
termos da quantidade dos diferentes serviços com 315, 286, 153 e 118 instituições. As parteiras práticas, a discrepância se acentua
médicos providos, mas sim em termos do menores concentrações estão nas Regiões V, ainda mais em todo o Estado, como demonstra
impacto^que ele tem na situação da saúde da VII e VI, com 94, 80 e 75 instituições, Ecologicamente a questão alimentar pode
a Tabela 5.46. Cabe ressaltar a importância ser abordada em termos de cadeias alimentares
população como um todo" (49). re spect ivamente. do trabalho desses profissionais que, e níveis trõficos. As cadeias alimentares
depois de treinados, estão capacitados a são as transferências de energia alimentar
Sobretudo durante a última década ocorreu Observa-se que a Região I, apesar de contar cobrir a deficiência de médicos, os quais, desde os produtores básicos, as plantas,
uma expansão dos serviços de saúde por todo com maior número de instituições e com normalmente, atendem apenas esporadicamente para os animais herbívoros (consumidores
o Estado, com a criação dos centros regionais maiores facilidades de acesso aos serviços nos pequenos municípios. Além desse primários), até os animais carnívoros
de saúde, e de postos e ambulatórios a eles de saúde, apresentou o maior índice de aspecto, a não capacitação do quadro de (consumidores secundários), que comem os
vinculados. Ainda assim o quadro apresenta mortalidade por doenças infecciosas e pessoal de nível médio e auxiliar limita herbívoros. Cada um desses elos da cadeia
deficiências quantitativas e qualitativas, parasitárias (Tabela 5.42). Essa aparente sobretudo os trabalhos relacionados com a alimentar representa um nível trõfico.
com desequilíbrios evidentes entre as contradição pode ser explicada pela maior prevenção de doenças transmissíveis através O homem está entre as espécies que assimilam
diversas regiões do Estado. precisão na determinação da "causa mortis", da educação sanitária, que exige equipes energia de vários níveis trõficos. Como a
como foi discutido anteriormente. treinadas e capacitadas para realizá-la. cada transferência de energia de um nível
A estrutura institucional de Minas Gerais, Não é o número de instituições atuantes para outro, grande parte dessa energia é
no setor saúde, foi classificada em duas numa determinada região que conduz â degradada, quanto mais curta for a cadeia
categorias: assistência ambulatorial e melhoria da prestação de serviços de saúde. alimentar maior será a energia disponível.
A coexistência de várias instituições Tabela 5.46. Numero de médicos e auxiliares
internação. A Tabela 5.45 mostra a de saúde por macrorregiões, e A Figura 5,45 apresenta um esquema da
distribuição dessa estrutura em 1960 e 1975, estaduais, federais e particulares, com cadeia trófica e da ciclagem de nutrientes
métodos, objetivos e formas de ação a relação por 10.000 habitantes
por macrorregiões. em Minas Gerais em um ecossistema.
diferentes, conduzem ã superposição de
trabalhos e, conseqüentemente, ao desperdício ano: 1977
Tabela 5.45. Estrutura institucional de de recursos humanos e econômicos. Além Figura 5.45. Cadeia trófica e ciclagem de
saúde em Minas Gerais, por disso, cria-se uma certa indefinição quanto auxiliar de nutrientes em um ecossistema
médico e
macrorregiões ao gerenciamento das áreas. Haja vista que regiões médicos
médico/ enfermagem auxiliar/
auxi1iar/
a região do Vale do Jequitinhonha, embora 10.000 hab. e parteira
pratica
10.000 hab.
10.000 hab.
¡.IOC0KVERS0HE3 PWUAPHOS BIOCONVEBSOIES SECUNDARIOS
possua 30 instituições - a níveis federal, I 4.542 11,7 2.115 17,2
5-5
número de instituições estadual e particular (leigas e religiosas)- II 970 5,9 131 0,8 6,7
atuando na área de saúde e saneamento, ITT 756 3,9 92 0,5 4,4
regiões ano com sem apresenta um quadro de depressão em muitos IV 640 5,9 43 0,4 6,3
total V 171 2. 5 24 0,4 2,9
internamento internamento de seus aspectos básicos de saúde (8). VI 208 1 , 8 32 0,3 2, 1
VII 84 0,9 11 0,1 1,0
T
1965 373 247 126 VIII 339 1,9 33 0,2 2,1
i 1975 464 293 171 Estado 7.710
- 2.481 -
-
• Recursos Humanos Fonte: SEPIAN/MG
1965 217 147 70
II 80
1975 2 86 206 Os 7.710 médicos inscritos no Conselho
1965 260 169 91 Regional de Medicina até 1977 distribuem-se
III de forma desordenada no Estado,
1975 315 19 5 120
concentrando-se principalmente na 5.2.5. Alimentação
19 6 5 114 49 65 Região Metropolitana e nas cidades de
IV 15 3 84
1975 69 porte médio. 5.2.5.1. I n t r o d u ç ã o
1965 76 45 31
V 40 A Região I, como ê de se esperar, concentra
1975 94 54 £ do meio ambiente que o homem extrai todo
o maior número desses profissionais, alimento que lhe dá energia para seu
1965 63 43 20 atingindo o percentual de 58,9. Em ordem
VI 35 sustento. Nesse processo, o homem altera Fonte : Inf orme Agropecuário, Belo Horizonte, 5_
1975 75 40 decrescente, apresentam-se as Regiões II, as condições ambientais em maior ou menor (59/60) nov./dez. 1979
1965 47 29 18 III, IV, VIII, V I , V e VII, como indica a grau, conforme as técnicas e os padrões de
VII 19 75 80 54 26 Tabela 5.46, demonstrando as acentuadas consumo alimentar adotados. Nesse
discrepâncias regionais. diagnóstico serão desenvolvidas abordagens Entre os produtos de origem vegetal e de
1965 96 51 45
VIII 118 52 específicas, com o objetivo de analisar os origem animal, existem grandes diferenças
1975 66
Vale ressaltar que somente na impactos de diferentes dietas alimentares em termos de conversão de energia. Estudos
1965 1.246 7 80 466 Região Metropolitana de Belo Horizonte, que sobre o uso da terra e sobre o meio de ecologia energética ressaltam a
Estado 1975 1.5 85 977 606 abrange 14 dos 122 municípios da Região I, ambiente, e também avaliar a situação superioridade dos produtos de origem vegetal
concentra-se uma população de 2.295.047 nutricional em Minas Gerais, além dos sobre os de origem animal, em termos de
Fonte: SEPLAN/MG habitantes, que contam com aproximadamente efeitos de_suas deficiências sobre a saúde conversão de energia, já que mesmo os
2.972 profissionais médicos. O restante da e a educação da população. animais mais eficientes não fornecem em
população da Região I, nos 108 municípios, seus produtos mais do que uma pequena fração
Em 1965 o Estado contava com um total de perfaz um total de 1.570.008 habitantes, dos nutrientes que consomem, sendo o
1.246 instituições, sendo que 780 absorvendo 1.570 médicos. Embora não haja Dada a complexidade da questão alimentar e restante dissipado. Dentre os produtos de
destinavam-se ã assistência ambulatorial e dados comprobatórios, ê provável que esses de suas múltiplas inter-relações com o origem animal, o leite é o mais eficiente
466 ã hospitalização. Entre os tipos de 1.570 profissionais estejam concentrados nos meio ambiente e com o bem-estar social, a em termos de conversão energética e uma
serviços prestados, a Região I ê a que municípios maiores, poucos se fixando nos de análise aqui esboçada não cobre senão uma dieta proteico-calõrica como a americana
dispunha de maior número de instituições, menor porte. pequena parcela dessa questão fundamental tem elevado custo energético, se comparada
com o total de 373; seguem-se as Regiões III, que está a e x i g i r atenção especial. Dentre com dietas baseadas em grãos e hortaliças.
II, IV e VIII, com 260, 217, 114 e 96 A Região V I I , a menos beneficiada, as limitações desta analise ressalta-se o
instituições. As Regiões V, VI e VII concentrava no mesmo ano, 1977, uma fato de nao se haver abordado a questão da Antigamente a cultura alimentar de uma
apresentam-se em condições inferiores, com população de 897.058 pessoas. Essa contaminação de alimentos por preservativos população era tradicional e estreitamente
os totais de 76, 63 e 47 instituições, população dispunha de 84 médicos, ou seja, químicos e outros produtos largamente correlacionada com o ambiente e a
respectivamente. uma proporção médico/habitnnte da ordem de utilizados no processo de industrialização disponibilidade de recursos locais,
0,9/10.000. Da mesma forma, pode-se supor e conservação de alimentos, submetendo a especialmente nos casos em que o
Em 1975 a estrutura institucional de saúde que esses médicos concentravam-se nos população que se abastece desses alimentos auto-abastecimento prevalecia. Nos sistemas
do Estado apresenta números municípios mais desenvolvidos. A assistência a riscos de saúde e mesmo de vida. de abastecimento modernos das grandes

117
cidades, esse condicionante muitas vezes se especialmente aqueles destinados a plantio de culturas nao destinadas â resistência âs doenças e faz piorar também
rompe, devido ao fato de os alimentos serem alimentação de sua população animal. alimentação humana. 0 milho, por exemplo, as condições gerais de saúde.
produzidos em locais distantes, e depois A expansão da soja no Brasil destina-se em é a cultura com maior área plantada no As deficiencias calóricas são graves também
transportados para o local de consumo. grande parte â alimentação animal da Europa, Estado, voltada na sua maior parte para o porque o aproveitamento das proteínas pelo
o que tem provocado, aqui, impactos consumo animal, cerca de 85%. Assim organismo é prejudicado quando não se consomem
As considerações apresentadas adquirem ambientais significativos. também a expansão do cultivo da soja visa a as calorias necessárias ao nutrimento humano.
expressão em termos ambientais, quando se atender predominantemente ao mercado de
considera que cada dieta alimentar demanda No Brasil e em Minas Gerais, a questão das rações para animais. A renda familiar é um elemento básico que
quantidades de área de plantio, e, portanto, relações entre as dietas alimentares da condiciona o tipo de alimentação. Pode-se
de insumos agrícolas distintos. Admite-se população e os seus impactos ambientais vem verificar pela Tabela 5.48 que os níveis de
a possibilidade de sobrevivência de um adquirindo importância crescente, à medida cobertura nutricional são mais completos a
maior número de pessoas a partir da que se coloca o problema dos limites do 5.2.5.3. S i t u a ç ã o n u t r i c i o n a l medida que a classe de renda aumenta.
utilização dos produtos de uma determinada território e de sua melhor utilização. A Tabela 5.48 mostra que as classes de renda
área, bastando para isso que se transformem Se historicamente sempre existiram novas Os produtos alimentares, agrupados em até 1 salário mínimo consomem apenas 64,8%
em consumidores primários,ao invés de terras a ocupar, e o solo depauperado era classes diversas - cereais, açúcares, de suas necessidades de calorias, 39,69% de
secundários (56). Essa afirmativa, abandonado, abrindo-se novas fronteiras de leguminosas, carnes, ovos, leite e queijos, cálcio e 25,85% de vitamina A. Ao contrario,
comprovada por vários estudos sobre as colonização agrícola, hoje apresentam-se gorduras, tubérculos, legumes, verduras, as classes de renda mais alta ingerem até
relações entre os requisitos nutricionais e crescentes conflitos pelo uso do solo. frutas e bebidas - contribuem de forma duas ou três vezes mais nutrimento de que
a área necessária para produzi-los, Alguns dos conflitos que se colocam para a diferenciada na composição do nutrimento necessitariam, o que também tem efeitos
(Tabela 5.47), permite supor que os impactos utilização do solo são os seguintes: necessário a população. Os indicadores de prejudiciais sobre a saúde. Assim, a
da contaminação por defensivos veiculados culturas alimentares x culturas energéticas, consumo proteico e calórico são básicos classe de renda superior a 15 salários
no solo e na água poderiam ser direta e pastagens x florestas nativas, cultivo para para se avaliar a situação nutricional de mínimos ingere 156% de suas necessidades
substancialmente diminuídos, caso se o auto-abastecimento x cultivo para a uma população. A desnutrição proteico- de calorias, 347% de suas necessidades de
reduzissem as áreas de manejo agrícola exportação. A cada um desses usos -calÓrica, relacionada com a ingestão proteínas, 192% de cálcio, 177% de ferro,
necessárias ã alimentação humana. associam-se impactos ambientais específicos. insuficiente de alimentos, reduz a 182% de vitamina A e 229% de vitamina B2.

Neste contexto a definição e a indução de


Tabela 5.47. Tempo de alimentação em padrões de consumo alimentar que levem ã Tabela 5.48. ingestão de calorias, nutrimentos per capita/dia, segundo classes de despesa
proteínas para um homem, menor depredação do ambiente pode ser uma familiar corrente (monetária e não monetária) em salários mínimos em Minas
produzidas em 1 acre de terra ação que, a longo prazo, reduzirá as Gerais e Espirito Santo
pressões sobre o meio ambiente. Deve-se
ressaltar, entretanto, que há fatores de
produtos alimentares ordem higiênica que demandam o cozimento nutrimentos
selecionados di as de alimentos. Além disso, o impacto da classe de renda calorias Proteínas cálcio ferro vi taminas
dieta alimentar sobre o meio ambiente é (g (mg; (mg) A (mmg) B 2
(mg)
carne de boi 77 apenas um dos parâmetros a ser avaliado ingestão % ingestão % ingestão % ingestão % ingestão % ingestão %
porcos 129 quando se estudarem formas de indução a
mudança de dietas alimentares no contexto ate 1,0 salário
aves 185 mínimo 1 283,98 64,08 35,38 117 ,92 197,89 39 ,69 9,78 79,19 158,27 25 ,85 0,43 48,06
brasileiro.
leite 236 de 1,0 a 2,0
flocos de milho 35 4 Em Minas Gerais a redução das áreas de
salários mínimos 1 665,33 83 ,12 41,27 138,57 277,23 55 ,60 11,70 94,77 226 ,13 36 ,99 0 ,52 57 ,56

aveia comestível 395 plantio necessárias ao abastecimento de


de 2,0 a 2,5
salários mínimos 1 669,80 83 ,34 43 ,46 144,85 263 ,53 52 ,85 11,94 96,67 262,06 42 ,80 0,50 55,75
farinha de soja integral 485 alimentos para a população, poderia
de 2,5 a 3,5
farinha de trigo (branca) 527 significar uma menor pressão sobre as áreas salários mínimos 1 933,89 146 ,43 53,80 179,32 370,06 74 ,22 13,44 108,79 358,02 58 ,48 0,71 78,97
arroz (branco) 654 de florestas naturais, quase totalmente
devastados para ceder lugar ã pecuária de 3,5 a 5,0
arroz (integral) 772 extensiva. No Brasil, tal processo ainda
salários mínimos 2 200,64 102 ,84 60,04 200,15 424,23 85 ,08 14,26 115,46 450,97 73 ,66 0,84 92,88
refeição de milho 773 vem ocorrendo com intensidade na Amazônia de 5,0 a 7,0
salários mínimos 2 385,31 119 ,05 66,86 222,88 493,90 99 ,06 15,27 123,62 554,24 90 ,53 1,10 122,35
farinha de trigo (integral) 877 e em outras áreas de cobertura florestal,
com impactos severos sobre a qualidade do de 7,0 a 10,0
feijões, secos, comestíveis 1 .116 salários mínimos 2 485,30 124 ,04 73,13 243,78 569,30 114 ,18 16,03 129,82 674,30 110 ,14 1,12 123,54
meio ambiente.
ervilhas 1 .785 de 10,0 a 15,0
soja comes tíve1 2 .224 A regionalização das dietas alimentares
salários mínimos 2 770,42 138 ,27 86,19 287,30 723 ,62 145 ,13 18,67 151,15 857,73 140 ,10 1,39 153,57
mais de L5,0
Fonte: Altman, N. Eating for life; a book pode constituir-se num meio de se evitar os salários mínimos 3 131,20 156 ,28 104,19 347,29 958,99 192 ,33 21,96 177,84 1.118,64 182 ,72 2,07 229,61
about vegetarianism, excessivos transportes de alimentos a
New York, The Philosofical Public grandes distâncias, com seu conseqüente Fonte: - Fundação João Pinheiro
House,1977. 168p. encarecimento e custo energético e ambiental
insustentáveis a longo prazo.
A estruturação de cestas básicas de Em Minas Gerais as inadequações calóricas estima-se que 12,42% da população do Estado
alimentos conservativos de energia e do são mais graves no meio rural, em seguida estejam expostas a deficiências desse tipo
Em linhas gerais, poderia se afirmar que meio ambiente poderia constituir-se num dos no meio urbano em geral, e menos graves no de nutrimento. Uma grande parte da
cada sociedade adotou historicamente dietas elementos integrantes de uma abordagem meio metropolitano. Há uma correlação população do Estado sofre de deficiências
alimentares compatíveis com seus valores global dos abastecimentos alimentares. muito alta entre as classes de renda e os de vitamina A, de cálcio, vitamina B2 e
culturais e padrões econômicos. Assim, para A eco-alimentação, significando a adoção de índices de adequação nutricional da ferro.
alimentar suas densas populações, vários dietas alimentares que melhor harmonizassem população. Na Região Metropolitana de
países asiáticos adotaram dietas alimentares as necessidades nutricionais com a proteção Belo Horizonte, os problemas nutricionais A Tabela 5.49 apresenta a distribuição
poupadoras de espaço e do meio ambiente. do meio ambiente, ainda não mereceu uma mais graves sao a baixa ingestão de cálcio, percentual do consumo alimentar em calorias,
Este é o caso do Japão e da índia, onde as atenção proporcional ã sua importância para ferro e vitamina A, especialmente nas proteínas e despesas, segundo as categorias
populações humanas sao constituídas a melhoria da qualidade de vida da população. classes de renda abaixo de 10 salários de produto, na Região IV do IBGE, que inclui
predominantemente por consumidores primários, mínimos. Nas demais áreas urbanas do Estado Minas Gerais e Espírito Santo. Pode-se
e onde o uso de alimentos não cozidos O uso da terra e a organização do espaço são relevantes as mesmas deficiências observar que algumas categorias de produtos
diminui a pressão sobre as florestas, rural sao diretamente condicionados pelo nutricionais, acrescidas da vitamina B2. alimentares oferecem maiores quantidades de
tradicionais fontes de combustível. Jã as mercado de alimentos e pelas dietas dos Na área rural não metropolitana sao também calorias e proteínas com uma menor despesa
sociedades européias, também com limitações consumidores a que se destinam. Em freqüentes as deficiências de vitamina A e familiar. Assim, a educação alimentar pode
territoriais severas, necessitaram Minas Gerais, grande parte da área ocupada B2. Cerca de 70% da população do Estado ser um fator que propicie a melhor adequação
expandir-se, apropriando-se de outros por atividades agropecuárias é atualmente estão expostas a insuficiências calóricas, das dietas alimentares, permitindo que o
territórios dos quais extraíam parte dos utilizada como pastagem para alimentar os sendo que 50% apresentam níveis graves dessa nível nutricional da população seja
alimentos necessários ao seu sustento. enormes rebanhos do Estado ou para o insuficiência. Em termos de proteínas melhorado.

118
Tabela 5.49. Distribuição percentual do consumo alimentar em calorias, proteínas e Tabela 5.50. Distribuição da renda pessoal para Minas Gerais, que cria e forma
despesas segundo categorias de produto, na região IV e suas áreas em Minas Gerais mão-de-obra para outros Estados.
período: 1974/75 período: 1960/70/78
Quanto ã criação de novos empregos, a
situação apresenta pontos de estrangulamento
Areo M e t r o p o l i t a n a Areo Urbano Areo Rurol
Regido IV
de Beto Horizonte não M e l r o p o l i l o n a nflo M e t r o p o l i t a n o importantes. No setor industrial a
CategQrmt at Produtos
Colona! Proteínas Despesas Calorias Proteínas Desceias Coloria» Despesos Cafonas Despesos
desaceleração dos investimentos, associada
Proteínas Proteínas
população participação na renda (%! a opções técnicas altamente automatizadas,
cereais e derivados 38,16 34,78 23,09 38,29 34,10 21,35 38,81 35,44 23 ,06 37,68 34,48 23,77 nao têm conseguido acompanhar o ritmo da
açúcar e derivados 16,59 0,36 6,20 17 ,34 0,26 4,09 16,72 0,21 4,73 16,32 0,49 8,38 1960 1970 1978 demanda de emprego. No setor agropecuário,
leguminosas e oleaginosas 11,72 28,82 6,50 4,74 16,92 4,49 9,46 22 ,90 5,53 14,28 36,05 8,19
carnes e pescados 6,SI 20,46 23,90 8,17 27,41 7,40
situação semelhante se verifica, como
28,49 25,63 25,79 5,51 14,78 19,40 50% mais pobres 18,8 15,5 13,5
ovos, leite e queijos 4,69 10,21 8,89 6,78 14,75 11,19 4,68 10,32 8,85 4,22 8,99 8,07
conseqüência da criação de empresas rurais
óleos e gorduras 13 ,27 0, 02 10,77 14,88 0,06 8,61 14,74 0,04 10,32 11,88 0 ,00 11,99 30% seguintes 24,6 24,0 21,6 altamente mecanizadas, e da inércia
subtotal 90 ,94 94,67 78,75 92,93 94,58 77,14 91,81 94,54 78,28 89,89
característica do processo de redistribuição
94,79 79,80 27,4 27 ,8 27,2
14% seguintes de terras.
tubérculos, raízes e similares 5,96 1,70 3,55 2,63 1,32 2 ,85 4,62 1,60 3 ,36 7 ,67 1,86 3,99
legumes e verduras 1,02 1,78 6,80 1,21 1,99 7,32 1,05 1,82 6,74 0,95 1,70 6,65 5% mais ricos 29,3 32 ,8 37,8
frutas 1,46 0,70 3 ,93 2,09 0,92 5,27 1,80 0,82 4 ,39 1,08 0,56 2,99 Esse quadro contrasta com as grandes
bebidas e diversos 0,60 1,15 6,97 1,14 1,18 7,42 0,71 1,22 7,23 0,40 1,09 6,57 riquezas e o variado acervo de recursos
subtotal 9,04 5,33 21,25 7 ,07 5,41 22,86 8,18 5,46 21,72 10,10 5,21 20 ,20
Fonte: SEPLAN/MG naturais de que dispõe o Estado.
total geral 1
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 A diversidade dos ecossistemas pode - e
Fonte: - IBGE/ENDEF - Consumo Alimentar, Antr opometria e Despesas das Famílias
deve - ser origem de uma grande
- Dados Preliminares FJP/op diversificação de opções de atividades
1
0 "total geral" nem sempre equivale a soma dos "subtotais", devido a problemas produtivas. o emprego é derivado de
de arredondamento nos cálculos sõcio-econômicos que permitam a abertura atividades produtivas já institucionalizadas
de novas frentes de atividades geradoras de e depende principalmente do dinamismo da
empregos. Nesse sentido, a concepção do economia. Mas há atividades produtivas não
modelo de desenvolvimento econômico pode institucionalizadas, que dependem dos
Os impactos da desnutrição sobre a saúde pelo processo recessivo que se instalou exigir adaptações para atualizá-lo ao novo recursos naturais disponíveis, determinados
pública são largamente reconhecidos. Em nas economias ocidentais mais desenvolvidas, contexto, viabilizando o equacionamento pela diversidade dos ecossistemas. Eis
Minas Gerais a ocorrência amplamente os reflexos negativos se fazem sentir desse problema. corno o problema do emprego pode se articular
disseminada de doenças infecciosas e atualmente. com os aspectos ambientais de uma dada
parasitárias, decorrente das deficientes Importa, pois, estimular o crescimento da região. A questão está na elaboração de
condições de saneamento básico, prejudica a Essa articulação externa da crise implica economia de forma compatível com o programas que visem acionar os diversos
absorção adequada dos alimentos. A anemia, numa redução da serie de medidas possíveis desenvolvimento social. A criação de postos mecanismos - pesquisa, financiamento,
a avitamionose A, com seus efeitos sobre a de serem acionadas com vistas ao de trabalho passa a ser critério fundamental instituições -,com vistas a estimular
perda da visão, o bócio endêmico, a pelagia equacionamento do problema. Assim, é na orientação dos diversos instrumentos de processos de desenvolvimento de novas
e a arriboflavinose são algumas das doenças urgente que se acionem mecanismos internos promoção da economia controlados pelo atividades produtivas.
a que se expõem as populações com capazes de reativar o desenvolvimento Estado (alocação de recursos, incentivos,
deficiências alimentares. Em Belo Horizonte econômico, possibilitando a absorção das etc.). Para isso, quatro condições básicas parecem
as avitaminoses e as deficiências tensões geradas pelo desemprego. necessárias: disponibilidade de recursos;
nutricionais são um dos principais fatores acesso a esses recursos; desenvolvimento de
causadores de mortalidade infantil, afetando Por outro lado, como foi assinalado, a
Note-se que mesmo que o problema se faça promoção do meio rural é condição necessária técnicas apropriadas ã transformação e
também o desenvolvimento mental. Dessa sentir com mais intensidade no meio urbano, utilização dos recursos; e inserção na rede
forma, as deficiências nutricionais afetam para a fixação do homem â terra, reduzindo
seu equacionamento exige obviamente ações o êxodo e, portanto, a pressão dos grandes de comercialização, na economia regional e,
a eficiência do sistema educacional, no meio rural, visando diminuir o fluxo de portanto, na nacional, dos novos produtos.
prejudicando a capacidade de aprendizagem contingentes migratórios sobre a oferta de
demandantes de emprego, que deixam empregos das grandes cidades. As distorções Dentro dessa perspectiva, a proteção
das crianças. constantemente o campo para se fixarem na ambiental^passa a ter um significado mais
na distribuição da propriedade da terra
cidade. deverão ser corrigidas, de modo a garantir amplo. Além da preservação do meio ambiente,
Se a melhoria da renda é um pré-requisito ao agricultor o acesso ao instrumento de objetivo em si mesmo plenamente justificável,
para se melhorar o nível nutricional da Paralelamente aos problemas da oferta produção. Em 19 75 as propriedades de a preservação ambiental significa conservar
população do Estado, questões relacionadas reduzida de emprego, há que se considerar menos de 10 ha representavam 28,3% do total em aberto a diversidade de alternativas
ã adequação nutricional da população não o problema da baixa remuneração de largas das propriedades do Estado, e totalizavam passíveis de serem ativadas pelas gerações
podem ser enfocadas somente do ponto de faixas da população empregada. De fato, apenas 1,5% da superfície, enquanto que as futuras.
vista do aumento da produção e do acesso distorções importantes ocorrem na propriedades de 1.000 ha e mais,
aos alimentos. Devem englobar as questões distribuição da riqueza, e Minas Gerais representando 1,2% do total, concentravam O patrimônio genético precisa ser
de saúde pública, o que permitiria um apresenta as mesmas distorções do restante quase 30% da área total. preservado. A ««pecialização excessiva de
melhor aproveitamento do alimento ingerido do País. Assim é que, se em 1960 os 5 0 % um meio ambiente originalmente heterogêneo,
pelo organismo humano, além das questões mais pobres da população economicamente devido a intervenções antrópicas
educacionais, que são fundamentais para que Em relação aos aspectos demográficos que inapropriadas, poderá ter como conseqüências
ativa receberam 18,8% da renda do Estado, condicionam a demanda de emprego, os
a população se alimente de forma adequada. os 5% mais ricos receberam 29,3%; em 1978 um empobrecimento, uma redução no leque de
índices nacionais levantados no último alternativas que o ecossistema original
os 50% mais pobres receberam 13,5% da renda, recenseamento revelam tendência favorável:
enquanto os 5% mais ricos receberam 37,9% oferecia.
os 2,8% de incremento anual da população
5.2.6. Emprego (Tabela 5.50). O valor real do salário
mínimo caiu de uma base 100 em 1965,para
previstos para a última década nao foram
A seleção e adoção de tecnologias tem, pois,
atingidos, fixando-se a taxa em pouco mais
80,0 em 1977, enquanto que o PIB "per capita" de 2,3% ao ano. Entretanto, os benefícios impactos diretos tanto sobre o nível de
5.2.6.1. E m p r e g o e m e i o a m b i e n t e subia de 100 para 208,1,no mesmo período(48). emprego como sobre o meio ambiente.
dessa redução somente serão sentidos
futuramente. 0 País precisa ainda criar, A tecnologia pode ser intensiva em
Incrementar a oferta de novos empregos é Dois fatores principais definem basicamente a cada ano, cerca de 1,5 milhões de mão-de-obra ou capital,e dessa forma fazer
hoje meta prioritária do setor público. a problemática do emprego. Por um lado, a empregos novos para absorver a mão-de-obra uso dos recursos humanos existentes no local
0 desemprego é, na realidade, a expressão oferta é determinada pelo modelo de que se integra anualmente ao mercado. em que ê adotada, ou não. Também o seu
mais grave da crise contemporânea, e nao desenvolvimento adotado. Por outro lado, a impacto sobre as condições ambientais pode
sendo devidamente equacionado, poderá dar demanda se define pelas taxas de crescimento ser profundo. As tecnologias modernas
origem a profundos problemas sociais. demográfico e pela dinâmica de distribuição No caso específico de Minas Gerais, são capazes de afetar em pouco tempo e com
da população. A harmonização entre os dois verifica-se que o Estado continua cedendo grande intensidade um ecossistema; ao
A abordagem dessa problemática é fatores constitui, pois, objetivo prioritário população, que migra principalmente para contrário, as técnicas antigas de exploração
extremamente complexa, visto apresentar da ação do Estado, assim como também das os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. e transformação dos recursos naturais atuam
articulações não apenas no nível nacional, forças vivas da sociedade como um todo. Se esse deslocamento representa por um lado de modo mais lento, mais localizado, e, via
mas também no nível internacional. Ainda Quando a demanda supera a oferta, o Estado um alívio na pressão sobre os empregos, por de regra, com impactos ambientais mais
que o País tenha sido atingido tardiamente e a sociedade devem acionar mecanismos outro lado representa também um prejuízo restritos,

119
5.2.6.2. D i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l d o e m p r e g o Tabela 5.51. população ocupada por setores Em primeiro lugar, a educação, incluindo utilizadas referem-se ao período
econômicos em Minas Gerais (%) aquela ministrada em bases formais, é compreendido entre 1960 e 1978, sendo que
período; 1960/70/77 reconhecida como um dos mais importantes dados consolidados ao nível das oito
Uma analise da evolução do emprego por indutores de um relacionamento racional do regiões de planejamento em que foi dividido
setores em Minas Gerais como um todo homem com as demais variáveis ambientais. o Estado de Minas Gerais, estavam
(Tabela 5.51) e por macrorregiões Esse aspecto da educação passa a ser, disponíveis apenas para o ano de 1974.
(Tabela 5.52), faz ressaltar as seguintes 1960 1970 1977 portanto, extremamente relevante para a
características: setores ^ ^ ^ - ^ ^ ^
preservação e desenvolvimento do patrimônio
agropecuária 60,4 50,5 39,1 natural e cultural a ser legado as futuras 5.2.7.2. P r o d u t i v i d a d e d o e n s i n o
- Diminuição expressiva da população gerações. Por outro lado, a educação deve
economicamente ativa (PEA) ligada ao setor mineração 1,0 1,3 1,2 ser considerada também como um processo
agropecuário. Tal fenômeno é observado manufatura 6,4 8,3 10,9 A produtividade do ensino é analisada
de capacitação dos indivíduos para melhorar considerando-se os índices de aprovação,
no Estado como um todo, com exceção das construção 3,7 5,8 7,8 a sua qualidade de vida. Esse último
de repetência, e de evasão de alunos. Esse
Regiões VI e VII. A Região VIII, apesar serviços básicos 4,7 4,8 4,9 aspecto pode ser avaliado segundo várias
de apresentar ainda em 19 77 uma abordagens. E indiscutível, por exemplo, índice revela a eficiência do próprio
percentagem elevada da PEA ligada à outros serviços 23,8 29,3 36,1 que o processo educacional visa tornar o sistema educacional.
agropecuária, como ocorre com as demais homem mais equipado para retirar melhor
regiões setentrionais, mostra forte total 100,0 100,0 100,0 proveito dos recursos da natureza, e, assim, Os dados existentes, a nível do Estado como
tendência ã redução, aparecendo os setores implementar a sua condição de conforto, um todo, demonstram que o sistema escolar
"construção" e "outros serviços" como os Fonte: SEPLAN/MG. 197 8 segurança e felicidade. A educação tem de Minas Gerais ê caracterizado por uma alta
absorvedores da mão-de-obra que deixa o importância também como um processo que retenção, bem como por evasão gradativa ao
setor agropecuário. Ressalte-se ainda o favorece a eqüidade das oportunidades longo das séries, o que faz dele um sistema
número reduzido de trabalhadores desse sociais, representando, ao mesmo tempo, um seletivo e pouco produtivo. A seleção
Tabela 5.52. Evolução da distribuição começa a partir da má distribuição das vagas
setor na Região I, onde predominam os caminho deliberadamente seguido pelos
percentual da população a nível regional. Posteriormente prossegue
setores manufatura e serviços. Essa indivíduos que a ele têm acesso, em sua
ocupada por setores econômicos, com os altos índices de repetência,
tendência correlaciona-se com os elevados busca de aceitação e valorização pela
nas macrorregiões de Minas principalmente entre I e 2 . séries do a a

índices de crescimento urbano, para os sociedade. Todos esses pontos conferem a


Gerais 19 grau. A pequena taxa de promoção,
quais o êxodo rural contribui educação uma especial importância como
significativamente, e não sem graves anos: 1960/70/77 provocando o desestímulo dos alunos, faz
instrumento de melhoria da qualidade de vida
problemas. "Esse acentuado êxodo rural do homem e de preservação dos recursos da com que aconteça o abandono gradativo de
pressiona o complexo urbano, não somente setor econômico
regiões
total natureza. série a série. A Tabela 5.53 apresenta a
ano
em termos de demanda de empregos não I II III IV V VI VII VIII evolução da matrícula nas séries do 19 grau
agropecuários, mas também em termos de 1960 9,9 16,3 18,8 7,0 6,6 10,6 10,0
12,6 1 0 , 7
20 ,8
19,0 100,0 - antigo primário e médio do 19 ciclo - e
agropecuário 1970 10,0 1*,5 18,6 7,8 6,8
infra-estrutura e de equipamentos 1977 8,9 14,2 17,6 1. 4 6 , 0 14 ,B 1 2 , 8 18,3 Como fator de capacitação dos indivíduos, a do 29 grau, no período entre 1960 e 1977, em
urbanos"(42)t 1960 42 ,9 7,8 7,3 6,9 3,0 4,1 15,6 12,4 eficácia do processo educacional é números absolutos e relativos. No primeiro
6,9 4,2 n ,8 12,7 100 ,0
mineração 1970 4 0 , 4
1977 3 9 , 1 6,4
8,1
8,6
7 ,6 2 , 3
8 , 3 1.8 3,4 18,3 1 4 , 1
diretamente dependente da sua adequação ãs período considerado, 1960/70, de cada grupo
- Importante incremento no setor manufatura 1960 5 0 , 6 1 7 , 8 1 3 , 2 5,8 4,3 1,7 1,7 4,9
realidades específicas vivenciadas pelos de 1.000 alunos apenas 49 conseguem
no Estado como um todo. Em 1977 eram as manufatura 1970 5 3 , 4 1 5 , 0 1 3 , 0 6,4 4,0 2,2 1,5 4,5 100,0 diferentes grupos sociais e comunitários. completar o 29 grau. Nos demais períodos
1977. 5 5 , 2 1 3 , 3 1 2 , 8 6,7 3,8 2,6 1,5 4,1
regiões meridionais (I, I I , III e IV) as Sob essa õtica, um diagnóstico da variável analisados observa-se uma tendência, mesmo
1960 2 4 , 5 9,2 2 4 , 4 9,7 8 , 5 5,6 7,7 10,4
que apresentavam maiores taxas de construção 1970 3 5 , 6 10,2 16,2 10 ,8 5 , 5 5,9 4,4 11,4 100 ,0
educacional teria que se estender a análise irregular, na melhoria do rendimento. Entre
participação relativa da PEA no setor. 1977 3 1 , 0 9,3 1 6 , 3 12,2 7,2 8,5 3,5 12,0 de propriedade dos currículos escolares e o primeiro período analisado e o último
1960 36 ,8 1 4 , 9 17 ,3 1 0 , 0 5,7 4,3 2,2 8,8 dos materiais didáticos utilizados no ensino
- Incremento do setor construção, sobretudo s e r v i ç o s b á s i c o s 1970 40 , 9 1 3 . 3 1 5 , 6 1 0 , 1 5,4 4,6 2,0 8,1 100,0 - 196 8 a 19 7 8 - ocorreu um crescimento
formal, face a cada situação regional ou
nas Regiões V I , IV e V. Observe-se que 1977 4 2 , 5 1 2 , 2 1 4 , 6 1 1 , 7 5,0 4,8 2,0 7,2 significativo em números relativos. De cada
social.
esse setor e, junto com o de serviços, 1960 3 3 , 2 1 4 , 9 15,9 9,4 5,6 4,5 4,3 12,2
9,9 100,0
1.000 matrículas em 1968, 85 alunos
outros serviços 1970 4 1 , 0 1 3 , 2 14,3 9,4 4,6 4,6 3 ,0
onde se concentra o grosso dos 1977 43 , L 12,0 13 ,2 9,5 4.5 4,9 3 ,2 9,6 atingiram a 3 série do 29 grau.
a

investimentos estatais. A ação do Estado, 1960 2 0 , 2 15,7 17 ,8 7,7 6,2 8,0 7,7 16 ,7 Como fator de promoção social, a educação
através dos programas de habitação total regional 1970 2 6 , 1 1 3 , 8 16,5
15,1
8,4 5,7
5,2
8,5 7,0 14,0 100,0
12,5
deve ser analisada pela sua produtividade,
1977 30 , 1 12,7 8,7 8,8 6,9
popular, parece ser decisiva no setor, de vez que o benefício do processo deveria, Assim, verifica-se que a questão fundamental
Fonte: SEPLM!/MG
perseguindo assim o duplo objetivo de sempre e necessariamente, compensar o situa-se nas quatro primeiras séries, e mais
incrementar a disponibilidade de esforço dos indivíduos a ele submetidos e precisamente na lã série do 19 grau
habitações e a criação de novos empregos. das comunidades que, freqüentemente, o encontra-se o principal ponto de
Uma outra articulação entre meio ambiente e subsidiam. Assim, as variáveis capazes de estrangulamento de todo o sistema educacional.
- Elevada participação relativa do setor emprego diz respeito ao problema das medir a produtividade do ensino, incluindo A Tabela 5.54 apresenta a estrutura do
outros serviços (educação, saúde pública condições ambientais no local de trabalho. os índices de aprovação, repetência e ensino de 19 grau, mostrando o percentual
e privada, administração pública, Diversas atividades econômicas apresentam evasão, podem fornecer subsídios importantes total das quatro primeiras e das quatro
comércio, bancos e instituições condições insalubres do ambiente de para a análise ambiental. últimas séries, com detalhe apenas para a
financeiras, prestação de serviços, e t c ) , trabalho, com impactos diretos sobre a lã série do primário. Observa-se uma
na Região I, polarizada pela capital do saúde dos trabalhadores. Em Minas Gerais Finalmente, como objeto da aspiração melhoria significativa no período analisado:
Estado, revelando o elevado índice de um exemplo é o da atividade do carvoejamento, individual, as possibilidades de acesso ãs enquanto que em 1960 a I série, o total do a

centralização espacial de tais serviços, no qual o carvoeiro está exposto a unidades de ensino formal podem ser primário e do 1? ciclo detinham
fator de desequilíbrio na estrutura da variações térmicas intensas, fumaça e gases, analisadas pelo confronto entre a respectivamente 48,6%, 90,9% e 9,1%, em 1977
oferta. Uma distribuição mais harmoniosa alguns deles presumivelmente cancerígenos. disponibilidade dos serviços educacionais a situação evoluía para 29,8%, 7 1 , 0 % e 29,0%
de tais serviços induziria a uma Numerosas outras atividades de e o contingente populacional a ser atendido respectivamente. De qualquer forma, ainda
desconcentração urbana, face â grande transformação de recursos naturais - em cada região, considerando-se as neste último período pode-se constatar que
capacidade de geração de empregos do metalurgia, mineração, etc. - apresentam responsabilidades cometidas ao Estado nesse a 1- série absorvia, sozinha, um número
setor. .igualmente ambientes de trabalho insalubres. particular. maior do que as quatro séries do 19 ciclo.

