Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract: The aim of this article is to analyze the concept of Bildungsroman - novel of
formation - as a determined literary category constituted through an academic
discussion, in order to conclude in what media this historical-discursive attitude
inaugurates ruptures and continuities in relation to his main and most expressive
reference artistic work; namely: The Years of Learning by Wilhelm Meister, by Goethe.
For this purpose, a presentation of the historical origin of the concept will be made first,
and then the main theoretical advances of its academic-literary discussion will be
presented. Finally, we will try to justify the potentiality of Goethe's work as a prominent
event for the foundation of the concept of Bildungsroman, relating it both to the
exhibition of the work's plot, as well as its artistic legacy: at the same time as its
publication and later on reverberation of the Goethian paradigm in some 20th century
novels.
Keywords: Bildungsroman; Wilhelm Meister's Years of Learning; Goethe; Academic
discussion; Artistic legacy.
***
(...) o Bildungsroman é um conceito constituído
discursivamente, isto é, sustentado por uma
atitude histórico-discursiva do que por suas
características históricas imanentes (MASS,
2000, p. 240).
1
Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). E-
mail: gabrielelid@hotmail.com.
O conceito de Bildungsroman
2
“Mit diesem nun offenen Ende des Bildungsprozesses ging ein umfassender Wandel des Menschenbilds
einher. Für die deutsche Klassik stieg der Bildungsbegriff zur zentralen Kategorie ihres
Weltdeutungsmodells auf, durch sie wurde der Bildungsbegriff in drei wesentlichen Aspekten erweitert:
Die Vorbildhaftigkeit der Antike (Winckelmann), die Verbindung mit Metamorphosevorstellungen
(Goethe) und als ästhetisches gegenrevolutionäres Erziehungskonzept (Schiller)”.
A pretensão por uma formação universal, que até então era privilégio apenas da
aristocracia, vem a incluir um público mais vasto a possibilidade dessa educação
orientada pela obra de arte, movimentando a frágil classe média alemã à emancipação
política através da cultura. Assim como expresso nas Cartas sobre a Educação estética
da humanidade, de Schiller, é apresentado a exigência de uma imediata intuição estética
da forma ideal no próprio plano sensível; de modo a superar os limites que o âmbito da
experiência impunha através da influência do kantismo.
É, pois, considerando tal conjuntura, bem como os ressentimentos com o
resultado da Revolução Francesa que o regime de terror impôs, que a comentadora
brasileira Wilma Patrícia Mass afirma:
Goethe efetivamente realizou uma estetização da sociedade, por meio das
intrincadas relações entre as personagens, que, ao final do romance, se
explicam e se harmonizam, não apenas por relações de matrimônio e
parentesco, mas também de afinidades espirituais, eletivas (MASS, 2000, p.
22).
Contudo, as Lições sobre Estética (Vorlesungen über die Asthetik , mantidas por
mais de dez anos por Morgenstein garantiram, por outro lado, uma grande liberdade de
resposta à questão por ele posta, muitas vezes identificando o romance de formação
3
Dieser literarische Exhibitionismus in der Darstellung des eigenen Bildungsprozesses scheint der
Angelpunkt zu sein, an dem Morgenstern seinen Bildungsroman-Begriff festmacht.
4
Die Abgrenzung gegen den didaktischen Roman der Aufklärung leistet Morgenstern nur flüchtig
(»nichts Didaktisches«); sie bezieht sich, wie auch die weitere Differenzierung von philosphische Roman,
Kunstroman und allgemeinem Bildungsroman, auf die klassische Bildungskonzeption einer harmonisch
gedachten, allgemein menschlichen Bildung. An dieser Stelle wird dann doch Goethes
WilhelmMeisterzum Patadigma der Gattung, zum »vorzüglichsten seiner Art, aus unserer Zeit für unsere
Zeit.
5
Mit seiner universalen Begriffserweiterung macht Morgenstern seine Begriffsprägung dann allerdings
selbst zur Leerformel, wenn er behauptet, jeder gute Roman sei im Grunde ein Bildungsroman.
6
Der Roman als »moderne bürgerliche Epopöe« erhält bei Hegel die Aufgabe, den »Konflikt zwischen
der Poesie des Herzens und der entgegenstehenden Prosa der Verhältnisse« darzustellen und zugleich zu
vermitteln.
7
Mit Wilhelm Dilthey beginnt die eigentliche Geschichte der Bildungsroman-Forschung.
8
Mit Hegel liest Dilthey den Bildungsweg des Helden als unfreiwilligen Austrieb aus einem
paradiesischen Urzustand in eine feindliche Welt.
9
Nimmt man dies ernst, dann würde die Struktureigenheit des Bildungsromans gerade in diesem
intensiven Wirkungszusammenhang zwischen einem gebildeten Erzähler,einem zu bildenden Helden und
einem in diesen Prozeß hineingezogenen Leser liegen!.
