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Física I

Sistema de Partículas:
Momento e Impulso
Prof. Luiz Gustavo D. Silveira
Momento linear
• Para uma partícula em movimento, o momento linear (quantidade de
movimento), é definido por:
𝑝Ԧ = 𝑚𝑣Ԧ
• Atenção! O momento é uma grandeza vetorial! Em termos das
componentes:
𝑝𝑥 = 𝑚𝑣𝑥 , 𝑝𝑦 = 𝑚𝑣𝑦 , 𝑝𝑧 = 𝑚𝑣𝑧
• Unidades:
𝑘𝑔 ∙ 𝑚/𝑠 = 𝑁 ∙ 𝑠
Momento linear
• Segunda lei de Newton:
𝑑 𝑝Ԧ
𝐹Ԧ =
𝑑𝑡

• O momento linear só pode mudar se houver uma força resultante


atuando sobre a partícula.
• Lei da inércia: O momento linear de uma partícula em equilíbrio é
constante.
Impulso
• Da segunda lei de Newton:
𝑡2 𝑡2
𝑑 𝑝Ԧ
න 𝐹Ԧ 𝑑𝑡 = න 𝑑𝑡
𝑡1 𝑡1 𝑑𝑡
• Impulso:
𝑡2
𝐽Ԧ = න 𝐹Ԧ 𝑑𝑡 = 𝑝Ԧ2 − 𝑝Ԧ1
𝑡1
• A variação do momento linear de uma partícula é igual ao impulso
exercido sobre ela.
Impulso – Gráfico
Impulso –Gráfico

Podemos calcular o impulso


considerando uma força média
constante 𝐹Ԧ𝑚 que atua ao
longo do mesmo intervalo de
tempo em que força real
produzindo o mesmo impulso.

𝐽Ԧ = 𝐹Ԧ𝑚 ∆𝑡
Momento linear X Energia cinética
• Teorema do trabalho-energia • Teorema do impulso-momento
cinética: linear:

𝑃𝑓 𝑡2
𝑊=න 𝐹Ԧ ∙ 𝑑ℓ = ∆𝐾 𝐽Ԧ = න 𝐹Ԧ 𝑑𝑡 = ∆𝑝Ԧ
𝑃𝑖 𝑡1

• Os dois teoremas fornecem equações integrais para o movimento,


relacionando o movimento de uma partícula entre dois instantes
de tempo distintos separados por um intervalo finito.
Física I
Sistema de Partículas:
Conservação do Momento
Prof. Luiz Gustavo D. Silveira
Sistema de partículas
• Considere um sistema de N partículas, cada uma com velocidade 𝑣Ԧ𝑖 .
𝒗𝒊

• O momento linear da i-ésima partícula será 𝑝Ԧ𝑖 = 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖 .


• O momento linear do sistema será:

𝑖=𝑁 𝑖=𝑁

𝑝Ԧ = ෍ 𝑝Ԧ𝑖 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖
𝑖=1 𝑖=1
Sistema de partículas
• Considere que cada partícula do sistema esteja sujeita a uma força
resultante 𝐹Ԧ𝑖 .
𝒗𝒊
𝑭𝒊

• A força 𝐹Ԧ𝑖 está relacionada ao momento linear da i-ésima partícula


por meio da segunda lei de Newton:

𝑑 𝑝Ԧ𝑖
𝐹Ԧ𝑖 =
𝑑𝑡
Sistema de partículas
• A força resultante atuando sobre o sistema será:

𝑖=𝑁 𝑖=𝑁 𝑖=𝑁


𝑑 𝑝Ԧ𝑖 𝑑
𝐹Ԧ = ෍ 𝐹Ԧ𝑖 = ෍ = ෍ 𝑝Ԧ𝑖
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖=0 𝑖=0 𝑖=0
• A força resultante sobre o sistema é igual à taxa de variação temporal
do momento linear do sistema.
𝑑 𝑝Ԧ
𝐹Ԧ =
𝑑𝑡
Sistema de partículas
𝑭𝒆𝒙𝒕
1
𝑭𝟏,𝟑 𝑭𝟏,𝟐
3 2

