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A HARMONIZAÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR NOS PAÍSES DO

MERCOSUL: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS AÇÕES DO COMITÊ TÉCNICO Nº 7

THE HARMONIZATION OF CONSUMER LAW IN MERCOSUR COUNTRIES: AN


ANALYSIS FROM THE ACTIONS OF TECHNICAL COMMITTEE No. 7

Lara Santos Zangerolame Taroco1


Juliana Gonçalves Ferreira2

RESUMO
Este artigo visa analisar a harmonização das normas de Direito do Consumidor nos países do
MERCOSUL, com base nas ações do Comitê Técnico Nº 7. Este Comitê foi criado pela
Diretiva CCM nº 1/1995, com o desafio de promover a promoção da harmonização da
legislação do direito do consumidor nos países do MERCOSUL. Considerando isso, este
artigo investiga as ações e contribuições do Comitê Técnico Número 7 para a harmonização
das normas de direito do consumidor no MERCOSUL. Para isso, o Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL) é apresentado como um bloco comercial sul-americano estabelecido pelo
Tratado de Assunção em 1991 e Protocolo de Ouro Preto em 1994. Além disso, também é
apontado como a legislação do consumidor é aplicada em seus países membros, adotando
uma pesquisa bibliográfica e documental, realizada a partir do método de abordagem
dedutivo, com base na análise qualitativa dos relatórios elaborados pelo Comitê Técnico nº 7.
Essa análise adota uma perspectiva que visa contribuir para a construção de uma escala
cronológica das questões tratadas por esse comitê, com vistas a avaliar as contribuições e os
principais tópicos discutidos para a harmonização do direito do consumidor no MERCOSUL.
Palavras chaves: MERCOSUL, Direito do Consumidor, Harmonização Legislativa, Comitê
Técnico nº 7

ABSTRACT
This article aimes to analyzes the harmonization of Consumer Law standards in MERCOSUR
countries, based on the actions of Technical Committee No. 7. This Committee was created
by CCM Directive No. 1/1995, with the challenge of advancing the promotion the
harmonization of consumer legislation in MERCOSUR countries. Considering this, the this
article investigates the actions and contributions of Technical Committee Number 7 for the
harmonization of consumer law norms within MERCOSUR. For this, the Southern Common
Market (MERCOSUR) is presented as a South American trade bloc established by the Treaty
of Asunción in 1991 and Protocol of Ouro Preto in 1994. Bisides that, it is also pointed how
consumer law is applied in its member countries, adopting a bibliographic and documentary
research, performed from the deductive approach method, based on the qualitative analysis of
the reports prepared by the Technical Committee No. 7. This analyzes adopts a perspective
that aimes to contribute for build a chronological scale of the issues dealt by this committee,
with a view to assessing the contributions and main topics discussed for the harmonization of
consumer law within MERCOSUR.

Keywords: MERCOSUR,; Consumer law; Harmonization; Technical Committee No.7

1
Doutoranda em Direito Público pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (bolsista
Capes/PROEX). Mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória - FDV. Secretaria executiva da Rede
Brasileira Direito e Literatura - RDL. Advogada. E-mail: larasantosz@hotmail.com
2
Graduanda em Direito pelo Centro de Ensino Superior Dom Alberto. E-mail: juferreira931@gmail.com.
INTRODUÇÃO

O presente artigo analisa a harmonização o direito do consumidor do âmbito do


MERCOSUL, principalmente no que diz respeito a ações desenvolvidas pelo Comitê Técnico
nº 7. A Constituição de 1988 estabeleceu, no parágrafo único, do art. 4º, que a República
Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Integrar-se é, portanto, assegurar não só a segurança nacional, mas também viabilizar diversas
atividades econômicas, de cooperação e promotoras da diversidade cultural na América
Latina. Isso porque, o processo de integração é pauta econômica e cultural relevante para o
desenvolvimento da região.
O MERCOSUL – Mercado Comum do Sul – foi criado em 26 de março de 1991 pelo
Tratado de Assunção, e é iniciativa que se insere no contexto da integração prevista no art. 4º,
da Constituição, tendo sido criado com o principal objetivo de remover as barreiras tarifárias
entre seus membros. Trata-se de iniciativa relevante, principalmente no que diz respeito as
assimetrias existentes entre os diferentes países latino-americanos, que apesar da proximidade
territorial, também se distinguem no que concerne a aspectos culturais e econômicos. Fazem
parte deste bloco econômico a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai, a
República Argentina e a República Oriental do Uruguai, reunidos para proporcionar um
mercado comum entre os membros.
Em consonância com a previsão do art. 1º do Tratado de Assunção, se alcançou uma
inédita liberdade de circulação de bens, serviços e fatores produtivos, já nos primeiros quatro
anos de sua implementação. Tanto que, em dezembro de 1994, foi assinado o Tratado
Complementar quanto à estrutura institucional do MERCOSUL, o Protocolo de Ouro Preto,
responsável por transformar o referido bloco em uma união aduaneira.
Importante pontuar que em momento posterior a Venezuela fez adesão ao grupo, por
meio da Decisão CMC 27/12, seguindo as regulamentações do Protocolo de Adesão da
Venezuela, assinado em 2006 e que passou a vigorar em 2012. No entanto, desde 2016 a
Venezuela foi suspensa por descumprir o Protocolo de Adesão e, em 2017, por violação da
Cláusula Democrática. Ademais, outros países ingressam na condição de associados, restritiva
em relação a possibilidade voto e a obrigatoriedade de adoção da tarifa externa comum, sendo
estes: Chile, Peru, Equador, Colômbia, Guiana, Suriname e Bolívia que se encontra em estado
de adesão.
No que se refere a direito consumerista, o Comitê Técnico nº 7 – CT 7 – foi criado para
tratar da proteção e defesa do consumidor, sendo subordinado à Comissão de Comércio do
MERCOSUL, o qual da mesma forma, subordina-se ao Grupo Mercado Comum. Este reúne
os órgãos nacionais de defesa do consumidor dos Estados Partes, sendo o Comitê Técnico nº
7 o responsável por tratar, de forma prioritária, da harmonização das normas consumeristas no
âmbito do MERCOSUL. A harmonização se constitui como matéria relevante na medida em
que decorre do próprio processo de integração, que possibilita maior circulação de bens de
consumo e serviços e, com isso, envolve, também, a atuação e presença dos consumidores.
demandam parâmetros específicos de proteção para assegurar maior segurança e eficiência no
estabelecimento das relações de consumo.
Considerando esse cenário, o objetivo desta pesquisa é analisar, de forma específica, a
as ações do Comitê Técnico nº 7 do MERCOSUL em relação à legislação consumerista nos
países que pertencem ao Bloco – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai –, a fim de identificar
quais as ações do Comitê Técnico nº 7, e como essas contribuem ou podem contribuir, para a
harmonização da proteção do consumidor no âmbito do MERCOSUL. Para promover a
referida análise, adota-se a técnica de pesquisa bibliográfica e, em especial, a pesquisa
documental, realizada a partir das atas elaboradas pelo Comitê Técnico nº 7, conforme
arquivos disponibilizados no site do MERCOSUL.
Para a coleta de dados, foram analisadas 12 atas, no período de 2016 a 2019, com vistas
a identificar o histórico e as ações atuais do referido comitê. Os dados obtidos foram
organizados de forma cronológica e analisados a partir do método dedutivo, em uma
abordagem qualitativa, que visa identificar as ações, mas considerando, também, como sua
implementação foi promovida ou descontinuada. Nos capítulos iniciais foram fixadas as
premissas necessárias para subsidiar a análise, sendo que no primeiro capítulo foi apresentada
a estrutura do MERCOSUL, e como se deu seu surgimento e desenvolvimento no contexto da
América Latina, identificando os países que o constituem.
No segundo capítulo tratou-se da proteção do direito consumerista nos países
pertencentes ao MERCOSUL, com vistas a contextualizar as assimetrias existentes entre os
países, bem como as dificuldades no que diz respeito a integração e harmonização da
legislação relação aos direitos do consumidor. E, por fim, são apresentadas as atribuições do
Comitê Técnico nº 7, a partir dos dados coletados, sistematizados e analisados pelo presente
estudo. Tudo isso com vistas a investigar quais as ações o CT nº 7 tem adotado para promover
a harmonização do direito consumerista no âmbito do MERCOSUL?
1 O MERCOSUL E A INTEGRAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: O COMITÊ
TÉCNICO Nº 7 E A HARMONIZAÇÃO DO DIREITO DO CONSUMIDOR