Finalmente, ressalte-se que a execução dos Para abordar esses aspectos, foram Finalmente, para caracterizar a situação da
projetos públicos comporta orientações no
sentido de privilegiar a criação de novos 5.2.7. Educação utilizadas informações correspondentes ao
ensino do 19 grau, apresentadas no
produtividade do ensino em Minas Gerais, as
Tabelas 5.55 e 5.56 apresentam informações
empregos, alem dos objetivos diretos de documento "Conraortamento da Economia referentes ã taxa de sucesso, ã retenção
tais projetos. Assim ê que a utilização dos 5.2.7.1. I n t r o d u ç ã o Mineira", publicado pela SEPLAN/MG (44) . total, ao rendimento líquido aparente, ao
recursos humanos locais e regionais nas Foram especialmente analisados os dados rendimento real e ao abandono, ocorrentes
obras públicas l e v a m a um duplo resultado: A educação, na realidade, corresponde a um correspondentes ás séries iniciais do na rede escolar do Estado.
além de contribuir para a redução dos custos processo de transformação do homem e, 19 grau que, de acordo com o Artigo 127 da
de execução, tal medida responde ainda p e l a portanto, deve ser necessariamente incluída Constituição Federal, são de Pela Tabela 5.55 pode-se observar que a taxa
aplicação de recursos nas próprias entre os agentes de modificação do responsabilidade dos Poderes Públicos, por de sucesso na coorte de 1961 a 1964 foi de
comunidades beneficiadas pelos projetos, meio ambiente. Sob esse enfoque, merecem constituírem o grau mínimo de escolaridade 17,0%, ou seja, de cada 100 alunos 17
dada a criação de novos empregos. ser destacados dois pontos principais. exigido das populações. As informações conseguem se diplomar. Essa relação

120
Tabela 5.53. Evolução da matricula nos diversos graus de ensino em Minas Gerais Tabela 5.55. Indicadores de produtividade do ensino de 19 grau em Minas Gerais ( I a
parte)
período: 1960/77 período: 1961/77

ensino primário médio 1° ciclo médio 29 ciclo indicadores


período (séries iniciais 19 grau) (séries finais do 19 grau) 29 grau
escolar ensino primário (séries iniciais) ensino médio do 19 ciclo
I a
2ã 3 4§ a
Ia
2ã 3 a
4§ 1§ 2ã 3§ coortes
série série série série série série série série série série série taxa de retenção rendimento abandono taxa de retenção rendimento abandono
a) números absolutos sucesso total real sucesso total real
1960/1970 612 955 261. 091 203 .961 123. 337 99.459 55 .923 46 .606 41. 355 43. 400 33. 86 5 29 .928 1961/64 17,0 18,8
21,5
13,5 81,2
78,5
46,9
35,6
- -
30,9 — -
-
1962/1972 683 400 308.029 242 .296 159. 371 133.923 74 .938 61. 732 52. 566 54. 802 42. 672 36 . 329 1963/66 18,7 15,1
20,9 13,7 79,8 33,0 26,7 —
-
1965/68 16,9
1964/1974 824 135 372 .714 284 .681 184. 101 133.367 92 .750 76. 751 65. 751 67. 034 53. 0 82 47 .288 1967/70 19,6 22,5 15,9 77,5 33,1 38,4 28,6 61,7
1966/1976 901 207 405. 448 312 .268 206. 320 152.151 110 .486 94. 490 77. 022 80. 655 67. 634 58 . 380 1969/72 22,8 25,5 18,4 74,5 41,8 45,2 35,0 54,8
1968/1978 870 943 410 .886 324 .914 236 .567 218.578 147 .107 131. 517 112. 990 106. 129 87. 444 74 .421 1971/74 23,9 26, 8 19,4 73,2 47, 4 50,9 40,2 49,2
- 49, 3 41,5
- - -
1973/76 27, 2 21,7
b) números relativos 1974/77 29, 4 — 22,9 56,9

47,1
1960/1970 1 000 426 333 201 16 2 91 76 67 71 55 49
1962/1972 1 000 451 355 233 196 110 90 77 80 62 53
1964/1974 1 000 452 345 223 162 93 80 O b s . : taxa de sucesso = efetivo^otal na lã serie da coorte
113 81 64 57
1966/1976 1 000 450 346 229 169 123 105 85 90 75 65 ^ ^ _ _ matricula final na última serie da coorte
1968/1970 1 000 472 373 272 251 169 151 130 12 2 100
retenção total - efetivo na 12 série da coorte
85
,. . , _ diplomados
Fonte: - Serviço de Estatística do Ministério de Educação e Cultura/MEC rendimento real = _ S. ^. „
- SEPLAN/MG admitidos novos + repetentes da coorte
Fonte - Secretaria de Estado da Educação
Tabela 5.54. Estrutura do ensino de 19 grau o primeiro e o último período considerado. - SEPLAN/MG
em Minas Gerais (%) Da mesma forma, o abandono apresentou uma
media em torno de 50%.
Tabela 5.56. Indicadores de produtividade Tabela 5.57. Alguns indicadores de
níveis de ensino O afunilamento da pirâmide educacional pode de ensino de 19 grau em Minas produtividade do ensino nas
total ser melhor percebido pela análise da Gerais ( 2 parte)
a
quatro primeiras series de 19
ensino primário período: 1961/77 grau, na zona rural de Minas
ensino médio do 19 Tabela 5.56, que mostra a situação das oito
anos total das 19 ciclo total grau Gerais (%)
1§ série séries em conjunto, para o total do Estado.
4 séries das séries No cômputo geral, os dados mostram uma Coorte de 1970/73
1960 48,6 90,9 9,1 100,0 melhoria superior a 100% na taxa de sucesso, indicadores
que passa de 6,4% para 13,8%. Porém o dado
1965 45,6 87, 3 12, 7 100,0 mais significativo ê mostrado pelo coortes taxa de retenção rendimento
líquido rendimento indicadores
total do zona
39, 3 17,4 100,0 rendimento real, que na última coorte sucesso total aparente real Estado rural
19 70 82,6
32, 4 100,0 analisada situava-se em 10,3%, significando 1961/68 6,4 7,3 11,1 4,7 taxa de sucesso 25,1 8,9
1975 74, 4 25,6
q^e 89,7% dos alunos matriculados na 1963/70 6,7 7,8 11,6 3,2
1977 29,8 71,0 29,0 100,0 1— serie evadem ou são repetentes pelo menos taxa de abandono 71,9 89,7
1965/72 6,6 7,1 11,6 5, 1
uma vez. 1967/74 9,1 9,7 15,5 7,0 rendimento líquido aparente 42,3 14,9
Fonte: SEPLAN/MG 1969/76 12,1
1970/77 13, 8
- 20,5
23,8
9,2
10,3
rendimento real 19,8 7,4
A produtividade do sistema educacional e
significativamente pior na zona rural, com - Fonte: - Secretaria de Estado da Educação
apresentou uma melhoria significativa no os indicadores apresentando resultados muito - SEPLAN/MG
último período analisado. Observa-se que inferiores aos observados para o conjunto Obs.: rendimento líquido aparente =
para o ensino primário a taxa de do Estado. A Tabela 5.57 ilustra a situação
produtividade cresce para 29,4%, na coorte das séries iniciais na coorte de 1970/73, _ diplomados
de 1974/77. Quanto ã retenção total, tem-se quanto ã produtividade na zona rural matrícula de novatos na lâ série da coorte
ê uma das causas mais importantes da falta
também um aumento de 18,8% para 26,8% no comparada com o total do Estado. Observa-se de assiduidade nas escolas rurais.
período de 1971/74. Mesmo apresentando que enquanto 25,1% dos alunos do Estado Fonte: - Secretaria de Estado da Educação
tendência ã redução, passando de 81,8% para conseguiram terminar as séries iniciais, na - SEPLAN/MG Despreparo do corpo docente para o
73,2%, as taxas de abandono continuam zona rural foram promovidos apenas 8,9%, o exercício do magistério
elevadas. Quanto ã taxa de rendimento real que contribui, inclusive, para a diminuição
do sistema, onde se considera também a da média do Estado. Por outro lado, transposição. A orientação básica dos A capacitação dos professores da zona
repetência, o resultado mostra uma evolução enquanto a taxa de abandono na zona rural currículos adotados apóia-se em valores rural é seriamente comprometida pela
de 13,5% para 22,9% entre a primeira coorte atinge níveis em torno de 9 2 * ' ° como E s t a d o

urbanos, tendo como referência alunos falta de uma política de valorização do


considerada e a última. um todo apresenta uma redução progressiva oriundos das classes sociais de maior magistério. Em sua quase totalidade, os
dessa taxa. poder aquisitivo e de cultura mais professores têm uma formação de nível
Com relação ãs últimas quatro séries do elevada das grandes cidades, o que torna primário, muitas vezes incompleto.
19 grau, a situação já apresenta resultados São analisadas a seguir as principais esses currículos inadequados â grande Na maioria das vezes são pessoas que
bem melhores do que as séries iniciais. características do ensino rural que maioria da população rural. Como agravante, sempre viveram nas próprias comunidades,
isso parece ser conseqüência do processo contribuem para a ocorrência dos baixos o material didático, já quase inexistente, não tendo obtido, portanto, a formação
seletivo que se verifica nas séries iniciais, índices de produtividade: é também inapropriado, já que se pedagógica necessária ã prática do
já que ocorre um afunilamento da pirâmide fundamenta nos mesmos elementos urbanos. magistério. No entanto, segundo estudos
educacional. -*• Inadequação dos currículos e do da Fundação João Pinheiro (25), "as
calendário escolar As dificuldades de adaptação do calendário professoras leigas, vistas quase sempre
Os alunos das séries finais constituem escolar ao ritmo próprio de atividades como recursos humanos de segunda classe,
portanto um grupo selecionado e reduzido. Uma vez que desconsideram as diferentes produtivas no meio rural é ainda um constituem de fato o único pessoal com
Ainda assim pode-se observar uma realidades das zonas urbana e rural, os problema em aberto. A coincidência do que se pode contar em áreas deprimidas
produtividade relativamente baixa, com taxas currículos unificados constituem para período de aulas com a época de colheita, para a educação. A crítica que lhes ê
de sucesso que variam de 46,9% a 56,9% entre esta última uma barreira de difícil quando todo o grupo familiar está ocupado. feita quanto ã qualidade, pode antes ser

121
d i r i g i d a ao tipo de c o n h e c i m e n t o q u e são Nas séries finais o b s e r v a - s e , de certa os d e s e q u i l í b r i o s n a d i s t r i b u i ç ã o geográfica vezes s ã o traduzidas p o r m a i o r e s
forçadas a t r a n s m i t i r , i n a p r o p r i a d o n ã o forma, uma s i t u a ç ã o i n v e r s a â a n t e r i o r , onde do a l u n a t o . Esses desequilíbrios resultam (e m e l h o r e s ) o p o r t u n i d a d e s e d u c a c i o n a i s " .
a p e n a s p a r a as c r i a n ç a s , mas a elas p a r a uma p o p u l a ç ã o em idade de 11 a 14 a n o s , da d e s i g u a l d a d e dos p r o c e s s o s de Assim, observa-se q u e a tendência da
inclusive". Dessa forma, o e s t u d o conclui que atinge um m o n t a n t e de 1.296.144 p e s s o a s , i n d u s t r i a l i z a ç ã o e de u r b a n i z a ç ã o que d i n â m i c a p o p u l a c i o n a l tem-se a p r e s e n t a d o
sugerindo que seja repensado o papel desse o n ú m e r o de m a t r i c u l a d o s nas séries finais p r e v a l e c e m no E s t a d o . como f o r t e m e n t e urbana, com c r e s c i m e n t o s
p r o f e s s o r a d o , de forma q u e as p r o f e s s o r a s do 19 g r a u atinge 608.392 a l u n o s . A s i g n i f i c a t i v o s , p a s s a n d o de 4 0 , 2 % p a r a
leigas sejam v i s t a s n ã o c o m o um m a l disparidade a p r e s e n t a d a e n t r e a p o p u l a ç ã o A r e p e t ê n c i a é c o n s i d e r a d a aqui como um 5 2 , 8 % e p a r a 5 8 , 5 % em 1960, 1970 e 1977
n e c e s s á r i o , m a s como um fator u t i l i z a d o e s c o l a r i z ã v e l e as m a t r í c u l a s , c a r a c t e r i z a indicador r e p r e s e n t a t i v o da p r o d u t i v i d a d e respectivamente. P a r a 19 80 o grau de
de forma i n a d e q u a d a . m a i s uma vez o a s p e c t o s e l e t i v o do s i s t e m a do e n s i n o . A T a b e l a 5.59 m o s t r a o índice u r b a n i z a ç ã o do E s t a d o é da ordem de 6 7 , 1 % .
operacional. de r e p e t ê n c i a no e n s i n o de 19 grau em 1 9 7 4 , "Por outro lado, c o n s i d e r a - s e também a
~ S i s t e m a de unidocência por r e g i õ e s , d e s t a c a n d o - s e o d a I série, a
d e m a n d a por p a r t e do S i s t e m a P r o d u t i v o de
Ao desequilíbrio existente na distribuição q u e , conforme m e n c i o n a d o , constitui o p o n t o uma p o p u l a ç ã o urbana m a i s e s c o l a r i z a d a p a r a
A l e m do d e s p r e p a r o do corpo d o c e n t e , a da p o p u l a ç ã o p e l a s d i f e r e n t e s s é r i e s , de e s t r a n g u l a m e n t o de todo o e n s i n o de a t e n d e r ás suas n e c e s s i d a d e s , p r i n c i p a l m e n t e
s i t u a ç ã o n a zona rural ainda e x i g e que o m o s t r a d o na T a b e l a 5.58, d e v e - s e a c r e s c e n t a r 19 grau. q u a n t o aos setores s e c u n d á r i o e terciário
p r o f e s s o r q u a s e sempre lecione q u e se concentram n a s c i d a d e s . C o n s i d e r a - s e
s i m u l t a n e a m e n t e p a r a as três ou q u a t r o ainda a c o n c e n t r a ç ã o local q u e dá m a i o r
séries iniciais o f e r e c i d a s . Essa c o e s ã o e força na t r a d u ç ã o de uma demanda
Tabela 5.58. P o p u l a ç ã o e s c o l a r i z ã v e l e m a t r i c u l a d a no e n s i n o de 19 grau, por macrorregiões
situação apresenta dificuldades p o t e n c i a l em demanda e f e t i v a " ( 4 4 ) .
de M i n a s G e r a i s
operacionais para professores e alunos, a n o : 1974
e ainda diminui em m u i t o a carga h o r á r i a Essas colocações se c o n f i r m a m q u a n d o se
n e c e s s á r i a ao c u m p r i m e n t o do p r o g r a m a o b s e r v a a e v o l u ç ã o , em números r e l a t i v o s ,
e s t a b e l e c i d o p a r a cada s é r i e . população matrícula população matrícula população matrícula população m a t r i cuia das m a t r í c u l a s nas séries iniciais do
regiões de de lã a de de 5 a de a
de de de 19 g r a u nas áreas u r b a n a s , nos anos de 1960,
- P r o b l e m a s da rede física do e n s i n o 7-10 anos 4 . s é r i e s 11-14 a n o s 8§ s é r i e s 7-14 anos 19 g r a u
a
1 5 - 1 8 anos 29 gr 19 70 e 19 77, q u e foram r e s p e c t i v a m e n t e de
405 .257 514 .481 346 .504 223.624 751.761 738.105 317 .887 79 . 490 60,9%, 63,3% e 65,5%. P a r a as séries
A s e s c o l a s são f r e q ü e n t e m e n t e i n s t a l a d a s finais do 19 grau tinha-se 9 8 , 8 % em 1970 e
em c o n s t r u ç õ e s já e x i s t e n t e s , sem q u e se 183.777 250 .798 175 .305 83.442 359 .0 82 334.240 160 .705 26 . 471 9 9 , 3 % em 1 9 7 7 . N o c o n j u n t o das séries do
t e n h a m e i o s de a d a p t á - l a s c o n v e n i e n t e m e n t e 290 .534 196 .660 100 .141 398.918 19 grau observou-se q u e , em 1970, 6 9 , 5 % do
202 .258 390 .675 177 .596 2 8 . 748
as n e c e s s i d a d e s do e n s i n o . No e n t a n t o , alunato v i v i a em m e i o u r b a n o . Em 1977 esse
essa s o l u ç ã o é g e r a l m e n t e a única v i á v e l , 112 .931 154 .583 101.957 63.793 214.888 218.376 76 .975 19 . 210 índice subiu para 7 5 , 7 % .
uma vez q u e as p r e f e i t u r a s dos p e q u e n o s 106 .373 73.002 37.932 154.135
81.133 144.305 64 .917 9 .923
m u n i c í p i o s n a o d i s p õ e m de r e c u r s o s p a r a
Também como conseqüência da demanda
•onstrução de i n s t a l a ç õ e s a d e q u a d a s . 138.315 178.294 118.168 28.880 256 .483 207 .174 103 .995 8. 358 d e m o g r á f i c a e da p r ó p r i a estrutura do e n s i n o ,
106 .244 122 .989 92 .474 15 .756 198.718 138.745 79 .838 2 .4 2 8 o b s e r v a - s e q u e a q u a s e totalidade das
P o r outro lado, os m o d e l o s p a d r o n i z a d o s e s c o l a s de 29 e 39 graus localizam-se nas
dos p r é d i o s e s c o l a r e s adotados p e l a 212 .902 276 .129 192 .074 54.824 404.976 330 .953 169 .361 1 3 . 333 áreas u r b a n a s , p r i n c i p a l m e n t e nas cidades
C A R P E - C o n s t r u ç ã o , A m p l i a ç ã o e R e f o r m a de maiores. Além disso, o d e c r é s c i m o do n ú m e r o
P r é d i o s E s c o l a r e s -, empresa do E s t a d o q u e 1.442 .817 1 . 8 9 5 . 1 8 1 1.296 .144 608.392 2 .739 .046 2 .503.573 1.151 .274 1 8 7 . 961
de m a t r í c u l a s nas e s c o l a s rurais de 19 grau,
a t u a no s e t o r , s ã o f r e q ü e n t e m e n t e que segundo estudos da SEPLAN/MG vem
i n a d e q u a d o s as c o n d i ç õ e s c l i m á t i c a s das F o n t e : - S e r v i ç o de E s t a t í s t i c a do M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o e Cultura/MEC
o c o r r e n d o a partir de 1 9 7 2 , r e l e v a r i a ,
d i f e r e n t e s r e g i õ e s , c o n s t i t u i n d o - s e muitas - SEPLAN/MG também, o c r e s c i m e n t o da d e m a n d a não
v e z e s em p a d r õ e s c o n s t r u t i v o s e x ó g e n o s ã atendida n e s s e nível de e n s i n o .
área. A p r o m o ç ã o de c o n c u r s o s p a r a
s e l e ç ã o de p r o j e t o s a r q u i t e t ô n i c o s de Tabela 5.59. índices de r e p e t ê n c i a no ensino a 1- s é r i e . As Regiões VI e V I I são as que
p r é d i o s e s c o l a r e s a d e q u a d o s ãs d i f e r e n t e s Ê i n t e r e s s a n t e observar que a zona r u r a l
d e 19 g r a u e na I s é r i e , por
a
apresentam m a i o r e s índices de r e p e t ê n c i a . p o s s u í a , em 1974, m a i s de três v e z e s o
r e g i õ e s do E s t a d o p a r e c e indicar u m a macrorregiões de Minas Gerais Porém, n e s s e aspecto, os resultados
p r e o c u p a ç ã o da C A R P E em s o l u c i o n a r o número de e s t a b e l e c i m e n t o s de ensino da
a n o : 1974 a p r e s e n t a d o s p a r a 19 74 m o s t r a m que n ã o zona u r b a n a . Entretanto, a c a p a c i d a d e . d e
problema. e x i s t e m d i f e r e n ç a s s i g n i f i c a t i v a s entre as a t e n d i m e n t o n ã o era m a i o r do que na zona
r e g i õ e s , visto p r e d o m i n a r e m em todas elas urbana. Isso porque na zona rural
Um t e r c e i r o p r o b l e m a ligado ã rede física índices e l e v a d o s na I s é r i e , que em m é d i a
a

p r e d o m i n a m e s t a b e l e c i m e n t o s de p e q u e n o p o r t e ,
diz r e s p e i t o a d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l das p a r t i c i p a com a p r o x i m a d a m e n t e 6 0 % de toda a com uma m é d i a de 1,3 salas em cada prédio
escolas. Alunos e professores percorrem regiões total la. série r e p e t ê n c i a do 19 grau. e s c o l a r , enquanto na zona u r b a n a a m é d i a é de
longas distâncias, freqüentemente 7,1 s a l a s / e s t a b e l e c i m e n t o . A T a b e l a 5.60
s u p e r i o r e s ã sua c o n d i ç ã o física. Esse I 22,5 43,8 Os dados analisados p e r m i t e m concluir q u e de m o s t r a a oferta de e n s i n o em seus d i v e r s o s
esforço, associado ã ma nutrição, II 23,9 42,2 certa forma a p r o d u t i v i d a d e do ensino em n í v e i s , representada pelo número de
c e r t a m e n t e afeta a a p r e n d i z a g e m de um M i n a s G e r a i s ê b a i x a , e m b o r a apresente e s t a b e l e c i m e n t o s e de salas de a u l a , por
n ú m e r o s i g n i f i c a t i v o de a l u n o s . III 24,4 43,5 grande v a r i a b i l i d a d e r e g i o n a l . m a c r o r r e g i õ e s de M i n a s G e r a i s .
IV 18,8 35 ,0
A n í v e l das m a c r o r r e g i õ e s do E s t a d o , p o u c a s V 24,3 45,4 O u t r o s importantes aspectos podem ser
s ã o as i n f o r m a ç õ e s d i s p o n í v e i s q u e p e r m i t e m 5.2.7.3. D i s t r i b u i ç ã o d a o f e r t a d e e n s i n o o b s e r v a d o s quanto â d i s t r i b u i ç ã o dos
uma a v a l i a ç ã o q u a n t o ã e v o l u ç ã o da VI 29 ,4 42,7 e q u i p a m e n t o s de e n s i n o . Para se avaliar a
p r o d u t i v i d a d e do e n s i n o . A Tabela 5.58 VII 34 ,0 44,3 S e g u e - s e uma b r e v e analise da o f e r t a de d i m e n s ã o da oferta de e n s i n o , o índice
apresenta a população escolarizãvel e a e n s i n o no E s t a d o , através de um c o n f r o n t o c o r r e t o é o número de salas de aula
m a t r i c u l a d a no e n s i n o de 19 grau, em 1974, VIII 26,0 39,5 e n t r e as d i s p o n i b i l i d a d e s e d u c a c i o n a i s e a oferecidas. C o n s i d e r a n d o - s e o Estado como
nas oito r e g i õ e s de p l a n e j a m e n t o . P o d e - s e d e m a n d a e s c o l a r do E s t a d o , a nível u r b a n o e um todo, os dados de 1974 m o s t r a m em ordem
Estado 24,4 42,2
observar claramente o desequilíbrio rural. d e c r e s c e n t e d e concentração da oferta as
existente entre a população escolarizãvel e R e g i õ e s I, III, II, V I I I , V I , IV, V e V I I .
a m a t r i c u l a d a , nas s é r i e s iniciais e finais Fonte: SEPLAN/MG Uma vez q u e a demanda e d u c a c i o n a l a c o m p a n h a Quando se analisa s e p a r a d a m e n t e a o f e r t a
do 19 e do 29 g r a u s . a e x p a n s ã o d e m o g r á f i c a , o q u a d r o da o f e r t a u r b a n a e a r u r a l , o q u a d r o se a l t e r a . Na
de e n s i n o n o E s t a d o tem-se m o d i f i c a d o área urbana a Região I a p r e s e n t a v a a maior
A d i f e r e n ç a e n t r e o n ú m e r o de m a t r i c u l a d o s bastante, e atualmente já existe um n ú m e r o c o n c e n t r a ç ã o , com 11.312 salas de a u l a .
nas s é r i e s i n i c i a i s do 19 g r a u e a m a i o r de e s c o l a s nas zonas u r b a n a s . Segundo Seguem-se as Regiões III, I I , V I I I , IV, V,
p o p u l a ç ã o de 7 a 10 anos m o s t r a o grande a SEPLAN/MG, "... a d e m a n d a d e m o g r á f i c a V I e V I I . Com relação ã zona r u r a l , as
n ü m e r o _ d e a l u n o s a t r a s a d o s . N o t e - s e que a p a s s a a ser uma d e m a n d a e f e t i v a , na m e d i d a alterações do quadro são m a i s significativas,
s i t u a ç ã o se r e v e l a r i a ainda m a i s grave se em q u e camadas da s o c i e d a d e , antes A R e g i ã o III é a que apresenta o maior
n e s s e total e s t i v e s s e i n c l u í d o o n ú m e r o de De todas as regiões - a R e g i ã o IV ê a q u e m a r g i n a l i z a d a s do p r o c e s s o e d u c a c i o n a l e número de salas de a u l a , com um total de
i n d i v í d u o s n ã o m a t r i c u l a d o s , mas q u e se a p r e s e n t a os m e l h o r e s r e s u l t a d o s : 1 8 , 8 % e mesmo produtivo, pressionam o sistema por 3.859. Seguem-se as Regiões V I I I , li, I,
e n c o n t r a m em faixa e t á r i a e s c o l a r . 35,0%, respectivamente para o total e para m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de v i d a , que m u i t a s V I , IV, V I I e V.

122
5.3. Bibliografia
TABELA 5.60. Oferta de ensino em seus diversos níveis, representada pelo numero de 19. . Censo demográfico: Minas Gerais;
estabelecimentos e de salas de aulas, por macrorregiÕes de Minas Gerais recenseamento geral. Rio de Janeiro,
ano: 1974 1960.
1. AGUIRRE, Antônio. Os fertilizantes
químicos no Brasil*, consumo, produção 20. . Censo demográfico; sinopse
nacional e importação. Revista da preliminar. Rio de Janeiro, I960.
estabelecimentos e salas de aula por nível de ensino Fundação João Pinheiro, 8(5), 1978.
21. . Censo demográfico; sinopse
localização numero de estabelecimento salas de aula
2. ALTMAN, Nathaniel. Eating for life. preliminar. Rio de Janeiro, 1970.
e regiões primário New York, The Pheosophycal Public
médio 22. . Censo demográfico: Minas Gerais;
2 e + médio House, 1977.
1 sala
salas 19 ciclo 19 grau total primário 19 ciclo 19 grau total sinopse preliminar. Rio de Janeiro,
de aula 1980.
3. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE MINAS GERAIS,
TOTAL v.l, 1980.
23. . Estimativas a partir do censo
I 1. 087 868 70 900 2.925 5.903 478 7. 350 13.731 4. BRAILE, P.M. & CAVALCANTI, J.E.W.A. demográfico• Rio de Janeiro, 1970.
II 1. 399 524 25 716 2.664 3.172 128 4. 302 7. 602
III 2.077 660 39 3.595 4.278 298 Manual de tratamento de águas
819 4.326 8. 904 24. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Estrutura
IV 1. 237 246 28 residuarlas industriais• Sao Paulo,
252 1.763 2.305 215 2.012 4.532 espacial do Estado de Minas Gerais.
CETESB, 19 79. 7 64p.
V 841 282 28 227 1.378 1.755 141 1. 345 3.241 Belo Horizonte, 1977.
VI 1.834 337 24 113 2.308 3. 212 149 816 4 . 177
VII 201 25 5. CEPAL. Programa regional de
1.231 101 1.558 2 .081 161 538 2. 780 25. . Plano de desenvolvimento regional
VIII 1.771 536 6C 373 2.740 3.822 359 2.278 6.459 assentamentos humanos. México, 1977.
integrado do Nordeste Mineiro.
Estado 11.477 3.654 299 3.501 18.931 26.528 1.929 22.967 51.426
6. CEPAL/PNUMA. Seminário sobre Belo Horizonte, 1978. v.l.
URBANO geotécnicas e habitat no trópico
I 66 úmido. Havana, 197 8. 26. FUJITA, Oscar. Qualidade de água e
26 565 718 1. 375 4 .039 460 6.813 11.312
II 11 159 24 495 689 909 126 qualidade de vida. Sao Paulo,
3.679 4.714 CETESB, 1978.
III 16 198 39 526 779 1.190 298 3.557 5. 045 7. CETEC. Melhoria de água de cisterna.
IV 15 130 27 222 394 798 212 1. 932 2. 942 Belo Horizonte, 1976.
V 3 98 27 284 27. FURTADO, C. Formação econômica do
156 525 137 1.172 1.834
VI. 7 158 21 101 287 935 133 765 1.833 8. . Situação ambiental na região do Brasil. Sao Paulo, Nacional, 1969.
VII 11 109 24 70 214 645 L56 457 1.258 Vale do Jequitinhonha. Belo
VIII 29 188 60 262 539 1.157 359 Horizonte, 1980. 28. GEORGE, Susan. How the other half dies.
1.930 3.446
Estado 118 1. 605 288 2.550 4 .561 10.198 1.881 20.305 32.384 London, Penquin, 19 7 7.
9. CETESB. Tipologia industrial.
RURAL São Paulo, 1978. 29. GOLDEMBERG, J. Economia e política da
I 1. 061 303 4 182 1.550 1.864 18 537 2.419 energia. Rio de Janeiro, Jose
II 1.388 365 1 221 1.975 2.263 2 2.888 10. CHONCHOL, Jacques. Desnutrición y Olympio, 1980.
623
III 462 dependencia; problemas alimentarios
-1 -3
2.061 293 2.816 2.090 769 3.859
IV 1.222 116 30 1. 369 1. 507 80 1-590 de la población Latino Americana.
V 838 184 1 1. 094 1.230 4 Comércio Exterior, México, 30 (7) 30. GUIMARÃES, A.P. Quatro séculos de
71 173 1.407 f

VI 1.827 179 3 12 2.021 2.277 16 jul. 1980. latifúndio. Rio de Janeiro, Paz e
51 2. 344
VII 1.220 92 1 1. 344 1.436 5 Terra, 1977.
31 81 1.522
VIII 1.742 348 2. 201 2.665 11. . Estrutura fundiária na América
Estado 11.359 2.049 -
11
111
951 14.370 16.332 -
48
348
2.662
3. 013
19.042 Latina. Paris, 19 80. 31. HODGES, R.D. Who needs inorganic
fertilizers anyway? Braintree,
12. DELGADO, Domingos J.J. Energia, Essex, Henry Doubleday Research Ass.,
Fonte: - Serviços de Estatística do Ministério da Educação e Cultura/MEC produção de alimentos e sistema 1978.
- SEPLAN/MG alimentar. In: INTELIGÊNCIA ou
subserviência nacional. Porto, _32. INDI. Avaliação e diagnóstico do parque
Afrontamento, 19 78. agroindustrial de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 1981. v.6.
13. DNPM. Perfil da mineração no Estado de
Minas Gerais. Brasilia, 1980. 33. INFORME AGROPECUÁRIO, Belo Horizonte,
A composição média das turmas para o Estado O problema do ensino de 19 grau não se v.5, n.57, set. 1979.
14. . Projeto de sistema de informações
foi de 32,4 alunos/turma em 197 4. A nível situa na capacidade da oferta física, há
macrorregional a composição média variou de geológicas. Brasilia, 1980.
capacidade suficiente para a demanda a este 34. . Belo Horizonte, v.5, n.58,
35,4 na Região VIII a 29,8 na Região III. nível de ensino. É necessário que se out. 1979.
A nível urbano a variação foi de 35,7 para a redistribuam as vagas e mais do que isto,
Região VIII a 32,8 para a Região II. Na que se dêem condições de o sistema funciona 15. DUCKHAM, A.N. et alii, ed. Food
35. KOEPF, P.S. Bio-dynamic agriculture;
zona rural os índices ficaram entre 36,3 como um todo a nível de regiões" (44). production and consumption. an introduction, s.l., Authroposophic,
para a Região VII e 22,5 para a Região V. Amsterdan, North-Holland, 1976. 1976.
0 precário quadro apresentado evidencia a 541p.
Quanto ã oferta de espaço na rede escolar - necessidade de que o sistema educacional
número de salas de aula versus turnos -, do Estado seja reformulado, com o intuito 36. LAPPE, Frances M. Diet for a smal planet.
verifica-se a existência de um superávit de se promover a adequação dos currículos, 16. EPA. Compilation of air pollutant New York, Ballantine, 1975.
significativo, ainda em 1974, variando de dos prédios escolares, do material didático emission factors. 2.ed. Washington,
4,9% para a Região VII a 71,8% para a e das demais variáveis do ensino, ã realidade 1976. ~ ~ 37. LUND, H.F. Industrial pollution control
Região III. Essa capacidade ociosa própria de cada região ou comunidade, handbook. New York, McGraw-Hill,
permitiria alocar mais 774.000 alunos na acrescentando-se também ã educação a 1971.
zona rural e 583.000 nas áreas urbanas, ou dimensão ambiental. Nesse sentido seria 17. ESTADOS UNIDOS. Department of
seja, existe uma disponibilidade potencial desejável uma ação integrada do sistema Agriculture. Report and
recommendations on organic farming, 38. MAKHIJANI, A. & POOLE, A. Energy and
total de 1.357.000 vagas em todo o operacional de ensino e do sistema agriculture in the third world.
Estado (44). Assim, a falta de prédios responsável pelo controle do meio ambiente s.ed., 1981.
Cambridge, Ballinger, s.d.
escolares não seria o fator mais relevante no Estado. Estes são os dois pontos
entre as deficiências do ensino no Estado. fundamentais a serem considerados, quando 39. MEDEIROS, César M. Habitação para
Iß. FüNDACÄO IBGE. Censo agropecuario:
"Parece_que o estudo regional confirma a da reformulação das bases educacionais a
conclusão para o Estado como um todo. Minas Gérais. Rio de Janeiro, 1979. população de baixa renda. Análise e
ser promovida no Estado. v.l, t.14, Pt. 1/2. Conjuntura, .9(8), ago. 1979.

123
40. MELO, Carlos G. População, saúde e 52. . Secretaria de Estado do
desenvolvimento. A patologia geral. 71. SILVEIRA, José Henrique P. Contribuição
Rio de Janeiro, 11/12, nov./dez. 1972. Planejamento e Coordenação Geral. ao estudo da qualidade de vida.
Situação sanitária do Estado de Belo Horizonte, CETEC, 1980.
41. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado do Minas Gerais. Belo Horizonte, 1978.
Planejamento e Coordenação Geral. 72. TURNER, John. Le logement est votre
53. . Secretaria de Estado da Saúde e appaire. Paris, Senil, 1979.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77": agropecuária. Agricultura. Informações sobre
Belo Horizonte, 19 78.(Documento, 1 ) . defensivos agrícolas e intoxicações.
Belo Horizonte, 1976.
42. . Secretaria de Estado do
54. MOLES, Abraham. La notion de qualité
Planejamento e Coordenação Geral.
Comportamento da economia mineira, de vie, s.n.t.
no período de 1960/77: demografia e 55. MOURÃO, J.M. L'homme, l'espace et les
emprego. Belo Horizonte, 1978. ressources du cerrado" Paris, Í981.
(Documento, 2 ) . (Tëse Doutorado).

43. . Secretaria de Estado do 56. ODUM, E.P. Ecologia. São Paulo,


Planejamento e Coordenação Geral. Pioneira, 1969.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77: mineração. 57. • Energy ecology and économies.
Belo Horizonte, 1978.(Documento, 9 ) . Ambio, 1976.

44. . Secretaria de Estado do 58. OELHAF, R.C. Organic agriculture, s.l.,


Planejamento e Coordenação Geral. Halsted, 1978.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77: educação. 59. ORSINI, Celso et alii. Impactos
Belo Horizonte, 19 7 8.(Documento, 15). ambientais de exploração de energia.
In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA
45. . Secretaria de Estado do CIÊNCIA, 32, Rio de Janeiro, 1980.
Planejamento e Coordenação Geral.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77: energia. 60. PASCHOAL, A.D. Pragas, praguicidas e
Belo Horizonte, 1978.(Documento, 1 1 ) . crise ambiental - Problemas e
soluções. Rio de Janeiro, Fundação
46. . Secretaria de Estado do Getúlio Vargas, 1979.
Planejamento e Coordenação Geral.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77: habitação e 61. PHILLIPSON, J. Ecologia energética.
saneamento. Belo Horizonte, 1978. Sao Paulo, Nacional, 1977.
(Documento, 1 4 ) .
62. PIMENTEL, D. Couting the kilocalories,
Ceres. Roma, 1977.
47. . Secretaria de Estado do
Planejamento e Coordenação Geral. 63. PIMENTEL, D. & PIMENTEL, M. Contar
Comportamento da economia mineira, las kilocalories, o el imenso
no período de 1960/7T: indústria de despilfarro de energia em un sistema
transformação. Belo Horizonte, 1978. basado fundamentalmente en la
(Documento, 8 ) . busqueda dei beneficio. Ceres. Roma,
10(5): 17-21, set./oct. 1977.
48. - Secretaria de Estado do
Planejamento e Coordenação Geral. 64. PRIMAVESI, A,M. Manejo ecológico do
Comportamento da economia mineira, solo. São Paulo, Nobel, s.d.
no período de 1960/77: população de
baixa renda. Belo Horizonte, 1978. 65. QUEIROZ, M.I.P. de. 0 campesinato
(Documento, 4 ) . brasileiro. Rio de Janeiro, Vozes,
19 76.
49. Secretaria do Estado do
Planejamento e Coordenação Geral. 66. RIBEIRO, Maurício Andrés et alii.
Comportamento da economia mineira, Florestas sociais: problemas,
no período de 1960/77": saúde. perspectivas e tarefas. Revista da
Belo Horizonte, 1978. 250p. Fundação João Pinheiro, 10(1),1980.
(Documento, 16).
67. ROMEIRO, A.R. & ABRANTES, F.J. Meio
ambiente e modernização agrícola,
50. . Secretaria de Estado do s.l., IBASE, 1980.
Planejamento e Coordenação Geral.
Ensaios sobre a economia mineira; 68. SACHS, Ignacy. Ecodeveloppement:
a cidade face ao desenvolvimento. concept, applications en jeux.
Belo Horizonte, 1978 (Livro, 1 ) . Mexico, 1980.

