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Lição 2 >>Carácter Santificado<<

1- Entendendo o que é caráter


O termo carácter tem sua raiz na palavra grega “chrasso”
ligada ao verbo “charasssein”. Seu significado é imprimir ou
gravar. A etimologia desta palavra é muito rica é preciosa. A
ideia é de que a nossa postura moral e ética vá se definindo
ao longo da vida como uma gravura ou como uma estampa.

Caráter é, na realidade, o assento moral de uma pessoa. É a


soma de todas as características de um individuo tal como sua
conduta demostra. É a integração de todas as virtudes e
defeitos morais de alguém. O caráter de uma pessoa se
manifesta por sua maneira de comportar-se. Inclui suas
atitudes , seu modo de sentir, pensar, falar, agir, reagir e
decidir. Seus aspectos mais profundos se dão a conhecer
especialmente na forma como ela reage ante a prova, a
tentação, a adversidade, o infortuno, os momentos difíceis de
suporta, mas também em como ela se comporta diante dos
elogios, do poder ou do sucesso.

2- Fatores de formação de Caráter


A ação repetida várias vezes por alguém se torna hábito. Se
esse hábito tem a ver com a conduta, acabará se cristalizando
numa marca definida de seu caráter. Essas qualidades podem
ser positivas (a sinceridade, a generosidade, a humildade, a
honestidade, etc..) ou negativas (a falsidade, o racismo, a
arrogância, o egoísmo, etc...). É óbvio que muitas destas
características vão se estabelecendo a partir da infância.
Assim, podemos dizer que, no principio, o comportamento
forja o caráter, e uma vez forjado o caráter, este naturalmente
condiciona o comportamento.

Há vários fatores que contribuem juntamente para formar o


caráter de um individuo. Vejamos os principais:

a. Herança Genética- Quando Adão e Eva pecaram, seus


genes foram afetados. Desde então, todos os seus
descendentes herdaram uma natureza pecaminosa, ao que
a Bíblia chama “carne”. Todos nós nascemos com essa
fortíssima influência interior para pecar. Muitas de suas
tendências são bastantes especificas e foram transmitidas
geneticamente de nossos ascendentes próximos(pais, avós,
etc...). Desta maneira, muitas vezes encontramos um gênio
violento, por exemplo, sendo transmitido de pai para filho
até mesmo sem o aspecto da convivência. Mas, apesar de
que isto seja uma realidade, não estamos
irremediavelmente condenados á sua escravidão. Em Cristo
temos todos os recursos para anular tendências
pecaminosas, ainda que tenhamos nascidos com elas.
Como já vimos, o fruto do Espirito é a resposta de Deus
para nossos desvios comportamentais inatos.
b. Educação- É óbvia a tremenda importância da educação na
formação do caráter de um individuo, especialmente nos
primeiros cinco ou seis anos de sua vida. A
responsabilidade educadora dos pais é fundamental.
Conceitos ensinados e repetidos tendem a moldar
comportamentos que, como já vimos, vão se sedimentando
até imprimirem-se no caráter. Daí a importância de se
gastar tempo ensinando conceitos aos filhos e usando da
disciplina para estabelecer em suas vidas limites saudáveis.
Todavia, este é outro fator que influencia imensamente,
mas não determina obrigatoriamente o padrão moral de
alguém.
c. Referenciais Próximos- Pessoas que convivem de perto
conosco tem uma grande influência na formação do nosso
caráter, principalmente os país e irmão maiores, como
também os amigos e companheiros. I Pedro 1:18, diz:
“fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram”. Muitas vezes, maneiras equivocadas de
viver se transmitem por várias gerações através de
exemplo. Em Proverbio 1:10-19, Salomão aconselha seu
filho a não se deixar levar por más companhias. Outra vez
devemos assinar que este fator influencia, mas não
determina. Temos na Bíblia exemplo de pessoas que
sucumbiram diante dos maus referenciais, assim como de
outras que escaparam desta influência ainda que ela
existisse. Isaque se deixou levar por um mau exemplo de
Abraão (a mentira) e repetiu o mesmo erro (Gn. 37:3). Por
outro lado, José, filho de Jacó, não absorveu essas
qualidades negativas. Samuel é outro que se guardou do
mau exemplo dos filhos de Eli, com os quais foi criado
desde sua primeira infância (I Sm. 2:12-18).
d. Meio-Ambiente, Cultura e Sociedade- O meio onde
vivemos exerce uma forte influência sobre nossa forma de
pensar e agir e, portanto, na formação de nosso caráter.
Como o homem é um ser social, ele tende a moldar-se com
a determinam os tipos de comportamentos aceitáveis ou
não, muitas vezes à revelia do que Deus estabeleceu em
sua Palavra. A cultura, o pensamento coletivo, a mídia, a
moda e tanto outros fatores são usados por Satanás para
disseminar padrões ofensivos à santidade do Senhor. A
palavra de Deus, porém, nos manda resistir a esta força
externa: “E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimentei a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”
(Rm. 12:2)
e. Circunstâncias Adversas- As circunstâncias pelas quais uma
pessoa passa na vida podem exerce grande influência sobre
a personalidade e seus valores interiores. Muitos se tornam
amargos, rebeldes, dissimulados, desonestos, violentos e
manifestam outras deformação a partir de uma experiência
negativa ou como consequência de uma vida adversa ou
desfavorecida. A miséria tem um poder terrível de deforma
o caráter. No entanto, esta também não é um fator
absoluto ou determinante. No meio da família ou grupos
que viveram verdadeiras tragédias existenciais, podemos
encontrar pessoas de bem que não se deixaram dominar
pela corrupção moral e nem pela rebelião.
f. Influências Espirituais- Para nós, cristãos, é mais do que
certo o poder do mundo espiritual sobre a vida das
pessoas. Se é verdadeiramente que a ação do Espirito
Santo pode esculpir numa vida o caráter semelhante ao de
Cristo, é a verdade também que os demônios podem
provocar terríveis marcas na personalidade de alguém, seja
usando e promovendo os fatores citados a cima, seja
através de uma manipulação direta na vida daqueles que
não estão sob o senhorio de Cristo.
3- O Modelo de Deus entre os homens
Jesus Cristo é o referencial de caráter ao qual devemos
conformar-nos, segundo o plano eterno de Deus (Rm. 8:29). Ele
estava tão consciente disto, que várias vezes se apresentou
como exemplo. Sem dúvida, não houve um referencial de caráter
tão elevado sobre a terra como o do homem Jesus. Ele foi
perfeito em toda a sua maneira de viver, não se corrompendo
com absolutamente nada. Sua vida e postura tornaram-se o
padrão inquestionável para o qual todos os crentes devem
avançar. Eis algumas das muitas qualidades morais e interiores
que ele encarnou durante seus anos na terra.

