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Somente verbos que tenham objeto direto (isto é, verbos transitivos diretos) podem se apresentar
na voz passiva. Esquematicamente, então, a locução verbal da voz passiva pode ser representada
assim:
Verbo ser + verbo principal no particípio.
o sujeito da voz passiva corresponde ao objeto direto da voz ativa. Logo, somente verbos que
tenham objeto direto (isto é, verbos transitivos diretos) podem se apresentar na voz passiva. Quando
construímos uma frase na voz passiva, podemos ou não mencionar o ser que pratica a ação. Em
nosso exemplo, fizemos isso por meio do termo “por eles”. Esse termo é chamado agente da passiva,
e corresponde ao sujeito da voz ativa. No entanto, se nosso objetivo é ocultar quem pratica a ação,
construímos a frase sem esse termo.
Na maioria das vezes em que a voz passiva é usada, as frases são construídas sem o termo agente da
passiva, como nesse último exemplo. Isso ocorre porque a intenção de ocultar o praticante da ação
verbal é justamente a principal razão pela qual a passiva é escolhida em vez da ativa, em muitos
contextos. Observe a forma que o verbo assume na voz passiva: ele se constrói como uma locução
verbal, com o verbo auxiliar ser seguido do particípio do verbo principal.
O verbo ser, é claro, pode assumir qualquer tempo ou pessoa. É possível ainda que ele se combine
com outros verbos auxiliares, que acrescentam ideias de tempo, possibilidade ou outras, formando
locuções verbais mais complexas, com dois ou mais verbos auxiliares.
o vocábulo se que ocorre com verbos transitivos diretos – que ela chama de “pronome
apassivador”;
e o vocábulo se que ocorre com verbos transitivos indiretos ou intransitivos – que ela chama
de “índice de indeterminação do sujeito”.
Se o verbo que ocorre com o vocábulo se é transitivo direto, ele deve concordar com o substantivo
que o acompanha, por exemplo: aceita-se encomenda / aceitam-se encomendas. A justificativa
apresentada para a obrigatoriedade de concordância é que essa construção equivaleria à voz passiva
– encomenda é aceita/encomendas são aceitas – e, portanto, o substantivo que acompanha o verbo
(nesse exemplo, encomenda[s]) seria seu sujeito.
Já no outro caso, o dos verbos transitivos indiretos ou intransitivos, não é possível haver voz passiva
– como vimos anteriormente, ela só é possível com verbos que têm objeto direto. Logo, não se pode
admitir tal equivalência para a construção com o vocábulo se, por isso a gramática analisa esses
casos como tendo “sujeito indeterminado” – isto é, aquele sujeito que não se quer ou não se pode
identificar. No exemplo “precisa-se de ajudante”, o substantivo ajudante não é o sujeito do verbo, e
sim seu objeto indireto. Portanto, mesmo que ele esteja no plural, o verbo permanece no
singular: precisa-se de ajudante / precisa-se de ajudantes.
aceita-se encomenda e
Ao mesmo tempo, esses pesquisadores também constataram que, para os falantes brasileiros, não
há diferença de sentido e de emprego entre as construções com o clítico se, quer se trate de verbo
transitivo direto, quer se trate de verbo intransitivo ou transitivo indireto. Em ambos os casos, elas
servem para “esconder”, evitar identificar o praticante da ação verbal, isto é, o agente responsável
pelos eventos. Por causa desse valor comum a ambas as construções, é cada dia mais difícil alguém
no Brasil empregar a concordância dos verbos transitivos diretos acompanhados de se conforme a
norma padrão.
Muitos adjetivos podem ser usados nessa estrutura. Veja a lista, a seguir, de alguns exemplos:
urgente
recomendável
preciso
obrigatório
permitido
necessário / desnecessário
aconselhável / desaconselhável
dispensável / indispensável
possível / impossível
provável / improvável
desejável / indesejável
aceitável / inaceitável.
Além das quatro estruturas gramaticais que praticamos até aqui, outros elementos da língua
portuguesa também podem contribuir para a obtenção de um estilo impessoal. Um deles é o
emprego de substantivos deverbais.
Esses substantivos se referem ao mesmo processo ou à mesma ação designados pelo verbo de que
derivam. No entanto, assim como ocorre com os substantivos em geral, não apresentam as
propriedades gramaticais dos verbos: não se flexionam em tempo e pessoa, não têm sujeito, entre
outras.
