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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS

PROFESSOR: DÉCIO TERROR

Português p/ Assistente Técnico-Administrativo (ESAF)


(teoria e questões comentadas)

Aula 5
(Crase e interpretação de texto)
Olá, pessoal!
E então, como estamos? Está tudo tranquilo? Estamos entendendo bem?
Vimos, na aula passada, a regência e como é explorada na prova. Esta
aula é uma continuação da anterior, pois a crase se baseia na regência. Assim,
os verbos e nomes já explorados que regem a preposição “a” fatalmente serão
revistos nesta aula.
Costumo dizer a meus alunos que não se deve decorar a regra,

o
principalmente a da crase, basta entender o processo, sua estrutura. Para

em
facilitar, vamos denominá-la “estrutura-padrão da crase”.

D
A estrutura-padrão da crase

er
ov
preposição artigo
em
R

verbo a a substantivo feminino


k
ar

ou + aquele, aquela, aquilo


m
er

nome a a (=aquela)
at
W

a qual (pronome relativo)


F
PD

Assim, quando um verbo ou um nome exigir a preposição “a” e o


substantivo posterior admitir artigo “a”, haverá crase. Além disso, se houver a
e

preposição “a” seguida dos pronomes “aquele”, “aquela”, “aquilo”, “a”


W

(=aquela) e “a qual”, ocorrerá crase.


Você vai ver nas questões que a banca ESAF basicamente explora essa
estrutura-padrão. Veja as frases abaixo e procure entendê-las com base no
nosso esquema.
1. Obedeço à lei.
2. Obedeço ao código.
3. Tenho aversão à atividade manual.
4. Tenho aversão ao trabalho manual.
5. Refiro-me àquela casa.
6. Refiro-me àquele livro.
7. Refiro-me àquilo.
8. Não me refiro àquela casa da esquerda, mas à da direita.
9. Esta é a casa à qual me referi.
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Na frase 1, o verbo “Obedeço” é transitivo indireto e exige preposição


“a”, e o substantivo “lei” é feminino e admite artigo “a”, por isso há crase.
Na frase 2, o mesmo verbo exige a preposição, porém o substantivo
posterior é masculino, por isso não há crase.
Na frase 3, a crase ocorre porque o substantivo “aversão” exigiu a
preposição “a” e o substantivo “atividade” admitiu o artigo feminino “a”.
Na frase 4, “aversão” exige preposição “a”, mas “trabalho” é substantivo
masculino, por isso não há crase.
Nas frases 5, 6 e 7, “Refiro-me” exige preposição “a”, e os pronomes
demonstrativos “aquela”, “aquele” e “aquilo” possuem vogal “a” inicial (não é
artigo), por isso há crase.
Na frase 8, “me refiro” exige preposição “a”, “aquela” possui vogal “a”

o
em
inicial (não é artigo) e “a” tem valor de “aquela”, por isso há duas ocorrências
de crase.

D
er
Na frase 9, “me referi” exige preposição “a”, e a expressão pronominal
relativa “a qual” é iniciada por artigo “a”, por isso há crase.
ov
em

Muitas vezes o substantivo feminino está sendo tomado de valor geral,


estando no singular ou plural, e por isso não admite artigo “a”. Outras vezes
R

esse substantivo recebe palavra que não admite artigo antecipando-a, por isso
k

não haverá crase. Veja os exemplos abaixo em que o verbo transitivo indireto
ar

exige o objeto indireto:


m
er
at

Os substantivos “leis”, “lei” estão em


W

sentido geral, por isso não recebem


Obedeço a leis.
artigo “as”, “a” e não há crase. Na
F

Obedeço a lei e a regulamento. segunda frase, o que ratificou o sentido


PD

geral foi o substantivo masculino


“regulamento” não ser antecedido pelo
e

artigo “o”.
W

Obedeço a uma lei. O artigo “uma” é indefinido, os


pronomes “qualquer, toda, cada” são
Obedeço a qualquer lei. indefinidos. Como eles indefinem, não
Obedeço a toda lei. admitem artigo definido “a”. Os
pronomes “tal” e “esta” são
Obedeço a cada lei. demonstrativos. Por eles já
especificarem o substantivo “lei”, não
Obedeço a tal lei.
admitem o artigo “a”. Por isso não há
Obedeço a esta lei. crase.

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O mesmo ocorre com os nomes que exigem o complemento nominal.
Veja:
Tenho obediência a leis.
Tenho obediência a lei e a regulamento.
Tenho obediência a uma lei.
Tenho obediência a qualquer lei.
Tenho obediência a toda lei.
Tenho obediência a cada lei.
Tenho obediência a tal lei.
Tenho obediência a esta lei.

Vimos o verbo transitivo indireto e nome que exigem preposição “a”,


mas os verbos intransitivos também podem exigir preposição “a”. Muitas vezes

o
em
o problema é saber se o nome posterior admite ou não o artigo “a” e se o
vocábulo “a” é apenas uma preposição, ou uma preposição mais o artigo “a”.

D
Por isso inserimos abaixo algumas regras que ajudam a confirmar a estrutura-

er
padrão da crase. ov
a. Diante de topônimos (nomes de lugar) que pedem o artigo feminino,
em

admite-se a crase:
R

Faremos uma excursão à Bahia, a Sergipe, a Alagoas e à Paraíba.


k

Um túnel ferroviário liga a França à Inglaterra.


ar
m

Perceba que o substantivo “excursão” exige a preposição “a” e os


er

topônimos “Bahia” e “Paraíba” admitem artigo “a”. Por isso há crase. Já os


at

topônimos “Sergipe” e “Alagoas” não admitem artigo; por isso não há crase.
W

Mas será que devemos decorar quais os topônimos admitem ou não o artigo
F

“a”? Lógico que não, para isso, temos alguns macetes.


PD

Para você saber se o topônimo pede ou não o artigo, basta trocar o


verbo (que exige a preposição “a”) por outro que exija preposição diferente;
e
W

para evitar a confusão da preposição com o artigo. Veja:


Fui à Bahia. Fui a Sergipe. Fui a Roma.
Para termos certeza de que há artigo ou não, basta trocarmos por “vim”.
Veja:
Vim da Bahia. Vim de Sergipe. Vim de Roma.
Como o verbo “Vim” exige preposição “de”, se a oração permanecer
somente com essa preposição, é sinal de que, com o verbo “Fui”, também
permanecerá só a preposição “a” (Vim de Sergipe→Fui a Sergipe).
Mas, se o verbo “Vim” estiver seguido de preposição mais artigo “da”, é
sinal de que, com o verbo “Fui”, também ocorrerá preposição mais artigo “à”
(Vim da Bahia→Fui à Bahia).
Entretanto, você vai notar que, às vezes, queremos enfatizar,
determinar, especificar esses topônimos que não admitem o artigo. Quando
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colocamos uma locução adjetiva ou algum outro determinante que o
caracterize, naturalmente receberá artigo. Havendo verbo que exija a
preposição “a”, ocorrerá a crase. Veja:
Viajamos a Brasília, depois fomos a São Paulo.
(Viemos de Brasília ... de São Paulo)
Viajamos à Brasília de Juscelino, depois fomos à São Paulo da garoa.
(Viemos da Brasília de Juscelino ... da São Paulo da garoa)
Portanto, sem decoreba, ok? Temos que entender o uso. A ESAF requer
de você o entendimento das estruturas; pois, se nós formos realizar as
questões só pela regra, algumas vezes vamos ter sérias dúvidas, e vou
apontar isso mais à frente.
b. A palavra casa normalmente admite artigo (a casa é linda; comprei a casa
de meus sonhos; pintei a casa de azul etc). Porém, quando há um sentido de

o
deslocamento para ou do “próprio lar”, ela não admite artigo. Mas isso não

em
será problema para nós, pois usamos isso intuitivamente. Vamos lá:

D
Você diz: “vim de casa” ou “vim da casa”?

er
Você diz: “vou para casa” ou “vou para a casa”? ov
Se é seu próprio lar, é natural dizer, “vim de casa”, “vou para casa”.
em

Porém, quando essa casa não é a sua, naturalmente e intuitivamente, coloca-


se um determinante nesse substantivo e obrigatoriamente inserimos artigo.
R

Tudo isso para mostrar que a casa não é a nossa. Está em dúvida? Então veja:
k
ar

Você diz “vim de casa da Luzia” ou “vim da casa da Luzia”?


m
er

Você diz “vou para casa da Luzia” ou “vou para a casa da Luzia”?
at

Naturalmente usamos as segundas opções, correto?


W

Sabemos que isso não leva à crase. Mas, se enxergamos que a preposição
F

“para” tem o mesmo valor da preposição “a”; na sua substituição, podemos ter
PD

crase. Veja:
e

Vou para casa. Vou para a casa da Amélia.


W

a+a
Vou a casa. Vou à casa da Amélia.
O bom filho volta a casa todos os dias.
O bom filho volta à casa dos pais todos os dias.
Note que se pode determinar a palavra “casa” colocando letra inicial maiúscula
(Casa). Assim, essa palavra passa a ter outra denotação: sinônimo de Câmara
dos Deputados ou representação de uma instituição. Dessa forma, poderá
ocorrer a crase:
Prestar à Casa as devidas homenagens.
c. Seguindo a mesma ideia do item anterior, a palavra “terra” admite artigo
normalmente.
A terra é boa! Ele vive da terra!
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Assim, haverá crase:
O agricultor dedica-se à terra.
Não há crase quando a palavra terra está em contraposição a “a bordo”. Isso
porque não dizemos “ao bordo”. Não pode haver artigo nesta expressão:
Os marinheiros voltaram a terra depois de um mês no mar. (estavam a bordo)
Mas, se determinamos essa palavra, passamos a ter artigo e,
consequentemente, crase. Veja:
Viajou em visita à terra dos antepassados.
Quando os astronautas voltarão à Terra? (a letra maiúscula determina)
d. Na locução à uma, significando “unanimemente, conjuntamente”, haverá
crase. Veja:
Os sindicalistas responderam à uma: greve já!

o
em
Vimos a estrutura de um verbo ou nome que exige preposição “a”.
Agora, veremos a locução adverbial que não é exigida pelo verbo, mas possui

D
a estrutura interna com a preposição.

er
Exemplo: Estive aqui de manhã. ov
em

Note que a locução adverbial “de manhã” ocorreu sem exigência do


verbo, pois poderíamos dizer “Estive aqui.” Esta locução tem uma composição
R

própria: de + manhã. Se essa estrutura fosse composta por preposição “a”


k

seguida de nome feminino que admitisse artigo “a”, haveria crase.


ar
m

Exemplo: Estive aqui à noite.


er
at

Assim, vamos à estrutura da locução adverbial:


W
F

preposição + artigo + nome


PD

à
e

noite
W

à tarde à noite à direita às claras


às escondidas à toa à beça à esquerda
às vezes às ocultas à chave à escuta
à deriva às avessas às moscas à revelia
à luz à larga às ordens às turras

Deve-se dar especial destaque às locuções adverbiais de tempo, que


especificam o momento de um evento, com o núcleo expresso com o
substantivo hora(s), o qual recebe o artigo definido “a”, “as”.
à meia-noite, à uma hora às duas horas às três e quarenta.
Não se pode confundir com a indicação de tempo generalizado ou tempo
futuro:
Isso acontece a qualquer hora. Estarei lá daqui a duas horas.

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Veja a diferença nas frases abaixo:
A aula acabará a uma hora. (uma hora após o momento da fala)
A aula acabará à uma hora. (terminará às 13 horas ou à uma hora da madrugada)
A aula acabara há uma hora. (a aula acabou uma hora antes)
No último caso, não há locução adverbial, o verbo “há” marca tempo
decorrido. Vimos isso na aula de concordância, lembra?
Nas expressões que demarcam início e fim de evento, o paralelismo deve
ser conservado. Se o primeiro dos termos não possui artigo a, o segundo
também não terá. Se o primeiro tiver, o segundo receberá a crase:
A reunião será de 9 a 10 horas. A reunião será das 9 às 10 horas.
Note: se o início do evento não recebeu artigo, o término também não
receberá. (de 9 a 10 horas).

o
em
Se o início do evento recebeu artigo, o término também receberá. (das 9 às
10 horas).

D
Merece destaque a locução adverbial de modo à moda de. Ela pode estar

er
expressa ou subentendida; por isso, deve-se tomar muito cuidado:
ov
em

Pedimos uma pizza à moda da casa.


Atrevia-se a escrever à Drummond. (à moda de)
R
k

Pedimos arroz à grega. (à moda)


ar

Não confunda com as expressões frango a passarinho, bife a cavalo,


m
er

as quais não possuem crase por não transmitirem modo.


at

Haverá crase também nas locuções prepositivas, que são sempre


W

nocionais (transmitem sentido) e iniciam locução adverbial:


F

à beira de à sombra de à exceção de à força de à frente de


PD

à imitação de à procura de à semelhança de à custa de às custas de


e

O uso do acento grave é opcional nas locuções adverbiais que indicam


W

meio ou instrumento, desde que o substantivo seja feminino: barco a (à) vela;
escrever a (à) máquina; escrever a (à) mão; fechar a porta a (à) chave;
repelir o invasor a (à) bala. Normalmente, os bons autores têm preferido sem
a crase. Tudo isso depende da intenção comunicativa. O instrumento ou o
meio podem ser especificados ou não com o artigo “a”.
Nas locuções adverbiais com palavras repetidas não haverá crase, pois
os substantivos estão sendo tomados de maneira geral, sem artigo definido:
cara a cara; frente a frente, etc.
A crase é obrigatória nas locuções conjuntivas adverbiais proporcionais à
medida que, à proporção que:
À medida que estudamos, vamos entendendo a matéria.
À proporção que as aulas ocorrem, os assuntos vão se acumulando.

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Perceba uma diferença muito importante: “às vezes” e “as vezes”.
Às vezes você me olha diferente. (algumas vezes)
Note que, neste caso, não há precisão de momento, entende-se “de vez
em quando, por vezes, algumas vezes”. Assim, há uma locução adverbial de
tempo e há crase.
Porém, podemos utilizar esta estrutura sem crase, quando há uma
especificação do momento:
As vezes que te vi, fiquei extasiado. (aquelas vezes)
Neste caso, este termo será especificado por um termo adjetivo ou
oração adjetiva. Portanto, tome cuidado!
CRASE FACULTATIVA
Emprega-se facultativamente o acento indicativo de crase quando é
opcional o uso da preposição a, ou do artigo definido feminino.

o
em
Casos em que a crase é facultativa:

D
a. A preposição “a” é facultativa depois da preposição “até”:

er
O visitante foi até a sala do Diretor. ov
em

O visitante foi até à sala do Diretor.


A sessão prolongou-se até à meia-noite.
R
k

A sessão prolongou-se até a meia-noite.


ar
m

b. O artigo definido é facultativo diante de pronome possessivo. Mas, para a


er

crase ser facultativa, esse pronome possessivo deve ser feminino singular.
at

Refiro-me à minha amiga.


W

Crase facultativa
Refiro-me a minha amiga.
F
PD

Refiro-me às minhas amigas. Crase obrigatória


e

Refiro-me a minhas amigas. Crase proibida


W

c. O artigo definido é facultativo diante de nome próprio de pessoa. Se o nome


for feminino e o verbo exigir preposição, a crase será facultativa:
Refiro-me à Madalena.
Refiro-me a Madalena.
Observação: Tratando-se de pessoa célebre com a qual não se tenha
intimidade, geralmente não se usa o artigo nem o acento indicativo de crase,
salvo nos casos em que o nome esteja acompanhado de especificativo.
O orador fez uma bela homenagem a Rachel de Queiroz.
O orador fez uma bela homenagem à Rachel de Queiroz de O quinze.

Nas gramáticas, são elencados os casos em que a crase será proibida.


Para isso, basta apenas relembrarmos a estrutura-padrão da crase.

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Mas fique tranquilo, pois, quando a banca quer que você veja
rapidamente o erro de crase, ela coloca um verbo antecedido de crase. Esse é
o erro básico! E você verá isso várias vezes.
Outra coisa: nas questões da ESAF, vamos procurar trabalhar sempre
por eliminação daquelas alternativas de cujo erro temos certeza. Por exemplo,
se houvesse a estrutura “Dedico-me a associação de amigos” numa das
alternativas, deveríamos eliminar por não haver crase???
Não!!!!!
É certo que o verbo “Dedico” exigiu a preposição “a” e o substantivo
“associação” admite o artigo “a”. Assim, poderia haver crase:
“Dedico-me à associação de amigos.”
Para facilitar, ao trocarmos por um substantivo masculino, o artigo “o”
aparece:
“Dedico-me ao encontro de amigos.”

o
Mas também cabe o uso do substantivo “associação” de cunho

em
generalizante, o qual apenas dá o nome da ação de associar-se.

D
“Dedico-me a associação de amigos.”

er
Ao substituirmos por um substantivo masculino, há exclusão do artigo
ov
“o”. Veja:
em

“Dedico-me a encontro de amigos.”


R

Assim, o que importa nas questões da ESAF é eliminarmos as


k

alternativas confirmadamente erradas, como crase antes de verbo, antes de


ar

substantivo masculino etc. Depois, volte a essas construções duvidosas e


m

analise caso a caso.


er

Agora, vamos praticar!


at
W

Questão 1: EPPGG 2013 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental


Fragmento do texto: Uma revolução ética ocorreu no Brasil, nos últimos
F

anos. Refiro-me à inclusão social, que não só melhorou a vida dos mais
PD

pobres, mas também retirou da miséria a maior parte dos que viviam na
e

pobreza extrema.
W

O sinal indicativo de crase em “à inclusão”(ℓ.2) justifica-se porque o verbo


referir exige preposição “a”, e a palavra “inclusão” vem precedida de artigo
definido feminino.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
Comentário: A afirmação da questão já explica por si só o processo da crase.
Podemos, então, didaticamente, representar isso:

Refiro-me à inclusão social

Gabarito: C

Questão 2: DNIT 2013 Técnico Administrativo


Assinale a opção que completa corretamente a sequência de lacunas no texto
abaixo.

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Não é ruim ter um carro. Não sou inimigo do carro. Eles são maravilhosos para
viajar, sair ____ noite. Mas ____ um conflito terrível pelo espaço da cidade
que causa um dano ____ qualidade de vida. Se querem ter um carro, tudo
bem, mas para tê-lo deveriam pagar muitos impostos pelo uso, não pela sua
posse. Como cobrar pelo uso? Com pedágios, impostos sobre a gasolina,
estacionamentos. ____ mobilidade e os engarrafamentos são dois problemas
distintos que se resolvem de maneiras distintas.
(Adaptado da entrevista de Enrique Peñalosa, urbanista e ex-prefeito de Bogotá, a
Ricardo Ampudia. Vida Simples, setembro 2012, edição 122)
a) a - a - à - A
b) à - há - à - A
c) à - a - à - Há
d) à - há - a - Há
e) a - há - a - À
Comentário: Este tipo de questão deve ser resolvido por lacuna e, a partir

o
daí, devemos eliminar as alternativas erradas.

em
Na lacuna 1, a locução adverbial “à noite” deve receber crase, tendo em

D
vista que o substantivo “noite” recebe artigo “a” e a locução adverbial é

er
iniciada pela preposição “a”. Assim, eliminamos as alternativas (A) e (E).
ov
Na lacuna 2, deve haver o uso do verbo “haver”, no sentido de existir:
há um conflito. Assim, eliminamos também a alternativa (C).
em

Na lacuna 3, o verbo “causa” é transitivo direto e indireto. O termo “um


R

dano” é o objeto direto e o termo “____ qualidade de vida” é o objeto indireto,


k

iniciado pela preposição “a”. Como o substantivo “qualidade” está determinado


ar

pelo adjunto adnominal “de vida”, é precedido do artigo “a”. Assim, a


m

alternativa (B) é a correta.


er

Para termos certeza, basta conferir a última lacuna.


at

Na lacuna 4, o sujeito “____ mobilidade e os engarrafamentos” não pode


W

ser iniciado pela preposição “a”, por isso não cabe crase, mas apenas o artigo
F

“a”.
PD

Gabarito: B
e
W

Questão 3: EPPGG 2013 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental


Assinale a opção que corresponde a erro gramatical inserido na transcrição do
texto.

Há(1) um forte sentido ético nas políticas de inclusão social — em especial na


mais consolidada a do Programa Bolsa Família, com efeitos mostrados em
estudos científicos, entre os quais(2) o recente "Vozes do Bolsa Família", de
Walquiria Leão Rego. Justamente por serem(3) éticas, não devem durar
muito tempo. Explico-me. Elas procuram atender à(4) uma emergência.
Emergência, em linguagem médica, não se confunde com urgência: porque
não é apenas pressa, é risco de vida. Falando metaforicamente, a pobreza
pode ser letal para a sociedade. Ela requer tratamento rápido. Eliminar a fome,
por um lado, e proporcionar acesso à(5) universidade, por outro, são duas
pontas desse tratamento. Essas medidas são uma espécie de UTI da
sociedade. Mas, por isso mesmo, não podem durar muito tempo.
(Renato Janine Ribeiro, Valor Econômico, 10/6/2013, com adaptações).
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a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o verbo “há” encontra-se no
sentido de existir.
A alternativa (B) está correta, pois “os quais” retoma corretamente o
substantivo plural “efeitos”.
A alternativa (C) está correta, pois “serem” encontra-se no plural para
concordar com o sujeito subentendido “políticas de inclusão social”.
A alternativa (D) é a errada, pois o verbo “atender” rege a preposição
“a”, mas o artigo indefinido “um” não admite ser precedido do artigo “a”.
Assim, não cabe crase. Veja a correção:
Elas procuram atender a uma emergência.

o
A alternativa (E) está correta, pois o substantivo “acesso” rege a

em
preposição “a”, e o substantivo “universidade” admite o artigo definido “a”.

D
Assim, cabe crase.

er
Gabarito: D ov
em

Questão 4: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Fragmento do texto: A invasão israelense intensifica o ambiente de
R

privações e ameaças à integridade física em que vivem os habitantes de Gaza.


k
ar

Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)


m

O sinal indicativo de crase em “à integridade”(ℓ.2) justifica-se pela regência de


er

“intensifica”(ℓ.1) e pela presença de artigo definido feminino singular.


at

Comentário: Não é o verbo “intensifica” que exigiu a preposição “a”, é o


W

substantivo “ameaça” que exige o complemento nominal precedido da


preposição “a” (“à integridade física”). Como o substantivo “integridade”
F
PD

admite artigo “a”, ocorreu a crase.