O MERCOSUL - Mercado Comum do Sul – foi criado em 26 de março de 1991 pelo


Tratado de Assunção, com o objetivo de integrar os países membros, através de uma livre
circulação de bens e serviços, do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum, da adoção
de uma política comercial comum, além da coordenação de políticas macroeconômicas e da
harmonização de legislações nas áreas pertinentes (MARQUES, 2011, p.76).
Nas palavras de Lopes Vazquez (2007, p.315), o objetivo final do Tratado de Assunção
é a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os Estados Partes, para isso
eliminando direitos e tarifas alfandegárias que vigoram atualmente no comércio mútuo. Em
outras palavras, o MERCOSUL pretende ser uma zona de livre comércio, que é o primeiro
passo na integração entre dois ou mais países.
Fazem parte deste os Estados Fundadores, que no Tratado de Assunção foram
denominados Estados-Partes. São eles: a República Federativa do Brasil, a República do
Paraguai, a República Argentina e a República Oriental do Uruguai (MARQUES, 2011, p.78).
Posteriormente, a Venezuela fez adesão ao grupo, por meio da Decisão CMC 27/12, seguindo
as regulamentações do Protocolo de Adesão da Venezuela, assinado em 2006 e que passou a
vigorar em 2012 (MERCOSUL, 2018).
Todavia, desde 2016 a Venezuela foi suspensa por descumprir o seu Protocolo de
Adesão, e, ainda desde 2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco (MERCOSUL,
2018). Entretanto, conforme Maia (2007, p.293), “outros países aderiram ao Mercosul, não
como países-membros, mas como países associados.” Dessa forma, a diferença entre
membros e associados é que os segundos não estão obrigados a adotar a tarifa externa
comum, e, além disso, não tem direito ao voto. Os países associados são: Chile, Peru,
Equador, Colômbia, Guiana, Suriname e Bolívia que se encontra em estado de adesão
(GIAMBIAGI; BAREMBOIM, 2005, p.23).
Segundo dados do site do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e
Serviços, a estrutura orgânica do MERCOSUL foi definida pelo Protocolo de Ouro Preto,
esta, possui três órgãos com capacidade decisória: o Conselho do Mercado Comum (CMC), o
Grupo Mercado Comum(GMC) e a Comissão de Comércio do MERCOSUL(CCM). E, ainda,
um órgão de representação parlamentar, que é a Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), de
caráter consultivo, que é o Foro Consultivo Econômico Social (FCES) e um de apoio
operacional, que é a Secretaria do MERCOSUL(SM).
Como ressalta Ventura (1996, p.56), o Protocolo de Ouro Preto expressa o quadro
orgânico definitivo do MERCOSUL, que “manteve ou criou alguns fóruns
intergovernamentais, onde estão representados os interesses de cada Estado Parte, cujas
decisões dependem da posterior ratificação pelas ordens nacionais”. Isso com vistas a
observar o princípio da soberania, que também norteia as atividades desse bloco econômico.
Dessa forma, os Estados Partes resguardam o poder da discricionariedade, mantendo a
prevalência da soberania nacional. Isso se reafirma nos próprios princípios norteadores do
MERCOSUL, estabelecidos pelo Tratado de Assunção, quais sejam: a flexibilidade, a
graduabilidade, o equilíbrio e a reciprocidade (SANTOS, 1997, p.78). A graduabilidade prevê
que a integração se dê em etapas definidas, ou seja, de forma gradual. A flexibilidade,
entendida como o ajustamento dos Estados Partes às decisões tomadas pelo Bloco. O
equilíbrio, buscando impedir o desequilíbrio de ações integrativas (VAZ, 2000, p.56).
E, por fim, o princípio da reciprocidade, muito próximo do princípio da igualdade,
porém, num caso de integração de países com economias tão diferentes, deve-se analisar a
possibilidade de tratar desigualmente os desiguais na tomada de decisões (MARQUES, 2011,
p.75). Importante pontuar que desde a sua criação o MERCOSUL consolidou seus objetivos,
no artigo 1 do Tratado de Assunção. Dentre estes, nesta oportunidade, destaca-se a
harmonização das legislações dos Estados Partes, em relação a isso, escreve Werter R. Faria,
em estudo organizado por Maristela Basso (1995):

[...] tem por objeto suprimir ou atenuar as disparidades entra as disposições de


direito interno, na medida em que o exija o funcionamento do mercado comum.
Desse modo, a harmonização importa a alteração dos respectivos conteúdos.
(BASSO, 1995. p.77)

Não se pode deixar de considerar, que a assinatura do Tratado de Assunção foi a


consagração de anos de tentativas de integração entre países que têm em sua história muitas
diferenças políticas, econômicas e sociais, sendo que apesar desse avanço, como será
analisado mais adiante, diversas são as dificuldades impostas, as quais, de certa forma,
inviabilizam o modelo de integração então pensado (D’ANGELIS, 1997). O ato constitutivo
do Mercosul tem como principal objetivo o desenvolvimento econômico e dos países
aderentes, um objetivo a ser alcançado em três etapas específicas, quais sejam: criação de uma
zona de livre comércio até 31/12/1994; a criação de uma união aduaneira entre os Estados-
Membros e o terceiro, e principal, a criação de um mercado comum baseado na livre
circulação de bens e capital.
Dessa forma, podemos observar que esforços têm sido feito para que estes objetivos
sejam cumpridos, os quais podem ser materializados pela criação de Comitês Técnicos. De
acordo com dados do Ministério da Justiça, dentro do MERCOSUL existem Comitês
Técnicos com o objetivo de harmonizar e uniformizar as políticas e normas dentro do Bloco,
nas mais diversas áreas de interesse (BRASIL, 2018).
Entre esses, destacamos a existência do Comitê Técnico nº 7, criado pela Diretriz CCM
nº 1/1995, com o desafio atual de Avançar na promoção de políticas conjuntas para a proteção
dos consumidores, que discute, entre outros temas, propostas para a harmonização das
normativas existentes; ações de proteção e defesa dos consumidores; o intercâmbio de
informações a respeito de políticas e projetos desenvolvidos pelos Estados Partes; elaboração
de marcos normativos; e, ações de educação sobre proteção e defesa do consumidor.
Conforme escreve Santana (2014), o propósito do Comitê Técnico nº7 é harmonizar as
normas de Direito do Consumidor no Bloco:

A Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) criou o Comitê Técnico n. 07 com o


propósito de realizar estudos a fim de harmonizar a legislação consumerista dos
países integrantes do bloco. O Brasil é representado no Comitê Técnico n. 07 por
representantes da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da
Justiça, e por representantes dos Ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores.
Entretanto, a harmonização das leis protetivas do consumidor sempre encontrou
entraves nas discussões técnicas, não obstantes os variados e complexos problemas
encontrados nos mercados internos dos países integrantes do bloco.

