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Diagnostico Ambeintal Minas Gerais
Diagnostico Ambeintal Minas Gerais
Belo Horizonte
1983
Equipe Técnica:
Em sintonia com as ações federais, o Estado de Minas Gerais reestruturou a sua própria
organização administrativa, com a criação de novos organismos e com a distribuição de
competências necessárias a um adequado gerenciamento dos problemas ambientais. Ao Sistema
Operacional de Ciência e Tecnologia foram cometidas as atribuições de formular e executar
a Política Estadual de Meio Ambiente. Este Sistema, em menos de cinco anos de existência,
já reuniu em seus órgãos vinculados uma capacitação técnica especializada de reconhecida
competência e que tornou possível a execução de importantes trabalhos de preservação e
controle do patrimônio ambiental do Estado.
Por outro lado, a moderna legislação ambiental promulgada em Minas Gerais abre novas e
ambiciosas perspectivas para uma ação mais dinâmica dos organismos encarregados do controle
ambiental no Estado.
Pela primeira vez encontram-se reunidas e analisadas em uma única fonte, todas as
informações mais relevantes para o conhecimento amplo e multissetorial do panorama
ambiental de Minas Gerais.
Sem dúvida alguma, este documento representará um importante subsídio a Política Estadual
de Meio Ambiente, auxiliando o seu ajustamento ãs variadas realidades regionais e
balizando a sua execução de forma mais eficaz.
•-CJZ.
TOGO NOGUEIRA DE PAULA
Presidente da Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Lista de ilustração
7.14. Histogramas representativos das medias atividades econômicas de Minas Gerais, 5.22. Distribuição regional da população
geométricas mensais e anuais de a preços de 1960/70/78 5.4. Síntese das participações percentuais urbana nas cidades de porte médio
partículas sedimentáveis na RMBH de cada gênero industrial no conjunto ano: 1980
1.3. Evolução física da área e valor de das indústrias da microrregião
7.15. Histogramas representativos das médias produção dos principais produtos 5.23. Taxas de crescimento demográfico do
geométricas anuais de partículas agrícolas de Minas Gerais 5.5. Estimativas globais de emissões de Brasil e de Minas Gerais
sedimentáveis em cada município da RMBH período: 19 60/7 0/77 poluente período: 1960/70/80
7.16. Faixas de concentração de partículas 4.1. Dados gerais sobre as áreas das bacias 5.6. Gêneros industriais mais significativos
sedimentáveis em cada estação de hidrográficas de Minas Gerais em termos de número de indústrias e/ou 5.24. Situação do crescimento demográfico
amostragem da RMBH emissões de poluentes dos municípios de Minas Gerais, por
4.2. Aspectos físicos das principais bacias macrorregião
7.17. Histogramas representativos das médias hidrográficas de Minas Gerais 5.7. Municípios mais significativos em período: 1970/80
aritméticas mensais e anuais da taxa concentrações de indústrias e suas
de sulfatação total na RMBH 4.3. Distribuição das estações fluviométricas emissões de poluentes
estudadas, por bacia hidrográfica 5.25- Crescimento demográfico dos municípios
7.18. Histogramas representativos dos valores 5.8. Microrregioes mais significativas em de Minas Gerais com menos de
médios anuais da taxa de sulfatação 4.4. Distribuição da rede hidrométrica de concentrações de indústrias e suas 10.000 habitantes
total em cada município da RMBH Minas Gerais, por entidade emissões de poluentes período: 1970/80
5.26. Estrutura regional e taxas de 5.41. Composição do déficit habitacional, 5.57. Alguns indicadores de produtividade do 7.11. Médias máximas e mínimas para os quatro
crescimento da população total de por macrorregiões de Minas Gerais (%) ensino nas quatro primeiras séries de parâmetros na sub-bacia do
Minas Gerais ano: 1970 19 grau, na zona rural de Rio Paraopeba
período: 1960/70/80 Minas Gerais (%) período: janeiro/75 a maio/80
5.42. Coeficientes de mortalidade por doenças Coorte de 1970/73
infecciosas e parasitárias em 7.12. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.27. População residente e densidade Minas Gerais 5.58. População escolarizavel e matriculada parâmetros na sub-bacia do Rio Pará
demográfica em Minas Gerais, por no ensino de 19 grau, por macrorregiões
macrorregião sub-grupos/100.000 habitantes período: agosto/75 a abril/80
anos: 1965 e 1975 de Minas Gerais
período: 19 50/60/7 0/80 ano: 1974 7.13. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.43. Coeficientes de mortalidade por grupo parâmetros na bacia do Rio
5.28. Evolução populacional dos 43 municípios de causas de óbitos em Minas Gerais (%) 5.59. índice de repetência no ensino de São Francisco
mais populosos de Minas Gerais anos: 1965 e 1975 19 grau e na 1— série, por
período: 19 5 0/60/7 0/80 período: março/76 a abril/80
macrorregiões de Minas Gerais
5.44. Níveis de saüde em Minas Gerais ano: 1974 7.14. Padrões de qualidade do ar
5.29. Incremento populacional de Minas Gerais período: 1960/70 estabelecidos pela COPAM para
e dos 43 municípios com mais de 5.60. Oferta de ensino em seus diversos Minas Gerais
50.000 habitantes 5.45. Estrutura institucional de saúde em níveis, representada pelo número de
período: 1960/7 0/80 Minas Gerais, por macrorregiões estabelecimentos e de salas de aulas, 7.15. Número de estações de amostragem de
por macrorregiões de Minas Gerais partículas sedimentáveis e de
5.30. População e incremento populacional nos 5.46. Número de médicos e auxiliares de ano: 1974
municípios mais populosos de sulfatação total, por município da RMBH
saúde por macrorregiões, e a relação
Minas Gerais por 10.000 habitantes em Minas Gerais 6.1. Situação atual dos parques e reservas
período: 1960/70/80 ano: 1977 de Minas Gerais, em relação ã 7.16. Número de estações de amostragem de
utilização e estágios de implantação partículas sedimentáveis e em suspensão
5.31. Incremento populacional de Minas Gerais 5.47. Tempo de alimentação em proteínas no Vale do Aço
e das microrregioes para um homem, produzidas em 1 acre
período: 196 0/7 0/80 de terra 6.2, Principais características dos parques 7.17. Resultados e medições da taxa de
e reservas de Minas Gerais oart1cuias sedimentãvei s efetuadas no
5.32. Evolução populacional da 5.48. Ingestão de calorias, nutrimentos per Vale do Aço
Região Metropolitana de Belo Horizonte capita/dia, segundo classes de despesa 7.1. Classificação das águas interiores do período: outubro/76 a abril/77
- RMBH familiar corrente (monetária e não território mineiro
período: 1950/60/70/80 monetária) em salários mínimos em
7.2. Limites de condições estabelecidos para .7.18. Resultados de medições de partículas
Minas Gerais e Espírito Santo em suspensão efetuadas no Vale do Aço
5.33. Situação urbana de Minas Gerais as classes 2, 3, 4
período: 1970/80 período: abril a junho/77
5.49. Distribuição percentual do consumo
alimentar em calorias, proteínas e 7.3. Limites e condições para as classes
despesas segundo categorias de produto, 2, 3 e 4 (substâncias potencialmente
na região IV e suas ãreas prejudiciais)
5.34. Grau de urbanização em Minas Gerais,
por macrorregião período: 1974/75
7.4. Limites e condições para as classes
período: 1970/80 2, 3 e 4 (substancias tensoativas que
5.50. Distribuição da renda pessoal em
Minas Gerais reagem com azul de metileno 0,5 rag/£)
5.35. Domicílios permanentes, segundo a
situação em Minas Gerais período: 1960/70/78
período: 1960/70/76 7.5. Valores normalmente encontrados em
5.51. População ocupada por setores econômicos aguas superficiais e valores
5.36. Domicílios permanentes segundo as em Minas Gerais (%) recomendados para preservação da vida
características de propriedade, por período: 1960/70/77 aquática para pH, temperatura,
macrorregiões de Minas Gerais condutividade elétrica e turbidez
período: 1960/70 5.52. Evolução da distribuição percentual da
população ocupada por setores 7.6. Medias máximas e mínimas para os quatrc
5.37. Domicílios permanentes, segundo as econômicos, nas macrorregiões de parâmetros na bacia do Rio Doce
condições de ocupação e situação em Minas Gerais período: agosto/7 5 a abril/80
Minas Gerais anos: 1960/70/77
período: 1960/70 7.7. Médias máximas e mínimas para os quatro
parâmetros na bacia do Rio Grande
5.38. Domicílios permanentes segundo as 5.53. Evolução da matrícula nos diversos período: agosto/7 5 a abril/80
características físicas, por graus de ensino em Minas Gerais
macrorregiões de Minas Gerais período: 1960/77 7.8. Médias máximas e mínimas para os quatro
ano: 197 0 parâmetros na bacia do Rio Mucuri
5.54. Estrutura do ensino de 19 grau em período: março/76 a abril/80
5.39. Domicílios permanentes segundo as Minas Gerais (%)
características físicas, por situação 7.9. Médias máximas e mínimas para os quatro
em Minas Gerais 5.55. Indicadores de produtividade do ensino parâmetros na bacia do Rio Paranaíba
ano: 1976 de 19 grau em Minas Gerais (1— parte) período: agosto/76 a maio/79
período: 1961/77
7.10. Médias máximas e mínimas para os quatro
5.40. População servida de água e esgotos, 5.56. Indicadores de produtividade de ensino parâmetros na sub-bacia do Rio das
por macrorregião de Minas Gerais de 19 grau em Minas Gerais (2— parte) Velhas
ano: 197S período-. 1961/77 período: setembro/75 a abril/80
Relação de mapas Relação de siglas
utilizadas
1. Geológico ACMG DNOS SEMA
Departamento Nacional de Obras de
Associação Comercial de Minas Gerais Secretaria Especial do Meio Ambiente
2. Geomorfolõgico Saneamento
SEPLAN/MG
3. Solos BNH DNPM Secretaria de Estado do Planejamento e
Departamento Nacional da Produção Mineral Coordenação Geral
4. Hidrogeolõgico Banco Nacional da Habitação SERPRO
EMBRATUR
5. Hidrológico CAEEB Serviço Federal de Processamento de Dados
Empresa Brasileira de Turismo
Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas SPHAN
6. Vegetação Nativa Brasileiras ENGEVIX Secretaria do Patrimônio Histórico e
CANAMBRA Estudos e Projetos de Engenharia Engevix S/A Artístico Nacional
7. Uso da Terra SUCAM
Engineering Consultants Limited EPAMIG Superintendência de Campanhas de
8. Erosão Acelerada CARPE Empresa de Pesquisa Agropecuária de Saúde Pública
Construção, Ampliação e Reforma de Minas Gerais SUDENE
Prédios Escolares FIEMG
Superintendência de Desenvolvimento do
CEEIBH/MG Federação das Indústrias do Estado de Nordeste
Comitê Estadual de Estudos Integrados de Minas Gerais
Bacias Hidrográficas FJP SUVALE
CEEIVAP
Fundação João Pinheiro Superintendência do Vale do Sao Francisco
Comitê Executivo de Estudos Integrados da
Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul FURNAS
UCMG
CEMIG Furnas Centrais Elétricas S/A
Centrais Elétricas de Minas Gerais IAB Universidade Católica de Minas Gerais
CE SP Instituto de Arqueologia Brasileira
UE RJ
Centrais Elétricas de São Paulo IBC
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
CETESB Instituto Brasileiro do Café
UFMG
Companhia de Tecnologia de Saneamento
IBDF
Ambiental Universidade Federal de Minas Gerais
CHESF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal UFSCar
Companhia Hidroelétrica do São Francisco IBGE
Universidade Federal de São Carlos
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
CNEC
e Estatística UFV
Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores IEPHA Universidade Federal de Viçosa
Instituto Estadual do Património Histórico e
CODEVASF
Artístico
Companhia de Desenvolvimento do IGA
Vale do São Francisco
COPAER Instituto de Geociencias Aplicadas
Comissão Coordenadora do Projeto Aeroporto INDI
de Belo Horizonte Instituto de Desenvolvimento Industrial de
COPAM Minas Gerais
Comissão de Política Ambiental OESA
COPASA/MG Organização de Engenharia S/A
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
ONU
CPG
Centro de Pesquisas Geológicas Organização das Nações Unidas
CPRM
Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais PLAMBEL
Superintendência de Desenvolvimento da
CVRD Região Metropolitana de Minas Gerais
Companhia Vale do Rio Doce PORTOBRAS
DAE/MG
Empresa de Portos do Brasil S/A
Departamento de A g u a s e Energia Elétrica de
Minas Gerais SEEBLA
DNAEE SEE
Serviços de Engenharia Emílio Baumgart Ltda.
Departamento Nacional de A g u a s e Sociedade Excursionista e Espeleológica da
Energia Elétrica Universidade Federal de Ouro Preto
lado, destacaram que uma redução no ritmo administração ecológica dos recursos Atualmente estão em guestionamento os
1. Introdução de crescimento só consolidaria uma situação
de injustiça na distribuição dos recursos
naturais e do meio ambiente? Ê esse o
desafio que se coloca. O crescimento é
modelos de desenvolvimento econômico dos
países industrializados. Não só se discute
no mundo, o que seria inaceitável política obviamente necessário, tanto mais que há sobre uma nova ordem econômica
Í . 1 . Meio ambiente e e socialmente. uma distribuição desigual dos recursos da
sociedade, causa das disparidades na renda
internacional, mas os propriossistemas
sõcio-econômicos nacionais estão totalmente
desenvolvimento Dessas preocupações surgiu a decisão,
aprovada pela Conferência de Estocolmo, de
e nos padrões de vida. Todavia, não se
pode crescer a qualquer preço.
em discussão. Tudo isso se baseia - apesar
da enorme complexidade e do enfoque
proclamar o conceito do meio ambiente como econômico do tema - em dois aspectos muito
"Os seres humanos diferem entre si muito o habitat global do homem - espaço onde se simples e concretos: o primeiro se refere ã
desenvolvem as atividades humanas e a vida A expansão das atividades produtivas e a temática do meio ambiente entendida em seu
mais em suas dimensões sócio-econõmicas e própria urbanização, quando ocorrem sem
culturais do que em suas dimensões dos animais e vegetais direta ou sentido mais amplo, com suas facetas
indiretamente ligados a elas (9) . se levar em conta os princípios ecológicos e sócio-econõmicas; o segundo compreende os
biológicas. Considerado como organismo a integridade dos recursos naturais que
biológico, o homem pertence a uma só problemas de energia e de matérias-primas,
conservam a vida na biosfera, afetam que derivam do fato de a Terra ser um
espécie, e suas demandas biofísicoquímicas É a partir de Estocolmo que o conceito de sensivelmente o meio ambiente. A utilização
são muito semelhantes em todos os grupos. meio ambiente adquire um sentido mais planeta de recursos limitados e um frágil
inadequada do meio ambiente viola os ecossistema.
Em contraste, os componentes sócio-culturáis abrangente. Considerado globalmente, o ecossistemas, prejudicando ou mesmo
relevantes podem variar muito entre meio humano compreende os fatores físicos, destruindo sua capacidade de auto-regulação
diferentes grupos humanos e organizações biológicos, químicos, psicossociais e e renovação, resultando em progressiva Estes dois aspectos - o desejo de melhorar a
sociais, o que explica as diferentes sõcio-econõmicos que exercem influência o deterioração das condições de vida. qualidade de vida mediante uma melhor
valorizações de certos aspectos do meio efeitos significativos e detectáveis sobre qualidade ambiental, e a consciência da
ambiente" (2) . a saúde e bem-estar do indivíduo ou da limitação dos recursos naturais - adquiriram
comunidade. A busca de solução dos problemas ambientais relevo sobretudo nos últimos anos, e têm
A atitude da sociedade perante o meio passa por um crescimento econômico, porém causado um grande efeito na problemática
ambiente está condicionada por uma série de Portanto, a avaliação da qualidade do harmonizado com uma gestão racional do geral do meio ambiente.
fatores sociais, econômicos, culturais e meio ambiente transcende a noção de meio ambiente. Para se evitar que o
históricos. Os diferentes grupos humanos mensuração de índices de poluição, crescimento econômico e a industrialização
continuem repercutindo desfavoravelmente na
1.2. Relação homem-natureza
têm percepções distintas: cada um deles englobando indicadores de disponibilidade o
trata de utilizar o meio que percebe de acessibilidade a infra-estruturas e a sociedade e no meio ambiente, inclusive
maneiras diversas. Desse modo, a forma de equipamentos urbanos, habitação, saúde, etc. aniquilando os seus efeitos benéficos, ê
percepção ambiental de um grupo social Criou-se, por assim dizer, um conceito de urgente que se adote uma redefinição de Os problemas ambientais são tão antigos
determina a atitude desse grupo frente ao qualidade de vida em que todos esses suas modalidades e dos usos dados aos seus quanto o homem. O que ê novo é sua
meio ambiente. fatores atuam, e são, por vezes, frutos. dimensão, sua escala. Há dois aspectos
interdependentes. Nao há dúvida alguma de fundamentais que diferenciam completamente
Não ê casual, portanto, que a Conferência que a preocupação fundamental de toda ação o problema atual do de outras épocas: a
política, tanto nacional como internacional, O aprofundamento da discussão da
das Nações Unidas sobre o Meio Humano, escala planetária do processo de degradação
deve ser a melhoria da qualidade de vida. problemática ambiental trouxe ao debate o
realizada em Estocolmo em junho de 1972, e o descomunal crescimento da capacidade de
Esse objetivo exige um esforço de modelo econômico de desenvolvimento, na
tenha evidenciado dois posicionamentos transformação do meio ambiente.
desenvolvimento sem o qual ê impossível medida em que se busca a origem do
fundamentais sobre o problema ambiental. desperdício dos recursos e do desprezo no
A primeira posição, originada principalmente oferecer a toda a comunidade os bens e A análise da evolução da sociedade humana
serviços necessários a uma existência humana trato do patrimônio natural. Surge a
nos países industrializados, enfatizou o consciência de que uma politica de permite entender como os homens foram
perigo da ruptura do equilíbrio ecológico digna. Esse esforço de desenvolvimento e exercendo cada vez maior influência e
fruto do trabalho, da organização social, desenvolvimento ecologicamente sustentada
global, e propôs soluções drásticas como a constituirá a melhor garantia de impacto sobre a natureza. A propensão do
detenção do crescimento econômico, a revisão da tecnologia, e, em boa medida, do manejo homem a modificar a sua relação com o meio
do meio ambiente e dos recursos naturais (11} . desenvolvimento integral, isto é, que aspira
dos estilos de produção e consumo e a não só a aumentar o nível de vida da ambiente tem passado, em distintas épocas,
contenção compulsoria do crescimento população, mas também a melhorar a por períodos mais ou menos pronunciados
demográfico. Toda estratégia de desenvolvimento deve qualidade de vida do homem. de transformação. Enquanto era apanhador
contribuir para elevar a qualidade de vida, de alimentos e caçador ocasional, como
Em contrapartida, os países em não existindo, portanto, contradição entre qualquer outro mamífero, o homem nao
desenvolvimento destacaram a dimensão social desenvolvimento e preservação e conservação Trata-se, pois, de conceber novos estilos marcava muito o seu ambiente. Mas desde
do tema, contribuindo para a ampliação do de recursos naturais. Os aspectos ambientais de desenvolvimento, que atendam ã satisfação que, há milhares de anos, descobriu o fogo,
conceito de meio ambiente. Foi demonstrada influem, por outro lado, nas diferentes das necessidades fundamentais do indivíduo, inventou instrumentos e iniciou a
a relevância do caráter sõcio-econômico e alternativas e nas diversas combinações de tais como alimentação, habitação, saúde e agricultura, começou a modificar o meio
político sobre o caráter tecnológico, posto fatores que confluem no processo de educação, bem como garantam a sustentação ambiente. A agricultura, e mais
que estes países consideram problemas desenvolvimento. A dimensão ambiental deve dos ecossistemas a longo prazo. O recentemente a expansão sem precedentes da'
ambientais prioritários precisamente os constituir uma variável essencial no desenvolvimento deve orientar-se na busca de indústria, como conseqüência da introdução
derivados do subdesenvolvimento: problemas planejamento integral do desenvolvimento (10) . técnicas não poluentes e na promoção da de tecnologias cada vez mais sofisticadas,
sanitários, condições muito deficientes de reciclagem e da recuperação de dejetos, representaram profundas modificações na
assentamentos humanos, desemprego, déficit assim como na modificação das estruturas de relação homem-natureza.
de habitação e escolas, deficiências de Todas essas considerações levam a uma consumo e de organização do sistema
nutrição, destruição ou sub-exploração dos reflexão extremamente importante: como produtivo, com eliminação quase total do O desenvolvimento tecnológico dos últimos
recursos naturais, entre outros. Por outro harmonizar os objetivos econômicos com a desperdício de recursos não renováveis. 50 anos produziu uma revolução tanto no
13
nível que pode alcançar a qualidade de A forma alienante pela qual a atividade medida em que se artificializa o na última década, registraram-se importantes
vida humana, como na intensidade com que o industrial se desenvolveu resultou num ecossistema, necessita-se subsidia-lo para alterações ambientais em todas as regiões
homem utiliza o meio ambiente. As inovações distanciamento do homem com a natureza e do manter certa produtividade. Normalmente a do Estado, cujo crescimento econômico
tecnológicas têm visaâo sobretudo aumentar homem com o homem. A natureza passa a ser agricultura altamente artificializada exige assentou~se não apenas na exploração
a produtividade, mas sem levar em vista como fonte de matéria-prima, da qual uma significativa quantidade de subsídios extensiva dos recursos naturais, mas também
consideração as conseqüências sobre o meio o homem retira seus insumos num ritmo cada energéticos, fertilizantes, inseticidas e em formas de utilização mais intensiva da
ambiente e sobre a utilização dos recursos vez mais acelerado, e para a qual envia outros insumos tecnológicos. Em outras terra, da ãgua e mesmo do ar^ A experiência
naturais. seus detritos. Assim, o homem nada mais ê palavras, a especialização diminui a tem demonstrado que a expansão das
que força de trabalho, sendo ambos - capacidade de absorção e digestão dos atividades econômicas, especialmente aquelas
natureza e ser humano - meros fatores de ecossistemas, dificultando sua regeneração ligadas a transformação industrial, vem
Ignoraram-se alguns subprodutos dessa
produção. e auto-reprodução. acompanhada de sérios impactos no sistema
expansão do aparelho produtivo. A ecológico e no meio ambiente. Em todos os
intervenção do homem em certos ecossistemas países ocidentais desenvolvidos, a qualidade
significa muitas vezes o rompimento do 0 processo de industrialização favoreceu e Portanto, não ha lugar onde o homem não
esteja agredindo o meio ambiente, quer em ambiental deteriorou-se ao longo do processo
equilíbrio biológico, em que a natureza acelerou o processo de urbanização.
de industrialização, e tem sido necessário
se encarrega de regular o ciclo da matéria, A mudança na estrutura de produção soma-se áreas urbanas, quer em áreas rurais.
Entretanto, o que determina a dimensão do um grande esforço, em termos de
harmonicamente constituído. Esta quebra uma mudança na estrutura espacial - o
impacto das atividades humanas ê o modo de investimento, para a conquista de padrões
da cadeia natural, com o desaparecimento de processo de urbanização contemporânea -,
apropriação social dos elementos da ideais ou mesmo dos considerados toleráveis.
espécies animais e vegetais, não resulta concentrando-se nas cidades as atividades
de produção e consumo, e conseqüentemente a biosfera - fator fundamental na organização
apenas em um empobrecimento do ambiente,
estrutura de poder. A concentração do social de uma comunidade. 0 setor industrial tem exercido um papel
sem outras conseqüências sobre o sistema
produtivo. Estas alterações podem provocar capital e da população em pequenos pontos preponderante na economia mineira, não sõ
o surgimento de elementos nocivos ao meio e do espaço acarretou as deseconomias Por ser uma relação histórica, e, portanto, quanto aos aspectos quantitativos de seu
externas com alto custo social, sendo a dinâmica, a relação homem-natureza (classes crescimento, mas especialmente em razão das
ao homem, rompendo com os ciclos biológicos
poluição somente uma das formas dessas sociais - espaços sociais) vem-se mudanças qualitativas que se verificam nos
e afetando as condições ambientais gerais. externalidades. anos 70, quando a integração e a
modificando ao longo do tempo, refletindo
O que antes era visto como uma sucessão de diversificação do parque fabril proporcionam
as variações da estrutura e da organização
aumentos de produtividade passou também a da sociedade. Assim, deve-se colocar a um efeito multiplicador na própria indústria
ser encarado como formas potenciais de A qualidade de vida vem-se degradando
sensivelmente nas aglomerações urbanas, discussão da problemática ambiental numa e nos demais setores da economia.
prejuízos ao próprio crescimento econômico. perspectiva histórica, na qual a relação
sejam elas grandes ou pequenas, fato
observado não somente nas periferias homem-natureza é algo socialmente Ao analisar-se a trajetória recente do
Não e de se estranhar, então, que as habitadas pela população de baixo nível de estruturado. A problemática ambiental - o Produto Interno Bruto Global em Minas Gerais,
preocupações pelos problemas ambientais renda. A verticalização excessiva, a uso predatório dos recursos naturais e a observam-se dois subperíodos claramente
tenham coincidido com o aumento da ausência ou deficiência de saneamento básico poluição do ar, da ãgua e do solo - não diferenciados (Tabela 1.1). O primeiro, de
produtividade registrado depois da e transporte coletivo são apenas alguns dos pode ser dissociada do modo de apropriação 1960 a 1970, apresenta um crescimento
Segunda Guerra Mundial, como conseqüência sintomas mais nítidos dessa deterioração, social dos elementos da biosfera, que sao moderado, com uma taxa média de 5,8% a.a.;
da exploração do avanço tecnológico. que inclui ainda a poluição hídrica, essenciais para a sobrevivência da e o segundo, de 1970 a 1978, com um aumento
atmosférica e sonora, a escassez de oferta sociedade em seu conjunto. Para se entender substantivo nessa taxa, cuja média atinge
de áreas de lazer e de áreas verdes. o relacionamento homem-natureza é 10,2% a.a. A evolução do PIB do Estado,
Na atual fase de expansão capitalista necessário, portanto, entender a apropriação
formaram-se grande conglomerados, onde o nesse período, tende a acompanhar a do País
social dos recursos naturais, que influi em seu conjunto (7,7 a 7,6% a.a.
aumento do tamanho de escala ê indispensável No que concerne às áreas rurais, a pressão diretamente na estruturação dos indivíduos,
ã procura do aumento da produtividade e da sobre o meio ambiente assume muitas vezes respectivamente). Entretanto, deve-se
grupos e classes dentro da sociedade. destacar que, a partir de 1970, o dinamismo
eficiência, meio de superutilização dos proporções desmedidas, como tem sucedido
recursos disponíveis. A utilização intensa em regiões onde campos de cultura e de de Minas Gerais supera o do País (10,2 e
do meio ambiente e dos recursos naturais no pastoreio são transformados em desertos 9,2% a.a. respectivamente). Para todo o
Finalmente, cabe salientar que as período, os setores mais dinâmicos foram a
decorrer das últimas décadas não é, senão, pela negligência do próprio homem. Inúmeras características ambientais, ao longo de um
uma conseqüência do prolongado processo de são as atividades agressivas ao meio indústria manufatureira (9,6% a.a.), a
prolongado processo histórico, influem construção civil (9,9% a.a.) e a mineração
crescimento econômico, que, através de ambiente, desenvolvidas contínua e sobre a cultura, os costumes, os estilos de
sucessivas etapas de industrialização e de intensamente nas áreas rurais. Mas (13,3% a.a.).
vida e os conhecimentos técnicos de uma
introdução de inovações tecnológicas, provavelmente a questão mais grave seja a sociedade. Ao modificar a biosfera, da
alterou significativamente as relações entre degradação dos solos nas regiões de qual é parte integrante, o homem produz Tabela 1,1. Taxa média de crescimento anual
as atividades humanas e a natureza. agricultura de subsistência e de alta novas situações, que por sua vez podem do PIB de Minas Gerais (%)
densidade de população, e nas fronteiras
exercer uma profunda influência sobre ele. período: 1960/70/78
agrícolas, tanto de atividades agrícolas
A esse fenômeno sem precedentes - a intensivas, como de atividades agrícolas Ao modelar seu meio, o homem modela, em
utilização intensa do meio ambiente - veio marginais. A própria prática da agricultura realidade, seu próprio futuro.
setores 1960/78 1960/70 1970/78
agregar-se, nas últimas décadas, a expansão muitas vezes conduz à erosão, dada a
igualmente sem precedentes da população, ausência de tecnologias adequadas à formação agropecuária 2,9 1,6 4,5
com sua pressão sobre o meio rural, e, de
forma muito particular, sobre o meio urbano.
das culturas. 0 emprego inadequado de
equipamentos agrícolas pode significar um 1.3. A problemática ambiental mineração
manufatura
13,3
9,6
14,3
6,9
12,2
13,0
construção 9,9 7,3 13,3
Os processos de industrialização e de
urbanização representam marcos das mudanças
caminho para a devastação de uma área
produtiva, provocada pela erosão gradativa. no Estado de Minas Cerais serviços industriais de
utilidade publica 13,2 16,0 9,5
qualitativas e quantitativas na relação outros serviços 8,5 6,9 10,4
homem-natureza, pois esses processos, Da economia acentuadamente extrativa,
isolados ou por efeito conjunto, concorrem Já o uso intensivo dos defensivos Minas Gerais tem evoluído em direção às Minas Gerais - global 7,7 5,8 10,2
para tornar mais acentuadas as modificações agrícolas pode contaminar o solo e a água, estruturas produtivas crescentemente Brasil - global 7,6 6,2 9,2
do meio ambiente, em virtude dos avanços destruindo o equilíbrio natural dos complexas, induzidas pelos grandes
tecnológicos e da explosão demográfica. ecossistemas de certas áreas, e com isso os objetivos e decisões de caráter nacional, Fonte: SEPLAN/MG
agentes biológicos que evitam pragas e que se sobrepõem aos importantes estímulos
doenças. tipicamente estaduais. A economia mineira O aumento das taxas de crescimento de um a
A indústria é uma das causas do crescimento experimenta um processo dinâmico de outro subperíodo reflete o maior dinamismo
da complexidade da sociedade humana - seja É importante ressaltar que a necessidade transformações na sua estrutura produtiva, experimentado por todos os setores,
pela concentração técnica e espacial da crescente de recursos naturais para tendo a aceleração do crescimento e a especialmente pela indústria de
produção movida pelas economias de escala e alimentação, matérias-primas industriais diversificação industrial desempenhado um transformação, que avançou de 6,9 para
de agiomeração, seja pela criação e ou energia, exigiu um processo de papel significativo na evolução dos 13,0% a.a., pela agricultura, que passou de
incorporação de novos produtos e especialização e artificializagao na diferentes setores e subsetores produtivos. 1,6 para 4,9% a.a., e pelo setor de
necessidades; e é responsabilizada por ser o agricultura. A artificializaçao dos construção, de 7,3 a 13,3% a.a.
meio de garantir, por via do desenvolvimento ecossistemas normalmente conduz a uma Esse processo tem-se caracterizado por
tecnológico, a supremacia do homem sobre a especialização produtiva, diminuindo a mudanças econômicas e ambientais bruscas e Um dos resultados do crescimento econômico
natureza. produtividade total do ecossistema. Na prufundas. No período recente, notadamente das duas últimas décadas em Minas Gerais
14
foi a alteração na sua estrutura produtiva. expandiu-se consideravelmente no período, porte, no mercado de mão-de-obra favorável na década de 70, principalmente a
A Tabela 1.2 retrata essas alterações no não só em função do crescimento da demanda semi-qualificada, as pressões sobre os partir de 1977. Porém, a importância
período entre 1960 e 1978. interna, mas também do aumento da exportação serviços de educação, lazer e saúde, relativa do setor agropecuário diminuiu em
A década de 60 foi o período em que se de minérios, o setor terciário manteve a resultantes dos salários elevados dos decorrência de seu crescimento no período
iniciaram as modificações mais significativas sua posição de liderança, com um ligeiro técnicos e administradores de alto nível, o ser inferior ao da economia em seu conjunto
na estrutura produtiva mineira. Ê o caso, aumento. 0 que perdeu o setor primário foi exorbitante aumento especulativo dos preços e ao de todos os demais setores. A
por exemplo, da perda de posição do setor capturado pelo setor secundário, dos imóveis, empurrando as classes participação do setor na estrutura do PIB
primário, que se acentua na década seguinte, principalmente nos anos 70. A indústria trabalhadoras para a periferia da cidade e diminuiu de 32,3% para 14,1%, entre 1960 e
quando o produto do setor caiu para 14,1% manufatureira tornou-se responsável pelas cada vez a distâncias maiores, o agravamento 1978 (Tabela 1.2).
do PIB, principalmente em conseqüência da modificações na estruturaprodutiva, dos problemas de abastecimento de alimentos
menor importância relativa da agropecuária. elevando a sua participação no PIB de 21,5 a preços compatíves com as possibilidades Embora a agricultura venha perdendo posição
Isso porque a atividade de mineração para 29,2%, entre 1960 e 1978. da maioria da população, e os problemas em favor de outras atividades econômicas,
ambientais, evidenciam os impactos que a constituiu-se numa importante fonte de renda
industrialização rápida e assentada em e ocupação para a população do Estado.
Tabela 1.2. Estrutura do PIB por grandes setores de atividades econômicas de Minas Gerais, fabricas de tamanhos médio e grande, e que
a preços de 1960/70/78 Além disso, sabe-se que as atividades
utilizam tecnologia avançada, exerce sobre agrícolas de Minas Gerais cumprem um papel
o meio urbano em Minas Gerais. expressivo na oferta brasileira de alguns
1960 produtos de exportação (café, algodão, soja)
setor 1970 1978 e de produtos básicos à dieta alimentar da
No que se refere â exploração de recursos
Cr$l.000,00 % Cr$l„000,00 % Cr$l.000,00 % minerais, atividade tradicional no Estado, população do País (carne, leite, arroz,
ocorreu um grande impulso no período de feijão, batata, e t c ) .
agropecuária 3.331,2 32,2 3.909,9 21,5 5.580,3 14,1 1960/78, mediante a intensiva extração das
mineração 123,0 1,2 467,9 2,6 1.171,7 3,0 riquezas do subsolo. Como se pode observar Pode-se dizer que o desempenho da
manufatura 2.224,6 21,5 4.353,8 23,9 11.536,2 29,2 na Tabela 1.1, o produto da mineração agricultura e pecuária mineira, na última
cresceu, no período, a uma taxa média de
construção 380,9 3,7 771,4 4,2 2.092,0 5,3 13,3% a.a., tendo a sua participação no PIB
década, esteve aquém do comportamento
serviços industriais de apresentado pelas atividades industriais.
mineiro atingido 3,0% em 1978, quando fora • Se a indústria se apresentou como fonte mais
utilidade publica 122,4 1,2 550,4 3,0 1.137,7 2,9 de apenas 1,2% em 1960 (Tabela 1.2). importante de dinamismo do crescimento
outros serviços 4.172,8 40,3 8.154,9 44,8 18.044,3 45,5 Concorreu para isso, de forma preponderante, econômico do Estado, o fato se deve
a exploração, em grande escala, das jazidas principalmente ao esquema institucional e
total 10.355,1 100,0 18.208,2 100,0 39.562,4 100,0 de minério de ferro, em áreas bem financeiro montado com a finalidade de
específicas do território mineiro. atrair indústrias para Minas Gerais (1).
Dessa forma, o desempenho da economia
Fonte: SEPLAN/MG
Os impactos ambientais da extração de ouro, mineira dos últimos tempos está baseado em
pedras preciosas, ferro e, agora mais setores industriais dos ramos intermediários
intensamente, minerais não-ferrosos, são uma e de bens de capital, e mesmo de bens de
O aumento do grau de industrialização sustentada numa forte capitalização. Com realidade mineira de três séculos,e que o consumo duráveis, que muito pouco ou quase
determinado pelo bom desempenho da indústria efeito, do total de investimentos no setor Estado ainda não aprendeu a dominar. Se, nada têm a ver com o setor agropecuário.
de transformação nos anos 70 foi acompanhado industrial, no período 1970-77, 73,3% se por um lado, a atividade mineraria tem sido
por modificações na estrutura industrial. realizaram nessa atividade. Como uma contribuição marcante do Estado para o Nessas condições, pode-se perceber
A indústria de bens intermediários elevou conseqüência, Minas Gerais produziu desenvolvimento nacional, não há porque facilmente a elevada correlação entre a
de 50,7% em 1970, para 53,2% em 1978, a sua 4,7 milhões de toneladas de aço em lingotes deixar de registrar que o crescimento dessa pobreza urbana e rural em Minas Gerais.
participação na produção manufatureira. em 1977, contra 600 mil toneladas em 1960, atividade tem repercutido paralelamente, de Ou seja, a pobreza rural constitui a outra
Essa modificação e significativa quando se representando respectivamente 62,0% e 43,0% forma danosa, no meio ambiente. Sabe-se face do fenômeno componente de um mesmo
considera que a participação da indústria de da produção do Brasil (6)- que nessa atividade econômica são processo, jã que, pelo menos, ela é um
bens intermediários no PIB manufatureiro de consideráveis o s danos produzidos contra a determinante da pobreza urbana, através do
1960 era em torno de 36,0% (3) . A ampliação do parque industrial, com natureza e contra o homem. êxodo rural. Como conseqüência da
algumas expressivas concentrações - em modernização do setor rural, podem set
escala ou em número de estabelecimentos - (7) A retirada de camada superficial do solo em observados crescentes fluxos migratórios
Considerando que os ramos industriais dos acarretou a degradação da qualidade extensas áreas tem provocado, além da campo-cidade, mas que, no entanto, não são
bens intermediários (papel e celulose, ambiental, especialmente na Região eliminação da fauna e da flora, casos de satisfatoriamente absorvidos pelos setores
borracha, química e derivados de petróleo, Metropolitana de Belo Horizonte e no erosão. A utilização de água na atividade secundário e terciário urbanos.
minerais não metálicos e metalurgia) Vale do Aço. Além dos efeitos diretos - mineraria tem causado situações preocupantes
apresentam um alto potencial poluidor, e que poluição do ar e da água -, o crescimento com relação ã poluição, especialmente na Não obstante ficar a reboque do setor
geralmente são instalações de médio e grande industrial também induz a alterações na região do Quadrilátero Ferrífero. Além industrial, a agropecuária mostra na década
porte, pode-se afirmar que o impacto ocupação do solo, que passa da forma disso, a desfiguração da paisagem e a de 70 um forte dinamismo, devido
ambiental proveniente desses ramos ê bastante extensiva, característica dos assentamentos destruição de bens culturais têm deixado de principalmente ao aumento da produção
significativo, face ao crescimento recente rurais, â forma intensiva dos aglomerados ser apenas exceções. agrícola (4). Conforme mostra a Tabela 1.3,
das indústrias de bens intermediários. urbanos. que apresenta a evolução física da área e o
Ora, para que a exploração mineraria não se valor de produção dos principais produtos
A indústria de papel e papelão teve um Desse modo, a expansão e modernização das reduza a mero procedimento espoliativo e agrícolas do Estado, a agricultura mineira
crescimento médio de 9,7% a.a. no período indústrias já existentes e a introdução de defraudatõrio, é imperioso assegurar o evidencia ganhos consideráveis de
1960-77, com uma forte aceleração em ramos industriais modernos atuam sobre a adequado comprometimento de seus benefícios produtividade física, especialmente a partir
1976-77, quando foi incorporada a esse ramo urbanização. Aqui é preciso destacar o econômicos brutos, com a reorganização da de 1973. Se durante a década de 60 a
a produção de celulose. A indústria química impacto das novas indústrias sobre as natureza agredida e com a proteção do homenv produção evoluiu a uma taxa pouco superior a
cresceu em média 9,7% a.a., em todo o cidades como o fator mais importante na ameaçado. Afora essa perspectiva, pode-se 5,0%, nos sete primeiros anos da década de
período 1960-77, e 34,0% a.a. entre reestruturação da urbanização mineira, bem pôr em dúvida que tal atividade esteja a 70 essa mesma taxa e elevada para mais de
1970 e 1977. Deve-se destacar que esse como na determinação de muitos problemas serviço de um verdadeiro desenvolvimento, 50,0%, ainda que as taxas anuais de
dinamismo será ainda reforçado com os urbanos. como também questionar sua própria crescimento sofram grandes variações,
recentes investimentos no setor. No ramo dos legitimidade política. Há, pois, que característica própria da agricultura,
minerais não-metãlicos, a produção de cimento multiplicar os recursos que promovam a sujeita a uma série de fatores aleatórios.
A necessidade de habitações para as Já nos anos recentes a expansão foi muito
teve um expressivo crescimento, destinado populações de baixa renda, de provimento de recuperação das desfigurações traduzidas
principalmente ao uso interno e aos Estados pelos empreendimentos extrativos, sejam elas mais significativa.
serviços de saneamento básico, saúde e
vizinhos, passando de 1,0 milhão de toneladas educação, choca-se com a fragilidade das de natureza estritamente econômica ou de
em 1960 para 6,6 milhões em 1977, o que finanças municipais, cujas disponibilidades ordem ambiental (8).
representa respectivamente 23,0% e 31,0% da Minas Gerais descobriu seu caminho para
crescem, mas a taxas menores do que as crescer através da utilização de um dos
produção nacional. A produção metalúrgica, receitas necessárias. O aumento de
característica do Estado, ampliou-se. Da mesma forma que a indústria e a mineração, mais bem organizados serviços de assistência
competição com as empresas locais de pequeno a agropecuária mostrou um desempenho técnica ao produtor e da incorporação dos
15
Tabela 1.3. Evolução física da ãrea e valor surgindo também sérios problemas sociais na 10. RIBEIRO, Maurício Andrés. Notas sobre
de produção dos principais zona urbana, pelo fato de as cidades não meio ambiente, tecnologia e planos
produtos agrícolas de Minas conseguirem suprir a demanda crescente de territoriais. Revista da Fundação
Gerais equipamentos e serviços urbanos. João Pinheiro,~T(6) . 1977 .
período: 19 6 0/7 0/77
Nesse contexto, não se pode negligenciar os 11. SACHS, Ignacy. Población, tecnologia,
área c o l h i d a (1) volume de p r o d u ç ã o (2)
custos sociais e ecológicos das atitudes e . recursos naturales y medio ambiente.
ações predatórias empreendidas nos últimos Boletim Económico de America Latina,
ano l f l f l fl h a
*í \l <! l i a
índice Cr$l.000,00 índice
anos no Estado, não obstante a magnitude 18{l/2) , 1973 . '
<base:1970=100) (3) íbase:1970=100)
1960 3 575.169 104 5.558.209
dos números indicar que Minas Gerais obteve,
95
1970 3 432.341 100 5.881.680 100 no passado recente, um crescimento do ponto
1971 3 327.909 97 4.219.121 72 de vista econômico.
1912 3 380.063 99 6.059.080 103
1973 3 573.682 104 7.181.524 122
1974 3 729.318 109 9.709.868 165
1975 3 942.074 115 7.865.689 134
1976 3 940.692 115 8.125.393 138
1977 4 019.249 117 9.225.372 157
(1) inclui 10 p r o d u t o s
(2) inclui 15 p r o d u t o s
t3) a p r e ç o s c o n s t a n t e s de 197S
F o n t e : IBGE - SEPLAN/MG
16
2. Metodologia
"Diagnóstico Ambiental do Estado de distribuição espacial de densidades de destacando-se as áreas críticas em função da
Minas Gerais". A continuidade e a eficácia indústrias potencialmente poluidoras e de extensão e do nível de degradação atingido.
de uma política ambiental depende de um emissões de poluentes. Já a industria
diagnóstico do quadro ambiental do Estado, extrativa foi analisada a partir de alguns Uma vez obtidos os diagnósticos do meio
2.1. Síntese metodológica com a caracterização do meio natural e
sõcio-econÔmico.
indicadores de produção e arrecadação
fiscal, que permitissem uma avaliação
natural, do meio antrõpico e da degradação
da qualidade ambiental, procedeu-se â
potencial de degradação ambiental. A indicação das inter-relações setoriais dos
As iniciativas de gestão pública em matéria O presente diagnostico procurou inventariar abordagem da atividade agropecuária teve componentes naturais e antrôpicos do meio
de meio ambiente no Brasil surgiram a e avaliar, quantitativa e qualitativamente, em vista caracterizar a intensidade e a ambiente. Visou-se identificar as relações
partir da observação dos fenômenos os recursos naturais e as condições dimensão dos impactos ambientais provocados de causa e efeito que condicionam as
decorrentes do crescimento urbano e do ambientais do território mineiro e dos pela atividade sobre o equilíbrio dos interações entre os vários setores de estudo
desenvolvimento da atividade industrial. Os assentamentos humanos, indicando as relações ecossistemas. Finalmente, a questão em que foi dividido o meio ambiente neste
diversos impactos negativos sobre a intersetoriais dos componentes e fatores energética foi focalizada do ponto de vista diagnóstico. A caracterização das
qualidade de vida nas grandes cidades, ambientais. O trabalho estrutura-se da necessidade de compatibilizar o processo inter-relações dos componentes naturais e
causadas por um crescimento econômico basicamente em duas partes. A primeira de produção e consumo de energia com a antrôpicos constitui informação importante
descontrolado, passaram a ser vistos por refere-se a uma avaliação das ações preservação do meio ambiente. para a aplicação de estratégias e políticas
significativos segmentos da sociedade como um governamentais e dos instrumentos que visem preservar, melhorar e recuperar o
desafio a ser enfrentado. Ainda que operacionais e legais. A complexidade dos No que se refere ã qualidade de vida, foram equilíbrio dos ecossistemas.
pressionado de maneira difusa, o problemas ambientais demanda um sistema examinados alguns dos seus indicadores
Poder Público terminou por incorporar essa institucional específico. Dessa forma, básicos: demografia, habitação, saúde,
problemática ã sua esfera de atenção.
2.2. Informação utilizada
procurou-se nessa parte do diagnóstico emprego, educação e alimentação. O estudo
analisar as ações governamentais, visando demográfico visou caracterizar a dinâmica
Em Minas Gerais, a inclusão do fator meio identificar os instrumentos institucionais populacional, através da análise da
ambiente nos planos de governo foi e normativos do Estado, de forma a avaliar distribuição regional, do grau de O primeiro obstáculo ã formulação de uma
explicitada pela primeira vez no II Plano o aparato estatal estruturado com o urbanização e das taxas de crescimento. apreciação geral acerca da situação
Mineiro de Desenvolvimento Econômico e objetivo de proteger, conservar e melhorar Com relação aos outros indicadores básicos ambiental do Estado de Minas Gerais é a
Social, que preconiza como metas prioritárias o meio ambiente. de qualidade de vida, pretendeu-se escassez e intermitência das informações.
a melhoria da qualidade de vida do cidadão estabelecer as inter-relações existentes Ainda são escassas as informações
e o incentivo aos projetos de desenvolvimento O conhecimento dos componentes e fatores entre cada indicador e os aspectos estatísticas sistematizadas, pois provêm
global. Para o cumprimento das proposições ambientais e premissa para a definição de ambientais a ele -pertinentes. em geral de períodos recentes, e
do II PMDES, constatou-se de imediato a uma política de ordenamento ambiental. privilegiam certas áreas do território
ausência de mecanismos institucionais Nesse sentido, a segunda parte do trabalho Em relação ao patrimônio natural-cultural, mineiro. Desde a proposta inicial
adequados a formulação e ao acompanhamento compreende a análise do meio natural, o trabaiho procura registrar a ocorrência percebia-se a importância do uso de dados
da política de defesa ambiental. antrõpico e da degradação ambiental. O e a situação dos recursos cênicos e de fontes secundárias, porque a exiguidade
diagnóstico do meio natural inclui a análise paisagísticos do Estado, além dos sítios de tempo para a realização do trabalho não
Nasceu, então, a 16 de dezembro de 1976, das seguintes variáveis: relevo, clima, históricos que fixam as marcas da cultura permitiria a extensão e aprofundamento dos
através da Lei no 6953, a Secretaria de potamografia, fauna e flora, recursos sobre o território mineiro. Foi dada levantamentos já realizados. Isso fez com
Estado de Ciência e Tecnologia e, em março minerais, hídricos e do solo. A análise foi prioridade, no levantamento, aos elementos que o levantamento de dados secundários se
de 1977, o Sistema Operacional de Ciência orientada a identificar o papel e a do patrimônio natural-cultural que constituísse em tarefa importante,
e Tecnologia, reunindo os órgãos e importância das diferentes variáveis que encontram respaldo em legislações federais objetivando identificar os desníveis
instituições estaduais da área científica e configuram o meio natural em relação com o e estaduais quanto ã sua preservação ou regionais quanto ã disponibilidade de
tecnológica. A necessidade de uma desenvolvimento das atividades produtivas. criação, tais como parques e reservas informação.
coordenação que permitisse compatibilizar Dessa forma, a caracterização do quadro ecológicas, monumentos geológicos, sítios
todos os interesses setoriais de repercussão físico visa fornecer as informações arqueológicos, espeleolõgicos e Não obstante o CETEC possuir em Minas Gerais
no problema ambiental, foi a razão da necessárias para orientar a ação do homem paleontológicos. O estudo buscou o maior acervo de dados ambientais, no
criação da Comissão de Política Ambiental - no gerenciamento dos recursos naturais, caracterizar a situação dos bens naturais presente trabalho foram significativas, no
COPAM, órgão colegiado, deliberativo e assegurando o respeito ao equilíbrio dos e culturais, visando fornecer subsídios que concerne âs informações sõcio-economicas,
normativo, encarregado de assessorar o ecossistemas regionais. para a adoção de medidas de preservação, as contribuições de órgãos públicos e de
Governo e executar a política ambiental do proteção e melhoria desse patrimônio. empresas privadas, sobretudo da Secretaria
Estado. Dotada, agora, dos instrumentos O diagnóstico do meio antrõpico compreende de Estado do Planejamento e Coordenação
legais e regulamentares capazes de respaldar a análise das atividades produtivas, dos 0 diagnostico da qualidade do meio físico Geral e da Fundação Instituto Brasileiro de
a sua missão de zelar pela qualidade de vida aspectos sõcio-econõmicos e sôcio-demogrãficos. natural cobriu os aspectos relativos a Geografia e Estatística. Como em geral as
da população mineira, a COPAM dispõe, para A análise da estrutura de produção visou contaminação da água e do ar, e ã erosão informações desses dois órgãos públicos são
o cumprimento de seus objetivos, da Lei identificar os efeitos negativos derivados do solo, interpretados como situações de apresentados por regiões, adotou-se como
n9 7.772, de 8 de setembro de 1980. das atividades produtivas da sociedade. alteração adversa as características do meio forma de apresentação dos resultados
Foram consideradas relevantes, no caso deste ambiente. Os estudos de qualidade da água e sõcio-econômicos, esse mesmo critério.
E da consciência de que toda política de diagnóstico, as seguintes atividades: do ar pretenderam identificar nas regiões A regionalização adotada para a análise da
indústria de transformação e extrativa, monitoradas o grau de poluição e os focos situação ambiental é a definida pela
gestão do meio ambiente exige um basamento
agropecuária e energia. O enfoque do estudo poluidores, indicando as áreas com maior SEPLAN/MG para fins de planejamento
normativo de regulação, mas também um devido (Figura 2 . 1 ) , com base de agregação nas
conhecimento da real essência e magnitude da indústria de transformarão teve por criticidade ambiental. A delimitação
objetivo diagnosticar a ação dessa atividade espacial da erosão acelerada contém as áreas microrregioes homogêneas estabelecidas pela
dos problemas ambientais e das alternativas IBGE (Figura 2.2). Em termos gerais.
de solução, que surge a proposta do como fonte de poluição, através da de propensão e os principais focos observados,
17
pude-se afirmar que na regionalização
escolhida foram utilizados critérios de 2.3. Bases cartográficas e Figura 2.2. Microrregiões homogêneas do Estado de Minas Gerais
homogeneidade e de polarização.
aerofotogramétricas
Considerando o pioneirismo do trabalho e a
deficiência de informações estatísticas, Os documentos básicos utilizados no
notadamente sua escassez, algumas trabalho foram os seguintes:
afirmativas e conclusões contidas neste
diagnóstico devem ser tomadas como - imagens do LANDSAT li coloridas e em
primeiras interpretações, visto que a preto e branco, canais 4, 5, 6 e 7, na
atualização progressiva dos dados permitira, escala de 1:500.000, captadas no período
certamente, o estabelecimento de idéias de 15/08/73 a 07/10/79;
mais precisas acerca dos problemas aqui
estudados. Acredita-se, contudo, que não - fotoíndices em escala aproximada de
se chegará a resultados muito diferentes 1:100.000, da cobertura aerofotogrãfica
dos apresentados aqui, particularmente no promovida pelo Instituto Brasileiro do
que concerne ãs idéias centrais Café para as regiões cafeeiras do Estado,
desenvolvidas. em 1979;
« • 47* 45*
Legenda:
18
- mosaicos na escala aproximada de
1:60.000 e 1:100.000, confeccionados com
fotografias aéreas na escala aproximada
de 1:60.000, resultantes do acordo
Brasi l/Estados Unidos sobre serviços
cartográficos - Projeto USAF - AST-10,
de 1964-66;
governamentais de Cicncia c Tecnologia. PRODEMAM, um programa amplo e sistêmico sua Secretaria Executiva. Todavia, em
de apoio técnico aos municípios mineiros que pesem esses esforços para a ampliação
para a solução ou adequação de seus da capacitação do sistema estadual de meio
- 0 favorecimento da concientização próprios problemas de meio ambiente. ambiente, ainda persiste uma grande
As ações do governo, tanto legislativas generalizada para os problemas
quanto executivas, costumam ser a resposta Esse programa induziu â criação, em cada defasagem entre a sua capacidade operacional
ambientais e a agilização de suas município, de coordenadorias especiais, e a demanda de estudos e serviços. De
do Estado aos estímulos produzidos pela soluções, propiciadas pela participação
sociedade durante o processo contínuo de estruturadas de forma a permitir ampla fato, para que os problemas ambientais do
de todos os segmentos da sociedade no participação comunitária. Estado possam ser adequadamente
exteriorização de suas preocupações e de órgão de gestão ambiental do Estado.
priorização de suas aspirações. equacionados, torna-se necessária uma
Essa premissa balizou a constituição da aplicação de recursos nos órgãos do
Comissão dc Política Ambiental - COPAM, - A criação, dentro do Sistema Operacional
Assim, de uma maneira geral, a de Ciência e Tecnologia, do Comitê sistema, compatível com a diversificação
conscientização sobre a importância de cada como um plenário representativo de toda e com a magnitude das taxas de crescimento
a comunidade, conferindo um caráter Estadual de Estudos Integrados de Bacias
tema precede a sua inclusão na relação de Hidrográficas - CEEIBH/MG, organismo das demandas de trabalho.
assuntos abrangidos pela ação do Estado. eminentemente participativo â gerência
dos recursos ambientais. encarregado da integração multissetorial
Por outro lado, a eficiência da dos estudos relacionados aos recursos Em conformidade com a evolução das
administração desse tema depende hídricos. Dentre todos os recursos disponibilidades de recursos e de
diretamente do nível de conhecimento ambientais, a água talvez seja aquele
- 0 reconhecimento do caráter abrangente capacitação, os órgãos do sistema de meio
acumulado sobre o assunto e da capacidade que, historicamente, vem sendo tratado
dos problemas ambientais,que exigem, ambiente do Estado vêm ampliando
de trata-lo com o enfoque adequado. mais setorializadamente, com todos os
para sua solução ou adequação, a consideravelmente as suas linhas de
A visão sistémica da problemática aplicação de um corpo técnico inconvenientes que esse procedimento vem atuação. A caracterização dessas ações,
ambiental é ainda emergente em todo o multidisciplinar. Em decorrência dessa produzindo. A própria legislação federal por sua evolução e cronologia, pode ser
mundo, e decorre da complexidade crescente postura, foram reunidas no CETEC todas favoreceu a distribuição da competência inferida da seguinte relação de atividades:
assumida pelo quadro industrial e as equipes técnicas especializadas no para a administração das diversas formas
tecnológico nas últimas décadas. trato das variadas disciplinas de uso e aproveitamento dos recursos - Julho de 1976 - publicação do documento
relacionadas aos recursos naturais, ao hídricos entre inúmeras agências e "Situação Ambiental na Região
Em Minas Gerais, como de resto em todo o meio ambiente e ãs tecnologias de organismos dos mais variados setores. Metropolitana de Belo Horizonte", como
País, os fundamentos de uma política produção, formando um núcleo capaz de A criação do CEEIBH/MG correspondeu a resultado dos trabalhos da Comissão
ambiental consistente ainda estão sendo apoiar a execução da política ambiental uma tentativa de análise conjunta de Especial criada pelo Decreto Estadual
esboçados, e, no momento, estão sendo do Estado. toda a problemática relacionada â água, n9 17.263, de 14/07/75
consolidados os primeiros mecanismos de incluindo a atribuição de conceber e
controle, preservação e desenvolvimento formular a Política Estadual de Recursos - Julho de 1977 - encaminhamento ao
dos recursos ambientais. - A concepção do CETEC como uma fundação Hídricos. Governo do Estado, do relatório "Impacto
de direito privado, com a agilidade e Ambiental e Futura Destinação da Mata
A Constituição da República reserva â independência necessárias ao Embora o quadro organizacional do sistema do Jambreiro", pelo Grupo de Trabalho
União uma parcela substancial da fornecimento de apoio técnico tanto ao de meio ambiente do Estado tenha evoluído constituído por técnicos do CETEC, da
capacidade de legislar em matéria õrgão oficial de controle ambiental como ao longo do tempo, ate atingir a FJP e do PLAMBEL. Esse estudo deu
ambiental. Numerosos dispositivos legais ãs empresas que integram o setor configuração atuai, foi sempre mantida uma origem a cessão em comodato, pela MBR,
concebidos posteriormente refletem, de produtivo do Estado. Essa forma de coerência com os princípios básicos da área transformada na Reserva Ecológica
forma mais aguda, a tendência de organização administrativa foi preliminarmente estabelecidos. do Jambreiro.
centralização administrativa a nível conscientemente decidida no mesmo
federal, reservando aos Estados e conjunto de ações planejadas na década De uma maneira geral, excluídos alguns - Agosto de 1977 - Deliberação n? 08/77 da
Municípios um espaço bastante limitado para anterior para vitalizar o desenvolvimento períodos recentes, conjunturalmente COPAM, que recomendava ao Governo do Estado
que interfiram na gerência dos recursos económico de Minas Gerais. A reunião em desfavoráveis, vem sendo seguida uma a redução dos níveis de produção da SOEICON.
ambientais segundo políticas próprias e um mesmo Õrgão, da capacitação para as persistente política de treinamento e Esse procedimento deu continuidade a ações
independentes. pesquisas tecnológicas e para o trato formação de pessoal, visando dotar os anteriores executadas pelo CETEC, e que
com as variáveis ambientais foi órgãos do sistema, da capacitação requerida tinham como objeto o controle de indústrias
Apesar disso, em Minas Gerais as considerada, na época, como a mais pela dimensão crescente dos problemas altamente poluidoras, como a ITAÚ e a
formulações iniciais que estão conveniente, face ãs expectativas de ambientais. O embrião representado pela MANNESMANN, apontadas pelo relatório
consolidando a implantação de um sistema crescimento económico do Estado. De equipe da Diretoria de Tecnologia e Meio "Situação Ambiental na RMBH".
estadual de meio ambiente, baseada em fato, a pesquisa de novas tecnologias Ambiente da Fundação João Pinheiro foi, a
uma política ambiental consistente, foram de produção e o seu repasse ao setor partir de sua transferência para o CETEC, - Setembro de 1977 - Resolução n9 05/77 da
extremamente originais e avançadas. Nessas produtivo foram vistos como um poderoso consideravelmente ampliado e dotado de COPAM, relativa a medidas de controle da
formulações, merecem especial destaque os atrativo para a instalação de novas modernos recursos instrumentais e poluição provocada pelo complexo
seguintes pontos: indústrias. Por outro lado, efetivada laboratoriai s. Atualmente, a industrial da ALCAN em Saramenha, e que
essa instalação, ter-se-ia como Superintendência de Ecologia e Engenharia correspondeu ao início das providências
conseqüência uma forte demanda para os Ambiental do CETEC já dispõe de uma equipe do sistema no que concerne a indústrias
- A premissa segundo a qual o controle da trabalhos ambientais.
poluição escapa ã esfera meramente bastante diversificada, com um corpo localizadas no interior do Estado.
21
Outubro de 1977 - Conclusão do estudo instalações da NUCLEBRÃS em Poços de Consideradas em seu conjunto, as atividades explicitamente, e adaptada âs recentes
sobre a situação ambiental na região do Caldas. presentemente em execução pelos diversos modificações introduzidas na legislação
Vale do Aço, executado pelo CETEC. organismos do sistema estadual de meio federal. Em decorrência desse processo,
- Outubro de 1979 - Conclusão do "Estudo ambiente podem ser agrupadas nas seguintes possivelmente serão efetuadas modificações
Outubro de 1977 - Inicio da atuação do da Bacia do Rio Paraibuna", que reuniu categorias principais: estruturais na organização dos vários
sistema no que concerne ã preservação as principais informações disponíveis organismos e nas suas respectivas
do patrimônio natural-cultural do Estado, sobre a qualidade da agua e sobre os atribuições.
com o credenciamento fornecido pelo usos daqueles recursos hídricos. Esse - elaboração dos procedimentos necessários
IPHAN-MEC para fiscalizar e prospectar estudo, que consolidou os resultados ã operacionalização do sistema de
sítios arqueológicos. da operação da rede de monitoração licenciamento de atividades poluidoras;
22
estaduais e dos procedimentos de concessão realização das audiências públicas previstas Estabelece procedimentos internos ã COPAM,
hídrica, e a formulação da Política no Decreto n9 21.228. referentes a aprovação de Relatórios de
Estadual de Recursos Hídricos. Fixa a sua Impacto Ambiental - RIA e â expedição de
estrutura colegiada, presidida pelo Licenças de Instalação e de Funcionamento.
Secretario de Ciencia e Tecnologia, e - Resolução n9 02/81, da COPAM
integrada pelos Secretarios-Adjuntos de
Agricultura; Industria, Comercio e Turismo; Estabelece as diretrizes básicas do
Planejamento e Coordenação Geral; pelo Sistema Estadual de Licenciamento de Fontes
Vice-Presidente da CEMIG; pelo Presidente Poluidoras - SELF.
da COPASA/MG; e pelo Diretor Geral do
DAE/MC.
- Resolução n9 03/81, da COPAM
- Decreto n9 20.340, de 27 de dezembro de Estabelece o roteiro a ser obedecido na
1979 elaboração dos Termos de Compromisso,
instrumentos jurídicos a serem firmados
Institui o Regimento Interno do CEEIEH/MG, pelos infratores da legislação ambiental.
fixando a sua organização estruturada por
uma Presidencia, por um Plenário e por - Resolução n9 04/81, da COPAM
Comissões Técnicas. O Regimento estabelece
as competencias de cada uma dessas Estabelece a obrigatoriedade de registro,
unidades constitutivas, a sua composição e na COPAM, por parte dos responsáveis pela
os procedimentos operacionais para o gerência de cada fonte de poluição
exercício das funções atribuídas ao Comité. existente no Estado.
23
V Figura 4.1. índice dos elementos utilizados sendo contínuas no centro-sul e nordeste. diversos corpos de rochas básicas e/ou
4. O meio natural no mapeamento geológico Ocorrem ainda sob a forma dômica no norter
do Estado, estendendo-se pelas cidades de
ultrabãsicas possuem faixas de esteatito
(pedra sabão), utilizado para artesanato,
4.1. Geologia
Itacambira, Porteirinha, Monte Azul e ãs vezes mineralizado em talco,
Espinosa; e sob a forma de ilhas, nas principalmente no centro do Estado.
proximidades de Januãria e Monte Carmelo.
4.1.1. Introdução Os tipos litossomãticos que compõem esta . Associação de xistos, gnaisses e
unidade são: gnaisses kinzigíticos, gnaisses migmatitos - p6gm
As condições geológicas do Estado de charnockíticos, pegmatitos, gnaisses bandados,
Minas Gerais fazem dele uma área de gnaisses de composição granodiorítica, Os litossomas que constituem esta unidade
jazimentos em potencial de quase todos os gnaisses cataclãsticos e ortognaisses. ocorrem no nordeste do Estado, numa faixa
minerais existentes no País. Os principais Localmente ocorrem rochas manganesíferas, de direção aproximadamente NS, estendendo-se
minerais ocorrentes no Estado são metabasitos, anfibolitos, xistos, desde a região de Almenara, e adelgaçando-se
notadamente: berilo, cádmio, urânio, prata, cataitabiritos, rochas básicas e para o sul até a região de Mantena.
arsênico, alumínio, zinco, cobre, chumbo, ultrabãsicas. Faixas quartzíticas ocorrem
níquel, mármore, calcários, caulim, com freqüência, formando cristas. Os minerais As rochas desta unidade são representadas
quartzo, estanho, bauxita, manganês, que compõem esses tipos petrográficos são: por xistos, gnaisses melanocráticos,
diamante, ouro e minério de ferro. quartzo, feldspato, muscovita, biotita, gnaisses kinzigíticos, migmatitos diversos,
anfibõlios, granadas, sillimanita, zircão e anfibolitos e quartzitos. Esses tipos
Ao iniciar-se o século XX, a geologia em apatita. litossomáticos são mineralógicamente
Minas Gerais passou a desenvolver-se constituídos por quartzo, feldspato,
rapidamente, com um acervo bibliográfico muscovita, biotita, anfibõlios, granadas,
Normalmente todo o conjunto encontra-se
bastante amplo, principalmente no tocante â sillimanita, cordierita, epidoto e zircão.
perturbado, localmente podendo apresentar
geologia econômica, pois as pesquisas eram até cinco fases de dobramentos, com pelo
geralmente encaminhadas em direção âs menos três sistemas de falhas de direções Este grupo litolõgico acha-se intensamente
jazidas minerais. Entretanto, as maiores distintas. dobrado e falhado, evidenciando mais de três
dificuldades para um perfeito conhecimento fases tectónicas. Associam-se â última
da geologia mineira repousam na carência de Os lotossomas acham-se intemperizados, fase tectónica inúmeros veios, apófises,
dados geocronológicos, necessários para a resultando conseqüentemente num manto de diques e corpos de rochas quartzo-
análise do empilhamento das unidades do rocha decomposta, onde ainda se pode, -feldspãticas, responsáveis pela formação
embasamento. A falta de continuidade normalmente, observar os principais aspectos de migmatitos. O intemperismo propiciou
geográfica dessas unidades, aliadas ao fato estruturais. Nesse manto de decomposição o aparecimento de um espesso e freqüente
de possuírem um modelado tectónico complexo, os minerais instáveis são lixiviados, manto de decomposição nestas rochas, salvo
dificulta ainda mais as possíveis sem necessidade de conhecimento específico. concentrando normalmente o óxido de ferro e nas de natureza quartzosa.
correlações. Consideraram-se apenas os grandes traços o quartzo, com a formação de caulinita e
estruturais. A representação cartográfica hidrargilita. Na superfície desenvolve-se
das unidades foi simplificada, não se Inexpressivos pacotes de rochas
Atualmente o Estado encontra-se totalmente um manto regôlito, no qual coexiste manganesíferas, esporádicos corpos
coberto por mapeamentos geológicos básicos fazendo alusão ã natureza dos contatos. material orgânico. São raros os locais onde
Complexos, grupos e formações com litologias pegmatíticos mineralizados em feldspato e
(escala 1:250.000), pela Carta Geológica do a rocha gnãissica não decomposta é aflorante, uma grande reserva de grafita na região de
Brasil ao Milionésimo,do DNPM,e parcialmente afins foram englobados em associações a não ser localmente,ao longo dos drenos e
correspondentes, como por exemplo a de Pedra Azul, são os principais recursos
por mapas de projetos integrados (escala nas cachoeiras. minerais desta unidade.
1:500.000), como o do PLANOROESTE II e do Araxã-Andrelandia-Canastra (pGaac). O texto
Vale do Jequitinhonha (Figura 4 . 1 ) . foi escrito de forma sucinta, evitando-se
citações bibliográficas, apesar de terem Sob o ponto de vista econômico, os
Indiscutivelmente, a área de maior principais recursos minerais são: pedras . Supergrupo Rio das Velhas - pGrv
concentração de trabalhos de geologia, tanto sido consultadas todas as informações
disponíveis. A descrição das unidades preciosas, minerais de lítio, tantalita-
pura quanto aplicada, é a região central do -columbita e cassiterita, que ocorrem Engloba-se aqui um conjunto de rochas
Estado, principalmente a área conhecida como obedeceu ã seguinte seqüência: localização
geográfica, tipos de rocha, mineralogia, principalmente nos pegmatitos distribuídos acamadadas e um conjunto de corpos básicos
Quadrilátero Ferrífero. nos vales dos rios Doce e Jequitinhonha; e ultrabãsicos xistifiçados ou não,
manto de decomposição e citações dos
principais recursos minerais inerentes a veios quartzosos enriquecidos em ouro, localizados na região do Quadrilátero
Tratar a geologia em todos os seus aspectos, essas unidades. responsáveis pelos aluviões auríferos, Ferrífero.
numa região complexa como Minas Gerais, é ocorrem principalmente nos municípios de
tarefa difícil, e, além disso, extrapoia o Conselheiro Lafaiete, Lagoa Dourada, Em sua maioria constitui-se de xistos
objetivo deste trabalho, que ê caracterizar 4.1.2. Unidades geológicas Catas Altas da Noruega e Piranga; gnaissifiçados, filito-xistos,
as unidades geológicas de Minas Gerais, com faixas de material manganesífero com metavulcânicas, quartzo-xistos, quartzitos
fins específicos de aplicação em estudos • Proterozõico pequenas concentrações, em sua maioria quartzo-carbonato-xistos, itabiritos,
ambientais. lavradas desordenadamente, são encontradas anfibolitos, esteatitos e ultramãficas.
. Associação de gnaisses principalmente no centro e centro-leste do Os minerais que compõem esses tipos
Assim, optou-se pela elaboração de um mapa diversos - p6gn Estado; grande jazida de grafita de petrográficos são: quartzo, feldspato,
(Mapa 1) que retrata tão somente as grandes excelente qualidade encontra-se próximo de muscovita, biotita, óxidos de ferro,
unidades geológicas, caracterizadas por As rochas que compõem esta unidade estão Itapecerica; jazidas de agalmatolito ocorrem carbonatos, anfibõlios, tremolita,
tipos rochosos facilmente identificáveis, generalizadamente distribuídas no Estado, principalmente no município de Pará d*=» Minas; piroxênios, zircão, apatita e pirita.
25
Todo o conjunto encontra-se intensamente rasgamento. O manto de intemperismo Supergrupo Espinhaço - pSe Os minerais constituintes desses litossomas
perturbado, mostrando dobras e falhas normalmente chega a dezenas de metros, são principalmente quartzo, muscovita,
diversas. O manto de decomposição das exceto nos locais onde predominam rochas As rochas pertencentes a este supergrupo sericita, biotita, carbonatos, feldspatos,
rochas cria um produto sapropélico com quartzosas. Sobre os litossomas distribuem-se numa faixa de direção anfibõlios, granadas, zirconita e epidoto.
elevado teor de alumina e ferro. ferruginosos encontram-se geralmente aproximadamente sul-norte, iniciando-se nas
Dificilmente ê encontrada rocha fresca na crostas ferruginosas (canga), e sobre os proximidades de Caeté, até penetrar em 0 conjunto acha-se estruturado numa faixa
superficie, pois o manto de decomposição aluminosos, solos lateríticos bauxíticos. território baiano. Dentro do conjunto que baliza ao norte a cunha tectónica da
normalmente excede a dezenas de metros. destaca-se uma seqüência quartzosa, seqüência Varginha-Guaxupé. O sistema de
Freqüentemente encontram-se solos Sob o ponto de vista econômico, destacam-se responsável pela morfologia da Serra do falhas inversas exibe uma direção
laterlticos e localmente uma cobertura de as grandes reservas de minério de ferro, Espinhaço. preferencial leste-oeste. Espessos mantos
canga. como a do Pico do Cauê, Pico de Itabira, de intemperismo, com até 10 metros, ocorrem
Serra do Curral, Mutuca, Serra da Moeda, As rochas que compõem esta unidade são: freqüentemente.
Sob o ponto de vista econômico, destacam-se etc. Jazidas de bauxita são encontradas em quartzitos, filitos, metaconglomerados,
os grandes jazimentos de ouro e prata, Ouro Preto e Mariana. As jazidas de minério metavulcânicas e itabiritos. Os minerais Sob o ponto de vista econômico, encontram-se
associados aos fáceis xistos verdes, como de manganês encontram-se associadas ao que compõem esses tipos de rochas são: reservas de calcário nas proximidades de
as grandes jazidas de ouro de Nova Lima e itabirito, ao longo da Serra da Moeda, e no quartzo, feldspato, óxido de ferro, hematita, Barroso, Macaia e Carandaí, e de caulim na
Raposos. Grandes faixas de gondito, com local denominado Conta História, nas lentes anfibõlio, clorita, sericita e caulinita. região de Prados e São João Del Rei.
minas de manganês localizadas, ocorrem na carbonatadas do Fecho do Funil, e, como
região de Dom Silvério e Alvinõpolis. enriquecimento supergênico, ao longo da Estruturalmente o conjunto acha-se . Associação Araxã-Andrelândia-
Rochas verdes classificadas como máficas e seqüência de filitos prateados. O ouro intensamente dobrado e falhado. O principal Canastra - p€aac
ultramãficas são hoje aproveitadas nas ocorre nos itabiritos (minas de Passagem de sistema de falhas encontra-se orientado
usinas siderúrgicas como leito de fusão. Mariana) e nos veios de quartzo associados segundo a mesma direção da Serra do Grupou-se sob esta denominação um conjunto
aos quartzitos (Ouro Preto). As jazidas de Espinhaço. O intemperismo produz um solo litossomãtico semelhante, distribuído
. Seqüência Varginha-Guaxupé - p€vg caulim localizam-se principalmente na argiloso avermelhado sobre as rochas principalmente na região de Andrelândia,
Serra de Itabirito. As reservas de vulcânicas e filíticas, e um solo arenoso Passos, Ibiã, Araxã, Tapira e ao norte do
calcários e dolomitos são utilizadas para nas rochas quartzosas. Triângulo Mineiro, no vale do Rio Paranaíba.
Localiza-se no extremo sudoeste do Estado,
brita, corretivos agrícolas e refratários.
com área em forma de cunha, com o extremo
O quartzito Moeda, quando plaqueado, é As rochas que constituem esta unidade são:
ENE na cidade de Elói Mendes, e com abertura Sob o ponto de vista econômico, destaca-se
utilizado na construção civil. Jazidas de muscovita-sericita-biotita-xistos, gnaisses,
para oeste em direção a Guaxupé e pela produção de diamante nos
topázio imperial são encontradas na região calco-xistos, anfibólio-xistos,
Camanducaia. metaconglomerados das proximidades de
de Ouro Preto, Rodrigo Silva, grafita-xistos, granada-xistos, quartzitos,
Guinda, Sopa e São João da Chapada.