51. . Secretaria de Estado do 69. . Ecodeveloppement et habitat.


Planejamento e Coordenação Geral. Aménagement et nature, 1976.
Resultados preliminares do censo
demográfico de 19 80 para Minas Gerais. 70. . Premier curso de planificación
Indicadores de conjuntura, 3(3), del desarollo y medio ambiente.
jun. 1981. Buenos Aires, 1974.

124
6. Patrimônio natural e
Minas Gerais tem uma diversidade de científico, por conterem um equilíbrio e fauna peculiares, ainda não estudadas,
paisagens tropicais formadas por ecossistemas ímpar quanto a seu comportamento Uma análise da Figura 6.1 mostra que a

cultural
que se repartem de forma irregular. Para hidrológico e geomorfolÓgico, e uma flora região noroeste do Estado, com mais de
sua organização e muito importante a
existência de grandes áreas montanhosas, de
6.1. Introdução onde diverge uma portentosa rede Tabela 6.1. Situação atual dos parques e reservas de Minas Gerais, em relação ã
hidrográfica. Desde o início do século XIX, utilização e estágios de implantação
fascinados pela riqueza de espécies e beleza
Define-se usualmente como patrimônio natural das ocorrências naturais, viajantes e sábios
e cultural todo o acervo de formas de vida têm deixado um imenso legado de trabalho passos executivos essenciais
legadas pela natureza ou de sítios especiais sobre a natureza mineira, entre os quais se
parque,
avaliações e implantação levantamento de
estação ou levantamentos pré-dofin i çâo
sobre os quais se assentam os diferentes destacam vários estrangeiros como reserva científicos e
cadastramento propostas de
c a s orí e n t a c õ e s
do sistema de informações sobre implantação do
fundiãr io negociações/ vigilancia e recursos naturais alano diretor
ecossistemas, bem como as criações do homem, Saint-Hilaire (em especial com suas j urIdicos
desapropr iações
a serem adotadas
segurança e biológicos
que deixam vestígios ou testemunhos de sua descrições de viagens ao vale do Rio Doce e Itatiaia • • • • • O n
ocupação e de sua obra. as nascentes do Rio São Francisco), Spix, Caparão D • • • a V O
Num Estado de grandes dimensões como Martius (com a Flora Brasiliensis) , Serra da
• • • • • D D
Minas G e r a i s a diversidade natural, assim E. Warming (em cuja obra se destacam Canastra

como a diversidade de tipos de ocupação observações pioneiras sobre o cerrado), Ilha d a s


O
O * *
O © O
humana compõem um grande mosaico de Riedel e Peter Lund (que depois de iniciar M a r ias

paisagens e culturas, que cabe proteger de suas pesquisas científicas em botânica, Rio Doce • © O o • 0
ações impensadas e preservar para as voltou o seu centro de interesse para a Horto Florestal
gerações futuras. Entretanto, esse O O o o O O 0
paleontologia). Entre os brasileiros do Poste Eli

trabalho nao e fácil, e esbarra em citam-se Costa Senna e F. Ribeiro de Mendonça Busque Modelo o o o 0 o O O
empecilhos das mais diversas ordens: a (estudando a flora dos campos de altitude), I tacolomi o o o 0 o o 0
ignorância em relação ao significado da F. Magalhães Gomes, J. Felício dos Santos, Ibi t i p o c a o * o o o o
preservação da natureza e da cultura e em Álvaro da Silveira (em cuja obra merecem Jaiba 0 * * o o o o
relação as consequências benéficas que dal destaque as coletâneas "Flora e Serras o
Cipó D • • 0 o o
podem advir; a insensibilidade aos apelos Mineiras" e as "Memórias Chorogrãficas", e Presidente
de preservação quando a ela se opõem muito particularmente a "Florália Montium"), Wenceslau Braz
o o 0 o o o 0
interesses imediatos, especialmente D. Guimarães, M. Lisboa e tantos outros, que
econômicos; a desatenção ou incapacidade
Itajuba o o o 0 0 o o
posteriormente, e até hoje, nas universidades Sumidouro • • • D © m -o
dos órgãos públicos encarregados de zelar e centros de pesquisa, vêm trabalhando e
pelas áreas ou ocorrências a se preservar; formando um acervo precioso de conhecimentos
Baleia 0 o o o o o o
a pressão da população que, na falta de um sobre a história natural de Minas Gerais. Tripuí • • D • o n o
plano prévio de ocupação do espaço e de Fazenda da
alternativas viáveis, se aglomera em áreas Cascata o * * 0 0 0 o
Para a preservação desse patrimônio o o o o
que para manterem suas características, Carmo da Mata * *
o
cientifico legado pela natureza, é
não comportariam tal afluxo; e mesmo uma Fazenda Corumbá 0 * 0 o o o
fundamental a criarão e a manutenção de
relativa^apatia da opinião pública em o * * 0 o o o
áreas de preservação que são os parques Acauã
relação ã defesa do patrimônio, que não é
(nacionais, naturais, estaduais e municipais), Fazenda da
o *
0 o o o
percebido como um bem de todos. Laj inha
as reservas biológicas e as estações
ecológicas. Uma análise das Tabelas 6.1 e Fazenda
0 * *
o 0 0 o
Neste item aborda-se o patrimônio em quatro 6.2 e da Figura 6.1 permite que se chegue
Neva Baden

grandes grupos, a saber: o científico- a algumas conclusões sobre a Fazenda


0 • 0 o 0
* 0
-natural contido nos ecossistemas; o representatividade e o estado atual das
Santa Rita

pré-histórico; o histórico pós-cabralino; áreas de preservação já criadas legalmente


Fazenda
0 • *
o o o o
São Mateus
especialmente o colonial; as belezas cênicas no Estado:
excepcionais. Em seguida apresenta-se a Fazenda

evolução dos trabalhos realizados em
S. S e b a s t i ã o 0 *
0 0 o 0
do Paraíso
Minas Gerais, com o objetivo de preservar e - quanto ã localização, conclui-se que
valorizar o patrimônio natural e cultural. existem ainda vários ecossistemas e Fazenda Colônia
31 d e M a r ç o
0 * *
0 0 o o
Posteriormente, comenta-se a legislação regiões que ainda não têm uma unidade de
específica de proteção a esse patrimonio. preservação ou esta e insuficiente: e o Horto de Mar
de Espanha
0 *
o o o o
caso dos cerrados, que ocupando cerca de
metade do Estado, têm apenas um pequeno
Mata d o s
Ausentes
0 * *
0 0 0 o
parque em fase inicial de implantação
6.2. Patrimônio natural
Córrego
(o Parque Estadual do Sumidouro), uma 0 • * 0 0 o o
São João
reserva ecológica apenas parcialmente
conservada, e uma estação ecológica em
6.2.1. Os ecossistemas
legenda: • atividade executada © atividade parcialmente executada * dispensável no caso especifico
fase preliminar de implantação. Deve-se D atividade em execução O atividade não executada
também chamar atenção para a Inexistência Fonte: IBDF
Por sua localização - o extremo sul do de uma unidade que preserve as veredas, IEF

Estado não chega a 23° de latitude - ecossistemas de extraordinário valor CETEC


COPAM

125
Tabela 6.2. Principais características dos parques e reservas de Minas Gerais 100.000 k m , nao conta com nenhuma
z
e cumprirem seus objetivos de reserva
unidade de preservação criada ou biológica, a área pertencente ã Cia. Vale do
instalada, o que é especialmente grave Rio Doce em Santa Bárbara, e a Fazenda do
"•"•-^^arac t e r í s t i c a s instituição admi n í s t r a d j r c i m a quando se sabe que é uma área destinada, Sr. Feliciano Abdala em Caratinga, em cuja
classificação l o c a l i zação d a t a de área responsável ut i 1 i z a ç ã o no l o c a l / (classificação altitude t i p o de em futuro próximo, a receber um impulso preservação os cientistas interessados em
[em lia) I l U r i s d i c á o l atual nível rte KoeoDenl lem metros vegetação
unidade (categorial (min i c í p i o s ) cr i a ç ã o
tUI15FÏ> e sim CwtVCwa 60U a mata
em sua ocupação por atividades produtivas proteger o monocarvoeiro, especie ameaçada
ligadas ã agropecuária e a extração
Ita* íai a Parque Bocaina de 14.06.37 11.943 IBD r

Nacional Minas pesquisas engenheiro 2.787 atlântica e de extinção, estão firmemente empenhados.
campos
Itamonte
agrónomo
rupestres
mineral;
Parque Caparão e 24.05.Él 16.194 1BDF turismo e sim Cvto 1.000 a canijos Constata-se, por outro lado, que o
- quando se refere ã implantação e ao grau
Caparão
Nacional Presidente pesquisas engenhe i r o 1.500 rupestres
e mata
desenvolvimento das atividades nas unidades
anronómo
Soares
atlântica de equipamento e de utilização dessas de preservação, que deveriam ser antes de
0 3 . 0 4 . 7 2 71.525 1QDF turismos e sim Cwb 1.000 a campo áreas, é que se percebe mais claramente tudo "reservas de biosfera", e realizado
Paique são Roque,
P e r r a d o Canastra
Nacional Vargem B o n i t a pesquisas engenheiro 1.500 rupestre a gravidade da situação de abandono a precariamente por sete instituições nem
c Sacrarrento florestal
que são relegadas essas unidades de sempre equipadas e interessadas em sua
583 a cerrado
T l K i s das terias Estacão Três Hjrias 23.10.80 t. M û SEMA nao Aw
635 (regenerado ) preservação. Em apenas três delas gerência, e com uma coordenação deficiente;
Ecológica
(Rio Doce, Tripuí e Canastra) sao na maioria das vezes, as equipes nem ao
R i o Doce parque
estadual
Marliéria, tur ísmo e sim
300 a 400
mata
pluviaL efetuadas pesquisas científicas de menos se conhecem. Dal pode-se extrair uma
Timóteo e 14.07.44 36.000 IEF pesquisas engenheiro Aw
Dionísio f lorestal conhecimento público, e apenas o primeira conclusão: a de que é necessário
Parque Florestal Estadual do Rio Doce organizar e coordenar as ações dos órgãos
Harto F l o r e s t a l
do P o s t o E U
parque
estadual Uberaba 14.02.47 IEF .. .. ** responsáveis pelas área de preservação do
tem um sistema de atendimento ao turismo,
Bosque Mudelo parque Belo
o que deveria entretanto ser generalizado, Estado, pois essa e uma forma, inclusive,
estadual Horizonte 25:01.66 ** .* * * **
IEF
pela sua importância educacional e de otimizar a aplicação de recursos e
Itacolomi parque
estadual
Ouro P r e t o e
Mariana 14.06.67 IEF
tvi s t a g e s
•v i t u f a 1 não Cwb
1.000 a
1.500
campo
rupestre recreativa para amplas faixas da população competências, escassas em si mesmas.
Ibitipoca parque 1.000 a campo carentes de acesso a áreas comunitárias
**
estadual Lima Duarte 0 4 . 0 7 . 7 3 14.887 IEF não Cwb 1.800 rupestre e equipadas para o convívio com a natureza.
mata
galeria
Cumpre salientar ainda a utilização
indevida ou o total abandono quanto ã
6.2.2. Sítios de valor cênico excepcional
Jaíba parque ñuta =ec¡>
estadual Manga 04.07.73 6.211 IEF não iw 450 e mata fiscalização que se verifica em diversas
galaria
áreas, onde se pode constatar, por Estes sítios estão frequentemente associados
S e r r a do C i p o parque Jaboticatubas, pastagem 850 a campo exemplo, a retirada predatória e ilegal a outros valores que, por si só, os fariam
estadual Santana do 14.07.75 33.000 IEF natural não Cwb 1.600
Riacho e Marro
rupestre e
rata g a l e r i a de madeira e lenha, a exploração de constituir-se em patrimônio, como ê o caso
do Pi l a r recursos minerais e a inexistência de das grutas possuidoras de interesses
Presidente parque Nova limites físicos (cerca e aceiro). Uma espeleolÓgico, arqueológico, paleontológico
Wenceslau Braz ** * * .<.
estadua1 Lima 19.07.77 IET
demarcação inadequada, feita sem e/ou biológico notáveis. Entretanto, há
Itajubá parque
estadual ** t ** conhecimento das necessidades básicas de casos onde as áreas devem ser vistas com
I t a juba 27.12.79 TET
Suni douro uma área de preservação é uma outra interesse especial p e l a s u a beleza cênica
parque Lagoa pastagem
estadual Santa 03.01.80 850 natiirill nao 640 a 760 cerrado triste constatação que se pode fazer, e e monumental, que poderão inclusive
pirgue Belo em relação a qual o Parque Estadual de conferir-lhes um valor turístico, gerando
estadua1 Horizonte 23.07.8! . IEF *
campo e
mata g a l e r i a Jaíba pode servir como exemplo atividades para as quais a preservação das
Trijjuí estacão 1.180 a elucidativo: foi demarcado sem possuir, em características naturais é indispensável.
ecológica Ouro P r e t o 24.04.78 392 CETEC pesquisas nao Cwb 1.300 candeial
seu interior, um ponto de água sequer que É o caso das grutas encontradas sobretudo
S e r r a do
Br iqade L ro
ãi ea de
preservação
Abre C a r p o ,
Hatipõ, 09.11.63 IEPKA
pastagem
natural possa servir para a dessedentação da fauna nas regiões calcárias, por terem sua
* ** * *
V i ç o s a , Raul silvestre que nele habita; gênese ligada à dissolução das rochas nas
Soares e quais se formam. 0 calcário Bambuí, no
Carangola
Médio Rio São Francisco e na bacia do Rio
Parque d o Cabangü .írea d e .Santos pastagem
preservação Dumont 24.10.78 IEPKA natural - finalmente, quanto ao tamanho, das Velhas ê o repositório do maior número
representatividade e riqueza científica delas, que poderiam ser grupadas em duas
S e r r a d o Ouro Branco área d e
preservação
Ouro
Branco 07.11.78 - IEPHA
pastageir
rut ura L
camfxi r u f j e s t i e
e mata g a l e r i a dos parques, reservas e estações criadas, "províncias espeleolõgicas": as chamadas
razenda da Cascata reserva P a t o s de a situação atual deixa muito a desejar: províncias de Januãria-Montalvânia e de
* **
biológica Minas 14.07.74 62 IEF nao
das 29 unidades, apenas seis tem Lagoa Santa.
C a i f o da Ml ta reserva Carmo da TEF/ pequi sa
biológica Mata 23.07.74 86 EPAMIG a g r o - p e c u ã r ia não * ** superfície e condições para suportar uma
Fazenda C o r j u t a reserva TET/ exploracao
fauna de mamíferos superiores: os
* * parques da Canastra, do Caparão, do
6.3. Patrimônio cultural
biológica Arcos 23.07.74 180 EPAMIG calcárea não
Acauã reserva Turma l i n a e
.* *
mata de Rio Doce, de Ibitipoca, do Caraça e do
biológica Minas Novas 2 3.09. 74 4.000 IEF transição
Cipó, sendo que para este último existem
Fazenda da reserva IEF/ pesquisa
*. • apenas os estudos iniciais para sua
laginha

Fazenda Nova Baden


biológica

reserva
Leopoldina 23.09.74 345 FPAflIG
IEF/
agro-pecuaria
pesquisa sim
Cwa
nata degradada
criação, faltando o passo fundamental que 6.3.1. Período pré-histórico
biológica Lambari 23.09.74 35 3 EPAMTG- agro-pecuária engenheiro Cwa * e floresta é a desapropriação das terras. Os dados
homogênea
agrónomo
de utilização atual mostram ações Procurou-se analisar os dados relativos â
Fazenda Santa Rita reserva
biológica
Prudente de
Morais 23.09.74 604
IEF/
EPAMIC
pesquisa
agro-pecuaria „ * cerrado
indevidas, que certamente comprometem a pré-história mineira e os estudos dos
Fazünda São Mateus reserva IEF/ pesquisa
riqueza das biotas representadas, tais materiais que a ocupação do espaço pelos
biológica P o n t e Nova 23.09.74 377 EPAM1G agrícola não * 500 capoeira como a utilização para pastagem, a diferentes seres vivos deixou: o patrimônio
- cafe - extração de calcário e a realização de paleontológico, ou sejam, os restos de seres
Fazfn-la São S e b a s t i ã o reserva São S e b a s t i ã o pesquisa
*
atividades agropecuárias. Finalmente, vivos fossilizados e o material arqueológico
biológica do P a r a í s o 23.09.74 246 1ÜF aqiícola não Cwa mata degradada
do P a r a í s o
- café -
constata-se a predominância de áreas constituído pelos vestígios dos trabalhos e
pequenas, com menos de 1.000 ha, e da cultura do homem primitivo. Embora
-
Fv.("-ndn C o l o n M ] reserva pesquisa
T r i n t a e t b de Março biológica Felixlãndia 23.09.74 5.000 IEF agrícola não • portanto refletindo apenas segmentos das muitas vezes sejam estudados conjuntamente,
H o r t o de Mar de reserva Mar de v i v e i r o de sim mata secundária realidades físicas que representam. deve-se distinguir os sítios de interesse
Espanha biológica Espanlia 23.09.74 220 IEF nudas engenheiro * • e floresta
arqueológico, predominantemente ligados a
agroríjno homogênea

Mata dos A u s e n t e s reserva Senador capoeira e Esse quadro, bastante desalentador, e muito elementos culturais, das ocorrências de
biológica Modestino 23.09.74 700 IEF não • 800 mata g a l e r i a pouco amenizado quando se leva em conta interesse paleontológico, que revelam
Gonçalves
também os parques municipais e particulares aspectos da história natural dos locais
C ó n e g o São J o ã o reserva
biológica
Rio
* existentes. Várias cidades têm seus parques onde se encontram.
Paranáiba 09.12.76 255 IEF *
locais, com destaque para as estações de
águas do sul de Minas Gerais e para o Apesar de ter sido Peter Wilhelm Lund quem
recém-criado Parque das Mangabeiras em deu início as pesquisas arqueológicas no
Obs.: « informação incompleta Belo Horizonte. No que concerne às áreas Brasil, estudando os materiais que permitiam
** informação inexistente particulares de preservação, merecem ser concluir pela contemporaneidade entre a
Fonte: FJP/CETEC lembradas como esperanças de se implantarem fauna quaternária e o paleo-ameríndio de

126
Figura 6.1. unidades de preservação melhor conhecimento dos materiais encontrados
a contribuição dos estudos paleontológicos
da UFMG e da UCMG.

Os estudos espeleolõgicos no Estado tiveram


Governo do inicio em 1937, quando um grupo de
estudantes da Escola de Minas de Ouro Preto
Estado d e Minas Gerais fundou a Sociedade Excursionista e
Espeleológica dos Alunos da Escola de
Fundação Minas - SEE, primeira entidade do gênero na
América Latina, e que até hoje prossegue
Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
levantando e cadastrando cavernas e abrigos.
Diagnóstico Ambiental
Entre 1978 1982, o CETEC executou o
do Estado de Minas Gerais
"Levantamento das Grutas nas Regiões
4 3 km Ü 45 90 1331(71 Metalúrgica e do Alto Jequitinhonha", com o
apoio técnico da SEE, sendo cadastradas
86 grutas e abrigos, e classificadas quanto
1983 ã potencialidade de utilização cultural e
turística. Entretanto, apenas duas delas
dispõem da infra-estrutura parcial para
visitação publica (Lapinha e Maquine), e a
implantação d o chamado "Circuito das Grutas"
ainda é apenas uma idéia.

Quanto aos estudos arqueológicos, e a


partir de 1930 que surgem as pesquisas mais
significativas, patrocinadas pela Academia
Mineira de Ciências. Depois de 1930 coube
ao Museu Nacional a responsabilidade pelos
estudos arqueológicos de maior importância.
Os trabalhos desenvolvidos em Minas Gerais
por esta instituição propiciaram o
desenvolvimento do "Projeto Lagoa Santa",
iniciado em 1956, com a colaboração de
universidades brasileiras (Minas Gerais e
Paraná), do Museu Nacional e da
Universidade de Dakota do Sul (USA).
Através desse projeto pode-se constatar a
contemporaneidade entre o homem e a fauna
Legenda pleistocênica da região de Lagoa Santa.
Todo material arqueológico encontrado
Parque Nocional durante a execução desse projeto foi
recolhido ao Museu Nacional.
Porque Estadual

As décadas de 50 e 60 foram muito profícuas


r~| Estação Ecológica
em pesquisas arqueológicas em Minas Gerais.
Nessa fase foram realizadas datações pelo
A Reserva Biológico
método radiocarbono em carvões vegetais
procedentes de escavações realizadas no
sitio arqueológico de Cerca Grande, e o
material datado acusou uma idade de
10.000 anos.

A partir de 1968 o Projeto Nacional de


Pesquisas Arqueológicas-PRONAPA, financiou
pesquisas de prospecção nos vales dos
rios Grande e Sapucaí. Essas pesquisas
foram coordenadas até 1971 pelo Instituto
de Arqueologia Brasileira - IAB. A partir
dessa data, o IAB iniciou um projeto de
Base planimetría extraída d o cartootarra elaborado peto prospecções e escavações nos vales dos
Instituto d e Geocièncias Apiicadas/IGA, na escala rios São Francisco e Preto, e na região
1:1.500.000. e m 1980.
noroeste de Minas Gerais.

Fontes: IBDF, IEF, CETEC, FJP e COPAM Em 1976 várias entidades iniciaram pesquisas
no norte do Estado. Grupo integrado por
pesquisadores da Universidade de Alberta do
Lagoa Santa, sua mais importante contribuição significativos de pesquisa paleontológica, importante contribuição para os estudos Canadá e da UFMG, com a colaboração de
cientifica foi a que lhe valeu o titulo de através da Academia Mineira de Ciências. paleontológicos em Minas Gerais. membros do Centro de Pesquisas Geológicas
"Pai da Paleontologia Brasileira" . Vivendo - CPG, realizou prospecções nos municípios
no Brasil a partir de 1833, Lund coletou Mas ê a partir dos anos quarenta que se Já foram estudadas ocorrências importantes de Januãria, jequital e Montes Claros, tendo
grande número de ossadas fôsseis, pesquisou inicia no Brasil uma fase muito importante em Araxã, Uberaba, Alvinôpolis, procedido a escavações neste último
a fauna de mamíferos do Pleistoceno em de estudos paleontológicos. Esses Presidente Olegario e Pedro Leopoldo. Mais município.
torno da região de Lagoa Santa, e fez de estudos foram respaldados principalmente recentemente foram publicados trabalhos
sua casa um ponto de encontro de numerosos pela Divisão de Geologia e Mineralogia do sobre jazidas paleontológicas em Uberlândia Também os anos setenta marcaram importante
Cientistas. Depois dele, sõ no presente DNPM, que ê responsável pela formação do e^Mateus Leme, e sobre as grutas de fase das pesquisas arqueológicas em
século, na década de 30, foi que se primeiro núcleo de paleontólogos brasileiros Cerca Grande e da Cauaia, em Matozinhos. Minas Gerais. Com a constituição de uma
empreenderam novas escavações e trabalhos Esses especialistas vêm prestando uma Atualmente tem sido importante, para o missão arqueológica franco-brasileira, a

127
região de Lagoa Santa foi estudada sob o Figura 6.2. Inventário dos sítios arqueológicos e espeleológicos
aspecto da evolução das culturas pré-
-histõricas em suas relações com a evolução
da paisagem. A tese de contemporaneidade
do homem de Lagoa Santa e da fauna
pleistocênica foi então novamente Governo do
confirmada. Estado d e Minas Gerais
Em 1976 a UFMG e outra missão Fundação
franco-brasileira iniciaram trabalhos de
prospecção de sítios de arte rupestre no Centro T e c n o l ó g i c o d e Minas G e r a i s / C E T E C
Diagnóstico Ambiental
município de Montalvânia. Os trabalhos do Estado de Minas Gerais
continuaram até 1977, quando foram
realizadas escavações e sondagens no mesmo
município. Entre 1978 e 1980 a UFMG
realizou prospecções no município de
Januãria, dando início, em 1981, a um
projeto de escavações com duração prevista
para cinco anos. Atualmente, o trabalho se
estende ãs regiões do Alto Jequitinhonha e
da Serra do Cabral.

Desde 1977, a Secretaria de Estado de


Ciência e Tecnologia e o CETEC vêm
manifestando a sua preocupação pela proteção
e preservação de sítios arqueológicos em
Minas Gerais. Nos últimos cinco anos o
CETEC tem realizado um significativo
trabalho de cadastramento e reprodução de
manifestações artísticas do homem
pré-histórico mineiro, e vem sendo
implantado um acervo de arte rupestre.
0 Museu Nacional e o CETEC iniciaram em
1980 um projeto arqueológico no município
de Monjolos, onde se estã realizando o Legenda
registro, a documentação e o estudo de
sinalações rupestres. Ficaram a cargo do
Museu Nacional as escavações e as datações
dos materiais arqueológicos encontrados. O S Í T I O S DE I N T E R E S S E ARQUEOLÓGICO

A Figura 6.2 apresenta a distribuição


espacial dos locais jã inventariados em • S I T I O S DE I N T E R E S S E PALEONTOLÓGICO
Minas Gerais atê o primeiro semestre de
1981, ocorrências importantes e em sua
maioria registradas no SPHAN. Foram também
A SITIOS DE I N T E R E S S E ESPELEOLOGICO
utilizadas informações da UFMG, através de
seu Setor de Arqueologia, do Instituto de
Arqueologia Brasileiro e do CETEC.
A analise da distribuição espacial dos . L.irit* d» Municiou

sítios jã inventariados demonstra uma


dispersão geral dos sítios arqueológicos
alinhados em dois eixos principais, com Noto' O i nt.oi plotodot 0Dr*5tntom d f t i o n u i n w n d< m t o r i n x B n
direção sul-norte: um eixo menor nas
cabeceiras do Rio Grande, e outro a partir
da margem direita do Rio São Francisco até
a bacia do Rio Jequitinhonha. Através da
Figura 6.2 pode-se constatar um triângulo,
com vértice em Belo Horizonte, abrindo em
direção norte, e coincidindo em linhas
gerais com a ocorrência do grupo geológico
Bambuí. As formações calcárias desse grupo Base planimétrica extraída d o cartograma elaborado pelo
propiciaram a formação de um grande número Instituto de Geocienaas Aplicadas/IGA, na escala
1:1.500.000, e m 1980,
de grutas e abrigos sob rocha, utilizados
provavelmente pelos paleo-ameríndios como
abrigos temporários, locais para ritos de Fontes: IAB, MHN/UFMG, CETEC, SEE/UFOP
cunho mágico-religioso, cemitérios e
repositórios de sinalações rupestres. As
características pouco acidas dos solos
dessas áreas, além do clima menos úmido,
permitiram a conservação de vestígios
a Gruta da Lapa Vermelha, em Lagoa Santa,
explorada como jazida de calcário, ao mesmo
técnicos e humanos muito maiores que os
disponíveis atualmente. Ê significativo o 6.3.2. Período pós-cabralino
orgânicos associados a material lítico em tempo em que não existe um trabalho fato de haver em todo o Estado apenas um
jazidas arqueológicas. sistemático de proteção a esse patrimônio. sítio considerado patrimônio nacional, e Sob esta denominação enquadra-se todo o
As instituições responsáveis pela defesa tombado por seu valor arqueológico: a patrimônio cultural deixado pelos diferentes
desse patrimônio, em especial o SPHAN e o Gruta de Cerca Grande, em Matozinhos. ciclos e presenças históricas que foram
Todavia, se as condições naturais IEPHA, ainda estão despreparadas para Cumpre entretanto ressaltar, neste domínio, agentes de transformação do território
favoreceram a preservação desse patrimônio, cumprir esse seu papel. Este é, certamente, a colaboração espontânea e eficiente no mineiro, através da exploração de seus
o homem atual, por sua vez tem sido o um dos obstáculos mais significativos ã estudo do acervo paleontológico e recursos naturais. O fato de ter sido
responsável pela destruição de sítios elaboração e execução de ações mais arqueológico, prestada por grupos Minas Gerais, desde o período colonial, uma
importantes, entre os quais se pode lamentar eficazes, que demandam recursos financeiros. voluntários de estudiosos. região predominantemente exportadora de

128
recursos naturais, a maioria dos quais não Lenheiro e de Sao José, cuja preservação como Fundação, do Instituto Estadual do 6. BARBOSA, G.V. Superfícies de erosão no
renováveis, e portanto exauríveis, dá origem se impõe; Patrimônio Histórico e Artístico de quadrilátero ferrífero, MG. Revãsta
ao que se chamou de "Paisagens-Êpoca". Minas Gerais. Ê um marco importante para Brasileira de Geociencias, 10:89-101,
O termo sugere a existência de paisagens os conjuntos urbanos e monumentos do o Estado, que passa a ter então uma ação 1980.
moldadas pela rique3a de ciclos econômicos ciclo dos diamantes, ou do antigo complementar ao poder federal;
favoráveis, e que, em seguida ao apogeu, "Distrito Diamantino", onde se destacam
estagnam e declinam até um novo impulso Diamantina, Conceição do Mato Dentro, - a Lei Federal n9 6.513, de 20 de dezembro 7. BRITO, O.E.A. O cientista Peter Wilhelm
originado de um novo ciclo. Ê o caso do Minas Novas, Serro e inúmeras vilas. de 1977, que define e outorga a criação Lund. Suplemento Pedagógico, Belo
Quadrilátero Ferrífero, que depois de uma Os maiores problemas de sua conservação de áreas especiais e locais de interesse Horizonte, 61: 2-3, 1980.
fase de exploração intensa de ouro e advêm geralmente de um esvaziamento da turístico que devem ser preservados. Foi
minerais preciosos, no século XVIII, volta economia regional, e com esse uma lei inspirada e estimulada pela
a intensificar as atividades extrativas de empobrecimento foram relegadas ao EMBRATUR, que ê também o órgão central de
minério de ferro e outros não-ferrosos, no abandono obras de valor inestimável; execução de suas instruções; .. ESCHWEGE, W.L. von. Pluto brasiliensis,
século XX. traduzido por D. de Figueiredo Musta.
s.l.. Nacional, 1944. 2v.
outras edificações e acervos ligados a - a Lei Federal n9 6.757, de 17 de dezembro
atividades, personalidades e obras de 1979, que cria a Fundação PrÕ-Memõria
Um ciclo de riqueza deixa obras e
religiosas, como o centro antigo de para atuar na preservação do patrimônio 9. HURT Jr., W.R. & BLASI, O. O projeto
edificações que constituem um
Januãria ou a matriz da cidade de nacional e agilizar sua ação; arqueológico "Lagoa Santa",
patrimônio perecível, de difícil manutenção,
mas ao mesmo tempo de inestimável valor. São Francisco, relacionadas ã navegação Minas Gerais, Brasil; nota final.
Para preservá-lo existem os órgãos federais naquele rio; o Colégio do Caraça, o - a Lei Estadual n9 7.772, de 8 de setembro Arquivos do Museu Parisiense, Série
Mosteiro de Macaúbas e muitos outros. de 1980, que dispõe sobre a conservação e Arqueologia M . 4 , 1969.
- Secretaria do Patrimônio Histórico e a melhoria do meio ambiente em
Artístico Nacional e Fundação Prõ-Memória - Minas Gerais.
e estaduais - Instituto Estadual do 10. JUNQUEIRA, Paulo Alvarenga^ Peter
Patrimônio Histórico e Artístico -,
incumbidos do tombamento, da fiscalização e
6.4. Legislação de proteção Uma análise da legislação vigente permite
Wilhelm Lund e a ocupação humana prê-
-histórica na região de Lagoa Santa,
concluir que, de maneira geral, não é a sua Minas Gerais. Supl. Pedag., Belo
da manutenção do patrimônio em bom estado. falta que compromete a proteção do
Sabe-se das dificuldades e do alto custo No Brasil os primeiros passos importantes Horizonte, 61:8-9, jul. 1980.
para a defesa do patrimônio natural e patrimônio natural e cultural no País e no
dessa manutenção e da restauração dos Estado em particular, mas a sua nao
monumentos e obras de arte, e das limitações cultural foram dados na década de 30. Por 11. LUND, Peter Wilhelm. Memórias sobre a
um lado a criação e a estruturação do aplicação, por despreparo, desinteresse ou
financeiras de que padecem essas desarticulação dos órgãos envolvidos, paleontologia brasileira; revues et
instituições. Dessa lorma, tornam-se ainda Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico commentes por Carlos de Paula Couto.
Nacional, dentro da estrutura do Ministério Ê interessante notar que há textos legais
mais necessárias as ações de controle que protegem a flora, a fauna, o patrimônio Rio de Janeiro, Instituto Nacional
ambiental, através das quais se poderia da Educação e Saúde Pública, respectivamente do Livro, 1970. 591p.
em 13 de janeiro e 30 de novembro de 1937 pré-histórico e o patrimônio histórico, e
minorar a degradação, estabelecendo, por mais recentemente ate mesmo os recursos
exemplo, a melhoria da qualidade do ar em (Lei n9 378 e Decreto Lei n? 2 5 ) . E por 12. MATTOS, Aníbal. Peter Wilhelm Lund no
outro, a instituição do CÓdigo Florestal cênicos, cuja lei de proteção ê por sinal
zonas de interesse de proteção, contíguas abrangente e tecnicamente muito bem feita. Brasil; problemas de paleontologia
(Decreto n9 23.793), firmado em 23 de brasileira. São Paulo, Biblioteca
a atividades emissoras de materiais janeiro de 1934, e que sõ veio a ser Entretanto, se por um lado a existência de
corrosivos. Assim também poder-se-ia textos legais espelha um movimento social Pedagógica Brasileira, 1939. 291p.
reformulado em 15 de setembro de 1965 (Série 2, Brasiliana, 148).
estabelecer condições de ocupação (Lei n9 4.771, instituindo o Novo código a demandá-los, por outro lado ê preciso que
territorial, a fim de evitar Florestal). se estabeleçam cobranças quanto a seu
descaracterizações de conjuntos de valor cumprimento, para gue a legislação não se
paisagístico e arquitetônico. torne letra morta. Este passa a ser então 13. MATTOS, Aníbal. Provas de
A partir dessa época alguns textos um ponto relevante para se explicar, contemporaneidade da raça de Lagoa
Desde 1937 o Serviço do Patrimônio complementares, tendo por objetivo a defesa juntamente com outros dados da evolução Santa com as espécies de fauna extinta
Histórico e Artístico Nacional, antiga do patrimônio natural e cultural foram político-econômica do País, a ineficácia do pleistocene da região de Lagoa
Diretoria e atualmente sub-Secretaria do sancionados, entre os quais se pode destacar de tantas leis e decretos, pois, apesar Santa. Kriterion, Belo Horizonte,
Ministério da Educação e Cultura, vem os seguintes: dos mesmos, a degradação de todo o 8(33/4): 275-91, 1950.
executando e patrocinando obras de patrimônio natural e cultural ê visível,
restauração, sendo Minas Gerais uma de suas - o Decreto-Lei Federal n9 4.146, de 4 de significativa e generalizada. 14. O homem das cavernas de
áreas prioritárias de atuação. Entre as março de 1942, dispondo sobre o direito Minas Gerais. Belo Horizonte,
principais áreas, conjuntos e monumentos de de propriedade e de extração dos fôsseis Itatiaia, 1961.
interesse histórico, destacam-se: no Brasil, que passam a pertencer ã
União. Este Decreto e considerado um 15. PAULA COUTO, C. de. Paleontologia
- os conjuntos urbanos do ciclo do ouro, marco para a paleontologia nacional; Brasileira: Mamíferos. Rio de Janeiro,
localizados no Quadrilátero Ferrífero, e Inst. Nac. do Livro, 1953. 516p.
com um imenso acervo barroco de - a Lei Federal n9 3.924, de 26 de julho_de (Série A, I ) .
reconhecido valor em todo o mundo. 1961, que passa para a guarda e proteção

6.5. Bibliografia
Destacam-se Ouro Preto, Mariana, Sabara, do Poder Público os monumentos 16. PROUS, Andre. Breve histórico das
Congonhas, Caeté, Ouro Branco e inúmeras arqueológicos e prê-histÓricos,e ê também pesquisas sobre o homem na região de
outras cidades e vilas menores, correndo um marco legal importante na defesa de Lagoa Santa (MG). In: COLÓQUIO
todas elas atualmente o risco da uma riqueza cada vez mais ameaçada; INTERDISCIPLINAR FRANCO-BRASILEIRO
destruição, por exercerem, face ao 1. ALVIM, Marília Carvalho de Mello e. "ESTUDO E CARTOGRAFAÇÃO DE FORMAÇÕES
desenvolvimento das atividades - a Lei Federal n9 4.7 71, de 15 de setembro' Populações e culturas pre-histõricas SUPERFICIAIS E SUAS APLICAÇÕES EM
mineradoras e industriais regionais, um de 1965, que e o Novo Código Florestal, do Brasil: o fabuloso homem de REGIÕES TROPICAIS", São Paulo, 1978.
papel de pólo de atração populacional. substituitivo aperfeiçoado do Código de Lagoa Santa. Rev. Atual. Indig. p.21-7.
Sabe-se que se Ouro Preto nao tiver sua 1934; Brasília (5): 14-22, 1977. '
expansão rigorosamente disciplinada, 17. PROUS, André & PAULA, Fabiano Lopes de.
tornar-se-ã o bairro antigo de uma cidade - a Lei Federal n9 4.84 5, de 19 de novembro 2. ANAIS. DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO, L'art rupestre dans les régions
operária moderna, com todos os seus de 1965, proibindo a saída para o exterior n. 1, 1881. explorées par Lund (Centre de
percalços; de obras de arte produzidas no País ate o Minas Gerais, Brésil). In: SIMPÓSIO
fim da Monarquia; 3. ANAIS DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO, DO CENTENARIO DA MORTE DE P.W. LUND.
- os conjuntos urbanos e monumentos do n. 4, 1885. Belo Horizonte, 1980.
Campo das Vertentes, também ligados ao - a Lei Federal n9 5.197, de 3 de janeiro
ciclo do ouro, e sofrendo problemas de 1967, que dispõe sobre a proteção â 4. ANAIS DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO,
similares aos anteriores. fauna selvagem nacional; 25(1): 3-8, 1966. SAINT-HILAIRE, A. de. Viagens pelas
São João Del Rei e Tiradentes são os mais provlncias do Rio de Janeiro e
expressivos, e sua paisagem estã - a Lei Estadual nÇ 5.775, de 30 de 5. AS GRUTAS em Minas Gerais. Belo Minas Gérais" s.l., Nacional,
emoldurada pelas belíssimas serras do setembro de 1971, que outorga a criação. Horizonte, IBGE, 193 9. 278p. 1938. 370p. (Brasiliana)

129
19. . Viagens pelo distrito dos
Diamantes e Litoral do Brasil, s.l..
Nacional, 1941. 452p.