Neste sentido, o Comitê Técnico nº 7 é o órgão encarregado de organizar as propostas


de harmonização legislativa e uniformização de políticas aprimorando e desenvolvendo a
proteção e defesa dos consumidores dos países pertencentes ao Bloco Econômico
MERCOSUL, desde a sua criação em 15.02.1995. Para isso, conta com a participação e o
apoio dos órgãos nacionais de defesa do consumidor dos Estados Membros, baseado no
intercâmbio de informações sobre matéria específica entre as autoridades de aplicação da
normativa nacional. (AMARAL JUNIOR; VIEIRA, 2016, p.4)
Sabe-se que a harmonização das legislações é um dos objetivos do Mercado Comum do
Sul, isso facilitaria a livre circulação e o comércio entre os países membros do bloco
(GOMES; FONSECA, 2018, p.16). No que se refere à uniformização ou unificação da
Legislação é, por suposto, uma maneira mais inflexível de união jurídica, que é o mesmo que
instaurar, num determinado tema jurídico, uma legislação única, idêntica, em todos os
sentidos, e obrigatória para todos os Estados-membros, onde não há espaço para diferenças
legislativas.
Na visão de Marques (1998, p.58), a aproximação jurídica em âmbito internacional
somente ocorrerá por meio da uniformização ou da harmonização das normas que tratam dos
direitos de caráter internacional. Conforme destaca Gomes e Fonseca (2018, p.13) observa-se
as dificuldades do consumidor para alcançar à justiça no que se refere à jurisdição
competente, do mesmo modo a vulnerabilidade, deste, de litigar fora de seu país, analisando
diferentes legislações e, principalmente, financiando toda esta defesa. Conquanto, cabe
observar a dificuldade em tratar desta temática no contexto do MERCOSUL que como
observa Rubens Barbosa (2017, p.389), muitas vezes encontra descensos principalmente na
esfera política. Não se pode deixar de mencionar que as ações a serem desenvolvidas no
âmbito do MERCOSUL demandam comprometimento dos Estados que o integram o que em
certas situações nem sempre se verifica, impondo óbices ao processo de harmonização.
Portanto, é nesse sentido que o Tratado de Assunção, em seu art. 1º, estabelece, o
compromisso dos seus Estados Partes em harmonizar suas legislações, observando as áreas
mais relevantes ao processo de integração. Neste sentido, assevera Oliveira (2008, p. 23), que
a harmonização pode ser compreendida em sentido amplo e estrito. Isso porque, enquanto
sentido amplo é a “adoção de medidas para redução ou eliminação de divergências entre
normas internas” (OLIVEIRA, 2008, p.23). Enquanto sentido estrito, são as medidas votadas
para a eliminação de conflitos “entre regras de sistemas nacionais distintos, para promover a
coexistência de regras de mesmo sentido” (OLIVEIRA, 2008, p.23).
A harmonização das normas de Legislação Consumerista dos países integrantes do
MERCOSUL tem como principal objetivo nivelar a competição na circunjacência do mercado
comum, estabelecendo regras harmônicas. O Regulamento Comum de Defesa do Consumidor
é de suma importância, uma vez que as defesas da competição e da igualdade para a livre
concorrência sustentam a existência do MERCOSUL. (BATISTI, 1999, p. 417)
No que se refere à harmonização, quanto a “[...]determinados aspectos do sistema
jurídico dos Estados membros é uma verdadeira prioridade, para o Mercado comum assumir
uma feição perfeita e acabada.” (FRADERA, 2008, p.11). Justificando um diálogo
fundamental entre as ordens jurídicas das nações, em função da realização da harmonização
legislativa do bloco econômico. Nesse mesmo sentido, destaca Basso (1995, p.216) sobre a
necessidade de harmonização, “sem harmonização legislativa entre os países do
MERCOSUL, os produtos do bloco continuarão a ser produzidos de acordo com a
regulamentação de cada Estado-Membro”, fator que em muito limita o comércio, inibindo a
produção em escala.
Dessa forma, a harmonização do Direito nos países do MERCOSUL consiste em
aproximar os sistemas jurídicos, ainda que de origens divergentes, embora com fundamentos
nas disposições do Protocolo de Defesa do Consumidor do MERCOSUL, para lhes
proporcionar coerência entre eles, reduzindo ou suprimindo diferenças e contradições, de
forma a garantir direitos e deveres iguais aos cidadãos do Bloco, independente de qual dos
países membros estiverem.

2 O DIREITO CONSUMERISTA NOS PAÍSES PERTENCENTES MERCOSUL

Nos ensinamentos de Lunardi (2000, p.2) pertinentes à legislação consumerista no


MERCOSUL, esta encontra-se fundada pelas novas concepções de proteção aos
consumidores e, deixando para trás o dogma do liberalismo contratual, os países membros do
Bloco Econômico MERCOSUL passaram a legislar especificamente sobre o direito das
relações consumeristas, diferenciando das relações comerciais comuns. Essas legislações
necessitam de regramento próprio, para que possam proteger de forma específica os
consumidores vulneráveis, contra os abusos cometidos por parte dos comerciantes.
Sobre a legislação consumerista nos países do MERCOSUL, de acordo com o
Ministério da Justiça (BRASIL, 2018), de forma sucinta, tem-se no Brasil a lei de defesa do
consumidor - Lei nº 8.078/90 ou Código de Proteção e Defesa do Consumidor. E na
Argentina, a Lei de Defesa do Consumidor é a Ley de Defensa del Consumidor ou Ley nº
24.240/93 que teve suas disposições alteradas pela Lei 26.361/2008. No Paraguai, a lei de
defesa do consumidor, Ley nº 1.334/98 ou Ley de Defensa del Consumidor y Del Usuario; no
Uruguai a lei de defesa do consumidor, Ley nº 17.250/00 ou Ley de Defensa del Consumidor.
Conforme Grisard Filho (2001, p.39) ao se analisar as leis internas dos Estados-Partes
do MERCOSUL, percebe-se que há maior proteção no Brasil frente aos demais Estados. Para
Efing (2004, p.27), o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro assume uma relevância
social única, se sobressaindo frente às demais legislações. Ele se relaciona diretamente com as
necessidades atuais, em um tempo que a demanda é progressiva no que se refere às relações
de consumo.
Nas palavras de Lunardi (2000, p.2), observamos que no Brasil, a proteção do
consumidor é prevista no próprio texto constitucional, na forma do art. 5º, XXXII, da
Constituição, que estabelece que: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”. No art. 170, V, da Constituição, a defesa do consumidor é reputada como
princípio da ordem econômica, havendo, portanto, imposição constitucional para que o Estado
intervenha nas relações de consumo, com o fim de mitigar a regra do laissez faire, laissez
passeur, e tornar as relações mais paritárias (LUNARDI, 2000, p.2).
Nesse mesmo sentido, o art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
consignou que o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da
Constituição,

[...] elaboraria o Código de Defesa do Consumidor, foi promulgada, em 11 de


setembro de 1990, a Lei n.º 8.078/90, cuja redação foi fortemente marcada pelo
direito comparado, notadamente o direito norte americano e a legislação
harmonizadora da União Européia. Com a entrada em vigor dessa Lei, as relações de
consumo, que antes recebiam regulamento pelo direito civil comum, passam a ter
regulamentação própria, de forma a melhor atender os interesses do consumidor
(LUNARDI, 2000, p.2).