Antônio Pereira e Cachoeira do Campo. lentes de calcário, filitos, rochas básicas
Esta seqüência ê constituída essencialmente Localmente blocos de quartzitos são
Uma jazida de pirita, com ouro e prata e ultrabãsicas. Os minerais presentes
por gnaisses, granitos, granulitos e aproveitados na construção civil.
associados, é encontrada ao sul de nessas rochas são: muscovita, sericita,
migmatitos diversos. A mineralogia é Ouro Preto. Corpos de sulfeto de antimônio
genericamente constituída por quartzo, . Grupo Itacolomi - pei biotita, quartzo, feldspato, granada,
associados aos veios auríferos também calcita, dolomita, anfibõlitos, grafita,
feldspato/plagioclãslo, micas, anfibõlios, ocorrem na Serra de Itabirito, no local
cordierita, sillimanita, granada, zirconita As rochas que compõem esta unidade plagioclãsio, epidoto, zirconita, apatita,
denominado Cata Branca. Reservas de urânio sulfetos e óxidos.
e epidoto. e ouro encontram-se nas Serras da Moeda e distribuem-se ao sul de Ouro Preto, na
da Gandarela. Fontes de água quente são Serra do Itacolomi, ao norte de Ouro Branco,
Do ponto de vista estrutural, a seqüência registradas nas proximidades de Itabirito, na serra homónima, e ao norte de Mariana, Nos termos quartzíticos o manto de
Varginha-Guaxupé encontra-se balizada ao sul de Itabira e na Serra do Caraça. na Serra do Fraga. decomposição é praticamente inexistente,
e ao norte por falhas de empurrão. enquanto que nos demais é proeminente, com
O intemperismo cria nesta unidade um espesso Os tipos de rochas que compõem esta unidade espessuras variadas, atingindo localmente
manto de rocha decomposta, com preservação são: quartzitos, filitos, xistos, até 15 metros. No aspecto estrutural, o
das principais estruturas sob o manto . Associação Charnockítica - pesch quartzo-xistos e itabirito. Os minerais conjunto encontra-se extremamente dobrado,
laterítico. constituintes são: quartzo, muscovita, além de apresentar falhas de cavalgamento
Esta seqüência distribui-se numa faixa quilométricas.
sericita, óxidos de ferro, sillimanita,
contínua dê direção NNE, iniciando-se nas
Economicamente a seqüência Varginha-Guaxupé pirita e granada.
proximidades de Juiz de Fora, e indo até o Do ponto de vista econômico, a unidade
destaca-se pelas reservas de argilas,
vale do Rio Jequitinhonha. Todo o conjunto acha-se estruturado em destaca-se principalmente pela grande
utilizadas pelas olarias da região.
sinclinais, com falhas de cavalgamento de reserva de cianita e pelo grande depósito
Os tipos de rocha que compõem esta unidade direção norte-sul. O litossoma quartzítico de ilmenita. Ocorrem também faixas
. Supergrupo Minas - p8mi
são: charnockitos, granulitos, anfibolitos, apresenta pequeno manto de decomposição, manganesíferas.
dioritos, gabros, piroxenitos, migmatitos e enquanto nos outros litossomas atinge média
O Supergrupo Minas aqui descrito retrata tão quartzitos diversos. Os minerais
somente as seqüências metassedimentares e de 5 m de espessura. . Grupo Macaübas - pem
constituintes .desses tipos de rocha são
metavulcânicas do Quadrilátero Ferrífero. principalmente: quartzo, feldspato,
Ocorre ao longo das serras da Moeda, Del Os quartzitos que possuem a propriedade de Esta unidade ocorre nos flancos ocidental e
hiperstenio, mica, sillimanita, olivina,
Rei, de Itabirito, de Ouro Preto, de anfibõlio, piroxênio, zirconita e apatita. se partirem em placas são utilizados na oriental da Serra do Espinhaço,
Antônio Pereira, de Ouro Fino, do Caraça e construção civil, tanto como revestimento estendendo-se de Jaboticatubas até o norte
da Piedade. Abrange principalmente os como nas edificações de muros autodrenantes. do Estado, e penetrando em território
Esses litossomas acham-se intensamente O grupo Itacolomi destaca-se também por baiano.
municípios de Belo Horizonte, Itabira e tectonizados, principalmente segundo um
Ouro Preto. alguns jazimentos de itabiritos. Na Serra
sistema de falhas de direção SSO-NNE. de Ouro Branco ocorre mineralização de Os tipos litossomãticos dessa unidade são:
platina e ouro, com paládio e iridio. micaxistos, filitoxistos, diamictitos,
Os litossomas que constituem este supergrupo A decomposição produz um manto de 5 a 10 tilitos, metaconglomerados, pegmatitos,
são: quartzitos sericíticos, filitos, metros de espessura, onde normalmente se . Grupo São João Del Rei - p6sj xistos ferríferos e manganesíferos,
itabiritos, calcários, dolomitos, quartzitos podem observar os minerais alterados e as ritmitos, calcários, calco-xistos,
ferruginosos, filitos prateados com lentes estruturas de deformações. As rochas que compõem esta unidade metagrauvacas e quartzitos. Os principais
de itabiritos e de calcários, filitos distribuem-se segundo uma faixa de direção minerais constituintes dessas rochas são:
grafitosos e filito-xistos. Sob o ponto de vista econômico, praticamente aproximadamente leste-oeste, desde a cidade biotita, muscovita, sericita, quartzo,
Mineralógicamente, esses tipos de rochas é na faixa de migmatitos que se encontram a de Três Pontas, passando por calcita, granada, sillimanita, cordierita,
apresentam mica, argilo-minerais, óxido de suite pegmatítica, portadora de pedras São João Del Rei, e estendendo-se até as cianita, epidoto e estaurolita.
ferro, dolomita, quartzo, grafita, calcita, preciosas, feldspato, caulim e mica, proximidades de Barbacena.
hematita, sillimanita, granada, cianita e principalmente em Governador Valadares e Parte da unidade que ocorre no flanco
acessórios. Teófilo Otoni. Na região de Mar de Espanha Os tipos litossomãticos são constituídos ocidental da Serra do Espinhaço acha-se
encontram-se grandes reservas de mármore e principalmente por filitos, metassiltitos, intensamente falhada e fraturada. Essas
Todo o conjunto é dobrado em sinclinais e calcários. Na região de Ubá - Rio Pomba xistos, metagrauvacas, calcários, falhas normalmente são inversas, com direção
anticlinais, observando-se falhas de encontram-se vários jazimentos de bauxita. calcoxistos, metacongiomerados e quartzitos. aproximadamente norte-sul. O conjunto que
ocorre no flanco oriental, além de estar Esta unidade não foi submetida a tectonismo. Além dos tufos, freqüentemente ocorrem com estratificações cruzadas. O manto de
intensamente falhado e fraturado, acha-se Por isso suas camadas encontram-se arenitos e conglomerados, cuja matriz decomposição é espesso, atingindo até
freqüentemente dobrado. horizontalizadas. 0 manto de decomposição apresenta grande quantidade de cinzas 10 metros.
é praticamente nulo. vulcânicas (arenitos e conglomerados
0 manto de decomposição é mais freqüente cineríticos), e, esporadicamente, lavas
nas rochas xistosas que guardam localmente melanocráticas. A mineralogia dessas . Formação Gandarela - Tg
. Formação Serra Geral - JKsg
suas texturas e estruturas. Nas faixas rochas, genericamente, é a seguinte:
quartzosas o manto de decomposição ê As rochas que compõem esta formação quartzo, olivina, piroxenios, plagioclásios Esta bacia terciária situa-se a sudeste de
incipiente. localizam-se a sudoeste do Estado, na e minerais de argila. Belo Horizonte, próximo â cidade de
região de Sao Sebastião do Paraíso e Rio Acima. A seqüência litolõgica desta
Sob o ponto de vista econômico, destaca-se Represa de Peixoto, e na região do Esta unidade apresenta estruturas de unidade ê representada por camadas de
a produção de pedras preciosas, minerais de Triângulo Mineiro, principalmente nos correntes de acumulação de piroclastos e argilas esbranquiçadas, leitos de linhitos
lítio, feldspato, caulim, cassiterita, municípios de Sacramento, Uberaba, cinzas vulcânicas,associadas, em parte, a e folhelhos betuminosos com matéria
tantalita-columbita, principalmente na Uberlândia e Araguari, e nos vales dos estruturas sedimentares elásticas. carbonosa e linhito. Esses litossomas
região de Araçuaí, Itinga e Coronel Murta. rios Grande, Araguari e Paranaíba. mostram uma mineralogia constituída quase
Encontram-se também manganês na região de essencialmente por argilo-minerais, quartzo
Nos tufitos o manto de decomposição é
Rio Pardo e uma grande reserva de minério Os tipos litossomãticos constituintes desta e matéria carbonosa.
espesso, enquanto que nos arenitos e
de ferro na região de Porteirinha-Rio Pardo. unidade são lavas basálticas com arenitos conglomerados ê pouco desenvolvido. Embora
intercalados. Olivina, piroxênio, não estejam sendo utilizados, os tufos são Os estratos apresentam estruturas primárias
. Grupo Bambuí - pGb plagioclãsio e quartzo são os constituintes potencialmente promissores como de acamamento. Os sedimentos mostram-se
mineralógicos principais. fertilizantes. recobertos por aglomerados de argilas
As rochas que compõem esta unidade formadas pelo intemperismo e retrabalhamento
distribuem-se na regiões noroeste, norte e Trata-se de derrames de lavas estruturadas desses aglomerados. Dentre os recursos
. Formação Urucuia - Ku minerais dessa unidade destacam-se linhitos
centro do Estado. Os tipos petrográficos em estratos acamadados, localmente
que compõem esta unidade são siltitos, englobando lentes e camadas de arenitos. e matéria carbonosa.
Esta unidade morfoestratigrãfica
ardósia, filítos calcíferos, áreoslos, O manto de decomposição é normalmente distribui-se na região noroeste do Estado.
argilitos, quartzitos, calcários e dolomitos. espesso, atingindo até 30 metros nas lavas, e Constitui-se de arenitos finos a médios, . Formação Fonseca - Tf
A mineralogia dessa seqüência é representada praticamente inexistente nas lentes e arenitos caulínicos, arenitos ferruginosos e
por minerais de argila, sericita, quartzo, camadas de arenitos. conglomerado basal polimíctico. A Bacia do Fonseca situa-se no município de
muscovita, feldspato, calcita, dolomita, Alvinõpolis, ao norte-nordeste de Ouro Preto.
hemimorfita, galena, blenda, fluorita, As rochas que constituem a sequencia
apatita, wavelita, etc. , Formação Botucatu - JKb Os principais minerais dessas rochas são sedimentar dessa bacia são: conglomerados
representados por quartzitos, caulim, ferruginosos, folhelhos argilosos muito
Os litossomas desta unidade formam pequenas minerais de argila, óxido de ferro, opacos, fossilíferos, areias mecãceas, arenitos,
Dois estilos tectónicos distintos são etc.
observados no Craton do São Francisco. faixas no sudoeste do Estado, nas argilitos e folhelhos betuminosos com
Um no centro da área de ocorrência da proximidades da Represa de Jaguara. nódulos de madeira carbonosa. A mineralogia
Quanto â estrutura, caracteriza-se pela desses sedimentos ê representada por
unidade, com extensão para norte e para sul,
Sob esta denominação englobam-se forma tabular de suas camadas argilo-minerais, micas, quartzo, óxido de
seqüência estratigráfica e camadas
principalmente arenitos, siltitos, folhelhos horizontalizadas e com freqüentes ferro e materiai carbonoso.
horizontais; o outro nas faixas marginais
e conglomerados. A mineralogia dessas estratificações cruzadas.
desse craton, com seqüência estratigráfica e
camadas intensamente dobradas e falhadas. rochas é representada por quartzo, sericita Esta sequencia estratigráfica não foi
e minerais de argila. 0 manto de decomposição nas superfícies afetada por evento termodinâmico maior, e
tabulares é sempre freqüente, e por esta razão o principal aspecto
A natureza pelítica e carbonatada da caracteriza-se pelos regõlitos de areias
seqüência Bambuí favoreceu a formação de um estrutural restringe-se a estruturas
Todo o conjunto acha-se horizontalizado, inconsolidadas, e localmente por regõlitos primárias de acamamento.
espesso manto de decomposição, ao passo que argilo-arenosos.
pois trata-se de sedimentos não afetados
nas rochas de natureza quartzosa o manto de
por tectonismo, A principal característica Quanto ao intemperismo, pode-se considerar
decomposição é praticamente nulo.
dos arenitos é apresentarem-se recozidos . Formação Areado - Ka que a cobertura de canga ferrífera é o
pelos derrames de lavas basálticas, quando produto desse processo sobre o conglomerado
Sob o ponto de vista econômico, destacam-se intertrapeados. Distribui-se no centro-oeste do Estado,
as reservas de zinco na região de Vazante, ferruginoso do topo da seqüência. Linhito,
principalmente na região do vale do turfa e matéria carbonosa são os recursos
a associação chumbo, zinco e cádmio em Rio Abaeté. Caracteriza-se litologicamente
Paracatu, e as grandes reservas de calcário minerais desta unidade.
. Formação Bauru - Kb por arenitos, argilitos, folhelhos,
distribuídas principalmente nas regiões de siltitos, conglomerados com ventifactos e,
Sete Lagoas, Paracatu-João Pinheiro, . Coberturas Detríticas - Qd
Esta unidade ocorre em sua quase totalidade subordinadamente, por arenitos calcíferos.
Montes Claros, Pirapora, Januaria, A mineralogia é composta por quartzo,
na área compreendida entre os vales dos Trata-se de uma unidade areno--rgilosa
1 tacarambi e Montalvânía. O grupo rios paranaíba e Grande. seus litossomas sericita, argilo-minerais e calcita, entre
destaca-se também pelas reservas de fosfato outras substâncias. distribuída principalmente no noroeste,
são representados por arenitos, arenitos norte e nordeste do Estado. É constituída
situadas principalmente na região de cineríticos, conglomerados, âs vezes
Patos de Minas. Ocorrem ainda chumbo, zinco, por areias finas e argilas sílticas
calcíferos, lentes de calcários, siltitos e A principal estrutura desta unidade são as localmente laterizadas, âs vezes com
prata, vanádio e fluorita na região de argilitos. Entre outros, destacam-se os constantes estratificações cruzadas nos
Montalvânia, Januãria e Itacarambi. espessas cascalheiras. Essa cobertura
seguintes constituintes mineralógicos: litossomas arenosos. Normalmente o manto corresponde predominantemente a solos, em
quartzo, sericita, plagiocásio, olivina, de decomposição dessas rochas ê pouco especial ao latossolo húmico, muito
calcita e minerais de argila. desenvolvido. lixiviado.
• Fanerozõico
Essas rochas mostram estruturas sedimentares . Grupo Barreiras - Tb
Formação Itararé - Cit horizontalizadas. O manto de decomposição
nos termos carbonatados e cineríticos é O Grupo Barreiras ocorre principalmente na . Coberturas Aluvionares - Qa
Localiza-se no sudoeste do Estado, numa relativamente espesso, com cerca de região de Nanuque-Carlos Chagas, e
estreita faixa com direção norte-sul, 10 metros. Nos demais termos atinge apresenta pequenas manchas em chapadas na Os mantos aluvionares são encontrados no
passando por Monte Santo de Minas e espessura de 1 a 5 metros. Como recursos região de Araçuaí. Sob essa denominação centro do Estado, em parte da região oeste
São Sebastião do Paraíso. minerais destacam-se as jazidas de englobam-se arenitos, arenitos (Triângulo Mineiro), em toda região leste
calcários próximas ã cidade de Ponte Alta. conglomerãticos, siltitos e argilitos. (afluentes do Rio Doce e do Rio Mucuri),
Os tipos de rochas que compõem esta unidade A mineralogia dessas rochas é constituída toda região nordeste (bacia do Rio
são: arenitos, siltitos, diamictitos, . Formação Mata da Corda - Kmc principalmente de quartzo, sericita, Jequitinhonha) e região centro-norte (rios
ritimitos, conglomerados e localmente minerais de argila e óxido de ferro. das Velhas e São Francisco). Os mantos
arenitos arcosianos. Os principais Essas rochas vulcano-sedimentares ocorrem aluvionares do sul de Minas são menos
constituintes dessas rochas são quartzo, na região limítrofe das bacias dos rios Trata-se de uma unidade morfoestratigrãfica expressivos e foram trabalhados para ouro,
feldspato e minerais de argila. Paranaíba e são Francisco. em estruturas sedimentares de acamamento. por ocasião da entrada dos bandeirantes.
27 V
As coberturas aluvionares são constituídas Estas rochas constituem-se principalmente seja enquadrado na categoria de Síntese entalharaento linear por cursos d*água de
principalmente por areias, argilas e de serpentinitos, dioritos, dunitos, Geomorfolôgica. No entanto, o mapa mostra diferentes ordens de grandeza. São formas
cascalhos. Freqüentemente as partes diabãsicos, metaultrabasitos e xistos verdes. um grau de confiabilidade razoável para a características de raorfogênese úmida, e 1
argilosas adquirem espessuras consideráveis, As variações mineralógicas são inúmeras. parte obtida a partir de compilações, e que ocorrem, predominantemente, onde domina o
principalmente quando associadas a material De um modo geral estão metamorfizadas. perfaz aproximadamente 430.500 k m , ou seja, 2
intemperismo bioquímico. Nesse caso fazem
carbonoso. De um modo geral o manto arenoso O manto de intemperismo costuma ser espesso, aproximadamente 2/3 da área do Estado. parte de um domínio morfoclimático que 2
é pouco espesso, enquanto as cascalheiras e como resultado extremo aparece um solo Trata-se de áreas anteriormente mapeadas com ocupa extensas áreas no Estado, e ê
atingem metros de espessura. avermelhado, bastante utilizado para a utilização de fotografias aéreas verticais caracterizado pela vegetação florestal (que,
agricultura. em preto e branco, escala 1:60.000 e/ou todavia, foi destruída em sua
Os recursos minerais explorados são: imagens de radar escala 1:250.000, onde a maior parte). Fora desse domínio
diamante e ouro no norte e nordeste do As principais mineralizações são de talco e fotointerpretação foi seguida de controle de explicam-se as formas fluviais como
Estado; diamante, no oeste; ouro, cromita. Mineralizações de metais nobres campo ao longo de itinerários pré- resultantes de recuos de cabeceiras de
principalmente na região central; pedras como ouro, prata, platina e paládio estão -determinados. Para os 145.500 k m 2
drenagem ocorridos no passado geológico
preciosas e gemas de um modo geral, no de um modo geral relacionadas âs rochas restantes, a precisão dos resultados ê recente, como reflexos de reencaixamentos
nordeste e leste; cassiterita e columbita- básicas. menor, por se basear apenas em imagens dos cursos d'água principais. As variedades
-tantalita, no centro-sul, no leste e no LANDSAT II na essala 1:500.000, e por não mais comuns de formas de dissecação fluvial
nordeste de Minas Gerais. Em sua maioria esses tipos de rochas básicas terem sido realizados trabalhos de campo. são: cristas, pontoes, colinas com vales
e ültrabãsicas são utilizadas "in natura", A Figura 4.2 mostra as áreas onde foram encaixados ou de fundo chato e vertentes
• Rochas intrusivas principalmente para confecção de peças feitas compilações e a parte onde os dados ravinadas.
artesanais. A rocha básica ê também muito foram extraídos exclusivamente de imagens
. Rochas Alcalinas - utilizada como leito de fusão em altos- LANDSAT.
As formas de dissecação e acumulação
-fornos. correspondem, em geral, às áreas rebaixadas
As rochas alcalinas ocorrem principalmente Figura 4.2. índice dos elmentos utilizados por erosão fluvial, onde se encontram
sob forma dlapírica, e se localizam em . Granitos Intrusivos - 6 no mapeamento geomori depósitos detríticos não consolidados.
Poços de Caldas, Tapira, Araxá e Constituem, portanto, formas compostas, como
Passa Quatro. Esta seqüência, de idade Localizam-se principalmente nos extremos os terraços, os vales colmatados e as formas
paleozoica, possui aspectos bastante nordeste e sudoeste do Estado, aflorando nas de exsudação do tipo veredas e depressões de
diversos das rochas também de decomposição proximidades de Conselheiro Pena, Nanuque, fundo chato.
alcalina, encontradas no embasamento Joalma, Itaobira, Pedra Azul, Santo Antônio
cristalino. do Jacinto e Coronel Murta. As formas de aplainamento originaram-se de
processos de erosão areolar típicos de
Os principais litossomas das alcalinas, que Constituem-se principalmente de climas semi-áridos, domínio da morfogênese
possuem formas diapíricas, são: sienitos granodioritos, quartzomonzonitos, tonalitos mecânica, caracterizada pelo desgaste físico
nefelínicos, foiaitos, fonolitos, tingualitos, e dioritos. Ocorrem ainda granitõides das rochas. Ocupam grandes extensões do
laujaritos, carbonatitos, brechas e tufos porfirõides de granulação média a grosseira. Estado, mas não integram um domínio
vulcânicos. Variedades como chimbinito, Compõem-se essencialmente de k-feldspato, morfoclimático em toda a sua área de
pseudo-leucita, tinguaito e analcita- quartzo, plogioclãsio, biotita e muscovita. ocorrência, visto que, em sua maior parte,
-tinguaito também ocorrem nesta unidade. Corpos pegmatíticos são freqüentes nos constituem paleoformas, isto ê, são formas
granitos do nordeste do Estado. herdadas de processos paleoclimãticos que
De um modo geral o intemperismo nestas Estruturalmente apresentam aspecto maciço. atuaram em períodos geológicos anteriores ao
seqüências atinge profundidades superiores O manto de intemperismo dessas rochas Holoceno (são terciárias e pleistocênicas em
a 100 metros. Em Tapira e Araxá é raro intrusivas é pouco espesso, com total sua grande maioria).
identificar-se rocha totalmente sã, o que predominância de exposição de rocha sã.
já acontece em Poços de Caldas e Com a convenção referente âs formas de
Passa Quatro. aplainamento, foram englobadas as seguintes
variedades: superfícies tabulares de
No Planalto de Poços de Caldas e em
Passa Quatro, o intemperismo propiciou
4.2. Relevo diferentes tipos, pedimentos, rampas de
colüvio coalescentes, superfícies aplainadas
condições especiais para aí se concentrarem e patamares pedimentados.
as melhores jazidas de bauxita do Estado. 4.2.1. Introdução P r o j e t o PLAN0R0ESTE I I - E s c a l a l i 5 0 0 000 - CETEC - 1980
Em Poços de Caldas ainda existem as As formas mistas de aplainamento e
seguintes mineralizações: argilas de Os estudos geomorfológicos, neste trabalho, dissecação fluvial são, na realidade,
I ~] P r o j e t o J e q u i t i n h o n h a - E s c a l e 1:500 000 - CETEC - Inédito
diversas qualidades, porém destacando-se as tiveram como objetivo caracterizar as grupamentos de formas contrastantes,
refratarias, que de modo geral situam-se ao grandes unidades de relevo, com seus morfológica e morfogeneticamente reunidas em
longo dos cursos d'água; jazidas de principais grupamentos de formas e seu toSèO Proàeto Rtàar/MG - EtctU 1:500 000 - ¡6A - 1977 função das limitações impostas pela escala
zircônio, encontradas sob a forma de veios, significado dentro das paisagens naturais. de representação.
depósitos aluvionares e eluvionares; tório
e terras raras associadas a veios de 0 relevo constitui um elemento fundamental I n t e r p r e t a ç ã o de l a a g e n s L n d s . t II • ( I d a ):Í00 Abrangem os grupamentos de formas tabulares,
magnetita, que cortam as alcalinas urbano- para a compreensão das inter-relações entre restos de- pedimentos e patamares rochosos
-molibdenífera. Esta mineralização consiste as estruturas rochosas, o clima, a com vertentes ravinadas e vales encaixados;
em uma brecha de tinguaito, com fluorita, O Mapa 2 sintetiza os fatos geomorfolõgicos
topografia, a vegetação, a hidrografia e o através de divisões-chaves, representando grupamentos de cristas e formas tabulares
pirita, minerais de molibdênio de urânio, solos, e da forma como esses fatores com vertentes ravinadas e vales encaixados;
vanadio e argila. as formas fluviais, de aplainamento, mistas
condicionam ou influenciam as atividades de aplainamento e dissecação fluvial, e as colinas com rampas de colüvio coalescentes;
humanas. formas cársticas. Visando uma melhor superfícies onduladas.
A estrutura alcalina de Araxá possibilitou a compreensão da dinâmica do relevo, foram
mineralização da maior jazida de nióbio do A configuração dos condicionamentos usados também alguns símbolos convencionais
mundo, além da mineralização de geomorfolõgicos do espaço geográfico leva ao em geomorfologia e pontos cotados.
consideráveis reservas de apatita, tório e conhecimento de algumas das chaves
urânio. necessárias para a compreensão e avaliação
do impacto ambiental provocado pelas C o n j u n t o de processos e v o l u t i v o s das
atividades humanas. Do ponto de vista formas de relevo resultantes das inter-
. Rochas Básicas e ültrabãsicas - 0
geomorfolõgico, a caracterização das formas 4.2.2. Formas de relevo -relações entre o clima e a cobertura
de relevo ê essencial para a identificação vegetal
Ocorrem em quase todo o Estado, porém
destacaram-se somente as mais expressivas, de áreas de desequilíbrio ambiental e de Entre as formas fluviais, distinguem-se duas
localizadas no centro-sul e centro-norte de equilíbrio precário. categorias: as de dissecação e as mistas de S i s t e m a d e f o r m a s d e r e l e v o q u e se
Minas Gerais. No sudoeste mineiro, na dissecação e acumulação. a s s e m e l h a m e se o r i g i n a m b a s i c a m e n t e do
cidade de Pratãpolis, destaca-se o complexo Ressalvam-se as limitações impostas pela m e s m o c o n j u n t o de processos e v o l u t i v o s
ultrabásico mineralizado em níquel. escala, que fazem cora que o mapa apresentado As primeiras são resultantes do trabalho de derivados do clima.
As formas cársticas originam-se de processos estruturas geológicas pouco ou nada com sua morfologia peculiar, predominam no Essas áreas alternam-se com zonas dissecadas
de dissolução e/ou corrosão e escoamento influíram na conformação do relevo- restante da depressão, formas aplainadas, que acompanham os rios principais e seus
subterrâneo. Constituem, em Minas Gerais, superfícies onduladas e pedimentos ravinados. afluentes, onde predominam vertentes
uma morfologia peculiar ãs áreas onde Realmente, mesmo considerando-se a existência ravinadas e vales encaixados, cristas,
ocorrem calcários. Apresentam-se comumente de vastas áreas dissecadas e rebaixadas do As extensas áreas rebaixadas mostram colinas e pontões. De 0 para E, as
como depressões do tipo "dolina", "uvala" embasamento cristalino, bem como de amplas altitudes predominantes em torno de 500 m. vertentes pedimentadas são substituídas
ou "poljê" e como elevações em platõs e depressões interplanaiticas desenvolvidas No contato com os escarpamentos ocidentais gradativamente por vertentes elaboradas sob
verrugas. ao longo de alguns cursos d'água, a visão da Serra do Espinhaço, predominam colinas e clima mais úmido, com ravinas e vales
de conjunto possibilitada pela correlação cristas com vertentes ravinadas e vales encaixados, onde são generalizados os
dos mapas geomorfolõgico e geológico do encaixados. depósitos de talus. Na região de Medina a
As formas mistas de aplainamento e dissecação deu origem a pontões, mornes
dissolução correspondem âs áreas onde as Estado, torna evidente a influência da
estrutura geológica, ou sejam, os Tanto em seus contornos gerais, como nas (colinas rochosas), cristas e vales
formas cársticas alternam-se ou coexistem alveolares.
com formas de aplainamento originadas de condicionamentos geológicos. Pode-se mesmo reentrâncias que apresenta no interior dos
pedimentação. afirmar que, se algumas unidades compartimentos de relevo mais elevados, a
geomorfolõgicas tem origem morfoclimãtica, formação da depressão sugere um . Setor Rio pardo
Para caracterizar a dinâmica do modelado do outras, na verdade, são essencialmente desenvolvimento originalmente linear,
relevo, foram utilizados símbolos morfoestruturais. controlado pela drenagem principal. A bacia do Rio Pardo apresenta relevo plano,
geomorfolõgicos indicativos de escarpas caracterizado por uma superfície de
(diferentes tipos); "fronts de C u e s t a " ; !
Constata-se, em síntese, que as cotas Os relevos cársticos ocorrem aplainamento bem preservada, evoluída no
"bogback" ; alinhamentos de cristas,
2
altimétricas mais elevadas, os grandes predominantemente concentrados na parte NE período Terciário. As altitudes
gargantas de superimposição; anticlinal escarpamentos, as cristas mais extensas e, da depressão, sobretudo em torno de dominantes estão entre 900 e 1.070 m.
esvaziado e sinclinal suspenso (originam-se enfim, a orientação e disposição geral do Januãria, Itacarambi e Barreiro da Jaíba.
de formas estruturais topograficamente relevo relacionam-se com as macroestruturas As ocorrências cársticas esparsas são locais As planícies são estreitas e contínuas no
invertidas pela erosão); sumidouro; geológicas, enquanto a tipologia geral das e não se apresentam como um carste típico. alto vale do Rio Pardo e seus afluentes, e
ressurgência e captura fluvial. Ao lado formas foi e continua sendo determinada por não se verificam mais a partir de 1 km
destes símbolos figuram outros mais processos erosivos de origem climática e/ou O exame dos depósitos de enchimento de abaixo da confluência do Rio São João do
elementares, como os limites de áreas e os pelas diferentes litologias. Também os dolinas, encontrados nas imediações de Paraíso, onde o Rio Pardo passa a correr
pontos cotados. Esses pontos foram limirtes das principais "massas" de relevo Janaúba, revelou uma fase de carstificação encaixado em leito rochoso.
distribuídos de modo mais ou menos sãO essencialmente erosivos, salvo nos anterior ao recobrimento da área pelos
sistemático, tanto para representar as casos em que existem sugestões de depósitos coluviais que revestem uma
altitudes predominantes em cada influência de tectonismo põs-cretãcicos na superfície de aplainamento pleistocênica. • Depressão do Jequitinhonha
compartimento de relevo, como para sugerir evolução geomorfológica, como no caso das
o desnível das escarpas. serras do Espinhaço e da Mantiqueira. O carste"ao norte de Belo Horizonte ê Corresponde a uma faixa de áreas rebaixadas
caracterizado por verrugas, torres e ao longo do Rio Jequitinhonha e alguns de
escarpas isoladas, intercaladas com seus afluentes. Apresenta altitudes que
cóncavo-convexas. Sob a influência de variam em torno de 400 m, com um caimento
4.2.3. Evolução geomorfológica 4.2.4. Unidades geomorfológicas intemperismo químico e bioquímico, os gradativo para leste, atingindo 150 m nas
proximidades de Salto da Divisa.
afloramentos calcários adquirem a forma de
Ressaltadas as formas cársticas, lapiez e caneluras. 0 carste dessa região A depressão perde sua continuidade ao sul
relacionadas com litologia muito específica, • Planalto do Sao Francisco de Barra de Salinas, num trecho de
ê caracterizado como "carste coberto", que
e alguns tipos de formas condicionadas pela não é muito comum em região tropical. aproximadamente 10 km, onde o Rio
estrutura geológica, a evolução Ê formado por superfícies tabulares Jequitinhonha se apresenta encaixado no
geomorfológica do território mineiro foi (chapadas com coberturas sedimentares planalto. Outros estrangulamentos foram
marcada predominantemente por processos de predominantemente arenosas), delimitadas observados, coincidindo com afloramentos
aplainamento e de dissecação fluvial. Os geralmente por rebordos erosivos bem * Cristas de Unaí quartzíticos. A depressão apresenta
processos de aplainamento(característicos marcados, recobertas por vegetação do tipo alargamentos maiores no baixo curso dos
de clima com regimes torrenciais), cerrado e entrecortadas por cabeceiras de São alinhamentos de cristas de orientação rios Araçuaí, Setúbal e Piauí, a jusante
essencialmente do tipo pedimentação, drenagem pouco aprofundadas, regionalmente geral NNO-SSE, intercalados com áreas de Almenara.
atuaram sobretudo no Terciário e no conhecidas como veredas. rebaixadas e aplainadas. Caracteriza-se
Pleistoceno, embora mais restritamente ainda como um relevo do tipo apalacheano: as
cristas são constituídas por quartzitos, e Caracteriza-se por uma superfície de
continuem atuantes em trechos do norte, Podem-se distinguir dois níveis de relevos aplainamento (do pleistoceno) dissecada em
nordeste e noroeste do Estado. Por outro tabulares: um com altitudes que variam de correspondem aos núcleos de anticlinais
colinas de topo aplainado, vales de fundo
lado, a morfogénese atual e favorável â 800 a 1.000 m; o outro ocorre em cotas truncadas pela erosão; os vales principais chato e interflúvios tabulares. Trechos
dissecação fluvial na maior parte da área. altimétricas que variam de 600 a 800 metros. seccionam as estruturas em gargantas de mais preservados são encontrados em torno
São relevos residuais posicionados entre superimposição; a drenagem secundaria, da cidade de Araçuaí e nos interflúvios dos
Em linhas bastante genéricas, pode-se dizer cursos d'água de drenagem do Rio sobretudo a rede de afluentes do Rio Preto, rios Setúbal, Calhauzinho e Piauí. Na
que o relevo de Minas Gerais, caracterizado São Francisco, elaborados sobre rochas do desenvolveu-se principalmente no interior confluência do Rio Piauí encontram-se formas
por planaltos, depressões e áreas Supergrupo São Francisco, e apresentam uma de sinclinais. As cristas que apresentam onduladas com restos dos depósitos coluviais
dissecadas, resultou de uma alternância de homogeneidade relativamente grande, topo aplainado estão eventualmente de superfície de aplainamento, intercalados
atuação de processos morfoclimãticos, sobretudo quando se consideram as extensas recobertas por formações superficiais com pedimentos, rampas de colúvio, terraços
favoráveis ora â elaboração de extensos áreas abrangidas. arenosas e planícies fluviais holocênicas.
plainos (superfícies de aplainamento), ora
ao entalhamento linear (aprofundamento dos • Depressão Sanfranciscana
cursos d'água). • Serra do Espinhaço
Desenvolveu-se ao longo da drenagem do Rio • Planalto Jequitinhonha-Rio Pardo
A topografia atual não resulta simplesmente São Francisco, inicialmente nos vales dos Essa unidade geomorfológica localiza-se na
da atuação de processos morfoclimáticos, grandes rios orientados por fraturas, . Setor Jequitinhonha parte central de Minas Gerais, e apresenta
embora guarde evidências bastante alargando-se posteriormente por processos de um desenvolvimento longitudinal; limita-se
expressivas nos topos das chapadas, de aplainamento. Nos trechos situados ao Abrange a maior parte do médio vale do Rio ao sul com o Quadrilátero Ferrífero e ao
períodos de aplainamento em paleoclimas longo dos rios Urucuia, Paracatu e Jequitinhonha, até as proximidades da norte ultrapassa a divisa do Estado,
semi-áridos (pediplanação), onde as São Francisco, a depressão e interplanáltica confluência do Rio São Miguel, na localidade prolongando-se pelo interior da Bahia.
e sua elaboração determinou a fragmentação de Jequitinhonha. A Serra do Espinhaço constitui divisor de
do Planalto do São Francisco. Na bacia do ãguas entre as bacias dos rios
1
Rio Verde Grande é tipicamente periférica â Compõe-se de áreas aplainadas, limitadas São Francisco/Pardo e São Francisco/
Relevo em estrutura monoclinal com caimento Bacia Sedimentar Bambuí. O piso da depressão por rebordos erosivos bem marcados, Jequitinhonha, no norte; e divide as bacias
suave . mostra uma variedade de aspectos litolõgicos denominadas regionalmente de "chapadas", dos rios Jequitinhonha e Doce, no leste.
que em nada condiz com a quase ausência de com altitudes mais freqüentes de 900 m, mas As cotas altimétricas predominantes estão
2
R e 1 e v o em e s t r u t u r a monoclinal com caimento variações topográficas de expressão atingindo cotas de 1.000 a 1.200 m em seus entre 1.000 e 1.300 m, sendo que ao sul
acentuado. regional. A exceção das áreas cársticas. setores oeste e sudoeste. freqüentemente ultrapassam 1.400 m.
29
Constitui-se,em sua maior p a r t e , de formas Observa-se nesta unidade a ocorrência do Planalto Jequitinhonha-Rio Pardo, com as proporcionou a ampliação das bacias de
de dissecação em rochas do Supergrupo freqüente de áreas endorréicas ou de formas cõncavo-convexas dos Planaltos drenagem para o interior, o que fez recuar
Espinhaço e r e s t o s de a n t i g a s superfícies endorreísmo parcial, algumas das quais Dissecados. Esse trecho do planalto a escarpa da Mantiqueira para oeste.
de aplainamento. As áreas a p l a i n a d a s correspondem atualmente a sítios de apresenta um caimento de oeste para leste, "As fraturas que franquearam a passagem dos
aitGrnam-se com picos e cristas elaboradas barragens. com altitudes que variam de 400 a 800 m. grandes rios não são mais observáveis
em quartzitos, e com grandes escarpamentos porque a erosão já alargou muito os vales.
geralmente orientados por fraturas. Algumas das escarpas que delimitam o No setor meridional, os Planaltos Dissecados Sõ a direção desses rios sugere a direção
Quadrilátero Ferrífero, elevadas centenas apresentam contato particularmente nítido geral das fraturas" (84).
Em quase toda a extensão da borda ocidental de metros acima das cotas médias das com a Serra do Espinhaço, Serra da Canastra,
da serra, observa-se uma sucessão de unidades vizinhas (escarpas do Caraça, por Quadrilátero Ferrífero e com as depressões Predominam nesta unidade formas de relevo
escarpas escalonadas, do tipo escarpa de exemplo), sugerem que não somente os vizinhas, excetuando-se alguns trechos de em colinas cóncavo-convexas, amplas
linha de falha. A borda oriental é também processos erosivos, mas também os movimentos Depressão do Rio Grande, onde se observa planícies aluviais e alinhamentos de cristas
limitada por escarpamentos descontínuos, tectónicos pos-cretácicos, atuaram na uma grande semelhança entre as' formas de isoladas, encontradas em dois níveis de
parcialmente desfigurados pela drenagem do evolução geomorfolõgica da área (8), (59). relevo e as cotas altimétricas das duas antigas superfícies de aplainamento:
Rio Jequitinhonha. 0 trecho sul mostra uni dades.
intensa dissecação fluvial, que resultou em • Depressão do Rio Doce - "Superfície de Leopoldina"(74), que
alinhamentos de cristas com direções N-S e Embora não seja tão marcante como no setor corresponde aos topos entre 300 e 400 m
NNO-SSE. Trata-se de uma área rebaixada e dissecada, leste, observam-se nesta área de altitude, onde predominam cristas e
situada ao longo dos vales dos rios Doce, condicionamentos tectónicos na conformação colinas, com vales de fundo chato.
Essa unidade geomorfolõgica abriga Suaçuí Grande, Urupuca e Manhuaçu, com do relevo, determinando uma adaptação Envolvendo esta superfície existe um nível
importantes aqüíferos fraturados que variação altimétrica de 450 a 1.000 m. parcial da drenagem e um alinhamento de de topos, bem regular, entre 450 e 500 m,
originam numerosas nascentes, entre as quais cristas segundo as direções preferenciais identificado com a "Superfície de
se encontrara as cabeceiras do Rio E caracterizada por colinas com vales de do Pré-Cambriano. Guarani-Rio Novo" (84). Esse nível
Jequ it inhonha. fundo chato, planícies fluviais colmatadas, regular se verifica em Carangola, nas
rampas de colüvio e lagos de barragem As altitudes são muito variáveis. Na zona serras a leste de Leopoldina (Serra das
(naturais). de encosta da Mantiqueira e Serra do Virgens), em Ubá e Visconde do Rio Branco.
Em seu trecho meridional se destaca a
Espinhaço, encontram-se cristas a 1.000 e O relevo ali é fortemente ondulado, com
ocorrência do conglomerado diamantífero Sopa,
• Planaltos Dissecados do Centro Sul 1.200 m, sendo que nos vales a altitude vales encaixados.
sob a cobertura detrítica de uma superfície
de aplainamento do período Terciario. e do Leste de Minas varia de 750 a 800 m.
• Serra da Mantiqueira
• Quadrilátero Ferrífero Esta unidade de relevo ocupa grande Nas proximidades de Santos Dumont, os
extensão no Estado de Minas Gerais, planaltos apresentam um desnivelamento Esta unidade estende-se a partir das
0 Quadrilátero Ferrífero constitui uma área Estende-se desde as proximidades da Serra erosivo originado do recuo de cabeceiras cabeceiras do Rio Camanducaia, no sul do
com características geomorfolõgicas da Canastra, no sul, por todo o leste e dos rios Xopotõ e Piranga, e das bacias dos Estado, pela divisa de Minas Gerais com
peculiares no Estado de Minas Gerais. extremo nordeste, ultrapassando os limites rios Doce e Paraíba do Sul. São Paulo e Rio de Janeiro,e prossegue de
Localiza-se na parte meridional da Serra do estaduais. modo descontínuo ao longo da fronteira
Espinhaço, entre a Depressão Sanfranciscana • Zona Rebaixada do Mucuri entre Minas Gerais e Espírito Santo.
e os Planaltos Dissecados do Centro Sul e Engloba parte do médio vale do Rio A partir das cabeceiras do Rio do Peixe,
do Leste de Minas. Apresenta altitudes Jequitinhonha, as cabeceiras do Rio Mucuri Trata-se do prolongamento de uma extensa afluente do Paraibuna, o bloco maciço da
médias em torno de 1.400 - 1.600 m. e a maior parte da bacia do Rio Doce, onde superfície sub-litorânea observada na foz Mantiqueira bifurca-se: uma faixa de
ó dividida pela Depressão Interplanãltica dos rios Jequitinhonha, Doce e elevações prossegue até Juiz de Fora, e a
do Rio Doce. Paraíba do Sul. Sua penetração em Minas se outra até as proximidades de Santos Dumont.
Encontram-se no Quadrilátero as nascentes
do Rio das Velhas, da drenagem do faz através do Rio Mucuri e seus afluentes.
São Francisco, bem como as nascentes do Os Planaltos Dissecados abrangem grande Caracteri za-se como uma zona rebaixada, Interrompida a nordeste de Juiz de Fora
Rio Piracicaba, um dos principais afluentes parte do interflúvio das bacias dos rios embutida nos Planaltos do Leste de Minas, pela Depressão do Paraíba do Sul, ressurge
do Rio Doce. São Francisco e Grande, e a maior parte das com caimento em direção ao Oceano Atlântico. na região de Astolfo Dutra, onde ê
encostas das serras do Espinhaço e da atravessada pelo Rio Pomba. Este segundo
0 condicionamento estrutural do relevo ê Mantiquei ra. Com exceção de um pequeno trecho próximo a bloco de elevações prolonga-se até as
marcante nessa unidade, e determinou a Nanuque, onde predominam as formas de nascentes do Rio Matipó. Participando desse
existência de formas de relevo invertido do A dissecação fluvial atuante nas rochas aplainamento, a superfície se caracteriza mesmo sistema de cristas e vales de
tipo sinclinal suspenso e anticlinal predominantemente granito-gnáissicas do por formas de dissecação fluvial do tipo alinhamento geral norte-sul, ocorrem ainda
esvaziado, elaboradas sobre estruturas embasamento Prê-Cambriano, resultou em colinas de topo aplainado, com altitude três blocos isolados, paralelos. O mais
dobradas. São comuns também as cristas formas de colinas e cristas com vales média de 200 m e vales de fundo chato. oriental, na divisa com o Estado do
estruturais do tipo "hogback" (monoclínal) encaixados e/ou de fundo chato, de maneira Espírito Santo, constitui a Serra do
e extensos escarpamentos erosivos, muitos generalizada em toda a extensão dos Alguns afluentes do Rio Mucuri apresentam Caparão, onde está situado o pico da
dos quais condicionados por linhas de falha. planaltos. planícies alveolares, não representadas no Bandeira, ponto culminante do Estado, com
Mapa Geomorfolõgico, dada a limitação da 2.890 m. Os outros dois blocos se
escala. interrompem, um ao sul de Manhuaçu, e o
Entre as rochas não controladas pela No setor leste, a dissecação fluvial
outro, mais a oeste, ao sul de Caratinga.
estrutura, predominam as cristas com produziu um relevo peculiar em afloramentos
vertentes ravinadas e vales encaixados,e as rochosos: os pontoes e mornes, que ocorrem • Depressão do Rio Paraíba do Sul
colinas com vales de fundo chato. isolados, assoeiados ãs colinas, ou em Nesses prolongamentos da Serra da
grupamentos. Os principais grupamentos de A Depressão do Rio Paraíba do Sul estende-se Mantiqueira, caracterizados por formas de
pontões relacionam-se com a rede de fraturas do baixo curso do Rio Paraibuna até uma relevo muito dissecadas, é identificada uma
No interior de sinclinais suspensos, foram e falhas de direção NE, e estão orientados área ao norte do Rio Muriaê, prolongando-se, série de topos nivelados em torno do
preservados nítidos vestígios da atuação nas mesmas direções dos fraturamentos. a leste, pelo Estado do Rio de Janeiro. 800-900 m, originada do desmonte erosivo de
de paleoclimas semi-áridos, tais como Alguns trabalhos correlacionam os pontoes Para o interior do Estado de Minas Gerais uma superfície de aplainamento denominada
pedimentos e "paleoplayas" . Essas 1
ãs zonas intermediárias que escaparam a uma evolui ate ^s escarpas da Mantiqueira, ao "Superfície de Ervãlia" (74), encontrada
paleoformas, datadas do período Terciário/ fraturação tectônica (14). norte de Visconde do Rio Branco (Serra de também nas proximidades de Manhuaçu,
Quaternário, foram preservadas São Geraldo). Em direção ao centro do Espera Feliz e Juiz de Fora.
principalmente pela proteção exercida por Estado alonga-se pelos vales dos rios
crostas ferruginosas (9) que ocupam extensas Entre as características morfológicas do
setor leste dos Planaltos Dissecados, Pomba e Novo. As formas de relevo se caracterizam ora por
áreas no Quadrilátero Ferrífero.
destacam-se os alinhamentos de cristas na escarpas, muitas delas envolvendo anfiteatros
direção geral N-S, interceptados pela Os rios que abriram a Depressão (Paraibuna, de drenagem, cristas subparalelas, vertentes
drenagem do Rio Doce e afluentes. Pomba e Muriaé) atravessam retilíneas, vales encaixados e orientados
perpendicularmente alinhamentos de cristas por fraturas na direção ENE-OSO, ora por
O contato com o Planalto Jequitinhonha é NE-SO, acompanhando fraturas de direção altas colinas, de topos arredondados,
An t i g a s d e p r e s s õ e s f o s s i l i z a d a s por gradativo, havendo interpenetrações de topos NO-SE. Devido a essa barreira de cristas, vertentes cóncavo-convexas e drenagem
d e p ó s i t o s c o l u v i o - a l u v i a i s. com coberturas detríticas - característicos a erosão remontante ao longo dos vales dendrítica. A Serra da Mantiqueira
30
apresenta as altitudes médias mais elevadas entre 1.000 e 1.450 m e predomínio das relevo de colinas, com altitudes dominantes basaltos. Esses efeitos de erosão
do Estado, entre 1.200 e 1.800 m. cotas acima de 1.300 m. em torno de 800 m. Nesse setor encontram-se diferencial estão relacionados com o
as barragens de Peixoto e de Estreito, e a desenvolvimento de depressões periféricas
Os topos mais elevados (1.700-1.800 m) estão Situada no interflúvio dos rios conformação é alongada, com disposição geral na borda da Bacia Sedimentar, e com a
nas bordas do Planalto de Campos do Jordão São Francisco, Paranaíba e Grande, esta NO-SE. configuração de "fronts de cuesta".
c das serras do Itatiaia e Caparão. unidade geomorfolõgica apresenta-se
Identificam-se como restos da superfície geralmente envolvida por altos e extensos O setor noroeste da Depressão do Rio Grande Em Minas Gerais o planalto ocupa todo o
denominada "Superfície de Altos Campos" (61) . escarpamentos, a maioria deles controlada é interplanãltico, e seus limites em Triângulo Mineiro, onde apresenta um
Nesses níveis mais elevados ocorre, por fraturas e falhas de direções gerais Minas Gerais são pouco nítidos, apresentando, caimento E-O de 1.000 m para 450 m, e parte
localmente, uma morfologia contrastante com NO-SE e E-O. por vezes, passagens gradativas para os do sudoeste do Estado, a margem esquerda
as formas típicas do modelado tropical, compartimentos mais rebaixados do Planalto do Rio Grande. Seus limites setentrionais
dominantes nas ãreas adjacentes. Essa Embora com predominância de formas de da Bacia Sedimentar do Paraná. As altitudes são, pois, a Depressão do Paranaíba (tipo
morfologia exótica tem sido interpretada dissecação fluvial, a parte setentrional ê predominantes na área variam entre 550 e periférico), a Depressão do Rio Grande
como reflexo de processos morfogenêticos mais compacta como grande compartimento de 580 m, sobre formas mistas de aplainamento (parcialmente periférica, no trecho ao sul
periglaciais que ali teriam atuado durante a relevo, destacando-se morfologicamente pelas e dissecação fluvial. da Serra da Canastra) e a extremidade norte
última glaciação do Quaternário (29). cristas semicirculares que envolvem a da Depressão Periférica Paulista.
J
A preservação do modelado periglacial chaminé alcalina de Tapira, pela grande
explicar-se-ia, nesse caso, pelas condições escarpa voltada para a Depressão do • Depressão do Paranaíba
No interior do planalto predominam as
climáticas locais, que favorecem a Rio Quebra Anzol, que 5 o setor sul da Desenvolve-se na borda da Bacia Sedimentar formas mistas de aplainamento e dissecação
desagregação mecânica das rochas,devido a Depressão do Paranaíba, e pelo Chapadão da do Paraná, nos vales do Rio Paranaíba e fluvial, sendo freqüentes também as formas
ação do gelo e degelo que ainda ocorre na Zagaia, extensa superfície tabular disposta seus afluentes Araguari e Dourados, tabulares do tipo mesa, sobretudo no
área (clima tropical de altitude ou na direção geral E-O, que se interrompe ao caracterizando-se como depressão periférica. interflúvio Rio Paranaíba-Rio Grande.
subtropical). norte também por uma escarpa controlada por Ao longo da Depressão do Paranaíba, Entre os afluentes desses dois rios que
falha. Ao sul, o chapadão é envolvido por predominam as formas de aplainamento e as retrabalham o Planalto, destacam-se o
O maciço de Itatiaia constitui, junto com o escarpa erosiva abrupta e bastante elevada, mistas de aplainamento e dissecação Araguari, o Tijuco e o Prata.
de Passa Quatro, uma das maiores ãreas de em cuja terminação SE encontra-se a queda fluvial; no restante da área ocorrem
inclusão de rochas alcalinas do Estado, d'água conhecida como Casca d'Anta, famosa sobretudo formas de dissecação fluvial. • Depressão Periférica Paulista
separadas por faixas gnãissicas, o que por sua beleza e por ser a nascente do
também gerou diferenças morfológicas nessas Rio São Francisco. A analise do mapa geomorfolõgico sugere que Esta unidade, prolongamento da depressão
ãreas. a depressão desenvolveu-se originalmente em caracterizada no Estado de São Paulo,
A parte meridional é constituída por três setores bem individualizados, controlados ocupa uma área restrita do sul de Minas, na
• Planalto Dissecado do Sul de Minas blocos de relevo e alguns grupamentos de pela drenagem principal, tendo-se ampliado região de Guaxupé. Predominam ali colinas
cristas de menor expressão. Nessa área é posteriormente, através de rebaixamento de de topo aplainado, elaboradas em rochas
Localizado no extremo sul do Estado, maior o controle pelas estruturas dobradas interflúvios, bem como do englobamento de migmatizadas e granitizadas do Complexo
estende-se para norte em direção â Serra da e metamorfizadas do Grupo Canastra na processos locais de desnudação periférica, Varginha-Guaxupé, com altitude média entre
Canastra, e tem como limites na parte conformação do relevo, embora as linhas de como os que se verificam em torno da chaminé 800 e 900 m.
ocidental o prolongamento da Depressão falhamentos antigos tenham também nítica vulcânica de Serra Negra. Essa interligação
Periférica Paulista e o Planalto da Bacia influência na evolução geomorfolõgica, de compartimentos rebaixados de relevo é, Caracteriza-se como depressão periférica â
Sedimentar do Paraná. Seus limites a leste sobretudo no controle da drenagem que isola alias, aproveitada pelo entroncamento Bacia Sedimentar do Paraná, estando
são descontínuos, estando o planalto os blocos. Foi, aliás, a partir dessa rodoviário em Patrocínio, num trecho em que limitada a leste pelo Planalto Dissecado do
fragmentado em blocos, devido a abertura da drenagem, que ocorreram interpenetrações de a depressão apresenta altitude média de Sul de Minas.
Depressão do Rio Grande e ao trabalho outra unidade geomorfolõgica na área: a 900 m.
erosivo de seus principais afluentes da Depressão do Rio Grande, que delimita a
margem esquerda, os rios Sapucaí e Verde. Serra da Canastra ao sui e sudoeste. As
demais unidades confrontantes são: a
O Rio Quebra Anzol, afluente do Rio Araguari
pela margem direita, evidencia o controle
4.3. Solos
Distingue-se nesse planalto, a área elevada Depressão Sanfranciscana e o Planalto do estrutural pelas camadas da bacia sedimentar
(1.500-1.800 m) do maciço alcalino de São Francisco, a nordeste; e a Depressão do do Paraná, na "percêe" cataclinal (garganta 4.3.1. Introdução
Poços de Caldas, em forma dômica, Paranaíba e o Planalto da Bacia Sedimentar afunilada) que secciona o primeiro "fronts
individualizado pelas cristas e escarpas do Paraná, a norte e noroeste, de cuesta" da borda do planalto.
1
Iniciados com as descrições de viajantes
abruptas, semicirculares, que o delimitam. respectivamente. como A. Saint Hilaire, C.F. Martins,
"Em conseqüência da elevação do domo de No baixo vale do Rio Paranaíba a depressão E. Warming, H. Smith, dentre outros, os
Poços de Caldas, as ãreas vizinhas de Depressão do Rio Grande apresenta trechos mais estreitos, variando estudos sobre os solos de Minas Gerais não
Poço Fundo e Campestre aparecem recortadas entre 400 e 600 m, e que foram em grande atingiram ainda nível satisfatório, apesar
por uma série de fraturas que orientam as Ê um amplo compartimento rebaixado de parte utilizados para construção de de em varias regiões haverem sido utilizadas
direções de drenagem" (65). relevo, desenvolvido ao longo da drenagem represas. modernas técnicas de levantamento pedolõgico.
do Rio Grande, que ocupa grandes extensões
Nas proximidades do Rio Grande são no Sul de Minas e pequena parte do • Planalto da Bacia Sedimentar do As informações atualmente disponíveis,
identificadas cristas que atingem até Triângulo Mineiro. Em seu desenvolvimento Paraná relativas ãs características, distribuição
1.600 m, e que são, em sua grande maioria, esta unidade isolou trechos do Planalto e extensão dos solos são ainda, em parte,
quartzíticas, seguindo um alinhamento de Dissecado do Sul de Minas, e promoveu o Trata-se do prolongamento em território insuficientes para a elaboração de um mapa
direção SO-NE. "Essas cristas apresentam-se recuo erosivo das camadas areníticas e mineiro, de uma unidade que ocupa grandes de solos preciso do Estado de Minas Gerais.
adaptadas ãs orientações dos gnaisses, basãlticas da Bacia Sedimentar do Paraná. extensões nos Estados de São Paulo e
assemelhando-se ãs cristas do tipo Paraná, e corresponde ãs camadas Pela Figura 4.3, pode-se constatar a
"apalacheano" (65). O setor meridional da depressão, sedimentares e derrames de rochas vulcânicas desuniformidade de padrão de detalhes
caracterizado por um relevo de colinas com (basaltos) da Bacia Sedimentar do Paraná. registrados entre regiões ou zonas
As formas de relevo apresentam-se como altitude média de 1.000 m, delimita-se com diferentes. Essa feição ê em parte
colinas de topo arredondado, vertentes a Serra da Mantiqueira, ao sul, com os Uma das características morfológicas mais determinada pela própria disposição natural
cóncavo-convexas e algumas planícies Planaltos Dissecados do Centro Sul e do marcantes desse planalto ê sua disposição dos diferentes solos, mas, principalmente
aluvionares abertas, que constituem uma Leste de Minas, ao norte e a leste, e com o em degraus ou patamares sucessivos, condicionada pela maior ou menor
superfície com altitudes predominantes entre Planalto Dissecado do Sul de Minas, a oeste. resultantes da atuação de processos erosivos disponibilidade e precisão de informações
1.000 e 1.100 m. A parte noroeste do setor meridional é sobre as camadas areníticas alternadas com sobre solos de determinadas regiões do
ocupada em extensas ãreas pela barragem território mineiro, havendo casos em que
9 Serra da Canastra de Furnas, e isola um amplo bloco da essas informações são bastante deficientes
Serra da Canastra. ou mesmo inexistentes.
Com essa denominação foram englobados os E s c a r p a s de r e l e v o s m o n o c l i n a i s
planaltos, cristas e áreas dissecadas mais Entre a Serra da Canastra e o Planalto da e s c a l o n a d o s cora c a i m e n t o s u a v e e m d i r e ç ã o Não obstante a carência de dados, foi
elevadas, elaborados sobre as estruturas Bacia Sedimentar do Paraná, a depressão é ao e i x o da b a c i a , a c o m p a n h a n d o o m e r g u l h o elaborado um mapa de solos (Mapa 3 ) ,
rochosas do Grupo Canastra, com altitudes do tipo periférica, e apresenta também das e s t r u t u r a s geológicas. utilizando-se métodos combinados, para que
31
Figura 4.3. índice dos elementos utilizados
no mapeamento pedológico
4.3.2. Classes de solos Latossolo Húmico - LH Os distróficos, que ocupam grandes extensões
nos divisores de águas das bacias dos rios
Caracteriza-se por apresentar horizonte A Doce e Paraíba do Sul, apresentam fortes
• Solos com Horizonte B Latossõlico muito espesso, de coloração escura. O limitações para a mecanização. As áreas
horizonte A é fortemente desenvolvido, e mecanizadas restringem-se aos terços
Esta classe ê constituída de solos muito apresenta características especiais no que inferiores das elevações. Uma vez adubados
antigos ou que se desenvolveram em material concerne ao teor de carbono e profundidade; e corrigidos, são aproveitados com
fortemente intemperizado, resultando como em geral tem mais de 15 kg de carbono por horticultura, floricultura e fruticultura
conseqüência perfis profundos e bem metro quadrado até a profundidade do A, que de clima temperado, pois normalmente ocorrem
drenados, onde a lavagem da sílica e das é de 50 a 100 cm de espessura. acima de 900 metros, com invernos frescos e
bases oferece as condições mais favoráveis verões quentes ou brandos e média do mês
para formação de argilas de baixa capacidade No que concerne â cor do horizonte B, os mais frio abaixo de 18°C. Onde não há
de troca, predominando, na massa do solo, solos que ocupam as superfícies tabulares incidência de geadas podem ser utilizados
sesquiõxidos e caulinita. das bacias dos rios Jequitinhonha e para cafeicultura, que, sendo cultura perene
Paraíba do Sul são de coloração e plantada em banquetes individuais, não
Os óxidos de ferro livre contribuem para a predominantemente bruna e amarelada, e os causa erosão do solo. Devido ao baixo teor
agregação das partículas de silte e argila, que ocupam as superfícies tabulares do de alumínio que apresentam, estes solos são
fazendo com que estes solos sejam bem Rio Grande são de coloração vermelha escura. aptos ã formação de pastagens,
arejados e friáveis, com ótimas propriedades principalmente de capim coloniao (panicum
físicas e predominância de cores vermelhas Os latossolos hümicos são argilosos, álicos maximum) e de capim gordura {hiparhenia
e amarelas. Em contrapartida, a baixa (alta saturação com alumínio), e têm muito rufa).
atividade das argilas silicatadas e dos baixa saturação de bases, apresentando
óxidos de ferro fazem com que sejam graves problemas para o desenvolvimento da Os eutrõficos, que ocorrem em pequenas
deficientes em nutrientes. agricultura no que concerne aos baixos extensões na bacia do Rio São Francisco,
teores de nutrientes, principalmente nas ocupam relevo plano, não apresentando, por
Compreendem perfis de seqüência de horizonte camadas subsuperficiais; ã alta saturação conseguinte, limitações ã mecanização. Uma
A, B e C, com profundidade superior a com alumínio, que restringe sistemas vez adubados podem ser aproveitados com
P r o j a t o PLANOROESTE I I - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - t980 3 metros, sendo muito pequena a radiculares que não sejam tolerantes ao culturas de ciclo curto e/ou culturas anuais
diferenciação entre seus horizontes, em alumínio; e ã alta capacidade de fixação de resistentes ã seca.
L e v a n t a « e n t o d i R e c o n h t c l n e n t O do» S o l o s do T r i á n g u l o Mlnalro virtude de apresentar em pequenas variações fósforo.
E s c a l a 1:500 000 - SNLCS/EM8RAPA - 1980 morfológicas e transições amplas entre os . Latossolo Vermelho Escuro - f@É
mesmos. Por outro lado, apresentam teores elevados
t e v a n t s e m n t o E x p l o r a t 6 > 1 o - Raconheclmento da Solos do N o r t e de
de matéria orgânica, que fazem com que As. maiores diferenciações observadas neste
Minas 6 e r a i s - E s c a l a 1:750 000 - SHLCS/EM8RAPA - 1979
Apresentam baixos teores de silte e virtual possam ser utilizados para cafeicultura, grupamento, e que serviram de base para a
Mapa E x p l o r a t o r i o - R e e o n h t e l M n t o dos Solos da B a c í a do R í o S i o
ausência de minerais primários pouco após uso intensivo de fertilizantes e separação em classes, foram as mesmas
F r a n c i s c o - E s c a l a 1:1 000 000 - I80F/MA - 1979 resistentes ao intemperismo, e que corretivos. utilizadas nos Latossolos Vermelhos
constituem reserva potencial de nutrientes Amarelos, isto é, saturação com alumínio
L e v a n t a a e n t o E x p l o r a t o r i o dos Solos da R e g í ¡ o sob a I n f l u e n c i a da para as plantas. (álicos), saturação com bases (distróficos
C1a. V a l e do R i o Doca - E s c a l a 1:500 000 - EPFS/MA - 1970 e eutrõficos), tipo de horizonte A e textura.
Latossolo Vermelho Amarelo - LV
De um modo geral, os latossolos são muito
L e v a n t a a e n t o de R e c o n h e d m e n t o da Solos da R a g i é o soD a I n f l u e n c i a
porosos, bastante permeáveis, muito Na bacia do Rio Paranaíba predominam
do R e s e r v a t ó r t o de F u m a s - E s c a l a 1:250 000 - CNEPA/MA - 1962 As maiores diferenciações observadas neste
friáveis, com plasticidade e pegajosidade grupamento de solos, e que serviram de base Latossolos Vermelho Escuro Alicos de textura
pouco acentuadas em relação aos teores de para a separação do grupamento em classes, média, bem como no baixo Rio Grande; os solos
P r o j e t o J e q u i t i n h o n h a - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - Inédito
argila, e muito resistentes ã erosão, foram: saturação com alumínio (álicos); de textura argilosa álicos foram observados
características decorrentes do elevado grau saturação com bases (distróficos e na bacia do Rio Paracatu e no médio e alto
I n t e r p r e t a ç ã o de f o t o T n d i c a s - E s c a l a 1:100 000 - IBC/GERCA - 1979 de floculação e da constituição da argila eutrõficos); e textura. Essa última Rio Grande. Os solos eutrõficos ocupam
do solo. São, em síntese, solos com ótimas característica foi utilizada para subdivisão grandes extensões na região fisiogrãfica de
P r o c e s s o s d e d u t i v o s a t r a v é s de c o r r e l a ç õ e s de s o l o s e seus fatores propriedades físicas dos Latossolos Vermelho Amarelo Alico, Montes Claros e na bacia do Rio
de formação Distrõfico e Eutrõfico. São Francisco. São normalmente de textura
Quimicamente são solos desprovidos de argilosa.
se pudesse fornecer as informações reservas de nutrientes para as plantas, Os Latossolos Vermelho Amarelo Alicos (LVa)
possíveis do quadro pedológico mineiro. normalmente com baixos teores de bases predominam nas bacias dos rios Quanto ao relevo os Latossolos Vermelho
permutáveis (valor S ) , aliadas a baixa São Francisco e Pardo, ocupando as mais Escuros ocupam superfícies tabulares e/ou
Assim, o Mapa 3 foi desenvolvido saturação de bases (valor V % ) . altas superfícies (superfícies tabulares) superfícies de aplainamento, que são
principalmente por três processos: com relevo plano e vegetação de cerrado; os predominantemente planas ou suave onduladas.
Latossolos Vermelho Amarelo Distróficos (LVd)-
- de compilação - para as áreas onde já Por conseguinte, as limitações que predominam nas bacias dos rios Paraíba do As principais limitações ao uso agrícola
foram realizados trabalhos sistemáticos apresentam à utilização agrícola estão Sul., Mucuri, Doce e Jequitinhonha, ocorrendo referem-se ã falta d'água e ã baixa
de levantamento de solos; ligadas ao aspecto de fertilidade natural em relevo forte ondulado e montanhoso e sob fertilidade natural, sendo que essa última
baixa, sendo em sua maioria solos ácidos vegetação de floresta; os Latossolos ê mais inerente aos solos álicos, devido à
- de extrapolação - com base em informações com baixos teores de cálcio, magnésio, Vermelho Amarelo Eutrõficos (LVe) foram toxidez provocada pelo alumínio,, e aos
obtidas em viagens exploratórias a potássio e fósforo,e alta saturação com observados em relevo plano, nas áreas mais distróficos, devido â baixa retenção de
diversas áreas; alumínio. secas sob vegetação de caatinga, na bacia bases. Contudo, são solos em geral com
do Rio Sao Francisco. excelentes propriedades físicas, e que
- de dedução - tendo-se por base correlações A viabilidade de'se desenvolver a ocorrem em grande parte em relevo propício
conhecidas entre variações de solos agricultura nestes solos dependerá dos Os álicos, que ocupam grandes extensões nas ã mecanização. Quando devidamente adubados
conjugadas com variações de fatores que recursos dos agricultores para investir regiões noroeste e norte do Estado, embora e corrigidos, apresentam grande
intensivamente na fertilização e correção não apresentem limitação para a mecanização, potencialidade para produção de grãos
as determinam, isto e, clima, vegetação,
do solo, principalmente através de apresentam sérios problemas no que concerne (culturas de ciclo curto). Em áreas com
material originário, relevo, drenagem e
incorporação de calcário em camadas mais ã fertilidade (teores elevados de saturação possibilidades de irrigação ou de
estágio ou intensidade de meteorização do
profundas (30 c m ) , possibilitando maior com alumínio e falta de água). Grande parte precipitação mais elevada, podem ser
material do solo.
aproveitamento da água do solo através do destes solos apresentam textura média com cultivados com culturas perenes.
Por sua natureza o mapa apresentado aprofundamento das raízes. baixa capacidade de retenção de água. Uma
enquadra-se no tipo denominado esquemático, vez adubados e corrigidos, poderão ser . Latossolo Roxo - LR
sendo constituído de associações de classes Os conceitos emitidos são bastante.amplos, aproveitados para culturas de ciclo curto
de solos de alto nível categórico, em sua e permitem a separação dos latossolos em (aproximadamente 6 meses), plantadas na Além das características inerentes aos
maior parte muito heterogêneas sub-classes, de acordo com a cor e textura época das águas (fins de setembro, início latossolos, esta classe distingue-se das
taxonómicamente. do horizonte B e saturação de bases. de outubro). demais por apresentar cores arroxeadas,
sendo a massa do solo facilmente atraída Quanto â saturação de bases observaram-se limitações se devem â susceptibilidade a fatores que mais limitam a utilização dos
por ima comum, alem de dar efervescência solos eutrõficos (PE) predominando nas erosão, ao baixo teor de fósforo e ã falta solos distróficos e ãlicos. Grande parte
com água oxigenada, devido aos teores bacias dos rios São Francisco, Doce, de água, pois ocorrem predominantemente nas das áreas destes solos, onde o relevo
elevados de manganês. Estes solos são Jequitinhonha, Mucuri e baixo Rio Grande, áreas mais secas. Necessitam de práticas afigura-se de ondulado até montanhoso,
derivados de rochas básicas, com teores ocorrendo vegetação de caatinga, floresta conservacionistas intensivas e correção poderão ser utilizadas com pastagens
elevados de ferro, apresentando subcaducifólia e relevo suave ondulado; para fósforo. Devem ser aproveitadas com (colonião, "buffel grass"), quando
conseqüentemente textura argilosa. No ocorrem solos distróficos e ãlicos (PV) nas culturas de ciclo longo (café, cana-de-açúcar) adequadamente manejadas, e após adubação e
Estado de Minas Gerais ocorrem na bacia do bacias dos rios Paraíba do Sul, Alto Rio e/ou culturas de ciclo curto plantadas na correção do solo. Os solos eutrõficos,
Rio Paranaíba, ao longo dos principais rios, Doce, Alto Rio Grande e Paraopeba. Nestas época das águas. quando ocorrem em relevo ondulado,
na região de tufitos em Patos de Minas e na áreas predominam florestas subperenifõlias apresentam como fatores limitantes mais
Serra da Moeda. e relevo forte ondulado e montanhoso. . Bruno Não Cálcico - NC importantes a susceptibilidade a erosão, os
baixos teores de fósforo e a falta d'ãgua,
As maiores diferenciações observadas neste Os solos eutrõficos (PE), quando ocorrem em Compreende solos com horizonte B textural, pois localizam-se nas áreas mais secas.
grupamento se devem ã saturação do solo com relevo suave ondulado e ondulado, são nao hidromórficos, com perfis bem Necessitam de correção para fósforo,
alumínio (ãlicos), com hidrogênio considerados entre os melhores da região. diferenciados e medianamente profundos. práticas intensivas de conservação
(distrõficos) e com bases (eutróficos). As maiores limitações se devem â O contraste entre os horizontes A, B e C é (terraceamento) e utilização com culturas
susceptibilidade a erosão, aos baixos teores marcante, devido principalmente âs de ciclo curto, plantadas na época das águas,
Predominam na área solos eutrõficos (Patos de fósforo e ã falta d'água, pois ocorrem diferenças de textura, desenvolvimento de ou culturas de ciclo longo e pastagens
de Minas) e distróficos (Triângulo Mineiro). predominantemente nas áreas mais secas. estrutura e cor. No horizonte A a textura resistentes à falta d'água (algodão e
Ambos são intensamente cultivados, Estes solos necessitam de correção para é média, com estrutura pouco desenvolvida; "buffel grass").
principalmente por sua maior capacidade de fósforo, práticas intensivas de conservação no B a textura é argilosa, com estrutura err
armazenamento dc água (textura argilosa),e (terraceamento) e utilização para culturas blocos fortemente desenvolvida. Por • Solos Pouco Desenvolvidos
por apresentarem teores relativamente altos de ciclo curto, plantadas na época das definição os solos Bruno Nao Cálcio são
de matéria orgânica até um metro de aguas, e/ou culturas de ciclo longo e eutrõficos. Estes solos foram observados Esta ordem congrega solos que não apresentam,
profundidade, além de ocorrerem em relevo pastagens resistentes â falta d'água, como no extremo leste do Estado, na bacia do além do horizonte A, desenvolvimento de
propício ã mecanização. Os solos ãlicos ^o^lgodio e o "buffel grass". Rio Jequitinhonha. horizontes característicos de outras ordens.
não são cultivados, por ocorrerem em área de Podem ser encontrados em recentes
extração de minério de ferro. São solos com alta saturação de bases, com superfícies geomõrficas, onde a erosão é
Os solos distróficos e ãlicos (PV) muito ativa, ou em zonas e planícies
apresentam como principais limitações a fortes limitações ao uso agrícola, em
• Selos com Horizonte B Textural decorrência da falta d água e da grande
1
aluviais, onde os materiais erodidos
baixa fertilidade natural e acidez elevada, recentemente podem ser depositados. Podem
além das limitações decorrentes dos relevos susceptibilidade a erosão, e, em muitos
Esta classe é constituída por solos locais, da pequena espessura do "solum" e também ocorrer em velhas superfícies
forte ondulado e montanhoso, propícios â geomõrficas, onde o material de origem é
normalmente bem diferenciados, sendo o erosão, e que impedem ou dificultam a da presença de termiteiros que dificultam
horizonte B com estrutura bastante a aração. São mais indicados para o muito resistente ao intemperismo, como o
mecanização. Grande parte da área ocupada quartzo.
desenvolvida e apresentando cerosidade. por estes solos poderá ser utilizada com aproveitamento com pecuária, implantando-se
pastagens (capim colonião), quando sistemas de capineiras irrigadas.
De maneira geral, estes solos apresentam as adequadamente manejadas, e após adubação e Essa definição é ampla e permite a separação
seguintes caracter!sticas: correção do solo. Em virtude de ocorrerem • Solos com Horizonte B Incipiente dos Solos Pouco Desenvolvidos em classes, de
em áreas mais úmidas,poderão ser utilizados acordo com a profundidade do perfil, a
- espessura mínima de 15 cm; com culturas permanentes de ciclo longo Esta classe é constituída por solos cujo distribuição do carbono e a composição
(café, citrus), com praticas intensivas de horizonte B ê formado por material jâ granulométrica ao longo do perfil, a
- se a textura ê argila, argilo-arenosa e conservação. alterado, com desenvolvimento de cor e saturação com bases e a saturação com
franco-argilosa, a tendência da estrutura estrutura, e com ausência de estrutura da alumínio.
ê constituir-se de blocos subangulares rocha em mais da metade do volume do
fortes e ser moderadamente desenvolvida. . Terra Roxa Estruturada - TR-TS horizonte. Não apresenta evidência de No Estado de Minas Gerais, neste grupamento,
Se a textura ê franco-argilo-arenosa a iluviação significativa, e não tem as predominam Areias Quartzosas, Solo Litõlico
tendência da estrutura é constituir-se de Este Grande Grupo e constituído por solos propriedades que são diagnosticadas para o e Solo Aluvial.
blocos subangulares e ser fraca a profundos argilosos de coloração arroxeada, horizonte B textural e B latossólico.
moderadamente desenvolvida; com altos teores de ferro e manganês, Muitos solos com horizonte B incipiente,
desenvolvidos a partir de rochas básicas. . Areias Quartzosas - AQ
sobretudo os mais profundos, são confundidos
Possuem cerosidade forte, revestindo os com latossolos, devido principalmente â
- se a textura ê argilosa e/ou a estrutura ê agregados que compõem a estrutura no São solos arenosos profundos e
forte ou moderadamente desenvolvida, são pequena diferenciação de horizontes. essencialmente quartzosos, com teores de
horizonte B, e produzem efervescência com
observados "coatings" envolvendo água oxigenada, visto apresentarem teores argila abaixo de 15,0%, excessivamente
parcialmente ou totalmente alguns relativamente elevados de manganês. . Cambissolos - C drenados, desprovidos de minerais primários
agregados. menos resistentes ao intemperismo, e
Além das propriedades inerentes aos solos extremamente pobres em nutrientes.
Nas áreas em que ocorrem estes solos ê com B incipiente, os cambissolos apresentam
Essa definição, embora geral, permite a comum a presença de hematita e ilmenita
separação de solos com horizonte B textural seqüência de horizontes A (B) C pouco
magnética (facilmente atraídos por ímã) diferenciados, com baixo gradiente textural Constituem grandes manchas, principalmente
em Grandes Grupos, de acordo com a atividade nos leitos da drenagem superficial das na bacia do Rio São Francisco, ocupando as
da argila, a saturação de bases e as entre o A e o (B), e normalmente baixa
águas das chuvas. capacidade de troca de cátions. Dentre os superfícies tabulares reelaboradas e
características inerentes a cada Grande superfícies de aplainamento.
Grupo. cambissolos são encontrados solos rasos a
A maior diferenciação observada neste profundos, e variação de cor desde amarela
grupamento, e que serviu de base para até vermelha-escura. Estes solos apresentam como principal
Em Minas Gerais, neste grupamento, separação de classes, foi a saturação com limitação ao uso agrícola, a fertilidade
predominam os Podzólicos Vermelho Amarelo, bases, que, quando maior que 50% constitui natural muito baixa, resultante da pobreza ^
o grupamento eutrõfico, e quando menor, a No Estado de Minas Gerais predominam os em macro e micro nutrientes, e muito baixa
Terra Roxa Estruturada e Bruno não Cálcico.
Terra Roxa Estruturada DistrÓfica. Cambissolos Alicos e Distróficos, que capacidade de retenção de água e nutrientes,
. Podzõlico Vermelho Amarelo- PV-PE ocorrem praticamente em todas as bacias em conseqüência da textura arenosa, que
hidrográficas, preferencialmente nos dificulta as práticas de adubação.
