Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Junho, 2018
Esta monografia é um estudo dirigido sobre a teoria do bremsstrahlung. Nela estão discutidas a teoria
clássica de radiação de uma carga acelerada, a teoria da emissão de radiação de partı́culas em colisões
Coulombianas e também a do bremsstrahlung térmico. Os resultados são discutidos fazendo análises
sobre o comportamento nos limites clássico-relativı́stico. Por fim, é feita uma abordagem da importância
do bremsstrahlung na astrofı́sica, em especı́fico radiação emitida em ambientes hostis, como em plasma
quente.
1 Introdução
pagina 1 de 5
Calculando explicitamente a potência radiada, obte-
mos a fórmula de Larmor para o caso em que v c.
Para o caso geral, a expressão para a potência é[2]
µ0 q 2 γ 6
2 1 2
Prad = a − 2 |v×a| . (4)
6πc c
Essa é conhecida como fórmula de Liénard-Larmor,
e é uma equação que inclui o princı́pio da relativi-
dade para uma carga acelerada. Se o movimento
for em linha reta tal que v k a, o segundo termo
entre parêntesis da equação (4) será nulo. Essa é a
teoria que descreve classicamente o bremsstrahlung,
Figura 2: Imagem esquemática de uma partı́cula de ou seja, a radiação emitida por uma carga pontual
carga e que sente um campo gerado por
quando desacelerada ao atingir um alvo metálico.
uma carga positiva alterando sua velocidade
v1 → v2 e liberando energia hf . Créditos: Um fato curioso é que a potência liberada não de-
en.wikipedia.org/wiki/Bremsstrahlung pende da partı́cula carregada estar sendo acelerada,
ou desacelerada, ela só depende da velocidade da
carga.
2 Radiação de Cargas Pontuais
Sabemos que a forma mais geral de descrever um 3 Bremsstrahlung em colisões
campo eletromagnético de uma carga é utilizando
as equações de Liénard-Wiechert, uma vez que ela
Coulombianas
contém termos tanto para cargas estáticas quanto Uma maneira comum de emitir radiação é colidindo
em movimento. Dados os potenciais φ(r, t) e A(r, t) uma partı́cula pontual carregada com um núcleo [3].
calculamos os campos que, para uma carga pontual Por este ter uma carga efetiva bem maior do que um
em movimento, são dados por [2] elétron, os efeitos de deflexão sobre o núcleo atômico
podem ser desprezados. Aplicando o conhecimento
q0 R sobre colisão clássica (Espalhamento Rutherford), a
E(r, t) = 3
[(c2 − v 2 )u + R × (u × a)], (1) seção de choque diferencial é dada por [4]
(R · u)
1 2
2zZ e2
B(r, t) = R × E, (2) dσ 1
c = , (5)
dΩ0 pv (2 sin(θ0 /2))4
q
onde q 0 = 4π 0
, R = r − r 0 e u = cR̂ − v. A onde ze, p e θ0 são, respectivamente, a carga, o
potência eletromagnética total radiada por uma fonte, momento e o ângulo de espalhamento da partı́cula
que atravessa uma determinada área, é incidente e Ze é a carga do alvo. Nosso interesse é
I saber a radiação liberada por essa colisão, logo, é
Ptot = S · da. (3) conveniente definir a transferência de momento Q e
a seção de choque diferencial de radiação
Substituindo E(r, t) e B(r, t) na equação (3), ob-
temos a potencia eletromagnética total liberada. Q2 = 2p2 (1 − cos(θ0 )) (6)
Porém, os termos de radiação são apenas aque-
les que possuem um valor finito quando se toma d2 χ dI(ω, Q) dσs
= (Q), (7)
Ptot (r → ∞). dωdQ dω dQ
Escolhendo uma superfı́cie esférica com raio a, na qual dI/dω é a intensidade de energia liberada
quando tomamos a → ∞, os termos Coulombianos em uma colisão por unidade de frequência, que tem
da integral serão nulos1 . Porém, nota-se que há ter- transferência de momento Q. Para obter a seção de
mos de S(r, t) proporcionais a 1/r2 . Estes são os choque total de radiação, calculamos a integral sobre
termos de interesse, pois a radiação provém dos ter- todos os possı́veis momentos Q e finalmente obtemos
mos não estáticos, ou seja, de cargas em movimento.
2
16Z 2 e2 z 2 e2
1
Serão nulos, pois S = E × B ∝ r−4 . Quando calculada a dχ Qmax
integral e aplicado r → ∞, esse termo tende a zero.