Gabarito: E
e
W

Questão 5: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo.
Ao acabar a Segunda Guerra Mundial, o mundo esperava nunca mais assistir
__1__ tragédias humanitárias como a que dizimou a vida de seis milhões de
pessoas entre 1939 e 1945. __2__ esperanças, porém, mostraram-se vãs.
Gaza serve de exemplo. Encurralada, __3__ população da faixa de 362km²
(1,5 milhão de pessoas) protagoniza o horror que escandaliza __4__
consciências civilizadas dos cinco continentes e mobiliza protestos nas
principais cidades da Terra. O cenário assusta. Homens, mulheres e crianças
que se concentram numa das regiões de maior densidade populacional do
planeta são as vítimas de uma guerra na qual não são soldados. Submetidos
__5__ uma chuva de mísseis __6__ onze dias, tiveram o território invadido
também por terra. Tanques, armas e os militares mais bem treinados do
mundo abrem caminho no terreno em que cada centímetro é disputado por

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milhares de pessoas. O apagão, aliado ao frio e __7__ falta de água potável,
acrescenta desespero ao ambiente digno do inferno de Dante.
(Correio Braziliense, Editorial, 6/1/2009.)
1 2 3 4 5 6 7
a) à Às a umas à a à
b) a As a as a há à
c) às Tais essa essas à a a
d) à Umas à à a a uma
e) a Essas uma às a há a
Comentário: Na lacuna 1, o verbo “assistir”, no sentido de ver, observar, é
transitivo indireto e exige a preposição “a”. O substantivo feminino e plural
“tragédias” pode ser antecipado do artigo “as”. Assim, haverá crase (“às”).
Porém, se o autor optar em não anteceder tal substantivo do artigo “as”, não
haverá crase, mas apenas a preposição “a”. Dessa forma, eliminamos as
alternativas (A) e (D).

o
Na lacuna 2, o substantivo “esperanças” é o núcleo do sujeito e retoma a

em
ideia da expressão “o mundo esperava nunca mais assistir a tragédias

D
humanitárias”. Por isso, esta lacuna pode ser preenchida pelos pronomes

er
“Tais”, “Essas” e também pelo artigo “As”. Além desses vocábulos, note que o
ov
artigo indefinido “Umas” mostra parte desse universo (algumas dessas
esperanças). Por isso, não há erro em seu emprego.
em

Na lacuna 3, o substantivo “população” é o núcleo do sujeito, por isso


R

não pode ser antecedido de preposição. Note que a palavra “população” não foi
k

empregada anteriormente, por isso não cabe o pronome demonstrativo “essa”.


ar

Assim, eliminamos a alternativa (C). Além disso, veja que o contexto não
m

mostra parte da população daquela região. Assim, não cabe o emprego do


er

artigo indefinido “uma”. Assim, também eliminamos a alternativa (E);


at

sobrando a (B) como correta.


W

Para confirmar, basta seguir as lacunas desta alternativa.


F

Na lacuna 4, o verbo “escandaliza” é transitivo direto e o núcleo do


PD

objeto direto “consciências” é antecedido do artigo “as”.


Na lacuna 5, o vocábulo “submetidos” exige a preposição “a” e o artigo
e

indefinido “uma” obviamente não admite ser antecedido do artigo definido “a”.
W

Assim, não pode haver crase.


Na lacuna 6, a expressão “há onze dias” transmite tempo decorrido, por
isso deve ser antecipada do verbo “há”.
Na lacuna 7, o adjetivo “aliado” exige a preposição “a”. Como o
substantivo “frio” admitiu o artigo “o”, resultando “ao”, o substantivo “falta”
também admitiu o artigo “a”, ocorrendo a crase (“aliado ao frio e à falta”).
Gabarito: B

Questão 6: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Julgue os a/as destacados no texto abaixo e assinale a opção correta em
relação à existência de crase.
A sociedade brasileira, cada vez mais, quer conhecer e debater as políticas,
planos e programas de desenvolvimento, previamente a (1) tomada de
decisão pelo Poder Público e a (2) luz dos objetivos da sustentabilidade e da

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melhoria dos processos de negociação e de controle social. Essa discussão é
orientada pela busca do melhor juízo sobre a (3) defesa ambiental com vistas
a (4) adoção de um processo de natureza negocial, baseado numa abordagem
de gestão pública compartilhada, que não deve estar restrita as (5) agências
ambientais. Visa, também, à definição de espaços adequados e permanentes
para o diálogo de forma a (6) se antecipar aos potenciais conflitos
socioambientais associados as (7) propostas de desenvolvimento e a (8)
redução de ações de intervenção que remetam as (9) decisões a (10) esfera
do Judiciário.
(http://www.planejamento.sp.gov.br/PUBLICACOES/Desenv_sustent_ambientais.pdf)

Devem ser acentuados com acento grave os a/as destacados com os


números:
a) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9
b) 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10

o
c) 1, 2, 4, 5, 7, 8, 10

em
d) 3, 6, 9, 10
e) 1, 2, 5, 6, 10

D
Comentário: Como estamos realizando as questões de crase por eliminação e

er
por sabermos que o substantivo feminino singular recebe ou não o artigo “a”,
ov
não podemos logo eliminar as alternativas sem crase antes de substantivo
em

feminino singular. Vamos eliminar somente as alternativas em que tenhamos


R

certeza do erro.
O advérbio “previamente” exige a preposição “a”, e o substantivo
k
ar

“tomada” é feminino e singular. Assim, não há certeza de que haverá ou não


m

crase.
er

No número 2, deve haver crase, pois há uma locução prepositiva (“à luz
at

de”). Assim, temos certeza de que deve haver crase e devemos eliminar a
W

alternativa (D).
No número 3, a preposição “sobre” não admite ser seguida da preposição
F
PD

“a”. Assim, o “a”, nesta frase, é apenas o artigo que antecede o substantivo
“defesa”. Por isso, eliminamos as alternativas (A) e (B).
e

No número 4, assim como ocorreu no número 1, como o vocábulo


W

“vistas” exige a preposição “a” e o substantivo feminino singular “adoção”


admite o artigo “a”, pode ocorrer a crase, mas não podemos ainda ter certeza.
No número 5, o vocábulo “restrita” exige a preposição “a” e o
substantivo “agências” está precedido do artigo “as”. Assim, a crase é
obrigatória.
No número 6, não pode haver crase antes do pronome “se”. Assim,
eliminamos a alternativa (E), restando a (C) como correta.
Nos números 7 e 8, o vocábulo “associados” exige a preposição “a” e os
substantivos “propostas” e “redução” estão antecedidos dos artigos “as” e “a”,
respectivamente. Por isso, há crase.
Nos números 9 e 10, o verbo “remetam” é transitivo direto e indireto. O
termo “as decisões” é o objeto direto, por isso não tem crase, e o termo “à
esfera do Judiciário” é o objeto indireto, por isso há crase.
Gabarito: C

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Questão 7: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008
Fragmento do texto: Sem isso, estaremos condenados à costumeira
gangorra de sempre, com números bons num ano e ruins no outro, eternos
dependentes dos humores da economia mundial.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O sinal indicativo de crase em “à costumeira” (ℓ. 1) justifica-se pela regência
de “estaremos”.
Comentário: Não é o verbo de ligação “estaremos” que exige a preposição
“a”, mas o predicativo “condenados”. Por isso, a afirmativa está errada.
Gabarito: E

Questão 8: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


Fragmento do texto: Assim como a antecipação da aposentadoria pretendia
abrir vagas aos mais jovens, mas tudo o que produziu foi a deterioração das
finanças dos sistemas previdenciários, os mecanismos de seguro social vêm

o
ajudando a criar enormes rombos, que, por sua vez, atiram as finanças

em
públicas ao endividamento e à insolvência (e não apenas à falta de liquidez),
como parece ser o caso da Grécia e talvez o de Portugal e Espanha.

D
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)

er
O emprego de sinal indicativo de crase em “à insolvência”(ℓ.5) justifica-se
ov
pelas relações de regência com “endividamento”.
em

Comentário: O verbo “atiram” é transitivo direto e indireto, o termo “as


finanças públicas” é o objeto direto e o “ao endividamento e à insolvência” é o
R

objeto indireto composto. Assim, a preposição em “à insolvência” é exigida


k
ar

pelo verbo e não pelo substantivo “endividamento”.


m

Gabarito: E
er

Questão 9: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


at

1 Com o advento do Estado Social e Democrático de Direito, ganhou


W

força a tese que defende a necessidade de interpretar a relação jurídica


F

tributária de forma contextualizada com o valor constitucional da


PD

solidariedade social. Isso não significa, porém, que a busca da


5 solidariedade social prevalecerá sempre sobre todas as demais normas
e
W

constitucionais, pois sempre existirão situações em que restará


configurada a supremacia de outros valores, também positivados no texto
constitucional.
A solidariedade de que trata a Constituição, no entanto, é a
10 solidariedade genérica, referente à sociedade como um todo, em oposição
à solidariedade de grupos sociais homogêneos, a qual se refere a direitos e
deveres de um grupo social específico. Por força da solidariedade genérica,
é lógico concluir que cabe a cada cidadão brasileiro dar a sua contribuição
para o financiamento do “Estado Social e Tributário de Direito”.
15 Infelizmente, é um fato cultural e histórico o contribuinte ver na
arrecadação dos tributos uma “subtração”, em vez de uma contribuição a
um Erário comum. Diante disso, o tema da solidariedade é fundamental,
porque leva a uma reflexão sobre as razões pelas quais se pagam tributos,
ou porque deva existir uma lealdade tributária.
(Daniel Prochalski, Solidariedade social e tributação.
http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto, acesso em 9/6/2010, com adaptações)
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Com referência ao uso do sinal indicativo da crase, respeitam-se a correção
gramatical e a coerência textual ao
a) inseri-lo em “as demais normas”(ℓ.5).
b) retirá-lo de “à sociedade”(ℓ.10).
c) inseri-lo em “a qual”(ℓ 11).
d) retirá-lo de “à solidariedade”(ℓ.11).
e) inseri-lo em “a uma reflexão”(ℓ.18).
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a expressão “sobre todas as
demais normas” já é iniciada pela preposição “sobre”. Assim, não admite a
presença da preposição “a” e não pode haver crase. O vocábulo “as” é apenas
o artigo definido.
A alternativa (B) está errada, pois o adjetivo “referente” exige a
preposição “a” e o substantivo “sociedade” está precedido do artigo “a”,
porque o contexto nos mostra referência a uma sociedade conhecida. Assim, o
artigo “a” é obrigatório e a crase também.

o
A alternativa (C) está errada, pois a expressão “a qual” não pode receber

em
acento indicativo de crase, por ser o sujeito do verbo transitivo indireto “se

D
refere”. Note que o termo preposicionado é o objeto indireto “a direitos e

er
deveres de um grupo social específico”. ov
A alternativa (D) é a correta. Note que o substantivo “oposição” exige a
preposição “a” e o substantivo “solidariedade” admite o artigo “a”. Por isso,
em

ocorreu a crase. Porém, diferentemente do que ocorreu com o substantivo


R

“sociedade”, na alternativa (B), o substantivo “solidariedade” pode também ser


k

entendido de valor generalizado, portanto, sem artigo “a”. Por isso, podemos
ar

retirar o acento indicativo de crase. Compare:


m
er

em oposição à solidariedade de grupos sociais homogêneos


at

preposição + artigo (especificação)


W

em oposição a solidariedade de grupos sociais homogêneos


F
PD

preposição (sem artigo, houve apenas generalização)

A alternativa (E) está errada, pois o verbo “leva” é transitivo indireto e


e

exige a preposição “a”. Como o substantivo “reflexão” é precedido do artigo


W

indefinido “uma”, não pode haver crase.


Gabarito: D

Questão 10: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008


Assinale o trecho do texto adaptado do Jornal do Commercio (PE), de
12/01/2008, que apresenta erro de regência.
a) Depois de um longo período em que apresentou taxas de crescimento
econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fecha o ano de 2007 com
uma expansão de 5,3%, certamente a maior taxa registrada na última
década.
b) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que serão
confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a conhecida Comissão
Econômica para a América Latina (Cepal).
c) Não há dúvida de que os números são bons, num momento em que
atingimos um bom superávit em conta-corrente, em que se revela queda
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no desemprego e até se anuncia a ampliação de nossas reservas
monetárias, além da descoberta de novas fontes de petróleo.
d) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, percebe-se que
nossa performance é inferior a que foi atribuída a Argentina (8,6%) e a
alguns outros países com participação menor no conjunto dos bens
produzidos pela América Latina.
e) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, com
crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro da América
Latina, o organismo internacional está atribuindo um crescimento médio,
em 2007, de 5,6%, um pouco maior do que o do Brasil.
Comentário: A questão cobra apenas erro de regência. Assim, devemos ficar
atentos aos verbos e nomes que possam exigir preposição.
A alternativa (D) é a errada, pois o adjetivo “inferior” exige a preposição
“a”, e o pronome relativo “que” está antecipado do pronome demonstrativo “a”
(=aquela), o qual retoma a palavra “performance”. Por isso, deve haver crase:

o
...nossa performance é inferior à(àquela) que foi atribuída...

em
Observação: o vocábulo “a” também pode ser entendido como artigo, o

D
qual faz subentender o substantivo “performance”:

er
...nossa performance é inferior à(performance) que foi atribuída...
ov
em

Além disso, a locução verbal da voz passiva “foi atribuída” exige a


preposição “a” e o substantivo “Argentina” exige o artigo “a”. Por isso, deve
R

haver crase. Note que, na expressão “a alguns outros países”, não pode haver
k

crase, por ocorrer pronome indefinido e masculino:


ar
m

...que foi atribuída à Argentina (8,6%) e a alguns outros países...


er

A alternativa (A) está correta. A expressão “em que” possui preposição


at

por ser o adjunto adverbial de tempo (O Brasil apresentou taxas de


W

crescimento econômico em um longo período). Na oração “que não iam além


F

dos 3%”, o pronome relativo “que” não recebeu preposição, porque está na
PD

função de sujeito (As taxas de crescimento econômico não iam além dos 3%).
A alternativa (B) está correta. Note que o verbo “sugere” é transitivo
e
W

direto e a oração “que serão confirmados” é subordinada substantiva objetiva


direta. Por isso, não está antecipada de preposição.
A alternativa (C) está correta, pois o substantivo “dúvida” é seguido da
oração subordinada substantiva completiva nominal “de que os números são
bons”, por isso está antecipada da preposição “de”. As duas ocorrências da
expressão “em que” estão corretamente empregadas por serem adjuntos
adverbiais de tempo (Atingimos um bom superávit em conta-corrente num
momento e se revela queda no desemprego num momento).
A alternativa (E) está correta. Veja que na expressão comparativa “um
pouco maior do que”, o vocábulo “do” é facultativo. (“um pouco maior do que
o do Brasil”/ “um pouco maior que o do Brasil”).
Gabarito: D

Questão 11: SUSEP 2010 Analista Técnico


Fragmento do texto: As exportações brasileiras de serviços têm sido uma
atividade limitada praticamente às grandes empresas de construção pesada.
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Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego do acento grave indicativo de crase em “às grandes”(ℓ.2) justifica-
se pela presença de preposição exigida pela regência de “atividade” e pelo
emprego de artigo definido feminino.
Comentário: Na realidade, é o adjetivo “limitada” que exige a preposição “a”.
Por isso, a afirmativa está errada.
Gabarito: E

Questão 12: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


Os trechos abaixo compõem, sequencialmente, um texto adaptado do Editorial
do jornal Zero Hora (RS) de 18/01/2010.

Assinale a opção que está gramaticalmente correta quanto à ausência ou à


presença do acento grave indicativo de crase.

o
em
a) O novo estímulo aos usineiros, também com pesado suporte de subsídios,
levou à indústria automobilística a investir na produção não mais de carros

D
movidos a álcool, mas de veículos flex, que permitem o uso dos dois

er
combustíveis. No ano passado, as vendas de carros flex cresceram 14% em
ov
relação a 2008.
em

b) Apresentado nos anos 70 como opção à crise do petróleo, sob forte apoio
governamental, o álcool perdeu relevância nas décadas de 80 e 90. A
R

produção foi retomada e intensificada nos últimos anos, com a explosão


k
ar

nos preços internacionais dos derivados da energia fóssil.


m

c) As montadoras aplicaram recursos no desenvolvimento de tecnologias, e o


er

consumidor se dispôs a pagar mais por veículos mais modernos. Ambos


at

apostaram nas vantagens de um combustível que, além de reduzir à


W

dependência da gasolina e do diesel, apresentava ainda as virtudes do


F

ecologicamente correto, por ser menos poluente e renovável.


PD

d) A partir do ano passado, com a queda nos preços do petróleo, outros


fatores de mercado conspiraram contra o álcool, como a quebra na
e
W

produção da cana e o aumento dos preços do açúcar. Mesmo que o álcool


se submeta à oscilações de cotações, como qualquer outro produto, o que
não se pode admitir é que essas variações façam com que a oferta do
produto seja imprevisível e instável.
e) A sazonalidade e outras questões envolvidas não são suficientes para
explicar a ausência de uma política que assegure, à fabricantes e
consumidores, a certeza de que investiram em uma opção de combustível
tratada com a seriedade que merece.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “levou” é transitivo
direto e indireto, por isso a crase deve ser retirada do objeto direto “a
indústria automobilística”. O seu objeto indireto é a oração “a investir na
produção não mais de carros movidos a álcool, mas de veículos flex”.
Note que há apenas preposição “a” nas expressões “a álcool” e “em
relação a 2008”. Como não há substantivo feminino que admita artigo “a”, não
ocorre crase nessas expressões.

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“O novo estímulo aos usineiros, também com pesado suporte de subsídios,
levou a indústria automobilística a investir na produção não mais de carros
movidos a álcool, mas de veículos flex, que permitem o uso dos dois
combustíveis. No ano passado, as vendas de carros flex cresceram 14% em
relação a 2008.”
A alternativa (B) é a correta. Note que o substantivo “opção” rege
preposição “a” e o substantivo “crise” admite artigo “a”, por isso há crase.
“Apresentado nos anos 70 como opção à crise do petróleo, sob forte apoio
governamental, o álcool perdeu relevância nas décadas de 80 e 90. A produção
foi retomada e intensificada nos últimos anos, com a explosão nos preços
internacionais dos derivados da energia fóssil.”
A alternativa (C) está errada, pois o verbo “reduzir” é transitivo direto,
então não pode haver crase no objeto direto.

o
“As montadoras aplicaram recursos no desenvolvimento de tecnologias, e o

em
consumidor se dispôs a pagar mais por veículos mais modernos. Ambos
apostaram nas vantagens de um combustível que, além de reduzir a

D
dependência da gasolina e do diesel, apresentava ainda as virtudes do

er
ecologicamente correto, por ser menos poluente e renovável.”
ov
A alternativa (D) está errada, pois “se submeta” rege preposição “a”,
em

porém não há artigo antes de “oscilações”, que é um substantivo feminino no


R

plural. Como o vocábulo “a” está no singular, então é apenas preposição e com
k

isso não pode haver crase. Só haveria crase se o vocábulo “a” estivesse no
ar

plural. Dessa forma a crase seria obrigatória: se submeta às oscilações.


m
er

“A partir do ano passado, com a queda nos preços do petróleo, outros fatores
at

de mercado conspiraram contra o álcool, como a quebra na produção da cana


W

e o aumento dos preços do açúcar. Mesmo que o álcool se submeta a


oscilações de cotações, como qualquer outro produto, o que não se pode
F

admitir é que essas variações façam com que a oferta do produto seja
PD

imprevisível e instável.”
e

A alternativa (E) está errada; pois, da mesma forma que a anterior, se o


W

vocábulo “a” estiver no singular e o substantivo posterior for feminino e plural,


não haverá crase. Veja:
“A sazonalidade e outras questões envolvidas não são suficientes para explicar
a ausência de uma política que assegure, a fabricantes e consumidores, a
certeza de que investiram em uma opção de combustível tratada com a
seriedade que merece.”
Gabarito: B

Questão 13: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2010


Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de Valor Econômico.
Assinale a opção que apresenta erro de sintaxe.
a) Pela primeira vez desde a década de 1970, uma onda de fome se espalha
por vários pontos do globo simultaneamente. Os protestos não ocorrem
apenas na miserável África, mas atingem o Vietnã e as Filipinas, na Ásia,

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as ex-províncias soviéticas, como o Cazaquistão, e os países latino-
americanos, como o México.
b) Ao contrário das crises de anos anteriores, não há nenhuma grande quebra
de safra provocada por desastres climáticos de grandes proporções — a
única exceção atual é o trigo. Desta vez, os próprios preços se abatem
sobre os miseráveis e remediados dos países em desenvolvimento com a
força de calamidades naturais.
c) A reação dos governos diante da pressão de massas esfomeadas na rua, ou
diante da possibilidade de tê-las em futuro próximo, foi a suspensão das
exportações, a redução das tarifas de importação, o subsídio direto ao
consumo ou o controle de preços.
d) As previsões de inflação média dos países emergentes subiram para algo
em torno de 7% este ano. Quando examinada a inflação específica dos
alimentos, os índices pulam para os dois dígitos. O trigo aumentou 77% no
ano passado e o caso do arroz é dramático para os pobres da Ásia: ele

o
em
mais que dobrou de preço no ano.
e) A instabilidade econômica criada com a crise das hipotecas nos EUA soma-

D
se agora princípios de instabilidade política em boa parte do planeta, fruto

er
de uma situação que tem tudo para se tornar explosiva. A alta dos preços
ov
dos alimentos é forte e disseminada à ponto de elevar os índices de
em

inflação em todo o mundo.


Comentário: Questão de rápida execução! Erro de sintaxe é basicamente
R

problemas em concordância, regência ou pontuação. Para isso, você deve


k
ar

atentar quanto ao verbo da oração e com isso identificar seu sujeito e


m

complementos, para saber se há algum desvio da flexão das palavras


er

(concordância), inserção ou retirada de preposição (regência) e se há ou não


at

vírgula entre os termos principais.


W

As alternativas de (A) a (D) não apresentam dificuldades de


concordância ou regência. Por isso, basicamente há comentários de pontuação.
F

A alternativa (A) está correta. A vírgula após “1970” ocorre por


PD

antecipação de adjunto adverbial de tempo. A vírgula antes de “mas” ocorre


e

porque sinaliza início de oração coordenada sindética adversativa. As vírgulas


W

em “na Ásia” intercalam adjunto adverbial de lugar, em “como o Cazaquistão”


intercalam o termo exemplificativo. A vírgula em “como o México” marca o
início de outro termo exemplificativo.
“Pela primeira vez desde a década de 1970, uma onda de fome se espalha por
vários pontos do globo simultaneamente. Os protestos não ocorrem apenas na
miserável África, mas atingem o Vietnã e as Filipinas, na Ásia, as ex-províncias
soviéticas, como o Cazaquistão, e os países latino-americanos, como o
México.”
A alternativa (B) está correta. As vírgulas ocorreram por anteposição de
estrutura adverbial; além do uso do travessão, que sinaliza trecho com
comentário do autor, o qual transmite contraste.
“Ao contrário das crises de anos anteriores, não há nenhuma grande quebra de
safra provocada por desastres climáticos de grandes proporções — a única
exceção atual é o trigo. Desta vez, os próprios preços se abatem sobre os

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miseráveis e remediados dos países em desenvolvimento com a força de
calamidades naturais.”
A alternativa (C) está correta. A dupla vírgula marca a expressão
intercalada ou parentética. Essa expressão é chamada de comentário do autor
e pode ser separada também por travessões ou parênteses. As outras vírgulas
dividem termos de uma enumeração.
“A reação dos governos diante da pressão de massas esfomeadas na rua, ou
diante da possibilidade de tê-las em futuro próximo, foi a suspensão das
exportações, a redução das tarifas de importação, o subsídio direto ao
consumo ou o controle de preços.”
A alternativa (D) está correta. A vírgula marca antecipação de oração
adverbial e os dois-pontos sinalizam uma explicação.
“As previsões de inflação média dos países emergentes subiram para algo em
torno de 7% este ano. Quando examinada a inflação específica dos alimentos,

o
em
os índices pulam para os dois dígitos. O trigo aumentou 77% no ano passado e
o caso do arroz é dramático para os pobres da Ásia: ele mais que dobrou de

D
preço no ano.”

er
A alternativa (E) é a errada, por problemas na regência (uso das
ov
preposições) e na crase.
em

O verbo “soma” deve se flexionar no plural; por ser transitivo direto e


indireto, o pronome “se” é apassivador, seu sujeito paciente é o termo plural
R

“princípios de instabilidade política” e o objeto indireto é “A instabilidade


k
ar

econômica”, o qual deve receber crase, pois se inicia com preposição “a” e o
m

substantivo “instabilidade” é antecipado do artigo “a”.


er

Não pode haver crase antes do substantivo masculino “ponto”. Segue a


at

estrutura já corrigida:
W

“À instabilidade econômica criada com a crise das hipotecas nos EUA somam-
F

se agora princípios de instabilidade política em boa parte do planeta, fruto de


PD

uma situação que tem tudo para se tornar explosiva. A alta dos preços dos
alimentos é forte e disseminada a ponto de elevar os índices de inflação em
e

todo o mundo.”
W

Gabarito: E

Questão 14: Analista-Tributário da Receita Federal 2010


Assinale a opção em que o trecho do texto de Emir Sader (A nova toupeira: os
caminhos da esquerda latino-americana) foi transcrito com correção
gramatical.
a) Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os
dois pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a
hegemonia imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem
de medir o processo de construção de “outro mundo possível”, para se
analisar seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas.
b) De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no
mundo à partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o
da palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em
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que os Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.
c) A região tem-se mostrado refratária a política de guerra infinita promovida
pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da
política estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a
América Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante a
hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo
mais frágil da cadeia neoliberal no século XXI.
d) O terceiro trata-se do monopólio da mídia privada no processo –
profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião
pública. Palco inicial da implantação do modelo neoliberal e sua vítima
privilegiada, a América Latina passa por uma espécie de ressaca do
neoliberalismo, com governos que rompem com o modelo e com outros
que buscam readequações que lhe permitam não sucumbir com ele.
e) O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as

o
relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um

em
mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja

D
utopia são os grandes centros de compras.

er
Comentário: A alternativa (A) está errada. O substantivo “contraposição”
rege preposição “a”, e o substantivo “hegemonia” admite artigo “a”. Por isso
ov
seria natural a crase, mas não se pode dizer que a crase é obrigatória, pois o
em

substantivo “hegemonia” pode estar sendo tomado de maneira geral, isto é,


R

sem artigo definido “a”. Isso se reforça porque foi a primeira vez que esse
k

vocábulo foi utilizado no texto (veja que a segunda ocorrência de tal


ar

substantivo está com artigo). Além disso, não há nenhum adjetivo ou


m

expressão que o caracterize para forçar o uso do artigo “a”. Então, neste caso,
er

não há erro por estar sem crase.


at

Na realidade, o erro está basicamente em duas construções. Quanto ao


W

primeiro, o verbo “analisar” é transitivo direto e o pronome “se” é apassivador,


F

com isso o verbo deve flexionar-se de acordo com o seu sujeito paciente plural
PD

“seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas”.