Em Minas Gerais predominam as Terras Roxas divisores de águas, sendo o relevo forte
Esta classe é constituída por solos com Estruturadas Eutrõficas nas bacias dos rios ondulado a montanhoso. Foram observados
horizonte B textural, não hidromórficos, e Grande, São Francisco e Jequitinhonha, também em relevo suave ondulado e ondulado, . Solo Litõlico - R
com baixa atividade de argila. São ocorrendo normalmente em relevo suave nas superfícies tabulares e reelaboradas
normalmente profundos ou moderadamente ondulado e ondulado, e sob vegetação de nas bacias dos rios São Francisco e Compreende solos pouco desenvolvidos, rasos,
profundos, com perfis bem diferenciados, floresta subcaducifólia e caducifolia. Jequitinhonha. possuindo apenas um horizonte A assentado
possuindo seqüência de horizontes A, B e C, diretamente sobre a rocha (R) ou sobre
com nítido destaque no horizonte B, através Constituem solos com boas condições físicas materiais desta rocha em grau avançado de
de estrutura mais desenvolvida e presença e químicas, considerados entre os melhores A baixa fertilidade natural, a falta d'água intemperização (C). A seqüência de
de cerosidade. solos de Minas Gerais. As maiores e a susceptibilidade a erosão são os horizonte é AR e/ou AC. Este solo pode
33
apresentar desenvolvimento de horizonte B, Assinale-se também a existência de Areias Foi adotada uma metodologia que pudesse sobre o Brasil Central, e se propaga na
mas com espessura menor que 15 cm. É Quartzosas Hidromõrficas. produzir os resultados mais confiáveis direção norte-nordeste, assinalando o
normalmente encontrado em superfícies possíveis, tendo em vista os tipos de dados início do processo de estabilização anual
geomõrficas recentes, onde a erosão ê muito 0 fator limitante ao aproveitamento destes disponíveis. Inicialmente foram da precipitação (Figura 4.7).
ativa. solos é o excesso d"água, havendo por isso inventariadas as estações meteorológicas
a necessidade de investimentos em obras de e as séries de dados existentes. Essa oscilação sugere a existência de uma
Os Solos Litõlicos, de um modo geral, são drenagem, calagem e adubação. Quando Posteriormente os dados meteorológicos a perturbação sinõtica que nasce sobre o
originados de materiais os mais diversos, localizados perto dos centros consumidores, serem usados no trabalho foram coletados, Estado na primavera, e se desloca na direção
predominando os quartzitos, granitos e podem ser utilizados em olericultura. Estes digitados e consistidos. A etapa final foi norte-nordeste durante o verão e o outono,
gnaisses. Normalmente ocupam relevo forte solos são muito utilizados para rizicultura a análise estatística desses dados e a seguindo a trajetória da precipitação.
ondulado e montanhoso, ocorrendo nos e pastagens. interpretação dos resultados. A analise dos mapas médios da circulação
divisores de águas de' bacias hidrográficas, de ventos superiores na América Latina
geralmente associados a cambissolos. Para uma melhor visualização das indica que essas perturbações são ciclones
• Afloramento de Rochas - AR características climáticas gerais do Estado, de altitude de núcleos frios, formados como
Apresentam fortes limitações ao uso agrícola, foram elaborados mapas dos parâmetros resultado de mudanças na circulação geral
no que concerne ã fertilidade natural, Os afloramentos de rochas constituem tipos meteorológicos que influenciam mais sobre o continente.
susceptibilidade a erosão, falta d'ãgua e de terreno e não propriamente solos. São diretamente a qualidade do meio ambiente.
mecanização. São rasos e ocupam relevo representados por exposições de diferentes Foram traçados mapas climatológicos Outro mecanismo dinâmico importante, que
acentuado, com presença quase constante de tipos de rochas. sazonais, ou sejam, mapas mensais atua sobre a precipitação, são as
pedregosidade e rochosidade. representativos das duas principais estações perturbações provenientes das médias
do ano - verão e inverno -, representados latitudes. Isso ocorre principalmente
Em Minas Gerais os afloramentos do rochas respectivamente pelos meses de janeiro ou quando hã desprendimento de baixas no fluxo
Solo Aluvial - A aparecem mais continuamente nas áreas que fevereiro e julho ou agosto. de oeste da média e alta troposfera.
compreendem os alinhamentos das serras que Originalmente essas perturbações vêm
Esta classe é constituída de solos pouco compõem o Espinhaço, e sob a forma de associadas a massas de ar frio. Entretanto,
desenvolvidos, provenientes de deposições pontões, lajeados e blocos arredondados, nas ao atingirem a parte norte do Estado, essas
fluviais recentes, formando aluviões de áreas de granito e gnaisses. massas de ar já foram aquecidas pela ação
cursos d água, e apresentando horizonte A 4.4.2. Características climáticas
1
34
Figura 4.6. Trimestre mais chuvoso do ano do Brasil Figura 4.7. Trimestre mais seco do ano do Brasil
60° 60">
Legenda, Legenda:
A - Abril, Agosto A - Abril, Agosto
D - Dezembro D - Dezembro
F - Fevereiro F -- Fevereiro
J - Janeiro, Junho, Julho J - Janeiro, Junho, Julho
M - Março, Maio M - Março, Maio
N - Novembro N - Novembro
O - Outubro O - Outubro
S - Setembro S - Setembro
f\J Isolinhas (\j Isolinhas
36
Figura 4.8. Precipitação total anual Figura 4,9, Coeficiente de variação da precipitação anual
49* 47»
17*
19°
Legenda
isolinhas d o coeficiente d e variação d a
20 precipitação anual (%}: intermediária
q u a n d o tracejada
37
Figura 4.10. Temperatura média do ar - janeiro Figura 4.12. Média da nebulosidade total - janeiro
X
Figura 4.14. Freqüência de nuvens baixas - fevereiro Figura 4.16. Freqüência de nuvens médias - fevereiro
Figura 4.15. Freqüência de nuvens baixas - agosto Figura 4.17. Freqüência de nuvens médias - agosto
39
Figura 4.18. Freqüência de tipos de nuvens baixas - fevereiro Figura 4.19. Freqüência de tipos de nuvens baixas - agosto
Fonte : CETEC
Fonte: CETEC
• Vento uma análise mais detalhada desse parâmetro ocorrência de valores máximos ao norte do Em vista da dificuldade de serem efetuadas
e a sua definição em escalas menores. Estado (Figuras 4.20 e 4.21). medidas diretas da radiação solar, as
O movimento horizontal de ar é o principal séries de observações obtidas são limitadas
agente responsável pela dispersão de Minas Gerais está, durante todo o ano, sob e insatisfatórias. Assim, a determinação
poluentes na atmosfera, concorrendo ainda o domínio da circulação do anticiclone da radiação solar nesse estudo foi feita a
para o transporte de quantidades partir de outros parâmetros físico-
subtropical do Atlântico Sul. Como
meteorológicas (umidade, energia, etc.), • Radiação Solar Incidente -meteorolõgicos.
conseqüência, os movimentos verticais de
modificando, dessa forma, a distribuição de
outros parâmetros como temperatura do ar e larga escala são tipicamente descendentes,
A radiação recebida ã superfície da Terra e
precipitação. çom predomínio de movimentos divergentes na Visando determinar a distribuição da
as transformações subseqüentes de energia
baixa e media troposfera. radiação solar incidente com uma exatidão
radiante de ondas curtas e longas entre a
Terra e a atmosfera alteram o balanço de satisfatória para alimentar modelos de
energia e condicionam a temperatura local. dispersão de poluentes na atmosfera, foram
Com base nas informações climatológicas 0 núcleo desse anticiclone oscila na direção analisados mapas de distribuição de
apresentadas nas Figuras 4.20 e 4.21, foi NO-SE durante o decorrer do ano, fazendo Desse modo é regulada a distribuição
vertical de temperatura na atmosfera, mais radiação solar incidente sobre Minas Gerais
caracterizado, de forma preliminar, o regime com que o Estado se caracterize por ventos no verão e no inverno.
de ventos a superfície. As informações predominantes do quadrante nordeste durante especificamente as condições de estabilidade
pontuais de vento ã superfície do solo podem o verão, e do quadrante sudeste e nordeste, estática. A radiação constitui ainda a
ser pouco representativas para o Estado, em no inverno. A velocidade do vento varia fonte fundamental de energia do ciclo A análise das configurações da radiação
decorrência da influência de efeitos locais. muito pouco no decorrer do ano, atingindo hidrológico na biosfera, e exerce influência solar, apresentada nas Figuras 4.22 e 4.23,
Tais limitações impediram a realização de mé"dias mensais entre 0,5 e 4 m/s, com no comportamento do meio ambiente. revela uma interdependência bastante
significativa entre o clima, a orografia, a pluviométricos, localizam-se as cabeceiras Figura 4.24. Bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais
nebulosidade e a radiação solar. No verão dos principais formadores dos rios Doce,
são observados os valores de radiação mais Grande, Paranaíba, Paraíba do Sul e
elevados, que variam entre 450 e 500 cal São Francisco, rios de grande importância
cm- 2
d i a , com um núcleo de máximo na
- 1 para a economia mineira, em razão das
região noroeste, no vale do Rio diversas utilizações desses cursos d'agua:
São Francisco, e outro sobre a região sul navegação, geração de energia, irrigação,
do Estado. Valores mínimos são observados abastecimento, pesca, entre outras.
sobre o Estado do Espirito Santo e a região
do Triângulo Mineiro. Os valores são
significativamente mais baixos no inverno, Minas Gerais tem ao todo 14 bacias
em decorrência da menor quantidade de hidrográficas {Figura 4.24), sendo que as
radiação incidente no topo da atmosfera,
havendo um domínio de valores máximos no principais sao as dos rios São Francisco,
norte e noroeste do Estado, com o Grande, Doce, Paranaíba, Jequitinhonha e
retraimento do núcleo de mínimo observado Paraíba do Sul. Outras bacias como as dos
no verão sobre a região do Triângulo rios Mucuri, Pardo, São Mateus, Itanhaém,
Mineiro. Jucuruçu, Buranhém, Camanducaia e Itabapoana
têm uma importância menor, devido ã
localização e a dimensão das mesmas.
--
atua como interflúvio, separando do Rio C a m a n d u c a i a (Tietê) 71 610 1 138 1,6 0 19 9 São Mateus
São Francisco as bacias dos rios Grande e Jucuruçu 5 840 900 15,4 0 15 10 Itanhénr
11
- Tietê
Itabapoana 4 895 650 13,3 0 11
Paranalba. A sudeste, as cristas do 330 0 06
Buranhém 2 820 12
Geossinclinal Paraíba dividem as águas entre U,7
- Buranhém
os afluentes do Rio Paraíba do Sul e os Fonte: CETEC 13
- Itabapoana
afluentes do Rio Doce. 14
- Jucuruçu
42
Tabela 4.2. Aspectos físicos das principais bacias hidrográficas de Minas Gerais Figura 4.25. Perfil longitudinal do Rio São Francisco
I500T
comprimento perímetro cota cota saída declividade fator largura
bacia/rio no Estado da bacia nascente no Estado media álveo índice de
de
(km) no Estado (m) (m) (m/km) compacidade forma média
(km) (km) 1400-
São Francisco
Sao Francisco 1.135 2.820 1.460 435 0,20 1,63 0,18 205,8
Pará 280 530 1.200 * 610 1,34 0,16 43,7 1300
Paraopeba 510 640 1.140 * 560 1,53 0,05 26,7
Velhas 761 950 1.520 * 478 1,56 0,05 38,3
Paracatu 476 990 920 * 467 1,31 0,20 94,5 1200-
Urucui a 470 785 960 * 460 1,39 0,11 53,2
Grande
Grande 1.390 2. 135 1.980 295 0, 53 1, 58 0,07 102,9 „ MOO
Paranaíba
Paranaíba 1. 120 2.550 1.100 295 0,50 1,51 0,18 198,8
Doce
Doce 608 1. 026 1.220 80 0,96 1,08 0,19 116,4
Jequitinhonha
Jequitinhonha 739 1. 036 1.260 100 0,98 1,13 0,12 88,7 900-
Araçuaí 284 590 1.100 * 290 1,37 0,18 51,5
Paraíba do Sul
Paraibuna 176 500 1.180 260 3,64 1,70 0,22 38,6 800-
Pomba 240 465 1.100 95 1,43 0,14 34,6
Muriaé 74 245 900 170 1,25 0,55 40,4
Mucuri
Mucuri 242 600 720 92 1,62 1,40 0,24 59,1
Pardo
Pardo 205 570 880 680 0,84 1,40 0,30 62,8
* cota na confluência
Fonte: CETEC
800-
Fonte: CETEC
100 200 400 500 eoo 700 eoo 900 1000 1100 12 00 1300 1400
DIStÍncI* ! Km)
Fonte: CETEC Fonte: CETEC
43
Figura 4.28. Perfil longitudinal do Rio Paranaiba Figura 4.30. Perfil longitudinal do Rio Paraibuna
ÜISTANCI *
Fonte: CETEC
Fonte: CETEC
Figura 4.29. Perfil longitudinal do Rio Jequitinhonha
ra o rao
DI S T A N C I A ( Km }
44
Figura 4.32. Perfil longitudinal do Rio Pardo de Ouro Preto. Sua extensão aproximada é 60,8% da área total da bacia. Sua extensão
de 716 km. Drena uma área de cerca de ê de 1.930 km, apresentando uma declividade
29.173 k m e desemboca no Rio São Francisco,
2
média de 0,53 m/km.
a 36 km a jusante de Pirapora. £ outro
tributário importante, pois, no momento, é
a principal fonte de abastecimento da O Rio Grande nasce no Alto do Mirantão, na
Região Metropolitana de Belo Horizonte. Serra da Mantiqueira, no município de
Os principais tributários são os rios Bocaina de Minas, a uma altitude próxima de
Paraúna, Itabira, Taquaraçu, Bicudo e o 1.980 m. A partir das cabeceiras seu
Ribeirão da Mata. curso tem a direção SO-NE, até a divisa dos
municípios de Lima Duarte e Bom Jardim de
Minas. A partir desse ponto, toma a
0 Rio Indaiá é afluente pela margem esquerda direção SN, servindo como divisa entre esses
do Rio São Francisco. Tem uma extensão de dois municípios, e também entre os
aproximadamente 200 km, desde a nascente até municípios de Lima Duarte e Andrelãndia, até
a foz, no reservatório de Três Marias. Sua as proximidades da cidade de Piedade de
Minas. Até esse ponto o curso do rio tem um
bacia hidrográfica é da ordem de 3.340 k m .
2
Distrito Federal.
Os principais afluentes do Rio Grande
4.5.2. Bacias hidrográficas no Estado da Bahia, após servir de divisa
entre os dois Estados por aproximadamente pela margem esquerda são os rios Aiuruoca,
Capivari, Sapucaí, São João, Carmo, Sapucaí
4 0 km. O Rio Urucuia, desde as suas cabeceiras na (paulista), Pardo e Turvo; e pela margem
• Bacia do Rio Sao Francisco vertente goiana da Serra do Bonito, até a direita, os rios das Mortes, Jacaré, Santana,
foz no Rio São Francisco, percorre cerca de Pouso Alegre, Uberaba e Verde ou Feio.
A bacia do Rio Sao Francisco, com uma área Os afluentes mais importantes do trecho 470 km. Seus principais afluentes pela
de drenagem de cerca de 634.000 k m , tem
2
mineiro do Rio São Francisco são, pela margem direita são o Rio São Miguel e o
aproximadamente 36,8% dessa área dentro dos margem direita, os rios Pará, Paraopeba, Ribeirão Conceição e, pela margem esquerda,
limites do Estado de Minas Gerais. 0 trecho das Velhas, Jequitaí, Pacuí, Gameleira, os rios são Domingos e Piratininga. O Rio Aiuruoca nasce na Serra do Itatiaia,
mineiro do Rio São Francisco tem extensão Guaritas e Verde Grande; e pela margem no município mineiro de Itamonte, a uma
O Rio Urucuia drena uma área total de
aproximada de 1.135 km e declividade média esquerda, os rios Marmelada, Indaiá, altitude próxima de 2.500 m. Apresenta um
de 0,20 m/km. aproximadamente 25.000 k m , dos quais cerca
2
desenvolvimento longitudinal de
Borrachudo, Abaeté, Paracatu, Urucuia, de 750 k m estão em território goiano.
2
ate as proximidades do meridiano 46° O Os principais tributários são os rios sendo aproximadamente 60,0% desse total no municípios de Barbacena e Senhora dos
no povoado de Lagoa dos Martins. A partir Itapecerica, São João, Lambari, Peixe e Estado da Bahia. Seu principal afluente, Remédios, a uma altitude aproximada de
desse ponto o ãlveo assume a direção SO-NE, Picão. o Rio Cocha, contribui pela margem direita 1.200 m. Depois de um curso de cerca de
que mantém ate atingir o reservatório da em território mineiro. 210 km, deságua no Rio Grande pela margem
barragem de Três Marias. A jusante da direita. A área da bacia hidrográfica ê da
represa o rio ainda mantém a sua orientação ordem de 6.617 k m .
2
Seus principais
0 Rio Paraopeba tem as suas cabeceiras no afluentes são os rios Elvas, Santo Antônio,
anterior, até as proximidades da barra do município de Cristiano Otoni. Apresenta um
Rio Jequitaí. Desse ponto â foz do O Rio Verde Grande tem suas nascentes no das Mortes Pequeno, Pirapetinga e Carandaí.
desenvolvimento longitudinal de município de Montes Claros. Apresenta uma
Rio Paracatu, o percurso se faz na direção aproximadamente 510 km, desde a nascente
SSE-NNO. Apôs receber as águas do extensão total de 425 km e uma área de
até a foz, no reservatório de Três Marias. drenagem da ordem de 30.000 k m , dos quais
2
Rio Paracatu, o Rio São Francisco sofre uma Os principais afluentes do Paraopeba são os O Rio Jacaré nasce na Serra da Galga, no
deflexão no sentido dextrogiro, passando a cerca de 20% ficam em território baiano.
rios Maranhão, Camapuã, Macaúbas, Manso e Seus principais afluentes são os rios município de São Tiago. Das nascentes até
ter a orientação SN. Essa direção mantém-se Soledade. A bacia hidrográfica do a foz no Rio Grande, seu curso tem uma
até as proximidades do paralelo 16° S, Gorutuba, Quem-Quem e Verde Pequeno, pela
Rio Paraopeba tem 13.64 3 k m . Por ser uma
2
margem direita. extensão de 126 km e uma área de drenagem
quando, após receber o Rio Acaraí pela fonte potencial de abastecimento urbano e de 2.516 k m .
2
X
curso tem um desenvolvimento longitudinal formadores os rios do Peixe, Guanhães e início do reservatório da barragem de Diamantina e Bocaiúva, Carbonita e Bocaiúva,
de cerca de 405 km e uma área de drenagem Tanque. Sua área de drenagem é de 10.390 k m . 2
Emborcação. A partir d: barragem o ãlveo Botumirim e Turmalina, Botumirim e Berilo,
de 24.853 k m . Seus principais afluentes
2
assume a oriente.-Uo EO, até as proximidades Cristália e Berilo, e Grão Mogol e Berilo.
são os rios Vargem Grande, Sapucal-Mirim, da cidade de Itumbiara. Daí corre segundo a Ao receber pela margem esquerda as águas do
Lourenço Velho, Machado, Verde, Cabo Verde e O Rio Suaçuí Grande ê formado pelos rios direção sudoeste, até receber as águas do Rio Salinas, muda de direção e corre para
Claro. Vermelho, Turvo Grande e Cocais. A área Rio Preto, pela margem direita, de onde SE até a confluência com o Rio Araçuaí.
total da bacia é de 12.976 k m . Tem suas
2
esse nome até a sua confluência com o Rio do Viçosa e Muriaé. Sua área de drenagem é de município de Araçuaí. Sua bacia hidrográfica
Carmo, quando passa a denominar-se Rio Doce,, 2.320 k m , e seus principais afluentes são
2
tem uma área de drenagem superior a
até desaguar no Oceano Atlântico. os rios Turvão, São Francisco, Santana e 14.621 k m .
2
Seus principais afluentes são,
Santo Antônio. pela margem esquerda, o Córrego da
O Rio Dourados nasce na Chapada do Ferro, Estimativa e os ribeirões da Viúva e dos
no município de Patrocínio, a uma altitude Macacos; pela margem direita, os ribeirões
A partir das nascentes, seu curso tem a próxima de 1.000 m. Parte desse rio serve Itacambira Grande e Santo Antônio, e os rios
orientação SE-NO, ate as proximidades do de divisa entre os municípios de Coromandel Itamarandiba, Fanado, Capivari, Setúbal e
paralelo 21° S. Daí segue a direção SO-NE * Bacia do Rio Paranaíba e Monte Carmelo. Tem uma área de drenagem Gravata.
até a confluência com o Ribeirão Pirapetinga, de 2.408 k m . Seu principal afluente é o
2
onde sofre um novo giro, seguindo a A bacia do Rio Paranaíba estende-se sobre
Rio Douradinho.
orientação OE, e a seguir, a orientação NO-SE; três Estados: Minas Gerais, Goiás e
descreve um amplo arco, e segue a orientação Mato Grosso. A área de drenagem da parte v
geral SSO-NNE, mantendo-a até a cidade de mineira da bacia corresponde a • Bacia do Rio Paraíba do Sul
Governador Valadares. A partir daí o rio aproximadamente 32,1% da área total, que é
assume a direção OE, até ^receber pela cerca de 222.000 k m . Juntamente com a bacia
2
Minas Gerais e Goiás, e Minas Gerais e foz, o Rio Jequitinhonha percorre cerca de correspondente a cerca de 37,5% da área
Mato Grosso do Sul. 870 km de desenvolvimento longitudinal, total da bacia, e localiza-se na região
sendo 85,0% em território mineiro. sudeste do Estado.
Até a divisa com o Espírito Santo, seus
principais afluentes são, pela margem
direita, os rios Chopotõ, Casca, Matipõ, O Rio Paranaíba nasce na Serra Mata da Corda,
Cuietê e Manhuaçu; e pela margem esquerda, no município de Rio Paranaíba, a uma altitude 0 Rio Jequitinhonha nasce na Serra do Gavião, 0 Rio Paraibuna nasce na Serra da
os rios do Carmo, Piracicaba, Santo Antônio, próxima de 1.100 m. Depois de passar por pertencente â cadeia do Espinhaço, no Mantiqueira, no município de Antônio Carlos,
Corrente Grande e Suaçuí Grande. declives íngremes, corre de sul para norte município do Serro, a uma altitude aproximada a uma altitude de 1.180 m. A partir das
em região plana, numa distância aproximada de 1.260 m. A partir das cabeceiras, onde nascentes seu curso tem uma orientação OE,
de 120 km, até as imediações da cidade de seu curso tem uma orientação NNE-SSO, até as proximidades da divisa dos municípios
Patos de Minas. Continua na mesma direção, descreve um arco no sentido dextrogiro, e de Antônio Carlos e Santos Dumont, Nesse
O Rio Piracicaba nasce na Serra do Caraça, para logo em seguida tomar o rumo norte, passa a correr na direção SSE-NNO até trecho, de aproximadamente 30 km, desce da
no município de Ouro Preto, a uma altitude servindo como divisa dos municípios de receber pela margem direita o Ribeirão cota 1.180 m para cotas altimétricas
de 1.680 m. Tem uma área de drenagem de Patos de Minas, Presidente Olegário 'e Jequitinhonha, também denominado Preto ou do inferiores a 750 m. A partir daí o rio
6.300 k m e extensão de 165 km.
2
Seus Lagamar. Segue até a divisa com o município Campo. Desse ponto orienta-se para NNO assume a direção NO-SE, passando por
principais afluentes são os rios Santa de Coromandel, onde muda de direção seguindo até o povoado de Mário Nunes, onde muda de Juiz de Fora, numa altitude de 680 m. Desse
Bárbara, Peixe, Turvo e da Prata. rumo sudoeste, para logo assumir a direção direção, seguindo para norte até as ponto segue a orientação NNE-SSO até as
EO até o cruzamento com a rodovia MG-188. proximidades do povoado de Senador Mourão. proximidades do povoado de Sobragi, onde
A partir desse ponto volta novamente ao Segue o rumo EO até a divisa dos municípios muda novamente de direção, seguindo a
O Rio Santo Antônio nasce nas proximidades sentido noroeste até a divisa dos Estados de de Diamantina e Bocaiúva, de onde passa a orientação NO-SE até o povoado de
Minas Gerais e Goiás, na confluência com o correr na direção geral NE, e começa a Afonso Arinos. Daí segue a orientação OE
da serra Tromba Danta, no município de Rio Verde, e toma a orientação NE-SO até o servir de divisa entre os municípios de ate receber as águas do Rio Cagado, pela
Conceição do Mato Dentro. Tem como
46
margem esquerda, de onde assume o sentido NS altitude de 720 m; o segundo nasce no qualitativas do risco de contaminação ocorram. Os quartzitos dos Grupos Macaübas
até a foz, no Paraíba do Sul. município de Ladainha, a uma altitude de nas diversas unidades mapeadas. e São João Del Rei, por exemplo, foram
750 m. A partir da junção, o Rio Mucuri agrupados em um mesmo sistema, apesar de
corre no rumo NNE até um ponto a jusante de A elaboração do Mapa Hidrogeolõgico (Mapa 4) suas diferenças de idade e áreas de
seu cruzamento com a BR-116, de onde passa a teve por base os estudos hidrogeolõgicos ocorrência.
Nesses dois últimos trechos o Rio Paraibuna correr segundo uma orientação geral NNO-SSE realizados pelo CETEC, pela CPRM, pela
serve como divisa entre os Estados de até a foz, no Oceano Atlântico. Percorre um COPASA-MG e pela OESA, conforme indica a
Minas Gerais e do Rio de Janeiro, numa total de 242 km desde a nascente até o Figura 4.33. Além dos projetos específicos
extensão aproximada de 44 km. A área total Os riscos potenciais de poluição dos
município de Nanuque, onde deixa o Estado de hidrogeologia, foram utilizadas na aqüíferos foram indicados no mapa como alto,
de drenagem da sub-bacia é de 8.585 k m , dos
2
300 m, o Rio Muriaé segue a direção NNE-SSO vida, bem como fator condicionante do
até a confluência com o Córrego da Oncinha,
•
desenvolvimento econômico e do próprio
de onde se orienta no sentido NNO-SSE até a bem-estar social. Hoje a preocupação com a Hipa Hidrogeolõgico de Mim» Geri!
íidli 1:1 000 000 - CWW - Inédit
confluência com o Rio Fubá. Daí segue a disponibilidade do recurso hídrico e seu Projeto Hldroçeologu do Centro de Minis Genis r
Tabela 4.3. Distribuição das estações
direção OE na maior parte do percurso, múltiplo uso ê mundial. Sente-se uma Morte do Cipirlio Sinto - fstíli 1:100 000 - CWW
Inédito Projeto Polulçîo dit nouil Subterríneu r* Curveli
Cine - I n é d i t
fluviométricas estudadas, por
passando pela cidade de Muriaé. A necessidade crescente em se avançar no bacia hidrográfica
aproximadamente 5 km a jusante de Muriaé, conhecimento das ocorrências e do • lnundiçoet es
ainda na direção OE, recebe o Rio Glória, comportamento da água, para seu controle e I 1 :°") PetQuUa e levintemento
r
de Recursoi
•Kertf por aelo de
mais ou menos de igual porte, vindo das aproveitamento global.
1:100 000-Ctnc- Inédit
bacia hidrográfica n9 de estações
encostas da Serra do Brigadeiro. O Rio
São Francisco 38
Muriaé contínua na direção leste até receber
as águas do Rio Carangola, já no Estado do A delimitação dos aqüíferos foi executada Doce 16
Rio de Janeiro. A partir daí segue a Uma vez que do ponto de vista de gestão ê
importante que se considerem em conjunto as tomando-se por base inicial a ocorrência de Paraíba do Sul 13
direção NO-SE até a foz, no Rio Paraíba do água subterrânea em quatro grandes grupos
Sul, numa altitude inferior a 15 m. Da águas interiores, assegurando assim uma 13
de rochas: granulares; carstifiçadas; Paranaíba
nascente até a foz, o Rio Muriaé percorre otimização global do aproveitamento dos
recursos hídricos, o presente trabalho fissuradas; carstificadas-fissuradas. Grande 8
uma distância aproximada de 245 km, dos
quais cerca de 35,0% ficara em território enfoca tanto os recursos hídricos
Jequitinhonha 8
mineiro. A área de drenagem é de subterrâneos quanto os superficiais.
aproximadamente 7.980 k m , sendo 2.990 k m
2 2 Dentro de cada grupo, as unidades aqüíferas Mucuri 3
em Minas Gerais. foram estruturadas segundo o critério de 1
Pardo
0 estudo hidrogeolõgico foi elaborado com o identidade litolõgica, isto é, foram
objetivo principal de reunir o maior número agrupadas numa única unidade hidrogeolõgica Fonte: CETEC
de informações sobre os recursos hídricos as seqüências rochosas litologicamente
subterrâneos do Estado. Nesse sentido, ao semelhantes, ainda que pertencentes a
• Bacia do Rio Mucuri lado de informações como distribuição, supergrupos, grupos ou formações distintas,
litologia, características dimensionais e tanto por áreas de ocorrência, como por A maioria das estações foram selecionadas
O Rio Mucuri é formado pela junção dos rios hidrodinâmica, produtividade, capacidade de idade. Assim, como conseqüência, uma unidade levando-se em consideração a qualidade e a
Mucuri do Sul e Mucuri do Norte. O primeiro infiltração e qualidade das águas das geológica pode ser desmembrada em vários quantidade dos dados disponíveis e sua
nasce no município de Malacacheta, a uma unidades hidrogeolõgicas, hã indicações aqüíferos, segundo as litologias que nela localização em relação ã rede de drenagem,
47
para que a estação fosse a mais As áreas onde a cobertura é argilo-arenosa, calcários de Formação Lagoa do Jacaré, e mantos de alteração, que poderiam favorecer
representativa possível da área. Dessas argilosa ou areno-argilosa e com nível estão subordinados ao pelitos. Estes incrementos nesse parâmetro, são, via de
estações procurou-se obter um conjunto de freático profundo foram consideradas de aqüíferos são constituídos por ardósias, regra, pouco significativos.
dados homogêneos, mas raros foram os pontos baixo risco de poluição, enquanto que nas margas e siltitos com calcários lenticulares
onde isso foi possível. Nesses casos a partes onde hã predomínio de frações mais subordinados. A qualidade da agua é muito variável, sendo
estação foi estudada isoladamente, pois na arenosas e níveis freáticos mais próximos â o teor de sólidos dissolvidos mais baixo nas
falta de outras informações, as superfície, indicaram-se zonas de alto risco. A permeabilidade é variável, sendo maior nas ardósias, siltitos, folhelhos e arcõsios, e
características estatísticas da amostra faixas com calcários lenticulares. A vazão mais elevado nos xistos, resultando em um
representariam a melhor estimativa naquele específica varia entre 0,004 e 8 l/s/m, com valor médio menor que 200 mg/í.
ponto. Foi feito um estudo da freqüência • Formações Urucuia, Areado, Mata da Corda,
Bauru, Pirambóia e Botucatu média calculada de 0,5 Z/s/m. A infiltração
para a obtenção das vazões características varia entre moderada e baixa. As águas
nos pontos, ou seja,da média do período e apresentam teores elevados de sólidos
os valores extremos para a recorrência As formações Urucuia, Areado e Mata da Corda • Pré-Cambriano Indiferenciado
dissolvidos, mantendo-se o valor da dureza Associações Barbacena e Paraíba,
adotada. Os valores hidrológicos ocorrem na bacia do Rio São Francisco, na geralmente abaixo de 200 mg/Z de C a C 0 . Complexos Amparo, Campos do Jordão,
encontrados foram plotados no Mapa 5. região noroeste do Estado. As formações
3
48
Tabela 4.4. Distribuição da rede Figura 4.34. Número de estações Tabela 4.5. Distribuição e densidade das Tabela 4.7, Continuidade de operação das
hidrométrica de Minas Gerais, fluviométricas em função da estações fluviométricas de estações fluviométricas de
por entidade população Minas Gerais, por bacia Minas Gerais
hidrográfica
l ESTAÇÕES EM OPERAÇÃO ATE I979 >
entidade n9 de estações* 5 .0 densidade n<? de anos percentagem percentagens
DNAEE 679 n9 d e extintas e em o p e r a ç ã o
de operação de estações acumuladas
bacias
estações* em operação até 1979
CEMIG 105 estaçÕes/10 estaçoes/lû km 3 2
0 - 5 26,1 26 ,1 100 ,0
São F r a n c i s c o 349 1,43 0,60
CODEVASF 69 6 - 10 12,7 38,8
Grande 183 2,11 0,91 73,9
Doce 176 2,49 0,82
DNOS 51 P a r a í b a d o Sul 73 3,43 1,22 11 - 20 ' 21,2 60 ,0 61,2
Paranaíba 57 0,80 0,43
SUDENE 1 0,66 0,27 21 - 30 18,6 78,6 40,0
Jequitinhonha 43**
FURNAS ^ ** Mucuri 17 1,19 0,56
> 30 21,4 100 ,0
São M a t e u s 5 0,87 0,52 21,4
2 4 0,31 0,15
CAE EB Pardo
1,54
Itabapoana 2 3,08
CESP 2 Itanhaém 1 0,69 -
Jucuruçu i 1,11
- Fonte: DNAEE/MME - Inventário das Estações
Buranhem 0
- -- Fluviométricas, Brasília, 1979.
* Foram consideradas todas as estações Tietê 0 -
instaladas ate a presente data, * F o r a m c o n s i d e r a d a s todas as e s t a ç õ e s i n s t a l a d a s até
inclusive as extintas. a p r e s e n t e d a t a , i n c l u s i v e as e x t i n t a s .
As que estão instaladas na mesma AS q u e e s t ã o i n s t a l a d a s n a m e s m a l o c a l i d a d e f o r a m
localidade, foram consideradas consideradas separadamente.
separadamente. ** N ã o foram c o n s i d e r a d a s as 16 estações secundárias
de F U R N A S .
** Não foram consideradas as 16 F o n t e : DNAEE/MME - Inventário das Estações Fluvimétricas, hidrológicos: o CETEC, na região noroeste do
estações secundarias de FURNAS. Brasília, 1979.
0 01 l . 1 1 1 i i i— Estado e no vale do Rio Jequitinhonha; e a
Fonte: DNAEE/MME - Inventário das i ? 5 io 20 50 '00 ?00
SUVALE, na bacia do Rio São Francisco. Porém,
Estações Fluviométricas, DENSIDADE DE POPULAÇÃO POR Km 2 já com uma finalidade específica, existem
Brasília, 1979. Tabela 4.6. Simultaneidade de operação das outros estudos hidrológicos sobre algumas
estações fluviométricas de bacias:
Minas Gerais
Legenda: - estudo da viabilidade técnica e econômica
de uma rede de estações fluviométricas. de aproveitamento do Rio Doce para
1 Noruega navegação e produção de energia elétrica-
Isso porque numa região de alta densidade
2
- Tasmània período
estações em densidade simultânea THEMAG/MONTREAL/PORTOBRÂS;
populacional, aumentam os problemas
- operação no Estado
relacionados ã utilização dos recursos 3
- NSW
1921-1930 14 0,02 estações/10 km
--
3 2
hídricos, necessitando-se de uma rede mais 4 Itália - reconhecimento dos recursos hidráulicos e
densa de estações, para a obtenção de 5 Japão 119 0,20 estações/10 km de solos da bacia do Rio São Francisco -
1931-1940
3 2
49
Figura 4.35. Distribuição do potencial hídrico 5,9 £/s/km , na divisa dos Estados de
2
desenvolvimento econômico agravará esses
Minas Gerais e Bahia. mesmos conflitos, caso não sejam
estabelecidos mecanismos convenientes de
- Rio Doce - assim como os outros grandes gestão. A necessidade de planificar a
rios mineiros, as suas nascentes se alocação dos recursos hídricos, face aos
localizam nas encostas de serras com altos vários usos possíveis, surge principalmente
índices pluviométricos. Na bacia a da perspectiva de escassez do recurso.
descarga específica tem o seu maior valor
médio em torno de 18,1 £/s/km nas 2
50
Tabela 4.8. Principais barragens de Minas Gerais Entretanto, em sua totalidade, esses não se sobrepuja por nenhuma de outro
trabalhos se revestem de uma importância Estado. Isso ê fácil de compreender, quando
histórico-cientlfica, por lançarem as bases se consideram as diversas condições
vo ume reservado
capacidade
f inali d a d e
para os atuais estudos de ecologia aquática geológicas, topográficas e climáticas do
banagem rio instalada
(1)
propriedade
e terrestre. território mineiro, das quais decorre
(MWi
1.
naturalmente uma multiplicidade de formas
Rio das Pedras Velhas 31 9 X 0 9,2 K C.F.L.M.C.
vegetais.
B
-
8. R i a c h i n h o Riachinho 17 0 X 10
- H
6
-- H Siqueira Meireles adotou-se a divisão político-administrativa terras para plantio. Dessa forma, os
10. Codorna Marinhos 10 8 X IO H M.M.v.
do Estado, sem se discriminarem os locais outrora ricos e representativos ecossistemas
6
- H M.M.V.
13.
11.
Nova Usina Maurício
Tronqueiras
Novo 22 0 X 10 6
- H C.F.L. CAT.LEOP. das espécies. Assim, as informações foram freqüentemente alterados e devastados, em
Tronqueiras 2 0 X 10 7,87 H CEMIG
generalizadas para todo o território
6
15. Bortola Antas 15 0 X o h - H Pref. Poços de Caldas decorrência da desordenada ocupação humana,
16. Antônio Dias Piracicaba 2 0 X IO 6
H ACESITA municipal, exceção feita aos estudos ocasionando danos irreversíveis não só ã
17. Cajuru Pará 192 0 X 10 7,2 H CEMIG
ictiológicos, para os quais foram flora, como também ã fauna do Estado.
6
b
540,0
475,0 H
FURNAS
FURNAS
ecológico. Haja vista a acelerada
39. Itapebi Jequitinhonha - 618,0 H 1 U RMAS assinala as espécies raras e de interesse proliferação das cigarrinhas nas pastagens
40. João Penido C o r . dos Pintos 16 0 X 06 - S para preservação e as em via de extinção, e artificiais, e de gafanhotos nas culturas e
41. Pampulha Cor. Pampulha 16 0 X 06 - R
42. Dona Rita Cor. Sangue 2 58 X o 6 - H DAE-MG apresenta os locais levantados por na vegetação natural.
4 3. Porcos Rib.dos Porcos 0 261 X o 6 - I/D DNOCS pesquisadores, além das rotas seguidas
44. Rib. Cachoeira Maynart 33 0 X 06 - H AI.CAN
pelas expedições. A formação vegetal campestre, constituída
45. Santa Luzia Cor. Sta. Luzia 0 2 X o 6
- S FURNAS
46. Ibirité 20 0 X IO
-
6
Rib. Ibirité S PETROBRAS
pelos cerrados em suas diversas gradações e
47. Jirau Cor. Jirau 1 5 X IO
- A C.V.R.D.
6
- S/H de acordo com a importância dessas espécies do Estado tenha-se iniciado hã mais de um
66. Aguas Claras C õ r . Aguas Claras 2 15 X 106
-- MBR
segundo a sensibilidade às modificações
67. Saturnino de Brito Caldas 1 7 X o 6
- Mun. Poços de Calda3 século por Saint-Hilaire, Fellow, Martins,
68. Peti 5ta. Bárbara 43 58 X 10 B
- H CEMIG ambientais, o valor comercial, a raridade e Lund, Smith e Warming, pouco se sabe sobre o
69. Custódio Ri b . P r a z e r e s 3 ù X 0*
- -H ALUMINAS a área de ocorrência das mesmas. aspecto específico e global da flora
7D. T . S. 0 2 X IO
- MMV
6
Capitão do Mato
71. Coração de Jesus 9 X 10
- - DNOCS
mineira. Os estudos existentes sobre a
6
Lagoa doa Patos 1
X
-- -
72. 106
Estreito Verde Pequeno 63 6 DNDCS
Face à natureza dos dados e ã relevância da autoecologia e a sinecologia das espécies
73. Ita A z u l C õ r . Ita Azu l 3 0 X 10
- C.V.R.D.
G
-- -Q C.V.R.D. ictiofauna como recurso natural aproveitável vegetais, imprescindíveis para a tipificação
X IO
pelo homem, os estudos pertinentes a essa
6
75. Mata Burro Cõr. Minervino 1 07 C.V.R.D.
76. Pontal Cõr. Minervino 12 0 X IO 6
- - C.V.R.D. de ecossistemas especiais, frágeis ou de
X - área foram cartografados segundo a categoria interesse para preservação, são ainda
--
77. Cascatiriha Cascatinha 0 5 10 6
ARAFERTIL
78. Santana Cõr, Santana 20 0 X IO 6
51
Figura 4.36. índice dos elementos utilizados Tabela 4.9. Arvores ocorrentes na caatinga arbórea ãreas menores pratica-se, alternada ou
no mapeamento das formações intermitentemente, as culturas de milho e
vegetais algodão. Em geral as ãreas dedicadas a
nome científico nome popular família atividades agropastoris eram anteriormente
ocupadas pela própria caatinga.
Astronium urundeuva Fr.All. Aroeira Anacardiaceae
•i
Schinopsis brasiliensis Engl. Braúna • Campo
Umbu M
Spondias tuberosa Arr.
As pi do Sperma po pul i folium Pereiro Apocynaceae Formação vegetal predominantemente
Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro li constituída por revestimento herbáceo
Tabebuia avellanedae Lorentz ex Criseb. Ipê-roxo Bignoniaceae contínuo, o campo caracteriza-se pela
it freqüência com que ocorrem as gramíneas
Tabebuia caraibe (Mart.) Burt. Ipê-amarelo campestres típicas. Em Minas Gerais os
Cavanillesia arbórea (WilId)K.Schum. Embare Bombacaceae campos apresentam caráter esclerõfilo
•i
Clorisia ventricosa Barriguda de espinho acentuado nos arbustos e subarbustos. Há
Auxema glazioviana Taub. Pau-branco Boraginaceae profusão de espécies de algumas famílias
Cor di a leucocephala Moleque-duro •i como as velloziãceas, eriocaulãceas,
ir xyridãceas e as melastomatãceas. As ãreas
Cordia triahotoma (Veil.)Arrab. Louro-pardo mais expressivas estão localizadas nas
Bursera leptophloeus (Mart.)Engler. Amburana-de-cambao Burseraceae serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da
Acacia farnesiana Willd. Espinheiro Leguminosae Canastra, do Caparão e na bacia do
•i Rio Araguari.
Acacia paniculata Willd. Unha-de-gato
•i
Anadenanthera macrocarpa (Benth.)Brenan. Angico
Anadenanthera fat oat a (Benth.)Brenan. Angico m Na Serra da Mantiqueira destacam-se os
Caesalpinia pyramidalis Tul. Catingueira M campos da bacia do Alto Rio Grande e seus
afluentes Aiuruoca, das Mortes, Ingáí, Verde
Caesalpinia férrea Mart. Jucá II
e os da região de Poços de Caldas. No
1)
P r o j e t o PLANÛROESTE I I - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - 1980
Cassia excelsa Schrad. Canjão Espinhaço os campos são encontrados a
II
Cassia ferruginea Schrad. Chuva-de-ouro altitudes acima de 1.000 m, principalmente
11 na Serra do Cipó.
P r o j e t o O e q u i t i n h o n h » - E s c a l a 1:500 000 - CETEC - Inédito Cassia martiana Schrad.
II
Cassia speciosa Schrad.
I n t e r p r e t a ç ã o d* f o t o í n d i c e s - E s c a l » 1:100 000 - IBC/GERCA • 1979 Erythrina velutina Willd. Muchôco II Em Minas Gerais os campos naturais ou os
11 originados de intervenções antrôpicas - como
Geoffraea spinosa Jacq. Marizeiro por exemplo, a degradação pelo uso secular
I n t e r p r e t a ç ã o de m o s a i c o i - * õ i > U S A F - » S T - 1 0 - E í c a l « 1:60 DOO - 1964-66 II
Mimosa caesalpinifolia Benth. do fogo - são utilizados como pastagens em
II
I n t e r p r e t a ç ã o - d e imagens Landsat I I - E s c t l a 1:500 000
Pithecolobium inopinatum (Harras)Ducke Casco-de-tatu pecuária de regime extensivo, em que as
11 grandes ãreas ocupadas com esse fim
Pitheooiobium ax>averno temo Mart. Rompe gibão
Pterogyne nit ens Tul. Carne-de-vaca II compensam sua baixa capacidade unitária de
Segue-se a descrição dos tipos de vegetação II suporte. O clima ameno das regiões onde
nativa encontrados em Minas Gerais. Torresia cearensis Fr.Al. Amburana-de-cheiro ocorrem os campos é o fator preponderante
Byrsonima verbascifolia Juss. Murici Malpighiaceae para a concentração, nessas ãreas, da
• Caatinga Mouriria regeliana Cruili Melastomataceae pecuária leiteira e das indústrias de
Cobvalea cangerana Said. Cangerana Meliaceae laticínios no Estado, não obstante a baixa
A formação vegetal denominada caatinga Bougainvil lea f aseieulata M.B.Ferr. Nyctaginaceae capacidade de suporte de animais por
ocorre no norte e nordeste do Estado. hectare nos campos.
Triplaris paehau Mart. Pagéu
Acompanha o Rio São Francisco, de sul para Ziziphus ¿oazeiro Mart. Joazeiro Rhamnaceae
norte, aparecendo principalmente nas bacias Em função da topografia suave ondulada, da
de seus afluentes Verde Grande, Verde Pequeno, Xanthoxylum rhoif oliurn Lam. Rutaceae
região do Alto Rio Grande e da bacia do
Gorutuba e Carinhanha. Na bacia do Rio Sapindus saponaria L. Sabão-de-gentio Sapindaceae Rio Araguari, mormente na do seu afluente
Jequitinhonha, a caatinga ocorre na região Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Sterculiaceae Quebra-Anzol, os campos ali situados estão
próxima às cidades de Araçuaí, Itaobim e Bumelia sertorum Mart. Quixabeira Sapotaceae sendo explorados com culturas de soja,
Medina. E uma formação de constituição cereais e cafe.
complexa. Em algumas ocorrências se
apresenta semelhante a floresta, com arvores Fonte: EPAMIG - Informe Agropecuario. Belo Horizonte,
7(80) ago.1981. • Capoeira
cujas copas se tocam. Outras vezes a
caatinga apresenta apenas alguns indivíduos Sob a denominação de capoeira estão
de porte arbóreo,que se distribuem mais ou englobadas na representação cartográfica as
menos esparsamente numa formação composta dificuldade inerente ã escala deste plenitude vegetativa. Essas formações, formações capoeirão, capoeira e capoeirinha.
predominantemente de arbustos. Entretanto, levantamento. tipicamente transicionais, são chamadas São formações secundárias, em fase de
existem também ãreas com ausência completa "matas acaatingadas", pela própria razão de desenvolvimento, originárias de floresta
de elementos arbóreos. A formação vegetal caatinga ocorre com comporem uma transição entre formações bem cortada ou queimada.
características bem definidas em todos os diferenciadas. Isso se deve tanto aos
Os elementos arbóreos, arbustivos e maciços que a apresentam, típicos ou aspectos fitofisionômicos como às condições Quanto ã origem e composição a capoeira é
subarbustivos dessas formações podem similares. Durante a estiagem adquire uma climáticas a que estão submetidas as similar ao capoeirão. Não se distingue do
apresentar troncos e galhos retorcidos ou fisionomia peculiar a formações vegetais formações intermediárias entre a caatinga e capoeirão nem pela posição topográfica ou
não, mas sempre finos. Distribuem-se em caducifõlias. Esse caráter de deciduidade, a mata. condições de fertilidade, nem por qualquer
conjunto, segundo concentrações variáveis, manifestação de eficiente mecanismo outro fator local. Entretanto, difere
mas em geral predominam as concentrações hidro-regulador, permite a adaptação das Essas formações não constituem classes na essencialmente quanto ao porte e diâmetro
ralas. A caatinga quase sempre exibe espécies que compõem a caatinga ãs condições legenda adotada para representação das arvores. Seus indivíduos arbóreos
estrato herbáceo rasteiro, h Tabela 4.9 de semi-aridez a que estão submetidas, o que cartográfica dos resultados dos apresentam estágio de desenvolvimento de
apresenta uma relação de nomes científicos e confere a essa formação uma aparência levantamentos. Conforme o predomínio de mata anteriormente cortada, em processo de
vulgares de espécies arbóreas ocorrentes na inconfundível. espécies características que se observam em regeneração progre ssiva.
caatinga. cada caso, as "matas acaatingadas" foram
Em áreas em que são atenuadas as condições incorporadas ãs caatingas. A capoeirinha é uma formação vegetal que
As formas de caatinga arbórea e arbustiva de aridez determinantes da ocorrência de apresenta as mesmas características gerais
não foram separadas entre si na caatinga, pode-se observar que sob efeito Entremeadas nos extensos maciços de caatinga, da capoeira. Ê o estágio que antecede a
representação cartográfica, segundo as suas de deficiência hídrica ocorrem formações existem ãreas ocupadas com pastos formados capoeira, isto ê, corresponde ã mata
características predominantes, dada a florestais em estágio ainda distante da por capim colonião (Panioum maximum) . Em incipiente, de troncos finos, observada no
52
início do processo de reconstituição parcial Tabela 4.10. Arvores do cerrado e suas Atualmente a área ocupada pela floresta Tabela 4.12. Arvores ocorrentes na mata
da formação primitiva. gradações primária não atinge 2% do território mineiro, mesõfila
valor irrisório quando comparado com a
primitiva cobertura florestal do Estado. none científico nume pupalar família
• Cerrado rinn» cientltlco
A»tr^'.iiti fraftnifitliun Schott.
none
Aroalra
popular fintlli
Anacardiaceae Os extremos norte e oeste de Minas Gerais, Attroniuir fraxinifolium Schot. Gonçalo-alves AnacirdIdcede
Awtronium u m n J r u v a (Fr.Al 1.) E n g . Aroeira •
<fi>;n:j cnteiflara Hart. Arat leap A n n o na ce ae
respectivamente a região do Jaíba e do SehinopiiM brasilirntit Engl. Braúna
-
O cerrado é uma formação vegetal composta de »Vit'piJ arana-.ma (Laro.l H a r t .
P i m e n ta - d e -mac a c o
Pindaíba Pontal do Triângulo Mineiro, são as áreas Sohinug ttrtbmntifoliu,
Aapidosperva lindracarpon
Baddi.
M.Arg.
A r o e i r inha
Pereiro Apocynaceae
três estratos diferenciados, que, no conjunto, (,p.'(.>.p.r-o
1, \-pi,l u r i c u E t . H l l . Pereiro Aporynarea*
Afp [ i.'ipf r"j ldasycarpon
a r r o r a r ^ u ^ DMCa.r t . Pereiro onde se concentram as florestas primárias *Síp¿d£>ip3r"?a popi-lifoLiv* DC. Pereiro
Pereiro
conferem a essa formação características de Jjfirf^üpji—j [ f i K l f i n H a r t . Pereiro
Pereiro remanescentes. Porém existem manchas Aavidoiperia lubinoanum
ífl*ptiii>tp£r"ia pyrl fútiw* Ma
M .r
Artg
.. Pereiro
hrjyfl l jptj P c r S ,
Arg.
Cirobjo florestais em outras regiões, sem no entanto / j i i i i u j-Julianeda?
t r a t iliensieLorentz
P e r s . eir Grlseh í>iiu-d ' a s : o - r c x v
superior; um arbustivo, o intermediário; e Tififbuia alba C h i « . Ipê-imarelo
Ipê-amarelg apresentarem áreas significativas, ã exceção
7,tb*buia
Tjbsbhta
ehr),iotrichia
rmi.i-alba
(Mart.ex O C . J S t a n d l .
IRidl. Í S a n d w .
Ipê-peIjuo
Ipi-branco
um subarbustivo e herbáceo, o inferior. Tacjbuia jjir:.-,a (Mirt.l
L-jMii.j Ch.im. Bur. Ipê-im-ircla
-• do Parque Florestal Estadual do Rio Doce.
Sjrl-ii langtfLern* K.Sch.
failaiii'ifiriLa n r D r r j a (Wil Id) K . S c h .
Paineira
harrlguda
Bombacaceae
•
r.j.s-j.'lij
Ipé-branco
iPldl.) Sind«. Colhrr-de-vagueico CherisCa eptsicia Sc.Mil. Paineira
bj-.l:i
t."b:i L ii'-jt ftjfj-5t.K . äH
!j~.T;i><„- cith.. Ekimb a c a ce ae L-Juritij ¡tfiiriseea Bati ig'jda-de-esplnhíj
Alniffcega Rumrraceac Cordia c r-.cJii: j i s (ve 11.) A r r a b . Frei J o i g e Boraglnacaae
Em densidades variáveis, no cerrado />o[iii March. Na representação cartográfica compõem essa B u r a c r a [tplop>iD«us E n g l . Anburani-de-cambão Burseraceae
Protiw alKtcega March. -
p efpi~.ni
M
P paqruw1 lo CCmlastiaceae firna-de-vaca
distribuem-se árvores de porte pequeno, com Aiur?ti
aiycca r acrae
Chiyjubildliaceai classe de formação vegetal as matas J a a a r a t i a dodt'.apht, I la ( V e l l . ) D C . Mamão-bravo Carlcacaae
Hr-..-i :a
KYr.-'Jj j!a-T.!„Ia
Bus*.
Ba S p r e n q . Combietjceac
perenifõlia, subperenifõlia, ciliar e Tminalia tralííl'tilii C a m b . Capí t ã o ccmbretjccat
altura de 3 a 6 m, que apresentam troncos e T.-r— i na !
r.'f-i'ia r (a ji-mut
ii fc-ä»t m Hirt. 1 Zuec.
!<tati> rap1tio
C apitão Trrminalia mcdrca Elnhl. Cap!tão
in.jiitnnnckera fa'.aala ( B e n l h . ) B r e n a n . Angico matas que se retiram a maioria das madeiras Sucupira-prata
Sr-.utfi^*ia utrji
Sucupira-pccta í a s o a i p i t í aoirailioider
/erran M a rh.B.K.
t. •
r u i n l i i i i m l p i i ioiJti
voll. K.B.K.
Co : ttfi'ju BioJai-m (Vog.) M a l p e .
chuva-de-OLiro nobres utilizadas na construção civil e em Bcudictiia
Cattia fevruginco Sehr.
Jucá
Chuva-de-ouro •
cauiúna
A casca dos troncos é por vezes constituída marcenaria. As Tabelas 4.11 e 4.12 Centrolabiui zonentoBuvt Benth. Aranbá •
3 sijoDiirru i-pa
Jatobá
a i'«a
:*oai,-?
tu-t
. Jacarandá
ti\,*\enaea ttilbooarpa Mar. Jatobá
inermes, isto é, desprovidas de acúleos ou "»•«a.ri.»
ap Raddi. Jacarandá
Lvichocarpm ceatulut Benth.
w
«.-'raat-tn
ao*rf«- i'r'I't-sj.tRill.
".R-'ijtrTu™ vog. Jacarandá
Lonehaaarput iKbglaueeeoens Mart.
espinhos, ocorrendo raríssimas exceções. Vog. Leiteira
Jacarandá •
teltogyic u l ifonfr-rtiflom
Vifrra 1(Haynel
Hatto» Benth.
Pla.'j-f-iia i v f i V u l j i a Bfnt n . vinhãtlco «aa*airinn
Haehfium Molaroxylum
acutifoliul T u Volg.. Jacaranda -
Parapíptadmia fa'.aata (Benth.) Brenan Angico -
P!u(ji*it'a t'rgans Vog.
Amendoim
Perulfera baleanum L. -
Ftt- rodoi pubee^nnt Benin. Sucupiri-htanca H
Srlei-olobiu* a u r j M iTul.l Bentn. Carvoiiro Tabela 4.11. Arvores nativas da mata Fithecolobix.-* turtum Mart. B o r dsãaom-od e - v e l h o
Dá1 •
A constituição florística do cerrado, muito rtr$p'i«od'end«at, barbadetiman iVell.l Mart, £arbaEimaa
P¡at<tjríjíawat
perenifõlia, subperenifõlia e Plathyien-ia folioloea
rca-ie;;íi B eBnetnht.h . Vinhãtlco •
5sr>!fpAio
' <ie>i.>oi
Birbatindo
repetitiva, mesmo em regiões geográficas AitöHia O B d t a Pohli .I o m i m Bentri. Loganiaceae riati/poJiii"! tlsgana V o g , Amendoim
-
muito afastadas, confere a essa formação uma
ä e rif f A n a a pxeudoquiia St. Hll. Quinaira ciliar Pttrodon palygalaeflvrhe Benth. Eucupira-branca
: .i''eiiin p a a a n S t . Hj.1. Picari Lythraceae Pttrodon pubmoens Benth. Sucuplra-branca
--
diversificação que, no conjunto, obedece a i'yfi.'iino aooao'.obifoiia
."i.ru«ira liitlt^ata M j r t .
(Spreng . > Koni h.
Muríci
Mur íci
Halplghiacea«
Sclerolobiu*
Pterogynt
Selerolobium
jiiini
oai-tt"
T u lITul.
. IBenth.
pantjliiatiiii- B e n t h .
Carna-de-vaca
Carvoeiro -
Carne-âe-vaca
Carne-de-vaca
Protract
Tt¡,¡jpia
j p i n r a marginata
ghí a-ie*iflí a MAaurbtl. . Pindaíba Annonacaaa Calmita
(•Ji^tocaljina
Cidrcla
taafcerrí"fun
aangeraia
fiisilit
Said. P o h l .
Veil.
Cangetana
Cedro Mal 1acode
•
-w*fa-:uE n» gulb,l . (J.;pia Pindaíba •
características de cerrado, encontradas em frtupa.'a
tra.i'.'iV-jjL'
.'t.ili s i m p . j
tagara a (Cham, a Schi.) D.Dietr.
Pesseguelro-bravo
Mamica-de-porca Rutdctdi
H fruttBcena
A.»FiJ?>]ieri.i üí.t!rait Alibi.
M.Aig. Guatambu Apocynaceae Pi tut L-aiyptroatrai
VíraLl ubíftra Aubl.
ÍKiq.iEngl. Sameleira
Pau-de-mbo
Ho racet•
Hyristleaceta
•
várias regiões revestidas por essa formação XapiJdípíPT.t líi.'im
Peroba-rota
fjjarj
£i rJi»i/i'!ia;'[ipi
Hyraiarla jabot i raba [veil.)Berg. JaboticabeIra Kyrtaceae
oiínrírocarpoi M.Arg. Peroba
ILam.) E n g l . Mamlca-de-fiorca
Bela-moça Eaplndaccdc Buta^eae
vegetal no Estado. iL J.ft Jr;"i b tu :-~ Radlfc. Tinguüaß
AMpLáíieptr-ta
Áífidctptrna
Átpidmpirij
.ufrjiuc¡pa
oliuaíiíin
nm
".' » MMa.r At r. • .
M.Arg.
Guatambu
Guitacubu-branro
*
Fjg¿ra braai
AgoianJraai-iif i/ii.'ía 1Ceniit Engl. Kiers. MamlCi-da- porca •
«f j ajla.irui a f fj-ii/iJ'a
' . i t ^ . S t IMart
. H.ll.] R a d l k . Bacgparl ^ipotieva* Pagara íllir.'J E n g l .
PjUr.'ia .'."/-.-a iMtri.) Hlillk.
ÜJCUpJ1
f
Mutambs starcuLlacei*
,Jípi,¡j«psp-ij
Atrid.-tpma pa«i/¿oru"!
pelymupon M M..AAirgg..
P«robi-tosa
Guatambu
Pírebd-roii
Mitrodarua
Hagania
llutttí.-ie E t . H l l i a Tul.
pi-bísana St.Hll,
Laranjeira
Tinguiião Sapindacaae
Slirar .-a-pvr.. P o h l . Laranjeira Styraçaceae ^«riitfijiíí-j ,i i.¿i/a!ii.- D C .
r F
D í i e . i t n J f b i p i n i a t u - r Radltc. •
Jfí«aeait*i.i ¡an.'i f.-lia ( M . A r g . ) Agohlida •
fj«£-f£.)otaHees.
Uu»)elr»
Na representação cartogrãf ica, a classe ribourbau
Aiaucailaceae Pau-de-carioa Sterculliceaa
¿rabearía aiguetifolia D.Kne. Pi n h e l r o - d o - p a r a n í
S( rai i w i . i i w M
f
» Hirt. Symplociceae Cuatwa
Aptiba uL*ifoL\a LAaum
bl.. Mutamba -
s
Cylinat dliisyphi lilifa Hiit. Ipê-de-Ilor vaida flignoniaceae
cerrado inclui o cerradão, comunidade vegetal i>j>ror«,
2,-ipIt.r-i.»
L»f*tJ d w api.orairp.ta
r i M H
DC.
M a rKtl.o t l . Afolta-c«v*iD
*
Iillictie Jacaranda carita (Hel)lDC Caipba
S t c r ^ u í t a í*ie»a St.Hil. Chicha -
¿i.piti¡jtPio*aB u(Mart..)
Ipi-rõseo
Ipi-rciMc. -
-
fitirtliO
tualta dichotona tlangata
Warm. Warn.
Pau-terra
Pau-taira -
•
bem superior ao do cerrado. Jkatia Pau-tarra •
rat>ri».!a obthtifolia
Tübeb-ij r. Standi. Pau-de-tamanco
-
*ua!ea ara>i<i£/¡ara M a r t . Pau-terra
•
VdeJljftía
~--ltifl/,ra Mart. Ipê-branco Pau-de-tucano
pa-uifiara
Pau-terri focñuíia tueanorum [PSopnrí..l M i r t .
roaíOa¡t>n(Ridl.) thyreoidta Pau-de-tucano
CbaZia
Salvt-tia
v^A^iia
C M M l I a p iMoa d
jüipiica
r to.r a
(Spreng.)
St.Hll.
Mart.
Bdtt-caiíl
Pau-de-tucdno *
•Tabilui^
iabtbi.ia
Taí.laia
t o r r a tí folia
uellotoi
( V a h lS.a)n d wN .i c h o l s .
Tol. .
Pau-d'aroo
Ipê-amarelo -•
Pau-de-tucano lichera tuberculata «art. Bolsa-de-pastor •
Jjfai-alía doáecaphy la D C . Carlcicaaa
Embora em sua maioria as espécies arbóreas e Va^lijiio
Petita IliyrioiaVa
i-u/a [spreng.) M a t t .
Pohl.
Pau-de-tucano
Cluthra trail ütiii'l Cham.
Jacdratlá
Folha-de-bolo Cletrhraceaa
Fonte: EPAHIG - Informe Agropecuã
7(60) a g o . 1 9 6 1 .
Balo Horizonte,
Alem disso, o cerradão apresenta espécies Joahntiia prinotpt Veil. Cotielia o u anda-açu
-
íraiüicniil 4.7.3. Fauna terrestre
£apucalnha
típicas de mata, como sucupira CaLophylLwn
CarpotT-gehm ¿ r a i i l í i i i í t EncJl.
Camb. Jarareuba Guttiferae
(Bowâiehia spp. e Sw&etia spp.) e Jacarandá Aerodtt'nídiw* appillii (Mei,) K o B t e r m . Arltu Lauraceae
53
Em meados cie 1847 chega a Minas Gerais, Lagoa Santa hoje são raras, inclusive em • Mastofauna comportamento e da biologia dos monocarvoeiros
convidado por Lund, Reinhardt, que todo o Estado. Destacam-se entre essas vem sendo financiada pela Secretaria de
continuaria aqui o trabalho de ornitologia espécies raras as seguintes: Notkura nana, 0 estudo da zoologia em Minas Gerais, em Estado de Ciência e Tecnologa, através de
iniciado por Lund. Reinhardt inventariou e Rhea americana, Spizaetus ornatuo} especial a mastozoologia, começou no início um projeto da COPAM, da Universidade Federal
estudou a ornis da região de Lagoa Santa até Harpya harpya, Podager naounda e do século XTX, com a vinda de naturalistas de Minas Gerais e da Universidade de Kyoto
1855, quando volta definitivamente para a P!yc teria americana . estrangeiros para o Brasil, junto com a (Japão) . Também com financiamento da
Europa, publicando em 1870 os resultados de corte portuguesa. As primeiras notícias de Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
suas pesquisas no Estado. No fim da década de 1970, um estudo naturalistas em território mineiro são de foi realizado um levantamento dos mamíferos
sistemático da ornis do Parque Florestal Freyreiss, que em 1814 veio com o cônsul da do Parque Florestal Estadual do Rio Doce,
Quase um século separa os trabalhos de Estadual do Rio Doce, visando não só Rússia, acompanhando o geólogo Eschwege pelo por zoólogos da UFMG.
Reinhardt dos de Olivério Pinto, em 1940, na fornecer uma listagem das espécies aí interior do Estado.
bacia do Rio Doce. Nesse intervalo nada se existentes, mas também relacioná-las Em 1980 pesquisadores do IBDF realizaram no
fez pelo estudo da ornis mineira. Após ecologicamente com o habitat, permitiu O segundo naturalista a percorrer terras Parque Nacional da Serra da Canastra um
Olivério Pinto, somente em 1970 foram montar uma coleção de aves e de informações mineiras foi o Príncipe Maximiliano levantamento preliminar para conhecimento da
retomados esses estudos, com Carnevalli e que muito enriqueceram o conhecimento e o Wied-Newwied, que empreendeu entre 1815 e composição atual da mastofauna local (55).
colaboradores trabalhando na região de estudo da ornis mineira (19). 1817 uma viagem do Rio de Janeiro a
Lagoa Santa. O trabalho desenvolvido por Salvador. Embora tenha-se restringido mais Compiladas dos trabalhos levantados, foram
Carnevalli tem grande significado, pois foi Embora a área do referido parque seja menor ao litoral, subiu a área mineira da bacia do reunidas na Tabela 4.15 as espécies mais
realizado cerca de 150 anos após os de Lund, do que a pesquisada na região de Lagoa Santa, Rio Mucuri, onde coletou e descreveu novos características da mastofauna mineira,
e mostra as alterações ornitofaunísticas foi aí observado um número superior de aves espécimens animais (86) . Também na região considerando-se o interesse educacional,
ocorridas nesse espaço de tempo., em que a - cerca de 300 espécies -, o que corresponde do vale do Rio Jequitinhonha, na divisa dos cultural, estético, científico, alimentar e
ação do homem fez profundas e irreversíveis a 50% da ornis do Estado. Esse grande Estados de Minas Gerais e Bahia, Wied de preservação dessas espécies. Todavia, os
marcas nesta região. numero de espécies identificadas deve-se coletou farto material zoológico. dados fornecidos pelos trabalhos estudados
provavelmente ao estado de conservação dos restringem-se a uma listagem de espécies.
Tendo sido estudada sistematicamente por peculiares ambientes naturais encontrados A partir dessa época, outras regiões foram Poucos deles descrevem a dinâmica e a
três pesquisadores em épocas distintas, a no parque, e que favorecem a sobrevivência pesquisadas por importantes naturalistas. evolução das populações, o que não permite
região de Lagoa Santa apresenta grande de uma fauna rica e representativa. Entre a A região do Triângulo Mineiro foi fazer uma análise da situação atual da fauna
importância para um estudo sobre a grande diversidade de espécies identificadas, inventariada pelo austríaco Natterer de mamíferos em Minas Gerais.
influência da ação antrópica na população deve-se ressaltar a jacutinga, (1918/35), que se mostrou um exímio
ornitofaunística. Pipile jacutinga^ espécie rara, ameaçada de colecionador de mamíferos. Em sua coleção Nota-se pela Figura 4.37 que pequenas
extinção. estão relacionados 1.146 exemplares, que extensões do Estado foram inventariadas
No período de Lund (1825 a 1844) foram foram posteriormente estudados por Pelzeln (70) . sistematicamente sob o aspecto
observadas 97 espécies de aves, que No nordeste do Estado, mais precisamente no mastofaunístico. Isso vem demonstrar a
correspondem a 16% da ornis hoje conhecida Alto e Médio Jequitinhonha, um levantamento Conforme mostra a Figura 4.37, Spix foi o importância de se incrementarem pesquisas
do Estado. Jã entre 1847 e 1855, Reinhardt preliminar da ornitofauna regional primeiro naturalista a percorrer o Estado de científicas sobre os mamíferos, a fim de
observou na mesma região 210 espécies, identificou cerca de 300 espécies (20). A sul a norte. Nessa viagem montou uma grande possibilitar o conhecimento da biologia e
elevando-se para 35% o índice import.ância desse levantamento foi a de coleção zoológica e descreveu originalmente da ecologia desse acervo natural do Estado,
ornitofaunístico. Entretanto, nas pesquisas encontrar espécies significativas para a diversos animais (77). visando também a sua preservação.
realizadas por Carnevalli entre 1970 e 1973, ornitologia mineira, como o aracuão
somente 168 espécies foram identificadas, (Neomorphus geoffroy) e o canário rabudo Em meados do século XIX, despertado pela Neste século o homem adquiriu o poder de
sendo que 14 delas não haviam sido {Embernagra longicauda) . A primeira espécie importância do material paleontológico que influir decisivamente na constituição e
catalogadas pelos dois primeiros é considerada em extinção, e a segunda só descobriu no vale do Rio das Velhas, Lund equilíbrio dos ecossistemas, de alterar os
pesquisadores. Deve-se ressaltar que houve agora foi identificada e localizada no Estado. montou uma vasta coleção de mamíferos da padrões de distribuição geográfica de
uma queda para 26% no índice
região, descrevendo espécies novas. O animais e plantas, e de acelerar os
ornitofaunístico.
Embora significativas extensões do Estado material coletacfo por Lund foi enviado para processos de evolução da crosta terrestre e
tenham sido percorridas por naturalistas e a Europa, e posteriormente estudado por da biosfera. Erosão e extinção das espécies
Assim, observa-se que concomitantemente ao pesquisadores, conforme mostra a Figura 4.37, Winge, que o redescreveu, dando origem a animais e vegetais podem constituir eventos
crescimento da Região Metropolitana de e o número de espécies de aves inventariado uma série de pesquisas científicas. ou processos naturais. Entretanto," as
Belo Horizonte, tornando Lagoa Santa uma seja relativamente expressivo - cerca de Burmeister também esteve em Lagoa Santa no alterações do meio ambiente provocadas pelas
opção de expansão urbana e industrial, houve 600 -, deve-se salientar que são poucas as período de junho a novembro de 1851, atividades humanas comprometem a
uma redução dos recursos naturais e uma áreas sistematicamente estudadas sob o ponto enriquecendo com seu levantamento a relação estabilidade dos ecossistemas e dos ciclos
conseqüente diminuição da fauna local, como de vista ornitológico. Isso permite supor das espécies mamíferas da região. naturais da biosfera.
se pode constatar pela Tabela 4.13. que ainda existem muitas espécies a serem
identificadas e acrescentadas ã relação da Esses estudos sistemáticos sobre a região de 0 desaparecimento das formações vegetais
avefauna mineira. Lagoa Santa muito contribuíram para os primitivas, a degradação da qualidade dos
Tabela 4.13. Número de espécies d e a v e s trabalhos de Warming, que publica em 190 8 o cursos d'agua e a caça predatória são os três
identificadas na região de primeiro estudo sobre a ecologia da região. principais fatores responsáveis pela extinção
Lagoa Santa em Minas Gerais 0 conhecimento da avefauna é de grande O trabalho inclui uma lista de 104 espécies de espécies de mamíferos. A implantação de
importância ecológica, uma vez que traduz o de mamíferos regionais (85). hidroelétricas sem a devida atenção ã
potencial dos ecossistemas, indicando a biologia da fauna, o não cumprimento da lei
n ? de espécies
1
riqueza da flora e da entomofauna, além da Ê do princípio desse século a expedição de sobre a preservação da vegetação ciliar e o
pesquis adores período Lagoa Minas
presença de pequenos vertebrados, que A. Robert ao Rio Jordão, no Triângulo despejo de efluentes industriais poluidores
constituem dieta das aves de rapina. Mineiro. Sua coleção foi estudada pelo são as causas principais da extinção da
Santa Gerais célebre mastozoólogo inglês O. Thomas, que fauna mastozoolõgica fluvial, principalmente
Algumas das espécies representativas da descreveu várias espécies novas (81). da lontra e da ariranha. Também a caça vem
Lund 1825/44 97 141 ameaçando de extinção diversos mamíferos,
avefauna de Minas Gerais estão listadas na
Tabela 4.14, que apresenta ainda as Entre os zoólogos que mais recentemente principalmente os de maior porte como a
Reinhardt 1847/55 210 241 anta, a capivara, o tatu, o veado, a onça e
características ecológicas dessas espécies. pesquisaram em Minas Gerais, destaca-se
1971/73 16 8 587 Observa-se que a maioria das aves tem como Olivério Pinto, que embora sendo um outros felinos. 0 monocarvoeiro, primata
Carnevalli que tem seu habitat restrito ás florestas
habitat as florestas e os cerrados. Quando ornitólogo, estudou os serelepes {Sciurus) .
encontradas em pastos, terrenos arados ou Também Moojeu e Cary Carvalho fizeram uma primitivas, está seriamente ameaçado de
Fonte: CETEC campos de cultura, estão utilizando-os extinção, face ao desaparecimento do seu
farta coleta de espécies animais na Serra do
apenas como fonte alimentar. Embora seja Cipó, pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro. habitat natural, a mata atlântica.
pequeno o número de aves que têm como habitat
Confirmando a teoria de que ã degradação dos as vegetações ribeirinhas e limnícolas, A partir da década de 1970, os mastozoõlogos O estudo da biologia da mastofauna, e
recursos naturais segue-se uma redução da deve-se ressaltar que a singularidade dessas mineiros vêm-se interessando pelo estudo do especialmente das espécies ameaçadas de
população faunística, nota-se que algumas espécies ê extremamente elevada, dificultando monocarvoeiro, primata encontrado em algumas extinção, é uma necessidade premente, em
espécies anteriormente freqüentes em a sua adaptação em outros habitats. manchas da mata atlântica. A pesquisa do virtude das significativas alterações
54
Tabela 4.14. Relação e ecologia d e alguns representantes da ornitofauna d e Minas Gerais
ecologia da ornitofauna
causas a n t r o p o m o r f i c o s
h a b i tos de s u a s m o d i f i c a ç õ e s
habitat
alimentares populacionais
e freqüência
bem adaptados
campos cerrados
'as alterações
*
dieta mista
insentívoros
agricultura
ambientais
ameaçados
ribeirinhas
portadora
frugívoros
limnicolos
molestia
floresta
T3
O
nociva
de ,
caça
•o
pela
0
'a
e
O.
56
Tabela 4.15. Relação e ecologia de alguns representantes da mastofauna de Minas Gerais \ tem-se então as primeiras pesquisas
limnolõgicas realizadas em Minas Gerais.
ecologia da mostotauna Relacionam-se a seguir as áreas onde }á se
realizaram essas pesquisas: município de
hábitos causas a n t r o p o m ó r f i c a s de suas mo Itabira (UFMG/CVRD, 1976), represas do
habitat dif icações populacionais e f r e q u ê n c i a
a I ¡mentares Rio Grande (CETESB/CEMIG, 1976), Rio Paraíba
« .Í2 (UFMG/FURNAS, 1977), Represa de Emborcação
a o (LEME ENGENHARIA/CEMIG, 1979) , Represa de
c
especie nome vulgar O i5 Cl
ifí
O
C
4) Três Marias (CODEVASF, 1980), Represa de
Õ -£ Furnas (FURNAS, 1980), Represa de Vargem das
o Q. E
D
O Flores (SEEBLA/COPASA, 1980) e na Lagoa dos
9- « O o Confins (COPAER, 1980). Deve-se ressaltar
D IO •o
o o o -- O ainda as investigações pontuais realizadas
a. 2 O-
pelo CETEC quando da ocorrência de acidentes
o E E ¿
O
57
tipificação dos ecossistemas aquáticos de
Minas Gerais, considerando-se sua extensa
rede hidrográfica, distribuída nos mais
diversos tipos de regiões.
58
Figura 4.39. Estudos da ictiofauna 6. ARAGÃO, J.O.R. Estudo da estrutura das
perturbações sinoticas no nordeste.
Sao Jose dos Campos, INPE, 1975.
59
f
Tabela 4.17. Especies Ícticas de Minas Gerais a serem preservadas 37. / . Projeto hidrogeologia do Norte de 54. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Centro de
s Minas e Sul da Bahia. Belo Horizonte, Projetos de Desenvolvimento. Setor de
1977 . Fotointerpretação."Levantamento das
fami Lia espécie formações vegetais e uso atual da
nome vulgar terra na area de carvoejamento do
38. DEAN, G.A. The three dimensional wind
Anostamidae Lepore I lus vittatus piau, piava structure over South America and Estado de Minas Gerais. Belo
Associated Rainfal over Brazil. Horizonte, 19 80.
Leporinus cope landi piau
s.l., INPE/LAFE, 1981.
Leporinus elongatus piau 55. GLASS, B.P. & ENCARNAÇÃO, C.
Leporinus fasciatus piau 39. DEAN, G.A.; NUNES, G.S.S.; NUNES, H.M.T. Levantamento dos mamíferos do Parque
Leporinus naculatus piau Frequency of cloud type over South Nacional da Serra da Canastra -Minas
Leporinus reinhavdti piau America East of the Andes Mountains. Gerais. Belo Horizonte, I.B.D.F.,
Lepovinus taeniatus s.l., Dept. of Meteorology, Florida 1980 .
piau
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Pseudoplaty stoma covruscans sorubim, pintado, moleque
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63
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64
Figura 5.1, resultou no mapeamento mais - porte: altura media do fuste do conjunto constituídos de uma vegetação rasteira de
5. O meio antrópico pormenorizado das áreas abrangidas pelos
projetos desenvolvidos pelo CETEC, ficando
de indivíduos que compõem determinada
comunidade vegetal;
gramíneas e ciperáceas, podendo ainda ser
encontrados alguns arbustos disseminados
o restante do Estado menos particularizado, sobre esse estrato rasteiro.
5.1. Subsistema produtivo dada a dificuldade de se mapearem pequenas
manchas, devido ã escala do material
- localização: posição ou situação da mancha
em relação ã forma fisiogrãfica em que • Capoeira - M 2
65
- floresta mesófila: tem várias gradações, Tabela 5.1. Levantamento das classes de uso da terra em Minas Gerais, por bacia hidrográfica, em k m 2
217- -- - -
semeada com capim jaraguã, meloso ou colonião. Ct + Ac 806 1.878 2.684 0,46
Mi 448 540 463 - 182 - 1. 843 259 5.228 - - 9. 180 1,56
• Perímetro Urbano - Pu M2 - 9.026 3.455 182 - 10.000 1. 801 5. 382 154 5.102 21.907 652 147 57.808 9,84
- 13.133 - - -
- - -
+ P
- -- - 16.091 2,74
M2 1.108 1.805
- - - -
Esta classe se refere a toda área ocupada Ca 28 4. 818 119
- -
3.315
- -- 12.551
-
203 26.990
-
48.024 8,18
pelas cidades, quando passíveis de Ca + P
- 168 22.923 182
- 1. 465 491 25.229 4,30
identificação na escala utilizada. Em virtude P 505 28.361
-
13.819 42
-
967 19.419 7. 043 14.738 10.878 1. 198 38.215 3.995
- - 139. 180 23,70
-
disso, foram planimetradas somente as áreas
- 490-
P + Ac 84 16.819 1.198 1. 380 8. 473 757 3. 935 34.144 5,64
dos grandes e medios centros urbanos. - - - - - -
P + Ca
-
56.000
- - - - -- -- - 2.001
- -
8.091 1,38
P + Cc
p + M2 - 18.999
294 - 379 -
470 568 4. 913 28
4. 892
- -- 785 - 1. 219 -
4.892
27.655
0,83
4,71
5.1.1.3. R e s u l t a d o s d a f o t o i n t e r p r e t a ç ã o - - - -
Ac
- -- 2.102
-- - -
-
140
-
5.685
-
967
- - 8.894 1,51
-- -- --
Ac + p 3. 581 2.355 140 6. 076 1,03
A Tabela 5.1 apresenta os resultados do - - - - -
levantamento das classes de uso da terra,
Ac + Ce
- - -
2.056
- - -
2. 056 0,35
em k m , e o Mapa 7 mostra a distribuição
2
F
-- 526 519
- - 2. 250
- --
3.041 217 6.756
- -
13.309 2,27
espacial dos vários usos da terra em
At
- - 2.481
- - 98
- -
1. 521
- 344-
1. 472
-
- -
5. 572 0,95
Minas Gerais.
Ar 483 322
-- 2. 880
-- - -
3 . 476
- -
7.505 1,3
- - -
Pu 42 94 134 586 856 0,15
Observa-se na Tabela 5.1 que as classes total 1. 247 71.390 83.023 722 1.654 67.368 15.137 21.578 71.176 13.049 233.844 5.866 1.126 586.588 100,00
predominantes no Estado, por ordem
decrescente de área ocupada, são o cerrado, Fonte: CETEC
o pasto, a capoeira, o campo, a associação
de pasto com capoeira e a associação de
campo com pasto. As outras classes de uso Não obstante o peso da agricultura no Estado, praticamente o dobro da área identificada No que concerne as matas, cabe destacar as
ocorrem com menos de 3,0% do total. Dentre é importante verificar que a área cultivada pela fotointerpretação (856 k m } . 2
bacias dos rios Buranhém e Itanhaém,
esses resultados, destaca-se a significativa ocupa um pequeno espaço no território ocupadas por essa classe de uso em
área ocupada pelo cerrado (25,54%) e pelo mineiro. Ocorre com maior intensidade em No que se refere ã problemática ambiental, aproximadamente 36,0% e 13,0%,
pasto (23,70%), totalizando aproximadamente duas bacias, Paranaíba e Grande, e em menores o resultado mais significativo foi a respectivamente. Nas outras bacias
metade da superfície do Estado (49,27%). percentagens na do Paraíba do Sul e na do constatação de que ê muito pequena a área hidrográficas do Estado esse percentual ê
Isso sem considerar as associações do cerrado São Francisco. Na bacia do Rio Paranaíba as remanescente de mata nativa no Estado: sempre maior que 3,0%. As maiores
e do pasto com as outras classes de uso, o áreas cultivadas estão concentradas no somente 1,56% da área de Minas Gerais e concentrações de mata em Minas Gerais estão
que elevaria razoavelmente esse percentual. Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba. Na do atualmente ocupada por essa classe de uso. no Triângulo Mineiro e no norte de Minas.