10
Dieses »Zwitterhafte am Bildungsroman« [...], die eben nicht harmonisch aufgelöste, sondern
durchgehaltene Spannung macht für Swales gerade das eigentliche Gattungsmerkmal aus und nähert den
Bildungsroman der literarischen Utopie an. Ob damit der Bildungsroman auch dem heutigen Leser einen
direkten, identifikatorischen Zugang ermöglicht, weil er dem modernen Erzählen näher liege als der
Gesellschaftsroman, ist eine kühne These, die freilich eine Untersuchung verdiente.
11
Diese mangelnde Kenntnis der realen Dinge des Lebens reflektiert der Erzähler als ein Bildungsdefizit
des Helden.
12
Martini weist darin erstmalig nach, daß der Begriff des Bildungsromans nicht von Dilthey, sondern von
Morgenstern geprägt worden ist und damit die Begriffsprägung und die Frühgeschichte des
Bildungsromans viel enger zusammengehören, als man gemeinhin annimmt. [...]. Martini kann zeigen,
daß der Bildungsroman keine »kategoriale ästhetische Form«, sondern eine »historische Form« ist, deren
Voraussetzungen weniger in einer isolierbaren »formalen Strukturgesetzlichkeit«, sondern »primär im
Stofflichen, Thematischen und in seiner Wirkungsabsicht und -funktion liegen.
oposto ao seu objetivo último, mas, sem negá-la completamente, apenas a considera
como um estágio necessário a ser superado em direção à nobreza de caráter. Concepção
esta que pode ser vislumbrada na seguinte fala de Wilhelm, apesar de expressa apenas
em uma fase avançada do livro:
- Oh, que inútil severidade da moral – exclamou -, quando a natureza, a seu modo
amoroso, nos forma para tudo aquilo que devemos ser! Oh, as estranhas exigências da
sociedade burguesa que primeiro nos confunde e nos desencaminha, para depois
exigir de nós mais que a nossa própria natureza! (GOETHE, 1994b, p. 502).
Entretanto, será nas cartas com seu primo e amigo de infância Werner, que
representa o paradigma burguês no romance, que Wilhelm explicitará mais
sinteticamente tais intenções. Em uma das mais famosas passagens do romance, o nosso
protagonista escreve a seu primo:
De que me serve fabricar um bom ferro, se meu próprio interior está cheio de
escórias? E de que me serve também colocar em ordem uma propriedade
rural, se comigo mesmo me desavim? Para dizer-te em uma palavra: instruir-
me a mim mesmo, tal como sou, tem sido obscuramente meu desejo e minha
intenção, desde a infância [...].
Fosse eu um nobre, e bem depressa estaria suprimida nossa desavença; mas
como nada mais sou do que um burguês, devo seguir um caminho próprio, e
espero que venhas a me compreender. Ignoro o que se passa nos países
estrangeiros, mas sei que na Alemanha só a um nobre é possível uma certa
cultura geral, e pessoal, se me permites dizer [...].
Se, na vida corrente, o nobre não conhece limites [...], pode portanto
apresentar-se onde quer que seja com uma consciência tranquila diante dos
seus iguais, pode seguir adiante, para onde quer que seja, ao passo que o
burguês nada se ajusta melhor que o puro e plácido sentimento do limite que
lhe está traçado (GOETHE, 1994b, p. 292-3).
aceitar tudo de bom grado, porque também esse mal aparente não poderia ser
senão para meu verdadeiro bem. Assaltaram-me então os sentimentos mais
suaves, que dissiparam todas as nuvens de pesar; sentia que com aquela ajuda
tudo poderia suportar. Sentei-me bem-disposta à mesa, para assombro dos
meus familiares (GOETHE, 1994b, p. 376).
13
Aus dem ständischen Gegensatz zwischen adeliger Geburt und Bürgertum entwickelt sich dann ein
funktionaler, der von gleichwertigen Ebenen ausgeht.
14
Diese Affinität der BildungsromanHelden zum Adel scheint geradezu konstitutiv für dieGattung zu
werden [...]. Am Adel, so steht zu vermuten, bespiegelt der Held seine erreichte Bildungshöhe auch
gesellschaftlich.
Entretanto, simplesmente como uma negação da vida passada, e não como uma
continuação do teatro na vida como um todo, Wilhelm primeiramente interpreta nestas
cartas a completa inexistência de cultura onde antes ele havia procurado: a saber, na
vida teatral (SELBMANN, 1994b, p. 67).
15
Zugleich erscheint der Vorgang als Kontrafaktur einer Theateraufführung mit mehrfach gehobenemund
gesenktem »Vorhang« [...]; was wie gegen Wilhelms Theaterlaufbahn gerichtet zu sein scheint, erweist
sich als ihr komplementär: auch der Lehrbrief ist eine »Rolle«.