O outro problema é a grafia de “revezes”. Veja que “revezes” é gerado
e

do verbo “revezar” (revezamento) e significa “uma vez ou outra”, “Por vezes”,


W

“às vezes”. Já o vocábulo “reveses” é o plural de “revés”, que significa


“reverso”, “retração”, “insucesso”. Assim, tal contexto pede a grafia
“reveses”. Veja como ficou com a correção:
“Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os dois
pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a hegemonia
imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem de medir o
processo de construção de “outro mundo possível”, para se analisarem seus
avanços, reveses, obstáculos e perspectivas.” (para serem analisados...)
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “partir” não admite artigo “a”,
portanto não há crase. Veja como ficou com a correção:
“De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no
mundo a partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o da
palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em que os
Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.”
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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
A alternativa (C) está errada. O adjetivo “refratária” rege preposição “a”,
e o substantivo “política” foi determinado pela locução adjetiva “de guerra
infinita”, por isso recebe artigo “a”. Então há crase. O mesmo ocorre com a
locução “no tocante a” que encontra o substantivo “hegemonia”, agora
determinado pela expressão adjetiva “econômica e política dos Estados
Unidos”, além de já ter sido empregado anteriormente. Assim, o artigo
definido “a” é obrigatório e a crase também será. Veja como ficou com a
correção:
“A região tem-se mostrado refratária à política de guerra infinita promovida
pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da política
estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a América
Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante à hegemonia
econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo mais frágil da
cadeia neoliberal no século XXI.”
A alternativa (D) está errada. O verbo “trata” é transitivo indireto. O

o
em
pronome “se” é o índice de indeterminação do sujeito, por isso o sujeito não
pode ficar expresso (O terceiro). O autor deve optar em deixar o sujeito

D
expresso retirando o “se”; ou retirar o sujeito e manter o pronome “se”,

er
ficando assim: ov
Trata-se do monopólio... ou O terceiro trata de monopólio...
em

O verbo “sucumbir” não aceita preposição “com”, ele rege a preposição


R

“a”. Veja como ficou com a correção:


k
ar

“O terceiro trata do monopólio da mídia privada no processo – profundamente


m

seletivo e antidemocrático – de formação da opinião pública. Palco inicial da


er

implantação do modelo neoliberal e sua vítima privilegiada, a América Latina


at

passa por uma espécie de ressaca do neoliberalismo, com governos que


W

rompem com o modelo e com outros que buscam readequações que lhe
permitam não sucumbir a ele.”
F
PD

A alternativa (E) é a correta. É natural ficarmos em dúvida se o verbo


“tem” deveria se flexionar no plural, haja vista o pronome relativo “que” estar
e

na função de sujeito e parecer retomar o substantivo imediatamente anterior;


W

porém, pelo sentido, ele retoma “a política neoliberal de mercantilização”.


Outra dúvida poderia ser a flexão do verbo “são”. Note que o sujeito está no
singular ”cuja utopia” e o predicativo de base substantiva está no plural: “os
grandes centros de compras”. Assim, é o predicativo que força o verbo a se
flexionar no plural. Veja:
“O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as
relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um mundo
em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja utopia são os
grandes centros de compras.”
Gabarito: E

Questão 15: MPOG - Analista de Planejamento e Orçamento – 2010


A preocupação com a herança que deixaremos as (1) gerações futuras está
cada vez mais em voga. Ao longo da nossa história, crescemos em número e

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modificamos quase todo o planeta. Graças aos avanços científicos, tomamos
consciência de que nossa sobrevivência na Terra está fortemente ligada a(2)
sobrevivência das outras espécies e que nossos atos, relacionados a(3)
alterações no planeta, podem colocar em risco nossa própria sobrevivência.
Contudo, aliado ao desenvolvimento científico, temos o crescimento econômico
que nem sempre esteve preocupado com questões ambientais. O que se
almeja é o desenvolvimento sustentável, que é aquele viável economicamente,
justo socialmente e correto ambientalmente, levando em consideração não só
as(4) nossas necessidades atuais, mas também as(5) das gerações futuras,
tanto nas comunidades em que vivemos quanto no planeta como um todo.
(Adaptado de A. P. FOLTZ, A Crise Ambiental e o Desenvolvimento
Sustentável: o crescimento econômico e o meio ambiente. Disponível
em http://www.iuspedia.com.br.22 jan. 2008)

Para que o texto acima respeite as regras gramaticais do padrão culto da


Língua Portuguesa, é obrigatória a inserção do sinal indicativo de crase em

o
em
a) 1, 2 e 3
b) 1 e 2

D
c) 1, 3 e 5

er
d) 2 e 4
ov
em

e) 3, 4 e 5
Comentário: Em (1), o verbo “deixaremos” é transitivo direto e indireto,
R

assim “que” é objeto direto e “as gerações futuras” é objeto indireto. A crase é
k

obrigatória porque o verbo exigiu a preposição “a” e “as” certamente é o


ar

artigo, pois o substantivo “gerações” está no plural. Assim, já podemos


m

eliminar as alternativas (D) e (E).


er

Em (2), “ligada” rege preposição “a” e o substantivo feminino singular


at

“sobrevivência” admite o artigo “a”. Portanto, pode ocorrer a crase. Mas não
W

devemos afirmar que a crase é obrigatória porque esse substantivo pode ter
F

sido tomado de maneira geral, isto é, sem artigo “a”.


PD

Em (3), “relacionados” rege preposição “a”, porém o artigo para


“alterações” seria “as”, o que não ocorreu. Assim, a crase é proibida.
e
W

Por isso, eliminamos as alternativas (A) e (C), sobrando como correta a


alternativa (B).
Em (4) e (5), há apenas o artigo.
Gabarito: B

Questão 16: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012


No que diz respeito ao uso do sinal de crase, assinale a opção que preenche
corretamente as lacunas do texto abaixo.
Uma mera observação __(1)__olho nu já basta para constatar que parcela
relevante do spread está ligada direta ou indiretamente, __(2)__ políticas
públicas, sejam tributárias regulatórias ou de outra natureza. Parece, pois,
difícil avançar na questão dos spreads, sem que tais políticas sejam, no
mínimo, reavaliadas, obviamente não perdendo de vista os legítimos objetivos
de cada uma delas.

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Por outro lado, o aumento da eficiência do sistema bancário é igualmente
relevante para __(3)__ queda dos spreads. Isso sugere que “parte da bola”,
pelo menos, está com os bancos, públicos e privados, que devem se tornar
cada vez mais eficientes nas funções de intermediários financeiros. Em suma,
é necessário um permanente diálogo entre o setor bancário e o governo, com
vistas __(4)__ implementação de medidas sustentáveis para redução de
spread, objetivo que deve ser atingido sem ameaças __(5)__ estabilidade
financeira.
(Adaptado de Gustavo Loyola, Baixar “spreads” exige medidas
sutentáveis. O Estado de São Paulo, 21 de abril de 2012)
(1) (2) (3) (4) (5)
a) à às a à à
b) a as a à a
c) à a à a à

o
em
d) a às a à à

D
e) a a à a a

er
Comentário: Na lacuna 1, há o adjunto adverbial de modo “a olho nu”. Veja
ov
que não pode haver crase antes de substantivo masculino. Assim, devemos
em

excluir as alternativas (A) e (C).


Na lacuna (2), o adjetivo “ligada” rege a preposição “a”. Se o substantivo
R

“políticas” estiver antecipado do vocábulo plural “as”, deve haver crase, porque
k

ocorrerá a contração da preposição “a” com o artigo “as”. Porém, se houver


ar

apenas o vocábulo singular “a”, este será a preposição. Por isso, não haverá
m
er

crase. Assim, devemos excluir a alternativa (B).


Na lacuna (3), não pode haver crase após a preposição “para”, pois o
at
W

vocábulo “a” é apenas o artigo definido. Assim, excluímos a alternativa (E), e a


(D) é a correta, mas devemos confirmar.
F

Na lacuna (4), o substantivo “vistas” rege a preposição “a” e o


PD

substantivo “implementação” admite artigo “a”. Assim, a crase está correta.


Na lacuna (5), o substantivo “ameaças” rege a preposição “a” e o
e
W

substantivo “estabilidade” admite artigo “a”. Assim, a crase está correta.


Gabarito: D

Questão 17: Analista de Comércio Exterior - ACE/MDIC-2012


O texto abaixo foi transcrito com adaptações. Assinale a opção que manteve o
emprego correto do sinal indicativo de crase.

Interessa à (1) todo o País, por sua importância para à (2) produção, à (3)
criação de empregos e o desenvolvimento, a agenda levada ao Congresso pelo
presidente da Confederação Nacional da Indústria − CNI. Ao apresentar uma
lista de 131 projetos considerados favoráveis ou prejudiciais ao setor, ele
cobrou dos parlamentares, como de costume, atenção urgente às (4) questões
de grande relevância para à (5) economia, especialmente numa fase de crise
internacional.
(Editorial, O Estado de S. Paulo, 29/3/2012)

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a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “interessa” é
transitivo indireto e exige a preposição “a”, porém não pode haver crase,
porque o pronome indefinido “todo” não admite artigo “a”.
A alternativa (B) está errada, pois o substantivo “importância” exigiu a
preposição “para” e o substantivo “produção” admitiu o artigo “a”. Assim, não
pode haver crase, por não haver a preposição “a”.
“importância para a produção”
A alternativa (C) está errada, pois o substantivo “importância” exigiu a
preposição “para”, a qual se encontra subentendida, e o substantivo “criação”

o
admitiu o artigo “a”. Assim, não pode haver crase, por não haver a preposição

em
“a”.
“importância para a produção, (para) a criação”

D
A alternativa (D) é a correta, pois o substantivo “atenção” rege a

er
preposição “a” e o substantivo “questões” admitiu o artigo “as”. Assim, ocorreu
ov
a crase.
em

A alternativa (E) está errada, pois o substantivo “relevância” exigiu a


preposição “para” e o substantivo “economia” admitiu o artigo “a”. Assim, não
R

pode haver crase, por não haver a preposição “a”.


k
ar

“relevância para a economia”


m

Gabarito: D
er

Agora, vamos mudar de assunto. Falaremos sobre a estrutura e a


at

interpretação de texto.
W

Na seleção de questões para este tema, mantive algumas antigas, por


F

serem bem didáticas.


PD

Interpretação de texto
Muitos alunos têm afirmado que interpretação de texto é questão muito
e
W

subjetiva, pois depende da opinião ou do pensamento de quem monta a prova.


Isso não é verdade.
Toda banca examinadora exige do professor, durante a montagem da
prova, um documento em que ele defende os argumentos das respostas das
questões. Assim, numa interpretação de texto, ele deve se pautar
exclusivamente nos dados do texto, para corroborar se a afirmativa está
correta ou não, inclusive para se defender de possíveis recursos.
Assim, não podemos resolver questões de interpretação de texto
somente no achismo. Temos que provar que o julgamento da questão está
correto, com fundamento no texto.
Antes de trabalharmos a interpretação em si, vale pincelarmos um pouco
sobre a estrutura textual, pois, muitas vezes, entendendo a estrutura, chega-
se mais rapidamente à resolução da questão.
Vamos começar, lendo um texto e depois acompanhando a explicação da
sua estrutura:

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TRATAMENTO DE CHOQUE
A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores. As baixas
temperaturas, ao mesmo tempo em que são necessárias à conservação das
frutas, também podem causar danos ao produto, se a exposição ao frio for
prolongada. Essa contradição, entretanto, está com os dias contados. É o que
promete um novo método desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de
Fisiologia e Bioquímica Pós-Colheita da Esalq – Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz.
O processo, chamado de condicionamento térmico, consiste em
mergulhar o fruto em água quente antes de refrigerá-lo. “O frio faz com que a
fruta fique vulnerável à ação de substâncias que deterioram a casca, mas o
uso da água quente ativa seu sistema de defesa”, afirma o pesquisador
Ricardo Kluge.
A temperatura da água e a duração do mergulho variam para cada
espécie, mas, em média, as frutas são mantidas em 52 graus por poucos

o
minutos. Em alguns casos, o tratamento aumenta a conservação em até 50%

em
do tempo; se um produto durava 40 dias em ambiente frio, pode passar a

D
durar 60.

er
Resistência. A Esalq também desenvolveu um outro tipo de tratamento,
ov
o “aquecimento intermitente”. Essa técnica consiste em pôr a fruta em
ambiente refrigerado e, depois de dez dias, deixá-la em temperatura ambiente
em

por 24 horas, para então devolvê-la à câmara fria. “Isso faz com que o produto
R

crie resistência ao frio e não seja danificado”, afirma Ricardo Kluge. Para o
k

produtor de pêssegos Waldir Parise, isso será muito válido, pois melhora a
ar

qualidade final do produto. Ele acredita que a nova técnica aumentará o valor
m

da fruta no mercado. “Acho que facilitará bastante nossa vida.”


er

De acordo com o pesquisador Kluge, o grande desafio é fazer com que


at

essa novidade passe a ser usada pelo produtor. “No começo é difícil, pois
W

muitos apresentam resistência às novidades”, diz. Neste ano, os pesquisadores


F

trabalharão mais próximos dos agricultores, tentando ensinar-lhes a técnica.


PD

“Acho que daqui a três anos ela será mais usada”. O Chile já usa o método nas
ameixas.
e

As frutas tropicais devem ser as mais abordadas pelo estudo, pois não
W

apresentam resistência natural às baixas temperaturas. A pesquisa testou o


método só no limão taiti, na laranja valência e no pêssego dourado-2.
(Luis Roberto Toledo e Carlos Gutierrez. Revista Globo Rural – Março/2006)

Todo texto veicula um assunto, que é especificado pela visão do autor, a


qual chamamos de tema. O tema é a ideia principal do texto, é o resumo do
conteúdo central em uma palavra ou expressão. Poderíamos sugerir como
tema de texto a expressão “Conservação de frutas”.
Esse resumo pode ser expresso no título, e isso já nos ajuda muito na
interpretação do texto. Candidato que realiza a leitura de um texto para
interpretá-lo e não se lembra do título ou não entendeu seu emprego, é sinal
de que não o interpretou bem, pois o título nos induz ao caminho principal das
ideias do autor, ou pelo menos sugere.
O título deste texto (“Tratamento de Choque”) nos sinaliza técnicas de
conservação das frutas.
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Muitas vezes o posicionamento do autor é expresso numa frase, a qual
chamamos de tese ou tópico frasal. Essa tese normalmente é expressa na
introdução do texto, mas pode aparecer também no seu final, na conclusão.
No caso deste texto a tese é: “A refrigeração é uma questão delicada para os
fruticultores.”
Assim, entre a refrigeração e os fruticultores, há uma questão delicada,
que será explicada em seguida: as baixas temperaturas são necessárias à
conservação das frutas (utilização benéfica), mas também pode causar danos
(utilização maléfica). Tudo vai depender do uso pelo fruticultor.
O parágrafo de introdução (apresentação, generalização):
No texto ora lido, perceba que a primeira frase “A refrigeração é uma
questão delicada para os fruticultores.” é a tese, o tópico frasal. Esta frase nos
mostra que o assunto a ser tratado no texto impõe contrastes.
Em seguida, ainda neste primeiro parágrafo, há uma explicação de a
refrigeração ser interpretada como questão delicada para os fruticultores: as

o
em
baixas temperaturas são necessárias, mas podem causar danos. Em seguida, é
sugerido um método possível para solucionar o problema (final do primeiro

D
parágrafo). Dessa forma, o autor introduziu o texto, gerando uma expectativa

er
em sua leitura, o leitor vê necessidade de continuar lendo o texto para
ov
entender o método, o qual é desenvolvido e explicado nos parágrafos
em

seguintes.
Assim, podemos entender que o parágrafo de introdução sinaliza de
R

maneira geral sobre o que o texto tratará.


k
ar

Os parágrafos de desenvolvimento (análise, especificação):


m

Nesta parte do texto, o leitor observa que há uma ampliação dos


er

argumentos iniciados na introdução. Agora, é hora de provar o que fora dito


at

anteriormente.
W

Para tanto, o autor pode se valer de contrastes (“mas o uso da água


F

quente ativa seu sistema de defesa”, “mas, em média, as frutas são mantidas
PD

em 52 graus por poucos minutos.”), explicações (“O processo consiste em


mergulhar o fruto em água quente antes de refrigerá-lo”, “Essa técnica
e
W

consiste em pôr a fruta em ambiente refrigerado”, “pois melhora a qualidade


final do produto.”), conformidade ou argumento de autoridade (“É o que
promete um novo método desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de
Fisiologia e Bioquímica Pós-Colheita da Esalq – Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz”, “afirma o pesquisador Ricardo Kluge”, “Para o produtor de
pêssegos Waldir Parise,”, causa/consequência (“O frio faz com que a fruta
fique vulnerável”, “o uso da água quente ativa seu sistema de defesa”), dado
estatístico ou estimativa (“aumenta a conservação em até 50% do tempo”)
etc.
O importante é você perceber que nos parágrafos de desenvolvimento
são feitas as análises para provar o que foi afirmado na introdução do texto.
O parágrafo de conclusão (fechamento, confirmação):
Aqui, podemos perceber que, após toda a argumentação nos parágrafos
de desenvolvimento, o autor chega a uma conclusão que confirma o que foi
dito na introdução: ao afirmar que “As frutas tropicais devem ser as mais
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abordadas pelo estudo, pois não apresentam resistência natural às baixas
temperaturas.”, o autor confirmou a importância da informação veiculada na
tese: a de que a “refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores”.
Assim, os dados elencados nos parágrafos de desenvolvimento servem para
convencer o leitor sobre a opinião do autor, expressa pela tese do texto, a qual
será ratificada (confirmada) no parágrafo de conclusão. É como se ele dissesse
informalmente ao leitor:
“Está vendo, leitor, como foi importante o meu discurso inicial? Com isso,
devemos realizar tais ações... ou prestar atenção em tais aspectos... ou nos
mover a evitar tais problemas... e assim por diante”.
Com base em nossa conversa sobre o texto lido, vamos trabalhar uma
questão que nos cobra a noção da estrutura textual de introdução (informação
de sentido geral), desenvolvimento (detalhamento das informações) e
conclusão (confirmação da introdução).
Questão 18: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002

o
em
Num determinado ponto do discurso de posse como Arcebispo de Olinda e
Recife, Dom Hélder Câmara faz um raciocínio baseado em quatro proposições.

D
Ordene tais proposições, obedecendo ao esquema: 1-proposição genérica; 2-

er
proposição acidental; 3-proposição resolutiva; 4-proposição consecutiva.
ov
I. A melhor maneira de combater o erro é libertar as parcelas de verdade
em

prisioneiras dentro dele.


R

II. Quando o erro perde a verdade que nele se esconde, deixa de ter poder de
k

sedução e consistência interior.


ar

III. Deus fez a inteligência voltada para a verdade.


m

IV. Quando a inteligência adere ao erro é seduzida pela alma de verdade que
er

existe dentro de todo erro.


at

A ordenação correta é:
W

1 2 3 4
F
PD

a) I II IV III
b) I IV II III
e

c) III IV I II
W

d) III II I IV
e) II III I IV
Comentário: Note que as proposições já nos dão a ideia da estrutura textual:
1-proposição genérica (introdução do texto apresentando o tema), 2-
proposição acidental (análise de um problema), 3-proposição resolutiva
(tentativa de solução deste problema) e 4-proposição consecutiva (conclusão).
Note que a frase de tom generalizante é a 3: “Deus fez a inteligência
voltada para a verdade.” Esta frase lança uma declaração. A partir dela será
desenvolvido o texto.
A proposição acidental é a apresentação de um problema (“o erro”):
“Quando a inteligência adere ao erro é seduzida pela alma de verdade que
existe dentro de todo erro.”
Note que, para apresentar o “erro”, a frase retomou o substantivo
“inteligência” a fim de dar sequência ao texto. Por isso é a frase IV na
sequência e não a II, a qual também possui a palavra “erro”.

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Em seguida, deve haver a proposição 3: resolutiva. Ora, se é para
resolver um problema (“o erro”), a expressão adequada é “A melhor maneira
de combater o erro”. Assim, a frase seguinte é “A melhor maneira de combater
o erro é libertar as parcelas de verdade prisioneiras dentro dele.”
Assim, a última frase é a conclusão: “Quando o erro perde a verdade que
nele se esconde, deixa de ter poder de sedução e consistência interior.”. Note
que a expressão sublinhada é a consequência assinalada na proposição.
Assim, a alternativa correta é a (C). Confirme no esquema:
III. Deus fez a inteligência voltada para a verdade.