Rio Grande, as áreas cultivadas estão ao sul Isso faz com que a área reflorestada Ê importante verificar que a área ocupada
Em ordem decrescente, o cerrado ocupa áreas da represa de Furnas e na região próxima ã homogeneamente (13.309 k m ) seja superior ã
2
por cobertura vegetal mais densa (M, * M ) 2
maiores nas bacias do rios São Francisco, cidade de Uberaba. de mata em aproximadamente 45,0%. não chega a 12,0% da área total do Estado,
Jequitinhonha e Paranaíba, sendo que a o que é um índice irrisório, se comparado
primeira contém 71,33% do total dessa classe, A caatinga ocorre em apenas duas bacias, com a vegetação florestal outrora existente
Os reflorestamentos estão dispersos e ocorrem em Minas Gerais.
que ocorre orincipalmente nas regiões central, São Francisco e Jequitinhonha. Entretanto, em poucas bacias. Basicamente existem três
norte e noroeste do Estado. ocupa uma área relativamente significativa, grandes regiões reflorestadas: o triângulo
se comparada com as outras classes de uso. formado pelas cidades de Araxã, Uberaba e
O pasto ocorre em todas as bacias, o que
demonstra a vocação do Estado para a
A região próxima às cidades de Araçuaí e
Itaobim, no Jequitinhonha, e a região norte
Uberlândia, na bacia do Rio Paranaíba; o 5.1.2. Indústria de transformação
triângulo formado pelas cidades de Curvelo,
atividade pecuária, tanto de corte quanto do Estado, no São Francisco, são as áreas Pirapora e João Pinheiro, na bacia do
de leite. Em mais da metade das bacias, o de ocorrências da caatinga. 5.1.2.1. I n t r o d u ç ã o
Rio São Francisco; e a região do
pasto ocorre em mais de 50% da área Alto Jequitinhonha. A presença de
hidrográfica, sobressaindo por ordem de Os afloramentos rochosos aparecem com alguma reflorestamentos está estritamente Objetiva-se aqui analisar o comportamento
grandeza as bacias dos rios Doce, significação em apenas três bacias: correlacionada com a ocorrência de cerrados, das indústrias de transformação como fontes
São Francisco e Grande, e, em termos Jequitinhonha (4,2% da área da bacia). como se pode verificar pelos dados indicados de poluição do meio ambiente em Minas Gerais.
relativos, as bacias dos rios São Mateus, Pardo (2,7%) e São Francisco (1,5%). Nas na Tabela 5.2. Tal analise, entretanto, consideradas as
Mucuri e Itanhaém, todas ocupadas em outras bacias, ou o afloramento não ocorre dimensões do Estado, é tarefa dispendiosa e
aproximadamente 80,0% por pasto. ou é inexpressivo. As maiores ocorrências que dependeria de conhecimento amplo e
estão localizadas ao longo da Serra do detalhado não só de todas as instalações
A capoeira é também uma classe expressiva de Espinhaço. Tabela 5.2. Area de cerrado e reflorestamento industriais como também do impacto ambiental
.uso da terra em Minas Gerais, ocupando em três bacias hidrográficas de de suas emissões. Tal conhecimento, até o
isoladamente 9,85% e, em associação com Os corpos d'água são representados Minas Gerais (%) momento inexistente, só poderia ser
pasto, 2,74% da área total do Estado. principalmente pelas represas de geração de levantado através de um processo metódico,
A capoeira aparece principalmente no norte, energia elétrica, fazendo com que os rios sistemático e abrangente de cadastramento
bacia cerrado re f lores tarnen to industrial. O Decreto n9 76.389, de
nordeste e sul de Minas, e em quase toda a Grande, Paranaíba e São Francisco se
sobressaiam com relação aos outros grandes 03/10/75, da Presidência da República, em
bacia do Rio Doce. São Francisco 45, 43 2,90 seu Artigo 12, atribui conjuntamente â
cursos d'água do Estado, em virtude do
potencial explorado nesses rios. Jequi tinhonha 32,53 3,34 Secretaria de Tecnologia Industrial do
Apesar de aparecer em quase todas as bacias, Ministério da Indústria e Comércio, ã
o campo tem as suas áreas mais expressivas 4,27 Secretaria Especial do Meio Ambiente do
nas serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da A área urbanizada do Estado seria de Paranaíba 24,71
Ministério do Interior e ã Fundação IBGE, a
Canastra, na bacia do Rio Araguari e na aproximadamente 1.600 k m , se calculássemos
2
66
cadastro. Todavia, tal estudo não foi feito A segunda redução foi a escolha dos conhecimento um pouco mais minucioso dessas revelador do quadro da poluição hídrica,
para Minas Gerais. Apenas algumas regiões poluentes ambientais mais representativos áreas, para as quais a metodologia havia a observação da Figura 5.6 nao permite
do Estado estão cadastradas pelo CETEC sob dentre aqueles que se poderia estudar a fornecido apenas informações agregadas. identificar nenhum grande foco, em termos
regime de contrato com a COPAM, mas são partir das informações disponíveis. Foram Cabe finalmente observar que não se de área. Existe, contudo, ao longo do
áreas dispersas pelo território mineiro, não selecionados dois poluentes atmosféricos considerou a possibilidade da existência de território mineiro, um número
preenchendo, portanto, a condição de - material particulado e óxidos de enxofre - sistemas de tratamento de poluentes nas significativamente grande de municípios
abrangência espacial colocada para a e um poluente hídrico, a demanda bioquímica fontes emissoras, e que a distribuição isolados ou de pequenos grupos de municípios
realização do presente diagnostico. Em de oxigênio (DBO). Ê importante citar que, espacial dessas fontes foi suposta homogênea de elevada expressão. São os municípios de
decorrência disso, tais informações foram embora o conjunto de fontes de poluição aqui ao longo das áreas de estudo. Belo Horizonte, Astolfo Dutra, Passos,
utilizadas apenas de forma acessória. considerado seja definido como "Indústria de Visconde de Rio Branco, Urucânia, Ponte Nova,
Transformação", julgou-se oportuno incluir, Campo do Meio e Monte Belo.
Foi possível, no entanto, obter de várias para a demanda bioquímica de oxigênio, a 5.1.2.3. R e s u l t a d o s
entidades oficiais federais e estaduais um parcela oriunda de esgotos domésticos. Sua As emissões estimadas de DBO proveniente de
conjunto básico de dados que permitiu uma contribuição foi considerada muito Por ocasião de estudos e levantamentos esgotos domésticos foram calculadas com
análise preliminar do parque industrial significativa para não ser computada. diversos realizados pelo CETEC em várias base no valor 0,054 kg de DBO/dia/hab.,
mineiro, sob o ponto de vista de seu regiões do Estado, elaboraram-se amplamente consagrado na literatura de
impacto ambiental. Cabe porém ressaltar Feitas essas opções, e selecionados os cadastramentos industriais que se saneamento. Constituem casos atípicos, no
que esse conjunto de dados não foi obtido indicadores mencionados, concluiu-se que constituíram no primeiro conjunto de que^concerne ás emissões de esgotos
para uso específico em estudos ambientais, para os estudos de estimativa de emissões informações existentes acerca das fontes domésticos CFigura 5.7), a microrregião
carecendo assim da profundidade técnica necessitava-se ainda da caracterização do industriais de poluição do Estado. Tais Belo Horizonte e os municípios de Ipatinga,
desejada. Some-se a isso uma série de porte das instalações industriais. Essa regiões são indicadas na Figura 5.2, onde João Monlevade, Patos de Minas,
restrições legais a seu uso, o que tornou caracterização poderia ser dada pela são apresentados ainda o período de cada Coronel Fabriciano e Timóteo, onde
impossível a identificação nominal das produção, pelo consumo de matéria-prima ou cadastramento efetuado, breves observam-se maiores concentrações. Para o
fontes mais significativas de poluição. pelo número de empregados das várias considerações quanto a confiabilidade dos restante do território estadual, as
Esse tópico será novamente abordado no indústrias. Embora as duas primeiras opções mesmos e uma síntese de seu processo de concentrações são de menor expressão e
decorrer deste item. fossem mais adequadas, seu emprego tornou-se execução. distribuídas praticamente de forma homogênea
inviável porque não se dispunha dessas em dois grandes grupos:
informações de modo completo para todas as
indústrias do Estado. O número de empregados Considerando que as áreas submetidas ao
5.1.2.2. M e t o d o l o g i a cadastramento de fontes industriais de - densidades médias na faixa de 0,5 a
das indústrias, ao contrário, constava do
RAIS, não obstante houvesse varias poluição tenham sido selecionadas, não com 1,0 kg de DBO/dia/km , na região ao sul
2
0 material básico disponível para a restrições legais ao uso e â divulgação de base em estudos preliminares envolvendo a do paralelo 18° ou a leste do
realização do trabalho aqui apresentado,os, seus dados brutos, como anteriormente detecção de áreas críticas, mas foram frutos meridiano 43°;
foi recolhido das seguintes fontes: mencionado. Não se pôde, por exemplo, ter de demandas de estudos regionais específicos,
acesso a informações que não fossem justifica-se a aparente distorção de - densidades médias na faixa de 0,0 a
- Relatório Anual de Informações Sociais - decorrentes da agregação de, no mínimo, três enfoques existentes entre as Figuras 5.2 e 0,5 kg de DBO/dia/km , na região ao norte
2
RAIS - 1980; instalações industriais. Todavia foi possível 5.3.- Isso porque, analisando-se a do paralelo 18° e a oeste do
- Pesquisa Industrial - 1976 e Censo estabelecer uma forma de trabalho que distribuição espacial de densidades de meridiano 43°.
Industrial de Minas Gerais - 1975, da atendesse aos objetivos deste diagnóstico, indústrias, indicada na Figura 5.3, pode-se
IBGE; e que respondesse ãs restrições legais, observar que tais densidades são O quadro das concentrações de emissões
- listagem de 1981 das indústrias inscritas resguardando as informações sigilosas. expressivamente mais relevantes na região totais de DBO (esgotos domésticos em
na Secretaria de Estado da Fazenda. Assim, o SERPRO, que normalmente processa localizada abaixo do paralelo 19°, enquanto combinação com as instalações industriais)
as informações do RAIS, foi autorizado a que a área de maior extensão já submetida a está indicado na Figura 5.8. Como era de
Inicialmente foram definidos dois trabalhá-las, segundo metodologia proposta cadastramento industrial situa-se acima do se esperar,a interpretação de tal quadro,
indicadores, a partir dos quais se pelo CETEC. referido paralelo, como mostra a Figura 5.2. que nada mais é senão a superposição das
desenvolveu todo o estudo. Esses indicadores informações contidas n. ° figuras 5.6 e 5.7,
são a densidade espacial de indústrias e a Observa-se que a densidade espacial de leva a conclusões que sà-, praticamente uma
densidade espacial de emissões estimadas de Esta metodologia apresenta as seguintes indústrias, que indica tão somente a relação soma das conclusões indiviu ais a que se ,
poluentes. Esses não são parâmetros ideais características básicas: número de indústrias/área em k m , embora
2
chegou a partir das referidas figuras,
para a análise que se pretendia realizar, mas possa constituir-se em uma primeira quais sejam:
foram as opções mais adequadas, consideradas - para cada ramo dos gêneros industriais aproximação do quadro das fontes poluidoras
as características do material base escolhidos foram estabelecidos fatores industriais, não informa acerca das emissões - que os grandes focos individuais de
disponível. Além da escolha desses de emissão em função do número de de poluentes. Para suprir tal lacuna foram elevadas concentrações são, em sua quase
indicadores, foram feitas duas reduções no empregados de cada estabelecimento; calculadas densidades espaciais de emissões totalidade, decorrentes da presença de
universo de estudo. A primeira delas estimadas para os poluentes mais indústrias. Entre tais focos vale
consistiu na seleção dos gêneros industriais - as estimativas de emissão foram calculadas representativos, que aparecem nas mencionar os municípios de Belo Horizonte,
a serem considerados neste trabalho, em por município, e suas densidades obtidas Figuras 5.4 a 5.8. Passos, Astolfo Dutra, Visconde do
função de seu maior potencial poluidor. em função das áreas dos municípios ou Rio Branco, Ponte Nova e Campo do Meio,
Os gêneros industriais selecionados foram os grupos destes; Pela interpretação das Figuras 5.4 e 5.5, como sendo os mais significativos;
seguintes: referentes ãs emissões estimadas de
- na ocorrência de restrição legal ao poluentes atmosféricos, é possível - que a tendência a homogeneidade de
- produtos alimentícios; fornecimento de informações sobre detectar-se um foco de poluição bastante distribuição das concentrações restantes
- transformação de produtos minerais não determinado poluente, relativas a menos de significativo, numa área delimitada por um é conseqüência dos esgotos domésticos.
metálicos; três fontes, optou-se por agregar dados de raio de aproximadamente 100 km em torno de
- metalúrgicos; municípios da mesma microrregião, e onde Belo Horizonte, e que engloba total ou Visando fornecer subsídios comparativos ã
as densidades de emissão estimada desse parcialmente as microrregiões Belo Horizonte,
- madeira; interpretação das Figuras 5.6 a 5.8, foi
poluente fossem relativamente pequenas; Divinõpolis, Espinhaço Meridional,
- bebidas; elaborada a Tabela 5.3, onde se apresentam
- mecânica; Sete Lagoas e Siderúrgica. Além desse grande as densidades de carga orgânica proveniente
- têxtil; - só foram consideradas no calculo da foco industrial, existem outros também de esgotos domésticos, referentes a quatro
- material de transporte; densidade espacial de indústrias, aquelas significativos, porém de menor área, e países. Ressalta-se que tais dados devem
- couros, peles e artefatos de viagem; que apresentavam emissões dos poluentes dispersos pelo Estado, citando-se entre ser analisados sem se perder de vista as
- química; selecionados para este estudo. outros um foco formado pelos municípios de suposições feitas para sua elaboração: a
- material elétrico; Pratãpolis e Passos, um formado por Barroso homogeneidade de distribuição espacial e a
- borracha; Da aplicação dessa metodologia resultaram as e Carandaí, e finalmente um formado por total ausência de sistemas de tratamento de
- perfumaria, sabões e velas; densidades e os totais de indústrias, e a Belo Oriente, Mesquita, Ipatinga, esgotos. No entanto, a despeito dessas
- produtos de matérias plásticas; densidade de emissões estimadas por Coronel Fabriciano e Timóteo. suposições, a observação da Tabela 5.3
- papel e papelão; município ou grupos de municípios. Como fornece alguns dados para comparação, a
- produtos farmacêuticos e veterinários; algumas regiÕ&s do Estado já haviam sido No que tange ãs densidades de emissões de partir dos quais é possível verificar que a
- fumo. cadastradas pelo CETEC, foi possível o DBO de origem industrial, parâmetro densidade de emissões de DBO do Estado é
67
Figura 5.2. Areas d o Estado ja submetidas a c a d a s t r a m e n t o industrial pelo SOCT
Governo do
Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais
45km 0 45 90 135 km
1983
Legenda
BACIA D O R I O G R A N D E
2 BACIA D O RIO P A R A Í B A D O S U L
3 BACIA D O RIO P A R A N A ÍB A
4 BACIA D O RIO S Ã O F R A N C I S C O
5 BACIA D O RIO D O C E
•j
REGIÕES JÁ CADASTRADAS PELO SOCT 6 B A C I A D O RIO J E Q U I T I N H O N H A
Área mineiro da S U D E N E - 1977, confiabilidade razoável, etapas realizadas: ,
cadastramento detalhado das indústrias consideradas, e m análise preliminar, 7 BACIA D O RIO P A R D O
c o m o sendo Ge maior potencialidade poluidora. \
Regiões de estudos 1 e 2 das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba* 8 BACIA D O RIO T I E T Ê
1977/1978, confiabilidade razoável, etapas realizadas: cadastramento industrial
preliminar de parte das indústrias, seleção das maiores e complementação das V.
informações para as mesmas. 9 BACIA D O RIO I T A B A P O A N A
Sacia do Rio Paraíba do Sul - 1981/1982, confiabilidade muito boa, etapas
realizadas: cadastramenlos preliminares de todas as indústrias", estimativas de
emissões para as mesmas, identifcação das indústrias de elevada potencialidade 10 BACIA D O RIO S Ã O M A T E U S
poluidora pelo método A B C ,
i i Bacias dos Rios Mogi e Pardo - 1979, confiabilidade razoável, etapas realizadas: BACIA D O RIO M U C U R Í
Ir _J cadastramento industrial preiiminar de u m grupo de indústrias selecionadas peia
l -i C E T E S B (este cadastro foi feito a pedido daquele órgão).
12 BACIA D O RIO ITANHE"M
Região de estudos da Bacia do Rio Jequitinhonha - 1980. confiabilidade boa,
etapas realizadas: cadastramento industrial preliminar da maioria das indústrias,
identificação das indústrias de levada potencialidade poluidora pelo método A B C .
complementação das informações para as mesmas. LIMITE DE BACIAS
Fonte: CETEC
68
Figura 5.6. Densidade d e emissões estimadas d e poluente d a água - demanda b i o q u í m i c a d e o x i g ê n i o (DBO) - e f l u e n t e industria]
' Governo do
Estado de Minas Gerais
Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
d o Estado de Minas Gerais
F o n t e : R A I S . 1980
72
Figura 5 . 8 . D e n s i d a d e d e emissões e s t i m a d a s d e p o l u e n t e d a água - demanda b i o q u í m i c a d e oxigênio ( D B O ) - efluente industrial e esgoto domestico
Governo do
Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais/CETEC
Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais
Fonte: R A I S . 1980
M i n a s Gerais - M u n i c í p i o s e Localidades - 1 9 7 7 / S E P L A N / M G
74
menor que as da França e da China, por Figura 5,9. Distribuição das participações percentuais de cada gênero industrial no conjunto das indústrias das microrregiÕes
exemplo.
densidade Fundação
aproximada de DBO Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
região de esgoto intervalo
Diagnóstico Ambiental
dornestico* do Estado de Minas Gerais
Mundo 1,4 1 a 5
Bangladesh 30,0 10 a 100
França 5,9 5 a 10
China 5,7 5 a 10
Brasil 0,8 0,5 a 1,0
Minas Gerais 1,3 1 a 5
* Considerou-se a distribuição de emissão
de DBO como sendo homogênea em toda a
região
Fonte: CETEC
m
emissões médias ou totais (Tabelas 5.5 e
5.6) . Madeira
Bebidas
5.1.2.4. C o n c l u s õ e s
75
Tabela 5.6. Gêneros industriais m a i s significativos em termos de n u m e r o d e industrias Tabela 5,7, M u n i c í p i o s m a i s s i g n i f i c a t i v o s em c o n c e n t r a ç õ e s d e i n d ú s t r i a s e suas emissões
e/ou emissões de p o l u e n t e s de p o l u e n t e s
emissões
emissões para o ar
para a água
e m i s s õ e s para a
material óxidos de carga e m i s s õ e s para o ar de água de carga
n? de
particulado enxofre orgânica municípios indústrias orgânica
gêneros industriais indústrias
(MP) (so ) (DBO) óxidos de e n x o f r e DBO
x
mat.particulado
total 1
média 2
total média total média d e n s i d a d e total d e n s i d a d e total densidade total densidade total
1. produtos alimentares 25 35 1* l5 Belo H o r i z o n t e 19 19 59 29 49 19 59 49
Contagem 29 39 49 49 29 69 159 199
2. transformação de prod. Divinípolis 79 59 - _ 209 179 129 139
lâ 5 lS 5 Passos - 159 129 59
- -
2
69 19
2
minerais nao metálicos
- -
5
Uberaba
-- 69 129 99 139 129
3. metalúrgica 2 Belo O r i e n t e
- 39 19
--
129 149 149 149
37 Planalto Mineiro 59 39
17 Uberlândia 59
41 Siderúrgica 59 59
79
Figura 5.10. M u n i c í p i o s de m i c r o r r e g i õ e s m a i s significativas em c o n c e n t r a ç õ e s de i n d ú s t r i a s e suas emissões d e poluentes
5.1.3. Indústria extrativa mineral
5.1.3.1. I n t r o d u ç ã o
As grandes q u a n t i d a d e s de m a t e r i a i s s ó l i d o s
d e s c a r r e g a d o s nos cursos d'água atuam de
modo a aumentar a turbidez, a concentração
de sólidos totais e a cor das águas dos
cursos d'água, o que p r o v o c a s i g n i f i c a t i v o s
danos sobre a flora e a fauna a q u á t i c a s ,
além de p r e j u d i c a r a utilização d e s s a s aguas
para diferentes finalidades. Vale c o m e n t a r
q u e os m a t e r i a i s sólidos que chegam aos
cursos d'água podem p r o v i r da lavagem de
m i n é r i o s e dos p r o c e s s o s densitários
empregados p a r a concentração dos m e s m o s ,
s o b r e t u d o q u a n d o n ã o s ã o seguidos por nenhum
p r o c e s s o de r e t e n ç ã o dos resíduos s ó l i d o s .
Os m a t e r i a i s sólidos p o d e m ainda advir da
lixiviação da área de m i n e r a ç ã o onde se
e x e c u t a m g r a n d e s m o v i m e n t a ç õ e s de t e r r a ,
na é p o c a das chuvas.
Legenda
A d e g r a d a ç ã o imposta ao m e i o ambiente p e l a
indústria e x t r a t i v a m i n e r a l não se r e s t r i n g e ,
W i C R O - RE GiOE S M'.'S SIGNIFICATIVAS no e n t a n t o , aos e f e i t o s físicos
e x e m p l i f i c a d o s , p o i s , além de resultar em
MUNICIPIO MAIS SIGNIFICATIVOS desfiguração d a paisagem, d e s t r u i ç ã o de b e n s
culturais e p o l u i ç ã o do m e i o físico, o
DIVISA DE MUNICIPIOS
e x t r a t i v i s m o m i n e r a l influi n e g a t i v a m e n t e
DIVISA DE MICRO- REGIÕES s o b r e o m e i o s ó c i o - e c o n ô m i c o das comunidades
onde e e x e r c i d o .
C o n c o m i t a n t e m e n t e aos efeitos p r o v o c a d o s
p e l a atividade m i n e r a r i a no m e i o físico, é
n e c e s s á r i o n ã o se d e s c o n s i d e r a r a sociedade
solapada p e l o e s g o t a m e n t o de sua p r o d u ç ã o
mineral e pelas distorções que o puro
e x t r a t i v i s m o pode p r o v o c a r na sua e s t r u t u r a
sõcio-econômica. Ê comum a s o c i a l i z a ç ã o de
custos sem qualquer c o n t r a p a r t i d a
compensadora, atingindo os grupos sociais
Base pianiméfrica extraída do cartograma elaborado pelo que residem o u trabalham nas áreas de
instituto de Gcoocnoas Apiicadas/IGA, na escala
1 1 500 000, em 1980. i n f l u ê n c i a da atividade m i n e r a r i a . Além
d i s s o , a indústria e x t r a t i v a mineral requer
uma c o n s i d e r á v e l i n f r a - e s t r u t u r a e c o n ô m i c a e
Fonte: RAIS. 1980 s o c i a l de suporte, p a r c i a l ou t o t a l m e n t e
financiada com recursos p ú b l i c o s , e q u e pode
tornar-se inútil após o e s g o t a m e n t o das
jazidas. A d i m e n s ã o dessa p r o b l e m á t i c a
r e p r e s e n t a m c e r t a m e n t e uma área p r o b l e m á t i c a a m b i e n t a l em M i n a s G e r a i s , no salientar que os r e s u l t a d o s a p r e s e n t a d o s cresce na m e d i d a em q u e se considera a.
s i g n i f i c a t i v a m e n t e inferior ã r e p r e s e n t a d a que tange ãs f o n t e s de p o l u i ç ã o i n d u s t r i a l . neste item, a d e s p e i t o de p o s s u í r e m d i v e r s o s i m p o r t â n c i a d a atividade m i n e r a r i a p a r a um
pelo c o n j u n t o das m i c r o r r e g i õ e s d e s t a c a d a s . A Figura 5.2, em a d i ç ã o ãs o u t r a s n í v e i s de i m p r e c i s ã o , c o n s t i t u e m - s e em um E s t a d o q u e d e l a recebe inclusive seu n o m e ,
P o r t a n t o , sendo a T a b e l a 5.8 m a i s seletiva, i n f o r m a ç õ e s a p r e s e n t a d a s n e s t e item, p r i m e i r o passo no sentido de r e p r e s e n t a r - s e e cuja colonização i n i c i o u - s e e x a t a m e n t e
não a p r e s e n t a todos o s m u n i c í p i o s r e l e v a n t e s d e m o n s t r a q u e , embora 2 5 % da área do E s t a d o o quadro e s t a d u a l no q u e se refere ãs fontes em sua função.
das m i c r o r r e g i õ e s d e s t a c a d a s pela T a b e l a 5.7 já tenham sido o b j e t o de c a d a s t r a m e n t o industriais p o t e n c i a l m e n t e p o l u i d o r a s , e
i n d u s t r i a l , a p e n a s cerca de 5% da área total c e r t a m e n t e c o n s t i t u i r - s e - ã o em s u b s í d i o s ao
se r e f e r e m a áreas de e l e v a d a c o n c e n t r a ç ã o p l a n e j a m e n t o de a ç õ e s g o v e r n a m e n t a i s A o c u p a ç ã o territorial em Minas G e r a i s
As c o n c l u s õ e s a p r e s e n t a d a s p e r m i t e m , a i n d u s t r i a l e/ou com e x p r e s s i v a emissão dirigidas p a r a o controle d e s s a s f o n t e s . v i n c u l o u - s e d e c i d i d a m e n t e , a p a r t i r do
g r o s s o m o d o , uma v i s ã o e s p a c i a l da estimada de p o l u e n t e s . Por fim, cabe s é c u l o X V I I , ao e x t r a t i v i s m o m i n e r a l , o
80
hoje o Estado detém mais da metade do valor dessas atividades sobre o meio ambiente, universo de dados considerado não inclui as que operam tais empresas. A observação
da produção mineral do P a í s . A evolução
1
foram utilizadas duas fontes de informação, minerações de fosfato e de materiais mais criteriosa da Tabela 5.11 leva ainda ã
do setor no PIB estadual, no período 1960/77, obtidas junto ao DNPM: radioativos, por ser a exploração desses constatação de que a quase totalidade das
espelha claramente a crescente importância minérios isenta de pagamento de IUM. empresas de maior porte opera exatamente
dessa atividade no contexto econômico do em um ou mais dos 40 municípios
Estado. De uma participação percentual - Projeto de Sistema de Informações anteriormente selecionados. Tal fato vem
de 1,04% em 1960, a extração mineral atingiu, Geológicas - PROSIG; atestar a adequação dos critérios adotados
em 1977, 3,07% do PIB mineiro (43). Nesse Inicialmente realizou-se um levantamento, ou pelo menos a relativa representatividade
período, o ritmo anual de crescimento do apresentado na Tabela 5.10, das substâncias obtida com as restrições citadas, e que
produto gerado pela mineração foi quase o - Perfil da Mineração do Estado de mineradas em cada um dos 40 municípios
dobro, tanto da expansão global do PIB foram impostas ao universo das informações
Minas Gerais. estudados. Em seguida determinou-se para
quanto da expansão do conjunto dos setores existentes.
esses municípios o total de substâncias
de produção de bens. Se em 1960 a parcela lavradas em cada um deles, como indica a
do PIB relativa ao extrativismo mineral era Essas publicações abrangem somente os 19 6 Figura 5.12. Concluído o levantamento, e
de 2,00% da parcela dos setores produtores Em seqüência, para se determinar a
municípios do Estado para os quais há a fim de caracterizar mais precisamente as
de bens, em 1977 essa mesma oarcela criticidade ambiental dos municípios em
registros de lavras junto ao DNPM. atividades mineradoras, obteve-se a listagen
alcançava os 5,54% (43). fundão das atividades minerarias, utilizou-se
Considerando-se ainda que esse universo de das empresas de maior porte, cuja soma das um índice numérico, definido a partir dos
informações poderia ser reduzido, devido ao produções de cada substância totalizasse seguintes indicadores:
fato de um número pequeno de municípios 75% da produção dessa substância no Estado.
espelhar satisfatoriamente a situação da Essa listagem e apresentada na Tabela 5.11,
A justaposição da indiscutível importância - o porte das minerações, que se procurou
econômica da indústria extrativa mineral indústria extrativa no Estado, procedeu-se onde são também indicados os municípios em quantificar através da analise do IUM;
com o seu grande potencial de degradação ãs seguintes restrições:
ambiental, sugere que as medidas de caráter
tecnológico são as únicas adequadas a uma - só foram consideradas as lavras com
estratégia capaz de minimizar os efeitos registro no DNPM a partir de 1971. Tal
dessa degradação. A efetivarão de tais restrição se justifica pela constatação
medidas, no entanto, pressupõe um de que as lavras consideradas englobam
conhecimento técnico adequado tanto das 97,7% do total dos registros do DNPM;
instalações mineradoras em si, quanto da Tabela 5.10. Demonstrativo das substâncias produzidas por município e o valor de arrecadação
sua distribuição espacial no Estado, e de IUM
ainda do impacto específico que impõem ao
ambiente adjacente. Dentro desse contexto, - só foram considerados os 40 municípios r 2
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a efetivarão de medidas que visem a com maiores arrecadações de Imposto tJnico X a
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minimização da degradação provocada no meio sobre Minerais - IUM. Tal restrição se <
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parâmetros mais indicativos da degradação Esse conjunto de informações abrange a
provocada pelas minerações ao ambiente quase totalidade da atividade mineradora em • •• • • 0
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aquático. Vale destacar que tal omissão Minas Gerais, tanto no que se refere ãs
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deve-se entre outras causas ã dificuldade lavras em operação, quanto no que tange ãs
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de se estabelecerem padrões para esses já paralisadas. Tal afirmativa pode ser
parâmetros, dificuldade advinda da própria comprovada pela observação e análise da
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diversidade dos níveis das ocorrências Tabela 5.9. Ê importante ressaltar que o
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E n g l o b a o s 40 m u n i c í p i o s onde a s
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• • 0
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(2) r e f e r e - s e a t o d o s os 196 m u n i c í p i o s 9
d o jola
do E s t a d o , p a r a os q u a i s h á «II •• • • • • 9
•• • H t !!*,«< 9
• • • 9
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•le m i a »4t.4rftAa 4
r e g i s t r o s d e lavras j u n t o ao DNPM. 1 1 1 s z G i
Excluindo o gas natural, petróleo, carvão TOTAL 1 4 1 r t 16 7 16 2 3 1 1 3 E 9 1 21 3 1 i 10 9 1 4 6 2 a 4 1 1 1 1 2 *44»(4t4#I
81
I
- a c o n c e n t r a ç ã o de lavras p o r m u n i c í p i o ; F i n a l m e n t e , os 40 m u n i c í p i o s e s t u d a d o s a p r e s e n t a ç ã o , p r o c u r o u - s e dar u m a v i s ã o da importância relativa das a r r e c a d a ç õ e s de IUM
- a a g r e s s i v i d a d e a m b i e n t a l e s p e c í f i c a da foram d i v i d i d o s em c i n c o c l a s s e s d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l dos m u n i c í p i o s m a i s ou o r i u n d a s de cada m u n i c í p i o e a c r i t i c i d a d e
l a v r a de cada s u b s t â n c i a , o b t i d a com e s t a b e l e c i d a s pela c r i t i c i d a d e . Para os m e n o s c r í t i c o s no q u e c o n c e r n e ao problema a m b i e n t a l dos m e s m o s . Tal fato induz ã
b a s e nas i n f o r m a ç õ e s a p r e s e n t a d a s n a 156 m u n i c í p i o s não i n c l u í d o s n e s s e e s t u d o , da a t i v i d a d e m i n e r a r i a (Figura 5 . 1 3 ) . c o n s i d e r a ç ã o de q u e , como uma p r i m e i r a
T a b e l a 5.12. m a s que completam a r e l a ç ã o dos 196 a p r o x i m a ç ã o , as a r r e c a d a ç õ e s de IUM podem
m u n i c í p i o s para os q u a i s e x i s t e m r e g i s t r o s ser u t i l i z a d a s como o r i e n t a ç ã o p a r a a adoção
d e l a v r a s junto ao DNPM, i n s t i t u i u - s e uma Ê i m p o r t a n t e observar a s e m e l h a n ç a e x i s t e n t e de m e d i d a s oficiais q u e o b j e t i v e m o c o n t r o l e
sexta c l a s s e , c o n s i d e r a d a de m e n o r e n t r e os d a d o s das F i g u r a s 5.11 e 5.13, onde ou m i n i m i z a ç ã o do impacto a m b i e n t a l
Tabela 5.12. P o t e n c i a l de a g r e s s i v i d a d e
c r i t i c i d a d e que as o u t r a s c i n c o . Na respectivamente são apresentadas a d e c o r r e n t e da atividade m i n e r a d o r a .
ambiental das lavras de cada
substância
destruição
passagem F i g u r a 5 . 1 3 . C r i t i c i d a d e a m b i e n t a l da a t i v i d a d e m i n e r a r i a - C l a s s i f i c a ç ã o dos municípios
substancias níveis * transporte poluição
I ir [II le massas geoquímica
Agalmatolito X X Governo do
Amianto X Estado d e Minas Gerais
Ardósia X Fundação
Areia X X Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
Argila X Diagnóstico Ambiental
Argilito X d o Estado de Minas Gerais
Bauxita X X X
Calcário
Cascalho X
X
X
•
X
1983
Caulim X X
Cassiterita X X
Chumbo X X X
Cobre X X X
Columbita-
X X
Tantalita
Diamante X X
Dj almita X X
Dolomito
Dunito X
X
•
Ferro X X X
Grafita X X
Hidrargilita X
Manganês X X X
Mármore
Mica
X
X
•
X X
Ouro X X X
Prata X
Quartizito X
Quartzo X X
Serpentinito X X
Talco X X
Terras raras X X
Topázio X X
Zinco X X X
Zircõnio X
Obs, :
X - ocorrente
• - duvidoso
* - I estações superficiais
II estações desmontes médios
III estações desmontes de grande
porte
Fonte: CETEC Fonte: CETEC.
86
5.1.3.3. C o n c l u s õ e s Figura 5.14. Ocorrência de extração de ferro, manganês, argila, calcãreo e/ou ouro
5.1.4. Agropecuária
5.1.4.1. I n t r o d u ç ã o
87
Dada a carência de informações sobre as autónomo. Nessas propriedades, a tecnologia Tabela 5.13. Distribuição percentual da terra, segundo as classes de estabelecimento rural,
conseqüências do uso de defensivos agrícolas de produção também é tradicional, havendo em Minas Gerais
em Minas Gerais, e como sao ainda alguma resistência ã introdução de técnicas período: 1960/7 5
embrionárias as pesquisas especificas sobre modernas.
as técnicas de agricultura biológica, de
adubação orgânica e dos aspectos energéticos A segunda forma, representada pela empresa classes dos menos 500- 1.000- mais de
anos
relacionados a esta última, as agências de agrícola moderna, encontra-se em plena estabelecimentos de 10 10-100 100-500 1.000 10.000 10.000 total
governo ainda não estão adequadamente expansão no Estado, e em algumas regiões
capacitadas para interferir nessa questão está substituindo a forma tradicional de estabelecimentos 26,10 53,70 15,87 2,00 1,30 0,03 100,0
com toda a profundidade e eficiência que o organização. A produção destina-se 1960
assunto requer. Nesse particular, vale principalmente aos mercados externos, e as terras 1,42 19,60 32,50 14,20 26,30 5,98 100,0
ressaltar que a falta de integração entre os empresas quase sempre tratam dissociadamente
diversos sistemas operacionais impede que o
problema seja visto em toda a sua
da agricultura, da pecuária ou da
silvicultura. Nessas propriedades o uso
1970 estabelecimentos 27,38 54,20 15,50 1,90 1,00 0,02 100,0
abrangência. Além disso, tem sido dedicada de defensivos e pesticidas é intenso, e a terras 1,50 21,80 34,80 13,90 23,60 4,40 100,0
muito pouca atenção ãs regiões mais mecanização largamente utilizada favorece
28,32 52,58 15,92 1,17
mecanizadas e de agricultura mais moderna
no Estado (Triângulo, Sul de Minas, Alto
a compactação do solo, com todas as suas
conseqüências ambientais indesejáveis.
1975 estabelecimentos 1,99 0,02 100,0
São Francisco), em termos de monitoramento Normalmente a monocultura praticada pela terras 1,47 20,28 34,50 14,28 25,33 4,14 100,0
ambiental. empresa moderna favorece a proliferação de
pragas, e confere aos alimentos produzidos Fonte: IBGE - CEPA/MG
características nutricionais inferiores.
Assim, para que possam ser dados alguns
subsídios à fixação de uma política mais
abrangente para o setor, são analisadas a As culturas de cana, café, soja e as Figura 5,15, Programas de desenvolvimento individualmente analisados segundo a sua
seguir as principais informações e florestas homogêneas são as principais evolução espacial, participação relativa e
expressões da empresa moderna em agropecuário
indicações capazes de caracterizar o quadro seus impactos ambientais. Visando facilitar
atual da agropecuária no Estado, Minas Gerais, onde recentemente vêm se a compreensão do texto, os diferentes tipos
possibilitando a identificação dos impactos implantando programas de desenvolvimento de cultura foram agrupados em duas classes:
mais relevantes sobre o meio ambiente. agropecuário cujas conseqüências ambientais as culturas permanentes e as culturas
São examinadas a estrutura fundiária, a não foram ainda devidamente avaliadas. temporárias.
organização da agricultura, os principais 0 excesso de mecanização pode estar
produtos de cultivo e as tecnologias provocando em alguns casos a pulverização
aplicadas em associação com os sistemas de do solo superficial, a compactação do solo Dentre os produtos da lavoura permanente
manejo usuais. abaixo da superfície, e a erosão pela ação destacam-se o café, a banana e a laranja.
dos ventos, processos que podem levar à Na lavoura temporária sobressaem-se as
desertificação das áreas onde se implantam culturas de subsistência: arroz, feijão,
esses programas. A Figura 5.15 localiza as milho e mandioca, além do algodão,
regiões abrangidas pelos principais cana-de-açúcar e soja. Na Tabela 5.14
5.1.4.2. Q u a d r o a t u a l programas agropecuários em implantação no apresentam-se os índices de crescimento dos
Es tado. quinze principais produtos agrícolas no
período 1960/77. Somente abacaxi, feijão e
• Organização da Produção Agrícola café sofreram decréscimo no período 1960/70,
A estrutura fundiária em Minas Gerais, e todos os demais produtos tiveram evolução
Tanto a dimensão como a forma de estruturação originada do regime de sesmaria, apresenta s ia I I U L D \'.
positiva, sendo que a partir de 1970 houve
sõcio-econõmica dos estabelecimentos hoje uma grande concentração de terras nas um acréscimo acentuado, notadamente para a
agrícolas condicionam as conseqüências mãos de um reduzido grupo de proprietários soja, cuja produção aumentou mais de 4.000%.
ambientais que estes provocam. e uma multiplicidade de pequenas Outros produtos como algodão, alho, cebola,
propriedades, cuja participação na área laranja, mandioca e tomate tiveram mais de
Nos grandes latifúndios, a prática da total do Estado é decrescente (Tabela 5.13). 100% de aumento, embora sujeitos a
queimada sem controle provoca a erosão do Há significativas variações na distribuição ÍLÍLINS PÍOSmUiS EU [ « ( C L I Ç A O flutuações. O arroz ê o exemplo típico
solo e a diminuição de sua fertilidade espacial dos estratos de área de dessa flutuação, e também o café, que teve
natural, impedindo a reposição da matéria propriedades, como se pode observar pela sua produção sujeita ãs variações causadas
orgânica, com a conseqüente destruição de sua Figura 5.16. Legenda : pelo programa de erradicação de cafezais
estrutura biofísica. Nos minifúndios, o antiprodutivos do IBC. A Figura 5.17 mostra
manejo atual não permite o rodízio de • Principais Culturas Temporárias e lï.-'/.-l Planoroeste II a distribuição espacial de lavouras
culturas, provocando a superutilização do Permanentes permanentes e temporárias do Estado.
Polocentro
solo, o que leva ã sua degradação prematura.
O superpastoreío em áreas de encostas, Nos últimos anos ocorreu um substancial Planoroeste II e Polocentro
usual em Minas Gerais, conduz â erosão do aumento da produção agrícola em Minas Gerais. Prodevale II
solo, e a retirada da vegetação para a Esse incremento deveu-se a uma conjugação Tabela 5.14. Índices de evolução da produção
formação de pastagens pode provocar a de vários fatores, entre os quais se É=l^ Prodemata física dos principais produtos
deterioração dos mananciais hídricos. destacam o rápido crescimento da demanda agrícolas em Minas Gerais
Sul de Minas período: 1960/70/77 (base
de alimentos e de matérias-primas, e a
expansão do crédito rural a juros Es~3 Prodemata e Sul de Minas 1970 = 100)
Por outro lado, as distintas formas de subsidiados. Associado às mudanças
l:ys'.\ Gorutuba
organização da produção, representadas pela tecnológicas e ã adoção de métodos modernos produtos 19b0 19>0 )9'1 197? 1973 1974 1975 19'6 1177
agropecuária tradicional e pela empresa de plantio, intensivos em energia e insumos • Distrito Agroindustrial de Jaiba culturas temporárias
agrícola moderna, produzem também químicos, o crescimento das áreas agrícolas . abacaxi 1b? 1 UO 123 165 167 157 186 200 196
77
diferentes conseqüências ambientais. Na do Estado provoca vários impactos ambientais. .
.
algodão
alho
70
67
] Ü(l
1Û0 94
113
110
281
247
162
230
225
125
114
273
24 5
275
intensidade. Nesse tipo de estabelecimento segundo duas alternativas: a adequada agrícolas foram analisadas unicamente sob
. tomate 4« 100 106 103 85 187 131 171 212
a família é o núcleo básico, que trabalha a gerencia das tecnologias de produção e a a ótica dos padrões de produção. Já a
culturas
. banana
permanente»
61 1 ÛÛ 100 114 121 119 183 162 16 1
terra de sua propriedade, com reorientação da demanda a partir da adequação análise dos padrões de consumo é apresentada .
.
café
laranja
127
75
1ÛÛ
150
44
12J
121
1C3
62
33 9 298
61
201
72
217
15 3
219
complementações freqüentes representadas dos padrões de consumo (alimentar, na parte referente â alimentação. Os tipos
pelo meeiro ou pelo trabalhador assalariado energético, e t c ) . Neste item as de cultura mais importantes do Estado foram Fonte! IBGE - SEPLAN/wi
88
Figura 5 . 1 7 . Lavouras permanentes e temporárias segundo as microrregiões Figura 5 . 1 8 . Distribuição da produção de algodão segundo as microrregiões
43* 4 7 » 4S* 4 3 " « I *
« • 47 * « • 4 3 » 41'
* » * « 7 » 45* 4 5 »
Legenda;
Legenda ;
% de lavoura permanente e lavoura
temporária, por microrregião (em %)
0-10 <1,0
10- 17
:NT
RA
17-27
z 35-42
o <
> 52
ã 1,0M6,0
_j S
a.
Nota: 1) os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
<
9 0 - 100 J 7 , 0 — « 17,7 microrregião em relação ao total
83-90 da área agrícola (lavoura
<t a. 73-83
QL ' <
5 8 - 65 temporária + lavoura permanente)
D 01
o o <: 4 8 2) as áreas em branco correspondem a
54,2
LAV
1 £Z2 o
o o
o s
90
o desnível na população microbiológica do solução definitiva quanto ao destino produto (Figura 5.19). Conseqüentemente, Graças ã ampla e crescente aceitação
solo. Como resultado desse processo, desse poluente. ê nessas duas regiões que se localiza a desse produto nos mercados interno e
surgem fungos e outros parasitas que maior parte das usinas alcooleiras e externo, a expansão da cultura da soja
exigem uso elevado de pesticidas na sua A cana-de-açücar atende a três açucareiras do Estado. em todo o País tem se verificado de forma
eliminação. necessidades: produção de açúcar e álcool, bas tante acelerada.
produção de rapadura e aguardente, e
A prática da queimada após a colheita, suplementação alimentar do rebanho bovino. .. so]a Em Minas Gerais essa cultura começou a
para estimular a rebrota da cana, destrói Para atender à primeira necessidade, ela expandir-se significativamente a partir
em parte a pouca matéria orgânica do sola, é cultivada de forma intensiva, com Sendo uma leguminosa, a soja fixa o de 1971, principalmente na direção das
cuja ausência de reposição desencadeia utilização de melhoramentos técnicos como nitrogênio do ar, melhorando a regiões Noroeste e Alto São Francisco,
processos erosivos após um período adubação, calagem e preparo adequado do fertilidade dos solos. Plantada em onde grandes áreas de cerrado estão
relativamente prolongado. Entretanto, solo. A cultura da cana-de-açúcar monocultura intensiva, requer a cedendo lugar ã cultura da soja. No
um dos principais problemas ambientais concentra-se em duas regiões. Sul e administração de quantidades relativamente restante do Estado, a participação desse
decorrentes da cultura da cana está na Zona da Mata, basicamente nas elevadas de agrotóxicos e fertilizantes produto é ainda insignificante.
sua industrialização e na conseqüente microrregiões Ponte Nova, Mata de Ubá, sintéticos, que inibem a atividade Concentra-se basicamente no Triângulo
poluição dos cursos d'água pelo vinhoto, Alto São Francisco e Furnas, que detêm biológica dos solos, levando a curto Mineiro (Figura 5.20), que detém 82% da
não tendo sido ainda encontrada uma 48% da área estadual cultivada com o prazo ã diminuição da produtividade. área cultivada com soja em Minas Gerais,
Figura 5.19. Distribuição da produção de cana-de-açücar segundo as microrregiões Figura 5.20. Distribuição da produção de soja segundo as microrregiões
49-
17 a
/T
21°
45°
Legenda :
Legenda :
(em %)
(em %) Nota: 1) os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
< 1,0 3,5 I — 4,8 Nota: os números indicam o percentual da microrregião em relação ao total
< 1,2 V?
área ocupada pelo produto na 10,7 I—il5,8 da área agrícola (lavoura
microrregião em relação ao total da (A temporária + lavoura permanente)
1,0 I — 3,5 área agrícola (lavoura temporária + 4,9 v—t 7,6 3Q o 2) as ãreas em branco correspondem a
9,1 í—113,7 lavoura permanente) ' municípios não produtores
91
destacando-se a produção da microrregião a transmissão de doenças de veiculação conforme mostra a Figura 5.21. está em torno de 500 kg/ha, considerado
Uberlândia. hídrica, como por exemplo a A microrregião Mata de Cataguases, embora um dos mais baixos do País.
esquistossomose. A tecnologia empregada detendo apenas 3% da ãrea estadual
na cultura do arroz em Minas Gerais não cultivada com arroz, tem 50% de sua ãrea
., arroz tem considerado os efeitos adversos, agrícola ocupada com essa cultura, que ê A associação dessa leguminosa a outras
decorrentes da falta de reposição da portanto, localmente, de grande culturas traz efeitos benéficos, em
Cultura amplamente difundida no Estado, o matéria orgânica em ambientes irrigados, importância. A Zona da Mata em geral conseqüência da melhoria parcial da
arroz é cultivado sob duas formas: cultivo nos quais geralmente ocorrem condições tem altas percentagens de terras ocupadas fertilidade dos solos. Entretanto, é uma
de várzea e de sequeiro, sendo este último anaeróbicas. Essas condições levam ã com a rizicultura (10 a 3 0 % ) . cultura que, como a do milho, oferece
responsável por 75% da produção total. redução do oxigênio e ao não pouca proteção ao solo contra processos
No manejo ecológico pratica-se a rotação aproveitamento posterior dos nutrientes erosivos, agravados pela prática do uso
básicos (NPK) pela cultura. . . feijão de herbicidas, quando cultivado em
do arroz de sequeiro na proporção de uma
safra para cada duas safras irrigadas, sistemas de monocultura.
evitando-se, dessa forma, situações Também de uso amplamente difundido no
anaeróbicas. Em termos de concentração de ãrea, cabe Estado, o feijão é em geral plantado como Sua baixa concentração espacial é
a duas microrregiões, Uberlândia e cultura de subsistência, com pequenos comprovada pelos pequenos percentuais da
0 principal problema ambiental ligado ã Pontal do Triângulo Mineiro, cerca de 30% rendimentos, e quase sempre consorciado área cultivada com o produto em relação
cultura do arroz em sistemas irrigados é da ãrea cultivada com o produto no Estado, com o milho e o café. O rendimento médio ao Estado. Na Figura 5.22 observa-se
Figura 5.21. Distribuição da produção de arroz segundo as microrregiões Figura 5.22. Distribuição da produção de feijão segundo as microrregiões
i8,9a /
.7*
10' V
21»
Legenda : Legenda ;
(em %) (em %)
o o o o ° o ° o
< 1 6,0 7,2 < 1,0
0
O O O
o o o a
4,8 6,6
O ° o° o°
a 2
0
a a
Nota: os números indicam o percentual da Nota: os números indicam o percentual da
1,0 3,0 12,2 17,1 ãrea ocupada pelo produto na 1,0 h - 3,0 10,6 ãrea ocupada pelo produto na
microrregião em relação ao total da microrregião em relação ao total da
3,0 4,8 ãrea agrícola (lavoura temporária + 3,0 i— 4,8 área agrícola {lavoura temporária +
lavoura permanente) lavoura permanente)
92
que a microrregião Chapadao do Paracatu, cultivadas com o feijão, em relação ãs (1.500 kg/ha). Os pequenos percentuais do solo, a cultura da mandioca pode
com apenas 10,6% da ãrea de cultura de demais microrregiÕes. de área cultivada, em relação ao Estado, apresentar sérios problemas de erosão,.
feijão no Estado, representa a maior retratam uma dispersão espacial Também no que tange à industrialização,
concentração, seguida pelas microrregiÕes . . milho (Figura 5.23;; as maiores percentagens de o subproduto obtido da destilação para
Mata da Corda, Bacia do Suaçuí, cultivo do milho variam de 4,8 a 6,4% nas produção de álcool apresenta potencial
Mata da Caratinga e Mata de Ponte Nova, A cultura do milho, que não oferece boa microrregiÕes Chapadão do Paracatu, poluidor semelhante ao do vinhoto.
com valores entre 4,8 e 6,6%. Alguns proteção ao solo, pode contribuir para a Uberlândia e Furnas. Das culturas de
municípios, entretanto, apresentam certa ocorrência de processos erosivos, com a subsistência, a do milho é a mais
espeeialisacão nesse cultivo, como ê o rápida perda da fertilidade natural. importante, tanto em relação ã ãrea
caso de São Pedro dos Ferros, Unaí e Por se tratar de um produto de elevado
A facilidade com que essa cultura suporta ocupada, quanto ao valor da produção, sõ
Patos de Minas. A microrregião consumo pelas populações rurais de
o consorciamento com outras culturas, perdendo para o café. As principais
Patos de Minas tem mais de 40% de sua baixa renda, a mandioca é cultivada em
assim como o emprego de técnicas de regiões produtoras são o Triângulo,
área agrícola ocupada com o cultivo de moldes rudimentares e em pequenas
conservação do solo, pode ajudar a Alto Paranaíba e o Sul de Minas,
feijão. Por outro lado, as microrregiÕes propriedades. A região que apresenta as
minimizar tal impacto. responsáveis por 70% da produção estadual.
Uberlândia, Pontal do Triângulo Mineiro e maiores concentrações dessa cultura em
Uberaba, chamam a atenção por apresentarem Minas Gerais é, ao contrário das demais
Como as demais culturas de subsistência, .. mandioca culturas de subsistência, o nordeste do
baixíssimos percentuais de áreas
é amplamente difundida no Estado, Estado, como se pode observar na
apresentando baixo rendimento físico Na ausência de técnicas de conservação Figura 5.24.
Figura 5.23. Distribuição da produção de mil ho segundo as microrregiões Figura 5.24. Distribuição da produção de mandioca segundo as microrregiÕes
43* 47 • 4 5>° 4 3° 43* 47 • 45* 4 3°
Legenda:
(em %) Legenda:
(em %)
< 1,0 3,5 4,8
Nota; os números indicam o percentual da
1,0 . 2,5 4,8 6,4 Nota: os números indicam o percentual da
área ocupada pelo produto na
< 1,0
22 5,2 i—i 8,9
ãrea ocupada pelo produto na
microrregião em relação ao total da
microrregião em relação ao total da 1,0 i—i 4,6 • •••• área agrícola (lavoura temporária +
2,5 — 3,5 área agrícola (lavoura temporária + 10,8 1—113,3 lavoura permanente)
• ••••
lavoura permanente) -i t i
93
A partir de 1974 a cultura da mandioca É uma cultura que apresenta boas _Minas Gerais 35% de todos os cafezais aproximadamente 66% da área cultivada com
teve um grande crescimento, em possibilidades de consorciamento, renovados no País, transformando-se este café no Estado. Essas duas últimas
decorrência da elevação de preços e da podendo-se plantar lavouras anuais como Estado no 19 produtor brasileiro. microrregiões são as únicas em que as
implantação do Plano Nacional do Álcool. a soja entre as fileiras de café, com lavouras permanentes ocupam áreas
Em 1977 a área cultivada com esse produto bons resultados, embora tal prática não A distribuição regional do café em superiores ãs temporárias, justamente
em Minas Gerais foi de 126.000 ha, contra seja muito usuai. A associação com Minas Gerais também tem sofrido mudanças. porque ali o café constitui monocultura.
63.900 ha em 1960. árvores leguminosas de grande porte para A cultura iniciou-se na Zona da Mata e Excetuando-se as regiões sul e sudeste do
diminuir a insolação excessiva é outra expandiu-se para outras regiões, Estado, o café não tem ainda expressividade
lavouras permanentes prática que pode contribuir para a principalmente para o Sul de Minas. Mais espacial, embora seja uma cultura em
.. café conservação da fertilidade dos solos. tarde alcançou as regiões do Triângulo franca expansão na direção norte.
Mineiro e AÍto Paranaíba, onde e cultivado
A cultura do café e considerada com toda a tecnologia moderna. Hoje essa .. banana
historicamente como a principal É o principal componente do valor bruto cultura encontra-se em expansão nas áreas
responsável pela degradação da da produção agrícola de Minas Gerais. de cerrado e chapadas do nordeste mineiro, O cultivo da banana não apresenta
fertilidade natural dos solos. De fato, Mesmo no período de 1960/70, época dos como pode ser observado pela Figura 5.25. impactos ambientais de destaque. Nota-se
cultivado em regiões acidentadas, e sem programas de erradicação e renovação de Entretanto, o Sul de Minas é ainda o a possibilidade de consorciação que essa
técnicas de conservação de solos, o café cafezais e de ocorrência de adversidades maior produtor, com 64% do total no cultura apresenta, com efeitos positivos
opõe pouca resistência aos processos climáticas, o café liderou a produção Estado. sobre a preservação dos solos. Sob o
erosivos. Atualmente resolve-se esse agrícola do Estado. Em 1969, com o aspecto de ocupação espacial, a banana
problema condicionando o financiamento plano de renovação e revigoramento de Apenas as microrregiões Furnas, Planalto tem em Minas Gerais a segunda maior área
para a formação de novos cafezais ã cafezais, visando uma modernização das Mineiro, Mogiana Mineira e Vertente cultivada no País, ocupando aproximadamente
adoção de técnicas de conservação do solo. técnicas de cultivo, foram plantadas em Ocidental do Caparão detêm 30.000 ha (Figura 5.26).
Figura 5.25. Distribuição da produção de café segundo as microrregiões Figura 5.26. Distribuição da produção de banana segundo as microrregiões
4 » " 47° 45* 43* 4»» 47" 4S" 43" 4l"
t. T -
45°
94
. . laranja detém 44% da área cultivada com laranja do homem, em função das tecnologias de fauna e flora microbiana, e aos pequenos
(Figura 5.27). A ãrea restante criação ou industrialização do alimento. animais. Ocorre em seguida a degradação
São necessárias práticas de conservação encontra-se disseminada por todo o Estado, das condições gerais do solo e o
de solos no cultivo da laranja. 0 uso em baixas percentagens. Os principais problemas ambientais aparecimento de pragas e pestes.
de defensivos químicos é consideravelmente decorrentes da bovinocultura em Minas Gerais O superpisoteio do gado, ao destruir a relva
elevado no Estado. Pode-se associar • Pecuária provêm da prática da queimada, do e deixar o solo desnudo, provoca a erosão
facilmente a cultura da laranja a outras superpisoteio de gado e dos processos do solo.
culturas. Como os principais problemas relacionados a empregados na cultura de forrageiras. As
pecuária em Minas Gerais decorrem da queimadas das pastagens, destinadas a 0 rebanho encontra-se muito distribuído
Uma faixa que se estende no sentido bovinocultura, apenas esse item foi incluído favorecer a rebrota, provocam queda espacialmente, havendo, entretanto, algumas
SO-NE, formada pelas microrregiões no presente diagnostico. Todavia, deve ser significativa de produção, um a dois anos microrregiões isoladas com concentrações
Furnas, Espinhaço Meridional, Formiga, lembrado que os outros ramos da pecuária depois de consumadas, já que as condições maiores. A media estadual de densidade de
Divinõpolis, Belo Horizonte e Siderúrgica, podem produzir efeitos prejudiciais ã saúde tornam-se desfavoráveis ás forragens, ã bovinos por pastagem (Figura 5.28), é de
Figura 5.27. Distribuição da produção de laranja segundo as microrregiões Figura 5.28. Densidade de bovinos por pastagem e percentagem do rebanho das
microrregiões em relação ao rebanho do Estado
43°
tf
7<°
tf-
45" 43*
44° « 7 °
Legenda :
Legenda : % do rebanho da microrregião em relação ao
Densidade (cabeça/ha de pastagem)
(em %) Estado
1,0 i — 4 5
(
0,42 0,63 1,0 t- 2,5
\ZZà
Nota: os números indicam o percentual da
o _ o
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oO oD
4,5 I—I 6,5 área ocupada pelo produto na 63 0,80 2,5 h- 4,0
o o o
microrregião em relação ao total da
ãrea agrícola (lavoura temporária + •» * * J
11 4 I—I 11,9 4,0 H 5,6
tá lavoura permanente) V . V J 0,80 H 1,05
95
0,63 cabeças/ha, sendo que as regiões Nesse particular, a participação de ã erosão dos solos com o conseqüente pode vir a produzir grande quantidade de
centro-sul, sudeste, nordeste e oeste do Minas Gerais no consumo de carvão observado carreamento de sedimentos para os cursos ácido pirolenhoso. Esse ácido é um
Estado, com exceções localizadas, tem em todo o País assume proporções realmente d'água, e uma ruptura do processo contínuo subproduto cuja disposição final no meio
densidades acima da média estadual. elevadas, conforme pode ser visualizado na de reciclagem da matéria orgânica. ambiente constituiria um grave problema
0 extremo sul e os vales dos rios Doce e Figura 5.29, que mostra também uma expressiva ambiental, devido ã sua extrema acidez
Mucuri sao as regiões que apresentam maiores tendência ab crescimento desse mesmo consumo. Degradações mais complexas e ainda não (pH 2,5).
densidades (0,80 a 1,05 cabeças/ha), completamente conhecidas estariam
destacando-se as microrregiões Bacia do A atividade do carvoejamento é responsável, relacionadas ao balanço de exportações e ã
Suaçul, Mantena e Bacia do Manhuaçu, com em Minas Gerais, por extensa eliminação de ciclagem de nutrientes, â modificação da Conforme pode ser visto na Figura 5.30, as
mais de 1 cabeça/ha. Embora se saiba que a cobertura vegetal. Em 1976, cerca de 90% microrregiões Paracatu e Montes Claros são
hidrologia florestal e ã perturbação do
capacidade de suporte média no Estado para do carvão vegetal foi proveniente do cerrado as maiores produtoras de carvão vegetal em
rendimento florestal de áreas contíguas. Minas Gerais, com 42% da produção do Estado.
pastagens naturais seja de 0,6 cabeças/ha, e de formações nativas, sendo o carvoejamentc
torna-se difícil identificar nessas uma atividade de desmatamento predatória, Outros municípios localizados na região
microrregiões as áreas em que há que não leva em consideração a capacidade de Embora o carvoejamento seja um processo central também contribuem com parcelas
superutilização pastoril, porque é regeneração das formações vegetais. nitidamente industrial, a sua íntima ligação substanciais na produção de carvão.
exatamente ai que se concentram as maiores com a exploração de madeira põe a descoberto
áreas de pastagens cultivadas, as quais têm A expansão da fronteira de carvoejamento já a necessidade de alguns comentários
capacidade de suporte muito maior do que a adicionais. Merecem destaque, por exemplo, Com relação ã lenha, o seu consumo doméstico
atinge outros Estados, embora programas ê também muito alto, sobretudo nas regiões
média estadual. Ao norte, noroeste e em recentes de plantio de florestas homogêneas alguns efeitos deletérios sobre a saúde
algumas microrregiões isoladas ocorrem humana, causados pela operação de mais pobres, como o Noroeste e o Vale do
representem uma forma de aliviar a pressão Jequitinhonha, onde se estima que em 85% dos
densidades abaixo da media estadual, do consumo sobre as florestas nativas. carvoejamento geralmente praticada em
caracterizando uma pecuária bastante condições insalubres. Além do desconforto domicílios utiliza-se fogão ã lenha. Além
extensiva. No noroeste encontram-se as causado pelas altas temperaturas, a do consumo doméstico, destaca-se também
menores densidades (0,21 a 0 ,42 cabeças/ha). aspirarão das partículas em suspensão sua utilização em padarias, cerâmicas,
Essas florestas homogêneas poderão garantir olarias, hotéis e restaurantes.
também o suporte requerido pelas crescentes atmosférica pode produzir doenças do trato
demandas de energia e de insumos industriais, respiratorio, podendo ocorrer também efeitos
A cultura de forragens, praticada com cancerígenos decorrentes da queima do
técnicas modernas, tem provocado efeitos embora existam impactos ambientais negativos Estimativa realizada para 1980 (66) mostra
a essa forma de monocultura. alcatrão.
ambientais adversos, ao exigir o uso de que 6 7% do total de fogões em Minas Gerais
fertilizantes químicos. Vale mencionar são â lenha, sendo que esse percentual nas
que qualquer excesso de íons solúveis, tal A extração de madeira para a produção de áreas rurais chega a 95%. A explotação de
Ainda com relação ao carvoejamento, a
como ocorre quando se aplica um lenha é amplamente difundida, destacando-se
lenha ou carvão produz imediatas tecnologia usual não contempla a recuperação
fertilizante, pode gerar desequilíbrios no com maior concentração as microrregiões
solo e nos nutrientes nele contidos. Ha conseqüências danosas ao meio físico natural, de outros subprodutos da madeira. Uma vez Montes Claros, com 8,7%, e Siderúrgica, com
também evidências de que esses desequilíbrios clentre as quais se destacam o favorecimento adotado em grande escala, esse aproveitamento 7,5%, como mostra a Figura 5.31.
podem afetar os animais que se alimentam
dessas culturas. A incidência de necrose
gordurosa nos intestinos dos animais pode Figura 5.29. Consumo de carvão vegetal no Brasil e a participação do Estado de
estar diretamente relacionada com os níveis Minas Gerais
crescentes de fertilização nitrogenada. 5.1.4.3. T e c n o l o g i a a g r í c o l a
extrativismo vegetal em Minas Gerais saúde das populações animais e humanas que
destina-se ã produção do carvão e da lenha. venham a utilizar as culturas desenvolvidas
nas áreas onde esses produtos químicos são
A exploração carvoeira encontra-se em plena aplicados. Os longos períodos de
ascensão, destruindo o que restou da permanência de resíduos químicos no solo
vegetação natural, e atingindo sobretudo o tornam extremamente complexa a tarefa de
cerrado. A produção de carvão é voltada determinar os seus efeitos ambientais.
para as siderúrgicas, localizadas na região O modo como são aplicados, em doses
central do Estado. Sete Lagoas e MINAS GERAIS BRASIL excessivas e sem os devidos cuidados, também
Divinõpolis, com suas mini-siderürgicas de contribui para a crescente ocorrência de
ferro gusa, consomem a maior parte do carvão danos a saúde do próprio trabalhador rural
vegetal natural. Fonte: CETEC que os manuseia.
96
F.igura 5.30. Distribuição da produção de carvão vegetal segundo as microrregiÕes Figura 5.31. Distribuição da produção de lenha segundo as microrregioes
C-
SÃ
Legenda:
Legenda:
(% da produção da microrregião em relação ao Estado)
(% da produção da microrregião em relação
ao Estado)
o 0,11
o o o o
0 ° O ° O ° O
Q
o Oo Oo t 0, 20 0,67
1,08 1,81
2,40 6,63
um ».66
27,58
• Força Utilizada nos Trabalhos do País, o que representa um potencial de Esse quadro põe a descoberto um grande Mineiro e parte do Sul de Minas.
Agrícolas força de trabalho considerável, mas que vem potencial para o rápido incremento do uso A utilização da força mecânica diminui
sendo subutilizado. Isso pode ser avaliado da força animal e da tração mecânica nas gradativamente na direção das regiões
Classicamente os principais tipos de força quando se considera que em 1975 apenas 42,2% atividades agrícolas, com todas as economicamente mais deprimidas do nordeste,
utilizada no cultivo são a força humana, a dos estabelecimentos agrícolas utilizavam conseqüências ambientais a elas associadas. incapazes de aplicações generalizadas de
tração animal ou a força mecânica, cujo uso animais como força de tração. Praticamente capital, bem como na direção das regiões
em Minas Gerais é mostrado na Figura 5.32. a metade dos estabelecimentos agrícolas Os maiores índices de utilização de força onde a topografia acidentada favorece mais
dispunha, naquela data, somente de força mecânica nos trabalhos agrários estão o uso de tração animal (Figura 5.33). Jã a
O Estado dispõe dos maiores rebanhos bovinos humana. concentrados nas regiões do Triângulo Figura 5.34 aponta, a nível de microrregioes.
97
Figura 5.32. Tipo de força utilizada nos trabalhos agrarios segundo as microrregiões Figura 5.33. Estabelecimentos que utilizam força mecânica nos trabalhos agrários e
número de tratores em relação â área plantada segundo as microrregiões
4»" 4 7 * 4 5 *
49» 4 7 ° 45" 4 3 ° 41»
.7«
Legenda:
Legenda:
(% de estabelecimentos que utilizam força (% de estabelecimentos que utilizam força % de estabelecimentos que utilizam força
mecânica em relação ao total de mecânica em relação ao total de
mecânica em relação ao total de^ Número de hectares plantados em relação ã
estabelecimentos por microrregião) estabelecimentos por microrregião) estabelecimentos por microrregião unidade de tratos por microrregião
< 5 < 10
< 5 7 .498 » 1 4 .029
5 I - 10 10 h- 40
5 h- 10 2.697 t í 1.034
10 L_ 20 40 h- 50
10 20 949 I í 442
20 —
f 36 50 I — 60
20 36 368 i í 223
i—is—r
• * • •*•"**!
a a 4 36 H 51 60 H 76 1 1 1 (1
4
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1
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4
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4
4
4
4
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4 36 H 51 206 I f Hl
o percentual de estabelecimentos que correspondem também os maiores percentuais • Consumo de Fertilizantes havendo a reposição, ocorre a ruptura da
utilizam força animal, em relação ao total de uso de força mecânica. A mecanização cadeia, e o ecossistema se desequilibra.
de estabelecimentos e ao número de hectares agrícola, através da crescente utilização de Uma fertilização adequada é etapa essencial
plantados, por arado de tração animal. As tratores em Minas Gerais, principalmente_na para a preservação dos ecossistemas, pois é Há várias maneiras conhecidas de se garantir
microrregiões do Triângulo Mineiro que década de 70, possibilitou a implementação através dela que o homem, fechando a cadeia a reposição da fertilidade original do solo:
possuem os maiores percentuais de de uma agricultura de grande escala em trófica, restitui a terra o que dela retirou deixã-lo em repouso durante algum tempo após
estabelecimentos que utilizam força animal. diversas regiões. através da atividade agropecuária. Não iam período de plantio; adicionar
98
Figura 5.34. Estabelecimer "-.os que utilizam força animal nos trabalhos agrários e número periodicamente matéria orgânica fresca ou Minas Gerais foi de 313.962 t,
dc arados de tração animal em relação à área plantada segundo as microrregiòes decomposta; incorporar resíduos de outras correspondendo a cerca de 8% do total
atividades agrícolas e industriais; ou nacional.
adicionar minérios pulverizados, ricos em
nutrientes como o fosfato natural e o A distribuição regional do consumo de
calcário dolomítíco. fertilizantes apresenta acentuadas
variabilidades. As regiões Sul de Minas,
Em 19 75 o consumo brasileiro de nutrientes Triângulo e Rio Doce consomem cerca de 70%
por hectare cultivado foi da ordem de do total do Estado. As zonas de fronteira
48,8 kg, o que coloca o País entre os que agrícola - Noroeste e Jequitinhonha - são
apresentam média intensidade de consumo (I) as que apresentam menores índices de consumo
Em 19 80 o consumo de nutrientes em (Figura 5. 35} .
Legenda:
% de estabelecimentos que utilizam força Número de hectares plantados em relação a
animal em relação ao total de estabelecimentos unidade de arado de tração animal, por
microrregião
< 10 2.474
Legenda:
10 h- 40 969 542
(% de estabelecimentos que utilizam adubação química em relação
ao total de estabelecimentos por microrregião)
40 1— 50 388 115
50 I— 60 91 í 1 57
60 M 76 56 í 1 24
23 I 1 12
Média do Estado: 56
99
Cada uma das m a n e i r a s de se garantir a de p r e j u í z o s ã s a ú d e . A p e s a r de amplamente de ano p a r a ano e t e m - s e d e s e n v o l v i d o em N o g r u p o das hortaliças d e s t a c a m - s e as de
fertilidade do solo p r o v o c a sobre ele u t i l i z a d o s , p o u c o se conhece a r e s p e i t o dos terras do c e r r a d o . E u m a das culturas que folha, flor e h a s t e , alem do t o m a t e , da
impactos e s p e c í f i c o s . O e m p r e g o crescente e f e i t o s a m é d i o e longo prazo da a p l i c a ç ã o m a i s u t i l i z a d e f e n s i v o s e tem p e r s p e c t i v a s b a t a t a , cenoura, jiló e vagem, como
de f e r t i l i z a ç ã o q u í m i c a tem s i d o j u s t i f i c a d o de a g r o t õ x i c o s n a n a t u r e z a e suas d e , cada vez m a i s , d e s t a c a r - s e n o t o t a l da culturas em q u e se utilizam grandes
p e l a s u p o s i ç ã o de que e l a contribui conseqüências sobre a saúde do homem. produção nacional. q u a n t i d a d e s de a g r o t õ x i c o s . V i a de r e g r a ,
s i g n i f i c a t i v a m e n t e para o aumento da são culturas concentradas n o s m u n i c í p i o s da
p r o d u t i v i d a d e agrícola. Entretanto, estudos A cultura do a l g o d ã o , c o n c e n t r a d a na r e g i ã o região m e t r o p o l i t a n a , n o S u l dc M i n a s
recentes (6"?) vera m o s t r a n d o que e n q u a n t o o Três fatores p r i n c i p a i s podem o c a s i o n a r a (região de Maria da Fe) e na Serra da
n o r t e de Minas G e r a i s , e a de r o s a s , na
c o n s u m o de fertilizantes cresce i n t o x i c a ç ã o do c o n s u m i d o r de alimentos S e r r a da M a n t i q u e i r a , e m b o r a a p r e s e n t a n d o M a n t i q u e i r a (região de B a r b a c e n a ) . Esses
e x p o n e n c i a l m e n t e , a p r o d u t i v i d a d e das p r o d u z i d o s c o m o uso de d e f e n s i v o s a g r í c o l a s : d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l mais r e s t r i t a , são as a l i m e n t o s podem conter resíduos de
culturas em q u e s t ã o responde lentamente culturas que m a i s utilizam d e f e n s i v o s , tanto s u b s t â n c i a s tóxicas, já q u e , sendo
- c o m o que d e s c o n s i d e r a n d o o uso p r o g r e s s i v o - d e s r e s p e i t o pelo p e r í o d o de c a r ê n c i a do em volume q u a n t o em f r e q ü ê n c i a . p r o d u z i d o s em pequenas e m é d i a s p r o p r i e d a d e s ,
destes insumos. Com e f e i t o , durante o agrotóxico;
p e r í o d o de 1960 a 1970 a p r o d u t i v i d a d e - u t i l i z a ç ã o de q u a n t i d a d e s d e s n e c e s s a r i a m e n t e
a g r í c o l a das p r i n c i p a i s culturas comerciais grandes de d e f e n s i v o s ; Figura 5.37. Percentual^de estabelecimentos que utilizam d e f e n s i v o s v e g e t a i s segundo as
(algodão, a r r o z , cana, café, m i l h o , s o j a , - e s c o l h a i n a d e q u a d a de p r o d u t o s altamente microrregiÕes
trigo) sofreu um aumento i n s i g n i f i c a n t e , se tóxicos e p o u c o m e t a b o l i z á v e i s , q u e tendem
comparado com os dados r e l a t i v o s ã e v o l u ç ã o a se acumular nos organismos v i v o s . <j»" 15"
do consumo de f e r t i l i z a n t e s , c o n f o r m e m o s t r a
a F i g u r a 5.36. O c o n s u m i d o r dispõe de e s c a s s o s m e i o s de
controle i m e d i a t o desses f a t o r e s . Esses
m e i o s se resumem a algumas i n f o r m a ç õ e s
i n d i r e t a s , de p o u c a e f i c á c i a na p r e v e n ç ã o
Figura 5.36. E v o l u ç ã o d o consumo de dos r i s c o s , como por exemplo a de que
f e r t i l i z a n t e e da p r o d u ç ã o d a s certos p r o d u t o s contêm taxas maiores de
p r i n c i p a i s c u l t u r a s no período agrotõxicos d o q u e o u t r o s . O próprio
de 1960/80 produtor r u r a l , carente de melhores
i n f o r m a ç õ e s , corre riscos d e s n e c e s s á r i o s ,
d e c o r r e n t e s da aplicação e m a n u s e i o
incorretos dos d e f e n s i v o s . Nesse p a r t i c u l a r ,
vale m e n c i o n a r que ocorrem casos em que o
d e s c o n h e c i m e n t o das c a r a c t e r í s t i c a s d o
p r o d u t o , das dosagens corretas de aplicação
e das n e c e s s i d a d e s do uso de e q u i p a m e n t o s
especiais de p r o t e ç ã o , são fatais para o
usuário. Embora não e x i s t a uma e s t a t í s t i c a
atualizada desses e f e i t o s , alguns casos
ja foram registrados em M i n a s G e r a i s .
