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Apesar de suas realidades serem muito distintas, seu ponto em comum é a adoção do
Orçamento Participativo (OP) como forma de definição da aplicação dos recursos
públicos, incorporando os seus cidadãos em diferentes estágios do processo de
deliberação. O OP no estudo é definido como um “mecanismo ou processo pelo qual as
pessoas tomam decisões sobre o destino de parte ou de todo os recursos públicos
disponíveis, ou de outra forma associados ao processo de tomada de decisão”. A sua
origem e referência é a experiência iniciada em Porto Alegre, nos governos da
administração popular, de 1889 a 2004.
O estudo analisou 4.400 projetos financiados pelos OPs em dez dessas cidades, cujos
dados puderam ser consolidados e identificou mais de novecentos projetos com impacto
na mitigação e/ou adaptação às mudanças climáticas, nos quais foram investidos cerca
de US$ 22 milhões.
Ao concluir esse inédito estudo ficou evidenciado que a “participação do cidadão pode e
deve ser uma ferramenta transformadora no combate às alterações climáticas. Para
construir cidades e territórios mais sustentáveis, precisamos conscientizar a população e
lideranças políticas, estimular e coordenar inteligência coletiva”.
Mesmo que as questões climáticas ainda não tivessem a emergência de hoje, ao longo
das administrações populares em Porto Alegre foi construído um inovador “Sistema de
Gestão Ambiental Urbana” que pode ser melhor conhecido no Atlas Ambiental de Porto
Alegre2 e no livro Desenvolvimento Sustentável e Gestão Ambiental nas Cidades3.
Após três décadas do início dessa exitosa experiência de democracia participativa, sua
abrangência e diversidade de ações ainda é motivo de estudo e reconhecimento, a ponto
de cerca de mil cidades no mundo estarem experimentando alguma forma de Orçamento
Participativo.
Este estudo coordenado pelo professor Yves Cabannes é relevante para demonstrar que
há relação causal entre o protagonismo dos cidadãos e a eficácia das políticas públicas
para resolver os problemas que afligem o cotidiano das pessoas e lhes colocam em
risco. É isto que torna a democracia imprescindível para a melhoria da qualidade,
especialmente para enfrentar esse grave desafio das mudanças climáticas.