• A força resultante sobre uma partícula será a soma entre forças


externas e forças internas:
𝑁

𝐹Ԧ𝑖 = 𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡 + ෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑗


𝑖≠𝑗
Sistema de partículas
• Força resultante sobre o sistema:
𝑭𝟏,𝟑 1 𝑭𝟏,𝟐
𝑖=𝑁 𝑗=𝑁 𝑁
3 𝑭𝟑,𝟏 𝑭𝟐,𝟏 2
𝐹Ԧ = ෍ 𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡 + ෍ ෍ 𝐹Ԧ𝑖,𝑗
𝑖=1 𝑗=1 𝑖≠𝑗 𝐹Ԧ𝑖,𝑗 + 𝐹Ԧ𝑗,𝑖 = 0

• Forças internas se cancelam aos pares!


• Pela terceira lei de Newton, a somatória de todas as forças internas
que atuam no sistema é nula.
Sistema de partículas
• A força resultante que atua sobre o sistema depende apenas das
forças externas que atuam sobre as partículas constituintes do
sistema.
• De acordo com a segunda lei de Newton:

𝑑 𝑝Ԧ𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡 =
𝑑𝑡
• Ou seja, apenas forças externas podem modificar o momento linear
do sistema (forças internas não alteram o momento do sistema).
Conservação do momento linear
• Quando a soma vetorial das forças externas que atuam sobre um
sistema é igual a zero, o momento linear do sistema se conserva (ou
seja, permanece constante).
෍ 𝑝Ԧ𝑖 = ෍ 𝑝Ԧ𝑓

• Atenção! Os momentos individuais das partículas do sistema podem


variar, mas o momento total permanece constante.
• Lembre-se! Momento linear é uma grandeza vetorial. A conservação
do momento deve ser analisada em cada direção do espaço.
Física I
Sistema de Partículas:
Colisões
Prof. Luiz Gustavo D. Silveira
Colisões
• Colisões são eventos nos quais dois ou mais objetos exercem forças
uns sobre os outros por um curto intervalo de tempo.
• Durante colisões, as forças de interação entre os objetos são muito
maiores que as forças externas, de modo que podemos desprezar
completamente as forças externas e considerar os objetos como um
sistema isolado.
• Nessas circunstâncias o momento linear do sistema se conserva
durante a colisão, ou seja, o momento total antes da colisão é igual ao
momento total após a colisão.
• A energia cinética, por outro lado, não é necessariamente
conservada.
Momento linear em colisões
Estado inicial
𝒗𝟏𝒊 𝒗𝟐𝒊
1 2
𝒙
Estado final
𝒗𝟏𝒇 𝒗𝟐𝒇
1 2
𝒙
𝑚1 𝑣Ԧ1𝑖 + 𝑚2 𝑣Ԧ2𝑖 = 𝑚1 𝑣Ԧ1𝑓 + 𝑚2 𝑣Ԧ2𝑓
Energia cinética em colisões
Tipo de colisão Variação da energia cinética
Elástica ∆𝐾 = 0
Inelástica ∆𝐾 < 0
Superelástica ∆𝐾 > 0
Colisão elástica unidimensional
• Conservação do momento linear:
𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓
• Conservação da energia cinética:
1 2 1 2 1 2 1 2
𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓
2 2 2 2
2 2 2 2
𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓
Colisão elástica unidimensional
• Em uma colisão elástica unidimensional entre dois corpos a
velocidade relativa antes da colisão é igual e contrária à velocidade
relativa depois da colisão.
𝑣2𝑓 − 𝑣1𝑓 = − 𝑣2𝑖 − 𝑣1𝑖
𝑣Ԧ𝑟𝑒𝑙,𝑓 = −𝑣Ԧ𝑟𝑒𝑙,𝑖
• Se conhecermos o estado inicial do sistema, poderemos determinar o
estado final (e vice-versa).
Alvo estacionário
Estado inicial
𝒗𝟏𝒊
1 2 𝒗𝟐𝒊 = 𝟎
𝒙
Estado final
𝒗𝟏𝒇 𝒗𝟐𝒇
1 2
𝒙
Alvo estacionário
• Velocidades finais:
𝑚1 − 𝑚2 2𝑚1
𝑣1𝑓 = 𝑣1𝑖 𝑣2𝑓 = 𝑣1𝑖
𝑚1 + 𝑚2 𝑚1 + 𝑚2
• Massas iguais (𝑚1 = 𝑚2 ):
𝑣1𝑓 = 0 𝑣2𝑓 = 𝑣1𝑖
• Alvo pesado (𝑚2 ≫ 𝑚1 ):
2𝑚1
𝑣1𝑓 ≅ −𝑣1𝑖 𝑣2𝑓 ≅ 𝑣1𝑖
𝑚2
• Projétil pesado (𝑚1 ≫ 𝑚2 ):
𝑣1𝑓 ≅ 𝑣1𝑖 𝑣2𝑓 ≅ 2𝑣1𝑖
Alvo estacionário - 𝑚1 = 𝑚2
Alvo estacionário - 𝑚1 < 𝑚2
Alvo estacionário - 𝑚1 ≪ 𝑚2
Alvo estacionário - 𝑚1 > 𝑚2
Alvo estacionário - 𝑚1 ≫ 𝑚2
Colisão perfeitamente inelástica
• Os dois corpos ficam unidos após a colisão.