100
são de difícil controle por parte dos degradação ambiental é apenas um dos - extermínio da fazenda familiar e dos rocha e certas plantas medicinais, que
organismos fiscalizadores da saúde pública. problemas associados ao consumo de sistemas de mercado auto-abastecidos. atuam como catalisadores em processos 'de
Os defensivos clorados, por exemplo, foram agrotõxicos, cujo emprego vem sendo compostagem e manejo de solo. Além dos
proibidos pelo Ministério da Agricultura considerado em estudos recentes (60) como A mudança de uma agricultura intensivamente ritmos e dos preparados biodinâmicos, ê
para uso em horticultura, mas continuam ineficiente também do ponto de vista do química para uma agricultura alternativa relevante o uso de plantas associadas.
sendo utilizados, havendo pouco controle na controle das pragas. poderia aliviar alguns dos efeitos adversos
sua produção e comercialização. indicados e assegurar um sistema agrícola A assimilação de nitrogênio e também de
mais equilibrado a longo prazo. outros nutrientes como o fósforo, pelos
E importante ressaltar que o aumento do cereais ou outras culturas não
número de pragas nas principais culturas Figura 5.38. Evolução dos índices de Podem ser considerados alternativos os leguminosas,e freqüentemente melhorada
brasileiras coexiste significativamente consumo de agrotõxicos e de sistemas de produção que evitam ou excluem se são cultivadas intercaladas com
com o período de maior aplicação e uso de expansão da área colhida o uso de fertilizantes, pesticidas, leguminosas.
defensivos, conforme pode ser visto na reguladores de crescimento e aditivos para
Tabela 5.15. A Figura 5.38, elaborada em a alimentação animal, compostos método intensivo francês
bases nacionais, mostra que o consumo de sinteticamente; que promovam a rotação de
agrotõxicos cresce exponencialmente a culturas, o aproveitamento de resíduos Esse método, desenvolvido perto de Paris
partir de 1964, até atingir um pico em 1974 vegetais, estercos animais e minerais no fim do século passado, partia^de
com um crescimento de 518%, caindo em naturais; que promovam o controle biológico produções em pequenas áreas. Foi
seguida para se fixar, em 1977, num nível de pragas, para manter a estrutura e incorporado pela biodinâmica, e atualmente
383% acima do ano-base. produtividade do solo, e ainda os que está mais desenvolvido nos Estados Unidos.
utilizam adubação verde e plantas leguminosas
para a fixação do nitrogênio no solo.
agricultura ecológica
Tabela 5.15. Evolução do número de pragas
por cultura Nos últimos anos vêm surgindo no País Esse movimento, um dos maiores nos
movimentos não ortodoxos de agricultura, Estados Unidos, foi proposto por
baseados nos mesmos princípios que levaram William Albrecht, professor na
culturas
n9 de pragas a u m e n t o das pragas
ao desenvolvimento de modelos alternativos Universidade de Missouri, cujas pesquisas
1958 1963 1976 1958/63 L958/76 em países da Europa, nos Estados Unidos, no se dirigiam para as relações de
Japão e na Austrália, entre outros. No dependência da saúde animal e vegetal em
abacate 4 4 13 0 9
abacaxi 3 4 4 1 1 Brasil ainda são embrionários os estudos e relação âs características do solo.
alfafa 4 4 5 0 1 a disseminação oficial de tecnologias
algodão 11 17 25 6 14 alternativas de cultivo, restringindo-se a
amendoim 2 4 14 2 12 ação governamental a algumas divulgações Afirma-se freqüentemente que a agricultura
amora 1 1 4 0 3 alternativa apresenta uma produtividade
arroz 7 8 18 1
isoladas sobre técnicas de conservação do
11
bambu 1 2 2 1 1 solo, compostagem e adubação verde. relativamente baixa, comparada com a
banana 1 1 14 0 13
agricultura ortodoxa moderna. Também se
b a t a t a doce 0 1 6 1 6 Tendo em vista que a perda de fertilidade afirma que, como sistema, sua produtividade'
batatinha 6 14
Fonte: ROMEIRO, A.R. & ABRANTES, F.J. nunca seria suficiente para suprir
8 2 8 do solo em Minas Gerais decorrente de
cacau 1 2 18 1 17
processos convencionais de manejo agrícola constantemente a demanda crescente de
café 22 31 33 9 11
assume proporções vultosas, somente as alimentos no mundo. Entretanto, publicações
cana-de- recentes mostram que de maneira geral os
-açücar 6 12 21 6 15 técnicas usuais de conservação do solo
5.1.4.4. Sistemas a l t e r n a t i v o s d e a g r i c u l t u r a mostram-se insuficientes para a correção sistemas biológicos podem mostrar-se tão
capins e
pastagens 2 4 13 2 11 dos efeitos produzidos, pondo a descoberto produtivos quanto os ortodoxos, e há
cítricos 29 34 56 5 27 "A fim de assegurar, a longo prazo, sua mais a necessidade de adoção de métodos exemplos variados dessa afirmação, tanto na
crotolária 2 2 4 0 2 importante exigência - o alimento - a alternativos de <eultivo. Europa quanto nos Estados Unidos. A
cucurbitáceas 3 4 11 1 8 humanidade precisa desenvolver uma produtividade representa apenas um aspecto
eucaliptos 3 3 18 0 15
agricultura auto-suficiente, baseada em da agricultura bem sucedida: fatores "
feij ão 1 1 17 0 16 Em países desenvolvidos da Europa Ocidental qualitativos de produção agrícola também
figo 1 1 15 0 14
ciclos e processos naturais, indefinidamente e nos Estados Unidos, já são praticados
renováveis, e deixar de lado o atual sistema devem ser considerados, e há indícios de que
fumo 4 4 17 0 13 atualmente os seguintes tipos de agricultura os produtos da agricultura orgânica
goiaba 8 10 23 2 15 de agricultura convencional, dependente alternativa:
hortaliças 8 8 29 0 21 quanto a recursos e energia" (31). apresentam maior conteúdo energético e
jabuticaba 6 6 12 0 6 nutricional.
jaca 1 1 8 0 7
agricultura orgânica
As tecnologias agrícolas mecanizadas e
maçã 8 8 24 0 16
altamente intensivas levaram a uma crescente A agricultura orgânica moderna teve sua Conclui-se, portanto, que ainda que o fator
mandioca 2 2 8 0 6
manga 2 2 20 0 18 produtividade e eficiência de trabalho em origem na Inglaterra. Enfatiza a produtividade fosse o único relevante, a
marmelo 4 4 8 0 4 termos de resultados de curto prazo. nutrição do solo através da compostagem, agricultura alternativa deveria ser objeto
milho 3 5 9 2 6 Entretanto, a eficiência energética desses que consiste em manipular convenientemente de pesquisas e programas educacionais,
palmeiras 7 10 16 3 9 sistemas é negativa, gastando-se mais a matéria orgânica, de forma a estimular visando apoiar os produtores convencionais
pêra 7 7 15 0 8 calorias com insumos do que se consegue em a fermentação, obtendo o adubo orgânico que queiram utilizar a agricultura
pêssego 7 7 33 0 26 produtos. De fato, a conversão em alimentos alternativa, a fim de reduzir sua dependência
tomate 6 6 13 0 7
no final do processo (58). Na Europa e
dos insumos não renováveis, representados nos Estados Unidos centenas de dos insumos químicos. Desde que os
trigo 4 6 11 2 7
princípios da agricultura alternativa são
uva 6 9 22 3 16
pelas fontes fósseis de energia e de algumas proprietários rurais já usam largamente
substâncias utilizadas como defensivos e essa abordagem ecológica no cultivo essencialmente os mesmos da maioria dos
total 193 243 593 50 400 fertilizantes, corresponde a uma pressão agrícola. métodos da agricultura de subsistência;
Fonte: PASCHOAL, D. Adilson - Pragas, Praguicidas indesejável e insustentável, a longo prazo, seria também desejável desenvolver um
e Crise A m b i e n t a l - Problemas e Soluções sobre o quadro físico natural. Esse sistema de agropecuária eficiente e
E d i t o r a da F u n d a ç ã o G e t ú l i o V a r g a s , 1 9 7 9 . processo produz alguns efeitos negativos auto-suficiente, evitando-se a imposição de
adicionais, além dos já abordados: agricultura biodinâmica tecnologias inadequadas a ambientes
tropicais e com alta utilização de insumos
Esse tipo de agricultura alternativa, energéticos e materiais escassos.
- os custos crescentes de produção;
Para se promover o uso racional de divulgada pelo austríaco Rudolf Steiner,
defensivos, já foram tomadas em nível - a dependência crescente de energia e a partir de 1924, ê conhecida como Os modelos agrícolas alternativos pretendem,
federal algumas medidas importantes, como fertilizantes químicos, em grande parte agricultura biológica dinâmica ou pois, incorporar uma dimensão ambiental ãs
a exigência de receituário agronômico por importados; simplesmente biodinâmica. Ela inclui os ações antrõpicas no meio rural. Essa
parte do Banco do Brasil, para efeito de princípios da agricultura alternativa preocupação deve, entretanto, ir alem do
financiamento, e a criação, em 1980, do - riscos â saúde animal e humana e â orgânica, agregando-lhe manejos nível de desenvolvimento de técnicas
Centro Nacional de Informações Toxicológicas, segurança alimentar, provenientes do uso específicos. Utilizam-se os preparados agrícolas apropriadas, para incluir uma
no âmbito do Ministério da Saúde. A elevado de pesticidas; ã base de esterco de gado, cristal de análise crítica do próprio sistema de
101
produção agropecuária que ora se instala no Tabela 5.16. Impactos ambientais da Tabela 5.17. Aproveitamento do potencial hidráulico em Minas Gerais, em 31/12/77 (MW)
Estado. exploração de energia
operacional, necessária para agilizar a poluição Rio Sao Francisco 3.000 421
- 687 1.892 14
- -5
geração de respostas aos problemas aqui da água não não sim Rio Jequitinhonha 2.000 1,5 1.593 405
assinalados, cada vez mais agudos. Essa radio-
integração encontra-se muito comprometida atividade não não sim
Rio Doce 3.500 182,5
- 1.083 2.293
na atual situação, em que inexiste uma
dinâmica inter-organizacional eficiente, ocupação
Rio Paraíba 600 48
-
7.160 5.133
- 552
5.184
8
27,4
sendo os escassos recursos pulverizados do espaço grande mínima pequena total 23.994 5.575
e os esforços inutilmente duplicados.
Fonte: GOLDEMBERG, J. - Economia e Política (1) potencial hidráulico: provável para aproveitamento
da Energia. Livraria J. Olympio, Fonte: Diagnóstico da Economia Mineira
Rio de Janeiro, 1980. CEMIG - FURNAS
5.1.5. Energia
5.1.5.1. Introdução Dessa forma, a preservação do meio ambiente
assume papel importante na avaliação dos uma das fontes de energia mais promissoras,
novos sistemas energéticos. 11 usinas de álcool em produção no Estado
Muitas têm sido as abordagens da questão não só pelo potencial que representa, como era de 154,9 x IO £/safra (32), conforme
6
energética em seus aspectos econômicos e por ser fonte renovável. Além de culturas mostra a Tabela 5.18.
técnicos - fontes alternativas, efeitos energéticas, como extensões florestais e
sobre a balança de pagamentos- e a inflação,
etc Pouco se tem abordado, entretanto, 5.1.5.2. Recursos energéticos áreas cultivadas de cana e mandioca, as Tabela 5.18. Número de empresas,
fontes de biomassa poderão ser constituídas capacidade i nstalada, produção
sobre os impactos ambientais e sociais da de despejos urbanos e rejeitos agrícolas e efetiva e taxa de utilização
exploração e uso da energia. Esses impactos Se no Estado de Minas Gerais não existem da indústria de álcool em
florestais.
são relevantes, e a longo prazo têm reflexos reservas conhecidas de combustíveis fósseis, Minas Gerais
importantes sobre a economia, tanto em ao contrário o potencial hidroelétrico é ano: 1980
escala mundial quanto em escala regional. bastante substancial, especialmente nos rios O carvão vegetal utilizado na produção do
Grande e Paranaiba. Com o auxílio técnico e ferro gusa provém em grande parte de
Cada um dos sistemas energéticos - petróleo, financeiro do Programa de Desenvolvimento matas nativas, e tende a depender de em operação em analise em estudo
carvão mineral, hidroeletricidade, álcool, das Nações Unidas, a CEMIG e a CANAMBRA reflorestamentos homogêneos, especialmente n9 de
urânio, hidrogênio, lixo, carvão vegetal e Engineering Consultantes realizaram no de eucaliptos, que vêm ocupando grandes áreas empresas 11 9 49
lenha - trazem impactos ambientais sobre o período de 1963 a 1966 um estudo completo no norte do Estado, no Triângulo Mineiro, no
ar, a água e o solo. Entre os grandes capacidade
dos recursos hídricos nas seis principais Alto Jequitinhonha e no Vale do Rio Doce. instalada 154,9 276,6 678,6
efeitos da produção de energia destacam-se bacias hidrográficas do Estado, indicando 0 carvão vegetal é a fonte de energia mais
as alterações climáticas em escala global. como valor provável de potência hidrelétrico utilizada em Minas Gerais, sendo que unidade 10 6
£/safra 1 0 í/safra IO £/safra
6 6
102
e x p l o r a ç ã o desse r e c u r s o , s e j a em forma Tabela 5.20. Q u a n t i d a d e e percentagem de consumo d e energia por setores em M i n a s Gerais
d i r e t a , seja p e l a via f o t o s s i n t é t i c a , dada
a g r a n d e ãrea e ao alto índice de insolação fonte de energia
do território m i n e i r o . Pode-se m e n c i o n a r
também como opção e n e r g é t i c a o b a b a ç u , q u e ano/setor óleo óleo gás energia carvão carvão bagaço de total
gasolina querosene lenha
o c u p a uma ãrea de 1 m i l h ã o de hectares no diesel combustível liquefeito elétrica mineral vegetal cana
E s t a d o , p r i n c i p a l m e n t e no vale do Rio
São Francisco. A essas fontes soma-se a
e n e r g i a a n i m a l , já que M i n a s Gerais detém
doméstico
quant. - 329 - - 207 297 21.690
- - - 22.523
5.1.5.3. P e r f i l d o c o n s u m o e n e r g é t i c o transporte
quant. 3. 235 3 1.906 - - - - - - - 5.141
% 7,75 0,00 4,57 - - - - -
- 12,32
.Há uma carência de dados sobre o uso
s e t o r i a l de combustível p a r a fins
outros
quant. - - - - - 262 - - - - 262
i n d u s t r i a i s , d o m é s t i c o s e de t r a n s p o r t e , % - - - - - 0,63 - - - - 0,63
- - - - - - 24.551
p r i n c i p a l m e n t e sobre as fontes p r i m á r i a s de quant. 393 1.108 640 22.410
e n e r g i a do E s t a d o . Os dados referentes ao doméstico
c o n s u m o de e n e r g i a e l é t r i c a e de derivados
do p e t r ó l e o s ã o muito p r e c i s o s , uma ve2 que
% - 0,57 - - 1,60 0,92 - 32,46
- - 35,55
s a o m e d i d o s ao serem c o m e r c i a l i z a d o s ,
e n q u a n t o o m e s m o não se pode afirmar em
industrial
quant. - - 591 7.118 - 3.118 5.365 2.490 11.002 1.976 31.600
r e l a ç ã o ao consumo de outras fontes de 1970 % - - 0, 86 10,30 - 4,51 7,80 3,60 15,93 2,86 45,86
- - - - -
- - 12.182
e n e r g i a como a lenha e o carvão vegetal. quant. 6. 773 95 5 . 314
transporte
E n t r e t a n t o , pelas informações d i s p o n í v e i s ,
o c o n s u m o de combustíveis pode ser agrupado
% 9,81 0,14 7,69 -
- -
- - - - 17,64
- - -
em q u a t r o setores de u t i l i z a ç ã o : outros
quant. -
- - - 647
- - 647
- -
- d o m é s t i c o : lenha, q u e r o s e n e , gás liquefeito
%
- - - - - 0,93
- - 0,93
e energia elétrica;
doméstico
quant. - 578
- - 2.370* 1.094
- 21.600*
- - 25.642
103
5.2. Subsistema social
A i n t e n s i f i c a ç ã o da e x p l o r a ç ã o de florestas Figura 5.39. Indicadores s õ c i o - a m b i e n t a i s da p o p u l a ç ã o , as c o n s i d e r a ç õ e s apresentadas
n a t i v a s p e l o uso de lenha ou carvão, p a r a d a q u a l i d a d e d e vida levam a uma c o n s t a t a ç ã o i n i c i a l : o n í v e l
substituir o õleo combustível nas indústrias, m é d i o da q u a l i d a d e de vida em Minas G e r a i s
tende a ser um g r a n d e fator de d e g r a d a ç ã o
ambiental. Mesmo com os g r a n d e s p r o g r a m a s
5.2.1. Qualidade de vida n ã o é s a t i s f a t ó r i o , e o das camadas m a i s
carentes ê intoleravelmente b a i x o . Isso ê
de r e f l o r e s t a m e n t o r e a l i z a d o s no Estado, a tanto m a i s inadmissível q u a n d o se considera
m a i o r parte da p r o d u ç ã o do c a r v ã o v e g e t a l 0 conceito de q u a l i d a d e de v i d a ê impreciso, que esse q u a d r o se insere num m e i o ambiente
p r o v ê m d a s m a t a s n a t i v a s , dos cerrados e como lembra A. M o l e s ( 5 4 ) . Faz parte da f a v o r á v e l , onde a d i v e r s i d a d e dos
das áreas de v e g e t a ç ã o n a t u r a l . Para agravar categoria dos "fuzzy c o n c e p t s " , os e c o s s i s t e m a s pode gerar uma grande
essa tendência, soma-se o u s o da lenha como "conceitos v a g o s " dos a m e r i c a n o s . d i v e r s i f i c a ç ã o de atividades p r o d u t i v a s .
combustível d o m é s t i c o , q u e é intenso nas R e c e n t e m e n t e forjada, a e x p r e s s ã o q u a l i d a d e
p e q u e n a s e m é d i a s c i d a d e s , e m e s m o em de vida aparece c a d a vez com m a i s freqüência A localização das ã r e a s - p r o b l e m a q u a n t o ao
Belo H o r i z o n t e . Em m u i t o s m u n i c í p i o s do tanto na literatura e s p e c i a l i z a d a q u a n t o em n í v e l da q u a l i d a d e de v i d a em Minas Gerais
Estado observa-se q u e as p e r i f e r i a s das p e r i ó d i c o s de ampla d i f u s ã o . Restringir i n d i c a r i a duas regiões c r í t i c a s : p r i m e i r o ,
áreas urbanas apresentam-se absolutamente esse c o n c e i t o a uma d e f i n i ç ã o rígida a p e r i f e r i a das cidades m a i s p o p u l o s a s ,
carentes de v e g e t a ç ã o , devido ao uso da implicaria em esvaziar sua força, q u e p r i n c i p a l m e n t e B e l o H o r i z o n t e , onde se
lenha como fonte de e n e r g i a . encerra uma c o n c e p ç ã o d i n â m i c a , aberta, formam as favelas; s e g u n d o , os mocambos e
f r e q ü e n t e m e n t e uma alusão, uma r e f e r ê n c i a . casebres rurais, e s p a l h a d o s p r i n c i p a l m e n t e
nas regiões de maior o c o r r ê n c i a de
0 a u m e n t o recente da p r o d u ç ã o de álcool p a r a latifúndios i m p r o d u t i v o s . Assim, nessas
s u b s t i t u i ç ã o de p a r t e dos d e r i v a d o s de M u i t a s vezes o termo é e m p r e g a d o como s i t u a ç õ e s , os indicadores m a i s b á s i c o s
p e t r ó l e o , veio c o n s o l i d a r a n e c e s s i d a d e de antinomia de d e g r a d a ç ã o do m o d o de vida. estariam muito comprometidos. A mortalidade
c o m p a t i b i l i z a r - s e o uso da e n e r g i a com o As i n t e r a ç õ e s i n d i v í d u o - m e i o ambiente i n f a n t i l é muito e l e v a d a , a esperança de_
meio ambiente. Isto se deve âs implicações (físico, m a s também s o c i a l ) , q u e se dão v i d a ao nascer muito reduzida, a h a b i t a ç ã o
a m b i e n t a i s a d v i n d a s da e x p l o r a ç ã o e n e r g é t i c a . numa determinada situação, num q u a d r o e o saneamento b á s i c o são p r e c á r i o s ou
Haja v i s t a q u e a p r o d u ç ã o de álcool gera, ambiental, podem receber uma p o n d e r a ç ã o i n e x i s t e n t e s . A n ã o disponibilidade de
para cada litro p r o d u z i d o , a p r o x i m a d a m e n t e q u a l i t a t i v a , c o r r e s p o n d e n d o a um d e t e r m i n a d o m e i o s de produção e o subemprego também
12 litros de v i n h o t o , um resíduo de baixa nível de q u a l i d a d e de vida. Assim, os integrariam a lista dos fatores r e s p o n s á v e i s
concentração, que ê extremamente poluente aspectos a m b i e n t a i s desempenham p a p e l p e l a degradação do m o d o de vida.
q u a n d o lançado n o s cursos d ' á g u a . Essa preponderante na a v a l i a ç ã o do conceito em
p r o p o r ç ã o e a m e t a de p r o d u ç ã o p a r a q u e s t ã o , mas é s o b r e t u d o ao indivíduo, e Esse q u a d r o de carências b á s i c a s d e t e r m i n a
M i n a s Gerais agravam a dimensão do p r o b l e m a n ã o ao m e i o físico, que a q u a l i d a d e de vida F o n t e : SACHS, 1974 i n e x o r a v e l m e n t e a q u a l i d a d e de vida dessas
no E s t a d o . Além d i s s o , a expansão de se r e f e r e n c i a . Isso traz uma conseqüência populações. Nessa c i r c u n s t â n c i a os fatores
m o n o c u l t u r a s por e x t e n s a s áreas compromete m e t o d o l ó g i c a importante. Para se avaliar intermediários e avançados passam a ser tao
evidentemente o equilíbrio ecológico. índices de q u a l i d a d e de vida, é n e c e s s á r i o secundários que d i s p e n s a m c o n s i d e r a ç ã o .
A p r o d u ç ã o de álcool causa também efeitos reunir,aos indicadores q u a n t i f i c á v e i s , - intermediário:
. profissionalização Todavia, a qualidade do h a b i t a t , por exemplo,
indiretos sobre o uso e a o c u p a ç ã o das d e p o i m e n t o s o b t i d o s junto ãs p e s s o a s
. d i s t r i b u i ç ã o da p o p u l a ç ã o pode ser m u i t o comprometida em regiões
t e r r a s , já q u e p r o v o c a o a c i r r a m e n t o da i m p l i c a d a s , ou seja, deve-se levar em conta
. lazer poluídas ou insalubres, configurando um
d i s p u t a entre o u s o do solo p a r a a p r o d u ç ã o a p e r c e p ç ã o q u e os indivíduos têm da
q u a l i d a d e ambiental e da q u a l i d a d e de v i d a . . segurança e t r a n q ü i l i d a d e q u a d r o de baixo índice de q u a l i d a d e de vida
de a l i m e n t o s e para a produção de e n e r g i a .
F r e q ü e n t e m e n t e o termo q u a l i d a d e de vida . transporte; de segmentos menos carentes da s o c i e d a d e ,
aparece a s s o c i a d o a e c o l o g i a , s o b r e t u d o ã m e s m o quando" os indicadores b á s i c o s s ã o
ecologia h u m a n a . Há uma c a r a c t e r í s t i c a elevados.
No q u e se refere ao c a r v ã o m i n e r a l , sabe-se - avançado:
comum e n t r e as duas e x p r e s s õ e s : ambas
q u e a sua u t i l i z a ç ã o como c o m b u s t í v e l também . ambiente c o m u n i t á r i o
pretendem d e s e n v o l v e r uma abordagem O presente trabalho e x a m i n a , a seguir, alguns
e um fator de d e g r a d a ç ã o a m b i e n t a l . A queima . recreação
integrada da r e a l i d a d e , s i t u a n d o - s e alem de dos indicadores b á s i c o s da qualidade de vida
do c a r v ã o m i n e r a l produz fuligem, óxidos de . satisfação^espiritual
uma abordagem e x c e s s i v a m e n t e s e t o r i a l . Com em Minas G e r a i s : e s t r u t u r a e d i s t r i b u i ç ã o
e n x o f r e , metais t ó x i c o s e c o m p o s t o s orgânicos relação â q u a l i d a d e de v i d a , os aspectos . p a r t i c i p a ç ã o na vida do País
. realização p e s s o a l d e m o g r á f i c a , h a b i t a ç ã o , saúde, alimentação,
n o c i v o s ã saúde h u m a n a . E importante p s i c o - s o c i o l õ g i c o s e econômicos se articulam
. liberdade de e x p r e s s ã o . emprego e educação. T e n t a - s e e s t a b e l e c e r as
r e s s a l t a r que esse c o m b u s t í v e l apresenta em com elementos do m e i o ambiente, numa i n t e r - r e l a ç õ e s e x i s t e n t e s entre cada
M i n a s G e r a i s um a u m e n t o e x p r e s s i v o de interação d i n â m i c a . 0 diagrama s u g e r i d o
£ importante e n f a t i z a r q u e os indicadores indicador básico e os aspectos ambientais
c o n s u m o , na medida em que as indústrias, p o r Sachs (70) ilustra essa p r o p o s t a
m e n c i o n a d o s se c o n d i c i o n a m ãs a ele p e r t i n e n t e s .
p r i n c i p a l m e n t e a s i d e r ú r g i c a , estão (Figura 5 . 3 9 ) .
s u b s t i t u i n d o o õleo combustível pelo carvão c a r a c t e r í s t i c a s do m e i o ambiente específico
mineral. ao qual são a p l i c a d o s . Seria n e c e s s á r i o
integrar a cada i n d i c a d o r uma d i m e n s ã o
ambiental q u e p r o p i c i a s s e a interação
Na r e a l i d a d e , se de um ponto de vista
Deve-se r e s s a l t a r q u e a q u a l i d a d e de v i d a
nao se c o n f u n d e com o n í v e l de vida, ainda
dinâmica entre as a ç õ e s a n t r õ p i c a s e a 5.2.2. Estrutura espacial
q u a l i d a d e do m e i o a m b i e n t e . A uma baixa na
estreitamente econômico deve ser dada q u e h a j a uma e s t r e i t a c o r r e s p o n d ê n c i a entre qualidade do m e i o ambiente c o r r e s p o n d e uma 5.2.2.1. E v o l u ç ã o u r b a n a
ênfase ã s u b s t i t u i ç ã o de d e r i v a d o s de os dois c o n c e i t o s . 0 n í v e l de v i d a de uma redução do n í v e l de q u a l i d a d e de vida do
p e t r ó l e o , no que c o n c e r n e ao aspecto p o p u l a ç ã o é u s u a l m e n t e d e f i n i d o em relação grupo social i m p l i c a d o .
ambiental é desejável que se promova a a indicadores de c o n s u m o , ou a uma p o s i ç ã o A ocupação do espaço n ã o o c o r r e de forma
c o n s e r v a ç ã o dos v á r i o s tipos de energia, na p i r â m i d e s o c i a l . Esses i n d i c a d o r e s , aleatória. 0 processo de formação e
e v i t a n d o - s e o d e s p e r d í c i o dos recursos e v i d e n t e m e n t e , q u a l i f i c a m o m o d o de vida, Por se tornar o p e r a c i o n a l , e por sua p r ó p r i a evolução das cidades e s t á i n d i s c u t i v e l m e n t e
naturais. A c o n s e r v a ç ã o de e n e r g i a p a r e c e m a s h ã outros q u e devem ser levados em amplitude, o c o n c e i t o de q u a l i d a d e de v i d a c o r r e l a c i o n a d o com o d e s e n v o l v i m e n t o das
ser um caminho p r o m i s s o r , q u e contempla consideração. deve ser r e f e r e n c i a d o a situações forças p r o d u t i v a s , e é d i r e t a m e n t e afetado
t a n t o os o b j e t i v o s e c o n ô m i c o s de redução de específicas. Os c o m p o n e n t e s válidos p a r a pelas transformações e c o n ô m i c a s . Na m e d i d a
e n d i v i d a m e n t o e x t e r n o , como também os uma região i n d u s t r i a l i z a d a têm p o u c o a ver em q u e constitui um suporte âs atividades
Podem ser enumerados alguns i n d i c a d o r e s de com os de uma r e g i ã o s u b d e s e n v o l v i d a .
o b j e t i v o s de proteção ao ambiente n a t u r a l . q u a l i d a d e de vida, s e g u n d o uma escala de p r o d u t i v a s , o espaço u r b a n o é m a r c a d o , em
Da m e s m a forma, os componentes de uma grande cada conjuntura histórica, pelas formas
p r i o r i d a d e q u e inclui três níveis de c i d a d e p o d e m não ter s i g n i f i c a d o no m e i o
padrões: específicas de o r g a n i z a ç ã o da sociedade,
rural. Em resumo, o conceito ê relativo e tendo em v i s t a os p r o c e s s o s de produção e
No futuro, o elo entre a m e l h o r i a ambiental complexo. Depende das c a r a c t e r í s t i c a s da
e um f o r n e c i m e n t o seguro de e n e r g i a - mínimos: consumo. A análise d o s ciclos p r o d u t i v o s
r e g i ã o c o n s i d e r a d a , e na sua composição nos p e r m i t e concluir q u e âs d i f e r e n t e s
c e r t a m e n t e irá a m p l i a r - s e . 0 d e s e n v o l v i m e n t o . saúde entram um c o n j u n t o de f a t o r e s d i f e r e n t e m e n t e
de n o v a s t e c n o l o g i a s e de a t i t u d e s c a p a z e s . vestuário formas de organização social correspondem
ponderados. formas específicas de o r g a n i z a ç ã o do espaço.
de c o m p a t i b i l i z a r o p r o c e s s o de p r o d u ç ã o e . educação
c o n s u m o de e n e r g i a com a p r e s e r v a ç ã o do . alimentação
m e i o a m b i e n t e , é imperativo n a administração . habitação A p l i c a d a s ã r e a l i d a d e m i n e i r a , onde existem Ê n í t i d o q u e a estrutura urbana de
e c o l ó g i c a dos r e c u r s o s n a t u r a i s . . o p o r t u n i d a d e de trabalho; p r o f u n d o s c o n t r a s t e s entre os níveis de vida M i n a s G e r a i s , p r i n c i p a l m e n t e até 1930, foi
104
estabelecida em função das mudanças impostas produção industrial no Estado, superando A partir de 1970 a industrialização de A distribuição da rede de cidades em
ãs cidades pelas necessidades surgidas a Juiz de Fora no valor da produção industrial. Minas Gerais assume características bem Minas Gerais, segundo a ordem-tamanho,
partir das transformações no processo definidas. Ao mesmo tempo em que se expande indica que as cidades de porte médio, em
produtivo (50). A evolução da rede urbana Com a criação da Cidade Industrial de e se moderniza, o parque Industrial muda 1980, formavam um grupo muito mais sólido
foi condicionada pelas modificações do Contagem em 194 2, a instalação de grandes sua estrutura, devido ao aumento do número do que nas décadas anteriores. A Tabela 5.21
quadro geral da economia mineira, de forma empresas no setor de minerais - Belgo, e da produção das indústrias intermediárias apresenta o crescimento das cidades mineiras
que as alterações e crises econômicas se Usiminas, Mannesmann, Acesita - , a expansão
v
e de bens de capital (47). por estratos de tamanho . Em virtude do
1
traduziram no espaço, e influenciaram a do sistema rodoviário e a instalação da grande aumento do número de municípios no
formação da estrutura urbana. CEMIG em 1952, Belo Horizonte assume Toda essa transformação reflete-se sobre o Estado entre 1960 e 1970, de 482 para 722, e
definitivamente, na década de 1950, a espaço geográfico, particularmente além disso, visando analisar a distribuição
Até 1930 a economia mineira se desenvolveu primazia econômica do Estado. A força sobre o sistema urbano do Estado, que também da rede urbana por estratos de tamanho,
de forma compartimentada e regionalizada, polarizadora da capital estimula se expande, se moderniza e muda de estrutura, tornou-se necessário considerar, para o ano
condicionada pelos varios ciclos econômicos principalmente a integração do Vale do em função das características que assume a de 1960, tanto a população das cidades
que vincularam o Estado ao sistema Jequitinhonha e da área central de nova industrialização. E nítido que o fator existentes, quanto a população dos núcleos
exportador. Nesse período as cidades Minas Gerais. Entretanto, o seu potencial mais importante na reestruturação da que se tornariam sedes de municípios em 1970.
surgem sob o influxo de determinadas polarizador é incapaz de atingir áreas como urbanização mineira é o estilo de
produções destinadas ao mercado externo, o Triângulo Mineiro, o Sul de Minas e a industrialização que vem caracterizando o É clara a perda de posição relativa das
exercendo ora funções de centros produtivos, Zona da Mata, situação que de certa forma Estado. cidades pequenas, embora essa perda não
ora de entrepostos comerciais . Dessa
1
perdura até hoje (24). signifique redução absoluta da população.
forma, a rede de cidades, nessa época, se As industrias intermediárias e, em especial, O fato é que essas cidades apresentam, em
apresentava difusa e desintegrada, Pode-se afirmar que a primazia de as de bens de capital, são fortemente sua maioria, taxas de crescimento menores
polarizada pelos centros urbanos de maior Belo Horizonte, catalisando tanto os atraídas pelas "economias externas" . Dessa 1
que as observadas para os estratos
porte dos Estados litorâneos vizinhos, os investimentos quanto as migrações, dificulta forma, as exigências locacionais da nova superiores. E importante ressaltar que esse
quais centralizavam a exportação dos o aparecimento de centros de porte medio industrialização mineira privilegiam a área estrato, apesar da perda de posição relativa,
produtos mineiros destinados ao mercado integrados ã rede urbana. A primazia da metropolitana e as cidades de porte médio ainda tem 50% da população urbana,
externo, e consumiam os produtos capital, dominando o espaço urbano, atraiu melhor equipadas, cuja posição geográfica percentagem que mostra a significação das
agropecuários do Estado. todas as ligações verticais nos diversos permita fácil acesso aos mercados nacionais. cidades pequenas na estrutura urbana
níveis urbanos, impedindo a emergencia de Assim, face âs características do padrão estadual. Entretanto, o destaque maior se
Ê somente após 1930 que a configuração da um conjunto de cidades médias capazes de industrial prevalecente, as novas indústrias refere ãs cidades médias. Se em 1960 apenas
rede urbana de Minas Gerais se hierarquiza e desempenhar esse papel. estão se instalando ao longo dos eixos 3 cidades se situavam nessa classe (50 a
se integra. Se antes as pequenas cidades Belo Horizonte-São Paulo, Belo Horizonte- 250 mil habitantes), representando 9% da
gravitavam em torno dos centros externos que Somente com a adoção pelo Governo Federal, -Rio de Janeiro, no Triângulo Mineiro e na população urbana, em 1980 esse número se
monopolizavam a comercialização da produção a partir de 1955, de uma política de área metropolitana. Entretanto, novas elevou a 24, correspondendo então a 28% do
de sua área de influência, em 1950 jã eram integração do espaço físico, mediante um indústrias começam a penetrar em direção ao total da população urbana estadual. Por
visíveis as mudanças espaciais, com programa intensivo de construção de Vale do Rio Doce, ao noroeste e norte do outro lado, observa-se o contínuo
delineamento de uma estrutura hierarquizada rodovias, é que se inicia a formação, ainda Estado, sobretudo em Pirapora crescimento das cidades grandes , embora a
2
de cidades, por tamanho. Pode-se afirmar que tímida, de um conjunto de cidades com e Montes Claros. taxas inferiores ãs das cidades médias.
que enquanto o espaço urbano mineiro no potencial para desempenhar o papel de
final do século XIX era compartimentado, mediadoras do espaço urbano mineiro. A implantação ou expansão dessas novas
por volta da metade deste século a atividades industriais representa A Tabela 5.22 apresenta a distribuição
distribuição de cidades jã tem uma estrutura A necessidade de se expandirem os efeitos indiscutivelmente uma nova etapa na regional da população urbana das cidades de
parcialmente integrada. irradiadores do processo de industrialização ocupação do espaço mineiro, com profundas porte médio, em 1980. Constata-se de
do eixo Rio-São Paulo, e a intenção de ligar repercussões nas áreas para onde essas imediato o papel significativo das Regiões
No Brasil a Revolução de 1930 ê um marco de a nova capital em construção com o resto do atividades se dirigem, apesar da contínua I e IV no sistema urbano estadual,
referência da reestruturação da economia País, deram origem a importantes conexões primazia da metrópole estadual. Não obstante representando 62% da população nesse estrato
nacional, quando os setores de base rodoviárias para Minas Gerais. Data dessa a predominância fla Região Metropolitana de tamanno. No caso da Região IV essa
agrãrio-exportadora perdem posição em relação época a implantação, pelo Governo Federal, com relação a rede urbana de Minas Gerais, importância surge face ao crescimento de
aos de base urbano-industrial. Com o das atuais BR-135, BR-381, BR-040, BR-050, observa-se o acelerado crescimento das Uberlândia e Uberaba, respectivamente'
rompimento do modelo agro-exportador pela BR-365 e BR-116. Esse sistema de transporte cidades intermediarias, que estão se terceira e quarta maiores cidades do
crise econômica de 29, e pelo reordenamento possibilitou a_algumas cidades mineiras firmando como poios alternativos de Estado, bem como â emergência regional de 3
das estruturas políticas, com a Revolução ocuparem posição privilegiada na estrutura migração. centros de porte médio em 1980 (Araguari,
de 1930, ganha impulso e se consolida a rodoviária federal, facilitando a expansão Araxá e Ituiutaba). Em contrapartida, as
atividade siderürgico-mineradora em de suas atividades produtivas, e, por Regiões II, V, VI e VII aparecem como
Minas Gerais. conseguinte, do seu tamanho. Tabela 5.21. Distribuição relativa da carentes de centros intermediários relevantes,
população urbana segundo com uma base muito ampla de pequenos centros
Nas duas últimas décadas, Minas Gerais vem classes de tamanho das isolados.
Em conseqüência, a Zona Metalúrgica assume a
primazia no âmbito da economia estadual, passando por mudanças aceleradas no cidades
graças ã indústria metalúrgica, especialmente sistema urbano, estreitamente associadas as período: 1960/70/80 Conforme revelam as Tabelas 5.21 e 5.22,
do minério de ferro. Da mesma forma diversas etapas do desenvolvimento sócio- apesar de Belo Horizonte vir mantendo seu
assiste-se a uma crescente centralização -econômico do Estado, notadamente provocadas 1960 1970 1980
classes
econônica em Belo Horizonte, que expande pelas transformações da estrutura produtiva de tamanho n° de n<? d e n? de
população população população
assim sua área de polarização sobre o norte de bens e serviços, e induzidas pelo U . O O D hab) centros centros centros
105
Tabela 5.22. Distribuição regional da Figura 5.40. Distribuição espacial dos centros urbanos de porte médio
população urbana nas cidades
de porte médio
ano: 1980
n° de população
regiões
cidades
habitantes %
I 9 738.254 34
II 1 50.040 2
III 5 299.917 14
IV 5 600.515 28
V 1 59.896 3
VI 151.581
-
1 7
VII - -
VIII 2 256.807 12
total 24 2.157.010 100
Fonte: IBGE
106
de 70. A taxa de crescimento demográfico do Figura 5.41. Taxa de crescimento populacional - período: 1970/80
Brasil no período 1970/80 foi de 2,38%; e
a de Minas Gerais de 1,51%. Quanto ã
migração no Estado, houve um decréscimo de
1,45% a.a. no período 1960/70, para
0,99% a.a. em 1970/80.
1960/70 1970/80
taxas Minas Minas
Brasil Brasil
Gerais Gerais
taxas de crescimento
vegetativo 2,89 3,04 2,38 2,50
taxas de crescimento
demográfico 2,89 1,59 • 2,38 1,51
- -
saldo migratório
líguido -1,45 -0,99
Fonte: SEPLAN/MG
107
Tabela 5.24. Situação do crescimento demográfico dos municípios de Minas Gerais, por Tabela 5.25. Crescimento demográfico dos municípios de Minas Gerais com menos de 10.000
macrorregião habitantes
período: 1970/80 período: 1970/80
108
participações no total do Estado diminuídas. Figura 5.42. Densidade demográfica
Todas em 1980 tinham percentuais menores que
16,0%. É importante ressaltar que se em
1960 a diferença percentual da Região I
para a segunda região na hierarquia da Governo do
estrutura era de apenas 2,2 pontos, em 1980
essa diferença tinha-se elevado para 16,28 Estado d e Minas Gerais
pontos percentuais. Esse fato confirma o
concentrado crescimento populacional na^ Fundação
Região I, em detrimento das outras regiões Centro Tecnológico d e Minas G e r a i s / C E T E C
do Estado. Diagnóstico Ambiental
do Estado de Minas Gerais
Tabela 5.27. População residente e densidade demográfica em Minas Gerais, por macrorregião Tabela 5.28. Evolução populacional dos 43 Em termos de aumento populacional do Estado,
período: 1950/60/70/80 municípios mais populosos de esses 43 municípios, 6% dos municípios
Minas Gerais mineiros, absorveram 94,6% do incremento
1950 1960 1970 1980
período: 1950/60/70/80 verificado no decênio 1970/80, contra 73,2%
r e g i õ e s área
população densidade população densidade população densidade população densidade na década anterior, como indica a Tabela
residente demográfica residente demográfica residente demográfica residente demográfica 5.29.
I 47.502 1.384.589 29,1 2.023.043 42,5 2. 989.823 62,9 4.303.945 90,60
II 1.333.897 36,9 1.555.464 43,1 1.581.182 43,8 1.644.512
Entretanto, o incremento populacional
36.058 45,60
43 maiores municípios absorvido pelos 7 maiores municípios
III 62.498 1 . 5 4 3 . 6 7 1 24,6 1.762.573 28,2 1.839.093 29,4 2.082.314 33,31 ano resto do Estado mineiros atesta com mais propriedade a
em população
IV 80.192 579.280 7,2 735.360 9,1 915.541 11,4 1.155.265 14,40 característica concentradora da demografia
habitante % habitante % mineira. Esses municípios , principais 1
109
Tabela 5.29. Incremento populacional de Quanto ao aumento populacional por Enfim, a tendência indicada pelo Censo industrial como fator de urbanização nessa
Minas Gerais e dos 43 macrorregião, a Tabela 5.31 mostra que Demográfico de 1980 é que o crescimento região. Com segundo maior grau de
municípios com mais de somente a Região I absorveu 69,3% do populacional em Minas Gerais está restrito a urbanização aparece a Região IV, com 78,2%
50.000 habitantes incremento do Estado, ou seja, mais que o alguns municípios, praticamente os 43 mais de sua população já urbanizada. Conforme
período: 1960/70/80 dobro de todas as demais regiões. Destaca-se populosos, visto que os 679 municípios mostra a Tabela 5.34, essa região foi a que
a Região Metropolitana de Belo Horizonte, restantes absorveram apenas 5,42% do mais se urbanizou no decênio 1970/80,
que absorveu 4 9,0% do incremento total do incremento populacional da última década. aumentando em 18,1% a sua população urbana.
Minas Gerais 43 municípios Estado, indicação significativa da
incremento Assim, considerando que existem em
% concentração populacional em Minas Gerais. Minas Gerais 420 municípios com menos de
habitante habitante
10.000 habitantes, e que esses municípios
1960/70 1.675.063 1.275.346 76,13 estão perdendo população, pode-se
1970/80 1. 854.571 1.754.207 94,58 caracterizar o território mineiro como um Tabela 5.34. Grau de urbanização em Minas
espaço ocupado de forma desigual, preenchido Gerais, por macrorregião
Fonte : IBGE por poucas áreas de alta e média densidade período: 1970/80
Tabela 5.31. Incremento populacional de populacional, e por grandes vazios
Minas Gerais e das demográficos.
pólos regionais do Estado, detinham em 1960 microrregiões população
13,06% da população total, ao passo que em período: 1960/70/80 macrorregião 1970 1980 aumento rural
1980 concentravam 23,8%. Além disso, a • Grau de Urbanização em 1980
Tabela 5.30 mostra que esses municípios, que
representam 1% do total de municípios Estado, regiões,
1960/70 1970/80
No que se refere â situação urbana, os I 78,9 87,5 8,6 12,5
mineiros, absorveram 57,3% do incremento área s incremento % incremento 1 %
resultados preliminares do Censo Demográfico II 49,3 60,6 11,3 39,4
populacional do Estado no decênio 1970/80, Minas Gerais 1.675.063 100 0 1.854.571 100, 0 de 1980 apresentam isoladamente as III 50,9 62, 7 11,8 37,3
quando na década de 60 essa percentagem Regiões II a VIII 654.426 39 L 568.407 30, 7 informações concernentes ã população urbana IV 60,1 78,2 18,1 21,8
fora de 49,7%. Região I 1. 020.638 60 9 1.286.164 69 3 total (sede municipal mais os distritos) e V 49,4 64,4 15,0 35,6
RMBH 716.984 42 8 908.892 49 0 ã população da sede municipal. Em termos VI 29,9 46,4 16,5 53,6
Belo Horizonte 541.702 32 3 527.468 28 4 VII 25,7 34,2
resto da RMBH 175.282 10 5 381.424 20 6
globais, Minas Gerais apresenta um processo 8,5 63,8
resto da Região I 303.654 377.272 acelerado de urbanização. No decênio VIII 35,8 48,8 13,0 51,2
Tabela 5.30. População e incremento 18,1 20 3
1970/80, a população urbana teve um Estado 52,8 67,1 14,5 32,9
populacional nos municípios Fonte: SEPLAN/MG
mais populosos de Minas acréscimo de 2.819.153 habitantes. Nesse
período, a população urbana passou de 53,0% Fonte: IBGE
Gerais
período: 1960/7 0/80 para 67,1% da população total do Estado,
sendo que atualmente a população das sedes
dos municípios já corresponde a
Ponto de relevância a ser levantado ê a aproximadamente 6 0% do total do Estado,
7 maiores municípios* conforme mostra a Tabela 5.33. As Regiões V, III e II vêm a seguir com
queda do município de Belo Horizonte na 64,4%, 62,7% e 60,6% respectivamente de
participação do incremento, caindo de 32% população. As Regiões VI, VII e VIII, apesar
? ?K fP 1 Ç ã 0
1.2 8 0 . 6 7 8 para 28%. Em contrapartida, a periferia de de apresentarem aumentos consideráveis, sao
(hab.) Belo Horizonte acelerou enormemente sua as únicas onde ainda existe predomínio da
1960 participação no incremento, ao dobrar para
Tabela 5.33. Situação urbana de Minas população rural sobre a urbana. Isso se
participação 20% sua parcela no crescimento estadual.
Gerais explica pelo fato de as atividades agrícolas
n o Estado Esse fato se determina pela expansão e extrativas dominarem o contexto econômico
inusitada do crescimento demográfico dos período: 1970/80
(%) 13,6 regional. Entretanto, observa-se um
municípios de Betim, Contagem, Lagoa Santa, movimento migratório urbano decorrente da
Ribeirão das Neves, Santa Luzia e Vespasiano,
População 2..113.381 no decênio 1970/80.
introdução, nessas regiões, de novas
população residente 1970 1980 atividades económicas que vêm promovendo
1970 mudanças substanciais nas relações
participação A propósito da desigualdade na distribuição total urbana 6.167 .113 8.986 .266 tradicionais de produção e trabalho.
• no Estado populacional, observa-se pela Tabela 5.32 % 53 ,0 67 ,1 Cita-se a Região V I , que teve o segundo
que a Região Metropolitana de Belo Horizonte maior aumento do grau de urbanização no
{%) 18,39 triplicou a sua participação percentual com sedes 5 .645 .171 decênio 1970/80, aumentando em 16,5% a sua
7 .812,635
relação ã população total do Estado, no % 48,4 58,3 população urbana, como atesta a Tabela 5.34.
? ?K f
(hab.)
P X Ç â
° 3.177.468 período compreendido entre 1950 e 1980. Além
disso, no mesmo período, a sua população em distritos 531.492 1.173.631
19 80 números absolutos aumentou em 5 vezes. % 4,6 8,8
participação Segundo informações da Secretaria de Estado
no Estado rural 5 .477 .982 4.404 .621 do Planejamento e Coordenação Geral de
(%) 23,81 % 47 ,0 32 ,9 Minas Gerais ( 3 ) , todas as macrorregiões
vêm apresentando um movimento emigratorio
incremento 9 32.70 3 Fonte: IBGE rural, em especial as Regiões I, II, III e
V. Em contrapartida, também todas as
1960/70 participação Tabela 5.32. Evolução populacional da macrorregiões apresentam um movimento
Região Metropolitana de Belo imigratório urbano, notadamente as Regiões
no Estado Horizonte - RMBH
(%) 49,7 I, IV, VI e VII. Entretanto, quando se
período: 1950/60/70/80 Apesar de a população dos distritos ter
considera a população total, apenas a
crescido em mais de 50%, o incremento
incremento 1 . 0 6 4 . 0 87 Região I mostra um saldo migratório positivo,
populacional urbano mais significativo
conforme indica a Figura 5.43.
RMBH resto do Estado ocorreu nas sedes municipais. Com relação â
1 9 7 0 / 8 0 participação ano população rural, constata-se, além de uma
no Estado população % população % diminuição em termos percentuais, uma queda Apesar de o Censo Demográfico de 1980 indicar
(%) 57,3 de 47,0% para 32,9%, uma diminuição da que Minas Gerais apresenta um grau de
1950 483.914 6,27 7.233.878 93,73 população em números absolutos de 1.073.361 urbanização relevante, atualmente em torno
habitantes. de 70%, observa-se que 33 das 46
* B e l o H o r i z o n t e , J u i z de F o r a , 1960 896.726 9,15 8.902.154 90, 85 microrregiões estaduais revelam um grau de
Contagem, Uberlândia, Uberaba, urbanização inferior à média do Estado.
1970 1.605.663 13,97 9.881.752 86,0 3 Na verdade, são poucas as microrregiões gue
Governador Valadares e A nível de macrorregião, a Região I é a que
19 80 2.534.576 18.99 ] C. (307. 410 81,01 apresenta o mais alto grau de urbanização, apresentam uma população urbana significativa,
Montes Claros.
com 87,5%,donde se pode inferir a exceção feita às microrregiões de
Fonte: IBGE Fonte : IBGE forte atração exercida pelo desenvolvimento Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba,
110
Figura 5.43. Classificação das macrorregiÕes Figura 5-44. Grau de urbanização por microrregiÕes satisfação pode ser considerada como um
segundo a intensidade migratória indicador de desenvolvimento social e de
período: 1970/79 qualidade de vida. Razões de ordeni política,
econômica, institucional e jurídica ainda
impedem que esse direito seja plenamente
usufruído. Em Minas Gerais o déficit
habitacional atingia, em 1970, 25,7% da
população, e nas grandes cidades é crescente
a população que não dispõe de alternativas,
a não ser viver em assentamentos precários
e favelas, enquanto pequena parcela dos
habitantes seleciona cuidadosamente o local
e as condições habitacionais em que vai
viver.
111
A conferência da ONU sobre o Habitat, herdados da tradição, o que se revela nos com a auto-construçáo para resolver o A associação de materiais tradicionais e
realizada em Vancouver em 1976, mostrou que materiais, técnicas e processos,, que problema da habitação, a autonomia em modernos pode dar os resultados procurados:
o problema de habitação no Terceiro Mundo incorporam e adaptam pequenas mudanças ao matéria de habitat significa uma reação facilidade de obtenção e manejo, preço
não poderá ser resolvido somente por meios longo do tempo. ã padronização excessiva; baixo, boa durabilidade. Tal ê o caso do
convencionais, com a construção de grandes solo-cimento, mistura que pode mostrar
conjuntos habitacionais, mesmo financiados ótimo desempenho com relação ãs
ou subvencionados pelos governos. Esses Se é verdade que as sociedades tradicionais - princípio das técnicas apropriadas - a características mencionadas . Finalmente, 1
programas habitacionais empregam materiais criaram um leque muito rico de soluções para o produção em série do alojamento ê a utilização de diferentes dejetos
com taxas elevadas de energia incorporada e problema da habitação, é também verdade que intrinsecamente anti-econômica, bem como industriais e agrícolas como material de
muito caros_para estarem ao alcance imediato muitas dessas soluções mostram-se destrutiva social e ecologicamente . A construção, alem de poder satisfazer ã
das populações carentes. Estima-se que o freqüentemente desadaptadas ãs condições do apropriação de "construir" pelas empresas exigência de baixo preço, apresenta ainda a
custo desse tipo de construção seja de meio ambiente natural. A cobertura de sapé imobiliárias provoca a supressão dos vantagem de dar destino útil a materiais
4.000 dólares por unidade (5). Se o é um bom exemplo para ilustrar o problema. artesãos e pedreiros autônomos, bem como poluidores.
déficit habitacional do Brasil for de O uso desse material apresenta varias a substituição de materiais locais pelos
10 milhões de casas, seriam necessários vantagens: é abundante, gratuito, apresenta importados, normalmente mais caros;
cerca de 40 bilhões de dólares para resolver durabilidade razoável, contribui para A utilização das habitações também provoca
o déficit atual, sem contar o número de refrescar o ambiente interno, o camponês impactos sobre o macro-ambiente. Tais
pessoas que a cada ano se incorporam a esse sabe manipulã-lo, e, finalmente, ê bonito. impactos podem ser analisados através de
contingente. Calcula-se que 60% das Entretanto, apresenta o grave inconveniente - princípio da planificação do habitat pela
definição de limites - pode-se controlar cada um dos equipamentos domésticos
habitações novas_atualmente construídas na de ser um Ótimo habitat para o barbeiro, necessários para a operação das habitações.
América Latina são feitas por seus transmissor da doença de Chagas. as ações obrigando os atores a se
conformarem ãs normas (o que bloqueia a Assim, por exemplo, o fogão a lenha,
ocupantes, quer individualmente, quer em
regime de mutirão (6). Nenhum programa criatividade), ou pode-se controlá-las utilizado em 67% dos domicílios mineiros,
governamental parece ser capaz, atualmente, fixando limites ao que eles têm o hábito consome em média 1 metro cúbico de lenha a
de substituir tal esforço, e não se pode O exemplo permite concluir, portanto, que o de fazer a partir de sua iniciativa cada 20 dias para atender ãs necessidades
desconhecer o potencial dessa contribuição. sape deve ser excluído da lista dos própria e ã sua maneira (o que deve ser de uma família média. A disponibilidade de
Caso contrário, o problema da habitação não elementos de cobertura, a não ser que estimulado). lenha, já bastante reduzida, tende a se
será resolvido, os erros na concepção da eventualmente se descubram meios de impedir reduzir ainda mais. Em conseqüência, o
habitação se repetirão, e chegar-se-ia, o barbeiro de se instalar, associando o custo de obtenção do produto tende a
apôs certo tempo, a uma homogeneização sapé a outros materiais, ou desenvolvendo aumentar, assim como serão maiores os
exagerada da habitação, a soluções outras técnicas de utilização. impactos ecológicos decorrentes da coleta
"passe-partout" desesperadamente As características do projeto habitacional de lenha.
uniformizadoras, na opinião de Sachs (68)• Portanto, não há técnicas apropriadas, ou urbanístico são determinadas pelos
definidas "a priori". E necessário ter-se critérios que se adota. Aplicam-se
em conta as características locais e usualmente critérios econômicos - tais como
o custo de construção imediato; critérios Da mesma forma como o abastecimento de
regionais, antes de classificar uma técnica energia, outras instalações domésticas, como
nessa categoria. Um corolário dessa políticos - tal como o prazo de construção,
5.2.3.2. H a b i t a ç ã o e m e i o a m b i e n t e o que condiciona a escolha de tecnologias; o abastecimento de ãgua ou a disposição
afirmativa é que soluções tradicionais não final do esgoto ou do lixo gerado nas
são "a fortiori" apropriadas. ou estéticos - tal como o gosto, o estilo,
a moda em voga. moradias, são elementos de interação com o
Para se avaliar a interação entre habitações macro-ambiente e nele provocam efeitos
e meio ambiente, devem ser explicitados dois diretos.
tipos de impactos: os impactos das edificações No que diz respeito ãs edificações
sobre o meio ambiente natural; e os impactos construídas por grandes empresas ou pelas
agências públicas, a história imediata da Critérios ambientais e de custos integrais
do meio natural sobre as edificações. não vêm sendo usualmente adotados na Oferecer condições ótimas de conforto
construção no Estado mostra sinais
crescentes de adoção de padrões construtivos seleção do que fazer e como fazer no campo ambiental é um dos requisitos prioritários
importados, total ou parcialmente. habitacional. O "eco-desenho" constitui na construção de uma edificação. O conforto
Para a atividade da construção, a exploração ambiental define-se como o ponto de
e transformação dos materiais produzem O estilo internacional de arquitetura que uma maneira alternativa de abordar-se esse
prolifera em nossas cidades provoca problema, de modo a superar os impactos equilíbrio entre a temperatura do organismo
impactos diretos sobre o meio ambiente humano e a temperatura ambiente, que permite
natural. Assim, a construção em madeira problemas graves ao ser transposto para ambientais negativos provocados pelos
nossas condições: preço elevado das estilos de construção hoje predominantes. a realização de atividades normais em
pode contribuir para o desflorestamento; a condições ótimas de satisfação . 2
112
padrões construtivos adotados modernamente Os dados de 1960, 1970 e 1976, mostram uma Tabela 5.36. Domicílios permanentes Tabela 5.37. Domicílios permanentes,
entre nós muitas vezes deixam a desejar no importante tendência de concentração segundo as características segundo as condições de
que se refere ã climatização natural. habitacional nas áreas urbanas. de propriedade, por ocupação e situação em
Ê comum e corrente o emprego de artefatos Na Tabela 5.35, que mostra a situação dos macrorregiões de Minas Gerais Minas Gerais
mecânicos para se restabelecer as condições domicílios permanentes em Minas Gerais, período: 1960/70 período: 1960/70
de conforto ambiental necessárias para o observa-se que a predominância rural
desempenho das atividades humanas dentro das verificada em 1960 não mais ocorre em 1970,
edificações. For outro lado as construções e em 1976 o fenômeno se consolida. 19 0 19 70 situação
1960 1970
usadas pelas camadas mais pobres da regiões
prõp n o a aluqados* * p [ ó p r í os ï a luqados* \ número % numero %
população muitas vezes deixam a desejar em l 213 924 59,6 151 190 41 4 343.87S 63,1 20 1.226 36,9
urbana
suas condições de conforto, não tanto pela I r 1 29 784 4 5,4 156 413 i4 6 14S.324 50,4 142.906 49,6
não congest ionado* 565.273 77,6 882.792 77,9
111 141 5F>,0 147 742 44 0 20b.805 58,8 143.947 11,2
qualidade do espaço construído, mas pela sua IV 463 54,2 62 86 4 45 e 54.121 5 3, 1 H3.06Q 4b .9 congestionado** 162.953 22,4 249.902 22,1
escassa quantidade para abrigar muitas Tabela 5,35, Domicílios permanentes,
V 76 042 6 5, 1 40 790 34 9 ?B.892 64,3 43.717 35,7
VI 104 b2b 73,7 37 3B3 26 3 lli.544 65,2 61,777 34, 8 rural
pessoas, gerando a promiscuidade e a segundo a situação em Minas VII 90 005 6P, 7 40 98F> 31 91.S RB 65,3 4 8. 70 4 34, 7 não congestionado* 841.000 79, 4 775.205 80,0
sobre-ocupação das construções. Gerais
VIII \h 3 341 5b , 1 120
757
1 8(J 43
42
9
4
148.947
1.224.096
49, 4
58, 2
152. 30 6 50,6
41,8 congesti onado** 218.662 20,6 19 3 . 8 4 0 2 0 , 0
Estado 1.0 30 334 57,6 554 ft? 7. 6 43
período: 1960/70/80 * a l u g a d o +• o u t r a condição
total
Concebida para dar abrigo ao homem, a F o n t e ; IBGE - SEPLAN/MÍ".
não congestionado* 1.406.273 78,7 1.657.997 78,9
moradia muitas vezes torna-se o habitat congestionado** 381.615 21,3 443.742 21,1
de outras espécies de animais que com ele situação * não congestionado: < 3 pessoas por dormitório
coexistem. Se em alguns casos essa
coexistência e inofensiva, em outros ela ano urbano rural Estado ** c o n g e s t i o n a d o : ~ 3 pessoas por dormitorio
torna-se perigosa e prejudicial ao homem, Fonte: SEPLAN/MG
como ê o caso da convivência com o barbeiro, n<? 728.226 1.059 .662 1.787.888
que, ao alojar-se nas frestas das casas, 1960
vai alimentar-se do sangue humano e % 40, 7 59 , 3 100,0 . característica de ocupação
contaminar a população com a doença de
Chagas. n9 1.132.694 969.045 2.101.739 Na elaboração desse item a SEPLAN/MG dados de 1970, os únicos disponíveis que
19 70 considerou como critério o número de apresentam informações a nível
% 53,9 46,1 100,0 pessoas por domicílio. Essa informação, macrorregional. Esses dados foram
A destruição do habitat primitivo do que traduz a densidade de pessoas numa levantados considerando dois critérios
barbeiro e de seus predadores naturais pode n? 1.586.061 945.331 2.531.392 habitação, deveria ser complementada para a classificação dos domicílios.
ser um fator da intensificação da doença 19 76
100, 0 através de outro estudo que contivesse De um lado os domicílios duráveis, que
de Chagas, que vem se verificando em anos % 62,7 37,3 as dimensões dos dormitórios. Porém, os sao aqueles em cuja construção predominam
recentes. Tal fato reforça a constatação dados existentes não apresentam essas paredes de alvenaria ou madeira preparada,
de que a questão da habitação para o homem Fonte: SEP LAN/MG informações. podendo ainda ser de outros materiais
não pode ser dissociada da questão de seu como a taipa não revestida ou palha,
habitat mais amplo, que abriga também as porem com piso de madeira, cimento ou
outras espécies animais e vegetais que o cerâmica, e cobertura de laje, telha de
circundam. 0 estudo da SEPLAN/MG considerou como barro ou cimento-amianto. De outro lado,
A nível macrorregional, o incremento indicadores para definir a nos domicílios rústicos predominam
habitacional foi pouco significativo, com característica de ocupação as relações paredes em adobe, palha e taipa não
exceção das Regiões I, VI e IV. Houve um que pudessem expressar de forma revestida, com piso de terra e cobertura
5.2.3.3. Situação habitacional grande incremento na Região I, revelando o aproximada o congestionamento ou não dos de palha, esteira ou outros materiais(46).
rápido ritmo de crescimento da domicílios: os dormitórios com menos de
Os estudos realizados a nível governamental Região Metropolitana de Belo Horizonte. 3_ocupantes foram considerados
sobre a habitação em Minas Gerais, não não-congestionados, e os com 3 ou mais Cabe destacar que as construções rústicas
têm dedicado ênfase a questões conceituais pessoas significavam dormitórios compreendem tecnologias largamente
como as levantadas no item precedente. • Características habitacionais congestionados. A Tabela 5. 37 mostra que utilizadas nas zonas rurais, observadas
Predomina nesses estudos uma abordagem de a nível global, pouco mais de 20% dos principalmente nas regiões Noroeste e
caráter econômico-social voltada para a Foram consideradas neste estudo quatro domicílios mineiros apresentavam Vale do Jequitinhonha. Nessas áreas os
identificação de dêficits habitacionais e congestionamento. A maior parte desses domicílios rústicos refletem a situação
características para definir o perfil de
de serviços. A natureza das tecnologias a congestionamentos concentra-se sÕcio-econõmica dos moradores e a
habitabilidade de um domicílio: propriedade, provavelmente na periferia das grandes
serem aplicadas e seus conseqüentes impactos ocupação, condição física e serviços. transitoriedade da habitação, em função
sociais e ambientais não são explicitados cidades. do processo migratório notado na
nesses documentos. Assim, não se explicitam, demografia regional (8).
por exemplo, aspectos relevantes como as • característica de propriedade
inundações e catástrofes que sazonalmente Na Tabela 5.37 pode-se observar também
afetam as populações do Estado. Essa característica refere-se â que praticamente não ocorreu qualquer Para Minas Gerais deve-se ainda
percentagem e ao número total de alteração na ocupação de domicílios entre considerar como fator importante na
habitações próprias ou alugadas. Em 1960 e 1970. E interessante notar que, análise das características físicas o
Minas Gerais o número de domicílios no período, os índices de fato de que as construções rústicas
Os dados utilizados neste diagnostico congestionamento na zona rural são constituem alojamento favorável ã
habitacional são basicamente os constantes próprios apresenta entre 1960 e 1970 um
ligeiro crescimento de 57,6% para 58,2% ligeiramente menores que na zona urbana. domiciliação dos barbeiros, vetores da
do documento sobre habitação elaborado doença de Chagas, que apresenta
pela SEPLAN/MG (46) e do Censo Nacional de em relação aos alugados.
endemicidade em parte significativa do
Saneamento Básico de 1978 . território mineiro. Os estudos da
A nível macrorregional somente a Região
II atingiu em 1970 o índice desejável ecologia desses insetos mostram que o
Observa-se que a nível macrorregional os (2 pessoas por dormitório), e apenas as seu desalojamento, em decorrência do
• Disponibilidade de domicílios dados refletem as respectivas condições Regiões V e VI, além da II, apresentaram desmatamento, faz com que eles busquem
sôcio-economicas. Assim, a Tabela 5.36 uma melhoria nessa relação. As demais refúgio em domicílios rústicos e em seus
A disponibilidade de domicílios por mostra que as Regiões I, II e III regiões do Estado não apresentaram arredores. Nesses locais encontram
habitante apresentou em Minas Gerais ligeira apresentaram aumentos sensíveis dos qualquer evolução na década. ambiente favorável ã sua permanência, e
evolução positiva no período 1960/70. domicílios próprios; jã nas Regiões IV, conseqüentemente ã sua relação com o
Enquanto o incremento populacional nesse V, V I , VII e VIII a participação desses homem e animais domésticos.
período foi de 17,1%, o número de domicílios domicílios diminuiu no período
aumentou em 17,6%, o que gera uma pequena considerado. Em números absolutos, , características físicas
variação no número de habitantes por porém, apenas a Região VIII apresentou A Tabela 5.3 8 mostra a distribuição
domicilio: de 5,48% em 1960, passou para decréscimo do numero de domicílios Para melhor caracterização física das regional dos dois tipos de domicílios.
5,46% em 1970. próprios. habitações, foram considerados apenas os As Regiões VI, VII e VIII apresentam os
113
mais altos índices de domicílios rústicos. quantitativo e qualitativo. Isso porque No que se refere ã rede de esgotos, o Tabela 5.41. Composição do déficit
A Região l i a que apresenta as melhores freqüentemente a qualidade da água quadro se agrava. "Os sistemas de habitacional, por macrorregioes
condições, com apenas 12,4% de seus distribuída ã população não é coleta de esgotos atendem a uma de Minas Gerais (%)
domicílios classificados como rústicos. satisfatória. A maioria dos mananciais população inferior a servida pela rede ano: 1970
captados apresentam pontos de de abastecimento de água e a estrutura
contaminação,' dada a insuficiente existente é deficiente em termos
Tabela 5.38. Domicílios permanentes proteção das bacias drenantes e -ao técnicos e devido aos altos custos.
segundo as características elevado custo da instalação dos sistemas Genericamente, conclui-se que a situação
déficit habitacional
físicas, por macrorregioes de convencionais de depuração. do saneamento básico do Estado não é regiões
Minas Gerais quantitativo qualitativo
satisfatória, sobretudo nos grandes
ano: 1970 centros urbanos, onde a infra-estrutura
Também as águas de cisternas I 4,1 11,9
apresentam-se, com freqüência, altamente é deficiente para atender ao crescente
domi c í l i o s domicílios g. contaminadas. A esse respeito, pesquisa aumento da população, sem contar com o II 3,8 20,1
total
regiões durávei s % rüsti cos 5 realizada pela FJP e pelo CETEC em 1976, elevado preço que esta deve pagar para o
67.547 12, 4 revelou que 92% das cisternas examinadas uso desses serviços sanitários"(46). III 3,3 15,0
T 477.554 87,6 545 . 101
79, 1 60.198 20,9 2 0 8 . 2 30 na periferia de Belo Horizonte se Ainda no que tange as redes de esgoto,
II 288.032 IV 3,8 22,1
III 295.691 84,5 54.061 15,5 349 .752 encontravam fora dos padrões de a Região I e mais bem servida, com um
136.523 77,1 40.658 22,9 177. 181 potabilidade, sendo que 67% apresentavam percentual de 43%. Seguem-se as
IV
Regiões II, IV e III, apresentando V 2,4 18,0
V 100.112 81,7 22.497 18, 3 1 2 2 . 609 altos níveis de contaminação (7). Tal
VI 109.094 61,5 6 8 . 227 38, 5 1 7 7 . 321 contaminação é, em parte, decorrente de percentuais superiores a 31%. Em
contrapartida, a Região VII e a que VI 3,1 37,3
VII 91.254 65,1 49.038 35,9 1 4 0 . 292 problemas técnicos relacionados à
VIII 198.794 66,0 102.459 34,0 301. 2 5 3 construção e proteção da cisterna, e, apresenta o menor percentual (3,9%) de VII 3,0 34,0
Estado 1.6 3 7 . 0 5 4 77,9 464.685 2 2 , 1 2 . 1 0 1 . 739 por isso mesmo, possível de ser sanada. população atendida. Seguem-se as
Por outro lado, essa contaminação pode Regiões V I , VIII e V, com percentuais VIII 2,5 33,2
Fonte: IBGE - SEPLAN/MG ser conseqüência da dificuldade de se inferiores a 21%.
observar, em lotes muito pequenos, o Estado 3,4 21,4
afastamento mínimo de 15 metros entre
A Tabela 5.39 mostra através de dados cisternas e fossas, recomendado pela
globais para o Estado, que as habitações Vale mencionar ainda que em diversas
OMS. comunidades a implantação dos sistemas Fonte : SEPLAN/MG
rústicas apresentam os maiores índices
na zona rural: cerca de 45,7%. Com de coleta de esgoto ocorreu sem
relação aos domicílios duráveis, obediência a projetos, sendo construídas
A Tabela 5.40 apresenta, por extensões de acordo com a evolução do
observa-se que constituem 89,5% nas macrorregião, em valores absolutos e Para minimizar seu déficit habitacional, o
áreas urbanas e 54,3% nas áreas* rurais, crescimento de cada comunidade, e ainda Estado necessita não apenas do crescimento
relativos, a população abastecida por segundo as suas características. Além
compondo pará o Estado um índice de 76,4%. rede de água e servida por rede de do número de casas construídas, mas também
disso, muitas vezes a disposição dos de transformações -na qualidade e natureza
esgoto. Os dados relativos ao esgotos ocorre sem o emprego de qualquer
abastecimento de água mostram que a das edificações oferecidas. Tais
processo de tratamento, sendo os dejetos transformações implicam tanto em mudanças
Tabela 5.39. Domicílios permanentes Região I, como era de se esperar, diretamente lançados nos rios.
encontra-se em situação mais favorável nos processos e tecnologias de construção
segundo as características como no aproveitamento, sempre que possível,
em relação ãs demais regiões, posto que
físicas, por situação em de materiais locais, alem do aprimoramento
6 3,8% de sua população é servida de água.
Minas Gerais das características desses materiais.
Seguem-na as Regiões II, III, IV e V, A análise dessas quatro características
ano: L976 A efetivação dessas transformações requer
com percentuais acima de 45%. As - propriedade, ocupação, condição física e
condições mais precárias encontram-se ainda profundas alterações no modo de se
de serviços, em conjunto, fornece um quadro conceber e construir as habitações,
ituaçao nas Regiões VIII, VI e VII, nas quais os da situação habitacional de Minas Gerais,
percentuais da população abastecida são dotando-as de equipamentos comunitários e
n9 de sob um enfoque exclusivamente domiciliar. infra-estrutura determinados a partir de
domicílios u rb an a rural Estado inferiores a 26%. A seqüência apresentada mostra uma melhoria processos 'de seleção tecnológica que
das condições habitacionais no Estado, incluam critérios ambientais, sociais e
total 1,586.061 945.331 2 .531. 392 embora ainda existam deficiências energéticos atualmente não considerados.
Tabela 5.40. População servida de água e substanciais em alguns setores, especialmente
duráveis 1. 420 .543 513.104 1.933.647
esgotos, por macrorregião de no que tange ãs características dos serviços
% 89,5 54,3 76,4 de abastecimento de água e esgoto sanitário.
Minas Gerais Seria também de grande importância
rústicos 165.515 432 . 229 597.745 ano 1978 estimular as instituições que operam com
% 11,5 45,7 23,6 Outro fator importante é o desequilíbrio os aspectos técnicos, financeiros e
econômicD-social existente entre as diversas jurídicos da habitação, a incluírem
água** esgoto** regiões, e que se reflete diretamente nas critérios ambientais no momento de planejar
Fonte : IBGE - SEPLAN/MG e investir em programas habitacionais.
população condições de habitabilidade das construções.
regi ao hab. % hab. % Dessa forma, considerando apenas dois dos
total*
No que se refere ãs características parâmetros utilizados neste estudo - as O estímulo ã aplicação do eco-desenho, da
I 3. 968 . 734 2 . 5 3 3 . 9 5 9 63,8 1 .705.640 43,0
físicas da habitação, pôde-se observar a características físicas e de ocupação dos arquitetura e do urbanismo bioclimãtico,
defasagem ãs vezes acentuada entre o II 1.616.663 747.029 46,2 582.034 36, 0 domicílios -,foi elaborada a Tabela 5.41, além do estímulo a disseminação de
assentamento urbano e o rural, mostrando 2 .049.949 1 .054.965
que apresenta, para o Estado e oara suas informações sobre o conteúdo energético das
III 52,2 633.934 31,3
que a política habitacional coordenada macrorregioes, os déficits habitacionais edificações e dos materiais de construção
pelo BNH tem favorecido de forma IV 1.095.692 522.563 47,7 386.342 35,3 quantitativos, qualitativos e globais podem constituir-se também em fundamentos
sistemática o urbano, em especial as V 656.449 318.44 3 48,5 134.824 30,5
existentes em 19 70. Deve-se esclarecer que de uma política a ser adotada.
cidades maiores. Esse tratamento o déficit quantitativo é determinado pela
preferencial em relação ãs cidades tem VI 1.151.837 276.643 24,0 77.410 6,7 diferença entre o número de famílias e o Quanto ao habitat rural, sugere-se a
como contrapartida o crescimento dos VII 819.678 97.706 11,9 31.570 3,9 número de domicílios, enquanto que o déficit pesquisa e aplicação de formas de organização
processos migratórios, nos quais as qualitativo é obtido pela adição dos comunitária que reduzam a dependência de
VIII 1.556.771 400.374 25, 7 268.368 17,2
populações de menor poder aquisitivo domicílios rústicos com os domicílios fontes externas de abastecimento de energia,
buscam nas cidades oportunidades para total improvisados. alimentos, etc. Tais orientações podem
melhorarem suas condições de vidá. Estado 12.915.773 5 .951.682 4 6 , 1 3 . 8 2 0 . 122 2 9 , 6 também induzir, a longo prazo, ã
A habitação é fundamental no processo Pode-se observar que a Região VI é a que consolidação de uma rede de assentamentos
de atração de migrantes. Fonte: * IBGE - sinopse Preliminar do Censo apresentava, aquela época, o maior déficit, humanos mais adequada ao ambiente natural.
D e m o g r á f i c o - 1 9 8 0 (dados ultrapassando os 40%. Seguem-se as Regiões
. condições de serviços interpolados para 1978) VII e VIII, com 37,0% e 35,7% Considerando a expressividade numérica da
** B N H - C e n s o N a c i o n a l d e S a n e a m e n t o respectivamente. Inversamente as Regiões I população urbana no Estado, torna-se
O problema do abastecimento doméstico de Básico 1978 - r e s u l t a d o s e'III apresentavam os menores déficits, fundamental dedicar especial atenção ãs
água deve ser analisado nos aspectos preliminares 16,0% e 18,3%. questões ambientais associadas ao
114
ecossistema urbano e ã ecologia urbana, significativa: somente levam em conta a desenvolvimento de hábitos saudáveis de por doenças infecciosas são baixos e os
que vem sendo tratadas de modo fragmentado causa básica de mortalidade. higiene, necessários sobretudo- em sintomas de estados mórbidos mal definidos
e departamentalizado. Uma melhor determinadas regiões onde a ausência de atingem altos coeficientes.
coordenação institucional e a criação de Considerando que a causa básica e saneamento básico ê uma constante.
foros de debates sobre essas questões exclusivamente o fator etiológico Quanto à mortalidade por sintoma e estados
poderiam proporcionar, a curto prazo, determinante da morte, vê-se que tal A Tabela 5.42 mostra, para 1965 e 1975, a mórbidos mal definidos, tudo indica que a
repercussões positivas sobre a qualidade parâmetro traz uma limitação aos participação relativa das doenças população do Estado deve ter tido melhor
de habitat urbano. coeficientes de mortalidade, uma vez que, infecciosas e parasitárias na mortalidade acompanhamento medico em 1975, uma vez que
no caso das sociedades subdesenvolvidas, as nas oito macrorregiões. Em 1965 esse grupo a mortalidade proporcional para esse grupo
causas associadas, que são parâmetros de doenças apresentaram menores coeficientes de causa de óbitos apresentou uma
sociais e ambientais, constituem-se em nas Regiões II,VI, VII e VIII, variando de significativa redução.