a. Verdade- Isaias profetizou muitas coisas acerca de Jesus,


entre elas as seguintes palavras: “E deram-lhe a sepultura
com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca
tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua
boca”(Is. 53:9); Mesmo debaixo das maiores pressões, não
cedeu a tentação de falar enganosamente, nem mesmo
para livrar-se de perigos e oposições. A expressão “em
verdade vos digo” era comum na sua boca, ao ponto de ser
repetida mais de uma centena de vezes nos quatro
evangelhos. Talvez ela revele o cuidado constante do
Mestre de enfatizar a verdade e ensinar os outros a fazer o
mesmo.
b. Sinceridade- A sinceridade está a um passo além da
verdade, porque fala de transparência. Alguém pode usar
da verdade sem ser transparente. Basta que esta pessoa
omita aquilo que não lhe seja conveniente revelar sobre
sua própria vida. Jesus, porém, foi um homem
absolutamente sincero, além de verdadeiro. Seus
seguidores conheciam completamente seu coração. Ele era
capaz de reparti sentimentos difíceis (como no Getsemani,
quando pediu ajuda aos seus e disse que estava
profundamente angustiado- Mt. 26:38), assim como era
capaz de dizer o que pensava ou cria, mesmo que isso
pudesse causar-lhe rejeição por parte das pessoas (como
aconteceu no episodio da purificação do templo- Lc. 19:45-
48).
c. Incorruptibilidade- Jesus não se vendia. Ele sabia o
propósito do Pai e não aceitou nenhuma oferta que o
desviasse de cumpri-lo. Satanás lhe ofereceu riquezas e
glória, mas Jesus rejeitou o seu suborno. Os homens
quiseram fazer dele um rei, mas Ele renegou tal proposta
(Jo. 6:15). Também resistiu o peso de suas pregações para
não perde as multidões. Quando teve que escolher entre
falar a verdade porque não se corrompia. Era um homem
guiado por princípios e não por oportunidade. Sua bússola
era o caráter santo e não oportunista.
d. Honestidade- Jesus foi um homem honesto, cumpridor da
Lei de Deus e da lei dos homens. Os inimigos o acusava de
quebra seus costumes religiosos, mas nunca puderam
apontar uma atitude de desonestidade em sua vida,
mesmo armando-lhe ciladas para isto, como fizeram ao
indagá-lo sobre a legitimidade de Roma em cobra os
pecados impostos da época sobre os judeus. Jesus não
apenas ordenou que fosse dado “a César o que é de César”
(Mc. 12:13-17), como praticou isto pagando impostos em
seu nome e dos discípulos (Mt. 17:24-27), mantendo sua
vida isenta de qualquer transgressão da lei.
e. Fidelidade- Outra marca do caráter de Jesus era a sua
fidelidade. Uma vez que assumisse compromisso com
alguém, levava-o ás últimas consequências. Tendo amado
os seus discípulos, amou-os até o fim (Jo. 13:1). Seu
conceito de amizade era o mais nobre possível. Mesmo
abandonado pela maior parte dos seus discípulos na hora
da morte, honrou a aliança que tinha com eles e foi busca-
los após a ressurreição (Jo. 20:19,21,26).
f. Compromisso Familiar- Antes de torna-se uma figura
popular, Jesus era simplesmente conhecido como “o filho
do carpinteiro”. Seu compromisso com a família foi a
primeira marca notada pelos homens e também o
acompanhou na hora da sua morte. Antes de partir, teve o
cuidado de entregar Maria, sua mãe (provavelmente uma
viúva, na época) aos cuidados de João, o discípulo amado.
Diz a Bíblia que desde aqueles dia João “a tomou para casa”
(Jo. 19:25-27).
g. Pureza Sexual- Jesus, devido ao caráter de sua missão
vicária, manteve-se solteiro por toda vida. A Bíblia diz que
ele foi tentado em tudo, mas não pecou (Hb. 4:15). Sua
postura foi de absoluto respeito às mulheres (tanto que
muitas o seguiam e ajudavam sem nenhum
constrangimento, inclusive a mulher de Cuza- Lc. 8:2-3). É
relevante o fato de que, embora tivesse muitos inimigos à
espreita procurando uma maneira de apanhá-lo num erro,
Jesus jamais foi acusado de imoralidade ou pecado sexual.
Certamente sua conduta nunca deu margem para isto.
h. Domínio Próprio- Houver momentos em que Jesus poderia
usar da violência, por esta sendo agredido ou pressionado,
mas seu domínio próprio era algo maravilhoso. Suas
atitudes e palavras, ainda que muitas vezes duras, nunca
ultrapassaram os limites do respeito humano.
i. Equidade- Jesus viveu num tempo e num lugar onde o
preconceito racial e religioso era muito grande. Entretanto,
ele sempre tratou a todos com igualdade. Fez questão de
receber as crianças (Mt. 19:14), valorizar os pobres
(Mc.12:42-43), aproximar-se de pecadores, publicanos e
leprosos (Mt. 8:2-3), gente absolutamente rejeitada em sua
época, além de exaltar gentios no meio de preconceitos
judeus (como fez com a mulher Cananéia e o centurião
romano- Mt. 8:5-13 e 15:22-28), e entre outros.

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