IV. Quando a inteligência adere ao erro é seduzida pela alma de verdade que
existe dentro de todo erro.

I. A melhor maneira de combater o erro é libertar as parcelas de verdade


prisioneiras dentro dele.

o
em
II. Quando o erro perde a verdade que nele se esconde, deixa de ter poder de
sedução e consistência interior

D
Gabarito: C

er
ov
Agora vamos a uma questão que nos cobra a tese!!!!
em

Questão 19: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


R

Questão velha, polêmica e controvertida, que constitui obstáculo à ação


das autoridades administrativo-tributárias, mas que sempre viva e
k
ar

exacerbadamente atual, é a do “sigilo bancário”, pois frente ao crédito


m

tributário e ao Fisco, aquele como um bem público relevante e indisponível e


er

este na busca de cumprir os objetivos a que se destina de aferir a real


at

capacidade contributiva, arrecadar tributos, promover a igualdade e a justiça


W

fiscal, colocam-se a preservação e a garantia dos direitos fundamentais


invioláveis de privacidade e intimidade inerentes às pessoas dos contribuintes.
F
PD

(Mary Elbe G. Q. Maia, “A inexistência de sigilo bancário frente


ao poder-dever de investigação das autoridades fiscais”, Tributação
e

em Revista, julho/setembro de 1999)


W

Assinale a proposição nuclear do texto, aquela que contém a idéia-síntese em


torno da qual se desenvolve sintática e semanticamente o parágrafo.
a) Questão velha, polêmica e controvertida é a do sigilo bancário frente ao
crédito tributário e ao Fisco.
b) Frente ao crédito tributário e ao Fisco, coloca-se a questão do sigilo
bancário como um obstáculo à ação das autoridades administrativo-
tributárias.
c) Por ser um bem público relevante e indisponível, o crédito tributário deve
preservar e garantir o direito de privacidade do contribuinte.
d) A preservação dos direitos fundamentais de privacidade dos contribuintes
frente ao crédito tributário e ao Fisco deve ser colocada na discussão da
questão do sigilo bancário.
e) Na tarefa de cumprir os objetivos de aferir a capacidade contributiva,
arrecadar tributos e promover a igualdade e a justiça fiscal, o Fisco deve
preservar e garantir a questão do sigilo bancário dos contribuintes.
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Comentário: Para resolver esta questão, basta observarmos a ideia principal,
a qual é o resultado da eliminação das explicações, exemplificações,
enumerações etc. Acompanhe a estrutura sublinhada:
Questão velha, polêmica e controvertida, que constitui obstáculo à ação das
autoridades administrativo-tributárias, mas que sempre viva e
exacerbadamente atual, é a do “sigilo bancário”¹, pois frente ao crédito
tributário e ao Fisco², aquele como um bem público relevante e indisponível e
este na busca de cumprir os objetivos a que se destina de aferir a real
capacidade contributiva, arrecadar tributos, promover a igualdade e a justiça
fiscal, colocam-se a preservação e a garantia dos direitos fundamentais
invioláveis de privacidade e intimidade inerentes às pessoas dos
contribuintes³.
A alternativa (D) é a correta, pois se preservaram as informações
principais e a sintaxe. Compare os termos sublinhados e a numeração:

o
A preservação dos direitos fundamentais de privacidade dos contribuintes³

em
frente ao crédito tributário e ao Fisco² deve ser colocada na discussão da

D
questão do sigilo bancário¹.

er
Cuidado para não cair na “pegadinha” da alternativa (A). Ela parece ser a
ov
correta, mas a expressão adverbial “frente ao crédito tributário e ao Fisco” tem
em

relação com a estrutura “colocam-se a preservação e a garantia dos direitos


fundamentais invioláveis de privacidade e intimidade inerentes às pessoas dos
R

contribuintes”. A aproximação daquela expressão ao termo “sigilo bancário”


k

mudou o sentido (“é a do sigilo bancário frente ao crédito tributário e ao


ar

Fisco”). Assim, passou-se a uma ideia de restrição ao substantivo “sigilo”.


m
er

A alternativa (B) também não ligou a expressão “frente ao crédito


at

tributário e ao Fisco” com a expressão “colocam-se a preservação...” Assim,


W

não se preservaram as informações principais.


F

Tanto a alternativa (C) quanto a (E) mencionaram apenas um dos


PD

termos (“crédito tributário” e “Fisco”, respectivamente). Assim, não transmite


a ideia principal.
e
W

Gabarito: D
Agora vamos a questões que cobram o título!!!!
Questão 20: Auditor-Fiscal do Trabalho 2003
Assinale o título sugerido para o texto que corresponde à sua idéia principal.
Vale lembrar que nos governos Vargas e JK e nos governos do ciclo militar,
apesar da preponderância do estatismo, as empresas ocuparam posição
central. Vargas governou com os empresários ao seu lado. Dificilmente dava
um passo importante sem antes ouvir a Confederação Nacional da Indústria.
Juscelino fez do capital privado um trunfo. Basta citar o caso emblemático da
produção automobilística que fez a imprensa mundial comparar São Paulo a
uma nova Detroit. Os militares criaram sistemas híbridos, a exemplo da
petroquímica, associando o Estado e iniciativa privada. A iniciativa privada foi o
pulmão do desenvolvimento na época do estatismo e terá ainda maior
relevância na economia contemporânea. Um modelo de desenvolvimento que
não leve esta evidente nuança em consideração é como se fosse um
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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
dinossauro, muito bom para as primeiras eras geológicas e muito distante da
era atual.
(Emerson Kapaz, “Dedos cruzados” in Revista Política
Democrática, nº 6, p. 41)
a) Os governos Vargas e JK & os governos militares
b) A iniciativa privada no desenvolvimento econômico
c) O papel da Confederação Nacional da Indústria no governo JK
d) Os sistemas híbridos dos governos militares
e) O estatismo de Vargas a JK
Comentário: A tese é a frase em que o autor resume a ideia central do texto.
Muitas vezes, é com base na tese que se monta o título, simplesmente
utilizando as palavras principais. Neste texto, perceba que a tese é a frase:
“Vale lembrar que nos governos Vargas e JK e nos governos do ciclo militar,
apesar da preponderância do estatismo, as empresas ocuparam posição
central.” Podemos entender esta primeira frase como a introdução do texto. Os

o
em
períodos seguintes desenvolvem a tese explicando os governos de Vargas, de
JK e dos militares. Todos eles sendo permeados pela valorização da iniciativa

D
privada. Como vimos, é natural nos basearmos na tese (ideia principal) para

er
montarmos o título. Assim, o título adequado é “A iniciativa privada no
ov
desenvolvimento econômico”.
em

Note que as demais alternativas não transmitem a ideia central. São os


chamados argumentos secundários, os quais só apoiam a ideia central.
R

Gabarito: B
k
ar

Questão 21: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008


m

Assinale a opção que não serve de título para o trecho abaixo por reproduzir
er

erradamente informação aí contida.


at
W

Por trás dos números recordes de geração de emprego formal no governo Lula,
o mercado de trabalho com carteira assinada avança em ocupações de baixa
F

escolaridade e salários menores, enquanto, em nome da globalização e dos


PD

ganhos de produtividade das empresas, posições mais bem remuneradas nas


e

áreas de supervisão e gerência tendem à atrofia.


W

(Sofia, Julianna, Folha de S. Paulo,


6/1/2008, B1.)
a) Baixa qualificação puxa alta do emprego
b) Criação de vagas se deu em ocupações que exigem menos qualificação
c) Aumento de remuneração atinge as posições de trabalho globalizado
d) Crescimento atual do emprego favorece mão-de-obra de baixa escolaridade
e) Acanham-se no atual quadro de trabalho as funções de gerência e
supervisão
Comentário: Nesta frase, resumidamente, temos que o mercado de trabalho
para baixa escolaridade aumentou e o de alta escolaridade baixou.
Basicamente é isso que está sendo veiculado com os títulos das
alternativas (A), (B), (D) e (E).
Porém, na alternativa (C), houve um erro na informação, pois não se
quis dizer que houve aumento na remuneração. Houve aumento de trabalho de
baixa escolaridade e salários menores.
Gabarito: C
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR

Questão 22: Oficial de Chancelaria - MRE 2002


Marque o parágrafo cujo título não corresponde à sua idéia central.
a) A história e as relações de causa e efeito
A política internacional não se situa, necessariamente, no domínio da
racionalidade intrínseca da história ou no das fatalidades. Não esgota sua
explicação na clássica dicotomia de causas e efeitos, como se as
determinações históricas agissem exclusivamente por si, à revelia de
indivíduos e coletividades. Desafia a argúcia do estudioso que vai à busca da
inteligibilidade da ação humana no tempo.
b) A política externa brasileira a serviço da paz
Na história do Brasil, após o rompimento com Portugal em 1822, a política
exterior serviu intencionalmente à paz entre os povos, com exceção de um
período nos meados do século XIX, entre 1850 e 1870.

o
em
c) Instabilidade na condução da política exterior brasileira

D
A capacidade do setor externo em subsidiar o crescimento e a autonomia
sócio-econômica do país não foi acionada, entretanto, de forma estável.

er
Sucederam-se períodos em que a leitura do interesse nacional, feita pelos
ov
homens de Estado, ditou políticas restritivas em que aquele interesse foi
em

atendido de forma mais global e abrangente e, nessas circunstâncias, a política


R

externa perdeu seu caráter conjuntural para ferir as estruturas e tornar-se


prospectiva.
k
ar

d) A política internacional como instrumento de governo


m
er

A política internacional correspondeu, nos dois últimos séculos, a um dos


at

instrumentos com que os governos dos Estados-nação já constituídos afetaram


W

o destino de seus povos, mantendo a paz ou fazendo a guerra, estabelecendo


resultados de crescimento e desenvolvimento ou de atraso e dependência.
F
PD

e) Novas categorias explicativas na história das relações internacionais


Nos anos recentes, mercê dos progressos da pesquisa no Brasil e no mundo, o
e
W

método histórico definiu outras categorias explicativas para conduzir a viagem


do historiador pelo passado das relações internacionais.
(Baseado em Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno)
Comentário: Nesta questão, basta procurarmos observar a frase que
expressa a ideia principal, por meio de vocábulos que transmitem as
informações mais importantes e que dão a noção geral do texto.
A alternativa (A) é a errada, pois, excluindo as enumerações, explicações
secundárias, podemos definir a tese deste parágrafo da seguinte forma: “A
política internacional desafia a argúcia do estudioso que vai à busca da
inteligibilidade da ação humana no tempo.” Assim, a ideia principal é a política
internacional, e não a história e as relações de causa e efeito.
A alternativa (B) está correta, pois a tese é “a política exterior serviu
intencionalmente à paz entre os povos”. Assim, resumindo a tese, temos o
título: “A política externa brasileira a serviço da paz”

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
A alternativa (C) está correta, pois a tese é “A capacidade do setor
externo em subsidiar o crescimento e a autonomia sócio-econômica do país
não foi acionada, entretanto, de forma estável”. Resgatando as palavras mais
importantes e resumindo esta frase, temos o título “Instabilidade na condução
da política exterior brasileira”.
A alternativa (D) está correta, pois a tese é “A política internacional
correspondeu, nos dois últimos séculos, a um dos instrumentos com que os
governos dos Estados-nação já constituídos afetaram o destino de seus
povos”. Resgatando as palavras mais importantes e resumindo a frase, temos
o título “A política internacional como instrumento de governo”.
A alternativa (E) está correta, pois a tese é “o método histórico definiu
outras categorias explicativas para conduzir a viagem do historiador pelo
passado das relações internacionais”. Resumindo, temos o título “Novas
categorias explicativas na história das relações internacionais”.

o
Gabarito: A

em
Agora, passemos à interpretação de texto propriamente dita!!!!
É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações

D
implícitas e explícitas. É mais fácil o concursando encontrar as informações

er
explícitas, e vemos que muitas vezes é isso mesmo que a banca ESAF cobra.
ov
Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em
em

uma investigação, o criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom
investigador é um excelente leitor de vestígios. Os vestígios podem ser: uma
R

palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em


k
ar

que o texto foi escrito ou aquela a que o texto se refere, o vocabulário do


m

autor, o rodapé do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou


er

terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao
at

escrever o texto, daí se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação.
W

Outro ponto que devemos entender é que, quando se interpreta um


texto para realizar um concurso, temos, na realidade, duas interpretações a
F

serem feitas. A primeira é a compreensão do texto em si, entender as


PD

expressões ali colocadas, tirar conclusões, compreender as entrelinhas, o


e

contexto; a outra é a compreensão do pedido da questão.


W

Às vezes até compreendemos bem o texto, mas não entendemos o


pedido da questão.

Conteúdo Conteúdo
do Interpretação da
texto questão

Interpretação
Interpretação
do
do
texto
texto

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
Portanto, devemos comparar dois textos: o propriamente dito e o
enunciado da questão. Após isso, devemos confrontá-los e julgar se possuem
ideias semelhantes ou não. Isso é a interpretação.
a) Como vimos, em um texto podemos encontrar os dados explícitos,
isto é, aquilo que o pedido da questão informou é encontrado literalmente no
texto. Didaticamente, representamos os dados explícitos com o sinal “xxx”:

Texto:
Questão:
xxx xxx

dados explícitos

Este é o tipo de questão mais simples e o que normalmente a banca


ESAF tem cobrado em prova. Veja:

o
em
Questão 23: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002

D
A época da independência fervilha de figuras representativas, em cujas

er
atitudes o ideário político do momento se reflete. Figuras cujos perfis se
recortam sobre um fundo um tanto confuso: novidades emancipacionistas,
ov
remanescências coloniais, antagonismos de tendências que puxavam a vida
em

brasileira para posições diferentes. Época sem dúvida tumultuosa, ocupada por
R

várias transições superpostas: a da dependência para a independência, a do


k

agrarismo para os modos urbanos, a do quase silêncio para o falatório – um


ar

falatório crescente –, a dos particularismos para a consciência nacional. Agora,


m

estabelecida a existência oficial de um Brasil declarado estado autônomo, a


er

liquidação dos obstáculos restantes caberia a esses homens.


at

(Nelson Nogueira Saldanha, História das idéias políticas no Brasil, p. 97)


W

Na mesma linha de raciocínio do autor, várias transições se superpõem à


F

época da independência, exceto uma. Aponte-a.


PD

a) do rural para o urbano


e

b) do individualismo para o coletivo


W

c) do desimpedimento para os obstáculos


d) do atrelamento para a emancipação
e) da dependência para a autonomia
Comentário: Esta questão trabalha os dados explícitos e está centrada no
trecho: “Época sem dúvida tumultuosa, ocupada por várias transições
superpostas: a da dependência para a independência, a do agrarismo para os
modos urbanos, a do quase silêncio para o falatório – um falatório crescente –,
a dos particularismos para a consciência nacional. Agora, estabelecida a
existência oficial de um Brasil declarado estado autônomo, a liquidação dos
obstáculos restantes caberia a esses homens”.
A alternativa (A) está correta, pois a transição do rural para o urbano
está prevista na seguinte expressão: “do agrarismo para os modos urbanos”.
A alternativa (B) está correta, pois a transição do individualismo para o
coletivo está prevista na seguinte expressão: “dos particularismos para a
consciência nacional”.

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
As alternativas (D) e (E) possuem expressões de mesmo sentido (“do
atrelamento para a emancipação” e “da dependência para a autonomia”). Elas
têm base na seguinte expressão do texto: “da dependência para a
independência”.
Assim, cabe a alternativa (C) como a errada, pois o texto informa que
caberia aos homens a liquidação dos obstáculos. Portanto, depreende-se que
há obstáculos e deve ser realizado o desimpedimento. Dessa forma, a
transição correta seria “dos obstáculos para o desimpedimento”.
Gabarito: C

Questão 24: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2005


O enquadramento pós-estruturalista da teoria da comunicação analisa o modo
como a comunicação eletronicamente mediada (o que eu chamo modo de
informação) desafia, e ao mesmo tempo reforça, os sistemas de dominação
emergentes na sociedade e cultura pós-moderna. A minha tese é que o modo

o
de informação decreta uma reconfiguração radical da linguagem, que constitui

em
sujeitos fora do padrão do indivíduo racional e autônomo. Esse sujeito familiar

D
moderno é deslocado pelo “modo de informação” em favor de um que seja
múltiplo, disseminado e descentrado, interpelado continuamente como uma

er
identidade instável. Na cultura, essa instabilidade coloca tanto perigos como
ov
desafios que se tornam parte de um movimento político – ou se estão
em

relacionados com as políticas feministas, minorias étnicas/raciais, posições


R

gays e lésbicas, podem conduzir a um desafio fundamental às instituições e


estruturas sociais modernas. (Haik Poster. A segunda era dos mídia)
k
ar

Assinale a inferência que não está coerente com a argumentação do texto.


m

a) Na cultura pós-moderna, o modo de informação estabelece com os sistemas


er

de dominação relações em dois sentidos.


at

b) Uma reconfiguração da linguagem repercute na reconfiguração dos sujeitos


W

sociais, seja na cultura moderna seja na pós-moderna.


F

c) Uma identidade instável caracteriza o sujeito, múltiplo, disseminado e


PD

inserido em movimentos políticos, culturais e sociais.


d) Sujeitos deslocados pelo modo de informação eletronicamente mediado
e
W

provocam uma instabilidade que se torna parte de movimento político.


e) O padrão do indivíduo racional e autônomo conduz a políticas que podem
desafiar os fundamentos das instituições e estruturas modernas.
Comentário: A pesar de a questão pedir a “inferência”, isto é, dados
implícitos, a questão é resolvida com os dados explícitos do texto.
A alternativa (A) está correta e tem fundamento no primeiro período do
texto. O modo de informação estabelece com os sistemas de dominação
relações em dois sentidos: (“desafia e ao mesmo tempo reforça”).
A alternativa (B) está correta e tem base no segundo período do texto.
Percebendo que o texto faz menção à cultura moderna e pós-moderna,
confronte os dados da alternativa com o texto:
Alternativa: Uma reconfiguração da linguagem¹ repercute na reconfiguração
dos sujeitos sociais², seja na cultura moderna seja na pós-moderna.
Texto: A minha tese é que o modo de informação decreta uma reconfiguração
radical da linguagem¹, que constitui sujeitos fora do padrão do indivíduo
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
racional e autônomo².
A alternativa (C) está correta. Confronte os dados da alternativa com o
texto:
Uma identidade instável¹ caracteriza o sujeito², múltiplo², disseminado² e
inserido em movimentos políticos, culturais e sociais³.
Esse sujeito² familiar moderno é deslocado pelo “modo de informação” em
favor de um que seja múltiplo², disseminado² e descentrado, interpelado
continuamente como uma identidade instável¹. Na cultura³, essa instabilidade
coloca tanto perigos como desafios que se tornam parte de um movimento
político³ – ou se estão relacionados com as políticas feministas, minorias
étnicas/raciais, posições gays e lésbicas, podem conduzir a um desafio
fundamental às instituições e estruturas sociais³ modernas.
A alternativa (D) está correta. Confronte os dados da alternativa com o
texto:

o
em
Alternativa: Sujeitos deslocados pelo modo de informação¹ eletronicamente
mediado provocam uma instabilidade² que se torna parte de movimento

D
político³.

er
Texto: Esse sujeito familiar moderno é deslocado pelo “modo de informação”¹
ov
em favor de um que seja múltiplo, disseminado e descentrado, interpelado
em

continuamente como uma identidade instável². Na cultura, essa instabilidade²


coloca tanto perigos como desafios que se tornam parte de um movimento
R

político³ – ou se estão relacionados com as políticas feministas, minorias


k
ar

étnicas/raciais, posições gays e lésbicas, podem conduzir a um desafio


m

fundamental às instituições e estruturas sociais modernas.


er

A alternativa (E) é a errada, pois não é o padrão do indivíduo racional e


at

autônomo que conduz a políticas que podem desafiar os fundamentos das


W

instituições e estruturas modernas; mas o sujeito fora do padrão do indivíduo


F

racional e autônomo. Confirme isso principalmente com os termos


PD

sublinhados:
e

“A minha tese é que o modo de informação decreta uma reconfiguração radical


W

da linguagem, que constitui sujeitos fora do padrão do indivíduo racional e


autônomo. Esse sujeito familiar moderno é deslocado pelo “modo de
informação” em favor de um que seja múltiplo, disseminado e descentrado,
interpelado continuamente como uma identidade instável. Na cultura, essa
instabilidade coloca tanto perigos como desafios que se tornam parte de um
movimento político – ou se estão relacionados com as políticas feministas,
minorias étnicas/raciais, posições gays e lésbicas, podem conduzir a um
desafio fundamental às instituições e estruturas sociais modernas.
Gabarito: E

Questão 25: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2010


Assinale a opção em que a reescrita de segmento do texto não mantém as
informações originais.
A demanda doméstica depende de vários fatores, e da perspectiva do seu
aumento depende a produção industrial. É normal, então, dar atenção especial
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
ao nível do emprego e à evolução da massa salarial real, sem deixar de
acompanhar as receitas e despesas do governo federal. Enquanto a ligeira
retomada da economia norte-americana é acompanhada por aumento do
desemprego, no Brasil o quadro é diferente. Os dados de julho, nas seis
principais regiões do País, mostram redução do desemprego de 8,1% para 8%,
o que significa a geração de 185 mil postos de trabalho. Essa taxa de
desemprego, em julho, é a menor da série desde 2002. Paralelamente, houve
melhora na qualidade do emprego, e 142 mil postos foram criados com
carteira de trabalho assinada.
(O Estado de S. Paulo, Editorial, 21/8/2009)
a) A demanda doméstica depende de vários fatores, e a produção industrial
depende da perspectiva do aumento dessa demanda.
b) Essa taxa de desemprego é a menor em julho de 2002. Paralelamente, em
142 mil postos, a carteira de trabalho assinada melhorou a qualidade do
emprego já existente.

o
c) O aumento do desemprego acompanha a ligeira retomada da economia

em
norte-americana, enquanto no Brasil o quadro é diferente.

D
d) Nas seis principais regiões do País, os dados de julho mostram a geração

er
de 185 mil postos de trabalho, o que significa redução do desemprego de
ov
8,1% para 8%.
em

e) É normal, então, dar atenção especial tanto ao nível do emprego e à


evolução da massa salarial real quanto às receitas e despesas do governo
R

federal.
k
ar

Comentário: Esta questão é simples, pois explora a interpretação literal,


m

porém devemos atentar ao pedido da alternativa errada. Muita gente vacilou


er

nisso por causa da pressa na hora da prova. Então, cuidado!


at

A alternativa errada é a (B), pois a troca da preposição “desde” por “em”


W

muda radicalmente o sentido, fazendo entender que os dados levam em


consideração apenas o ano de 2002, mas na realidade se referem ao período
F
PD

de 2002 até o atual (do texto).


Além disso, a carteira assinada em 142 mil postos de trabalho mostra
e

que houve melhora da qualidade do emprego, pois ela assegura ao trabalhador


W

seus direitos. Mas isso não quer dizer que todos os 142 mil postos de trabalho
já existiam e simplesmente passaram à formalidade, por meio da carteira de
trabalho, como sugere a expressão “já existente”, que se encontra na
afirmativa.
A alternativa (A) está correta e veja que a interpretação é literal da
primeira frase do texto. Confronte:
“A demanda doméstica depende de vários fatores, e da perspectiva do seu
aumento depende a produção industrial.” (texto)
“A demanda doméstica depende de vários fatores, e a produção industrial
depende da perspectiva do aumento dessa demanda.” (alternativa)
Houve uma reordenação dos termos da segunda oração. Perceba
também que o pronome possessivo “seu” foi trocado pela expressão de igual
valor “dessa demanda”.
A alternativa (C) está correta, pois houve apenas a transformação da voz
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
passiva em ativa na primeira oração e a troca de orações da conjunção
temporal “enquanto”. Veja:
“Enquanto a ligeira retomada da economia norte-americana é acompanhada
por aumento do desemprego, no Brasil o quadro é diferente.” (texto)
“O aumento do desemprego acompanha a ligeira retomada da economia norte-
americana, enquanto no Brasil o quadro é diferente.” (alternativa)
A alternativa (D) está correta, pois houve apenas a troca de posição de
alguns termos, não mudando o sentido original. Veja:
“Os dados de julho, nas seis principais regiões do País, mostram redução do
desemprego de 8,1% para 8%, o que significa a geração de 185 mil postos de
trabalho.” (texto)
“Nas seis principais regiões do País, os dados de julho mostram a geração de
185 mil postos de trabalho, o que significa redução do desemprego de 8,1%

o
para 8%.” (alternativa)

em
A alternativa (E) está correta, pois foram substituídos os conectivos

D
adicionais “e” e “sem deixar de acompanhar” pela estrutura adicional

er
“tanto...quanto...”. Assim, o sentido é preservado. ov
“É normal, então, dar atenção especial ao nível do emprego e à evolução da
em

massa salarial real, sem deixar de acompanhar as receitas e despesas do


governo federal.” (texto)
R
k

“É normal, então, dar atenção especial tanto ao nível do emprego e à evolução


ar

da massa salarial real quanto às receitas e despesas do governo federal.”


m

(alternativa)
er

Gabarito: B
at
W

b) Outro tipo de interpretação é a dos dados implícitos:


F

xxx
PD

Texto:
e
W

. ... . Questão:
. .... .. .... . . ..= xxx
. . .
.
A soma dos vestígios (. ... ..) gera o dado
implícito (xxx).
Vestígios

Neste tipo de interpretação, a questão não possui literalmente o mesmo


trecho do texto. Nela há um entendimento, uma conclusão (xxx), a qual
podemos chamar de inferência, com base nos vestígios (...), que são os
vocábulos no texto. Para saber se a questão está correta, basta confrontar
esses dois textos e observar se há semelhança de sentido.
Muitas vezes, nesse tipo de questão, vemos expressões categóricas que
eliminam a possibilidade de semelhança no sentido. Por exemplo:
Podemos dizer que o Brasil vem crescendo economicamente e que o
brasileiro está melhorando sua qualidade de vida e aumentando seu poder de
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
compra. Mas isso não quer dizer que todo brasileiro aumentou seu poder de
compra. Por isso, chamamos de palavra categórica aquela que especifica
demais ou amplia demais o universo a que se refere o termo. Perceba que a
palavra “todo” ampliou muito (todo brasileiro aumentou seu poder de compra)
um referente tomado de maneira geral (o brasileiro aumentou seu poder de
compra).
Assim, palavras como só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém,
tudo, nada etc têm papel importante nas afirmativas das questões. Essas
palavras categóricas não admitem outra interpretação e normalmente estão
nas questões para que o candidato as visualize como erradas.
Vale lembrar que essas palavras categóricas são encontradas nos
diversos tipos de interpretação (literal ou implícita). Vamos exercitar tomando
como exemplo a seguinte frase:
É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de ataques de

o
extremistas.

em
Marque (C) para informação de possível inferência do texto e (E) como

D
informação equivocada do texto.

er
1. O Ocidente necessita construir mísseis. ov
2. Há uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas.
em

3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de


extremistas.
R

4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os


k
ar

extremistas.
m

5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-


er

los de um ataque ao Ocidente.


at

6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.


