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ESCOLA PERSONALISTA

A Escola Personalista também denominada por alguns estudiosos de Contabilidade


como logismográfica, jurídico-personalista ou toscana, fundada durante a segunda
metade do século XIX em 1867, no qual seus principais seguidores foram: Michele
Riva, Francesco Bonalumi, Clitofonte Bellini, e em especial, Franchesco Marchi, o
iniciador da escola, Giuseppe Cerbon, o construtor da teoria personalista e Giovani
Rossi (Schmidt e Santos 2006). Foi uma corrente de pensamento contábil que surgiu
em reação ao Contismo (teoria das contas), dando personalidade ás contas para
explicar as relações do direito e obrigações (Hamilton, 1997). Para os estudiosos do
personalismo as contas deveriam ser abertas a pessoas físicas e jurídicas e o dever e o
haver representavam débitos e créditos das pessoas a quem as contas pertenciam
(Schmidt e Santos 2006). A contabilidade personalista tem por objeto o estudo e a
relevação das relações jurídicas que, nas unidades econômicas, se estabelecem entre o
proprietário e os agentes e correspondentes (Sá, 1997). Nesta teoria as contas
representam pessoas, fundamenta-se no fato jurídico dos direitos e obrigações, no
qual, direito é crédito, obrigação é débito, diminuição de direito é débito e diminuição
de obrigação é crédito (Iudícibus, Marion e Farias, 2009). Segundo Marchi, toda
entidade tem um proprietário, a entidade é totalmente confiada ao administrador,
pois ele é o responsável por todo ativo e passivo, inclusive as próprias contas do
proprietário, no qual classificou as contas em quatro categorias: consignatários,
correspondentes, administradores e proprietários (Schmidt e Santos 2006).

 O Personalismo de Francesco Marchi


Francesco Marchi nasceu em Pescia (Itália) em 1822, onde desenvolveu todo o seu
trabalho, devido a condição precária que sua família vivia, não teve muita liberdade de
movimento durante sua vida (Schmidt e Santos 2006). Sua obra era considerada
valorosa devido a seu caráter, um jovem que tinha sobre seus ombros a
responsabilidade e uma família numerosa, órfão desde cedo, dedicava-se sua
capacidade ao trabalho, faleceu aos 49 anos. (Sá, 1997). Em 1867 publicou sua
primeira obra, a segunda veio em 1868 publicadas na cidade de Prato, dedicou o seu
trabalho com Contabilidade e Administração em empresas locais, criticava à teoria das
cinco contas, criada por Deranges, mercadorias, dinheiro, efeitos a receber, efeitos a
pagar e lucros e perdas, dizia que a teoria francesa tinha se equivocado nesta criação,
pondo-se contra, dizendo que as cinco contas demonstravam erro, não representavam
o negociante, pois apenas as contas de resultado retratavam o negociante, sendo que
as contas de mercadorias e caixa referiam-se a coisas, as contas efeitos a pagar e a
receber a pessoas e na prática era aberta outra conta chamada conta de capital,
Marchi acreditava que, para o funcionamento das partidas dobradas bastariam apenas
duas contas: uma de titularidade do proprietário e outra de terceiros, assim o débito
de um corresponderia ao crédito de outro e vice-versa. Considerava o administrador
responsável por toda entidade, portanto devedor de todo ativo e credor de todo
passivo perante o proprietário. A teoria de personificação das contas, todas pessoais,
teve tanto sucesso na época, que substituiu completamente a teoria francesa das
cinco contas, não se preocupou com a parte formal da doutrina contábil, sua visão da
vida empresarial não foi suficientemente ampla para caminhar no campo filosófico
doutrinal, deixou sem base as teses contistas. O estudo desse valente cientista teve,
além do mérito de sua contribuição, a grande vantagem de iniciar um período de
grande agitação nos estudos, no campo da ciência contábil, sua teoria ficaria em
quatro grandes grupos: (1) contas do proprietário; (2) contas dos gerentes ou
administradores; (3) contas dos consignatários; (4) contas dos correspondentes. Destas
se resumiam em (a) contas patronais, (b) contas dos agentes e (c) contas pessoais ou
dos correspondentes (Sá, 1997)

 Personalismo de Giuseppe Cerboni


Nasceu em 1827 em Porto Azzurro, ilha de Elba, com 16 anos entrou para
Administração Militar Toscana como aprendiz do seu pai, que era oficial do
Comissariado de Guerra, em 1847 foi transferido para a artilharia, onde passou a ser
encarregado dos Comandos Gerais, em 1848 foi promovido a capitão do Estado Maior,
em 1860 foi para Torino, para reorganizar. O serviço administrativo do Ministério da
Guerra, onde se aprofundou nos conhecimentos administrativos, em 1865 implantou o
sistema das partidas dobradas pra registro das atividades do Ministério (Schmidt e
Santos 2006). Publicou uma pequena obra sobre a organização da Contabilidade
Estatal, no qual foi convidado a participar de uma comissão de um estudo de uma nova
lei para esta organização, onde ocupou o cargo de relator, devido sua competência
montou um projeto que serviu de base para a lei da Contabilidade Italiana (Schmidt e
Santos 2006). Atuou de 1876 á 1891 como Contador Geral do Estado, onde
logismografia criada por Cerboni entrou oficialmente na administração do Estado,
passou a Conselheiro do Tribunal de Contas, onde em 1898 abandonou o serviço
público (Schmidt e Santos 2006). Para Cerboni, o raciocínio de tudo que ocorre na
empresa ou na entidade motiva direitos e obrigações e que essas relações são
importantes para as aziendas, estabeleceu que as disciplinas que apresentava para as
funções aplicavam-se a qualquer tipo de empresa e de instituição, tivesse a dimensão
que tivessem, adotou o Principio da Similaridade e a ele acrescentou o da
Periodicidade Anual (Sá, 1997). Um agregado de conhecimentos se reunia em torno
das aziendas e se caracterizava em quatro grupos:

 Estudo das funções da administração econômico-aziendal, tendo por objeto as leis


que regulavam a vida das aziendas e como estas se explicam;

 Estudo da Contabilidade, que tem por fim a organização e a disciplina interna das
aziendas;

 Estudo da computação, que compreende a aplicação da matemática aos fatos


administrativos e demonstração dos mesmos;

 Estudo da logismografia, que é o método para coordenar e representar os fatos


administrativos, corrigir os efeitos específicos e os procedimentos, jurídicos e
econômicos dos mesmos, sob a ótica de uma contínua equação
Fundamentou-se o Personalismo de Cerboni e de seus seguidores e seus axiomas.

 AXIOMA – Toda azienda deve ser administrada, todas possuem um ou mais


proprietários e estes na podem conseguir a gestão se não entrarem em contato com
agentes e correspondentes;

 AXIOMA – Uma coisa é desfrutar a propriedade e outra é administrar;

 AXIOMA – Uma coisa é administrar a azienda e outra é custodiar sua substância por
ela responder materialmente;

 AXIOMA – Não se pode criar um devedor sem, simultaneamente, criarse um credor e


vice-versa;

 AXIOMA – O proprietário administrando ou não a azienda e, de fato, credor da


substância e devedor das passividades pertinentes aquela, ao contrário do que ocorre
com os agentes e com os correspondentes;

 AXIOMA – O débito e o crédito do proprietário não variam senão em razão de perdas


ou lucros, ou ainda, por acréscimos ou reduções do capital originário (Sá , 1997).

 Filosofia de Giovani Rossi


Giovani Rossi nasceu em Regio Emilia (Itália), em 1845, vinha de uma família de uma
modesta condição econômica, quando tinha 16 anos parou de trabalhar no
estabelecimento comercial de seu pai para estudar, ingressou em um instituo técnico,
na seção de Agrimensura, Contabilidade, Física e Matemática. Ensinou Matemática e
Contabilidade nesse mesmo instituto, exerceu o cargo de contador da comunidade de
Reggio Emilia e Macerata, e após, colaborador de Cerbino na Contadoria Geral do
Estado Italiano, em 1916 passou a contador da comunidade de Macerata até 1921
onde faleceu (Schmidt e Santos 2006). Rossi assumiu cargos importantes na carreira
pública, sendo um importante escritor, com várias obras editadas e fundador de uma
revista, criador da Teoria Algébrica das Contas, em 1895, defendeu a tese de que a
partida dobrada já existia no Império Romano, é admirável como em pouco mais de 40
anos a Contabilidade, na Itália, se desenvolveu. São objetos de estudo em nossa
disciplina:
1. Os bens patrimoniais que se encontram à disposição;
2. Os fins a que se propõe a entidade;
3. As necessidades;
4. As influências ou condições em meio à sociedade;
5. As relações com terceiros;
6. Os meios ou os modos com os quais se procede no curso da vida.
Sobre essas funções que são essenciais para a entidade, ele produziu um enunciado
quando afirmou “as condições econômicas serão tanto mais perfeitas quanto mais
prefeitos foram os exercícios de tais funções.” A profundidade do alcance filosófico de
Rossi ultrapassou os limites personalistas de uma doutrina criada apenas de bases
jurídicas, tinha uma visão completa do fenômeno patrimonial, administrativa e
burocrática que envolvem a área pública á qual estava vinculado. Conforme o mestre
“A vida da entidade pode comparar-se à de um círculo perfeito, que sempre se fecha e
sempre recomeça: tem origem nas necessidades e todos os seus atos, todas as suas
manifestações, devem terminar na satisfação daquelas mesmas necessidades”. No
ponto de vista de Giovani Rossi, a Economia era diferente da Contabilidade, muitas
coisas que são economicamente boas, para a Contabilidade são más e vice-versa,
tentando abranger os aspectos jurídicos, econômicos e administrativos, Rossi busca
tudo enfocar nas aziendas, mas falta, isolar o objeto patrimonial com fundamental (Sá,
1997).

 Personalismo empírico e eclético de Francisco Castaño Dieguez


Devido não ter critérios científicos, trouxe sua contribuição histórica para a
Contabilidade com ênfase na teoria Personalista, Contista e Materialista, a obra deste
espanhol, seria um ponto de conciliação de uma doutrina híbrida entre o que
pretendia Cerboni com sua teoria personalista e Villa cm sua teoria materialista, em
razão disso Classificou as contas em três grupos:
1. Contas representativas do comerciante, ou seja, de capital e de suas variações;
2. Contas de pessoas;

3. Contas de espécies ou materiais. Devidos a esses estudos vindos da Espanha e da


Itália com divergências de pensamentos, debates e análises a Contabilidade montou
sua evolução, no qual todas as teorias tiveram sua importância (Sá, 1997).

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