Conforme pontua Amaral Junior e Vieira (2016, p.2), em 1998, por meio da Lei 1.334,
denominada Lei de Defesa do Consumidor e do Usuário, o Paraguai passou a contar com
legislação consumerista própria, sendo esta, inspirada nas legislações da Argentina e do Brasil
e, também, nas disposições do Protocolo de Defesa do Consumidor do Mercosul. Dessa
maneira, a defesa do consumidor paraguaio é também garantida na Constituição Nacional do
Paraguai (LUNARDI, 2000, p.3):

A Constituição Nacional do Paraguai faz expressa referência a políticas de defesa do


consumidor nos seus arts. 27, 38 e 72. Legislação infraconstitucional sobre a
matéria, contudo, apenas veio a ser promulgada em 1998, com a Lei n.º 1.334,
denominada Ley de Defensa del Consumidor y del Usuário, que é baseada no
projeto do Protocolo de Defesa Comum do Consumidor no Mercosul, elaborado
pelo Comitê Técnico n.º 7 (CT 7) em 1997 e que acabou não sendo aprovado.
Observa-se, também, que muitos artigos da legislação consumerista paraguaia
reproduzem dispositivos do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor e também
da lei argentina.

A Constituição da República Argentina, foi promulgada em 1994, consolidando a


“defensa del consumidor” no segundo capítulo, no que se refere aos “Nuevos Derechos y
Garantias”. Estabelecendo, no art. 42, que os consumidores e usuários de bens e serviços têm
direito a proteção da saúde, da segurança e dos interesses econômicos, a informação adequada
e verdadeira sobre produtos e serviços postos no mercado de consumo. Tudo isso em
atendimento aos princípios da liberdade de escolha, do equilíbrio das relações de consumo e
da dignidade de tratamento aos consumidores e que a legislação estabelecerá procedimentos
eficazes para esta proteção (LUNARDI, 2000, p.2).
No art. 43, § 2.º, a Constituição Argentina apresenta um rol de sujeitos legitimados a ser
parte nas ações judiciais referentes a defesa dos interesses difusos e coletivos dos
consumidores. (LUNARDI, 2000, p.2). Assevera Stiglitz (1994) que ao estudar a Lei
Argentina:

[...] esta é, de certo modo, muito semelhante à brasileira. Previa, inicialmente, como
o CDC, a proteção da saúde do consumidor, o direito à informação, à educação e à
associação, proteção contra cláusulas abusivas em contratos de adesão, benefício da
justiça gratuita, responsabilidade solidária da cadeia produtiva. Entretanto, ao revés
do CDC, excluía de sua alçada os bens e serviços gratuitos, bens de segunda mão e
serviços prestados por profissionais liberais com título universitário e cujo exercício
da atividade estivesse condicionado a registro em colégio profissional, assim como
os serviços públicos que tivessem de regulação própria. Igualmente, a
responsabilidade objetiva do fornecedor não constou da lei final, pois excluída por
veto presidencial. Todavia, numa segunda oportunidade, essa disparidade foi
diminuída com as alterações procedidas pela Ley 26.361/2008.

No que se refere à legislação infraconstitucional da Argentina, a Ley de Defensa del


Consumidor, de n.º 24.240, que entrou em vigor em 1993 e, posteriormente alterada pelas
Leis n.º 24.568/1995, n.º 24.787/1997 e n.º 24.999/1998 e n.º 26.361/2008. A legislação
argentina é muito semelhante à brasileira. Essa, porém, apresenta um maior grau de proteção e
de abrangência, sobretudo no concernente à reparação dos danos causados por vícios e
defeitos dos produtos. (LUNARDI, 2000, p.2)
No que se refere ao Uruguai, este continua sendo o único membro do bloco que não
dispõe de normas constitucionais em matéria de proteção ao consumidor (AMARAL
JUNIOR; VIEIRA, 2016, p.3). Ainda que, o país realizou uma reforma constitucional,
operada em 31.10.2004, não firmou regras em relação à matéria. Todavia, no ano de 1999,
foram aprovadas as normas que disciplinam as relações de consumo, por meio da Lei 17.189,
sendo esta a primeira da história do país.
Entretanto, em razão de um vício na tramitação legislativa, a mesma foi declarada
inexistente e substituída pela Lei 17.250, 6 de 11.08.2000 – Lei de Defesa do Consumidor –
vigente até os dias de hoje, que também teve como fonte o Protocolo de Defesa do
Consumidor do Mercosul. (AMARAL JUNIOR; VIEIRA, 2016, p.3). Ao tratar da Legislação
Consumerista uruguaia, Lunardi (2000, p.3), pontua que o Uruguai, diferentemente do que
ocorre nos outros Estados-Partes, não cuida da proteção do consumidor como matéria
constitucional. Sendo assim:

Somente nos arts. 24, 44 e 52 é que se pode ver a matéria sendo abordada, o que é
feito de maneira muito branda. Além disso, esse país foi o último do Bloco a
promulgar uma legislação específica sobre defesa do consumidor, o que fez em
1999, com a Lei n.º 17.189, que entrou em vigor em junho de 2000, e acabou sendo
revogada e substituída pela Lei n.º 17.250, a Ley de Defensa del Consumidor,
publicada em 17 de agosto de 2000.6 Até a entrada em vigor da Lei n.º 17.189
(atualmente revogada), as relações de consumo eram reguladas pelo Código Civil de
1969, que havia sofrido apenas algumas alterações (LUNARDI, 2000, p.3).

As referidas distinções legislativas devem ser harmonizadas, a fim de assegurar uma