20. SILVEIRA, A.A. Flora e serras mineiras.


Belo Horizonte, Imprensa Oficial,
1908.

21. . Florália Montium. Belo Horizonte,


Imprensa Oficial, 1931. 2v.

22. SPIX, John B. von & MARTIUS, C.F.P. von.


Viagem pelo Brasil, 1817-1820.
Rio de Janeiro, Imprensa Nacional,
1938. 3v.
23. TEIXEIRA, R. A região onde o sabio
Peter Lund viveu e trabalhou.
Suplemento Pedagógico, 61: 6-8,
1980.

24. TEIXEIRA, R. Grutas da região cárstica


de Lagoa Santa. Belo Horizonte,
Júpiter, 1979.

25. VALLE, C.M.C.; CARNEVALLI, N.E.D.;


PEDERSOLI, J.L. Cerca Grande.
In: SEMANA DE HISTORIA NATURAL,3.
Belo Horizonte, ICB/UFMG/MUSEU DE
HISTORIA NATURAL, 1970. 28p.

26. WARMING, E. Lagoa Santa; contribuição


para a geografia fitobiológica.
Belo Horizonte, Itatiaia, 1973.

130
7. Qualidade do meio físico qualidade da água. Nesse sentido, a em quatro classes, que estão apresentadas Tabela 7.3. Limites e condições para as
Deliberação Normativa n9 03/81, de 26 de na Tabela 7.1. Os principais limites e classes 2, 3 e 4 (substâncias
maio de 1981, classifica as águas interiores condições para as classes 2, 3 e 4 são potencialmente prejudiciais)
natural do Estado, segundo os usos preponderantes. apresentados nas Tabelas 7.2, 7.3 e 7.4.

Tabela 7.1. Classificação das aguas interiores do território mineiro

7.1. Água classes destinação substâncias


teores máximos para
classes 2, 3 e 4
ao abastecimento domestico, sem prévia ou com simples desinfecção
7.1.1. Introdução a -
a - ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;
amónia 0,5 mg/i de N
A qualidade da água ê conhecida através do b - a irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas;
exame das suas características físicas, c - ã recreação de contato primário (natação, esqui aquático e arsénio 0,1 mg/í
químicas e biológicas, 0 conhecimento dessas mergulho)
características é que permite verificar se a bário 1 mg/£
Sgua e adequada para o uso desejado, ou se a - ao abastecimento domestico, após tratamento convencional; cádmio 0,01 mg/í
é necessária alguma forma de tratamento para
que se possa utilizá-la sem prejuízos. b - â preservação de peixes em geral e de outros elementos da fauna e cromo 0,05 mg/2
da flora; 0,2 mg/í.
cianeto
Fatores geológicos, biológicos e c - ã dessedentação de animais
cobre 1 mg/l
hidrológicos afetam a qualidade das águas. a - ao abastecimento doméstico, após tratamento avançado;
Impurezas naturais como sedimentos, restos chumbo 0,1 mg/i
de vegetação e dejetos de animais selvagens b - ã navegação;
incrementam o nível de contaminação dos c - â harmonia paisagística; estanho 2 mg/í.
cursos d'agua, mas a maior parte da poluição d - ao abastecimento industrial, irrigação e a usos menos exigentes. fenóis 1
,0,001 mg/í
resulta das atividades antrõpicas.
flúor ,1,4 mg/í.
0 crescimento industrial e populacional Fonte: COPAM - Deliberação Normativa 03/81 de 26/03/81 mercúrio 0,002 mg/í,
recente de Minas Gerais demanda a utilização nitrato 10 mg/í, de N.
cada vez mais intensiva dos recursos hídricos
estaduais, A progressiva procura de água, Tabela 7.2. Limites de condições estabelecidos para as classes 2, 3, 4 nitrito 1 mg/S, de N
conseqüência do crescimento dos consumos e 0,01 mg/l
selênio
da diversificação das utilizações, já limites ou condições classe 2 classe 3 classe 4
ocasiona localmente situações de conflito. materiais flutuantes v i r t u a l m e n t e ausentes virtualmente ausentes virtualmente ausentes
zinco 5 mg/l
Algumas bacias hidrográficas do Estado (inclusive espumas
apresentam conflitos de uso, e a não naturais)
continuidade do desenvolvimento econômico e virtualmente ausentes virtualmente ausentes
ó l e o s e graxas
social certamente agravará esses mesmos
conflitos, caso não sejam estabelecidos substâncias que virtualmente ausentes virtualmente ausentes não objetãvel (1) para classe 4 até 1 mg/t
mecanismos convenientes de gestão. comunicam gosto e
odor Fonte: COPAM - Deliberação Normativa
corantes não será p e r m i t i d o a p r e s e n ç a não será p e r m i t i d o a p r e s e n ç a 03/81 de 26/05/81
Nesse particular, e com o propósito de de c o r a n t e s a r t i f i c i a i s que
de corantes a r t i f i c i a i s que
orientar e conduzir de forma racional a não sejam r e m o v í v e i s por não sejam r e m o v í v e i s por
utilização dos recursos hídricos em seu processo de c o a g u l a ç ã o , processo de c o a g u l a ç ã o ,
território, o Estado tem-se empenhado para a sedimentação e filtração, sedimentação e filtração,
preservação ou melhoria da qualidade de suas convencionais convenc iona i s
águas. Com a finalidade de estabelecer os coliformes não deverá ser excedido um n9 de c o l i f o r m e s fecais até
fundamentos de uma política de recursos limite de 1000 c o l i f o r m e s 4000 por 100 ml em 8 0 % o u mais
hídricos, foi instituído o Comitê Estadual fecais por 100 ml, em 8 0 % de pelo m e n o s 5 a m o s t r a s No que concerne ã monitoração da qualidade
de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas ou mais de pela m e n o s 5 mensais c o l h i d o s em das aguas, alguns organismos estaduais e
- CEEIBH/MG, pelo Decreto n9 19.947, de a m o s t r a s m e n s a i s em q u a l q u e r qualquer mês federais operam redes de amostragem no
04/07/79. Este Comitê pretende orientar a mês Estado, sendo os principais o CETEC, a CEMIG,
ação do Governo no estabelecimento de DBO/5 dias 2 0 ° C ( 1 1
até 5 mg/t até 10 mg/l a COPASA e o DNAEE. Apesar de ser desejável
mecanismos convenientes de gestão. para uma análise abrangente de qualidade da
OD ( 2 )
não inferior a 5 mg/t não inferior a 4 m g / £ superior a 0,5 mg/l agua um grande volume de informações, no
em q u a l q u e r amostra em q u a l q u e r amostra em q u a l q u e r amostra
Importante também na preservação e melhoria presente trabalho somente foram empregados
dados levantados em estações de amostragem
dos recursos hídricos estaduais é a atuação (1) - DBO - Demanda b i o q u í m i c a de o x i g ê n i o : e x p r i m e a q u a n t i d a d e de oxigênio necessária para destruição do DNAEE e do CETEC, uma vez que os
da Comissão de Política Ambiental. Como ou d e g r a d a ç ã o das m a t é r i a s o r g â n i c a s b i o d e g r a d á v e i s de uma água levantamentos efetuados pelas outras
órgão normativo, essa Comissão estabelece (2) - OD - Oxigênio dissolvido entidades tiveram objetivos bastante
medidas, por meio de Deliberações Normativas, específicos.
e fixa critérios para classificar a P o n t e : COPAM - D e l i b e r a ç ã o N o r m a t i v a 0 3 / 8 1 de 26/05/81

131
Tabela 7.4. Limites e condições para as Figura 7.1. Monitoração de qualidade das ãguas superficiais - CETEC/DNAEE estanho, fenóis, mercúrio, nitrito, selênio
classes 2, 3 e 4 (substâncias e zinco.
tensoatívas que reagem com azul
de metileno 0,5 mg/l) Vale ressaltar que ê muito pequena, no
cômputo geral do IQA, a influencia dos
parâmetros indicativos das alterações na
teores máximos qualidade das águas, provocadas pelas
substâncias para classes atividades de extração e beneficiamento de
2, 3 e 4 minérios. De modo que águas que apresentam
altas concentrações de sedimentos
aldrin 0,001 mg/t provenientes de atividades de mineração,
clordano 0,003 mg/l não revelam índices muito inferiores aos de
DDT 0,05 mg/l águas que não sofrem esse tipo de alteração.
dieldrin 0,001 mg/l
endrin 0,0005 mg/l Altas concentrações de sólidos totais e
sedimentáveis e turbidez podem provocar
heptacloro 0,0001 mg/l alterações no meio aquático, como o
epoxide de heptacloro 0,0001 mg/l assoreamento do corpo d'água, ou mesmo a
lindano 0,005 mg/l destruição do habitat natural de algumas
metoxicloro 1,0 mg/l formas de vida. Mas ê considerando qus
toxafeno 0,005 mg/l esses elementos não são indicadores de
toxidez, e que podem ser retirados das águas
2,4 - D 0,02 mg/l por intermédio de tratamento primário, que o
2,4,4 - TP 0,0 3 mg/l seu peso é inferior ao de outros parâmetros
2,4,5 - T 0,002 mg/l considerados mais relevantes.
organofosforados e/ou
carbomatos 0,1 mg/l
7.1.2. Qualidade das águas nas
Fonte: COPAM - Deliberação Normativa
03/81 de 26/05/81 principais bacias hidrográficas
• Bacia do Rio Doce
Com maior ou menor volume de dados, a Sobre a bacia do Rio Doce dispõe-se apenas
análise de qualidade da água abrangeu as de dados do DNAEE, referentes a quatro
estações localizadas nas bacias dos rios estações de amostragem, operadas no período
São Francisco, Grande, Paranalba, Doce, de agosto de 19 75 a abril de 19 80.
Jequitinhonha, Paraíba do Sul e Mucuri, A localização dessas estações ê indicada na
compreendendo portanto as maiores e mais Figura 7.1. As médias aritméticas e os
importantes bacias do Estado, conforme valores mínimos e máximos encontrados para
mostra a Figura 7.1. Nas demais bacias, os quatro parâmetros selecionados pelo
devido a inexistência de estações de DNAEE são apresentados na Tabela 7.6.
amostragem, não foi possível caracterizar a Legenda:
qualidade das ãguas.
i Estações de amostragem de água do Tabela 7.6, Medias máximas e mínimas para os
A metodologia escolhida para ser empregada DNAEE quatro parâmetros na bacia do
no processamento e apresentação dos dados j^K Areas de monitoração do CETEC Rio Doce
foi a determinação de "Índices de Qualidade período; agosto/75 a abril/80
de Agua - IQA". Esse procedimento, \\'\\\ Area jã submetida a estudo
entretanto, só foi possível para os dados e s t a ç ã o S66950QO: r i o P i r a c i c a b a em A c e s i t a
e s t a ç ã o 56110005: r i o P i r a n g a em P o n t e N o v a ( J u s a n t e )
do CETEC, uma vez que o DNAEE não pesquisa estação 56720000: rio D o c e em C a c h o e i r a E s c u r a
todos os parâmetros utilizados nos cálculos Fonte: CETEC e s t a ç ã o 56850000: rio Doce em G o v e r n a d o r V a l a d a r e s

do IQA. valores encontrados


média aritmética mínimo máximo
peiíodo peílodo p e r í o d o p e r í o d o per I o d o pes: Iodo
Assim, para os dados do DNAEE procedeu-se a seco chuvoso seco c h u v o s o seco chuvoso
uma análise com base na interpretação dos Tabela 7.5. Valores normalmente encontrados decrescentemente com relação ao valor do 7,3 7,4 6,1 6,2 8,6 8,4
resultados das medições dos quatro em águas superficiais e valores peso, os nove parâmetros são: oxigênio pH
7,3
7,3
7,5
7,3
6,2
6,1
6,5
6,6
8,5
8,4
6,5
8,6
parâmetros selecionados de acordo com o grau recomendados para preservação dissolvido, coliformes fecais/100 ml, pH, 7,3 7,4 6.2 6,5 8,4 8,2
de confiabilidade dos métodos de análise, a da vida aquática para pH, DBO, nitratos, fosfatos, temperatura, 23 26 18 22 29 35
continuidade das medidas efetuadas, e a temperatura, condutividade turbidez e sólidos totais. 0 índice varia temperatura
água (°C)
da 22
23
25
26
17
19
22
22
26
27
28
30
representatividade com que conjuntamente elétrica e turbidez de 0 a 100, e a qualidade da água é 24 27 20 24 27 33
traduzem a qualidade de um corpo d'água. enquadrada nas seguintes classes: 33 33 25 17 46 42
Esses parâmetros são o pH, a condutividade valores normalmente valores
condutividade
elétrlcalus/cm)
35
55
36
53
27
45
24
29
55
75
50
80
elétrica, temperatura e turbidez. Visando parâmetro encontrados em recomendados para 0 £ IQA < 25 = água muito ruim 44 43 31 26 52 65
comparar os valores encontrados nas medições águas superficiais preservação da
vida aquática 25 - IQA < 50 = água ruim 45 10B 8 13 175 275
240
dos quatro parâmetros selecionados, 50 < IQA < 70 = água média turbidez (NTU!
28
75
83
138
5
15
8
15
180
440 325
elaborou-se a Tabela 7.5, que apresenta os pH 6,5 - 8,5 6,5 - 8,5(±0,5> t u
270
70 i IQA < 90 = água boa 40 115 10 10 188
padrões de referência para os dados do temperatura(°C) variável 34(2) 90 i IQA - 100 = água excelente Fonte: DNAEE
DNAEE. condutividade
elétrica (us/cm) variável De acordo com a concepção do índice de Deve-se salientar que esse volume de dados é
O IQA ê um instrumento de gerenciamento turbidez (NTU) variável <50<?) qualidade, a ocorrência de pesticidas e insuficiente para uma analise detalhada da
simples, para medir as variações na outras substâncias tóxicas em concentrações qualidade da água, com base na interpretação
qualidade da água. Ê calculado com base em Fonte: CETEC inconformes com os padrões estabelecidos dos resultados das medições. Não obstante,
um conjunto de nove parâmetros considerados Ref.i (i) Train, R.E. - Quality Criteria for Water, 1974 para ãguas de classe 2 e 3, acarreta um é possível expor algumas observações:
mais representativos da qualidade da água. (2) The Water Encyclopedia, 1970 David K.Todd índice de valor zero, o menor na escala
De acordo com o grau de significância de (3) Water Quality standards of the state of adotada. Dentre estas substâncias tóxicas, - os valores de pH estão compreendidos entre
California, Oct. 1976 in Directory of Federal
cada um deles, foi atribuído a cada and State Water Pollution Standards - NTS PB -
podemos listar as seguintes: amónia, arsénio, os limites favoráveis ao desenvolvimento
parâmetro um peso. Ordenados 267798, Oct. 1976. bário, cádmio, cromo, cianeto, cobre, chumbo. da vida aquática;

132
- as médias de condutividade elétrica do Tabela 7.7. Médias máximas e mínimas para Para tanto, operou-se uma rede de amostragem Tabela 7.8. Médias máximas e mínimas para
período seco, nas quatro estações, os quatro parâmetros na bacia com 91 estações, distribuídas em 57 cursos os quatro parâmetros na bacia
apresentaram-se muito próximas das do do Rio Grande d'água, tendo-se realizado duas coletas por do Rio Mucuri
período chuvoso, sugerindo uma pequena período: agosto/75 a abril/80 estação. Os resultados das análises foram período: março/76 a abril/80
influência do carreamento para os rios de processados de modo a possibilitar o cálculo
material ionizável, pelas águas estação 61089998
dos IQA, que são apresentados na Figura 7.2,
rio d a s M o r t e s em B a r r o s o
superficiais; estação 61145000 rio G r a n d e em M a c a i a juntamente com a rede de amostragem. estação 55630000: rio Mucuri em C a r l o s Chagas
estação 61510000 rio Verde em Três Corações valores encontrados
estação 6 1271000 rio S a p u c a í e m Itajuba parâmetro
- a média de condutividade elétrica da estação 61425000 rio S a p u c a í em P a r a g u a ç u A representação dos parâmetros pesquisados media aritmética mínimo máximo

estação de Cachoeira Escura foi superior a parâmetro


estação 61794000 rio U b e r a b a em U b e r a b a
pelo CETEC na região, em termos de índices período período período período período período
seco chuvoso seco chuvoso seco chuvoso
de Governador Valadares, e' ambas foram valores encontrados
de qualidade das águas, mostra o seguinte
H 7,5 7,5 6,4 6,7 8,4 8,5
sensivelmente superiores às encontradas média aritmética mini mo máximo quadro: P

temperatura da
nas estações dos rios Piracicaba e Piranga, período período
seco chuvoso
período
seco
período período período
á g u a (OC)
23 27 19 22,5 28 30
chuvoso seco chuvoso
indicando que os efeitos dos lançamentos - não foram detectadas águas de qualidade condutividade
7,4 7,5 6,3 6,8 8,5 8,8 95 98 64 65 150 150
de efluentes industriais nessas sub-bacias 7,3 7,2 6,4 6 , 5 8,9 9 . i muito ruim; elétrica(us/cm)

refletem-se na altura de Cachoeira Escura, 7,5


7,5
7,2
7,3
6,8
6,3
6,0
6,7
8,5 9,0 turbidez (NTU) 25 69 9 20 75 340
B,9 9,3
e, em menor escala, em Governador 7,5 7,2 6,8 6,6 8,7 8,8 - 7% das amostras analisadas apresentaram Fonte: DNAEE
Valadares; 7,5 7,5 6,7 6,6 8,4 9,2
índices entre 25 e 50, ou seja, de
17 22 10
20 23 17
19
21
21
24
25
27
qualidade ruim;
- as médias de turbidez são elevadas, e os temperatura da 20 23 16 19 26 32
valores, no nível em que foram detectados, ãijua (°C) 17 20 14 18 25 23
- 85% apresentaram índices entre 50 e 70, disponíveis permitem relacionar algumas
interferem significativamente nos
20 24 16 20 23 27
portanto de qualidade média; conclusões:
21 25 17 19 27 29
ecossistemas dos rios. No trecho entre 37 39 23 18 iS 68
Cachoeira Escura e Governador Valadares, 26 24 22 10 31 33
- 7% apresentaram índices de boa qualidade, - as medidas de pH encontradas estiveram
verifica-se uma melhoria nas condições do
condutividade
elétrica(us/cm)
26
33
26
36
22
26
23
27
34 32
entre 70 e 90; sempre dentro dos limites favoráveis ao
45 47
rio, no que se refere ã turbidez. 29 31 24 25 40 37 desenvolvimento da vida aquática;
109 85 65 60 165 160
13 64 3 6 90 190
- 1%, uma amostra, apresentou índice entre
Vale destacar, por fim, que a bacia do 52 105 25 18 140 250 90 e 100, revelando qualidade excelente. - os valores de condutividade elétrica
Rio Doce, notadamente nas regiões do turbidez (NTU)
17 41 5 15 35 80 estiveram sempre abaixo do máximo
40 49 5 13 220 140
Vale do Aço e de Governador Valadares, 29 54 5 10 120 100 Uma análise mais detalhada dos índices recomendável ã vida aquática;
apresenta densidades populacional e 34 73 5 7 260 800 permite identificar e localizar as águas de
industrial relativamente elevadas. Portanto, Fonte: DNAEE pior qualidade: as do Rio Rubim do Sul, as - nenhuma anormalidade foi detectada entre
ê razoável supor que esteja ocorrendo nas do Ribeirão São Pedro em Medina, as do as temperaturas medidas, observando-se
proximidades dessas regiões uma deterioração Rio Salinas em Salinas, as do Rio Setúbal apenas as esperadas variações sazonais;
•da qualidade das águas, o que, todavia, não das análises de condutividade elétrica em jenipapo, as do Rio Gravata no cruzamento
pôde ser comprovado, devido ã carência de apresentaram valores elevados e sujeitos com a estrada Francisco Badarõ-Araçuaí, as - observou-se o comportamento previsto para
dados. ãs variações sazonais; do Rio Araçuaí em Araçuaí, as do Rio a turbidez, posto que a média foi menor
Jequitinhonha em Serra Branca, as do Rio no período seco do que no chuvoso. Esse
• Bacia do Rio Grande - quanto â temperatura, foram observadas Capivari em Chapada do Norte, e as do comportamento vem atestar a relevância do
apenas as variações sazonais previstas, Córrego de Datas em Datas. O quadro se escoamento superficial para as águas do
Sobre a bacia do Rio Grande, os dados nao se detectando, portanto, nenhuma esclarece a partir da identificação das rio, de material em suspensão.
disponíveis de qualidade das águas anormalidade; principais causas de degradação das águas
referem-se apenas a seis estações de da bacia, quais sejam: Considerando-se ainda que a bacia do Rio
amostragem operadas de agosto de 1975 a - a turbidez apresentou o comportamento Mucuri drena uma região relativamente
abril de 1980, pelo DNAEE.^ A S médias esperado, tendo sido detectada maior média - lançamento de esgotos e dejetos diversos pequena do Estado, e que possui, com exceção
aritméticas e os valores mínimos e máximos no período chuvoso que no seco, para cada de áreas urbanas, vilas ou casas isoladas, da cidade de Teófilo Otoni, baixas
dos quatro parâmetros nos períodos secos e uma das seis estações. Tal fato induz ã assentadas especialmente ao longo dos densidades industrial e populacional,
chuvosos, pesquisados nestas estações, estão consideração de que o escoamento rios Rubim do Sul, Salinas, Araçuaí, do conclui-se que a mesma não deve apresentar
apresentados na Tabela 7.7. A Figura 7.1 superficial de material em suspensão tenha Ribeirão São Pedro e do Córrego Datas; maiores problemas no que tange ã qualidade
mostra a localização das estações. sido relevante, esclarecendo-se que esse de suas águas. Para atestar tal afirmativa,
material pode variar desde coloídes até - o carreamento de material em suspensão e no entanto, seria necessário dispor de um
Destaca-se que o pequeno volume de dados materiais grosseiros. Ressalte-se o fato dissolvido de áreas agrícolas, notadamente maior volume de dados.
inviabiliza a realização de uma análise mais de as médias dos períodos seco e chuvoso de grandes áreas reflorestadas ãs margens
completa do quadro da qualidade das águas na para a estação do Rio Grande em Macaia, dos rios Jequitinhonha, Capivari, Setúbal • Bacia do Rio Paraíba do Sul
bacia. Entretanto, a interpretação dos e as médias dos períodos chuvosos para as e Gravata;
resultados disponíveis permite tecer os demais estações haverem atingido níveis Na parte mineira da bacia do Rio
seguintes comentários: que podem interferir nos ecossistemas - a dragagem do leito do Rio Jequitinhonha Paraíba do Sul, o CETEC vem operando redes
dos rios. e do Córrego Datas, para exploração mineral. de monitoramento sistemático da qualidade
- observou-se exagerada alcalinidade na das águas nas sub-bacias dos Rios Paraibuna
estação do Rio Grande em Macaia, e na do Finalmente vale destacar que o Rio Grande, • Bacia do Rio Mucuri e Pomba. Não se dispõe de informações sobre
Rio Sapucaí em Itajuba, o que foi notadamente ao sul da bacia, drena área com a sub-bacia do Rio Muriaé.
confirmado pela obtenção de valores de pH densidade populacional e industrial A Tabela 7.8 descreve e apresenta a estação
superiores aos máximos recomendados para relativamente elevadas. Esse dado sugere de amostragem operada pelo DNAEE nesta Sub-bacia do Rio Paraibuna
a preservação da vida aquática. Ainda na que esteja ocorrendo na região uma sub-bacia, as médias aritméticas e os
estação do Rio Verde em Três Corações, os deterioração da qualidade das águas. No valores mínimos e máximos encontrados nos Inicialmente foi operada na sub-bacia do
valores mínimo e máximo encontrados entanto, a confirmação desse fato requer a períodos secos e chuvosos para cada um dos Rio Paraibuna uma rede de amostragem de água
coincidiram com os limites recomendados análise de um volume de dados maior do que parâmetros pesquisados, no período de com 19 estações, distribuídas pelos rios
para a preservação da vida aquática; o disponível para esse trabalho. março de 1976 a abril de 1980. Acrescente-se Paraibuna e seus principais afluentes (Peixe,
que são esses os únicos dados de qualidade Preto e Cágado), com amostragens executadas
- as análises de condutividade elétrica • Bacia do Rio Jequitinhonha de água disponíveis da_bacia do Rio Mucuri. no período de outubro de 1977 a fevereiro de
mostraram valores baixos e não sujeitos A localização da estação é indicada na 1978. Uma segunda rede foi estabelecida
ãs variações sazonais, o que vem sugerir, O CETEC concluiu em agosto de 1980 um Figura 7.1. dentro do perímetro urbano de Juiz de Fora,
portanto, ser pequena a influência do levantamento de recursos naturais que inclui com 10 estações de amostragem localizadas no
carreamento para os rios de material um estudo sobre a qualidade das águas na Deve-se ressaltar a impossibilidade de se álveo do Rio Paraibuna, e operadas de maio a
ionizável, pelas águas superficiais. bacia do Rio Jequitinhonha. Esse estudo proceder a uma análise detalhada da qualidade agosto de 1978. Atualmente a rede é
Constituindo-se em exceção ao comportamento forneceu os subsídios necessários ã presente das águas da bacia, tendo em vista a constituída de 9 estações, cuja operação
acima exposto, encontra-se a estação do análise de qualidade das águas da referida escassez dos dados. No entanto, a iniciou-se em junho de 1980. No estudo de
Rio Uberaba em Uberaba, onde os resultados bacia. observação e interpretação dos resultados qualidade dos cursos d"água da sub-bacia

133
Figura 7.2. Qualidade das águas superficiais no Vale do Jequitinhonha No que se refere aos afluentes, os dados
disponíveis indicam o lançamento de cargas
significativas de esgotos e outros dejetos
provenientes dos diversos núcleos urbanos
da região, como se confirma pelos teores
elevados de amónia, DBO e coliformes fecais
detectados nas análises. Foram observados
ainda casos de contaminação por metais
pesados em uma estação do Rio do Peixe e
em duas do Rio Cágado. Ressalte-se que o
valor de 50% de águas muito ruins, observado
para a estação BS 030, Rio Cágado na Ponte
da BR-267, deve ser visto com reservas, pelo
fato de ter sido gerado a partir de apenas
duas análises.

Os principais problemas de qualidade da água


nesta sub-bacia, de acordo com a análise dos
dados obtidos, são os seguintes:

- cargas elevadas de matéria orgânica são


lançadas nos principais rios e córregos
da região, tendo sido detectados valores
elevados de DBO e amónia;

- lançamentos de grande quantidade de


matéria fecal nos cursos d'água,
representados pelos elevados números de
coliformes fecais observados;

- lançamento de efluentes industriais,


notadamente em Juiz de Fora, representados
pelos teores de chumbo, cromo e sólidos
totais detectados em várias estações;

- presença de selênio em várias análises


realizadas, possivelmente devida â
existência desse elemento nos solos da
região;

- existência de trecho crítico quanto â


poluição hídrica nos limites do município
de Juiz de Fora, o que deve ser atribuído
ãs grandes densidades populacional e
industrial do município.

. Sub-bacia do Rio Pomba

Em continuidade aos trabalhos realizados na


bacia do Rio Paraíba do Sul, foram
estabelecidas na sub-bacia do Rio Pomba,
20 estações de amostragem. Estas estações
foram operadas no período de março a
junho de 19 78, com três amostragens em cada
estação. A rede atual de amostragem é
composta por 8 estações, cuja operação teve
início em junho de 19 80.

Para o processamento dos dados foram


utilizados os resultados de análises obtidos
em 7 estações de amostragem, selecionadas
entre as acima referidas, e que podem ser
Fonte : CETEC identificadas, juntamente com a atual rede
de amostragem, na Figura 7.5. Já a
Figura 7.6 apresenta a distribuição
percentual dos índices de qualidade das
foram utilizados resultados de análises De um modo geral, as águas de pior qualidade de estações de amostragem. Ainda nesse águas em cada estação pesquisada, sob a
obtidos em 10 estações selecionadas entre as encontradas nesta sub-bacia foram as do trecho foram detectados teores elevados de forma de um diagrama unifilar.
19 acima referidas, e que podem ser Rio Paraibuna, no trecho a jusante de chumbo e selênio. A ocorrência desses
identificadas na Figura 7.3, juntamente com Juiz de Fora, onde o intenso lançamento de metais pode estar relacionada ao lançamento Pela observação desse diagrama, conclui-se
a atual rede de amostragem. Os dados obtidos esgotos residenciais e industriais se de efluentes industriais a montante ou âs que as piores águas desta sub-bacia são as
foram condicionados sob a forma de IQA. reflete em elevados teores de amónia, DBO, características do solo da bacia. 0 selênio do próprio Rio Pomba. As estações aí
coliformes fecais, turbidez, sólidos totais pode ainda provir da pulverização de localizadas são as únicas onde foram
O diagrama unifilar apresentado na e de cromo. A deterioração das águas do pesticidas e da decomposição dos tecidos de detectadas águas de qualidade muito ruim.
Figura 7.4 mostra a distribuição percentual Rio Paraibuna a jusante de Juiz de Fora pode plantas. Observa-se ainda que a qualidade das águas
desses índices em cada estação pesquisada. ser comprovada pelo menos até onde se dispõe provenientes das estações dos afluentes do

134
Figura 7.3. Bacia do Rio Paraibuna - estações de amostragem de água superficial Figura 7.4. Diagrama unifllar da bacia do Rio Paraibuna - rede de amostragem de água
superficial

43°00'
44°00'

2'°i0'

EWBANK DA C A M A R A

12/770 02/78 L —
Rib- Tobuotl

-Z2°00'

Mb. E»pftito 3onto

JUIZ DE FORA

Legenda: 1 1 / 7 7 0 0 6 / 7 8

I >BS0I7
% cidade
• rede atual de amostragem
o IQA 1 2 / 7 7 0 0 2 / 7 8 I 2 / 7 7 O 0 2 / 7 8

© IQA e rede atual de amostragem O6/8O0 1 1 / 8 0 O MATIAS BARBOSA

Rio do P«i«t
# 8 3 0 2 0

LIMA DUARTE
BELMIRO BRA6A
Fonte: CETEC O 1 1 / 7 7

0 6 / 8 0
0 0 2 / 7 8

o U / 8 0
TRÊS ILHAS
RIO PRETO O
BS027 BS028
Rio Pomba variou de média a boa. Dada a Tabela 7.9. Médias e mínimas para os quatro -• =—-OH
ocorrência de concentrações elevadas de parâmetros na bacia do Rio
coliformes fecais, os índices de qualidade Paranaíba ll/77o 02/78
de água mostraram, de uma maneira geral, período: agosto/76 a maio/79 l2/77o02/78' I0/J8 o 02/76
que as águas da bacia do Rio Pomba se
enquadram principalmente na classe de estação 60381500: rio Uberabinha em U b e r l â n d i a
qualidade média. estação 60845000: rio T e j u c o em Ituiutaba
valores encontrados
As principais fontes de contaminação da parâmetro média aritmética mínimo máximo
água por coliformes fecais são os despejos período período período período período período
seco chuvoso seco chuvoso seco chuvoso
urbanos, a drenagem superficial urbana e
7.4 7,0 6,2 5,3 8,6 9,1
outras formas de carreamento de material PH 7,9 7,5 7,0 6,0 11,5 9,1
fecal para os cursos d água. A medida da
1

20 24 17 22 24,5 26 Rio P o r o l b o d o Sul


temperatura da
concentração de coliformes fecais indica a á q u a (°C> 22 26 15 22,5 25 30
probabilidade de ocorrência, na água, de condutividade 26 > 26 12,5 12,5 45 80
bactérias patogênicas de origem intestinal e l é t r i c a dis/cm' 59 54 20 39 70 75
11 22 5 7 36 85
turbidez (NTU) 41 92 3 10 320 300
• Bacia do Rio Paranaíba Legenda:
Fonte: DNAEE

Sobre a bacia do Rio Paranaíba só se dispõe O cidade


de dados do DNAEE, obtidos de agosto de - as médias de pH encontradas nos períodos O IQA
1976 a maio de 1979, e relativos a duas secos foram superiores âs dos períodos
estações de amostragem localizadas segundo chuvosos, como era esperado, e apesar de • rede atual de monitoramento
a indicação da Figura 7.1. A Tabela 7.9 se encontrarem dentro dos limites da O IQA e rede atual de monitoramento
apresenta e descreve essas duas estações, e faixa favorável ao desenvolvimento da vida
relata as médias aritméticas e os valores aquática, os valores extremos - máximos e bom. > ^ muito ruim
mínimos e máximos encontrados para os quatro mínimos - para os dois períodos,
parâmetros selecionados pelo DNAEE. extrapolaram tal faixa. Excetua-se o
mínimo do período seco, para a estação do méd
Vale reafirmar que para viabilizar uma Rio Tejuco em Ituiutaba. Ainda quanto ao
análise pormenorizada da qualidade das águas pH, o valor máximo ocorrido na estação do
da bacia, seria indispensável dispor-se de Rio Tejuco em Ituiutaba pode demonstrar
maior voiume de dados. Todavia, algumas a afluência para o rio, de poluentes com
observações podem ser apresentadas: caráter básico,"contendo Ion hidroxila; Fonte: CETEC

135
Figura 7.5. Bacia do Rio Pomba - estações de amostragem de água superficial Figura 7.6. Diagrama unifilar da bacia do
X
drenadas, como no que tange ã intensiva
Rio Pomba - rede de amostragem utilização de suas águas para abastecimento
de água superficial urbano e industrial, e como receptoras de
cargas poluidoras diversas.

. Sub-bacia do Rio das Velhas

A rede estabelecida pelo CETEC na sub-bacia


do Rio das Velhas é composta atualmente por
42 estações de amostragem, distribuídas pela
região que se estende da nascente, no
município de Ouro Preto, até a ponte
Raul Soares, na MG-010, no município de
Lagoa Santa. Para a análise da qualidade da
água nesse trecho foram selecionadas as 21
estações mais representativas, que podem
06/800 ll/80f— ser identificadas na Figura 7.7, juntamente
com a atual rede de monitoração.

A análise dos índices de qualidade dessas 21


estações indica que as águas do Rio das
ãSOoS
Velhas e de alguns de seus afluentes
O—
3 mo POMBA
encontram-se deterioradas. 0 diagrama
unifilar com a distribuição percentual desses
03/78 o 06/78 índices de qualidade mostra que os ribeirões
Ãgua Suja, Sabará, Arrudas e Onça são
os principais responsáveis pela degradação
do Rio das Velhas (Figura 7.8).
-JXVfl 0 3 / 7 8 0 0 6 / 7 8
Observa-se pela Figura 7.8 que o Ribeirão
Agua Suja apresentou, em 100% das amostras,
águas de qualidade muito ruim. 0 lançamento
dos esgotos urbanos de Nova Lima reflete-se
principalmente nas altas concentrações de
Legenda:
ASTOLFO DUTRA I coliformes fecais, DBO e amónia, bem como
na redução do OD. Outro fator de degradação
© IQA e rede atual de monitoramento das águas desse ribeirão são as atividades
• estação de amostragem atual 03/78 o 0 6 / 7 8
"-AVÍ/' 0 6 / 8 0
J
011/80
de extração e beneficiamento de minérios na
sub-bacia, como pode ser verificado pelos
o IQA altos teores de turbidez e sólidos totais
© cidade CATAGUASCS detectados. Além disso, foi verificada a
03/78 o 06/78 f— BS030
presença de arsénio, bário, cádmio, cromo,
limite da bacia cianeto e chumbo em teores acima dos
limite interestadual máximos permitidos, o que também pode ser
atribuído às atividades de beneficiamento
de minérios.

Fonte : CETEC O Ribeirão Sabará, corpo receptor dos


0 4 / 7 8 o 07/76£~-r esgotos domésticos e industriais gerados nos
06/80 o 10/ 8 0
©LARANJAL municípios de Sabará e Caeté, apresentou, em
- no que concerne ã condutividade elétrica, 40% das amostras, águas de qualidade muito
• Bacia do Rio São Francisco
as tênues variações observadas entre os ruim. No que concerne aos ribeirões
períodos seco e chuvoso sugerem um Arrudas e Onça, pode-se afirmar, apesar da
Sobre a bacia do Rio São Francisco carência de dados, que suas águas são
moderado efeito do fluxo de materiais dispõe-se de dados do CETEC e do DNAEE. As
ionizáveis para o rio; poluídas,pelo simples fato de serem os
cabeceiras dos rios das Velhas e Paraopeba receptores de praticamente toda a carga de
são monitoradas rotineiramente pelo CETEC, M I M A S G E R A 13 dejetos domésticos e industriais da
- quanto ã temperatura, nada além das desde fins de 19 77, e a área mineira da 0 3 / 7 8 dO6/78fc-_
aglomeração metropolitana de Belo Horizonte.
06/8 0 a l I/B0V-_—! Ml O K JANEIRO
esperadas variações sazonais foi detectado; SUDENE foi pesquisada por ocasião de estudos
realizados pe,lo CETEC em 1979. Na execução No trecho a jusante do Ribeirão Agua Suja e
- no que se refere a turbidez, verificou-se deste trabalho, procurou-se completar o a montante do Ribeirão da Mata, o Rio das
um razoável acréscimo no período chuvoso levantamento do CETEC com as informações do Velhas apresenta a pior qualidade detectada
para as duas estações de amostragem da DNAEE, levantadas no período de janeiro de entre suas águas, recebendo a influência das
bacia do Rio Paranaíba, o que permite 1975 a abril de 1980. Para tanto, foram águas poluídas dos ribeirões Agua Suja,
concluir ter sido significativa a utilizadas 10 estações de amostragem, Sabará, Arrudas e Onça. São relacionados a
influência do carreamento de material em distribuídas pelo Rio São Francisco e pelas Legenda: seguir os principais fatores que provocam
suspensão pelas águas das chuvas. sub-bacias dos rios das Velhas, Paraopeba e a deterioração das águas do Rio das Velhas,
Pará. A Figura 7.1 mostra as áreas © cidade
nesse trecho:
Alia-se â insuficiência dos dados em termos pesquisadas pelo CETEC e as estações do o IQA
quantitativos, a ausência de estações de DNAEE utilizadas. - o despejo de esgotos e dejetos dos núcleos
amostragem no ãlveo do Rio Paranaxba, posto • rede atual de monitoramento
urbanos drenados nessa área, como indicam
que os dados disponíveis referem-se a A análise da qualidade das águas das
-
« IQA e rede atual de monitoramento as determinações de OD, coliformes fecais,
somente dois dos seus afluentes. sub-bacias dos rios das Velhas, Paraopeba DB0, amónia e nitrito;
e Pará, especialmente dos dois primeiros,
Acrescenta-se, por fim, que a bacia drena será apresentada separadamente do restante bom - o lançamento de efluentes de atividades
uma região de densidades populacional e médio
da bacia, visto haver disponibilidade de minerarias e industriais, fato comprovável
industrial médias, e pode, portanto, estar razoável volume de dados sobre as mesmas, pelos elevados valores de turbidez,
sofrendo degradação na qualidade de suas e considerando-se a importância desses rios, sólidos totais e alguns metais como bário,
águas. tanto no que se refere às áreas por eles Fonte: CETEC chumbo e cobre, detectados nas análises.

