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A superação da alienação religiosa

A questão de partida aqui colocada foi: como, então, poder-se-á superar a alienação religiosa
segundo Marx?

A superação realiza-se partindo da práxis. De nada serviria privar o povo do ópio e não mudar
nada. A crítica da religião consiste em libertar o povo da ilusão. Por isso a crítica religiosa deve
ser seguida da crítica política e da revolução prática a fim de estabelecer a verdade neste mundo.
Do ponto de vista económico, a alienação religiosa tem sua origem na divisão do trabalho porque,
na sociedade capitalista, os meios de produção tomaram-se propriedade privada; no processo
tecnicizado da produção industrial, os operários só têm o trabalho para vender. Por ele recebem
um preço.

Ora, a alienação religiosa funda-se, segundo Marx, na alienação econômica. Por isso é preciso
mudar as relações de produção, eliminando a propriedade privada dos meios de produção. Como
a religião integra a superestrutura, mudando a infra-estrutura, também ela mudará, ou melhor,
desaparecerá. Por isso não há necessidade, teoricamente, de combatê-la, pois ninguém sentirá sua
falta. Em outras palavras, a consciência religiosa morrerá por si mesma. Friedrich Engels diz que
“toda a religião é apenas o reflexo fantástico, na cabeça dos homens, daquelas forças exteriores
que dominam sua existência cotidiana, um reflexo no qual as forças naturais assumem a forma de
sobrenaturais”. No começo da história são as forças da natureza.

Depois surgem as forças sociais. A seguir todos os atributos naturais e sociais dos muitos
deuses são vinculados a um único Deus onipotente, reflexo do homem abstrato. No mundo da
economia burguesa diz-se: “O homem pensa e Deus ajuda”. Para Marx, Deus é apenas consolação
interesseira. (Ibidem, p. 128 e 129).

Se, para Marx, “a religião era ópio do povo” agora passa a ser vista como “ópio para o povo”. E o
partido deverá combater toda a ignorância e escravidão religiosa. Marx radicalizou o ateísmo de
Feuerbach, o qual estava sempre em polêmica com a teologia e a religião. Em Feuerbach trata-se
de ateísmo mediado, sempre envolto com ar “religioso”. Marx voltou-se diretamente a este mundo.
O ateísmo é a negação de Deus e a afirmação da essência do homem

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