proteção comum aos direitos do consumidor. Isso porque, o projeto MERCOSUL, com a
ambição de chegar a um mercado comum, alcançando a liberdade de circulação, precisa,
primeiramente, resolver as questões de políticas públicas, sendo imprescindível resolver as
questões pertinentes a proteção internacional do consumidor. Isso porque, trata-se de matéria
prioritária em termos de integração regional.
Assim, diante de um regramento da matéria diversificado, há prejuízo a livre
concorrência no mercado empresarial dos países que fazem parte do MERCOSUL
(LUNARDI, 2000, p.3). Isso porque, as empresas localizadas no país em que há uma
legislação branda de proteção do consumidor poderão produzir produtos com qualidade
menor e preço mais baixo em relação àquelas situadas em países onde a proteção do
consumidor é mais severa.
Neste sentido, “ideal é que exista um equilíbrio normativo, ou seja, ao mesmo tempo em
que poderiam ser utilizadas normas para proteger o consumidor, estas também permitiriam a
livre circulação de bens e serviços internacionalmente.” (GOMES; FONSECA, 2018, p.
1984). Sobre esse tema, a propósito, é pertinente mencionar o comentário de Cláudia Lima
Marques (1993, p.40), que destaca a relevância política da MERCOSUL, mas também pontua
que no campo jurídico “essa integração sub-regional continua incipiente: sem base jurídica
definitiva, sem instrumentos suficientes para a harmonização das legislações”.
Observa-se que há a dificuldade em estabelecer um Regulamento Comum que diga as
regras a serem harmonizadas pelos países membros do MERCOSUL. Visto isso, ao se
analisar o Tratado de Assunção, este documento não faz nenhuma referência direta ou indireta
ao mercado de consumo, ao consumidor vulnerável ou, ainda, as relações de consumo. A
harmonização do Regulamento Comum é de responsabilidade do Comitê Técnico nº 7, por
este já tratar dos temas referentes à defesa do consumidor (BATISTI, 1999, p. 418).
De acordo com os ensinamentos de Klausner (2006, p.127), os países que mantêm
relações comerciais e que possuam um mercado mais atrativo para consumidores regionais,
como no caso do MERCOSUL, deverão disciplinar as relações consumeristas mediante a
harmonização e acordos internacionais. Assim, evidencia-se que é fundamental para o Brasil
fomentar esse processo de harmonização no Bloco, a fim de propiciar a integração econômica.
Não se pode deixar de pontuar que frente à globalização mundial, quando Países
decidem criar um bloco econômico, a proteção do consumidor, derrubando fronteiras, é
objetivo natural que decorrerá desta integração (AMARAL JUNIOR; VIEIRA, 2016, p.3).
Por assim ser, cabe adentrar a temática principal do presente estudo, qual seja, analisar de
forma detida quais as ações adotadas pelo Comitê Técnico nº 7 para harmonizar a proteção do
consumidor no âmbito do MERCOSUL, o que se faz no capítulo seguinte.

3 AS AÇÕES DO COMITÊ TÉCNICO Nº 7 E A POSSIBILIDADE DE


HARMONIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR

A técnica de pesquisa adotada por este estudo, além da pesquisa bibliográfica, foi a
pesquisa documental, realizada a partir das atas elaboradas pelo Comitê Técnico nº 7 (CT 7),
conforme arquivos disponibilizados no site do MERCOSUL. O procedimento adotado para
coletar os dados se deu através da análise dos arquivos que estão disponibilizados no site do
MERCOSUL, no link de “Documentos e Normativa, Atas e Anexos”, do órgão (CT Nº 7)
Defesa do Consumidor. Foram acessados os resumos de ata, as atas integrais e a agenda,
disponibilizados pelo Comitê (MERCOSUL, 2018).
A partir dessa análise inicial, optou-se por analisar o período de 2016 a 2019, por ser
o intervalo mais recente e, também, por esse interregno consolidar as iniciativas mais
consistentes até então adotados no âmbito da harmonização da legislação consumerista.
Foram analisadas 13 atas, no período de 2016 a 2019, com vistas a identificar o histórico e as
ações atuais do referido comitê. Os dados obtidos foram organizados de forma cronológica e
analisados em uma abordagem qualitativa (MINAYO, 1995, p.22), que busca verificar de
forma individualizada a repercussão das ações adotadas para a harmonização então
pretendida.
O método dedutivo se manifesta justamente em razão da organização da abordagem
promovida por este estudo. Isto é, nos capítulos iniciais foram apresentadas as premissas que
orientam esta análise, tanto do ponto de vista da integração – o que é o MERCOSUL, como
opera e o que é o CT 7 –, quanto do ponto de vista jurídico – o que é harmonização do direito
consumerista, qual o tratamento jurídico do direito do consumidor nos países do
MERCOSUL. Esses conceitos retornam neste capítulo, para viabilizar a análise dos dados
coletados, sendo possível, a partir desse exercício, verificar a conformidade entre os objetivos
estabelecidos e o que o CT 7 apresenta como resultados, e como se dá essa evolução ao longo
do tempo.
Conforme mencionado, foram identificadas 13 atas referentes a este período, sendo
uma ata do ano de 2016, quatro atas do ano de 2017, quatro atas do ano de 2018 e, por fim,
quatro atas do ano de 20193. Quanto ao ano de 2016, a realização de apenas um encontro é
dado a ser ressaltado como atípico, tendo em vista que a frequência identificada é de quatro
reuniões anuais. Quanto ao ano de 2019, cabe ressaltar que a quarta reunião prevista para esse
ano ainda não ocorreu, não tendo local e data até este momento, o que justifica a inexistência
de análise a seu respeito.
Seguindo a proposta deste capítulo, passa-se a análise individualizada de cada uma
das atas, ressaltando os assuntos de maior relevância e repercussão para a harmonização do
direito consumerista. No ano de 2016, excepcionalmente, conforme mencionado, ocorreu
apenas uma reunião do Comitê nº 7 do MERCOSUL, onde foram tratados os seguintes
assuntos: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL; (ii) Elaboração de uma norma aplicável
aos contratos internacionais de consumo; (iii) Reparação de danos decorrentes de consumo.
No que se refere ao Estatuto da Cidadania do Mercosul, avaliaram a segunda edição
do curso Curso MERCOSUR de Defensa del Consumidor promovida pela Escuela Argentina
de Derecho del Consumidor em sua plataforma on-line. Segundo, Beltrame de Moura (2018,
p.150), no que se refere ao Estatuto da Cidadania do Mercosul, é um conjunto de direitos
fundamentais e de benefícios para os cidadãos dos Estados-Partes. Trata-se, portanto, de uma
iniciativa relevante, na medida em que “a Decisão expressamente prevê a adoção do conceito
de “Cidadão do Mercosul” através da assinatura de um protocolo internacional anexo ao
Tratado de Asunción até o ano de 2021, data do 30o aniversário de criação do Mercosul”
(BELTRAME DE MOURA, 2018, p.150).
As delegações do Paraguai e Uruguai comprometeram-se a fazer modificações para a
próxima edição digital. Por sua vez, a delegação do Brasil, comprometeu-se para o primeiro
semestre de 2017 a sua versão em Língua Portuguesa para o curso. E, ainda, neste tema foi
proposto jornadas de capacitação para autoridades de aplicação deste curso.
Sobre a Elaboração de uma norma aplicável aos contratos internacionais de
consumo, informaram que este projeto se encontra em órgãos decisórios, neste caso no CMC
(Conselho do Mercado Comum). Ademais, nesta oportunidade em relação às propostas de
ações de integração regional, analisaram resultados sobre a cooperação para a atenção ao
consumidor turista e visitante, e, ainda, a delegação Argentina apresentou um novo
questionário referente ao comparativo de reparação de danos de consumo no MERCOSUL.