5.2.4. Saúde elementos preponderantes para o aparecimento 34,4 a 79,2/100.000 hab. As Regiões III,
da causa básica. 0 coeficiente de IV e V apresentaram coeficientes que Nesse grupo de causa - sintomas e estados
mortalidade geral, por exemplo, expressa variaram de 82,5 a 112,2/100.000 hab., sendo mórbidos mal definidos - a dicotomia
5.2.4.1. I n t r o d u ç ã o
simplesmente o número de pessoas mortas em que a Região I apresentou o maior aumento/redução de mortalidade tem uma
uma população por 1.000 habitantes. Sabe-se coeficiente, 178", 3/100 .000 hab. importância fundamenta], já que à medida
Muitas são as articulações entre a saúde e que o dado é pouco expressivo em relação
o nível da qualidade de vida de uma que aumentam ou diminuem, em
aos prejuízos sociais e econômicos que proporcionalidade direta estará a
população. As variações quantitativas e incidem sobre a população.
qualitativas que ocorrem no setor saúde Tabela 5,42. Coeficientes de mortalidade assistência medica no Estado (Tabela 5.43).
estão diretamente ligadas a fatores sociais, por doenças infecciosas e
econômicos, políticos e culturais. Há de se considerar, ainda, que os dados de parasitárias em Minas Gerais
mortalidade só incluem os óbitos Tabela 5.43. Coeficientes de mortalidade
Dessa forma, o nível de saúde de uma sub-grupos/100.000 habitantes
determinada população esta globalmente registrados em cartórios de registro civil, anos: 1965 e 1975 por grupo de causas de óbitos
vinculado ao grau de desenvolvimento de uma ocorrendo um mascaramento da realidade, pois em Minas Gerais (%)
localidade, região ou Estado. nas regiões menos desenvolvidas, anos: 1965 e 1975
principalmente nas áreas rurais, não se faz outras d o e n ç a s
regiões ano RSB BI RPE infecciosas e total
com freqüência o atestado de óbito. Essa
Uma definição ampla do nível de saúde de uma ocorrência, denominada sub-registro,
parasitárias sintomas e
doenças todas as
população deve^ncluir parâmetros como a descaracteriza em parte o tratamento 1965 103 ,3 48,4 2,6 24,0 178,3 regiões ano
estados
infecciosas e mórbidos mal demais total
nutrição, educação, habitação, as condições I 1975 85,6 31,2 36,7 28,8 182 ,3 parasitárias definidos
estatístico e a abordagem social do assunto,
de trabalho, a distribuição de renda, as o que não aconteceria se os dados sobre a 4,2 79,2
1965 40,0 33 ,3 1965 18,2 37,6 44,2 100
condições de saneamento e outros morbidade estivessem disponíveis, pois II 1975 36,7 18 ,4 1,8 12,1 69,0 I 100
1975 16,2 12,0 71,8
determinantes da qualidade de vida que revelariam dc maneira mais precisa a 1965 86,2 23,9 2,4 9,1 121,6 62 ,7 29,2 100
podem contribuir para o "estado completo de extensão de tais prejuízos. III 82 ,5 II
1965 8,1
197 5 50 ,3 13,2 7,6 11,4 1975 7,9 24,1 68,0 100
bem-estar físico, mental e social e não
somente a ausência de doenças ou transtornos" 1965 30,6 25,6 1,3 48,3 105,8 1965 9,5 57,7 32,8 100
IV III 26,7 64,7 100
que é a própria definição da saúde, segundo Pelo acima exposto poder-se-ia considerar 1975 30,0 15,0 56,7 10,5 112 ,2 1975 8,6
a Organização Mundial de Saúde {40). que a nosologia em Minas Gerais apresenta 1965 52 ,6 18,8 1,4 21,7 94,5 1965 13,1 51,8 35,1 100
um caráter predominantemente ambiental. v IV 1975 13 ,7 21,0 65,3 100
1975 35,1 7,6 48,5 7,3 98 ,5
Entretanto, por dificuldades na obtenção de 1965 12,3 57,4 30,3 100
Dadas as dificuldades inerentes â obtenção informações, somente puderam ser analisados 1965 20,4 8,2 0,6 6,6 35,8 V 1975 14 ,6 10,3 75,1 100
VI
de informações sobre os parâmetros citados, alguns grupos de doenças. 1975 18,4 6,9 16,3 6,5 48,1
1965 9,9 67 ,4 22 ,7 100
recorreu-se, na elaboração do presente 1965 17,4 11,5 0,7 4,8 34,4 VI 45,5 43,5 100
1975 11,0
diagnostico, ã interpretação de parâmetros VII
1975 17,7 6 ,7 8,1 4,8 37,3
• Grupo das Doenças Infecciosas e 1965 9,7 72,9 17,4 100
mais diretamente ligados a ausência de 55,8 VII 52,9 37,6 100
1965 25,6 23,7 0,5 6,0 1975 9,5
saúde. Dentre esses parâmetros foram Parasitárias VIII 9,0 60,9
1975 37,3 12,6 2,0 72 ,1 19,6 100
considerados mais relevantes o coeficiente 1965 8,3
VIII 197 5 9,2 48 ,6 42,2 100
de mortalidade geral, o coeficiente de Por ser o grupo de doenças mais importante O B S . : RSB = r e d u t í v e i s saneamento básico
mortalidade por grupos de causa e o no Estado, especial atenção foi dada a esse RI = redutíveis imunização Fonte: SEPLAN/MG
coeficiente de mortalidade infantil, uma grupo, principalmente aos seguintes RPE = r e d u t í v e i s programas e s p e c i a i s
vez que os dados disponíveis sobre saúde subgrupos: Fonte: SEPLAN/MG
enfocam predominantemente a nosologia Quando se analisa o quadro de mortalidade
prevalente. - doenças redutíveis por saneamento por doenças redutíveis pelo saneamento
básico (RSB); Em 1975 observa-se uma alteração bem básico - RSB, aparece de forma alarmante a
- doenças redutíveis por imunização (RI); significativa. As Regiões II, III, IV, VI, precariedade do saneamento básico em
Além dos dados sobre esses três coeficientes Minas Gerais, Os coeficientes diferem
de mortalidade, foram utilizados neste - doenças redutíveis por programas VII e VIII ainda permanecem com os menores
especiais (RPE). índices nesse grupo de causas de óbitos, bastante de uma região para outra. Vale
estudo dados relativos a esperança de vida repetir que a carência de dados,
ao nascer, e realizou-se uma análise da com coeficientes variando de 32,3 a
Além desses subgrupos serão consideradas 82,5/100.000 hab. Hã de se considerar, principalmente nas regiões mais deprimidas,
estrutura institucional de saúde do Estado. continua alterando o quadro real
Procurou-se através dessa analise revelar isoladamente outras doenças que são entretanto, que as Regiões VI, VII e VIII,
igualmente importantes no Estado. embora permaneçam entre as regiões com (Tabela 5.42).
as orientações adotadas pelos poderes
públicos na busca de soluções para os Cabe salientar que aqui encontram-se a menores coeficientes, tiveram um relativo
problemas básicos de saúde, nas diferentes esquistossomose (RSB e RPE) e a doença de aumento em relação a 1965, ao contrário das Os coeficientes de mortalidade por grupo
regiões do Estado. A distribuição dos Chagas (RPE), principais problemas de saúde Regiões II e III,que apresentaram das doenças RSB apresentaram-se maiores
equipamentos e das ações de saúde, bem como pública em Minas Gerais. decréscimo em seus coeficientes. As Regiões nas Regiões I, III e V, decrescendo nas
a conseqüente possibilidade de acesso da IV e V tiveram aumento em relação a 1965, Regiões II, IV, VI e VIII. A Região VII
população a esses benefícios, receberam Embora as informações disponíveis não sejam apresentando coeficientes de 9 8,5 a apresentou o menor coeficiente de
neste trabalho uma atenção especial. suficientes para precisar os efeitos dos 112,2/100.000 hab. A Região I permanece mortalidade nesse subgrupo.
fatores ambientais agressivos sobre os com maior coeficiente, 182,3/100.000 hab.,
vários tipos de mortalidade, é possível também acrescido em 19 75. Em 1975 o quadro sofre algumas modificações.
relacionar esses fatores ã nosologia Os maiores coeficientes encontram-se nas
5.2.4.2. Q u a d r o nosológíco prevalente. A mortalidade causada por Com exceção da Região I, os dados referentes Regiões I, II, III, V e VIII; com exceção
doenças infecciosas e parasitárias vem ãs demais, principalmente as Regiões II, VI, da Região VIII, que teve seu coeficiente
• Nosologia Prevalente confirmar de forma evidente as mas VII e VIII, devem estar aquém da realidade, acrescido, e da Região VII, que manteve o
condições sanitárias em que vive grande dada a precariedade dos sistemas de mesmo coeficiente, as demais regiões
Na apreciação da nosologia prevalente em parte da população mineira. Além dos registros de óbitos e a falta de assistência sofreram sensíveis reduções.
Minas Gerais foram considerados, como fatores ambientais, a ausência de um médica para diagnosticar a "causa mortis".
mencionado anteriormente, os coeficientes trabalho intensivo de educação, não só a Nota-se esse fato especialmente nas Regiões Dentre as RSB destaca-se a esquistossomose
de mortalidade. Entretanto, esses nível de escola, mas sobretudo a nível da V I , VII e VIII, as mais deprimidas do mansônica, apresentando alta prevalência em
coeficientes apresentam uma limitação muito comunidade como um todo, impossibilita o Estado, onde os coeficientes de mortalidade Minas Gerais. Sua disseminação vem-se
115
a g r a v a n d o em d e c o r r ê n c i a de inúmeros próprios t r i a t o m í n e o s , v e t o r e s da doença de se refere aos p a r â m e t r o s aqui u t i l i z a d o s , redutíveis por imunização, a tuberculose
p r o b l e m a s advindos da d e f i c i ê n c i a ou m e s m o Chagas. Esses barbeiros silvestres, sendo os m e l h o r e s d o E s t a d o . Entretanto, r e p r e s e n t o u mais de 5 0 % dos õ b i t o s . Esses
a u s ê n c i a d o s a n e a m e n t o b á s i c o , alem d a falta p r i n c i p a l m e n t e o Triatoma sórdida e em termos a b s o l u t o s , esses índices são índices elevados e s t ã o associados ã
de h á b i t o s h i g i ê n i c o s da p o p u l a ç ã o . Panstrongytus megistus , deslocam-se p a r a os i n t o l e r a v e l m e n t e e l e v a d o s , ainda m u i t o d e f i c i ê n c i a dos serviços de saneamento e a
A s i t u a ç ã o t o r n a - s e m a i s alarmante na zona domicílios e p e r i d o m i c í l i o s h u m a n o s , afastados dos í n d i c e s dos p a í s e s e s c a s s e z de trabalhos e d u c a t i v o s junto as
r u r a l , onde os h a b i t a n t e s comumente lançam tornando-se espécies adaptadas, desenvolvidos. comunidades. E v i d e n t e m e n t e , por suas
os d e j e t o s d i r e t a m e n t e na superfície d o e p a r a s i t a n d o o h o m e m e os animais d o m é s t i c o s . c a r a c t e r í s t i c a s , a nosología p r e v a l e n t e tem
s o l o ou nos corpos d'água. sua s o l u ç ã o associada a o u t r a s m e d i d a s de
Do p o n t o de vista do combate ã doença de Tabela 5 . 4 4 . N í v e i s d e saúde em M i n a s caráter e s t r u t u r a l , que visem u m a melhor
L e v a n d o - s e em conta q u e os p r i n c i p a i s Chagas em M i n a s G e r a i s , a SUCAM, juntamente Gerais d i s t r i b u i ç ã o da terra e da r e n d a .
b i ó t o p o s da Biomphalaria sp. são as valas com a S e c r e t a r i a de S a ú d e , vem d e s e n v o l v e n d o p e r í o d o : 1960/70
de d r e n a g e m de t e r r e n o s de cultura, os campanhas onde são r e a l i z a d a s atividades de • D o e n ç a s Decorrentes d e Poluição e
r e m a n s o s de r i o s , os b r e j o s , os canais de levantamento de t r i a t o m í n e o s , b o r r i f a ç ã o de Contaminação
i r r i g a ç ã o e os t a n q u e s , p o d e - s e a v a l i a r localidades e de casas onde ocorrem tais taxa de taxa d e esperança
q u ã o numerosos e ativos são os focos de i n s e t o s , b e m como l e v a n t a m e n t o s s o r o l õ g i c o s . m o r t a l i d a d e m o r t a l i d a d e de v i d a Também c o m r e l a ç ã o ãs causas d e m o r t a l i d a d e
regiões
t r a n s m i s s ã o , p r i n c i p a l m e n t e em regiões onde N o e n t a n t o , esse trabalho vem-se infantil geral ao nascer a s s o c i a d a s a o s p r o b l e m a s a m b i e n t a i s , deve-se
predomina a atividade agrícola. Ao grande d e s e n v o l v e n d o de forma p o u c o e f i c a z , d a d a a (7oo> (anos) m e n c i o n a r as doenças d a s v i a s r e s p i r a t ó r i a s ,
n ú m e r o de b i ó t o p o s do m o l u s c o s o m a m - s e falta de recursos h u m a n o s , m a t e r i a i s e que a p r e s e n t a m índices e l e v a d o s ,
I 96,5 12,0 54,1
p r o b l e m a s criados p e l o s d e f i c i e n t e s , ou financeiros. Há de se c o n s i d e r a r também o p r i n c i p a l m e n t e na R e g i ã o M e t r o p o l i t a n a de
II 86,4 11,5 56,0
m e s m o a u s e n t e s , s i s t e m a s de t r a t a m e n t o de p o u c o e n v o l v i m e n t o da p o p u l a ç ã o nas Belo H o r i z o n t e , q u a n d o c o m p a r a d o s ã m e d i a
III 86,5 11,4 56 ,0
dejetos. campanhas de combate ã doença, em do E s t a d o . Apesar de não se dispor ainda
d e c o r r ê n c i a da a u s ê n c i a de t r a b a l h o s IV 70,6 09,2 59,4
V 76,4 09,9 58,1 de e s t u d o s específicos sobre o assunto
O s constantes m o v i m e n t o s m i g r a t ó r i o s que educativos q u e visem a s u a m o b i l i z a ç ã o , sabe-se que tais d o e n ç a s estão associadas à
p a r a l e l a m e n t e as iniciativas i n s t i t u c i o n a i s . VI 161,4 19,0 44 ,0
acontecem em M i n a s Gerais vêm r e f o r ç a r a VII 235,7 26,8 35,6 p o l u i ç ã o atmosférica.
d i s s e m i n a ç ã o da d o e n ç a , com o d e s l o c a m e n t o VIII 125,6 14,9 49,9
de doentes p a r a áreas indemes ou com o Em e s t u d o s recentes e ainda i n é d i t o s , Estado 90,2 14,5 55,3 A m o r t a l i d a d e por d o e n ç a s r e s p i r a t ó r i a s em
d e s l o c a m e n t o de i n d i v í d u o s sadios p a r a realizados p e l a SUCAM n o p e r í o d o de 1 9 7 5 / 7 8 , 1960, 1970 e 1975 alcançou índices e l e v a d o s
áreas e n d ê m i c a s . c o n s t a t o u - s e a o c o r r ê n c i a de 10 e s p é c i e s Fonte : IBGE no E s t a d o , com 4 2 , 7 ; 46,0 e 45,7 Õbitos por
p e r t e n c e n t e s aos g ê n e r o s Triatoma, 100.000 h a b i t a n t e s , r e s p e c t i v a m e n t e . Esse
A l g u n s aspectos ligados aos m e c a n i s m o s Pans trongylus e Rhodinus em maior p e r c e n t u a l c o n c e n t r a - s e m a i s nas ãreas
i n s t i t u c i o n a i s também podem ser c o n s i d e r a d o s i n t e n s i d a d e , nas diversas regiões do E s t a d o . C o n s i d e r a n d o - s e a taxa de m o r t a l i d a d e u r b a n a s , onde a c o n c e n t r a ç ã o industrial
como a g r a v a n t e s da d i s s e m i n a ç ã o da E n t r e t a n t o , dados sobre as e n q u e t e s infantil m é d i a do E s t a d o ( 9 0 , 2 % ° ) , provoca, em grande escala, a p o l u i ç ã o do a r .
e s q u i s t o s s o m o s e em M i n a s G e r a i s , -como a s o r o l ó g i c a s realizadas em 288 localidades v e r i f i c a - s e que a R e g i ã o I u l t r a p a s s a e s s a Na R e g i ã o Metropolitana d e Belo Horizonte
e x i s t ê n c i a de vários p r o j e t o s implantados m i n e i r a s ainda se e n c o n t r a m em fase de m e d i a , alcançando a t a x a de 9 6 , 5 % o . os í n d i c e s d e Óbitos por d o e n ç a s
p a r a i r r i g a ç ã o de l a v o u r a s , sem se cogitar t a b u l a ç ã o e a n á l i s e , o que impede a P a r a l e l a m e n t e , a e s p e r a n ç a de vida na m e s m a r e s p i r a t ó r i a s são e l e v a d o s , com 100,6; 96,1
de m e d i d a s p r e v e n t i v a s contra a p r o p a g a ç ã o e l a b o r a ç ã o de conclusões mais atuais sobre o região decresce em relação ao E s t a d o , q u e é e 88,1 por 100.000 h a b i t a n t e s ( 4 9 ) .
da d o e n ç a . Além d i s s o , a a u s ê n c i a de aspecto de s aúde públi ca. de 5 5 , 3 , s i t u a n d o - s e em 5 4 , 1 a n o s . As
trabalhos e d u c a t i v o s de p r e v e n ç ã o junto às Regiões IV e V apresentam as m e l h o r e s Com r e l a ç ã o ã industrialização de a l i m e n t o s ,
p o p u l a ç õ e s dessas regiões d i f i c u l t a a Em 1965 o subgrupo RPE a p r e s e n t o u m e n o r e s condições de saúde do E s t a d o . Em resumo, v e r i f i c a - s e que a c r e s c e n t e u t i l i z a ç ã o de
formação de atitudes e h á b i t o s h i g i ê n i c o s índices em relação aos d e m a i s . Sabe-se, no em Minas Gerais os níveis de saúde não se p r o d u t o s q u í m i c o s , quer sob a forma de
p o r p a r t e das m e s m a s . e n t a n t o , que e s s e p e q u e n o n ú m e r o de casos apresentam m u i t o distantes dos níveis d o d e f e n s i v o s agrícolas, quer para a
não retrata a realidade. Em 1975 já se País. T o d a v i a , u m a análise p o r regiões c o n s e r v a ç ã o dos a l i m e n t o s , assim como o
N o subgrupo d a s doenças r e d u t í v e i s p o r r e g i s t r a um aumento c o n s i d e r á v e l de õbitos fisiogrãficas indica discrepâncias recente emprego d e h o r m ô n i o s na p e c u á r i a ,
imunização - R I , a t u b e r c u l o s e ainda nesse s u b g r u p o de d o e n ç a s , e v i d e n c i a n d o m a r c a n t e s , como ê o caso do J e q u i t i n h o n h a , pode provocar a c o n t a m i n a ç ã o de p r o d u t o s ,
c o n t i n u a sendo a m a i o r r e s p o n s á v e l p e l o s p r o v a v e l m e n t e uma m e l h o r i a n o a t e n d i m e n t o onde p r a t i c a m e n t e 25% das crianças n a s c i d a s com graves conseqüências para a saúde h u m a n a .
ó b i t o s , a t i n g i n d o o p e r c e n t u a l de 5 0 % . m é d i c o e n o d i a g n ó s t i c o da "causa m o r t i s " . vivas m o r r e m antes de completar um ano de
Em 1965 a Região II e r a a q u e m a i s se A i n d a assim a situação real n ã o e s t a vida. Outros aspectos r e l a c i o n a d o s ã
r e s s e n t i a desse s u b g r u p o de d o e n ç a s , e m b o r a representada. Os dados relativos ã região industrialização d e alimentos referem-se ã
as demais regiões a p r e s e n t a s s e m í n d i c e s do V a l e do J e q u i t i n h o n h a , p o r e x e m p l o , E m b o r a os p o d e r e s p ú b l i c o s tenham e n v i d a d o m a n i p u l a ç ã o indevida ou ã seleção inadequada
consideráveis. E m 1975, como r e s u l t a d o de comprovam e s s a a f i r m a t i v a , p o i s os b a i x o s e s f o r ç o s importantes no s e n t i d o de m e l h o r a r das m a t é r i a s - p r i m a s , podendo resultar em
c o n s t a n t e s i n i c i a t i v a s g o v e r n a m e n t a i s , os índices a p r e s e n t a d o s contrastam com a o n í v e l geral de saúde da p o p u l a ç ã o , obtendo c o n t a m i n a ç ã o dos p r o d u t o s por m i c r o o r g a n i s m o s
índices d e c r e s c e r a m c o n s i d e r a v e l m e n t e . realidade da r e g i ã o , onde e x i s t e alta r e s u l t a d o s s i g n i f i c a t i v o s em vários s e t o r e s , p a t o g ê n i c o s . Dessa forma, a b r u c e l o s e , a
p r e v a l ê n c i a d a doença de C h a g a s . os i n d i c a d o r e s de saúde m o s t r a m que ainda disenteria bacilar, a salmonelose, a
No s u b g r u p o das d o e n ç a s r e d u t í v e i s p o r há m u i t o o que fazer. t u b e r c u l o s e e a g a s t r o e n t e r i t e podem ser
p r o g r a m a s e s p e c i a i s - R P E , a doença de T o d a s as demais d o e n ç a s i n f e c c i o s a s e v e i c u l a d a s pelo leite, c a r n e s , a v e s , p e s c a d o s
Chagas é a responsável pela maioria dos parasitárias poderiam ser incluídas num A mortalidade infantil, por exemplo, e seus d e r i v a d o s . Outros efeitos nocivos,
õbitos. Devido â d e s a t u a l i z a ç ã o e m e s m o ã s u b g r u p o d e n o m i n a d o "Doenças p o r Outras c o n t i n u a , m e s m o que s u b e s t i m a d a , m a n t e n d o d e c o r r e n t e s da má q u a l i d a d e a m b i e n t a l , d e v e m
a u s ê n c i a de d a d o s d i s p o n í v e i s sobre a Causas". Essas d o e n ç a s apresentaram m a i o r e s níveis e l e v a d o s : 9 0 , 2 õbitos em cada igualmente ser c o n s i d e r a d o s : "a estes
p r e v a l ê n c i a d a doença de Chagas em índices em 1 9 7 5 , em todas as regiões d o 1 . 0 0 0 crianças n a s c i d a s vivas n o p e r í o d o de componentes físicos, p o d e m - s e incluir ainda
M i n a s G e r a i s , t o r n a - s e d i f í c i l a v a l i a r a sua E s t a d o , em relação ao ano de 1 9 6 5 . 1960/70. A p e s a r do decréscimo relativo os de natureza p s i c o l ó g i c a e social,
real s i t u a ç ã o . S a b e - s e , n o e n t a n t o , de sua ocorrido nos últimos anos, as d o e n ç a s r e l a c i o n a d o s com os ruídos e x c e s s i v o s e
o c o r r ê n c i a em p a r t e s i g n i f i c a t i v a do i n f e c c i o s a s e p a r a s i t á r i a s são ainda d e s n e c e s s á r i o s , a solidão, a v i o l e n c i a , o
e Mortalidade Infantil e Esperança d e V i d a c o n f i n a m e n t o , a p r o m i s c u i d a d e , e outros
t e r r i t ó r i o m i n e i r o , onde ê a responsável r e s p o n s á v e i s p e l o s m a i o r e s índices de
p o r 9 0 % dos õ b i t o s das R P E . A p a r t i r da mortalidade no Estado. T a l fato se deve ã f a t o r e 5 que interferem numa sociedade
campanha contra d o e n ç a de C h a g a s , c o n t a m i n a ç ã o da água, do s o l o , dos alimentos sadia" ( 4 9 ) .
E m b o r a os c o e f i c i e n t e s de m o r t a l i d a d e
c o o r d e n a d a p e l a SUCAM, p õ d e - s e c o n s t a t a r i n f a n t i l estejam s u b e s t i m a d o s n a m a i o r i a e do a r , numa associação entre o b a i x o
a o c o r r ê n c i a d e s s a doença n a s Regiões V I , das r e g i õ e s do E s t a d o , as i n f o r m a ç õ e s nível de vida das p o p u l a ç õ e s e uma b a i x a
V I I , IV, V , e m e s m o n a R e g i ã o I. d i s p o n í v e i s p r o p o r c i o n a m u m a visão geral da q u a l i d a d e ambientai, r e s u l t a d o de e f e i t o s de 5.2.4.3. S i s t e m a d e a t e n d i m e n t o
s i t u a ç ã o , como m o s t r a a T a b e l a 5 . 4 4 . ações antrõpicas i n a p r o p r i a d a s .
0 p r o c e s s o a c e l e r a d o de d e v a s t a ç ã o da à Região VII c o r r e s p o n d e a m a i o r taxa de • Estrutura Institucional
vegetação natural por que tem passado o m o r t a l i d a d e i n f a n t i l , assim como a m a i o r As d o e n ç a s infecciosas e p a r a s i t á r i a s ,
E s t a d o , em c o n s e q ü ê n c i a da e x p a n s ã o das t a x a de m o r t a l i d a d e g e r a l n o E s t a d o . p r i n c i p a l m e n t e as e n f e r m i d a d e s e n t é r i c a s , "Os r e c u r s o s que a comunidade destina ao
ãreas de c a r v o e j a m e n t o e do d e s m a t a m e n t o C o n s e q ü e n t e m e n t e , a e s p e r a n ç a de v i d a ao de v e i c u l a ç ã o h í d r i c a , apresentam o m a i o r c u i d a d o , proteção e r e c u p e r a ç ã o da saúde,
p a r a a i m p l a n t a ç ã o de culturas h o m o g ê n e a s n a s c e r é ali r e d u z i d a . As R e g i õ e s VI e VIII p e r c e n t u a l dos ó b i t o s , 8 0 % , dentre as doenças não p o d e m ser c o n s i d e r a d o s u n i c a m e n t e c o m o
de e u c a l i p t o , p i n h e i r o e ãreas de p a s t a g e n s , também a p r e s e n t a m altas taxas de m o r t a l i d a d e r e d u t í v e i s p o r s a n e a m e n t o b á s i c o . N o que se um g a s t o , m a s também como uma inversão em
p r o v o c a o d e s a l o j a m e n t o d a fauna n a t i v a de infantil, mortalidade geral e baixa refere ãs d o e n ç a s redutíveis p o r programas capital humano. 0 cuidado com a saúde n ã o
a v e s , m a m í f e r o s - fonte de a l i m e n t o d o s e s p e r a n ç a de v i d a . As demais regiões e s p e c i a i s , a d o e n ç a de Chagas é responsável ê simplesmente o somatório d e um grande
t r i a t o m í n e o s - e c o n s e q ü e n t e m e n t e dos a p r e s e n t a m n í v e i s de saúde s i m i l a r e s n o que p o r 90% dos õbitos n o E s t a d o . Das n ú m e r o d e ações p r e v e n t i v a s ou c u r a t i v a s .
116
mas é por si só, um sistema com uma significativamente mais elevados: 1.585 aos outros municípios e feita semanalmente 5.2.5.2. D i e t a s a l i m e n t a r e s e m e i o a m b i e n t e
estrutura específica, no qual os aspectos instituições, das quais 977 oferecem ou até mesmo quinzenalmente. A melhoria
da produção (não apenas o número, mas também internamento, e 608 destinam-se ã assistência verificada nos últimos anos está ainda muito Ao mesmo tempo em que exigem, para serem
o tipo de intervenções médicas) e distribuição ambulatorial. A Região I continua a aquém das necessidades. A região continua produzidos, o emprego de insumos materiais
(sistema produtivo) estão intimamente concentrar o maior número delas, 464 muito carente de atendimento médico. e energéticos provenientes do meio ambiente,
correlacionados. A efetividade de tal instituições. Seguem-se, por ordem os alimentos são, eles próprios,
sistema de saúde não pode ser medida em decrescente, as Regiões III, II, IV e VIII, Quanto aos auxiliares de enfermagem e fornecedores de energia.
termos da quantidade dos diferentes serviços com 315, 286, 153 e 118 instituições. As parteiras práticas, a discrepância se acentua
médicos providos, mas sim em termos do menores concentrações estão nas Regiões V, ainda mais em todo o Estado, como demonstra
impacto^que ele tem na situação da saúde da VII e VI, com 94, 80 e 75 instituições, Ecologicamente a questão alimentar pode
a Tabela 5.46. Cabe ressaltar a importância ser abordada em termos de cadeias alimentares
população como um todo" (49). re spect ivamente. do trabalho desses profissionais que, e níveis trõficos. As cadeias alimentares
depois de treinados, estão capacitados a são as transferências de energia alimentar
Sobretudo durante a última década ocorreu Observa-se que a Região I, apesar de contar cobrir a deficiência de médicos, os quais, desde os produtores básicos, as plantas,
uma expansão dos serviços de saúde por todo com maior número de instituições e com normalmente, atendem apenas esporadicamente para os animais herbívoros (consumidores
o Estado, com a criação dos centros regionais maiores facilidades de acesso aos serviços nos pequenos municípios. Além desse primários), até os animais carnívoros
de saúde, e de postos e ambulatórios a eles de saúde, apresentou o maior índice de aspecto, a não capacitação do quadro de (consumidores secundários), que comem os
vinculados. Ainda assim o quadro apresenta mortalidade por doenças infecciosas e pessoal de nível médio e auxiliar limita herbívoros. Cada um desses elos da cadeia
deficiências quantitativas e qualitativas, parasitárias (Tabela 5.42). Essa aparente sobretudo os trabalhos relacionados com a alimentar representa um nível trõfico.
com desequilíbrios evidentes entre as contradição pode ser explicada pela maior prevenção de doenças transmissíveis através O homem está entre as espécies que assimilam
diversas regiões do Estado. precisão na determinação da "causa mortis", da educação sanitária, que exige equipes energia de vários níveis trõficos. Como a
como foi discutido anteriormente. treinadas e capacitadas para realizá-la. cada transferência de energia de um nível
A estrutura institucional de Minas Gerais, Não é o número de instituições atuantes para outro, grande parte dessa energia é
no setor saúde, foi classificada em duas numa determinada região que conduz â degradada, quanto mais curta for a cadeia
categorias: assistência ambulatorial e melhoria da prestação de serviços de saúde. alimentar maior será a energia disponível.
A coexistência de várias instituições Tabela 5.46. Numero de médicos e auxiliares
internação. A Tabela 5.45 mostra a de saúde por macrorregiões, e A Figura 5,45 apresenta um esquema da
distribuição dessa estrutura em 1960 e 1975, estaduais, federais e particulares, com cadeia trófica e da ciclagem de nutrientes
métodos, objetivos e formas de ação a relação por 10.000 habitantes
por macrorregiões. em Minas Gerais em um ecossistema.
diferentes, conduzem ã superposição de
trabalhos e, conseqüentemente, ao desperdício ano: 1977
Tabela 5.45. Estrutura institucional de de recursos humanos e econômicos. Além Figura 5.45. Cadeia trófica e ciclagem de
saúde em Minas Gerais, por disso, cria-se uma certa indefinição quanto auxiliar de nutrientes em um ecossistema
médico e
macrorregiões ao gerenciamento das áreas. Haja vista que regiões médicos
médico/ enfermagem auxiliar/
auxi1iar/
a região do Vale do Jequitinhonha, embora 10.000 hab. e parteira
pratica
10.000 hab.
10.000 hab.
¡.IOC0KVERS0HE3 PWUAPHOS BIOCONVEBSOIES SECUNDARIOS
possua 30 instituições - a níveis federal, I 4.542 11,7 2.115 17,2
5-5
número de instituições estadual e particular (leigas e religiosas)- II 970 5,9 131 0,8 6,7
atuando na área de saúde e saneamento, ITT 756 3,9 92 0,5 4,4
regiões ano com sem apresenta um quadro de depressão em muitos IV 640 5,9 43 0,4 6,3
total V 171 2. 5 24 0,4 2,9
internamento internamento de seus aspectos básicos de saúde (8). VI 208 1 , 8 32 0,3 2, 1
VII 84 0,9 11 0,1 1,0
T
1965 373 247 126 VIII 339 1,9 33 0,2 2,1
i 1975 464 293 171 Estado 7.710
- 2.481 -
-
• Recursos Humanos Fonte: SEPIAN/MG
1965 217 147 70
II 80
1975 2 86 206 Os 7.710 médicos inscritos no Conselho
1965 260 169 91 Regional de Medicina até 1977 distribuem-se
III de forma desordenada no Estado,
1975 315 19 5 120
concentrando-se principalmente na 5.2.5. Alimentação
19 6 5 114 49 65 Região Metropolitana e nas cidades de
IV 15 3 84
1975 69 porte médio. 5.2.5.1. I n t r o d u ç ã o
1965 76 45 31
V 40 A Região I, como ê de se esperar, concentra
1975 94 54 £ do meio ambiente que o homem extrai todo
o maior número desses profissionais, alimento que lhe dá energia para seu
1965 63 43 20 atingindo o percentual de 58,9. Em ordem
VI 35 sustento. Nesse processo, o homem altera Fonte : Inf orme Agropecuário, Belo Horizonte, 5_
1975 75 40 decrescente, apresentam-se as Regiões II, as condições ambientais em maior ou menor (59/60) nov./dez. 1979
1965 47 29 18 III, IV, VIII, V I , V e VII, como indica a grau, conforme as técnicas e os padrões de
VII 19 75 80 54 26 Tabela 5.46, demonstrando as acentuadas consumo alimentar adotados. Nesse
discrepâncias regionais. diagnóstico serão desenvolvidas abordagens Entre os produtos de origem vegetal e de
1965 96 51 45
VIII 118 52 específicas, com o objetivo de analisar os origem animal, existem grandes diferenças
1975 66
Vale ressaltar que somente na impactos de diferentes dietas alimentares em termos de conversão de energia. Estudos
1965 1.246 7 80 466 Região Metropolitana de Belo Horizonte, que sobre o uso da terra e sobre o meio de ecologia energética ressaltam a
Estado 1975 1.5 85 977 606 abrange 14 dos 122 municípios da Região I, ambiente, e também avaliar a situação superioridade dos produtos de origem vegetal
concentra-se uma população de 2.295.047 nutricional em Minas Gerais, além dos sobre os de origem animal, em termos de
Fonte: SEPLAN/MG habitantes, que contam com aproximadamente efeitos de_suas deficiências sobre a saúde conversão de energia, já que mesmo os
2.972 profissionais médicos. O restante da e a educação da população. animais mais eficientes não fornecem em
população da Região I, nos 108 municípios, seus produtos mais do que uma pequena fração
Em 1965 o Estado contava com um total de perfaz um total de 1.570.008 habitantes, dos nutrientes que consomem, sendo o
1.246 instituições, sendo que 780 absorvendo 1.570 médicos. Embora não haja Dada a complexidade da questão alimentar e restante dissipado. Dentre os produtos de
destinavam-se ã assistência ambulatorial e dados comprobatórios, ê provável que esses de suas múltiplas inter-relações com o origem animal, o leite é o mais eficiente
466 ã hospitalização. Entre os tipos de 1.570 profissionais estejam concentrados nos meio ambiente e com o bem-estar social, a em termos de conversão energética e uma
serviços prestados, a Região I ê a que municípios maiores, poucos se fixando nos de análise aqui esboçada não cobre senão uma dieta proteico-calõrica como a americana
dispunha de maior número de instituições, menor porte. pequena parcela dessa questão fundamental tem elevado custo energético, se comparada
com o total de 373; seguem-se as Regiões III, que está a e x i g i r atenção especial. Dentre com dietas baseadas em grãos e hortaliças.
II, IV e VIII, com 260, 217, 114 e 96 A Região V I I , a menos beneficiada, as limitações desta analise ressalta-se o
instituições. As Regiões V, VI e VII concentrava no mesmo ano, 1977, uma fato de nao se haver abordado a questão da Antigamente a cultura alimentar de uma
apresentam-se em condições inferiores, com população de 897.058 pessoas. Essa contaminação de alimentos por preservativos população era tradicional e estreitamente
os totais de 76, 63 e 47 instituições, população dispunha de 84 médicos, ou seja, químicos e outros produtos largamente correlacionada com o ambiente e a
respectivamente. uma proporção médico/habitnnte da ordem de utilizados no processo de industrialização disponibilidade de recursos locais,
0,9/10.000. Da mesma forma, pode-se supor e conservação de alimentos, submetendo a especialmente nos casos em que o
Em 1975 a estrutura institucional de saúde que esses médicos concentravam-se nos população que se abastece desses alimentos auto-abastecimento prevalecia. Nos sistemas
do Estado apresenta números municípios mais desenvolvidos. A assistência a riscos de saúde e mesmo de vida. de abastecimento modernos das grandes
117
cidades, esse condicionante muitas vezes se especialmente aqueles destinados a plantio de culturas nao destinadas â resistência âs doenças e faz piorar também
rompe, devido ao fato de os alimentos serem alimentação de sua população animal. alimentação humana. 0 milho, por exemplo, as condições gerais de saúde.
produzidos em locais distantes, e depois A expansão da soja no Brasil destina-se em é a cultura com maior área plantada no As deficiencias calóricas são graves também
transportados para o local de consumo. grande parte â alimentação animal da Europa, Estado, voltada na sua maior parte para o porque o aproveitamento das proteínas pelo
o que tem provocado, aqui, impactos consumo animal, cerca de 85%. Assim organismo é prejudicado quando não se consomem
As considerações apresentadas adquirem ambientais significativos. também a expansão do cultivo da soja visa a as calorias necessárias ao nutrimento humano.
expressão em termos ambientais, quando se atender predominantemente ao mercado de
considera que cada dieta alimentar demanda No Brasil e em Minas Gerais, a questão das rações para animais. A renda familiar é um elemento básico que
quantidades de área de plantio, e, portanto, relações entre as dietas alimentares da condiciona o tipo de alimentação. Pode-se
de insumos agrícolas distintos. Admite-se população e os seus impactos ambientais vem verificar pela Tabela 5.48 que os níveis de
a possibilidade de sobrevivência de um adquirindo importância crescente, à medida cobertura nutricional são mais completos a
maior número de pessoas a partir da que se coloca o problema dos limites do 5.2.5.3. S i t u a ç ã o n u t r i c i o n a l medida que a classe de renda aumenta.
utilização dos produtos de uma determinada território e de sua melhor utilização. A Tabela 5.48 mostra que as classes de renda
área, bastando para isso que se transformem Se historicamente sempre existiram novas Os produtos alimentares, agrupados em até 1 salário mínimo consomem apenas 64,8%
em consumidores primários,ao invés de terras a ocupar, e o solo depauperado era classes diversas - cereais, açúcares, de suas necessidades de calorias, 39,69% de
secundários (56). Essa afirmativa, abandonado, abrindo-se novas fronteiras de leguminosas, carnes, ovos, leite e queijos, cálcio e 25,85% de vitamina A. Ao contrario,
comprovada por vários estudos sobre as colonização agrícola, hoje apresentam-se gorduras, tubérculos, legumes, verduras, as classes de renda mais alta ingerem até
relações entre os requisitos nutricionais e crescentes conflitos pelo uso do solo. frutas e bebidas - contribuem de forma duas ou três vezes mais nutrimento de que
a área necessária para produzi-los, Alguns dos conflitos que se colocam para a diferenciada na composição do nutrimento necessitariam, o que também tem efeitos
(Tabela 5.47), permite supor que os impactos utilização do solo são os seguintes: necessário a população. Os indicadores de prejudiciais sobre a saúde. Assim, a
da contaminação por defensivos veiculados culturas alimentares x culturas energéticas, consumo proteico e calórico são básicos classe de renda superior a 15 salários
no solo e na água poderiam ser direta e pastagens x florestas nativas, cultivo para para se avaliar a situação nutricional de mínimos ingere 156% de suas necessidades
substancialmente diminuídos, caso se o auto-abastecimento x cultivo para a uma população. A desnutrição proteico- de calorias, 347% de suas necessidades de
reduzissem as áreas de manejo agrícola exportação. A cada um desses usos -calÓrica, relacionada com a ingestão proteínas, 192% de cálcio, 177% de ferro,
necessárias ã alimentação humana. associam-se impactos ambientais específicos. insuficiente de alimentos, reduz a 182% de vitamina A e 229% de vitamina B2.
118
Tabela 5.49. Distribuição percentual do consumo alimentar em calorias, proteínas e Tabela 5.50. Distribuição da renda pessoal para Minas Gerais, que cria e forma
despesas segundo categorias de produto, na região IV e suas áreas em Minas Gerais mão-de-obra para outros Estados.
período: 1974/75 período: 1960/70/78
Quanto ã criação de novos empregos, a
situação apresenta pontos de estrangulamento
Areo M e t r o p o l i t a n a Areo Urbano Areo Rurol
Regido IV
de Beto Horizonte não M e l r o p o l i l o n a nflo M e t r o p o l i t a n o importantes. No setor industrial a
CategQrmt at Produtos
Colona! Proteínas Despesas Calorias Proteínas Desceias Coloria» Despesos Cafonas Despesos
desaceleração dos investimentos, associada
Proteínas Proteínas
população participação na renda (%! a opções técnicas altamente automatizadas,
cereais e derivados 38,16 34,78 23,09 38,29 34,10 21,35 38,81 35,44 23 ,06 37,68 34,48 23,77 nao têm conseguido acompanhar o ritmo da
açúcar e derivados 16,59 0,36 6,20 17 ,34 0,26 4,09 16,72 0,21 4,73 16,32 0,49 8,38 1960 1970 1978 demanda de emprego. No setor agropecuário,
leguminosas e oleaginosas 11,72 28,82 6,50 4,74 16,92 4,49 9,46 22 ,90 5,53 14,28 36,05 8,19
carnes e pescados 6,SI 20,46 23,90 8,17 27,41 7,40
situação semelhante se verifica, como
28,49 25,63 25,79 5,51 14,78 19,40 50% mais pobres 18,8 15,5 13,5
ovos, leite e queijos 4,69 10,21 8,89 6,78 14,75 11,19 4,68 10,32 8,85 4,22 8,99 8,07
conseqüência da criação de empresas rurais
óleos e gorduras 13 ,27 0, 02 10,77 14,88 0,06 8,61 14,74 0,04 10,32 11,88 0 ,00 11,99 30% seguintes 24,6 24,0 21,6 altamente mecanizadas, e da inércia
subtotal 90 ,94 94,67 78,75 92,93 94,58 77,14 91,81 94,54 78,28 89,89
característica do processo de redistribuição
94,79 79,80 27,4 27 ,8 27,2
14% seguintes de terras.
tubérculos, raízes e similares 5,96 1,70 3,55 2,63 1,32 2 ,85 4,62 1,60 3 ,36 7 ,67 1,86 3,99
legumes e verduras 1,02 1,78 6,80 1,21 1,99 7,32 1,05 1,82 6,74 0,95 1,70 6,65 5% mais ricos 29,3 32 ,8 37,8
frutas 1,46 0,70 3 ,93 2,09 0,92 5,27 1,80 0,82 4 ,39 1,08 0,56 2,99 Esse quadro contrasta com as grandes
bebidas e diversos 0,60 1,15 6,97 1,14 1,18 7,42 0,71 1,22 7,23 0,40 1,09 6,57 riquezas e o variado acervo de recursos
subtotal 9,04 5,33 21,25 7 ,07 5,41 22,86 8,18 5,46 21,72 10,10 5,21 20 ,20
Fonte: SEPLAN/MG naturais de que dispõe o Estado.
total geral 1
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 A diversidade dos ecossistemas pode - e
Fonte: - IBGE/ENDEF - Consumo Alimentar, Antr opometria e Despesas das Famílias
deve - ser origem de uma grande
- Dados Preliminares FJP/op diversificação de opções de atividades
1
0 "total geral" nem sempre equivale a soma dos "subtotais", devido a problemas produtivas. o emprego é derivado de
de arredondamento nos cálculos sõcio-econômicos que permitam a abertura atividades produtivas já institucionalizadas
de novas frentes de atividades geradoras de e depende principalmente do dinamismo da
empregos. Nesse sentido, a concepção do economia. Mas há atividades produtivas não
modelo de desenvolvimento econômico pode institucionalizadas, que dependem dos
Os impactos da desnutrição sobre a saúde pelo processo recessivo que se instalou exigir adaptações para atualizá-lo ao novo recursos naturais disponíveis, determinados
pública são largamente reconhecidos. Em nas economias ocidentais mais desenvolvidas, contexto, viabilizando o equacionamento pela diversidade dos ecossistemas. Eis
Minas Gerais a ocorrência amplamente os reflexos negativos se fazem sentir desse problema. corno o problema do emprego pode se articular
disseminada de doenças infecciosas e atualmente. com os aspectos ambientais de uma dada
parasitárias, decorrente das deficientes Importa, pois, estimular o crescimento da região. A questão está na elaboração de
condições de saneamento básico, prejudica a Essa articulação externa da crise implica economia de forma compatível com o programas que visem acionar os diversos
absorção adequada dos alimentos. A anemia, numa redução da serie de medidas possíveis desenvolvimento social. A criação de postos mecanismos - pesquisa, financiamento,
a avitamionose A, com seus efeitos sobre a de serem acionadas com vistas ao de trabalho passa a ser critério fundamental instituições -,com vistas a estimular
perda da visão, o bócio endêmico, a pelagia equacionamento do problema. Assim, é na orientação dos diversos instrumentos de processos de desenvolvimento de novas
e a arriboflavinose são algumas das doenças urgente que se acionem mecanismos internos promoção da economia controlados pelo atividades produtivas.
a que se expõem as populações com capazes de reativar o desenvolvimento Estado (alocação de recursos, incentivos,
deficiências alimentares. Em Belo Horizonte econômico, possibilitando a absorção das etc.). Para isso, quatro condições básicas parecem
as avitaminoses e as deficiências tensões geradas pelo desemprego. necessárias: disponibilidade de recursos;
nutricionais são um dos principais fatores acesso a esses recursos; desenvolvimento de
causadores de mortalidade infantil, afetando Por outro lado, como foi assinalado, a
Note-se que mesmo que o problema se faça promoção do meio rural é condição necessária técnicas apropriadas ã transformação e
também o desenvolvimento mental. Dessa sentir com mais intensidade no meio urbano, utilização dos recursos; e inserção na rede
forma, as deficiências nutricionais afetam para a fixação do homem â terra, reduzindo
seu equacionamento exige obviamente ações o êxodo e, portanto, a pressão dos grandes de comercialização, na economia regional e,
a eficiência do sistema educacional, no meio rural, visando diminuir o fluxo de portanto, na nacional, dos novos produtos.
prejudicando a capacidade de aprendizagem contingentes migratórios sobre a oferta de
demandantes de emprego, que deixam empregos das grandes cidades. As distorções Dentro dessa perspectiva, a proteção
das crianças. constantemente o campo para se fixarem na ambiental^passa a ter um significado mais
na distribuição da propriedade da terra
cidade. deverão ser corrigidas, de modo a garantir amplo. Além da preservação do meio ambiente,
Se a melhoria da renda é um pré-requisito ao agricultor o acesso ao instrumento de objetivo em si mesmo plenamente justificável,
para se melhorar o nível nutricional da Paralelamente aos problemas da oferta produção. Em 19 75 as propriedades de a preservação ambiental significa conservar
população do Estado, questões relacionadas reduzida de emprego, há que se considerar menos de 10 ha representavam 28,3% do total em aberto a diversidade de alternativas
ã adequação nutricional da população não o problema da baixa remuneração de largas das propriedades do Estado, e totalizavam passíveis de serem ativadas pelas gerações
podem ser enfocadas somente do ponto de faixas da população empregada. De fato, apenas 1,5% da superfície, enquanto que as futuras.
vista do aumento da produção e do acesso distorções importantes ocorrem na propriedades de 1.000 ha e mais,
aos alimentos. Devem englobar as questões distribuição da riqueza, e Minas Gerais representando 1,2% do total, concentravam O patrimônio genético precisa ser
de saúde pública, o que permitiria um apresenta as mesmas distorções do restante quase 30% da área total. preservado. A ««pecialização excessiva de
melhor aproveitamento do alimento ingerido do País. Assim é que, se em 1960 os 5 0 % um meio ambiente originalmente heterogêneo,
pelo organismo humano, além das questões mais pobres da população economicamente devido a intervenções antrópicas
educacionais, que são fundamentais para que Em relação aos aspectos demográficos que inapropriadas, poderá ter como conseqüências
ativa receberam 18,8% da renda do Estado, condicionam a demanda de emprego, os
a população se alimente de forma adequada. os 5% mais ricos receberam 29,3%; em 1978 um empobrecimento, uma redução no leque de
índices nacionais levantados no último alternativas que o ecossistema original
os 50% mais pobres receberam 13,5% da renda, recenseamento revelam tendência favorável:
enquanto os 5% mais ricos receberam 37,9% oferecia.
os 2,8% de incremento anual da população
5.2.6. Emprego (Tabela 5.50). O valor real do salário
mínimo caiu de uma base 100 em 1965,para
previstos para a última década nao foram
A seleção e adoção de tecnologias tem, pois,
atingidos, fixando-se a taxa em pouco mais
80,0 em 1977, enquanto que o PIB "per capita" de 2,3% ao ano. Entretanto, os benefícios impactos diretos tanto sobre o nível de
5.2.6.1. E m p r e g o e m e i o a m b i e n t e subia de 100 para 208,1,no mesmo período(48). emprego como sobre o meio ambiente.
dessa redução somente serão sentidos
futuramente. 0 País precisa ainda criar, A tecnologia pode ser intensiva em
Incrementar a oferta de novos empregos é Dois fatores principais definem basicamente a cada ano, cerca de 1,5 milhões de mão-de-obra ou capital,e dessa forma fazer
hoje meta prioritária do setor público. a problemática do emprego. Por um lado, a empregos novos para absorver a mão-de-obra uso dos recursos humanos existentes no local
0 desemprego é, na realidade, a expressão oferta é determinada pelo modelo de que se integra anualmente ao mercado. em que ê adotada, ou não. Também o seu
mais grave da crise contemporânea, e nao desenvolvimento adotado. Por outro lado, a impacto sobre as condições ambientais pode
sendo devidamente equacionado, poderá dar demanda se define pelas taxas de crescimento ser profundo. As tecnologias modernas
origem a profundos problemas sociais. demográfico e pela dinâmica de distribuição No caso específico de Minas Gerais, são capazes de afetar em pouco tempo e com
da população. A harmonização entre os dois verifica-se que o Estado continua cedendo grande intensidade um ecossistema; ao
A abordagem dessa problemática é fatores constitui, pois, objetivo prioritário população, que migra principalmente para contrário, as técnicas antigas de exploração
extremamente complexa, visto apresentar da ação do Estado, assim como também das os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. e transformação dos recursos naturais atuam
articulações não apenas no nível nacional, forças vivas da sociedade como um todo. Se esse deslocamento representa por um lado de modo mais lento, mais localizado, e, via
mas também no nível internacional. Ainda Quando a demanda supera a oferta, o Estado um alívio na pressão sobre os empregos, por de regra, com impactos ambientais mais
que o País tenha sido atingido tardiamente e a sociedade devem acionar mecanismos outro lado representa também um prejuízo restritos,
119
5.2.6.2. D i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l d o e m p r e g o Tabela 5.51. população ocupada por setores Em primeiro lugar, a educação, incluindo utilizadas referem-se ao período
econômicos em Minas Gerais (%) aquela ministrada em bases formais, é compreendido entre 1960 e 1978, sendo que
período; 1960/70/77 reconhecida como um dos mais importantes dados consolidados ao nível das oito
Uma analise da evolução do emprego por indutores de um relacionamento racional do regiões de planejamento em que foi dividido
setores em Minas Gerais como um todo homem com as demais variáveis ambientais. o Estado de Minas Gerais, estavam
(Tabela 5.51) e por macrorregiões Esse aspecto da educação passa a ser, disponíveis apenas para o ano de 1974.
(Tabela 5.52), faz ressaltar as seguintes 1960 1970 1977 portanto, extremamente relevante para a
características: setores ^ ^ ^ - ^ ^ ^
preservação e desenvolvimento do patrimônio
agropecuária 60,4 50,5 39,1 natural e cultural a ser legado as futuras 5.2.7.2. P r o d u t i v i d a d e d o e n s i n o
- Diminuição expressiva da população gerações. Por outro lado, a educação deve
economicamente ativa (PEA) ligada ao setor mineração 1,0 1,3 1,2 ser considerada também como um processo
agropecuário. Tal fenômeno é observado manufatura 6,4 8,3 10,9 A produtividade do ensino é analisada
de capacitação dos indivíduos para melhorar considerando-se os índices de aprovação,
no Estado como um todo, com exceção das construção 3,7 5,8 7,8 a sua qualidade de vida. Esse último
de repetência, e de evasão de alunos. Esse
Regiões VI e VII. A Região VIII, apesar serviços básicos 4,7 4,8 4,9 aspecto pode ser avaliado segundo várias
de apresentar ainda em 19 77 uma abordagens. E indiscutível, por exemplo, índice revela a eficiência do próprio
percentagem elevada da PEA ligada à outros serviços 23,8 29,3 36,1 que o processo educacional visa tornar o sistema educacional.
agropecuária, como ocorre com as demais homem mais equipado para retirar melhor
regiões setentrionais, mostra forte total 100,0 100,0 100,0 proveito dos recursos da natureza, e, assim, Os dados existentes, a nível do Estado como
tendência ã redução, aparecendo os setores implementar a sua condição de conforto, um todo, demonstram que o sistema escolar
"construção" e "outros serviços" como os Fonte: SEPLAN/MG. 197 8 segurança e felicidade. A educação tem de Minas Gerais ê caracterizado por uma alta
absorvedores da mão-de-obra que deixa o importância também como um processo que retenção, bem como por evasão gradativa ao
setor agropecuário. Ressalte-se ainda o favorece a eqüidade das oportunidades longo das séries, o que faz dele um sistema
número reduzido de trabalhadores desse sociais, representando, ao mesmo tempo, um seletivo e pouco produtivo. A seleção
Tabela 5.52. Evolução da distribuição começa a partir da má distribuição das vagas
setor na Região I, onde predominam os caminho deliberadamente seguido pelos
percentual da população a nível regional. Posteriormente prossegue
setores manufatura e serviços. Essa indivíduos que a ele têm acesso, em sua
ocupada por setores econômicos, com os altos índices de repetência,
tendência correlaciona-se com os elevados busca de aceitação e valorização pela
nas macrorregiões de Minas principalmente entre I e 2 . séries do a a
investimentos estatais. A ação do Estado, 1960 2 0 , 2 15,7 17 ,8 7,7 6,2 8,0 7,7 16 ,7 Como fator de promoção social, a educação
através dos programas de habitação total regional 1970 2 6 , 1 1 3 , 8 16,5
15,1
8,4 5,7
5,2
8,5 7,0 14,0 100,0
12,5
deve ser analisada pela sua produtividade,
1977 30 , 1 12,7 8,7 8,8 6,9
popular, parece ser decisiva no setor, de vez que o benefício do processo deveria, Assim, verifica-se que a questão fundamental
Fonte: SEPLM!/MG
perseguindo assim o duplo objetivo de sempre e necessariamente, compensar o situa-se nas quatro primeiras séries, e mais
incrementar a disponibilidade de esforço dos indivíduos a ele submetidos e precisamente na lã série do 19 grau
habitações e a criação de novos empregos. das comunidades que, freqüentemente, o encontra-se o principal ponto de
Uma outra articulação entre meio ambiente e subsidiam. Assim, as variáveis capazes de estrangulamento de todo o sistema educacional.
- Elevada participação relativa do setor emprego diz respeito ao problema das medir a produtividade do ensino, incluindo A Tabela 5.54 apresenta a estrutura do
outros serviços (educação, saúde pública condições ambientais no local de trabalho. os índices de aprovação, repetência e ensino de 19 grau, mostrando o percentual
e privada, administração pública, Diversas atividades econômicas apresentam evasão, podem fornecer subsídios importantes total das quatro primeiras e das quatro
comércio, bancos e instituições condições insalubres do ambiente de para a análise ambiental. últimas séries, com detalhe apenas para a
financeiras, prestação de serviços, e t c ) , trabalho, com impactos diretos sobre a lã série do primário. Observa-se uma
na Região I, polarizada pela capital do saúde dos trabalhadores. Em Minas Gerais Finalmente, como objeto da aspiração melhoria significativa no período analisado:
Estado, revelando o elevado índice de um exemplo é o da atividade do carvoejamento, individual, as possibilidades de acesso ãs enquanto que em 1960 a I série, o total do a
centralização espacial de tais serviços, no qual o carvoeiro está exposto a unidades de ensino formal podem ser primário e do 1? ciclo detinham
fator de desequilíbrio na estrutura da variações térmicas intensas, fumaça e gases, analisadas pelo confronto entre a respectivamente 48,6%, 90,9% e 9,1%, em 1977
oferta. Uma distribuição mais harmoniosa alguns deles presumivelmente cancerígenos. disponibilidade dos serviços educacionais a situação evoluía para 29,8%, 7 1 , 0 % e 29,0%
de tais serviços induziria a uma Numerosas outras atividades de e o contingente populacional a ser atendido respectivamente. De qualquer forma, ainda
desconcentração urbana, face â grande transformação de recursos naturais - em cada região, considerando-se as neste último período pode-se constatar que
capacidade de geração de empregos do metalurgia, mineração, etc. - apresentam responsabilidades cometidas ao Estado nesse a 1- série absorvia, sozinha, um número
setor. .igualmente ambientes de trabalho insalubres. particular. maior do que as quatro séries do 19 ciclo.
Finalmente, ressalte-se que a execução dos Para abordar esses aspectos, foram Finalmente, para caracterizar a situação da
projetos públicos comporta orientações no
sentido de privilegiar a criação de novos 5.2.7. Educação utilizadas informações correspondentes ao
ensino do 19 grau, apresentadas no
produtividade do ensino em Minas Gerais, as
Tabelas 5.55 e 5.56 apresentam informações
empregos, alem dos objetivos diretos de documento "Conraortamento da Economia referentes ã taxa de sucesso, ã retenção
tais projetos. Assim ê que a utilização dos 5.2.7.1. I n t r o d u ç ã o Mineira", publicado pela SEPLAN/MG (44) . total, ao rendimento líquido aparente, ao
recursos humanos locais e regionais nas Foram especialmente analisados os dados rendimento real e ao abandono, ocorrentes
obras públicas l e v a m a um duplo resultado: A educação, na realidade, corresponde a um correspondentes ás séries iniciais do na rede escolar do Estado.
além de contribuir para a redução dos custos processo de transformação do homem e, 19 grau que, de acordo com o Artigo 127 da
de execução, tal medida responde ainda p e l a portanto, deve ser necessariamente incluída Constituição Federal, são de Pela Tabela 5.55 pode-se observar que a taxa
aplicação de recursos nas próprias entre os agentes de modificação do responsabilidade dos Poderes Públicos, por de sucesso na coorte de 1961 a 1964 foi de
comunidades beneficiadas pelos projetos, meio ambiente. Sob esse enfoque, merecem constituírem o grau mínimo de escolaridade 17,0%, ou seja, de cada 100 alunos 17
dada a criação de novos empregos. ser destacados dois pontos principais. exigido das populações. As informações conseguem se diplomar. Essa relação
120
Tabela 5.53. Evolução da matricula nos diversos graus de ensino em Minas Gerais Tabela 5.55. Indicadores de produtividade do ensino de 19 grau em Minas Gerais ( I a
parte)
período: 1960/77 período: 1961/77
121
d i r i g i d a ao tipo de c o n h e c i m e n t o q u e são Nas séries finais o b s e r v a - s e , de certa os d e s e q u i l í b r i o s n a d i s t r i b u i ç ã o geográfica vezes s ã o traduzidas p o r m a i o r e s
forçadas a t r a n s m i t i r , i n a p r o p r i a d o n ã o forma, uma s i t u a ç ã o i n v e r s a â a n t e r i o r , onde do a l u n a t o . Esses desequilíbrios resultam (e m e l h o r e s ) o p o r t u n i d a d e s e d u c a c i o n a i s " .
a p e n a s p a r a as c r i a n ç a s , mas a elas p a r a uma p o p u l a ç ã o em idade de 11 a 14 a n o s , da d e s i g u a l d a d e dos p r o c e s s o s de Assim, observa-se q u e a tendência da
inclusive". Dessa forma, o e s t u d o conclui que atinge um m o n t a n t e de 1.296.144 p e s s o a s , i n d u s t r i a l i z a ç ã o e de u r b a n i z a ç ã o que d i n â m i c a p o p u l a c i o n a l tem-se a p r e s e n t a d o
sugerindo que seja repensado o papel desse o n ú m e r o de m a t r i c u l a d o s nas séries finais p r e v a l e c e m no E s t a d o . como f o r t e m e n t e urbana, com c r e s c i m e n t o s
p r o f e s s o r a d o , de forma q u e as p r o f e s s o r a s do 19 g r a u atinge 608.392 a l u n o s . A s i g n i f i c a t i v o s , p a s s a n d o de 4 0 , 2 % p a r a
leigas sejam v i s t a s n ã o c o m o um m a l disparidade a p r e s e n t a d a e n t r e a p o p u l a ç ã o A r e p e t ê n c i a é c o n s i d e r a d a aqui como um 5 2 , 8 % e p a r a 5 8 , 5 % em 1960, 1970 e 1977
n e c e s s á r i o , m a s como um fator u t i l i z a d o e s c o l a r i z ã v e l e as m a t r í c u l a s , c a r a c t e r i z a indicador r e p r e s e n t a t i v o da p r o d u t i v i d a d e respectivamente. P a r a 19 80 o grau de
de forma i n a d e q u a d a . m a i s uma vez o a s p e c t o s e l e t i v o do s i s t e m a do e n s i n o . A T a b e l a 5.59 m o s t r a o índice u r b a n i z a ç ã o do E s t a d o é da ordem de 6 7 , 1 % .
operacional. de r e p e t ê n c i a no e n s i n o de 19 grau em 1 9 7 4 , "Por outro lado, c o n s i d e r a - s e também a
~ S i s t e m a de unidocência por r e g i õ e s , d e s t a c a n d o - s e o d a I série, a
d e m a n d a por p a r t e do S i s t e m a P r o d u t i v o de
Ao desequilíbrio existente na distribuição q u e , conforme m e n c i o n a d o , constitui o p o n t o uma p o p u l a ç ã o urbana m a i s e s c o l a r i z a d a p a r a
A l e m do d e s p r e p a r o do corpo d o c e n t e , a da p o p u l a ç ã o p e l a s d i f e r e n t e s s é r i e s , de e s t r a n g u l a m e n t o de todo o e n s i n o de a t e n d e r ás suas n e c e s s i d a d e s , p r i n c i p a l m e n t e
s i t u a ç ã o n a zona rural ainda e x i g e que o m o s t r a d o na T a b e l a 5.58, d e v e - s e a c r e s c e n t a r 19 grau. q u a n t o aos setores s e c u n d á r i o e terciário
p r o f e s s o r q u a s e sempre lecione q u e se concentram n a s c i d a d e s . C o n s i d e r a - s e
s i m u l t a n e a m e n t e p a r a as três ou q u a t r o ainda a c o n c e n t r a ç ã o local q u e dá m a i o r
séries iniciais o f e r e c i d a s . Essa c o e s ã o e força na t r a d u ç ã o de uma demanda
Tabela 5.58. P o p u l a ç ã o e s c o l a r i z ã v e l e m a t r i c u l a d a no e n s i n o de 19 grau, por macrorregiões
situação apresenta dificuldades p o t e n c i a l em demanda e f e t i v a " ( 4 4 ) .
de M i n a s G e r a i s
operacionais para professores e alunos, a n o : 1974
e ainda diminui em m u i t o a carga h o r á r i a Essas colocações se c o n f i r m a m q u a n d o se
n e c e s s á r i a ao c u m p r i m e n t o do p r o g r a m a o b s e r v a a e v o l u ç ã o , em números r e l a t i v o s ,
e s t a b e l e c i d o p a r a cada s é r i e . população matrícula população matrícula população matrícula população m a t r i cuia das m a t r í c u l a s nas séries iniciais do
regiões de de lã a de de 5 a de a
de de de 19 g r a u nas áreas u r b a n a s , nos anos de 1960,
- P r o b l e m a s da rede física do e n s i n o 7-10 anos 4 . s é r i e s 11-14 a n o s 8§ s é r i e s 7-14 anos 19 g r a u
a
1 5 - 1 8 anos 29 gr 19 70 e 19 77, q u e foram r e s p e c t i v a m e n t e de
405 .257 514 .481 346 .504 223.624 751.761 738.105 317 .887 79 . 490 60,9%, 63,3% e 65,5%. P a r a as séries
A s e s c o l a s são f r e q ü e n t e m e n t e i n s t a l a d a s finais do 19 grau tinha-se 9 8 , 8 % em 1970 e
em c o n s t r u ç õ e s já e x i s t e n t e s , sem q u e se 183.777 250 .798 175 .305 83.442 359 .0 82 334.240 160 .705 26 . 471 9 9 , 3 % em 1 9 7 7 . N o c o n j u n t o das séries do
t e n h a m e i o s de a d a p t á - l a s c o n v e n i e n t e m e n t e 290 .534 196 .660 100 .141 398.918 19 grau observou-se q u e , em 1970, 6 9 , 5 % do
202 .258 390 .675 177 .596 2 8 . 748
as n e c e s s i d a d e s do e n s i n o . No e n t a n t o , alunato v i v i a em m e i o u r b a n o . Em 1977 esse
essa s o l u ç ã o é g e r a l m e n t e a única v i á v e l , 112 .931 154 .583 101.957 63.793 214.888 218.376 76 .975 19 . 210 índice subiu para 7 5 , 7 % .
uma vez q u e as p r e f e i t u r a s dos p e q u e n o s 106 .373 73.002 37.932 154.135
81.133 144.305 64 .917 9 .923
m u n i c í p i o s n a o d i s p õ e m de r e c u r s o s p a r a
Também como conseqüência da demanda
•onstrução de i n s t a l a ç õ e s a d e q u a d a s . 138.315 178.294 118.168 28.880 256 .483 207 .174 103 .995 8. 358 d e m o g r á f i c a e da p r ó p r i a estrutura do e n s i n o ,
106 .244 122 .989 92 .474 15 .756 198.718 138.745 79 .838 2 .4 2 8 o b s e r v a - s e q u e a q u a s e totalidade das
P o r outro lado, os m o d e l o s p a d r o n i z a d o s e s c o l a s de 29 e 39 graus localizam-se nas
dos p r é d i o s e s c o l a r e s adotados p e l a 212 .902 276 .129 192 .074 54.824 404.976 330 .953 169 .361 1 3 . 333 áreas u r b a n a s , p r i n c i p a l m e n t e nas cidades
C A R P E - C o n s t r u ç ã o , A m p l i a ç ã o e R e f o r m a de maiores. Além disso, o d e c r é s c i m o do n ú m e r o
P r é d i o s E s c o l a r e s -, empresa do E s t a d o q u e 1.442 .817 1 . 8 9 5 . 1 8 1 1.296 .144 608.392 2 .739 .046 2 .503.573 1.151 .274 1 8 7 . 961
de m a t r í c u l a s nas e s c o l a s rurais de 19 grau,
a t u a no s e t o r , s ã o f r e q ü e n t e m e n t e que segundo estudos da SEPLAN/MG vem
i n a d e q u a d o s as c o n d i ç õ e s c l i m á t i c a s das F o n t e : - S e r v i ç o de E s t a t í s t i c a do M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o e Cultura/MEC
o c o r r e n d o a partir de 1 9 7 2 , r e l e v a r i a ,
d i f e r e n t e s r e g i õ e s , c o n s t i t u i n d o - s e muitas - SEPLAN/MG também, o c r e s c i m e n t o da d e m a n d a não
v e z e s em p a d r õ e s c o n s t r u t i v o s e x ó g e n o s ã atendida n e s s e nível de e n s i n o .
área. A p r o m o ç ã o de c o n c u r s o s p a r a
s e l e ç ã o de p r o j e t o s a r q u i t e t ô n i c o s de Tabela 5.59. índices de r e p e t ê n c i a no ensino a 1- s é r i e . As Regiões VI e V I I são as que
p r é d i o s e s c o l a r e s a d e q u a d o s ãs d i f e r e n t e s Ê i n t e r e s s a n t e observar que a zona r u r a l
d e 19 g r a u e na I s é r i e , por
a
apresentam m a i o r e s índices de r e p e t ê n c i a . p o s s u í a , em 1974, m a i s de três v e z e s o
r e g i õ e s do E s t a d o p a r e c e indicar u m a macrorregiões de Minas Gerais Porém, n e s s e aspecto, os resultados
p r e o c u p a ç ã o da C A R P E em s o l u c i o n a r o número de e s t a b e l e c i m e n t o s de ensino da
a n o : 1974 a p r e s e n t a d o s p a r a 19 74 m o s t r a m que n ã o zona u r b a n a . Entretanto, a c a p a c i d a d e . d e
problema. e x i s t e m d i f e r e n ç a s s i g n i f i c a t i v a s entre as a t e n d i m e n t o n ã o era m a i o r do que na zona
r e g i õ e s , visto p r e d o m i n a r e m em todas elas urbana. Isso porque na zona rural
Um t e r c e i r o p r o b l e m a ligado ã rede física índices e l e v a d o s na I s é r i e , que em m é d i a
a
p r e d o m i n a m e s t a b e l e c i m e n t o s de p e q u e n o p o r t e ,
diz r e s p e i t o a d i s t r i b u i ç ã o e s p a c i a l das p a r t i c i p a com a p r o x i m a d a m e n t e 6 0 % de toda a com uma m é d i a de 1,3 salas em cada prédio
escolas. Alunos e professores percorrem regiões total la. série r e p e t ê n c i a do 19 grau. e s c o l a r , enquanto na zona u r b a n a a m é d i a é de
longas distâncias, freqüentemente 7,1 s a l a s / e s t a b e l e c i m e n t o . A T a b e l a 5.60
s u p e r i o r e s ã sua c o n d i ç ã o física. Esse I 22,5 43,8 Os dados analisados p e r m i t e m concluir q u e de m o s t r a a oferta de e n s i n o em seus d i v e r s o s
esforço, associado ã ma nutrição, II 23,9 42,2 certa forma a p r o d u t i v i d a d e do ensino em n í v e i s , representada pelo número de
c e r t a m e n t e afeta a a p r e n d i z a g e m de um M i n a s G e r a i s ê b a i x a , e m b o r a apresente e s t a b e l e c i m e n t o s e de salas de a u l a , por
n ú m e r o s i g n i f i c a t i v o de a l u n o s . III 24,4 43,5 grande v a r i a b i l i d a d e r e g i o n a l . m a c r o r r e g i õ e s de M i n a s G e r a i s .
IV 18,8 35 ,0
A n í v e l das m a c r o r r e g i õ e s do E s t a d o , p o u c a s V 24,3 45,4 O u t r o s importantes aspectos podem ser
s ã o as i n f o r m a ç õ e s d i s p o n í v e i s q u e p e r m i t e m 5.2.7.3. D i s t r i b u i ç ã o d a o f e r t a d e e n s i n o o b s e r v a d o s quanto â d i s t r i b u i ç ã o dos
uma a v a l i a ç ã o q u a n t o ã e v o l u ç ã o da VI 29 ,4 42,7 e q u i p a m e n t o s de e n s i n o . Para se avaliar a
p r o d u t i v i d a d e do e n s i n o . A Tabela 5.58 VII 34 ,0 44,3 S e g u e - s e uma b r e v e analise da o f e r t a de d i m e n s ã o da oferta de e n s i n o , o índice
apresenta a população escolarizãvel e a e n s i n o no E s t a d o , através de um c o n f r o n t o c o r r e t o é o número de salas de aula
m a t r i c u l a d a no e n s i n o de 19 grau, em 1974, VIII 26,0 39,5 e n t r e as d i s p o n i b i l i d a d e s e d u c a c i o n a i s e a oferecidas. C o n s i d e r a n d o - s e o Estado como
nas oito r e g i õ e s de p l a n e j a m e n t o . P o d e - s e d e m a n d a e s c o l a r do E s t a d o , a nível u r b a n o e um todo, os dados de 1974 m o s t r a m em ordem
Estado 24,4 42,2
observar claramente o desequilíbrio rural. d e c r e s c e n t e d e concentração da oferta as
existente entre a população escolarizãvel e R e g i õ e s I, III, II, V I I I , V I , IV, V e V I I .
a m a t r i c u l a d a , nas s é r i e s iniciais e finais Fonte: SEPLAN/MG Uma vez q u e a demanda e d u c a c i o n a l a c o m p a n h a Quando se analisa s e p a r a d a m e n t e a o f e r t a
do 19 e do 29 g r a u s . a e x p a n s ã o d e m o g r á f i c a , o q u a d r o da o f e r t a u r b a n a e a r u r a l , o q u a d r o se a l t e r a . Na
de e n s i n o n o E s t a d o tem-se m o d i f i c a d o área urbana a Região I a p r e s e n t a v a a maior
A d i f e r e n ç a e n t r e o n ú m e r o de m a t r i c u l a d o s bastante, e atualmente já existe um n ú m e r o c o n c e n t r a ç ã o , com 11.312 salas de a u l a .
nas s é r i e s i n i c i a i s do 19 g r a u e a m a i o r de e s c o l a s nas zonas u r b a n a s . Segundo Seguem-se as Regiões III, I I , V I I I , IV, V,
p o p u l a ç ã o de 7 a 10 anos m o s t r a o grande a SEPLAN/MG, "... a d e m a n d a d e m o g r á f i c a V I e V I I . Com relação ã zona r u r a l , as
n ü m e r o _ d e a l u n o s a t r a s a d o s . N o t e - s e que a p a s s a a ser uma d e m a n d a e f e t i v a , na m e d i d a alterações do quadro são m a i s significativas,
s i t u a ç ã o se r e v e l a r i a ainda m a i s grave se em q u e camadas da s o c i e d a d e , antes A R e g i ã o III é a que apresenta o maior
n e s s e total e s t i v e s s e i n c l u í d o o n ú m e r o de De todas as regiões - a R e g i ã o IV ê a q u e m a r g i n a l i z a d a s do p r o c e s s o e d u c a c i o n a l e número de salas de a u l a , com um total de
i n d i v í d u o s n ã o m a t r i c u l a d o s , mas q u e se a p r e s e n t a os m e l h o r e s r e s u l t a d o s : 1 8 , 8 % e mesmo produtivo, pressionam o sistema por 3.859. Seguem-se as Regiões V I I I , li, I,
e n c o n t r a m em faixa e t á r i a e s c o l a r . 35,0%, respectivamente para o total e para m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de v i d a , que m u i t a s V I , IV, V I I e V.
122
5.3. Bibliografia
TABELA 5.60. Oferta de ensino em seus diversos níveis, representada pelo numero de 19. . Censo demográfico: Minas Gerais;
estabelecimentos e de salas de aulas, por macrorregiÕes de Minas Gerais recenseamento geral. Rio de Janeiro,
ano: 1974 1960.
1. AGUIRRE, Antônio. Os fertilizantes
químicos no Brasil*, consumo, produção 20. . Censo demográfico; sinopse
nacional e importação. Revista da preliminar. Rio de Janeiro, I960.
estabelecimentos e salas de aula por nível de ensino Fundação João Pinheiro, 8(5), 1978.
21. . Censo demográfico; sinopse
localização numero de estabelecimento salas de aula
2. ALTMAN, Nathaniel. Eating for life. preliminar. Rio de Janeiro, 1970.
e regiões primário New York, The Pheosophycal Public
médio 22. . Censo demográfico: Minas Gerais;
2 e + médio House, 1977.
1 sala
salas 19 ciclo 19 grau total primário 19 ciclo 19 grau total sinopse preliminar. Rio de Janeiro,
de aula 1980.
3. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE MINAS GERAIS,
TOTAL v.l, 1980.
23. . Estimativas a partir do censo
I 1. 087 868 70 900 2.925 5.903 478 7. 350 13.731 4. BRAILE, P.M. & CAVALCANTI, J.E.W.A. demográfico• Rio de Janeiro, 1970.
II 1. 399 524 25 716 2.664 3.172 128 4. 302 7. 602
III 2.077 660 39 3.595 4.278 298 Manual de tratamento de águas
819 4.326 8. 904 24. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Estrutura
IV 1. 237 246 28 residuarlas industriais• Sao Paulo,
252 1.763 2.305 215 2.012 4.532 espacial do Estado de Minas Gerais.
CETESB, 19 79. 7 64p.
V 841 282 28 227 1.378 1.755 141 1. 345 3.241 Belo Horizonte, 1977.
VI 1.834 337 24 113 2.308 3. 212 149 816 4 . 177
VII 201 25 5. CEPAL. Programa regional de
1.231 101 1.558 2 .081 161 538 2. 780 25. . Plano de desenvolvimento regional
VIII 1.771 536 6C 373 2.740 3.822 359 2.278 6.459 assentamentos humanos. México, 1977.
integrado do Nordeste Mineiro.
Estado 11.477 3.654 299 3.501 18.931 26.528 1.929 22.967 51.426
6. CEPAL/PNUMA. Seminário sobre Belo Horizonte, 1978. v.l.
URBANO geotécnicas e habitat no trópico
I 66 úmido. Havana, 197 8. 26. FUJITA, Oscar. Qualidade de água e
26 565 718 1. 375 4 .039 460 6.813 11.312
II 11 159 24 495 689 909 126 qualidade de vida. Sao Paulo,
3.679 4.714 CETESB, 1978.
III 16 198 39 526 779 1.190 298 3.557 5. 045 7. CETEC. Melhoria de água de cisterna.
IV 15 130 27 222 394 798 212 1. 932 2. 942 Belo Horizonte, 1976.
V 3 98 27 284 27. FURTADO, C. Formação econômica do
156 525 137 1.172 1.834
VI. 7 158 21 101 287 935 133 765 1.833 8. . Situação ambiental na região do Brasil. Sao Paulo, Nacional, 1969.
VII 11 109 24 70 214 645 L56 457 1.258 Vale do Jequitinhonha. Belo
VIII 29 188 60 262 539 1.157 359 Horizonte, 1980. 28. GEORGE, Susan. How the other half dies.
1.930 3.446
Estado 118 1. 605 288 2.550 4 .561 10.198 1.881 20.305 32.384 London, Penquin, 19 7 7.
9. CETESB. Tipologia industrial.
RURAL São Paulo, 1978. 29. GOLDEMBERG, J. Economia e política da
I 1. 061 303 4 182 1.550 1.864 18 537 2.419 energia. Rio de Janeiro, Jose
II 1.388 365 1 221 1.975 2.263 2 2.888 10. CHONCHOL, Jacques. Desnutrición y Olympio, 1980.
623
III 462 dependencia; problemas alimentarios
-1 -3
2.061 293 2.816 2.090 769 3.859
IV 1.222 116 30 1. 369 1. 507 80 1-590 de la población Latino Americana.
V 838 184 1 1. 094 1.230 4 Comércio Exterior, México, 30 (7) 30. GUIMARÃES, A.P. Quatro séculos de
71 173 1.407 f
VI 1.827 179 3 12 2.021 2.277 16 jul. 1980. latifúndio. Rio de Janeiro, Paz e
51 2. 344
VII 1.220 92 1 1. 344 1.436 5 Terra, 1977.
31 81 1.522
VIII 1.742 348 2. 201 2.665 11. . Estrutura fundiária na América
Estado 11.359 2.049 -
11
111
951 14.370 16.332 -
48
348
2.662
3. 013
19.042 Latina. Paris, 19 80. 31. HODGES, R.D. Who needs inorganic
fertilizers anyway? Braintree,
12. DELGADO, Domingos J.J. Energia, Essex, Henry Doubleday Research Ass.,
Fonte: - Serviços de Estatística do Ministério da Educação e Cultura/MEC produção de alimentos e sistema 1978.
- SEPLAN/MG alimentar. In: INTELIGÊNCIA ou
subserviência nacional. Porto, _32. INDI. Avaliação e diagnóstico do parque
Afrontamento, 19 78. agroindustrial de Minas Gerais.
Belo Horizonte, 1981. v.6.
13. DNPM. Perfil da mineração no Estado de
Minas Gerais. Brasilia, 1980. 33. INFORME AGROPECUÁRIO, Belo Horizonte,
A composição média das turmas para o Estado O problema do ensino de 19 grau não se v.5, n.57, set. 1979.
14. . Projeto de sistema de informações
foi de 32,4 alunos/turma em 197 4. A nível situa na capacidade da oferta física, há
macrorregional a composição média variou de geológicas. Brasilia, 1980.
capacidade suficiente para a demanda a este 34. . Belo Horizonte, v.5, n.58,
35,4 na Região VIII a 29,8 na Região III. nível de ensino. É necessário que se out. 1979.
A nível urbano a variação foi de 35,7 para a redistribuam as vagas e mais do que isto,
Região VIII a 32,8 para a Região II. Na que se dêem condições de o sistema funciona 15. DUCKHAM, A.N. et alii, ed. Food
35. KOEPF, P.S. Bio-dynamic agriculture;
zona rural os índices ficaram entre 36,3 como um todo a nível de regiões" (44). production and consumption. an introduction, s.l., Authroposophic,
para a Região VII e 22,5 para a Região V. Amsterdan, North-Holland, 1976. 1976.
0 precário quadro apresentado evidencia a 541p.
Quanto ã oferta de espaço na rede escolar - necessidade de que o sistema educacional
número de salas de aula versus turnos -, do Estado seja reformulado, com o intuito 36. LAPPE, Frances M. Diet for a smal planet.
verifica-se a existência de um superávit de se promover a adequação dos currículos, 16. EPA. Compilation of air pollutant New York, Ballantine, 1975.
significativo, ainda em 1974, variando de dos prédios escolares, do material didático emission factors. 2.ed. Washington,
4,9% para a Região VII a 71,8% para a e das demais variáveis do ensino, ã realidade 1976. ~ ~ 37. LUND, H.F. Industrial pollution control
Região III. Essa capacidade ociosa própria de cada região ou comunidade, handbook. New York, McGraw-Hill,
permitiria alocar mais 774.000 alunos na acrescentando-se também ã educação a 1971.
zona rural e 583.000 nas áreas urbanas, ou dimensão ambiental. Nesse sentido seria 17. ESTADOS UNIDOS. Department of
seja, existe uma disponibilidade potencial desejável uma ação integrada do sistema Agriculture. Report and
recommendations on organic farming, 38. MAKHIJANI, A. & POOLE, A. Energy and
total de 1.357.000 vagas em todo o operacional de ensino e do sistema agriculture in the third world.
