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A Produção Integrada de Morango (PIMo) permite ao agricultor utilizar cerca de

dez vezes menos defensivos químicos, aumenta a produtividade por planta e


ainda gera um fruto mais valorizado pelo mercado consumidor. Foi o que
descobriram os produtores da região de Atibaia e Jarinu (SP), que adotam a
PIMo desde 2006 e conquistaram a primeira certificação brasileira em 2011.
Desde então, eles passaram a utilizar um selo para indicar a procedência de seu
morango, o que agregou valor ao produto.

Em 2017, o município de Piedade também aderiu à produção integrada da fruta.


Os agricultores ainda relatam ganhos em sustentabilidade, qualidade de vida,
segurança do alimento e melhora dos produtos.

A PIMo permite o uso de agrotóxicos, desde que registrados e utilizados como


último recurso, e otimiza técnicas de plantio, manejo, colheita e pós-colheita.
Conforme Fagoni Calegario, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) e
coordenadora do processo desde o início, “a integração entre os profissionais é
condição fundamental para que produtores, técnicos e diversos agentes da
cadeia produtiva possam compreender e adotar práticas mais sustentáveis”

“A certificação foi um passo importante que permitiu aos produtores comprovar,


por meio de diversas evidências, que todas as boas práticas agrícolas e de
fabricação foram adotadas, gerando um morango de alta qualidade e segurança.
Essa comprovação torna-se cada vez mais importante no cenário atual, em que
a inocuidade dos alimentos e a sustentabilidade consolidam-se como fatores de
competitividade das cadeias agrícolas”, acredita Calegario.

Atualmente, os sete produtores certificados no estado de São Paulo cultivam


aproximadamente 100 mil pés de morango em dois sistemas: solo e semi-
hidropônico (hidropônico cultivado em substrato), com ótimos resultados, de
acordo a pesquisadora. Em 2018, o produtor Keiji Nakashima inaugurou o
primeiro colha-e-pague de morango certificado em Atibaia, sistema em que o
próprio consumidor colhe as frutas que vai levar para casa.

Como o objetivo do sistema é reduzir a utilização de agrotóxicos, desde as


primeiras etapas são observados critérios técnicos e adotadas as boas práticas
agrícolas. O produtor Osvaldo Maziero, de Atibaia, trabalha com a PIMo desde
2008. Ele enfatiza a importância dos ganhos ambientais pela redução do uso de
defensivos. “Isso interfere diretamente na qualidade dos morangos, já que o uso
desses produtos é planejado e controlado. O uso racional de agrotóxicos é um
caminho que não tem volta. Somos os pioneiros em Produção Integrada de
Morango no Brasil. Criamos a marca do morango certificado Atibaia-Jarinu e
outras regiões estão nos seguindo o exemplo. Esse modo de produção começou
aqui e queremos que continue. Somos o berço do programa e temos orgulho
disso”, relata o produtor.

Para o produtor Cláudio Donizeti dos Santos, também de Atibaia, os ganhos,


além de ambientais, foram também financeiros, já que vende 90% da sua
produção diretamente aos consumidores por um preço diferenciado, que
considera justo, uma vez que os morangos têm a garantia de segurança do
alimento.

“Com a produção integrada, a economia com o uso de defensivos é um benefício


para nós produtores e também para os consumidores. Conseguimos fazer
melhor e ganhamos por esse diferencial. Antigamente, usava mais produtos
químicos. Agora, só quando é muito necessário,” relata.

Para o responsável técnico de Atibaia Marcos Albertini, os produtores ficaram


mais conscientes quanto ao uso de agrotóxicos. Além disso, a implantação da
PIMo e o contato com outros produtores os tornaram mais predispostos a
receber informações técnicas. “A produção de morango, com os cadernos de
campo, passou a ser mais empresarial, mais profissional”, acredita Albertini.

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