3
MERCOSUL. Comitê Técnico n. 7 – Reuniões/Documentos Oficiais. Disponível em: https://documentos.merc
osur.int/. Acesso em: 30 jun. 2020.
No ano de 2017, foram realizadas quatro reuniões do Comitê Técnico Número 7 do
MERCOSUL. A primeira reunião foi realizada em abril, na Argentina, e foram tratados os
seguintes tópicos: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL; (ii) Sistema de Informação e
Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iii) Cooperação para a atenção ao
consumidor turista e visitante; (iv) Reparação de danos decorrentes de consumo.
Em relação ao Estatuto da Cidadania do MERCOSUL, decidiram continuar com o
Curso MERCOSUR de Defensa del Consumidor, na plataforma virtual, e, solicitaram
eventuais atualizações para adaptar as modificações realizadas em alguns dos Estados Partes.
No que diz respeito à implementação do Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do
MERCOSUL, os representantes do Paraguai informaram que em função da incompatibilidade
normativa e da impossibilidade de se adaptar ao SINDEC (do Sistema de Informação e
Defesa do Consumidor do MERCOSUL), descontinuará sua participação na implementação.
Neste sentido, a delegação Argentina ofereceu apoio e assistência técnica para a
eventual implementação, deste sistema no Paraguai. Dessa forma, todas as delegações
decidiram trabalhar com base estatística, relacionada com as reclamações dos consumidores,
para adotar ações e tutela para uma eventual implantação de um sistema de gestão de
reclamações e conflitos. E, ainda, no que se refere às propostas de ações de integração
regional, analisaram possibilidades de introduzir melhoras a cooperação para a atenção ao
consumidor turista e visitante, e, ainda, continuaram as análises evolutivas ao comparativo de
reparação de danos de consumo no MERCOSUL.
Na segunda reunião no ano de 2017, realizada em junho, novamente na Argentina,
foram colocados em pauta os seguintes tópicos: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL;
(ii) Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iii)
Cooperação para a atenção ao consumidor turista e visitante; (iv) Reparação de danos
decorrentes de consumo; (v) Comércio eletrônico.
Sobre o Estatuto da Cidadania do MERCOSUL, Curso MERCOSUR de defensa del
consumidor, será dada a continuidade da análise para acrescentar dados específicos de cada
país, analisando as mudanças e atualizações para introduzir no texto existente. Da mesma
forma, ao tratar do SINDEC, a delegação Argentina, confirmou que enviará a base de dados
para o Paraguai e se dispôs a ajuda-lo com a parte técnica da implementação.
Além disso, todas as partes confirmaram que irão trabalhar com a convergência de
dados estatísticos relacionados a reclamações de consumidores e sua classificação, para que
possam, dessa forma, adotar ações de tutela e proteção necessária. E, ainda, ficou estabelecido
que cada país emitirá um boletim virtual de conteúdo geral para publicação nas páginas da
web de cada órgão.
Ainda nesta reunião, os membros do bloco deram continuidade às análises dos
assuntos pertinentes a comércio eletrônico – estudo das transações de consumo
transfronteiriço e analisaram possibilidades de introduzir melhoras a cooperação para a
atenção ao consumidor turista e visitante, e, ainda, continuaram as análises evolutivas ao
comparativo de reparação de danos de consumo no MERCOSUL.
Dessa forma, seguindo a agenda anual do Comitê Técnico número 7 do
MERCOSUL, a terceira reunião do ano de 2017 foi realizada em agosto, no Brasil e em pauta
estiveram os seguintes assuntos: (i) Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do
MERCOSUL (SINDEC); (ii) Curso de Defesa do Consumidor; (v) Comércio eletrônico; (iii)
Cooperação para a atenção ao consumidor turista e visitante; (iv) Reparação de danos
decorrentes de consumo;
Em relação ao SINDEC (Sistema de informações do MERCOSUL de Defesa do
Consumidor), as delegações dos Estados Partes, comprometeram-se de circular
trimestralmente as informações referentes a reclamações fundamentadas. Sobre a implantação
do Curso de Defesa do Consumidor, na plataforma on-line, as delegações comprometeram-se
de continuar realizando. A delegação brasileira, por sua vez, comprometeu-se de realizar esse
curso na modalidade virtual, com a colaboração da Argentina que já realiza esse curso. E,
também, o Brasil se comprometeu a disponibilizar as demais delegações o curso de tutores
para atuarem nesta plataforma.
Outrossim, em relação ao Comércio eletrônico – Estudo sobre transações de
consumo transfronteiriço, analisaram um marco normativo harmonizado e a reformulação da
GMC 21/04. E, ainda, deram continuidade às análises das possíveis melhoras ao atendimento
do consumidor turista e visitantes e, também, a compilação do estudo comparativo sobre a
reparação de danos no âmbito do MERCOSUL.
A quarta reunião de 2017, foi realizada em novembro no Brasil, e tratou dos
seguintes assuntos: (i) Código de Defesa e Proteção do Consumidor no MERCOSUL; (ii)
Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iii) Curso de
Defesa do Consumidor. Na oportunidade, foi apresentado pela delegação brasileira uma
minuta de Código de Defesa e Proteção do Consumidor no MERCOSUL, as delegações
concordaram em harmonizar aspectos fundamentais nas leis de proteção do consumidor,
inclusive, a delegação Argentina ficou de analisar determinados artigos e fazer um
comparativo com normativos existentes.
Em relação do SINDEC, as delegações manifestaram que continuarão trocando as
informações a respeito das reclamações recebidas em seus sistemas trimestralmente. E, ainda,
as delegações manifestaram que continuam em processo de atualização do conteúdo do Curso
de Defesa do Consumidor. A delegação brasileira informou que irá verificar junto à Secretaria
Técnica do MERCOSUL sobre a possibilidade de criar uma plataforma que possa comportar
o curso virtual. Os demais assuntos, já tratados em reuniões anteriores, foram continuados,
sem nenhuma mudança que apresentasse relevância.
No ano de 2018, o Comitê Técnico número 7 do MERCOSUL realizou 4 reuniões
(MERCOSUL, 2018), sendo que a primeira delas foi em março no Paraguai, e trataram dos
seguintes assuntos: (i) Curso de Defesa do Consumidor; (ii) Escola do MERCOSUL de
Direito do Consumidor; (iii) Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do
MERCOSUL (SINDEC); (iv) Código de Defesa e Proteção do Consumidor no MERCOSUL
As delegações concordaram em continuar com o curso. A delegação Argentina expôs
que implementou a Escola Argentina de Educação do Consumidor e ofertou a plataforma sem
ônus para os demais países conforme trecho da ata:

La delegación argentina expuso que ha implementado la Escuela Argentina de


Educación en Consumo, que cuenta com una plataforma para el dictado de cursos a
distancia y para la filmácion y reproducción de distintas clases y cursos relacionados
com la defensa del consumidor, contando especialmente com um curso sobre la
Defensa del Consumidor em el MERCOSUR. En el sentido expuesto oferece
absolutamente sin cargo la plataforma para que los restantes países membros utilicen
la misma y para el dictado de cursos y capacitaciones en línea. La oferta se enmarca
en la consolidación de la Escuela MERCOSUR de defensa del consumidor
(MERCOSUL, 2018, p.4).