W

7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.


8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.
F
PD

9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.


10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.
e
W

Vamos às respostas com base nos vestígios!

1. O Ocidente necessita construir mísseis. (C)


(Inferência certa, pois o vestígio é “É preciso”)
2. Há uma finalidade de defesa contra o ataque de extremistas. (C)
(Inferência certa, pois o vestígio é a oração subordinada adverbial de
finalidade “para defender o Ocidente de ataques de extremistas”.)
3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter o ataque de extremistas.
(E) (Inferência errada, pois não há evidência no texto de que já havia mísseis)
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os
extremistas. (E)
(Inferência errada, pois a expressão “destruir o mundo inteiro” é uma
suposição com base em expressão categórica. Não há certeza de que os
mísseis destruirão por completo o mundo, mas é certo que vão abalar o mundo
inteiro.)
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de
dissuadi-los de um ataque ao Ocidente. (E)
(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica e pode haver
outros meios, outras negociações, não só pelos diplomatas.)
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente. (E)
(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Não se sabe se
todo o Oriente está contra o Ocidente. Pelo texto, apenas os extremistas)
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente. (E)
(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica: “sempre”. Além
disso, houve uma palavra que extrapolou o texto: “invasões”. Não foi afirmado
nada sobre invasão no texto.)
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica. (E)
(Consideração sem fundamento no texto. Veja as palavras categóricas.)
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente. (C)

o
em
(Inferência possível, pois é vista a preocupação de possível ataque.)
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente. (E)

D
(Consideração sem fundamento no texto.)

er
ov
Quando realizamos as questões de interpretação, vemos muitas dessas
em

expressões categóricas ou palavras que extrapolam o conteúdo do texto.


Normalmente, já consideramos as questões erradas já na primeira leitura, por
R

estarem bem fora do contexto. Mas, logicamente, sempre devemos voltar ao


k
ar

texto para confirmar. Aí vem o “burilamento”. Deve-se ter paciência para


m

encontrar os vestígios que comprovem a resposta como a correta.


er

Agora, veremos questões com interpretação de dados explícitos − com


at

palavra categórica − e implícitos:


W

Questão 26: ANEEL - Analista 2006


F

Do Painel do Leitor da Folha de S. Paulo de 8/1/2006 transcreve-se a seguinte


PD

mensagem:
e

“Antônio Negri e Giuseppe Cocco foram muito precisos e felizes no artigo


W

de 5/1 ao destacarem como o programa Bolsa-Família tem contribuído para


diminuir a desigualdade e o seu caráter de embrião de uma renda universal e
cidadã, sobretudo ao concluírem com a sugestão de que o governo Lula
deveria colocar sua própria prática na perspectiva de aceleração do processo
de democratização, apontando para a incondicionalidade.
Já existe o instrumento legal para isso. É a lei 10.835, sancionada pelo
presidente em 8/1/2004. Ela institui, por etapas, começando pelos mais
necessitados, a critério do Poder Executivo, uma renda básica de cidadania, ou
seja, o direito de todas as pessoas no Brasil, incondicionalmente, receberem
uma renda para atender as suas necessidades vitais.
O Executivo definirá o seu valor levando em conta o grau de
desenvolvimento do país.”
(Eduardo Matarazzo Suplicy, senador - PT-SP, São Paulo, SP)
Assinale a opção que contém asserção falsa a respeito da compreensão das

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
idéias do texto e das inferências permitidas por uma leitura correta.
a) O autor inicia sua mensagem tecendo um elogio a Antônio Negri e Giuseppe
Cocco pelo teor do artigo escrito por eles.
b) Pelas palavras da mensagem, deduz-se que os autores concluem seu artigo
recomendando ao governo Lula que se aproveite de sua prática com o
programa Bolsa-Família para acelerar o processo de democratização, por
meio da concessão de renda universal.
c) É louvável, da perspectiva do autor da mensagem, o referido artigo ter
atribuído ao programa Bolsa-Família a peculiaridade de ser a semente da
qual pode germinar a instituição de uma renda básica de cidadania.
d) A menção à Lei 10.835/2004 é uma forma de o senador Suplicy indicar o
caminho legal à consecução da sugestão feita pelos autores do artigo ao
governo Lula.
e) No contexto em que se encontra, entende-se que o substantivo
“incondicionalidade”, que significa “adesão irrestrita”, aponta para a

o
doação de uma renda que atenda às necessidades de todo brasileiro,

em
independentemente de quanto custe sua sobrevivência.

D
Comentário: A alternativa (A) está correta, pois realmente no início do texto

er
o autor tece elogio a Antônio Negri e Giuseppe Cocco: “foram muito precisos e
ov
felizes no artigo de 5/1”.
A alternativa (B) está correta. Compare a frase da alternativa com os
em

fragmentos do texto sublinhados e numerados, que a provam como certa:


R

Alternativa: Pelas palavras da mensagem, deduz-se que os autores concluem¹


k
ar

seu artigo recomendando ao governo Lula que se aproveite de sua prática com
m

o programa Bolsa-Família² para acelerar o processo de democratização³, por


er

meio da concessão de renda universal².


at

Texto: “Antônio Negri e Giuseppe Cocco foram muito precisos e felizes no


W

artigo de 5/1 ao destacarem como o programa Bolsa-Família tem contribuído


F

para diminuir a desigualdade² e o seu caráter de embrião de uma renda


PD

universal e cidadã², sobretudo ao concluírem¹ com a sugestão de que o


governo Lula deveria colocar sua própria prática² na perspectiva de aceleração
e

do processo de democratização³, apontando para a incondicionalidade.


W

A alternativa (C) está correta. Podemos entender no texto que, na


perspectiva do autor, “é louvável”, com base no elogio feito no início do texto:
“foram muito precisos e felizes”. Além disso, vemos que o referido artigo
realmente atribuiu ao programa Bolsa-família a peculiaridade de ser a semente
da qual pode germinar a instituição de uma renda básica de cidadania, com
base nas expressões: “ao destacarem como o programa Bolsa-Família tem
contribuído para diminuir a desigualdade e o seu caráter de embrião de uma
renda universal e cidadã” e “Já existe o instrumento legal para isso. É a lei
10.835, sancionada pelo presidente em 8/1/2004. Ela institui, por etapas,
começando pelos mais necessitados, a critério do Poder Executivo, uma renda
básica de cidadania”.
A alternativa (D) está correta, pois o segundo parágrafo aponta
justamente ao amparo legal: “Já existe o instrumento legal para isso. É a lei
10.835, sancionada pelo presidente em 8/1/2004”.

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A alternativa (E) é a errada, pois a expressão categórica “independente
de quanto custe sua sobrevivência” não está especificada no texto. Há, sim,
previsão de uma renda básica de cidadania, a qual deve atender às
necessidades básicas.
Gabarito: E

Questão 27: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


Assinale a opção que não constitui uma inferência das idéias do trecho abaixo.
Na tentativa de explicar a ocorrência de fome nos países
subdesenvolvidos, surge, após a Segunda Guerra Mundial, a teoria
demográfica neomalthusiana, logo perfilhada pelos países desenvolvidos e
pelas elites dos países subdesenvolvidos. Segundo essa teoria, uma população
jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em
quase todos os países subdesenvolvidos, exige grandes investimentos sociais
em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos

o
em
setores agrícola e industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das
atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da

D
população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de

er
habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital
ov
a ser distribuído pelos agentes econômicos.
em

(Eustáquio de Sene e João Carlos Moreira, Geografia geral e do Brasil: espaço


geográfico e globalização, São Paulo: Scipione, 1998, pp. 338/9, com
R

adaptações)
k
ar

a) O crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria.


m

b) Em conseqüência das elevadas taxas de natalidade, os países


er

subdesenvolvidos vêem-se impedidos de alcançar o pleno desenvolvimento


at

das atividades econômicas.


W

c) Sem programas efetivos de controle de natalidade acessíveis às camadas


F

mais pobres, toda política de redistribuição de renda tenderá ao fracasso.


PD

d) Uma população numerosa condena muitos jovens a engrossar o enorme


contingente de mão-de-obra desqualificada que ingressa anualmente no
e

mercado de trabalho.
W

e) À medida que as famílias obtêm condições condignas de vida, tendem a


diminuir o número de filhos para não comprometerem o acesso de seus
dependentes aos sistemas públicos de educação e saúde.
Comentário: A alternativa (A) está correta. Ela transmite o teor central do
texto, a ideia-base. Isso é confirmado nas últimas expressões do texto:
“quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e
a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos”. Esta
alternativa trabalha a dedução lógica (dados implícitos). Se a disponibilidade
de capital diminui, é sinal de que a miséria aparece. E a causa para isso,
segundo o texto, é o maior número de habitantes em países subdesenvolvidos.
A alternativa (B) está correta. Ela explora os dados explícitos, os quais
se encontram no segundo e terceiro períodos do texto. Compare:
Alternativa: “Em conseqüência das elevadas taxas de natalidade¹, os países
subdesenvolvidos vêem-se impedidos de alcançar o pleno desenvolvimento das

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atividades econômicas.”
Texto: “Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, resultante das
elevadas taxas de natalidade¹ verificadas em quase todos os países
subdesenvolvidos², exige grandes investimentos sociais em educação e saúde.
Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícola e
industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas³
e, portanto, da melhoria das condições de vida da população.”
A alternativa (C) está correta. Ela explora a dedução com base nos dados
implícitos do texto. Não foi informado literalmente no texto nada a respeito de
controle de natalidade, mas, observando que a alta taxa de natalidade é a
causa do problema da redistribuição de renda, deduz-se que deve haver um
controle desta taxa para que a distribuição de renda não fracasse.
A alternativa (D) está correta. Ela também explora a dedução por dados
implícitos. Nada foi dito a respeito de mão-de-obra desqualificada ser grande;

o
porém, é fácil deduzir que, numa população numerosa, com impedimento “da

em
melhoria das condições de vida”, não haja qualificação profissional a todos.

D
Assim, o grupo de trabalhadores desqualificados é grande, o qual cresce a
cada ano.

er
ov
A alternativa (E) é a errada, pois foi declarada, por meio de verbos no
em

presente do indicativo (“obtêm” e “tendem”) uma certeza de que, quando as


famílias obtêm condições condignas de vida, tendem a diminuir o número de
R

filhos. O texto declara isso como uma necessidade, e não que isso já esteja
k

ocorrendo.
ar

Gabarito: E
m
er

Questão 28: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


at

1 A reforma tributária não pode ser realizada, na verdade, para livrar


W

o orçamento da sangria dos juros exorbitantes, embora enfeitada com os


F

argumentos apelativos, tanto da simplificação fiscal para todo o


PD

empresariado quanto do milagre fiscal da multiplicação dos empregos


5 para os mais despossuídos.
e
W

Trata-se do contrário. Os de baixo vão, de fato, pagar mais e não


há garantia nenhuma da boa teoria econômica de que o emprego possa
crescer sem o planejamento de um projeto nacional digno do nome, que
defina e articule todas as potencialidades existentes para tanto.
(Fátima Gondim Farias, “Reforma Tributária”, em Tributação
em revista, abril/junho de1999, com adaptações)
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
Constitui estratégia de leitura lícita e legítima o leitor evocar o fato bíblico do
milagre da multiplicação dos pães diante da expressão “milagre fiscal da
multiplicação dos empregos”(ℓ.4).
Comentário: Muitas vezes, percebemos um texto fazendo referência a outro,
a fim de transmitir mais clareza, aprofundamento no discurso do tema e até
estilo na linguagem. Esta referência a outro texto é chamado de
intertextualidade. Justamente isso ocorreu no trecho “milagre fiscal da
multiplicação dos empregos”, sugerindo ao leitor uma referência ao trecho

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bíblico “milagre da multiplicação dos pães”.
Veja que a questão não perguntou por que foi usada tal estratégia
argumentativa, apenas quis que o candidato percebesse a intertextualidade.
Gabarito: C

Questão 29: Auditor-Fiscal do Trabalho 2003


1 Dinheiro é a maior invenção dos últimos 700 anos. Com ele, você
pode comprar qualquer coisa, ir para qualquer lugar, consolar o aleijado
que bate no vidro do carro no sinal fechado, mostrar quanto você ama a
mulher amada ou comprar uma hora de amor. É o passaporte da
5 liberdade. Com dinheiro, você pode xingar o ditador da época e sair
correndo para o exílio, ou financiar todos os candidatos a presidente e
comparecer aos jantares de campanha de todos.
Nos tempos que estamos vivendo, dinheiro é como Deus na Idade
Média – o sentido único e todos os sentidos de todas as coisas. A

o
10 “remissão” de todas as coisas. O que não produz nem é dinheiro, não

em
existe. É falso, postiço.

D
Os sábios da igreja de antigamente são os economistas de hoje
em dia. Dividem-se em dois grupos – os idólatras, para quem dinheiro é

er
o pedacinho de papel, a imagem do sagrado, o santinho. Pare eles, o
ov
15 valor do dinheiro depende da quantidade de papéis em circulação. Para
em

os iconoclastas, dinheiro é a base das relações sociais do mundo


R

capitalista, a rede que organiza a sociedade. É um conceito, um crédito,


um débito.
k
ar

Como os sacerdotes de antigamente, economistas têm a missão


m

20 de explicar o inexplicável – como o dinheiro é tudo e nada ao mesmo


er

tempo, por que falta dinheiro se dinheiro é papel impresso, ou se a


at

quantidade de santinhos muda o tamanho do milagre.


W

(João Sayad, Cidade de Deus. Classe Revista de Bordo da


F

TAM, nº 95, com adaptações)


PD

Assinale a relação lógica em desacordo com a argumentação do segundo


parágrafo do texto.
e
W

a) O que não é dinheiro é falso.


b) Não existe o que não produz dinheiro.
c) Não existe o que é postiço.
d) O que não é falso produz dinheiro.
e) É postiço o que não produz dinheiro.
Comentário: A partir da informação do segundo parágrafo, devemos verificar
qual alternativa está em desacordo. Veja:
“Nos tempos que estamos vivendo, dinheiro é como Deus na Idade Média – o
sentido único e todos os sentidos de todas as coisas. A “remissão” de todas as
coisas. O que não produz nem é dinheiro, não existe. É falso, postiço.”
Numa relação lógica, temos:
1. “dinheiro” “sentido único e todos os sentidos de todas as coisas”.
Em contrapartida,
2. “o que não produz” não é dinheiro, não existe, é falso, é postiço.

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Assim,
a) O que não é dinheiro é falso. (2)
b) Não existe o que não produz dinheiro. (2)
c) Não existe o que é postiço. (2)
e) É postiço o que não produz dinheiro. (2)
A alternativa (D) é a errada, pois, segundo a relação 2, não produzir é
falso. Isso não quer dizer que o oposto dos dois termos resultará em produção
de dinheiro: “O que não é falso produz dinheiro”. O segundo parágrafo não faz
referência à conquista do dinheiro, mas apenas à consequência dele: a relação
a partir do dinheiro.
Gabarito: D

Questão 30: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


1 A década de 1980 foi o marco do surgimento de um novo ator

o
social nos países ricos: o novo-pobre (nouveau-pauvre). Corolário do

em
desmoronamento do sistema de proteção social, em um quadro
agravado pela revolução tecnológica, que automatizou o sistema

D
5 produtivo sem gerar novos postos de trabalho, esse novo personagem

er
vai materializar uma inesperada e imprevisível reprodução, no mundo
ov
desenvolvido, do problema da desigualdade social, tão comum no
em

terceiro mundo.
O novo-pobre é, cada vez mais, a expressão do fenômeno da exclusão
R

10 social. Não é mais um indivíduo que está à margem, mas, sim, fora do
k
ar

sistema econômico e social prevalente. Não tem acesso ao mercado de


m

trabalho (nem mesmo informal), não tem perspectiva de engajamento


er

(independentemente de seu grau de qualificação profissional) e, cada


at

vez mais, vai ficando de fora dos mecanismos de proteção social do


W

15 moribundo welfare state.


No caso da periferia, o fenômeno global da emergência do novo-pobre,
F
PD

deserdado do neoliberalismo, soma-se ao histórico problema da pobreza.


Os velhos-pobres, em países como o Brasil, são atores presentes na
e

formação da sociedade nacional desde seus primórdios. O que se


W

20 apresenta como fato novo é a constatação de que estes últimos caíram


dos patamares da pobreza para os da miséria. E isso é tão evidente
como tão mais urbana foi-se tornando a sociedade.
(Marcel Bursztyn. “Da pobreza à miséria, da miséria à exclusão: o caso das populações
de rua”. In: No meio da rua: nômades, excluídos e viradores. Org.: Marcel Bursztyn.
Rio de Janeiro: Garamond, 2000, p.34-35, adaptado).

Assinale a opção que apresenta ideia que se confirma no texto.


a) A categoria social novo-pobre aplica-se à realidade observada apenas nos
países pobres.
b) O processo de urbanização verificado no mundo na década de 1980 foi o
fator principal do surgimento de um novo ator social, fadado à exclusão
social.
c) Os efeitos do neoliberalismo no sistema produtivo são observados, a partir
de 1980, tanto em países ricos quanto no terceiro mundo.

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d) A partir da década de 1980, verifica-se a substituição do processo histórico
de marginalização social pelo de exclusão, fenômeno que atinge
exclusivamente as populações da periferia dos países do terceiro mundo.
e) Dado estar o neoliberalismo atrelado à exclusão social, não surpreende que
seus efeitos se tenham manifestado nos países ricos, nos quais, à
semelhança do que ocorreu no terceiro mundo a partir de 1980, a
desigualdade social instaurou-se.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a primeira frase do texto
afirma que o novo-pobre surgiu como novo ator social nos países ricos. Assim,
não se aplica à realidade observada apenas nos países pobres.
A alternativa (B) está errada, porque o fator principal do surgimento
desse novo ator social não foi o processo de urbanização, supostamente
ocorrido na década de 1980, como afirma a alternativa. O motivo está
expresso nas linhas de 2 a 4: “Corolário do desmoronamento do sistema de
proteção social, em um quadro agravado pela revolução tecnológica, que

o
automatizou o sistema produtivo sem gerar novos postos de trabalho”. Esses

em
são efeitos do neoliberalismo.

D
A alternativa (C) é a correta, primeiro é importante observar o que está
se afirmando nas linhas 15 e 16: que o novo-pobre é deserdado (desprovido

er
dos benefícios) do neoliberalismo. Além disso, os efeitos do neoliberalismo são
ov
expressos em todo o texto, mas basicamente devemos observar que nos
em

países ricos fez surgir o novo-pobre e, nos países do terceiro mundo, o velho-
R

pobre caiu aos patamares da miséria. Veja que o início do texto aponta que
esses efeitos iniciam-se na década de 1980. Assim, toda a afirmação desta
k
ar

alternativa tem fundamento no texto.


m

A alternativa (D) está errada. Observando-se as linhas 9 e 10, entende-


er

se que não se fala exclusivamente das populações da periferia, mas do novo-


at

pobre.
W

A alternativa (E) está errada e explorou basicamente a interpretação


F

literal das linhas 5 a 7 do texto: “esse novo personagem vai materializar uma
PD

inesperada e imprevisível reprodução, no mundo desenvolvido, do problema da


desigualdade social, tão comum no terceiro mundo”. Assim, observamos uma
e

oposição ao termo expresso nesta alternativa (“não surpreende”), além de


W

entendermos ao longo do texto que a desigualdade social no terceiro mundo


não se iniciou na década de 1980, o texto afirma que isso é um problema
histórico, desde seus primórdios.
Gabarito: C

Questão 31: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


1 Com devoção e entusiasmo, o sul do mundo copia e multiplica os
piores costumes do norte. E do norte não recebe as virtudes, mas o pior:
torna suas a religião norte-americana do automóvel e do desprezo pelo
transporte público bem como toda a mitologia da liberdade de mercado e
5 da sociedade de consumo. E o sul também recebe, de braços abertos, as
fábricas mais porcas, as mais inimigas da natureza, em troca de salários
que dão saudade da escravidão.
No entanto, cada habitante do norte consome, em média, dez vezes
mais petróleo, gás e carvão; e, no sul, apenas uma de cada cem pessoas
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10 tem carro próprio. Gula e jejum do cardápio ambiental: 75% da
contaminação do mundo provém de 25% da população.
E, nessa minoria, claro, não figuram o bilhão e duzentos milhões que
vivem sem água potável nem o bilhão e cem milhões que, a cada noite,
vão dormir de barriga vazia.
15 Não é “a humanidade” a responsável pela devoração dos recursos
naturais nem pelo apodrecimento do ar, da terra e da água. O poder
encolhe os ombros: quando este planeta deixar de ser rentável, mudo-
me para outro.
(Eduardo Galeano. O teatro do bem e do mal. Trad. Sérgio Faraco.
Porto Alegre: L&PM, 2006, p.123.)
De acordo com o autor do texto, não é um fenômeno positivo que
a) apenas uma em cada cem pessoas dos países do hemisfério norte possua
automóvel.
b) 75% da população mundial utilize água potável e se alimente de forma

o
em
saudável.
c) os países do norte do mundo atribuam a culpa por todas as mazelas da

D
sociedade global aos países do hemisfério sul.

er
d) o desenvolvimento dos países ricos seja pautado, principalmente, na
ov
instalação de indústrias nos países do hemisfério sul.
em

e) ações predatórias do modelo de desenvolvimento de países ricos sejam


R

bem recebidas nos países do hemisfério sul.


k

Comentário: O texto abarca o tema desenvolvimento X depredação do meio


ar

ambiente, com foco no poder do norte em relação aos países do sul. A questão
m

pediu para apontar qual alternativa retrata um fenômeno negativo em relação


er

ao dito no texto.
at

Na alternativa (A), o referente está errado, pois é no hemisfério sul que


W

uma em cada cem pessoas possui automóvel.