Diferentemente dos verbos, os substantivos não levam consigo um sujeito. Assim, podemos usar
substantivos derivados de verbos para representar um processo sem identificar os agentes
responsáveis por ele.
Exemplo:
O estudante atrasou a entrega do relatório, e isso nos prejudicou.
O atraso na entrega do relatório nos prejudicou.
Podemos usar, ainda, para obter um estilo impessoal, palavras e expressões que se referem ao
próprio texto como sujeito dos verbos.
Exemplo:
Em vez de escrever:
Neste trabalho, apresento diferentes concepções de educação especial.
Pode-se escrever:
Este trabalho apresenta diferentes concepções de educação especial.
Conectivos: ligam orações para formar enunciados mais complexos, integrando diferentes
informações.
O pronome relativo, além de ligar as orações (relacionar as orações), como fazem os conectivos em
geral, também substitui um dos termos da frase – portanto, refere-se a ele na construção da coesão
textual, como fazem os pronomes.
Não são pronomes relativos, por exemplo, os vocábulos que nas seguintes frases:
Que cor ele prefere?
Não sei que cor ele prefere.
Ele disse que prefere azul.
Não compra essa camisa verde para o Pedro, que ele não vai gostar.
Pedro pediu tanto, que a mãe acabou comprando aquela camisa para ele.
A camisa azul é mais bonita que a verde. Que linda, essa camisa!
Com as preposições de duas sílabas ou mais, precisamos empregar o pronome o qual. Essa é a
prescrição vigente na norma padrão, a variedade da língua portuguesa requerida em textos escritos
formais.
Locuções prepositivas
São expressões formadas de mais de uma palavra, sendo a última uma preposição, e que funcionam,
nas frases, do mesmo modo que as preposições em geral. Algumas são de uso muito frequente,
como por exemplo:
acima de,
embaixo de,
dentro de,
de acordo com,
em frente a.
só pode ser usado quando o substantivo antecedente se refere a seres humanos; (enquanto
que e o qual não fazem restrições sobre o tipo de significado do antecedente)
só ocorre antecedido de preposição.
Pronomes relativos
O pronome onde é empregado para fazer referência a um antecedente que denota nome de lugar.
Existe na norma padrão, para esses casos, a opção de empregar o pronome que antecedido da
preposição em.
Pronomes relativos
Há situações, ainda, em que nenhum pronome relativo é cabível, e o contexto pediria, em vez de
onde, um conectivo como pois, portanto,ou outros – que não se referem a um substantivo
antecedente.
O pronome cujo:
nunca vem seguido pelo artigo definido (o / a / os / as) - isto é, formas como “cujo o marido”
ou “cuja a irmã” não existem na norma padrão.
Definir o significado de cujo como “posse” é uma simplificação, por isso usamos essa palavra entre
aspas neste material. O significado de cujo é o mesmo dos chamados “pronomes possessivos” – meu,
teu, seu, nosso etc. – que também não exprimem apenas posse. Há casos em que eles, de fato,
exprimem posse.
Exemplo:
em minha bolsa,
seu relógio,
nosso carro – essas expressões indicam a quem pertencem os objetos em questão, quem é o
proprietário deles.
Porém há várias outras relações expressas por esses pronomes que não são de posse, nesse sentido
estrito.
Exemplo:
meu irmão,
minha rua,
meu emprego
Não podemos dizer que a expressão identifica “o dono” de alguma coisa. Esse leque de diferentes
noções que reconhecemos no significado dos pronomes possessivos também se verifica no
significado do relativo cujo.
Diferente dos outros pronomes relativos que estudamos neste material, o como apresenta uma
severa restrição no que se refere a seu antecedente:
Ou seja, os antecedentes do relativo como são limitados à referência a modo e seus sinônimos (ou
“quase sinônimos”): maneira, jeito, forma. Nas gramáticas normativas da língua portuguesa, o
relativo como é considerado um advérbio, e não um pronome, porque seu significado exprime
“modo” (ideia comumente expressa por advérbios). Ele é chamado, então, “advérbio relativo”. Além
dos relativos que vimos neste material, a língua portuguesa tem ainda outros:
Pronomes relativos
Vale lembrarmos, portanto, que os pronomes relativos são os conectivos que iniciam orações
adjetivas. Eles têm características especiais, pois, ao mesmo tempo em que servem para relacionar
orações, construindo frases complexas com a reunião de muitas informações, também servem para
fazer referência a um nome antecedente, como fazem os pronomes em geral.