136
Para complementar as informações do CETEC, jusante. A ocorrência de condutividade Várzea da Palma,que conta com algumas pela região compreendida entre as cabeceiras
foram utilizados dados de três estações do elevada nas estações pode ser atribuída ás indústrias de porte, cujos efluentes do rio, no município de Cristiano Otoni, até
DNAEE localizadas no Rio das Velhas em atividades industriais desenvolvidas na líquidos poderiam estar contribuindo para a as serras que compõem o conjunto orográfico
Pinhões, Jequitibã e Várzea da Palma. As Região Metropolitana de Belo Horizonte e degradação da qualidade das águas. Fecho do Funil.
médias aritméticas e os valores mínimos e ã atividade de exploração de minérios nas Há, contudo, necessidade de informações
máximos encontrados para os quatro cabeceiras do Rio das Velhas. Nas três extras, para melhor avaliar-se tal Para a análise da qualidade das águas no
parâmetros selecionados pelo DNAEE são estações a média aritmética das medidas no afirmação. trecho estudado pelo CETEC, foram
apresentados na Tabela 7.10. A partir da período seco foi maior que no período consideradas todas as estações ora em
interpretação desses resultados, podem ser chuvoso, indicando que o carreamento de Sub-bacia do Rio Paraopeba operação, mostradas na Figura 7.9.
acrescentados os seguintes comentários: íons pelos escoamentos superficiais não ê O diagrama unifilar da Figura 7.10 mostra a
muito grande; A rede de amostragem estabelecida pelo CETEC distribuição percentual dos índices de
na sub-bacia do Rio Paraopeba é atualmente qualidade das águas em cada estação
Tabela 7.10. Médias máximas e mínimas para - apenas as variações sazonais esperadas composta por 14 estações, que se distribuem pesquisada.
os quatro parâmetros na foram observadas para as temperaturas;
sub-bacia do Rio das Velhas
período; setembro/75 a abril/80 Figura 7.9. Bacia do Rio Paraopeba - estações de amostragem de agua superficial
- observa-se de modo geral um decréscimo
nos valores medidos de turbidez de
e s t a ç ã o 41249500 r i o das V e l h a s em P i n h õ e s montante para jusante, embora em níveis
e s t a ç ã o 41410000
e s t a ç ã o 41990000
r i o das
r i o das
V e l h a s em J e q u i t l b á
V e l h a s em V á r z e a da P a l m a
que comprometem o ecossistema do rio.
parâmetro valores encontrados A ocorrência de turbidez elevada esta
média aritmética mínimo máximo seguramente relacionada com a atividade
período período período período período período de exploração de minérios desenvolvida
seco chuvoso seco chuvoso seco chuvoso na região do Alto Rio das Velhas. Os
pH
7 ,b 7,4 7,1 b,i
6,8
8,5
12,0
8,6 valores de pico estão associados ao
7,fl 7,5 7,0 8,5
7,9 7,2 7,3 4,0 0,7 8,8 período chuvoso, quando é grande a
temperatura da
20 24 17 21 2b ?8 quantidade de material em suspensão,
água ( C)Ü
22
23
26
26
19
19
23
22
26
29,5
29
29
proveniente das áreas de mineração a céu
19.1 157 120 95 300 240
aberto, carreada para o rio. Os menores
condutividade
e l é t r i c a liis/cm)
168 158 130 70 200 200 valores ocorreram geralmente no período
123 89 40 35 220 154
seco, com as mínimas entre junho e
turbidez (NTu)
112
132
243
177
6
30
60
33
bSO
900
BOO
600
agosto.
32 127 2 9 160 330

Fonte: DNAEE Do exposto, conclui-se que os principais


fatores de degradação da qualidade das
águas no trecho da sub-bacia do Rio das
considerando-se que o comportamento Velhas estudado pelo CETEC, são os abaixo
normalmente apresentado pelas águas enumerados:
naturais é a tendência de se encontrarem
maiores valores de pH no período seco do - as cabeceiras drenam parcialmente área do
que no chuvoso, e levando-se ainda em Quadrilátero Ferrífero, região onde se
conta os resultados obtidos em Pinhões, encontram as principais ocorrências
onde não se observou tal padrão de minerais economicamente exploráveis do
variação, é válido inferir a influência Estado, tendo-se portanto desenvolvido
dos esgotos lançados pela RMBH nas nessa região intensa atividade de extração
características químicas do rio, o que e beneficiamento de minérios. A atividade
poderia estar mascarando as esperadas mineraria vem provocando os elevados
variações sazonais. índices de turbidez e sólidos totais
Observou-se ainda a ausência desse padrão encontrados na área, causando prejuízos ao
na estação de Jequitibá. Nesta estação ecossistema do rio, e onerando os custos
foi também verificado um pH=12, em do tratamento das águas captadas no Rio
agosto de 1977, valor bem acima da faixa das Velhas ã altura de Bela Fama, para o
estabelecida como favorável ao abastecimento de Belo Horizonte;
desenvolvimento da vida aquática. A
ocorrência de valores elevados de pH, - lançamento dos esgotos domésticos dos
aliada ás médias mais altas observadas, diversos assentamentos urbanos, sobretudo
pode estar associada à geologia da região. as cidades de Belo Horizonte, Itabirito,
Em outras palavras, poderia estar havendo Rio Acima, Raposos, Nova Lima, Caeté,
em Jequitibá, região calcãrea, a Eabarã, Santa Luzia, Vespasiano, Ribeirão
solubilização de rochas adjacentes. Tal das Neves e Pedro Leopoldo, que vem
solubilização, por si, justificaria as causando baixo OD e elevadas concentrações
médias mais elevadas, e aliada a de coliformes fecais, DBO e amónia;
consideração de ser menor o volume d'água
no período seco, justificaria o fato desse - lançamento de efluentes de indústrias,
efeito ter sido mais pronunciado nesse especialmente as localizadas em
período. Na estação de Várzea da Palma Belo Horizonte, Contagem, Sabarã,
já se observa tanto uma queda nas médias Santa Luzia, Itabirito e Caeté, que
de pH, como a volta ao padrão definido e aumentam a concentração de diversas
esperado de variação. Esse padrão pode substâncias potencialmente prejudiciais,
constituir-se em um indicativo da volta à Legenda
entre elas: bário, chumbo, cobre, cromo,
normalidade do regime do rio; arsénio, cianeto e cádmio. O

a condutividade elétrica apresentou Apesar do pequeno volume de dados amo


grandes variações nas três estações. disponíveis, existem indicações de que
Contudo, os valores encontrados estiveram ocorre a jusante uma recuperação natural
sempre abaixo do máximo recomendado para o da qualidade das águas da sub-bacia. Entre
desenvolvimento da vida aquática. Os tais indícios, inclui-se a ausência de
...— J
valores médios encontrados são elevados, grandes aglomerações urbanas e industriais.
e decrescem nas estações, de montante para Como caso atípico aparece o município de Fonte: CETEC

138
Figura 7.10. Diagrama unifilar da bacia do Rio Paraopeba - rede de amostragem de agua As conclusões a que se chegou a partir da as cidades de Crucilândia e Rio Manso, onde
superficial interpretação dos resultados de análises se desenvolvem atividades agropecuárias.
e dos índices gerados são destacadas a Assim, os metais encontrados nas análises
seguir. De uma maneira geral, os índices podem ter origem nos produtos agroquímicos
de qualidade da água variam entre bom, médio empregados naquela região.
Rio do Proto e ruim, sendo problemas comuns a toda a
sub-bacia os de coliformes fecais, turbidez O Ribeirão Aguas Claras também drena região
e sólidos totais. No que se refere a agropecuária, onde a provável utilização de
coliformes fecais, deve-se ressaltar que produtos agroquímicos talvez justifique os
foram detectados teores elevados em todas metais cádmio, cobre e mercúrio encontrados
as estações, o que vem mostrar o grau de em suas águas. Além disso, esse ribeirão
contaminação da sub-bacia por matéria fecal. recebe os esgotos domésticos e efluentes de
laticínios das cidades de Bonfim e
10/77 JO 10/80 Observa-se que os cursos d'água que se Brumadinho, fato que pode justificar a
encontram em piores condições são o elevada DB0 nele detectada.
Rio Maranhão, os ribeirões Casa Branca e
10/77 o 12/80 Rio Pequerl
Ferro Carvão, e o Córrego Funtão. Os cursos Merecem destaque ainda os seguintes
d'água na sub-bacia do Rio Maranhão apresentam afluentes do Rio Paraopeba: rios Brumado e
CONGONHAS 10/77 a 10/80 Macaúbas e Ribeirão Contendas. Os_rios
BP0I4 BP020
freqüentemente a presença de chumbo,
CONSELHEIRO LAFAIETE Brumado e Macaúbas drenam uma região
comumente aliado ã ocorrência de cromo.
A explicação possível seria a presença de fundamentalmente agropecuária, onde não
BP026 Rio Brumado ^ ENTRE RIOS DE MINAS cromato de chumbo no solo da região. existem concentrações industriais nem de
minerações, e são rios que sofrem poucas
Teores elevados de amónia e de DBO, alterações decorrentes de lançamentos de
verificados na sub-bacia do Rio Maranhão, despejos domésticos e de assentamentos
10/77 a 08/80 podem ser explicados considerando-se que os urbanos. As águas do Rio Macaúbas
despejos urbanos de Conselheiro Lafaiete, classificam-se como médias e boas, e o
lançados nos rios Bananeiras e Ventura Luiz, parâmetro que pior se apresenta é a
10/77 a 08/80 concentração de coliformes fecais,
não são suficientemente diluídos por esses
10/77 a 01/80 cursos d'água. A diluição das cargas provavelmente devida ã atividade pecuária e
poluidoras desses cursos d'água só se dá no ao lançamento de despejos domésticos.
Rio Maranhão, após a sua confluência com o Já nas águas do Rio Brumado, apesar de as
Ribeirão Soledade. mesmas também oscilarem entre médias e boas,
BP029
4>0
•J BELO VALE
foram detectados problemas quanto ã
turbidez e sólidos totais, provavelmente
05/78 a 10/80 Ainda quanto ã sub-bacia do Rio Maranhão, decorrentes dos focos de erosão existentes
vale comentar que se trata de um rio de na região. Foram detectadas também no
pequena capacidade de assimilação de cargas Rio Brumado algumas substâncias
poluidoras, em cujas cabeceiras encontra-se potencialmente prejudiciais como amónia,
desenvolvida intensa atividade mineradora. cromo, chumbo e mercúrio. A avaliação de
Alia-se a isso o fato de a sub-bacia receber tal fato carece de maiores informações, como
toda a carga de esgotos domésticos e por exemplo de dados relativos a indústrias
Üb. Contendas ^ MOEDA ("-"- -J 07/78 a 10/80 industriais de centros urbanos importantes ali instaladas. 0 Ribeirão Contendas
como Conselheiro Lafaiete e Congonhas. mostra-se pouco alterado, a despeito do
lançamento de esgotos domésticos e da
05/78 a 10/80 ' Ö Santo Antonio da Vargem Alegre Rio Macaúbas Quanto ao Ribeirão Casa Branca, o principal existência de atividades mineradoras em
" * > C
^ B P 0 3 4 problema detectado são os efluentes nele suas cabeceiras.
lançados pelas minerações existentes na
05/78 a 03/79 área.
SAO JOSE DO PARAOPEBA C A jusante e próximas do trecho monitorado
Bário, mercúrio e chumbo são os parâmetros pelo CETEC, dispõe-se de apenas duas estações
que pior se apresentaram nas amostras do DNAEE, cujas localizações são indicadas na
05/78 a 10/80 coletadas no Ribeirão Ferro-Carvão. Figura 7.1. A Tabela 7.11 apresenta e
descreve as estações, além de relacionar as
No Córrego Funtão, a contaminação por médias e os valores mínimos e máximos
efluentes industriais se atesta pelas encontrados para os quatro parâmetros
MELO FRANCO
05/78 o 10/80 elevadas concentrações de amónia, nitrito, selecionados pelo DNAEE.
cianeto, e de outras substâncias
Legenda: 09/78 a 10/80 potencialmente prejudiciais encontradas
nesse córrego.
O cidade Rib. Casa Bronco
Tabela 7.11. Médias máximas e mínimas para
O IQA Ríb. Ferro-Carwão
As análises de bário, cromo, chumbo, os quatro parâmetros na
05/78 a 10/80 turbidez e resíduos totais no Rio Preto, e sub-bacia do Rio Paraopeba
• rede atual de principalmente no seu afluente Córrego dos período: janeiro/75 a maio/80
monitoramento 5 / 7 8 o 10/80 Cordeiros, são indicativas da ocorrência de
0
elevados despejos de minerações na sub-bacia
O I Q A e rede atual daquele rio. estação 40800001: rio Paraopeba em Ponte Nova do
de monitoramento Paraopeba
estação 40850000: rio Paraopeba em Ponte da Taquara
05/78 a 08/80 0 Rio Manso é o único tributário da margem parâmetro valores encontrados

Distribuição dos IQA esquerda que sofre influência de atividades média aritmética mínimo máximo
05/78 a 10/80 mineradoras. Essa influência é verificada período período período período período período
excelente sobretudo a partir da confluência com o chuvoso seco chuvoso
muito ruimi 05/78 a 10/80 seco chuvoso seco

Rio Veloso, que tem a qualidade de suas PH


7.5
7.5
7»*
7,4
6,5
6,5
6,3
6,5
8,3
8,3
8,3
9,2
águas alterada pelos córregos Samambaia, temperatura da 20 24 11 21 26 28
05/78 a 10/80 Mota e Quéias, seus afluentes, e em cujas água (°C) 21 25 16 22 26 29
sub-bacias atuam grande número de condutividade 45 47 34 30 6b 70
bom 60
médio
minerações. Além disso, o Rio Veloso atua elétrica(us/cm) 47 50 39 35 60
700 750
como receptor dos esgotos domésticos da turbidez (NTU)
113
81
215
187
50
50
20
55 200 950
cidade de Itatiaiuçu. 0 Rio Manso atravessa
Fonte : CETEC Fonte: DNAEE

139
A análise desses dados permite acrescentar Tabela 7.12. Médias máximas e mínimas para Tabela 7.13. Médias máximas e mínimas para Figura 7.11, Area mineira da SUDENE -
algumas considerações: os quatro parâmetros na os quatro parâmetros na bacia estações de amostragem de
sub-bacia do Rio Parã do Rio São Francisco água superficial
- quanto ao pH, foi registrado um único período: agosto/7 5 a abril/SO período: março/7 6 a abril/80
valor (9,2) em Ponte da Taquara, que
ultrapassou os limites recomendados para estação 40190002: t i o l t a p e c e r i c a em D i v i n õ p o l i s
estação 41020004: r i o S ã o F r a n c i s c o em T r ê s M a r i a s
a preservação da vida aquática; estação 40300000: i 1 0 s ã o J o ã o em J a g u a r u n a
(montante)
estação 40330000: r i o P a r á em V e l h o d o T a i p a
estação 41020004: r i o São F r a n c i s c o em T r ê s M a r i a s
valores encontrados t jusante)
- observa-se que o carreamento de íons para média aritmética mínimo máximo
estação 4 1 1 3 5 0 0 0 : r i o S ã o F r a n c i s c o em P i r a p o r a

o rio pelo escoamento superficial é período período período período per l o d o


/alores encontrados
período
significativo, o que se atesta pela seco chuvoso se co chuvoso seco chuvoso
média aritmética m i n i mo max mo

associação dos valores de pico com o 7,6 7,4 6,9 6,0 8,7 9,0 período período período período período período
seco chuvoso seco c h u v o s o s<?co chuvoso
período de chuvas; pH 7,7 7,4 7,0 6,3 8,5 9,2
7,6 7,5 6,6 6 , 7 8,6 9,5 7,3 7,2 6,4 6,3 7,7 8,0
pH 7,1 7,0 6,3 6,0 7,7 8,0
21 25 17 22 24 27
- no que diz respeito ãs temperaturas, temperatura da
21 25 14 22 26 28
7,5 7,1 6,9 6,3 8,2 8,0
água ( ° C ) 23 24
verificaram-se apenas as previstas 21 25 18 23 27 28 t e m p e r a t u r a da
23 24
20
20
22
22
25
25
26
28
água < ° C )
variações sazonais; condutividade
S3 52
60
40 30 75 80 23 25 18 23 28 29
61 46 43 80 80
elétrica(ps/cm) 44 37 44 47 36 38 52 53
45 25 58 58 condutividade
48 52 40 40 57 76
- quanto ã turbidez, observou-se que os 34 79 8 13 140 250
elétrica(ys/cm)
48 48 36 36 65 55
valores máximos ocorreram nos períodos turbidez (KTU) 16 11 3 e 65 4,20
24 37 1 1,5 76 73
23 11 4 8 85 240
chuvosos, certamente devido ao carreamento turbidez (fJTU) 26
36
34 1 2
10
79
220
80
700
Fonte: DNAEE 140 2
de materiais sólidos para os cursos d'água, Fonte: DNAEE
principalmente em áreas onde existem
minerações a céu aberto. As medidas de - de uma maneira geral a condutividade
turbidez registradas em ambas as estações elétrica não apresentou maiores problemas - as temperaturas estiveram dentro dos
já interferem no equilíbrio do ecossistema para as estações da sub-bacia do Rio Pará, padrões previstos de normalidade;
do rio. apresentando apenas maiores valores na
estação do Rio São João, o que pode estar - no que se refere ã turbidez, observou-se Legenda:
Concluiu-se que a sub-bacia do Rio Paraopeba relacionado ao lançamento de efluentes a variação esperada, com maiores valores
apresenta problemas bastante semelhantes das siderúrgicas localizadas em Itaúna; nos períodos chuvosos. Acrescente-se que
aos do Rio das Velhas, a saber: divisor de bacia hidrográfica
na estação de Pirapora tal variação se
- ainda quanto ã condutividade elétrica, deu com maior intensidade que nas demais o ponto de amostragem
- os cursos d'água das cabeceiras também verifica-se que as médias dos períodos estações.
drenam áreas do Quadrilátero Ferrífero, secos e chuvosos estiveram muito próximas, ® cidade
onde se desenvolve intensa atividade de mostrando ser pequena a influência do
extração e beneficiamento de minérios, o A rede operada pelo CETEC por ocasião do
escoamento superficial de material levantamento da qualidade das águas
que vem provocando elevados valores de ionizável durante as chuvas; Fonte: CETEC
turbidez e sólidos totais nas águas. superficiais na área mineira da SUDENE,
Essas atividades vêm ainda causando constituiu-se de treze estações de
prejuízos aos ecossistemas dos rios, - quanto ã temperatura, nenhuma anormalidade amostragem localizadas na bacia
foi detectada, verificando-se apenas as hidrográfica do Rio São Francisco, conforme Figura 7.12, Diagrama unifilar da bacia
e inviabilizando o aproveitamento dessas variações sazonais já esperadas; apresentado na Figura 7.11. Foram realizadas do Rio São Francisco - rede
águas para o abastecimento público da quatro coletas em cada estação, com de amostragem de agua
Região Metropolitana de Belo Horizonte; - a turbidez apresentou o comportamento intervalos de 15 dias. Analisadas as superficial da área mineira
- a atividade agropecuária e o lançamento previsto, com média dos valores no período amostras, foram determinados os índices de da SUDENE
de esgotos domésticos que, aliados, seco menores do que nos períodos chuvosos, qualidade, cuja distribuição percentual em
indicando que houve escoamento de material cada uma das estações é apresentada em
0
explicam o significativo fato de haverem
sido observadas alterações de coliformes em suspensão para as águas dos rios. diagrama unifilar (Figura 7.12).
AMS03,
fecais em todas as estações da sub-bacia VÁRZEA
PIRAPORA V
DA P A L M A V-
0 4 X — "
ü M S

do Rio Paraopeba; A sub-bacia do Rio Parã drena uma área de A observação dos valores dos índices permite R i o Oat V a l W a i — . OAM5,Q2 .
Rio Jequitoí CUAICui'oTVt.-
densidades populacional e industrial constatar que 92% desses índices encontram-se V. po-
- o lançamento de esgotos industriais, relativamente elevadas, necessitando-ue, no na faixa de 70 a 90, o que significa água de í -JEOUITAÍ

refletido pelos elevados teores de entanto, de maior volume de dados para uma qualidade boa; 4% na faixa de 90 a 100, ou
diversos metais encontrados: bário, chumbo, melhor caracterização da qualidade de suas seja, de qualidade excelente; e 4% na faixa
cádmio, selênio e zinco. águas. de 50 a 70, revelando qualidade média. AMSII
-_— - - ) — ¿ A M S O S

A jusante da estação de Ponte da Taquara não . Trecho restante da bacia do Rio Sao Os valores mínimos dos índices, causados
se dispõe de dados adequados ã análise da Francisco principalmente pelos valores elevados de
qualidade das águas da sub-bacia. turbidez e sólidos totais, foram encontrados
Sobre este trecho dispõe-se de três estações nas estações AMS06 - Ribeirão dos Vieiras a AMSlO
. Sub-bacia do Rio Pará do DNAEE, e de dados obtidos em um montante do Rio Verde Grande, e AMS07 - Rio PEDRAS DE,-
M A R I A DA CRÜl |OJONUÃRIA
levantamento de qualidade das águas realizado Verde Grande na Ponte da BR-12 2.
Os dados de qualidade das águas existentes pelo CETEC na área mineira da SUDENE. AMSlZ
sobre a sub-bacia do Rio Pará referem-se a A descrição das três estações do DNAEE, bem A despeito do pequeno volume, os dados >>ITACARfiMBl
três estações de amostragem operadas pelo como as médias e os valores máximos e disponíveis, relativos a esse trecho da
DNAEE, cuja descrição, bem como as médias mínimos para os quatro parâmetros bacia, indicaram águas de boa qualidade. Mohres £
C L A R O S o!
AMSI3
ÇCWANGA
e os valores máximos e mínimos obtidos, encontram-se na Tabela 7.13. Essa já era uma situação esperada, tendo em A M S O ^ Rio V«rdt Grand*

encontram-se na Tabela 7.12. vista as baixas densidades populacional e B A R R E I R O DA


JA I B A
A interpretação da Tabela 7.13 permite tecer industrial da região. Destacam-se,
A despeito da reduzida representatividade alguns comentários: finalmente, alguns focos de potencial Legenda :
dos dados disponíveis, podem ser degradação da qualidade das águas: a
apresentadas algumas observações: - para o pH, os valores encontrados Companhia Mineira de Metais, a cidade de JAMSOS
Montes Claros e, em escala inferior, a cidade
estiveram sempre dentro dos limites
- os valores médios encontrados para as recomendados para o desenvolvimento da cidade de Pirapora. IQA ~~ 9 ° JA NA Ú S A
período de amostragem
medidas de pH estiveram dentro da faixa vida aquática;
adequada ao desenvolvimento da vida A Companhia Mineira de Metais está localizada abril a junho/79
aquática. Essa faixa sõ foi ultrapassada - para a condutividade elétrica, foram logo a jusante da barragem de Três Marias,
para os valores máximos dos períodos encontrados sempre valores compatíveis ãs margens do Rio São Francisco. Estudos
chuvosos; com o desenvolvimento da vida aquática; realizados pelo CETEC indicaram que os Fonte: CETEC
efluentes da Companhia, juntamente com as de Juiz de Fora, onde o intenso lançamento uso. Essas substâncias, chamadas poluentes, etapas de um estudo planejado e mutuamente
descargas de fundo da usina hidroelétrica, de esgotos residenciais revela-se nos ocorrem na atmosfera sob forma de materiais coordenado como seria desejável. As
são responsáveis pela mortandade do peixes elevados teores de amónia, DBO, coliformes particulados ou gases. Os materiais informações deles resultantes, quando
naquele trecho do Rio São Francisco. fecais, sólidos totais e cromo, além do particulados compõem-se usualmente de metais, observadas sob o ponto de vista da qualidade
baixo OD detectados. óxidos, sulfatos, silicatos, fluoretos, etc. do ar no Estado, apresentam um caráter
Existem nas cidades de Pirapora e São exemplos de poluentes gasosos o fragmentário e incompleto. Regiões como o
Montes Claros distritos industriais com Em contraste ãs regiões central, sul e monóyido de carbono, os óxidos de enxofre, Triângulo Mineiro, a área industrial de
várias indústrias instaladas. Os efluentes sudoeste do Estado, as regiões noroeste, os óxidos de nitrogênio e uma grande Juiz de Fora, ou João Monlevade, por exemplo,
dessas indústrias, além dos esgotos norte e nordeste, embora com menores níveis variedade de hidrocarbonetos e compostos não mereceram até o momento estudo adequado
residenciais urbanos, são drenados de informações, apresentam de uma forma orgânicos. de sua qualidade do ar, embora tais estudos
respectivamente para o Rio São Francisco e geral cursos d'água com uma boa qualidade. estivessem previstos no "Programa de
o Ribeirão dos Vieiras, sendo portanto o São bacias hidrográficas de pequena A presença desses poluentes no ar tem Qualidade do Ar do Estado de Minas Gerais"
caso de Montes Claros mais grave que o de densidade populacional e com reduzido número efeitos indesejáveis principalmente nas elaborado pelo CETEC e publicado em
Pirapora. Isso porque, além do maior de atividades produtivas poluentes. áreas da saúde e da economia. Causam não fevereiro de 1979.
número de indústrias e do maior volume dos Pode-se dizer que do paralelo 19° para o somente doenças e complicações diversas
esgotos residenciais de Montes Claros, O norte o Estado apresenta, com algumas como asma, bronquite, câncer pulmonar, etc,, Acrescente-se, nesse particular, que, mesmo
Ribeirão dos Vieiras tem uma capacidade de exceções, rios cuja qualidade de água se como também prejuízos de ordem econômica nas regiões estudadas, não se fez qualquer
assimilação de cargas poluidoras enquadra nos padrões estabelecidos para a como a danificação de materiais por abrasão medição de importantes parâmetros como o
acentuadamente menor que o Rio São Francisco classe 2 .
1
e corrosão, ou maiores custos de dióxido de enxofre, o monóxido de carbono e
em Pirapora. manutenção e limpeza total, tanto em os oxidantes fotoquímicos, em razão da não
Apesar de se ter conhecimento de problemas instalações industriais como domiciliares. disponibilidade de recursos técnicos e
específicos e localizados em determinados humanos para execução dessas medições.
cursos d água, a omissão de maiores
1
As principais fontes de poluição atmosférica
7.1.3. Conclusões comentários sobre os mesmos justifica-se são os processos industriais, os sistemas de Esses parâmetros, juntamente com a
pela não disponibilidade de análises transporte, a queima de combustí VÊ 1 G S concentração de partículas em suspensão e a
Concluiu-sc que uma análise homogênea e laboratoriais de amostras de água, o que disposição de resíduos sólidos. Essas fontes taxa de sedimentação de partículas, tiveram
padronizada da qualidade das águas no impede a realização de considerações de poluição, resultado de alguma atividade seus níveis máximos de concentração na
Estado não ê factível, posto que as técnicas sobre a qualidade das águas. E o humana, são conhecidas como fatores atmosfera regulamentados pela COPAM em sua
informações existentes acerca da qualidade caso dos rios Piracicaba e Doce, e ainda das antrópicos de degradação da qualidade do ar. Deliberação Normativa 01/81 (Tabela 7.14).
das águas nas diversas regiões do Estado cabeceiras dos rios Pará e Grande. Embora a atmosfera não seja um conjunto de
são heterogêneas, tanto no que tange aos sistemas estanques, e a poluição produzida
objetivos dos levantamentos efetuados, como Para uma melhor avaliação da qualidade das em determinado local possa afetar a
qualidade do ar de regiões vizinhas, ê papel Tabela 7.14. Padrões de qualidade do ar
no que se refere ã concentração das estações águas superficiais do Estado, seria
de cada comunidade controlar, dentro dos estabelecidos pela COPAM para
de amostragem e aos tipos de parâmetros necessário dispor-se, ainda, de informações
limites da possibilidade, esses componentes Minas Gerais
pesquisados. acerca de cursos d'água que drenam
importantes centros urbanos e industriais antrópicos.
Todavia, algumas conclusões de ordem geral como Uberaba, Uberlândia, Montes Claros, p a d r ão d e qualidade
método de
podem ser enunciadas. Os cursos d'ãgua Divinõpolis, Sete Lagoas, Poços de Caldas, Em oposição aos fatores antrópicos, e em poluentes ng/ra 1
q/m /2

r e f e r ê n c i a ou
30 d i a s
mais degradados de Minas Gerais são, sem Pouso Alegre e Varginha, entre outros. geral fora da esfera de controle do homem, 3 4
equivalente
1 2 •i 6 7
dúvida, os da Zona Metalúrgica, em encontram-se os fatores naturais de partículas em s u s p e n s ã o 80 240 amostrador de
conseqüência da concentração populacional e Deve-se esclarecer, finalmente, que para degradação da qualidade do ar. Tais fatores grandes
das atividades produtivas dessa área. Haja melhor preencher o escopo de um diagnóstico são pertinentes â meteorologia e â geografia, d i ó x i d o de e n x o f r e 3 6S- 80
volumes
pai a j o s a n i 1 i n a
vista que a Região Metropolitana de da qualidade das águas superficiais do e, na ocorrência de condições específicas monóxido de carbono 10" 4x10* absorção do
Belo Horizonte e sua periferia ai se Estado, seria necessária a implantação de (inversão térmica, calmaria, topografia iníra-vermelho
não d i s p e r s i v o
localizam. Além disso, a potencialidade uma rede de monitoramento de âmbito estadual, desfavorável, etc.) podem restringir a oxidantes fotoquímicos 160 luminescência
dos recursos naturais da Zona Metalúrgica, na elaboração da qual deveriam ser diluição natural dos poluentes do ar, isto é, partículas sedimentáveis 10 5
química
j a r r o de
com destaque para os minerais, favorece considerados todos os potenciais focos de reduzir a capacidade de auto-depuração da deposição de
a instalação de minerações, de indústrias degradação das águas conhecidos. Dispondo-se atmosfera, com conseqüências indesejáveis. poeira

metalúrgicas e de transformação de produtos dessa rede, ter-se-iam padronizadas as 1.


2.
c o n c e n t r a ç ã o média g e o m é t r i c a anual
c o n c e n t r a ç ã o máxima d i ã r l â , que n ã o d e v e s e r e x c e d i d a m a i s d e
minerais não metálicos. informações sobre a qualidade das aguas As ações oficiais relativas ã qualidade do uma v e z p o r a n o ( " m é d i a máxima d i á r i a )
3. c o n c e n t r a ç ã o média a r i t m é t i c a anual
superficiais de Minas Gerais, o que, por ar em Minas Gerais tiveram início em 1975 4. c o n c e n t r a ç ã o máxima d e 8 h o r a s , que n ã o d e v e s e r e x c e d i d a m a i s
As concentrações populacional e de sua vez, possibilitaria a elaboração de um com a criação, no âmbito da Secretaria de d e uma v e z p o r ano
5. c o n c e n t r a ç ã o máxima h o r á r i a , que n ã o d e v e s e r e x c e d i d a m a i s d e
atividades produtivas da Zona Metalúrgica, diagnóstico também mais homogêneo. Estado de Planejamento e Coordenação Geral, uma v f i p o r a n o
6. c o n c e n t r a ç ã o média o e o m é t r i c a para á r e a s i n d u s t r i a i s
aliadas ã intensa utilização dos recursos d e uma Comissão Especial, que publicou, em 7. c o n c e n t r a ç ã o média g e o m é t r i c a para as d e m a i s á r e a s , í n c l u s i u t í
hídricos da região, justificam a seleção, julho de 1976, o documento intitulado residenciais e comerciais
pelo CETEC, das cabeceiras dos rios
Paraopeba e das Velhas para estudo 7.2. Ar "Situação Ambiental na Região Metropolitana
de Belo Horizonte" (23). Em dezembro de
Fonte: COPAM - D e l i b e r a ç ã o Normativa n ? 01/61 de

sistemático de monitoramento. Esses rios 1976 foi criado o "Sistema Operacional de


recebem, nessa região, grande carga
poluidora, que os torna críticos do ponto
7.2.1. Introdução Ciência e Tecnologia" e, desde então, foram
realizados estudos de qualidade do ar em
Essa Deliberação Normativa estabelece também,
para cada parâmetro, um método de referencia
de vista da qualidade da água, sobretudo três regiões do Estado: de amostragem e análise. Dos parâmetros
com relação aos parâmetros sólidos totais e A semelhança de outros componentes do medidos nas regiões estudadas, apenas a taxa
sedimentáveis, turbidez, DBO e diversos meio ambiente natural, como os recursos de sedimentação de partículas foi obtida
hídricos e o solo, a atmosfera também está - "Estudo Ambiental do Vale do Aço",
metais pesados. executado pelo CETEC, sob regime de através do método de referência. As medições
sujeita a degradação em conseqüência de de concentração de partículas em suspensão
atividades humanas poluidoras. Embora não contrato com a Fundação João Pinheiro;
Observou-se uma melhor qualidade das águas executadas no Vale do Aço nao foram feitas
exista definição exata e universalmente com o amostrador de grandes volumes, como
dos rios Paraopeba e das Velhas ã medida aceita para a expressão "poluição do ar", - "Preservação do Meio Ambiente na :

que se distanciam das fontes poluidoras, A r e a Mineira da SUDENE", executado pelo prescreve o método, e o parâmetro taxa de
pode-se caracterizá-la como a presença de sulfatação total nao é sequer normalizado
melhoria certamente decorrente do processo substâncias na atmosfera em concentrações CETEC em convênio com a SUDENE;
natural de auto-depuração. Seguem a região no Estado. Isso não significa,
e durações tais que venham a causar evidentemente, que os valores medidos não
central no que concerne ã degradação da incômodos e danos â vida humana, ã flora, - Região Metropolitana de Belo Horizonte
qualidade da água, as regiões sul e sudoeste (RMBH), onde estudos sistemáticos vêm tenham representatividade.
ã fauna e ã propriedade e seu respectivo
do Estado. sendo realizados desde outubro de 1977
pelo CETEC. A taxa de sulfatação total, medida em
Na parte mineira da bacia do Rio mgSO3/100 cm /dia por meio de velas de
2

Paraíba do Sul, também monitorada pelo CETEC, Esses trabalhos, no entanto, não se peróxido de chumbo, e útil como indicação
as águas de pior qualidade são as do 1
COPA.M - Deliberação Normativa n9 03/81 , relacionam uns com os outros de forma direta, da evolução da degradação da qualidade do
Rio Paraibuna, no trecho analisado a jusante de 26/05/81. nem representaram, quando de sua execução, ar por compostos de enxofre, além de poder

141
ser utilizada, no futuro, como referência Tabela 7.15. Número de estações de Figura 7.13. Localização das estações de amostragem de partículas sedimentáveis e da taxa
para a implantação de redes de amostragem amostragem de partículas de sulfatação total na Região Metropolitana de Belo Horizonte
de S0 (dióxido de enxofre). A distribuição
2 sedimentáveis e de sulfatação
espacial das médias aritméticas de seus total 1 por município da RMBH
valores mensais é uma indicação razoável
para a determinação de áreas onde se espera
encontrar altas concentrações de S O 2 , desde número de estações de
que o período de medições tenha sido amostragem
suficientemente longo, da ordem de 3 a 5 municípios partículas sulfatação
anos. sedimentáveis total

Raciocínio análogo se aplica aos valores Belo Horizonte 16 16


medidos da taxa de sedimentação de Betim 4 4
partículas. Para esse poluente, nos estudos Caeté 1 1
da RMBH e da Área Mineira da SUDENE, fez-se Contagem 6 5
uso de médias geométricas seguindo linha Ibiritê 1 1
metodológica que atribui aos conjuntos de Lagoa Santa 2 2
dados de alguns parâmetros de qualidade do Nova Lima 1 1
ar uma distribuição estatística de Pedro Leopoldo 1 1
freqüência, do tipo log-normal. No estudo Raposos 1 1
feito para a Região do Vale do Aço foram Ribeirão das Neves 1 1
utilizadas médias aritméticas. No texto a Rio Acima 1 1
seguir, essas diferentes médias serão Sabara 3 3
tratadas, indiscriminadamente, como Santa Luzia 1 1
"valores médios". Vespasiano 6 6
total 45 44
Para a obtenção dos valores de concentração
dos poluentes nas três regiões de estudo, Fonte: CETEC
foram projetadas redes de amostragem com
número variado de estações, em função das
densidades populacional e de fontes de
A constituição dessa rede está muito aquém
poluição. Foram também consideradas, para
do que seria necessário para a obtenção de
a localização de cada estação,, informações uma configuração correta da situação da
meteorológicas e topográficas disponíveis, qualidade do ar na RMBH. Medições de
além da viabilidade de cada ponto parâmetros como o dióxido de enxofre, o
(existência de prédios públicos, e t c ) , Os monóxido de carbono e outros ja citados,
resultados obtidos e suas respectivas que foram objeto de normalização por parte
análises serão apresentados nos itens da COPAM, não foram realizadas. Esses
subseqüentes. parâmetros são mais importantes não somente
sob ponto de vista estritamente técnico,
como também sob ponto de vista legal, já
7.2.2. Regiões estudadas que são regulamentados.