Assim, percebe-se que um primeiro passo rumo à harmonização foi dado, pois com a
consolidação da Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor, haverá estudos e
produção científica em função da harmonização da norma consumerista. Nesta mesma
reunião, no que se refere ao SINDEC, as delegações decidiram continuar as atualizações
trimestrais, e, concordam em trabalhar conjuntamente com convergência de dados, para obter
uma informação homogênea e adotar tutelas de proteção ao consumidor. E, ainda, incluíram
na agenda de trabalho de 2018 a continuidade do Código de Defesa do Consumidor do
MERCOSUL apresentado pelo Brasil na última reunião de 2017. Como mencionado
anteriormente, os demais assuntos, já tratados em reuniões anteriores, foram continuados, sem
nenhuma mudança que apresentasse relevância.
Na segunda reunião do ano de 2018, que aconteceu em maio, no Paraguai, os
assuntos tratados foram: (i) Curso de Defesa do Consumidor; (ii) Escola do MERCOSUL de
Direito do Consumidor; (iii) Sistema de Informação e Defesa do Consumidor do
MERCOSUL (SINDEC); (iv) Código de Defesa e Proteção do Consumidor no MERCOSUL.
A delegação Argentina informou sobre as atividades realizadas na Escuela
Argentina de Derecho del Consumidor, e, convidou as demais delegações para visita-la e
enviar suas contribuições, foi realizado o oferecimento da plataforma nos termos do anexo IV
da ata desta reunião. E, dessa forma, foi designada a plataforma oficial do CT7 para o ditado
dos cursos. Finalmente, as delegações dos Estados Partes afirmam que a plataforma consolida
a Escola de Defesa do Consumidor do MERCOSUL. Em relação do SINDEC, as delegações
confirmaram o envio trimestral das informações, e manifestaram a necessidade de um avanço
na convergência das informações. No que diz respeito à criação do Código de Defesa do
Consumidor do MERCOSUL as delegações concordam em continuar com as análises das
normas.
A terceira reunião do ano de 2018 aconteceu em Montevidéu, no mês de agosto, e
foram deliberadas as seguintes pautas: (i) Curso de Defesa do Consumidor; (ii) Escola do
MERCOSUL de Direito do Consumidor; (iii) Sistema de Informação e Defesa do
Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iv) Código de Defesa e Proteção do Consumidor
no MERCOSUL; (v) Cooperação para a atenção ao consumidor turista e visitante; (vi)
Reparação de danos decorrentes de consumo.
As delegações ratificam a necessidade de um Código de Defesa do Consumidor do
MERCOSUL. No que se refere ao SINDEC, as delegações continuarão com as atualizações
trimestrais.
E em relação à Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor, a delegação da
Argentina se compromete na próxima reunião do CT7 apresentar uma proposta de
regulamentação da plataforma da escola, as delegações concordam que a plataforma deve ser
usada tanto para cursos de extensão do MERCOSUL quanto para cada um dos Estados Partes,
assim, a delegação da Argentina se compromete para março de 2019 o primeiro curso de
Derecho de Reparación de Daños em Materia de Relaciones de Consumo. Os Estados Parte
também deram continuidade às análises dos assuntos referentes ao Sistema de cooperação
para atenção ao turista e consumidor e o Regime de Reparação de Danos do MERCOSUL.
A quarta reunião do ano de 2018, foi realizada em novembro no Uruguai, e o Comitê
Técnico número 7 do MERCOSUL deliberou os seguintes assuntos: (i) Curso de Defesa do
Consumidor; (ii) Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor; (iii) Sistema de
Informação e Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iv) Código de Defesa e
Proteção do Consumidor no MERCOSUL.
Sobre a criação do Código de Defesa do Consumidor do MERCOSUL, o Comitê
Técnico nº 7 continuará o trabalho de codificação dos direitos fundamentais para contar com
uma legislação homogênea. As delegações vão enviar os dados e planilhas dos registros
estatísticos do Sistema Mercosul de Informação e Defesa do Consumidor, para a Secretaria do
MERCOSUL, para compartilhar e comparar as bases de dados, para eventuais políticas
públicas das matérias pertinentes, para que os conflitos sejam resolvidos.
A delegação Argentina apresentou uma proposta de projeto de norma sobre a criação
da Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor, as delegações dos Estados Partes
acordaram em levar para a CCM (Comissão de Comércio do MERCOSUL) para sua
consideração sobre o projeto. Nesta reunião também foi solicitado a Secretaria do
MERCOSUL que traduza para o Português o “Atlas do MERCOSUR de Derecho de
Reparación de Daños en Materia de las Relaciones de Consumo”. Para que este material
constitua o primeiro curso da Escola MERCOSUL de Direito do Consumidor.
A primeira reunião de 2019 foi realizada em março, na Argentina, e nesta ocasião os
seguintes assuntos foram deliberados: (i) Curso de Defesa do Consumidor; (ii) Escola do
MERCOSUL de Direito do Consumidor; (iii) Sistema de Informação e Defesa do
Consumidor do MERCOSUL (SINDEC); (iv) Código de Defesa e Proteção do Consumidor
no MERCOSUL.
As delegações acordaram em descontinuar o trabalho de elaboração de texto único,
ou seja, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor do MERCOSUL, que não existirá
mais. Essa decisão foi tomada tendo em vista que, os princípios dos direitos do consumidor do
MERCOSUL, estarão presentes num capítulo do Estatuto de la Ciudadania del MERCOSUR,
conforme registrado em ata:

Las delegaciones acordaron en no continuar com la política de elaboración um texto


único codificado de protección y defensa del consumidor del MERCOSUR,
considerando que lo harmonizado respecto de la elaboración de um capítulo de
princípios previsto en el punto 1.3 de la presente Acta, subsume el trabajo de
unificación normativa referido en este punto (MERCOSUL, 2018, p.6).

Dessa forma, a delegação Argentina manifestou que havia elaborado um capítulo de


princípio em matéria de proteção do consumidor para o Estatuto da Cidadania do
MERCOSUL, e que remeterá este texto para as demais delegações apreciarem a matéria.
Quanto ao SINDEC, foi solicitado a delegação do Uruguai que atualize os dados. E, ainda, foi
tratado que se encontra em tramite de implementação o Curso de Reparação de Dano no
MERCOSUL, a Delegação da Argentina está preparando pedagogicamente seu conteúdo. As
delegações informaram a delegação do Brasil que se encontra pendente a tradução para a
Língua Portuguesa do conteúdo do curso.
A segunda reunião do ano de 2019, realizada em junho na Argentina, tratou dos
seguintes assuntos: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL; (ii) Sistema de Informação e
Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC);
Com relação ao SINDEC, a delegação do Brasil se comprometeu enviar os dados para
a delegação do Uruguai, para que as informações sejam atualizadas, com o restante e
informadas a STM, para a uniformização dos dados. Ao tratar do Curso de Reparação de
Danos no MERCOSUL, ficou registrado em ata, a mesma escrita da reunião anterior, que se
encontra em tramite de implementação o curso de reparação de dano no MERCOSUL, a
Delegação da Argentina está preparando pedagogicamente seu conteúdo. Ou seja, nenhuma
evolução ocorreu neste processo durante os meses que separaram as duas reuniões. Do mesmo
modo, as delegações informaram que continuam elaborando o capítulo do Estatuto da
Cidadania do MERCOSUL que versa sobre os princípios do Direito do Consumidor.
A terceira reunião do ano de 2019, aconteceu no mês de setembro, no Brasil e os
seguintes assuntos estiveram na pauta: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL; (ii)
Comércio eletrônico; (iii) Escola do MERCOSUL de direito do consumidor; (iv) Sistema de
Informação e Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC). Sobre os Princípios
Fundamentais de Defesa do Consumidor a serem inseridos no Estatuto de Cidadania do
MERCOSUL foi aprovada a Resolução do Grupo Mercado Comum, as delegações ratificam
que irão incorporar tais princípios em suas normativas conforme registrado na ata:

Com a aprovação da Resolução GMC nº36/2019 sobre os Princípios Fundamentais


de Defesa do Consumidor no MERCOSUL, as delegações comprometeram-se a
envidar esforços para sua incorporação a seus ordenamentos jurídicos nacionais.
Assim, as delegações manifestaram sua intenção de que os Princípios Fundamentais
da Resolução integrem o Estatuto de Cidadania do MERCOSUL.