Se, antes do relativo, for preciso empregar uma preposição de duas sílabas ou mais, deve ser
escolhido o pronome o qual. Esses pronomes (o qual e que) não fazem restrições com relação ao
significado de seu antecedente, ao contrário do que ocorre com quem, onde e como.
No caso do pronome quem, ele só pode ser usado com antecedente humano. Já o pronome onde, só
com antecedente que signifique “lugar”. E como, só com antecedente que signifique “modo”. Há
ainda o pronome cujo, empregado apenas para estabelecer uma relação de “posse”.
Conectivos
A noção de tempo é bem abrangente e variada, comporta muitos matizes - diferenças praticamente
imperceptíveis. Trabalhando a variedade de conectivos temporais da língua portuguesa, podemos
obter melhores resultados ao estabelecer relações de tempo entre eventos em nossos textos.
Existem, ainda, diferentes conectivos para expressar a relação de condição. Há uma relação de
condição quando a ocorrência de um evento depende da ocorrência de outro. E, comumente, a ideia
de condição anda junto com a de hipótese e, em muitos casos, é a de hipótese que prevalece no
sentido da frase.
Não basta empregar um conectivo em uma frase para que determinado sentido se estabeleça. É
preciso que o contexto da frase possibilite o estabelecimento daquela relação de sentido entre suas
partes.
No caso de um evento que ocorre como resultado de outro, há entre eles uma relação de causa e
consequência. Causa e consequência são como os dois lados de uma moeda: se pensamos em um
evento como “causa”, é porque reconhecemos outro como “consequência”, e vice-versa.
O conectivo que, com o sentido de consequência, costuma ocorrer com uma palavra que exprime
grande quantidade, tamanho ou intensidade, e que se encontra na primeira parte da frase: tão,
tanto, tal, tamanho. A oração que é introduzida pelo conectivo contém a informação de importância
secundária; a outra oração, a principal, contém a informação de maior relevância no contexto
específico. As orações iniciadas pelos conectivos que exprimem relações de tempo ou de condição, e
quase todas as iniciadas pelos conectivos que exprimem relações de causa – as conjunções
temporais, condicionais e causais – podem se ordenar de dois modos:
Em outras palavras, a oração subordinada adverbial (aquela que é introduzida pelo conectivo) pode
ficar antes ou depois da oração principal. Quando a oração subordinada adverbial fica depois da
principal, não se costuma usar vírgula entre elas. Quando ela fica antes, a vírgula entre as orações é
obrigatória.
A ideia de explicação, embora bem parecida com a de causa, não é um acontecimento, ou fato que
gera outro, como no caso da causa. A explicação é uma justificativa de algo dito anteriormente. Em
outras palavras, quando, em uma frase, uma oração apresenta uma justificativa para o falante ter
dito a outra frase ou oração, se estabelece uma relação de explicação.
Quando empregamos porque ou pois com o sentido explicativo, a frase parece conter uma
informação implícita, algo que não foi dito, mas que inferimos no contexto. Além dos
conectivos porque e pois, também podemos estabelecer a relação de explicação usando que. Este
costuma ser usado quando a oração anterior exprime uma ordem, um pedido ou uma instrução.
O atributo que o falante considera mais importante é aquele que é posicionado após o
conectivo mas. Esse conectivo mas estabelece uma contraposição entre ideias. No entanto, as ideias
contrapostas não são contrárias por si mesmas.
Além do conectivo mas e de seus sinônimos, há, na língua portuguesa, outros conectivos que servem
para expressar a contraposição de ideias. Trata-se de embora e seus equivalentes. De certo modo,
esse conectivo funciona ao contrário de mas. Isto é, enquanto:
o conectivo embora confere maior peso ao outro argumento - àquele que se encontra na
outra parte da frase.
De forma sintética, podemos dizer que tanto mas (e seus equivalentes) como embora (e seus
equivalentes) servem para assinalar a orientação argumentativa dos enunciados. A orientação
adequada, como vimos, depende do contexto – incluindo a intenção daquele que formula a frase.