• Região Metropolitana de Belo Horizonte A taxa de sedimentação de partículas por


(RMBH) exemplo, embora regulamentada, é uma
indicação apenas para partículas de
A RMBH se compõe de 14 municípios que ocupam granulometria superior a 10 microns, que se
área de 3.669 k m , onde vivem
2
encontram no ar. Sob o ponto de vista
aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. médico, no entanto, são exatamente as
A densidade demográfica é alta, cerca de partículas de menor granulometria que podem
690 hab./km , tendo crescido a uma taxa
2
causar maiores danos ã saúde, já que
anual de 4,6% no período 1970/80. penetram pelo trato respiratório, atingindo
A industrialização também se processa de os brônquios. A concentrarão dessas
modo acelerado na região, principalmente partículas, que em geral nao se depositam,
nos municípios de Belo Horizonte, Contagem só ê obtida com a medição da concentração
e Betim. de partículas em suspensão. Já a
concentração de SO2 na atmosfera, importante,
A mais importante fonte de informações a por exemplo, na avaliação da corrosividade do
respeito da qualidade do ar na RMBH é, sem ar, sõ pode ser inferida a partir da taxa de
dúvida, a rede de amostragem nela instalada. suifatação total, e com uma maraem de erro
Sua operação sistemática teve início no tão grande que os resultados obtidos são
praticamente inúteis. Legenda;
final de setembro de 1977, e, inicialmente,
media-se apenas a taxa de sedimentação de
partículas em um total de 31 pontos
espalhados pelos 14 municípios, mais
Na Figura 7.14 estão representados em
histogramas os valores médios mensais da
O estações de amostragem de partículas
sedimentáveis e de sulfatação total
concentrados onde eram maiores a taxa de sedimentação de partículas para estação de amostragem de partículas
concentração de indústrias e a densidade o conjunto das estações de medição da RMBH.
• sed imentãveis
populacional. A constituição e o porte Para efeito de comparação, estão rios
dessa rede evoluíram com o tempo, e, em representados ainda os valores médios anuais,
outubro de 1978, foram iniciadas as medições assim como os limites inferior e superior do • H represas
da taxa de sulfatação total. Em dezembro de intervalo de 95% de confiança desses ^ manchas urbanas
1981 a rede se constituía de 45 estações de valores. Os padrões de qualidade para esse
amostragem da taxa de sedimentação de parâmetro, estabelecidos pela COPAM, aparecem
partículas e 44 estações de amostragem da também como linhas tracejadas. Pode-se
taxa de sulfatação total. A distribuição notar claramente que todos os valores
dessas estações pelos municípios da RMBH é médios mensais ultrapassam
listada na Tabela 7.15, e a sua localização significativamente os limites de 5 e
espacial apresentada na Figura 7.13. 10 g/m /30 dias.
2

Fonte: CETEC

142
Figura 7.14. Histogramas representativos das médias geométricas mensais e anuais de Figura 7.15. Histogramas representativos das médias geométricas anuais de partículas
partículas sedimentáveis na RMBH sedimentáveis em cada município da RMBH

80 gVm /30dï«
2

80 g/m/30 dias
2

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20

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197 7 1978 1979 1980 1981

Legenda ; 20

MG - média geométrica
LS - limite superior
LI - limite inferior
NR - nível para áreas residenciais
NI - nível para áreas industriais

Fonte: CETEC 76 79*381 78 7 3 8 0 8 1 7879 3031 TB 7 9 8 0 8 '

0 valor médio geral, que abrange todo o decrescente* Tais valores se devem Fonte: CETEC
período amostrado, alcança 35,3 g/m /30 2
possivelmente â grande atividade industrial,
dias, 7,1 vezes acima do padrão estabelecido ao tráfego intenso e às permanentes
para áreas residenciais e 3,5 vezes acima atividades de urbanização dessas localidades.
do padrão para áreas industriais. Tais
valores em si já caracterizam um quadro Em Vespasiano e Pedro Leopoldo o quadro Diferentemente da taxa de sedimentação de é intenso. Já nos municípios de
bastante negativo. Acrescente-se a isso, no poderia estar sendo causado principalmente partículas, o parâmetro taxa de sulfatagão Pedro Leopoldo e Vespasiano, a ocorrência de
entanto, que os valores médios anuais, além pela operação de indústrias de cimento e total, como anteriormente mencionado, nao compostos de enxofre na atmosfera pode ser,
de estarem também sistematicamente acima cal. Em Caeté e Sabará, esse papel é tem padrões estabelecidos pela COPAM, O que em boa parte, atribuída â operação de
dos padrões, apresentam ano a ano uma representado possivelmente pela siderurgia dificulta a análise dos resultados. indústrias cimenteiras. Essas observações
elevação que não deve ser subestimada, a carvão vegetal. Em Contagem é difícil a Observando-se a Figura 7.17, onde são são confirmadas pelas informações contidas
embora ainda não se tenha feito nenhuma determinação de causas específicas, face â apresentados os histogramas representativos na Figura 7.19, que apresenta os níveis de
estatística de tendência, com o emprego da elevada concentração de indústrias de tipo dos valores médios mensais e anuais da taxa taxa de sulfatação total em cada estação de
teoria de séries temporais. e porte distintos. Nesse município, por de sulfatação total para o conjunto de amostragem.
outro lado, constata-se uma redução no pontos da RMBH, percebe-se inicialmente que
nível das concentrações, o que poderia ser o período de amostragem nao ê longo o Considerando-se todas as informações
Ê também facilmente perceptível, explicado pelo fato de algumas indústrias suficiente para permitir conclusões seguras. apresentadas sobre a RMBH, analisando-se a
observando-se o diagrama de barras, que a terem passado a operar com equipamentos de região como o todo, conclui-se claramente
esse crescimento de ano para ano, controle de poluição. Ê sintomático que Some-se a isso o fato de que os resultados que o aglomerado urbano formado pelos
sobrepõe-se uma variação cíclica sazonal municípios como Raposos, Ibirité e obtidos no período de setembro/80 a março/Sl municípios de Belo Horizonte, Contagem e
que apresenta maiores taxas de sedimentação Ribeirão das Neves, que apresentam pequena estão subdimensionados, devido a problemas Betim constitui sua área mais crítica de
de partículas no período de chuvas, de concentração industrial, apresentem também técnicos, não tendo sido considerados para o poluição atmosférica.
outubro a março, e taxas menores no período as menores taxas de sedimentação por cálculo dos valores médios dos anos de
de estiagem, de abril a setembro. 0 quadro partículas. 1980 e 1981. 0s valores médios anuais vêm Essa situação decorre, em maior parte, da
da qualidade do ar na RMBH como um todo, decrescendo de ano para ano, mas no momento impotência do sistema de controle ambiental
no que se refere ao material particulado Com a Figura 7.16 ê possível ver-se um pouco não e possível estabelecer-se uma relação para induzir a adoção de soluções
sedimentãvel, pode ser considerado como mais detalhadamente a situação anteriormente de causa e efeito, ou mesmo concluir se tal tecnológicas adequadas de controle das
extremamente preocupante. descrita. Nela são apresentados os valores redução e real ou não. emissões, e da inexistência de um
médios das taxas de sedimentação de planejamento conveniente de localização
Observe-se agora a situação individual de partículas em cada uma das 45 estações de A situação individual de cada município, industrial. Nesse particular, um processo
cada município. Na Figura 7.15 são amostragem. As inferências há pouco feitas, apresentada na Figura 7.18, não difere de licenciamento industrial teria sido
apresentados os histogramas representativos quando da análise da Figura 7.15, podem ser substancialmente do panorama global da RMBH. favoravelmente decisivo. Conforme
dos valores médios anuais da taxa de agora mais facilmente comprovadas, Os valores médios, de modo geral, vêm levantamentos efetuados (23), as maiores
sedimentação de partículas em cada município principalmente no que se refere ã relação decrescendo de ano para ano. Os municípios concentrações industriais do aglomerado
da RMBH. os valores médios anuais mais entre maiores concentrações e aglomerados que apresentam as maiores taxas. Contagem, ocorrem junto a áreas residenciais, e existe
elevados ocorrem nos municípios de Vespasiana, industriais ou zonas de trafego intenso. Betim e Belo Horizonte, são precisamente uma tendência dos distritos industriais,
Caeté, Contagem, Sabara, Pedro Leopoldo, Observe-se, em especial, as estações aqueles nos quais se concentra a atividade previstos ou em implantação, em circundar o
Betim, Rio Acima e Belo Horizonte, em ordem localizadas no eixo Contagem-Belo Horizonte. industrial, e onde o tráfego de veículos aglomerado urbano.

143
Figura 7.16. Faixas de concentração de partículas sedimentáveis em cada estação de amostragem da RMBH industrial, com predomínio das atividades
metalúrgicas e alimentícias.

Uma rede de amostragem de parâmetros de


qualidade do ar foi implantada com base em
dados meteorológicos e em informações
obtidas pelo CETEC com o cadastramento de
instalações industriais. Foram medidas a
taxa de sedimentação de partículas em 19
estações, no período de outubro/76 a abril/77,
e a concentração de partículas em suspensão
em 14 estações, entre abril e junho de 1977.
O número de estações de amostragem
instaladas em cada município e apresentado
na Tabela 7.16, e a Figura 7.20 ilustra a
localização dessas estações.

Tabela 7.16. Número de estações de


amostragem de partículas
sedimentáveis e em suspensão
no Vale do Aço

número de estações de
postos amostragem
partículas partículas em
identificação municípios sedimentáveis suspensão
1 Ipatinga 1 1
2 Ipatinga 1 1
3 Ipatinga 1 1
4 Ipatinga 1 —

5 Ipatinga 1 1
6 Ipatinga 1 _

7 Ipatinga 1 1
8 Ipatinga 1 1
9 Ipatinga 1 —
10 Ipatinga 1 1
11 Ipatinga 1 1
12 Ipatinga 1 1
C.Fabriciano 1
13
1 -
14 C.Fabriciano
1 -
15
16
C.Fabriciano
C Fabriciano 1 -~
17 C.Fabriciano 1 1
18 Timóteo 1 1
1
19
20
Timóteo
Timóteo 1 -1
21 Timóteo 1 1
22 Timóteo 1 1
Fonte: CETEC

O volume de informações obtido nos 7 meses


de medição da taxa de sedimentação de
partículas e nos 3 meses de medição da
concentração de partículas em suspensão,
não permite que se faça uma análise
estatística de maior profundidade dos
resultados, nem uma avaliação das tendências
de evolução da qualidade do ar na ãrea.
Os valores medidos podem ser utilizados
apenas como um indicador do nível de
qualidade do ar na região, no período
amostrado.

Os resultados das medições da taxa de


sedimentação de partículas, listados na
Fonte : CETEC Tabela 7.17 e apresentados sob forma de
histograma na Figura 7.21, demonstram que a
qualidade do ar na região está bastante
degradada. Os valores, sem exceção, estão
Esse quadro, amplamente desfavorável, é altitudes médias variam de 900 a 1.400 m. • Vale do Aço bem acima dos padrões, e o valor médio de
agravado quando se considera a influência A maior concentração urbana da região, todos os resultados, 45,6 g/m /30 dias, é
2

dos fatores naturais locais, como o clima e Belo Horizonte, está portanto prensada entre A região do Vale do Aço é formada pelos 9,2 vezes maior que o nível fixado para
a orografia, sobre as condições de dispersão um anel industrial a oeste e a norte, e as municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano áreas residenciais e 4,6 vezes superior ao
dos poluentes na atmosfera. A RMBH ê serras do Curral e Piedade no eixo e Timóteo, abrangendo ãrea de 612 k m , onde
2 de áreas industriais. A situação é
constituída por uma depressão central com sul-sudeste. Sobre esse sistema atuam vivem pouco mais de 250.000 pessoas. semelhante no que se refere â concentração
altitudes médias de 850 a 900 m e limitada
f
predominantemente ventos fracos, com A densidade demográfica é alta, de partículas em suspensão. Os resultados
ao sul pelas serras do Curral, Moeda e velocidades médias de 1 a 2 m/s e sentido 425,5 hab./km , e a população ê
2 das medições, apresentados na Tabela 7.18,
Mutuca, a sudeste pela Serra da Piedade e a leste-oeste, o que favorece a ocorrência de predominantemente urbana. A região se acha também sao superiores ao padrão de
oeste pela Serra de Itatiaiuçu, cujas situações criticas de poluição atmosférica. em fase de franco desenvolvimento qualidade.

144
Figura 7.17. Histogramas representativos das médias aritméticas mensais e anuais da taxa Figura 7,18. Histogramas representativos dos valores médios anuais da taxa de
de sulfatação total na RMBH sulfatação total em cada município da RMBH
2
0,5 mgSOj/lOOcm V d i o

q5i m9S0,/l00cm /<Jia 2

0,4

0/*

MA - Mediu A n t t m â l i c G
0,3

1
0,3

0,2

0.2

» m » o
2
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0,1

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JAU nv MA* A 8 R MAI J O N JUL *0o SCT OUT HOv O ï l JAU f E v M A R ABfT M A I J U K JUL «00 3ET OUT NOV OCZ J*tt « V HAft ABR M A I J U H J U L »00 S€T O U T NOU DEZ o o ï
<lr-
19 7 9 ~ ~ 1 960

1
1981
Fonte: CETEC
79 « O I I 7 9 8011 1 9 « O Cl retD ti TIKII 7*«OII 7 9 9091 7 » 90B1 7* tOtl 7 9 9091 7 9 9091 7* tOBl 79«001 7 9 90 St

Fonte: CETEC
Tabela 7.17. Resultados e medições da taxa de partículas sedimentáveis efetuadas no Vale
do Aço
período: outubro/76 a abril/77

postos resultados (g/m /3 0 dias)


25/10/76 22/11/76 20/12/76 17/01/77 14/02/77 14/03/77 valores Tabela 7.18. Resultados de medições de industrial, marcadamente a siderurgia, os
identificação municípios a a a a médios partículas em suspensão veículos automotores, os processos de
a a
22/11/76 2 0/12/7 6 17/01/77 14/02/77 14/03/77 11/04/77 efetuadas no Vale do Aço combustão em fontes fixas, a disposição e o
período: abril a junho/77 armazenamento inadequado de rejeitos e
1 Ipatinga 34 29 23 14 18 65 30,5 materiais sólidos, e a escassez de limpeza
2 Ipatinga 42 64 47 15 23 85 46 ,0 urbana.
3 Ipatinga 43 26 37 36 22 73 39,5 postos resultados(ug/m ) 3

4 Ipatinga 40 26 47 20 39 40 35,3 identificação municípios abril/77 maio/77 junho/77 • Area Mineira da SUDENE
5 Ipatinga 44 55 45 70 29 _ 48,6
6 Ipatinga
1 Ipatinga 132
- -
- -
39 45 41 42 41,8 2 Ipatinga 154 A Area Mineira da SUDENE,com seus 42
8 Ipatinga 39 15 29 18 47 29,6
-
- --
260-
3 Ipatinga 256 municípios,ocupa uma área equivalente a 20%
9 Ipatinga 76 178 67 87 63 121 98,7 5 Ipatinga
- - da superfície do Estado>e sua densidade
11 Ipatinga 51 38 48 56 46 48 47,8 7 Ipatinga 203
- - demográfica e muito baixa, cerca de
12 Ipatinga 27 11 29 49 47 123 47,7 8 Ipatinga
- 95
- 9,2 hab./km . 0 índice de população rural
2

46-
10 Ipatinga 223 398
13 C.Fabriciano
-
35 28 196 29 45 66,6 11 Ipatinga 173 894 é elevado, devido não somente à
14 C.Fabriciano 32 27 41 22 26 68 36,0
107- -
12 Ipatinga 104 predominância de atividades agropecuárias,
15
-
C.Fabriciano 35 39 63
16 C.Fabriciano 28 24 24 31
27
28
24
45
37,6
30,0
17
18
C.Fabriciano
Timóteo
-
224
159 498 - mas também a um processo de urbanização
precário, A atividade industrial não é
98- -
20 Timóteo 124
18 Timóteo 20 - 97 12 9 86 63 79,0 grande. Porém, com os incentivos fiscais
19 Timóteo _ 21 Timóteo 260
-
- - - -
45 45,0 que beneficiam a área, o setor industrial
22 Timóteo 44
- -
-
20 Timóteo 33 41 51 42 37 40,8 começa a assumir maior importância na região,
21 Fonte: CETEC
-
Timóteo 33 17 16 55 41 32,4 principalmente nos municípios de
22 Timóteo 36 - 29 27 39 32,8 Montes Claros e Pirapora, onde já existem
média geral distritos industriais implantados. Foi
45,6 exatamente nesses dois municípios que se
Os principais responsáveis pela deterioração
Fonte: CETEC da qualidade do ar na região são a atividade instalou uma rede para a medição de dois

145
Figura 7.19. Faixas de concentração de taxa de sulfatação total em cada estação de amostragem da RMBH A situação já não é tao desfavorável no que
se refere aos valores médios mensais da taxa
de sulfatação total, apresentados na
Figura 7.25. O valor médio geral encontrado
para o município de Pirapora ê de
0,110 mgSO3/100 cm /dia e para o município
2

de Montes Claros 0,70 mgSO /100 cm /dia.


3
2

Tais valores são relativamente baixos quando


comparados com os encontrados para os
municípios mais industrializados da
Região Metropolitana de Belo Horizonte.

7.2.3. Conclusões
O Estado de Minas Gerais é constituído por
722 municípios, e sua área é de
aproximadamente 580.000 k m .
2
Nesse espaço
físico vivem cerca de 13,4 milhões de
habitantes. A soma das áreas das três
regiões que foram objeto de estudos de
qualidade do ar totaliza aproximadamente
125.000 km (Figura 7.26). Nessa superfície
2

vivem 3,8 milhões de pessoas. Esses valores


correspondem a 21,5% da área e 28% da
população do Estado. Essas percentagens
são muito baixas, principalmente ao se
considerar as informações contidas na
Figura 5.3/que apresenta a distribuição de
densidade de indústrias do Estado. Dos
125.000 k m estudados, cerca de 116.000 k m
2 2

correspondem ã área mineira da SUDENE,


situada ao norte de Minas Gerais.

No entanto, de acordo com a Figura 5.3, a


atividade industrial se concentra
maciçamente no sul do Estado. A "densidade"
de informações sobre qualidade do ar é,
portanto, muito baixa em Minas Gerais. Esse
quadro é agravado, se considerarmos que a
distribuição populacional segue a
distribuição industrial. Não se tem
informação alguma a respeito dos níveis de
poluição do ar a que estariam submetidos
mais de 70% da população estadual. Alem
disso, ã parte regiões como o Triângulo
Mineiro, Juiz de Fora e João Monlevade,
citadas na introdução deste item,
freqüentemente são detectadas, dos mais
diversos modos, novas áreas onde os níveis
de qualidade do ar já apresentam
deterioração. E esse o caso das áreas em
torno dos municípios de Pratápolis, a
sudoeste de Belo Horizonte, e Barroso, ao
sul. Em ambos os municípios é intensa a
atividade de produção de cimento, sem os
adequados equipamentos de controle de
emissões .

Para ampliar o nível de informações seria


desejável reforçar os canais de comunicação
entre a população e a COPAM. Freqüentemente
Fonte; CETEC só se toma conhecimento de situações
críticas de poluição quando a população se
mobiliza e força as prefeituras municipais
a se reportarem ã COPAM. Episódios dessa
natureza poderiam ser evitados através de
parâmetros-, taxa de sedimentação de aglomerações residenciais, da direção De modo semelhante aos casos anteriormente estudos sistemáticos e abrangentes,
partículas e taxa de sulfatação total. predominante dos ventos e da disponibilidade analisados, esses valores superam os padrões apoiados por sólida estrutura legal.
de local adequado para a instalação dos estabelecidos pela COPAM. Em Pirapora o
A rede se constituiu de 10 estações, 5 em equipamentos de amostragem. Esta localização valor médio para todas as medições, Concluindo, é importante deixar claro que
cada um dos municípios, e as medições foram está representada nas Figuras 7.22 e 7.23, 36,6 g/m /30 dias, está 7,3 vezes acima do
2
nao há possibilidade concreta de se
efetuadas no período compreendido entre juntamente com o tecido urbano de ambos os padrão para áreas residenciais e 3,7 vezes realizar um controle sensato e eficiente da
outubro de 1978 e maio de 1979. Como para municípios. Os valores médios mensais da acima do padrão para áreas industriais. qualidade do ar em uma região qualquer, sem
as outras regiões estudadas, a localização taxa de sedimentação de partículas, obtidos Em Montes Claros os valores dessas relações a medição sistemática de parâmetros
de cada estação foi definida em função da com a operação dessa rede,estão apresentados são respectivamente 8,8 e 4,4, para um significativos dessa qualidade, com bom
posição das fontes emitentes e das nos histogramas da Figura 7.24. valor médio de 43,8 g/m /30 dias.
2
suporte laboratorial; sem uma sólida

146
Figura 7.20. Localização das estações de amostragem de partículas sedimentáveis e Figura 7.21. Histogramas representativos da taxa de partículas sedimentáveis na região
partículas em suspensão no Vale do Aço do Vale do Aço

g/m /30 d i a s
2

70-

19 7 6 ¡977

60,1
60-

50,0
50
46,6
MEOIA ARITMÉTICA GERAL

41,4

40 3e,5 37,3

30-

20

NIVEL OA O M S P A R A A R E A S I N D U S T R I A I S

Legenda: NIVEL DA O M S P A R A AREAS RESIDENCIAIS

• estação de amostragem
25/10 22/11 20/12 17/01 14/02 14/03
estrada de ferro a a a a a Q
22/1 I 20/12 17/01 14/02 14/03 K/04
• estrada de rodagem
'///'/' área urbana Fonte: CETEC

2 «==rí- r io

Por outro lado, a plotação em mapa dos trabalhos de campo, as relações entre alguns
principais focos de erosão do Estado, com dos principais focos de erosão existentes
indicação dos tipos dominantes, poderá no Estado e os dados integrados obtidos pela
contribuir para a implantação de programas correlação de três parâmetros básicos: o
conservacionistas direcionados para a tipo de solo, o tipo de relevo (indiretamente
Fonte: CETEC o gradiente das encostas) e o grau de
preservação ou recuperação de recursos
hídricos e do solo, com ênfase para os conservação da cobertura vegetal.
problemas de assoreamento de barragens,
estrutura legal, incluindo um sistema em maior ou menor intensidade de modificações conservação de rodovias e perda dos Finalmente lançaram-se as informações
racional e dinâmico de licenciamento das suas propriedades. Infelizmente, a rendimentos agrícolas. obtidas no trabalho de campo, preparando-se
industrial; e, sobretudo,uma ágil e maioria das modificações provocadas pelo dessa forma o mapa final, que contêm as
descompromissada equipe de controle e homem direcionam-se no sentido da redução ou A fase metodológica inicial constou da áreas de propensão e os principais focos
fiscalização de fontes. destruição da capacidade produtiva do solo. interpretação do levantamento pedológico observados, com limites extrapolados para
A mecanização sem critério, o uso impróprio (Mapa 3 ) , com a identificação dos solos mais formas de relevo ou tipos de solos.
do solo e o desmatamento indiscriminado susceptíveis a erosão, segundo suas
aceleram a erosão, resultando na redução da características texturais e/ou estruturais. Os diferentes tipos de formas de erosão
7.3. Solo fertilidade, elevação da acidez e exposição
do subsolo. A essa informação, lançada em cor sobre o
acelerada foram identificados por símbolos
apropriados, constituindo, portanto, uma
Mapa Geomorfolõgico (Mapa 2 ) , foram segunda categoria de informações. 0 mapa
7.3.1. Introdução O mapeamento da erosão acelerada em superpostas em hachuras as áreas total e final contém informações compatíveis com a
Minas Gerais (Mapa 8) constitui um trabalho medianamente desmatadas, bem como as escala e os recursos empregados, o que
A importância do homem como elemento de de Geomorfologia Aplicada, utilizado em pastagens em campos naturais. possibilita sua utilização em estudos
formação e modificação do solo ê sentida de estudos ecológicos de âmbito regional. ecológicos de âmbito regional.
forma marcante. As mudanças no solo oriundas Apresenta dois tipos de enfoque básicos: o As áreas de interseção, onde coincidiram os
dos processos induzidos pelo homem são das propensões naturais e o das ocorrências. solos mais susceptíveis ã erosão com o
relativamente rápidas, e tendem a se Entre suas possíveis aplicações, o trabalho relevo mais acidentado e com os 7.3.2. Tipos de formas de erosão acelerada
intensificar, na medida em que se dinamiza o fornece alguns elementos indispensáveis para desmatamentos generalizados ou com as
processo de utilização do solo, requerido a caracterização de ecossistemas frágeis, pastagens em campos naturais, foram mapeados
pela crescente demanda de produtos como por exemplo a delimitação de áreas onde consideradas potencialmente favoráveis â
agropecuários. as atividades antrõpicas predatórias se__ erosão acelerada. A água e o vento são considerados os
exercem sobre solos susceptíveis ã erosão principais agentes de erosão. Entretanto,
Sabe-se que qualquer interveniencia do homem acelerada, em zonas de forte energia de De posse desse levantamento preliminar, para as condições do Brasil, e em particular
no solo implica, positiva ou negativamente. relevo. procurou-se identificar,através de para Minas Gerais, que se localiza em região

147
Figura 7.22. Localização das estações de Figura 7.23. Localização das estações de Figura 7.24. Histogramas representativos Figura 7,25, Histogramas representativos
amostragem de parâmetros de amostragem de parâmetros de dos valores médios mensais da dos valores médios mensais da
qualidade do ar na cidade qualidade do ar no município taxa de partículas taxa de sulfatação total nos
de Montes Claros de Pirapora sedimentáveis nas cidades de municípios de Montes Claros e
Montes Claros e Pirapora Pirapora
Q 4 pçSOj/IQQemVaia

0,3

O S

MOV DEZ JAN FEV MAB ABB NOV DEÎ JAN FEV MAR ABR
Legenda: Fonte: CETEC JAN FEV MAR A8fi JAN FEV MAR ABR

MA - ttit-a A.u.i
® estação de amostragem pluvial não concentrado ou em lençol, nas Fonte: CETEC
= estrada áreas onde a cobertura vegetal foi Legenda :
destruída e o gradiente das vertentes
•——- estrada de ferro favorece o escoamento superficial. MG ~ media geométrica Figura 7.26. Localização e composição
Wf/m área urbana LS " limite superior municipal das regiões objeto
A atuação do escoamento em lençol, também LI - limite inferior de estudos de qualidade do ar
Fonte: CETEC denominado escoamento superficial difuso, ( NR ~ nivel para áreas residenciais
ê mais desastrosa nos locais onde as NI - nível para áreas industriais
queimadas, o pisoteio intenso, ou a
aração do terreno acompanhando a linha de Fonte: CETEC
tropical, sujeita a precipitações e declive, sucederam ao desmatamento. Nestes
temperaturas normalmente elevadas, a erosão casos, a estrutura do solo foi destruída
hídrica apresenta maior importância, por ser ou seriamente comprometida, de modo que
a mais intensa. A ação erosiva das aguas sua remoção se faz mais facilmente. Em ravinas são canais pouco profundos que
não é a mesma em todos os solos, variando em se tratando de áreas submetidas ao surgem na superfície dos solos ou sobre
função de fatores pedológicos, climáticos e pisoteio do gado, a permeabilidade as rochas argilosas alteradas. Resultam
topográficos. diminui em conseqüência da compactação e da atuação do escoamento superficial
o solo pode ser removido em finas laminas . concentrado em áreas onde a vegetação foi
As principais formas de erosão acelerada Sobre terrenos arados, os detritos são destruída . Forma-se mais facilmente a
1

observadas assim se classificam : 1 predominantemente transportados em partir de qualquer tipo de incisão ou


suspensão. A erosão em lençol constitui corte no terreno, tais como estradas,
erosão em lençol - E uma forma de erosão a forma mais incipiente de erosão trilhas, minerações, e t c , sendo que,
superficial que não chega a modificar acelerada e é, portanto, o ponto de nestes casos, passa mais rapidamente para
muito nitidamente o modelado original do partida para a erosão em sulcos, que um estágio mais avançado da erosão
relevo. Desenvolve-se em conseqüência da nestas áreas se forma a partir de trilhas acelerada, que se inicia quando o nível
remoção dos horizontes superiores do solo, de gado, incisões provocadas pelo arado, do freático é atingido e a ravina
mais rico em matéria orgânica. Esta ou pela concentração do escoamento evoluiu como voçoroca.
remoção decorre da atuação do escoamento superficial difuso, provocada pela
existência de árvores isoladas, blocos As voçorocas são sulcos profundos que Legenda:
de rochas ou qualquer outro tipo de evoluem a partir de ravinas, cortes,
obstáculo existente em trechos onde o \\'-\ Região Metropolitana de Belo Horizonte
I
J
í
A

solo está desprovido de sua proteção


C l a s s i f i c a ç ã o extraída do " M a p e a m e n t o das natural, constituída pela vegetação. I : 1 Vale do Aço
F o r m a s de E r o s ã o A c e l e r a d a na R e g i ã o
M e t r o p o l i t ana de Belo H o r i z o n t e e N o t e - s e que o texto trata da e r o s ã o
n*~l Area Municipal da SUDENE
C a b e c e i r a s d o s R i o s d a s V e l h a s e Paraopeba" erosão em sulcos - Ocorre de duas formas a c e l e r a d a , e x c l u i n d o - s e , p o r t a n t o , as
- T C A / C E T E C , BH - 1 9 7 8 . diferentes: ravinas e voçorocas. As r a v i n a s o r i g i n a d a s da e r o s ã o n o r m a l . Fonte: CETEC

148
aterros, estradas, trilhos ou qualquer antrõpicas predatórias. o melhor exemplo é que ocorre em torno das cidades de econômicas têm-se caracterizado por uma
outro tipo de incisão na superfície dos o interflúvio Rio Grande-Rio São Francisco, Dores do Indaiã, Abaeté, Pompeu e lógica imediatista do explorador, sem se
solos, e que possibilitam ao escoamento identificado como o maior foco regional de municípios vizinhos. Constitui visualizarem as repercussões negativas que
superficial concentrado atingir o lençol erosão em sulcos no Estado de Minas Gerais. provavelmente a principal ãrea crítica a longo prazo advêm da utilização de
freático. As voçorocas evoluem de erosão em lençol no Estado; técnicas predatórias.
rapidamente e com um acentuado recuo de Outro tipo de problema (que origina
cabeceiras, enquanto seus perfis ravinamento em cabeceiras de veredas) é a 0 relevo de cristas e colinas com vales
transversais têm a forma de V. existência de solos arenosos recobrindo encaixados e predominância de Latossolo
Posteriormente, quando adquirem a forma litologias argilosas, trabalhadas por Vermelho Amarelo Distrófico e de textura
de U, tendem a estabilizar-se, com processos de aplainamento. E encontrado, argilosa, observado entre Leopoldina e
intenso assoreamento em seus fundos. por exemplo, no interflúvio Rio Paranaíba- Juiz de Fora. E possivelmente a ãrea
Inicialmente as voçorocas são lineares, -Rio Grande. Algumas veredas formam-se a mais típica de escorregamento de solos
tomando posteriormente a forma digitada.
Quando seu desenvolvimento não se
partir de surgencias de aqüíferos pouco
profundos, situados na base do recobrimento
em Minas Gerais. Ressalvam-se os
acidentes locais de maior gravidade de 7.4. Bibliografia
interrompe nesta fase, evoluem para um arenoso superficial. Nessa circunstância, escorregamento, que afetam rodovias e
tipo piriforme (em forma de pera). Sua em todas as áreas onde o desmatamento e áreas urbanas, e cujos exemplos mais
paralização se processa na medida em que outras atividades predatórias modificaram a marcantes encontram-se no município de 1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION.
é recolonizada pela vegetação. Algumas estrutura dos horizontes superiores do solo, Ouro Preto e em algumas localidades da Standard methods for the examination
espécies de samambaia são pioneiras na intensificou-se a tendência para a remoção Serra da Mantiqueira. of water and wastewater. 14, ed.
recolonização vegetal das voçorocas. das coberturas detríticas por erosão Washington, 1976.
diferencial, o que, em circunstâncias Além dessas áreas, extensas regiões do
normais, se processaria lentamente e de modo Estado estão degradadas pela extração de 2. BRANCO, Samuel Murgel. Hidrobiología
As colinas cõncavo-convexas, formas de
pouco perceptível. coberturas detríticas lateritiladas, usadas aplicada ã engenharia sanitária.
relevo predominantes sobre o embasamento
granito-gnáissico, mostram grande paradoxalmente na conservação ou construção São Paulo, 1978.
propensão ao desenvolvimento de voçorocas Nas áreas dissecadas e mais acidentadas do de rodovias. Esses materiais, que em geral
tanto pela predominância de solos embasamento pré-cambriano, onde predominam são utilizados para compactação, são 3. BROWN, R.M. et alii. A water quality-
areno-argilosos e argilo-arenosos rochas graníticas e gnãissicas, são removidos sem nenhuma cautela nas áreas index: crashing the psycological
espessos, como pelo tipo de perfil de freqüentes os problemas de remoção acelerada próximas das estradas, gerando graves barrier. In: AMERICAN ASSOCIATION FOR
vertentes, que possibilita a infiltração do manto de alteração, geralmente problemas de erosão laminar e ravinamentos, THE ADVANCEMENT OF SCIENCE MEETING,
de uma parcela importante de água de constituído por Latossolos Vermelho Amarelo notadamente nos locais em que essas 138., Philadelphia, 1971.
chuva, sem, contudo, prejudicar o Distrõficos e Âlicos textura argilosa, coberturas pouco espessas assentam-se
escoamento superficial. associados a Podzõlicos Distrõficos e Ãlicos diretamente sobre rochas argilosas 4. . Water quality index: do we dare?
textura arqilosa. semi-alteradas. 0 exemplo mais marcante é Water and sewage works, oct. 19 70.
Numa voçoroca observam-se mecanismos dc encontrado ao longo da BR-262, entre os
erosão superficial, "arraste de partículas Nessas áreas, afetadas em quase toda a sua entroncamentos para as cidades de Ibiã e 5. . A water quality index, for water
pelo lençol freático, descalçamento extensão por desmatamentos generalizados, Bambuí. management. In: NATIONAL CONFERENCE
basal, desmoronamentos, deslizamentos e são comuns os escorregamentos de solo e a ON COMPLETE WATER USE, Washington,
transporte por corrente de água. erosão em lençol, responsável por um Ê importante destacar, face â atual D.C., 1973.
intenso assoreamento de vales. problemática energética, a existência de
Em conseqüência de desmatamentos de extensas áreas de erosão laminar ou em 6. CETEC. Estudo ambiental do Vale do Aço.
Se a erosão em lençol ê explicada como uma sulcos a montante das barragens de Belo Horizonte, 1977.
cabeceiras, ê comum observar-se a
conseqüência da destruição da cobertura Três Marias, Sao Simão, Camargos e Furnas.
evolução de bacias de recepção como
vegetal sobre relevos ondulados e com solos Os elevados índices de erosão que se 7. . Estudos integrados do Vale do
voçorocas, o que ocasiona o rápido
de baixa permeabilidade, no que concerne aos observam nessas áreas poderão, através dos Jequitinhonha: qualidade da agua.
assoreamento dos vales, bem como
escorregamentos hâ que se considerar assoreamentos decorrentes, causar uma Belo Horizonte, 1980.(Relatório
modificações no regime dos cursos d água.
1

tendências geomorfolõgicas mais complexas. significativa redução do volume total de Final).


Ressalta-se, nesse caso, a propensão acumulação de agua,e conseqüentemente
escorregamentos ou deslizamentos - são natural constatada na Zona da Mata, de
movimentos de massa, ou sejam, movimentos da vida útil dos reservatórios.
exumação de pontões graníticos ou na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Belo
coletivos de solo que se processam em gnãissicos, constituídos por afloramentos
encostas íngremes elaboradas em rochas Salvo alguns casos muito específicos, onde a Horizonte, s.d.
rochosos parcialmente cobertos por talus e
argilosas, alteradas em profundidades rampas de colüvio. Esses materiais uma intensa atividade humana somam-se
consideráveis ou recobertas por manto de características geomorfológicas muito 9. . Moni toraçao da qualidade das áquas
alterados permanecem precariamente na Sub-bacia do Rio das Velhas.
intemperismo espesso. Os deslocamentos estabilizados por uma exuberante vegetação peculiares, as principais ocorrências de
dos corpos rochosos ou massas de solos formas de erosão acelerada em Minas Gerais Belo Horizonte, 19 82 .
florestal - situação que todavia não impede
ao longo das vertentes se dão seguindo totalmente a ocorrência de acidentes encontram-se nas duas áreas de maior
planos (superfícies de deslizamento) propensão natural constatadas em trabalhos 10 . . Monitoração da qualidade das aguas
esporádicos -, ate que o equilíbrio ambiental na Sub-bacia do Rio Paraopeba.
pré-existentes ou de neoformação. seja rompido por ações antrõpicas. de campo:
Apresentam numerosos subtipos que, Belo Horizonte, 19 82.
todavia, não foram representados no
mapeamento, em virtude das limitações - os Planaltos Dissecados do Centro Sul 11. . Poluição atmosférica na
apresentadas pela escala. 7.3.4. Principais focos de erosão acelerada e do Leste de Minas e parte do
Alto São Francisco;
Região Metropolitana de Belo Horizonte
Belo Horizonte, 1982. , ,
Conforme indica o Mapa 8, entre as áreas - os Planaltos do São Francisco, 12. . Preservação do meio ambiente na
7.33. Condicionamentos geomorfológicos detectadas como focos de erosão acelerada, principalmente a região Noroeste do Estado, I r e a Mineira da SUDENE. Belo
destacam-se três, por sua extensão e pelo
da erosão acelerada nível de degradação atingido: A primeira sofreu o impacto direto de
Horizonte, 1979. (Relatório Final).
atividades econômicas que constituíram 13. . Programa de qualidade do ar do
0 primeiro aspecto a ser observado diz a área de colinas do centro-sul de etapas básicas do desenvolvimento de Estado de Minas Gerais. Belo
respeito aos divisores de agua das grandes Minas Gerais, centralizada pela cidade Minas Gerais, e que se caracterizaram por Horizonte, 1979.
bacias. Por se constituírem frentes de Oliveira,- onde predominam solos uma utilização predatória da cobertura
naturais da erosão remontante, esses podzõlicos, e onde coexistem voçorocas e vegetal. Além disso, essa região apresenta
divisores apresentam uma morfodinãmica erosão em lençol. Nessa ãrea destacam-se um relevo predominantemente montanhoso e 14. . 29 Plano de desenvolvimento
bastante favorável ao recuo de cabeceiras as ocorrências ao sul de São João Del Rei, uma rede viária significativa, os Planaltos integrado ao Noroeste Mineiro. Belo
por erosão acelerada. Esse processo acaba onde se encontra a maior densidade de do São Francisco sofrem os efeitos das Horizonte, 1981. 2v. (CETEC. Série
generalizando-se por todo o interflúvio, voçorocas do Estado; atividades agropecuárias incrementadas no de Publicações Técnicas, 0 0 2 ) .
desde que predominem litologias favoráveis, noroeste e norte do Estado nas duas últimas
e que a área esteja em desequilíbrio o relevo suave ondulado com décadas, decorrentes da expansão da 15. . Sub-bacia do Rio Itabira; estudo
ambiental provocado por atividades predominância de cambissolos e regossolos. fronteira agrícola. Essas atividades da Região I. Belo Horizonte, 1977.