F

Na alternativa (B), também o referente está errado, pois o que se diz no


PD

texto é “que 75% da contaminação do mundo provém de 25% da população.”.


A relação de consumo de água potável e comida no mundo não foi dada em
e

porcentagem, mas em número aproximado: “não figuram o bilhão e duzentos


W

milhões que vivem sem água potável nem o bilhão e cem milhões que, a
cada noite, vão dormir de barriga vazia.”.
Na alternativa (C), não há referência no texto de que os países do norte
tenham atribuído culpa por todas as mazelas da sociedade global aos países do
sul.
Na alternativa (D), não há referência no texto que implique a
interpretação de que a base (o principal motivo) do desenvolvimento dos
países ricos seja a instalação de indústrias nos países do hemisfério sul. Houve
apenas uma afirmação de que os países do sul recebem empresas que não se
preocupam com a natureza, nem com o bem-estar da população local.
A alternativa (E) é a correta. Com base no primeiro período do texto, que
se pode tomar como tese, podemos entender realmente que o fato de o sul do
mundo copiar e multiplicar os piores costumes do norte com devoção e
entusiasmo não é um fenômeno positivo.
Gabarito: E
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Questão 32: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010
1 Na história do capitalismo, as crenças a respeito da relação
entre Estado e mercado seguem uma dinâmica pendular, chegando a
atingir os extremos do espectro ideológico. Períodos de maior confiança
no livre mercado e na desregulamentação podem permitir intenso
5 crescimento econômico, mas em geral se associam a deslocamentos
abruptos e nocivos no tecido social. A reação comum nos momentos
subsequentes, em especial após uma crise, é uma meia-volta em favor
de maior intervenção do Estado.
Depois de 20 anos de marcante crescimento global, quando reinou
10 o ultraliberalismo no Ocidente e irromperam a revolução da tecnologia
da informação, a globalização acelerada e o protagonismo da China,
nova reviravolta pendular foi deflagrada pela crise financeira de 2008,
que fez ressurgir em muitos meios a crença no “Estado grande”.
Os adeptos desse slogan em geral colocam Estado e mercado

o
15 como opostos. É um erro. Trata-se mais de uma simbiose do que de

em
uma luta, pois, longe de existir em si mesmo, o mercado está inserido
nas estruturas da sociedade e, por conseguinte, na política. Mas o fato é

D
que, se antes o risco do ultramercadismo prevalecia, agora é a ameaça

er
do ultraestatismo que cabe combater. ov
(Folha de S. Paulo, Editorial, 17/01/2010.)
em

Em relação às ideias do texto, assinale a opção correta.


R

a) Predomina na história do capitalismo a ideologia da desregulamentação.


b) A confiança no livre mercado produz crescimento econômico sem crises.
k
ar

c) O ultraliberalismo provocou e intensificou o protagonismo da China.


m

d) A crise financeira de 2008 estimulou a crença no intervencionismo do


er

Estado.
at

e) O mercado funciona de forma independente em relação ao Estado.


W

Comentário: A alternativa (A) está errada. Segundo os dados do texto,


especificamente no primeiro parágrafo, não há predominância na história do
F
PD

capitalismo da ideologia da desregulamentação, pois nesse parágrafo é dito


que há períodos de maior confiança no livre mercado e na desregulamentação.
e

Isso não quer dizer predominância.


W

A alternativa (B) está errada tendo em vista a expressão categórica “sem


crises”. A oração coordenada adversativa “mas em geral se associam a
deslocamentos abruptos e nocivos no tecido social” e a expressão “após uma
crise” negam a afirmação desta alternativa.
A alternativa (C) está errada, pois apenas foi afirmado que houve o
protagonismo da China depois de 20 anos de marcante crescimento global.
Nesse mesmo período, reinou também o ultraliberalismo em outro lugar, no
Ocidente. Assim, o “protagonismo da China” não é consequência do
“ultraliberalismo no Ocidente”.
A alternativa (D) é a correta e a interpretação é literal do seguinte trecho
do segundo parágrafo: “nova reviravolta pendular foi deflagrada pela crise
financeira de 2008, que fez ressurgir em muitos meios a crença no ‘Estado
grande’.”
A alternativa (E) está errada, pois o último período do primeiro
parágrafo, a explicação no segundo parágrafo e o desenvolvimento do terceiro

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mostram que o mercado muitas vezes se vê dependente do Estado. Veja:
A reação comum nos momentos subsequentes, em especial após uma crise, é
uma meia-volta em favor de maior intervenção do Estado.
Os adeptos desse slogan em geral colocam Estado e mercado como
opostos. É um erro. Trata-se mais de uma simbiose do que de uma luta,
pois, longe de existir em si mesmo, o mercado está inserido nas
estruturas da sociedade e, por conseguinte, na política.
Gabarito: D

Questão 33: Ministério da Integração Nacional – 2012 - nível superior


1 Sabe-se muito pouco dos rumos que as grandes cidades tomarão nas
próximas décadas. Muitas vezes nem se prevê a dinâmica metropolitana
do próximo quinquênio. Mesmo com a capacitação e o preparo dos
técnicos dos órgãos envolvidos com a questão urbana, há variáveis
5 independentes que interferem nos planos e projetos elaborados pelos

o
em
legislativos e encaminhados ao Executivo. Logicamente não se prevê o
malfadado caos urbano, mas ele pode ensejar que o país se adiante aos

D
eventos e tome medidas preventivas ao desarranjo econômico, que teria

er
consequências nefastas. Para antecipar-se, o Brasil tem condições
ov
10 propícias para criar think tanks ou, em tradução livre, usinas de ideias
em

ou institutos de políticas públicas. Essas instituições podem antecipar-se


ao que poderá surgir no horizonte. Em outras palavras, deseja-se o
R

retorno ao planejamento urbano e regional visando o bem-estar da


k

sociedade. Medidas nessa direção podem (e devem) estar em


ar

15 consonância com a projeção de tendências e mesmo com a antevisão de


m

demandas dos destinatários da gestão urbana – os cidadãos, urbanos ou


er

não.
at
W

(Adaptado de Aldo Paviani, Metróples em expansão e o futuro. Correio


Braziliense, 8 de dezembro, 2011)
F

Infere-se da argumentação do texto que


PD

a) os técnicos dos órgãos envolvidos com a questão urbana deveriam ser mais
e

capacitados para realizar os projetos encaminhados ao Executivo.


W

b) a dinâmica metropolitana altera-se a cada quinquênio, seguindo variáveis


que devem constar dos planos e projetos de cada período legislativo.
c) institutos de políticas públicas teriam como tarefa o planejamento urbano e
regional, antecipando-se a um possível desarranjo econômico.
d) o caos urbano que poderá afetar as grandes cidades nos próximos anos
terá o desarranjo econômico como uma de suas piores consequências.
e) as demandas crescentes dos habitantes das grandes cidades contrastam
com a baixa demanda dos cidadãos não urbanos.
Comentário: A alternativa (A) está errada e faz referência às linhas de 3 a 6.
Veja que o texto não afirma que há incapacidade dos técnicos, pelo contrário,
afirma-se que os técnicos dos órgãos envolvidos com a questão urbana são
capacitados e preparados, porém há variáveis independentes que interferem
nos planos e projetos elaborados pelos legislativos e encaminhados ao
Executivo.
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A alternativa (B) está errada e se baseia nos dois primeiros períodos do
texto. O texto não afirma que a dinâmica metropolitana segue variáveis que
devem constar dos planos e projetos de cada período legislativo. O texto
apenas afirma que há variáveis independentes que interferem nos planos e
projetos elaborados pelos legislativos e encaminhados ao Executivo. Esse é um
fator que muitas vezes dificulta a previsão da dinâmica metropolitana do
próximo quinquênio.
A alternativa (C) é a correta e tem base nas linhas 6 a 13. Nas linhas 7 e
8, é afirmado que o país deve se adiantar aos eventos e tomar medidas
preventivas ao desarranjo econômico. Para isso, o país tem condições de criar
instituições de políticas públicas com o fim de proceder a um planejamento
urbano e regional visando ao bem-estar da sociedade (linhas 9 a 13)
A alternativa (D) está errada e se baseia nas linhas 6 a 9. Veja que o
texto não faz projeções de que o caos urbano poderá afetar as grandes cidades
nos próximos anos. Ele afirma que o país deve se adiantar aos eventos e

o
tomar medidas preventivas ao desarranjo econômico, que teria consequências

em
nefastas. Logicamente, essas ações evitariam o caos urbano.
A alternativa (E) está errada, porque o texto não comparou as demandas

D
dos cidadãos urbanos e as dos não urbanos. A última expressão do texto (“os

er
cidadãos, urbanos ou não”) é um aposto explicativo e se refere ao termo
ov
“destinatários da gestão urbana”. Assim, tanto os urbanos quanto os não
em

urbanos são os destinatários das medidas na direção do bem-estar da


sociedade, não havendo comparação entre eles, como sugere a alternativa.
R

Gabarito: C
k
ar
m

Questão 34: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012


er

1 A situação fiscal brasileira é bem melhor que a da maior parte dos países
at

desenvolvidos, mas bem pior que a da maioria dos emergentes, segundo


W

números divulgados pelo FMI. Para cobrir suas necessidades de


financiamento, dívida vencida e déficit orçamentário, o governo brasileiro
F
PD

5 precisará do equivalente a 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste


ano e 18% no próximo. A maior parte do problema decorre do pesado
e

endividamento acumulado ao longo de muitos anos. Neste ano, as


W

necessidades de cobertura correspondem a pouco menos que o dobro da


média ponderada dos 23 países – 9,5% do PIB. Países sul-americanos
10 estão entre aqueles em melhor situação, nesse conjunto. O campeão da
saúde fiscal é o Chile, com déficit orçamentário de 0,3% e compromissos
a liquidar de 1% do PIB. As previsões para o Peru indicam um superávit
fiscal de 1,1% e dívida a pagar de 2,5% do PIB. A Colômbia também
aparece em posição confortável, com uma necessidade de cobertura de
15 3,9%. Esses três países têm obtido uma invejável combinação de
estabilidade fiscal, inflação controlada e crescimento firme nos negócios.
(Adaptado de O Estado de São Paulo, Notas & Informações. 21 de abril
de 2012)
Infere-se das relações entre as ideias do texto que
a) a situação fiscal de um país não é, necessariamente, proporcional ao seu
desenvolvimento.

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
b) países emergentes apresentam, geralmente, uma relação de baixo PIB e
alto superávit fiscal.
c) países sul-americanos apresentam pouco mais que a metade da média
ponderada de outros países.
d) o Brasil tem demonstrado vigor para superar, dentro de dois anos, os três
países sul-americanos com melhor saúde fiscal.
e) inflação controlada provoca crescimento firme nos negócios, o que resulta
em estabilidade fiscal.
Comentário: A alternativa (A) é a correta e tem base na primeira frase do
texto. Veja que a situação fiscal brasileira foi comparada à dos países
desenvolvidos e à dos países emergentes. A partir dessa comparação,
podemos inferir que alguns países emergentes têm mostrado uma situação
fiscal melhor que a de muitos países desenvolvidos. Por isso, está correta a
afirmação de que a situação fiscal de um país não é, necessariamente,

o
proporcional ao seu desenvolvimento.

em
A alternativa (B) está errada, pois o texto não transmite dados que

D
façam entender que normalmente um país emergente tem PIB baixo e alto

er
superávit fiscal. O que o texto mostra é que os países emergentes têm tido
uma saúde fiscal mais regular que a de muitos países desenvolvidos.
ov
A alternativa (C) está errada, pois não mostra o que os países sul-
em

americanos apresentam como pouco mais que a metade da média ponderada


R

de outros países. Assim, falta um referente neste dado. Veja que o texto
k

mostra como referente “as necessidades de cobertura” e elas correspondem


ar

pouco menos que o dobro da média ponderada dos 23 países.


m

A alternativa (D) está errada, pois o texto não possui dados que induzem
er

a uma interpretação de que o Brasil tenha demonstrado vigor para superar,


at

dentro de dois anos, os três países sul-americanos com melhor saúde fiscal. No
W

texto, a referência a dois anos aparece quanto à cobertura das necessidades


F

do governo brasileiro em relação a financiamento, dívida vencida e déficit


PD

orçamentário (linhas 3 a 6).


A alternativa (E) está errada, pois o texto não transmite a relação
e

cumulativa de causa e efeito entre “inflação controlada”, “crescimento firme


W

nos negócios” e “estabilidade fiscal”. Veja que no final do texto esses três
termos estão paralelos (e não numa relação de causa e consequência) e
resultam numa invejável combinação.
Gabarito: A

Questão 35: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012


1 CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economia brasileira? Roberto
Frenkel: A queda do crescimento da economia teve a ver com três
acontecimentos. A situação nos EUA está mais positiva, há otimismo no
mercado norte-americano, as ações subiram e estão no pico pós-crise,
5 mas ainda é uma recuperação modesta. Na zona do euro, serão dois
trimestres consecutivos em queda, o que, de acordo com a definição
convencional, caracteriza recessão. E a China está claramente em
desaceleração. Essas realidades tiveram um efeito negativo sobre o
crescimento brasileiro ao longo do segundo semestre de 2011. Outro
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
10 fator foi a valorização cambial. No fim do ano passado, o real chegou a
acumular a maior valorização cambial desde o início da globalização
financeira, ou seja, desde o fim dos anos 1960; e isso tem um efeito
muito negativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.
(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra,
Intervir para ganhar. Carta Capital, 18 de abril de 2012, p.78)
Analise as seguintes possibilidades para apresentar, de maneira resumida, a
argumentação da resposta do entrevistado:
A queda no crescimento da economia no Brasil
I. tem motivos causados pela desvalorização do real: otimismo no mercado
americano (depois da crise); nova definição de recessão na zona do euro
e a China com desaceleração do mercado.
II. pode ser relacionada a quatro fatores: otimismo no mercado americano,
recessão na zona do euro, desaceleração na China e valorização cambial

o
do real.

em
III. deve-se a acontecimentos internacionais, como a alta das ações

D
americanas, a desindustrialização da China, a queda na zona do euro, com

er
valorização cambial. ov
Preservando a coerência e a correção gramatical,
em

a) apenas II e III estão corretas.


R

b) apenas III está correta.


k
ar

c) apenas I e II estão corretas.


m

d) apenas I e III estão corretas.


er
at

e) apenas II está correta.


W

Comentário: Veja que a resposta do entrevistado remete a três


acontecimentos externos: otimismo no mercado norte-americano, recessão na
F
PD

zona do euro e desaceleração na China. Tais acontecimentos tiveram impacto


na economia brasileira com respectiva valorização do real.
e

A frase I está errada, pois houve a valorização do real, e não a


W

desvalorização. Além disso, a expressão “nova definição de” não tem relação
com os argumentos, pois no texto há a expressão “de acordo com a definição
convencional”.
O problema gramatical decorre da má utilização do sinal de dois pontos,
o qual deve ser substituído por ponto e vírgula; pois tal estrutura sugeria o
termo “desvalorização do real” como o primeiro elemento de uma enumeração.
Assim, podemos eliminar as alternativas (C) e (D).
A frase II está correta, pois foi somado aos três acontecimentos externos
o outro fator, que foi a valorização cambial do real, que se encontra nas linhas
9 a 11. Assim, eliminamos a alternativa (B).
A frase III está errada, pois a China está em “desaceleração”, e não em
“desindustrialização”. Além disso, a expressão “valorização cambial” está
contida nos argumentos que se referem a acontecimentos internacionais, mas
o texto se refere à valorização do real.
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
Dessa forma, eliminamos a alternativa (A), sobrando a (E) como correta.
Gabarito: E

Questões cumulativas de revisão

Questão 36: MPOG 2006 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental


Fragmento do texto: Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência
da democracia quando escreveu: “Posso não concordar com uma só palavra do
que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-las”.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
A eliminação do termo “do” depois de “melhor”(ℓ.1) mantém a correção
gramatical do período.
Comentário: Na relação de comparação de superioridade ou inferioridade, a
palavra “do” é facultativa. Assim, estão corretas as seguintes construções:
Ninguém melhor do que Voltaire...

o
Ninguém melhor que Voltaire...

em
Gabarito: C

D
Questão 37: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010

er
Fragmento do texto: A Eurostat, o organismo da União Européia
ov
encarregado da elaboração de estatísticas econômicas, mostrou que, em abril,
em

nada menos que 101 entre cada 1.000 cidadãos em atividade na área do euro
R

(16 países) não conseguiram encontrar ocupação remunerada.


Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
k
ar

O emprego de vírgulas após “Eurostat”(ℓ.1) e após “econômicas”(ℓ.3) justifica-


m

se por isolar expressão que tem função de vocativo.


er

Comentário: Na realidade, a expressão “o organismo da União Européia


at

encarregado da elaboração de estatísticas econômicas” é um aposto


W

explicativo, e não um vocativo.


F

Gabarito: E
PD

Questão 38: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


e

Fragmento do texto: Paradoxalmente, a crise do desemprego tende a se


W

acentuar pelos fatores que pretendiam atenuar seu impacto.


Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “se acentuar”(ℓ.1
e 2) por ser acentuada.
Comentário: O verbo “acentuar” é transitivo direto, o pronome “se” é
apassivador, e o termo “a crise do desemprego” é o sujeito paciente. Quando
há pronome apassivador, devemos transpor a voz passiva sintética em voz
passiva analítica:
...a crise do desemprego tende a se acentuar... (voz passiva sintética)
...a crise do desemprego tende a ser acentuada... (voz passiva analítica)
Gabarito: C

Questão 39: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


Fragmento do texto: É o resultado de algumas degradações acumuladas nas
últimas décadas: perda de competitividade da indústria, rápido envelhecimento
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
da população, custo elevado da mão de obra, falta de reformas políticas e
econômicas.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego de vírgulas após ”indústria”(ℓ. 2), “população”(ℓ.3) e “obra”(ℓ. 3)
justifica-se por isolar elementos de mesma função sintática componentes de
uma enumeração de itens.
Comentário: Os termos “perda de competitividade da indústria, rápido
envelhecimento da população, custo elevado da mão de obra, falta de
reformas políticas e econômicas” fazem parte do aposto enumerativo. Assim,
cada termo sublinhado está justaposto ao outro e, por isso, são separados por
vírgula.
Gabarito: C

Questão 40: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Fragmento do texto: Facilitaram a ascensão do extremismo em Gaza a

o
incompetência corrupta do governo do Fatah, o cruel bloqueio à circulação de

em
bens e pessoas imposto por Israel e a opção, tomada por EUA e União

D
Europeia, de ignorar diplomaticamente o Hamas e fortalecer a ANP.

er
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego da preposição em “de ignorar”(ℓ.4) justifica-se pela regência de
ov
“opção”.
em

Comentário: Veja que a oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de


R

particípio “tomada por EUA e União Européia” está intercalada e separada por
k

vírgula. Ao retirarmos esta oração, fica mais fácil perceber que o sentido do
ar

substantivo “opção” é complementado pela oração subordinada substantiva


m

completiva nominal reduzida de infinitivo “de ignorar diplomaticamente o


er

Hamas” (opção disso). Veja:


at

“...e a opção (...) de ignorar diplomaticamente o Hamas e fortalecer a ANP.”


W

Assim, a afirmativa está correta.


F
PD

Gabarito: C
O que devo tomar nota como mais importante?
e
W

• A estrutura-base da crase.
• Lembrar que o substantivo feminino singular pode ser tomado de sentido
geral e, às vezes, fica sem artigo “a”. Assim, evite excluir as alternativas
com este substantivo.
• Atentar-se quanto à estrutura do texto (título, tema, tese, introdução,
desenvolvimento e conclusão).
Até nosso próximo encontro!
Grande abraço.
Terror
Lista de questões
Questão 1: EPPGG 2013 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental
Fragmento do texto: Uma revolução ética ocorreu no Brasil, nos últimos
anos. Refiro-me à inclusão social, que não só melhorou a vida dos mais

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
pobres, mas também retirou da miséria a maior parte dos que viviam na
pobreza extrema.
O sinal indicativo de crase em “à inclusão”(ℓ.2) justifica-se porque o verbo
referir exige preposição “a”, e a palavra “inclusão” vem precedida de artigo
definido feminino.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)

Questão 2: DNIT 2013 Técnico Administrativo


Assinale a opção que completa corretamente a sequência de lacunas no texto
abaixo.

Não é ruim ter um carro. Não sou inimigo do carro. Eles são maravilhosos para
viajar, sair ____ noite. Mas ____ um conflito terrível pelo espaço da cidade
que causa um dano ____ qualidade de vida. Se querem ter um carro, tudo
bem, mas para tê-lo deveriam pagar muitos impostos pelo uso, não pela sua

o
posse. Como cobrar pelo uso? Com pedágios, impostos sobre a gasolina,

em
estacionamentos. ____ mobilidade e os engarrafamentos são dois problemas
distintos que se resolvem de maneiras distintas.

D
er
(Adaptado da entrevista de Enrique Peñalosa, urbanista e ex-prefeito de Bogotá, a
ov
Ricardo Ampudia. Vida Simples, setembro 2012, edição 122)
em

a) a - a - à - A
R

b) à - há - à - A
k

c) à - a - à - Há
ar

d) à - há - a - Há
m

e) a - há - a - À
er
at

Questão 3: EPPGG 2013 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental


W

Assinale a opção que corresponde a erro gramatical inserido na transcrição do


F

texto.
PD

Há(1) um forte sentido ético nas políticas de inclusão social — em especial na


e

mais consolidada a do Programa Bolsa Família, com efeitos mostrados em


W

estudos científicos, entre os quais(2) o recente "Vozes do Bolsa Família", de


Walquiria Leão Rego. Justamente por serem(3) éticas, não devem durar
muito tempo. Explico-me. Elas procuram atender à(4) uma emergência.
Emergência, em linguagem médica, não se confunde com urgência: porque
não é apenas pressa, é risco de vida. Falando metaforicamente, a pobreza
pode ser letal para a sociedade. Ela requer tratamento rápido. Eliminar a fome,
por um lado, e proporcionar acesso à(5) universidade, por outro, são duas
pontas desse tratamento. Essas medidas são uma espécie de UTI da
sociedade. Mas, por isso mesmo, não podem durar muito tempo.
(Renato Janine Ribeiro, Valor Econômico, 10/6/2013, com adaptações).
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
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Questão 4: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP
Fragmento do texto: A invasão israelense intensifica o ambiente de
privações e ameaças à integridade física em que vivem os habitantes de Gaza.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O sinal indicativo de crase em “à integridade”(ℓ.2) justifica-se pela regência de
“intensifica”(ℓ.1) e pela presença de artigo definido feminino singular.