Além disso, também houve um comprometimento por parte das delegações em


concentrar esforços para a inclusão em seus ordenamentos jurídicos da GMC 37/2019 que
trata da Proteção do Consumidor no Comércio Eletrônico, que há muito tem vinha sendo
discutida no Comitê. Em relação à Escola de Direito do Consumidor no MERCOSUL, a
implementação continua avançando, através da oferta de cursos à distância. A delegação
brasileira apresentou sua política nacional de Educação do Consumidor, e então foi sugerido
pelas delegações do Uruguai e Argentina que o Brasil pode desenvolver seus cursos na Escola
do MERCOSUL de Direito do Consumidor.
E, ainda, aconteceu o compartilhamento da plataforma brasileira “consumidor.gov.br”
com as agências nacionais de defesa do consumidor do MERCOSUL, com a transferência
dessa plataforma para a delegação Argentina, consolidando a troca de conhecimento e
tecnologia entre os países, e atendendo as demandas dos Estados Partes que passarão a utilizar
essa plataforma.
Sobre o SINDEC e a sua evolução o Brasil apresentou sua experiência com o
programa e, também, apresentou seu sucessor o PRÓ CONSUMIDOR e como funcionará. A
delegação do Uruguai também apresentou sua experiência com o SINDEC. Dessa forma,
encerrou-se a terceira reunião de 2019, e nesta ata não ficou registrado o local e a data para a
realização da quarta reunião deste ano.
A quarta reunião do ano de 2019, aconteceu no mês de novembro, novamente no
Brasil e os seguintes assuntos estiveram na pauta: (i) Estatuto da Cidadania do MERCOSUL e
Harmonização Legislativa; (ii) Plano de Ação para Desenvolvimento e Convergência de
Plataformas Digitais para Solução de Conflitos de Consumo nos Estados Partes do
MERCOSUL; (iii) Escola do MERCOSUL de direito do consumidor; (iv) Sistema de
Informação e Defesa do Consumidor do MERCOSUL (SINDEC). (v) Plano de Ação para
Desenvolvimento e Convergência de Plataformas Digitais para Solução de Conflitos de
Consumo nos Estados Partes do MERCOSUL. (vi) Boas Práticas Comerciais – Alinhamento
com as Diretrizes das Nações Unidas de Proteção ao Consumidor. Sobre a Escola
MERCOSUL de Defesa do Consumidor, após intercambiarem as informações, as delegações
entenderam que a atividade se encontra concluída com a disponibilização do material na
plataforma online.
No que se refere ao Sistema de Informação MERCOSUL de defesa do consumidor, e,
sobre a Unificação de Critérios e Registro Estatísticos para a Gestão pela Secretaria do
MERCOSUL, as delegações concordaram em enviar seus registros estatísticos a UTECEM
(Unidade Técnica de Estatísticas do Comércio Exterior) para verificação dos campos
passíveis de harmonização e unificação.
Em relação às Boas Práticas Comerciais – Alinhamento com as Diretrizes das Nações
Unidas de Proteção ao Consumidor, conforme registrado em ata:

A Delegação do Paraguai informou estar em tratativas com a organização OnePlanet


para viabilizar o financiamento da elaboração do Manual de Boas Práticas
Comerciais com base nas Diretrizes das Nações Unidas para o tema.
Nesse sentido, a Delegação do Paraguai ressaltou a realização de webinar
relacionado à matéria, com a participação de todos os Estados Partes, no dia 25 de
setembro de 2019.
Assim, coincidindo com a importância de manter este tema em agenda, e, em avançar
na promoção do consumo sustentável e saudável como um dos objetivos do CT nº 7.
Juntamente com alguns outros assuntos, dessa forma, encerrou-se a quarta e última reunião
anual do CT nº7 do MERCOSUL.
A análise das 13 atas até aqui tratadas fornece um panorama das ações do Comitê
Técnico de nº7 para a harmonização do direito consumerista no âmbito do MERCOSUL. É
possível identificar a reiteração de alguns assuntos de relevância, tais como: o Estatuto da
Cidadania do MERCOSUL, a Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor, o Curso de
Defesa do Consumidor e o Sistema de Informação e Defesa do Consumidor. Outros temas,
por sua vez, são tratados de forma recorrente, porém sem que resultem em ações específicas
dos Estados Partes, ou ainda, sem que haja continuidade nas propostas então levantadas.
É o que ocorre com a questão da cooperação para a atenção ao consumidor turista e
visitante, com a reparação de danos decorrentes de consumo e com o próprio Código de
Defesa e Proteção do Consumidor no MERCOSUL, uma das ações reputadas, por este estudo,
como uma das mais relevantes no âmbito da proteção dos direitos do consumidor.
Certamente, estabelecer a harmonização e a integração entre países com dinâmicas
legislativas diversificadas não é tarefa fácil, mas a descontinuidade de certos temas e a
morosidade em implementar ações unilaterais preocupam, apontando para uma lenta evolução
da proteção desses direitos no âmbito do MERCOSUL. Isso afeta diretamente os
consumidores, mas também a integração pretendida pelo texto constitucional e, em última
análise, a própria economia, que poderia ser mais dinâmica e rentável para os Estados Partes,
com a melhoria e harmonização da proteção do consumidor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O MERCOSUL, como bloco econômico, com objetivos de livre circulação de bens


serviços e fatores produtivos entre os países, harmonização da legislação, entre outros,
necessita aprimorar a integração regional e comercial entre os Estado Membros, para isso
precisa oferecer políticas públicas sérias que protejam os consumidores e os orientem dentro
dos países do Bloco. Isso com vistas a diminuir as diferenças entre as normativas dos Estados
Membros.
Observa-se que a Legislação Consumeristas nos países pertencentes ao Bloco ainda
possui muita disparidade, sendo o Brasil e Argentina os países mais avançados neste âmbito.
O Paraguai tenta aprimorar suas normativas para assemelhar-se com estes países, e o Uruguai
que caminha a passos lentos para realmente proteger o consumidor interno. O que se reflete,
também, nas ações da delegação deste país frente ao Comitê Técnico número 7 do
MERCOSUL, conforme os registros das atas.
A harmonização legislativa é um processo lento, porém, precisa ser tratado com
continuidade e efetividade pelo Comitê Técnico número 7. O que observa-se, muitas vezes, é
a descontinuidade de assuntos e a falta de cumprimento de ações propostas, como, por
exemplo, a simples tradução de um conteúdo de curso, o que impede a agilização das ações
propostas dentro do Comitê.
A criação da Escola do MERCOSUL de Direito do Consumidor foi uma ação
importante rumo à harmonização e a integração regional. Resta a conclusão do Estatuto da
Cidadania do MERCOSUL ser consolidado e incorporado as Legislações dos Países Membros
para que o Bloco se aproxime cada vez mais da tão objetivada Harmonização Legislativa.
Uma vez consolidado e incorporado a Legislação desses países, acredita-se que haverá uma
diminuição das diferenças de normativas, aumentando a tutela do consumidor nos países do
MERCOSUL.
Em suma, a evolução das normativas nos Estados Membros em relação ao nível de
proteção ao consumidor, como também, a harmonização das legislações, nesse ramo do
direito, se faz necessário tanto para os consumidores como para o progresso do processo de
integração do MERCOSUL. Tornando a integração regional e a livre circulação de bens mais
atrativas para os consumidores que estarão mais protegidos dentro do Bloco.
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