149
16. . Uso racional e integrado dos
recursos hídricos da Bacia do Rio das
Velhas"; regiões de estudos II. Be lo
Horizonte, 1978.

17. . Uso racional e integrado dos


recursos hídricos da Bacia do Rio
Paraíba do Sul, parte mineira da~
Sub-bacia do Rio Paraibuna" Belo
Horizonte, 1979.

18. . Uso racional e integrado dos


recursos hídricos da Bacia do Rio
Paraopeba; região de estudos I.
Belo Horizonte, 1979.

19. . Uso racional e integrado dos


recursos hídricos da Bacia do Rio
Paraopeba; região de Estudos I I .
Belo Horizonte, s.d.

20. CETESB. Controle da qualidade da água


para consumo humano; bases
conceituais e operacionais. São
Paulo, 1977.

21. DEININGER, R.A. A water quality index


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RESOURCES, 3., Mexico, 1979.

22. ESTADOS UNIDOS. National Technical


Advisory Committee. Water quality
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Pollution Control Administration,
1972 .

23. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO- Situação


ambiental na Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Belo Horizonte, 1976.
199 p .

24. IGA/CETEC. Mapeamento das formas de


erosão acelerada na Região
Metropolitana de Belo Horizonte e
cabeceiras dos Rios das Velhas e
Paraopeba. Belo Horizonte, 1978.

25. MCCLELLAND, N . I . et a l ü . Water quality


under application in the Kansas River
Basin. In: ANNUAL CONFERENCE WATER
POLLUTION CONTROL FEDERATION, 46.
Cleveland, 1973.

26. O'CONNOR, M.F. The application of


multi-attribute scaling procedures
to the development of indices õ?
water quality, s . 1 . 1 19 71 ( T e s e
Doutorado).

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Information Center, 1970. 559p.

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water. Washington, D.C., 1979.

29. VICTORETTI, B.A. O monitoramento na


administração da qualidade da água.
In: ENCONTRO ENTRE ÓRGÃOS DE
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO
NORDESTE, 5. s.l-, 1978.

150
8. Conclusão e, por conseguinte, identificar os reflexos
ambientais da ação antrõpica. Portanto, o
levantamento do uso da terra ê um elemento
Rio São Francisco; e a região do
Alto Jequitinhonha. As maiores concentrações
de mata em Minas Gerais estão no Triângulo
Embora 25% da área do Estado já tenham sido
objeto de cadastramento industrial, apenas
cerca de 5% se referem a áreas de elevada

8.1. Introdução fundamental no estabelecimento de Mineiro e no Norte de Minas. É importante concentração industrial e/ou com expressiva
diretrizes que orientem as ações corretivas ressaltar que a área ocupada por cobertura emissão estimada de poluentes. Todavia, é
e preventivas de combate â degradação do vegetal mais densa (mata + capoeira) não possível identificar, do ponto de vista da
A abrangência das informações apresentadas meio ambiente. chega a 12,0% da área total do Estado, o poluição industrial, as microrregiões mais
neste "Diagnóstico Ambiental do Estado de que é um índice irrisório, se comparado com significativas: Belo Horizonte, Furnas,
Minas Gerais" evidencia a diversidade e a Em Minas Gerais, as classes de usos da terra a vegetação florestal outrora existente em Mata de Ubá, Campo das Vertentes,
intensidade dos problemas associados a cada predominantes, por ordem decrescente de Minas Gerais. Divinópolis, Planalto de Poços de Caldas,
aspecto setorial do desenvolvimento. área ocupada, são o cerrado, o pasto, a Juiz de Fora, Uberlândia e Siderúrgica.
Muitos desses problemas são decorrentes de capoeira, o campo, a associação de pasto . Indústria de Transformação
uma concepção errônea e limitada a respeito com capoeira e a associação de campo com . Indústria Extrativa
do meio ambiente, e poderiam ser melhor pasto. As outras classes de usos ocorrem Existe no território mineiro um número
equacionados dentro de um contexto em que, com menos de 3,0% do total. Dentre esses grande de municípios de elevada expressão A indústria extrativa mineral, conquanto
tanto sob ponto de vista conceituai quanto resultados, destaca-se a significativa área com relação às densidades de emissões de DBO contribua de modo significativo para a
operacional, o desenvolvimento fosse ocupada pelo cerrado (25,54%) e pelo pasto de origem industrial. Os focos mais geração de recursos financeiros no Estado,
contemplado' â luz de concepções amplas e (23,70%), totalizando aproximadamente metade importantes são os municípios de representa um dos maiores potenciais de
abrangentes do que seja o meio ambiente. da superfície do Estado (49,27%). Isso sem Belo Horizonte, Astolfo Dutra, Passos, degradação de seu meio ambiente.
considerar as associações do cerrado e do Visconde do Rio Branco, Urucânia, Ponte Nova, No Quadrilátero Ferrífero, por exemplo,
pasto com as outras classes de usos, o que Campo do Meio e Monte Belo. No que se reconhecidamente rico em recursos minerais,
Nesse aspecto este trabalho se coloca como elevaria razoavelmente esse percentual.
um ponto de partida, englobando, pela refere âs emissões de poluentes a atividade mineraria tem resultado em
primeira vez no Estado, um grande volume de atmosféricos, é possível detectar-se um foco alarmante deterioração dos recursos hídricos
informações que representam o estágio de Em ordem decrescente, o cerrado ocupa áreas de poluição bastante significativo, numa superficiais da região, notadamente nas
conhecimento do meio ambiente ja alcançado maiores nas bacias dos rios São Francisco, área delimitada por um raio de bacias dos rios das Velhas, Paraopeba e
pelo Sistema Operacional de Ciência e Jequitinhonha e Paranaíba, sendo que a aproximadamente 100 km em torno de Piracicaba.
Tecnologia de Minas Gerais. Esse primeira contém aproximadamente 72% do Belo Horizonte, e que engloba total ou
conhecimento, setor izado e regionalizado, total dessa classe, que ocupa principalmente parcialmente as microrregiões: A degradação imposta ao meio ambiente pela
certamente apresenta ainda, desníveis as regiões central, norte e noroeste do Belo Horizonte, Divinópolis, Espinhaço indústria extrativa mineral não se restringe,
identificáveis ao longo dos vários capítulos Estado. Meridional, Sete Lagoas e Siderúrgica. no entanto, aos efeitos físicos, pois, além
precedentes. Essas deficiências, todavia, Além desse grande foco industrial, existem de resultar em desfiguração da paisagem,
devem representar, antes de tudo, uma 0 pasto ocorre em todas as bacias outros também significativos, porém de menor destruição de bens culturais e poluição do
motivação a orientar os esforços da política hidrográficas, o que demonstra a vocação do área e dispersos pelo Estado, citando-se meio físico, o extrativismo mineral pode
ambiental no sentido de nivelar e tratar de Estado para a atividade pecuária, tanto de entre outros um foco formado pelos influir negativamente sobre o meio
modo mais integrado os demais componentes corte quanto de leite. Além do sul de municípios de Pratãpolis e Passos, um sõcio-econômico das comunidades onde e
do ambiente. Minas Gerais, essa classe de uso ocupa formado por Barroso e Carandaí, e finalmente exercido. Concomitantemente aos efeitos
grandes extensões nas bacias dos rios um formado por Belo Oriente, Mesquita, provocados pela atividade mineraria no meio
Jequitinhonha, Mucuri e Doce. Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. físico, é necessário não se desconsiderar
Nos itens seguintes serão apresentadas as
principais conclusões setoriais alcançadas a sociedade solapada pelo esgotamento de sua
com a elaboração deste diagnóstico, e as A capoeira é também uma classe expressiva de produção mineral e pelas distorções que o
inter-relaçoes setoriais que se evidenciaram uso da terra em Minas Gerais, ocupando Considerando os totais das emissões dos puro extrativismo pode provocar na sua
ã medida que o trabalho se desenvolvia. isoladamente 9,85%, e, em associação com poluentes atmosféricos, e possível estrutura sõcio-econÕmica.
pasto, 2,74% da área total do Estado. identificar, dentre os gêneros industriais
A capoeira aparece principalmente no norte, que mais contribuem para a degradação da Os cinco minérios cuja extração é mais
nordeste e sul de Minas, e em quase toda a qualidade do ar no Estado, a transformação difundida pelos municípios são o de ferro,
8.2. Síntese setorial bacia do Rio Doce. de produtos minerais não metálicos, a
metalurgia, as indústrias de papel e
de manganês, calcário, argila e ouro.
Dentre os 40 municípios com maiores
papelão e a de produtos alimentares. arrecadações de imposto, apenas dois não
8.2.1.0 meio antrópico Constata-se que é muito pequena a área O quadro pouco se modifica quando são apresentam mineração dessas substâncias.
remanescente de mata nativa no Estado; consideradas as médias dessas emissões, Ouro Preto, itabirito, Nova Lima,
• Subsistema Produtivo somente 1,56% da área de Minas Gerais é alterando-se apenas pela inclusão das Belo Horizonte e Santa Bárbara são os
atualmente ocupada por essa classe de uso. indústrias químicas emitentes de óxidos de municípios que possuem 10 ou mais
. Usos da Terra Isso faz com que a área reflorestada enxofre. No entanto, a situação altera-se substâncias lavradas.
homogeneamente (cerca de 14,000 k m ) seja
2
radicalmente quando se trata da demanda
A forma de organização do espaço superior ã de mata em aproximadamente 45,0%. bioquímica de oxigênio de origem industrial. A distribuição espacial da atividade
físico-territorial, sendo uma conseqüência Os reflorestamentos sao dispersos e ocorrem Para tal parâmetro, a indústria de produtos mineraria indica que são quatro as
direta do modelo global de desenvolvimento em poucas bacias. Basicamente existem três alimentares aparece na condições de maior microrregiões do Estado onde a degradação
sõcio-econômico, reflete a ação antrõpica grandes regiões reflorestadas: o triângulo emissor, tanto para valores totais quanto ambiental assume provavelmente maiores
sobre o meio natural. A análise da formado pelas cidades de Araxã, Uberaba e para valores médios. A fabricação de proporções, em decorrência específica das
configuração espacial das atividades Uberlândia, na bacia do Rio Paranaíba; o bebidas e a indústria química aparecem atividades minerarias: Espinhaço Meridional;
produtivas e da rede urbana permite perceber triângulo formado pelas cidades de Curvelo, completando o quadro dos maiores emissores Belo Horizonte; Siderúrgica: Campo das
a forma de utilização dos recursos naturais. Pirapora e João Pinheiro, na bacia do de DBO entre os gêneros analisados. Vertentes. Essas microrregiões ocupam áreas

151
nas bacias hidrográficas dos rios das superpisoteio de gado e dos processos São três os principais fatores tecnológicos termos de resultados a curto prazo.
Velhas, Paraopeba, Doce, Piracicaba e Grande, empregados na cultura de forrageiras. As de produção agropecuária que provocam Entretanto, a eficiência energética desses
e, ã exceção desta última, englobam as queimadas das pastagens, destinadas a impactos sobre o meio ambiente: o uso de sistemas é negativa, gastando-se mais
respectivas cabeceiras. favorecer a rebrota, provocam queda força mecânica, de defensivos e de calorias com insumos do que se consegue em
significativa de produção, um a dois anos fertilizantes. Se por um lado a utilização produtos. De fato, a conversão em alimentos
. Agropecuária depois de consumadas, já que as condições da força mecânica contribuiu para o dos insumos não renováveis, representados
tornam-se desfavoráveis ãs forragens, ã crescimento da produção, por outro lado pelas fontes fósseis de energia e de algumas
A intensidade e a dimensão dos impactos fauna e flora microbiana, e aos pequenos tem contribuído para o enfraquecimento substâncias utilizadas como defensivos e
ambientais provocados pela atividade animais. Ocorre em seguida a degradação do solo. Esse enfraquecimento envolve fertilizantes, corresponde, a longo prazo,-
agropecuária são função direta do modo de das condições gerais do solo e o tanto a diminuição da condição de a uma pressão indesejável e insustentável
utilização e manejo dos ecossistemas onde aparecimento de pragas e pestes. fertilidade natural do solo, o que ocorre sobre o quadro físico natural. A mudança
essa atividade se processa. Enquanto na em conseqüência do arrastamento da camada de uma agricultura intensivamente química
agricultura tradicional de pequena escala O superpisoteio do gado, ao destruir a relva mais rica pela ação da erosão, quanto a para uma agricultura alternativa poderia
esses impactos são localizados, na e deixar o solo desnudo, provoca a erosão restrição oferecida â livre movimentação aliviar alguns dos efeitos adversos e
agricultura mecanizada moderna, do solo. da água e do ar, tornando difícil a assegurar um sistema agrícola mais
caracterizada principalmente por penetração das raízes e a absorção dos equilibrado a longo prazo.
monoculturas, os impactos são de grande 0 rebanho encontra-se muito distribuído nutrientes. 0 uso de defensivos agrícolas e
escala e intensidade. Esse aspecto assume espacialmente, havendo entretanto algumas de fertilizantes, alem de degradar o solo e . Energia
maior importância nas análises ambientais, microrregiões isoladas com concentrações os cursos d'água, pode causar problemas â
já que grandes modificações vêm se maiores. A média estadual de densidade de saúde das populações animais e humanas que Se em Minas Gerais não existem reservas
processando no quadro agropecuário do Estado, bovinos por pastagem é de 0,63 cabeças/ha, venham a utilizar as culturas desenvolvidas conhecidas de combustíveis fósseis, ao
com a implantação extensiva de técnicas sendo que as regiões centro-sul, sudeste, nas áreas onde esses produtos químicos são contrário o potencial hidroelétrico é
modernas de manejo, decorrentes de grandes nordeste e oeste do Estado, com exceções aplicados. bastante substancial, especialmente nos rios
programas de desenvolvimento rural. localizadas, têm densidades acima da média Grande e Paranaíba. Entre as demais fontes
estadual. o extremo sul e os vales dos Âs microrregiões do Triângulo Mineiro que de energia produzidas no Estado destacam-se
A estrutura fundiária em Minas Gerais, rios Doce e Mucuri são as regiões que possuem os maiores percentuais de as provenientes da biomassa: carvão vegetal,
originada do regime de sesmaria, apresenta apresentam maiores densidades (0,80 a estabelecimentos que utilizam força animal, lenha, álcool e bagaço de cana. Pode-se
hoje uma grande concentração de terras nas 1,05 cabeças/ha), destacando-se as correspondem também os maiores percentuais constatar que o índice de participação do
mãos de um reduzido grupo de proprietários microrregiões Bacia do Suaçuí, Mantena e de uso de força mecânica. Os maiores consumo doméstico sobre o consumo total do
e uma multiplicidade de pequenas Bacia do Manhuaçu, com mais de 1 cabeça/ha. índices de utilização de força mecânica nos Estado vem decrescendo paulatinamente. Em
propriedades, cuja participação na ãrea Ao norte, noroeste e em algumas trabalhos agrários estão concentrados nas contrapartida, o consumo industrial vem
total do Estado é decrescente. Há microrregiões isoladas ocorrem densidades regiões do Triângulo Mineiro e parte do aumentando sua participação, sobretudo na
significativas variações na distribuição abaixo da média estadual, caracterizando Sul de Minas. A utilização da força última década.
espacial dos estratos de ãrea de uma pecuária bastante extensiva. No noroeste mecânica diminui gradativamente na direção
propriedades. encontram-se as menores densidades das regiões economicamente mais deprimidas Dentre os combustíveis utilizados em
(0,21 a 0,42 cabeças/ha). do nordeste, incapazes de aplicações Minas Gerais, o carvão vegetal ocupa o
A empresa agrícola moderna encontra-se em generalizadas de capital, bem como na primeiro lugar na participação total de
plena expansão no Estado, e em algumas direção das regiões onde a topografia consumo, sendo usado quase que
Com a exaustão das grandes reservas acidentada favorece mais o uso de tração
regiões está substituindo a forma madeireiras do Estado, a exploração da exclusivamente pela indústria siderúrgica.
tradicional de organização. A produção animal. A distribuição regional do consumo
madeira em toras para fins industriais de fertilizantes apresenta acentuadas
destina-se principalmente aos mercados deixou de ser significativa. Assim, o A lenha vem diminuindo ano a ano sua
externos, e as empresas quase sempre variabilidades. As regiões Sul de Minas, participação no total de energia consumida, •-.
extrativismo vegetal em Minas Gerais Triângulo e Rio Doce consomem cerca de 70%
tratam dissociadamente da agricultura, destina-se â produção do carvão e da lenha. apesar de ocupar a segunda posição entre os
da pecuária ou da silvicultura. Nessas do total do Estado. As zonas de fronteira combustíveis utilizados. A diminuição da
A exploração carvoeira encontra-se em plena agrícola - Noroeste e Jequitinhonha - são
propriedades o uso de defensivos e ascensão, destruindo o que restou da utilização da lenha se deve principalmente
pesticidas e intenso, e a mecanização as que apresentam menores índices de ao crescimento do consumo de gãs liquefeito.
vegetação natural, e atingindo sobretudo o consumo.
largamente utilizada favorece a cerrado. Outro combustível cuja utilização merece
compactação do solo, com todas as suas destaque pelo seu crescimento ê o carvão
conseqüências ambientais indesejáveis. Dada a inexistência de informações mineral, a quinta posição entre os
Normalmente a monocultura praticada pela A extração de madeira para a produção de combustíveis mais consumidos.
estatísticas sobre o consumo de defensivos
empresa moderna favorece a proliferação de lenha ou carvão produz imediatas
em Minas Gerais, a sua estimativa deve ser
pragas, e confere aos alimentos produzidos conseqüências danosas ao meio físico natural,
feita com base no estudo da distribuição A participação dos recursos energéticos de
características nutricionais inferiores. dentre as quais se destacam o favorecimento
das culturas em que geralmente são aplicados origem no Estado (carvão vegetal, lenha,
As culturas de cana, cafe, soja e as ã erosão dos solos com o conseqüente
em maior quantidade. A soja, cultura energia elétrica e bagaço de cana) é
florestas homogêneas são as principais carreamento de sedimentos para os cursos
relativamente nova em solo mineiro, significativa. Porém, essa participação
expressões da empresa moderna em d'água, e uma ruptura do processo contínuo
apresenta uma produção crescente de ano estã diminuindo. Haja vista que em 1960 era
Minas Gerais, onde recentemente vem se de reciclagem da matéria orgânica.
para ano e tem-se desenvolvido em terras de 75,21%, e em 1977 era de apenas 52,02%.
implantando programas de desenvolvimento Degradações mais complexas e ainda não
do cerrado. Mas a necessidade de redução da dependência
agropecuário cujas conseqüências ambientais completamente conhecidas estariam
relacionadas ao balanço de exportações e de fontes externas vem ocorrendo de forma
não foram ainda devidamente avaliadas. cada vez mais intensa, e levam a supor que o
ciclagem de nutrientes, ã modificarão da A cultura do algodão, concentrada na região
hidrologia florestal e â perturbação do norte de Minas Gerais, e a de rosas, na Estado deverá basear-se nos recursos locais
Nos últimos anos ocorreu um substancial rendimento florestal de áreas contíguas. Serra da Mantiqueira, embora apresentando de energia para incrementar seu
aumento da produção agrícola em Minas Gerais. distribuição espacial mais restrita, são as desenvolvimento. Nessa direçao, vários são
Dentre os produtos da lavoura permanente, culturas que mais utilizam defensivos, tanto os programas de produção de energia que vêm
destacam-se o café, a banana e a laranja. As microrregiões Paracatu e Montes Claros em volume quanto em freqüência. No grupo sendo concebidos ou implementados em
Na lavoura temporária sobressaem-se as são as maiores produtoras de carvão vegetal das hortaliças destacam-se as de folha, Minas Gerais, tais como o Proãlcool e o
culturas de subsistência: arroz, feijão, em Minas Gerais, com 42% da produção do flor e haste, além do tomate, da batata, Programa de Biodigestores.
milho e mandioca, além do algodão, Estado. Outros municípios localizados na cenoura, jiló e vagem, como culturas em que
cana-de-açúcar e soja. As maiores áreas região central também contribuem com se utilizam grandes quantidades de O aumento da auto-suficiência do Estado em
agrícolas estão concentradas no Triângulo parcelas substanciais na produção do carvão. agrotõxicos. Via de regra, são culturas termos de abastecimento energético
Mineiro, Sul de Minas e Alto São Francisco. concentradas nos municípios da região certamente resultara em impactos ambientais
Todavia, existe uma tendência de expansão metropolitana, no Sul de Minas (região de importantes, destacando-se as mudanças na
agrícola nas regiões noroeste e norte do Com relação a lenha, o seu consumo doméstico Maria da Fé) e na Serra da Mantiqueira ocuparão do espaço. Os principais programas
Estado. é também muito alto, sobretudo nas regiões (região de Barbacena). energéticos em implantação, a par de seus
mais pobres, como o Noroeste e o Vale do impactos ambientais diretos, tendem também
Os principais problemas ambientais Jequitinhonha. Além do consumo doméstico, As tecnologias agrícolas mecanizadas e a alterar substancialmente o uso da terra.
decorrentes da bovinocultura em Minas Gerais destaca-se também sua utilização em padarias, altamente intensivas levaram a uma crescente A superfície territorial do Estado será
provem da prática da queimada, do cerâmicas, olarias, hotéis e restaurantes. produtividade e eficiência de trabalho em crescentemente ocupada, seja por áreas

152
inundadas para produção de eletricidade, população urbana, em 1980 esse número se ao passo que em 1980 concentravam 23,8%. de materiais locais, além do aprimoramento
seja por novas culturas energéticas para elevou a 24, correspondendo então a 28% do Além disso, esses municípios, que representam das características desses materiais.
produção de biomassa. total da população urbana estadual. 1% do total de municípios mineiros, A efetivação dessas transformações requer
Constata-se que 579 municípios - 80,2% dos absorveram 57,3% do incremento populacional ainda profundas alterações no modo de se
A intensificação da exploração de florestas municípios do Estado - apresentaram taxas do Estado no decênio 1970/80, quando na conceber e construir as habitações,
nativas pelo uso de lenha ou carvão, para de crescimento menores que o crescimento década de 60 essa percentagem fora de 49,7%. dotando-as de equipamentos comunitarios e
substituir o óleo combustível nas industrias, demográfico de Minas Gerais (1,5% a.a.). infra-estrutura determinados a partir de
tende a ser um grande fator de degradação Entretanto, a constatação mais importante Todas as macrorregiões, em especial as processos de seleção tecnológica que
ambiental. Mesmo com os grandes programas ê que praticamente a metade dos municípios Regiões I, II, III e V, vêm apresentando um incluam critérios ambientais, sociais e
de reflorestamento realizados no Estado, a mineiros (49,7%) tiveram taxas negativas de movimento emigratorio rural. Em energéticos atualmente não considerados.
maior parte da produção do carvão vegetal crescimento, ao passo que apenas 71 contrapartida, também todas as macrorregiões
provém das matas nativas, dos cerrados e municípios (9,8%) apresentaram taxas acima apresentam um movimento imigratório urbano,
das áreas de vegetação natural. Para agravar da de crescimento vegetativo (2,5% a.a.). notadamente as Regiões I, IV, VI e VII. . Saúde
essa tendência, soma-se o uso da lenha como Esses números indicam, portanto, um Entretanto, quando se considera a população
combustível doméstico, que ê intenso nas significativo movimento de emigração do total, apenas a Região I mostra um saldo Embora as informações disponíveis não sejam
pequenas e médias cidades, e mesmo em Estado. migratório positivo. O norte, nordeste e suficientes para precisar os efeitos dos
Belo Horizonte. leste do Estado são as áreas onde, com fatores ambientais agressivos sobre os
Os municípios com taxas mais elevadas de algumas exceções, predomina a população vários tipos de mortalidade, ê possível
• Subsistema Social crescimento estão dispersos pelo Estado, rural. Por outro lado, as microrregiões relacionar esses fatores â nosologia
havendo pequenas concentrações na Região I da Zona Metalúrgica, do Triângulo, do Sul e prevalente. A mortalidade causada por
(área de influência da Região Metropolitana da Zona da Mata apresentam uma urbanização doenças infecciosas e parasitarias vem
. Estrutura Espacial
de Belo Horizonte) e na Região IV (área de relativamente significativa no contexto confirmar de forma evidente as más
influência de Brasília). Verifica-se que os estadual. Alem disso, é importante condições sanitárias em que vive grande
Nas duas últimas décadas, Minas Gerais vem ressaltar a grande diversidade regional do
passando por mudanças aceleradas no municípios que apresentaram as maiores parte da população mineira. Além dos
taxas de crescimento no decênio 1970/80 Estado, no que concerne a população urbana, fatores ambientais, a ausência de um
sistema urbano, estreitamente associadas ás pois o grau de urbanização varia entre
diversas etapas do desenvolvimento estão localizados dentro_de um raio de mais trabalho intensivo de educação, não só a
ou menos 100 km em relação a Belo Horizonte, 15,51% e 96,09%, respectivamente na nível de escola, mas sobretudo a nível da
sõcio-econômico do Estado, notadamente microrregião Mineradora do
provocadas pelas transformações da estrutura numa área delimitada por Sete Lagoas - comunidade como um todo, impossibilita o
DivinÕpolis - Conselheiro Lafaiete - Alto Jequitinhonha e na microrregião de desenvolvimento de hábitos saudáveis de
produtiva de bens e serviços, e induzidas Belo Horizonte.
pelo processo de industrialização. João Monlevade - Sete Lagoas. higiene, necessários sobretudo em
determinadas regiões onde a ausência de
saneamento básico é uma constante.
A partir de 1970, a industrialização de A Região I, onde se localiza a 0 Censo Demográfico de 19 80 mostra que o
Minas Gerais assume características bem Região Metropolitana de Belo Horizonte, processo de urbanização em Minas Gerais
definidas. Ao mesmo tempo em que se expande lidera o crescimento demográfico mineiro, tem-se desenvolvido com mais rapidez nos Quando se analisa o quadro de mortalidade
e se moderniza, o parque industrial muda caracterizando-se como a única região de grandes e médios centros urbanos, por doenças redutíveis pelo saneamento
sua estrutura, devido ao aumento do número imigração do Estado, e apresenta saldo comprovando a existência de fortes correntes básico - RSB, aparece de forma alarmante a
e da produção das indústrias intermediarias migratório positivo e constante. Isso migratórias internas em direção aos centros precariedade do saneamento básico em
e de bens de capital. Toda essa ocorre devido ao potencial industrial e de urbanos mais desenvolvidos. A partir da Minas Gerais. Os coeficientes diferem
transformação reflete-se sobre o espaço serviços na área, que consegue manter e análise do incremento populacional e do bastante de uma região para outra. Vale
geográfico, particularmente sobre o sistema regular tanto a população emigrante quanto grau de urbanização, pode-se constatar que o repetir que a carência de dados,
urbano-do Estado, que também se expande, se a população ali fixada. As outras sete crescimento demográfico do Estado no decênio principalmente nas regiões mais deprimidas,
moderniza e muda de estrutura, em função das regiões do Estado constituíram-se, na última 1970/80 concentra-se em alguns poucos continua alterando o quadro real.
características que assume a nova década, em áreas de forte emigração, centros urbanos, os quais tiveram um Os coeficientes de mortalidade por grupo
industrialização, fi nítido que o fator apresentando saldos migratórios negativos. crescimento a taxas significativamente das doenças RSB apresentaram-se maiores
mais importante na reestruturação da Estes últimos anos mostram também mudanças superiores as da grande maioria das outras nas Regiões I, III e V, decrescendo nas
urbanização mineira ê o estilo de significativas no comportamento da cidades mineiras. Regiões II, IV, VI e VIII. A Região VII
industrialização que vem caracterizando o concentração regional, embora a Região I apresentou o menor coeficiente de
Estado. continue detendo a taxa mais alta. o que se mortalidade nesse subgrupo. Dentre as RSB
observou foi uma queda no poder de atração . Habitação destaca-se a esquistossomose mansônica,
das Regiões II e III, zonas de forte apresentando alta prevalência em
A implantação ou expansão dessas novas emigração. A Região IV começa a despontar A intensificação da crise da habitação e o Minas Gerais. Sua disseminação vem-se
atividades industriais representa como área potencialmente retentora de crescimento das populações marginais em agravando em decorrência de inúmeros
indiscutivelmente uma nova etapa na população, se bem que ainda de emigração. áreas urbanas e um problema de caráter problemas advindos da deficiência ou mesmo
ocupação do espaço mineiro, com profundas Os põlos regionais de Uberlândia e Uberaba social que ocorre na América Latina, ausência do saneamento básico, além da
repercussões nas áreas para onde essas devem ser fatores importantes nessa incluindo o Brasil, e a situação habitacional falta de hábitos higiênicos da população.
atividades se dirigem, apesar da contínua estabilização demográfica. em Minas Gerais não escapa a esse contexto. A situação torna-se mais alarmante na zona
primazia da metrópole estadual. Não obstante rural, onde os habitantes comumente lançam
a predominância da Região Metropolitana A análise de quatro características os dejetos diretamente na superfície do
com relação â rede urbana de Minas Gerais, A analise do incremento populacional total - propriedade, ocupação, condição física e solo ou nos corpos d'agua.
observa-se o acelerado crescimento das do Estado confirma indiscutivelmente a de serviços -, mostra uma melhoria das
cidades intermediárias, que estão se tendência concentradora da população mineira, condições habitacionais no Estado, sob um
firmando como pólos alternativos de e conseqüentemente mostra a desigualdade na enfoque exclusivamente domiciliar, embora No subgrupo das doenças redutíveis por
migração. distribuição espacial da população. Apesar ainda existam deficiências substanciais em imunização - R I , a tuberculose ainda
de Minas Gerais possuir 722 municípios em alguns setores, especialmente no que tange continua sendo a maior responsável pelos
Ê clara a perda de posição relativa das 1980, apenas os 43 municípios com população âs características dos serviços de óbitos, atingindo o percentual de 50%.
cidades pequenas, embora essa perda não superior a 50.000 habitantes concentravam abastecimento de água e esgoto sanitário. Em 1965 a Região II era a que mais se
signifique redução absoluta da população. 43,58% da população do Estado, quando em Constata-se que o desequilíbrio econômico- ressentia desse subgrupo de doenças, embora
O fato e que essas cidades apresentam, em 1950 esses mesmos municípios detinham 22,67%. -social existente entre as diversas regiões as demais regiões apresentassem índices
sua maioria, taxas de crescimento menores Em termos de aumento populacional do Estado, do Estado reflete-se diretamente nas consideráveis. Em 1975, como resultado de
que as observadas para os estratos esses 43 municípios, 6% dos municípios condições de habitabilidade das construções. constantes iniciativas governamentais, os
superiores. Ê importante ressaltar que esse mineiros, absorveram 94,6% do incremento índices decresceram consideravelmente.
estrato, apesar da perda de posição relativa, verificado no decênio 1970/80, contra 73,2% Para minimizar seu déficit habitacional, o
ainda tem 50% da população urbana, na década anterior. Entretanto, o Estado necessita não apenas do crescimento No subgrupo das doenças redutíveis por
percentagem que mostra a significação das incremento populacional absorvido pelos sete do número de casas construídas, mas também programas especiais - RPE, a doença de
cidades pequenas na estrutura urbana maiores municípios mineiros atesta com mais de transformações na qualidade e natureza Chagas é a responsável pela maioria dos
estadual. Entretanto, o destaque maior se propriedade a característica concentradora das edificações oferecidas. Tais óbitos. Devido â desatualização e mesmo ã
refere as cidades médias. Se em 1960 apenas da demografia mineira. Esses municípios, transformações implicam tanto em mudanças ausência de dados disponíveis sobre a
3 cidades se situavam nessa classe (50 a principais pólos regionais do Estado, nos processos e tecnologias de construção, prevalência da doença de Chagas em
250 mil habitantes), representando 9% da detinham em 1960 -13,06% da população total. como no aproveitamento, sempre que possível. Minas Gerais, torna-se difícil avaliar a sua

153
real situação. Sabe-se, no entanto, de sua . Alimentação Se a melhoria da renda ê um pré-requisito (I, II, III e IV) as que apresentavam
ocorrência em parte significativa do para sejnelhorar o nível nutricional da maiores taxas de participação relativa da
território mineiro, onde ê a responsável No Brasil e em Minas Gerais, a questão das população do Estado, questões relacionadas PEA no setor.
por 90% dos óbitos das RPE. A partir da relações entre as dietas alimentares da ã adequação nutricional da população não
campanha contra a doença de Chagas, população e os seus impactos ambientais vem podem ser enfocadas somente do ponto de E importante ressaltar também a elevada
coordenada pela SUCAM, pôde-se constatar adquirindo importância crescente, ã medida vista do aumento da produção e do acesso participação relativa do setor "outros
a ocorrência dessa doença nas Regiões V I , que se coloca o problema dos limites do aos alimentos. Devem englobar as questões serviços" (educação, saúde pública e privada,
VII, IV, V, e mesmo na Região I. território e de sua melhor utilização. de saúde pública, o que permitiria um administração pública, comércio, bancos e
Se historicamente sempre existiram novas melhor aproveitamento do alimento ingerido instituições financeiras, prestação de
Embora os coeficientes de mortalidade terras a ocupar, e o solo despauperado era pelo organismo humano, além das questões serviços, etc.) na PEA na Região I,
infantil estejam subestimados na maioria abandonado, abrindo-se novas fronteiras de educacionais, que são fundamentais para que polarizada pela capital do Estado, o que
das regiões do Estado, as informações colonização agrícola, hoje apresentam-se a população se alimente de forma adequada. revela um elevado índice de centralização
disponíveis proporcionam uma visão geral crescentes conflitos pelo uso do solo. espacial de tais serviços, fator de
da situação. A Região VII corresponde a Neste contexto a definição e a indução de , Emprego desequilíbrio na estrutura da oferta. Uma
maior taxa de mortalidade infantil, assim padrões de consumo alimentar que levem a distribuição mais harmoniosa de tais serviços
como a maior taxa de mortalidade geral no menor depredação do ambiente podem Dois fatores principais definem basicamente induziria a uma desconcentração urbana, face
Estado. Conseqüentemente, a esperança de constituir-se em ações que, a longo prazo, a problemática do emprego. Por um lado, a ã grande capacidade de geração de empregos
vida ao nascer ê ali reduzida. As Regiões reduzam as pressões sobre o meio ambiente, oferta é determinada pelo modelo de do setor.
VI e VIII também apresentam altas taxas de A regionalização das dietas alimentares desenvolvimento adotado. Por outro lado, a
mortalidade infantil, mortalidade geral e pode constituir-se num meio de se evitar o demanda se define pelas taxas de crescimento . Educação
baixa esperança de vida. As demais regiões excessivo transporte de alimentos a demográfico e pela dinâmica de distribuição
apresentam níveis de saúde similares no que grandes distâncias, com seu conseqüente da população. A harmonização entre os dois A educação, na realidade, corresponde a um
se refere aos parâmetros aqui utilizados, encarecimento e custo energético e ambiental fatores constitui, pois, objetivo prioritário processo de transformação do homem e,
sendo os melhores do Estado. Entretanto, insustentáveis a longo prazo. da ação do Estado, assim como também das portanto, deve ser necessariamente incluída
em termos absolutos, esses índices são A estrutura de cestas básicas de forças vivas da sociedade como um todo. entre os agentes de modificação do
intoleravelmente elevados, ainda muito alimentos conservativos de energia e do Quando a demanda supera a oferta, o Estado meio ambiente. Sob esse enfoque, merecem
afastados dos índices dos países meio ambiente poderia constituir-se num dos e a sociedade devem acionar mecanismos ser destacados dois pontos principais.
desenvolvidos. elementos integrantes de uma abordagem sõcio-econõmicos que permitam a abertura Em primeiro lugar, a educação, incluindo
global dos abastecimentos alimentares. de novas frentes de atividades geradoras de aquela ministrada em bases formais,
Também com relação ãs causas de mortalidade empregos. Nesse sentido, a concepção do reconhecida como um dos mais importantes
associadas aos problemas ambientais, deve-se modelo de desenvolvimento econômico pode indutores de um relacionamento racional do
mencionar as doenças das vias respiratórias, Em Minas Gerais as inadequações calóricas exigir adaptações para atualizá-lo ao novo homem com as demais variáveis ambientais.
que apresentam índices elevados, sao mais graves no meio rural, em seguida contexto, viabilizando o eguacionamento Por outro lado, a educação deve ser
principalmente na Região Metropolitana de no meio urbano em geral, e menos graves no desse problema. considerada também como um processo de
Belo Horizonte, quando comparados à média meio metropolitano. Há uma correlação capacitação dos indivíduos para melhorar a
do Estado. Apesar de não se dispor ainda muito alta entre as classes de renda e os Quanto â criação de novos empregos em sua qualidade de vida.
de estudos específicos sobre o assunto, índices de adequação nutricional da Minas Gerais, a situação apresenta pontos de
sabe-se que tais doenças estão associadas â população. Na Região Metropolitana de estrangulamento importantes. No setor A nível do Estado como um todo, os dados
poluição atmosférica. Belo Horizonte, os problemas nutricionais industrial, a desaceleração dos investimentos, existentes demonstram que o sistema escolar
mais graves são a baixa ingestão de cálcio, associada a opções técnicas altamente de Minas Gerais é caracterizado por uma"alta
Verifica-se que durante a última década de ferro e de vitamina A, especialmente nas automatizadas, não têm conseguido acompanhar retenção, bem como por evasão gradativa ao
ocorreu uma expansão dos serviços de saúde classes de renda abaixo de 10 salários o ritmo da demanda de emprego. Situação longo das séries, o que faz dele um sistema
por todo o Estado, com a criação dos mínimos. Nas demais áreas urbanas do Estado semelhante se verifica no setor agropecuário, seletivo e pouco produtivo. A seleção
centros regionais de saúde, e de postos e são relevantes as mesmas deficiências como conseqüência da criação de empresas começa a partir da má distribuição das vagas
ambulatórios a eles vinculados. Ainda assim, nutricionais, acrescidas da deficiência de rurais altamente mecanizadas, e da inércia a nível regional. Posteriormente prossegue
o quadro apresenta deficiências vitamina B2. Na área rural nao característica do processo de redistribuição com os altos índices de repetência,
quantitativas e qualitativas, com metropolitana sao também freqüentes as de terras. Esse quadro contrasta com as principalmente entre a I e 2 séries do
a a

desequilíbrios evidentes entre as diversas deficiências de vitamina A e B 2 , Cerca de grandes riquezas e o variado acervo de 19 grau. A pequena taxa de promoção,
regiões do Estado. 70% da população do Estado estão expostas a recursos naturais de que dispõe o Estado. provocando o desestímulo dos alunos, faz
insuficiências calóricas, sendo que 50% A diversidade dos ecossistemas pode - e com que aconteça o abandono gradativo de
Em 1975 a estrutura institucional de saúde apresentam níveis graves dessa insuficiência. deve - ser origem de uma grande série a série. Verifica-se que a questão
(assistência ambulatorial e internação) do Em termos de proteínas estima-se que 12% da diversificação de opções de atividades fundamental situa-se nas quatro primeiras
Estado apresenta números significativamente população do Estado estejam expostos a produtivas. O emprego e derivado de séries, e mais precisamente na I série do
a

mais elevados do que em 1965. A Região I deficiencias desse tipo de nutrimento. Uma atividades produtivas já institucionalizadas 19 grau encontra-se o principal -ponto de
continua a concentrar o maior número delas, grande parte da população do Estado sofre as e depende principalmente do dinamismo da estrangulamento de todo sistema educacional.
464 instituições. Seguem-se, por ordem deficiências de vitamina A, de cálcio, economia. Mas hã atividades produtivas não
decrescente, as Regiões III, II, IV e VIII, vitamina B2 e ferro. institucionalizadas, que dependem dos
recursos naturais disponíveis, determinados A produtividade do sistema educacional é
com 315, 286, 153 e 118 instituições. As significativamente pior na zona rural, com
menores concentrações estão nas Regiões V, pela diversidade dos ecossistemas.
Os impactos da desnutrição sobre a saúde os indicadores apresentando resultados muito
VII e VI, com 94, 80 e 75 instituições, pública são largamente conhecidos. Em inferiores aos observados para o conjunto
respectivamente. Minas Gerais a ocorrência amplamente No que se refere â distribuição espacial do do Estado. Observa-se, no período 1970/73,
disseminada de doenças infecciosas e emprego, verifica-se uma diminuição que enquanto 25,1% dos alunos do Estado
No que se refere aos recursos humanos, os conseguiram terminar as séries iniciais, na
7,710 médicos inscritos no Conselho Regional parasitárias, decorrente das deficientes expressiva da população economicamente
condições de saneamento básico, prejudica a ativa (PEA) ligada ao setor agropecuário. zona rural foram promovidos apenas 8,9%, o
de Medicina atê 1977 distribuem-se de forma que contribui, inclusive, para a diminuição
desordenada no Estado, concentrando-se absorção adequada dos alimentos, A anemia, Tal fenômeno ê observado no Estado como um
a avitamionose A, com seus efeitos sobre a todo, com exceção das Regiões VI e VII. da média do Estado. por outro lado,
principalmente na Região Metropolitana e nas enquanto a taxa de abandono na zona rural
cidades de porte médio. A Região I, como é perda da visão, o bócio endêmico, a pelagia
e a arriboflavinose sao algumas das doenças A Região VIII, apesar de apresentar ainda atinge níveis em torno de 9 0 % , o Estado como
de se esperar, concentra o maior número um todo apresenta uma redução progressiva
desses profissionais, atingindo o percentual a que se expõem as populações com em 1977 uma percentagem elevada da PEA
deficiências alimentares. Em Belo Horizonte ligada ã agropecuária, como ocorre com as dessa taxa.
de 58,9. Em ordem decrescente, apresentam-se
as Regiões II, III, IV, VIII, V I , V e VII. as avitaminoses e as deficiências demais regiões setentrionais, mostra forte
nutricionais sao alguns dos principais tendência ã redução, aparecendo os setores A nível das macrorregiões do Estado, poucas
Embora os poderes públicos tenham envidado fatores causadores de mortalidade infantil, "construção" e "outros serviços" como os são as informações disponíveis que permitem
esforços importantes no sentido de melhorar afetando também o desenvolvimento mental. absorvedores da mão-de-obra que deixa o uma avaliação quanto ã evolução da
o nível geral de saúde da população, obtendo Dessa forma, as deficiências nutricionais setor agropecuário. Além disso, constata-se produtividade do ensino. De todas as
resultados significativos em vários setores, afetam a eficiência do sistema educacional, importante incremento na participação do regiões, a Região IV ê a que apresenta os
os indicadores de saúde mostram que ainda prejudicando a capacidade de aprendizagem setor manufatureiro na PEA_do Estado como um melhores resultados de retenção: 18,8% e
há muito o que fazer. das crianças. todo. Em 1977 eram as regiões meridionais 35,0%, respectivamente para o total e para