≈ ln . (8)
dω 3cβ 2 me c2 Qmin
pagina 2 de 5
Nesse resultado, foi assumido que dI/dω varia muito
lentamente com a frequência, uma vez que Q não é
muito grande. O outro fato que foi assumido é que
existem limites para Q. Uma vez que o momento
esteja fora desse espectro, o resultado da equação (8)
não é mais válido. Para determinar Qmin e Qmax
serão analisadas colisões em três regimes.
pagina 3 de 5
Essa equação (15) também pode ser obtida através
5
da (14) no limite relativı́stico com a energia do fóton
4.5
satisfazendo E ~ω.
4
3.5
4 Importância em astrofı́sica
3
dχ/dω
pagina 4 de 5
das partı́culas de um gás clássico a temperatura T 5 Conclusão
aplicamos a distribuição de velocidades de Maxwell-
Boltzmann. Esse é o caso que chamamos de bremss- Nessa monografia foi mostrada a teoria clássica do
trahlung térmico. A densidade eletrônica nesse gás, bremsstrahlung. Na seção 3 foram estudados casos
contida entre v e v + dv é dada por em que uma partı́cula carregada colide com um alvo,
emitindo radiação. Foram estudados três regimes
3/2
me v 2 para que fosse possı́vel calcular Qmin e Qmax e com
me −
Ne (v)dv = 4πNe v 2 e 2kB T dv. (17) isso, determinar a seção de choque de radiação. Uma
2πkB T
aplicação direta desse estudo é o conteúdo da seção
No regime de baixas frequências, podemos obter 4. Nela foram utilizados argumentos clássicos em um
2
um resultado aproximado fazendo me2v = 3k2B T e regime não-relativı́stico para saber a quantidade de
substituindo a equação (17) na (16) radiação emitida por elétrons, que colidem com ı́ons,
1/2 em um plasma. Isso é um assunto de pesquisa de
2 6
Z e N Ne me interesse astrofı́sico, como mostram as referências [6]
I(ω) ≈ √ g(ω, T ). (18)
3 3c me3 2 kB T e [7]. Contudo, esses são alguns argumentos de que
a teoria clássica do bremsstrahlung é importante em
Na equação (18), g(ω, T ) é conhecido como fator de pesquisas cientı́ficas atuais.
Gaunt[6]
Z ∞
1
bmax
Referências
g(ν, T ) = f (ν) ln dν. (19)
v ν bmin
[1] www.if.ufrgs.br/tex/fis142/fismod/
Os valores aproximados para esse fator de Gaunt
[2] Courteille, Ph. W., Aulas em fı́sica para pós-
vão de 1 a 1,5. Esses limites definem a região limite
graduação Eletrodinâmica, Instituto de Fı́sica de
em que é possı́vel haver bremsstrahlung. Integrando
São Carlos-USP, 2018.
I(ω), obtemos a emissividade total de radiação, ou
perda de energia do plasma por bremsstrahlung [3] Landau, L. and Lifshitz, E., The Classical The-
Z ∞ √ ory of Fields, Institute for Physical Problems,
0 0 −14 Academy of Sciences of the U.S.S.R, 1951.
= 4π I(ω )dω ≈ 1.4 × 10 N Ne hgi T ,
0
(20) [4] Jackson, J. D., Classical Electrodynamics, 2nd
onde hgi é o valor médio do fator de Gaunt sobre Edition. University of California,Berkeley, 1975.
todas as frequências.
Podemos interpretar o espectro da equação (18) [5] www.das.inpe.br/alex/Ensino/cursos/proc radI/
em baixas energias como sendo a ”região de Rayleigh- notas de aula PR1.pdf
Jeans”. Nessa região o regime é clássico, ou seja de
[6] kestrel.nmt.edu/ lyoung/426/Chap4.pdf
baixas velocidades, onde podemos associar a veloci-
dade desses elétrons com a temperatura T do plasma, [7] C. L. Sarazin, Phys. Plasmas 10, 1992 (2003)
uma vez que a distribuição de velocidades é Maxwel- doi:10.1063/1.1556300 [astro-ph/0301178].
liana. Para a região de altas energias, onde a energia
dos fótons emitido é maior que a dos elétrons, apenas
os elétrons mais energéticos irão colidir com os ı́ons
para emitir fótons bremsstrahlung de alta energia.
Existem limites nos quais o fator de Gaunt limita
a emissão de bremsstrahlung. Quando um elétron
possui energia Ecin ≈ hν, ele está no limite da região
proibida, uma vez que hg(ν, T )i ∝ ln(mv 2 /hν). Na
região ”proibida”, onde g = 0, os fótons não podem
possuir, de forma individual, uma energia cinética
maior que a dos elétrons, a menos que sejam captu-
rados em um estado ligado. Dessa forma há radiação
livre-ligado, mas não há bremsstrahlung. Assim só há
emissão em que hν kB T na cauda da distribuição
de Maxwell.
pagina 5 de 5