Questão 5: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto abaixo.
Ao acabar a Segunda Guerra Mundial, o mundo esperava nunca mais assistir
__1__ tragédias humanitárias como a que dizimou a vida de seis milhões de
pessoas entre 1939 e 1945. __2__ esperanças, porém, mostraram-se vãs.
Gaza serve de exemplo. Encurralada, __3__ população da faixa de 362km²
(1,5 milhão de pessoas) protagoniza o horror que escandaliza __4__
consciências civilizadas dos cinco continentes e mobiliza protestos nas

o
principais cidades da Terra. O cenário assusta. Homens, mulheres e crianças

em
que se concentram numa das regiões de maior densidade populacional do

D
planeta são as vítimas de uma guerra na qual não são soldados. Submetidos

er
__5__ uma chuva de mísseis __6__ onze dias, tiveram o território invadido
ov
também por terra. Tanques, armas e os militares mais bem treinados do
mundo abrem caminho no terreno em que cada centímetro é disputado por
em

milhares de pessoas. O apagão, aliado ao frio e __7__ falta de água potável,


R

acrescenta desespero ao ambiente digno do inferno de Dante.


k

(Correio Braziliense, Editorial, 6/1/2009.)


ar

1 2 3 4 5 6 7
m
er

a) à Às a umas à a à
b) a As a as a há à
at
W

c) às Tais essa essas à a a


d) à Umas à à a a uma
F

e) a Essas uma às a há a
PD

Questão 6: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


e
W

Julgue os a/as destacados no texto abaixo e assinale a opção correta em


relação à existência de crase.
A sociedade brasileira, cada vez mais, quer conhecer e debater as políticas,
planos e programas de desenvolvimento, previamente a (1) tomada de
decisão pelo Poder Público e a (2) luz dos objetivos da sustentabilidade e da
melhoria dos processos de negociação e de controle social. Essa discussão é
orientada pela busca do melhor juízo sobre a (3) defesa ambiental com vistas
a (4) adoção de um processo de natureza negocial, baseado numa abordagem
de gestão pública compartilhada, que não deve estar restrita as (5) agências
ambientais. Visa, também, à definição de espaços adequados e permanentes
para o diálogo de forma a (6) se antecipar aos potenciais conflitos
socioambientais associados as (7) propostas de desenvolvimento e a (8)
redução de ações de intervenção que remetam as (9) decisões a (10) esfera
do Judiciário.
(http://www.planejamento.sp.gov.br/PUBLICACOES/Desenv_sustent_ambientais.pdf)
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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
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Devem ser acentuados com acento grave os a/as destacados com os
números:
a) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9
b) 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10
c) 1, 2, 4, 5, 7, 8, 10
d) 3, 6, 9, 10
e) 1, 2, 5, 6, 10

Questão 7: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008


Fragmento do texto: Sem isso, estaremos condenados à costumeira
gangorra de sempre, com números bons num ano e ruins no outro, eternos
dependentes dos humores da economia mundial.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O sinal indicativo de crase em “à costumeira” (ℓ. 1) justifica-se pela regência
de “estaremos”.

o
em
Questão 8: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010

D
Fragmento do texto: Assim como a antecipação da aposentadoria pretendia

er
abrir vagas aos mais jovens, mas tudo o que produziu foi a deterioração das
ov
finanças dos sistemas previdenciários, os mecanismos de seguro social vêm
em

ajudando a criar enormes rombos, que, por sua vez, atiram as finanças
públicas ao endividamento e à insolvência (e não apenas à falta de liquidez),
R

como parece ser o caso da Grécia e talvez o de Portugal e Espanha.


k

Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)


ar

O emprego de sinal indicativo de crase em “à insolvência”(ℓ.5) justifica-se


m

pelas relações de regência com “endividamento”.


er
at
W

Questão 9: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


1 Com o advento do Estado Social e Democrático de Direito, ganhou
F

força a tese que defende a necessidade de interpretar a relação jurídica


PD

tributária de forma contextualizada com o valor constitucional da


e

solidariedade social. Isso não significa, porém, que a busca da


W

5 solidariedade social prevalecerá sempre sobre todas as demais normas


constitucionais, pois sempre existirão situações em que restará
configurada a supremacia de outros valores, também positivados no texto
constitucional.
A solidariedade de que trata a Constituição, no entanto, é a
10 solidariedade genérica, referente à sociedade como um todo, em oposição
à solidariedade de grupos sociais homogêneos, a qual se refere a direitos e
deveres de um grupo social específico. Por força da solidariedade genérica,
é lógico concluir que cabe a cada cidadão brasileiro dar a sua contribuição
para o financiamento do “Estado Social e Tributário de Direito”.
15 Infelizmente, é um fato cultural e histórico o contribuinte ver na
arrecadação dos tributos uma “subtração”, em vez de uma contribuição a
um Erário comum. Diante disso, o tema da solidariedade é fundamental,
porque leva a uma reflexão sobre as razões pelas quais se pagam tributos,
ou porque deva existir uma lealdade tributária.

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
(Daniel Prochalski, Solidariedade social e tributação.
http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto, acesso em 9/6/2010, com adaptações)
Com referência ao uso do sinal indicativo da crase, respeitam-se a correção
gramatical e a coerência textual ao
a) inseri-lo em “as demais normas”(ℓ.5).
b) retirá-lo de “à sociedade”(ℓ.10).
c) inseri-lo em “a qual”(ℓ 11).
d) retirá-lo de “à solidariedade”(ℓ.11).
e) inseri-lo em “a uma reflexão”(ℓ.18).

Questão 10: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008


Assinale o trecho do texto adaptado do Jornal do Commercio (PE), de
12/01/2008, que apresenta erro de regência.
a) Depois de um longo período em que apresentou taxas de crescimento
econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fecha o ano de 2007 com

o
em
uma expansão de 5,3%, certamente a maior taxa registrada na última
década.

D
b) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que serão

er
confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a conhecida Comissão
ov
Econômica para a América Latina (Cepal).
em

c) Não há dúvida de que os números são bons, num momento em que


atingimos um bom superávit em conta-corrente, em que se revela queda
R

no desemprego e até se anuncia a ampliação de nossas reservas


k

monetárias, além da descoberta de novas fontes de petróleo.


ar

d) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, percebe-se que


m

nossa performance é inferior a que foi atribuída a Argentina (8,6%) e a


er

alguns outros países com participação menor no conjunto dos bens


at

produzidos pela América Latina.


W

e) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, com


F

crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro da América


PD

Latina, o organismo internacional está atribuindo um crescimento médio,


em 2007, de 5,6%, um pouco maior do que o do Brasil.
e
W

Questão 11: SUSEP 2010 Analista Técnico


Fragmento do texto: As exportações brasileiras de serviços têm sido uma
atividade limitada praticamente às grandes empresas de construção pesada.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego do acento grave indicativo de crase em “às grandes”(ℓ.2) justifica-
se pela presença de preposição exigida pela regência de “atividade” e pelo
emprego de artigo definido feminino.

Questão 12: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


Os trechos abaixo compõem, sequencialmente, um texto adaptado do Editorial
do jornal Zero Hora (RS) de 18/01/2010.
Assinale a opção que está gramaticalmente correta quanto à ausência ou à
presença do acento grave indicativo de crase.

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PORTUGUÊS P/ ATA (ESAF) - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS
PROFESSOR: DÉCIO TERROR
a) O novo estímulo aos usineiros, também com pesado suporte de subsídios,
levou à indústria automobilística a investir na produção não mais de carros
movidos a álcool, mas de veículos flex, que permitem o uso dos dois
combustíveis. No ano passado, as vendas de carros flex cresceram 14% em
relação a 2008.
b) Apresentado nos anos 70 como opção à crise do petróleo, sob forte apoio
governamental, o álcool perdeu relevância nas décadas de 80 e 90. A
produção foi retomada e intensificada nos últimos anos, com a explosão
nos preços internacionais dos derivados da energia fóssil.
c) As montadoras aplicaram recursos no desenvolvimento de tecnologias, e o
consumidor se dispôs a pagar mais por veículos mais modernos. Ambos
apostaram nas vantagens de um combustível que, além de reduzir à
dependência da gasolina e do diesel, apresentava ainda as virtudes do
ecologicamente correto, por ser menos poluente e renovável.
d) A partir do ano passado, com a queda nos preços do petróleo, outros

o
em
fatores de mercado conspiraram contra o álcool, como a quebra na
produção da cana e o aumento dos preços do açúcar. Mesmo que o álcool

D
se submeta à oscilações de cotações, como qualquer outro produto, o que

er
não se pode admitir é que essas variações façam com que a oferta do
ov
produto seja imprevisível e instável.
em

e) A sazonalidade e outras questões envolvidas não são suficientes para


explicar a ausência de uma política que assegure, à fabricantes e
R

consumidores, a certeza de que investiram em uma opção de combustível


k

tratada com a seriedade que merece.


ar
m
er

Questão 13: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2010


at

Os trechos a seguir constituem um texto adaptado de Valor Econômico.


W

Assinale a opção que apresenta erro de sintaxe.


a) Pela primeira vez desde a década de 1970, uma onda de fome se espalha
F
PD

por vários pontos do globo simultaneamente. Os protestos não ocorrem


apenas na miserável África, mas atingem o Vietnã e as Filipinas, na Ásia,
e

as ex-províncias soviéticas, como o Cazaquistão, e os países latino-


W

americanos, como o México.


b) Ao contrário das crises de anos anteriores, não há nenhuma grande quebra
de safra provocada por desastres climáticos de grandes proporções — a
única exceção atual é o trigo. Desta vez, os próprios preços se abatem
sobre os miseráveis e remediados dos países em desenvolvimento com a
força de calamidades naturais.
c) A reação dos governos diante da pressão de massas esfomeadas na rua, ou
diante da possibilidade de tê-las em futuro próximo, foi a suspensão das
exportações, a redução das tarifas de importação, o subsídio direto ao
consumo ou o controle de preços.
d) As previsões de inflação média dos países emergentes subiram para algo
em torno de 7% este ano. Quando examinada a inflação específica dos
alimentos, os índices pulam para os dois dígitos. O trigo aumentou 77% no
ano passado e o caso do arroz é dramático para os pobres da Ásia: ele

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mais que dobrou de preço no ano.
e) A instabilidade econômica criada com a crise das hipotecas nos EUA soma-
se agora princípios de instabilidade política em boa parte do planeta, fruto
de uma situação que tem tudo para se tornar explosiva. A alta dos preços
dos alimentos é forte e disseminada à ponto de elevar os índices de
inflação em todo o mundo.

Questão 14: Analista-Tributário da Receita Federal 2010


Assinale a opção em que o trecho do texto de Emir Sader (A nova toupeira: os
caminhos da esquerda latino-americana) foi transcrito com correção
gramatical.
a) Atualmente, as alternativas de contraposição a hegemonia enfrentam os
dois pilares centrais do sistema dominante: o modelo neoliberal e a
hegemonia imperial estadunidense. É no confronto com aqueles que se tem
de medir o processo de construção de “outro mundo possível”, para se

o
em
analisar seus avanços, revezes, obstáculos e perspectivas.
b) De certa maneira, pode-se resumir os eixos que articulam o poder atual no

D
mundo à partir de três grandes monopólios: o das armas, o do dinheiro e o

er
da palavra. O primeiro reflete a política de militarização dos conflitos, em
ov
que os Estados Unidos acreditam dispor de superioridade inquestionável.
em

c) A região tem-se mostrado refratária a política de guerra infinita promovida


R

pelos Estados Unidos. Internamente, a Colômbia, epicentro regional da


k

política estadunidense, permanece isolada. No entanto, em seu conjunto, a


ar

América Latina produziu espaços de autonomia relativa no tocante a


m

hegemonia econômica e política dos Estados Unidos, o que a torna o elo


er

mais frágil da cadeia neoliberal no século XXI.


at
W

d) O terceiro trata-se do monopólio da mídia privada no processo –


profundamente seletivo e antidemocrático – de formação da opinião
F

pública. Palco inicial da implantação do modelo neoliberal e sua vítima


PD

privilegiada, a América Latina passa por uma espécie de ressaca do


e

neoliberalismo, com governos que rompem com o modelo e com outros


W

que buscam readequações que lhe permitam não sucumbir com ele.
e) O segundo retrata a política neoliberal de mercantilização de todas as
relações sociais e dos recursos naturais, que tem buscado produzir um
mundo em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra e cuja
utopia são os grandes centros de compras.

Questão 15: MPOG - Analista de Planejamento e Orçamento – 2010


A preocupação com a herança que deixaremos as (1) gerações futuras está
cada vez mais em voga. Ao longo da nossa história, crescemos em número e
modificamos quase todo o planeta. Graças aos avanços científicos, tomamos
consciência de que nossa sobrevivência na Terra está fortemente ligada a(2)
sobrevivência das outras espécies e que nossos atos, relacionados a(3)
alterações no planeta, podem colocar em risco nossa própria sobrevivência.
Contudo, aliado ao desenvolvimento científico, temos o crescimento econômico
que nem sempre esteve preocupado com questões ambientais. O que se
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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
almeja é o desenvolvimento sustentável, que é aquele viável economicamente,
justo socialmente e correto ambientalmente, levando em consideração não só
as(4) nossas necessidades atuais, mas também as(5) das gerações futuras,
tanto nas comunidades em que vivemos quanto no planeta como um todo.
(Adaptado de A. P. FOLTZ, A Crise Ambiental e o Desenvolvimento
Sustentável: o crescimento econômico e o meio ambiente. Disponível
em http://www.iuspedia.com.br.22 jan. 2008)

Para que o texto acima respeite as regras gramaticais do padrão culto da


Língua Portuguesa, é obrigatória a inserção do sinal indicativo de crase em
a) 1, 2 e 3
b) 1 e 2
c) 1, 3 e 5
d) 2 e 4
e) 3, 4 e 5

o
em
D
Questão 16: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012

er
No que diz respeito ao uso do sinal de crase, assinale a opção que preenche
ov
corretamente as lacunas do texto abaixo.
em

Uma mera observação __(1)__olho nu já basta para constatar que parcela


relevante do spread está ligada direta ou indiretamente, __(2)__ políticas
R

públicas, sejam tributárias regulatórias ou de outra natureza. Parece, pois,


k
ar

difícil avançar na questão dos spreads, sem que tais políticas sejam, no
m

mínimo, reavaliadas, obviamente não perdendo de vista os legítimos objetivos


er

de cada uma delas.


at

Por outro lado, o aumento da eficiência do sistema bancário é igualmente


W

relevante para __(3)__ queda dos spreads. Isso sugere que “parte da bola”,
F

pelo menos, está com os bancos, públicos e privados, que devem se tornar
PD

cada vez mais eficientes nas funções de intermediários financeiros. Em suma,


é necessário um permanente diálogo entre o setor bancário e o governo, com
e

vistas __(4)__ implementação de medidas sustentáveis para redução de


W

spread, objetivo que deve ser atingido sem ameaças __(5)__ estabilidade
financeira.
(Adaptado de Gustavo Loyola, Baixar “spreads” exige medidas
sutentáveis. O Estado de São Paulo, 21 de abril de 2012)

(1) (2) (3) (4) (5)


a) à às a à à
b) a as a à a
c) à a à a à
d) a às a à à
e) a a à a a

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PROFESSOR: DÉCIO TERROR

Questão 17: Analista de Comércio Exterior - ACE/MDIC-2012


O texto abaixo foi transcrito com adaptações. Assinale a opção que manteve o
emprego correto do sinal indicativo de crase.

Interessa à (1) todo o País, por sua importância para à (2) produção, à (3)
criação de empregos e o desenvolvimento, a agenda levada ao Congresso pelo
presidente da Confederação Nacional da Indústria − CNI. Ao apresentar uma
lista de 131 projetos considerados favoráveis ou prejudiciais ao setor, ele
cobrou dos parlamentares, como de costume, atenção urgente às (4) questões
de grande relevância para à (5) economia, especialmente numa fase de crise
internacional.
(Editorial, O Estado de S. Paulo, 29/3/2012)
a) 1
b) 2

o
c) 3

em
d) 4
e) 5

D
er
Questão 18: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002
ov
Num determinado ponto do discurso de posse como Arcebispo de Olinda e
em

Recife, Dom Hélder Câmara faz um raciocínio baseado em quatro proposições.


Ordene tais proposições, obedecendo ao esquema: 1-proposição genérica; 2-
R

proposição acidental; 3-proposição resolutiva; 4-proposição consecutiva.


k
ar

I. A melhor maneira de combater o erro é libertar as parcelas de verdade


m

prisioneiras dentro dele.


er

II. Quando o erro perde a verdade que nele se esconde, deixa de ter poder de
at

sedução e consistência interior.


W

III. Deus fez a inteligência voltada para a verdade.


F

IV. Quando a inteligência adere ao erro é seduzida pela alma de verdade que
PD

existe dentro de todo erro.


A ordenação correta é:
e
W

1 2 3 4
a) I II IV III
b) I IV II III
c) III IV I II
d) III II I IV
e) II III I IV

Questão 19: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


Questão velha, polêmica e controvertida, que constitui obstáculo à ação
das autoridades administrativo-tributárias, mas que sempre viva e
exacerbadamente atual, é a do “sigilo bancário”, pois frente ao crédito
tributário e ao Fisco, aquele como um bem público relevante e indisponível e
este na busca de cumprir os objetivos a que se destina de aferir a real
capacidade contributiva, arrecadar tributos, promover a igualdade e a justiça
fiscal, colocam-se a preservação e a garantia dos direitos fundamentais
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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
invioláveis de privacidade e intimidade inerentes às pessoas dos contribuintes.
(Mary Elbe G. Q. Maia, “A inexistência de sigilo bancário frente
ao poder-dever de investigação das autoridades fiscais”, Tributação
em Revista, julho/setembro de 1999)
Assinale a proposição nuclear do texto, aquela que contém a idéia-síntese em
torno da qual se desenvolve sintática e semanticamente o parágrafo.
a) Questão velha, polêmica e controvertida é a do sigilo bancário frente ao
crédito tributário e ao Fisco.
b) Frente ao crédito tributário e ao Fisco, coloca-se a questão do sigilo
bancário como um obstáculo à ação das autoridades administrativo-
tributárias.
c) Por ser um bem público relevante e indisponível, o crédito tributário deve
preservar e garantir o direito de privacidade do contribuinte.
d) A preservação dos direitos fundamentais de privacidade dos contribuintes
frente ao crédito tributário e ao Fisco deve ser colocada na discussão da

o
em
questão do sigilo bancário.
e) Na tarefa de cumprir os objetivos de aferir a capacidade contributiva,

D
arrecadar tributos e promover a igualdade e a justiça fiscal, o Fisco deve

er
preservar e garantir a questão do sigilo bancário dos contribuintes.
ov
em

Questão 20: Auditor-Fiscal do Trabalho 2003


Assinale o título sugerido para o texto que corresponde à sua idéia principal.
R

Vale lembrar que nos governos Vargas e JK e nos governos do ciclo militar,
k
ar

apesar da preponderância do estatismo, as empresas ocuparam posição


m

central. Vargas governou com os empresários ao seu lado. Dificilmente dava


er

um passo importante sem antes ouvir a Confederação Nacional da Indústria.


at

Juscelino fez do capital privado um trunfo. Basta citar o caso emblemático da


W

produção automobilística que fez a imprensa mundial comparar São Paulo a


uma nova Detroit. Os militares criaram sistemas híbridos, a exemplo da
F
PD

petroquímica, associando o Estado e iniciativa privada. A iniciativa privada foi o


pulmão do desenvolvimento na época do estatismo e terá ainda maior
e

relevância na economia contemporânea. Um modelo de desenvolvimento que


W

não leve esta evidente nuança em consideração é como se fosse um


dinossauro, muito bom para as primeiras eras geológicas e muito distante da
era atual.
(Emerson Kapaz, “Dedos cruzados” in Revista Política
Democrática, nº 6, p. 41)
a) Os governos Vargas e JK & os governos militares
b) A iniciativa privada no desenvolvimento econômico
c) O papel da Confederação Nacional da Indústria no governo JK
d) Os sistemas híbridos dos governos militares
e) O estatismo de Vargas a JK

Questão 21: Analista de Finanças e Controle - CGU 2008


Assinale a opção que não serve de título para o trecho abaixo por reproduzir
erradamente informação aí contida.

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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
Por trás dos números recordes de geração de emprego formal no governo Lula,
o mercado de trabalho com carteira assinada avança em ocupações de baixa
escolaridade e salários menores, enquanto, em nome da globalização e dos
ganhos de produtividade das empresas, posições mais bem remuneradas nas
áreas de supervisão e gerência tendem à atrofia.
(Sofia, Julianna, Folha de S. Paulo,
6/1/2008, B1.)
a) Baixa qualificação puxa alta do emprego
b) Criação de vagas se deu em ocupações que exigem menos qualificação
c) Aumento de remuneração atinge as posições de trabalho globalizado
d) Crescimento atual do emprego favorece mão-de-obra de baixa escolaridade
e) Acanham-se no atual quadro de trabalho as funções de gerência e
supervisão

Questão 22: Oficial de Chancelaria - MRE 2002

o
Marque o parágrafo cujo título não corresponde à sua idéia central.

em
a) A história e as relações de causa e efeito

D
A política internacional não se situa, necessariamente, no domínio da

er
racionalidade intrínseca da história ou no das fatalidades. Não esgota sua
ov
explicação na clássica dicotomia de causas e efeitos, como se as
em

determinações históricas agissem exclusivamente por si, à revelia de


indivíduos e coletividades. Desafia a argúcia do estudioso que vai à busca da
R

inteligibilidade da ação humana no tempo.


k
ar

b) A política externa brasileira a serviço da paz


m

Na história do Brasil, após o rompimento com Portugal em 1822, a política


er

exterior serviu intencionalmente à paz entre os povos, com exceção de um


at

período nos meados do século XIX, entre 1850 e 1870.


W

c) Instabilidade na condução da política exterior brasileira


F
PD

A capacidade do setor externo em subsidiar o crescimento e a autonomia


sócio-econômica do país não foi acionada, entretanto, de forma estável.
e

Sucederam-se períodos em que a leitura do interesse nacional, feita pelos


W

homens de Estado, ditou políticas restritivas em que aquele interesse foi


atendido de forma mais global e abrangente e, nessas circunstâncias, a política
externa perdeu seu caráter conjuntural para ferir as estruturas e tornar-se
prospectiva.
d) A política internacional como instrumento de governo
A política internacional correspondeu, nos dois últimos séculos, a um dos
instrumentos com que os governos dos Estados-nação já constituídos afetaram
o destino de seus povos, mantendo a paz ou fazendo a guerra, estabelecendo
resultados de crescimento e desenvolvimento ou de atraso e dependência.
e) Novas categorias explicativas na história das relações internacionais
Nos anos recentes, mercê dos progressos da pesquisa no Brasil e no mundo, o
método histórico definiu outras categorias explicativas para conduzir a viagem
do historiador pelo passado das relações internacionais.