154
a 1§ série. As Regiões VI e VII são as que território mineiro, das quais decorre apresentarem áreas significativas, ã exceção parques da Canastra, do Caparão, do
apresentam maiores índices de repetência. naturalmente uma multiplicidade de formas do Parque Florestal Estadual do Rio Doce. Rio Doce, de Ibitipoca, do Caraça e do
Porém, nesse aspecto, os resultados vegetais. Entretanto, os estudos Cipo, sendo que para este último existem
apresentados para 1974 mostram que não existentes sobre a autoecologia e a Grandes áreas ao norte e noroeste do Estado, apenas os estudos iniciais para sua
existem diferenças significativas entre as sinecologia das espécies vegetais, atualmente bastante visadas para a expansão criação, faltando o passo fundamental que
regiões, visto predominarem em todas elas imprescindíveis para a tipificação de da pecuária e do carvoejamento, têm perdido é a desapropriação das terras. Da mesma
índices elevados na I série, gue em média
a
ecossistemas especiais, frágeis ou de rapidamente a vegetação natural, já forma que os recursos cênicos e
participa com aproximadamente 60% de toda a interesse para preservação, sao ainda mostrando um acentuado desequilíbrio paisagísticos, os registros históricos que
repetência do 19 grau. insuficientes. Da mesma forma, os mapas ecológico. Haja vista a acelerada fixam as marcas da cultura sobre o
fitogeogrãficos ainda não são proliferação das cigarrinhas nas pastagens território mineiro exigem ações preventivas
Uma vez que a demanda educacional acompanha suficientemente detalhados. São poucas as artificiais, e de gafanhotos nas culturas e e protetoras, visando preserva-los das
a expansão demográfica, o quadro da oferta áreas onde um levantamento mais minucioso na vegetação natural. A formação vegetal depredações pela ação de interesses
do ensino no Estado tem-se modificado tenha sido realizado. campestre, constituída pelos cerrados em particulares ou pelo desconhecimento de
bastante, e atualmente já existe um numero suas diversas gradações e pelos campos seu valor e potencial.
maior de escolas nas zonas urbanas. Como Sabe-se, porém, que o ambiente florestal rupestres, tem sido bastante cerceada em
conseqüência da demanda demográfica e da sempre foi o mais atingido pelo homem, na seus limites naturais. Na área central As formações calcárias do grupo geológico
própria estrutura do ensino, observa-se que busca de seus múltiplos produtos e de novas do Estado, tanto pela criação de novas áreas Bambuí propiciaram a formação de um grande
a quase totalidade das escolas de 29 e terras para plantio. Dessa forma, os de cultivo, como pela exploração intensiva número de grutas e abrigos sob rocha,
39 graus localizam-se nas áreas urbanas, outrora ricos e representativos ecossistemas de lenha e de carvão, essa formação vegetal utilizados provavelmente pelos paleo-
principalmente nas cidades maiores. Além terrestres e aquáticos vêm sendo tem desaparecido paulatinamente das áreas -ameríndios como abrigos temporários,
disso, o decréscimo do número de matrículas freqüentemente alterados e devastados, em planas, passíveis de serem mecanizadas, locais para ritos de cunho mágico-religioso,
nas escolas rurais de 19 grau, que vem decorrência da desordenada ocupação humana, limitando-se atualmente a áreas de relevo cemitérios e repositórios de sinalações
ocorrendo a partir de 1972, revela o ocasionando danos irreversíveis não SÓ â mais acidentado. rupestres. As características pouco ácidas
crescimento da demanda não atendida nesse flora, como também ã fauna do Estado. dos solos dessas áreas, além do clima menos
nível de ensino. No que se refere â representatividade e ao úmido, permitiram a conservação de vestígios
O desaparecimento das formações vegetais estado atual das áreas de preservação já orgânicos, associados a material lítico em
Para se avaliar a dimensão da oferta de primitivas, a degradação da qualidade dos criadas legalmente no Estado, é importante jazidas arqueológicas. Todavia, se as
ensino, o índice correto é o número de salas cursos d'agua e a caça predatória são os três ressaltar que existem ainda vários condições naturais favoreceram a preservação
de aula oferecidas. Considerando-se o principais fatores responsáveis pela extinção ecossistemas e regiões que ainda não têm uma desse patrimônio, o homem atual, por sua
Estado como um todo, os dados de 1974 mostram da fauna em Minas Gerais. A implantação de unidade de preservação ou esta é insuficiente. vez, tem sido o responsável pela destruição
em ordem decrescente de concentração da hidroelétricas sem a devida atenção ã de sítios importantes, entre os quais se
oferta as Regiões I, III, II, VIII, VI, IV, biologia da fauna, o não cumprimento da lei pode lamentar a destruição da Gruta da Lapa
O cerrado, que ocupa cerca da metade do Vermelha, em Lagoa Santa.
V e VII. Quando se analisa separadamente a sobre a preservação da vegetação ciliar e o Estado, tem apenas um pequeno parque em
oferta urbana e a rural, o quadro se altera. despejo de efluentes industriais poluidores fase inicial de implantação (o Parque
Na área urbana a Região I apresentava a são as causas principais da extinção da Estadual do Sumidouro), uma reserva A desproteção desse patrimônio manifesta-se
maior concentração, com 11.312 salas de aula. fauna mastozoolÓgica fluvial, principalmente ecológica apenas parcialmente conservada, e hoje pela presença de atividades
Seguem-se as Regiões III, II, V i u , IV, V, da lontra e da ariranha. Também a caça vem uma estação ecológica em fase preliminar de conflitantes com sua preservação, como
VI e VII. Com relação ã zona rural, as ameaçando de extinção diversos mamíferos, implantação. Deve-se também chamar atenção grandes obras públicas, exploração mineral,
alterações do quadro são mais significativas. principalmente os de maior porte como a para a inexistência de uma unidade que indústrias pesadas; pela carência de ações
A Região III é a que apresenta o maior anta, a capivara, o tatu, o veado, a onça e preserve as veredas, ecossistemas de públicas como desapropriações, tombamento,
número de salas de aula, com um total de outros felinos. O monocarvoeiro, primata extraordinário valor científico, por restauração, visando a sua proteção; pela
r • 3.859. Seguem-se as Regiões V I U , II, I, que tem seu habitat restrito as florestas conterem um equilíbrio ímpar quanto a seu incipiente atividade de pesquisa científica
VI,.IV, VII e V. A composição média das primitivas, está seriamente ameaçado de comportamento hidrológico e geomorfolõgico, que aproveita seu potencial; pelo
turmas para o Estado foi de 32,4 alunos/ extinção, face ao desaparecimento do seu e uma flora e fauna peculiares, ainda não desconhecimento total que parte da população
turma em 1974. A nível macrorregional, a habitat natural, a mata atlântica. estudadas. demonstra ter de sua existência e valor; e
composição média variou de 35,4 na pela impossibilidade concreta de que seu
Região VIII a 29,8 na Região IIX. A nível Na área do Triângulo Mineiro, de topografia uso seja democratizado.
Quando se avalia a implantação e o grau de
urbano a variação foi de 35,7 para a plana, a maior parte da vegetação natural equipamento e de utilização das áreas de
Região VIII a 32,8 para a Região II. Na foi eliminada por campos de cultura ou preservação já criadas legalmente no Estado,
zona rural os índices ficaram entre 36,3 substituída por pastagens artificiais. é que se percebe mais claramente a gravidade
para a Região VII e 22,5 para a Região V. da situação de abandono a que são relegadas 8.2.3. Qualidade do meio físico natural
Na Zona da Mata, cujo próprio nome indica a essas unidades de preservação. Em apenas
O precário quadro apresentado evidencia a característica natural da área, muito pouco três delas (Rio Doce, Tripuí e Canastra) • Agua
necessidade de que o sistema educacional resta dos primitivos recursos naturais são efetuadas pesquisas científicas de
do Estado seja reformulado, com o intuito vegetais. A capoeira, formação secundária, conhecimento público, e apenas o Parque A qualidade da água ê conhecida através do
de se promover a adequação dos currículos, substituiu praticamente todas as matas Florestal Estadual do Rio Doce tem um exame das suas características físicas,
dos prédios escolares, do material didático primitivas existentes no Estado, restando sistema de atendimento ao turismo, o que químicas e biológicas. O conhecimento
e das demais variáveis do ensino, ã realidade hoje pequenas manchas remanescentes. A deveria entretanto ser generalizado, pela dessas características é que permite
própria de cada região ou comunidade, floresta atlântica que ocorria na parte sua importância educacional e recreativa verificar se a água é adequada para o uso
acrescentando-se também ã educação a leste, sudeste e sul do Estado, em relevo para amplas faixas da população carente desejado, ou se e necessária alguma forma
dimensão ambiental. Nesse sentido seria ondulado, forte ondulado e montanhoso, está de acesso a áreas comunitárias equipadas de tratamento para que se possa utilizá-la
desejável uma ação integrada do sistema praticamente extinta. O Parque Florestal para o convívio com a natureza. sem prejuízos.
operacional do ensino e do sistema Estadual do Rio Doce e parte dos parques Cumpre salientar ainda a utilização
responsável pelo controle do meio ambiente nacionais do Caparão e do Itatiaia são indevida ou o total abandono quanto a
no Estado. Estes são os dois pontos Fatores geológicos, biológicos e
testemunhas vivas do que tivemos e perdemos fiscalização que se verifica em diversas hidrológicos afetam a qualidade das águas.
fundamentais a serem considerados, quando pela ação predatória do homem, durante áreas, onde se pode constatar, por
da reformulação das bases educacionais a Impurezas naturais como sedimentos, restos
séculos de ocupação. exemplo, a retirada predatória e ilegal de vegetação e dejetos de animais selvagens
ser promovida no Estado. de madeira e lenha, a exploração de incrementam o nível de contaminação dos
recursos minerais e a inexistência de cursos d'água, mas a maior parte da poluição
Atualmente a área ocupada pela floresta
limites físicos (cerca e aceiro). resulta das atividades antrõpicas.
primária não atinge 2% do território mineiro,
8.2.2. Patrimônio natural e cultural valor irrisório quando comparado com a
primitiva cobertura florestal do Estado. Finalmente, vale salientar que quanto ao O crescimento industrial e populacional
Minas Gerais possui incontestavelmente uma Os extremos norte e oeste de Minas Gerais, tamanho, representatividade e riqueza recente em Minas Gerais demanda a utilização
flora cuja riqueza em formações vegetais respectivamente a região do Jaíba e do científica dos parques, reservas e estações cada vez mais intensiva dos recursos
não é sobrepujada pela flora de qualquer Pontal do Triângulo Mineiro, são as áreas criadas, a situação atual deixa muito a hídricos estaduais. A progressiva procura
outro Estado. Isso é fácil de compreender, onde se concentram as florestas primárias desejar. Das 29 unidades, apenas seis têm de água, conseqüência do crescimento dos
quando se consideram as diversas condições remanescentes. Porém existem manchas superfície e condições para suportar uma consumos e da diversificação das utilizações,
geológicas, topográficas e climáticas do florestais em outras regiões, sem no entanto fauna de mamíferos superiores: os já ocasiona localmente situações de conflito.

155
Algumas bacias hidrográficas do Estado atividades humanas poluidoras. Os poluentes No Vale do Aço os valores medidos podem ser destacam-se três, por sua extensão e pelo
apresentam conflitos de uso, e a ocorrem na atmosfera sob forma de materiais utilizados apenas como um indicador do nível de degradação atingido:
continuidade do desenvolvimento econômico e particulados ou gases. Os materiais nível de qualidade do ar na região, no
social certamente agravará esses mesmos particulados compÕem-se usualmente de metais, período amostrado (outubro/76 a abril/77). - A ãrea de colinas do centro-sul de
conflitos, caso não sejam estabelecidos óxidos, sulfatos, silicatos, fluoretos, etc. Os resultados das medições da taxa de Minas Gerais, centralizada pela cidade
mecanismos convenientes de gestão. São exemplos de poluentes gasosos o sedimentação de partículas, sem exceção,^ de Oliveira, onde predominam solos
monóxido de carbono, os óxidos de enxofre, estão bem acima dos padrões, e o valor médio podzólicos, e onde coexistem voçorocas e
Uma análise homogênea e padronizada da os óxidos de nitrogênio e uma grande de todos os resultados, 45,6 g/m /30 dias, é
2
erosão em lençol. Nessa ãrea destacam-se
qualidade das águas em Minas Gerais não é variedade de hidrocarbonetos e compostos 9,2 vezes maior que o nível fixado para as ocorrências ao sul de São João Del Rei,
factível, posto que as informações Orgânicos. áreas residenciais e 4,6 vezes superior ao onde se encontra a maior densidade de
existentes acerca da qualidade das águas nas de áreas industriais. A situação é voçorocas do Estado.
diversas regiões do Estado são heterogêneas, A presença desses poluentes no ar tem semelhante no que se refere ã concentração
tanto no que tange aos objetivos dos efeitos indesejáveis principalmente nas de partículas em suspensão. Os principais - O relevo suave ondulado, com
levantamentos efetuados, como no que se áreas de saúde e da economia. Causam não responsáveis pela deterioração da qualidade predominância de cambissolos e regossolos,
refere ã concentração das estações de somente doenças e complicações diversas do ar na região são a atividade industrial, que ocorre nos municípios de Dores do
amostragem e aos tipos de parâmetros como asma, bronquite, câncer pulmonar, e t c , marcadamente a siderurgia, os veículos Indaiã, Abaeté, pompéu e municípios
pesquisados. como também prejuízos de ordem econômica automotores, os processos de combustão em vizinhos. Constitui provavelmente a
como a danificação de materiais por abrasão fontes fixas, a disposição e o armazenamento principal área crítica de erosão em lençol
Todavia, algumas conclusões de ordem geral e corrosão, ou maiores custos de inadequado de rejeitos e materiais sólidos, no Estado.
podem ser enunciadas, os cursos d'água manutenção e limpeza total, tanto em e a escassez de limpeza urbana.
mais degradados de Minas Gerais são, sem instalações industriais como domiciliares. - O relevo de cristas e colinas com vales
dúvida, os da Zona Metalúrgica, em Também para a Ãrea Mineira da SUDENE, os encaixados e predominância de Latossolo
conseqüência da concentração populacional e As principais fontes de poluição atmosférica valores medidos sÕ podem ser utilizados Vermelho Amarelo Distrõfico e de textura
das atividades produtivas dessa área. Haja são os processos industriais, os sistemas de como um indicador do nível de qualidade do argilosa, observado entre Leopoldina e
vista que a Região Metropolitana de transporte, a queima de combustível e a ar, no período amostrado (outubro/78 a Juiz de Fora. Ê possivelmente a ãrea
Belo Horizonte e sua periferia aí se disposição de resíduos sólidos. Essas fontes maio/79), De modo semelhante aos casos mais típica de escorregamento de solos
localizam. Alem disso, a potencialidade de poluição, resultado de alguma atividade anteriormente analisados, os valores da taxa em Minas Gerais. Ressalvam-se os
dos recursos naturais da Zona Metalúrgica, humana, são conhecidas como fatores de sedimentação de partículas superam os acidentes locais de maior gravidade de
com destaque para os minerais, favorecem antrópicos de degradação da qualidade do ar. padrões estabelecidos pela COPAM. Em escorregamento, que afetam rodovias e
a instalação de minerações, de indústrias Pirapora o valor médio para todas as áreas urbanas, e cujos exemplos mais
metalúrgicas e de transformação de produtos Ao lado de fatores antrÓpicos, e em medições, 36,6 g/m /30 dias, está 7,3 vezes
2
marcantes encontram-se no município de
geral fora da esfera de controle do homem, acima do padrão para áreas residenciais e Ouro Preto e em algumas localidades da
minerais não metálicos.
encontram-se os fatores naturais de 3,7 vezes acima do padrão para áreas Serra da Mantiqueira.
degradação da qualidade do ar. Taís fatores industriais. Em Montes claros os valores
As concentrações populacional e de
são pertinentes â meteorologia e ã geografia, dessas relações são respectivamente 8,8 e Alem dessas áreas, extensas regiões do
atividades produtivas da 2ona Metalúrgica,
e na ocorrência de condições específicas 4,4, para um valor médio de Estado estão degradadas pela extração de
aliadas ã intensa utilização dos recursos
(inversão térmica, calmaria, topografia 43,3 g/jrr/30 dias. A situação já não é tao coberturas detríticas lateritizadas, usadas
hídricos da região, justificam a seleção,
desfavorável, etc.) podem restringir a desfavorável no que se refere aos valores paradoxalmente na conservação ou construção
pelo CETEC, das cabeceiras dos rios
diluição natural dos poluentes do ar, isto ê, médios mensais da taxa de sulfatação total. de rodovias. Ê importante destacar, face à
Paraopeba e das Velhas para estudo
reduzir a capacidade de auto-depuraçao da O valor médio geral encontrado para o atual problemática energética, a existência
sistemático de monitoramento. Esses rios
atmosfera, com conseqüências indesejáveis. município de Pirapora ê de de extensas áreas de erosão laminar ou era
recebem, nessa região, grande carga
poluidora, que os torna críticos do ponto 0,110 mgSO /100 cm /dia e para o município
3
2
sulcos a montante das barragens de
de vista da qualidade da água, sobretudo A mais importante fonte de informações a de Montes Claros 0,70 mgSO /100 cm /dia.
3
2
Três Marias, São Simão, Camargos e Furnas.
com relação aos parâmetros sólidos totais e respeito da qualidade do ar no Estado é, Os elevados índices de erosão que se
sedimentáveis, turbidez, DBO e diversos sem dúvida, a rede de amostragem instalada Não se tem informação alguma a respeito dos observam nessas áreas poderão, através dos
metais pesados. na Região Metropolitana de Belo Horizonte. níveis de poluição do ar a que estariam assoreamentos decorrentes, causar uma
Sua operação sistemática teve início no submetidos mais de 70% da população estadual. significativa redução do volume total de
final de setembro de 1977. acumulação de água e conseqüentemente
Na parte mineira da bacia do Rio da vida útil dos reservatórios.
Paraíba do Sul, também monitorada pelo CETEC, No que se refere ao material particulado Além disso, ã parte regiões como o Triângulo
as águas de pior qualidade são as do sedimentãvel, os valores médios anuais mais Mineiro, Juiz de Fora e João Monlevade,
Rio Paraibuna, no trecho analisado a jusante elevados ocorrem, em ordem decrescente, nos freqüentemente são detectadas, dos mais
de Juiz de Fora, onde o intenso lançamento
de despejos industriais e de esgotos
municípios de Vespasiano, Caeté, Contagem,
Sabarã, Pedro Leopoldo, Betim, Rio Acima e
diversos modos, novas áreas onde os níveis
de qualidade do ar já apresentam 8.3. Síntese de inter-relações
residenciais revela-se nos elevados teores
de amónia, DBO, coliformes fecais, sólidos
Belo Horizonte. Tais valores se devem
possivelmente a grande atividade industrial,
deterioração- E esse o caso das áreas em
torno dos municípios de pratãpolis, a setoriais
totais e metais pesados, alem do baixo OD ao tráfego intenso e ãs permanentes sudoeste de Belo Horizonte, e Barroso, ao
detectados. atividades de urbanização dessas localidades. sul. Em ambos os municípios é intensa a. O desmembramento do meio ambiente em
£ sintomático que municípios como Raposos, atividade de produção de cimento, sem os setores de estudo - indústrias de
Em contraste com as regiões central, sul e Ibirité e Ribeirão das Neves, que apresentam adequados equipamentos de controle de transformação, saúde, qualidade da água,
sudoeste do Estado, as regiões noroeste, pequena concentração industrial, apresentem emissões. etc. -, constitui unicamente um método de
norte e nordeste, embora com menores níveis também as menores taxas de sedimentação por abordagem. Nao significa que o meio
de informações, apresentam de uma forma partículas. • Solo ambiente seja formado de compartimentos
geral cursos d'água com uma boa qualidade. estanques, sem mútua interferência.
São bacias hidrográficas de pequena Com relação â taxa de sulfatação total, Sabe-se que qualquer interveniência do A realidade ambiental forma-se exatamente a
densidade populacional e com reduzido número os valores médios anuais vêm decrescendo de homem no solo implica, positiva ou partir dessas interferências, e o valor
de atividades produtivas poluentes. ano para ano, mas no momento não é negativamente, em maior ou menor intensidade relativo de cada uma delas é função das
Pode-se dizer que do paralelo 19° para o possível estabelecer-se uma relação de causa de modificações das suas propriedades. características naturais & antrõpicas de
norte, o Estado apresenta, com algumas e efeito, ou mesmo concluir se tal redução e Infelizmente a maioria das modificações cada região. Assim, considerado um
exceções, rios cuja qualidade de água se real ou não. Os municípios que apresentam provocadas pelo homem direcionam-se no determinado setor de estudo, os demais
enquadra nos padrões estabelecidos para a as maiores taxas. Contagem, Betim e sentido da redução ou destruição da setores serão vistos como efeitos, causas
classe 2. capacidade produtiva do solo. A mecanização ou componentes acessórios daquele.
Belo Horizonte, sao precisamente aqueles
nos quais se concentra a atividade sem critério, o uso impróprio do solo ê o
• Ar industrial, e onde o tráfego de veículos é desmatamento indiscriminado aceleram a erosão, Na tentativa de se estabelecer um quadro
intenso. Já nos municípios de resultando na redução da fertilidade, preliminar das múltiplas inter-relações
A semelhança de outros componentes do Pedro Leopoldo e Vespasiano, a ocorrência elevação da acidez e exposição do subsolo. setoriais elaborou-se o diagrama matricial
meio ambiente natural, como os recursos de compostos de enxofre na atmosfera pode apresentado na Figura 8.1. 0 que se
hídricos e o solo, a atmosfera também esta ser atribuída, em boa parte, ã operação de Entre as áreas detectadas como focos de pretende com esse diagrama é identificar,
sujeita ã degradação em conseqüência de indústrias cimenteiras. erosão acelerada em Minas Gerais, de forma sintética, as relações de causa e

156
efeito que condicionam as interações entre saúde, aparece uma seta no sentido acessórios dos processos que envolviam os qualidade do ar aparecem dois componentes
os vários setores de estudo em que foi qualidade do ar-saüde, indicando que o setores agrupados como meio antrópico. geográficos: o clima e o relevo, que podem
dividido o meio ambiente neste diagnóstico primeiro tem efeitos sobre o segundo. Trata-se aqui de uma concepção concorrer para o agravamento de situações
e as relações setoriais acessórias, Dupla seta em determinada confluência indica antropocêntrica, que compreende o meio localizadas, embora não constituam
caracterizadas por interações que não podem que a relação entre os setores ambiente, a cada instante, como o resultado propriamente causas diretas. Outro exemplo
ser propriamente consideradas como de causa correspondentes ê biunívoca. Setas cheias transitório da interação do homem com o de inter-relação direta refere-se ã questão
e efeito diretos. representam interações fortes, setas meio bio-físico que o circunda. alimentar e seus desdobramentos; por um
vazias, interações medias. Os círculos lado, a insuficiência alimentar afeta a
As setas no diagrama apontam a partir da simbolizam que um dos setores em questão 0 diagrama de inter-relações setoriais saúde e a educação, sendo também a própria
causa, na direção do efeito. Assim, na e componente acessório de processos permite também o reconhecimento de absorção de alimentos pelo organismo afetada
confluência dos setores qualidade do ar e pertinentes ao outro. relações indiretas entre os diversos pelas condições de saúde; por outro lado, as
setores. A confluência dos setores próprias dietas alimentares, ao demandar
emprego e erosão do solo não indica qualquer quantidades diferenciadas de áreas para_
Figura 8.1. Diagrama matricial de inter-relações entre setores do meio ambiente relação direta, seja de causa e efeito, seja nutrir uma mesma população, fazem pressões
a nível de componente acessório. Todavia, diferenciadas sobre o meio natural,
um solo degradado, erodido, tem efeitos especialmente as áreas florestadas.
Geologia desastrosos sobre a agropecuária e
Relevo
subseqüentemente sobre a distribuição e a Um aspecto para o qual é importante chamar
oferta de empregos na região considerada. a atenção é o das relações diretas e
Solos Delineia-se, desse modo, uma relação indiretas entre o uso da terra e a saúde.
indireta entre a erosão do solo e o nível Assim, pode-se afirmar que o progressivo
Clima
e a oferta de emprego. desmatamento do Estado até se chegar ãs
P o t a m o g r a f io áreas irrisórias de florestas que hoje
Recursos Hi'dn'cos As interferências mútuas entre alguns ou apresenta, destruiu o habitat e os
vários setores, embora não estejam sujeitas predadores de insetos como o barbeiro, que,
Fauna « Flora
a restrições espaciais, podem ocorrer de migrando para as cidades e habitações
u s o s da T a r r a modo especialmente intenso em determinada urbanas, dissemina a doença de Chagas.
localidade, região ou microrregião. Assim,
Indústria de Transformação
a influência das condições de habitação e Cada vez que se elimina uma mata para ceder
Indústria Extrativa Mineral saneamento básico sobre a saúde é lugar a uma nova pastagem, estã-se alterando
calamitosa na região do Vale do a flora e a fauna locais, além da estrutura
Agropecuária
Jequitinhonha. A degradação do patrimônio de uso da terra, para se atender a uma
Energia histórico põs-cabralino através da abrasão demanda vital por proteínas. Ocorre,
e corrosão provocadas por má qualidade do entretanto, que o consumidor final desse
Estruturo Espacial
ar, é objeto de preocupação no município de alimento freqüentemente se encontra fora da
Habitação e Saneamento Ouro Preto, patrimônio histórico mundial. localidade. Há, assim, uma exportação de
energia para fora do ecossistema, e sua
Saúde
O setor educação, pela multiplicidade de destinação não contribui para suprir as
Alimentação inter-relaçÕes que apresenta, merece necessidades nutricionais básicas da
destaque. Além da necessidade premente, já população aí residente.
Emprego
mencionada nos capítulos anteriores deste
Educação diagnóstico, de se aprimorar o sistema Também a disponibilidade de empregos ê
Patrimônio Cientifico-Natural : Ecossistemas público de ensino, notadamente no 19 grau, fortemente afetada pelos diversos setores
o diagrama demonstra ainda a necessidade que foram estudados neste diagnóstico.
Patrimônio Natural e Cultural Pre-histdrico de serem desenvolvidos, por iniciativa do A riqueza dos ecossistemas mineiros
— Interação de Causa /Forte Estado, programas de educação ambiental. representa um patrimônio variado, que, se
Património Histórico Pds - cobrolino
— Interação de Causo / Médio Tais programas visariam uma melhor formação convenientemente gerido, proporcionaria a
Sítios de Volor Cênico Excepcional
—* Interação de Efeito / Forte da consciência popular a respeito dos criação de atividades produtivas para"toda a
Qualidade da Água
problemas ambientais, que afetam a todos. população.
—> Interação de Efeito/Media

Qualidade do Ar O Componente Acessdno


Consideradas as características sinópticas A agropecuária ê uma das atividades
Erosão do Solo do presente capítulo e o grande volume de econômicas de maior interação com o
informações apresentadas ao longo deste meio ambiente. A mecanização pesada e o
diagnóstico, torna-se impossível a análise largo emprego de defensivos e fertilizantes
Fonte: CETEC detalhada e exaustiva de todo o conjunto químicos contribuem p a r a a pulverização,
de inter-relações setoriais. Algumas compactação e contaminação dos solos, bem
interações mais aparentes serão, no como para a alteração do equilíbrio da
A compreensão deste diagrama se tornará efeitos diretos sobre a agropecuária e sua entanto, apresentadas a seguir, de modo que fauna original. A pecuária, e especialmente
mais clara através da análise de alguns produtividade, mas também que essa influi a leitura deste capítulo final se torne a bovinocultura, é fator de degradação
exemplos específicos. Considere-se, por naquela, por exemplo, através da geração de independente da leitura da totalidade do ambiental quando acompanhada de queimadas
exemplo, a confluência entre os setores energia a partir de biomassa. presente documento, tornando o acesso ãs sem controle do fogo, ou mesmo quando se
de saúde e qualidade da água. A seta suas principais conclusões mais simples e pratica o pastoreio em encostas, o que
indicando na direção do setor saúde Comparada aos exemplos acima descritos, a rápido. contribui para a erosão dos solos. Muitas
simboliza os possíveis efeitos negativos interação entre sítios de valor cênico atividades humanas resultam em exposição do
que uma baixa qualidade de água pode ter excepcional e recursos hídricos apresenta A degradação atmosférica, por exemplo, tem subsolo, e em redução da fertilidade e
sobre a saúde das populações cuja vida caráter fundamentalmente diverso, na efeitos sobre a saúde das populações, ao elevação da acidez do solo. Sua erosão^
dependa desses corpos d'agua. A qualidade medida em que não se identifica entre os provocar alterações psíquicas e somáticas acelerada assoreia reservatórios, destrói
da agua tem também efeitos sobre os sítios mesmos uma relação direta de causa e efeito, nos indivíduos e sobre a economia, através rodovias e reduz o rendimento agrícola.
de valor cênico excepcional. Um exemplo Os recursos hídricos, assim como a do aumento da corrosividade e da
claro dessa interação é a Lagoa da Pampulha, potamografia, o clima, etc. são fatores que abrasividade do ar. Como causas da ma Outra atividade de grande impacto ambiental
em Belo Horizonte, tão deteriorada que seu concorrem para a formação de tais sítios,, qualidade do ar aparecem explicitamente é a produção de energia: áreas
uso como área de lazer chegou a tornar-se mas não se trata aqui propriamente de uma a indústria de transformação, através de agricultáveis são inundadas para a
uma ameaça aos usuários. ação, com efeitos. Nesse sentido, o emissões diretas de poluentes, a geração construção de represas; desmata-se para
recurso hídrico é um componente acessório de energia pela queima de combustíveis produzir carvão e lenha, de uso doméstico e
Observe-se ainda a confluência entre os ã configuração de sítios de valor cênico (inclusive para transportes) e a industrial; poluem-se cursos d'água com o
setores da agropecuária e da energia. excepcional. De modo geral, os setores estrutura espacial, através da excessiva vinhoto (rejeito da produção de álcool).
A dupla seta ai colocada indica não somente puramente descritivos do meio ambiente concentração de fontes de poluição. Como O extrativismo vegetal para a produção de
que a energia, sua geração e seu uso tem natural foram considerados componentes componentes acessórios da degradação da energia, bem como a expansão da fronteira

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agrícola reduziram as áreas de florestas quanto de ruído urbano já foram realizadas.
nativas a menos de 2% do território mineiro. Conquanto esses trabalhos apresentem caráter
esporádico, é possível concluir que há
Em substituição a essas florestas nativas grande necessidade de se realizar um
foram implantados reflorestamentos programa mais amplo de medições, jã que os
homogêneos ao norte do Estado, no resultados preliminares indicam níveis
Triângulo Mineiro, no Alto Jequitinhonha e invariavelmente acima dos recomendados na
no Vale do Rio Doce. Esses reflorestamentos legislação vigente. Essa legislação, embora
tendem a se expandir ã medida que aumenta bastante completa no que toca o ambiente de
a pressão pelo uso do carvão vegetal, e trabalho (ruído industrial), é insuficiente
podem trazer conseqüências ambientais graves e carente de normalização técnica para
aos ecossistemas daquelas regiões. níveis exteriores (ruído urbano). Nao há
A destruição e a homogeneização da flora dúvida de que os níveis de ruído em
afetam fortemente o desenvolvimento da fauna. determinado local têm relação direta com a
saúde e o bem-estar dos indivíduos.
Com relação ã habitação, os problemas não
são menos graves. Nas zonas rurais a Finalmente, vale ressaltar que o diagrama
habitação rústica favorece o desenvolvimento apresentado neste capítulo não esgota o
de enfermidades endêmicas, ao passo que nas arsenal de interações setoriais formadoras
áreas urbanas a adoção de padrões e estilos da realidade ambiental onde transita o homem.
construtivos inadequados geram condições Nem mesmo a setorização estabelecida é
insatisfatórias de conforto ambiental, que inteiramente abrangente. Ê questionável,
por sua vez demandam maior consumo de_ inclusive, a possibilidade de se alcançar
energia para aclimatação das construções. tal abrangência. Esse questionamento atinge,
nesse particular, a problemática dos limites
No que se refere ã qualidade da a g u a , podem de conhecimento humano. No entanto, a
concorrer para sua degradação fatores utilidade de diagramas e simplificações
geológicos, biológicos e hidrológicos, mas dessa natureza é indiscutível, ao se
a maior parte da poluição hídrica resulta considerar a que público este trabalho se
das atividades antrópicas. 0 adensamento destina. Estudiosos do meio ambiente,
das atividades industriais e da população planejadores oficiais, técnicos ambientais
no Estado já vem ocasionando situações de e mesmo o público em geral certamente
conflito pelo uso da água, que "certamente encontrarão aqui subsídios metodológicos
virão a se agravar se persistir a ausência e factuais de grande valia no âmbito de
de mecanismos convenientes de gestão dos suas respectivas atividades,
recursos hídricos.

Assim como a qualidade da água, também a


qualidade do ar está fortemente vinculada
âs atividades antrópicas. A degradação da
atmosfera liga-se, por exemplo, ã
agropecuária, através dos prejuízos que
acarreta ao crescimento e â qualidade dos
produtos, ã fauna e à flora, através da
toxidez de muitos poluentes e ã própria
qualidade da água e do solo, através de
fenômenos como o das chuvas ácidas.

Alguns setores ambientais também importantes


não foram ainda citados explicitamente neste
diagnóstico. Ê o caso do setor de
transportes, por exemplo, que é causa de
problemas ambientais tanto ao se considerar
a construção da infra-estrutura viária,
como ao se contemplar a operação do sistema
de transportes. No primeiro caso pode-se
mencionar os problemas de erosão devidos ã
construção de estradas, o assoreamento de
cursos d'água, as inundações provocadas
por cortes e desaterros e a desproteção a
grutas e ao patrimônio arqueológico, quando
se constroem vias e terminais de transporte.
No segundo caso, os efeitos ambientais mais
evidentes ligam-se ã poluição do ar, pela
combustão nos motores de veículos, e aos
efeitos indutores sobre as migrações e a
organização esgacial, devidos a interligação
de várias regiões do Estado.

Outro aspecto adicional da qualidade


ambiental são os níveis de ruído a que estão
sujeitos os indivíduos, seja no local de
trabalho (ruído industrial), seja nas áreas
residenciais, comerciais e de lazer (ruído
urbano). Não existe ainda estudo sistemático
desses níveis no Estado. Na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, entretanto,
algumas medições tanto de ruído industrial

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