Estado (44). Assim, a falta de prédios responsável pelo controle do meio ambiente s.ed., 1981.
Cambridge, Ballinger, s.d.
escolares não seria o fator mais relevante no Estado. Estes são os dois pontos
entre as deficiências do ensino no Estado. fundamentais a serem considerados, quando 39. MEDEIROS, César M. Habitação para
Iß. FüNDACÄO IBGE. Censo agropecuario:
"Parece_que o estudo regional confirma a da reformulação das bases educacionais a
conclusão para o Estado como um todo. Minas Gérais. Rio de Janeiro, 1979. população de baixa renda. Análise e
ser promovida no Estado. v.l, t.14, Pt. 1/2. Conjuntura, .9(8), ago. 1979.
123
40. MELO, Carlos G. População, saúde e 52. . Secretaria de Estado do
desenvolvimento. A patologia geral. 71. SILVEIRA, José Henrique P. Contribuição
Rio de Janeiro, 11/12, nov./dez. 1972. Planejamento e Coordenação Geral. ao estudo da qualidade de vida.
Situação sanitária do Estado de Belo Horizonte, CETEC, 1980.
41. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado do Minas Gerais. Belo Horizonte, 1978.
Planejamento e Coordenação Geral. 72. TURNER, John. Le logement est votre
53. . Secretaria de Estado da Saúde e appaire. Paris, Senil, 1979.
Comportamento da economia mineira,
no período de 1960/77": agropecuária. Agricultura. Informações sobre
Belo Horizonte, 19 78.(Documento, 1 ) . defensivos agrícolas e intoxicações.
Belo Horizonte, 1976.
42. . Secretaria de Estado do
54. MOLES, Abraham. La notion de qualité
Planejamento e Coordenação Geral.
Comportamento da economia mineira, de vie, s.n.t.
no período de 1960/77: demografia e 55. MOURÃO, J.M. L'homme, l'espace et les
emprego. Belo Horizonte, 1978. ressources du cerrado" Paris, Í981.
(Documento, 2 ) . (Tëse Doutorado).
124
6. Patrimônio natural e
Minas Gerais tem uma diversidade de científico, por conterem um equilíbrio e fauna peculiares, ainda não estudadas,
paisagens tropicais formadas por ecossistemas ímpar quanto a seu comportamento Uma análise da Figura 6.1 mostra que a
cultural
que se repartem de forma irregular. Para hidrológico e geomorfolÓgico, e uma flora região noroeste do Estado, com mais de
sua organização e muito importante a
existência de grandes áreas montanhosas, de
6.1. Introdução onde diverge uma portentosa rede Tabela 6.1. Situação atual dos parques e reservas de Minas Gerais, em relação ã
hidrográfica. Desde o início do século XIX, utilização e estágios de implantação
fascinados pela riqueza de espécies e beleza
Define-se usualmente como patrimônio natural das ocorrências naturais, viajantes e sábios
e cultural todo o acervo de formas de vida têm deixado um imenso legado de trabalho passos executivos essenciais
legadas pela natureza ou de sítios especiais sobre a natureza mineira, entre os quais se
parque,
avaliações e implantação levantamento de
estação ou levantamentos pré-dofin i çâo
sobre os quais se assentam os diferentes destacam vários estrangeiros como reserva científicos e
cadastramento propostas de
c a s orí e n t a c õ e s
do sistema de informações sobre implantação do
fundiãr io negociações/ vigilancia e recursos naturais alano diretor
ecossistemas, bem como as criações do homem, Saint-Hilaire (em especial com suas j urIdicos
desapropr iações
a serem adotadas
segurança e biológicos
que deixam vestígios ou testemunhos de sua descrições de viagens ao vale do Rio Doce e Itatiaia • • • • • O n
ocupação e de sua obra. as nascentes do Rio São Francisco), Spix, Caparão D • • • a V O
Num Estado de grandes dimensões como Martius (com a Flora Brasiliensis) , Serra da
• • • • • D D
Minas G e r a i s a diversidade natural, assim E. Warming (em cuja obra se destacam Canastra
paisagens e culturas, que cabe proteger de suas pesquisas científicas em botânica, Rio Doce • © O o • 0
ações impensadas e preservar para as voltou o seu centro de interesse para a Horto Florestal
gerações futuras. Entretanto, esse O O o o O O 0
paleontologia). Entre os brasileiros do Poste Eli
trabalho nao e fácil, e esbarra em citam-se Costa Senna e F. Ribeiro de Mendonça Busque Modelo o o o 0 o O O
empecilhos das mais diversas ordens: a (estudando a flora dos campos de altitude), I tacolomi o o o 0 o o 0
ignorância em relação ao significado da F. Magalhães Gomes, J. Felício dos Santos, Ibi t i p o c a o * o o o o
preservação da natureza e da cultura e em Álvaro da Silveira (em cuja obra merecem Jaiba 0 * * o o o o
relação as consequências benéficas que dal destaque as coletâneas "Flora e Serras o
Cipó D • • 0 o o
podem advir; a insensibilidade aos apelos Mineiras" e as "Memórias Chorogrãficas", e Presidente
de preservação quando a ela se opõem muito particularmente a "Florália Montium"), Wenceslau Braz
o o 0 o o o 0
interesses imediatos, especialmente D. Guimarães, M. Lisboa e tantos outros, que
econômicos; a desatenção ou incapacidade
Itajuba o o o 0 0 o o
posteriormente, e até hoje, nas universidades Sumidouro • • • D © m -o
dos órgãos públicos encarregados de zelar e centros de pesquisa, vêm trabalhando e
pelas áreas ou ocorrências a se preservar; formando um acervo precioso de conhecimentos
Baleia 0 o o o o o o
a pressão da população que, na falta de um sobre a história natural de Minas Gerais. Tripuí • • D • o n o
plano prévio de ocupação do espaço e de Fazenda da
alternativas viáveis, se aglomera em áreas Cascata o * * 0 0 0 o
Para a preservação desse patrimônio o o o o
que para manterem suas características, Carmo da Mata * *
o
cientifico legado pela natureza, é
não comportariam tal afluxo; e mesmo uma Fazenda Corumbá 0 * 0 o o o
fundamental a criarão e a manutenção de
relativa^apatia da opinião pública em o * * 0 o o o
áreas de preservação que são os parques Acauã
relação ã defesa do patrimônio, que não é
(nacionais, naturais, estaduais e municipais), Fazenda da
o *
0 o o o
percebido como um bem de todos. Laj inha
as reservas biológicas e as estações
ecológicas. Uma análise das Tabelas 6.1 e Fazenda
0 * *
o 0 0 o
Neste item aborda-se o patrimônio em quatro 6.2 e da Figura 6.1 permite que se chegue
Neva Baden
125
Tabela 6.2. Principais características dos parques e reservas de Minas Gerais 100.000 k m , nao conta com nenhuma
z
e cumprirem seus objetivos de reserva
unidade de preservação criada ou biológica, a área pertencente ã Cia. Vale do
instalada, o que é especialmente grave Rio Doce em Santa Bárbara, e a Fazenda do
"•"•-^^arac t e r í s t i c a s instituição admi n í s t r a d j r c i m a quando se sabe que é uma área destinada, Sr. Feliciano Abdala em Caratinga, em cuja
classificação l o c a l i zação d a t a de área responsável ut i 1 i z a ç ã o no l o c a l / (classificação altitude t i p o de em futuro próximo, a receber um impulso preservação os cientistas interessados em
[em lia) I l U r i s d i c á o l atual nível rte KoeoDenl lem metros vegetação
unidade (categorial (min i c í p i o s ) cr i a ç ã o
tUI15FÏ> e sim CwtVCwa 60U a mata
em sua ocupação por atividades produtivas proteger o monocarvoeiro, especie ameaçada
ligadas ã agropecuária e a extração
Ita* íai a Parque Bocaina de 14.06.37 11.943 IBD r
Nacional Minas pesquisas engenheiro 2.787 atlântica e de extinção, estão firmemente empenhados.
campos
Itamonte
agrónomo
rupestres
mineral;
Parque Caparão e 24.05.Él 16.194 1BDF turismo e sim Cvto 1.000 a canijos Constata-se, por outro lado, que o
- quando se refere ã implantação e ao grau
Caparão
Nacional Presidente pesquisas engenhe i r o 1.500 rupestres
e mata
desenvolvimento das atividades nas unidades
anronómo
Soares
atlântica de equipamento e de utilização dessas de preservação, que deveriam ser antes de
0 3 . 0 4 . 7 2 71.525 1QDF turismos e sim Cwb 1.000 a campo áreas, é que se percebe mais claramente tudo "reservas de biosfera", e realizado
Paique são Roque,
P e r r a d o Canastra
Nacional Vargem B o n i t a pesquisas engenheiro 1.500 rupestre a gravidade da situação de abandono a precariamente por sete instituições nem
c Sacrarrento florestal
que são relegadas essas unidades de sempre equipadas e interessadas em sua
583 a cerrado
T l K i s das terias Estacão Três Hjrias 23.10.80 t. M û SEMA nao Aw
635 (regenerado ) preservação. Em apenas três delas gerência, e com uma coordenação deficiente;
Ecológica
(Rio Doce, Tripuí e Canastra) sao na maioria das vezes, as equipes nem ao
R i o Doce parque
estadual
Marliéria, tur ísmo e sim
300 a 400
mata
pluviaL efetuadas pesquisas científicas de menos se conhecem. Dal pode-se extrair uma
Timóteo e 14.07.44 36.000 IEF pesquisas engenheiro Aw
Dionísio f lorestal conhecimento público, e apenas o primeira conclusão: a de que é necessário
Parque Florestal Estadual do Rio Doce organizar e coordenar as ações dos órgãos
Harto F l o r e s t a l
do P o s t o E U
parque
estadual Uberaba 14.02.47 IEF .. .. ** responsáveis pelas área de preservação do
tem um sistema de atendimento ao turismo,
Bosque Mudelo parque Belo
o que deveria entretanto ser generalizado, Estado, pois essa e uma forma, inclusive,
estadual Horizonte 25:01.66 ** .* * * **
IEF
pela sua importância educacional e de otimizar a aplicação de recursos e
Itacolomi parque
estadual
Ouro P r e t o e
Mariana 14.06.67 IEF
tvi s t a g e s
•v i t u f a 1 não Cwb
1.000 a
1.500
campo
rupestre recreativa para amplas faixas da população competências, escassas em si mesmas.
Ibitipoca parque 1.000 a campo carentes de acesso a áreas comunitárias
**
estadual Lima Duarte 0 4 . 0 7 . 7 3 14.887 IEF não Cwb 1.800 rupestre e equipadas para o convívio com a natureza.
mata
galeria
Cumpre salientar ainda a utilização
indevida ou o total abandono quanto ã
6.2.2. Sítios de valor cênico excepcional
Jaíba parque ñuta =ec¡>
estadual Manga 04.07.73 6.211 IEF não iw 450 e mata fiscalização que se verifica em diversas
galaria
áreas, onde se pode constatar, por Estes sítios estão frequentemente associados
S e r r a do C i p o parque Jaboticatubas, pastagem 850 a campo exemplo, a retirada predatória e ilegal a outros valores que, por si só, os fariam
estadual Santana do 14.07.75 33.000 IEF natural não Cwb 1.600
Riacho e Marro
rupestre e
rata g a l e r i a de madeira e lenha, a exploração de constituir-se em patrimônio, como ê o caso
do Pi l a r recursos minerais e a inexistência de das grutas possuidoras de interesses
Presidente parque Nova limites físicos (cerca e aceiro). Uma espeleolÓgico, arqueológico, paleontológico
Wenceslau Braz ** * * .<.
estadua1 Lima 19.07.77 IET
demarcação inadequada, feita sem e/ou biológico notáveis. Entretanto, há
Itajubá parque
estadual ** t ** conhecimento das necessidades básicas de casos onde as áreas devem ser vistas com
I t a juba 27.12.79 TET
Suni douro uma área de preservação é uma outra interesse especial p e l a s u a beleza cênica
parque Lagoa pastagem
estadual Santa 03.01.80 850 natiirill nao 640 a 760 cerrado triste constatação que se pode fazer, e e monumental, que poderão inclusive
pirgue Belo em relação a qual o Parque Estadual de conferir-lhes um valor turístico, gerando
estadua1 Horizonte 23.07.8! . IEF *
campo e
mata g a l e r i a Jaíba pode servir como exemplo atividades para as quais a preservação das
Trijjuí estacão 1.180 a elucidativo: foi demarcado sem possuir, em características naturais é indispensável.
ecológica Ouro P r e t o 24.04.78 392 CETEC pesquisas nao Cwb 1.300 candeial
seu interior, um ponto de água sequer que É o caso das grutas encontradas sobretudo
S e r r a do
Br iqade L ro
ãi ea de
preservação
Abre C a r p o ,
Hatipõ, 09.11.63 IEPKA
pastagem
natural possa servir para a dessedentação da fauna nas regiões calcárias, por terem sua
* ** * *
V i ç o s a , Raul silvestre que nele habita; gênese ligada à dissolução das rochas nas
Soares e quais se formam. 0 calcário Bambuí, no
Carangola
Médio Rio São Francisco e na bacia do Rio
Parque d o Cabangü .írea d e .Santos pastagem
preservação Dumont 24.10.78 IEPKA natural - finalmente, quanto ao tamanho, das Velhas ê o repositório do maior número
representatividade e riqueza científica delas, que poderiam ser grupadas em duas
S e r r a d o Ouro Branco área d e
preservação
Ouro
Branco 07.11.78 - IEPHA
pastageir
rut ura L
camfxi r u f j e s t i e
e mata g a l e r i a dos parques, reservas e estações criadas, "províncias espeleolõgicas": as chamadas
razenda da Cascata reserva P a t o s de a situação atual deixa muito a desejar: províncias de Januãria-Montalvânia e de
* **
biológica Minas 14.07.74 62 IEF nao
das 29 unidades, apenas seis tem Lagoa Santa.
C a i f o da Ml ta reserva Carmo da TEF/ pequi sa
biológica Mata 23.07.74 86 EPAMIG a g r o - p e c u ã r ia não * ** superfície e condições para suportar uma
Fazenda C o r j u t a reserva TET/ exploracao
fauna de mamíferos superiores: os
* * parques da Canastra, do Caparão, do
6.3. Patrimônio cultural
biológica Arcos 23.07.74 180 EPAMIG calcárea não
Acauã reserva Turma l i n a e
.* *
mata de Rio Doce, de Ibitipoca, do Caraça e do
biológica Minas Novas 2 3.09. 74 4.000 IEF transição
Cipó, sendo que para este último existem
Fazenda da reserva IEF/ pesquisa
*. • apenas os estudos iniciais para sua
laginha
reserva
Leopoldina 23.09.74 345 FPAflIG
IEF/
agro-pecuaria
pesquisa sim
Cwa
nata degradada
criação, faltando o passo fundamental que 6.3.1. Período pré-histórico
biológica Lambari 23.09.74 35 3 EPAMTG- agro-pecuária engenheiro Cwa * e floresta é a desapropriação das terras. Os dados
homogênea
agrónomo
de utilização atual mostram ações Procurou-se analisar os dados relativos â
Fazenda Santa Rita reserva
biológica
Prudente de
Morais 23.09.74 604
IEF/
EPAMIC
pesquisa
agro-pecuaria „ * cerrado
indevidas, que certamente comprometem a pré-história mineira e os estudos dos
Fazünda São Mateus reserva IEF/ pesquisa
riqueza das biotas representadas, tais materiais que a ocupação do espaço pelos
biológica P o n t e Nova 23.09.74 377 EPAM1G agrícola não * 500 capoeira como a utilização para pastagem, a diferentes seres vivos deixou: o patrimônio
- cafe - extração de calcário e a realização de paleontológico, ou sejam, os restos de seres
Fazfn-la São S e b a s t i ã o reserva São S e b a s t i ã o pesquisa
*
atividades agropecuárias. Finalmente, vivos fossilizados e o material arqueológico
biológica do P a r a í s o 23.09.74 246 1ÜF aqiícola não Cwa mata degradada
do P a r a í s o
- café -
constata-se a predominância de áreas constituído pelos vestígios dos trabalhos e
pequenas, com menos de 1.000 ha, e da cultura do homem primitivo. Embora
-
Fv.("-ndn C o l o n M ] reserva pesquisa
T r i n t a e t b de Março biológica Felixlãndia 23.09.74 5.000 IEF agrícola não • portanto refletindo apenas segmentos das muitas vezes sejam estudados conjuntamente,
H o r t o de Mar de reserva Mar de v i v e i r o de sim mata secundária realidades físicas que representam. deve-se distinguir os sítios de interesse
Espanha biológica Espanlia 23.09.74 220 IEF nudas engenheiro * • e floresta
arqueológico, predominantemente ligados a
agroríjno homogênea
Mata dos A u s e n t e s reserva Senador capoeira e Esse quadro, bastante desalentador, e muito elementos culturais, das ocorrências de
biológica Modestino 23.09.74 700 IEF não • 800 mata g a l e r i a pouco amenizado quando se leva em conta interesse paleontológico, que revelam
Gonçalves
também os parques municipais e particulares aspectos da história natural dos locais
C ó n e g o São J o ã o reserva
biológica
Rio
* existentes. Várias cidades têm seus parques onde se encontram.
Paranáiba 09.12.76 255 IEF *
locais, com destaque para as estações de
águas do sul de Minas Gerais e para o Apesar de ter sido Peter Wilhelm Lund quem
recém-criado Parque das Mangabeiras em deu início as pesquisas arqueológicas no
Obs.: « informação incompleta Belo Horizonte. No que concerne às áreas Brasil, estudando os materiais que permitiam
** informação inexistente particulares de preservação, merecem ser concluir pela contemporaneidade entre a
Fonte: FJP/CETEC lembradas como esperanças de se implantarem fauna quaternária e o paleo-ameríndio de
126
Figura 6.1. unidades de preservação melhor conhecimento dos materiais encontrados
a contribuição dos estudos paleontológicos
da UFMG e da UCMG.
Fontes: IBDF, IEF, CETEC, FJP e COPAM Em 1976 várias entidades iniciaram pesquisas
no norte do Estado. Grupo integrado por
pesquisadores da Universidade de Alberta do
Lagoa Santa, sua mais importante contribuição significativos de pesquisa paleontológica, importante contribuição para os estudos Canadá e da UFMG, com a colaboração de
cientifica foi a que lhe valeu o titulo de através da Academia Mineira de Ciências. paleontológicos em Minas Gerais. membros do Centro de Pesquisas Geológicas
"Pai da Paleontologia Brasileira" . Vivendo - CPG, realizou prospecções nos municípios
no Brasil a partir de 1833, Lund coletou Mas ê a partir dos anos quarenta que se Já foram estudadas ocorrências importantes de Januãria, jequital e Montes Claros, tendo
grande número de ossadas fôsseis, pesquisou inicia no Brasil uma fase muito importante em Araxã, Uberaba, Alvinôpolis, procedido a escavações neste último
a fauna de mamíferos do Pleistoceno em de estudos paleontológicos. Esses Presidente Olegario e Pedro Leopoldo. Mais município.
torno da região de Lagoa Santa, e fez de estudos foram respaldados principalmente recentemente foram publicados trabalhos
sua casa um ponto de encontro de numerosos pela Divisão de Geologia e Mineralogia do sobre jazidas paleontológicas em Uberlândia Também os anos setenta marcaram importante
Cientistas. Depois dele, sõ no presente DNPM, que ê responsável pela formação do e^Mateus Leme, e sobre as grutas de fase das pesquisas arqueológicas em
século, na década de 30, foi que se primeiro núcleo de paleontólogos brasileiros Cerca Grande e da Cauaia, em Matozinhos. Minas Gerais. Com a constituição de uma
empreenderam novas escavações e trabalhos Esses especialistas vêm prestando uma Atualmente tem sido importante, para o missão arqueológica franco-brasileira, a
127
região de Lagoa Santa foi estudada sob o Figura 6.2. Inventário dos sítios arqueológicos e espeleológicos
aspecto da evolução das culturas pré-
-histõricas em suas relações com a evolução
da paisagem. A tese de contemporaneidade
do homem de Lagoa Santa e da fauna
pleistocênica foi então novamente Governo do
confirmada. Estado d e Minas Gerais
Em 1976 a UFMG e outra missão Fundação
franco-brasileira iniciaram trabalhos de
prospecção de sítios de arte rupestre no Centro T e c n o l ó g i c o d e Minas G e r a i s / C E T E C
Diagnóstico Ambiental
município de Montalvânia. Os trabalhos do Estado de Minas Gerais
continuaram até 1977, quando foram
realizadas escavações e sondagens no mesmo
município. Entre 1978 e 1980 a UFMG
realizou prospecções no município de
Januãria, dando início, em 1981, a um
projeto de escavações com duração prevista
para cinco anos. Atualmente, o trabalho se
estende ãs regiões do Alto Jequitinhonha e
da Serra do Cabral.
128
recursos naturais, a maioria dos quais não Lenheiro e de Sao José, cuja preservação como Fundação, do Instituto Estadual do 6. BARBOSA, G.V. Superfícies de erosão no
renováveis, e portanto exauríveis, dá origem se impõe; Patrimônio Histórico e Artístico de quadrilátero ferrífero, MG. Revãsta
ao que se chamou de "Paisagens-Êpoca". Minas Gerais. Ê um marco importante para Brasileira de Geociencias, 10:89-101,
O termo sugere a existência de paisagens os conjuntos urbanos e monumentos do o Estado, que passa a ter então uma ação 1980.
moldadas pela rique3a de ciclos econômicos ciclo dos diamantes, ou do antigo complementar ao poder federal;
favoráveis, e que, em seguida ao apogeu, "Distrito Diamantino", onde se destacam
estagnam e declinam até um novo impulso Diamantina, Conceição do Mato Dentro, - a Lei Federal n9 6.513, de 20 de dezembro 7. BRITO, O.E.A. O cientista Peter Wilhelm
originado de um novo ciclo. Ê o caso do Minas Novas, Serro e inúmeras vilas. de 1977, que define e outorga a criação Lund. Suplemento Pedagógico, Belo
Quadrilátero Ferrífero, que depois de uma Os maiores problemas de sua conservação de áreas especiais e locais de interesse Horizonte, 61: 2-3, 1980.
fase de exploração intensa de ouro e advêm geralmente de um esvaziamento da turístico que devem ser preservados. Foi
minerais preciosos, no século XVIII, volta economia regional, e com esse uma lei inspirada e estimulada pela
a intensificar as atividades extrativas de empobrecimento foram relegadas ao EMBRATUR, que ê também o órgão central de
minério de ferro e outros não-ferrosos, no abandono obras de valor inestimável; execução de suas instruções; .. ESCHWEGE, W.L. von. Pluto brasiliensis,
século XX. traduzido por D. de Figueiredo Musta.
s.l.. Nacional, 1944. 2v.
outras edificações e acervos ligados a - a Lei Federal n9 6.757, de 17 de dezembro
atividades, personalidades e obras de 1979, que cria a Fundação PrÕ-Memõria
Um ciclo de riqueza deixa obras e
religiosas, como o centro antigo de para atuar na preservação do patrimônio 9. HURT Jr., W.R. & BLASI, O. O projeto
edificações que constituem um
Januãria ou a matriz da cidade de nacional e agilizar sua ação; arqueológico "Lagoa Santa",
patrimônio perecível, de difícil manutenção,
mas ao mesmo tempo de inestimável valor. São Francisco, relacionadas ã navegação Minas Gerais, Brasil; nota final.
Para preservá-lo existem os órgãos federais naquele rio; o Colégio do Caraça, o - a Lei Estadual n9 7.772, de 8 de setembro Arquivos do Museu Parisiense, Série
Mosteiro de Macaúbas e muitos outros. de 1980, que dispõe sobre a conservação e Arqueologia M . 4 , 1969.
- Secretaria do Patrimônio Histórico e a melhoria do meio ambiente em
Artístico Nacional e Fundação Prõ-Memória - Minas Gerais.
e estaduais - Instituto Estadual do 10. JUNQUEIRA, Paulo Alvarenga^ Peter
Patrimônio Histórico e Artístico -,
incumbidos do tombamento, da fiscalização e
6.4. Legislação de proteção Uma análise da legislação vigente permite
Wilhelm Lund e a ocupação humana prê-
-histórica na região de Lagoa Santa,
concluir que, de maneira geral, não é a sua Minas Gerais. Supl. Pedag., Belo
da manutenção do patrimônio em bom estado. falta que compromete a proteção do
Sabe-se das dificuldades e do alto custo No Brasil os primeiros passos importantes Horizonte, 61:8-9, jul. 1980.
para a defesa do patrimônio natural e patrimônio natural e cultural no País e no
dessa manutenção e da restauração dos Estado em particular, mas a sua nao
monumentos e obras de arte, e das limitações cultural foram dados na década de 30. Por 11. LUND, Peter Wilhelm. Memórias sobre a
um lado a criação e a estruturação do aplicação, por despreparo, desinteresse ou
financeiras de que padecem essas desarticulação dos órgãos envolvidos, paleontologia brasileira; revues et
instituições. Dessa lorma, tornam-se ainda Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico commentes por Carlos de Paula Couto.
Nacional, dentro da estrutura do Ministério Ê interessante notar que há textos legais
mais necessárias as ações de controle que protegem a flora, a fauna, o patrimônio Rio de Janeiro, Instituto Nacional
ambiental, através das quais se poderia da Educação e Saúde Pública, respectivamente do Livro, 1970. 591p.
em 13 de janeiro e 30 de novembro de 1937 pré-histórico e o patrimônio histórico, e
minorar a degradação, estabelecendo, por mais recentemente ate mesmo os recursos
exemplo, a melhoria da qualidade do ar em (Lei n9 378 e Decreto Lei n? 2 5 ) . E por 12. MATTOS, Aníbal. Peter Wilhelm Lund no
outro, a instituição do CÓdigo Florestal cênicos, cuja lei de proteção ê por sinal
zonas de interesse de proteção, contíguas abrangente e tecnicamente muito bem feita. Brasil; problemas de paleontologia
(Decreto n9 23.793), firmado em 23 de brasileira. São Paulo, Biblioteca
a atividades emissoras de materiais janeiro de 1934, e que sõ veio a ser Entretanto, se por um lado a existência de
corrosivos. Assim também poder-se-ia textos legais espelha um movimento social Pedagógica Brasileira, 1939. 291p.
reformulado em 15 de setembro de 1965 (Série 2, Brasiliana, 148).
estabelecer condições de ocupação (Lei n9 4.771, instituindo o Novo código a demandá-los, por outro lado ê preciso que
territorial, a fim de evitar Florestal). se estabeleçam cobranças quanto a seu
descaracterizações de conjuntos de valor cumprimento, para gue a legislação não se
paisagístico e arquitetônico. torne letra morta. Este passa a ser então 13. MATTOS, Aníbal. Provas de
A partir dessa época alguns textos um ponto relevante para se explicar, contemporaneidade da raça de Lagoa
Desde 1937 o Serviço do Patrimônio complementares, tendo por objetivo a defesa juntamente com outros dados da evolução Santa com as espécies de fauna extinta
Histórico e Artístico Nacional, antiga do patrimônio natural e cultural foram político-econômica do País, a ineficácia do pleistocene da região de Lagoa
Diretoria e atualmente sub-Secretaria do sancionados, entre os quais se pode destacar de tantas leis e decretos, pois, apesar Santa. Kriterion, Belo Horizonte,
Ministério da Educação e Cultura, vem os seguintes: dos mesmos, a degradação de todo o 8(33/4): 275-91, 1950.
executando e patrocinando obras de patrimônio natural e cultural ê visível,
restauração, sendo Minas Gerais uma de suas - o Decreto-Lei Federal n9 4.146, de 4 de significativa e generalizada. 14. O homem das cavernas de
áreas prioritárias de atuação. Entre as março de 1942, dispondo sobre o direito Minas Gerais. Belo Horizonte,
principais áreas, conjuntos e monumentos de de propriedade e de extração dos fôsseis Itatiaia, 1961.
interesse histórico, destacam-se: no Brasil, que passam a pertencer ã
União. Este Decreto e considerado um 15. PAULA COUTO, C. de. Paleontologia
- os conjuntos urbanos do ciclo do ouro, marco para a paleontologia nacional; Brasileira: Mamíferos. Rio de Janeiro,
localizados no Quadrilátero Ferrífero, e Inst. Nac. do Livro, 1953. 516p.
com um imenso acervo barroco de - a Lei Federal n9 3.924, de 26 de julho_de (Série A, I ) .
reconhecido valor em todo o mundo. 1961, que passa para a guarda e proteção
6.5. Bibliografia
Destacam-se Ouro Preto, Mariana, Sabara, do Poder Público os monumentos 16. PROUS, Andre. Breve histórico das
Congonhas, Caeté, Ouro Branco e inúmeras arqueológicos e prê-histÓricos,e ê também pesquisas sobre o homem na região de
outras cidades e vilas menores, correndo um marco legal importante na defesa de Lagoa Santa (MG). In: COLÓQUIO
todas elas atualmente o risco da uma riqueza cada vez mais ameaçada; INTERDISCIPLINAR FRANCO-BRASILEIRO
destruição, por exercerem, face ao 1. ALVIM, Marília Carvalho de Mello e. "ESTUDO E CARTOGRAFAÇÃO DE FORMAÇÕES
desenvolvimento das atividades - a Lei Federal n9 4.7 71, de 15 de setembro' Populações e culturas pre-histõricas SUPERFICIAIS E SUAS APLICAÇÕES EM
mineradoras e industriais regionais, um de 1965, que e o Novo Código Florestal, do Brasil: o fabuloso homem de REGIÕES TROPICAIS", São Paulo, 1978.
papel de pólo de atração populacional. substituitivo aperfeiçoado do Código de Lagoa Santa. Rev. Atual. Indig. p.21-7.
Sabe-se que se Ouro Preto nao tiver sua 1934; Brasília (5): 14-22, 1977. '
expansão rigorosamente disciplinada, 17. PROUS, André & PAULA, Fabiano Lopes de.
tornar-se-ã o bairro antigo de uma cidade - a Lei Federal n9 4.84 5, de 19 de novembro 2. ANAIS. DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO, L'art rupestre dans les régions
operária moderna, com todos os seus de 1965, proibindo a saída para o exterior n. 1, 1881. explorées par Lund (Centre de
percalços; de obras de arte produzidas no País ate o Minas Gerais, Brésil). In: SIMPÓSIO
fim da Monarquia; 3. ANAIS DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO, DO CENTENARIO DA MORTE DE P.W. LUND.
- os conjuntos urbanos e monumentos do n. 4, 1885. Belo Horizonte, 1980.
Campo das Vertentes, também ligados ao - a Lei Federal n9 5.197, de 3 de janeiro
ciclo do ouro, e sofrendo problemas de 1967, que dispõe sobre a proteção â 4. ANAIS DA ESCOLA DE MINAS DE OURO PRETO,
similares aos anteriores. fauna selvagem nacional; 25(1): 3-8, 1966. SAINT-HILAIRE, A. de. Viagens pelas
São João Del Rei e Tiradentes são os mais provlncias do Rio de Janeiro e
expressivos, e sua paisagem estã - a Lei Estadual nÇ 5.775, de 30 de 5. AS GRUTAS em Minas Gerais. Belo Minas Gérais" s.l., Nacional,
emoldurada pelas belíssimas serras do setembro de 1971, que outorga a criação. Horizonte, IBGE, 193 9. 278p. 1938. 370p. (Brasiliana)
129
19. . Viagens pelo distrito dos
Diamantes e Litoral do Brasil, s.l..
Nacional, 1941. 452p.
130
7. Qualidade do meio físico qualidade da água. Nesse sentido, a em quatro classes, que estão apresentadas Tabela 7.3. Limites e condições para as
Deliberação Normativa n9 03/81, de 26 de na Tabela 7.1. Os principais limites e classes 2, 3 e 4 (substâncias
maio de 1981, classifica as águas interiores condições para as classes 2, 3 e 4 são potencialmente prejudiciais)
natural do Estado, segundo os usos preponderantes. apresentados nas Tabelas 7.2, 7.3 e 7.4.
131
Tabela 7.4. Limites e condições para as Figura 7.1. Monitoração de qualidade das ãguas superficiais - CETEC/DNAEE estanho, fenóis, mercúrio, nitrito, selênio
classes 2, 3 e 4 (substâncias e zinco.
tensoatívas que reagem com azul
de metileno 0,5 mg/l) Vale ressaltar que ê muito pequena, no
cômputo geral do IQA, a influencia dos
parâmetros indicativos das alterações na
teores máximos qualidade das águas, provocadas pelas
substâncias para classes atividades de extração e beneficiamento de
2, 3 e 4 minérios. De modo que águas que apresentam
altas concentrações de sedimentos
aldrin 0,001 mg/t provenientes de atividades de mineração,
clordano 0,003 mg/l não revelam índices muito inferiores aos de
DDT 0,05 mg/l águas que não sofrem esse tipo de alteração.
dieldrin 0,001 mg/l
endrin 0,0005 mg/l Altas concentrações de sólidos totais e
sedimentáveis e turbidez podem provocar
heptacloro 0,0001 mg/l alterações no meio aquático, como o
epoxide de heptacloro 0,0001 mg/l assoreamento do corpo d'água, ou mesmo a
lindano 0,005 mg/l destruição do habitat natural de algumas
metoxicloro 1,0 mg/l formas de vida. Mas ê considerando qus
toxafeno 0,005 mg/l esses elementos não são indicadores de
toxidez, e que podem ser retirados das águas
2,4 - D 0,02 mg/l por intermédio de tratamento primário, que o
2,4,4 - TP 0,0 3 mg/l seu peso é inferior ao de outros parâmetros
2,4,5 - T 0,002 mg/l considerados mais relevantes.
organofosforados e/ou
carbomatos 0,1 mg/l
7.1.2. Qualidade das águas nas
Fonte: COPAM - Deliberação Normativa
03/81 de 26/05/81 principais bacias hidrográficas
• Bacia do Rio Doce
Com maior ou menor volume de dados, a Sobre a bacia do Rio Doce dispõe-se apenas
análise de qualidade da água abrangeu as de dados do DNAEE, referentes a quatro
estações localizadas nas bacias dos rios estações de amostragem, operadas no período
São Francisco, Grande, Paranalba, Doce, de agosto de 19 75 a abril de 19 80.
Jequitinhonha, Paraíba do Sul e Mucuri, A localização dessas estações ê indicada na
compreendendo portanto as maiores e mais Figura 7.1. As médias aritméticas e os
importantes bacias do Estado, conforme valores mínimos e máximos encontrados para
mostra a Figura 7.1. Nas demais bacias, os quatro parâmetros selecionados pelo
devido a inexistência de estações de DNAEE são apresentados na Tabela 7.6.
amostragem, não foi possível caracterizar a Legenda:
qualidade das ãguas.
i Estações de amostragem de água do Tabela 7.6, Medias máximas e mínimas para os
A metodologia escolhida para ser empregada DNAEE quatro parâmetros na bacia do
no processamento e apresentação dos dados j^K Areas de monitoração do CETEC Rio Doce
foi a determinação de "Índices de Qualidade período; agosto/75 a abril/80
de Agua - IQA". Esse procedimento, \\'\\\ Area jã submetida a estudo
entretanto, só foi possível para os dados e s t a ç ã o S66950QO: r i o P i r a c i c a b a em A c e s i t a
e s t a ç ã o 56110005: r i o P i r a n g a em P o n t e N o v a ( J u s a n t e )
do CETEC, uma vez que o DNAEE não pesquisa estação 56720000: rio D o c e em C a c h o e i r a E s c u r a
todos os parâmetros utilizados nos cálculos Fonte: CETEC e s t a ç ã o 56850000: rio Doce em G o v e r n a d o r V a l a d a r e s
132
- as médias de condutividade elétrica do Tabela 7.7. Médias máximas e mínimas para Para tanto, operou-se uma rede de amostragem Tabela 7.8. Médias máximas e mínimas para
período seco, nas quatro estações, os quatro parâmetros na bacia com 91 estações, distribuídas em 57 cursos os quatro parâmetros na bacia
apresentaram-se muito próximas das do do Rio Grande d'água, tendo-se realizado duas coletas por do Rio Mucuri
período chuvoso, sugerindo uma pequena período: agosto/75 a abril/80 estação. Os resultados das análises foram período: março/76 a abril/80
influência do carreamento para os rios de processados de modo a possibilitar o cálculo
material ionizável, pelas águas estação 61089998
dos IQA, que são apresentados na Figura 7.2,
rio d a s M o r t e s em B a r r o s o
superficiais; estação 61145000 rio G r a n d e em M a c a i a juntamente com a rede de amostragem. estação 55630000: rio Mucuri em C a r l o s Chagas
estação 61510000 rio Verde em Três Corações valores encontrados
estação 6 1271000 rio S a p u c a í e m Itajuba parâmetro
- a média de condutividade elétrica da estação 61425000 rio S a p u c a í em P a r a g u a ç u A representação dos parâmetros pesquisados media aritmética mínimo máximo
temperatura da
nas estações dos rios Piracicaba e Piranga, período período
seco chuvoso
período
seco
período período período
á g u a (OC)
23 27 19 22,5 28 30
chuvoso seco chuvoso
indicando que os efeitos dos lançamentos - não foram detectadas águas de qualidade condutividade
7,4 7,5 6,3 6,8 8,5 8,8 95 98 64 65 150 150
de efluentes industriais nessas sub-bacias 7,3 7,2 6,4 6 , 5 8,9 9 . i muito ruim; elétrica(us/cm)
133
Figura 7.2. Qualidade das águas superficiais no Vale do Jequitinhonha No que se refere aos afluentes, os dados
disponíveis indicam o lançamento de cargas
significativas de esgotos e outros dejetos
provenientes dos diversos núcleos urbanos
da região, como se confirma pelos teores
elevados de amónia, DBO e coliformes fecais
detectados nas análises. Foram observados
ainda casos de contaminação por metais
pesados em uma estação do Rio do Peixe e
em duas do Rio Cágado. Ressalte-se que o
valor de 50% de águas muito ruins, observado
para a estação BS 030, Rio Cágado na Ponte
da BR-267, deve ser visto com reservas, pelo
fato de ter sido gerado a partir de apenas
duas análises.
134
Figura 7.3. Bacia do Rio Paraibuna - estações de amostragem de água superficial Figura 7.4. Diagrama unifllar da bacia do Rio Paraibuna - rede de amostragem de água
superficial
43°00'
44°00'
2'°i0'
EWBANK DA C A M A R A
12/770 02/78 L —
Rib- Tobuotl
-Z2°00'
JUIZ DE FORA
Legenda: 1 1 / 7 7 0 0 6 / 7 8
I >BS0I7
% cidade
• rede atual de amostragem
o IQA 1 2 / 7 7 0 0 2 / 7 8 I 2 / 7 7 O 0 2 / 7 8
Rio do P«i«t
# 8 3 0 2 0
LIMA DUARTE
BELMIRO BRA6A
Fonte: CETEC O 1 1 / 7 7
0 6 / 8 0
0 0 2 / 7 8
o U / 8 0
TRÊS ILHAS
RIO PRETO O
BS027 BS028
Rio Pomba variou de média a boa. Dada a Tabela 7.9. Médias e mínimas para os quatro -• =—-OH
ocorrência de concentrações elevadas de parâmetros na bacia do Rio
coliformes fecais, os índices de qualidade Paranaíba ll/77o 02/78
de água mostraram, de uma maneira geral, período: agosto/76 a maio/79 l2/77o02/78' I0/J8 o 02/76
que as águas da bacia do Rio Pomba se
enquadram principalmente na classe de estação 60381500: rio Uberabinha em U b e r l â n d i a
qualidade média. estação 60845000: rio T e j u c o em Ituiutaba
valores encontrados
As principais fontes de contaminação da parâmetro média aritmética mínimo máximo
água por coliformes fecais são os despejos período período período período período período
seco chuvoso seco chuvoso seco chuvoso
urbanos, a drenagem superficial urbana e
7.4 7,0 6,2 5,3 8,6 9,1
outras formas de carreamento de material PH 7,9 7,5 7,0 6,0 11,5 9,1
fecal para os cursos d água. A medida da
1
135
Figura 7.5. Bacia do Rio Pomba - estações de amostragem de água superficial Figura 7.6. Diagrama unifilar da bacia do
X
drenadas, como no que tange ã intensiva
Rio Pomba - rede de amostragem utilização de suas águas para abastecimento
de água superficial urbano e industrial, e como receptoras de
cargas poluidoras diversas.
136
Para complementar as informações do CETEC, jusante. A ocorrência de condutividade Várzea da Palma,que conta com algumas pela região compreendida entre as cabeceiras
foram utilizados dados de três estações do elevada nas estações pode ser atribuída ás indústrias de porte, cujos efluentes do rio, no município de Cristiano Otoni, até
DNAEE localizadas no Rio das Velhas em atividades industriais desenvolvidas na líquidos poderiam estar contribuindo para a as serras que compõem o conjunto orográfico
Pinhões, Jequitibã e Várzea da Palma. As Região Metropolitana de Belo Horizonte e degradação da qualidade das águas. Fecho do Funil.
médias aritméticas e os valores mínimos e ã atividade de exploração de minérios nas Há, contudo, necessidade de informações
máximos encontrados para os quatro cabeceiras do Rio das Velhas. Nas três extras, para melhor avaliar-se tal Para a análise da qualidade das águas no
parâmetros selecionados pelo DNAEE são estações a média aritmética das medidas no afirmação. trecho estudado pelo CETEC, foram
apresentados na Tabela 7.10. A partir da período seco foi maior que no período consideradas todas as estações ora em
interpretação desses resultados, podem ser chuvoso, indicando que o carreamento de Sub-bacia do Rio Paraopeba operação, mostradas na Figura 7.9.
acrescentados os seguintes comentários: íons pelos escoamentos superficiais não ê O diagrama unifilar da Figura 7.10 mostra a
muito grande; A rede de amostragem estabelecida pelo CETEC distribuição percentual dos índices de
na sub-bacia do Rio Paraopeba é atualmente qualidade das águas em cada estação
Tabela 7.10. Médias máximas e mínimas para - apenas as variações sazonais esperadas composta por 14 estações, que se distribuem pesquisada.
os quatro parâmetros na foram observadas para as temperaturas;
sub-bacia do Rio das Velhas
período; setembro/75 a abril/80 Figura 7.9. Bacia do Rio Paraopeba - estações de amostragem de agua superficial
- observa-se de modo geral um decréscimo
nos valores medidos de turbidez de
e s t a ç ã o 41249500 r i o das V e l h a s em P i n h õ e s montante para jusante, embora em níveis
e s t a ç ã o 41410000
e s t a ç ã o 41990000
r i o das
r i o das
V e l h a s em J e q u i t l b á
V e l h a s em V á r z e a da P a l m a
que comprometem o ecossistema do rio.
parâmetro valores encontrados A ocorrência de turbidez elevada esta
média aritmética mínimo máximo seguramente relacionada com a atividade
período período período período período período de exploração de minérios desenvolvida
seco chuvoso seco chuvoso seco chuvoso na região do Alto Rio das Velhas. Os
pH
7 ,b 7,4 7,1 b,i
6,8
8,5
12,0
8,6 valores de pico estão associados ao
7,fl 7,5 7,0 8,5
7,9 7,2 7,3 4,0 0,7 8,8 período chuvoso, quando é grande a
temperatura da
20 24 17 21 2b ?8 quantidade de material em suspensão,
água ( C)Ü
22
23
26
26
19
19
23
22
26
29,5
29
29
proveniente das áreas de mineração a céu
19.1 157 120 95 300 240
aberto, carreada para o rio. Os menores
condutividade
e l é t r i c a liis/cm)
168 158 130 70 200 200 valores ocorreram geralmente no período
123 89 40 35 220 154
seco, com as mínimas entre junho e
turbidez (NTu)
112
132
243
177
6
30
60
33
bSO
900
BOO
600
agosto.
32 127 2 9 160 330
138
Figura 7.10. Diagrama unifilar da bacia do Rio Paraopeba - rede de amostragem de agua As conclusões a que se chegou a partir da as cidades de Crucilândia e Rio Manso, onde
superficial interpretação dos resultados de análises se desenvolvem atividades agropecuárias.
e dos índices gerados são destacadas a Assim, os metais encontrados nas análises
seguir. De uma maneira geral, os índices podem ter origem nos produtos agroquímicos
de qualidade da água variam entre bom, médio empregados naquela região.
Rio do Proto e ruim, sendo problemas comuns a toda a
sub-bacia os de coliformes fecais, turbidez O Ribeirão Aguas Claras também drena região
e sólidos totais. No que se refere a agropecuária, onde a provável utilização de
coliformes fecais, deve-se ressaltar que produtos agroquímicos talvez justifique os
foram detectados teores elevados em todas metais cádmio, cobre e mercúrio encontrados
as estações, o que vem mostrar o grau de em suas águas. Além disso, esse ribeirão
contaminação da sub-bacia por matéria fecal. recebe os esgotos domésticos e efluentes de
laticínios das cidades de Bonfim e
10/77 JO 10/80 Observa-se que os cursos d'água que se Brumadinho, fato que pode justificar a
encontram em piores condições são o elevada DB0 nele detectada.
Rio Maranhão, os ribeirões Casa Branca e
10/77 o 12/80 Rio Pequerl
Ferro Carvão, e o Córrego Funtão. Os cursos Merecem destaque ainda os seguintes
d'água na sub-bacia do Rio Maranhão apresentam afluentes do Rio Paraopeba: rios Brumado e
CONGONHAS 10/77 a 10/80 Macaúbas e Ribeirão Contendas. Os_rios
BP0I4 BP020
freqüentemente a presença de chumbo,
CONSELHEIRO LAFAIETE Brumado e Macaúbas drenam uma região
comumente aliado ã ocorrência de cromo.
A explicação possível seria a presença de fundamentalmente agropecuária, onde não
BP026 Rio Brumado ^ ENTRE RIOS DE MINAS cromato de chumbo no solo da região. existem concentrações industriais nem de
minerações, e são rios que sofrem poucas
Teores elevados de amónia e de DBO, alterações decorrentes de lançamentos de
verificados na sub-bacia do Rio Maranhão, despejos domésticos e de assentamentos
10/77 a 08/80 podem ser explicados considerando-se que os urbanos. As águas do Rio Macaúbas
despejos urbanos de Conselheiro Lafaiete, classificam-se como médias e boas, e o
lançados nos rios Bananeiras e Ventura Luiz, parâmetro que pior se apresenta é a
10/77 a 08/80 concentração de coliformes fecais,
não são suficientemente diluídos por esses
10/77 a 01/80 cursos d'água. A diluição das cargas provavelmente devida ã atividade pecuária e
poluidoras desses cursos d'água só se dá no ao lançamento de despejos domésticos.
Rio Maranhão, após a sua confluência com o Já nas águas do Rio Brumado, apesar de as
Ribeirão Soledade. mesmas também oscilarem entre médias e boas,
BP029
4>0
•J BELO VALE
foram detectados problemas quanto ã
turbidez e sólidos totais, provavelmente
05/78 a 10/80 Ainda quanto ã sub-bacia do Rio Maranhão, decorrentes dos focos de erosão existentes
vale comentar que se trata de um rio de na região. Foram detectadas também no
pequena capacidade de assimilação de cargas Rio Brumado algumas substâncias
poluidoras, em cujas cabeceiras encontra-se potencialmente prejudiciais como amónia,
desenvolvida intensa atividade mineradora. cromo, chumbo e mercúrio. A avaliação de
Alia-se a isso o fato de a sub-bacia receber tal fato carece de maiores informações, como
toda a carga de esgotos domésticos e por exemplo de dados relativos a indústrias
Üb. Contendas ^ MOEDA ("-"- -J 07/78 a 10/80 industriais de centros urbanos importantes ali instaladas. 0 Ribeirão Contendas
como Conselheiro Lafaiete e Congonhas. mostra-se pouco alterado, a despeito do
lançamento de esgotos domésticos e da
05/78 a 10/80 ' Ö Santo Antonio da Vargem Alegre Rio Macaúbas Quanto ao Ribeirão Casa Branca, o principal existência de atividades mineradoras em
" * > C
^ B P 0 3 4 problema detectado são os efluentes nele suas cabeceiras.
lançados pelas minerações existentes na
05/78 a 03/79 área.
SAO JOSE DO PARAOPEBA C A jusante e próximas do trecho monitorado
Bário, mercúrio e chumbo são os parâmetros pelo CETEC, dispõe-se de apenas duas estações
que pior se apresentaram nas amostras do DNAEE, cujas localizações são indicadas na
05/78 a 10/80 coletadas no Ribeirão Ferro-Carvão. Figura 7.1. A Tabela 7.11 apresenta e
descreve as estações, além de relacionar as
No Córrego Funtão, a contaminação por médias e os valores mínimos e máximos
efluentes industriais se atesta pelas encontrados para os quatro parâmetros
MELO FRANCO
05/78 o 10/80 elevadas concentrações de amónia, nitrito, selecionados pelo DNAEE.
cianeto, e de outras substâncias
Legenda: 09/78 a 10/80 potencialmente prejudiciais encontradas
nesse córrego.
O cidade Rib. Casa Bronco
Tabela 7.11. Médias máximas e mínimas para
O IQA Ríb. Ferro-Carwão
As análises de bário, cromo, chumbo, os quatro parâmetros na
05/78 a 10/80 turbidez e resíduos totais no Rio Preto, e sub-bacia do Rio Paraopeba
• rede atual de principalmente no seu afluente Córrego dos período: janeiro/75 a maio/80
monitoramento 5 / 7 8 o 10/80 Cordeiros, são indicativas da ocorrência de
0
elevados despejos de minerações na sub-bacia
O I Q A e rede atual daquele rio. estação 40800001: rio Paraopeba em Ponte Nova do
de monitoramento Paraopeba
estação 40850000: rio Paraopeba em Ponte da Taquara
05/78 a 08/80 0 Rio Manso é o único tributário da margem parâmetro valores encontrados
Distribuição dos IQA esquerda que sofre influência de atividades média aritmética mínimo máximo
05/78 a 10/80 mineradoras. Essa influência é verificada período período período período período período
excelente sobretudo a partir da confluência com o chuvoso seco chuvoso
muito ruimi 05/78 a 10/80 seco chuvoso seco
139
A análise desses dados permite acrescentar Tabela 7.12. Médias máximas e mínimas para Tabela 7.13. Médias máximas e mínimas para Figura 7.11, Area mineira da SUDENE -
algumas considerações: os quatro parâmetros na os quatro parâmetros na bacia estações de amostragem de
sub-bacia do Rio Parã do Rio São Francisco água superficial
- quanto ao pH, foi registrado um único período: agosto/7 5 a abril/SO período: março/7 6 a abril/80
valor (9,2) em Ponte da Taquara, que
ultrapassou os limites recomendados para estação 40190002: t i o l t a p e c e r i c a em D i v i n õ p o l i s
estação 41020004: r i o S ã o F r a n c i s c o em T r ê s M a r i a s
a preservação da vida aquática; estação 40300000: i 1 0 s ã o J o ã o em J a g u a r u n a
(montante)
estação 40330000: r i o P a r á em V e l h o d o T a i p a
estação 41020004: r i o São F r a n c i s c o em T r ê s M a r i a s
valores encontrados t jusante)
- observa-se que o carreamento de íons para média aritmética mínimo máximo
estação 4 1 1 3 5 0 0 0 : r i o S ã o F r a n c i s c o em P i r a p o r a
associação dos valores de pico com o 7,6 7,4 6,9 6,0 8,7 9,0 período período período período período período
seco chuvoso seco c h u v o s o s<?co chuvoso
período de chuvas; pH 7,7 7,4 7,0 6,3 8,5 9,2
7,6 7,5 6,6 6 , 7 8,6 9,5 7,3 7,2 6,4 6,3 7,7 8,0
pH 7,1 7,0 6,3 6,0 7,7 8,0
21 25 17 22 24 27
- no que diz respeito ãs temperaturas, temperatura da
21 25 14 22 26 28
7,5 7,1 6,9 6,3 8,2 8,0
água ( ° C ) 23 24
verificaram-se apenas as previstas 21 25 18 23 27 28 t e m p e r a t u r a da
23 24
20
20
22
22
25
25
26
28
água < ° C )
variações sazonais; condutividade
S3 52
60
40 30 75 80 23 25 18 23 28 29
61 46 43 80 80
elétrica(ps/cm) 44 37 44 47 36 38 52 53
45 25 58 58 condutividade
48 52 40 40 57 76
- quanto ã turbidez, observou-se que os 34 79 8 13 140 250
elétrica(ys/cm)
48 48 36 36 65 55
valores máximos ocorreram nos períodos turbidez (KTU) 16 11 3 e 65 4,20
24 37 1 1,5 76 73
23 11 4 8 85 240
chuvosos, certamente devido ao carreamento turbidez (fJTU) 26
36
34 1 2
10
79
220
80
700
Fonte: DNAEE 140 2
de materiais sólidos para os cursos d'água, Fonte: DNAEE
principalmente em áreas onde existem
minerações a céu aberto. As medidas de - de uma maneira geral a condutividade
turbidez registradas em ambas as estações elétrica não apresentou maiores problemas - as temperaturas estiveram dentro dos
já interferem no equilíbrio do ecossistema para as estações da sub-bacia do Rio Pará, padrões previstos de normalidade;
do rio. apresentando apenas maiores valores na
estação do Rio São João, o que pode estar - no que se refere ã turbidez, observou-se Legenda:
Concluiu-se que a sub-bacia do Rio Paraopeba relacionado ao lançamento de efluentes a variação esperada, com maiores valores
apresenta problemas bastante semelhantes das siderúrgicas localizadas em Itaúna; nos períodos chuvosos. Acrescente-se que
aos do Rio das Velhas, a saber: divisor de bacia hidrográfica
na estação de Pirapora tal variação se
- ainda quanto ã condutividade elétrica, deu com maior intensidade que nas demais o ponto de amostragem
- os cursos d'água das cabeceiras também verifica-se que as médias dos períodos estações.
drenam áreas do Quadrilátero Ferrífero, secos e chuvosos estiveram muito próximas, ® cidade
onde se desenvolve intensa atividade de mostrando ser pequena a influência do
extração e beneficiamento de minérios, o A rede operada pelo CETEC por ocasião do
escoamento superficial de material levantamento da qualidade das águas
que vem provocando elevados valores de ionizável durante as chuvas; Fonte: CETEC
turbidez e sólidos totais nas águas. superficiais na área mineira da SUDENE,
Essas atividades vêm ainda causando constituiu-se de treze estações de
prejuízos aos ecossistemas dos rios, - quanto ã temperatura, nenhuma anormalidade amostragem localizadas na bacia
foi detectada, verificando-se apenas as hidrográfica do Rio São Francisco, conforme Figura 7.12, Diagrama unifilar da bacia
e inviabilizando o aproveitamento dessas variações sazonais já esperadas; apresentado na Figura 7.11. Foram realizadas do Rio São Francisco - rede
águas para o abastecimento público da quatro coletas em cada estação, com de amostragem de agua
Região Metropolitana de Belo Horizonte; - a turbidez apresentou o comportamento intervalos de 15 dias. Analisadas as superficial da área mineira
- a atividade agropecuária e o lançamento previsto, com média dos valores no período amostras, foram determinados os índices de da SUDENE
de esgotos domésticos que, aliados, seco menores do que nos períodos chuvosos, qualidade, cuja distribuição percentual em
indicando que houve escoamento de material cada uma das estações é apresentada em
0
explicam o significativo fato de haverem
sido observadas alterações de coliformes em suspensão para as águas dos rios. diagrama unifilar (Figura 7.12).
AMS03,
fecais em todas as estações da sub-bacia VÁRZEA
PIRAPORA V
DA P A L M A V-
0 4 X — "
ü M S
do Rio Paraopeba; A sub-bacia do Rio Parã drena uma área de A observação dos valores dos índices permite R i o Oat V a l W a i — . OAM5,Q2 .
Rio Jequitoí CUAICui'oTVt.-
densidades populacional e industrial constatar que 92% desses índices encontram-se V. po-
- o lançamento de esgotos industriais, relativamente elevadas, necessitando-ue, no na faixa de 70 a 90, o que significa água de í -JEOUITAÍ
refletido pelos elevados teores de entanto, de maior volume de dados para uma qualidade boa; 4% na faixa de 90 a 100, ou
diversos metais encontrados: bário, chumbo, melhor caracterização da qualidade de suas seja, de qualidade excelente; e 4% na faixa
cádmio, selênio e zinco. águas. de 50 a 70, revelando qualidade média. AMSII
-_— - - ) — ¿ A M S O S
A jusante da estação de Ponte da Taquara não . Trecho restante da bacia do Rio Sao Os valores mínimos dos índices, causados
se dispõe de dados adequados ã análise da Francisco principalmente pelos valores elevados de
qualidade das águas da sub-bacia. turbidez e sólidos totais, foram encontrados
Sobre este trecho dispõe-se de três estações nas estações AMS06 - Ribeirão dos Vieiras a AMSlO
. Sub-bacia do Rio Pará do DNAEE, e de dados obtidos em um montante do Rio Verde Grande, e AMS07 - Rio PEDRAS DE,-
M A R I A DA CRÜl |OJONUÃRIA
levantamento de qualidade das águas realizado Verde Grande na Ponte da BR-12 2.
Os dados de qualidade das águas existentes pelo CETEC na área mineira da SUDENE. AMSlZ
sobre a sub-bacia do Rio Pará referem-se a A descrição das três estações do DNAEE, bem A despeito do pequeno volume, os dados >>ITACARfiMBl
três estações de amostragem operadas pelo como as médias e os valores máximos e disponíveis, relativos a esse trecho da
DNAEE, cuja descrição, bem como as médias mínimos para os quatro parâmetros bacia, indicaram águas de boa qualidade. Mohres £
C L A R O S o!
AMSI3
ÇCWANGA
e os valores máximos e mínimos obtidos, encontram-se na Tabela 7.13. Essa já era uma situação esperada, tendo em A M S O ^ Rio V«rdt Grand*
r e f e r ê n c i a ou
30 d i a s
mais degradados de Minas Gerais são, sem Pouso Alegre e Varginha, entre outros. geral fora da esfera de controle do homem, 3 4
equivalente
1 2 •i 6 7
dúvida, os da Zona Metalúrgica, em encontram-se os fatores naturais de partículas em s u s p e n s ã o 80 240 amostrador de
conseqüência da concentração populacional e Deve-se esclarecer, finalmente, que para degradação da qualidade do ar. Tais fatores grandes
das atividades produtivas dessa área. Haja melhor preencher o escopo de um diagnóstico são pertinentes â meteorologia e â geografia, d i ó x i d o de e n x o f r e 3 6S- 80
volumes
pai a j o s a n i 1 i n a
vista que a Região Metropolitana de da qualidade das águas superficiais do e, na ocorrência de condições específicas monóxido de carbono 10" 4x10* absorção do
Belo Horizonte e sua periferia ai se Estado, seria necessária a implantação de (inversão térmica, calmaria, topografia iníra-vermelho
não d i s p e r s i v o
localizam. Além disso, a potencialidade uma rede de monitoramento de âmbito estadual, desfavorável, etc.) podem restringir a oxidantes fotoquímicos 160 luminescência
dos recursos naturais da Zona Metalúrgica, na elaboração da qual deveriam ser diluição natural dos poluentes do ar, isto é, partículas sedimentáveis 10 5
química
j a r r o de
com destaque para os minerais, favorece considerados todos os potenciais focos de reduzir a capacidade de auto-depuração da deposição de
a instalação de minerações, de indústrias degradação das águas conhecidos. Dispondo-se atmosfera, com conseqüências indesejáveis. poeira
que se distanciam das fontes poluidoras, A r e a Mineira da SUDENE", executado pelo prescreve o método, e o parâmetro taxa de
pode-se caracterizá-la como a presença de sulfatação total nao é sequer normalizado
melhoria certamente decorrente do processo substâncias na atmosfera em concentrações CETEC em convênio com a SUDENE;
natural de auto-depuração. Seguem a região no Estado. Isso não significa,
e durações tais que venham a causar evidentemente, que os valores medidos não
central no que concerne ã degradação da incômodos e danos â vida humana, ã flora, - Região Metropolitana de Belo Horizonte
qualidade da água, as regiões sul e sudoeste (RMBH), onde estudos sistemáticos vêm tenham representatividade.
ã fauna e ã propriedade e seu respectivo
do Estado. sendo realizados desde outubro de 1977
pelo CETEC. A taxa de sulfatação total, medida em
Na parte mineira da bacia do Rio mgSO3/100 cm /dia por meio de velas de
2
Paraíba do Sul, também monitorada pelo CETEC, Esses trabalhos, no entanto, não se peróxido de chumbo, e útil como indicação
as águas de pior qualidade são as do 1
COPA.M - Deliberação Normativa n9 03/81 , relacionam uns com os outros de forma direta, da evolução da degradação da qualidade do
Rio Paraibuna, no trecho analisado a jusante de 26/05/81. nem representaram, quando de sua execução, ar por compostos de enxofre, além de poder
141
ser utilizada, no futuro, como referência Tabela 7.15. Número de estações de Figura 7.13. Localização das estações de amostragem de partículas sedimentáveis e da taxa
para a implantação de redes de amostragem amostragem de partículas de sulfatação total na Região Metropolitana de Belo Horizonte
de S0 (dióxido de enxofre). A distribuição
2 sedimentáveis e de sulfatação
espacial das médias aritméticas de seus total 1 por município da RMBH
valores mensais é uma indicação razoável
para a determinação de áreas onde se espera
encontrar altas concentrações de S O 2 , desde número de estações de
que o período de medições tenha sido amostragem
suficientemente longo, da ordem de 3 a 5 municípios partículas sulfatação
anos. sedimentáveis total
Fonte: CETEC
142
Figura 7.14. Histogramas representativos das médias geométricas mensais e anuais de Figura 7.15. Histogramas representativos das médias geométricas anuais de partículas
partículas sedimentáveis na RMBH sedimentáveis em cada município da RMBH
80 gVm /30dï«
2
80 g/m/30 dias
2
S s
60
Sí
3
ï Sm
o- 60
£
J
40 ¿a s"
-3: ~. — . - m .
... çL.jsirq. ;*
-t- -i ~oJ "i r -
20
40
¿3 o o
£i I3 I
K) Kl
< m o » a 5
197 7 1978 1979 1980 1981
Legenda ; 20
MG - média geométrica
LS - limite superior
LI - limite inferior
NR - nível para áreas residenciais
NI - nível para áreas industriais
0 valor médio geral, que abrange todo o decrescente* Tais valores se devem Fonte: CETEC
período amostrado, alcança 35,3 g/m /30 2
possivelmente â grande atividade industrial,
dias, 7,1 vezes acima do padrão estabelecido ao tráfego intenso e às permanentes
para áreas residenciais e 3,5 vezes acima atividades de urbanização dessas localidades.
do padrão para áreas industriais. Tais
valores em si já caracterizam um quadro Em Vespasiano e Pedro Leopoldo o quadro Diferentemente da taxa de sedimentação de é intenso. Já nos municípios de
bastante negativo. Acrescente-se a isso, no poderia estar sendo causado principalmente partículas, o parâmetro taxa de sulfatagão Pedro Leopoldo e Vespasiano, a ocorrência de
entanto, que os valores médios anuais, além pela operação de indústrias de cimento e total, como anteriormente mencionado, nao compostos de enxofre na atmosfera pode ser,
de estarem também sistematicamente acima cal. Em Caeté e Sabará, esse papel é tem padrões estabelecidos pela COPAM, O que em boa parte, atribuída â operação de
dos padrões, apresentam ano a ano uma representado possivelmente pela siderurgia dificulta a análise dos resultados. indústrias cimenteiras. Essas observações
elevação que não deve ser subestimada, a carvão vegetal. Em Contagem é difícil a Observando-se a Figura 7.17, onde são são confirmadas pelas informações contidas
embora ainda não se tenha feito nenhuma determinação de causas específicas, face â apresentados os histogramas representativos na Figura 7.19, que apresenta os níveis de
estatística de tendência, com o emprego da elevada concentração de indústrias de tipo dos valores médios mensais e anuais da taxa taxa de sulfatação total em cada estação de
teoria de séries temporais. e porte distintos. Nesse município, por de sulfatação total para o conjunto de amostragem.
outro lado, constata-se uma redução no pontos da RMBH, percebe-se inicialmente que
nível das concentrações, o que poderia ser o período de amostragem nao ê longo o Considerando-se todas as informações
Ê também facilmente perceptível, explicado pelo fato de algumas indústrias suficiente para permitir conclusões seguras. apresentadas sobre a RMBH, analisando-se a
observando-se o diagrama de barras, que a terem passado a operar com equipamentos de região como o todo, conclui-se claramente
esse crescimento de ano para ano, controle de poluição. Ê sintomático que Some-se a isso o fato de que os resultados que o aglomerado urbano formado pelos
sobrepõe-se uma variação cíclica sazonal municípios como Raposos, Ibirité e obtidos no período de setembro/80 a março/Sl municípios de Belo Horizonte, Contagem e
que apresenta maiores taxas de sedimentação Ribeirão das Neves, que apresentam pequena estão subdimensionados, devido a problemas Betim constitui sua área mais crítica de
de partículas no período de chuvas, de concentração industrial, apresentem também técnicos, não tendo sido considerados para o poluição atmosférica.
outubro a março, e taxas menores no período as menores taxas de sedimentação por cálculo dos valores médios dos anos de
de estiagem, de abril a setembro. 0 quadro partículas. 1980 e 1981. 0s valores médios anuais vêm Essa situação decorre, em maior parte, da
da qualidade do ar na RMBH como um todo, decrescendo de ano para ano, mas no momento impotência do sistema de controle ambiental
no que se refere ao material particulado Com a Figura 7.16 ê possível ver-se um pouco não e possível estabelecer-se uma relação para induzir a adoção de soluções
sedimentãvel, pode ser considerado como mais detalhadamente a situação anteriormente de causa e efeito, ou mesmo concluir se tal tecnológicas adequadas de controle das
extremamente preocupante. descrita. Nela são apresentados os valores redução e real ou não. emissões, e da inexistência de um
médios das taxas de sedimentação de planejamento conveniente de localização
Observe-se agora a situação individual de partículas em cada uma das 45 estações de A situação individual de cada município, industrial. Nesse particular, um processo
cada município. Na Figura 7.15 são amostragem. As inferências há pouco feitas, apresentada na Figura 7.18, não difere de licenciamento industrial teria sido
apresentados os histogramas representativos quando da análise da Figura 7.15, podem ser substancialmente do panorama global da RMBH. favoravelmente decisivo. Conforme
dos valores médios anuais da taxa de agora mais facilmente comprovadas, Os valores médios, de modo geral, vêm levantamentos efetuados (23), as maiores
sedimentação de partículas em cada município principalmente no que se refere ã relação decrescendo de ano para ano. Os municípios concentrações industriais do aglomerado
da RMBH. os valores médios anuais mais entre maiores concentrações e aglomerados que apresentam as maiores taxas. Contagem, ocorrem junto a áreas residenciais, e existe
elevados ocorrem nos municípios de Vespasiana, industriais ou zonas de trafego intenso. Betim e Belo Horizonte, são precisamente uma tendência dos distritos industriais,
Caeté, Contagem, Sabara, Pedro Leopoldo, Observe-se, em especial, as estações aqueles nos quais se concentra a atividade previstos ou em implantação, em circundar o
Betim, Rio Acima e Belo Horizonte, em ordem localizadas no eixo Contagem-Belo Horizonte. industrial, e onde o tráfego de veículos aglomerado urbano.
143
Figura 7.16. Faixas de concentração de partículas sedimentáveis em cada estação de amostragem da RMBH industrial, com predomínio das atividades
metalúrgicas e alimentícias.
número de estações de
postos amostragem
partículas partículas em
identificação municípios sedimentáveis suspensão
1 Ipatinga 1 1
2 Ipatinga 1 1
3 Ipatinga 1 1
4 Ipatinga 1 —
5 Ipatinga 1 1
6 Ipatinga 1 _
7 Ipatinga 1 1
8 Ipatinga 1 1
9 Ipatinga 1 —
10 Ipatinga 1 1
11 Ipatinga 1 1
12 Ipatinga 1 1
C.Fabriciano 1
13
1 -
14 C.Fabriciano
1 -
15
16
C.Fabriciano
C Fabriciano 1 -~
17 C.Fabriciano 1 1
18 Timóteo 1 1
1
19
20
Timóteo
Timóteo 1 -1
21 Timóteo 1 1
22 Timóteo 1 1
Fonte: CETEC
dos fatores naturais locais, como o clima e Belo Horizonte, está portanto prensada entre A região do Vale do Aço é formada pelos 9,2 vezes maior que o nível fixado para
a orografia, sobre as condições de dispersão um anel industrial a oeste e a norte, e as municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano áreas residenciais e 4,6 vezes superior ao
dos poluentes na atmosfera. A RMBH ê serras do Curral e Piedade no eixo e Timóteo, abrangendo ãrea de 612 k m , onde
2 de áreas industriais. A situação é
constituída por uma depressão central com sul-sudeste. Sobre esse sistema atuam vivem pouco mais de 250.000 pessoas. semelhante no que se refere â concentração
altitudes médias de 850 a 900 m e limitada
f
predominantemente ventos fracos, com A densidade demográfica é alta, de partículas em suspensão. Os resultados
ao sul pelas serras do Curral, Moeda e velocidades médias de 1 a 2 m/s e sentido 425,5 hab./km , e a população ê
2 das medições, apresentados na Tabela 7.18,
Mutuca, a sudeste pela Serra da Piedade e a leste-oeste, o que favorece a ocorrência de predominantemente urbana. A região se acha também sao superiores ao padrão de
oeste pela Serra de Itatiaiuçu, cujas situações criticas de poluição atmosférica. em fase de franco desenvolvimento qualidade.
144
Figura 7.17. Histogramas representativos das médias aritméticas mensais e anuais da taxa Figura 7,18. Histogramas representativos dos valores médios anuais da taxa de
de sulfatação total na RMBH sulfatação total em cada município da RMBH
2
0,5 mgSOj/lOOcm V d i o
0,4
0/*
MA - Mediu A n t t m â l i c G
0,3
1
0,3
0,2
0.2
» m » o
2
«1 —*
0,1
_ S
Kl O •
JAU nv MA* A 8 R MAI J O N JUL *0o SCT OUT HOv O ï l JAU f E v M A R ABfT M A I J U K JUL «00 3ET OUT NOV OCZ J*tt « V HAft ABR M A I J U H J U L »00 S€T O U T NOU DEZ o o ï
<lr-
19 7 9 ~ ~ 1 960
1
1981
Fonte: CETEC
79 « O I I 7 9 8011 1 9 « O Cl retD ti TIKII 7*«OII 7 9 9091 7 » 90B1 7* tOtl 7 9 9091 7 9 9091 7* tOBl 79«001 7 9 90 St
Fonte: CETEC
Tabela 7.17. Resultados e medições da taxa de partículas sedimentáveis efetuadas no Vale
do Aço
período: outubro/76 a abril/77
4 Ipatinga 40 26 47 20 39 40 35,3 identificação municípios abril/77 maio/77 junho/77 • Area Mineira da SUDENE
5 Ipatinga 44 55 45 70 29 _ 48,6
6 Ipatinga
1 Ipatinga 132
- -
- -
39 45 41 42 41,8 2 Ipatinga 154 A Area Mineira da SUDENE,com seus 42
8 Ipatinga 39 15 29 18 47 29,6
-
- --
260-
3 Ipatinga 256 municípios,ocupa uma área equivalente a 20%
9 Ipatinga 76 178 67 87 63 121 98,7 5 Ipatinga
- - da superfície do Estado>e sua densidade
11 Ipatinga 51 38 48 56 46 48 47,8 7 Ipatinga 203
- - demográfica e muito baixa, cerca de
12 Ipatinga 27 11 29 49 47 123 47,7 8 Ipatinga
- 95
- 9,2 hab./km . 0 índice de população rural
2
46-
10 Ipatinga 223 398
13 C.Fabriciano
-
35 28 196 29 45 66,6 11 Ipatinga 173 894 é elevado, devido não somente à
14 C.Fabriciano 32 27 41 22 26 68 36,0
107- -
12 Ipatinga 104 predominância de atividades agropecuárias,
15
-
C.Fabriciano 35 39 63
16 C.Fabriciano 28 24 24 31
27
28
24
45
37,6
30,0
17
18
C.Fabriciano
Timóteo
-
224
159 498 - mas também a um processo de urbanização
precário, A atividade industrial não é
98- -
20 Timóteo 124
18 Timóteo 20 - 97 12 9 86 63 79,0 grande. Porém, com os incentivos fiscais
19 Timóteo _ 21 Timóteo 260
-
- - - -
45 45,0 que beneficiam a área, o setor industrial
22 Timóteo 44
- -
-
20 Timóteo 33 41 51 42 37 40,8 começa a assumir maior importância na região,
21 Fonte: CETEC
-
Timóteo 33 17 16 55 41 32,4 principalmente nos municípios de
22 Timóteo 36 - 29 27 39 32,8 Montes Claros e Pirapora, onde já existem
média geral distritos industriais implantados. Foi
45,6 exatamente nesses dois municípios que se
Os principais responsáveis pela deterioração
Fonte: CETEC da qualidade do ar na região são a atividade instalou uma rede para a medição de dois
145
Figura 7.19. Faixas de concentração de taxa de sulfatação total em cada estação de amostragem da RMBH A situação já não é tao desfavorável no que
se refere aos valores médios mensais da taxa
de sulfatação total, apresentados na
Figura 7.25. O valor médio geral encontrado
para o município de Pirapora ê de
0,110 mgSO3/100 cm /dia e para o município
2
7.2.3. Conclusões
O Estado de Minas Gerais é constituído por
722 municípios, e sua área é de
aproximadamente 580.000 k m .
2
Nesse espaço
físico vivem cerca de 13,4 milhões de
habitantes. A soma das áreas das três
regiões que foram objeto de estudos de
qualidade do ar totaliza aproximadamente
125.000 km (Figura 7.26). Nessa superfície
2
146
Figura 7.20. Localização das estações de amostragem de partículas sedimentáveis e Figura 7.21. Histogramas representativos da taxa de partículas sedimentáveis na região
partículas em suspensão no Vale do Aço do Vale do Aço
g/m /30 d i a s
2
70-
19 7 6 ¡977
60,1
60-
50,0
50
46,6
MEOIA ARITMÉTICA GERAL
41,4
40 3e,5 37,3
30-
20
NIVEL OA O M S P A R A A R E A S I N D U S T R I A I S
• estação de amostragem
25/10 22/11 20/12 17/01 14/02 14/03
estrada de ferro a a a a a Q
22/1 I 20/12 17/01 14/02 14/03 K/04
• estrada de rodagem
'///'/' área urbana Fonte: CETEC
2 «==rí- r io
Por outro lado, a plotação em mapa dos trabalhos de campo, as relações entre alguns
principais focos de erosão do Estado, com dos principais focos de erosão existentes
indicação dos tipos dominantes, poderá no Estado e os dados integrados obtidos pela
contribuir para a implantação de programas correlação de três parâmetros básicos: o
conservacionistas direcionados para a tipo de solo, o tipo de relevo (indiretamente
Fonte: CETEC o gradiente das encostas) e o grau de
preservação ou recuperação de recursos
hídricos e do solo, com ênfase para os conservação da cobertura vegetal.
problemas de assoreamento de barragens,
estrutura legal, incluindo um sistema em maior ou menor intensidade de modificações conservação de rodovias e perda dos Finalmente lançaram-se as informações
racional e dinâmico de licenciamento das suas propriedades. Infelizmente, a rendimentos agrícolas. obtidas no trabalho de campo, preparando-se
industrial; e, sobretudo,uma ágil e maioria das modificações provocadas pelo dessa forma o mapa final, que contêm as
descompromissada equipe de controle e homem direcionam-se no sentido da redução ou A fase metodológica inicial constou da áreas de propensão e os principais focos
fiscalização de fontes. destruição da capacidade produtiva do solo. interpretação do levantamento pedológico observados, com limites extrapolados para
A mecanização sem critério, o uso impróprio (Mapa 3 ) , com a identificação dos solos mais formas de relevo ou tipos de solos.
do solo e o desmatamento indiscriminado susceptíveis a erosão, segundo suas
aceleram a erosão, resultando na redução da características texturais e/ou estruturais. Os diferentes tipos de formas de erosão
7.3. Solo fertilidade, elevação da acidez e exposição
do subsolo. A essa informação, lançada em cor sobre o
acelerada foram identificados por símbolos
apropriados, constituindo, portanto, uma
Mapa Geomorfolõgico (Mapa 2 ) , foram segunda categoria de informações. 0 mapa
7.3.1. Introdução O mapeamento da erosão acelerada em superpostas em hachuras as áreas total e final contém informações compatíveis com a
Minas Gerais (Mapa 8) constitui um trabalho medianamente desmatadas, bem como as escala e os recursos empregados, o que
A importância do homem como elemento de de Geomorfologia Aplicada, utilizado em pastagens em campos naturais. possibilita sua utilização em estudos
formação e modificação do solo ê sentida de estudos ecológicos de âmbito regional. ecológicos de âmbito regional.
forma marcante. As mudanças no solo oriundas Apresenta dois tipos de enfoque básicos: o As áreas de interseção, onde coincidiram os
dos processos induzidos pelo homem são das propensões naturais e o das ocorrências. solos mais susceptíveis ã erosão com o
relativamente rápidas, e tendem a se Entre suas possíveis aplicações, o trabalho relevo mais acidentado e com os 7.3.2. Tipos de formas de erosão acelerada
intensificar, na medida em que se dinamiza o fornece alguns elementos indispensáveis para desmatamentos generalizados ou com as
processo de utilização do solo, requerido a caracterização de ecossistemas frágeis, pastagens em campos naturais, foram mapeados
pela crescente demanda de produtos como por exemplo a delimitação de áreas onde consideradas potencialmente favoráveis â
agropecuários. as atividades antrõpicas predatórias se__ erosão acelerada. A água e o vento são considerados os
exercem sobre solos susceptíveis ã erosão principais agentes de erosão. Entretanto,
Sabe-se que qualquer interveniencia do homem acelerada, em zonas de forte energia de De posse desse levantamento preliminar, para as condições do Brasil, e em particular
no solo implica, positiva ou negativamente. relevo. procurou-se identificar,através de para Minas Gerais, que se localiza em região
147
Figura 7.22. Localização das estações de Figura 7.23. Localização das estações de Figura 7.24. Histogramas representativos Figura 7,25, Histogramas representativos
amostragem de parâmetros de amostragem de parâmetros de dos valores médios mensais da dos valores médios mensais da
qualidade do ar na cidade qualidade do ar no município taxa de partículas taxa de sulfatação total nos
de Montes Claros de Pirapora sedimentáveis nas cidades de municípios de Montes Claros e
Montes Claros e Pirapora Pirapora
Q 4 pçSOj/IQQemVaia
0,3
O S
MOV DEZ JAN FEV MAB ABB NOV DEÎ JAN FEV MAR ABR
Legenda: Fonte: CETEC JAN FEV MAR A8fi JAN FEV MAR ABR
MA - ttit-a A.u.i
® estação de amostragem pluvial não concentrado ou em lençol, nas Fonte: CETEC
= estrada áreas onde a cobertura vegetal foi Legenda :
destruída e o gradiente das vertentes
•——- estrada de ferro favorece o escoamento superficial. MG ~ media geométrica Figura 7.26. Localização e composição
Wf/m área urbana LS " limite superior municipal das regiões objeto
A atuação do escoamento em lençol, também LI - limite inferior de estudos de qualidade do ar
Fonte: CETEC denominado escoamento superficial difuso, ( NR ~ nivel para áreas residenciais
ê mais desastrosa nos locais onde as NI - nível para áreas industriais
queimadas, o pisoteio intenso, ou a
aração do terreno acompanhando a linha de Fonte: CETEC
tropical, sujeita a precipitações e declive, sucederam ao desmatamento. Nestes
temperaturas normalmente elevadas, a erosão casos, a estrutura do solo foi destruída
hídrica apresenta maior importância, por ser ou seriamente comprometida, de modo que
a mais intensa. A ação erosiva das aguas sua remoção se faz mais facilmente. Em ravinas são canais pouco profundos que
não é a mesma em todos os solos, variando em se tratando de áreas submetidas ao surgem na superfície dos solos ou sobre
função de fatores pedológicos, climáticos e pisoteio do gado, a permeabilidade as rochas argilosas alteradas. Resultam
topográficos. diminui em conseqüência da compactação e da atuação do escoamento superficial
o solo pode ser removido em finas laminas . concentrado em áreas onde a vegetação foi
As principais formas de erosão acelerada Sobre terrenos arados, os detritos são destruída . Forma-se mais facilmente a
1
148
aterros, estradas, trilhos ou qualquer antrõpicas predatórias. o melhor exemplo é que ocorre em torno das cidades de econômicas têm-se caracterizado por uma
outro tipo de incisão na superfície dos o interflúvio Rio Grande-Rio São Francisco, Dores do Indaiã, Abaeté, Pompeu e lógica imediatista do explorador, sem se
solos, e que possibilitam ao escoamento identificado como o maior foco regional de municípios vizinhos. Constitui visualizarem as repercussões negativas que
superficial concentrado atingir o lençol erosão em sulcos no Estado de Minas Gerais. provavelmente a principal ãrea crítica a longo prazo advêm da utilização de
freático. As voçorocas evoluem de erosão em lençol no Estado; técnicas predatórias.
rapidamente e com um acentuado recuo de Outro tipo de problema (que origina
cabeceiras, enquanto seus perfis ravinamento em cabeceiras de veredas) é a 0 relevo de cristas e colinas com vales
transversais têm a forma de V. existência de solos arenosos recobrindo encaixados e predominância de Latossolo
Posteriormente, quando adquirem a forma litologias argilosas, trabalhadas por Vermelho Amarelo Distrófico e de textura
de U, tendem a estabilizar-se, com processos de aplainamento. E encontrado, argilosa, observado entre Leopoldina e
intenso assoreamento em seus fundos. por exemplo, no interflúvio Rio Paranaíba- Juiz de Fora. E possivelmente a ãrea
Inicialmente as voçorocas são lineares, -Rio Grande. Algumas veredas formam-se a mais típica de escorregamento de solos
tomando posteriormente a forma digitada.