Estado inicial
𝒗𝟏𝒊
1 2 𝒗𝟐𝒊 = 𝟎
𝒙
Estado final
𝒗
1 2
𝒙
Colisão perfeitamente inelástica
• Velocidade final (alvo estacionário):

𝑚1
𝑣= 𝑣1𝑖
𝑚1 + 𝑚2
• Variação da energia cinética (alvo estacionário):

𝑚2
∆𝐾 = − 𝐾𝑖
𝑚1 + 𝑚2
Colisões bidimensionais
• Colisão elástica
2 𝒗𝟐𝒇

𝒗𝟏𝒊 𝜽𝟐
2
1 1
𝜽𝟏
𝑦
1 𝒗𝟏𝒇
𝑥
Colisões bidimensionais
• Conservação do momento:
𝑚1 𝑣Ԧ1𝑖 = 𝑚1 𝑣Ԧ1𝑓 + 𝑚2 𝑣Ԧ2𝑓
• Conservação do momento no eixo x:
𝑚1 𝑣1𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑓 cos𝜃1 + 𝑚2 𝑣2𝑓 cos𝜃2
• Conservação do momento no eixo y:
0 = −𝑚1 𝑣1𝑓 sen𝜃1 + 𝑚2 𝑣2𝑓 sen𝜃2
• Conservação da energia cinética:
2 2 2
𝑚1 𝑣1𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓
Colisões bidimensionais
• O estado final é caracterizado por 4 variáveis (𝑣1𝑓 , 𝑣2𝑓 , 𝜃1 , 𝜃2 ), no
entanto, possuímos apenas 3 equações independentes. É necessário
que ao menos uma das variáveis do estado final seja dada para que o
problema tenha solução.
• Se os dois corpos têm a mesma massa:
Conservação do momento: 𝑣Ԧ1𝑖 = 𝑣Ԧ1𝑓 + 𝑣Ԧ2𝑓
2 2 2
Conservação da energia: 𝑣1𝑖 = 𝑣1𝑓 + 𝑣2𝑓
• Os vetores velocidade formam um triângulo retângulo, ou seja, após a
colisão as partículas seguirão por direções ortogonais.
Colisões bidimensionais
• Colisão perfeitamente inelástica 𝒗
1
𝒗𝟏𝒊 2
1 𝜽
1
2

𝑦
𝒗𝟐𝒊

𝑥 2
Colisões bidimensionais
• O momento total é a soma vetorial dos momentos de cada partícula:
𝑝Ԧ = 𝑝Ԧ1 + 𝑝Ԧ2

• A velocidade das partículas após a colisão será:

𝑝Ԧ
𝑣Ԧ =
𝑚1 + 𝑚2
Física I
Sistema de Partículas:
Centro de Massa
Prof. Luiz Gustavo D. Silveira
Centro de massa
• Um corpo extenso como um carro, um navio, ou uma pessoa, é um
sistema de partículas. Como podemos descrever o movimento de um
sistema de partículas?
• Podemos descrever o movimento de um sistema considerando um
ponto especial chamado centro de massa.
• O movimento do centro de massa obedece as equações de
movimento para partículas.
• O centro de massa de um sistema é o ponto que se move como se
toda a massa do sistema estivesse concentrada nesse ponto e toda as
forças externas estivesse aplicadas nesse ponto.
Centro de massa
CM
m m
D/2 D/2
x
O XCM D

CM 2m
m
2D/3 D/3
x
O XCM D
Centro de massa

m1 m2
x
O x1 x2

𝑚1 𝑥1 + 𝑚2 𝑥2
𝑥𝐶𝑀 =
𝑚1 + 𝑚2

• O centro de massa é a posição correspondente a uma média


ponderada das massas das partículas.
Centro de massa
• Generalizando para um sistema de N partículas em três dimensões:

𝑁 𝑁
1
𝑟Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑟Ԧ𝑖 𝑀 = ෍ 𝑚𝑖
𝑀
𝑖=1 𝑖=1

• Em coordenadas cartesianas:
𝑁 𝑁 𝑁
1 1 1
𝑥𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑥𝑖 𝑦𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑦𝑖 𝑧𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑧𝑖
𝑀 𝑀 𝑀
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1
Centro de massa de um sistema contínuo
L dx
1
𝑟Ԧ𝐶𝑀 = න 𝑟Ԧ 𝑑𝑚
M 𝑀
dm 𝑀
x 𝑑𝑚 = 𝜌 𝑑𝑥 = 𝑑𝑥
𝐿
o x

1 𝐿𝑀 1 𝐿2 𝐿
𝑥𝐶𝑀 = න 𝑥 𝑑𝑥 = =
𝑀 0 𝐿 𝐿 2 2
Centro de massa de um sistema contínuo
• Generalizando para um objeto tridimensional:
1
𝑟Ԧ𝐶𝑀 = න 𝑟Ԧ 𝑑𝑉
𝑉
• Em coordenadas cartesianas:

1 1 1
𝑥𝐶𝑀 = න 𝑥 𝑑𝑉 𝑦𝐶𝑀 = න 𝑦 𝑑𝑉 𝑧𝐶𝑀 = න 𝑧 𝑑𝑉
𝑉 𝑉 𝑉
• Se o objeto possui um ponto, reta ou plano de simetria o centro de
massa estará sobre esse ponto, reta ou plano.
Física I
Sistema de Partículas:
Movimento do CM
Prof. Luiz Gustavo D. Silveira
Movimento do centro de massa
• Posição do centro de massa:
1
𝑟Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑟Ԧ𝑖
𝑀
• Derivando em relação ao tempo encontramos uma expressão para a
velocidade do centro de massa:
1
𝑣Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖
𝑀
• Reorganizando:
𝑀𝑣Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑣Ԧ𝑖
Movimento do centro de massa
• O momento linear do centro de massa é igual ao momento linear total do
sistema:
𝑝Ԧ𝐶𝑀 = 𝑀𝑣Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑝Ԧ𝑖

• Derivando a velocidade em relação ao tempo encontramos a aceleração do


centro de massa:
1
𝑎Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑎Ԧ𝑖
𝑀
• Reorganizando:
𝑀𝑎Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝑚𝑖 𝑎Ԧ𝑖
Movimento do centro de massa
• A força resultante que atua sobre o centro de massa é igual à somatória
das forças resultantes que atuam sobre as partículas do sistema:
𝐹Ԧ𝐶𝑀 = ෍ 𝐹Ԧ𝑖

• Lembrando que
෍ 𝐹Ԧ𝑖 = 𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡

• Segunda lei de Newton para o centro de massa:

𝐹Ԧ𝑒𝑥𝑡 = 𝑀𝑎Ԧ𝐶𝑀
Movimento do centro de massa
• A aceleração do centro de massa e qualquer variação do momento
total do sistema dependerá apenas da força externa resultante.

• Na ausência de uma força externa resultante o momento linear do


centro de massa (ou seja, o momento total do sistema) se conserva.

• Forças internas não modificam o movimento do centro de massa!

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