16
Überblickt man nun dieses angebliche Paradigma des Bildungsromans, so muß man feststellen, daß der
Interpret alles das, was er sucht, nicht findet: keine Rezepte, kein Bildungsmodell, kein Ergebnis.
Segundo Mass, será Felix Krull de Thomas Mann e O Tambor de Günter Grass
os dois maiores exemplos em que essa reação à tradição do Bildungsroman se realizou
mais nitidamente. (Ibid., p. 215) No primeiro, diferentemente daquele de Goethe, a
comentadora brasileira afirma que, “o protagonista, ao relatar sua trajetória, não tem
como perspectiva a integração, a constituição de uma personalidade individual, mas sim
a abolição de quaisquer marcas distintivas de caráter” (Ibid., p. 215)
Assim, como uma antítese do objetivo nobre e solene de uma educação clássica,
o Felix Krull procura se aproximar de classes diferentes daquela que nasceu através da
trapaça, e, logicamente, não para integrá-las à sua cultura, mas apenas para ascender seu
status social, a saber: o modelo picaresco dos disfarces impressos em suas corrupções, e
a pseudo-autobiografia de um anti-herói (MASS, 2000, p. 224-225).
Já no romance de Günter Grass, ao invés do malandro anti-herói, tem-se uma
paródia recheada da mais sutil ironia. O enredo, apesar de também apresentar o conflito,
como em Meister, entre seguir a herança paterna e a vocação artística, aqui
ironicamente simbolizada pelo tambor de lata, a história prossegue com uma série de
recusas, cujo destino é a internação do protagonista no hospício, onde é feita a
“gloriosa” retrospectiva de sua trajetória (Ibid, p. 234).
17
Die sog. Renaissance eines neueren deutschen Bildungsromans um und kurz nach 1900
beginntziemlich genau zeitgleich mit der Autorität Diltheys bei der Einführung des Bildungsromans als
Terminus der Literatutwissenschaft.
Por fim, desta vez identificado por Marco Aurélio Werle, o Gato Murr, de
Hoffmann, revela a consciência desta herança através da impossibilidade, em nenhum
plano de realidade, de resolução dos conflitos entre o mundo ideal da nobreza e o real
burguês de modo muito mais explícito do que se vislumbrou no romance de Goethe.
Narrado em primeira pessoa, e de uma forma muito mais solta, a história transmite o
caos e o pessimismo de um lado mais tenebroso e desconfiado da ação humana
(WERLE, 2017, p. 290-291):
“Grosso modo, se temos de um lado o entusiasmo de Goethe pelos ideais
humanistas, de outro há Hoffmann, que já está se aproximando da atmosfera
de pensamento pré-revolução de julho de 1830, e de um Schopenhauer ou
Nietzsche” (WERLE, 2017, p. 292).
Conclusão
“A pergunta que se impõe é: quais são as consequências, para os estudos
literários, da utilização demasiada de um termo tão impregnado de circunstancialidade e
historicidade?” (MASS, 2000, p. 24).
A história da recepção e interpretação de Os Anos de Aprendizado de Wilhelm
Meister pode ser vista até hoje como estando tão intrinsecamente conectada com a
[in]determinação conceitual do próprio Bildungsroman; que lhe é praticamente
impossível desvencilhar, pois nunca foi expresso por completo e suficientemente o seu
processo de definição.
Por outro lado, pode-se também compreender o que Goethe quer com seu
romance como diferente da formalização de um modelo educacional: pois não há nem
na carta educacional de Wilhelm, nem na carta de ensino da Torre, e nem mesma na
conclusão do romance, nenhuma prática doutrinal explicita que possa ser implementada
pelo educador que “narra” esse aprendizado a um outro “herói”. (SELBMANN, 1994a,
p. 59-60).
Apesar de todas essas determinações negativas, o seu poder enquanto paradigma
do romance educacional continua inevitavelmente influenciando novos escritores e
discussões literárias, como afirma Selbmann:
Wilhelm Meister pode ser considerado como um paradigma do romance de
formação, pois ele se concentra em todos os discursos educacionais da época
e os entrelaça, mas não os “realiza” ou os resolve de maneira exemplar, como
o discurso sobre o maior ou mesmo o único romance de formação alemão
quer saber, mas como ele faz o dela representa potencial abertura e
Referências Bibliográficas
GOETHE, J. W. Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister. São Paulo: Ensaio.
1994b.
18
Als Paradigma des Bildungsromans kann Wilhelm Meister insofern gelten, als er alle Bildungsdiskurse
der Epoche zentral thematisiert und miteinander verschänkt, sie aber nicht >erfüllt< oder mustergültig
löst, wie es die Rede vom größten oder gar einzigendeutschen Bildungsroman wissen will, sondern als er
ihre potentielle Offenheit und Fortsetzbarkeit, ihre Veränderbarkeit und Aufhebbarkeit darstellt.