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(Baseado em Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno)

Questão 23: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


A época da independência fervilha de figuras representativas, em cujas
atitudes o ideário político do momento se reflete. Figuras cujos perfis se
recortam sobre um fundo um tanto confuso: novidades emancipacionistas,
remanescências coloniais, antagonismos de tendências que puxavam a vida
brasileira para posições diferentes. Época sem dúvida tumultuosa, ocupada por
várias transições superpostas: a da dependência para a independência, a do
agrarismo para os modos urbanos, a do quase silêncio para o falatório – um
falatório crescente –, a dos particularismos para a consciência nacional. Agora,
estabelecida a existência oficial de um Brasil declarado estado autônomo, a
liquidação dos obstáculos restantes caberia a esses homens.
(Nelson Nogueira Saldanha, História das idéias políticas no Brasil, p. 97)
Na mesma linha de raciocínio do autor, várias transições se superpõem à

o
época da independência, exceto uma. Aponte-a.

em
a) do rural para o urbano

D
b) do individualismo para o coletivo

er
c) do desimpedimento para os obstáculos ov
d) do atrelamento para a emancipação
em

e) da dependência para a autonomia


R

Questão 24: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2005


k
ar

O enquadramento pós-estruturalista da teoria da comunicação analisa o modo


m

como a comunicação eletronicamente mediada (o que eu chamo modo de


er

informação) desafia, e ao mesmo tempo reforça, os sistemas de dominação


at

emergentes na sociedade e cultura pós-moderna. A minha tese é que o modo


W

de informação decreta uma reconfiguração radical da linguagem, que constitui


sujeitos fora do padrão do indivíduo racional e autônomo. Esse sujeito familiar
F

moderno é deslocado pelo “modo de informação” em favor de um que seja


PD

múltiplo, disseminado e descentrado, interpelado continuamente como uma


e

identidade instável. Na cultura, essa instabilidade coloca tanto perigos como


W

desafios que se tornam parte de um movimento político – ou se estão


relacionados com as políticas feministas, minorias étnicas/raciais, posições
gays e lésbicas, podem conduzir a um desafio fundamental às instituições e
estruturas sociais modernas. (Haik Poster. A segunda era dos mídia)
Assinale a inferência que não está coerente com a argumentação do texto.
a) Na cultura pós-moderna, o modo de informação estabelece com os sistemas
de dominação relações em dois sentidos.
b) Uma reconfiguração da linguagem repercute na reconfiguração dos sujeitos
sociais, seja na cultura moderna seja na pós-moderna.
c) Uma identidade instável caracteriza o sujeito, múltiplo, disseminado e
inserido em movimentos políticos, culturais e sociais.
d) Sujeitos deslocados pelo modo de informação eletronicamente mediado
provocam uma instabilidade que se torna parte de movimento político.
e) O padrão do indivíduo racional e autônomo conduz a políticas que podem
desafiar os fundamentos das instituições e estruturas modernas.
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Questão 25: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2010


Assinale a opção em que a reescrita de segmento do texto não mantém as
informações originais.
A demanda doméstica depende de vários fatores, e da perspectiva do seu
aumento depende a produção industrial. É normal, então, dar atenção especial
ao nível do emprego e à evolução da massa salarial real, sem deixar de
acompanhar as receitas e despesas do governo federal. Enquanto a ligeira
retomada da economia norte-americana é acompanhada por aumento do
desemprego, no Brasil o quadro é diferente. Os dados de julho, nas seis
principais regiões do País, mostram redução do desemprego de 8,1% para 8%,
o que significa a geração de 185 mil postos de trabalho. Essa taxa de
desemprego, em julho, é a menor da série desde 2002. Paralelamente, houve
melhora na qualidade do emprego, e 142 mil postos foram criados com

o
carteira de trabalho assinada.

em
(O Estado de S. Paulo, Editorial, 21/8/2009)

D
a) A demanda doméstica depende de vários fatores, e a produção industrial

er
depende da perspectiva do aumento dessa demanda.
ov
b) Essa taxa de desemprego é a menor em julho de 2002. Paralelamente, em
em

142 mil postos, a carteira de trabalho assinada melhorou a qualidade do


emprego já existente.
R

c) O aumento do desemprego acompanha a ligeira retomada da economia


k
ar

norte-americana, enquanto no Brasil o quadro é diferente.


m

d) Nas seis principais regiões do País, os dados de julho mostram a geração


er

de 185 mil postos de trabalho, o que significa redução do desemprego de


at

8,1% para 8%.


W

e) É normal, então, dar atenção especial tanto ao nível do emprego e à


F

evolução da massa salarial real quanto às receitas e despesas do governo


PD

federal.
e

Questão 26: ANEEL - Analista 2006


W

Do Painel do Leitor da Folha de S. Paulo de 8/1/2006 transcreve-se a seguinte


mensagem:
“Antônio Negri e Giuseppe Cocco foram muito precisos e felizes no artigo
de 5/1 ao destacarem como o programa Bolsa-Família tem contribuído para
diminuir a desigualdade e o seu caráter de embrião de uma renda universal e
cidadã, sobretudo ao concluírem com a sugestão de que o governo Lula
deveria colocar sua própria prática na perspectiva de aceleração do processo
de democratização, apontando para a incondicionalidade.
Já existe o instrumento legal para isso. É a lei 10.835, sancionada pelo
presidente em 8/1/2004. Ela institui, por etapas, começando pelos mais
necessitados, a critério do Poder Executivo, uma renda básica de cidadania, ou
seja, o direito de todas as pessoas no Brasil, incondicionalmente, receberem
uma renda para atender as suas necessidades vitais.
O Executivo definirá o seu valor levando em conta o grau de
desenvolvimento do país.”
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(Eduardo Matarazzo Suplicy, senador - PT-SP, São Paulo, SP)
Assinale a opção que contém asserção falsa a respeito da compreensão das
idéias do texto e das inferências permitidas por uma leitura correta.
a) O autor inicia sua mensagem tecendo um elogio a Antônio Negri e Giuseppe
Cocco pelo teor do artigo escrito por eles.
b) Pelas palavras da mensagem, deduz-se que os autores concluem seu artigo
recomendando ao governo Lula que se aproveite de sua prática com o
programa Bolsa-Família para acelerar o processo de democratização, por
meio da concessão de renda universal.
c) É louvável, da perspectiva do autor da mensagem, o referido artigo ter
atribuído ao programa Bolsa-Família a peculiaridade de ser a semente da
qual pode germinar a instituição de uma renda básica de cidadania.
d) A menção à Lei 10.835/2004 é uma forma de o senador Suplicy indicar o
caminho legal à consecução da sugestão feita pelos autores do artigo ao

o
governo Lula.

em
e) No contexto em que se encontra, entende-se que o substantivo
“incondicionalidade”, que significa “adesão irrestrita”, aponta para a

D
doação de uma renda que atenda às necessidades de todo brasileiro,

er
independentemente de quanto custe sua sobrevivência.
ov
em

Questão 27: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


Assinale a opção que não constitui uma inferência das idéias do trecho abaixo.
R

Na tentativa de explicar a ocorrência de fome nos países


k
ar

subdesenvolvidos, surge, após a Segunda Guerra Mundial, a teoria


m

demográfica neomalthusiana, logo perfilhada pelos países desenvolvidos e


er

pelas elites dos países subdesenvolvidos. Segundo essa teoria, uma população
at

jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em


W

quase todos os países subdesenvolvidos, exige grandes investimentos sociais


em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos
F
PD

setores agrícola e industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das


atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da
e

população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de


W

habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital


a ser distribuído pelos agentes econômicos.
(Eustáquio de Sene e João Carlos Moreira, Geografia geral e do Brasil: espaço
geográfico e globalização, São Paulo: Scipione, 1998, pp. 338/9, com
adaptações)
a) O crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria.
b) Em conseqüência das elevadas taxas de natalidade, os países
subdesenvolvidos vêem-se impedidos de alcançar o pleno desenvolvimento
das atividades econômicas.
c) Sem programas efetivos de controle de natalidade acessíveis às camadas
mais pobres, toda política de redistribuição de renda tenderá ao fracasso.
d) Uma população numerosa condena muitos jovens a engrossar o enorme
contingente de mão-de-obra desqualificada que ingressa anualmente no
mercado de trabalho.
e) À medida que as famílias obtêm condições condignas de vida, tendem a
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diminuir o número de filhos para não comprometerem o acesso de seus
dependentes aos sistemas públicos de educação e saúde.

Questão 28: Auditor-Fiscal da Receita Federal 2002


1 A reforma tributária não pode ser realizada, na verdade, para livrar
o orçamento da sangria dos juros exorbitantes, embora enfeitada com os
argumentos apelativos, tanto da simplificação fiscal para todo o
empresariado quanto do milagre fiscal da multiplicação dos empregos
5 para os mais despossuídos.
Trata-se do contrário. Os de baixo vão, de fato, pagar mais e não
há garantia nenhuma da boa teoria econômica de que o emprego possa
crescer sem o planejamento de um projeto nacional digno do nome, que
defina e articule todas as potencialidades existentes para tanto.
(Fátima Gondim Farias, “Reforma Tributária”, em Tributação
em revista, abril/junho de1999, com adaptações)

o
em
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
Constitui estratégia de leitura lícita e legítima o leitor evocar o fato bíblico do

D
milagre da multiplicação dos pães diante da expressão “milagre fiscal da

er
multiplicação dos empregos”(ℓ.4). ov
em

Questão 29: Auditor-Fiscal do Trabalho 2003


1 Dinheiro é a maior invenção dos últimos 700 anos. Com ele, você
R

pode comprar qualquer coisa, ir para qualquer lugar, consolar o aleijado


k

que bate no vidro do carro no sinal fechado, mostrar quanto você ama a
ar

mulher amada ou comprar uma hora de amor. É o passaporte da


m

5 liberdade. Com dinheiro, você pode xingar o ditador da época e sair


er

correndo para o exílio, ou financiar todos os candidatos a presidente e


at

comparecer aos jantares de campanha de todos.


W

Nos tempos que estamos vivendo, dinheiro é como Deus na Idade


F

Média – o sentido único e todos os sentidos de todas as coisas. A


PD

10 “remissão” de todas as coisas. O que não produz nem é dinheiro, não


existe. É falso, postiço.
e
W

Os sábios da igreja de antigamente são os economistas de hoje


em dia. Dividem-se em dois grupos – os idólatras, para quem dinheiro é
o pedacinho de papel, a imagem do sagrado, o santinho. Pare eles, o
15 valor do dinheiro depende da quantidade de papéis em circulação. Para
os iconoclastas, dinheiro é a base das relações sociais do mundo
capitalista, a rede que organiza a sociedade. É um conceito, um crédito,
um débito.
Como os sacerdotes de antigamente, economistas têm a missão
20 de explicar o inexplicável – como o dinheiro é tudo e nada ao mesmo
tempo, por que falta dinheiro se dinheiro é papel impresso, ou se a
quantidade de santinhos muda o tamanho do milagre.
(João Sayad, Cidade de Deus. Classe Revista de Bordo da
TAM, nº 95, com adaptações)
Assinale a relação lógica em desacordo com a argumentação do segundo
parágrafo do texto.

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a) O que não é dinheiro é falso.
b) Não existe o que não produz dinheiro.
c) Não existe o que é postiço.
d) O que não é falso produz dinheiro.
e) É postiço o que não produz dinheiro.

Questão 30: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


1 A década de 1980 foi o marco do surgimento de um novo ator
social nos países ricos: o novo-pobre (nouveau-pauvre). Corolário do
desmoronamento do sistema de proteção social, em um quadro
agravado pela revolução tecnológica, que automatizou o sistema
5 produtivo sem gerar novos postos de trabalho, esse novo personagem
vai materializar uma inesperada e imprevisível reprodução, no mundo
desenvolvido, do problema da desigualdade social, tão comum no
terceiro mundo.

o
O novo-pobre é, cada vez mais, a expressão do fenômeno da exclusão

em
10 social. Não é mais um indivíduo que está à margem, mas, sim, fora do

D
sistema econômico e social prevalente. Não tem acesso ao mercado de
trabalho (nem mesmo informal), não tem perspectiva de engajamento

er
(independentemente de seu grau de qualificação profissional) e, cada
ov
vez mais, vai ficando de fora dos mecanismos de proteção social do
em

15 moribundo welfare state.


R

No caso da periferia, o fenômeno global da emergência do novo-pobre,


deserdado do neoliberalismo, soma-se ao histórico problema da pobreza.
k
ar

Os velhos-pobres, em países como o Brasil, são atores presentes na


m

formação da sociedade nacional desde seus primórdios. O que se


er

20 apresenta como fato novo é a constatação de que estes últimos caíram


at

dos patamares da pobreza para os da miséria. E isso é tão evidente


W

como tão mais urbana foi-se tornando a sociedade.


(Marcel Bursztyn. “Da pobreza à miséria, da miséria à exclusão: o caso das populações
F

de rua”. In: No meio da rua: nômades, excluídos e viradores. Org.: Marcel Bursztyn.
PD

Rio de Janeiro: Garamond, 2000, p.34-35, adaptado).


e

Assinale a opção que apresenta ideia que se confirma no texto.


W

a) A categoria social novo-pobre aplica-se à realidade observada apenas nos


países pobres.
b) O processo de urbanização verificado no mundo na década de 1980 foi o
fator principal do surgimento de um novo ator social, fadado à exclusão
social.
c) Os efeitos do neoliberalismo no sistema produtivo são observados, a partir
de 1980, tanto em países ricos quanto no terceiro mundo.
d) A partir da década de 1980, verifica-se a substituição do processo histórico
de marginalização social pelo de exclusão, fenômeno que atinge
exclusivamente as populações da periferia dos países do terceiro mundo.
e) Dado estar o neoliberalismo atrelado à exclusão social, não surpreende que
seus efeitos se tenham manifestado nos países ricos, nos quais, à
semelhança do que ocorreu no terceiro mundo a partir de 1980, a
desigualdade social instaurou-se.
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Questão 31: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


1 Com devoção e entusiasmo, o sul do mundo copia e multiplica os
piores costumes do norte. E do norte não recebe as virtudes, mas o pior:
torna suas a religião norte-americana do automóvel e do desprezo pelo
transporte público bem como toda a mitologia da liberdade de mercado e
5 da sociedade de consumo. E o sul também recebe, de braços abertos, as
fábricas mais porcas, as mais inimigas da natureza, em troca de salários
que dão saudade da escravidão.
No entanto, cada habitante do norte consome, em média, dez vezes
mais petróleo, gás e carvão; e, no sul, apenas uma de cada cem pessoas
10 tem carro próprio. Gula e jejum do cardápio ambiental: 75% da
contaminação do mundo provém de 25% da população.
E, nessa minoria, claro, não figuram o bilhão e duzentos milhões que

o
vivem sem água potável nem o bilhão e cem milhões que, a cada noite,

em
vão dormir de barriga vazia.
15 Não é “a humanidade” a responsável pela devoração dos recursos

D
naturais nem pelo apodrecimento do ar, da terra e da água. O poder

er
encolhe os ombros: quando este planeta deixar de ser rentável, mudo-
ov
me para outro.
em

(Eduardo Galeano. O teatro do bem e do mal. Trad. Sérgio Faraco.


R

Porto Alegre: L&PM, 2006, p.123.)


De acordo com o autor do texto, não é um fenômeno positivo que
k
ar

a) apenas uma em cada cem pessoas dos países do hemisfério norte possua
m

automóvel.
er

b) 75% da população mundial utilize água potável e se alimente de forma


at

saudável.
W

c) os países do norte do mundo atribuam a culpa por todas as mazelas da


F
PD

sociedade global aos países do hemisfério sul.


d) o desenvolvimento dos países ricos seja pautado, principalmente, na
e

instalação de indústrias nos países do hemisfério sul.


W

e) ações predatórias do modelo de desenvolvimento de países ricos sejam


bem recebidas nos países do hemisfério sul.

Questão 32: Auditor-Fiscal do Trabalho 2010


1 Na história do capitalismo, as crenças a respeito da relação
entre Estado e mercado seguem uma dinâmica pendular, chegando a
atingir os extremos do espectro ideológico. Períodos de maior confiança
no livre mercado e na desregulamentação podem permitir intenso
5 crescimento econômico, mas em geral se associam a deslocamentos
abruptos e nocivos no tecido social. A reação comum nos momentos
subsequentes, em especial após uma crise, é uma meia-volta em favor
de maior intervenção do Estado.
Depois de 20 anos de marcante crescimento global, quando reinou
10 o ultraliberalismo no Ocidente e irromperam a revolução da tecnologia
da informação, a globalização acelerada e o protagonismo da China,
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PROFESSOR: DÉCIO TERROR
nova reviravolta pendular foi deflagrada pela crise financeira de 2008,
que fez ressurgir em muitos meios a crença no “Estado grande”.
Os adeptos desse slogan em geral colocam Estado e mercado
15 como opostos. É um erro. Trata-se mais de uma simbiose do que de
uma luta, pois, longe de existir em si mesmo, o mercado está inserido
nas estruturas da sociedade e, por conseguinte, na política. Mas o fato é
que, se antes o risco do ultramercadismo prevalecia, agora é a ameaça
do ultraestatismo que cabe combater.
(Folha de S. Paulo, Editorial, 17/01/2010.)
Em relação às ideias do texto, assinale a opção correta.
a) Predomina na história do capitalismo a ideologia da desregulamentação.
b) A confiança no livre mercado produz crescimento econômico sem crises.
c) O ultraliberalismo provocou e intensificou o protagonismo da China.
d) A crise financeira de 2008 estimulou a crença no intervencionismo do
Estado.

o
e) O mercado funciona de forma independente em relação ao Estado.

em
D
Questão 33: Ministério da Integração Nacional – 2012 - nível superior
1 Sabe-se muito pouco dos rumos que as grandes cidades tomarão nas

er
próximas décadas. Muitas vezes nem se prevê a dinâmica metropolitana
ov
do próximo quinquênio. Mesmo com a capacitação e o preparo dos
em

técnicos dos órgãos envolvidos com a questão urbana, há variáveis


R

5 independentes que interferem nos planos e projetos elaborados pelos


legislativos e encaminhados ao Executivo. Logicamente não se prevê o
k
ar

malfadado caos urbano, mas ele pode ensejar que o país se adiante aos
m

eventos e tome medidas preventivas ao desarranjo econômico, que teria


er

consequências nefastas. Para antecipar-se, o Brasil tem condições


at

10 propícias para criar think tanks ou, em tradução livre, usinas de ideias
W

ou institutos de políticas públicas. Essas instituições podem antecipar-se


ao que poderá surgir no horizonte. Em outras palavras, deseja-se o
F
PD

retorno ao planejamento urbano e regional visando o bem-estar da


sociedade. Medidas nessa direção podem (e devem) estar em
e

15 consonância com a projeção de tendências e mesmo com a antevisão de


W

demandas dos destinatários da gestão urbana – os cidadãos, urbanos ou


não.
(Adaptado de Aldo Paviani, Metróples em expansão e o futuro. Correio
Braziliense, 8 de dezembro, 2011)
Infere-se da argumentação do texto que
a) os técnicos dos órgãos envolvidos com a questão urbana deveriam ser mais
capacitados para realizar os projetos encaminhados ao Executivo.
b) a dinâmica metropolitana altera-se a cada quinquênio, seguindo variáveis
que devem constar dos planos e projetos de cada período legislativo.
c) institutos de políticas públicas teriam como tarefa o planejamento urbano e
regional, antecipando-se a um possível desarranjo econômico.
d) o caos urbano que poderá afetar as grandes cidades nos próximos anos
terá o desarranjo econômico como uma de suas piores consequências.

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e) as demandas crescentes dos habitantes das grandes cidades contrastam
com a baixa demanda dos cidadãos não urbanos.
Questão 34: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012
1 A situação fiscal brasileira é bem melhor que a da maior parte dos países
desenvolvidos, mas bem pior que a da maioria dos emergentes, segundo
números divulgados pelo FMI. Para cobrir suas necessidades de
financiamento, dívida vencida e déficit orçamentário, o governo brasileiro
5 precisará do equivalente a 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste
ano e 18% no próximo. A maior parte do problema decorre do pesado
endividamento acumulado ao longo de muitos anos. Neste ano, as
necessidades de cobertura correspondem a pouco menos que o dobro da
média ponderada dos 23 países – 9,5% do PIB. Países sul-americanos
10 estão entre aqueles em melhor situação, nesse conjunto. O campeão da
saúde fiscal é o Chile, com déficit orçamentário de 0,3% e compromissos
a liquidar de 1% do PIB. As previsões para o Peru indicam um superávit

o
fiscal de 1,1% e dívida a pagar de 2,5% do PIB. A Colômbia também

em
aparece em posição confortável, com uma necessidade de cobertura de
15 3,9%. Esses três países têm obtido uma invejável combinação de

D
estabilidade fiscal, inflação controlada e crescimento firme nos negócios.

er
ov
(Adaptado de O Estado de São Paulo, Notas & Informações. 21 de abril de 2012)
Infere-se das relações entre as ideias do texto que
em

a) a situação fiscal de um país não é, necessariamente, proporcional ao seu


R

desenvolvimento.
k
ar

b) países emergentes apresentam, geralmente, uma relação de baixo PIB e


m

alto superávit fiscal.


er

c) países sul-americanos apresentam pouco mais que a metade da média


at

ponderada de outros países.


W

d) o Brasil tem demonstrado vigor para superar, dentro de dois anos, os três
F
PD

países sul-americanos com melhor saúde fiscal.


e) inflação controlada provoca crescimento firme nos negócios, o que resulta
e

em estabilidade fiscal.
W

Questão 35: CGU: Analista de Finanças e Controle – 2012


1 CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economia brasileira? Roberto
Frenkel: A queda do crescimento da economia teve a ver com três
acontecimentos. A situação nos EUA está mais positiva, há otimismo no
mercado norte-americano, as ações subiram e estão no pico pós-crise,
5 mas ainda é uma recuperação modesta. Na zona do euro, serão dois
trimestres consecutivos em queda, o que, de acordo com a definição
convencional, caracteriza recessão. E a China está claramente em
desaceleração. Essas realidades tiveram um efeito negativo sobre o
crescimento brasileiro ao longo do segundo semestre de 2011. Outro
10 fator foi a valorização cambial. No fim do ano passado, o real chegou a
acumular a maior valorização cambial desde o início da globalização
financeira, ou seja, desde o fim dos anos 1960; e isso tem um efeito
muito negativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.
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(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra,
Intervir para ganhar. Carta Capital, 18 de abril de 2012, p.78)
Analise as seguintes possibilidades para apresentar, de maneira resumida, a
argumentação da resposta do entrevistado:
A queda no crescimento da economia no Brasil
I. tem motivos causados pela desvalorização do real: otimismo no mercado
americano (depois da crise); nova definição de recessão na zona do euro
e a China com desaceleração do mercado.
II. pode ser relacionada a quatro fatores: otimismo no mercado americano,
recessão na zona do euro, desaceleração na China e valorização cambial
do real.
III. deve-se a acontecimentos internacionais, como a alta das ações
americanas, a desindustrialização da China, a queda na zona do euro, com
valorização cambial.

o
em
Preservando a coerência e a correção gramatical,

D
a) apenas II e III estão corretas.

er
b) apenas III está correta. ov
c) apenas I e II estão corretas.
em

d) apenas I e III estão corretas.


R

e) apenas II está correta.


k
ar
m

Questão 36: MPOG 2006 Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental


er

Fragmento do texto: Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência


at

da democracia quando escreveu: “Posso não concordar com uma só palavra do


W

que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-las”.


Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
F
PD

A eliminação do termo “do” depois de “melhor”(ℓ.1) mantém a correção


gramatical do período.
e
W

Questão 37: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


Fragmento do texto: A Eurostat, o organismo da União Européia
encarregado da elaboração de estatísticas econômicas, mostrou que, em abril,
nada menos que 101 entre cada 1.000 cidadãos em atividade na área do euro
(16 países) não conseguiram encontrar ocupação remunerada.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego de vírgulas após “Eurostat”(ℓ.1) e após “econômicas”(ℓ.3) justifica-
se por isolar expressão que tem função de vocativo.

Questão 38: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


Fragmento do texto: Paradoxalmente, a crise do desemprego tende a se
acentuar pelos fatores que pretendiam atenuar seu impacto.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir “se acentuar”(ℓ.1
e 2) por ser acentuada.
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Questão 39: Fiscal de Rendas do Município do Rio de janeiro 2010


Fragmento do texto: É o resultado de algumas degradações acumuladas nas
últimas décadas: perda de competitividade da indústria, rápido envelhecimento
da população, custo elevado da mão de obra, falta de reformas políticas e
econômicas.
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego de vírgulas após ”indústria”(ℓ. 2), “população”(ℓ.3) e “obra”(ℓ. 3)
justifica-se por isolar elementos de mesma função sintática componentes de
uma enumeração de itens.

Questão 40: Secretaria da Fazenda-SP ─ 2009 ─ Analista POFP


Fragmento do texto: Facilitaram a ascensão do extremismo em Gaza a
incompetência corrupta do governo do Fatah, o cruel bloqueio à circulação de

o
bens e pessoas imposto por Israel e a opção, tomada por EUA e União

em
Europeia, de ignorar diplomaticamente o Hamas e fortalecer a ANP.

D
Julgue esta afirmativa como CERTA (C) ou ERRADA (E)
O emprego da preposição em “de ignorar”(ℓ.4) justifica-se pela regência de

er
“opção”. ov
em

GABARITO
R

1C 2B 3D 4E 5B 6C 7E 8E 9D 10 D
k
ar

11 E 12 B 13 E 14 E 15 B 16 D 17 D 18 C 19 D 20 B
m

21 C 22 A 23 C 24 E 25 B 26 E 27 E 28 C 29 D 30 C
er

31 E 32 D 33 C 34 A 35 E 36 C 37 E 38 C 39 C 40 C
at
W
F
PD
e
W

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