Quando seu desenvolvimento não se
partir de surgencias de aqüíferos pouco
profundos, situados na base do recobrimento
em Minas Gerais. Ressalvam-se os
acidentes locais de maior gravidade de 7.4. Bibliografia
interrompe nesta fase, evoluem para um arenoso superficial. Nessa circunstância, escorregamento, que afetam rodovias e
tipo piriforme (em forma de pera). Sua em todas as áreas onde o desmatamento e áreas urbanas, e cujos exemplos mais
paralização se processa na medida em que outras atividades predatórias modificaram a marcantes encontram-se no município de 1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION.
é recolonizada pela vegetação. Algumas estrutura dos horizontes superiores do solo, Ouro Preto e em algumas localidades da Standard methods for the examination
espécies de samambaia são pioneiras na intensificou-se a tendência para a remoção Serra da Mantiqueira. of water and wastewater. 14, ed.
recolonização vegetal das voçorocas. das coberturas detríticas por erosão Washington, 1976.
diferencial, o que, em circunstâncias Além dessas áreas, extensas regiões do
normais, se processaria lentamente e de modo Estado estão degradadas pela extração de 2. BRANCO, Samuel Murgel. Hidrobiología
As colinas cõncavo-convexas, formas de
pouco perceptível. coberturas detríticas lateritiladas, usadas aplicada ã engenharia sanitária.
relevo predominantes sobre o embasamento
granito-gnáissico, mostram grande paradoxalmente na conservação ou construção São Paulo, 1978.
propensão ao desenvolvimento de voçorocas Nas áreas dissecadas e mais acidentadas do de rodovias. Esses materiais, que em geral
tanto pela predominância de solos embasamento pré-cambriano, onde predominam são utilizados para compactação, são 3. BROWN, R.M. et alii. A water quality-
areno-argilosos e argilo-arenosos rochas graníticas e gnãissicas, são removidos sem nenhuma cautela nas áreas index: crashing the psycological
espessos, como pelo tipo de perfil de freqüentes os problemas de remoção acelerada próximas das estradas, gerando graves barrier. In: AMERICAN ASSOCIATION FOR
vertentes, que possibilita a infiltração do manto de alteração, geralmente problemas de erosão laminar e ravinamentos, THE ADVANCEMENT OF SCIENCE MEETING,
de uma parcela importante de água de constituído por Latossolos Vermelho Amarelo notadamente nos locais em que essas 138., Philadelphia, 1971.
chuva, sem, contudo, prejudicar o Distrõficos e Âlicos textura argilosa, coberturas pouco espessas assentam-se
escoamento superficial. associados a Podzõlicos Distrõficos e Ãlicos diretamente sobre rochas argilosas 4. . Water quality index: do we dare?
textura arqilosa. semi-alteradas. 0 exemplo mais marcante é Water and sewage works, oct. 19 70.
Numa voçoroca observam-se mecanismos dc encontrado ao longo da BR-262, entre os
erosão superficial, "arraste de partículas Nessas áreas, afetadas em quase toda a sua entroncamentos para as cidades de Ibiã e 5. . A water quality index, for water
pelo lençol freático, descalçamento extensão por desmatamentos generalizados, Bambuí. management. In: NATIONAL CONFERENCE
basal, desmoronamentos, deslizamentos e são comuns os escorregamentos de solo e a ON COMPLETE WATER USE, Washington,
transporte por corrente de água. erosão em lençol, responsável por um Ê importante destacar, face â atual D.C., 1973.
intenso assoreamento de vales. problemática energética, a existência de
Em conseqüência de desmatamentos de extensas áreas de erosão laminar ou em 6. CETEC. Estudo ambiental do Vale do Aço.
Se a erosão em lençol ê explicada como uma sulcos a montante das barragens de Belo Horizonte, 1977.
cabeceiras, ê comum observar-se a
conseqüência da destruição da cobertura Três Marias, Sao Simão, Camargos e Furnas.
evolução de bacias de recepção como
vegetal sobre relevos ondulados e com solos Os elevados índices de erosão que se 7. . Estudos integrados do Vale do
voçorocas, o que ocasiona o rápido
de baixa permeabilidade, no que concerne aos observam nessas áreas poderão, através dos Jequitinhonha: qualidade da agua.
assoreamento dos vales, bem como
escorregamentos hâ que se considerar assoreamentos decorrentes, causar uma Belo Horizonte, 1980.(Relatório
modificações no regime dos cursos d água.
1
149
16. . Uso racional e integrado dos
recursos hídricos da Bacia do Rio das
Velhas"; regiões de estudos II. Be lo
Horizonte, 1978.
150
8. Conclusão e, por conseguinte, identificar os reflexos
ambientais da ação antrõpica. Portanto, o
levantamento do uso da terra ê um elemento
Rio São Francisco; e a região do
Alto Jequitinhonha. As maiores concentrações
de mata em Minas Gerais estão no Triângulo
Embora 25% da área do Estado já tenham sido
objeto de cadastramento industrial, apenas
cerca de 5% se referem a áreas de elevada
8.1. Introdução fundamental no estabelecimento de Mineiro e no Norte de Minas. É importante concentração industrial e/ou com expressiva
diretrizes que orientem as ações corretivas ressaltar que a área ocupada por cobertura emissão estimada de poluentes. Todavia, é
e preventivas de combate â degradação do vegetal mais densa (mata + capoeira) não possível identificar, do ponto de vista da
A abrangência das informações apresentadas meio ambiente. chega a 12,0% da área total do Estado, o poluição industrial, as microrregiões mais
neste "Diagnóstico Ambiental do Estado de que é um índice irrisório, se comparado com significativas: Belo Horizonte, Furnas,
Minas Gerais" evidencia a diversidade e a Em Minas Gerais, as classes de usos da terra a vegetação florestal outrora existente em Mata de Ubá, Campo das Vertentes,
intensidade dos problemas associados a cada predominantes, por ordem decrescente de Minas Gerais. Divinópolis, Planalto de Poços de Caldas,
aspecto setorial do desenvolvimento. área ocupada, são o cerrado, o pasto, a Juiz de Fora, Uberlândia e Siderúrgica.
Muitos desses problemas são decorrentes de capoeira, o campo, a associação de pasto . Indústria de Transformação
uma concepção errônea e limitada a respeito com capoeira e a associação de campo com . Indústria Extrativa
do meio ambiente, e poderiam ser melhor pasto. As outras classes de usos ocorrem Existe no território mineiro um número
equacionados dentro de um contexto em que, com menos de 3,0% do total. Dentre esses grande de municípios de elevada expressão A indústria extrativa mineral, conquanto
tanto sob ponto de vista conceituai quanto resultados, destaca-se a significativa área com relação às densidades de emissões de DBO contribua de modo significativo para a
operacional, o desenvolvimento fosse ocupada pelo cerrado (25,54%) e pelo pasto de origem industrial. Os focos mais geração de recursos financeiros no Estado,
contemplado' â luz de concepções amplas e (23,70%), totalizando aproximadamente metade importantes são os municípios de representa um dos maiores potenciais de
abrangentes do que seja o meio ambiente. da superfície do Estado (49,27%). Isso sem Belo Horizonte, Astolfo Dutra, Passos, degradação de seu meio ambiente.
considerar as associações do cerrado e do Visconde do Rio Branco, Urucânia, Ponte Nova, No Quadrilátero Ferrífero, por exemplo,
pasto com as outras classes de usos, o que Campo do Meio e Monte Belo. No que se reconhecidamente rico em recursos minerais,
Nesse aspecto este trabalho se coloca como elevaria razoavelmente esse percentual.
um ponto de partida, englobando, pela refere âs emissões de poluentes a atividade mineraria tem resultado em
primeira vez no Estado, um grande volume de atmosféricos, é possível detectar-se um foco alarmante deterioração dos recursos hídricos
informações que representam o estágio de Em ordem decrescente, o cerrado ocupa áreas de poluição bastante significativo, numa superficiais da região, notadamente nas
conhecimento do meio ambiente ja alcançado maiores nas bacias dos rios São Francisco, área delimitada por um raio de bacias dos rios das Velhas, Paraopeba e
pelo Sistema Operacional de Ciência e Jequitinhonha e Paranaíba, sendo que a aproximadamente 100 km em torno de Piracicaba.
Tecnologia de Minas Gerais. Esse primeira contém aproximadamente 72% do Belo Horizonte, e que engloba total ou
conhecimento, setor izado e regionalizado, total dessa classe, que ocupa principalmente parcialmente as microrregiões: A degradação imposta ao meio ambiente pela
certamente apresenta ainda, desníveis as regiões central, norte e noroeste do Belo Horizonte, Divinópolis, Espinhaço indústria extrativa mineral não se restringe,
identificáveis ao longo dos vários capítulos Estado. Meridional, Sete Lagoas e Siderúrgica. no entanto, aos efeitos físicos, pois, além
precedentes. Essas deficiências, todavia, Além desse grande foco industrial, existem de resultar em desfiguração da paisagem,
devem representar, antes de tudo, uma 0 pasto ocorre em todas as bacias outros também significativos, porém de menor destruição de bens culturais e poluição do
motivação a orientar os esforços da política hidrográficas, o que demonstra a vocação do área e dispersos pelo Estado, citando-se meio físico, o extrativismo mineral pode
ambiental no sentido de nivelar e tratar de Estado para a atividade pecuária, tanto de entre outros um foco formado pelos influir negativamente sobre o meio
modo mais integrado os demais componentes corte quanto de leite. Além do sul de municípios de Pratãpolis e Passos, um sõcio-econômico das comunidades onde e
do ambiente. Minas Gerais, essa classe de uso ocupa formado por Barroso e Carandaí, e finalmente exercido. Concomitantemente aos efeitos
grandes extensões nas bacias dos rios um formado por Belo Oriente, Mesquita, provocados pela atividade mineraria no meio
Jequitinhonha, Mucuri e Doce. Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. físico, é necessário não se desconsiderar
Nos itens seguintes serão apresentadas as
principais conclusões setoriais alcançadas a sociedade solapada pelo esgotamento de sua
com a elaboração deste diagnóstico, e as A capoeira é também uma classe expressiva de produção mineral e pelas distorções que o
inter-relaçoes setoriais que se evidenciaram uso da terra em Minas Gerais, ocupando Considerando os totais das emissões dos puro extrativismo pode provocar na sua
ã medida que o trabalho se desenvolvia. isoladamente 9,85%, e, em associação com poluentes atmosféricos, e possível estrutura sõcio-econÕmica.
pasto, 2,74% da área total do Estado. identificar, dentre os gêneros industriais
A capoeira aparece principalmente no norte, que mais contribuem para a degradação da Os cinco minérios cuja extração é mais
nordeste e sul de Minas, e em quase toda a qualidade do ar no Estado, a transformação difundida pelos municípios são o de ferro,
8.2. Síntese setorial bacia do Rio Doce. de produtos minerais não metálicos, a
metalurgia, as indústrias de papel e
de manganês, calcário, argila e ouro.
Dentre os 40 municípios com maiores
papelão e a de produtos alimentares. arrecadações de imposto, apenas dois não
8.2.1.0 meio antrópico Constata-se que é muito pequena a área O quadro pouco se modifica quando são apresentam mineração dessas substâncias.
remanescente de mata nativa no Estado; consideradas as médias dessas emissões, Ouro Preto, itabirito, Nova Lima,
• Subsistema Produtivo somente 1,56% da área de Minas Gerais é alterando-se apenas pela inclusão das Belo Horizonte e Santa Bárbara são os
atualmente ocupada por essa classe de uso. indústrias químicas emitentes de óxidos de municípios que possuem 10 ou mais
. Usos da Terra Isso faz com que a área reflorestada enxofre. No entanto, a situação altera-se substâncias lavradas.
homogeneamente (cerca de 14,000 k m ) seja
2
radicalmente quando se trata da demanda
A forma de organização do espaço superior ã de mata em aproximadamente 45,0%. bioquímica de oxigênio de origem industrial. A distribuição espacial da atividade
físico-territorial, sendo uma conseqüência Os reflorestamentos sao dispersos e ocorrem Para tal parâmetro, a indústria de produtos mineraria indica que são quatro as
direta do modelo global de desenvolvimento em poucas bacias. Basicamente existem três alimentares aparece na condições de maior microrregiões do Estado onde a degradação
sõcio-econômico, reflete a ação antrõpica grandes regiões reflorestadas: o triângulo emissor, tanto para valores totais quanto ambiental assume provavelmente maiores
sobre o meio natural. A análise da formado pelas cidades de Araxã, Uberaba e para valores médios. A fabricação de proporções, em decorrência específica das
configuração espacial das atividades Uberlândia, na bacia do Rio Paranaíba; o bebidas e a indústria química aparecem atividades minerarias: Espinhaço Meridional;
produtivas e da rede urbana permite perceber triângulo formado pelas cidades de Curvelo, completando o quadro dos maiores emissores Belo Horizonte; Siderúrgica: Campo das
a forma de utilização dos recursos naturais. Pirapora e João Pinheiro, na bacia do de DBO entre os gêneros analisados. Vertentes. Essas microrregiões ocupam áreas
151
nas bacias hidrográficas dos rios das superpisoteio de gado e dos processos São três os principais fatores tecnológicos termos de resultados a curto prazo.
Velhas, Paraopeba, Doce, Piracicaba e Grande, empregados na cultura de forrageiras. As de produção agropecuária que provocam Entretanto, a eficiência energética desses
e, ã exceção desta última, englobam as queimadas das pastagens, destinadas a impactos sobre o meio ambiente: o uso de sistemas é negativa, gastando-se mais
respectivas cabeceiras. favorecer a rebrota, provocam queda força mecânica, de defensivos e de calorias com insumos do que se consegue em
significativa de produção, um a dois anos fertilizantes. Se por um lado a utilização produtos. De fato, a conversão em alimentos
. Agropecuária depois de consumadas, já que as condições da força mecânica contribuiu para o dos insumos não renováveis, representados
tornam-se desfavoráveis ãs forragens, ã crescimento da produção, por outro lado pelas fontes fósseis de energia e de algumas
A intensidade e a dimensão dos impactos fauna e flora microbiana, e aos pequenos tem contribuído para o enfraquecimento substâncias utilizadas como defensivos e
ambientais provocados pela atividade animais. Ocorre em seguida a degradação do solo. Esse enfraquecimento envolve fertilizantes, corresponde, a longo prazo,-
agropecuária são função direta do modo de das condições gerais do solo e o tanto a diminuição da condição de a uma pressão indesejável e insustentável
utilização e manejo dos ecossistemas onde aparecimento de pragas e pestes. fertilidade natural do solo, o que ocorre sobre o quadro físico natural. A mudança
essa atividade se processa. Enquanto na em conseqüência do arrastamento da camada de uma agricultura intensivamente química
agricultura tradicional de pequena escala O superpisoteio do gado, ao destruir a relva mais rica pela ação da erosão, quanto a para uma agricultura alternativa poderia
esses impactos são localizados, na e deixar o solo desnudo, provoca a erosão restrição oferecida â livre movimentação aliviar alguns dos efeitos adversos e
agricultura mecanizada moderna, do solo. da água e do ar, tornando difícil a assegurar um sistema agrícola mais
caracterizada principalmente por penetração das raízes e a absorção dos equilibrado a longo prazo.
monoculturas, os impactos são de grande 0 rebanho encontra-se muito distribuído nutrientes. 0 uso de defensivos agrícolas e
escala e intensidade. Esse aspecto assume espacialmente, havendo entretanto algumas de fertilizantes, alem de degradar o solo e . Energia
maior importância nas análises ambientais, microrregiões isoladas com concentrações os cursos d'água, pode causar problemas â
já que grandes modificações vêm se maiores. A média estadual de densidade de saúde das populações animais e humanas que Se em Minas Gerais não existem reservas
processando no quadro agropecuário do Estado, bovinos por pastagem é de 0,63 cabeças/ha, venham a utilizar as culturas desenvolvidas conhecidas de combustíveis fósseis, ao
com a implantação extensiva de técnicas sendo que as regiões centro-sul, sudeste, nas áreas onde esses produtos químicos são contrário o potencial hidroelétrico é
modernas de manejo, decorrentes de grandes nordeste e oeste do Estado, com exceções aplicados. bastante substancial, especialmente nos rios
programas de desenvolvimento rural. localizadas, têm densidades acima da média Grande e Paranaíba. Entre as demais fontes
estadual. o extremo sul e os vales dos Âs microrregiões do Triângulo Mineiro que de energia produzidas no Estado destacam-se
A estrutura fundiária em Minas Gerais, rios Doce e Mucuri são as regiões que possuem os maiores percentuais de as provenientes da biomassa: carvão vegetal,
originada do regime de sesmaria, apresenta apresentam maiores densidades (0,80 a estabelecimentos que utilizam força animal, lenha, álcool e bagaço de cana. Pode-se
hoje uma grande concentração de terras nas 1,05 cabeças/ha), destacando-se as correspondem também os maiores percentuais constatar que o índice de participação do
mãos de um reduzido grupo de proprietários microrregiões Bacia do Suaçuí, Mantena e de uso de força mecânica. Os maiores consumo doméstico sobre o consumo total do
e uma multiplicidade de pequenas Bacia do Manhuaçu, com mais de 1 cabeça/ha. índices de utilização de força mecânica nos Estado vem decrescendo paulatinamente. Em
propriedades, cuja participação na ãrea Ao norte, noroeste e em algumas trabalhos agrários estão concentrados nas contrapartida, o consumo industrial vem
total do Estado é decrescente. Há microrregiões isoladas ocorrem densidades regiões do Triângulo Mineiro e parte do aumentando sua participação, sobretudo na
significativas variações na distribuição abaixo da média estadual, caracterizando Sul de Minas. A utilização da força última década.
espacial dos estratos de ãrea de uma pecuária bastante extensiva. No noroeste mecânica diminui gradativamente na direção
propriedades. encontram-se as menores densidades das regiões economicamente mais deprimidas Dentre os combustíveis utilizados em
(0,21 a 0,42 cabeças/ha). do nordeste, incapazes de aplicações Minas Gerais, o carvão vegetal ocupa o
A empresa agrícola moderna encontra-se em generalizadas de capital, bem como na primeiro lugar na participação total de
plena expansão no Estado, e em algumas direção das regiões onde a topografia consumo, sendo usado quase que
Com a exaustão das grandes reservas acidentada favorece mais o uso de tração
regiões está substituindo a forma madeireiras do Estado, a exploração da exclusivamente pela indústria siderúrgica.
tradicional de organização. A produção animal. A distribuição regional do consumo
madeira em toras para fins industriais de fertilizantes apresenta acentuadas
destina-se principalmente aos mercados deixou de ser significativa. Assim, o A lenha vem diminuindo ano a ano sua
externos, e as empresas quase sempre variabilidades. As regiões Sul de Minas, participação no total de energia consumida, •-.
extrativismo vegetal em Minas Gerais Triângulo e Rio Doce consomem cerca de 70%
tratam dissociadamente da agricultura, destina-se â produção do carvão e da lenha. apesar de ocupar a segunda posição entre os
da pecuária ou da silvicultura. Nessas do total do Estado. As zonas de fronteira combustíveis utilizados. A diminuição da
A exploração carvoeira encontra-se em plena agrícola - Noroeste e Jequitinhonha - são
propriedades o uso de defensivos e ascensão, destruindo o que restou da utilização da lenha se deve principalmente
pesticidas e intenso, e a mecanização as que apresentam menores índices de ao crescimento do consumo de gãs liquefeito.
vegetação natural, e atingindo sobretudo o consumo.
largamente utilizada favorece a cerrado. Outro combustível cuja utilização merece
compactação do solo, com todas as suas destaque pelo seu crescimento ê o carvão
conseqüências ambientais indesejáveis. Dada a inexistência de informações mineral, a quinta posição entre os
Normalmente a monocultura praticada pela A extração de madeira para a produção de combustíveis mais consumidos.
estatísticas sobre o consumo de defensivos
empresa moderna favorece a proliferação de lenha ou carvão produz imediatas
em Minas Gerais, a sua estimativa deve ser
pragas, e confere aos alimentos produzidos conseqüências danosas ao meio físico natural,
feita com base no estudo da distribuição A participação dos recursos energéticos de
características nutricionais inferiores. dentre as quais se destacam o favorecimento
das culturas em que geralmente são aplicados origem no Estado (carvão vegetal, lenha,
As culturas de cana, cafe, soja e as ã erosão dos solos com o conseqüente
em maior quantidade. A soja, cultura energia elétrica e bagaço de cana) é
florestas homogêneas são as principais carreamento de sedimentos para os cursos
relativamente nova em solo mineiro, significativa. Porém, essa participação
expressões da empresa moderna em d'água, e uma ruptura do processo contínuo
apresenta uma produção crescente de ano estã diminuindo. Haja vista que em 1960 era
Minas Gerais, onde recentemente vem se de reciclagem da matéria orgânica.
para ano e tem-se desenvolvido em terras de 75,21%, e em 1977 era de apenas 52,02%.
implantando programas de desenvolvimento Degradações mais complexas e ainda não
do cerrado. Mas a necessidade de redução da dependência
agropecuário cujas conseqüências ambientais completamente conhecidas estariam
relacionadas ao balanço de exportações e de fontes externas vem ocorrendo de forma
não foram ainda devidamente avaliadas. cada vez mais intensa, e levam a supor que o
ciclagem de nutrientes, ã modificarão da A cultura do algodão, concentrada na região
hidrologia florestal e â perturbação do norte de Minas Gerais, e a de rosas, na Estado deverá basear-se nos recursos locais
Nos últimos anos ocorreu um substancial rendimento florestal de áreas contíguas. Serra da Mantiqueira, embora apresentando de energia para incrementar seu
aumento da produção agrícola em Minas Gerais. distribuição espacial mais restrita, são as desenvolvimento. Nessa direçao, vários são
Dentre os produtos da lavoura permanente, culturas que mais utilizam defensivos, tanto os programas de produção de energia que vêm
destacam-se o café, a banana e a laranja. As microrregiões Paracatu e Montes Claros em volume quanto em freqüência. No grupo sendo concebidos ou implementados em
Na lavoura temporária sobressaem-se as são as maiores produtoras de carvão vegetal das hortaliças destacam-se as de folha, Minas Gerais, tais como o Proãlcool e o
culturas de subsistência: arroz, feijão, em Minas Gerais, com 42% da produção do flor e haste, além do tomate, da batata, Programa de Biodigestores.
milho e mandioca, além do algodão, Estado. Outros municípios localizados na cenoura, jiló e vagem, como culturas em que
cana-de-açúcar e soja. As maiores áreas região central também contribuem com se utilizam grandes quantidades de O aumento da auto-suficiência do Estado em
agrícolas estão concentradas no Triângulo parcelas substanciais na produção do carvão. agrotõxicos. Via de regra, são culturas termos de abastecimento energético
Mineiro, Sul de Minas e Alto São Francisco. concentradas nos municípios da região certamente resultara em impactos ambientais
Todavia, existe uma tendência de expansão metropolitana, no Sul de Minas (região de importantes, destacando-se as mudanças na
agrícola nas regiões noroeste e norte do Com relação a lenha, o seu consumo doméstico Maria da Fé) e na Serra da Mantiqueira ocuparão do espaço. Os principais programas
Estado. é também muito alto, sobretudo nas regiões (região de Barbacena). energéticos em implantação, a par de seus
mais pobres, como o Noroeste e o Vale do impactos ambientais diretos, tendem também
Os principais problemas ambientais Jequitinhonha. Além do consumo doméstico, As tecnologias agrícolas mecanizadas e a alterar substancialmente o uso da terra.
decorrentes da bovinocultura em Minas Gerais destaca-se também sua utilização em padarias, altamente intensivas levaram a uma crescente A superfície territorial do Estado será
provem da prática da queimada, do cerâmicas, olarias, hotéis e restaurantes. produtividade e eficiência de trabalho em crescentemente ocupada, seja por áreas
152
inundadas para produção de eletricidade, população urbana, em 1980 esse número se ao passo que em 1980 concentravam 23,8%. de materiais locais, além do aprimoramento
seja por novas culturas energéticas para elevou a 24, correspondendo então a 28% do Além disso, esses municípios, que representam das características desses materiais.
produção de biomassa. total da população urbana estadual. 1% do total de municípios mineiros, A efetivação dessas transformações requer
Constata-se que 579 municípios - 80,2% dos absorveram 57,3% do incremento populacional ainda profundas alterações no modo de se
A intensificação da exploração de florestas municípios do Estado - apresentaram taxas do Estado no decênio 1970/80, quando na conceber e construir as habitações,
nativas pelo uso de lenha ou carvão, para de crescimento menores que o crescimento década de 60 essa percentagem fora de 49,7%. dotando-as de equipamentos comunitarios e
substituir o óleo combustível nas industrias, demográfico de Minas Gerais (1,5% a.a.). infra-estrutura determinados a partir de
tende a ser um grande fator de degradação Entretanto, a constatação mais importante Todas as macrorregiões, em especial as processos de seleção tecnológica que
ambiental. Mesmo com os grandes programas ê que praticamente a metade dos municípios Regiões I, II, III e V, vêm apresentando um incluam critérios ambientais, sociais e
de reflorestamento realizados no Estado, a mineiros (49,7%) tiveram taxas negativas de movimento emigratorio rural. Em energéticos atualmente não considerados.
maior parte da produção do carvão vegetal crescimento, ao passo que apenas 71 contrapartida, também todas as macrorregiões
provém das matas nativas, dos cerrados e municípios (9,8%) apresentaram taxas acima apresentam um movimento imigratório urbano,
das áreas de vegetação natural. Para agravar da de crescimento vegetativo (2,5% a.a.). notadamente as Regiões I, IV, VI e VII. . Saúde
essa tendência, soma-se o uso da lenha como Esses números indicam, portanto, um Entretanto, quando se considera a população
combustível doméstico, que ê intenso nas significativo movimento de emigração do total, apenas a Região I mostra um saldo Embora as informações disponíveis não sejam
pequenas e médias cidades, e mesmo em Estado. migratório positivo. O norte, nordeste e suficientes para precisar os efeitos dos
Belo Horizonte. leste do Estado são as áreas onde, com fatores ambientais agressivos sobre os
Os municípios com taxas mais elevadas de algumas exceções, predomina a população vários tipos de mortalidade, ê possível
• Subsistema Social crescimento estão dispersos pelo Estado, rural. Por outro lado, as microrregiões relacionar esses fatores â nosologia
havendo pequenas concentrações na Região I da Zona Metalúrgica, do Triângulo, do Sul e prevalente. A mortalidade causada por
(área de influência da Região Metropolitana da Zona da Mata apresentam uma urbanização doenças infecciosas e parasitarias vem
. Estrutura Espacial
de Belo Horizonte) e na Região IV (área de relativamente significativa no contexto confirmar de forma evidente as más
influência de Brasília). Verifica-se que os estadual. Alem disso, é importante condições sanitárias em que vive grande
Nas duas últimas décadas, Minas Gerais vem ressaltar a grande diversidade regional do
passando por mudanças aceleradas no municípios que apresentaram as maiores parte da população mineira. Além dos
taxas de crescimento no decênio 1970/80 Estado, no que concerne a população urbana, fatores ambientais, a ausência de um
sistema urbano, estreitamente associadas ás pois o grau de urbanização varia entre
diversas etapas do desenvolvimento estão localizados dentro_de um raio de mais trabalho intensivo de educação, não só a
ou menos 100 km em relação a Belo Horizonte, 15,51% e 96,09%, respectivamente na nível de escola, mas sobretudo a nível da
sõcio-econômico do Estado, notadamente microrregião Mineradora do
provocadas pelas transformações da estrutura numa área delimitada por Sete Lagoas - comunidade como um todo, impossibilita o
DivinÕpolis - Conselheiro Lafaiete - Alto Jequitinhonha e na microrregião de desenvolvimento de hábitos saudáveis de
produtiva de bens e serviços, e induzidas Belo Horizonte.
pelo processo de industrialização. João Monlevade - Sete Lagoas. higiene, necessários sobretudo em
determinadas regiões onde a ausência de
saneamento básico é uma constante.
A partir de 1970, a industrialização de A Região I, onde se localiza a 0 Censo Demográfico de 19 80 mostra que o
Minas Gerais assume características bem Região Metropolitana de Belo Horizonte, processo de urbanização em Minas Gerais
definidas. Ao mesmo tempo em que se expande lidera o crescimento demográfico mineiro, tem-se desenvolvido com mais rapidez nos Quando se analisa o quadro de mortalidade
e se moderniza, o parque industrial muda caracterizando-se como a única região de grandes e médios centros urbanos, por doenças redutíveis pelo saneamento
sua estrutura, devido ao aumento do número imigração do Estado, e apresenta saldo comprovando a existência de fortes correntes básico - RSB, aparece de forma alarmante a
e da produção das indústrias intermediarias migratório positivo e constante. Isso migratórias internas em direção aos centros precariedade do saneamento básico em
e de bens de capital. Toda essa ocorre devido ao potencial industrial e de urbanos mais desenvolvidos. A partir da Minas Gerais. Os coeficientes diferem
transformação reflete-se sobre o espaço serviços na área, que consegue manter e análise do incremento populacional e do bastante de uma região para outra. Vale
geográfico, particularmente sobre o sistema regular tanto a população emigrante quanto grau de urbanização, pode-se constatar que o repetir que a carência de dados,
urbano-do Estado, que também se expande, se a população ali fixada. As outras sete crescimento demográfico do Estado no decênio principalmente nas regiões mais deprimidas,
moderniza e muda de estrutura, em função das regiões do Estado constituíram-se, na última 1970/80 concentra-se em alguns poucos continua alterando o quadro real.
características que assume a nova década, em áreas de forte emigração, centros urbanos, os quais tiveram um Os coeficientes de mortalidade por grupo
industrialização, fi nítido que o fator apresentando saldos migratórios negativos. crescimento a taxas significativamente das doenças RSB apresentaram-se maiores
mais importante na reestruturação da Estes últimos anos mostram também mudanças superiores as da grande maioria das outras nas Regiões I, III e V, decrescendo nas
urbanização mineira ê o estilo de significativas no comportamento da cidades mineiras. Regiões II, IV, VI e VIII. A Região VII
industrialização que vem caracterizando o concentração regional, embora a Região I apresentou o menor coeficiente de
Estado. continue detendo a taxa mais alta. o que se mortalidade nesse subgrupo. Dentre as RSB
observou foi uma queda no poder de atração . Habitação destaca-se a esquistossomose mansônica,
das Regiões II e III, zonas de forte apresentando alta prevalência em
A implantação ou expansão dessas novas emigração. A Região IV começa a despontar A intensificação da crise da habitação e o Minas Gerais. Sua disseminação vem-se
atividades industriais representa como área potencialmente retentora de crescimento das populações marginais em agravando em decorrência de inúmeros
indiscutivelmente uma nova etapa na população, se bem que ainda de emigração. áreas urbanas e um problema de caráter problemas advindos da deficiência ou mesmo
ocupação do espaço mineiro, com profundas Os põlos regionais de Uberlândia e Uberaba social que ocorre na América Latina, ausência do saneamento básico, além da
repercussões nas áreas para onde essas devem ser fatores importantes nessa incluindo o Brasil, e a situação habitacional falta de hábitos higiênicos da população.
atividades se dirigem, apesar da contínua estabilização demográfica. em Minas Gerais não escapa a esse contexto. A situação torna-se mais alarmante na zona
primazia da metrópole estadual. Não obstante rural, onde os habitantes comumente lançam
a predominância da Região Metropolitana A análise de quatro características os dejetos diretamente na superfície do
com relação â rede urbana de Minas Gerais, A analise do incremento populacional total - propriedade, ocupação, condição física e solo ou nos corpos d'agua.
observa-se o acelerado crescimento das do Estado confirma indiscutivelmente a de serviços -, mostra uma melhoria das
cidades intermediárias, que estão se tendência concentradora da população mineira, condições habitacionais no Estado, sob um
firmando como pólos alternativos de e conseqüentemente mostra a desigualdade na enfoque exclusivamente domiciliar, embora No subgrupo das doenças redutíveis por
migração. distribuição espacial da população. Apesar ainda existam deficiências substanciais em imunização - R I , a tuberculose ainda
de Minas Gerais possuir 722 municípios em alguns setores, especialmente no que tange continua sendo a maior responsável pelos
Ê clara a perda de posição relativa das 1980, apenas os 43 municípios com população âs características dos serviços de óbitos, atingindo o percentual de 50%.
cidades pequenas, embora essa perda não superior a 50.000 habitantes concentravam abastecimento de água e esgoto sanitário. Em 1965 a Região II era a que mais se
signifique redução absoluta da população. 43,58% da população do Estado, quando em Constata-se que o desequilíbrio econômico- ressentia desse subgrupo de doenças, embora
O fato e que essas cidades apresentam, em 1950 esses mesmos municípios detinham 22,67%. -social existente entre as diversas regiões as demais regiões apresentassem índices
sua maioria, taxas de crescimento menores Em termos de aumento populacional do Estado, do Estado reflete-se diretamente nas consideráveis. Em 1975, como resultado de
que as observadas para os estratos esses 43 municípios, 6% dos municípios condições de habitabilidade das construções. constantes iniciativas governamentais, os
superiores. Ê importante ressaltar que esse mineiros, absorveram 94,6% do incremento índices decresceram consideravelmente.
estrato, apesar da perda de posição relativa, verificado no decênio 1970/80, contra 73,2% Para minimizar seu déficit habitacional, o
ainda tem 50% da população urbana, na década anterior. Entretanto, o Estado necessita não apenas do crescimento No subgrupo das doenças redutíveis por
percentagem que mostra a significação das incremento populacional absorvido pelos sete do número de casas construídas, mas também programas especiais - RPE, a doença de
cidades pequenas na estrutura urbana maiores municípios mineiros atesta com mais de transformações na qualidade e natureza Chagas é a responsável pela maioria dos
estadual. Entretanto, o destaque maior se propriedade a característica concentradora das edificações oferecidas. Tais óbitos. Devido â desatualização e mesmo ã
refere as cidades médias. Se em 1960 apenas da demografia mineira. Esses municípios, transformações implicam tanto em mudanças ausência de dados disponíveis sobre a
3 cidades se situavam nessa classe (50 a principais pólos regionais do Estado, nos processos e tecnologias de construção, prevalência da doença de Chagas em
250 mil habitantes), representando 9% da detinham em 1960 -13,06% da população total. como no aproveitamento, sempre que possível. Minas Gerais, torna-se difícil avaliar a sua
153
real situação. Sabe-se, no entanto, de sua . Alimentação Se a melhoria da renda ê um pré-requisito (I, II, III e IV) as que apresentavam
ocorrência em parte significativa do para sejnelhorar o nível nutricional da maiores taxas de participação relativa da
território mineiro, onde ê a responsável No Brasil e em Minas Gerais, a questão das população do Estado, questões relacionadas PEA no setor.
por 90% dos óbitos das RPE. A partir da relações entre as dietas alimentares da ã adequação nutricional da população não
campanha contra a doença de Chagas, população e os seus impactos ambientais vem podem ser enfocadas somente do ponto de E importante ressaltar também a elevada
coordenada pela SUCAM, pôde-se constatar adquirindo importância crescente, ã medida vista do aumento da produção e do acesso participação relativa do setor "outros
a ocorrência dessa doença nas Regiões V I , que se coloca o problema dos limites do aos alimentos. Devem englobar as questões serviços" (educação, saúde pública e privada,
VII, IV, V, e mesmo na Região I. território e de sua melhor utilização. de saúde pública, o que permitiria um administração pública, comércio, bancos e
Se historicamente sempre existiram novas melhor aproveitamento do alimento ingerido instituições financeiras, prestação de
Embora os coeficientes de mortalidade terras a ocupar, e o solo despauperado era pelo organismo humano, além das questões serviços, etc.) na PEA na Região I,
infantil estejam subestimados na maioria abandonado, abrindo-se novas fronteiras de educacionais, que são fundamentais para que polarizada pela capital do Estado, o que
das regiões do Estado, as informações colonização agrícola, hoje apresentam-se a população se alimente de forma adequada. revela um elevado índice de centralização
disponíveis proporcionam uma visão geral crescentes conflitos pelo uso do solo. espacial de tais serviços, fator de
da situação. A Região VII corresponde a Neste contexto a definição e a indução de , Emprego desequilíbrio na estrutura da oferta. Uma
maior taxa de mortalidade infantil, assim padrões de consumo alimentar que levem a distribuição mais harmoniosa de tais serviços
como a maior taxa de mortalidade geral no menor depredação do ambiente podem Dois fatores principais definem basicamente induziria a uma desconcentração urbana, face
Estado. Conseqüentemente, a esperança de constituir-se em ações que, a longo prazo, a problemática do emprego. Por um lado, a ã grande capacidade de geração de empregos
vida ao nascer ê ali reduzida. As Regiões reduzam as pressões sobre o meio ambiente, oferta é determinada pelo modelo de do setor.
VI e VIII também apresentam altas taxas de A regionalização das dietas alimentares desenvolvimento adotado. Por outro lado, a
mortalidade infantil, mortalidade geral e pode constituir-se num meio de se evitar o demanda se define pelas taxas de crescimento . Educação
baixa esperança de vida. As demais regiões excessivo transporte de alimentos a demográfico e pela dinâmica de distribuição
apresentam níveis de saúde similares no que grandes distâncias, com seu conseqüente da população. A harmonização entre os dois A educação, na realidade, corresponde a um
se refere aos parâmetros aqui utilizados, encarecimento e custo energético e ambiental fatores constitui, pois, objetivo prioritário processo de transformação do homem e,
sendo os melhores do Estado. Entretanto, insustentáveis a longo prazo. da ação do Estado, assim como também das portanto, deve ser necessariamente incluída
em termos absolutos, esses índices são A estrutura de cestas básicas de forças vivas da sociedade como um todo. entre os agentes de modificação do
intoleravelmente elevados, ainda muito alimentos conservativos de energia e do Quando a demanda supera a oferta, o Estado meio ambiente. Sob esse enfoque, merecem
afastados dos índices dos países meio ambiente poderia constituir-se num dos e a sociedade devem acionar mecanismos ser destacados dois pontos principais.
desenvolvidos. elementos integrantes de uma abordagem sõcio-econõmicos que permitam a abertura Em primeiro lugar, a educação, incluindo
global dos abastecimentos alimentares. de novas frentes de atividades geradoras de aquela ministrada em bases formais,
Também com relação ãs causas de mortalidade empregos. Nesse sentido, a concepção do reconhecida como um dos mais importantes
associadas aos problemas ambientais, deve-se modelo de desenvolvimento econômico pode indutores de um relacionamento racional do
mencionar as doenças das vias respiratórias, Em Minas Gerais as inadequações calóricas exigir adaptações para atualizá-lo ao novo homem com as demais variáveis ambientais.
que apresentam índices elevados, sao mais graves no meio rural, em seguida contexto, viabilizando o eguacionamento Por outro lado, a educação deve ser
principalmente na Região Metropolitana de no meio urbano em geral, e menos graves no desse problema. considerada também como um processo de
Belo Horizonte, quando comparados à média meio metropolitano. Há uma correlação capacitação dos indivíduos para melhorar a
do Estado. Apesar de não se dispor ainda muito alta entre as classes de renda e os Quanto â criação de novos empregos em sua qualidade de vida.
de estudos específicos sobre o assunto, índices de adequação nutricional da Minas Gerais, a situação apresenta pontos de
sabe-se que tais doenças estão associadas â população. Na Região Metropolitana de estrangulamento importantes. No setor A nível do Estado como um todo, os dados
poluição atmosférica. Belo Horizonte, os problemas nutricionais industrial, a desaceleração dos investimentos, existentes demonstram que o sistema escolar
mais graves são a baixa ingestão de cálcio, associada a opções técnicas altamente de Minas Gerais é caracterizado por uma"alta
Verifica-se que durante a última década de ferro e de vitamina A, especialmente nas automatizadas, não têm conseguido acompanhar retenção, bem como por evasão gradativa ao
ocorreu uma expansão dos serviços de saúde classes de renda abaixo de 10 salários o ritmo da demanda de emprego. Situação longo das séries, o que faz dele um sistema
por todo o Estado, com a criação dos mínimos. Nas demais áreas urbanas do Estado semelhante se verifica no setor agropecuário, seletivo e pouco produtivo. A seleção
centros regionais de saúde, e de postos e são relevantes as mesmas deficiências como conseqüência da criação de empresas começa a partir da má distribuição das vagas
ambulatórios a eles vinculados. Ainda assim, nutricionais, acrescidas da deficiência de rurais altamente mecanizadas, e da inércia a nível regional. Posteriormente prossegue
o quadro apresenta deficiências vitamina B2. Na área rural nao característica do processo de redistribuição com os altos índices de repetência,
quantitativas e qualitativas, com metropolitana sao também freqüentes as de terras. Esse quadro contrasta com as principalmente entre a I e 2 séries do
a a
desequilíbrios evidentes entre as diversas deficiências de vitamina A e B 2 , Cerca de grandes riquezas e o variado acervo de 19 grau. A pequena taxa de promoção,
regiões do Estado. 70% da população do Estado estão expostas a recursos naturais de que dispõe o Estado. provocando o desestímulo dos alunos, faz
insuficiências calóricas, sendo que 50% A diversidade dos ecossistemas pode - e com que aconteça o abandono gradativo de
Em 1975 a estrutura institucional de saúde apresentam níveis graves dessa insuficiência. deve - ser origem de uma grande série a série. Verifica-se que a questão
(assistência ambulatorial e internação) do Em termos de proteínas estima-se que 12% da diversificação de opções de atividades fundamental situa-se nas quatro primeiras
Estado apresenta números significativamente população do Estado estejam expostos a produtivas. O emprego e derivado de séries, e mais precisamente na I série do
a
mais elevados do que em 1965. A Região I deficiencias desse tipo de nutrimento. Uma atividades produtivas já institucionalizadas 19 grau encontra-se o principal -ponto de
continua a concentrar o maior número delas, grande parte da população do Estado sofre as e depende principalmente do dinamismo da estrangulamento de todo sistema educacional.
464 instituições. Seguem-se, por ordem deficiências de vitamina A, de cálcio, economia. Mas hã atividades produtivas não
decrescente, as Regiões III, II, IV e VIII, vitamina B2 e ferro. institucionalizadas, que dependem dos
recursos naturais disponíveis, determinados A produtividade do sistema educacional é
com 315, 286, 153 e 118 instituições. As significativamente pior na zona rural, com
menores concentrações estão nas Regiões V, pela diversidade dos ecossistemas.
Os impactos da desnutrição sobre a saúde os indicadores apresentando resultados muito
VII e VI, com 94, 80 e 75 instituições, pública são largamente conhecidos. Em inferiores aos observados para o conjunto
respectivamente. Minas Gerais a ocorrência amplamente No que se refere â distribuição espacial do do Estado. Observa-se, no período 1970/73,
disseminada de doenças infecciosas e emprego, verifica-se uma diminuição que enquanto 25,1% dos alunos do Estado
No que se refere aos recursos humanos, os conseguiram terminar as séries iniciais, na
7,710 médicos inscritos no Conselho Regional parasitárias, decorrente das deficientes expressiva da população economicamente
condições de saneamento básico, prejudica a ativa (PEA) ligada ao setor agropecuário. zona rural foram promovidos apenas 8,9%, o
de Medicina atê 1977 distribuem-se de forma que contribui, inclusive, para a diminuição
desordenada no Estado, concentrando-se absorção adequada dos alimentos, A anemia, Tal fenômeno ê observado no Estado como um
a avitamionose A, com seus efeitos sobre a todo, com exceção das Regiões VI e VII. da média do Estado. por outro lado,
principalmente na Região Metropolitana e nas enquanto a taxa de abandono na zona rural
cidades de porte médio. A Região I, como é perda da visão, o bócio endêmico, a pelagia
e a arriboflavinose sao algumas das doenças A Região VIII, apesar de apresentar ainda atinge níveis em torno de 9 0 % , o Estado como
de se esperar, concentra o maior número um todo apresenta uma redução progressiva
desses profissionais, atingindo o percentual a que se expõem as populações com em 1977 uma percentagem elevada da PEA
deficiências alimentares. Em Belo Horizonte ligada ã agropecuária, como ocorre com as dessa taxa.
de 58,9. Em ordem decrescente, apresentam-se
as Regiões II, III, IV, VIII, V I , V e VII. as avitaminoses e as deficiências demais regiões setentrionais, mostra forte
nutricionais sao alguns dos principais tendência ã redução, aparecendo os setores A nível das macrorregiões do Estado, poucas
Embora os poderes públicos tenham envidado fatores causadores de mortalidade infantil, "construção" e "outros serviços" como os são as informações disponíveis que permitem
esforços importantes no sentido de melhorar afetando também o desenvolvimento mental. absorvedores da mão-de-obra que deixa o uma avaliação quanto ã evolução da
o nível geral de saúde da população, obtendo Dessa forma, as deficiências nutricionais setor agropecuário. Além disso, constata-se produtividade do ensino. De todas as
resultados significativos em vários setores, afetam a eficiência do sistema educacional, importante incremento na participação do regiões, a Região IV ê a que apresenta os
os indicadores de saúde mostram que ainda prejudicando a capacidade de aprendizagem setor manufatureiro na PEA_do Estado como um melhores resultados de retenção: 18,8% e
há muito o que fazer. das crianças. todo. Em 1977 eram as regiões meridionais 35,0%, respectivamente para o total e para
154
a 1§ série. As Regiões VI e VII são as que território mineiro, das quais decorre apresentarem áreas significativas, ã exceção parques da Canastra, do Caparão, do
apresentam maiores índices de repetência. naturalmente uma multiplicidade de formas do Parque Florestal Estadual do Rio Doce. Rio Doce, de Ibitipoca, do Caraça e do
Porém, nesse aspecto, os resultados vegetais. Entretanto, os estudos Cipo, sendo que para este último existem
apresentados para 1974 mostram que não existentes sobre a autoecologia e a Grandes áreas ao norte e noroeste do Estado, apenas os estudos iniciais para sua
existem diferenças significativas entre as sinecologia das espécies vegetais, atualmente bastante visadas para a expansão criação, faltando o passo fundamental que
regiões, visto predominarem em todas elas imprescindíveis para a tipificação de da pecuária e do carvoejamento, têm perdido é a desapropriação das terras. Da mesma
índices elevados na I série, gue em média
a
ecossistemas especiais, frágeis ou de rapidamente a vegetação natural, já forma que os recursos cênicos e
participa com aproximadamente 60% de toda a interesse para preservação, sao ainda mostrando um acentuado desequilíbrio paisagísticos, os registros históricos que
repetência do 19 grau. insuficientes. Da mesma forma, os mapas ecológico. Haja vista a acelerada fixam as marcas da cultura sobre o
fitogeogrãficos ainda não são proliferação das cigarrinhas nas pastagens território mineiro exigem ações preventivas
Uma vez que a demanda educacional acompanha suficientemente detalhados. São poucas as artificiais, e de gafanhotos nas culturas e e protetoras, visando preserva-los das
a expansão demográfica, o quadro da oferta áreas onde um levantamento mais minucioso na vegetação natural. A formação vegetal depredações pela ação de interesses
do ensino no Estado tem-se modificado tenha sido realizado. campestre, constituída pelos cerrados em particulares ou pelo desconhecimento de
bastante, e atualmente já existe um numero suas diversas gradações e pelos campos seu valor e potencial.
maior de escolas nas zonas urbanas. Como Sabe-se, porém, que o ambiente florestal rupestres, tem sido bastante cerceada em
conseqüência da demanda demográfica e da sempre foi o mais atingido pelo homem, na seus limites naturais. Na área central As formações calcárias do grupo geológico
própria estrutura do ensino, observa-se que busca de seus múltiplos produtos e de novas do Estado, tanto pela criação de novas áreas Bambuí propiciaram a formação de um grande
a quase totalidade das escolas de 29 e terras para plantio. Dessa forma, os de cultivo, como pela exploração intensiva número de grutas e abrigos sob rocha,
39 graus localizam-se nas áreas urbanas, outrora ricos e representativos ecossistemas de lenha e de carvão, essa formação vegetal utilizados provavelmente pelos paleo-
principalmente nas cidades maiores. Além terrestres e aquáticos vêm sendo tem desaparecido paulatinamente das áreas -ameríndios como abrigos temporários,
disso, o decréscimo do número de matrículas freqüentemente alterados e devastados, em planas, passíveis de serem mecanizadas, locais para ritos de cunho mágico-religioso,
nas escolas rurais de 19 grau, que vem decorrência da desordenada ocupação humana, limitando-se atualmente a áreas de relevo cemitérios e repositórios de sinalações
ocorrendo a partir de 1972, revela o ocasionando danos irreversíveis não SÓ â mais acidentado. rupestres. As características pouco ácidas
crescimento da demanda não atendida nesse flora, como também ã fauna do Estado. dos solos dessas áreas, além do clima menos
nível de ensino. No que se refere â representatividade e ao úmido, permitiram a conservação de vestígios
O desaparecimento das formações vegetais estado atual das áreas de preservação já orgânicos, associados a material lítico em
Para se avaliar a dimensão da oferta de primitivas, a degradação da qualidade dos criadas legalmente no Estado, é importante jazidas arqueológicas. Todavia, se as
ensino, o índice correto é o número de salas cursos d'agua e a caça predatória são os três ressaltar que existem ainda vários condições naturais favoreceram a preservação
de aula oferecidas. Considerando-se o principais fatores responsáveis pela extinção ecossistemas e regiões que ainda não têm uma desse patrimônio, o homem atual, por sua
Estado como um todo, os dados de 1974 mostram da fauna em Minas Gerais. A implantação de unidade de preservação ou esta é insuficiente. vez, tem sido o responsável pela destruição
em ordem decrescente de concentração da hidroelétricas sem a devida atenção ã de sítios importantes, entre os quais se
oferta as Regiões I, III, II, VIII, VI, IV, biologia da fauna, o não cumprimento da lei pode lamentar a destruição da Gruta da Lapa
O cerrado, que ocupa cerca da metade do Vermelha, em Lagoa Santa.
V e VII. Quando se analisa separadamente a sobre a preservação da vegetação ciliar e o Estado, tem apenas um pequeno parque em
oferta urbana e a rural, o quadro se altera. despejo de efluentes industriais poluidores fase inicial de implantação (o Parque
Na área urbana a Região I apresentava a são as causas principais da extinção da Estadual do Sumidouro), uma reserva A desproteção desse patrimônio manifesta-se
maior concentração, com 11.312 salas de aula. fauna mastozoolÓgica fluvial, principalmente ecológica apenas parcialmente conservada, e hoje pela presença de atividades
Seguem-se as Regiões III, II, V i u , IV, V, da lontra e da ariranha. Também a caça vem uma estação ecológica em fase preliminar de conflitantes com sua preservação, como
VI e VII. Com relação ã zona rural, as ameaçando de extinção diversos mamíferos, implantação. Deve-se também chamar atenção grandes obras públicas, exploração mineral,
alterações do quadro são mais significativas. principalmente os de maior porte como a para a inexistência de uma unidade que indústrias pesadas; pela carência de ações
A Região III é a que apresenta o maior anta, a capivara, o tatu, o veado, a onça e preserve as veredas, ecossistemas de públicas como desapropriações, tombamento,
número de salas de aula, com um total de outros felinos. O monocarvoeiro, primata extraordinário valor científico, por restauração, visando a sua proteção; pela
r • 3.859. Seguem-se as Regiões V I U , II, I, que tem seu habitat restrito as florestas conterem um equilíbrio ímpar quanto a seu incipiente atividade de pesquisa científica
VI,.IV, VII e V. A composição média das primitivas, está seriamente ameaçado de comportamento hidrológico e geomorfolõgico, que aproveita seu potencial; pelo
turmas para o Estado foi de 32,4 alunos/ extinção, face ao desaparecimento do seu e uma flora e fauna peculiares, ainda não desconhecimento total que parte da população
turma em 1974. A nível macrorregional, a habitat natural, a mata atlântica. estudadas. demonstra ter de sua existência e valor; e
composição média variou de 35,4 na pela impossibilidade concreta de que seu
Região VIII a 29,8 na Região IIX. A nível Na área do Triângulo Mineiro, de topografia uso seja democratizado.
Quando se avalia a implantação e o grau de
urbano a variação foi de 35,7 para a plana, a maior parte da vegetação natural equipamento e de utilização das áreas de
Região VIII a 32,8 para a Região II. Na foi eliminada por campos de cultura ou preservação já criadas legalmente no Estado,
zona rural os índices ficaram entre 36,3 substituída por pastagens artificiais. é que se percebe mais claramente a gravidade
para a Região VII e 22,5 para a Região V. da situação de abandono a que são relegadas 8.2.3. Qualidade do meio físico natural
Na Zona da Mata, cujo próprio nome indica a essas unidades de preservação. Em apenas
O precário quadro apresentado evidencia a característica natural da área, muito pouco três delas (Rio Doce, Tripuí e Canastra) • Agua
necessidade de que o sistema educacional resta dos primitivos recursos naturais são efetuadas pesquisas científicas de
do Estado seja reformulado, com o intuito vegetais. A capoeira, formação secundária, conhecimento público, e apenas o Parque A qualidade da água ê conhecida através do
de se promover a adequação dos currículos, substituiu praticamente todas as matas Florestal Estadual do Rio Doce tem um exame das suas características físicas,
dos prédios escolares, do material didático primitivas existentes no Estado, restando sistema de atendimento ao turismo, o que químicas e biológicas. O conhecimento
e das demais variáveis do ensino, ã realidade hoje pequenas manchas remanescentes. A deveria entretanto ser generalizado, pela dessas características é que permite
própria de cada região ou comunidade, floresta atlântica que ocorria na parte sua importância educacional e recreativa verificar se a água é adequada para o uso
acrescentando-se também ã educação a leste, sudeste e sul do Estado, em relevo para amplas faixas da população carente desejado, ou se e necessária alguma forma
dimensão ambiental. Nesse sentido seria ondulado, forte ondulado e montanhoso, está de acesso a áreas comunitárias equipadas de tratamento para que se possa utilizá-la
desejável uma ação integrada do sistema praticamente extinta. O Parque Florestal para o convívio com a natureza. sem prejuízos.
operacional do ensino e do sistema Estadual do Rio Doce e parte dos parques Cumpre salientar ainda a utilização
responsável pelo controle do meio ambiente nacionais do Caparão e do Itatiaia são indevida ou o total abandono quanto a
no Estado. Estes são os dois pontos Fatores geológicos, biológicos e
testemunhas vivas do que tivemos e perdemos fiscalização que se verifica em diversas hidrológicos afetam a qualidade das águas.
fundamentais a serem considerados, quando pela ação predatória do homem, durante áreas, onde se pode constatar, por
da reformulação das bases educacionais a Impurezas naturais como sedimentos, restos
séculos de ocupação. exemplo, a retirada predatória e ilegal de vegetação e dejetos de animais selvagens
ser promovida no Estado. de madeira e lenha, a exploração de incrementam o nível de contaminação dos
recursos minerais e a inexistência de cursos d'água, mas a maior parte da poluição
Atualmente a área ocupada pela floresta
limites físicos (cerca e aceiro). resulta das atividades antrõpicas.
primária não atinge 2% do território mineiro,
8.2.2. Patrimônio natural e cultural valor irrisório quando comparado com a
primitiva cobertura florestal do Estado. Finalmente, vale salientar que quanto ao O crescimento industrial e populacional
Minas Gerais possui incontestavelmente uma Os extremos norte e oeste de Minas Gerais, tamanho, representatividade e riqueza recente em Minas Gerais demanda a utilização
flora cuja riqueza em formações vegetais respectivamente a região do Jaíba e do científica dos parques, reservas e estações cada vez mais intensiva dos recursos
não é sobrepujada pela flora de qualquer Pontal do Triângulo Mineiro, são as áreas criadas, a situação atual deixa muito a hídricos estaduais. A progressiva procura
outro Estado. Isso é fácil de compreender, onde se concentram as florestas primárias desejar. Das 29 unidades, apenas seis têm de água, conseqüência do crescimento dos
quando se consideram as diversas condições remanescentes. Porém existem manchas superfície e condições para suportar uma consumos e da diversificação das utilizações,
geológicas, topográficas e climáticas do florestais em outras regiões, sem no entanto fauna de mamíferos superiores: os já ocasiona localmente situações de conflito.
155
Algumas bacias hidrográficas do Estado atividades humanas poluidoras. Os poluentes No Vale do Aço os valores medidos podem ser destacam-se três, por sua extensão e pelo
apresentam conflitos de uso, e a ocorrem na atmosfera sob forma de materiais utilizados apenas como um indicador do nível de degradação atingido:
continuidade do desenvolvimento econômico e particulados ou gases. Os materiais nível de qualidade do ar na região, no
social certamente agravará esses mesmos particulados compÕem-se usualmente de metais, período amostrado (outubro/76 a abril/77). - A ãrea de colinas do centro-sul de
conflitos, caso não sejam estabelecidos óxidos, sulfatos, silicatos, fluoretos, etc. Os resultados das medições da taxa de Minas Gerais, centralizada pela cidade
mecanismos convenientes de gestão. São exemplos de poluentes gasosos o sedimentação de partículas, sem exceção,^ de Oliveira, onde predominam solos
monóxido de carbono, os óxidos de enxofre, estão bem acima dos padrões, e o valor médio podzólicos, e onde coexistem voçorocas e
Uma análise homogênea e padronizada da os óxidos de nitrogênio e uma grande de todos os resultados, 45,6 g/m /30 dias, é
2
erosão em lençol. Nessa ãrea destacam-se
qualidade das águas em Minas Gerais não é variedade de hidrocarbonetos e compostos 9,2 vezes maior que o nível fixado para as ocorrências ao sul de São João Del Rei,
factível, posto que as informações Orgânicos. áreas residenciais e 4,6 vezes superior ao onde se encontra a maior densidade de
existentes acerca da qualidade das águas nas de áreas industriais. A situação é voçorocas do Estado.
diversas regiões do Estado são heterogêneas, A presença desses poluentes no ar tem semelhante no que se refere ã concentração
tanto no que tange aos objetivos dos efeitos indesejáveis principalmente nas de partículas em suspensão. Os principais - O relevo suave ondulado, com
levantamentos efetuados, como no que se áreas de saúde e da economia. Causam não responsáveis pela deterioração da qualidade predominância de cambissolos e regossolos,
refere ã concentração das estações de somente doenças e complicações diversas do ar na região são a atividade industrial, que ocorre nos municípios de Dores do
amostragem e aos tipos de parâmetros como asma, bronquite, câncer pulmonar, e t c , marcadamente a siderurgia, os veículos Indaiã, Abaeté, pompéu e municípios
pesquisados. como também prejuízos de ordem econômica automotores, os processos de combustão em vizinhos. Constitui provavelmente a
como a danificação de materiais por abrasão fontes fixas, a disposição e o armazenamento principal área crítica de erosão em lençol
Todavia, algumas conclusões de ordem geral e corrosão, ou maiores custos de inadequado de rejeitos e materiais sólidos, no Estado.
podem ser enunciadas, os cursos d'água manutenção e limpeza total, tanto em e a escassez de limpeza urbana.
mais degradados de Minas Gerais são, sem instalações industriais como domiciliares. - O relevo de cristas e colinas com vales
dúvida, os da Zona Metalúrgica, em Também para a Ãrea Mineira da SUDENE, os encaixados e predominância de Latossolo
conseqüência da concentração populacional e As principais fontes de poluição atmosférica valores medidos sÕ podem ser utilizados Vermelho Amarelo Distrõfico e de textura
das atividades produtivas dessa área. Haja são os processos industriais, os sistemas de como um indicador do nível de qualidade do argilosa, observado entre Leopoldina e
vista que a Região Metropolitana de transporte, a queima de combustível e a ar, no período amostrado (outubro/78 a Juiz de Fora. Ê possivelmente a ãrea
Belo Horizonte e sua periferia aí se disposição de resíduos sólidos. Essas fontes maio/79), De modo semelhante aos casos mais típica de escorregamento de solos
localizam. Alem disso, a potencialidade de poluição, resultado de alguma atividade anteriormente analisados, os valores da taxa em Minas Gerais. Ressalvam-se os
dos recursos naturais da Zona Metalúrgica, humana, são conhecidas como fatores de sedimentação de partículas superam os acidentes locais de maior gravidade de
com destaque para os minerais, favorecem antrópicos de degradação da qualidade do ar. padrões estabelecidos pela COPAM. Em escorregamento, que afetam rodovias e
a instalação de minerações, de indústrias Pirapora o valor médio para todas as áreas urbanas, e cujos exemplos mais
metalúrgicas e de transformação de produtos Ao lado de fatores antrÓpicos, e em medições, 36,6 g/m /30 dias, está 7,3 vezes
2
marcantes encontram-se no município de
geral fora da esfera de controle do homem, acima do padrão para áreas residenciais e Ouro Preto e em algumas localidades da
minerais não metálicos.
encontram-se os fatores naturais de 3,7 vezes acima do padrão para áreas Serra da Mantiqueira.
degradação da qualidade do ar. Taís fatores industriais. Em Montes claros os valores
As concentrações populacional e de
são pertinentes â meteorologia e ã geografia, dessas relações são respectivamente 8,8 e Alem dessas áreas, extensas regiões do
atividades produtivas da 2ona Metalúrgica,
e na ocorrência de condições específicas 4,4, para um valor médio de Estado estão degradadas pela extração de
aliadas ã intensa utilização dos recursos
(inversão térmica, calmaria, topografia 43,3 g/jrr/30 dias. A situação já não é tao coberturas detríticas lateritizadas, usadas
hídricos da região, justificam a seleção,
desfavorável, etc.) podem restringir a desfavorável no que se refere aos valores paradoxalmente na conservação ou construção
pelo CETEC, das cabeceiras dos rios
diluição natural dos poluentes do ar, isto ê, médios mensais da taxa de sulfatação total. de rodovias. Ê importante destacar, face à
Paraopeba e das Velhas para estudo
reduzir a capacidade de auto-depuraçao da O valor médio geral encontrado para o atual problemática energética, a existência
sistemático de monitoramento. Esses rios
atmosfera, com conseqüências indesejáveis. município de Pirapora ê de de extensas áreas de erosão laminar ou era
recebem, nessa região, grande carga
poluidora, que os torna críticos do ponto 0,110 mgSO /100 cm /dia e para o município
3
2
sulcos a montante das barragens de
de vista da qualidade da água, sobretudo A mais importante fonte de informações a de Montes Claros 0,70 mgSO /100 cm /dia.
3
2
Três Marias, São Simão, Camargos e Furnas.
com relação aos parâmetros sólidos totais e respeito da qualidade do ar no Estado é, Os elevados índices de erosão que se
sedimentáveis, turbidez, DBO e diversos sem dúvida, a rede de amostragem instalada Não se tem informação alguma a respeito dos observam nessas áreas poderão, através dos
metais pesados. na Região Metropolitana de Belo Horizonte. níveis de poluição do ar a que estariam assoreamentos decorrentes, causar uma
Sua operação sistemática teve início no submetidos mais de 70% da população estadual. significativa redução do volume total de
final de setembro de 1977. acumulação de água e conseqüentemente
Na parte mineira da bacia do Rio da vida útil dos reservatórios.
Paraíba do Sul, também monitorada pelo CETEC, No que se refere ao material particulado Além disso, ã parte regiões como o Triângulo
as águas de pior qualidade são as do sedimentãvel, os valores médios anuais mais Mineiro, Juiz de Fora e João Monlevade,
Rio Paraibuna, no trecho analisado a jusante elevados ocorrem, em ordem decrescente, nos freqüentemente são detectadas, dos mais
de Juiz de Fora, onde o intenso lançamento
de despejos industriais e de esgotos
municípios de Vespasiano, Caeté, Contagem,
Sabarã, Pedro Leopoldo, Betim, Rio Acima e
diversos modos, novas áreas onde os níveis
de qualidade do ar já apresentam 8.3. Síntese de inter-relações
residenciais revela-se nos elevados teores
de amónia, DBO, coliformes fecais, sólidos
Belo Horizonte. Tais valores se devem
possivelmente a grande atividade industrial,
deterioração- E esse o caso das áreas em
torno dos municípios de pratãpolis, a setoriais
totais e metais pesados, alem do baixo OD ao tráfego intenso e ãs permanentes sudoeste de Belo Horizonte, e Barroso, ao
detectados. atividades de urbanização dessas localidades. sul. Em ambos os municípios é intensa a. O desmembramento do meio ambiente em
£ sintomático que municípios como Raposos, atividade de produção de cimento, sem os setores de estudo - indústrias de
Em contraste com as regiões central, sul e Ibirité e Ribeirão das Neves, que apresentam adequados equipamentos de controle de transformação, saúde, qualidade da água,
sudoeste do Estado, as regiões noroeste, pequena concentração industrial, apresentem emissões. etc. -, constitui unicamente um método de
norte e nordeste, embora com menores níveis também as menores taxas de sedimentação por abordagem. Nao significa que o meio
de informações, apresentam de uma forma partículas. • Solo ambiente seja formado de compartimentos
geral cursos d'água com uma boa qualidade. estanques, sem mútua interferência.
São bacias hidrográficas de pequena Com relação â taxa de sulfatação total, Sabe-se que qualquer interveniência do A realidade ambiental forma-se exatamente a
densidade populacional e com reduzido número os valores médios anuais vêm decrescendo de homem no solo implica, positiva ou partir dessas interferências, e o valor
de atividades produtivas poluentes. ano para ano, mas no momento não é negativamente, em maior ou menor intensidade relativo de cada uma delas é função das
Pode-se dizer que do paralelo 19° para o possível estabelecer-se uma relação de causa de modificações das suas propriedades. características naturais & antrõpicas de
norte, o Estado apresenta, com algumas e efeito, ou mesmo concluir se tal redução e Infelizmente a maioria das modificações cada região. Assim, considerado um
exceções, rios cuja qualidade de água se real ou não. Os municípios que apresentam provocadas pelo homem direcionam-se no determinado setor de estudo, os demais
enquadra nos padrões estabelecidos para a as maiores taxas. Contagem, Betim e sentido da redução ou destruição da setores serão vistos como efeitos, causas
classe 2. capacidade produtiva do solo. A mecanização ou componentes acessórios daquele.
Belo Horizonte, sao precisamente aqueles
nos quais se concentra a atividade sem critério, o uso impróprio do solo ê o
• Ar industrial, e onde o tráfego de veículos é desmatamento indiscriminado aceleram a erosão, Na tentativa de se estabelecer um quadro
intenso. Já nos municípios de resultando na redução da fertilidade, preliminar das múltiplas inter-relações
A semelhança de outros componentes do Pedro Leopoldo e Vespasiano, a ocorrência elevação da acidez e exposição do subsolo. setoriais elaborou-se o diagrama matricial
meio ambiente natural, como os recursos de compostos de enxofre na atmosfera pode apresentado na Figura 8.1. 0 que se
hídricos e o solo, a atmosfera também esta ser atribuída, em boa parte, ã operação de Entre as áreas detectadas como focos de pretende com esse diagrama é identificar,
sujeita ã degradação em conseqüência de indústrias cimenteiras. erosão acelerada em Minas Gerais, de forma sintética, as relações de causa e
156
efeito que condicionam as interações entre saúde, aparece uma seta no sentido acessórios dos processos que envolviam os qualidade do ar aparecem dois componentes
os vários setores de estudo em que foi qualidade do ar-saüde, indicando que o setores agrupados como meio antrópico. geográficos: o clima e o relevo, que podem
dividido o meio ambiente neste diagnóstico primeiro tem efeitos sobre o segundo. Trata-se aqui de uma concepção concorrer para o agravamento de situações
e as relações setoriais acessórias, Dupla seta em determinada confluência indica antropocêntrica, que compreende o meio localizadas, embora não constituam
caracterizadas por interações que não podem que a relação entre os setores ambiente, a cada instante, como o resultado propriamente causas diretas. Outro exemplo
ser propriamente consideradas como de causa correspondentes ê biunívoca. Setas cheias transitório da interação do homem com o de inter-relação direta refere-se ã questão
e efeito diretos. representam interações fortes, setas meio bio-físico que o circunda. alimentar e seus desdobramentos; por um
vazias, interações medias. Os círculos lado, a insuficiência alimentar afeta a
As setas no diagrama apontam a partir da simbolizam que um dos setores em questão 0 diagrama de inter-relações setoriais saúde e a educação, sendo também a própria
causa, na direção do efeito. Assim, na e componente acessório de processos permite também o reconhecimento de absorção de alimentos pelo organismo afetada
confluência dos setores qualidade do ar e pertinentes ao outro. relações indiretas entre os diversos pelas condições de saúde; por outro lado, as
setores. A confluência dos setores próprias dietas alimentares, ao demandar
emprego e erosão do solo não indica qualquer quantidades diferenciadas de áreas para_
Figura 8.1. Diagrama matricial de inter-relações entre setores do meio ambiente relação direta, seja de causa e efeito, seja nutrir uma mesma população, fazem pressões
a nível de componente acessório. Todavia, diferenciadas sobre o meio natural,
um solo degradado, erodido, tem efeitos especialmente as áreas florestadas.
Geologia desastrosos sobre a agropecuária e
Relevo
subseqüentemente sobre a distribuição e a Um aspecto para o qual é importante chamar
oferta de empregos na região considerada. a atenção é o das relações diretas e
Solos Delineia-se, desse modo, uma relação indiretas entre o uso da terra e a saúde.
indireta entre a erosão do solo e o nível Assim, pode-se afirmar que o progressivo
Clima
e a oferta de emprego. desmatamento do Estado até se chegar ãs
P o t a m o g r a f io áreas irrisórias de florestas que hoje
Recursos Hi'dn'cos As interferências mútuas entre alguns ou apresenta, destruiu o habitat e os
vários setores, embora não estejam sujeitas predadores de insetos como o barbeiro, que,
Fauna « Flora
a restrições espaciais, podem ocorrer de migrando para as cidades e habitações
u s o s da T a r r a modo especialmente intenso em determinada urbanas, dissemina a doença de Chagas.
localidade, região ou microrregião. Assim,
Indústria de Transformação
a influência das condições de habitação e Cada vez que se elimina uma mata para ceder
Indústria Extrativa Mineral saneamento básico sobre a saúde é lugar a uma nova pastagem, estã-se alterando
calamitosa na região do Vale do a flora e a fauna locais, além da estrutura
Agropecuária
Jequitinhonha. A degradação do patrimônio de uso da terra, para se atender a uma
Energia histórico põs-cabralino através da abrasão demanda vital por proteínas. Ocorre,
e corrosão provocadas por má qualidade do entretanto, que o consumidor final desse
Estruturo Espacial
ar, é objeto de preocupação no município de alimento freqüentemente se encontra fora da
Habitação e Saneamento Ouro Preto, patrimônio histórico mundial. localidade. Há, assim, uma exportação de
energia para fora do ecossistema, e sua
Saúde
O setor educação, pela multiplicidade de destinação não contribui para suprir as
Alimentação inter-relaçÕes que apresenta, merece necessidades nutricionais básicas da
destaque. Além da necessidade premente, já população aí residente.
Emprego
mencionada nos capítulos anteriores deste
Educação diagnóstico, de se aprimorar o sistema Também a disponibilidade de empregos ê
Patrimônio Cientifico-Natural : Ecossistemas público de ensino, notadamente no 19 grau, fortemente afetada pelos diversos setores
o diagrama demonstra ainda a necessidade que foram estudados neste diagnóstico.
Patrimônio Natural e Cultural Pre-histdrico de serem desenvolvidos, por iniciativa do A riqueza dos ecossistemas mineiros
— Interação de Causa /Forte Estado, programas de educação ambiental. representa um patrimônio variado, que, se
Património Histórico Pds - cobrolino
— Interação de Causo / Médio Tais programas visariam uma melhor formação convenientemente gerido, proporcionaria a
Sítios de Volor Cênico Excepcional
—* Interação de Efeito / Forte da consciência popular a respeito dos criação de atividades produtivas para"toda a
Qualidade da Água
problemas ambientais, que afetam a todos. população.
—> Interação de Efeito/Media
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agrícola reduziram as áreas de florestas quanto de ruído urbano já foram realizadas.
nativas a menos de 2% do território mineiro. Conquanto esses trabalhos apresentem caráter
esporádico, é possível concluir que há
Em substituição a essas florestas nativas grande necessidade de se realizar um
foram implantados reflorestamentos programa mais amplo de medições, jã que os
homogêneos ao norte do Estado, no resultados preliminares indicam níveis
Triângulo Mineiro, no Alto Jequitinhonha e invariavelmente acima dos recomendados na
no Vale do Rio Doce. Esses reflorestamentos legislação vigente. Essa legislação, embora
tendem a se expandir ã medida que aumenta bastante completa no que toca o ambiente de
a pressão pelo uso do carvão vegetal, e trabalho (ruído industrial), é insuficiente
podem trazer conseqüências ambientais graves e carente de normalização técnica para
aos ecossistemas daquelas regiões. níveis exteriores (ruído urbano). Nao há
A destruição e a homogeneização da flora dúvida de que os níveis de ruído em
afetam fortemente o desenvolvimento da fauna. determinado local têm relação direta com a
saúde e o bem-estar dos indivíduos.
Com relação ã habitação, os problemas não
são menos graves. Nas zonas rurais a Finalmente, vale ressaltar que o diagrama
habitação rústica favorece o desenvolvimento apresentado neste capítulo não esgota o
de enfermidades endêmicas, ao passo que nas arsenal de interações setoriais formadoras
áreas urbanas a adoção de padrões e estilos da realidade ambiental onde transita o homem.
construtivos inadequados geram condições Nem mesmo a setorização estabelecida é
insatisfatórias de conforto ambiental, que inteiramente abrangente. Ê questionável,
por sua vez demandam maior consumo de_ inclusive, a possibilidade de se alcançar
energia para aclimatação das construções. tal abrangência. Esse questionamento atinge,
nesse particular, a problemática dos limites
No que se refere ã qualidade da a g u a , podem de conhecimento humano. No entanto, a
concorrer para sua degradação fatores utilidade de diagramas e simplificações
geológicos, biológicos e hidrológicos, mas dessa natureza é indiscutível, ao se
a maior parte da poluição hídrica resulta considerar a que público este trabalho se
das atividades antrópicas. 0 adensamento destina. Estudiosos do meio ambiente,
das atividades industriais e da população planejadores oficiais, técnicos ambientais
no Estado já vem ocasionando situações de e mesmo o público em geral certamente
conflito pelo uso da água, que "certamente encontrarão aqui subsídios metodológicos
virão a se agravar se persistir a ausência e factuais de grande valia no âmbito de
de mecanismos convenientes de gestão dos suas respectivas atividades,
recursos hídricos.
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